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IMAGEM OE FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 [email protected] Pág. 3 Disputa pelo controle do tráfico aumenta índice de homicídios no Ceará

Direito & Justiça 28/01/2016

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Jornal O Estado (Ceará)

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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 [email protected]

Pág. 3

Disputa pelo controle do tráfico aumenta índice de homicídios no Ceará

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Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 O ESTADO 2

A segurança pública é o segundo problema que mais aflige a população cearense. O crime organizado é uma das principais ameaças à segurança. O tráfico de drogas, de pessoas, assaltos a bancos e clonagens

de cartão de crédito são formados por quadrilhas constitu-ídas dos mais poderosos equipamentos de armas e muni-ções. A disputa pelo controle do tráfico, nas comunidades, aumenta o índice de homicídios do Ceará, alerta o novo procurador-chefe do Ministério Público Federal (MPF), Sa-muel Arruda em entrevista na página 03. “As quadrilhas estão cada vez mais organizadas e sofisticadas. A disputa pelo controle do tráfico aumenta o índice de homicídio no Ceará”. Em todo o Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) tem levantado campanha para recolher assinaturas de brasileiros que sofrem com os descasos provocados pela corrupção e o crime organizado. O objetivo é pressionar o Congresso Nacional a aprovar projeto de lei de iniciativa popular que contém dez medidas contra a corrupção.

As plataformas digitais estão sendo aliadas da Justiça para investigações durante julgamento de processos. Tex-tos e fotos publicadas no Facebook, Instagram, Twitter e

WhatsApp podem ser utilizados como provas perante a Justiça. O advogado André Peixoto, em matéria na página 07, explica que há uma predisposição já há algum tempo no judiciário brasileiro e ganha mais vigor à medida que novos usuários utilizam as redes para compartilhar momentos de suas vidas. “Muitas pessoas que têm dívidas, de trabalho ou de família, em maioria, alegam não poder pagar por falta de dinheiro, mas nas redes sociais, as postagens são de viagens ou festas. O que muitos não sabem é que a ostentação na rede pode ser a prova que a Justiça precisa para que o obri-gue a cumprir suas responsabilidades, explicou o advogado.

Erro médico está se tornando algo comum em nossos hospitais. Segundo explica o advogado e médico do Insti-tuto Dr. José Frota, Mauro Gifoni, todo erro de um profis-sional de saúde repercute em ação de responsabilidade civil, devendo-se provar em processo a existência de um ilícito ético. “O profissional de saúde, em tese, só vai ser respon-sabilizado se provocar um dano ao paciente e se esse dano for caracterizado por um ato de negligência, imperícia ou imprudência. Nessas três modalidades, tem que estar im-plícito o ilícito ético”, adverte Mauro.

Briga de gangues aumenta índice de homicídio no Ceará

EDITORIAL

Imposto sobre o software: afinal, ICMS ou ISS?

O espaço ciberné-tico é a essência da ir-realidade sexual, ala-vancado por fantasias em que nada é proibi-do. Perdeu-se a linha do encontro real, e pessoas se fantasiam em um corpo virtual: perfeito, irretocável, onde não existe bar-reira, a não ser a da tela do computador; tudo é possível, tudo é permissível. O huma-

no é “infinitizado” no contexto virtual, onde o outro se permite viver todas suas fantasias sem o contato físico real. O intocável que habita em nós pode se mostrar sem se tocar. Um peso isso, para quem vive relacionamento natural como é o casamento. O espaço virtual, eu diria, ocupa um ranking privilegiado na desconstrução das relações estáveis e saudáveis.

Infelizmente, esse jogo sexual virtual po-

derá destruir reputações, devastando imagens e legitimando o divórcio. O anonimato vir-tual tem contribuído para aliviar frustrações acumuladas, e fica quase impossível ao outro competir, pois as máscaras podem ser troca-das rapidamente ao sabor das fantasias. Fico imaginando um beijo virtual comparado ao beijo real, se estes indivíduos pudessem estar cara a cara, talvez nem se olhassem. Fantasias vivenciadas em mundos paralelos, desprovi-das do toque físico pelo outro, da legitimidade do contato pele com pele, da temperatura, do cheiro, da ternura expressa pelo olhar e das diversas expressões faciais e o ruído delicioso de um sorriso. Afinal, sentem-se vulneráveis sem a presença de uma tela de computador para se “proteger” do outro. A mente pode ser uma verdadeira fábrica de ilusões, quando não a controlamos e nem a disciplinamos. Im-possível exercitarmos virtualmente um tempo moral do olhar. O toque físico é um sinaliza-dor de ternura que invade o sistema límbico, esse centro de emoções de nosso inconfundí-vel cérebro.

Quando tocamos alguém, geralmente es-tamos expressando nossa conexão, invasão ou interesse, mas está no cérebro a origem de qualquer desejo. Sou fascinada pelo contato humano essa mercadoria rara no imenso uni-verso virtual. Ficaremos sozinhos para sem-pre? E por mais que nossa resistência seja a marca da solitude, o corpo é fonte de desejos, sentimentos e intenções. O corpo fala, isto é fato, e o amor é expressão máxima da essência que caracteriza a condição humana. E se ques-tionarmos alguém sobre seu anseio maior, ouviremos com frequência que é viver um grande amor. Você sabia que apaixonados não ficam resfriados com frequência? Isto porque existe uma ativação maior do sistema imu-nológico. O amor pode ser comparado a uma droga e, como tal, tem o efeito da abstinência, mas escrevo que é uma droga salutar. Você sabia que chorar é saudável? Nossas lágrimas nos relaxam e expelem parte do hormônio do estresse (cortisol), e lágrimas contêm analgé-sico natural como a encefalina, que nos ajuda a liberar a dor.

Uma discussão que estava adormecida há muitos anos voltou à tona recentemente com a publicação, no apagar das luzes de 2015, do Convênio ICMS 181 do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendá-ria), que orienta a co-brança de ICMS pelas fazendas estaduais

nas operações comerciais de software padro-nizado, com uma carga tributária de 5%.

A Lei nº 9609, de 1998, conhecida como a Lei do Software, define programa de compu-tador como sendo a expressão de um conjunto organizado de instruções para fazer equipa-mentos funcionar de modo e para fins deter-minados. Não existe nesta norma nenhuma qualificação que possa distinguir o software para efeito de tributação. A Lei Complemen-tar nº 116, de 2003 - por meio do código 1.05 da lista de serviços - estabelece a cobrança de ISS (Imposto Sobre Serviços) nas operações de cessão e licenciamento de software. Desta forma, a exigência do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), con-forme proposto no Convênio 181 do Confaz, configuraria bitributação, ato considerado inconstitucional no Brasil.

Talvez o cenário econômico adverso, com a necessidade de busca de arrecadação adi-cional, tenha feito com que as fazendas esta-duais tenham decidido avançar na cobrança de ICMS em algumas operações realizadas com software, criando uma distinção entre “software padronizado” e “não padronizado” para poder atribuir ao primeiro a obrigatorie-dade do recolhimento de ICMS. O fato é que o Confaz não tem competência para definir a incidência desse tributo sobre um bem e/ou serviço, sobrepondo uma Lei Federal, neste caso a Lei Complementar nº 116.

Desde 1992, ou seja, mesmo antes da Lei do Software (Lei 9609 de 1998), e da Lei Comple-mentar 116 (2003), o estado de São Paulo, por exemplo, cobrava ICMS nas operações com software somente sobre o valor do suporte in-formático (CD, DVD, blu-ray, manuais etc.), reconhecendo que não tinha competência para cobrar sobre o valor total do software.

Em setembro de 2015, o Decreto 61.522 re-vogou esta legislação e o estado de São Paulo pretendia passar a cobrar ICMS com a alíquo-ta de 18% sobre o valor total das operações de venda de “software padronizado”.

Agora em janeiro, o Governo de São Paulo já publicou um decreto específico adotando as bases do Convênio 181 do Confaz, excluindo de cobrança do ICMS o software adquirido via transferência eletrônica “até que fique definido o local de ocorrência do fato gerado para deter-minação do estabelecimento responsável pelo pagamento do imposto”, de acordo com o tex-to. Assim, somente as operações com software acompanhado de meio físico terão cobrança de 5% no território paulista.

A Lei Complementar nº 116 prevê que, ainda que o software venha acompanhado de meio físico, ele não deve se sujeitar ao ICMS. Portanto, mesmo a cobrança deste tributo praticado pelo estado de São Paulo até o final do ano passado - tendo como base de incidên-cia o suporte informático - não era prevista na Legislação Federal. Ainda assim, algumas empresas de software estabelecidas no Esta-do optavam por recolher o ICMS por se tratar de um valor baixo de imposto, ainda que re-colhessem também o ISS sobre o valor total da operação, sofrendo, portanto, bitributação em parte do valor.

Esse foi mais um capítulo do drama que o setor tem enfrentado no ambiente tributário inóspito brasileiro. Apesar de ser um dos se-tores reconhecidos pela sua capacidade de im-pulsionar a economia, o setor de Tecnologia da Informação viu, no ano passado, entrar em vigor a reoneração da folha de pagamen-to, a revogação dos benefícios da Lei do Bem que pode trazer de volta a informalidade ao segmento, entre outras medidas que atingi-ram sua atuação.

As empresas que decidirem pagar os dois tributos para não incorrer em autuação mu-nicipal ou estadual - pois não há notícias de que algum município deixará de cobrar ISS - provavelmente, vão transferir esse au-mento tributário para os preços e, no final, o impacto negativo dessas sucessivas medidas vão ref letir diretamente em toda a sociedade, que conta com a tecnologia como um agente transformador e como um instrumento para alavancar negócios em todos os setores da economia.

EDITORA Solange Palhano REPÓRTER Anatália Batista GESTÃO COMERCIAL Glauber Luna DESIGNER GRÁFICO J. Júnior DESIGNER CAPA Vladimir Pezzole FOTOS Beth Dreher, Iratuã Freitas e Nayana Melo www.oestadoce.com.br

O mundo virtual

Cumprimento de cotas admite flexibilizaçãoO consultor jurídi-

co trouxe, em 23 de dezembro de 2015, notícia veiculada pelo jornalista Sérgio Rodas sob o título “Petrolífera não pre-cisa cumprir cota de deficiente em plata-forma em alto mar” baseando-se em acór-dão da 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

(RJ), processo 0148400-98.2009.5.01.0482, proferido em ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho contra a em-presa ENSCO DO BRASIL PETRÓLEO E GÁS LTDA. Na primeira instância, a ação já havia sido julgada improcedente em sentença profe-rida pela juíza Ana Celina Laks Weissbluth da 2ª Vara da Justiça do Trabalho de Macaé.

Este tipo de ação demonstra de um lado, que o Ministério Público do Trabalho exerce seu compromisso com a sociedade de fazer cum-prir a lei e, de outro lado, revela que as perse-guições do parquet merecem ref lexão quanto à

oportunidade de exercê-la, das conveniências e adequações à realidade.

A decisão regional, da lavra do desembarga-dor Marcelo Antero de Carvalho, trouxe como critério de f lexibilização da Lei nº 8.213/91 o Princípio da Razoabilidade porquanto alguns setores de atividade e local de trabalho eram absolutamente incompatíveis para o cumpri-mento de cotas, considerando o número total de empregados da empresa. Neste sentido, a manifestação é expressa e vale a reprodução do texto para ref lexão: “A Lei de Cotas, em-bora não tenha estabelecido exceções, deve ser aplicada com razoabilidade para que emprega-dores não sejam excessivamente punidos por não conseguirem cumprir o percentual da to-talidade de seu quadro efetivo”.

Nunca é demais lembrar que o princípio da razoabilidade deve atuar na presunção de que os fatos estejam dentro da normalidade e im-põe ao intérprete a aplicação da norma ao caso individualmente considerado, com exclusão da norma geral. Em palavras outras, a regra geral de viabiliza e se torna eficaz não pela sua própria razão que motivou sua criação, mas sim por um princípio que assegure uma razão contrária igualmente justificadora de sua es-

pecificidade. Não se nega a regra, mas respei-ta-se a peculiaridade do caso.

A Lei de Cotas está a merecer revisão, as-sinalando que o Tribunal Superior do Traba-lho também sinaliza para a inoportunidade da exigência legal de forma indiscriminada, em especial quando a empresa demonstra que desenvolve iniciativas no sentido da inclusão social.

Pensamos que foi um grande avanço, no ano de 2015, a forma pela qual a jurisprudência trabalhista se manifestou quanto à apreciação de multas e de ações civis públicas que exigem de forma indiscriminada o cumprimento de cotas de trabalhadores.

Vale a pena insistir que não negamos a ne-cessidade de inclusão social, mas talvez a im-posição legal precise de melhor adequação à realidade, cabendo à fiscalização observar os movimentos sociais que facilitam a formação de mão de obra e os esforços envidados para a geração de oportunidades de emprego.

Para o ano de 2016, a com a crise econômica e desemprego em crescimento, é inquestioná-vel a necessidade de revisão da exigência por-que a busca pelo emprego vai concorrer com a inclusão de deficientes.

Súmulas Eleitorais XAo se ter deixado,

no artigo de dezembro de 2015, os comentários relativos à Súmula nº 9, do TSE, para esta opor-tunidade, viu-se que o enunciado 8 ficou sem análise, o qual precei-tua ser o vice-prefeito “inelegível para o mes-mo cargo.” Tal enten-dimento se encontra superado, ou formal-mente cancelado, pela Resolução n.º 20.920, de 16/10/2001, do TSE.

Claro, o preceptivo destoa da Constituição Fede-ral de 88, estando a súmula relacionada ao art. 14, § 5º da CF/88, o qual é taxativo ao afirmar que o “Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.” O detalhe é que a súmula faz menção a vice-prefeito, aplicando-se o mesmo

dispositivo (constitucional) também ao vice, haja vista ter sido intenção do legislador vedar “o exer-cício de três mandatos consecutivos para o mes-mo cargo do Poder Executivo” (Cta-TSE, no1.399/DF, rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 17.4.2007). No entanto, é de se destacar poder o vice, reeleito ao mesmo cargo, candidatar-se “ao cargo de prefeito nas eleições seguintes ao segundo mandato”, con-forme vastos precedentes do TSE (Res. no 22.625, de 13.11.2007, rel. Min. Arnaldo Versiani; Res. no 22.792, de 13.5.2008, rel. Min. Ari Pargendler).

Agora, mesmo estando a súmula cancelada, não custa lembrar que o vice-prefeito, que assu-me a chefia do executivo municipal, e que já tenha sido reeleito vice, tornando-se prefeito posterior-mente, não poderá disputar o mesmo cargo no pleito seguinte, sob pena de se configurar o exer-cício de três mandatos consecutivos no âmbito do Poder Executivo (Res. no 22.679, de 13.12.2007, rel. Min. Cezar Peluso).

Já a Súmula 9, cuja redação é “suspensão de direitos políticos decorrente de condenação cri-minal transitada em julgado cessa com o cumpri-mento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos”,

possui um tanto de aspectos que podem ser en-frentados. O art. 15, da CF/88 trata da suspensão e perda dos direitos políticos, não mais existindo no Brasil cassação de direitos políticos, estando a diferença entre os institutos relacionada ao fato de que perda possui um prazo indeterminado, ao passo possuir a suspensão um tempo certo. Po-rém, nas duas hipóteses é possível readquirir os direitos políticos, tendo-se, para a súmula, hipó-tese de suspensão, haja vista que a condenação penal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, mantém tal condição, inclusive exis-tindo ou não prisão do condenado.

O tema possui previsão, também, na Lei Com-plementar nº 64/90, logo no art. 1º, inciso I, alí-nea “e”, em que se definem causas de inelegibili-dade, trazendo a alínea o elenco de crimes para a suspensão dos direitos políticos, dentre eles os crimes eleitorais “para os quais a lei comine pena privativa de liberdade.” O aspecto, no entanto, possui relação direta com regra constitucional, na medida em que “o pleno exercício dos direitos po-líticos” é uma das condições de elegibilidade pre-vista no art. 14, § 3º da Constituição de 88, sobre o que se falará em fevereiro de 2016.

ROSSANA BRASIL KOPF ADVOGADA

RODRIGO CAVALCANTESECRETÁRIO

DE CONTROLE INTERNO

NO TRE/CE

PAULO SÉRGIO JOÃO

ADVOGADO

JORGE SUKARIEPRESIDENTE

DA ABES

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O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 3

Quais as dez propostas do MPF para o comba-te à corrupção?• Criminalização de en-riquecimento do ilícito de agentes públicos;• Prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação;• Responsabilização dos partidos políticos e cri-minalização do caixa 2;• Aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores;• Reforma do sistema de prescrição penal;• Celeridade nas ações de improbidade admi-nistrativa;• Eficiência dos recursos no processo penal;• Ajustes nas nulidades penais;• Prisão preventiva para assegurar a devolução do dinheiro desviado;• Recuperação do lucro derivado do crime.

Dez medidas

SAMUEL ARRUDA

“Índice de homicídios aumenta ocasionadopor disputa pelo controle do tráfico”

H oje, uma das prin-c ipa is a meaç as à segurança pública nacional é o crime

organizado. Presente no tráfico de drogas, no tráfico de pessoas, assaltos a ban-cos e clonagens de cartão de crédito, entre outros, são quadrilhas constituídas dos mais poderosos equipamen-tos de armas e munições. A disputa pelo tráfico, nas comunidades, desperta a insegurança da população, que paralelamente a isso, convive ainda com a escas-sez de investimentos em educação e lazer, quando ocorre o desvio de verbas que deveriam ser destinadas a projetos e bem-estar da sociedade.

Em todo o Brasil, o Mi-nistério Público Federa l (MPF) tem levantado cam-panha para recolher assi-naturas de brasileiros que sofrem com os descasos provocados pela corrupção e o crime organizado. O objetivo é pressionar o Con-gresso Nacional a aprovar projeto de lei de iniciativa popular que contém dez medidas contra a corrup-ção. No Ceará, a proposta tem ganhado o apoio, inclu-sive, de igrejas e tem à frente o novo procurador-chefe do Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE), Samuel Arruda, que assumiu cargo em outubro do ano passado.

Ao Direito & Just iça , a lém de comentar sobre as medidas que ele ressal-ta serem necessárias para vencer a criminalidade, Sa-muel Arruda afirma que, no Ceará, as quadrilhas estão cada vez mais organizadas e sofisticadas. O procurador ressalta que as instituições que trabalham contra a cri-minalidade precisam adotar medidas legislativas e estru-turais eficazes, de modo a serem mais organizadas que as próprias organizações.

Direito & Justiça – Onde o crime organizado está mais presente no Ceará?

Sa muel A r r ud a - No Ceará, temos bandos de traf icantes com bastante envergadura, esse é um ni-cho de atuação que vemos muito claramente. O tráfico de drogas cresceu muito nos últimos anos e é uma ativi-dade criminosa que já tem uma envergadura enorme e, aqui, atingiu um grau de organização muito grande. Traficantes, que antes ti-nham uma localização res-trita, hoje, já têm conexões internacionais . Temos o crime organizado presente nos crimes patrimoniais, existem quadrilhas muito sofisticadas, de muita atu-ação em, por exemplo, clo-nagem de cartão de crédito. O Ceará, infelizmente, é um dos estados em que isso ocorre de forma mais con-tundente, inclusive, com so-fisticação. As quadrilhas no Ceará são muito avançadas no ponto de vista tecnoló-gico. Mas, também, existem outras como as quadrilhas que assaltam bancos, que a gente vê que é uma ativida-de recorrente que adotam o mesmo modus operandi, são pessoas que se reúnem com estabi l idade para come-ter esses crimes não só no Ceará; ora atuam aqui, ora atuam em outros estados do Nordeste. Há também na

lavagem de ativos, fato que criou a via estadual de com-bate ao crime organizado, que foi um atentado a um auditor da Receita Federal, cujo foco era o descaminho de comércio de mercadorias importadas i lega lmente. São várias vertentes no Bra-sil todo, não só no Ceará.

Direito & Justiça – O Estado do Ceará já é rota de tráfico internacional, principalmente de drogas, fica mais difícil ou mais fácil de desarticular essas

quadrilhas?Samuel Arruda - Essas

quadrilhas, quando se orga-nizam e adquirem esse po-der de fogo, se tornam mais difíceis de serem desarticu-ladas. Não diria que o fato de o Ceará estar na rota do tráfico torna mais difícil o que torna mais difícil é que, hoje, são quadrilhas com mais potencial. Angariam muito mais recursos e têm um poder corruptor enor-me. Enfim, se tornam mais sólidas e fica mais difícil, até porque têm ramificações

em vários estados, e às vezes até em vários países.

Direito & Justiça – In-clusive essa disputa pelo tráfico, atualmente, está refletindo na insegurança da população.

Samuel Arruda - Sim, é o grande problema desses números péssimos que nós temos de homicídios, que talvez seja o problema que nos incomoda mais: não termos segurança, que é a face mais visível. A maior parte desses homicídios está

relacionada à disputa pelo controle do tráfico de drogas dentro de algumas comuni-dades, e, às vezes, à cobrança de dívidas relacionadas ao tráfico. Isso tem um impacto direto no dia a dia da po-pulação, mas, enfim, é uma demonstração de que essa criminalidade aumentou e tem que ser enfrentada na sua raiz. É impossível mudar esse quadro sem desarticu-lar essas quadrilhas.

Direito & Justiça – Quais têm sido, então, as ações do Ministério Público Federal no trabalho de combate ao crime organizado?

Samuel Arruda - O Mi-nistério Público tem tido um papel decisivo, eu diria que não tem atividade mais organizada do que à corrup-ção, e o MPF tem tido um foco no combate a corrup-ção, sobretudo, de 2014 para 2015 ficou bem visível com a Operação Lava Jato, e, em outras vertentes, do crime organizado: o tráf ico de drogas e a lavagem de ativos ou o próprio descaminho. Nós temos atuado de for-ma incessante junto com a Polícia Federal no combate a isso. Acho que os resul-tados estão sendo bastante emblemáticos, no campo de combate à corrupção e no ponto de vista nacional.

Direito & Justiça – O MPF vem realizando cam-panha, em todo o Brasil, pedindo apoio da socie-dade pela assinatura de projeto de lei de iniciativa popular que propõe dez medidas contra a corrup-ção. Como está sendo a adesão, sobretudo no Cea-rá? Está tendo o resultado esperado?

Samuel Arruda - Estamos tendo uma boa campanha, o resultado está surpreen-dendo, e para além da mera adesão com a assinatura, é preciso que a sociedade entenda que são medidas ne-cessárias e compreenda para que, de certa maneira, pres-sione o Congresso Nacional a aprová-las. São medidas necessárias não somente ao combate à corrupção como ao crime organizado, que v isam dar ef iciência aos processos penais, evitar a prescrição dos processos, a morosidade da Justiça, a procrastinação da aplicação das penas. São imprescindí-veis e sem as quais a gente não vai conseguir efetiva-mente vencer esse grande mal que é o crime organiza-do e corrupção.

Direito & Justiça – A campanha continua?

Samuel Arruda - Con-tinua, já ganhou aderên-cia de igrejas católicas e evangélicas, tivemos uma adesão enorme em todos os ângulos.

Direito & Justiça – Sa-muel, é importante a socie-dade sentir a independên-cia do Ministério Público e ter segurança no órgão?

Samuel Arruda - Sim. Acho que a sociedade, de uma maneira geral, já está bem esclarecida qua nto a isso. O MPF tem muni-do, nos últimos anos, uma postura de muita indepen-dência em relação aos de-mais poderes, e a sociedade percebe que as ingerências

são inaceitáveis, e não tem surtido efeito qualquer tipo de ingerência na atividade do Ministério Público. Essa já é uma percepção bastante disseminada na sociedade.

Direito & Justiça – Para vocês, que trabalham na linha de frente contra essas organizações criminosas, como é conv iver com a insegurança e pressão por parte dos envolvidos nas quadrilhas?

Samuel Arruda - É um ônus de nossa atuação. A gente trabalha no combate ao crime organizado há mais de 20 anos e é inerente à função, mas o importante é que esses grupos tenham a ideia que nós estamos agindo de for-ma institucional. Não é uma percepção pessoal, de um procurador, um promotor, mas é toda uma instituição. A atuação do procurador que aparece na mídia é, na verda-de, apoiada pela instituição que tem por trás dele, não adianta remover aquele pro-curador de alguma maneira que vai vir outro e a institui-ção vai continuar fazendo aquele trabalho, porque as instituições são bem mais fortes que as pessoas. Quan-do a decepção se torna , é o que mais reforça a segurança das pessoas.

Direito & Justiça – Qual a importância de discu-tir, com sociedade civil e população, essas ações e o papel, não só do Ministé-rio Público, mas de outros órgãos engajados contra o crime organizado?

Samuel Arruda - Isso é importante porque é um marco. A gente tem que pa-rar para pensar e raciocinar e visualizar quais medidas podemos adotar para refi-nar o combate à corrupção e o crime organizado, que são formas de criminali-dade que não podem ser combat idos de ma nei ra desorganizada. Se o crime é organizado, nós [MPF] ta mbém temos que ser. Então, temos que ref letir e pensar quais as medidas legislativas e estruturais que precisamos para adotar as eficácias primárias.

FOTO BETH DREHER

Samuel Arruda – “O MPF tem uma postura de muita independência em relação aos demais poderes, e a sociedade percebe que as ingerências são inaceitáveis”

Tráfico de drogas cresceu muito no Estado, com conexões internacionais. Quadrilhas no Ceará são muito avançadas no ponto de vista tecnológico, caso da clonagem de cartões

A atuação do procurador que aparece na mídia é, na verdade, apoiada pela instituição que tem por trás dele, não adianta remover aquele procurador de alguma maneira que vai vir outro e a instituição vai continuar fazendo aquele trabalho

Essas quadrilhas, quando se organizam e adquirem poder de fogo, se tornam mais difícil de serem desarticuladas. Não diria pelo fato do Ceará estar na rota do tráfico, mas que são quadrilhas com mais potencial

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Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 O ESTADO 4

Augusto Teixeira de Frei-tas nasceu em 1816, na Vila da Cachoeira (BA), quando o Brasil ainda era colônia portuguesa. Com apenas 16 anos, ingressou na Aca-demia de Ciências Sociais e Jurídicas de Olinda e con-cluiu os estudos de Direito em 1937.

Foi no Rio de Janeiro que sua carreira como advogado deu início, e de forma rápi-da por ter sido um grande visionário do meio jurídico. Ele e demais juristas da época fundaram a primeira associação de advogados do Brasil, o Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, o qual fora presidente em 1857.

No ano de 1844, Teixeira de Freitas havia sido convi-dado pelo imperador Dom Pedro I a editar os pareceres jurídicos mais relevantes

do Império e, no ano seguinte, sendo nome-ado a ad-vogado do Conselho de Estado. Após f ir-mar ami-zade com o e n t ã o ministro da Justiça, José T h o m a z N a-buco de Araújo, ele foi um grande co-laborador na elaboração da Consolidação das Leis Civis que contava com um acervo de 1333 artigos, em que era estimado um tempo de cinco anos para ser compilado e, com sua contribuição, foi con-cluído em apenas dois anos.

Com o sucesso da apre-sentação do documento das

Augusto Teixeira de Freitas (1816-1883)JURISTA

leis civis, Teixeira de Freitas foi também

convidado a ela-borar um pro-

jeto para co-dificar as leis brasileiras, o Código Civil. No enta nto, apesar de es-

forço e dedica-ção ao longo de

anos para acer-tar o projeto, com

mais de 3700 artigos publicados, o mesmo foi se-pultado sob alegação de que geraria despesas aos cofres públicos, visto a demora em ser concluído. Abalado com o fim da edição do Código Civil para o Brasil, Freitas viu seu projeto ter influência para vários juristas da Amé-rica do Sul para elaboração do Código da Argentina,

Uruguai e Paraguai.Em sua carreira também

exerceu a função de juiz da Bahia, em 1838 e, além do esboço do Código Civil brasileiro e da Consolidação das Leis Civis, Teixeira de Freitas deixou as seguintes referências bibliográficas: Mistério Córtice Eucarísti-co; prontuário de Leis Civis; Aditamento ao Código de Comércio; Formulário dos Contratos e Testamentos; Regras de Direito Civ i l e Vocabu lá r io Jur íd ico; Primeiras Linhas sobre o Processo Civil e Doutrina das Ações.

Em 1883, o jurista faleceu na cidade de Niterói, sem a glória merecida por seus trabalhos de gênio.

Fonte: Blog História do Direito Civil

GRANDES NOMES DO DIREITO

A presidenta Dilma Rousse-ff sancionou uma nova lei que estabelece a oferta e a realiza-ção de cirurgia plástica repa-radora de sequelas de lesões causadas por atos de violência contra a mulher pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As regras estão presentes na Lei 13.239, publicada no Diário Oficial da União, no dia 31 de dezembro. A partir de agora, são obrigatórias, nos serviços do SUS, próprios, contratados e conveniados, a oferta e a realização de cirurgia plástica reparadora de sequelas de

lesões causadas por atos de violência contra a mulher. Os hospitais e os centros de saúde pública, ao receberem vítimas de violência, deverão informar às mulheres sobre a possibi-lidade de acesso gratuito à cirurgia plástica para repara-ção das lesões ou sequelas de agressão comprovada. A mu-lher vítima de violência grave que necessitar de cirurgia deverá procurar uma unidade que realize esse procedimento, portando o registro oficial de ocorrência da agressão.

Fonte: Portal Brasil

A Comissão de Trabalho, de Administração e Servi-ço Público da Câmara dos Deputados aprovou proposta que proíbe o uso de informa-ções de cadastros de proteção ao crédito para impedir a inscrição ou a manutenção de beneficiários em programas sociais dos governos muni-cipais, estaduais ou federal. Foi aprovado o Projeto de Lei2341/15, do deputado Augusto Carvalho (SD-DF). Pelo texto, o beneficiário ou potencial beneficiário de pro-

grama social governamental terá prazo de seis meses para regularizar eventual situação de inadimplência, constante de serviço de proteção ao crédito, antes que o benefício seja cancelado. Relator na comissão, o deputado Augusto Coutinho (SD-PE) defendeu o projeto afirmando que os programas sociais mantidos pelo poder público existem para prestar assistência aos cidadãos em situação de maior vulnerabilidade econômica.

Fonte: Agência Câmara

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou o Proje-to de Lei 4637/12, que torna obrigatório o atendimento da convocação para recall de veículos. Pela proposta, do deputado Guilherme Mussi (PP-SP), o consumidor que não atender ao chamado para corrigir defeitos de fabricação no prazo de um ano, a contar da data da comunicação, não poderá licenciar o veículo. De acordo com o texto, as montadoras e importadoras de veículos que, posterior-mente à introdução do veículo no mercado consumidor, tiverem conhecimento de periculosidade ou nocividade,

deverão dentro de 48 horas comunicar o fato, por meio eletrônico, ao Departamento Nacional de Trânsito (Dena-tran), para registro do recall. O projeto estabelece ainda que o fornecedor entregue ao consumidor documentos que comprovem o atendimento ao recall, contendo, pelo menos, o número da campanha, a descrição do reparo ou troca, o dia, a hora, o local e a du-ração do atendimento. O não cumprimento das medidas su-jeitará o fornecedor às sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor (8.078/90) e no decreto que o regulamenta (Decreto 2.181/97).

Fonte: Agência Câmara

A adoção de medidas de sustentabilidade pelo Governo é o objetivo da proposta de emenda à Constituição (PEC 153/2015) em tramitação no Senado. O texto, assinado pelo senador Raimundo Lira (PMDB-PB) e mais 31 sena-dores, prevê como respon-sabilidade do poder público a promoção de práticas e a adoção de critérios de susten-tabilidade em seus planos, programas, projetos e proces-sos de trabalho e na aquisição

de bens e contratação de serviços e obras. O texto altera o artigo 225 da Constituição Federal, que trata do direito a um meio ambiente ecologica-mente equilibrado para todos. Para Raimundo Lira, o Estado desempenha papel de destaque na economia enquanto grande consumidor de recursos natu-rais, bens e serviços, mas nem sempre dá um bom exemplo de preocupação com o impacto ambiental de suas atividades.

Fonte: Agência Senado

O juiz Adriano Mesquita Dantas, da 8ª Vara do Traba-lho de João Pessoa, julgou in-constitucional a Lei 12.990/14 — que reserva 20% de vagas nos concursos públicos para negros — e determinou que um candidato ao cargo de es-criturário do Banco do Brasil assuma a vaga que havia sido preenchida por meio de cota. Para o juiz, a reserva de vagas

para negros nos concursos públicos é inconstitucional, pois viola os princípios cons-titucionais da impessoalidade, da moralidade, da eficiência e da qualidade do serviço públi-co (artigos 3º, IV, 5º, caput, e 37, caput e II da Constituição Federal). Na ação, um candi-dato alega que foi prejudicado pela lei de cotas.

Fonte: Conjur

Lei garante cirurgia reparadora à mulher vítima de violência

Acesso a benefícios sociais para quem constaem serviços de proteção ao crédito

Comissão obriga consumidor a atender recall de veículos

PEC prevê adoção de critérios desustentabilidade na administração pública

Juiz considera inconstitucional cota para negros em concurso público

U m recente entendi-mento da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pode

causar polêmica na seara tributária. Em recurso en-volvendo o Banco IBM, que buscava anular multa mora-tória, o STJ entendeu que o depósito judicial referente a um suposto débito tributá-rio, que é realizado antes de qualquer procedimento de cobrança, não garante o di-reito ao benefício da denúncia espontânea ao contribuinte. Segundo relator do caso, mi-nistro Campbell Marques, o contribuinte tem o direito quando a atitude promovida antes da denúncia não resul-tar em custos de cobranças administrativa ou judicial.

A denúncia espontânea é um instituto do direito tri-butário estabelecido no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Caracteriza--se como sendo uma forma de privilégio legal aos con-tribuintes que cometeram ilícitos tributários, mas que, antes que sejam sancionados pela administração tribu-tária, confessam a infração

para livrar-se das altas multas tributárias.

O especialista em direito tributário, Felipe Grando, rei-tera que, havendo a denúncia espontânea, o mesmo art. 138 do Código Tributário Nacio-nal prevê a isenção de multa. No entanto, ele afirma que após a decisão do STJ, mesmo se o depósito judicial for feito dentro do prazo, o Fisco pode cobrar multa. Em sua avalia-ção, esta é a grande polêmica. “A decisão deixa muito a margem para interpretar que o depósito judicial não seria uma forma de pagamento de tributo e é, literalmente, ao contrário do que prescreve a lei que trata de depósito judi-cial (9703/98), que estabelece que o depósito judicial é uma forma de pagamento. Com base nisso, se estou judicial-mente pagando, ainda que o valor fique reservado para ser destinado ao vitorioso na causa, não poderia ser carac-terizado como mora a ponto de permitir a aplicação de multa”, esclarece.

De acordo com Felipe, o artigo 138 também prevê que não é considerada espontâ-

nea, a denúncia apresentada após início de qualquer pro-cedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionada com a infração. O entendimento do STJ de-monstra que a jurisprudência já está pacificada no sentido de considerar que apenas o pagamento integral do débito tributário garante ao contri-buinte o direito ao benefício da denúncia espontânea.

“Com essas circunstâncias, se abre uma possibilidade, e acho que essa matéria ainda vai ser melhor decidida no Supremo Tribunal Federal (STF), daquele contribuin-te, que discutindo em juízo determinado tributo rigo-rosamente até data de ven-cimento daquela obrigação, vai e deposita judicialmente o valor. Abre-se a possibilidade do Fisco cobrar aquele valor dele e, mais especialmente, porque, como o valor está depositado, o valor principal em que não vai haver cobran-ça, a cobrança que viria com multa, uma caracterização como o depósito judicial não representasse pagamento, e por base nisso, a cobrança

tivesse acontecendo, multa de mora por ausência de pa-gamento”, frisa o advogado.

DivergênciaAinda conforme o especia-

lista, antes de a matéria ter sido vencida pela maioria dos votos, foi motivo de diver-gência. Enquanto uma turma entendia o depósito judicial para f ins de aplicação de multa, quando o contribuinte entrava em juízo para discutir se devia ou não devia deter-minado tributo e passasse a fazer o depósito judicial dele, o depósito preenchia os re-quisitos de denúncia espontâ-nea, afastando a multa, outra turma começou a entender que não havia caracterização de denúncia espontânea, abrindo a possibilidade de o Fisco entender que não estava havendo pagamento e, com base nisso, poderia cobrar o tributo com a aplicação de multa. Portanto, após julga-mento do Recurso Especial (11311090), a maioria enten-deu que o depósito judicial, ainda que suspenda a exigi-bilidade da cobrança, não é denúncia espontânea.

STJ decide que depósito judicial não garante benefício de isenção de multa

DÉBITO TRIBUTÁRIO

Felipe Grando explica que a maioria dos ministros entendeu que o depósito judicial, ainda que suspenda a exigibilidade da cobrança, não é denúncia espontânea

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Page 5: Direito & Justiça 28/01/2016

Élei e já está valendo. Quem cometer crime de estelionato contra pessoas idosas terá

prisão de até dez anos. A mudança foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no último 29 de dezembro.

Os idosos representam, atu-almente, 12,5% da população e eles são o principal alvo da maioria dos aplicadores de golpes financeiros. A estima-tiva da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que até 2060, o número de idosos au-mente em 30%. O objetivo da Lei 13.228/2015 é inibir a ação de estelionatários.

De acordo com o Artigo 171 do Código Penal, o estelionato é quando alguém causa prejuízo alheio, induzindo o outro ao erro por meio de fraude para obter vantagem ilícita para si ou a outra pessoa. A pena apli-cada quando esse tipo de ação ocorre, é de um a cinco anos. A partir de agora, se a vítima tiver 60 anos ou mais, a punição é duplicada podendo chegar até dez anos de reclusão.

O casal de aposentados M.A.B., 72, e F.X.L, 84, apesar de nunca terem caído em um golpe, comemoraram a lei. “Nunca fui vítima de fraude, mas acho importante que essas pessoas peguem mais tempo de prisão. A gente não pode mais confiar em ninguém de fora hoje em dia, principalmente quando se trata em dinhei-ro”, disse M.A.. Seu esposo também defende a prisão. Ele acredita que os idosos são muito vulneráveis nas mãos de estranhos. “Muitas pessoas já desrespeitam nossos direi-tos básicos como em filas de preferências, e para querer nos enganar, tem muitos por aí,

mas tomo cuidado”, afirmou.

EvoluçãoO advogado especialista em

direito penal, Waldir Xavier, considera a lei uma evolução, tanto doutrinária como ju-risprudencial ao idoso, que é uma pessoa hipossuficiente às relações civis. “A lei dobrou o tempo da sanção com o objetivo de tentar inibir esses tipos de prática ilícita contra pessoas consideradas idosas de acordo com a lei. Tem efei-to pedagógico e sancionista a quem cometer essas práticas e é uma forma de contribuir em minimizar esse tipo de crime, principalmente, ligados aos benefícios da Previdência So-cial que os idosos recebem e, muitas vezes, são lubridiados”, afirma o advogado.

Golpes comunsOs golpes são variados. Uns

são mais antigos, mas não deixam de fazer vítima. Entre eles, o do bilhete premiado, cujo estelionatário, normal-mente de boa aparência, pede ajuda ao idoso se passando por analfabeto e relatando não poder retirar o prêmio

por não estar com os docu-mentos. Na ocasião, o golpista pede garantia em dinheiro e promete recompensa, mas acaba fugindo.

Outro que merece atenção acontece nos caixas eletrô-nicos. Muitos criminosos aproveitam da ingenuidade do idoso no momento de fazer uma transação bancária, por exemplo, e podem fraudar o cartão ou até mesmo desviar o dinheiro em seu benefício. Empréstimos consignados, para aposentados e pensionis-tas também podem provocar armadilhas. É preciso ficar atento a situações em que a financeira só permita retirar dinheiro se fizer algum seguro ou quando ligam em nome da Previdência Social.

Uma nova modalidade é o suposto sequestro. Golpistas ligam para a pessoa dizendo estar com algum parente como refém sob ameaça de morte caso a vítima do ou-tro lado da linha não pague o resgate. É muito comum pessoas da terceira idade ficarem nervosas e acaba-rem realizando a transação, sendo o sequestro uma farsa.

No entanto, muitos idosos têm vergonha de comunicar à família que caiu em golpe e acabam sem denunciar à delegacia. Mas o aconselhável é dirigir-se a uma delegacia. Mesmo se sentir apenas amea-çado, até mesmo por parentes.

Outra conquista recen-te pela terceira idade foi uma Lei Federal que começou a vigorar no dia 4 de janeiro. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defi-ciência altera o artigo 181 do Código de Trân-sito Brasileiro (CTB) e aumenta a penalidade, de natureza leve para grave, a quem des-respeitar as vagas de idosos e deficientes.Em Fortaleza, a Au-tarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) já se adequou à nova norma e irá apli-car punição de cinco pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 127, 69 ao veículo flagrado sem a cre-dencial. Para se credenciarem, os idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência comprova-da devem dirigir-se à sede do órgão com os seguintes documen-tos: atestado médico, cópia do RG e CPF, e cópia do comprovante de residência. O cre-denciamento é emiti-do na hora e utilizado de imediato.

O ano de 2016 iniciou com duas importantes conquistas para a clas-se da advocacia. No

dia 12 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff sancionou duas leis que prometem facilitar o trabalho do advogado. Uma (13.247/2016) permite a criação de sociedades unipessoais, e a outra (13.245/2016) obriga a presença dos advogados em inquérito policial com amplo acesso. Ambas já estão em vigor.

No Ceará, as medidas foram recebidas com satisfação pelo novo presidente da OAB Ceará, Marcelo Mota, o qual afirmou que a sanção das leis marcou um dia histórico para a valo-rização da advocacia. “Foram sancionados dois projetos de lei que facilitam o exercício profis-sional do advogado. A criação da sociedade individual do advo-gado que, junto com o Simples Nacional consagrará conquistas tributárias aos advogados de me-nor renda e as prerrogativas do advogado no inquérito ou qual-quer investigação, com o direito de vista dos autos e apresentar questões e razões em defesa do investigado”, destacou.

EntendaPara ampliar os poderes da

classe na investigação e conce-der o acesso do advogado aos inquéritos, a lei alterou o Esta-

tuto da Ordem dos Advogados do Brasil, permitindo, agora, que possam examinar autos em f lagrantes ou apurações de toda natureza em qualquer instituição de investigações, mesmo sem procuração, fin-dos ou em andamento. Antes, o acesso só era permitido em delegacias de polícia. A lei ga-rante também a cópia de peças e apontamentos, em meio físico ou digital. Além disso, os pro-fissionais poderão apresentar o contraditório e fazer pedidos de realização de diligências du-rante apuração de infrações. O projeto de lei teve como único

veto a previsão de advogados requisitar as diligências.

O presidente da OAB Ceará, evidenciou que a alteração no estatuto representa um avan-ço legislativo que surge para proteger o trabalho do advo-gado. “É uma lei importante, que acrescenta ao Estatuto da Advocacia mais garantias aos advogados, cuja participação é obrigatória no inquérito sob pena de nulidade. Agora o ad-vogado pode proteger de forma mais intensa os direitos de quem o constitui”, disse Mota.

A lei que prevê a possibilidade de sociedade unilateral também

altera o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. Ante-riormente, uma sociedade só poderia ser constituída com pelo menos dois advogados. Com a lei em vigor, a sociedade deve ser inscrita, obrigatoriamente, pelo nome do titular, completo ou parcial, acompanhado da expressão “Sociedade Individual da Advocacia”.

A sociedade formada por um único membro passa a ter os mesmos benefícios e tratamento jurídico dos demais escritórios. No entanto, a lei determina: “Nenhum advogado pode inte-grar mais de uma sociedade de advogados constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simul-taneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo con-selho seccional”.

Não serão admitidos o re-gistro nem funcionamento de espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fan-tasia, que realizem atividades estranhas à advocacia e que incluam como sócio ou titular uma pessoa que não é inscrita como advogado ou que esteja proibida de advogar.

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 5

Crime de estelionato contra idosos passa a ter pena dobrada

Advogados passam a ter amplo acesso a inquérito policial

LEI APROVADA

CONQUISTAS

Waldir Xavier – Esclarece que o objetivo do endurecimento da pena é tentar inibir a prática criminosa e proteger os idosos

Marcelo Mota comemora a sanção das leis que prometem facilitar o trabalho dos advogados

FOTO BANCO DE DADOS

FOTO BETH DREHER

CAACE - Rua D. Sebastião Leme, 1033 Bairro de Fátima (85) 3272.3412 www.caace.org.br. Notícias para coluna [email protected]

Posse da nova diretoria da CAACE

Construção da sede

Lançamento do Portal da Transparência

Na noite do dia 20 de janeiro, no Centro de Even-tos, foi realizada a solenida-de de posse da nova direto-ria da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (CAACE), Ordem dos advo-gados do Brasil (OAB-CE), conselheiros estaduais e di-rigentes da Escola Superior de Advocacia (ESA).

Composta pelo presiden-te, Erinaldo Dantas; vice--presidente, Waldir Xavier; secretário-geral, Dejarino Santos; secretário- geral adjunto, Mário Albuquer-que; e tesoureiro, Fernando Martins; a Nova CAACE também possui uma direto-ria suplente e um conselho fiscal. Juntos, realizarão grandes inovações para o triênio 2016-2018, como por exemplo, criar um aplica-

tivo de celular que facilite ainda mais o dia a dia dos advogados na hora de agendar consultas e conhe-cer os convênios em todo o estado. “Uma diretoria de compromissos claros: Beneficiar constantemente a advocacia. Por isso, uma Nova CAACE está surgin-do. E vamos avançar ainda mais!”, destacou Erinaldo.

Também estiveram presentes à cerimônia, o governador do Estado, Camilo Santana; o prefei-to de Fortaleza, Roberto Cláudio; o futuro presidente da OAB Nacional, Cláudio Lamachia, além de presi-dentes de outras Seccionais, conselheiros, advogados, membros do Poder Judici-ário, Ministério Público e Defensoria Pública.

Para ampliar os benefícios disponibilizados à classe advocatícia, a Caixa de Assistência iniciará a cons-trução de sua nova sede, localizada ao lado do prédio da OAB-CE, na Avenida Washington Soares, nº 800.

O novo prédio possibi-litará melhores condições para atender os advogados e seus familiares, como a ampliação de consultórios

de odontologia, fisioterapia, pilates, RPG e nutrição; instalação e revitalização de computadores para auxílio no labor do profissional, e, não por menos, integrar a três entidades em um único espaço.

O prédio está previsto para concluir no final deste ano. Para mais informa-ções, acesse o nosso site www.caace.org.br

Com o intuito de man-ter um canal direto com os advogados e advogadas cearenses, a Nova CAACE está lançando o Portal da Transparência, onde será possível acompanhar todas as prestações de contas du-rante a gestão 2016-2018.

De uma forma rápida e dinâmica, poderão ser consultados os relatórios de receitas e despesas, bem como aplicação dos recur-sos financeiros realizados pela Caixa de Assistência. A iniciativa demonstra o compromisso da Nova diretoria em realizar uma gestão responsável e trans-

parente.Tendo em vista o curto

período de trabalho da nova diretoria, o Portal funcionará em caráter experimental até que todos os documentos estejam completamente à disposi-ção da advocacia.

Segundo o tesoureiro da Nova CAACE, Fernando Martins, essa ferramenta permitirá que a classe fique realmente ciente de todas as ações realizadas. “Esta-mos trabalhando continua-mente para promover gran-des mudanças e o Portal será apenas o primeiro passo”, finalizou.

Page 6: Direito & Justiça 28/01/2016

Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 O ESTADO 6

Novo procurador geral de Justiç a promotor Plá cido Rios com a vice--governadora Izolda Cela e ex-procurador geral Ricardo Machado

José Maria Rios e Ione

Geovane Ratacaso e Sé rgio Jucá

José Leite e Teodoro Silva Santos Juvê ncio Filho, Sheila Pitombeira e Juvê ncio Vasconcelos Viana

Norma Angé lica Cavalcanti, Plá cido Rios e Lauro Nogueira Machado

Mesa de autoridades

Idelá ria Linhares, presidente do Colé gio de procuradores do MP-CE, preside a solenidade

Manoel Linhares, José Maria Rios e Luís Eduardo Santos

Suzane Pompeu, Leo Bossard, Luisa de Marilac e Nailde Pinheiro

Valdetá rio Monteiro, Hé lio Parente, Hé lio Leitã o, Marcelo Mota e Zezi-nho Albuquerque

Plá cido e Ademirtes Rios

Samuel Arruda e Plá cido Rios

Lucas Felipe Azevedo e Janina SchuenckPlá cido Rios assina o termo de posse

Soraya Victor

FOTOS IRATUÃ FREITAS

Posse no Ministério PúblicoO promotor de Justiça Plácido Barroso Rio foi empossado, durante prestigiada solenidade, como procurador

geral de Justiça do Ministério Público do Ceará. O evento aconteceu na sede da PGJ-CE.

Reserva do Possível e a Força Dirigente dos Direitos Fundamentais Sociais

A escolha do tema desta obra deveu-se a uma grande preocupação com o tratamento dispensado às questões relacionadas à efetivação dos direitos fundamentais sociais no Brasil. Decerto, identi� ca-se uma

inquietação quanto à reserva do possível, que tem servido de fundamento para se justi� car o descumprimento das normas jusfundamentais, de sorte que sua aplicação sem uma análise mais aprofundada gera um sentimento de argumento retórico e irremediável.

AUTOR: JOSÉ MARCELO BARRETO PIMENTAEDITORA: JURUÁNÚMERO DE PÁGINAS: 272PREÇO: R$ 79,90

Reclamação ao Supremo Tribunal Federal - Proteção de Interesses Coletivos

A presente obra analisa o instituto da Reclamação Constitucional, prevista no art. 102, inciso I, alínea “l”, da Constituição da República de 1988,

para veri� car a possibilidade de sua veiculação como ação coletiva a ser interposta pelos colegitimados coletivos, elencados no art. 82 do Código de Defesa do Consumidor e no art. 5° da Lei 7.347/85, na defesa de interesses difusos, coletivos strito sensu e individuais homogêneos, tendo como fundamento legal o art. 83 do Código do Consumidor e fundamento doutrinário o princípio da máxima efetividade da tutela dos direitos transindividuais.

AUTOR: ARTHUR MENDES LOBOPREÇO: R$ 77,70NÚMERO DE PÁGINAS: 260

DIV

ULG

ÃO

DIREITO E LITERATURA

Page 7: Direito & Justiça 28/01/2016

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 7

Textos e fotos nas redes sociais são usadas como prova na Justiça

Dúvidas podem conduzir empresariado à condenação na Justiça do Trabalho

AUXÍLIO EM PROCESSOS

VÍNCULO DE EMPREGO

O principal objetivo de uma rede social é ser ferramenta de comu-nicação e aproxima-

ção entre as pessoas. Agora, mais que isso, as plataformas digitais estão sendo aliadas da Justiça para investigações durante julgamento de pro-cessos. Portanto, textos e fo-tos publicados no Facebook, Instagram, Twitter, WhatsA-pp podem ser utilizados como provas perante a Justiça.

Essa predisposição já vem acontecendo há algum tempo no judiciário brasileiro e ga-nha mais vigor à medida que novos usuários utilizam as redes para compartilhar mo-mentos de suas vidas. Muitas pessoas que têm dívidas, de trabalho ou de família, em maioria, alegam não poder pagar por falta de dinheiro, mas, nas redes sociais, as postagens são de viagens ou festas. O que muitos não sabem é que a ostentação na rede pode ser a prova que a Justiça precisa para que o obrigue a cumprir suas res-ponsabilidades.

Ano passado, ocorreram dois processos em que as pos-tagens na rede social foram o auxílio de juízes. No primeiro, o empregado de uma empresa, em Vitória, reclamou em sua página no Facebook que já estava de “saco cheio” do tra-balho e que deveria ter ganho um tíquete que não ganhou. A publicação contribuiu para que fosse demitido por justa causa. No outro caso, o réu de um processo em Espírito Santo que

morava em São Paulo alegou baixa capacidade financeira e um infarto que o impossi-bilitavam de comparecer ao processo, mas as postagens mostravam o contrário. Ele es-tava em viagem internacional e realizando vários passeios, o que o levou à prisão preventiva decretada pelo juiz.

O especialista em direito eletrônico e presidente do Instituto de Direito da Tec-nologia da Informação (IDT), André Peixoto, lembra que no início dos meios eletrônicos, documentos que não fossem físicos nem palpáveis não tinham validade. Somente após tomarem conhecimento e proporção da evolução das mídias digitais, os operado-res de direito começaram a aceitar a autenticidade das provas recolhidas nos meios eletrônicos, o que ganhou força depois de o Novo Có-digo Civil entrar em vigor em 2003 tendo essa possibi-lidade prevista. “O que hoje é considerado como prova é qualquer meio idôneo que demonstre uma determina-da manifestação de um fato. Se é verificável que aquele documento representa um fato, é válido. Os juízes nos últimos anos tem realmente recepcionado de uma forma muito profícua esses docu-mentos eletrônicos”, afirma o advogado.

EficáciaHoje, as publicações nas re-

des sociais chegam a ser mais eficientes que a fala de uma

testemunha, é o que avalia André Peixoto. Segundo ele, uma pessoa pode mentir; já na postagem, a prova é clara.

Apesar de analisar como positiva a possibilidade de o judiciário encontrar soluções para os litígios nas platafor-

mas digitais, o especialista adverte que é necessário cau-tela para analisar os docu-mentos. “É preciso conhecer o universo da informática para que tenha a devida cautela e não julgue a ação de forma inadequada”, ressalta. Além disso, os operadores de Direito devem permitir à pessoa com-provar que a publicação não foi feita por ela, caso tenha tido a conta invadida por terceiros; se objetos de luxo utilizados em fotos são emprestados; se as fotos são antigas e divulgadas naquele momento com objeti-vo de prejudicá-la.

Conforme explica André, não basta apenas o print de uma postagem (captura da tela em forma de imagem) para que a denúncia tenha validade. O auxílio dos peri-tos de informática pode ser essencial durante a investi-gação. As publicações devem ser comprovadas que foram feitas pelo dono do perfil e que nenhum hacker invadiu a conta para manipular e/ou alterar a mensagem. “Tudo o que se faz na internet fica um rastro, mesmo que se apague o HD. Então, o que pode fazer é uma perícia de informática, para isso, pode contar com os provedores de internet – Fa-cebook, Twitter, Google, que podem ajudar fornecendo as informações. Com o Marco Civil, eles têm a obrigação de manter, por um prazo de-terminado, as informações”, afirma o advogado.

Outra possibilidade, se não der para aguardar pelo tempo

das respostas dos provedores nem depender da perícia de informática, é fazer o registro por ata notarial em cartório de títulos e documentos. “Se uma pessoa viu determina-do e-mail ameaçador, pode dirigir-se a um cartório e fazer o registro da ata, que funciona assim: um oficial de cartório que tem fé pública vai abrir no computador do cartório o e-mail da pessoa e imprimir, dizendo que no dia tal foi certificado a imagem que im-primiu”, explicou o advogado.

Falta no empregoColocar atestado médico

no emprego e, nas redes so-ciais, fotos que não demons-tram doença ou incapacidade para faltar no trabalho pode gerar demissão por justa causa, é o que também afirma André Peixoto. “Existe uma quebra de confiança com o patrão por estar mentindo em relação a condição de saúde dele, inclusive, até falsidade ideológica, se apresentar um documento a legando certa doença e aquilo não representa a verdade”, atenta o especialista que conclui: “Facebook, W hatasApp, blog, Twitter, todas essas ferramentas const ituem, sim, como meio de prova. As pessoas têm que come-çar a redimensionar seus comportamentos dentro das redes sociais, que existe uma certa ideia de impunidade por estar compartilhando, mas tem que ter muito cuida-do com as postagens”.

Saber o que define o vínculo de emprego no momento da con-tratação de serviços

por empreendedores é fun-damental para evitar futuras ações na Justiça do Trabalho. O empregado, assim como o funcionário, precisa ter aten-ção à legislação trabalhista e respeitá-la.

Existem, na relação de trabalho, a lgumas moda-lidades de contratação que não representa o vínculo empregatício entre a empre-sa tomadora do serviço e os prestadores de serviço, que são, por exemplo, o trabalho eventual, o estágio, o traba-lho autônomo ou o tempo-rário. Para que o vínculo de emprego seja caracterizado, a Consol idação das Leis Trabalhistas (CLT) define quatro requisitos mínimos que o caracterize.

O advogado Jerônimo Go-mes, especialista em direito do trabalho, explica quais são os critérios. O primeiro, é a pessoalidade. Ou seja, apenas uma pessoa, de forma direta, pode prestar o serviço. Se a função é exercida pela substituição de outras pesso-as, mesmo que indiretamente, não constitui o requisito. O segundo ponto é a subordina-ção. O contratado deve obe-decer à ideia de hierarquia recebendo ordens do patrão para realizar o serviço, não podendo ser autônomo.

O terceiro requisito trata--se da onerosidade. Tem que

haver o pagamento financei-ro pelo serviço prestado. Se for voluntário, não é um em-prego. O quarto item citado pelo advogado é a continui-dade do trabalho. O trabalho tem que ser habitual; a partir de dois dias por semana, já caracteriza a continuidade, como garçom, por exemplo.

Sendo assim, obedecendo aos quatro critérios, o traba-lhador tem direito à carteira assinada, 13º salário, férias, hora extra, adicional notur-no e FGTS. “Se um desses vínculos empregatícios fal-tar, já não tem relação de emprego”, ressalta.

Os artigos 2º e 3º da CLT, definem: Art. 2º - Considera--se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da ati-vidade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao emprega-dor, para os efeitos exclusi-vos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admi-tirem trabalhadores como empregados. § 2º - Sempre que uma ou mais empresas,

tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídi-ca própria, estiverem sob a direção, controle ou admi-nistração de outra, cons-tituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, soli-dariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Art. 3º - Considera-se empre-gado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

DúvidasConforme afirmou Jerôni-

mo, uma pessoa que trabalha aos finais de semana ou duas vezes na semana, como o caso de alguns garçons, constitui--se o vínculo empregatício, logo, os direitos trabalhistas são os mesmos dos demais que trabalham com carga horária diferenciada.

Após a regulamentação da lei das empregadas domésti-cas, contratar uma diarista ainda gera dúvidas. O advo-gado explica que neste caso, o serviço não agrega valor monetário à pessoa física ou família, portanto, se houver

onerosidade, subordinação, pessoalidade, e a diarista o fizer a partir de três vezes na semana, é considerada em-pregada. Mas, se só acontece duas vezes, não é considera-da emprega, segundo a Lei. “Foi a lei que determinou isso. Antes da lei, o que acon-tecia é que essa questão era discutida nos tribunais. Os tribunais estavam decidindo que, geralmente, até três dias na semana, uma diarista não poderia ser considerada em-pregada”, explicou Jerônimo.

AcordosEm algumas profissões, a

carga horária é diferenciada e, eventualmente, podem surgir propostas de acordos. No entanto, o advogado aponta que isso pode gerar riscos para as duas partes. Ele informa que nenhum tra-balhador tem a possibilidade de firmar ou propor algum tipo acordo com a empresa, sendo tarefa, exclusivamente, intermediada pelo sindicato da categoria. “Se o sindi-cato fizer algum acordo de trabalho para diminuir o direito dele, pode, mas ele pessoalmente não pode. Por exemplo: o trabalhador que trabalha apenas dois dias na semana não pode aceitar que a empresa não assine sua carteira de trabalho. Mesmo que ele faça algum acordo com o empresário e assine, não tem validade alguma, só se tiver intermédio do sindicato”, ressalta.

André Peixoto – “O que hoje é considerado como prova é qualquer meio idôneo que demonstre uma determinada manifestação de um fato”

Jerônimo Gomes informa que nenhum trabalhador tem a possibilidade de firmar ou propor algum tipo de acordo com a empresa, sendo tarefa, exclusivamente, intermediada pelo sindicato da categoria.

FOTO BETH DREHER

FOTO BETH DREHER

Page 8: Direito & Justiça 28/01/2016

Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016 O ESTADO 8

Governo do Estado do Ceará quer reduzir o tempo para o primeiro julgamento de crime

de homicídio em até seis me-ses com o projeto “Tempo de Justiça”. A proposta integra as ações do programa Pacto por um Ceará Pacífico, que tem como finalidade diminuir os índices de criminalidade. Atualmente, a média de tempo para o primeiro julgamento de uma pessoa que mata outra, no Brasil, é de sete anos e seis meses. Conforme o Código de Processo Penal, art. 412, o prazo deveria ser de três meses.

Segundo reiterou o gover-nador Camilo Santana durante divulgação do balanço do nú-mero de homicídios no Estado referente ao ano de 2015, um dos objetivos é diminuir a sensação de impunidade sen-tida pela sociedade. O gestor criticou a grande demora, hoje, de sete anos e meio, e defendeu que seja estabeleci-do o prazo de até seis meses. “Isso terá uma repercussão muito forte, porque o crimi-noso vai pensar duas vezes antes de matar, e a sociedade, que hoje não acredita mais, muitas vezes deixa de dar um depoimento, de ser testemu-nha ou denunciar por achar que não vai dar em nada. A partir do momento em que a gente mostrar que as pessoas estão sendo punidas, vamos criar um novo ambiente. Essa é uma das preocupações, hoje, que está sendo trabalhada no Pacto por um Ceará Pacífico”, disse Camilo.

Após 17 anos, o Estado fe-chou um ano consecutivo com redução, no entanto, os núme-ros ainda são altos. Em 2015, fo-

ram 4.019 vítimas de homicídios, no Estado. Apesar de ter fechado o ano com redução de 9,5%, os números ainda são altos, com-parados ao de 2014, que registrou 4.439 homicídios em 2014.

ParceriaO projeto propõe parceria

integrada do Governo com o Ministério Público do Estado do Ceará, Poder Judiciário, Polícia Civil e Polícia Militar para que seja possível imple-mentar o prazo de seis meses já a partir deste ano. O novo procurador-geral de Justiça do Estado, Plácido Rios, já havia frisado contribuição do Ministério Público quando afirmou: “Rompendo o ciclo vicioso da impunidade, temos certeza que estes projetos serão um legado pro Brasil. Não só com a redução da cri-minalidade, mas mostrando que só se pode com a união dos esforços”.

Entre as propostas, o Minis-tério Público dispõe investigar, processar e julgar os casos de

homicídios dentro do prazo le-gal; força de trabalho adicional na Polícia Civil, no Ministério Público, na Defensoria Pública e no Poder Judiciário para aten-der as demandas de homicídios a partir desde janeiro de 2016; também propõe respostas rá-pidas, isolamento da cena de crime, acompanhamento ao local do crime pelo delegado e promotor; agilidade das perícias e Polícia Militar acompanhan-do os oficiais de Justiça.

Conforme informações da assessoria de comu-nicação do Ministério Público, os casos de homicídio na capital cearense cresceram em mais de 500% de 1990 a 2015, em contra partida, a estrutura judicial redu-ziu de seis varas do Júri para cinco, e a eficiência na investigação policial do Ceará, é em média de 20%. Ainda de acordo com

os dados: 1. Em 1990, Fortaleza registrou 370 homicídios, pouco mais de 1 homicídio/dia. Em 2014, ocorreram 1.989 assassinatos em Fortale-za: 5,44 por dia.2. Nos últimos 10 anos (2004/2014), ocorre-ram 12.951 homicídios em Fortaleza, dos quais mais de 11.500 fica-ram impunes, porque a Polícia não conseguiu desvendar a identidade dos autores. As pessoas que conhecem os au-tores não têm coragem para delatar e sobretu-do para testemunhar.3. Em março de 2015, havia um estoque de 10.973 casos (4.409 processos e 6.564 in-quéritos) de homicídio aguardando por investi-gação, processo e julga-mento em Fortaleza.4. Durante todo o ano de 2014, as cinco varas do Júri realizaram juntas 231 sessões do júri – aproximadamente 19 julgamentos/mês. Nesse ritmo, caso não acon-tecesse mais nenhum homicídio a partir de hoje, o estoque de qua-se 11.000 casos seria to-talmente julgado em 47 anos e 6 meses, ou seja, em março de 2063.5. Fortaleza tem uma demanda de 150 homi-cídios/mês e apenas cinco juízes atuando no Júri. Recife (50 homi-cídios/mês - oito juízes do Júri, São Paulo Capi-tal (90 homicídios/mês e 51 juízes do Júri).

Crimes de homicídio devem ser julgados em até seis meses no CE

TEMPO DE JUSTIÇA

Governador Camilo Santana explica que objetivo é acabar com sensa-ção de impunidade pela sociedade contra quem pratica o delito

FOTO: BETH DREHER

Pleno do Conselho da OAB Ceará empossa novos diretores

Primeira reunião extraordinária do Conselho Seccional empossa presidentes de comissões

Sancionadas leis que permitem sociedade unipessoal de advogado e amplo acesso a inquérito

Presidente participa de lançamento de comitês contra o caixa dois de campanhas

O Pleno do Conselho Sec-cional da OAB Ceará empos-sou três novos diretores para o triênio 2016-2018: o diretor de relações institucionais, Pedro Bruno Amorim; diretor das Subsecções, José Inácio Linhares e o diretor tesoureiro adjunto, Rodrigo Costa. Os nomes dos advoga-dos foram referendados pelo conselho durante a sessão extraordinária desta quinta-

-feira (14). “É com muita alegria que nós recebemos três novos diretores adjun-tos dando prosseguimento ao processo de valorização da classe. São advogados da nossa estrita confiança, que irão contribuir com o trabalho da diretoria e atuar cada vez mais pensando na classe dos advogados”, disse o presidente da OAB-CE, Marcelo Mota.

A primeira reunião extraor-dinária do Conselho Seccional conduzida pelo presidente da OAB Ceará, Marcelo Mota, empossou novos presidentes de comissões temáticas. Mota destacou a união da diretoria para a continuidade do desen-volvimento de ações visando melhorias para a advocacia cearense, bem como a confian-ça no Conselho Seccional e nas comissões temáticas.

Atualmente, a OAB Ceará possui mais de 60 comis-sões temáticas, que ficam

sob a coordenação da vice--presidente, Roberta Vasques. “Um momento importante para a instituição. As comis-sões temáticas constituem um papel institucional muito importante porque são órgãos de assessoramento direto da diretoria e do conselho. Além disso, são elo de comunica-ção muito forte e direto da advocacia, da sociedade com o Conselho Seccional. Estamos felizes e recebemos com muito orgulho e alegria os novos presidentes”, disse.

A advocacia comemorou a sanção de duas leis por parte da presidenta Dilma Rousse-ff. A Lei nº 13.247/2016, que permite a criação de sociedades unipessoais de advogados, e a Lei nº 13.245/2016, que obriga a presença de advogados no in-quérito policial. As normas, que alteram o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil e já estão em vigor. O presidente da OAB Ceará, advogado Marcelo Mota, comemorou a medida. “A publicação da lei consagra um momento histórico para a valorização da advocacia. A criação da sociedade individu-al do advogado, junto com o

Simples Nacional, consagrará uma enorme conquista tribu-tária aos advogados de menor renda”, ressaltou. Com a sanção, a sociedade unipessoal terá os mesmos benefícios e igual tra-tamento jurídico dos escritórios composto por vários advogados. A lei determina que nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma socieda-de unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advoca-cia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo conselho seccional.

O presidente da OAB Ceará, Marcelo Mota, participou, em Brasília, do lançamento de comitês contra o caixa dois em campanhas eleitorais. A iniciativa é da OAB Nacional, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). A ideia é que a sociedade civil, por meio de entidades represen-tativas como a OAB e a CNBB, ajudem na fiscalização do caixa dois de candidatos, apresen-tando denúncias ao Ministério

Público e à Justiça Eleitoral. A campanha também tem como objetivo a conscientização da população no sentido de não votar em candidatos que utilizem recursos irregulares no pleito. O presidente da OAB--CE, Marcelo Mota, destacou o protagonismo histórico da Ordem à frente das principais demandas da sociedade brasilei-ra. Lembrou que, com a decisão, as eleições municipais desse ano serão ainda mais democráticas e pautadas no maior controle dos gastos efetuados.

O assunto é delicado e pode causar dano irre-versível: erro médico. Embora não necessa-

riamente seja causado ape-nas por um médico, mas por qualquer outro profissional de saúde, a expressão é utilizada para designar falhas cometidas durante a prestação de serviço. Um profissional que comete o erro, por ação ou omissão, pode arcar tanto com a responsabili-dade ético-profissional, como cível e penal.

Segundo explica o advogado e médico do Instituto Dr. José Frota, Mauro Gifoni, todo erro de um profissional de saúde, que repercute em ação de res-ponsabilidade civil, deve-se provar no processo que houve um ilícito ético por trás. “O profissional de saúde, em tese, só vai ser responsabilizado se provocar um dano ao paciente e se esse dano for caracterizado por um ato de negligência, im-perícia ou imprudência. Nessas três modalidades, tem que estar implícito o ilícito ético”, afirma.

Em resumo, o médico só é responsabilizado quando se demonstra a existência do dano; a conduta culposa e/ou dolosa do profissional; e o nexo de causalidade entre a conduta do médico e o dano sofrido pelo paciente. Mauro Gifoni defende que cada caso deve ser analisado separadamente. Conforme jus-tifica, às vezes um paciente con-funde um mau resultado com

erro médico. Ele esclarece que nenhum profissional de saúde pode garantir um resultado satisfatório. “Se isso pudesse ser assegurado, não morria pai de médico, de enfermeiro. En-tão, você não pode assegurar. A ciência médica, por mais evoluída que seja, nunca vai permitir que se assegure um resultado para o paciente”.

Ainda de acordo com Mauro Gifoni, na existência do dano, não é difícil o paciente conseguir provar. Segundo o médico, o prontuário é a prova de que o profissional agiu errado, contu-do, ele ressalta que os profissio-nais precisam se prevenir. “Às vezes fazem tudo certo, mas não registram o prontuário. Lá na frente perde a chance de se defender corretamente porque não ficou registrado que ele to-mou determinada providência.

Os médicos e profissionais de saúde em geral têm que ficar atentos”, afirmou.

ResponsabilidadesUm profissional da saúde

que comete erro médico, por ação ou omissão, pode arcar tanto com a responsabilidade ético-profissional, pelo Con-selho de Medicina, como cível e penal. Dentre as responsabi-lizações estão: a indenização ao paciente ou família; custos com tratamento ou funeral; advertência profissional; cen-sura confidencial ou pública; suspensão do exercício profis-sional até 30 dias; e cassação do exercício profissional.

Para que o erro seja confi-gurado, no entanto, deve haver prova inequívoca de que se houvesse agido de outra forma, a culpa não teria acontecido.

Quanto à cirurgia plástica, o mé-dico compromete-se a alcançar determinado resultado.

Caso RecenteNo último dia 11 de janei-

ro, uma modelo faleceu após submeter-se a um procedimento estético na região da boca em Niterói (RJ). O caso ganhou repercussão nas redes sociais e causou polêmica quando o marido de Raquel Santos con-tou que a vítima era fumante e injetava a substância Potenay, estimulante usado em cavalos, nas pernas antes de ir para aca-demia. Além disso, uma semana antes de morrer, a jovem já havia passado por outro procedimento estético nos glúteos.

As investigações ainda estão em andamento pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que tenta concluir se a causa da morte foi por negligência por parte do médico que realizou a cirurgia ou da própria víti-ma que não teria informado que fazia uso do estimulante utilizado para cavalos. Se a Polícia concluir que a conduta do médico teve casualidade com o óbito, ele sofrerá as consequências criminais e ci-vis do ato. Até então, o médico responsável, Wagner Alberto, alega não ter sido informado das aplicações de Potenay, que segundo afirmou ao Portal R7, é uma bomba, que assim como aumenta a coxa, aumenta o coração, que é um músculo.

Responsabilização precisa estar caracterizada por ato de negligência, imperícia ou imprudência

ERRO MÉDICO

Mauro Gifoni afirma que a melhor forma de o profissional se preve-nir é registrando o prontuário

FOTO BETH DREHER