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Direito Penal Parte IV – Lei Penal

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Direito PenalParte IV – Lei Penal

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1.Lei PenalNo Tempo e no Espaço

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Lei Penal no Tempo e no Espaço

▣ Estudar o tempo do crime e o lugar onde foi praticada a ação criminosa é defundamental importância para que se possa determinar qual lei aplicar aocaso.

▣ Em regra, a lei brasileira determina a aplicação da lei vigente no momento emque o crime é praticado (lei penal em atividade) e, quando ocorrido em solonacional, que se aplique a lei brasileira (territorialidade da lei penal).

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Tempo do Crime

▣ Conhecer o tempo do crime é relevante para definir a lei penal a seraplicada e qual tratamento será dispensado ao acusado.

▣ A lei brasileira adotou a teoria da atividade:□ O crime é considerado praticado no momento da conduta do agente,

independentemente de quando se verifica seu resultado.□ Art. 4º. “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro

seja o momento do resultado.”.□ “Nos crimes de ação, o momento de realização dos atos de execução é o momento do crime, e

nos crimes de omissão, o exato instante em que surge o dever de agir, permanecendo inerte oautor.” (Paulo Busato).

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Menor de 17 anosatira em alguém, que vem a falecer um mês depois,

quando o agente já atingiu a maioridade. Responderá como maior ou menor?

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Menor de 17 anosSequestra uma pessoa, a qual somente é libertada

de seu poder um mês depois, quando o agente já atingiu a maioridade. Responderá como maior ou

menor?

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Tempo do Crime e Consumação

Não podem ser confundidos!

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Tempo do Crime

▣ Estudaremos o conceito de consumação no futuro.□ Art. 14. “Diz-se o crime:▪ I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”.

□ Ex.: o homicídio se consuma com a morte da vítima, não com o disparo efetuadopelo agente.

▣ Se o agente dispara contra alguém, com o dolo de matar, e a vítima falece3 semanas depois, qual o momento do crime, a lei aplicada e quando sedeu a consumação?□ Momento do crime: o dia dos disparos;□ Lei aplicável: a lei vigente no dia dos disparados (salvo o caso de lei posterior maisfavorável);

□ Consumação do crime: o dia da morte da vítima.

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Lugar do Crime

▣ A lei brasileira adotou a teoria da ubiquidade (ou mista):□ Art. 6º. “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no

todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.”.□ A intenção é evitar a impunidade do autor de uma conduta se ele não for punido em

nenhum dos países legitimados.▪ Ex. 1: um autor, na fronteira entre Brasil e Paraguai, dispara sua arma doexterior contra alguém no Brasil, matando-o. Se o Brasil adotasse a teoria daatividade, não poderia julgar o autor; se o Paraguai seguisse a teoria doresultado, ele também não poderia julgar o caso.

▪ Ex. 2: o agente disfere tiros contra a vítima no Brasil, vindo esta a morrer noParaguai, após atravessar a Ponte da Amizade. Se o Brasil adotasse a teoria doresultado, não poderia julgar o autor; se o Paraguai seguisse a teoria daatividade, ele também não poderia julgar o caso.

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A importância se restringe aos Crimes à Distância

Quando a conduta e resultado ocorrem no Brasil, obviamente a lei brasilera é aplicável

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Territorialidade e Extraterritorialidade

▣ Por territorialidade, entende-se a aplicação da lei penal brasileira a fatosocorridos em território nacional.□ É a regra de nosso ordenamento jurídico, que preserva a soberania de nossalegislação a crimes praticados em seu território de incidência.

▣ Existem, entretanto, situações excepcionais em que é possível aplicar a leibrasileira a fatos ocorridos fora do território nacional ou incidir a lei estrangeira ailícitos ocorrido aqui.□ A isso dá-se o nome de extraterritorialidade.

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Territorialidade Temperada

▣ Art. 5º. “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras dedireito internacional, ao crime cometido no território nacional.”.

▣ Cometido o crime no território brasileiro, a lei penal brasileira será aplicada,independentemente da nacionalidade do autor e da vítima.

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“Território Brasileiro”

O que é?

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Territorialidade Temperada

▣ O território nacional envolve o solo, o mar e o ar.□ A soberania brasileira se estende ao mar territorial, ao espaço aéreo subjacente,bem como ao solo e subsolo.

▣ Art. 5º. [...] omissis [...]□ §1º. “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as

embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiroonde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantesou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondenteou em alto-mar.”

□ §2º. “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ouembarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso noterritório nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou marterritorial do Brasil.”.

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Territorialidade TemperadaAeronave

embarcação Brasileira Estrangeira Pública Privada Territóriobrasileiro

Território estrangeiro Lei Aplicável

Aero./embar. X X X X Brasileira

Aero./embar. X X X Brasileira

Aero./embar. X X X Estrangeira

Aero./embar. X X X X Estrangeira

Aero./embar. X X X Brasileira

Aero./embar. X X X Estrangeira

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Extraterritorialidade

▣ Hipóteses excepcionais em que a legislação brasileira ultrapassa os limites doterritório nacional.

▣ Essas exceções estão previstas no art. 7º, que passamos a estudar agora.

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Extraterritorialidade Incondicionada

▣ Art. 7º. “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:□ I - os crimes:▪ a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;▪ b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de

Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquiaou fundação instituída pelo Poder Público;

▪ c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;▪ d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;▪ [...] omissis [...]

□ §1º. Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvidoou condenado no estrangeiro.”.

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Extraterritorialidade Incondicionada

▣ Nesses casos, a natureza do objeto jurídico atingido permite presumir que ofato tem muita relevância ao país, embora praticado fora de seu território.□ Fica, pois, excluída a imposição de condições para a aplicação excepcional da lei a ilícitos

praticados fora de seu território.

▣ Princípio da defesa ou proteção□ “A lei penal deve incidir tutelando determinados bens jurídicos de suma relevância para o

Estado [...] onde quer que eles se encontrem, independentemente da nacionalidade dosujeito ativo da ameaça ou lesão a bens jurídicos.” (Artur Souza; Adriano Japiassú).

□ Fundamenta a punição pelas alíneas “a”, “b” e “c”.

▣ Princípio da universalidade□ Fundamente a punição pela alínea “d”.

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O art. 7º, §1º, consagra hipótese de bis in idem?

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Art. 7º. “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:□ II - os crimes:▪ a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;▪ b) praticados por brasileiro;▪ c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade

privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.□ §2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes

condições:▪ a) entrar o agente no território nacional;▪ b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;▪ c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;▪ d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;▪ e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a

punibilidade, segundo a lei mais favorável.”.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Exige o cumprimento de certas condições que restringem ao máximo seualcance.□ Os requisitos dos §§2º e 3º do art. 7º são concomitantes.□ Possuem como base os princípios:▪ Universalidade (alínea “a”);▪ Personalidade (alínea “b”);▪ Bandeira ou pavilhão (alínea “c”);▪ Defesa ou proteção (alínea “d”).

▣ Em primeiro lugar, estudaremos as situações legais de possibilidade deaplicação da extraterritorialidade. Em seguida, estudaremos as condições aserem preenchidas para que a aplicação seja possível.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Situações Legais□ Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir▪ Ex.: Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas dediscriminação racial; Convenção sobre a discriminação contra a mulher;Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penais cruéis oudegradantes.

▪ Existe cooperação penal internacional visando a punir todos os agentesdelitivos.

▪ O princípio da universalidade autoriza o Estado a processar e julgar o ilícito,sendo indiferente a nacionalidade do agente e o local da prática da infração.

▪ “Depois do caso Pinochet, os ex-ditadores, quando não sejam processados e julgados emseu próprio país, correm o risco de serem expostos à persecução penal estrangeira. [...]Esse tema está fundado na ponderação entre a soberania funcional e a efetiva proteçãodos direitos humanos.” (Kai Ambos).

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Situações Legais□ Crimes praticados por brasileiros▪ Princípio da personalidade.• Personalidade ativa (art. 7º, II, “b”): As leis penais brasileiras “perseguem” seuscidadãos onde quer que se encontrem;

• Personalidade passiva (art. 7º, §3º): admite a aplicação da lei brasileira a crimespraticados contra brasileiros em território estrangeiro.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Situações Legais□ Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade

privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados▪ Princípio da bandeira.• É a bandeira do avião ou navio que identifica sua origem e, sendo brasileira,pode-se aplicar subsidiariamente a lei nacional na hipótese de lacunalegislativa no país estrangeiro ou omissão desse no julgamento do crime.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Concorrência conjunta das condições previstas no art. 7º, §2º.□ Entrar o agente no território nacional▪ “É irrelevante a motivação para a sua entrada, podendo a mesma ter decorrido

voluntariamente ou não, bem assim por erro, fraude ou mesmo coação física irresistível,como ocorre no caso de sequestro ou abdução internacional.” (Artur Souza; AdrianoJapiassú).

▪ Basta a presença física do autor da infração, ainda que não seja brasileiro nemtenha residido no Brasil.

▪ “Aos delitos supostamente praticados por brasileiro no estrangeiro (Bolívia) que,posteriormente, ingressou em território brasileiro, aplica-se a extraterritorialidade do art.7.º, II, a e §2.º, a, do Código Penal.” (STJ, CC 120.887, Rel. Min. AlderitaRamos de Oliveira, DJ 20/02/2013).

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Concorrência conjunta das condições previstas no art. 7º, §2º.□ Entrar o agente no território nacional▪ “É irrelevante a motivação para a sua entrada, podendo a mesma ter decorrido

voluntariamente ou não, bem assim por erro, fraude ou mesmo coação física irresistível,como ocorre no caso de sequestro ou abdução internacional.” (Artur Souza; AdrianoJapiassú).

▪ Basta a presença física do autor da infração, ainda que não seja brasileiro nemtenha residido no Brasil.

▪ “Aos delitos supostamente praticados por brasileiro no estrangeiro (Bolívia) que,posteriormente, ingressou em território brasileiro, aplica-se a extraterritorialidade do art.7.º, II, a e §2.º, a, do Código Penal.” (STJ, CC 120.887, Rel. Min. AlderitaRamos de Oliveira, DJ 20/02/2013).

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Dupla tipicidade da conduta▪ O fato deve ser tipificado no Brasil e no país estrangeiro, ainda que os crimestenham denominação diferente.

▪ A lei estrangeira deve descrever o comportamento praticado como crime, nãohavendo necessidade de tratado internacional entre os dois países.

▪ Importante atentar para as causas de justificação previstas em outros países: se ofato for típico no país estrangeiro, mas praticado sob permissão legal, não serápunido no Brasil.• Ex.: aborto permitido em Portugal até a 10ª semana de gestação, sem que osenvolvidos sejam punidos.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição▪ O Brasil não permite a extradição por crimes políticos ou de opinião (art. 5º,LII, da CRFB), os crimes militares próprios, os crimes que a lei brasileira punecom prisão igual ou inferior a um ano e outras hipóteses previstas na Lei nº.6.815/1980, além de tratados e convenções internacionais.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter cumprido a pena▪ Objetivo de evitar o bis in idem, seja através de um novo processo apósabsolvição no exterior, seja por cumprimento de outra pena pela mesmo fato.

▪ Caso haja processo em andamento no exterior e o acusado ingresse no Brasil,continuará sujeito às leis do país onde o crime foi praticado.

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou não estar extinta a punibilidade, por

outro motivo, segundo a lei mais favorável▪ Se o Estado estrangeiro abrir mão da persecução penal ou a punibilidadeestiver extinta, o agente não mais responderá perante a lei brasileira.

▪ Se o Estado que sofreu o prejuízo não quis julgar o caso, não há legitimidadepara outro país não envolvido suprir a lacuna.

▪ “Situação na qual não se aplica o princípio da extraterritorialidade condicionada (art.7º, II, b, § 2º). A opção da autoridade (da imigração) americana pela deportação doagente, em vez da sua submissão a processo naquele país, importou, na prática, aconcessão do perdão (art. 7º, II, b, § 2º, e - Código Penal).” (TRF/1, ACR 11.496, Rel.Des. Fed. Italo Fioravanti Sabo Mendes, j. 24/09/2014).

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País que deporta o imigrante com visto falso, em vez de

processá-lo criminalmente, perdoa o crime?

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Extraterritorialidade Condicionada

▣ Condições□ Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou não estar extinta a punibilidade, por

outro motivo, segundo a lei mais favorável▪ “O agente que, usando o passaporte verdadeiro em aeroporto brasileiro, embarca

regularmente para os Estados Unidos da América, de onde vem ser deportado em face dadetecção da falsidade do visto consular, sem submissão a processo naquele país, não podeser acusado, com sucesso, de uso de documento falso no território brasileiro. [...] Situaçãona qual não se aplica o princípio da extraterritorialidade condicionada (art. 7º, II, b, §2º). A opção da autoridade (da imigração) americana pela deportação do agente, em vezda sua submissão a processo naquele país, importou, na prática, a concessão do perdão(art. 7º, II, b, § 2º, e - Código Penal).” (TRF/1, ACR 11.496, Rel. Des. Fed. ItaloFioravanti Sabo Mendes, j. 24/09/2014).

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Pena Cumprida no Estrangeiro

▣ Art. 8º. “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelomesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.”.□ Quando a pena já cumprida no estrangeiro, pelo mesmo crime, for diferente daque foi imposta no Brasil, deve-se atenuar a pena nova:▪ Se forem da mesma natureza: deve-se descontar a primeira pena do total dasegunda;

▪ Se forem de natureza diversa: deve “atenuar” a segunda.

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