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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
WASHINGTON LUIS HUNGTONSHIRE SIQUEIRA PEREIRA
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO –
PILARES ÉTICOS, LIMITES JURÍDICOS E NOVAS GUERRAS
CURITIBA
2015
WASHINGTON LUIS HUNGTONSHIRE SIQUEIRA PEREIRA
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO -
PILARES ÉTICOS, LIMITES JURÍDICOS E NOVAS GUERRAS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências
Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Dr. Wagner Rocha D’Angelis
CURITIBA
2015
TERMO DE APROVAÇÃO
WASHINGTON LUIS HUNGTONSHIRE SIQUEIRA PEREIRA
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO - PILARES ÉTICOS, LIMITES
JURÍDICOS E NOVAS GUERRAS.
Esta Monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito
da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, ...... de ......................... de 2015.
___________________________________________
Professor Dr. Eduardo de Oliveira Leite
Coordenador do Núcleo de Monografias
BANCA:
_____________________________________________
Orientador: Professor Dr. Wagner Rocha D’Angelis
U T P - Curso de Direito
____________________________________________
Membro da Banca
U T P - Curso de Direito
___________________________________________
Membro da Banca
U T P - Curso de Direito
DEDICATÓRIA
Dedico a todos aqueles que não se
acovardam diante da crise ou do
conflito, mas que conseguem visualizar
oportunidades e inspirações para
superar os desafios inerentes à vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao maior de
todos os revolucionários, Jesus Cristo,
por ser o modelo perfeito a ser seguido,
demonstrando a força do discurso,
capaz de mudar o curso da historia da
humanidade, forjando minha fé,
aperfeiçoando meu caráter, aprimorando
minha consciência. Aos meus
professores e em particular ao meu
orientador pela paciência, sabedoria e
sensibilidade em perceber minhas
dificuldades e limitações. As grandes e
apaixonantes mulheres da minha vida;
mamãe Sirlei, irmã Raquel e esposa
Vera.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 08
2 GUERRA como Origem do DIREITO INTERNACIONAL.................. 10
2.1 CONCEITO.......................................................................................... 10
2.2 TRATADOS COMO FONTES ............................................................. 12
3 ALGUNS PRINCIPIOS JURÍDICOS DA GUERRA............................. 15
3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA........................ 19
3.2 PRINCÍPIO DA NECESSIDADE MILITAR.......................................... 20
3.3 PRINCÍPIO DA PROCPORCIONALIDADE......................................... 21
3.4 PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO................................................................ 22
3.5
4
PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO................................................................
AS BASES DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO............
24
26
5 DAS NOVAS GUERRAS E A APLICABILIDADE DO DIH................. 27
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 34
REFERÊNCIAS............................................................................................... 35
RESUMO
Este trabalho tem como escopo analisar as diversas formas de guerra
sendo esta a origem do Direito Internacional Humanitário. Desde a teoria da
guerra justa de Santo Agostinho, propondo meios de se ir à guerra e com isto
tentando diminuir as hostilidades, passando pela legalização da guerra no século
XVII até as modernas convenções de Haia ou Genebra, a humanidade percorreu
um longo caminho. Também se revisa os limitantes jurídicos expressados por
tratados e convenções internacionais, objetivando diminuir os efeitos devastadores
dos danos causados. Enfim, mostram-se os alicerces morais que regram a guerra
nos tempos contemporâneos, visualizados pela assimetria tanto dos atores quanto
dos meios empregados.
Palavras–chaves: Guerra, Conflitos armados, Direito Internacional
Humanitário.
8
1 INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo analisar de
maneira sucinta o sistema normativo internacional humanitário que fixa limites ao
uso da violência do Estado Nação, como instrumento político, para prevalecer
seus interesses diante de outros, com ênfase às novas formas de guerra assim
como reflexos na condução da maneira de guerrear.
A pesquisa foi desenvolvida a partir do estudo da contemporaneidade das
guerras em um ambiente internacional, através do qual se filtram as decisões
políticas e os atos dos combatentes utilizando-se os valores éticos e a
instrumentação legal limitante a que se foi construída, seja pela Teoria da Guerra
Justa, seja por meio de Tratados, dentre os quais: Declaração de São Petersburgo
de 1.868, versando sobre projéteis explosivos e inflamáveis com peso acima 400g;
Convenção II da Conferência de Haia de 1.899, proibindo munições que inflam ou
se alastram facilmente no corpo; Convenção IV da Conferência de Haia de 1.907,
sobre leis e costumes de guerra terrestre, primeira norma sobre prisioneiros de
guerra; Convenção V da Haia de 1.907, sobre direitos e deveres dos Estados e
pessoas neutras; Declaração XIV da Haia de 1.907, proibindo o lançamento de
projeteis e explosivos a partir de balões; Protocolo de Genebra de 1.925, sobre o
uso de gases asfixiantes, tóxicos e biológicos; Convenção de Genebra de 1.929, a
respeito do tratamento de prisioneiros de guerra; Pacto de Washington de 1.935,
garantindo proteção de instituições artísticas, cientificas e monumentos;
Convenções de Genebra de 1949, praticamente codificando o Direito da Guerra e
o Direito Humanitário em quatro tratados distintos (Guerra Terrestre, Guerra
Marítima, Prisioneiros de Guerra e Civis em Tempos de Guerra); Convenção de
Haia de 1.954, para proteção de bens culturais em caso de conflito armado;
Protocolos Adicionais I e II de 1.977, detalhando obrigações em conflitos
internacionais e conflitos não internacionais; Convenção de Genebra de 1.980, a
respeito de armas convencionais excessivamente lesivas; Protocolos Adicionais
de 1.980, sobre fragmentos não detectáveis por raio-X, armas incendiárias e
armas cegantes a laser; Convenção de Paris de 1.993, regulando a produção,
9
estocagem e uso de armas químicas; Convenção de Ottawa de 1.997, sobre o
uso, estocagem, produção e transferência de minas terrestres anti-pessoal e sua
destruição; Estatuto de Roma de 1.998, que criou o Tribunal Penal Internacional,
definindo o julgamento dos crimes de genocídio, crimes contra a humanidade,
crimes de guerra e crimes de agressão; Protocolo Adicional III de 2.005 às
Convenções de 1.949, discorrendo sobre o uso do cristal vermelho, além de
analisar obras doutrinárias, artigos científicos, com o objetivo de conseguir
conclusões prováveis.
Tais documentos e elementos definem a influência da ética e da norma no
comportamento de guerrear, nos limites da violência, na identificação dos
participantes, no uso dos equipamentos bélicos, no objetivo militar e político a ser
alcançado.
Os conflitos humanos são de fato, uma realidade, que acompanha a
evolução da humanidade. Queiramos ou não, a guerra constitui um dos mais
poderosos instintos do ser humano, e durante um bom tempo foi, se cabe assim
afirmar, a mais importante das relações entre os povos. De fato, as estatísticas
demonstram que, durante os 5.000 anos ou mais de história, houve 14.000
guerras, que causaram a morte de 5 bilhões de seres humanos. Durante os
últimos 3.400 anos, não houve no mundo mais do que 250 anos de paz geral.
A expressão guerra pode ser utilizada de diversas formas. É necessário, a
princípio, diferenciar a palavra guerra, como sentido figurado, enfatizando o efeito
de uma discussão verbal ou de uma notícia veiculada na mídia de guerra como
termo jurídico. Na linguagem vulgar, em reportagens de imprensa e até mesmo
em publicações literárias, a palavra guerra pode surgir como uma expressão
flexível, adequada para a alusão a qualquer disputa, luta ou campanha. Assim,
são frequentemente feitas referências à guerra contra o tráfico de drogas, guerra
global contra o terror, guerra econômica, guerra entre classes sociais ou guerra de
informação. Trata-se de uma questão do uso da linguagem figurada. No entanto,
na linguagem jurídica, o termo guerra tem significado especial, além de uma
sistematização para a aprovação do recurso de ir à guerra (JUS AD BELLUM) e
nas restrições nos meios de realizar o poder violento desta (JUS IN BELLUM).
10
2 GUERRA COMO ORIGEM DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO
2.1 CONCEITO
As mais antigas tentativas conhecidas de estabelecer regras para a
guerra aparecem em textos religiosos. O Deuteronômio, quinto livro da Bíblia
judaica, compilado por volta de 700 a. C., estipulava limites nos danos aceitáveis
ao meio ambiente durante uma guerra e definia princípios de tratamento às
mulheres cativas. No início do século VII, Adu Bakr, primeiro califa muçulmano,
estabeleceu dez normas de conduta para seu exército no campo de batalha, como
a proibição de matar crianças, mulheres e idosos, assim como o gado do inimigo,
a menos que se precisasse de comida. As regras foram expandidas no século XI
pela Igreja Católica, através dos documentos “Paz de Deus” e “Trégua de Deus”,
para incluir o tratamento de diplomatas, reféns e prisioneiros de guerra, a proteção
de mulheres, crianças e civis e o direito de asilo.
Apesar das orientações religiosas, a conduta na guerra era (e ainda é)
mais uma questão de costume do que o resultado de adesões a leis escritas.
O uso da bandeira branca de rendição, por exemplo, surgiu na China, na
dinastia Han Posterior (de 23 a 220 d. C.), e no Império Romano, por volta de 100
a. C., mas só se tornou lei na Primeira Convenção de Genebra, em 1864.
Também não havia regras entre as cidades-estados gregas, onde os conflitos
deveriam ser resolvidos numa única batalha, mas era assim que as guerras
tendiam a ser travadas, pois nenhum lado podia suportar pesadas baixas nem o
desgaste de uma campanha de atrito. Esse costume mudou nas Guerras Greco-
Pérsicas, quando foram necessários exércitos muito maiores do que os
disponíveis para uma única cidade-estado, a fim de combater as forças do Império
Persa.
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1638) representou a ultima seqüência de
uma série de guerras religiosas entre protestantes e católicos que ocorreram
desde que Martinho Lutero, em 1519, desafiou a unidade de Igreja. O conflito foi
travado entre os que defendiam o imperador do Sacro Império Romano
11
Germânico, aliado a seu parente espanhol, Felipe III, ambos da dinastia de
Habsburgo, contra uma coligação protestante de principados alemães, a Holanda,
a Dinamarca, a Suécia e mais a católica França.
Na era cristã, teólogos famosos, notadamente Santo Agostinho, e mais
tarde São Tomás de Aquino, desenvolveram a teoria da Guerra Justa – uma
guerra que pode ser justificada de acordo com critérios filosóficos ou religiosos de
justiça. Esses critérios são definidos em dois fundamentos legais principais: o “jus
ad bellum”, o direito legítimo de ir à guerra, e o “jus in bellum”, a conduta correta
dos combatentes durante os conflitos militares. Recentemente foi acrescentado
um terceiro fundamento, o “jus post bellum”, relativo ao pós-guerra, incluindo a
perseguição aos criminosos de guerra.
Tais fundamentos se expressam pela seguinte forma:
Causa justa para a guerra; sua necessidade militar; probabilidade de
sucesso, e, proporcionalidade dos combates.
Mas tudo isto, obviamente, é bastante contestado, principalmente pelos
pacifistas que acreditam que nenhuma guerra possa ser justa.
O primeiro trabalho dedicado especificamente às justificativas de guerra
apareceu na Polônia, no início do século XV. Assim, os sermões do professor
universitário e jurista Stanislau de Skarbimierz, sob o título De Bellis justis (Sobre
guerras justas), apresentaram uma teoria para defender a guerra da Polônia
contra os cavaleiros teutônicos, no inicio dos anos 1.500; por sua vez, o teólogo
espanhol Francisco de Vitória justificou a conquista espanhola das Américas. Suas
idéias tiveram grande influência sobre Hugo Grotius, o advogado holandês do
século XVII, cujos três livros sobre o comportamento são o primeiro código legal
de guerra e a base da moderna lei internacional. Grotius alegava que as guerras
eram justificadas se baseadas na autodefesa, na reparação de injúrias ou na
punição. Uma vez que um conflito tenha início, acrescentava ele, os dois lados
estão sujeitos a certas regras, não importando se sua causa é justa ou não.
12
O numero de vítimas da guerra dos Trinta Anos tornou-se uma catástrofe
que nunca pode ser mensurada com exatidão, mais se estima em um quinto da
população da Europa Central, aproximadamente 20 milhões de pessoas. Foi
justamente a carga desumana dos métodos de combate desse tempo que instigou
o jurista holandês Hugo Grotius, cuja obra surgiu como alicerce para o Direito
Internacional Público, do qual é considerado fundador.
2.2 TRATADOS COMO FONTES
As leis propostas por acadêmicos medievais e do Renascimento eram
pura teoria, e não havia maiores formas de garantir seu cumprimento. Isso mudou
em meados do século XIX, quando as pesadas baixas causadas pela guerra cada
vez mais mecanizada levaram a tentativas de formular legislações possíveis de
serem imposta. Em 1856, delegados no Congresso de Paris que pôs fim à Guerra
da Crimeia concordaram com uma “declaração com respeito à lei marítima”, que
aboliu a ação de corsários (mercenários com navios privados contratados por
governos para atacarem inimigos). De maior importância foi a Primeira Convenção
de Genebra de 1864 “pela melhoria da condição dos feridos e doentes das forças
armadas em campo”, motivada pelo testemunho de HENRI DUNANT 1 do
sangrento resultado da batalha de Solferino, na Itália. Sua preocupação fez nascer
a Cruz Vermelha Internacional, que preparou em esboço da Primeira Convenção
de Genebra, e depois a tornou impositiva em três convenções posteriores que
cobriam baixas de guerra no mar (em 1906), prisioneiros de guerra (1929) e a
situação dos civis em tempo de guerra (1949). As duas conferências de paz
realizadas na cidade de Haia, em 1899 e 1907, resultaram em tratados que
abriram um novo campo para a criação não apenas de regras de guerra, mas
também de métodos para seu cumprimento e para a resolução de conflitos. A
primeira convenção de 1899 baniu o uso de certas tecnologias modernas, como
1 Henri Dunant foi um empresário e filantropo suíço que, chocado com a crueldade da batalha de Solferino
(Itália), em 1859, passou a se dedicar à criação de uma instituição para atuar de forma neutra durante os conflitos bélicos.
13
balas de ponta oca que se expandem e se fragmentam ao entrar no corpo
humano. Ela também deu apoio à resolução pacífica de disputas internacionais
por intermédio de comissões internacionais de inquérito e criou a Corte
Permanente de Arbitragem em Haia, a primeira instituição a tratar de desavenças
entre países. A Segunda Convenção da mesma conferência (1899) concentrou-se
na guerra naval.
Uma ousada tentativa, ainda que ambiciosa demais, para tornar ilegal a
guerra foi feita pelo Pacto da Paz de Paris, em 1928, mais conhecido como Pacto
Kellog-Briand, sobrenomes do secretário de Estado dos EUA e do ministro francês
do Exterior que o elaboraram. O tratado visava a renuncia à guerra como
instrumento de política nacional. Ele não alcançou seu objetivo, mais foi
significativo no desenvolvimento posterior da lei internacional e foi usado contra os
nazistas acusados de crimes de guerra no Tribunal de Nuremberg, em 1945.
Os horrores da Segunda Guerra Mundial deram fôlego para a criação, em
1945, da Organização das Nações Unidas. Em sua carta de fundação, a ONU se
compromete com a manutenção da paz e da segurança internacional, papel que
tem desempenhado introduzindo convenções e acordos que, entre outras coisas,
limitam o uso de certos tipos de armas, definem crimes de guerra e procuram
prevenir e punir atos de genocídio. Esses acordos têm peso considerável e são,
em teoria, impostos por tribunais nacionais e internacionais. Vale mencionar que:
“A guerra não é, pois, uma relação de homem a homem, mais sim, de
Estado a Estado, na qual os particulares não são inimigos senão
acidentalmente; não como homens, mais sim, como cidadãos, ou como
soldados, não como membros da pátria, mas como seus defensores.
Sendo o fim da guerra a destruição do Estado inimigo, tem-se o direito
do mar os defensores quando estejam de armas na mão; porém, uma
vez elas entregues e eles rendidos, deixam de ser adversários e
instrumentos de inimigo, transformando-se simplesmente em homens
sobre cuja vida não há direito algum.” Rousseau (Direito Internacional
Humanitário, Cinelli, Carlos Frederico, p 56 e 57).
14
Cabe registrar que o recurso de ir a guerra como maneira de resolução de
conflitos exige alguns parâmetros, divididos em duas fases:
1ª Fase - O BELLUM JUSTUM (Ou a guerra como um possível meio de
justiça);
2ª Fase - A RAISON D’ÉTAT (Ou a guerra como prerrogativa da
soberania)
15
3 ALGUNS PRINCÍPIOS JURIDICOS DA GUERRA
Aos poucos, a humanidade erigiu regras para os combatentes e para o
resultado dos combates, enquanto Direito Internacional dos Conflitos Armados
sobre uma série de questões, tais como: Comportamento dos beligerantes; Armas
e métodos de combate; Alvos legítimos; Proteção das vítimas.
Vale mencionar alguns ensinamentos clássicos, conforme segue:
“Os homens não se contentam com uma vida bela e simples; domina-os
a ganância, a ambição, a inveja, a rivalidade; depressa se aborrecem do
que possuem e anseiam pelo que não tem; e raro desejam coisa que não
pertença a outrem. Disto resulta um grupo invadir território alheio,
digladiarem-se pela posse dos recursos do solo e depois empenharem-se
em guerras.”
Platão, UTOPIA, Século V/VI a.C. apud, Mariz Fernandes, A
LEGITIMIDADE DA GUERRA NA TRADIÇÃO OCIDENTAL, p. 86.
“A guerra é a Rainha de todas as leis”
Píndaro, poeta grego, Séc. VI a.C. apud, Mariz Fernandes, A
LEGITIMIDADE DA GUERRA NA TRADIÇÃO OCIDENTAL, p. 87.
“As cidades gregas reunidas têm o direito de marchar conjuntamente à
conquista dos bábaros...; este direito transforma-se num dever sempre
que se apóie numa força que permita prever o sucesso...”
Aristóteles, apud, Mariz Fernandes, A LEGITIMIDADE DA GUERRA NA
TRADIÇÃO OCIDENTAL, p. 87.
“A guerra é uma forma necessária de afirmar o direito pelo único método
de que um Estado dispõe e que, por conseqüência, é eterno e moral.”
Hegel, apud, Mariz Fernandes, A LEGITIMIDADE DA GUERRA NA
TRADIÇÃO OCIDENTAL, p. 86.
16
Da mesma forma do que até então acontecera, na sociedade cristã
desenvolveu-se o conceito de legitimação da guerra como base na invocação da
“justa causa”, a qual dava origem ao recurso à força. Esse conceito veio a traduzir-
se na chamada teoria do “bellum justum” ou simplesmente teoria da guerra justa.
O grande problema que desde os primórdios da Cristandade se colocou
aos fiéis foi a evidente incompatibilidade entre a palavra do Evangelho e o recurso
à força. Como o atesta a mensagem de paz proclamada pelo Novo Testamento, a
demonstrar a renuncia à violência: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau;
mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra... (Bíblia vida
nova, p. 10, Mateus 5:39).”
Com efeito, à luz da fé em Cristo o homem deve rejeitar liminarmente a
violência, o que constitui tradição da Igreja: “Quem matar à espada, necessário é
que morto à espada perecerá.” (Bíblia vida nova, p. 301, Apocalipse 13:10)
Sangrentamente perseguida pela fé e impedida de reagir por qualquer ato
de força que dissuadisse os seus carrascos, a minoria cristã do Império Romano
encontrou nessa mesma fé o segredo da sua sobrevivência, confiando em que a
justiça divina haveria de recompensar os sofrimentos da vida terrena.
Autor de profunda reflexão sobre os problemas do seu tempo, Santo
Agostinho (354 – 420) tentou, na sua obra A Cidade de Deus, explicar a
intervenção da Providência Divina no governo do Universo. Contemporâneo do
período crítico da invasão do Império Romano pelos bárbaros, denunciou
vigorosamente as guerras desencadeadas por cupidez ou por sede de domínio,
mas, em contrapartida, admitiu que a participação dos cristãos nos esforços de
defesa militar se poderia revelar necessária em determinadas circunstancias:
“E para muitos o fato de se declararem servidores
de Cristo, sincera ou hipocritamente, impelidos pelo
medo, foi de tal modo respeitado que até julgaram proibido
o que por direito de guerra lhes era permitido.”
(Santo Agostinho, Cidade de Deus, p. 204.)
17
Desta forma, para Santo Agostinho há casos em que a violência injusta só
pode ser detida pela contra violência. Com Santo Agostinho definem-se
essencialmente duas formas de “guerra justa”: a guerra punitiva, para fazer vingar
a ordem moral e punir o culpado da sua violação; e a guerra defensiva, para
proteger a paz e os violados ou ameaçados.
Também intitulado Teólogo da Caridade, nesta virtude é que Santo
Agostinho baseou a sua argumentação. Com efeito, a caridade obriga-nos a
defender o semelhante que foi injustamente atacado. Não o fazer em nome da
defesa da não violência seria um ato de puro farisaísmo. Segundo o Evangelho é
o princípio da Caridade que é absoluto e não o da não violência. E, embora do
ponto de vista cristão a justiça não seja dissociável da caridade, é nesta que se
centra a doutrina de Santo Agostinho. Doutrina que, aliás, está na base da
doutrina chamada “da guerra justa”, a qual, na expressão feliz de René Coste,
melhor deveria ser chamada de doutrina teológica contra a agressão. (A
LEGITIMIDADE DA GUERRA NA TRADIAÇÃO OCIDENTAL, p. 92).
Continuando no mesmo pensamento de Santo Agostinho, São Tomás de
Aquino (1.225 – 1.274) retomou o tema da guerra na célebre Questão XL do seu
tratado sobre a Caridade intitulado Summa Theologica. A questão essencial posta
por São Tomás é a seguinte: Será sempre um pecado fazer a guerra? (A
LEGITIMIDADE DA GUERRA NA TRADIAÇÃO OCIDENTAL, p 92)
A que se saber que para São Tomás, e de acordo com a fé cristã, a
guerra implica necessariamente a noção de pecado. É esta, aliás, a linha
tradicional do cristianismo primitivo. Há, portanto, que saber, em face de uma
determinada situação, se poderá participar em consciência num ato de guerra por
se ter convencido da não existência de pecado. A resposta de São Tomás é dada
pela sua Teoria sobre as condições para uma guerra justa, que se baseia em três
premissas fundamentais:
1º - a autoridade de príncipe que determina a participação no ato de
guerra;
18
2º - a existência de uma causa justa, ou seja, as necessidades de fazer
com que os autores da agressão expiem a sua falta;
3º - uma intenção reta por parte daqueles que faz a guerra, o que equivale
a dizer que eles se deverão propor promover o bem ou evitar o mal. (A
LEGITIMIDADE DA GUERRA NA TRADIAÇÃO OCIDENTAL, p. 92)
Já mais adiante no tempo, uma consequência indireta das Guerras
Napoleônicas demonstrou ser uma das maiores contribuições para o
entendimento da natureza dos conflitos: a captura de Carl Phillip Gottlieb von
Clausewitz, oficial prussiano feito prisioneiro de guerra após a vitória francesa na
Batalha de Auerstedt (1806), que mais tarde escreveria um dos maiores clássicos
sobre a teoria da guerra de todos os tempos, a obra Vom Kriege, ou Da Guerra,
em português (PARET, 2003, p. 268-271). Tentando teorizar o conflito o general
Carl Clausewitz deixou o seguinte comentário:
“A guerra é uma mera continuação da política, por outros meios (...) dessa
maneira não é somente um ato político, mas também um instrumento
político, uma continuação da transação política, uma forma de conduzir
essa transação a bom termo, mas por outros meios. Tudo o que se estiver,
além disso, e que seja rigorosamente peculiar à guerra, relaciona-se
apenas à natureza exclusiva dos meios que ela usa. A arte da guerra, no
geral – e o comandante, em cada caso específico -, pode exigir que as
tendências e pontos de vista da política não sejam incompatíveis com
esses meios, verdadeiramente, não é assim tão insignificante. Entretanto,
políticos, por mais poderosa que seja a reação provocada nos pontos de
vista políticos, em casos particulares, sempre precisará ser vista somente
como uma transformação, pois o ponto de vista político é objetivo, a guerra
fornece os meios, e os meios sempre devem incluir o objetivo na sua
criação.” Clausenwitz, DA GUERRA, 2005, p. 26.
Convém ressaltar que o primeiro a fazer a interligação entre política e
guerra foi na realidade Nicolau Maquiavel, em sua obra A Arte da Guerra, não
confundir com outra obra mais antiga, milenar, A Arte da Guerra do chinês Sun
Tzu, muito difundida nos dias atuais por se tratar de um compêndio de
19
ensinamentos filosóficos interpretativos abertamente sobrepostos em diversas
aéreas de atuação.
3.1 PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Na busca de se definir valores de atuação de um soldado fundado na ética
e nos princípios reguladores do Direito Internacional Humanitário talvez se tenha
aí um poderoso mecanismo para a obtenção de um comportamento generalizante
adequado em combate. Porquanto das incontáveis regras e costumes, esses
princípios retiram sua valoração de único fundamento, um condensado de toda
vida ética: a dignidade da pessoa humana. Não por coincidência o mais relevante
dos princípios, o da humanidade, que também é dito como do humanismo.
É possível identificar tal princípio na Declaração de São Petersburgo de
1868, como sendo o inicio instrumental multilateral sobre a guerra, ao delimitar o
uso de projéteis explosivos e inflamáveis. E ainda ampla e definitivamente
codificado nos Protocolos de 1977, adicionado às Convenções de Genebra de
1949.
Na acepção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a
finalidade do principio da humanidade é evitar e aliviar, a todo custo, em qualquer
situação, o sofrimento humano. Para isto, nem mesmo o consagrado principio do
“não há crime sem lei anterior que o defina como tal” pode dar amparo a qualquer
pessoa que tenha cometido delito contrários à dignidade humana. Mas foi
Rousseau quem, de maneira determinante, esclareceu o maior dos princípios do
DIH (Direito Internacional Humanitário), ao fundamentar na dignidade da pessoa
humana, para proteger o bem jurídico maior que é a vida humana.
20
3.2 PRINCIPIO DA NECESSIDADE MILITAR
Constitui necessidade militar o uso em sua devida proporção da força no
decorrer do conflito armado objetivando a rendição do inimigo e/ou diminuir sua
capacidade militar. Entretanto existem limites quanto aos métodos e aos meios
empregados. Portanto, não se considera necessidade militar um princípio
absoluto. Dessa forma está prevista no artigo 54 do Protocolo Adicional I, de 1977,
o seguinte:
É proibido utilizar a fome dos civis como método de guerra. É proibido
atacar, destruir, retirar ou pôr fora de uso bens indispensáveis à
sobrevivência da população civil, tais como os gêneros alimentícios e as
zonas agrícolas que os produzem, colheitas, gado, instalações e
reservas de água potável e obras de irrigação, como o objetivo
especifico de privar a população civil ou a Parte adversa de seu valor de
subsistência, qualquer que seja o motivo que inspire aqueles atos.
(Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1.949, p. 43, artigo
54.)
Uma definição de necessidade militar foi formulada ainda no Código
Lieber (1.863), durante a Guerra de Secessão: “a necessidade de medidas
indispensáveis para alcançar os objetivos de guerra e que sejam lícitas segundo
as leis e costumes da guerra.” (MEYROWITZ apud CHEREM, 2.003, P. 61.)
Há que se ter, à luz de alguns entendimentos, que, de conformidade com
a severidade da Realpolitik, o que se busca nesse momento é a preservação do
poder e garantir a continuação da ordem legal como um todo. Mas o que fica
evidente é o impacto entre a norma humanitária e o caráter imperativo de tais
medidas a ser considerado.
Como afirma Byers, a equidade entre a proteção de civis e a necessidade
militar é um desafio. No limbo entre alvos aceitáveis estará ligada ao caso
concreto. Na visão do autor, durante a primeira Guerra do Golfo, em 1.991, as
21
obrigações internacionais foram levadas a sério. A Operação Tempestade no
Deserto foi a primeira grande operação de combate empreendida pelos Estados
Unidos desde a Guerra do Vietnã. Temendo novas reações adversas dentro do
país se as coisas dessem errado, os políticos deixaram o encaminhamento das
hostilidades nas mãos de militares profissionais – que são treinados para
combater de acordo com as regras. Para a observância das normas contribuiu
também o fato de que os Estados Unidos estavam integrados a uma grande
coalizão. Certos aliados dos EUA dão considerável importância às exigências do
direito internacional humanitário, e assim, para preservar a coalizão, os EUA
tiveram de combater de acordo com as normas. (BYERS, 2.007, p. 148.)
Concluindo, não é possível deixar de correlacionar o principio da
necessidade militar quando a proporção de danos e perdas civis for exagerada
comparada à vantagem militar concreta e desejada.
3.3 O PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE
Este princípio diz respeito diretamente ao equilíbrio entre uma ação militar
e seu resultado, sem causar vítimas nem mesmo danos civis de maneira superior
ao que se espera. Nessa mesma linha de raciocínio, os métodos e meios devem
ser balanceados, surgindo aí a proporcionalidade. Apesar deste principio acabar
permitindo muitas interpretações por demais impalpáveis é possível mostrar que
ele se converte em decisões estritamente funcionais e condicionantes das práticas
na guerra. Há que se ter como critério qual utilidade pode haver ao fazer uso de
armas que provocam ferimentos supérfluos ou sofrimento desnecessário quando
tais condutas são proibidas pelo DIH.
Na essência das discussões quanto ao tipo de armamento que se deve ou
não usar, em função dos efeitos que causam, a proibição tem por objetivo
22
amenizar os efeitos dolorosos. Considerando que há um conhecimento cientifico
em torno do alcance dos riscos, deve prevalecer o critério humanitário. No interior
do princípio da proporcionalidade está a equiparação entre a capacidade de
reação de uma das partes, frente a agressividade e organização da outra. Mais
do que desproporcional, ultrapassar os limites a que uma guerra deve ser posta
significa confrontar outro princípio do Direito Internacional Humanitário, o princípio
da limitação.
3.4 PRINCIPIO DA LIMITAÇÃO
A definição dos meios e métodos a serem empregados no conflito não é
ilimitada, evitando-se, desde danos desnecessários até prejuízos causados ao
meio ambiente. Apesar da caracterização do principio da limitação se perder um
pouco pela falta de precisão, isso não ocorre com a objetividade de limitar o uso
de alguns meios de combate que possam causar danos inúteis.
Há na realidade três requisitos para aplicabilidade quanto ao princípio da
limitação, assim resumidos:
a) Ratione Loci, limitando os ataques aos alvos lícitos quanto ao objetivo
militar. Retirando, por exemplo, aqueles bens civis necessários para a
sobrevivência da população. Protegendo inclusive construções históricas, as de
culto religioso, além dos demais patrimônios culturais.
b) Ratione Personae, oriundo do “direito das gentes”, encontrado
diretamente no Protocolo Adicional I, em seu artigo 51, 1 e 2, que estabelece:
I - Os civis e a população civil gozam de proteção geral contra os perigos
resultantes de operações militares. Com o objetivo de tornar essa
proteção efetiva, as seguintes regras, que se somam às outras regras de
direito internacional aplicáveis, devem ser observadas.
II - Nem a população civil em conjunto, nem pessoas civis, devem ser
objeto de ataques. São proibidos atos ou ameaças de violência com o
23
objetivo principal de espalhar o terror no meio da população civil.
(Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1.949, p. 40, artigo
50, 1 e 2.)
O princípio, aliás, vai mais além, abrangendo os combatentes fora de
combate, feridos, doentes e prisioneiros dispostos nas quatro grandes
Convenções de Genebra (1949), destinando-se à proteção dessas categorias de
vítimas.
c) Ratione Conditions, objetivando limitar os meios e métodos utilizados no
conflito no decorrer das condições militares em que desenrolam. Neste caso,
relaciona-se ao princípio da proporção ao ser uma condicionante entre o
cumprimento da missão com os limítrofes da tolerância ou razoabilidade. Assim, o
artigo 51, IV, do Protocolo Adicional I, busca limitar ou mesmo reduzir a ocorrência
de sofrimento, danos inúteis ou inadmissíveis ao propósito de guerrear. Veja-se:
Art 51, IV - Os ataques indiscriminados são proibidos. A expressão
“ataques indiscriminados” designa:
a) os ataques não dirigidos contra um objetivo militar determinados;
b) os ataques em que forem utilizados métodos ou meios de combate
que não possam ser dirigidos contra um objetivo militar determinado; ou
c) os ataques em que forem utilizados métodos ou meios de combate
cujos efeitos não possam ser limitados, como é prescrito pelo presente
Protocolo e consequentemente são, em cada um destes casos, próprios
para atingir indistintamente objetivos militares e civis, ou bens de caráter
civil. 2
Ademais é perceptivo que o princípio da limitação está intimamente
interligado ao conceito do último dos princípios do Direito Internacional
Humanitário, qual seja, o principio da distinção.
2 2 Protocolo I Adicional às Convenções de Genebra de 12 de Agosto de 1949 relativo à Proteção
das Vítimas dos Conflitos Armados Internacionais, adotado em 8 de Junho de 1977 e vigorando internacionalmente desde 7 de Dezembro de 1979. In: http://www.nepp-dh.ufrj.br/onu2-11-5.html
24
3.5 PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO
É por este princípio que se assenta toda construção do Direito
Internacional Humanitário como norma protetiva de bens e pessoas.
Adequando a distinção entre civis e combatentes, criando a dicotomia
entre população civil versus combatentes, assim como entre bens civis e objetivos
militares. Sem uma adequação condizente, os beligerantes estariam em liberdade
de atuação irrestrita para eleger os objetivos militares aleatória e empiricamente,
além de direcionar as hostilidades a qualquer individuo, indistintamente. A
proteção dos civis somente vai surgir de modo amplo na 4ª Convenção de
Genebra (1949), sendo o Protocolo Adicional I de 1977 o primeiro instrumento
legal a explicitar sobre quem vem a ser um civil. (Direito Internacional Humanitário,
2.011, p. 89.)
De maneira generalizada, ainda que por exclusão, uma definição acerca
de quem não é participe de forças afins (movimentos de resistência organizada,
milícias, corpos de voluntários) e dos evidentes membros das forças armadas.
Da mesma forma, não existe uma discrição positivada daquilo que venha
a ser um combatente. Por outro lado o artigo 43 do Protocolo Adicional I de um
modo geral disciplina assim o combatente:
Artigo 43, inciso II (...) Os membros da forças armadas de uma Parte em
conflito (exceto o pessoal sanitário e religioso citado no artigo 33 da III
Convenção) são combatentes, isto é, tem direito de participar
direitamente das hostilidades. [...] (Protocolos Adicionais às Convenções
de Genebra de 12 de Agosto de 1.949, p 34.)
Assim sendo, o status de combatente produz direitos relacionados à
captura. Primeiramente a condição de prisioneiro de guerra, ou melhor, estar
prisioneiro de guerra. Segundo, por esta situação encontra-se alcançado pelo
ordenamento. E aqui existe um viés quanto aos demais atores nos espectros do
25
conflito, que não se relacionam às Forças Armadas, e essas não podem participar
das hostilidades de maneira direta. Tais atores são mencionados por
doutrinadores da seguinte forma:
Os mercenários - pessoas que combatem exclusivamente por ganhos
financeiros – não tem direito de ser tratados como prisioneiros de guerra.
A crescente utilização de fornecedores privados por parte dos militares
americanos, em certos casos muito perto de zonas de combate ou
mesmo dentro delas, levanta a questão de saber se esses indivíduos
tem algum direito – além dos direitos humanos internacionalmente
estabelecidos – no caso de serem capturados por exércitos inimigos.
Byers, Michael, A lei da guerra, Direito Internacional e Conflitos
Armados, 2.007, p147.
Logo, o princípio da distinção, mais do que uma simples explicação do
artigo 44, III, do Protocolo Adicional I, tem um mandamento que distingue o
combatente; os combatentes se distinguirão dos demais civis ao se encontrarem
em preparação ou em operação militar. Do mesmo modo o Protocolo mencionado
alega que aquilo que não é objetivo militar é considerado um bem civil.
A aplicabilidade dos princípios apresentados do Direito Internacional
Humanitário são referências para a condução menos danosa da violência
organizada desferida pelo Estado soberano.
26
4 AS BASES DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO
O Direito Internacional Humanitário (DIH), também conhecido como Direito
dos Conflitos Armados (DICA), tem como objetivo regular os problemas
decorrentes das guerras, limitando os métodos e meios usados durante os
conflitos armados.
Fazem parte desse arcabouço jurídico, conseqüência do chamado Direito
de Genebra, o conjunto de quatro Convenções de Genebra de 1.949, tratando da
proteção das vítimas de guerra, assim como seus dois Protocolos Adicionais de
1.977. Dispondo de cerca de 600 artigos codificando a quem se deve proteger.
Vale ainda destacar que o Direito de Haia está diretamente ligado à
guerra, por ele se limitando a conduta, direitos e deveres dos participes, além é
claro dos meios utilizados para produzir danos nos inimigos. A maior parte da
instrumentalidade se encontra nas Convenções de Haia de 1.889 reformulada em
1.907, assim como algo encontrado no Protocolo I Adicional às Convenções de
Genebra de 12 de Agosto de 1.949.
No mais faz parte do Direito Internacional Humanitário, as chamadas
regras de Nova Iorque, resultado da Resolução 2444 (XXIII) da Assembléia Geral
das Nações Unidas, com o título “Respeito dos direitos humanos em período de
conflito armado” ponto de inversão de atitude da Organização das Nações Unidas,
diante do Direito Humanitário. As Nações Unidas tem outro entendimento quanto
às guerras de libertação nacional, limitando certas armas clássicas.
Não obstante a dificuldade de se implementar os resultados desses
instrumentos jurídicos é de se ter em mente que se busca a punição daqueles que
violam e cometem crimes de guerra.
27
5 DAS NOVAS GUERRAS E A APLICABILIDADE DO DIH
Conseguir identificar junto a contemporaneidade daquilo que possa moldar
algo próximo da guerra nos dias atuais exige uma visão mais apurada e mais além
do que o simples preenchimento de requisitos normativos positivados.
Considerando a grande influência do teórico da guerra, o prussiano Carlos
von Clausewitz, junto às sociedades Ocidentais, assim como a maneira com que
essas nações se comportam em um Conflito Armado, são o inúmeras as questões
que têm captado a atenção de várias gerações de estudiosos das relações
internacionais e da estratégia em torno do fenômeno da guerra. De fato, evoluiu-
se de um modelo de previsível respeitabilidade de Carl von Clausewitz para um
modelo de guerra irregular, global, assimétrica e permanente, sem uma origem
clara e que pode surgir em qualquer lugar.
Hoje a violência global é assimétrica e permanente, não tem uma origem
clara e pode surgir em qualquer lugar. Para muitos, trata-se de uma situação típica
do mundo com tendência unipolar do ponto de vista geopolítico.
As guerras contemporâneas, acentuadamente depois de 1945, tornaram-
se cada vez menos entre estados e passaram a contemplar outros atores, infra-
estatais, que perseguem múltiplos e diversos objetivos, que obedecem a lógicas e
a razões também diferentes, verificando-se uma extrema plasticidade dos seus
atuantes, assemelhando-se muitas vezes a uma luta pela sobrevivência, sem
regras, sem objetivos claramente definidos. Os estados podem entrar em guerra
contra uma rede terrorista, uma milícia, um movimento separatista, um exército
rebelde ou ainda contra o crime organizado. As guerras irregulares podem
também ser travadas entre dois ou mais grupos organizados, não envolvendo
nenhum Estado.
28
No caso dos países menos desenvolvidos, onde são inúmeros os estados
que jamais foram capazes de se afirmar face, a outras entidades sociais, tem-se
observado que, no decorrer de confrontações violentas, a distinção entre Estado,
Forças Armadas e população começou a esbater-se antes mesmo de ter sido
corretamente estabelecida.
É primordial perceber que as particularidades das guerras atuais vão além
de considerá-las regulares ou irregulares. É necessário distinguir a predominância
do conflito assimétrico entre atores de distintas matizes, relacionados as novas
armas e meios de produzir os mesmos efeitos. Os meios de comunicação
instantâneos aumentam os efeitos de atos locais de maneira exponencial, por
outro lado a mesma rede internacional de comunicação internet pode efetuar o
mesmo ataques deferidos dos chamados cyber ataques, capazes de paralisar
uma usina nuclear.
Seja qual for a abordagem, existe consenso quanto ao fato de neste
século as guerras se desenvolverem num mundo assimétrico, com fortes
desequilíbrios quantitativos e qualitativos e onde surge um novo e discreto
instrumento de intervenção, as empresas militares privadas (EMP), além do
instituto da Intervenção Humanitária, onde os Estados Soberanos impõem seus
interesses com a justificativa de levar ajuda humanitária.
O problema da intervenção humanitária no cenário internacional revela-se
pertinente e suscita reflexões diante de uma série de circunstancias
concomitantemente presentes no contexto internacional contemporâneo.
Primeiro, pode-se verificar evidente conflito de valores internacionais, a
situarem de um lado garantias fundamentais como soberania, autonomia,
autodeterminação dos povos, supremacia nacional dentro dos respectivos
limites territoriais e, sobretudo o princípio da não intervenção. De outro
lado, há uma tendência de alguns Estados no sentido de projetar poder e
influência para além de seus limites territoriais e soberanos, além da idéia
de proteção internacional de direitos humanos, tentativa de evitar conflitos
étnicos e civis, bem como qualquer tipo de violação de garantias
fundamentais ou conflitos internos ou pôr fim a eles.
(Mezzanotti, Gabriela - Direito, Guerra e Terror, p. 90, 2.007.)
29
Por outro lado, a proliferação das empresas militares privadas (EMP),
notadamente a conhecida Blackwater USA, protagonista entre tais corporações e
o gigante da privatização da guerra, ganhou proporções impressionantes, cuja
impressionante ascensão se pode visualizar na citação abaixo:
Exército, Marinha, Aeronáutica, Marines e Blackwater.
Erik Prince podia ver seu império como a quinta força militar dos Estados
Unidos, mas seus planos para a Blackwater tiveram um começo bem mais
modesto, e esses planos nem eram realmente seus. Embora ele tenha
funcionado como um caixa eletrônico ativo na criação da Blackwater, a
localização, os planos e virtualmente cada detalhe da nova companhia não
vieram de Prince, e sim de um de seus mentores no SEAL (unidade de
elite da marinha dos USA) Al Clark, que durante onze anos foi um dos
principais instrutores de tiro da elite da Marinha.
(Scahill, Jeremy, Blackwater - ascensão do exército mercenário mais
poderoso do mundo, 2.008, p. 96 – 97)
No curso da história foi possível visualizar as mais diversas estruturas de
poder, sejam as tribais, os feudos, associações religiosas, organizações
mercenárias à conglomerados comerciais transnacionais. E todas com interesses
diversos, mais que nenhuma das quais com condições de exercer o poder político
muito menos dispor das características de território, população e ordem política
constituída. Por outro lado, os conflitos assimétricos que proliferam pelo mundo,
colocam em duvida a capacidade do Estado em lidar com essa nova forma de
guerra, vindo inclusive facilitando o desfacelamento do Estado, caso ocorrido na
Somália onde Clãs ou grupos e até Senhores da guerra lutam pelo poder, ou
mesmo grupos como Boko Haram que atua na Nigéria, além das organizações
criminosas as quais desafiam o monopólio do Estado no uso da violência, veja o
México.
Passou a haver uma desmilitarização da guerra, no sentido em que os
objetivos civis não se distinguem dos militares e a violência extrema é exercida
30
contra não-combatentes e sobre todos os domínios da vida social. Nestas novas
guerras usam-se profusamente crianças-soldados, haja vista os diversos
exemplos de tais comportamentos, em operações de combate como em Serra
Leoa, Costa do Marfim, Mali, etc.
A causa da violência ascendeu aos extremos a que Clausewitz se referia,
e o que separa a guerra da barbárie é a existência do conceito da honra do
guerreiro. Conforme o autor preceitua;
As forças morais estão entre as mais importantes categorias da guerra.
Elas são o espírito que influencia profundamente toda a existência da
guerra, as primeiras a estabelecer-se, e têm grande afinidade com a
força de vontade que põe em movimento e guia todo o conjunto de
poderes, ligando-os a si como se, junto, formassem uma só corrente de
água. (Clausewitz, Da Guerra, 2.005, p. 143.)
Ainda assim encontramos na tradição oriental, que da mesma maneira foi
interpretada por este doutrinador, que identifica a necessidade da autoridade
moral, conforme segue:
O maior patrimônio de um país é a Nação, seu povo. Ela se organizou em
Estado e este existe para ela, sendo seu, digamos, bem coletivo. Na
democracia, periodicamente, a nação delega autoridade, poder e
soberania populares a governos, que, assim, se transformam em
segmento da vida do Estado, que se sucedem. Autoridade, poder e
soberania não pertencem, portanto, aos governantes, delegados da
Nação. Eis aí o cenário da Lei Moral, pacto tácito que deve reger as
relações entre povo e governantes, e condicionar o exercício do poder por
intermédio da autoridade, sempre em respeito à soberania do povo, e no
qual se estriba a ética de governo.
(Sun Tzu apud Alberto Cardoso, 13 momentos da Arte da Guerra, 2.005,
p. 19)
Tendo por exemplo, que os atores envolvidos neste tipo de conflito são
dos mais diversos, o seu caráter foi obrigado a evoluir para aquela que se
conhece como guerras irregulares, com estrutura diversa ou temporariamente
assimétrica, sem frentes, sem campanhas, sem bases, sem uniformes, sem
respeito pelos limites territoriais, de objetivos fluidos, de combate próximo, estando
31
os combatentes não identificados por fardamento militar se misturando com a
população civil ou desta fazendo parte, que utilizam como escudo e, se
necessário, como moeda de troca.
Os seus pontos fortes estão na inovação tecnológica, na surpresa e na
imprevisibilidade, onde os fins justificam os meios, empregando por vezes o terror;
onde o estatuto de neutralidade e a distinção civil/militar desaparecem.
A guerra hoje em dia aparece-nos muito associada às novas ameaças
transnacionais. Assim devemos antes de tudo esclarecer o que hoje se entende
por novas ameaças, sabendo-se que refletem numerosas alterações políticas,
econômicas e sociais ocorridas no mundo desde a queda do Muro de Berlim e
sobretudo no pós-11 de Setembro de 2001.
Tradicionalmente, uma ameaça é definida como qualquer acontecimento
ou ação (em curso ou previsível), de variada natureza, proveniente de uma
vontade consciente e inteligente e que impede a consecução de determinados
objetivos; no fundo, o produto de uma capacidade por uma intenção.
Face à multiplicidade de conceitos sobre o assunto, neste estudo optou-se
por adotar a definição de ameaça transnacional prevista no relatório das Nações
Unidas intitulado “A More Secure World: Our Shared Responsability” (Um mundo
mais seguro: a nossa responsabilidade partilhada). Relatório do Painel de Alto
Nível do Secretário – Geral sobre Ameaças, Desafios e Mudança, que admite uma
concepção bastante ampla de ameaça, entendida como qualquer acontecimento
ou processo que conduza a mortes em larga escala ou diminua as condições de
vida e ponha em causa o papel do Estado como a unidade básica do sistema
internacional é uma ameaça à segurança nacional.
Neste contexto, são considerados como principais ameaças relacionadas
com a nova forma de combate, o fracasso dos estados, o crime organizado
transnacional e o terrorismo transnacional.
32
Na atualidade, das diversas atividades a que o crime organizado
transnacional se dedica, um dos mais rentáveis é o tráfico de drogas. Com as
verbas geradas as ações adquirem um nível de poder que compete com o dos
estados. Exprimem-no pela capacidade de criar diversas formas de instabilidade
nos países onde operam, instabilidade de amplo espectro, da social à econômica,
da política à psicológica. Ao mesmo tempo, tentam conquistar indiretamente o
poder político pela corrupção dos seus órgãos de soberania e dos funcionários.
Por outro lado, com a finalidade de intimidar o poder instituído de forma a
garantirem completa liberdade de ação nas suas atividades criminosas, certos
grupos, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), estão dispostos a usar
elevados níveis de violência armada, no caso brasileiro, e, tal como já acontece na
Bolívia e na Colômbia, chegam a administrar partes significativas de um
determinado território, assumindo para si os fins de segurança, bem-estar social e,
por vezes, até de administrar a justiça, substituindo-se plenamente ao Estado,
colocando ao mesmo tempo os conceitos tradicionais de soberania e integridade
territorial em causa. Algo que se pratica no âmbito do PCC no Brasil e em favelas
do Rio de Janeiro.
As ações associadas aos conflitos armados que surgem no contexto da
globalização, também têm uma dimensão econômica, quer na origem, quer nas
conseqüências. São ainda indivisíveis das ações criminosas que ultrapassam as
fronteiras e envolvem regiões inteiras, misturando numa rede econômica informal
o saque e a pilhagem, o tráfico de seres humanos, o contrabando de armas e
narcóticos, as contribuições de imigrantes, os pedágios ilegais pela passagem de
migrantes ou atividade de assistência humanitária, levando tudo e todos a viver da
insegurança, da guerra, e da necessidade de continuação do conflito.
Foram diversas as organizações revolucionárias que criminalizaram as
suas atividades, pondo assim um pouco à parte a vertente ideológica do conflito e
transformando-se em narco-guerrilhas, como é o caso das FARC, na Colômbia.
33
Porém, este envolvimento, que inicialmente seria apenas para o financiamento,
pode ser depois o próprio motor da guerra.
Na atual conjuntura mundial, a ordem de batalha nas guerras centradas e
em rede, de alta tecnologia, desenvolve-se em volta do conceito de domínio
rápido, de operações de reconhecimento, inteligência, com profusa utilização de
armas inteligentes, de elevada precisão, seletivas, assim como de Drones, e
Cyber-ataques. O novo campo de batalha está dominado por um sistema de
sistemas, onde geralmente a manobra informacional se sobrepõe e por vezes
substitui a manobra do terreno.
34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A despeito das incertezas típicas que o futuro nos reserva, a guerra
continuará a ser uma questão de poder e, no atual século, cremos que
continuaremos a assistir a guerras provocadas pela alteração de relações de
forças entre atores não estatais e os estados, guerras irregulares, também
chamada de assimétrica e em ambiente subversivo, sem regras, sem princípios,
sem frente ou retaguarda, onde os objetivos são fluidos, na boa compreensão que
a única legitimidade é a do seu exercício. Guerras que no fundo não são tão novas
assim. Por outro lado, assistiremos às guerras muito próximas dos civis, típicas
das sociedades dominadas pela informação instantâneas e que têm por base as
forças regulares, sejam elas, forças armadas e ou de segurança utilizando alta
tecnologia, com profusa utilização do espaço como a quarta dimensão da guerra.
Nestas novas guerras (regulares ou irregulares) emergem ainda as
empresas militares privadas, respondendo de certa forma em uma maneira de
combater a atores não estatais os quais desafiam o monopólio do Estado na
utilização da violência sem que o mesmo precise utilizar de suas forças armadas
regulares estas sim vinculadas aos Tratados, Convenções e Protocolos
Adicionais, que acabam por limitar métodos, meios e equipamentos utilizados nos
conflitos armados.
A única afirmação que se pode ter certeza é quanto às guerras deste
século que se desenvolve é que a surpresa é permanente assim como
permanentes são o curso do tempo e a disparidade dos cenários, dos atores e dos
equipamentos, pelos quais a guerra é uma constante histórica que continuará.
35
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