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DOS CRIMES CONTRA A DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PUBLICA INCOLUMIDADE PUBLICA Dos crimes de perigo comum; Dos crimes de perigo comum; Dos crimes contra a segurança Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação e dos meios de comunicação e transporte; transporte; Dos crimes contra a saúde Dos crimes contra a saúde pública pública

Direito Penal Especial Art 250 a 359 Cp

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Direito Penal Especial Art 250 a 359 Cp

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  • DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PUBLICADos crimes de perigo comum;Dos crimes contra a segurana dos meios de comunicao e transporte;Dos crimes contra a sade pblica

  • INCNDIO - ART.250o agente provoca intencionalmente a combusto de algum material no qual o fogo se propaga, fogo este que, em face de suas propores, causa uma situao de risco efetivo (concreto) para nmero elevado e indeterminado (se determinado, ser crime de dano) de pessoas ou coisas; a situao de risco pode tambm decorrer de pnico provocado pelo incndio (em um cinema, teatro, edifcio etc.); a provocao de incndio em uma casa afastada no coloca em risco a coletividade e, assim, no caracteriza o crime de incndio; pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietrio do local incendiado.

  • 2o.Modalidade culposaOcorre quando algum no toma os cuidados necessrios em determinada situao e, por conseqncia, provoca um incndio que expe a perigo a incolumidade fsica ou patrimnio de nmero indeterminado de pessoas - ex.: atirar ponta de cigarro em local onde pode ocorrer combusto, no tomar as cautelas devidas em relao a fios eltricos desencapados, etc.

  • EXPLOSO - ART.251 O crime de exploso tem caractersticas semelhantes ao crime de incndio, tendo a mesma objetividade jurdica, sujeito ativo e passivo.Modalidade culposa ex.: colocao de tambores de gs para utilizao como combustvel em veculo sem as cautelas necessrias.

  • INUNDAO - ART.254 Provocar o alagamento de um local de grande extenso, pelo desvio das guas de seus limites naturais ou artificiais, de forma que no seja possvel controlar a fora da corrente), expondo a perigo a vida, a integridade fsica ou o patrimnio de outrem (situao efetiva de perigo concreto para nmero indeterminado de pessoas):Ex.: abertura total de comporta, rompimento de um dique, represamento, etc.

  • PERIGO - ART.255esse crime se caracteriza pela no-ocorrncia da inundao, uma vez que a existncia desta tipifica o crime de inundao; a conduta incriminadora consiste apenas em tirar, eliminar ou tornar ineficaz algum obstculo (ex.: margem) ou obra (ex.: barragem, dique, comporta etc.) cuja finalidade evitar a inundao; trata-se de crime doloso, em que o agente objetiva provocar uma situao de risco coletividade pela simples remoo do obstculo, no visando a efetiva ocorrncia da inundao. no se confunde a tentativa de inundao, em que o agente quer, mas no consegue provoc-la, com o perigo de inundao, em que o agente efetivamente no quer provoc-lo.

  • DESABAMENTO - ART.256Desabamento (provocar a queda de obras construdas pelo homem - ex.: edifcios, pontes etc.) ou desmoronamento (provocar a queda de parte do solo - ex.: barrancos, morros, pedreiras etc.), expondo a perigo (concreto) a vida, a integridade fsica ou o patrimnio de outrem (de nmero indeterminado de pessoas): bastante comum a ocorrncia da modalidade culposa; o que ocorre, por ex., quando no so observadas as regras prprias na edificao de casas ou prdios, quando so construdas valas prprias e edificaes, quando retirada terra ou desmatada rea que impede a queda de barracos etc

  • DOS CRIMES CONTRA A SEGURANA DOS MEIOS DE COMUNICAO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIOS PBLICOS

  • ARREMESSO - ART.265 um objeto slido capaz de ferir ou causar dano em coisas ou pessoas; no so, portanto, s os projteis de armas de fogo, compreendendo, tambm, pedras, pedaos de pau etc.; no esto abrangidos pelo conceito, entretanto, os corpos lquidos e gasosos; contra veculo, em movimento, destinado ao transporte pblico por terra, por gua ou pelo ar (contra veculo de uso particular ou de transporte pblico que esteja parado, pode caracterizar apenas outro crime leses corporais, dano etc.)

    O crime se consuma com o arremesso, ainda que no atinja o alvo.

    Trata-se de crime de perigo abstrato, cuja configurao independe da efetiva demonstrao da situao de risco; o perigo, portanto, presumido.

  • CRIMES CONTRA A SADE PBLICA

  • EPIDEMIA - ART.267Surto de uma doena que atinja grande nmero de pessoas em determinado local ou regio), mediante a propagao de germes patognicos (implica difundir, espalhar vrus, bacilos ou protozorios, capazes de produzir molstias infecciosas ex.: meningite, sarampo, gripe, febre amarela etc.; pode ser praticado por qualquer meio, contaminao do ar, da gua, transmisso direta etc.)

  • OMISSO - ART.269O dispositivo em tela constitui norma penal em branco cuja existncia pressupe que o mdico desrespeita a obrigao de comunicar doena cuja notificao compulsria, obrigao essa decorrente de lei, decreto ou regulamento administrativo

  • ENVENENAMENTO - ART.270Particular (como se cuida de delito de perigo comum, s haver crime se a gua se destina ao consumo de toda a coletividade ou ao consumo de particular de pessoas indeterminadas - ex.: hspede de um hotel, detentos de uma priso, funcionrios de uma repartio etc.; o envenenamento da gua contida numa garrafa ou num copo que se sabe ser ingerida por pessoa determinada caracteriza crime de leses corporais ou homicdio) ou substncia alimentcia ou medicinal destinada a consumo (de pessoas indeterminadas)

  • EXERCCIO ILEGAL - ART.282trata-se de crime comum que pode ser cometido por qualquer pessoa que no possua diploma universitrio registrado no Servio Nacional de Fiscalizao do Departamento Nacional de Sade; o crime no se confunde com o delito de curandeirismo; neste o agente se dedica cura de molstias por meios extravagantes, sem pessoa sem qualquer conhecimento tcnico; naquele o sujeito ativo pessoa com alguma aptido e conhecimento tcnico em relao profisso - ex. enfermeiros, prticos, estudantes de medicina etc.) ou excedendo-lhe os limites ( crime prprio que somente pode ser cometido por quem mdico, dentista ou farmacutico e, no exerccio de sua profisso, extrapola os seus limites; o que ocorre, por ex., quando um dentista faz cirurgia no trax da vtima, quando um farmacutico passa a atender clientes e expedir receitas, quando um mdico passa a clinicar fora de sua especialidade etc.):

  • o crime se consuma com a habitualidade, ou seja, com a reiterao de condutas, sendo , portanto, inadmissvel a tentativa.- o crime de perigo abstrato.- o exerccio ilegal de qualquer outra profisso configura a contraveno penal do art. 47 da LCP (exerccio ilegal de profisso ou atividade).

  • CHARLATANISMO - ART.283Inculcar (afirma, recomenda) ou anunciar (divulga, propaga) cura por meio secreto ou infalvel:.- charlato o estelionatrio da medicina que ilude a boa-f dos doentes, inculcando ou anunciando cura por meio secreto ou infalvel, ciente de que a afirmao falsa.- o charlatanismo no se confunde com o exerccio ilegal da medicina, uma vez que, neste, o agente cr no tratamento recomendado, enquanto, naquele, o agente no cr na cura que anuncia.- o charlatanismo tambm no se confunde com o curandeirismo, que, por sua vez, crime mais grave e pressupe que o agente prescreva, ministre ou aplique medicamento

  • CURANDEIRISMO - ART.284atividade de quem se dedica a curar, sem habilitao ou ttulo.Exercer o curandeirismo ( crime habitual, que somente se consuma com a reiterao de condutas):I - prescrevendo (receitar), ministrando (entregar algo para que seja consumido) ou aplicando (injetar, ministrar), habitualmente, qualquer substncia (a pretexto de cura ou de preveno de doena);II - usando gestos (passes), palavras (rezas, benzeduras) ou qualquer outro meio (magias, simpatias etc.);III - fazendo diagnsticos (afirmar a existncia de uma doena, com base nos sintomas apresentados pelo paciente):

  • DOS CRIMES CONTRA APAZ PBLICAINCITAO AO CRIMEAPOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSOQUADRILHA OU BANDO

  • Incitao ao crime

    Art. 286 - Incitar, publicamente, a prtica de crime:Pena - deteno, de trs a seis meses, ou multa.Apologia de crime ou criminosoArt. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:Pena - deteno, de trs a seis meses, ou multa.

  • INCITAO - ART.286Incitar (instigar, provocar ou estimular), publicamente (presena de nmero elevado de pessoas, uma vez que a conduta de induzir pessoa certa e determinada prtica de um crime constitui participao no delito efetivamente cometido), a prtica de crime (crime de qualquer natureza; contraveno no configura o delito):- no caracteriza o crime a simples opinio no sentido de ser legalizada certa conduta (porte de entorpecente, aborto etc.).- pode ser exercido por qualquer meio: panfletos, cartazes, discursos, gritos em pblico etc.- a incitao feita por intermdio da imprensa configura o crime do art. 19 da Lei de Imprensa.

  • APOLOGIA - ART.287Fazer (por qualquer meio: discurso, panfletos, cartazes etc.), publicamente (atinja nmero indeterminado de pessoas), apologia (defender, justificar, exaltar, aprovar ou elogiar) de fato criminoso ou de autor de crime (contraveno no configura o delito):- fazer apologia, no sentido em que a ao prevista na lei penal, defender, justificar, exaltar, aprovar ou elogiar de maneira perigosa, isto , de forma que constitua incentivo indireto ou implcito repetio da ao delituosa; no ser bastante, portanto, a simples manifestao de solidariedade, defesa ou apreciao favorvel, ainda que veemente, no sendo punvel a mera opinio.

  • Quadrilha ou bandoArt. 288 - Associarem-se mais de trs pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:Pena - recluso, de um a trs anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)Pargrafo nico - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando armado

  • QUADRILHA - ART.288(apesar das divergncias, prevalece o entendimento de que basta um dos integrantes da quadrilha estar armado - armas prprias ou imprprias).- requisitos:- durabilidade da associao;- permanncia de seus membros;- + de 3 pessoas (objetivo).- o fato de um dos envolvidos ser menor de idade ou no ter sido identificado no caso concreto no afasta o delito.- o crime de quadrilha ou bando distingue-se do concurso de pessoas (co-autoria ou participao comuns) - neste associam-se de forma momentnea e visam a prtica de um crime determinado; naquele renem-se de forma estvel e visam cometer nmero indeterminado de infraes.

  • o delito se consuma no momento em que se verifica a efetiva associao, independente da prtica de qualquer crime.- crime autnomo em relao aos delitos que efetivamente venham a ser cometidos por seus integrantes, dessa forma, haver concurso material entre o crime de quadrilha e as demais infraes efetivamente praticadas; se os delitos cometidos forem furtos, roubos ou extorses, no podero ser aplicadas as qualificadoras previstas nesses crimes para o concurso de agentes, pois constituiria inequvoco bis in idem.

  • - o art. 8 da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) dispe que ser de 3 a 6 anos de recluso a pena prevista no art. 288, quando ser tratar de unio visando a prtica de crimes hediondos, tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.

  • Esse dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos fez surgir grande polmica acerca da revogao do crime de associao criminosa no art. 14 da lei n. 6.368/76, que estabelecia pena de recluso, de 3 a 10 anos, e multa, para a unio de 2 ou mais pessoas para o fim de cometer trfico de entorpecentes, de forma reiterada ou no; A discusso, atualmente, est encerrada,porquanto entrou em vigor a lei 11.343/06, que trata do assunto.

  • CRIMES CONTRA A F PBLICADA MOEDA FALSADA FALSIDADE DE TTULOS E OUTROS PAPIS PBLICOSDA FALSIDADE DOCUMENTALOUTRAS FALSIDADES (FALSA IDENTIDADE)

  • NOES GERAIS- f pblica: a crena na veracidade dos documentos, smbolos e sinais que so empregados pelo homem em suas relaes em sociedade; a violao da f pblica constitui o crime de falso.- requisitos do crime de falso:- imitao da verdade pode ocorrer de duas formas: mudana do verdadeiro (ex.: modificar o teor de um documento) ou imitao da verdade (ex.: criar um documento falso).- dano potencial o documento falso deve ser capaz de iludir ou enganar um nmero indeterminado de pessoas; a falsificao grosseira, no caracteriza o crime de falso.- dolo

  • documento: todo escrito devido a um autor determinado, contendo exposio de fatos ou declarao de vontade, dotado de significao ou relevncia jurdica e que pode, por si s, causar um dano, por ter valor probatrio. certido: tem por objeto um documento guardado na repartio ou com trmite por ela. atestado: constitui testemunho ou depoimento por escrito do funcionrio pblico sobre um fato ou circunstncia.

  • caractersticas: forma escrita sobre coisa mvel, transportvel e transmissvel (papel, pergaminho etc.); no configuram documento o escrito a lpis, pichao em muro, escrito em porta de carro ou nibus, quadro ou pintura, bem como fotos isoladas; a fotocpia no autenticada no tem valor probatrio, por isso no documento; a jurisprudncia tem entendido que a troca de fotografia feita em documento de identidade configura o crime de falsidade documental, uma vez que, nesse caso, a fotografia parte integrante de um documento que, no todo, possui a forma escrita; h, todavia, entendimento minoritrio de que seria apenas crime de falsa identidade (art. 307).que tenha autor certo identificvel por assinatura/nome ou, quando a lei no faz essa exigncia, pelo prprio contedo. o contedo deve expressar uma manifestao de vontade ou a exposio de um fato - relevncia jurdica dano potencial a falsificao no pode ser grosseira.

  • FALSIFICAO - ART.297Pblico ( aquele elaborado por funcionrio pblico, de acordo com as formalidades legais, no desempenho de suas funes ex.: RG, CIC, CNH, Carteira Funcional, Certificado de Reservista, Ttulo de Eleitor, escritura pblica etc.), ou alterar documento pblico verdadeiro

  • Equiparam-se a documento pblico o emanado de entidade paraestatal (autarquias, empresas pblicas, sociedade de economia mista, fundaes institudas pelo Poder Pblico), o ttulo ao portador ou transmissvel por endosso (cheque, nota promissria, duplicata etc.), as aes de sociedade comercial (sociedades annimas ou em comandita por aes), os livros mercantis (utilizados pelos comerciantes para registro dos atos de comrcio) e o testamento particular (aquele escrito pessoalmente pelo testador).

  • Ex.: o agente compra uma grfica e passa a fazer imitaes de espelhos de Carteiras de Habilitao, para vend-los a pessoa que no se submeteram aos exames para dirigir veculos; algum furta um espelho verdadeiro em branco e preenche os seus espaos; uma pessoa modifica a data de seu nascimento em um documento de identidade.

  • A adulterao de chassi de veculo ou de qualquer de seus elementos identificadores (numerao de placas, do motor, do cmbio) caracteriza o crime do adulterao de sinal identificador de veculo automotor (art. 311); se, entretanto, o agente altera o nmero do chassi ou da placa do prprio documento do veculo, caracteriza-se o crime de falsidade de documento pblico.A consumao se d com a falsificao ou alterao, independentemente do uso ou de qualquer outra conseqncia posterior.

  • No crime de falsidade material, que infrao que deixa vestgios, torna-se indispensvel o exame de corpo de delito parar a prova da materialidade; esse exame pericial, feito com a finalidade de verificar a autenticidade do documento, chama-se exame documentoscpico; sempre que possvel dever ser elaborado tambm o exame grafotcnico, com a finalidade de constatar a autoria da assinatura e dos dizeres do documento, mediante comparao com o material fornecido durante o IP pelo indiciado.

  • A competncia ser da Justia Federal, se o documento foi ou devia ter sido emitido por autoridade federal - ex.: passaporte, caso contrrio, da Justia Estadual; na falsificao de Carteira de Trabalho, a competncia depende da finalidade da falsificao, se for para fraudar o INSS da Justia Federal, se for para fins particulares da Justia Estadual.

  • FALSIFICAO - ART.298Particular ( aquele que no pblico em si mesmo ou por equiparao; no so elaborados por funcionrio pblico no exerccio de suas funes - ex.: contratos de compra e venda, de locao, nota fiscal etc.) ou alterar documento particular verdadeiro:A competncia da Justia Estadual, salvo se a falsificao tiver a finalidade de prejudicar interesse da Unio, suas autarquias ou empresas pblicas

  • FALSIDADE - ART.299A falsidade ideolgica crime que no pode ser comprovado pericialmente, pois o documento verdadeiro em seu aspecto formal, sendo falso apenas o seu contedo.A insero de dados falsos em documentos, livros ou declaraes exigidas pelas leis fiscais caracteriza crime contra a ordem tributria (art. 1 da Lei n. 8.137/90).

  • USO - ART.304Pode ser cometido por qualquer pessoa, exceto o autor da falsificao, visto que, apesar de pequena divergncia jurisprudencial, prevalece o entendimento de que o falsrio que posteriormente usa o documento responde apenas pela falsificao, sendo o uso um post factum impunvel.

  • Se o documento apreendido em poder do agente, em decorrncia de busca domiciliar ou revista pessoal feita por policiais, no haver crime, pois no houve apresentao do documento; assim, o mero porte do documento atpico.

  • Tambm no h crime se o documento foi exibido em razo de solicitao de policial, uma vez que a iniciativa do uso no foi espontnea por parte do agente; exceo: a CNH, de acordo com o CTB, documento de porte obrigatrio por quem conduz veculo e nesse caso, quando o policial solicita e o agente apresenta uma habilitao falsa, h o crime.

  • Caracteriza-se o crime pela apresentao do documento a qualquer pessoa e no apenas a funcionrio pblico; necessrio que tenha sido apresentado com a finalidade de fazer prova sobre fato relevante.

  • FALSA IDENTIDADE - Art.307Identidade: o conjunto de caractersticas que servem para identificar uma pessoa (nome, filiao, estado civil, profisso, sexo etc.).O crime fica absorvido quando o fato constitui crime mais grave (estelionato, posse sexual ou atentado ao pudor mediante fraude etc.).

  • A nossa lei obriga as pessoas identificao correta perante as autoridades, quando feita solicitao ou exigncia nesse sentido; o desrespeito a essa obrigao caracteriza, no mnimo, a contraveno penal do art. 68 da LCP (recusa de dados sobre prpria identidade ou qualificao); porm, se no caso concreto, o agente vai mais longe, visando com a conduta a obteno de alguma vantagem, haver infrao mais grave, qual seja, o crime de falsa identidade.

  • A CF permite, to-somente, que o sujeito fique calado quando de seu interrogatrio, mas no admite a prtica impune de aes definidas como crime na lei penal, a exemplo da falsa identidade, da resistncia, do dano etc.

  • DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAAO PBLICAS podem ser praticados de forma direta por funcionrio pblico, da serem chamados de crime funcionais; possvel que pessoa que no seja funcionrio pblico responda por crime funcional, como co-autor ou partcipe (art. 30 - as circunstncias de carter pessoal, quando elementares do crime, comunicam-se a todas as pessoas que dele participem); exige-se que o terceiro saiba da qualidade de funcionrio pblico do outro.

  • subdiviso dos crimes funcionais:- prprios so aqueles cuja excluso da qualidade de funcionrio pblico torna o fato atpico - ex.: prevaricao (provado que o sujeito no funcionrio pblico, o fato torna-se atpico).- imprprios excluindo-se a qualidade de funcionrio pblico, haver desclassificao para crime de outra natureza - ex.: peculato (provado que o sujeito no funcionrio pblico, desclassifica-se para furto ou apropriao indbita.

  • FUNCIONRIO PBLICOConsidera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo (so criados por lei, com denominao prpria, em nmero certo e pagos pelos cofres pblicos), emprego (para servio temporrio, com contrato em regime especial ou pela CLT - ex.: diaristas, mensalistas, contratados) ou funo pblica (abrange qualquer conjunto de atribuies pblicas que no correspondam a cargo ou emprego pblico - ex.: jurados, mesrios etc.).

  • Em relao ao sujeito passivo - ex.: ofender funcionrio de uma autarquia crime contra a honra e no desacato; se o mesmo funcionrio apropriar-se de um bem da autarquia, haver peculato, no mera apropriao indbita). A interpretao dada ao conceito de funcionrio, se estende, para alguns autores, somente, quando for sujeito ativo de crime, no havendo equiparao para a hiptese de sujeito passivo.

  • cargos em comisso ( o cargo para o qual o sujeito nomeado em confiana, sem a necessidade de concurso pblico) ou de funo de direo ou assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblica ou fundao instituda pelo poder pblico.

  • PECULATO - ART.312Cargo (a expresso posse, nesse crime, abrange tambm a deteno e a posse indireta; ela deve ter sido obtida de forma lcita) (apropriao - o funcionrio tem a posse do bem, mas passa a atuar como se fosse seu dono - ex.: carcereiro que recebe os objetos do preso e os toma para si; policial que apreende objeto do bandido e fica com ele etc. ), ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio (desvio - alterar o destino - ex. o funcionrio pblico que paga algum por servio no prestado ou objeto no vendido Administrao Pblica; o que empresta dinheiro pblico de que tem a guarda para ajudar amigos etc.;

  • Se o desvio for em proveito da prpria administrao haver o crime do art. 315 - emprego irregular de verbas ou rendas pblicas): os prefeitos municipais no respondero pelo peculato-apropriao ou peculato-desvio, s pelo peculato-furto; nos dois primeiros casos eles respondem pelo crime do art. 1, I, do Decreto-Lei n. 201/67.

  • 1 (furto) - ex.: funcionrio pblico abre o cofre da repartio em que trabalha e leva os valores que nele estavam guardados; policial subtrai toca-fitas de carro apreendido que est no ptio da delegacia), ou concorre para que seja subtrado (ex.: intencionalmente o funcionrio pblico deixa a porta aberta para que noite algum entre e furte - h peculato-furto por parte do funcionrio e do terceiro).

  • Funcionrio pblico que vai repartio noite e arromba a janela para poder subtrair objetos, comete furto qualificado e no peculato-furto, pois o delito foi realizado de uma maneira tal que qualquer outra pessoa poderia t-lo praticado, ou seja, a qualidade de funcionrio pblico em nada ajudou na subtrao; se um funcionrio pblico, por outro lado, consegue entrar na repartio durante a noite, utilizando-se de uma chave que possui em razo de suas funes, e subtrai valores ali existentes, comente peculato-furto.

  • 2 (culposo) - ex.: funcionrio pblico esquece a porta aberta e algum se aproveita da situao e furta objeto da repartio - haver apenas peculato culposo por parte do funcionrio relapso, enquanto o terceiro, evidentemente, responder pelo furto)

  • - dentre os crimes contra a Administrao Pblica, s o peculato admite a conduta culposa.- se uma pessoa produzir bens e explorar matria-prima pertencente Unio, sem a devida autorizao, no peculato e sim usurpao.- o uso de bem pblico por funcionrio pblico para fins particulares, qualquer que seja a hiptese, caracteriza ato de improbidade administrativa, previsto no art. 9, IV, da Lei n. 8.492/92.

  • CONCUSSO - ART.316ex.: quando j passou no concurso mas ainda no tomou posse), mas em razo dela, vantagem indevida (a vantagem exigida tem de ser indevida; se for devida, haver crime de abuso de autoridade do art. 4, h, da Lei n. 4.898/65):- se o funcionrio pblico cometer essa ao extorsiva, tendo a especfica inteno de deixar de lanar ou recobrar tributo ou contribuio social, ou cobr-los, parcialmente, no concusso e sim crime funcional contra a ordem tributria.

  • CORRUPO PASSIVA - ART.317 possvel que exista corrupo passiva ainda que a vantagem indevida seja entregue para que o funcionrio pratique ato no ilegal; tal entendimento doutrinrio e jurisprudencial reside no fato de que a punio dessa conduta visa resguardar a probidade administrativa, sendo que o funcionrio pblico j recebe seu salrio para praticar os atos inerentes ao seu cargo, e no pode receber quantias extras para realizar o seu trabalho; nesses casos, h crime, pois o funcionrio pblico poderia acostumar-se e deixar de trabalhar sempre que no lhe oferecessem dinheiro; por todo o exposto, existe crime na conduta de receber o policial dinheiro para fazer ronda em certo quarteiro ou receber o gerente de banco pblico dinheiro para liberar um emprstimo ainda que lcito etc.

  • Essa regra no pode ser interpretada de forma absoluta; a jurisprudncia, atenta ao bom-senso, tem entendido que gratificaes usuais, de pequena monta, por servio extraordinrio (no se tratando de ato contrrio lei) no podem ser consideradas corrupo passiva; pelas mesmas razes, as pequenas doaes ocasionais, como as costumeiras Boas Festas de Natal ou Ano Novo, no configuram o crime; nesses casos, no h conscincia por parte do funcionrio pblico de estar aceitando uma retribuio por algum ato ou omisso; no h dolo, j que o funcionrio est apenas recebendo um presente.

  • O fiscal que exigir, solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida para deixar de lanar ou cobrar tributo (imposto, taxa ou contribuio de melhoria) ou contribuio social ou cobr-los parcialmente, pratica o crime previsto no art. 3, II, da Lei n. 8.137/90 (crime contra a ordem tributria).

  • Dar dinheiro para testemunha ou perito mentir em processo: a testemunha e o perito no oficial (se oficial, h corrupo ativa e passiva) respondem pelo delito do art. 342, 2 (falso testemunho ou percia); a pessoa que deu o dinheiro responde pelo crime do art. 343 (corrupo ativa de testemunha ou perito). O art. 299 da Lei n. 4.737/65 (Cdigo Eleitoral) prev crimes idnticos corrupo passiva e ativa, mas praticados com a inteno de conseguir voto, ainda que o agente no obtenha sucesso.

  • PREVARICAO - ART.319Na corrupo passiva, o funcionrio pblico negocia seus atos, visando uma vantagem indevida; na prevaricao isso no ocorre; aqui, o funcionrio pblico viola sua funo para atender a objetivos pessoais.- ex.: permitir que amigos pesquem em local pblico proibido, demorar para expedir documento solicitado por um inimigo (o sentimento, aqui, do agente, mas o benefcio pode ser de terceiro).

  • O atraso no servio por desleixo ou preguia no constitui crime; se fica caracterizado, todavia, que o agente, por preguia, rotineiramente deixa de praticar ato de ofcio, responde pelo crime - ex.: delegado que nunca instaura IP para apurar crime de furto, por consider-lo pouco grave.A prevaricao no se confunde com a corrupo passiva privilegiada; nesta, o agente atende a pedido ou influncia de outrem; naquela no h tal pedido de influncia, o agente visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

  • CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA

  • USURPAO - ART.328O sujeito assume uma funo pblica, vindo a executar atos inerentes ao ofcio, sem que tenha sido aprovado em concurso ou nomeado para tal funo; parte da doutrina entende que tambm comete o crime um funcionrio pblico que assuma, indevidamente, as funes de outro.A simples conduta de se intitular funcionrio pblico perante terceiros, sem praticar atos inerentes ao ofcio, pode constituir apenas a contraveno descrita no art. 45 da LCP (simulao da qualidade de funcionrio - fingir-se funcionrio pblico

  • RESISTNCIA - ART.329O particular pode efetuar priso em flagrante, nos termos do art. 301 do CPP; se ele o fizer, desacompanhado de algum funcionrio pblico, e contra ele for empregada violncia ou ameaa, no haver crime de resistncia, j que no funcionrio pblico.

  • Violncia: agresso, desforo fsico etc.; o tipo refere-se violncia contra a pessoa do funcionrio pblico ou do terceiro que o auxilia (por solicitao de ajuda pelo funcionrio pblico ou por adeso voluntria); eventual violncia empregada contra coisa (ex.: viatura policial) caracteriza crime de dano qualificado; a chamada resistncia passiva (sem o emprego de violncia ou ameaa), no crime - ex.: segurar-se em um poste para no ser conduzido, jogar-se no cho para no ser preso, sair correndo etc.

  • Ameaa: ao contrrio do que ocorre normalmente no CP, a lei no exige que a ameaa seja grave; ela pode ser escrita ou verbal.Se a violncia for empregada com o fim de fuga, aps a priso ter sido efetuada, o crime ser o do art. 352 (evaso mediante violncia contra a pessoa).

  • O ato a ser cumprido deve ser legal quanto ao contedo e a forma (modo de execuo); se a ordem for ilegal, a oposio mediante violncia ou ameaa no tipifica a resistncia - ex.: prender algum sem que haja mandado de priso; priso para averiguao etc.

  • O mero xingamento contra funcionrio pblico constitui crime de desacato; se, no caso concreto, o agente xinga e emprega violncia contra o funcionrio pblico, teria cometido dois crimes, mas jurisprudncia firmou entendimento de que, nesse caso, o desacato fica absorvido pela resistncia

  • DESOBEDINCIA - ART.330Deve haver uma ordem: significa determinao, mandamento; o no-atendimento de mero pedido ou solicitao no caracteriza o crime.A ordem deve ser legal: material e formalmente; pode at ser injusta; s no pode ser ilegal.Deve ser emanada de funcionrio pblico competente para proferi-la - ex.: Delegado de Polcia requisita informao bancria e o gerente do banco no atende; no h crime, pois o gerente s est obrigado a fornecer a informao se houver determinao judicial.

  • necessrio que o destinatrio tenha o dever jurdico de cumprir a ordem; alm disso, no haver crime se a recusa se der pior motivo de fora maior ou por ser impossvel por algum motivo o seu cumprimento.

  • Conforme a jurisprudncia, se alguma norma civil ou administrativa comina sano dessa natureza para um fato que poderia caracterizar crime de desobedincia, mas deixa de ressaltar a sua cumulao com a pena criminal, no pode haver a responsabilizao penal - ex.: o art. 219 do CPP, que se refere a sano aplicvel testemunha intimada que sem motivo justificado falta audincia em que seria ouvida (o dispositivo permite a cumulao da multa e das despesas da diligncia, sem prejuzo do processo penal por crime de desobedincia); o CTB prev multa quele que desrespeita ordem de parada feito por policial, mas no ressalva a aplicao autnoma do crime de desobedincia (assim, o motorista somente responde pela multa de carter administrativo; no pelo crime).

  • DESACATO - ART.331Desacatar (Humilhar, desprestigiar, ofender), funo (esteja trabalhando, dentro ou fora da repartio) ou em razo dela (est de folga, mas a ofensa se refira s suas funes):Admite qualquer meio de execuo: palavras, gestos, ameaas, vias de fato, agresso ou qualquer outro meio que evidencie a inteno de desprestigiar o funcionrio pblico ex.: xingar o policial que o est multando, fazer sinais ofensivos, rasgar mandado de intimao entregue pelo Oficial de Justia e atir-lo ao cho, passar a mo no rosto do policial, atirar seu quepe no cho etc.

  • - a caracterizao do crime independe de o funcionrio pblico se julgar ou no ofendido, pois o que a lei visa prestigiar e dar dignidade ao cargo. - a ofensa deve ser feita na presena do funcionrio, pois somente assim ficar tipificada a inteno de desprestigiar a funo; a ofensa feita contra funcionrio em razo de suas funes, mas em sua ausncia, caracteriza crime de injria qualificada (art. 140 c/c o art. 141, II); por isso, no h desacato se a ofensa feita por carta; a existncia do desacato no pressupe que o agente e o funcionrio estejam face a face, havendo o crime se estiverem, em salas separadas, com as portas abertas, e o agente falar algo para o funcionrio ouvir. existir o crime mesmo que o fato no seja presenciado por terceiras pessoas, porque a publicidade da ofensa no requisito do crime.

  • um funcionrio pblico pode cometer desacato contra outro?- Nlson Hungria no, pois ele est contido no captulo dos crimes praticados por particular contra a administrao em geral; assim, a ofensa de um funcionrio contra outro caracteriza sempre crime de injria.- Bento de Faria s ser possvel se o ofensor for subordinado hierarquicamente ao ofendido.- Damsio E. de Jesus, Heleno C. Fragoso, Magalhes Noronha e Jlio F. Mirabete sim, sempre, pois o funcionrio, ao ofender o outro, se despe da qualidade de funcionrio pblico e se equipara a um particular; esta a opinio majoritria.

  • o advogado pode cometer desacato? o Estatuto da OAB, em seu art. 7, 2, estabelece que o advogado no comete crimes de injria, difamao ou desacato quando no exerccio de suas funes, em juzo ou fora, sem prejuzo das sanes disciplinares junto OAB; entende-se, entretanto, que esse dispositivo inconstitucional no que tange ao desacato, pois a imunidade dos advogados prevista no art. 133 da CF somente poderia abranger os crimes contra a honra e no os crimes contra a Administrao (STF), sendo assim, ele poder cometer desacato.

  • a embriaguez exclui o desacato? - no, nos termos do art. 28, II, que estabelece que a embriaguez no exclui o crime.- Nlson Hungria sim, pois o desacato exige dolo especfico, consistente na inteno de humilhar, ofender, que incompatvel com o estado de embriaguez.

  • CORRUPO ATIVA - ART.333De acordo com a teoria monista ou unitria, todos os que contriburem para um crime respondero por esse mesmo crime; s vezes, entretanto, a lei cria exceo a essa teoria, como ocorre com a corrupo passiva e ativa; assim, o funcionrio pblico que solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida comete a corrupo passiva, enquanto o particular que oferece ou promete essa vantagem pratica corrupo ativa.

  • na modalidade solicitar da corrupo passiva, no existe figura correlata na corrupo ativa; com efeito, na solicitao a iniciativa do funcionrio pblico, que se adianta e pede alguma vantagem ao particular; em razo disso, se o particular d, entrega o dinheiro, s existe a corrupo passiva, o fato atpico quanto ao particular.- existem duas hipteses de corrupo passiva sem corrupo ativa: quando o funcionrio solicita e o particular d ou se recusa a entregar o que foi pedido.- existe corrupo ativa sem corrupo passiva: quando o funcionrio pblico no recebe e no aceita a promessa de vantagem ilcita.

  • se o agente se limita a pedir para o funcionrio dar um jeitinho, no h corrupo ativa, pelo fato de no ter oferecido nem prometido qualquer vantagem indevida; se o funcionrio pblico d o jeitinho e no pratica o ato que deveria, responde pelo crime do art. 317, 2 (corrupo passiva privilegiada) e o particular figura como partcipe; se ele no d o jeitinho, o fato atpico.

  • CONTRABANDO OU DESCAMINHO - ART.334- contrabando: a clandestina importao ou exportao de mercadorias cuja entrada no pas, ou sada dele, absoluta ou relativamente proibida.- descaminho: a fraude tendente a frustrar, total ou parcialmente, o pagamento de direitos de importao ou exportao ou do imposto de consumo (a ser cobrado na prpria aduana) sobre mercadorias.

  • 1 -a) pratica navegao de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei (tem a finalidade de realizar o comrcio entre portos de um mesmo pais);b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho (ex.: sada de mercadorias da Zona Franca de Manaus sem o pagamento de tributos, quando o valor excede a cota que cada pessoa pode trazer);

  • 2 - qualquer forma de comrcio irregular (sem registro junto aos rgos competentes) ou clandestino (ex.: camels) de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residncias. 3 - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho praticado em transporte areo (a razo da maior severidade da pena a facilidade decorrente da utilizao de aeronaves para a prtica do delito; por esse mesmo motivo, parece-nos no ser aplicvel a majorante quando a aeronave pousa ou decola de aeroporto dotado de alfndega, uma vez que nestes no existe maior facilidade na entrada ou sada de mercadorias).

  • CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO DA JUSTIA

  • DENUNCIAO CALUNIOSA - ART.339se o prprio policial coloca droga na bolsa de algum e a prende em flagrante, h crime de denunciao caluniosa e de abuso de autoridade (art. 3, a, da Lei n. 4.898/65).

  • A consumao se d com o incio de investigao policial (se o agente noticia o fato autoridade e depois volta atrs, contando a verdade, sem que a investigao tenha sido iniciada, no h crime, pois houve arrependimento eficaz; se a investigao j estava iniciada, o crime j estar consumado e a confisso valer apenas com atenuante genrica), de processo judicial (quando o juiz recebe a denncia ou a queixa oferecida contra o inocente), de investigao administrativa, inqurito civil ou ao de improbidade administrativa.

  • requisito da denunciao a espontaneidade, ou seja, a iniciativa deve ser exclusiva do denunciante; se ele faz a acusao em razo de questionamento de outrem, no existe o crime - ex.: ru que atribui o crime a outra pessoa em seu interrogatrio; testemunha que fala que o crime foi cometido por outra pessoa, visando beneficiar o ru (nesse caso h falso testemunho e no denunciao caluniosa).- A imputa crime a B, supondo que B era inocente; posteriormente, por coincidncia, fica apurado que B realmente havia praticado o crime; nesse caso no h denunciao caluniosa, pois a imputao no era objetivamente falsa.

  • COMUNICAO FALSA DE CRIME - ART.340No se confunde com a denunciao caluniosa, pois, nesta, o agente aponta pessoa certa e determinada como autora da infrao, enquanto no art. 340 isso no ocorre; nesse crime, o agente se limita a comunicar falsamente a ocorrncia de crime ou contraveno, no apontando qualquer pessoa como responsvel por eles ou ento apontando pessoa que no existe.A consumao se d quando a autoridade inicia a investigao, porque o tipo do art. 340 descreve a conduta de provocar a ao da autoridade, no bastando, portanto, a mera comunicao.

  • Muitas vezes a comunicao falsa tem a finalidade de possibilitar a prtica de outro crime ex.: comunicar o furto de um carro para receber o valor do seguro e depois vender o carro (Nlson Hungria entende que o agente s responde pelo crime-fim fraude para recebimento de seguro art. 171, 2. VI; Heleno C. Fragoso, Magalhes Noronha e Jlio F. Mirabete entendem que h concurso material, pois as condutas so distintas e atingem bens jurdicos diversos, de vtimas diferentes).

  • FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERICIA - ART.342Nesses casos, aquele que deu, prometeu ou ofereceu o dinheiro responde pelo crime do art. 343; com relao aos peritos, todavia, os doutrinrios mencionam que, se ele for oficial, cometer o crime de corrupo passiva, enquanto quem ofereceu ou prometeu a vantagem responder pela corrupo ativa:

  • Se a testemunha mente por estar sendo ameaada de morte ou de algum outro mal grave, no responde pelo falso testemunho; o autor da ameaa que responde pelo crime do art. 344 (coao no curso do processo).Pela teoria subjetiva, adotada por ns, s h crime quando o depoente tem conscincia da divergncia entre a sua verso e o fato presenciado.

  • pode haver falso testemunho sobre fato verdadeiro - ex.: a testemunha alega ter presenciado um crime que realmente aconteceu, mas, na verdade, no presenciou a prtica do delito.- a mentira quanto a qualificao pessoal (nome, profisso etc.) no tipifica o falso testemunho, podendo caracterizar o crime do art. 307 (falsa identidade).- no h crime se o sujeito mente para evitar que se descubra fato que pode levar sua prpria incriminao (segundo Damsio E. Jesus, ocorre, nessa hiptese, situao de inexigibilidade de conduta diversa).

  • o art. 208 do CPP prev que no se deferir o compromisso a que alude o art. 203 do CPP aos doentes, deficientes mentais e aos menores de 14 anos, nem s pessoas a que se refere o art. 206 do CPP (ascendente ou descendente, afim em linha reta, cnjuge, ainda que separado judicialmente, irmo e pai, me, ou filho adotivo do acusado); essas pessoas so ouvidas como informante do juzo.

  • Discute-se, na doutrina e na jurisprudncia, se o informante pode responder pelo crime de falso testemunho: Magalhes Noronha, Nlson Hungria e Damsio E. de Jesus, relatam que o compromisso no elementar do crime; o falso testemunho surge da desobedincia do dever de dizer a verdade que no deriva do compromisso, diante disso, respondero pelo crime; para Heleno Cludio Fragoso, acha que no pode responder pelo crime, pois no tem o dever de dizer a verdade pelo fato de no prestar compromisso.

  • O art. 207 do CPP estabelece que so proibidas de depor as pessoas que, em razo de funo, ministrio, ofcio ou profisso, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho; estas no cometero o crime de falso testemunho mas, dependendo da situao, respondero pelo crime do art. 154 (violao de segredo profissional).No h participao no crime de falso testemunho, pois algumas hipteses de participao constituem o crime do art. 343 (corrupo ativa de testemunha ou perito) e as demais formas so atpicas.A consumao se d no momento em que encerra do depoimento; na falsa percia se consuma quando o laudo entregue; se o falso testemunho cometido em carta precatria, o crime se consuma no juzo deprecado, e este ser o competente

  • EXERCCIO ARBITRRIO ART.345Quando algum tem um direito ou julga t-lo por razes convincentes, e a outra envolvida se recusa a cumprir a obrigao, o prejudicado deve procurar o Poder Judicirio para que o seu direito seja declarado e a pretenso seja satisfeita (se o agente tiver conscincia da ilegitimidade da pretenso, haver outro crime: furto, leses corporais, violao de domiclio etc.); a pretenso do agente, pelo menos em tese, possa ser satisfeita pelo Judicirio, ou seja, que exista uma espcie qualquer de ao apta a satisfaz-la;

  • Ela pode ser de qualquer natureza: direito real (expulsar invasores de terra com o emprego de fora, em vez de procurar a justia, fora das hipteses de legtima defesa da posse ou desforo imediato, em que o emprego da fora admitido), pessoal (ex.: subtrair objetos do devedor), de famlia (subtrair objetos do devedor de alimentos inadimplente, em vez de promover a competente execuo) etc.; se o sujeito resolve no procurar o Judicirio e fazer justia com as prprias mos para obter aquilo que acha devido, pratica o crime do art. 345 (exerccio arbitrrio das prprias razes) - subtrair objeto do devedor para se auto-ressarcir de dvida vencida e no paga

  • FRAUDE PROCESSUAL - ART.347O delito se consuma no momento da alterao do local, coisa ou pessoa, desde que idnea a induzir o juiz ou perito em erro; desnecessrio que se consiga efetivamente engan-los. crime subsidirio que fica absorvido quando o fato constitui crime mais grave, como, por ex., supresso de documento, falsidade documental etc.

  • ex.: altera caractersticas do objeto que ser periciado; simular maior dificuldade auditiva ou qualquer outra reduo da capacidade laborativa em ao acidentria; colocar arma na mo da vtima de homicdio para parecer que esta se suicidou, suprimir provas, eliminar impresses digitais; homem que faz vasectomia, para que ele fique impotente de gerar e consiga provar que o filho no poderia ser seu numa ao de reconhecimento de paternidade; fazer uma operao plstica para mudar a aparncia etc.

  • Haver crime menos grave, descrito no art. 312 do CTB, na conduta de inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilstico com vtima, na pendncia do respectivo procedimento policial preparatrio, IP ou processo penal, o estado do lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir em erro o agente policial, o perito ou o juiz.S h crime se houver um processo, civil ou administrativo, em andamento, ou penal, ainda que no iniciado, sendo nesse caso, a pena aplicada em dobro.

  • FAVORECIMENTO PESSOAL -ART.348Ex.: ajudar na fuga, emprestando carro ou dinheiro ou, ainda, por qualquer outra forma (s se aplica quando o autor do crime anterior est solto; se est preso e algum o ajuda a fugir, ocorre o crime do art. 351 - facilitao de fuga de pessoa presa); esconder a pessoa em algum lugar para que no seja encontrada; enganar a autoridade dando informaes falsas acerca do paradeiro do autor do delito (despistar) etc.Para a existncia do favorecimento, o auxlio deve ser prestado aps a consumao do crime antecedente; se antes dele ou durante sua prtica, haver co-autoria ou participao no delito antecedente e no favorecimento pessoal.

  • O advogado no obrigado a dizer onde se encontra escondido o seu cliente; pode, todavia, cometer o crime se o auxilia na fuga, se o esconde em sua casa etc.No haver favorecimento pessoal quando em relao ao fato anterior: houver causa excludente de ilicitude; j estiver extinta a punibilidade por qualquer causa; houver alguma escusa absolutria; o agente for inimputvel em razo de menoridade -em todos esses casos, o agente no est sujeito a ao legtima por parte da autoridade, e, portanto, quem o auxilia no comete favorecimento pessoal.

  • Se o autor do crime antecedente vier a ser absolvido por qualquer motivo (exceto na absolvio imprpria, em que h aplicao de medida de segurana), o juiz no poder condenar o ru acusado de auxili-lo.Se o autor do crime antecedente e o autor do favorecimento forem identificados haver conexo, e ambos os delitos, de regra, devero ser apurados em um mesmo processo, nos termos do art. 79 do CPP.Quando o beneficiado consegue subtrair-se, ainda que por poucos instantes, da ao da autoridade, se o auxlio chega a ser prestado, mas o beneficirio no se livra da ao da autoridade, haver mera tentativa.

  • FAVORECIMENTO REAL -ART.349S responde pelo crime aquele que no esteja ajustado previamente com os autores do crime antecedentes, no sentido de lhes prestar qualquer auxlio posterior, pois, se isso ocorreu, ele ser responsabilizado por participao no crime antecedente por ter estimulado a prtica do delito ao assegurar aos seus autores que lhes prestaria uma forma qualquer de ajuda.A principal diferena entre a receptao e o favorecimento real consiste no fato de que, no neste, o agente visa auxiliar nica e exclusivamente o autor do crime antecedente, enquanto naquele o sujeito visa seu prprio proveito ou o proveito de terceiro (que no o autor do crime antecedente).

  • Trata-se de crime acessrio, mas a condenao pelo favorecimento real no pressupe a condenao do autor do crime antecedente - ex.: h prova da prtica de um furto e de que algum ajudou o autor desse crime, escondendo os bens furtados (a polcia, todavia, no consegue identificar o furtador, mas consegue identificar aquele que escondeu os bens).Ex.: esconder o objeto do crime para que o autor do delito venha busc-lo posteriormente, transportar os objetos do crime; guardar para o homicida dinheiro que este recebeu para matar algum etc.

  • A conduta de trocar as placas de veculo furtado ou roubado podia caracterizar o favorecimento real, mas, atualmente, constitui o crime do art. 311 (adulterao de sinal identificador de veculo automotor).A menoridade e a extino da punibilidade apenas impedem a aplicao de sano penal ao autor do crime antecedente, mas o fato no deixa de ser crime.A lei no prev qualquer escusa absolutria como no caso do favorecimento pessoal.No favorecimento pessoal o agente visa tornar seguro o autor do crime antecedente, enquanto no favorecimento real ele visa a tornar seguro o prprio proveito do crime anterior

  • FUGA DE PRESO - ART.351Promover (o agente provoca, orquestra, d causa a fuga; desnecessria cincia prvia por parte do detento) ou facilitar (exige-se colaborao, cooperao de algum para a iniciativa de fuga do preso; a lei no abrange a facilitao de fuga de menor internado em razo de medida socioeducativa pela prtica do ato infracional) a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurana detentiva

  • - o fato pode dar-se em penitencirias ou cadeias pblicas, ou em qualquer outro local (viatura em que o preso escoltado, hospital onde recebe tratamento etc.).- o preso no responde pelo crime em razo de sua fuga, exceto se h emprego de violncia (art. 352 - evaso mediante violncia contra a pessoa).

  • EVASO - ART.352O legislador pune apenas o preso que foge ou tenta fugir com emprego de violncia contra pessoa; a fuga pura e simples constitui mera falta disciplinar (art. 50, II, da LEP); o emprego de grave ameaa no caracteriza o delito em anlise, constituindo apenas crime de ameaa (art. 147); o emprego de violncia contra coisa pode caracterizar crime de dano qualificado (art. 163, nico, III), mas h opinio no sentido de ser o fato atpico.Se a violncia for empregada para impedir a efetivao da priso, haver, entrentanto, crime de resistncia

  • ARREBATAMENTO - ART.353arrebatar significa tirar o preso, com emprego de violncia ou grave ameaa, de quem tenha sob custdia ou guarda, a fim de maltrat-lo - ex.: tirar o preso do interior da delegacia de polcia para ser linchado por populares

  • Motim de presos

    Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da priso:Pena - deteno, de seis meses a dois anos, alm da pena correspondente violncia.

  • MOTIM DE PRESOS - ART.354Motim a revolta conjunta de grande nmero de presos em que os participantes assumem posio de violncia contra os funcionrios, provocando depredaes com prejuzos ao Estado e ordem e disciplina da cadeia.o legislador

  • PATROCNIO INFIEL - ART.355Constitui infrao penal que tem por finalidade punir o advogado (bacharel inscrito na OAB) ou o profissional judicial (estagirio) que venham a prejudicar interesse de quem estejam representando.O delito pode ser cometido por ao (desistir da testemunha imprescindvel, provocar nulidade prejudicial a seu cliente, fazer acordo lesivo etc.) ou por omisso (no recorrer, dar causa perempo em razo de sua inrcia).O erro profissional ou a conduta culposa no tipificam o delito, podendo gerar a responsabilizao civil, bem como punies pela OAB.

  • Anlise JurisprudencialA prvia determinao de priso em flagrante por crime de desobedincia no encontra respaldo na Lei de Ritos Penais. Inteligncia dos artigos 301 e 302, do Estatuto Processual Repressivo. Alm disso, o delito previsto no artigo 330, do Cdigo Penal, de menor potencial ofensivo, nos moldes da Lei 9.099/95, e no cabe a priso, consoante artigo 69, pargrafo nico, da mesma lei. Ordem que se concede parcialmente, apenas para que a autoridade coatora se abstenha de determinar o encaminhamento do Paciente autoridade policial. Vencida a JDS. Des. Rosa Helena Penna Macedo Guita. HABEAS CORPUS 5598/2006 CAPITAL - QUINTA CAMARA CRIMINAL - Por maioria DES. MARIA HELENA SALCEDO - Julg: 27/12/2006

  • No atpica, por impossibilidade material do cometimento do crime, por se tratar de fotocpia e no do documento propriamente dito, o fato de o agente levar uma escritura falsa a registro de distribuio e posteriormente utiliz-la em ao cvel em oposio a pedido de partilha de bens porque o fim deste registro justamente valer esse ttulo contra terceiros, pouco importando tambm quem de fato levou esse ttulo a registro. Neste caso, a hiptese de continuidade delitiva e no de concurso material, porque evidente que as duas aes esto vinculadas, pois o registro era necessrio para reforar a aparncia de legalidade do ttulo. APELACAO CRIMINAL 4057/2006 CAPITAL - TERCEIRA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. RICARDO BUSTAMANTE - Julg: 10/04/2007

  • O Apelante, ao ser interrogado, reconheceu que, no momento do fato, s ele estava no interior da cela prisional, enquanto os peritos concluram que o incndio foi proposital (doloso), expondo a perigo a vida, a integridade fsica e o patrimnio de outrem, o que faz com que estejam presentes os elementos constitutivos do crime de perigo, na forma de incndio, at porque, na hiptese dos autos, houve agresso ao patrimnio de terceiros, situao que autoriza a rejeio das teses defensivas. Reconhecido o atuar como doloso, no se pode acolher a tese de incndio culposo e, sendo a hiptese de crime de perigo, no se pode reconhecer a forma tentada, na medida em que, para consumar-se, basta a exposio a perigo e, na hiptese em exame, houve, at, a efetiva causao de danos. Recurso conhecido, mas desprovido. APELACAO CRIMINAL 4674/2006 NITEROI - SETIMA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. MAURILIO PASSOS BRAGA - Julg: 09/01/2007

  • Se o agente solicita o indevido valor econmico para deixar de praticar determinado ato de ofcio, tal comportamento, por si s, j consuma a conduta tpica. A entrega da quantia, que envolveu um enredo policial com xerocpia da nota de papel moeda a ser entregue, como forma de colher prova de que o funcionrio pblico havia recebido a quantia, com isso gerando a situao de priso, nada mais foi do que prova do exaurimento de um delito j consumado. Inaplicvel a tese referente teoria da bagatela ou da insignificncia ao caso concreto, mesmo tratando-se de uma vantagem de R$ 10,00, uma vez no estarmos diante de crime patrimonial e sim contra a administrao pblica, devendo restar atentado que o bem jurdico protegido no o patrimnio, e a realmente haveria uma bagatela, mas a administrao pblica. A insignificncia que poder-se-ia admitir em tal delito nada mais seria do que os atos de "recebimento" de determinadas vantagens, de valor irrisrio, que por vezes ocorrem quando funcionrio so presenteados com bombons, canetas ou pequenas lembranas, mormente em datas comemorativas, mas nunca em atos de "solicitao" tal qual o caso em tela. Recurso conhecido, rejeitada a preliminar, e, no mrito, desprovido. APELACAO CRIMINAL 391/2007 ANGRA DOS REIS - SETIMA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. GILMAR AUGUSTO TEIXEIRA - Julg: 10/04/2007

  • "Habeas Corpus". Artigo 330 do CP. Prevaricao. Descumprimento reiterado de ordem judicial. Secretrio de Sade Municipal. Conduo a Delegacia de Polcia. Possibilidade. Inexistncia de constrangimento ilegal. Denegao da ordem. Deciso unnime. A ora paciente, na qualidade de Secretria de Sade do Municpio de Nova Iguau, vem reiteradamente descumprindo ordem judicial que determina a entrega de medicamentos a uma contribuinte daquela localidade. Aps todos os trmites e notificaes cabveis, sem que a ora paciente tivesse cumprido a ordem judicial, foi mesma intimada regularmente a cumpri-la sob pena de conduo a Delegacia Policial para o devido indiciamento pelo crime de prevaricao. O Enunciado nmero 08 publicado no D.O. de 19/10/2006 da E. Presidncia do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro, dispe: "Em caso de reiterado descumprimento de deciso judicial, caracterizando, em tese, o crime de prevaricao, dever a autoridade responsvel ser conduzida a Delegacia de Polcia para lavratura de termo circunstanciado". Destarte, inexiste ilegalidade, ou abuso de poder na deciso ora atacada, sendo certo que o Magistrado tem o dever de ofcio, de fazer valer as decises judiciais proferidas, bem como requisitar a autoridade policial a abertura de inqurito quando verifica a ocorrncia de qualquer infrao penal. HABEAS CORPUS 7763/2006 NOVA IGUACU - SETIMA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. ELIZABETH GREGORY - Julg: 09/01/2007

  • Apelao criminal. Artigo 313-A do Cdigo Penal. Provas suficientes comprovao do delito. Ru que, responsvel pelas alteraes na folha de pagamento da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, implantou em seu favor verba relativa gratificaes no concedidas, locupletando-se do valor total de R$ 14.800,00. Inadmissvel a pretenso do Apelante de desclassifcao do delito para o do arigo 345 do Cdigo Penal, eis que ausente o pressuposto essencial para a caracterizao do crime de "Exerccio Arbitrrio Das Prprias Razes", que a suposio pelo agente de que seu direito goza de proteo judicial; no sendo crvel que o Ru, at em razo de suas funes, acreditasse ter direito ao recebimento de verba no autorizada. Alterao dos dados feita paulatinamente, o que revela o intuito de no chamar a ateno para aumento da gratificao, demonstrando de forma clara o pleno conhecimento pelo Ru de que a sua pretenso era indevida. Correta a deciso "a quo", impondo-se a sua manuteno. Negado provimento ao recurso. APELACAO CRIMINAL 6567/2006 CAPITAL - QUARTA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. LEILA ALBUQUERQUE - Julg: 19/12/2006

  • Apelao. Crimes do art. 297, duas vezes, e 171 n/f do artigo 14, II, do Cdigo Penal. Falsificao de cpia no autenticada de documento pblico. Atipicidade. Absolvio. Artigo 386, III, C.P.P. Falsificao de documento pblico. Meio fraudulento para estelionato final. Absoro. Provimento parcial do recurso defensivo. Praticada a falsificao sobre xerocpia no autenticada de documento pblico, no se configura o crime do artigo 297, do C.P., uma vez que as fotocpias ou xrox no autenticados no podem ser considerados documentos, para fins penais, o que torna atpica a conduta. Procedida a falsificao de documento pblico como meio para a prtica de estelionato, este a absorve, considerando-se o finalismo da conduta, no podendo o objetivo visado ser dissociado da conduta pretrita, que integrou e instruiu, no elemento subjetivo. Recurso defensivo parcialmente provido. APELACAO CRIMINAL 100/2006 - Reg. em 23/06/2006 CAPITAL - QUARTA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. MARIA ZELIA PROCOPIO DA SILVA - Julg: 23/05/2006

  • Falso material. Colocao de fotografia prpria em documento de identidade de terceira pessoa. Prova firme da autoria. Delito configurado. Reprimenda bem medida. Sentena mantida. Demonstrado pela consistente prova judicial apurada que a apelante falsificou documento de identidade de terceira pessoa, colocando nele sua fotografia, para ser utilizado na prtica de estelionato, tem-se por acertada sua condenao no crime de falso material. Dosimetria penal corretamente mensurada. Improvimento do recurso. APELACAO CRIMINAL 1592/2005 - Reg. em 15/12/2005

  • Uso de documento falso, art. 304 do CP. Apelante que props ao perante a 3a. Vara de Famlia da Comarca de So Gonalo, postulando a declarao de nulidade do registro de nascimento do menor M. de S. C., alegando que no era seu filho. Apelante acostou laudo falso de investigao de paternidade por anlise de DNA, atravs do qual se exclua a possibilidade do mencionado parentesco. Autoria deflui de forma cristalina com base no depoimento do Diretor do Laboratrio da UERJ, bem como pelo laudo original juntado aos autos, que comprova que o apelante o pai biolgico do menor. Despicienda a alegao de que no ficou provado que o apelante tenha sido o autor da alterao no exame de DNA, eis que foi denunciado e condenado pela prtica de crime previsto no artigo 304 do CP - uso de documento falso. Assim, pouco importa quem fez a falsificao, sendo bastante a comprovao de que o apelante usou o referido documento.

    APELACAO CRIMINAL 1609/2005 - Reg. em 06/10/2005 SAO GONCALO - QUARTA CAMARA CRIMINAL - Unanime DES. GIZELDA LEITAO TEIXEIRA - Julg: 30/08/2005

  • Exploso - Extorso - Delitos caracterizados - Flagrante preparado - Inocorrncia - Figura privilegiada do delito de exploso reconhecida - Princpio da consuno - Inaplicabilidade - Pena - Correo - No h que se falar em flagrante preparado mas, sim, aguardado, quando a polcia, previamente informada, frustra a consumao do evento - O crime de extorso de natureza formal, e se consuma no momento do constrangimento, sendo o recebimento da vantagem mero exaurimento do delito. Dessa forma, tendo o acusado sido preso quando do recebimento da quantia exigida, ou seja, aps o momento consumativo, no h como dar guarida pretenso de ver reconhecida a modalidade tentada de referido delito - O crime tipificado no art. 251 do CP no figura como meio necessrio ou normal fase de execuo do crime de extorso, havendo, portanto, que se aplicar, no o princpio da consuno, mas as regras que regem o concurso material de crimes - Se a substncia utilizada pelo agente no dinamite ou explosivo de efeitos anlogos, e desde que seja de eficcia explosiva menor, como a plvora, o crime configurado no ser o descrito no ""caput"" do art. 251, mas o previsto em seu 1 - No sendo as circunstncias judiciais inteiramente favorveis ao ru, no obstante a sua primariedade, a pena no pode ser fixada no mnimo legal, mas tambm no muito distante dele.

  • RESISTNCIA - SIMPLES RELUTNCIA DO AGENTE - AUSNCIA DE GRAVE AMEAA OU VIOLNCIA CONTRA O POLICIAL QUE O PRENDEU - DELITO NO CONFIGURADO - No configura o ilcito penal de resistncia a simples relutncia do agente pretenso do policial em conduzi-lo priso, ainda que se oponha a ser algemado ou colocado na viatura de polcia, se debata ou esperneie, enfim, se agite, procurando se soltar. Por outro lado, h caracterizao de resistncia, quando o agente faz grave ameaa ou utiliza violncia contra o policial que o prende.

  • FALSA IDENTIDADE - MECANISMO DE AUTODEFESA. ATIPICIDADE DA CONDUTA - No configura a conduta tpica do art. 307 do Cdigo Penal, o fato de a pessoa indiciada se atribuir falsa identidade perante a autoridade policial, porque se trata, na verdade, de mecanismo de autodefesa, amparado, em ltima anlise, pelo direito constitucional de permanecer em silncio.

  • FURTO QUALIFICADO - ROMPIMENTO DE OBSTCULO - FORMAO DE QUADRILHA - CONCEITO - PROVA - CONFISSO EXTRAJUDICIAL - RETRATAO - IRRELEVNCIA - Uma das caractersticas do bando ou quadrilha a estabilidade ou permanncia da reunio com o fim de se cometer crimes, ainda que este conceito seja relativo e dependente, em regra, dos planos criminosos que a associao tem em vista. exatamente isto que a distingue da co-participao onde h a conjugao de esforos transitria ou momentaneamente para o cometimento de determinado crime. - A jurisprudncia j est sedimentada no sentido de que a confisso extrajudicial, embora retratada ou modificada posteriormente em juzo, tem o seu valor e serve como alicerce condenatrio, mxime quando encontra apoio nas provas colhidas. - Recursos conhecidos, provido o do Ministrio Pblico, prejudicado o da defesa.