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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Conjunto de normas procedimentais que determinam como agir tendo em vista um resultado. Regula a forma como o direito material deve ser aplicado pelos tribunais; autónomo do direito material respectivo. Direito instrumental face ao direito civil que atribui ao titular do direito a respectiva acção. Todo o processo civil é baseado no princípio da autoresponsabilidade das partes e é reflexo da autonomia de vontades. Diz o art. 1º CPC que a autotutela é proibida porque: - o recurso à força conduz ao primado da força sobre o direito; - o sistema de justiça privada não conduz à pacificação social sendo fonte de perturbação; - o sistema de justiça privada seria insuficiente para satisfazer certos direitos e necessidades. A autotutela só é admissível quando a tutela do Estado não chega: - direitos de resistência – art. 21º CRP; - legítima defesa – art. 337º CC; - acção directa – art. 336º CC; - estado de necessidade – art. 339º CC; - direito de retenção – art. 754º CC. Sem autotutela é o Estado que, com o monopólio da administração da justiça e da realização do direito, tem o dever de assegurar a defesa dos seus cidadãos. O Estado tem de respeitar 2 princípios fundamentais: - princípio da jurisdição administrar a justiça através dos tribunais que são órgãos independentes dos demais poderes do Estado e imparciais. - princípio do processo os tribunais devem administrar a justiça de acordo com um processo previamente definido por lei. Processo conjunto de normas jurídicas que disciplinam a administração da justiça até

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL1

DIREITO PROCESSUAL CIVILConjunto de normas procedimentais que determinam como agir tendo em vista umresultado. Regula a forma como o direito material deve ser aplicado pelos tribunais;autónomo do direito material respectivo. Direito instrumental face ao direito civil queatribui ao titular do direito a respectiva acção.Todo o processo civil é baseado no princípio da autoresponsabilidade das partes e éreflexo da autonomia de vontades.Diz o art. 1º CPC que a autotutela é proibida porque:- o recurso à força conduz ao primado da força sobre o direito;- o sistema de justiça privada não conduz à pacificação social sendo fonte deperturbação;- o sistema de justiça privada seria insuficiente para satisfazer certos direitos enecessidades.A autotutela só é admissível quando a tutela do Estado não chega:- direitos de resistência – art. 21º CRP;- legítima defesa – art. 337º CC;- acção directa – art. 336º CC;- estado de necessidade – art. 339º CC;- direito de retenção – art. 754º CC.Sem autotutela é o Estado que, com o monopólio da administração da justiça e darealização do direito, tem o dever de assegurar a defesa dos seus cidadãos.O Estado tem de respeitar 2 princípios fundamentais:- princípio da jurisdiçãoadministrar a justiça através dos tribunais que são órgãosindependentes dos demais poderes do Estado e imparciais.- princípio do processo os tribunais devem administrar a justiça de acordo com umprocesso previamente definido por lei.Processoconjunto de normas jurídicas que disciplinam a administração da justiça atéao momento em que o tribunal com uma sentença põe fim ao caso.Funções do processo civil:- função declarativaart. 4º CPC.- função executivaart. 4º CPC.- função cautelarmedidas necessárias para acautelar o efeito útil da acção dada anatural incapacidade da função declarativa e executiva devido à morosidade da acção.O art. 2º CPC prevê procedimentos cautelaresart. 381º a 427º CPC.

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O direito ao processo analisa-se a ele próprio numa série de princípios fundamentais:- princípio da igualdade das partes;- princípio do contraditório;- princípio da imediação;- princípio da livre apreciação das provas;- princípio da publicidade;- princípio da fundamentação da apreciação.DIREITO PROCESSUAL CIVIL2Características do direito processual civil:- direito públicoregula o exercício de uma função do Estado representada pelostribunais. Entre o Estado e as partes, estas aparecem numa posição de subordinação. Odireito processual civil serve um interesse público ao impedir o recurso à justiça privadae ao assegurar a segurança dos bens jurídicos.- direito instrumental ou adjectivoindicam o caminho que até se alcançar aresolução do conflito.O direito processual civil tem grande importância económica e social pois destadisciplina depende a consistência económica e social dos próprios direitos. Temtambém uma importância jurídica pois nele encontram-se critérios não materiais para aresolução de conflitos conferindo uma consistência jurídica.Todas as normas têm um prazo.Art. 297º CC- regras de conflito de prazos.2 formas temporais:- prescrição;- caducidade.Aplicação das leis processuais no tempo.As leis só regem para o futuro.A lei processual nova aplica-se só aos processos iniciados após a entrada emvigor.A lei processual nova aplica-se directamente mesmo aos processos pendentesà data da sua entrada em vigor.- leis sobre a competência dos tribunaislei nova que extinga um tribunaldeve aplicar-se imediatamente aos processos pendentes que devem serremetidos a outro tribunal (um tribunal que deixe de ser competente devedeclarar-se incompetente remetendo o processo para um tribunal competente;a lei nova aplica-se imediatamente quando a competência de um tribunal sealarga; mas não se aplica imediatamente a lei que retire competência a umtribunal que no início do processo a tinha.- leis sobre o rito ou formalismolei nova aplica-se imediatamente a todos osactos processuais; não poderá ser aplicado quando a diversidade deformalismos é tão grande que acarrecte a inutilização de procedimentos.- leis sobre as provasprazo de apresentação das provas é de 10 dias; se o

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prazo se iniciou na lei antiga as provas não ficam submetidas à lei nova.- leis sobre recursosse a nova lei afasta o recurso a decisão continua a serrecorrível quer o recurso já tenha sido interposto ou não; se a lei não permite orecurso e entra em vigor uma lei que o permite, M. Andrade diz que não seaplica e H. Esteves que se aplica imediatamente.DIREITO PROCESSUAL CIVIL3Organização judiciária portuguesa:- art. 202º CRPos tribunais são órgãos de soberania e administração da justiçaem nome do povo.- art. 203º CRPos tribunais são independentes.- art. 216º CRP + art. 126º e ss CPCos tribunais são imparciais (o juiz deve serrodeado de garantias da sua isenção na causa concreta).- princípio da irresponsabilidade – tribunais não podem ser responsabilizados peloerro.- princípio da inamobilidade – os processos não podem ser transferidos ou removidossenão nos casos previstos na lei.- princípio da dedicação exclusiva- princípio do autogoverno da magistraturanão compete ao governo nem à ARmas a um órgão assento na Constituição que é o Conselho Superior da Magistratura (art.218º CRP). Daqui saem as sanções disciplinares e asseguram o auto-governo damagistratura.Art. 209º CRP – a organização dos tribunais assenta em várias categorias de tribunais.- tribunal constitucional;- tribunal administrativo e fiscal;- tribunal de contas;- tribunais judiciais.Art. 209º, nº2 CRP - tribunais arbitrais e julgados de paz (instâncias vocacionadas pararesolução de litígios fora da orgânica dos tribunais).Os tribunais especiais afinal não o são, são antes de competência especializada.Os tribunais judiciais ou ordinários têm competência genérica ou residual.Todos são independentes e com a mesma dignidade judicial.Quadro dos tribunais de acordo com 3 princípios:1- Princípio da Hierarquiaart. 210º CRP; art. 16º LOFTJ- tribunais judiciais de 1ª instância- tribunais judiciais de 2ª instância/ relação- supremo tribunal de justiça

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É uma hierarquia funcional, aos tribunais superiores são dadas funções mais exigentesde fiscalizar os inferiores.2- Princípio da Matériapodem ser de competência:- genérica – art. 77º LOFTJ.- especializada - art. 78º e ss LOFTJ.3- Princípio do Territóriohá tribunais de comarca, de círculo, de distrito, nacionaise com outras e diferentes jurisdições de exercício.O país está dividido em 4 círculos judiciais: Lisboa, Coimbra, Porto e Évora.DIREITO PROCESSUAL CIVIL4Os tribunais de 1ª instância não têm todos a mesma estrutura, quer sejam decompetência generalizada ou especializada.- juízo de competência indiferenciadaestão capazes para julgar em todas asmatérias.- juízo de competência especializadao juíz tem capacidade para julgar emdeterminada matéria e só pode julgar nessa matéria.Vara mista = 2 juízos diferentesQuanto aos tribunais de competência especializada, os juízes são de competênciageneralizada dentro desta especialidade.O processo penal baseia-se no princípio da legalidadequalquer entidadepública que constate a prática de um crime deve dar a conhecer a actuação àsautoridades.O processo civil parte do princípio da oportunidade.MEIOS DE TUTELA: instrumentos processuais para aceder às providênciasjudiciárias adequadas à defesa e exercício dos direitos e interesses juridicamenteprotegidos (art. 4º CPC e art. 2º, nº2 CPC).- Acções declarativas e executivassão meios de tutela definitiva.- Providências cautelares ou procedimentos cautelaressão meios de tutelaprovisória que se destinam a acautelar a eficácia dos meios de tutela definitiva, têm umadependência da acção intentada ou já pendente ou a intentar.c Acções declarativaso autor quer que o tribunal declare a solução para o casoconcreto. O tribunal proferirá uma decisão em que declara a existência do direitoinvocado ou de certo facto.3 tipos (art. 4º, nº2 CPC):

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a) Acções de condenação são acções declarativas que se destinam a exigir aprestação de uma coisa ou de facto, positivo ou negativo, pressupondo a violação dodireito.Recorre-se à acção de condenação em situações de alegada violação do direito ou dealegado perigo de violação do direito ou quando a falta de um título executivo nomomento do vencimento da obrigação possa causar graves prejuízos.Pode-se recorrer a uma acção de condenação em que o direito não foi violado apenasestando em perigo de ser violado.O perigo pode ser:- presumido ( art. 472º, nº1 CPC)DIREITO PROCESSUAL CIVIL5- real [futuras] (art. 472º, nº2 CPC)o autor terá de provar que há um perigo real deviolação.Há quem defenda que o autor possa pedir a condenação “in futuro” (art. 662º CPC),desde que pague os honorários do réu e os custos do processo.Há outros autores que defendem que só realmente quando existir uma violação ouperigo de violação é que pode obter uma condenação imediata “in futuro”. E isto poruma razão de economia processual (art. 4º, nº2 última parte + art. 662º CPC)assim,se alguém afirma que o seu direito foi violado e, no fim do processo, se verifique queainda não o foi, o juiz pode por essa mesma razão de economia processual condenar “infuturo”.Em relação à acção de condenação “in futuro” há casos em que se aceita este tipo decondenação (art. 472º, nº2 CPC), casos onde há contestação do próprio direito e hácasos onde a doutrina diverge (art. 662º).Podem-se encontrar acções de condenação no âmbito dos direitos reais, obrigações,família e sucessões.A acção de condenação é um dos principais títulos executivos. Se uma sentençacondenar o devedor a realizar uma prestação e ele não cumprir o credor pode lançarmão de uma outra acção executiva.

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Efeitos da sentença condenatória:- transito em julgadotorna-se imodificável, obriga as partes e os outros órgãos doEstado.- efeito executivonumerus clausus (art. 46º CPC), serve para fundamentar as acçõesexecutivas e através delas o Estado pode ofender o direito de propriedade.b) Acções constitutivas acções declarativas em que o autor pretende uma mudançana ordem jurídica existente.O autor quer obter a produção de um efeito jurídico novo ou modificar ou extinguir umarelação jurídica já existente.O novo efeito jurídico pretendido não depende da vontade do réu e por isso não érequerida a condenação mas depende da decisão do tribunal que a proferirá desde queestejam verificados os pressupostos. O efeito jurídico nasce directamente da decisãojudicial.As acções constitutivas são ajustadas ao exercício dos direitos potestativos.Certos direitos potestativos podem ser exercidos pela simples declaração unilateral doseu titular, não sendo necessários para estes as acções constitutivas.Outros direitos potestativos não necessitam de uma acção constitutiva.Outros direitos potestativos ainda só podem ser exercidos pelo tribunal.As acções constitutivas podem ser:- sentido estrito- extintivas- modificativasNão são susceptíveis de execução porque o objectivo é a criação de um direito.DIREITO PROCESSUAL CIVIL6Efeitos da sentença constitutiva:- efeito de caso julgado- efeito executivoà 1ª vista não existe; porque o fim primordial a que a sentença sepropõe não precisa de ser executivo.c) Acção de simples apreciaçãoautor pretende a declaração judicial da existência ounão de uma relação jurídica ou de um facto com força de caso julgado.

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Na base desta acção está uma situação de incerteza resultante do facto do direito ter sidocolocado em questão. A incerteza lançada sobre o direito afecta a consistência prática eeconómica desse direito.Qualquer direito pode ser, em princípio, objecto de uma acção de simples apreciação:- direitos absolutos;- direitos obrigacionais.Há direitos que não podem ser objecto de uma acção de simples apreciação porque sãodireitos potestativos que podem ser exercidos através de acções constitutivas.Os pressupostos da acção de simples apreciação são:- a incerteza que tem de ser objectiva;- grave.Estas acções podem ser:- positivas – quando o autor pretende que o tribunal declare a existência de um direitoou de um facto.- negativas – quando o autor requer que seja declarado que o direito não existe ou quedeterminado facto não ocorreu.A sentença da acção de simples apreciação não é exequível porque o fim último dasentença cumpre-se na própria declaração.Efeitos da acção de simples apreciação:- caso julgado;- não tem efeito executivo porque é de simples apreciação.d Acções executivas tribunal adopta medidas de reparação efectiva do dano.Pressupõem que o direito esteja definido e declarado numa acção declarativa e que nãofoi respeitado.A acção executiva baseia-se num título executivo que é condição necessária da acçãoexecutiva (art. 45º e 46º CPC).Na acção executiva os meios legítimos são os meios de coação sobre o património e nãosobre a pessoa do devedor.Finalidade da acção executiva:- art. 45º, nº2 - pode ser para pagamento de uma quantia certa ou para entrega de coisacerta ou para prestação de um facto.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL7- a realização coerciva das providências destinadas à efectiva reparação do direitoviolado.Procedimentos cautelares / providências cautelarestorna-se necessário obter acomposição dos conflitos de uma forma provisória e rápida para evitar que a demoranatural de uma acção propriamente dita ponha em perigo a tutela do direito.Art. 2º CPC, art. 381º CPC a art. 427º CPC.Através das providências cautelares pretende-se evitar os eventuais prejuízosprovenientes do tempo que demora o decurso normal da acção.Art. 381º CPC - destina-se a efectivar o direito ameaçado; o decretamento pelo juiz nãopode ficar dependente dos requisitos da acção principal.Destina-se a evitar o periculum in mora (prejuízo da demora inevitável num processoprevisto no art. 2º CPC).Características dos procedimentos cautelares:- 1- Carência de autonomiaos procedimentos são sempre dependentes de uma causae têm por objecto o direito acautelado (art. 383º, nº1). O procedimento cautelar pode serrequerido antes da propositura da acção principal devendo ser apensado ao processo daacção principal logo que esta seja intentada (art. 383º, nº2). Se a providência surgir nodecorrer da acção principal deve ser instaurada no tribunal onde decorre a 1ª (art. 383º,nº3). [art. 389º]- 2- A acção principal é autónoma da providência cautelare a decisão doprocedimento cautelar não influi no raciocínio decisório do juiz na apreciação da acçãodefinitiva nem veda a instauração desta.- 3- urgênciafica provada pelos arts. 385º, nº1, 382º, nº1 e 382º, nº2.- 4- carácter provisório só duram enquanto não for proferida a decisão final.- 5- carácter perfunctório dada a urgência o juiz deve contentar-se com umaprobabilidade séria da existência do direito não carecendo da prova do direito, art. 387º,nº1.- 6- princípio do contraditório art. 3º, nº1 CPC mas que tem como excepção o art.

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3º, nº2 CPC que visa os procedimentos cautelares.- 7- a prova com o requerimento deve anunciar-se o rol de testemunhas e outrosmeios de prova (art. 384º, nº1). Deve-se respeitar o artigo no caso do requerido nãodever ser ouvido antes do decretamento da providência.- 8- princípio da efectividade art. 384º, nº2 a lei permite sempre a fixação de umasanção pecuniária compulsória com vista a garantir a observância pelo requerido daprovidência decretada. Incorrerá em responsabilidade penal pelo crime de desobediênciaqualificada quem não cumprir a providência cautelar (art. 391º).Podem ser:- providências cautelares conservatóriasdestinam-se a manter a situação de factoexistente, garantem a eficácia da execução da sentença final;- providências cautelares antecipatóriastêm em vista antecipar um ou vários efeitosda providência definitiva, obter julgamento preliminar sobre o litígio.Podem ser:DIREITO PROCESSUAL CIVIL8- providências cautelares geraissó se à situação concreta não se puderem aplicar asprovidências cautelares especificadas.Providências cautelares não especificadasa acção principal é uma causa que tenhapor fundamento o direito acautelado (art. 383º, nº1). pressupostos:- lesão grave antes da decisão de mérito ou na sua pendência (art. 381º, nº1);- dificuldade da reparação (art. 381º, nº1);- probabilidade séria da existência do direito (art. 387º, nº1);- subsidariedade (art. 381º, nº3);- prejuízo resultante da providência não deve exceder o dano que com ela se quer evitar(art.387º, nº2);- fundado receio (art. 387º, nº1).princípio do contraditório: o tribunal ouvirá o réu salvo se a audiência puser em causao fim ou a eficácia da providência – art. 385º, nº1, 2, 3.efeitos:c autorização para a prática de determinados factosd intimação para que o demandado se abstenha de certa condutae entrega de bens móveis ou imóveis que são objecto da acção de um terceiro seu fieldepositário.Providências cautelares especificadasart. 393º a art. 427º. Nas situações típicas que

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carecem de tutela cautelar.--- restituição provisória da posse art. 1279º CC e art. 393º e ss CPC; a acçãoprincipal é a acção de restituição definitiva da posse.Os pressupostos são 3 cumulativos ( + o do art. 1282º CC):- posse requerente tem que alegar e provar que se encontrava na posse da coisa daqual foi esbulhado.- esbulho privação da posse da coisa; caso o esbulho não seja violento aplicar-se-áuma providência cautelar não especificada (art. 395º).- violência física como moral.princípio do contraditório (art. 394º): neste procedimento não é respeitado pois aprovidência é decretada sem citação nem audiência do esbulhado.efeitos (art. 393º e art. 395º): dá-se a restituição provisória da posse através dapassagem de um mandato de restituição provisória da posse. Tem simultaneamentenatureza declarativa e executiva.O Prof. Alberto dos Reis refere que a restituição provisória da posse não érigorosamente uma providência cautelar porque lhe falta a característica do periculum inmora.O valor do procedimento cautelar é determinado pelo valor da coisa esbulhada (art.313º, nº3, b).--- Suspensão de deliberações sociais art. 396º a 398º; a acção principal é uma acçãoque tem como objecto o pedido de anulação das deliberações sociais com base na suailegalidade ou anti-estatutariedade.pressupostos (art. 396º, nº2):- só pode ser requerida por um sócio no prazo de 10 dias contados (art. 396º, nº3).DIREITO PROCESSUAL CIVIL9- que justifique a sua qualidade de sócio.- que demonstre que essa execução pode causar dano apreciável.Neste procedimento respeita-se o princípio do contraditório pois a pessoa colectivademandada é citada para contestar o pedido provisório de suspensão em 1ª instância(art. 397º, nº3).Quanto aos efeitos (art. 397º), temos a suspensão da execução de deliberações sociais oque tem uma feição marcadamente declarativa pois o requerente visa a obtenção de umasentença que condene a pessoa colectiva a abster-se de executar determinada

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deliberação social.Se a providência cautelar não for cumprida o requerente poderá executar a sentençacautelar lançando mão da competente acção executiva.O valor do procedimento cautelar é determinado pela importância do dano (art. 313º,nº3, c).--- alimentos provisórios art. 399º a 402º CPC e art. 2007º CC; a acção principal (art.399º, nº1) é uma acção em que se peça a condenação do réu ao pagamento de alimentosdefinitivos.Pressupostos:- a probabilidade do direito aos alimentos;- fundado receio no momento da propositura da acção ou na sua dependência da lesãograve e dificilmente reparável a esse direito.princípio do contraditório: o requerido é chamado a comparecer pessoalmente naaudiência e aí apresentar a contestação (art. 400º).efeitos (art. 399º, 401º, nº1 CPC e art. 2007º CC): o requerente recebe a título provisórioaté à decisão da acção principal uma verba mensal certa essencial para o seu sustento,habitação e vestuário.É um procedimento de natureza declarativa pois o demandante visa a obtenção de umacondenação do requerido ao pagamento de determinada verba mensal a título dealimentos provisórios.Se o demandado não cumprir a providência cautelar o demandante poderá desencadear acorrespondente acção executiva.Quando o alimentado é menor, pode o tribunal fixar os alimentos provisórios ainda quenão tenham sido requeridos por quem legalmente o representa. É uma excepção ao art.3º.Os alimentos provisórios são devidos a partir do 1º dia do mês subsequente à data dadedução do respectivo pedido (art. 401º, nº1).Os alimentos definitivos são devidos desde a propositura da acção (art. 2006º CC).Não há lugar em caso algum à restituição dos alimentos provisórios recebidos (art.2007º, nº2 CC).Procura-se evitar que o receio de restituição obrigatória leve a que o necessitado deixede pedir os alimentos provisórios. Sendo a pensão de alimentos destinada ao consumo énatural que o alimentado não tivesse possibilidade de efectuar qualquer devolução da

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importância recebida.O valor do procedimento cautelar é determinado pelo valor da mensalidade pedidamultiplicada por 12 (art. 313º, nº3, a).DIREITO PROCESSUAL CIVIL10--- arbitragem de reparação provisória (arbitramento)art. 403º a 405º CPC e art.495º, nº3 CC.A acção principal (art. 403º, nº1) é uma acção de indemnização fundada em morte oulesão corporal ou ainda (art. 403º, nº4) uma acção de indemnização em que o danopossa pôr seriamente em causa o sustento ou habitação do lesado.Pressupostos (art. 403º, nº2):- situação de necessidade em consequência dos danos sofridos;- os indícios da existência de uma obrigação de indemnizar;- o requerente pode ser o lesado ou os titulares do direito (art. 495º, nº3 CC).princípio do contraditório (art. 400º): o requerido será ouvido salvo se o juiz entenderque se porá em causa a finalidade ou eficácia da providência.Quanto aos efeitos, temos a condenação ao pagamento de uma quantia certa sob a formade renda mensal (art. 403º, nº1) fixada equitativamente pelo tribunal (art. 403º, nº3) e,no caso de incumprimento, seguir-se-á imediatamente a execução da decisão nos termosda execução por alimentos (art. 404º, nº2).--- Arresto art. 406 a 411º CPC e art. 619º e ss CC.Pode surgir como um acto preparatório e preventivo da acção de dívida, ou o incidenteda acção de dívida, ou ainda um acto preparatório ou incidente na execução se o credorestá munido do título de crédito quando o justo receio ocorre.Pressupostos:- fundado receio da perda da garantia patrimonial (art. 406º, nº1 e 407º, nº1).- a probabilidade da existência de um crédito – art. 407º, nº1.- relacionamento de bens que devem ser apreendidos – art. 407º, nº1 – caso sejapossível.princípio do contraditório (art. 408º, nº1): no caso de se pretender um efeito surpresa oarresto é decretado sem audiência da parte contrária.Efeitos: apreensão judicial dos bens à qual são aplicáveis as disposições relativas àpenhora em tudo quanto o que vem estabelecido nos arts 406º a 411º CPC.Procedimento com características declarativas e executivas pois o requerente visa não

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só obter uma sentença que ordene o arresto mas também uma efectivação imediata dasentença que se traduz na apreensão material dos bens.O facto pode ser:- incumprimento pelo devedor de outras obrigações;- abandono de uma empresa por parte do empresário.Para garantir eficácia, pode a apreensão ser de bens que foram previamente transmitidospor 3ºs. É sem audição do requerido.Art. 408º, nº1 – O arresto é dependente de uma acção declarativa de condenação e deseguida de uma acção executiva para o pagamento de uma quantia certa.O demandante é forçosamente o provável credor do demandado.--- Embargo de obra nova art. 412º a 420º CPC; a acção principal (art. 412º) é umaacção que tem por objecto o direito acautelado ofendido por obra, trabalho ou serviçonovo que causa ou ameaça causar prejuízo ao seu titular.Pressupostos:- existência de uma ofensa para um direito de propriedade;- existência de uma ofensa resultante de uma obra, trabalho ou serviço novo;- o prejuízo ou ameaça de prejuízo;- o respeito de um prazo de 30 dias a contar do conhecimento do facto lesivo.DIREITO PROCESSUAL CIVIL11princípio do contraditório (art.385º e 392º): o juiz decide se quer ouvir ou não odemandado. A audição do requerido dependerá de cada caso concreto, do estado daobra, do seu volume, do tempo que ela possa previsivelmente demorar e outroselementos que o juiz veja como essenciais.Efeitos: suspensão imediata da obra nova (art. 412º, nº1 in fine e art. 418º) até que aacção definitiva se assegure da ilicitude ou licitude da obra.Pode o embargante requerer que a parte inovada seja destruída. E se o embargadocondenado a destruir a inovação abusiva o não fizer o embargante pode recorrer àexecução para prestação de facto regulado nos arts 933º e ss CPC.Este embargo é uma providência cautelar declarativa, mas pode ter uma fase executivase o requerido não cumprir a prestação de facto negativa a que foi provisoriamentecondenado (art. 420º, nº1).O embargo pode ser:- judicial o tribunal embarga a suspensão dos trabalhos.- extrajudicialé realizado pelo próprio interessado, art. 412º CPC. Para isso notifica

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verbalmente o dono da obra e suspende os trabalhos o que se justifica pela urgência quepode o embargo exigir. Deverá ser requerida nos 5 dias seguintes a ratificação dessemesmo embargo.--- Arrolamento art. 421º a 427º; a acção principal pode ser qualquer uma desde quese verifiquem os seus pressupostos (art. 421º, 422º, 423º):- a probabilidade séria da titularidade do direito relativo a bens imóveis ou móveis ou adocumentos;- fundado receio de extravio ou dissipação ou ocultação desses bens móveis ou imóveis.princípio do contraditório (art. 385º e art. 392º): o demandado será ouvido, salvo se secomprometer a finalidade da diligência, isto é, o princípio é respeitado consoante aaudição do demandado ponha ou não em causa o efeito pretendido pelo demandante.Quanto aos efeitos (art. 424º e ss), o arrolamento consiste na apreensão (por depósito),descrição e avaliação dos bens sobre que incide. O juiz no despacho que ordena aprovidência cautelar, nomeará logo o depositário e um avaliador (art. 423º, nº2).No auto devem descrever os bens em verba numerados – art. 424º.Esta é uma providência cautelar que tem uma fase inicial declarativa (que consiste naobtenção de uma sentença que ordene o arrolamento) e uma fase executiva (que consistena apreensão material e efectiva dos bens).O demandante não é credor mas sim qualquer pessoa que tem interesse na conservaçãodos bens ou documentos.Procedimento cautelar: é o meio processual que a lei prevê para a decisão provisória.Para que possa prosseguir os seus objectivosé fundamental que o processo sejacélere.É o conjunto de actos com formalidades próprias com prazos e com interligaçõesfuncionais entre os actos. É um procedimento simples e célere para reduzir ao mínimoos actos processuais da secretaria e tribunal; procura-se reduzir formalismos, encurtarprazos e encurtar as conexões das várias áreas.

Providências cautelaressão as medidas que o procedimento cautelar vai proferir;visam evitar a produção de prejuízos causados pela demora da acção principal.DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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12PROCESSAMENTO1º Requerimento inicialpara que os tribunais sejam estimulados deve descrever asituação de facto, apresentar as provas e as testemunhas.O requerente termina o requerimento por formular a sua pretensão.Nos procedimentos cautelares a citação do requerido depende do prévio despacho noart. 234º, 4, b.O juiz tem oportunidade de, em vez de ordenar a citação, indeferir liminarmente apetição quando o pedido seja manifestamente improcedente ou ocorram de formaevidente excepções dilatórias insanáveis que o juiz deva conhecer oficiosamente – art.234º- A, 1.O indeferimento liminar é um julgamento antecipado acerca do mérito. Justifica-sequando “ a improcedência da pretensão for tão evidente que se torne inútil qualquerinstrução e discussão posterior.O tribunal não está vinculado a decretar a medida cautelar concretamente requerida,podendo antes decretar a providência cautelar que julgue mais adequada ao casoconcretoexcepção ao princípio dispositivo do art. 661º.O tribunal só pode servir-se de factos articulados pelas partes, sem prejuízo daconsideração dos factos instrumentais que resultem da instrução e discussão da causa –art. 664ºcumulação de providências do art. 392º, 3, parte finalprincípio daeconomia processual.Com a petição, oferecerá o requerente prova sumária do direito ameaçado e justificará oreceio da lesão – art. 384º, nº1. É subsidiariamente aplicável aos procedimentoscautelares o disposto no art. 302º a 304º e 384º, nº3.Na petição inicial deve o requerente oferecer o rol de testemunhas e requerer os outrosmeios de prova – art. 303º, nº1.2º Procedimento – é decretado sem ser ouvida a outra parte (art. 303º) ou mesmo queouça a outra parte esta tem o prazo de 10 dias e o julgamento é marcado para 2 ou 3 diasdepois.O requerente não poderá arrolar mais de 8 testemunhas e não poderá produzir mais de 3sobre cada facto – art. 304º, nº1. Poderá contestar, no prazo de 10 dias, podendorequerer outros meios de prova.

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Devem ser gravados os depoimentos quando os procedimentos cautelares admitamrecurso ordinário e tal pretensão tenha sido deduzida no requerimento inicial ou naoposição (art. 304º nºs 3 e 4).Os depoimentos prestados antecipadamente ou por carta são gravados ou registados –art. 304º, nº2.São sempre gravados os depoimentos prestados quando o requerido não haja sidoouvido antes de ordenada a providência cautelar – art. 386º, nº4.3º Finda a produção da prova – o juiz declara quais os factos que julga provados enão provados, analisando criticamente as provas e especificando os fundamentos queforam decisivos para a convicção do julgador – art. 304º, nº2 e 653º.A providência cautelar pode ser recusada quando o prejuízo resultante para o requeridoexceda consideravelmente o dano que com ela o requerente pretende evitar – art. 387º,nº2.DIREITO PROCESSUAL CIVIL13PROCESSOS (460º CPC)Processos especiais (art. 460º, nº2) – aplica-se aos casos expressamente designados nalei; não seguem todos o mesmo modelo.�Processo comum – é aplicável a todos os casos a que não corresponda o processoespecial.- processo declaratórioalcançar do poder judicial a declaração da vontade da lei nocaso em apreço. O autor pede ao tribunal que declare a solução para o caso que ésubmetido à sua apreciação.- processo executivotem-se em vista a realização dessa vontade da lei.Tal como no processo declaratório, a iniciativa do processo executivo tem de partir dequem tem interesse em ver cumprida a condenação proferida no domínio daqueleprocesso.Estando em causa interesses particulares, é a parte vencedora na acção de condenaçãoque terá de propor a acção executiva de acordo com o princípio dispositivo.Nem sempre o processo declaratório é seguido de um processo executivo.Se a acção declaratória foi julgada improcedente ou o réu foi absolvido da instância, é

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evidente que não se seguirá processo executivo.Nas acções de simples apreciação e nas acções constitutivas também ao processodeclaratório se não segue o processo executivo.Nas acções de simples apreciação, não tendo sido pedida a condenação do réu não seseguirá acção executiva.Nem sempre o processo executivo foi precedido de um processo declaratório. Para quepossa ser instaurada execução é essencial que exista um título executivo – art. 46º.O processo comum cabe a todas as acções para as quais a lei não especifica nenhumprocesso especial – art. 460º CPC.Quanto às formas de processo, o processo comum pode ser (art. 461º CPC):- Ordinárioart. 462º, 1ª parte; se o valor da causa exceder a alçada da relação;- Sumáriose não exceder o valor da alçada da relação, excepto se não ultrapassar ovalor fixado para a alçada do tribunal de comarca e a acção se destinar ao cumprimentode obrigações pecuniárias, à indemnização por dano e à entrega de coisas móveisporque, nestes casos, não havendo processo especial, o processo adequado é osumaríssimo – art. 462º, 2ª e 3ª parte;- Sumaríssimoo valor da acção não seja superior à alçada do tribunal de comarca eesteja em causa o cumprimento de obrigações pecuniárias, a indemnização por dano oua entrega de coisas móveis e não haja processo especial adequado.Processo sumário – art. 463º, nº1É regido pelas disposições próprias e pelas disposições gerais de todos os processos.DIREITO PROCESSUAL CIVIL14Quanto ao valor processual da acção:As causas podem ter um valor processual ou tributário que está regulado no diplomaespecial – art. 305º, nº3 CPC.O valor processual da causa é relevante para efeitos de recurso e determinação dotribunal competente.O valor é determinado pelo critério geral em que o valor da causa determina-se pelautilidade económica e imediata do pedido.Nos casos previstos no art. 312º o valor da causa é sempre superior à alçada da relaçãohavendo sempre recurso para o supremo tribunal de justiça.Alçada do tribunal – valor dentro do qual o tribunal decide a título definitivo sem que

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seja possível recurso.Da comarca pode-se impor recurso para a relação (art. 24º LOTFJ).Os tribunais portugueses estão organizados em tribunais judiciais e comuns e emtribunais especiais.Tribunais comuns:1. 1ª instância2. Relação3. SupremoO autor interpõe a acção no Tribunal deComarca, existindo certos casos emque se interpõe a acção directamentepara o tribunal da relação ou para oSTJ.A alçada é o valor até ao qual o tribunaldecide sem possibilidade de recursoordinário nos termos da LOFTJ (art.676º e ss CPC).PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE DIREITO PROCESSUAL CIVILPrincípio Dispositivo1. Impulso processual inicial – art. 3º e art. 264º CPC.A iniciativa da propositura da acção ou procedimento cautelar pertence sempre àparte.O juiz não pode promover a tutela judiciária ou obrigar a parte a requere-la, isto porqueo direito processual civil trata da tutela de direitos subjectivos que estão nadisponibilidade do titular.Nos casos de substituição processual, a iniciativa processual pertence a 3ºs. Nestescasos, para além do titular do direito há outras pessoas interessadas no exercício dessedireito.O princípio é a expressão processual da liberdade contratual que resulta da autonomiaprivada, no que se refere aos direitos disponíveis.É uma forma de garantir a imparcialidade dos tribunais e a objectividade do julgador.STJRelação14963,94¼1ª Instância3740,98 ¼DIREITO PROCESSUAL CIVIL152. Definição do objecto do processo – art. 661º (excepção ao princípio dispositivo), art.668º, art. 467º.

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É o titular do direito que tem o poder de definir o objecto do processo ou seja o âmbitoda tutela judiciária.O tribunal não pode condenar em quantia superior à que foi pedida pelo autor e otribunal não pode condenar em pedido diferente do que o autor solicita e no caso dorecurso o tribunal só pode debruçar-se sobre os pontos que o requerente assinala – art.684º- A.3. Fim do processo – a parte à qual compete o início do processo também compete adecisão sobre o fim do processo.As partes podem unilateralmente ou por acordo pôr fim ao processo ou determinar oconteúdo da sentença. Só existe nos direitos disponíveis, onde as partes possam dispordo próprio direito.- desistência da instância – autor, mesmo depois de desistir, pode propor nova acçãopara exercer o mesmo direito e com os mesmos fundamentos – art. 295º. A desistênciada instância só devia ser disponível até à citação do réu.Havendo desistência da instância o juiz não se pronuncia sobre a questão.- desistência do pedido – autor declara ao Tribunal que não tem o direito a que searroga.O autor faz extinguir o direito material – art. 293º e 295º.O juiz não pode interferir nem impedir o autor de desistir do pedido, pode unicamenteverificar se o direito é indispensável (art. 299º) e se as partes são ou não legítimas.- confissão do pedido – o réu pode confessar o pedido ficando o direito do autor certo eo juiz condenará de acordo com a confissão - art. 293º.Nas acções de divórcio, porque são direitos indisponíveis, não é possível o réu confessaro pedido – art. 299º.- transacção – as partes podem pôr fim ao processo através de um contrato – art. 293º,nº2.A transacção é o acordo de vontades pelo qual o autor cede parte da sua pretensão e oréu parte da sua defesa pondo-se então fim ao litígio que exista entre ambos.Mesmo nos direitos disponíveis, quando alguém intervém por um 3º, não pode desistirdo processo porque o direito não é dele.Quanto aos direitos indisponíveis não é permitida a transacção.

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A forma normal da relação processual terminar consiste na sentença que diz quem temrazão.Princípio da discussãoSó às partes cabe a função de levar ao processo os elementos factuais constitutivos dasituação factual jurídica relevante que é o objecto do processo – art. 664º CPC.Em princípio o juiz não poderá levar ao processo qualquer elemento de facto. Os factossão levados pelas partes ao processo através de documentos escritos.Os factos não são todos do mesmo tipo – art. 264º, nº2:- factos principais e essenciaisintegram a hipótese normativa da norma jurídicainvocada pelo autor ou o réu em seu benefício;- factos instrumentaissão-no em relação aos 1ºs; têm uma função probatória.DIREITO PROCESSUAL CIVIL16O princípio dispositivo só se refere a factos essenciais. Os factos instrumentais nãocaem neste princípio. O juiz só pode basear as suas conclusões em factos principais mastambém em factos instrumentais mesmo que não alegados pelas partes.Apesar de valer para direitos disponíveis e para direitos indisponíveis, conheceexcepções:- art. 514º CPC em relação aos factos notórios porque são do conhecimento geral ouporque são do conhecimento oficial do juiz.- art. 665º CPC o juiz está vinculado aos factos alegados pelas partes para efeitos deimpedir que as partes se sirvam do processo para fins contrários à lei, ou seja, paraimpedir a simulação processual.Art. 264º, nº3- visa evitar que uma ou várias testemunhas venham deitar por terra todo ojulgamentoo juiz pode e deve ter em conta outros factos essenciais.A inércia/ negligência das partes pode ser corrigida pelo juiz – art. 508º/A, nº1,cque tem o dever de convidar a parte a corrigir a sua alegação quandoachar que as alegações são insuficientes ou imparciais.Fundamento do princípioresulta de razões de oportunidade e de economiaprocessual.Há quem entenda que estas justificações não são completas pois não justificam que ojuiz não possa ajudar as partes levando ele próprio factos ao juízo o que se fará pelolado da objectividade e imparcialidade do julgamento.O juiz está vinculado aos factos apresentados pelas partes mas nunca está vinculado às

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considerações jurídicas, sendo inteiramente livre de qualificar a situação afastando asconsiderações jurídicas das partes.É às partes que compete definir quais os elementos do facto que carecem de prova e istoporque só precisam da prova factos controvertidos entre o autor e o réu.Os factos assentes por confissão ou acordo expresso ou tácito não carecem de provamesmo que o juiz esteja convencido da falsidade dos mesmos. Excepções:- as partes estiverem de acordo sobre factos notoriamente falsos;- se se tratassem de factos para os quais a lei exige prova documental;- se se tratarem de factos respeitantes a relações jurídicas indisponíveis – art. 485º, c, d;art. 511º, nº1.Às partes assiste o direito fundamental de requerer e produzir em tribunal os meios deprova legalmente admitidos de acordo com as formalidades legais prescritas na leiprocessual.O juiz “ex officio” leva a juízo os meios de prova para descoberta da realidade dosfactos - art. 265, nº3arts 519º, 535º, 572º, 578º, 579º, 612º, 552º, 568º, 589º, 490º,480º.O único limite que o tribunal tem é a prova testemunhal, em que o juiz não pode tomar ainiciativa de chamar uma pessoa para depor se essa não estiver incluída no rol detestemunhas a não ser que se verifique a hipótese do art. 645º.Princípio do contraditórioNenhuma decisão judicial deve ser proferida sem previamente se dar a cada uma daspartes em termos processualmente admissíveis e exequíveis a oportunidade de levar aojuízo os elementos de facto e as considerações jurídicas que julgarem relevantes para aDIREITO PROCESSUAL CIVIL17defesa da sua pretensão ou sustentação da sua defesa e também a oportunidade de sepronunciarem sobre qualquer acto da outra parte – art. 3º, nº2 CPC.É um dos princípios basilares que se impõe ao legislador. Torna a disputa processualdigna e justa e vale em qualquer fase do processo e seja qual for a matéria.Excepção: constituída por providências cautelares em que por vezes e por razõesespeciais se prescinde.

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Fundamento: decorre do imperativo que se coloca a qualquer processo de obter umadecisão justa; também o princípio da igualdade das partes e o respeito pela dignidade dapessoa humana são apontados como fundamentos.Na fase de instrução, o princípio assume outras manifestações.Como se garante:1. Direito à informação sobre as alegações e atitudes processuais da outra parte. Noprocesso existem meios de comunicação (citação e notificação). Cada um deles éregulado pormenorizadamente. Só na fase inicial é que o tribunal entra como o órgãonotificante.Art. 176º e sscomunicação dos actos processuais.2. A cada uma das partes seja atribuído um direito a um prazo razoável para oprincípio.Art. 486º CPC30 dias para o réu contestar na ausência de um prazo especial. O prazoé de 10 dias no mínimo – art. 137º a 153º; se for violado está a ser também violado oprincípio.Princípio da eventualidade ou preclusãoSe os factos não forem praticados na fase correspondente, as partes perdem o direito deos exercer – art. 489º CPC.Este princípio está consagrado em 2 domínios:- dedução dos factos constitutivos do direito de autor;- defesa do demandante.Há 2 formas possíveis para organizar o processo civil:- deixar às partes total liberdade de escolherem as alegações assim como prepará-laspermitia ao réu escolher a oportunidade da sua defesa mas os factos fundamentaisreservavam-se para a parte final.- princípio da preclusãoera na petição inicial que se alegavam todos os factosconstitutivos da causa do pedido, senão aplicavam-se os arts. 272º e 273º, queestabelecem substanciais restrições à alteração do pedido.Art. 489º, nº1se o réu não o fez na contestação ... já não o pode fazer noutromomento.Hoje em dia só se utiliza o princípio da preclusão.

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A pessoa que tem o ónus tem que tomar certo comportamento, senão terá que arrecadarcom as consequências da omissão.Quando estamos a falar do princípio falamos das alegações de factos.DIREITO PROCESSUAL CIVIL18E aqui há um ónus de alegar para que o juiz possa tomar em conta porque, casocontrário, como o juiz não pode levar factos novos ao processo pode, por falta de factos,proceder a uma decisão que pode ser prejudicial para uma das partes ou simplesmentenão proceder.O princípio da preclusão pode também ser denominado princípio da eventualidade,porque a necessidade do réu na contestação alegar toda a defesa obriga o réu a alegar aseventuais deduções.Este princípio tem limites naturais; o réu não é obrigado aos princípios da defesasubjectivamente e objectivamente dedutíveis – art. 489º, nº2 CPC.Princípio do inquisitório ou investigatórioO juiz, no final do processo, deve pronunciar na sentença qual a parte que tem razão e,para tal, é necessário reconstituir o facto.Art. 265º CPCA prova testemunhal é muito falível.As partes têm todo o direito de requerer os meios de prova mas o juiz também tem opoder de averiguar a verdade material sobre os factos constitutivos.Incumbe ao juiz realizar ou ordenar, mesmo que oficiosamente, que se apure a verdadedos factos alegados pelas partes e efectuar as diligências necessárias para que issoaconteça.Este princípio está reiterado para cada um dos meios de prova – art. 535º CPC.Este princípio tem limitações.funcionais: o juiz está funcionalmente limitado nas suas funções decorrentes do excessode trabalho e do princípio da imparcialidade e objectividade.Limitações de natureza processual que decorrem:- do ónus da contestação e da impugnação.- do princípio da legalidade, quanto à aquisição, produção e solução dos meios de prova.- da existência dos meios de prova com força probatória legal.

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- que as partes convencionalmente ou unilateralmente delimitem os factos a investigar.- do ónus da prova.Princípio da livre apreciação das provasO juiz vai ter de exprimir um juízo que representa a realidade da situação concretadepois de ter notificado e ouvido todas as testemunhas (juízo probatório).O juiz constrói a sua convicção probatória através de um pensamento objectivo,material, atípico ou concreto em face do mérito concreto de cada um dos meios deprova. O juiz valorará a testemunha de acordo com a forma como esta depor.Hoje o princípio geral é o da livre apreciação da prova com limitações.O juiz forma a sua convicção através de 2 sistemas:- sistema da livre apreciação da prova.DIREITO PROCESSUAL CIVIL19- sistema da prova legaljuiz forma a sua convicção através de influênciasprobatórias, previstas na lei, de forma geral e abstracta em relação a cada um dos meiosde prova.CC já defendeu que era facto verdadeiro aquele que era referido por 3 ou maistestemunhas. Este sistema tem o valor fixado na lei.O princípio da livre apreciação da prova não sofre qualquer limitação. Não há hoje nonosso sistema vestígios da prova legal no caso da prova testemunhal.- prova periciala força probatória é fixada livremente pelo tribunal. Os peritosafirmam um juízo 100% válido, enquanto que a ciência está constantemente a ser postaem causa.- depoimento da parte declaração sobre os factos da causa. O valor é o que estáprevisto neste artigo.- confissão há várias modalidades de confissão mas com valor e força probatórialegal diferentes; a confissão obriga o juiz a agir de determinada forma. Se o autor nãoconfessar e mais tarde vier a confessar, pode ser considerado litigante de má fé estandosujeito ao pagamento de uma multa como ainda indemnizar a outra parte.A confissão vincula o juiz. Mesmo que seja uma confissão judicial escrita tem força

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probatória plena mesmo que o juiz tenha a certeza que aquela confissão era falsa.- prova por inspecçãoo juiz fá-lo quando a percepção dos factos não recorra aaspectos especiais porque aí iria recorrer a peritos.- presunções judiciais:- legaisvalor fixado na lei; impera o princípio da prova legal;- naturaisde facto ou judiciais; são as regras da experiência.PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS RELATIVOS AO TRIBUNALTribunal(art. 1º LOFTJ) é o órgão de soberania com a competência para administrara justiça em nome do povo.Função jurisdicional (art. 2º da LOFTJ) função desempenhada pelos tribunais noexercício do poder judicial, tendo o monopólio do exercício dessa função.Características:- independência: (art.s 3º e 4º da LOFTJ) sujeição única à lei. A independência é obtidamediante a existência de um órgão privativo de gestão e da disciplina (ConselhoSuperior da Magistratura); também a inamobilidade dos juízes bem como avitaliciedade e a irresponsabilidade são base da independência dos juízes.- imparcialidade: o juiz, nas suas relações com as partes, não favorece nenhuma. Asgarantias de imparcialidade são previstas – art. 122º a 136º CPC.Classificação dos tribunais judiciais pelo critério da matéria em causa:- de competência genérica- de competência especializada (art.78º LOFTJ):- cíveis;- criminais;DIREITO PROCESSUAL CIVIL20- de instrução criminal;- de menores;- de trabalho;- de execução de penas;- marítimos.- de competência específica (art. 69º CPC):- varas cíveis e varas criminaisprocesso ordinário;- juízos cíveis e juízos criminaisprocesso sumário;- de pequena instância e das pequenas causasprocesso sumaríssimo.Outra classificação (art. 68º CPC) :- colectivos: 3 juízes (um presidente e 2 assessores);- colectivos de júri: tribunal colectivo e jurados, só existe no processocriminal.- singulares: 1 juiz.Competência internacional:

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Quando o caso está ligado a duas ou mais ordens judiciárias, só os respectivos tribunaispodem invocar competência internacional para conhecer a questão.Mesmo assim, pode ocorrer um conflito. Há assim um conflito positivo ou um conflitonegativo de competência.Segundo o art. 65º CPC, os tribunais portugueses são competentes se se verificar umdos quatro princípios atributivos da competência internacional:- Princípio da coincidência – art. 65º, nº1, ba acção deve ser proposta em Portugal,segundo as regras de competência territorial estabelecidas pela lei portuguesa.Se as regras de competência territorial interna devidamente adaptadas a um casointernacional ditam que a acção deve ser proposta em Portugal então os tribunaisportugueses são competentes internacionalização dos arts 73º a 89º.- Princípio da causalidade – art. 65º, nº1, cé competente o tribunal português setiver sido praticado no território português o facto que serve de causa de pedir a acção.A causa de pedir pode ser simples quando se localiza num único facto ou complexaquando se integra em vários factos jurídicos concretos. Se a causa de pedir forcomplexa, basta que um dos factos se verifique em Portugal desde que sejasuficientemente relevante. Esta posição não é unânime mas é seguida no curso.Causa de pedido simples – facto jurídico único;Causa de pedido complexo – conjunto de factos.- Princípio da necessidade – art. 65º, nº1, d tribunal português é competente quandoo direito não possa tornar-se efectivo se não por meio da acção proposta em tribunalportuguês mas desde que entre a acção a propor e o território português exista qualquerelemento de conexão pessoal e real.2 pressupostos:- acção não se pode propor em nenhum outro país;- acção tenha um elemento de ligação em Portugal.DIREITO PROCESSUAL CIVIL21- Princípio do domicílio do réusempre que o réu esteja domiciliado em Portugal otribunal competente é o português. A excepção existe porque nas acções relativas adireitos sobre imóveis a nossa lei reclama competência exclusiva.Princípio da vontade das partes (princípio da consensualidade) – art. 99º CPC

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competência internacional pode ser determinada contratualmente. O autor e o réu fazemum acordo de competência internacional obedecendo às exigências formais previstas noart. 100º e desde que nenhum daqueles casos em que a competência dos tribunais éexclusiva.Estes acordos podem ser:- pactos atributivos de competênciapartes atribuem competência internacional aum tribunal português em casos em que o tribunal português seria incompetente.- pactos privativos de competênciapartes atribuem a competência a um tribunalestrangeiro em casos em que o tribunal português seria competente.Em relação aos pactos atributivos, a lei não estabelece limites a não ser de forma masquanto aos pactos privativos a lei só os admite quando a competência dos tribunaisportugueses não seja exclusiva.A competência dos tribunais portugueses é exclusiva (art. 65º/A):- nas acções relativas a direitos reais sobre imóveis situados em território português;- na declaração de falência ou insolvência de pessoas colectivas com sede em territórioportuguês.Competência internaDefinida em função de vários critérios:- em razão do território – art. 73º a 89º, sendo do art. 85º a regra geral.- em razão da hierarquia por regra uma acção é proposta no tribunal de 1ªinstância. Existem no entanto excepções constituídas essencialmente pelas acções contramagistrados.A execução de uma sentença do tribunal estrangeiro é proposta na relação, a não ser queseja um país que tenha assinado a Convenção de Bruxelas.- em razão da matéria existem tribunais de competência genérica, tribunais decompetência especializada e de competência específica.- em razão da forma do processonão existe limitação de competência em razão dovalor e isto até à criação de julgados de paz.A cada uma destas classificações da competência corresponde a respectivaincompetência:- relativa;- absoluta.Se o tribunal não for competente há absolvição da instância ou a remessa do processo

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para o tribunal competente dependendo da causa da incompetência.Incompetência absoluta: há incompetência absoluta dos tribunais quando há violaçãode regras de competência internacional ou violação de regras de competência interna emrazão da matéria ou da hierarquia (art. 101º).DIREITO PROCESSUAL CIVIL22A incompetência absoluta é do conhecimento oficioso do tribunalé uma excepçãodilatória – art. 494º.Mesmo que nenhuma das partes suscite a questão o tribunal é obrigado a fazê-lo – art.102º.A incompetência absoluta pode ser suscitada por qualquer das partes, mesmo pelo autortendo sido ele o causador dessa incompetência.A incompetência absoluta deve ser conhecida em qualquer momento do processoenquanto não houve sentença com trânsito em julgado mesmo que não tenham passado5 dias pois com uma sentença finda o poder jurisdicional do tribunal sobre a causa, sósendo lícito ao tribunal rectificar erros materiais.A incompetência absoluta tem como efeito a absolvição da instância. Isto é, o juiz nãodecide sobre o mérito da culpa porque falta um pressuposto processual. Esta decisão nãofaz caso julgado material pois o autor pode voltar a propor a acção no tribunalcompetente.Se a incompetência absoluta for conhecida antes do despacho liminar haveráindeferimento liminar.Incompetência relativa: existe incompetência relativa quando há violação das regrasde competência interna em razão do território e do processo – art. 108º- ou há violaçãoda forma do processo aplicável. Também quando se desrespeita um pacto privativo.Em princípio, terá de ser suscitada pelo réu no prazo da contestação – art. 109º.O juiz não pode, em regra, conhecer oficiosamente a incompetência relativa.excepções: nas acções reais relativas a efectivar responsabilidade civil por factos ilícitosnos processos de falência – art. 109º, nº2.

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Nessas situações dá-se o poder ao juiz de conhecer oficiosamente a incompetênciarelativa pois caso contrário certos tribunais ficavam sobrecarregados com acções quenão eram da sua competência.O efeito da incompetência relativa é a remessa do processo para o tribunal competentenão sendo uma excepção dilatória propriamente dita.Competência interna em razão da matéria – art. 66º CPCOs tribunais judiciais de1ª instância são, consoante a matéria das causas que lhes são atribuídas, tribunais decompetência genérica e tribunais de competência especializada.--- art. 67º CPC + art. 77º, 1 LOFTJ – os tribunais de competência genérica julgamtodas as causas que não hajam de ser instauradas nos tribunais de competênciaespecializada; os tribunais de competência genérica têm uma competência residual.--- art. 78º LOFT – os tribunais de competência especializada são:- tribunais de instrução criminal – art. 79º LOFTJ- tribunais de família – art.s 81º e 82º LOFTJ- tribunais de menores – art. 83º LOFTJ- tribunais de trabalho – art. 85º e 86º LOFTJ- tribunais de comércio – art. 89º LOFTJ- tribunais marítimos – art. 90º LOFTJ- tribunais de execução da pena – art. 91º LOFTJDIREITO PROCESSUAL CIVIL23Competência interna em razão da hierarquia – art. 19º, a LOFTJArt. 16º, 1 LOFTJhátribunais de 1ª e 2ª instâncias eSTJ.Art. 210º, 1 CRP, art. 72º CPCe art. 19º, nº2 LOFTJ:- STJ – conhece os recursosinterpostos de decisõesproferidas pelas relações e dasmatérias proferidas nos arts 33ºe ss LOFTJ.- Relação – compete-lhesconhecer os recursosinterpostos de decisõesproferidas pelos tribunais de 1ªinstância e das restantesmatérias indicadas nos arts 55ºe 56º LOFTJ.- 1ª instância – é neste tribunalque se instauram as acções.

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Competência interna em razão do valor e da forma do processoÉ pelo valor da causa e pela forma de processo aplicável que se determina acompetência dos tribunais colectivos e dos singulares – art. 106º e 104º, nº2 LOFTJ art. 68º CPC.Art. 106º, b LOFTJaos tribunais colectivos compete julgar as questões de facto nasacções de valor superior à alçada dos tribunais da relação.Art. 104º, nº2 LOFTJos tribunais singulares têm competência para os processos emque não intervenha o tribunal colectivo.Consequências:- nas acções sumárias e sumaríssimas, porque os seus valores nunca excedem a alçadada 2ª instância, são sempre instauradas e julgadas em tribunal singular.- art. 106º, b LOFTJ – nas acções ordinárias, atento o seu valor, o julgamento emmatéria de facto compete ao tribunal colectivo. Todavia, atenta a ressalva constante daparte final da referida alínea e o disposto no art. 646º, nº1 CPC, nestas acções aintervenção do colectivo depende do requerimento nesse sentido.Relativamente à competência em razão da forma do processo, o art. 69º CPC atendeaos tribunais de competência genérica enumerados no art. 96º LOFTJ.Importa destacar:- varas cíveis: tribunais de estrutura colectiva que têm competência para preparar ejulgar as acções declarativas cíveis de valor superior à alçada do tribunal da relação epara acções executivas fundadas a título extrajudicial cujo valor exceda a referidaalçada.STJRecurso darelação+33º e ss LOFTJRelaçãoRecursos de 1ª Instância+55º e 56º LOTFJ1ª InstânciaInstauram-se acçõesDIREITO PROCESSUAL CIVIL24- juízos cíveis: tribunais de estrutura singular que têm competência para preparar e

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julgar os processos cíveis não atribuídos às varas cíveis nem aos juízos de pequenainstância cível – art.99º LOFTJ.- juízos de pequena instância cível: são tribunais de estrutura singular que têmcompetência para preparar e julgar acções sumaríssimas e acções especiais não previstasno CPC cuja decisão não seja passível de recurso ordinário – art. 101º LOFTJ.Competência interna em razão do território – art. 15º, nº1 LOFTJ (território divideseem distritos judiciais, círculos judiciais e comarcas)Art. 21º, nº1 LOFTJo STJ exerce a sua jurisdição em todo o território nacional, asrelações do respectivo distrito judicial e os tribunais de 1ª instância na área dascorrespondentes circunscrições geográficas.Há 4 distritos judiciais: Coimbra, Évora, Lisboa e Porto.Cada distrito divide-se em círculos judiciais os quais abrangem a área de uma ou devárias comarcas – art. 66º, nº1 LOFTJ – estando a sua discriminação feitarespectivamente nos mapas II e III anexos ao Regulamento da LOFTJ.Art. 21º, nº3 LOFTJ e art. 63º CPC + art. 73º a 95º CPCa lei de processo que fixa osfactores que determinam em cada caso o tribunal territorial competente.Os factores podem ser:- foro real – art. 73º CPC;- foro obrigacional – art. 74º, nºs 1 e 2 CPC;- foro do autor – art. 75º CPC;- foro convencional – art. 76º, nº1 CPC;- foro hereditário – art. 77º CPC;- foro empresarial – art. 82º CPC;- foro geral – art. 85º CPC;- foro executivo – art. 90º, nº1 e 3 CPC + art. 94º, nº1 CPC.A consideração da comodidade das partes depreende-se do foro do autor (art. 75º),obrigacional (art. 74º, nº1), geral (art. 85º), convencional (art. 100º).A preocupação da proximidade do tribunal aos elementos essenciais da causa motivou oforo real (art. 73º), o foro obrigacional emergente da responsabilidade civilextracontratual (art. 74, nº 2), o foro empresarial (art. 82º) e parte do foro executivo (art.90º, nº1 e 94º, nº 2).Para saber o tribunal competente:1- verificar se os tribunais portugueses têm competência internacional.2- é preciso atender à espécie da acção a instaurar considerando o pedido, o valor da

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causa e a forma do processo.3- ter em conta os factores atributivos da competência interna territorial.Verificada qual a comarca em cuja área a acção deve ser instaurada, importará saberquais os tribunais de 1ª instância que aí exercem jurisdição. Se houver tribunal deDIREITO PROCESSUAL CIVIL25competência especializada será ele o tribunal materialmente competente. Não existindoa acção deve ser intentada no tribunal de competência genérica que aí exerça jurisdição.Só não será assim se na área existirem tribunais de competência específica, os quaisserão competentes de acordo com as regras fixadas nos arts 97º, 99º e 101º LOFTJ.Art. 64º CPC – as alterações legais dos critérios reguladores de competênciarepercutem-se nos processos pendentes devendo por via disso tais processos seremremetidos para o tribunal que a nova lei considerou competente.PRESSUPOSTOS PROCESSUAISQualquer acção só cumpre a sua finalidade quando o juiz se pronuncia, condenando oréu ou absolvendo-o.Apesar do juiz estar obrigado a decidir, muitas vezes abstém-se de conhecer a questãopor falta de pressupostos processuais.aqueles requisitos mínimos de que depende o dever do juiz proferir uma decisão sobre apretensão material deduzida em juízo pelo autor.Não são elementos constitutivos da existência de um processo.Um processo constitui-se com a propositura da acção e, mesmo que lhe falte algum dospressupostos processuais, a acção existe pelo que o juiz é obrigado a pôr-lhe termoatravés de uma decisão em que se abstém de decidir sobre o fundo da questão.À falta de pressuposto processual a lei dá o nome de excepção dilatória.Excepção dilatóriarequisitos do processo que impedem que naquele processo odireito do autor seja avaliado. São factos de natureza processual que impedem o juiz dese pronunciar sobre a questão – art. 487º CPC, 493º, nº2 CPC.Excepção peremptóriasituam-se na validade, são contra o autor. O réu faz extinguiro direito do autor – art. 494º CPC.Pressupostos processuais:

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- relativos ao tribunal se o tribunal for incompetente não tem que julgar a acção.- relativos às partes personalidade judiciária – art. 5º a 8º CPC; capacidadejudiciária – art. 9º a 17º CPC; legitimidade – art. 26º a 29º CPC; patrocínio judiciário –art. 32º a 44º.- relativos ao objecto litispendência – art. 497º e 498º; caso julgado – art. 497º e498º; inexistência de nulidade de todo o processo - art. 494º.- fiscais pagamento do preparo inicial por parte do autor.Os pressupostos processuais podem ser:- positivosaqueles cuja verificação é essencial para que o juiz conheça o mérito dacausa: personalidade judiciária, capacidade judiciária, legitimidade, interesseprocessual, competência do tribunal e patrocínio judiciário.- negativoaqueles cuja verificação obsta a que o juiz aprecie o mérito da acção. Sãoeles: litispendência e existência de um compromisso arbitral.DIREITO PROCESSUAL CIVIL26A maioria dos pressupostos é de conhecimento oficioso do tribunal.Regime jurídico dos pressupostos processuaisConhecimento oficioso – art. 495ºpara alguns pressupostos a iniciativa é do juiz queconduz ao conhecimento mas para outros é necessário que as partes requeiram talconhecimento.há excepções dilatórias cujo conhecimento não é da competência oficiosa do tribunal:1- Preterição do tribunal arbitral voluntária2- Incompetência relativa em razão do territóriomas nem toda porque o decorrido doart. 111º CPC é do conhecimento oficioso do tribunal.3- Falta de pagamento de custas de parte.princípio da eventualidade ou da preclusãoo juiz deve conhecer os pressupostosprocessuais a todo o tempo, em qualquer fase do processo.Em certas fases processuais específicas o juiz tem de saber se os pressupostosprocessuais existem ou não:- fase liminar – art. 474º;- fase do despacho saneador – art. 510º;- fase da sentença – art. 660º.Como excepções a este requisito temos os pressupostos processuais cuja falta não podeser conhecida pelo juiz a todo o tempo, nomeadamente:

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- incompetência materialviolação da competência só pode ser conhecidaoficiosamente até ser proferido despacho saneador ou, na falta deste, até ao início daaudiência de discussão ao julgamento.- preterição do tribunal arbitral voluntária o juiz só pode conhecer até ao despachosaneador.- falta de pagamento de custas de partesó sobre pedido do réu até ao despachosaneador.- legitimidade quando afirmada em declaração genérica constante do despachosaneador.A falta de certos pressupostos pode ser sanada.A falta de competência do tribunal não pode ser sanada mas a falta de capacidadejudiciária é sanada mediante representação.Se perante a petição inicial for manifesta a falta de pressupostos processuais há oindeferimento liminar – art. 474º, nº1, b e art. 467º.No caso de não ser manifesta ou o juiz não se aperceber pode depois haver absolviçãoda instância no despacho saneador ou ainda na sentença.Qual o efeito da falta de precedência lógica se esta não for sanável?O juiz deve pôr termo ao processo com fundamento de falta de precedência, segundodecisão de absolvição da instância.Nem sempre se dá a absolvição da instância. Há excepções:DIREITO PROCESSUAL CIVIL27- na falta de patrocínio judiciário obrigatório do lado passivo: a falta de constituição deadvogado por parte do réu não leva à absolvição da instância.Como os actos que valem são os subscritos por advogado, os seus actos não valem efica sem efeito a defesa – art. 33º CPC.- incapacidade judiciária, irregularidade de representação passivas.- incompetência relativa a não ser da que se trata da violação do pacto de privação dejurisdição – art. 111º, nº3 – não dá origem à absolvição da instância mas ao envio doprocesso para o tribunal competente.- art. 288º, nº3 – há pressupostos processuais que se destinam a defender os interessesde uma das partes. Se no momento em que o tribunal está a verificar a falta depressupostos processuais e há uma decisão de mérito ao autor.A falta de pressupostos processuais pode conduzir:

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- ao indeferimento liminar;- à absolvição da instância;- à remessa do processo para o tribunal competente.As partes são pessoas pelas quais e contra as quais em nome próprio é solicitada a tutelajudiciária. As partes são titulares da relação jurídico- processual, pelo que se adopta umconceito formal da partes.- processo declarativo: autor e réu; demandante e demandado.- processo executivo: exequente e executado.- processo incidental: requerente e requerido.O processo civil pressupõe 2 partes aplicando-se o princípio da dualidade das partes.Pode existir uma pluralidade de partes de qualquer ou de ambos os lados.O fenómeno da pluralidade de partes reveste várias modalidades o litisconsórcio em quevárias pessoas partilham a mesma sorte ou fracasso (art. 27º e 28º) e que podem terorigem necessária (art. 28º), voluntária (27º) ou ainda a coligação (art. 30º e 31º).Estatuto das partes- parte principalestatuto processual é autónomo de qualquer outro;- parte acessóriaestatuto e gestão processual subordinam-se à parte principal.O estatuto das partes adquire-se:- através da propositura da acção – art. 467ºa acção propõe-se na secretaria dotribunal; uma vez proposta, a instância deve manter-se a mesma mas no decurso doprocesso são admitidos terceiros como partes no processo quer do lado do autor quer dolado do réu.- por intervenção principal de terceiros em que há ou uma nomeação da acção (art. 320ºa 324º) ou um chamamento à autoria (art. 330º a 333º) ou um chamamento à demanda(art. 325º a 329º).- oposição a terceiros – art. 342º CPC.- intervenção principalpode ser espontânea ou provocada (art. 320º e 325º).- intervenção acessóriatem uma posição processual subordinada à parte principal (art.335º e ss). Esta intervenção interna faz-se porque tem interesse jurídico que a partevença a acção, porque há-de derivar um interesse jurídico para a parte acessória cujorecurso está pendente do sucesso da acção proposta em tribunal pelo titular principal.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL28Princípio da igualdade das partesTem a função de fomentar a igualdade real do processo. São as desigualdadeseconómicas. Para ajudar existe apoio judiciário que se destina a evitar que ainsuficiência económica do cidadão possa transformar-se numa inacessibilidade àjustiçaisenção de custas; patrocínio oficioso.Quem tem direito ao patrocínio é aquele que não tem rendimento superior aorendimento mínimo.Princípio da dualidade das partesSalvo o processo civil que não seja de jurisdição voluntária, o processo pressupõe aexistência de 2 partes, em princípio autor e réu.No entanto, pode dar-se uma situação de pluralidade das partes que pode ser de 2 tipos:- litisconsórcio – art. 27º e 28º:- voluntário- necessário: legal; natural; contratual.- coligação:- pluralidade inicial;- pluralidade sucessiva.PERSONALIDADE JUDICIÁRIASusceptibilidade de ser parte. Têm personalidade judiciária todos os dotados depersonalidade jurídica.Verifica-se a este respeito o princípio da absoluta coincidência entre a personalidadejurídica e a personalidade judiciária em 2 sentidos:- todo aquele que tem personalidade jurídica tem personalidade judiciária;- só aquele que tem personalidade jurídica tem personalidade judiciária.excepções (art. 6º CPC):- herança jacente- sucursais, agências, filiais ou delegações de pessoas colectivas em que a falta depersonalidade pode ser sanada mediante a intervenção ou substituição feita pelaadministração principal – art. 7º e 8º CPC- pessoas colectivas e sociedades irregulares- condomínio resultante da propriedade horizontal- naviosapesar de não terem personalidade jurídica.O que está no art. 6º não é taxativo porque qualquer entidade a quem sejam imputadosdo ponto de vista material direitos e obrigações tem personalidade judiciária. Ao

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fazerem-lhe esta imputação têm de lhe conceder o direito de ser parte e de se defender.A personalidade judiciária é um pressuposto processual e a sua falta origina umaexcepção dilatória – art. 494º, nº1, c È em face de uma excepção dilatória o juiz deveabster-se de conhecer o mérito da causa. Se a falta de personalidade judiciária forDIREITO PROCESSUAL CIVIL29manifesta na fase inicial do processo (petição inicial), o juiz proferirá uma decisão deindeferimento liminar.Na fase intermédia (despacho saneador) ou final (sentença) há lugar à absolvição dainstância – art. 288º, nº1, c.Nos pressupostos processuais estão em causa interesses públicos respeitantes à boaadministração da justiça, sendo nulo qualquer acordo expresso ou tácito das partes sobrea sua exigência.CAPACIDADE JUDICIÁRIAArt. 9º CPC – a capacidade judiciária é o lado processual da capacidade jurídica, ouseja, a susceptibilidade de exercer em nome próprio direitos e obrigações.Requer primeiro que saibamos qual o direito em litígio e depois interroguemos o direitomaterial para saber qual o direito material.Assim, nos casos em que existe uma incapacidade jurídica existe também umaincapacidade judiciária.A forma de suprir a incapacidade judiciária é a representação – art. 10º. O art. 13º referealgumas soluções nomeadamente:- menoresrepresentados por ambos os pais;- interditosrepresentados pelos respectivos representantes;- inabilitadosassistidos por um curador; no caso dos inabilitados não terem ser-lhes-ánomeado um nos termos do art. 11º.A falta de capacidade é um vício processual suprível. O juiz, oficiosamente ou arequerimento das partes, deve fixar um prazo dentro do qual o vício haja de ser sanado –art. 24º.Para regularizar a situação deve-se citar os representantes ou os verdadeiros

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representantes legais (art. 23º).É necessário que o representante legal intervenha e ratifique os actos processuaispraticados pelo incapaz ou pelo representante irregular.Caso o representante legal intervenha e ratifique o processo isto sana os vícios – art.23º, nº2 CPC.Caso o representante legal não intervenha ou intervenha mas não ratifique, no processoocorre (se for do lado do autor) uma incapacidade ou uma representação irregularactiva, ficando sem efeito toda a acção e havendo uma excepção dilatória (art. 494º,nº1, c). O juiz porá termo ao processo através da decisão de absolvição da instância (art.288º, nº1, c).Pode também ocorrer (se for do lado do réu) uma incapacidade ou apresentaçãoirregular passiva, ficando sem efeito o processo.O representante legítimo do incapaz fica possibilitado de repetir todos os actosprocessuais até aí praticados – art. 23º, nº2.DIREITO PROCESSUAL CIVIL30Quanto ao regime jurídico do pressuposto processual, os poderes de reconhecimento dojuiz têm de ser feitos dentro de uma determinada fase senão o vício fica sanado.Verificando o juiz que uma das partes é incapaz ou mal representada deve regularizar ainstância (art. 24º, nºs 1 e 2 CPC); deve ordenar que se repita a citação do réu na pessoado representante com o objectivo de ratificar os actos praticados pelo representado oupara praticar de novo os actos processuais praticados pelo incapaz e com os quais elesnão concordam.A incapacidade do réu nunca gera a absolvição da instância porque a regularização dainstância é sempre possível. Do lado do autor não são citados mas sim notificados.O representante legal do incapaz ou acha que a acção deve ser proposta ou não. Se sim ératificada. Se não quiser propor a acção ou não naquele momento há absolvição dainstância – art. 23º, nºs 2 e 4 CPC.

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O juiz deve abster-se de conhecer o pedido e absolver o réu da instância de acordo como art. 288º, nºs 1 e 2.A incapacidade judiciária nunca obsta a uma decisão de mérito favorável ao incapaz. Aincapacidade judiciária destina-se a proteger interesses do incapaz contra uma decisãoque lhe seja desfavorável.A representação judiciária das pessoas colectivas é feita pelo Ministério Público a nãoser que a lei permita outro tipo de representação – art. 20º CPC.A herança jacente e patrimónios autónomos são representados pela administração erepresentantes.O regime jurídico das irregularidades da representação judiciária é o mesmo dacapacidade judiciária.PATROCÍNIO JUDICIÁRIONecessidade das partes estarem representadas em juízo através de advogados – art. 32º a44º CPC.2 fundamentos:- a gestão processual reclama conhecimentos de técnica processual que os litigantes nãopossuem e que só os profissionais de foro têm;- por razões de natureza psicológica pois as partes não são as pessoas mais indicadaspara colaborarem na decisão judicial (ninguém é bom adversário em causa própria).Dada a insignificância de alguns casos coloca-se a questão de saber se será sempreexigido o patrocínio judiciário.A lei adopta uma solução de compromisso pois permite às partes praticarem elaspróprias os actos processuais nas situações em que pelo seu diminuto valor económiconão justificam o recurso a um advogado.É obrigatória a constituição de advogado (art. 32º):DIREITO PROCESSUAL CIVIL31- nas causas de competência de tribunais com alçada em que seja admissível recursoordinário (nas causas que tiverem um valor igual ou inferior a 2500¼ não é admitidorecurso não sendo obrigatório constituir advogado).- nas causas em que seja sempre admitido recurso.- nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores.Como se constitui advogado?

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Um advogado é constituído por um contrato de mandato que se trata de um mandatoforense.No mandato judicial (diferente de mandato civil), as partes não têm liberdade para fixaro conteúdo do mandato, nem podem limitar o seu conteúdo.Art. 36º e 37º CPCconteúdo e alcance do mandato.Um advogado com um mandato geral para representar todos os actos processuais emqualquer instância, só não pode praticar 4 actos processuais:- confissão;- transigir;- desistir do pedido;- desistir da instância.Para praticar este 4 actos carece de uma procuração com poderes especiais – art. 37º,nº2.A constituição de advogado pode suceder:- através de documento escrito, na forma de procuração – acto unilateral constante deum documento particular autenticado ou autêntico – art. 35º, a).- por declaração verbal nomeando ao escrivão do processo o advogado – art. 35º, b).Quanto ao regime da revogação ou renúncia do mandato, esta deve ser requerida noprocesso – art. 39º; a todo o tempo.O mandatário pode renunciar ao mandato.Estes actos devem ser comunicados ao juiz e notificados respectivamente ao mandatárioou ao mandante e à outra parte. A renúncia só produz efeitos a partir da data em que seconstitui novo mandatário mas isto com um limite de um certo prazo.O patrocínio judiciário é um pressuposto processual cuja falta é de conhecimentooficioso e pode ser arguida pelas partes – art. 40º, nº1:- falta de constituição de advogado – art. 33ºse chegar às mãos do juiz uma petiçãoinicial assinada pelo autor mas não subscrita pelo advogado, o juiz deve proferirdespacho e notificar o autor para, no prazo onstituir advogado, se o autor o constitui oprocesso continua, se não o juiz absolve o réu da instância.Se chegar às mãos do juiz uma contestação assinada pelo réu mas não pelo advogado eo réu constitui advogado nesse prazo o vício fica sanado. Se não o juiz não absolve ainstância mas fica sem efeito a defesa.- falta ou insuficiência ou irregularidade do mandato – art. 40ºo juiz marca um

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prazo dentro do qual deve ser corrigido o vício. O advogado deve juntar à procuraçãouma declaração material em que ratifica aquilo que foi feito.Se dentro desse prazo a parte fizer estas 2 coisas a situação fica regularizada.Se o autor não cumprir e não corrigir o vício, fica sem efeito tudo o que foi praticadopelo mandatário, há absolvição da instância e o mandatário é obrigado a pagar as custase prejuízos. No caso de ser réu o que não corrija o vício a defesa fica sem efeito.DIREITO PROCESSUAL CIVIL32Em casos de urgência (art. 41º), a lei permite o exercício do patrocínio judiciário comogestão de negócios, devendo o advogado alegar os factos que justificam a suaintervenção a título de gestor de negócios e a parte deve ratificar a gestão. Casocontrário, os actos praticados pelo gestor consideram-se não praticados e o gestor écondenado nas custas que provocou e indemnização por dano causado.No caso de insuficiência económica existe o instituto do apoio judiciário pelo qual oEstado pode custear a nomeação de advogado.No caso de não encontrar na comarca quem aceite voluntariamente o seu patrocínio, aparte pode pedir a nomeação oficiosa de advogado – art. 43º.Quem pode apresentar a parte em juízo:- advogados;- estagiários;- solicitadores.O patrocínio pode ser:- obrigatório;- facultativo.O advogado pode fazer-se assistir por um engenheiro, médico,... – art. 42º CPC.LEGITIMIDADE PROCESSUALPode ser:- singularpela qual se exige que as partes sejam as partes interessadas no litígio;- pluralpela qual se exige que estejam todas as partes interessadas no litígio.Legitimidade singularExige que as parte sejam as partes interessadas no litígio.O autor é o titular do direito e que o réu é o sujeito da obrigação considerando que odireito e a obrigação na verdade existam.art. 26º, nº1autor é a parte legítima quando tem interesse directo em demandar e oréu é a parte legítima quando tem interesse directo em contradizer.

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Sendo as 2 partes legítimas, a decisão terá efeito útil ficando a causa definitivamentejulgada.art. 26º, nº2interesse em demandar se exprime pela utilidade derivada da procedênciada acção e o interesse em contradizer pelo prejuízo que dessa procedência advenha.art. 26º, nº3existe um critério subsidiário para determinar o interesse directo emdemandar e em contradizer. Há interesse directo se o autor e o réu forem as partes darelação material controvertida tal como é configurada pelo autor.DIREITO PROCESSUAL CIVIL33Se no decurso da acção se chegar à conclusão de que as partes não celebraram ocontrato ou que este foi celebrado por outras pessoas há uma querela doutrinal:- Barbosa de Magalhãesconclusão é irrelevante do ponto de vista da legitimidadeprocessual pois as partes continuam legítimas havendo é uma absolvição do pedido caso julgado material.- Alberto dos Reispartes são ilegítimas logo há uma absolvição da instância casojulgado formal.Esta diferença doutrinal tem implicações ao nível do recurso e ao nível do caso julgadopois na posição de Barbosa de Magalhães existe um caso julgado material mas naposição de Alberto dos Reis existe um caso julgado formal.No caso de haver absolvição do pedido o autor não poderá interpor novamente a mesmaacção (recurso de apelação) mas havendo a absolvição da instância o autor pode voltar ainterpor a mesma acção com os mesmos fundamentos para exercer o mesmo direito(recurso de agravo).Hoje em dia já não se põe em causa saber qual a tese correcta porque o legisladordefende Barbosa de Magalhães.A ilegitimidade evidenciar-se-á naqueles casos em que se verificar divergência entre aspessoas identificadas pelo autor e as que realmente foram chamadas a juízo.

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A legitimidade singular não é suprível e como estamos perante uma excepção dilatória –art. 494º, nº1, e – há absolvição da instância nos termos do art. 288º, nº1, d.O art. 26º CPC é a regra geral. No entanto existem 3 grupos de excepções:--- a lei atribui a legitimidade a um terceiro:- art. 271º CPC – a transmissão dos direitos ou coisas na pendência da acção; asubstituição é admitida quando a parte contrária esteja de acordo e na falta de acordo sóse deve recusar a substituição quando se entenda que a transmissão foi efectuada paratornar mais difícil no processo a posição da parte contrária.- a legitimidade da seguradora para as acções de responsabilidade civil e para os casosde acidente de viação.- o administrador da massa falida, o falido perde a legitimidade para falar ou discutir osbens da massa.--- a legitimidade para determinar a causa cabe ao titular e a um terceiro- art. 606º CC - acção subrogatóriaqualquer credor pode no exercício desta posiçãopropor uma acção remetendo para o art. 608º CCacção de revogação.- art. 286º CCtem legitimidade para arguir a nulidade qualquer interessado.- art. 77º Código das Sociedades Comerciais – acção de responsabilização dos gerentese administradores da sociedade para com a própria sociedade.- acções que o testamenteiro e o cabeça de casal podem propor.--- a legitimidade é atribuída a quem só parcialmente é titular do direito:- art. 1286º CC – caso do compossuidorcada um deles, sejal qual for a sua parte,pode opor-se contra 3º não sendo possível a este defender-se dizendo que a posse nãolhe pertence por inteiro.- art. 538º CCpluralidade de credores, qualquer um deles pode sozinho exigir porinteiro a prestação.- art. 1405º CCregime jurídico da compropriedade, o possuidor sozinho podereivindicar a totalidade da coisa.DIREITO PROCESSUAL CIVIL34- art. 2078º CCsendo vários herdeiros pode um sozinho pedir a totalidade dos bensda herança.Todos estes casos revestem casos de substituição processual ou legitimidade

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extraordinária.A nossa lei também prevê pelo menos uma substituição de legitimidade extraordináriacontratual – art. 27º, nº2 CPCpropõe-se regular a forma como devem ser exercidas asrelações jurídicas quando estas pertencem a várias pessoas.Barbosa de Magalhãesse depois do julgamento, depois de produzidas as provas, ojuiz se convencer que a fonte da alegada obrigação aconteceu mas não entre o autor e oréu mas somente entre 3º e o réu, isso tem a ver com o fundo da questão e não com alegitimidadeabsolvição do pedido.Alberto dos Reiso juiz deve apurar primeiro se o contrato foi celebrado e depoisquem celebrou o que levaria a uma absolvição da instância.Há aqui uma questão de eficácia.aspecto objectivoo juiz está vinculado à alegação da partedomínio das relaçõesdisponíveis porque as partes são soberanas quanto à verdade dos factos.aspecto subjectivoAlberto dos Reis estava a propor a estas 2 um regime diferente e não pode ser. Para eleo aspecto subjectivo é a legitimidade e o objectivo é o fundo da questão (ele designadade ad causum no entanto tirou isto da literatura estrangeira onde esta era tratada como ofundo da questão e não como legitimidade).Os tribunais inclinaram-se para a tese de Barbosa de Magalhães.Legitimidade pluralEm qualquer processo podemos ter várias partes, e a todas estas se exige que estejaminteressadas no litígio.A legitimidade plural diz respeito àqueles casos em que a relação material controvertidapertence a uma comunidade de pessoas.Podemos ter uma pluralidade subjectiva activa (do lado do autor) ou uma pluralidadesubjectiva passiva (do lado do réu) ou uma pluralidade subjectiva mista (dos 2lados).Nestes casos podemos deparar com uma situação de ilegitimidade quando nãofigurarem do lado activo ou do lado passivo todas as partes que a lei ou a convençãoexige.

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Se o interesse respeitar a uma pluralidade de partes principais que se unam no mesmoprocesso para discutirem uma só relação jurídica material configura um litisconsórcio.O litisconsórcio pode ser:- activo (autor);- passivo (réu)- misto (ambos).DIREITO PROCESSUAL CIVIL35Pode ser:- voluntárioé permitido que uma das partes tenha intervenção no processo embora asrestantes também o possam fazer se assim o quiserem – art. 29º; a cumulação dependeexclusivamente da vontade das partes.- necessárioé exigida a intervenção de todas as partesa cumulação é determinadapela lei ou resulta da prévia determinação dos interessados ou da natureza da relaçãojurídica. A legitimidade plural só pode verificar-se no caso de litisconsórcio necessário.É o que acontece quando não figuram do lado activo ou do lado passivo todas as partesque a lei, a convenção das partes ou a natureza da relação jurídica exigem.A questão deve ser discutida entre todos os intervenientes da relação material. Todavia,esta solução apresenta inconvenientes. Pode a acção ser proposta contra a vontade deum dos interessados.A lei optou pela posição admitida no art. 27º CPC que dá prevalência ao respeito peloprincípio de que cada um é livre de exercer o seu direito. Assim, nas relações com umapluralidade de sujeitos, a acção pode ser proposta por todos e contra todos mas, se a leinada disser, cada um dos interessados é admitido a exercer o seu direito separadamente.Quem pode propor acções relativamente a direitos emergentes dessas relações jurídicasplurais?1º temos que ver se a relação jurídica plural não pode ser exercida por uma só pessoa.Isso diz-nos a lei e os contratos.2º se não vier do contrato ou da lei prevêm-se 2 princípios:- princípio da admissibilidade do litisconsórciosão livres os titulares para propor aacção conjuntamente contra todos- art. 27º CPC.

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- regra da divisibilidade do interessecada um dos titulares da relação jurídica podesozinho propor a acção. Aqui o juiz só apreciará o interesse do titular.Esta última regra tem muitas excepções.Há casos em que não é possível a acção isolada dos cotitulares sem prévia acção detodoslitisconsórcio necessário.Litisconsórcio necessário3 tipos – art. 28º CPC:- legalimposto por lei;- contratualimposto por negócio jurídico que estipula a necessidade;- naturalexigido pela natureza da relação jurídica discutida em juízo,independentemente da lei ou da vontade das partes para garantir o efeito normal dadecisão. Não há litisconsórcio natural quando as decisões são contraditórias mas possamser executadas ao mesmo tempo (opinião do professor).Há relações jurídicas que só podem ser resolvidas unilateralmente em relação às partes.Quanto ao litisconsórcio necessário temos que distinguir legitimidade activa elegitimidade passiva.Tendo em conta o art. 28º/A CPC:DIREITO PROCESSUAL CIVIL36Legitimidade activaem vez de ser proposta por ambos os cônjuges pode a acção serinstaurada por um deles com o consentimento do outro. Se o cônjuge não der o seuconsentimento para a propositura da acção a sua falta pode ser judicialmente suprida.Legitimidade passivadevem ser propostas contra ambos os cônjugesas acçõesemergentes de facto praticado por ambos, as acções emergentes do facto praticado porum deles mas em que pretenda obter-se decisão susceptível de ser executada contra benspróprios do outro e ainda as acções compreendidas.A acção deve ser intentada contra o marido e a mulher em 3 hipóteses:- acções emergentes de facto praticado por ambos os cônjuges caso contrário estaríamosperante uma ilegitimidade plural passiva.- acções emergentes de facto praticado por um deles mas em que pretenda obter-sedecisão susceptível de ser executada sobre bens comuns ou sobre bens próprios.- acções compreendidas no art. 28º/A – bens que só podem ser alienados por ambos edireitos que só podem ser exercidos por ambos pelo que a acção tem de ser intentada

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contra ambos.Os arts 28º, 28º/A e 29º estabelecem o litisconsórcio necessário legal nas acçõespropostas pelos cônjuges e contra os cônjuges.Art. 28º/Aexige que a acção seja proposta por marido e mulher ou por um deles como consentimento do outro ou por um deles com o suprimento judicial do consentimentodo outro.Se isto não for observado há uma ilegitimidade plural. Trata-se de uma excepçãodilatória que leva à absolvição da instância.Existem 3 tipos de regimes de bens:- comunhão geral de benshá bens comuns e bens próprios;- comunhão de adquiridoshá bens comuns e bens próprios sendo comuns unicamenteos adquiridos na constância do casamento;- separação de benssó há bens próprios.O CC regula o regime de disposição dos bens conforme o regime de bens do casamento.Também quanto ao regime da administração de bens em certos casos têm de serexercidos por ambos.Os outros casos estão previstos no art. 1678º CC.Segundo este são de administração extraordinária, por exemplo no arrendamento de umprédio, em que é necessário o consentimento.Existem excepções: art. 1678º, nº2.O art. 28º/A estabelece 2 pressupostos cumulativos:- direito de famíliaque se trate de uma acção relativa a um bem que só pode serdisposto ou onerado por ambos ou de um direito que só pode ser exercido por ambos.- direito processualque se trata de uma acção que ponha em causa esse bem ou essedireito.DIREITO PROCESSUAL CIVIL37Se da acção resultar a perda de um bem que só pode ser alienado por ambos ou a perdade um direito que só pode ser exercido por ambos, a acção tem de ser proposta porambos ou por um com o consentimento do outro ou por um com o suprimento judicial

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do consentimento do outro.Quais as acções que põem em causa esse bem?- acções de anulação;- acções de reivindicação.Litisconsórcio voluntário (art. 27º)Não é exigido pela lei mas a lei permite-o, para a generalidade das relações jurídicascom pluralidade de sujeitos. A acção pode ser intentada por todos os interessados oucontra todos eles.Se a relação material controvertida respeitar a várias pessoas, a acção respectiva podeser proposta por todos ou contra todos os interessados.Se o negócio for omisso, a acção pode ser também proposta por um só ou contra um sódos interessados devendo o tribunal conhecer apenas da respectiva quota parte deinteresse ou da responsabilidade ainda que o pedido abranja a totalidade.Existem 2 regimes de obrigações plurais:- conjugação- art. 27º, nº1podendo pedir unicamente a cada um ou o todo a todos;- solidariedade – art. 27º, nº2podendo neste caso exigir o pagamento total a qualquerum.Coligação (art. 30º)É um fenómeno de pluralidade de partes que não tem ver com a legitimidade.Trata-se de situações em que, não obstante não estarmos perante uma relação jurídica,com pluralidade de interesses é no entanto vantajoso que as acções sejam discutidasconjuntamente e isto em 3 situações:- quando a causa de pedir seja a mesma e única- quando os pedidos estejam entre si numa relação de dependência- quando embora diferente a causa de pedir, a procedência dos pedidos principaisdepende essencialmente da apreciação dos mesmos factos, de interpretação da mesmanorma jurídica ou da interpretação da mesma cláusula contratual.Funda-se numa razão de economia processual, as relações jurídicas são distintas masconexas de forma que a lei prevê que podem ser de competências distintas e aí aeconomia processual não se sobrepõe a isto.Não podem os 2 processos ser de tipos diferentes (ordinário, sumário, sumaríssimo).coligaçãopluralidade de relações jurídicas

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�litisconsórcio voluntárioúnica relação jurídicaA distinção não é suficientemente compreensiva mas é a mais utilizada.DIREITO PROCESSUAL CIVIL38Litisconsórcio subsidiário – art. 31º/ B no caso de dúvida fundamentada sobre osujeito da relação controvertida.A dúvida pode resultar da ignorância quanto à qualidade em que a pessoa interveio narelação material controvertida.Diz-se subsidiário o pedido que é apresentado ao tribunal para ser tomado emconsideração somente no caso de não proceder a um pedido anterior – art. 469º, nº1CPC.A possibilidade de formular subsidiariamente o pedido dá origem a um litisconsórciosubsidiário e constitui uma maneira de prevenir a ilegitimidade singular.Fenómeno da intervenção de terceiros (art. 320º e ss)Numa acção pendente há sempre terceiros que podem intervir (assistentes) – art. 335ºCPC.Intervenção principal:- espontânea – art. 320º a 324º;- provocada – art. 325º a 329º.Intervenção acessória:- provocada – art. 330º a 333º;- acessória do Ministério Público – art. 334º;- assistência – art. 335º a 341º.Na intervenção acessória o interveniente é parte acessória (art. 337º CPC).O interveniente acessório tem no processo a posição de auxiliar e subordinado à parteprincipal, em caso de divergência prevalece a vontade da parte principal.Só no caso de litisconsórcio necessário é que se obriga à presença de todas as partes.Também na coligação se admite alguma forma de intervenção.A intervenção espontânea e provocada não tem aqui a mesma cumplicidade que nolitisconsórcio necessário e voluntário (art. 320º, b CPC), só aqueles que podem serassociados do autor é que podem intervir espontaneamente.O 3º só pode intervir ao lado do autor e não ao lado do réu e a intervenção provocadanão é admissível.Há mais uma forma de intervenção que é a oposição de 3º - art. 342º e ss CPC.INTERESSE PROCESSUAL (ART. 472º CPC)

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Embora a lei não lhe faça referência é um pressuposto processual.Existe interesse processual quando se verifica a necessidade de instaurar e fazer seguir aacção.DIREITO PROCESSUAL CIVIL39O interesse processual consiste na necessidade que o autor sente de obter no casoconcreto a tutela judicial.Se faltasse a acção seria inútil.Com este pressuposto pretende-se evitar que as pessoas sejam chamadas a juízo semque a situação da parte contrária o justifique e evitar que os tribunais sejamsobrecarregados.Para que se justifique a intervenção do tribunal não basta que o autor alegue e prove atitularidade do direito. Deve convencer que o seu direito necessita de tutela jurídica.O interesse processual não só diz respeito à parte que toma a iniciativa de instaurar umaacção como também, depois de proposta, pode o réu ter interesse em que a acçãoprossiga.Nas acções de condenaçãoo interesse processual evidencia-se pela simples alegaçãoda violação do direito do autor.Basta que o autor alegue ser titular de um crédito e que houve incumprimento daprestação por parte do réu para que não fiquem dúvidas.Nas acções constitutivasexiste interesse processual quando o direito potestativocorrespondente não é daqueles que possa ser exercido por simples declaração devontade do respectivo titular.Quando a acção constitutiva tem subjacente um direito potestativo que pode serexercido mediante um simples acto unilateral, o tribunal deve abster-se de conhecer opedido por falta de interesse processual.Nas acções de simples apreciaçãoé necessário uma situação de incertezaobjectivamente grave de modo a justificar a intervenção judicial.Aqui torna-se mais difícil concluir pela existência do interesse em agir, porque se tratade acções para pôr termo a uma situação de incerteza ou de dúvida acerca da existência

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ou não de um direito ou de um facto.A incerteza a que o autor pretende pôr fim pela via judicial deve ser cumulativamente:- objectivaquando provém de factos exteriores e não apenas da mente do autor;- gravegravidade da dúvida depende do prejuízo que a incerteza pode gerar.Consequência:- Se não houver interesse processual, deve o juiz abster-se de conhecer o mérito dacausa, absolvendo ao réu da instância- A única sanção pela falta de interesse processual, traduzir-se-á na condenação dovencedor da acção no pagamento das custas, assim como os honorários da outra parte,por se entender que o réu não deu causa á acção.Litispendênciaexiste quando a causa se repete, estando a anterior ainda em curso.DIREITO PROCESSUAL CIVIL40Se a repetição se verifica depois da primeira causa ter sido decidida por sentença que jánão admite recurso ordinário, há lugar á excepção de caso julgado - art.497º, nº1 CPC.É irrelevante a pendência da causa perante jurisdição estrangeira, salvo se for outra asolução estabelecida em convenções internacionais- art.497º, nº3 CPC.Estas excepções têm por fim evitar que o tribunal seja colocado em alternativa decontradizer ou de reproduzir uma decisão anterior- art.497º, nº2 CPC.ÉRepete-se a causa quando se propõe uma acção idêntica a outra quanto aos sujeitos, aopedido e à causa de pedir - art.498º, nº1.Há identidade de sujeitos quando as partes são as mesmas sob ponto de vista da suaqualidade jurídica. art.498º, nº2. Não significa identidade física.Há identidade do pedido quando numa ou noutra causa se pretende obter o mesmoefeito jurídico- art. 498º, nº3.Sendo o pedido a tutela jurisdicional pelo autor, a identidade do pedido traduz-se naidentidade da tutela pretendida.Há identidade de causa de pedir quando a pretensão deduzida nas acções procede nomesmo facto jurídico.

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A litispendência deve ser deduzida na acção proposta em 2º lugar. Considera-seproposta em 2º lugar a acção para a qual o réu foi citado posteriormente – art. 499º, nº1.Caso julgadoverifica-se porque já foi proferida decisão de mérito em processoanterior ou porque uma decisão anterior foi proferida sobre a relação processual.A decisão de mérito refere-se ao caso julgado material porque a decisão recaiu sobre arelação material ou substantiva.A decisão anterior proferida sobre a relação processual refere-se a uma decisão sobrequestões de carácter processual.Caso julgado materialtem força obrigatória não só dentro do processo em que adecisão foi proferida mas também fora dele – art. 671º.Caso julgado formalsó tem força obrigatória dentro do processo em que osdespachos ou as decisões foram proferidas – art. 672º. Também é chamado de simplespreclusão. Apenas impede que no mesmo processo seja alterada a decisão.A força obrigatória atribuída à decisão transitada em julgado tem por fim acautelar acerteza jurídica e a segurança do direito e ainda a de proteger o prestígio daadministração da justiça evitando que viesse a ser proferida nova decisão porventuranão coincidente com a anterior.Se tivessem sido proferidas 2 decisões contraditórias sobre a mesma pretenção cumprirse-á a que passou em julgado em primeiro lugar – art. 675º, nº1.Nada melhor do que definir o objecto do processo para perceber melhor o caso julgadoe a litispendência.2 elementos que concorrem para definir o objecto:DIREITO PROCESSUAL CIVIL41- pedido;- causa de pediratravés destes 2 elementos é que podemos saber se as causas sãoiguais, o que é decisivo para saber se existe litispendência ou caso julgado.Deve-se também identificar as partes.Pedidoprovidência de tutela judiciária solicitada pelo autor para a completa situaçãojurídica de onde emerge o seu alegado direito ou interesse jurídico.

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requisitos:- uno;- certo – art. 468º CPC admite que o autor formule pedidos alternativos;- determinado – art. 471º CPC admite para certos casos pedidos genéricos.Comporta múltiplas derrogações.A cumulação de pedidos é um fenómeno que se pode verificar no litisconsórciovoluntário e verifica-se mesmo na coligação.O art. 470º concede ao autor a faculdade de deduzir contra o mesmo réu vários pedidos.O pedido pode ser:- simplescumulação de pedidos em que o autor formula contra o réu vários pedidospara serem todos entendidos;- sucessivosvários pedidos depende de um só ou um deles depende da procedênciade outro pedido.Ainda como excepção ao princípio da unidade, o art. 469º prevê a possibilidade de seformularem pedidos subsidiários.Causa de pedirfacto jurídico concreto onde nasce a pretensão do autor. É ofundamento da acção.Por vezes é simples quando ela se reduz a um único facto jurídico:- pode ser complexa;- pode ser una a causa do autor e assentar numa causa de pedir simples ou complexa.- pode ser múltipla quando há mais do que uma causa de pedir que pode ser una oucomplexamultiplicidade de factos ou actos jurídicos).Pressupostos relativos ao objecto:1- formulação do pedido + causa do pedido;2- quer a formulação quer a causa devem ser inteligíveis;3- não pode haver contradição entre a formulação do pedido e a causa;4- caso acumulem causas de pedir ou pedidos não pode haver entre elesincompatibilidade substancial.Se faltar qualquer um dos pressupostos ou se houver contradição diz-se que a petiçãoinicial é inepta. A ineptidão gera a nulidade do processo sendo a nulidade da decisão odever do juiz de se abster de conhecer o pedido – art. 288º, b CPC + art. 494º, b + art.193º CPC.Pressupostos negativos do objecto (art. 497º CPC):- litispendênciapressupõe repetição de causa de pedir: quanto ao pedido, aos sujeitos.Situação processual que se caracteriza pela pendência simultânea de 2 acções entre as

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL42mesmas partes sobre o mesmo objecto processual, isto é, são idênticos o pedido e acausa de pedir.Situação que se deve impedir por razões de economia processual e para que o tribunalnão profira decisões contraditórias sobre a mesma causa.Pode resultar espontaneamente quando o autor e o réu propõem uma mesma acção sóque em sentido inverso porque eles não sabem que o outro a esta a propor.- caso julgadoé a causa de pedir. Resulta de alguém propor uma acção de um certoobjecto que já foi decisivo numa outra causa por sentença transitada em julgado.A decisão do juiz ou seria contraditória ou a mesma.PROCESSO COMUM DECLARATIVO ORDINÁRIOI – ARTICULADOSÉ a fase introdutória; inicia-se com a apresentação da petição inicial em juízo eprossegue com a citação do réu para contestar. Visa instaurar o pleito e definir os seustermos (Art. 151º CPC).Articulados normaisprincípio do pedido – art. 267º CPCsão a petição inicialapresentada pelo autor e a contestação na qual o réu aduz a sua defesa.Articulados eventuaispodem nem sempre ter lugar porque a réplica só pode serapresentada se na contestação o réu se tiver defendido por excepções, ou dilatórias ouperemptórias, tiver formulado um pedido reconvencional ou estivermos perante umaacção de simples apreciação negativa – art. 502º CPC.A tréplica só pode ser apresentada se o autor, na réplica, tiver modificado o pedido ou acausa de pedir ou tiver deduzido alguma excepção contra a reconvenção – art. 503ºCPC.Designam-se por articulados porque a exposição dos seus argumentos de facto deve serfeita por artigos, é uma tramitação obrigatória.Art. 152º, nº1 CPCos articulados devem ser apresentados em duplicado oferecendosetantos duplicados quantas as pessoas a que sejam opostos e que vivam em economiaseparada salvo se forem representadas pelo mesmo mandatário.Art. 152º, nº2 CPCcópias dos documentos que acompanhem os articulados emnúmero igual aos duplicados.

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Art. 152º, nº5 CPCmais um exemplar de cada articulado que será arquivado paraservir de base à reforma do processo em caso de descaminho.Art. 150º, nº1 + art. 150º, nº4 CPCpode ser entregue directamente na secretaria, serápassado um recibo quando solicitado ou serem remetidas pelo correio sob registo quevale como data da prática do acto.DIREITO PROCESSUAL CIVIL43DL nº 183º/2000 de 10 de Agosto (nova redação do art. 150º CPC) as peças deverãoser apresentadas em suporte digital, acompanhadas de um exemplar em suporte de papelque valerá como cópia de segurança sendo que a sua entrada em juízo poderá fazer-sepor um dos 3 meios indicados no art. 150º, nº2 CPC. A exigência dos duplicados seráabolida para as peças e documentos apresentados em suporte digital mantendo-setodavia para os demais documentos e as peças que não tenham obrigatoriamente de serdigitalizadas – art. 152º, nº6 e 150º, nº1 in fine.Petição inicialé o articulado mais importante; é a base de todo o processo; representaaquilo que o autor pretende que seja a sentença.Art. 467º CPC – a petição inicial estrutura-se em 4 partes:- endereçodesignar o tribunal onde a acção é proposta; na falta de endereço asecretaria recusa – art. 467º, nº1, 1ª parte + art. 474º, a;- cabeçalhoidentificar as partes indicando os seus nomes, domicílios ou sedes eprofissões e locais de trabalho – art. 467º, nº1, a), 2ª parte; deve indicar o estado civildas partes para as acções a que se refere o art. 28º-A do CPC. Se alguma das partes forsolteira há interesse em determinar se é ou não maior pois, se não for, podem levantarseproblemas ao nível da capacidade judiciária.O autor deve ainda identificar a forma de processo (especial ou comum, e nesse casoordinária, sumária ou sumaríssima) – art. 467º, nº1, c + 474º, d. Há recusa na secretariase não apresentar a forma do processo.Deve conter a indicação do valor da causa – art. 467º, nº1, f.- narraçãoo autor expõe os factos e invoca as razões de direito que servem defundamento à acção. São os fundamentos ou causa de pedir- art. 467º, nº1, dda

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narração devem constar os factos e as razões de direito; o que é certo é que a alegaçãofactica (sob a forma de articulado – art. 151º, nº2) é muito importante porque o tribunalencontra-se vinculado às alegações das partes só podendo conhecer os factos que estastragam ao processo.- conclusãodestacado e autonomizado; o pedido é o elemento fundamental dapetição inicial na medida em que é por ele que se estabelecem desde logo os limites dasentença, no caso da acção vir a ser julgado procedente – art. 467º, nº1, e + art. 661º, nº1CPC.Se não houver pedido ou haja contradição entre a causa de pedir e a formulação, o art.193º CPC prevê que o processo seja nulo quando é inepta a petiçãodá lugar aindeferimento liminar ou se for mais tarde, como é uma excepção dilatória, à absolviçãoda instância – art. 494º, b + art. 288º, nº1, b.O autor deve ainda juntar à petição documento comprovativo do prévio pagamento dataxa de justiça inicial ou de concessão do benefício de apoio judiciário – art. 467º, nº3CPC.Necessário que petição inicial seja assinada por quem a redigiu (advogado constituídocujo domicílio profissional deve ser indicado) – art. 467º, nº1, b CPC.Redigida em língua portuguesa – art. 474º h + art. 139º nº1.Papel utilizadoA4, em cores neutras como o branco, beije ou azul claro. Tem dedeixar margem e ter no máximo 25 linhas – art. 474º i.Juntar à petição inicial e identificando os documentos anexos destinados a prova dosfactos nela alegados – art. 523º, nº1 CPC.DIREITO PROCESSUAL CIVIL44c dPetição inicial originária vai para a secretaria e o duplicado para o réu. Um outroduplicado fica em arquivo para o efeito de extravio. Se não for dado o duplicado asecretaria fotocópia e cobra. – art. 152º CPC.Modalidades do pedidoc Pedidos alternativos – art. 468º CPCO autor pede disjuntivamente uma de 2 prestações: uma ou outra”.O direito do autor fica satisfeito efectuando-se uma só das prestações, podendo afirmarseque estas são juridicamente equivalentes.

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2 tipos:- os que o são originariamente ou por naturezaé aquela em que a obrigação nasce ouse constitui de modo alternativo;- os que embora não o sejam inicialmente se podem resolver em alternativaaqui ocredor em certas hipóteses de não cumprimento por parte do devedor tem a faculdade deoptar por uma das várias soluções que a lei lhe apresenta em alternativa..d Pedidos subsidiários – art. 469º, nº1 CPCO que se apresenta ao tribunal para ser tomado em consideração apenas no caso de nãoproceder um pedido anterior.Pode suceder que o autor tenha dúvidas acerca da admissibilidade ou sucesso da suapretensão.Em vez de correr o risco de a ver improceder tendo de instaurar nova acção em quededuza outra pretensão, o demandante pode apresentar logo na petição inicial os 2pedidos.No caso da alternatividade as pretensões equivalem-se juridicamente.No caso da subsidiariedade há uma graduação das pretensões do autor. Quando hápedidos subsidiários a pretensão que o autor quer ver realmente satisfeita é a que eleformula em primeiro lugar.Admitindo que esse pedido possa não proceder deduz outro pedido.e Pedidos cumulativos – art, 470º CPCO autor quer obter ao mesmo tempo todas as pretensões formuladas.Art. 470º CPC + 31º CPC1º requisito substancial – não seria admissível que o autor pudesse ao mesmo processoformular pedidos que fossem incompatíveis entre si, a cumulação não será admitida se atodos os pedidos não corresponder a mesma forma de processo, excepto se dentro doprocesso comum a diferença provier apenas do valor. A lei quer evitar que ao primeiroprocesso corresponda o processo comum e ao outro o processo especial.2º requisito – a cumulação é admitida desde que o tribunal onde a acção é propostatenha competência absoluta para conhecer de todos os pedidos, quer dizer, exige-se queo tribunal da causa tenha competência internacional, material e hieraquica ainda que nãotenha em razão do valor ou do território.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL45f Pedidos genéricos – art. 471º CPCPedidoconcreta providência da tutela judiciária solicitada pelo autor para satisfazer oseu alegado direito ou interesse juridicamente protegido para a completa situaçãojurídica de onde emerge o seu alegado direito ou interesse; tem de ser uno, certo edeterminado ou líquido.É permitido ao autor formular um pedido genérico. Surge quando a acção tenha porobjecto mediato uma universalidade de facto e de direito. O autor limita-se a indicar auniversalidade de facto ou de direito a que pertencem tais elementos.É também permitido quando, no momento da propositura da acção, não é ainda possívelfixar de modo definitivo as consequências do facto ilícito.Nas acções destinadas à efectivação da responsabilidade civil emergente de acidentes deviação são talvez aquelas em que com maior frequência se assiste à formulação depedidos genéricos.Pode formular pedido genérico quando a fixação do quantitativo estiver dependente deprestação de contas ou de outro acto que deva ser praticado pelo réu e como aconteceráquando o demandado em virtude das suas funções ou da prática de certos actos estiverobrigado perante o autor a prestar contas da sua actividade e a pagar o saldo que vier aapurar-se.O autor pretende o pagamento de quantia que se liquidar como saldo a favor, quantiaessa cujo montante à partida ignora.Se o autor invocar a necessidade excepcional de formular o pedido em termos genéricose a acção prosseguir em que momento e porque meio se procede à respectivaconcretização ou liquidação?Se a liquidação puder ser feita até ao início da discussão em causa, o autor deduzirá oincidente da liquidação – art. 378º a 380º CPC.Se não for possível fazer a liquidação da acção declarativa (art. 661º, nº2 CPC) otribunal condenará no que se liquidar em execução da sentença, transferindo-se para aacção executiva a tarefa da liquidação sendo esta, de resto, a 1º etapa da acção

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executiva.g Pedido de prestações vincendas – art. 472º CPCPermite que o autor peça a condenção do réu no cumprimento de prestações futuras,ainda não vencidas.Estando o devedor obrigado a efectuar prestações periódicas e deixar de cumpriralgumas delas, o autor pode requerer a condenação do réu não só na prestação vencidacomo nas que venceram enquanto persistir a obrigação – art. 472º, nº1 CPC.Sempre que o autor tenha receio de que na data fixada para o cumprimento da obrigaçãoo réu não cumpra ou retarde o cumprimento, justifica-se a obtenção antecipada de umtítulo executivo susceptível de proporcionar a oportuna realização coercitiva daobrigação.DIREITO PROCESSUAL CIVIL46Correspondem a hipóteses limitadas e que, fora desse âmbito, são de referir – art. 662ºCPCo caso da instauração de uma acção pedindo o cumprimento de uma obrigaçãoainda não vencida e se estabelece que esse facto não obsta a que o réu venha a sercondenado a efectuar a prestação no momento próprio, quer dizer quando ela se tornarexigível.Este regime parece estar em contradição com o art. 472º; pois se naquele é dito que opedido de prestações futuras só cabe em situações limitadas, agora o art. 662º parecepermitir todas as situações de pedido de cumprimento de obrigações inexigíveis à datada propositura da respectiva acção.ÉO art. 472º fixa e define o regime regra segundo o qual só é possível formular pedidosde condenação relativamente a obrigações já vencidas e, por isso, exigíveis.Se a exigibilidade da obrigação só for reconhecida depois do despacho saneador, então,entrará em funcionamento o regime do art. 662ºÈ embora a obrigação não fosseexigível no momento em que a acção foi proposta não impede que a sentença venha acondenar o réu a efectuar a prestaçãoJ. Alberto dos Reis“o art. 662º obedece à ideia de salvar o processo, não obstante a

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inexigibilidade; a doutrina do artigo foi ditada pelo princípio da economia processual”.Desde que o processo ultrapasse o despacho saneador, desde que entra na fase maisonerosa, mais incomoda e mais pesada é de toda a conveniência que se aproveite aactividade judiciária que vier a ser exercida. Para que se há-de inutilizar o processo eobrigar o autor a repetir o pleito se a questão pode ficar logo arrumada e decidida?O legislador resolveu, através do art. 662º CPC, aproveitar todos os actos praticados eporque a obrigação existe, ordenou a condenação do réu a cumprir a obrigação semprejuízo, porém, do prazo do respectivo vencimento.O réu fica desde logo condenado mas só terá de cumprir quando se vencer a obrigação.A solução fornecida pelo art. 662º CPC é de recurso e não a manifestação de umprincípio geral que admita pedidos relativos a obrigações futuras.A petição deve ser apresentada em juízo para se dar início à acção em que o momentodo recebimento da petição pela secretaria marca o início da instância – art. 267º, nº1CPC.É a propositura da acção que impede a caducidade (arts. 267º + 331º, nº1 CPC) porquepara o prazo de prescrição o que interrompe é a citação do réu.Æ “pendência da acção”, ou “na pendência da acção” é a partir do momento em que éproposta a acção.A petição pode ser entregue:- pessoalmentepetição inicial + duplicados + cópias + petição que vai ser carimbadacom o comprovativo de que entregaram a petição – art. 150º, nº1, a).- correioo anterior + selos para enviarem a petição inicial de volta – art. 150º, nº1, b.DIREITO PROCESSUAL CIVIL47- telecópiadocumentos como por exemplo a escritura pública têm que ser entreguesno prazo de 5 dias – art. 150º, nº1 c.Art. 150º, nº1 – as alegações e contra-ordenações escritas devem ser acompanhados emsuporte digital + cópia em papel por motivos de segurança.+Art. 152º, nº6 – no suporte digital continua a haver duplicados.Recusa da petição inicial pela secretaria (art. 474º CPC):Deve ser justificada por escrito.

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Art. 475º, nº1 CPC – se ela ocorrer, pode o autor reclamar hierarquicamente para o juizquando entenda que é inválido o motivo da recusa.Se o juiz atendeu à reclamação, a petição considera-se recebida. Caso contrário, isto é,confirmada a recusa, pode o autor recorrer para a relação ainda que o valor da causa nãoultrapasse a alçada da 1ª instância.Art. 476º CPC – havendo recusa ou confirmação judicial da mesma, o autor podeapresentar outra petição que esteja em condições de ser recebida no prazo de 10 diasvalendo como a data de início da acção aquela em que foi apresentada a primeirapetição inicial.Distribuição e Autuação1 do ProcessoUma vez recebida a petição inicial é apresentada à distribuição.O art. 209º CPC tem em vista a repartição das petições iniciais pelas diversas secções,varas e juízos do tribunal.O juiz que preside à distribuição pode não admitir a esta as petições iniciais quepoderiam e deveriam ter sido recusadas na secretaria – art. 213º CPC.Depois, procede-se à autuação do processo nele se integrando a petição inicial e osdocumentos que a acompanham.Excepção ao art. 209ºem determinados casos o autor pede ao juiz que ordene acitação antes da distribuição justificando o seu motivo.Citação do réuDe acordo com o art. 479º e art. 234º, nº1 CPC, compete à secretaria promoveroficiosamente, sem necessidade de despacho prévio, as diligências que se mostremadequadas à regular citação do réu.Art. 234º, nº1 CPCa citação pode ser feita pelo mandatário judicial – art. 245º - esolicitador executivo.Acto pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele determinadaacção e se chama ao processo para se defender – art. 288º, nº1 CPC + 327º CPC.1 termo inicial de um processoDIREITO PROCESSUAL CIVIL48Devem ser disponibilizados ao réu o duplicado da petição inicial e as cópias dosdocumentos que a hajam acompanhado.Deve o demandado ser informado dos elementos identificativos da acção para a qual é

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citado do prazo de que dispõe para apresentar a sua defesa e da necessidade deconstituir advogado.A citação é um acto de interpelação judicial que pertence à categoria das notificações.As notificações destinam-se a dar conhecimento de um facto ou a chamar alguém ajuízo, aplicando-se a todos os casos onde não haja lugar à citação – art. 288º, nº2 CPC.Modalidades da citação (art. 233º, nº1 CPC)Citação Pessoalentrega ao citado da carta registada com aviso de recepção, o seudepósito nos termos do art. 237º/A, nº5 CPC, isto é, o distribuidor do serviço postaldeve certificar a data e o local exacto em que depositou o expediente e remeter deimediato a certidão ao tribunal; sendo possível o depósito da carta na caixa do correiodo citando, o distribuidor deixa um aviso nos termos do art. 236º, nº5 CPC oucertificação da recusa do recebimento nos termos do art. 237º/A, nº3 CPC, isto é,quando o citando recuse a assinatura do aviso de recepção ou o recebimento da carta, odistribuidor postal lavra nota do incidente antes de o devolver e a citação considera-seefectuada face à certificação da ocorrência – art. 233º, nº2, a.A citação pessoal é feita mediante contacto pessoal – art. 233º, nº2, b + art. 239º CPC.De acordo com o art. 239º CPC + 240º CPC a citação pelo solicitador de execução só éfeita em último recurso.Há ainda a possibilidade da citação pessoal ser promovida pelo mandatário judicial doautor (arts. 233º, nº3 CPC + art. 245º CPC + 246º CPC).Citação Editalnão só quando o citando se encontre em parte incerta como tambémquando estejam incertas as pessoas a citar – art. 233º, nº6 CPC.Art. 244º, nº1quando seja impossível a realização da citação por o citando estarausente em parte incerta, a secretaria diligencia obter informação sobre o últimoparadeiro ou residência conhecida.+Art. 244º, nº2estão obrigados a fornecer prontamente ao tribunal os elementos de quedispuseram sobre a residência, o local de trabalho ou a sede dos citandos quaisquerserviços que tenham averbado tais dados.

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+Art. 248º a 252ºuma vez que não é possível levar ao conhecimento pessoal docitando a existência da acção recorre-se à fixação de editais e publicação de anúncios.+Art. 250º, nº1 CPCa citação considera-se feita no dia em que se publique o últimoanúncio ou não havendo anúncio no dia em que sejam afixados os editais.A citação postal pode ser feita de 3 vias possíveis:- entrega ao citando de carta registada com aviso de recepção;- depósito da carta na caixa de correio;- certificação da recusa da entrega – art, 237º/A, nº3.DIREITO PROCESSUAL CIVIL49Postal:- via normal – art. 236º;- via excepcional – art. 237º/A.Art. 236º, nº1 CPCA citação por via postal faz-se por meio de carta registada comaviso de recepção, dirigida ao citando e endereçado para a sua residência ou local detrabalho ou, tratando-se de p. c. ou sociedade (art. 231º) para a respectiva sede pu para olocal onde funciona normalmente a administração e ainda a advertência dirigida aoterceiro que a receba de que a não entrega ao citando logo que possível o fará incorrerem responsabilidade nos termos equiparados aos da litigância de má fé – art. 456º e ss.Art. 195º – validade da citação.Art. 236º, nº6 CPCse o citando ou qualquer das pessoas a que alude o nº2 recusar aassinatura do aviso de recepção ou recebimento da carta, o distribuidor do serviço postallavra a nota do incidente antes de a devolver.Se correr bem, o art. 238º, nº1 CPC prevê que a citação postal se considere feita no diaem que se mostre assinado o aviso de recepção e tem-se por efectuada na própria pessoado citando, mesmo quando haja sido assinado por 3º, presumindo-se que a carta foioportunamente entregue ao destinatário.Art. 237º/A CPCdestina-se a citar à força.Art. 237º/A, nº5sendo o expediente devolvido por o destinatário não ter procedido noprazo legal envia-se nova carta registada com aviso de recepção ao citando e advertindoda cominação constante do art. 238º, nº2 CPC.

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A citação considera-se efectuada na data certificada pelo distribuidor do serviço postalou, no caso de ter sido deixado o aviso, no 8º dia posterior a essa data, presumindo-seque o destinatário teve oportuno conhecimento dos elementos que lhe foram deixados.A lei prevê que a citação do réu possa ter lugar antes da distribuição e para isso énecessário que o autor o requeira na petição inicial.A petição é logo apresentada a despacho e o juiz ordenará a citação desde que a mesmanão deva ser feita editalmente e os motivos invocados pelo autor sejam consideradosjustificativos – art. 478º CPC.A justificação da citação urgente baseia-se no receio de ausência do réu e a iminência daprescrição. Pelo que, ausentando-se o réu para parte incerta, a sua citação será maisdemorada e o efeito cominatório para a eventual falta de contestação será nulo – art.485º, b, in fini.A prescrição interrompe-se com a citação do réu pelo que é compreensível que a citaçãose faça antes de observadas determinadas formalidades.Uma vez ordenada a citação urgente será a petição levada à distribuição seguindo-se apartir daí os trâmites normais.DIREITO PROCESSUAL CIVIL50Efeitos da citaçãoPodem ser: substantivos ou materiais e adjectivos ou processuais – art. 481º CPC.Materiais:- faz cessar a boa fé do possuidor contra quem tenha sido proposta a acção tendente areivindicar a coisa possuída – art. 1260, nºs 1 e 2 CC + art. 481º, a CPC.- interrompe a prescrição – art. 323º, nº1 CC mas o nº2 refere que se a citação não tiverocorrido nos 5 dias posteriores à acção, sem culpa do autor, ficciona-se que o prazo deprescrição se interrompeu.- nas obrigações puras vale como interpelação tornando a obrigação vencida econstituindo o devedor em mora a partir desse momento – art. 805º, nº1 CC.- interrompe a usucapião – art. 1292º CC.- torna estáveis os elemento da causa (art. 268º):. partes;. causa de pedir;

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. pedido.- impede o réu de propor contra o autor uma causa igual – art. 481º, com – se ele o fizertemos a figura da litispendência (497º CPC) e dá lugar à absolvição da instância na 2ªacção.Ainda que a citação venha a ser anulada – art. 198º CPC – os efeitos por ela produzidosmantêm-se desde que o réu venha a ser nova e regularmente citado nos 30 diasseguintes ao trânsito em julgado do despacho de anulação – art. 482º - sem prejuízo doregime próprio da interrupção da prescrição fixado no art. 323º, nº3 CC.Casos em que a citação depende de despacho judicialA citação não pode ser realizada pela secretaria sem que haja um despacho judicialprévio a ordená-la.O processo vai concluso ao juiz logo após apresentação da petição inicial.Art. 234º, nº4 CPC:- nos casos especialmente previstos na lei – art. 1407º, nº1 CPC; 234º, nº1; 245º.- nos procedimentos cautelares e em todos os casos em que incumba ao juiz decidir daprévia audiência do requerido.- nos casos em que a propositura da acção deva ser anunciada nos termos da lei – art.945º CPC.- no processo executivo – art. 811º CPC.- quando tenha sido pedida a citação urgente – art. 478º CPC.Nestes casos (excepto no relativo à citação urgente), em vez de ordenar a citação do réuo juiz pode indeferir liminarmente a petição nos termos do art. 234º/A, nº1 CPC:- quando o pedido seja manifestamente improcedente, este indeferimento corresponde aum julgamento antecipado do mérito da causa por o juiz ter concluído que não assisterazão ao autor em face do direito material.- quando se mostrem violados pressupostos processuais insusceptíveis de sanação deque o juiz possa conhecer oficiosamente.DIREITO PROCESSUAL CIVIL51Quando há despacho liminar a proferir sobre a petição inicial deve aceitar-se que, alémda alternativa de deferir ou de indeferir, possa o juiz convidar o autor aoaperfeiçoamento da petição apesar de não haver norma expressamente prevista para o

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caso quando se mostrem desrespeitados pressupostos processuais susceptíveis desanação ou haja outras irregularidades supríveis.Recurso de agravo – art. 234º/A, nºs 3 e 4se o fizermos no prazo de 10 dias (art.476º) considera-se que foi proposta na data de entrada da 1ª petição.Art. 234º/A, nº5quando não há lugar a despacho liminar e a secretaria der pela faltade um pressuposto processual insuprível leva-o ao juiz para dali haver indeferimentoliminar (excepcionalmente).Prazos processuaisÈ prazos para a prática de um acto dentro de um processo sejameles fixados pela lei ou pelo juiz.ÉArt. 144º e ssprazos contínuos; no entanto a continuidade é relativa porque se contamos feriados e fins de semana mas suspende-se nas férias judiciais (art. 12º LOTFJ).- quando o prazo se suspende retoma-se a contagem do ponto onde ficou; é diferente deinterrupção em que se começa de novo;- só é continuidade total quando o prazo tem uma duração igual ou superior a 6 meses(art. 285º, 291º, nº1 e 847º CPC) ou uma decisão urgente.Modalidades dos prazos- prazo peremptório2uma vez decorrido extingue o direito de praticar o acto – art.145º, nº3 CPC.- prazos dilatórios3 - art. 145º, nº2 + art. 252º/Aao prazo de defesa do citado se vaiacrescer um determinado prazo.Art. 148ºquando a um prazo peremptório se seguir a um prazo dilatório, os 2 prazoscontam-se como um só.Praticar o acto fora de prazo é diferente de prorrogação do prazo.Prorrogação do prazo:- art. 147º CPCsó é possível por acordo das partes e por um só período.+- art. 486º, nºs 4 a 6.3 funções dos prazos:- garantem a coordenação dos diferentes actos processuais;- asseguram a celeridade processual evitando que os processos se prolonguem para alémdo razoável;

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- garantem às partes e ao tribunal o tempo indispensável para gerirem com diligência,cuidado e ponderação.2 que faz prescrever (acção/instância judicial), por ter decorrido o prazo legal3 que provoca adiamento, que retardaDIREITO PROCESSUAL CIVIL52Regime processual1- princípio da improrrogabilidade dos prazosos prazos fixados por lei são emprincípio improrrogáveis. Há excepções previstas nos arts 147º. Os prazos judiciais sãoprorrogáveis por ordem do tribunal ou por acordo das partes.2- princípio da continuidade do prazo- art. 144ºo prazo judicial correcontinuamente e apenas se suspende durante as férias judiciais e nem nas férias sesuspende se o prazo for igual ou superior a 6 meses ou se for um prazo urgentesuspende-se também nos casos em que há suspensão do processo.Consequências do desrespeito do prazoVariam consoante a natureza do acto e do prazo.- por parte do tribunal e da secretaria relevam apenas no plano disciplinar;- pelas partesdependem da natureza do prazo;- o desrespeito do acto dilatório não torna o acto inadmissível excepto se esse prazodilatório for estabelecido em benefício da contraparte. As consequências mais gravesdecorrem do desrespeito do prazo peremptórioa parte perde o direito de praticar oacto.O pedido é uno, certo e determinado. Excepções:1ºa nossa lei admite a acumulação de pedidos (fenómeno que se pode verificar nolitisconsórcio voluntário e na coligação). O art. 470º, concede ao autor a faculdade dededuzir contra o mesmo réu vários pedidos:- simplesuma acumulação de pedidos em que o autor formula contra o réuvários pedidos para serem todos atendidos.- sucessivoquando os vários pedidos em que um deles depende daprocedência de outro pedido.2ºo art. 468º admite sob certas condições que o autor em vez de um pedido certoformule pedidos alternativos.3ºno art. 471º é lícito formular pedidos genéricos.Pressupostos relativos ao objecto:- inteligibilidade do pedido e causa de pedir.

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- não pode haver contradição entre a formulação do pedido e a causa de pedir.CAUSA DE PEDIRFacto jurídico concreto onde nasce a pretensão do autor. É o fundamento da acção.una múltiplasimples complexaDIREITO PROCESSUAL CIVIL53- caso cumulem causas de pedir ou pedidos não pode haver entre eles incompatibilidadesubstancial.Se o autor não formular o pedido ou se a causa do pedido não for inteligível e hajacontradição ou incompatibilidade diz-se que a petição inicial é inepta.ÉA ineptidão gera a nulidade do processo e o dever do juiz é de se abster de conhecer opedido – art. 288º + 494º, b CPC.A acção deve ser de forma inteligível que não haja contradição e caso se acumulem quenão sejam incompatíveis.OposiçãoEspontânea (art. 342º a 346º CPC) quando intervem na causa um 3º para exercer emface de ambas as partes um direito próprio totalmente ou parcialmente incompatívelcomo o direito de autor.Provocada (art. 347º a 350º CPC) só pode ser requerida pelo réu da causa principal.Art. 347º CPCse o réu estiver pronto a pagar a prestação mas que souber que umterceiro possa arrogar o seu pagamento, o réu pode arrogar a presença em tribunal deum 3º para que dali se conclua de facto quem é o proprietário e a quem o réu podeentregar a prestação.Se esta dúvida surgir fora do processo, o réu pode intentar uma acção de consignaçãoem depósitoart. 1024º e 1032º CPC.Direito probatórioA quem “invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direitoalegado”.Cada uma das partes deve provar os factos susceptíveis de fundamentar a respectivapretensão.O tribunal pode vir a dar como provado um facto sem que a parte a quem cabia essa

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prova o tenha efectivamente logrado.Podem ser usados todos os meios legais adequados à demonstração da realidade dosfactos.Meios de prova:- presunções – art. 349º a 351º CC.- confissão – art. 352º a 361º CC, 552º a 567º CPC.- prova documental – art. 362º a 387º CC, 523º a 551º CPC.- prova pericial – art. 388º a 389º CC, 568º a 591º CPC.- prova inspecção – art. 390º a 391º CC, 612º a 615º CPC.- prova testemunhal – art. 392º a 396º CC, 616º a 645º CPC.DIREITO PROCESSUAL CIVIL54Contestação- Defesa por impugnação (art. 487º):- directa- indirecta- Defesa por excepção:- dilatória – art. 493º, nº2; 494º; 288º.- peremptória – art. 493º, nº3.Reconvenção – art. 501º, 274º.Garantir o contraditório e permitir ao réu a apresentação da sua defesa – art. 228º, nº1.Tal defesa é feita numa peça processual denominada contestação. O réu pode aindaaproveitar para deduzir pedidos contra o autor. Por isso é usual distinguir-se dentro dacontestação a defesa propriamente dita e a reconvenção.- contestaçãoo réu toma posição perante a pretensão contra si formulada pelo autor.- reconvençãoo demandado passa ao contra- ataque formulando pedidos contra oautor.Contestação defesa por impugnação directaréu limita-se a negar os factos articuladosna petição inicial.Contestação defesa por impugnação indirectaréu nega enquadramento jurídico darealidade dos factos.Contestação defesa por excepçãoréu aceita a narração factíca apresentada pelo autor,porém faz chegar ao processo novos factos susceptíveis de gerar a absolvição dainstância (ou a remessa do processo para outro tribunal) ou de impedir, modificar ouextinguir o direito que o autor pretende com a propositura da acção.Excepção dilatóriasão as que, obstando a que o tribunal conheça o mérito da causa,dão lugar à absolvição do réu da instância ou à remessa do autor para outro tribunal (art.

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493º, nº2 CPC) consistindo na arguição de qualquer irregularidade ou vício de carácterprocessual.A falta não sanada de algum dos pressupostos técnicos indispensáveis que devemverificar-se para que o juiz possa debruçar-se sobre o mérito da causa gera oaparecimento das excepções dilatórias que inibem o juiz daquela actividade.Art. 494º elenco não taxativo.Excepção peremptóriaalegação de factos impeditivos, modificativos ou extintivosde efeito jurídico visado pelo autor e tem como consequência a absolvição total ouparcial do período.exemplo:- excepções peremptórias impeditivasfactos impeditivos da constituição do direito doautor que geram a invalidade dos negócios jurídicos como é o caso dos queDIREITO PROCESSUAL CIVIL55consubstanciem o erro, o dolo, a coacção, a simulação, a ilicitude ou a ilegalidade doobjecto.- excepções peremptórias modificativasa concessão de uma moratória ao réudevedor, a mudança do percurso ou lugar de uma servidão, a concentração do objecto daobrigação.- excepções peremptórias extintivas factos extintivas do direito alegado pelo autorsão o pagamento, a dação em cumprimento, a caducidade, a prescrição, o perdão, arenúncia, a novação, a condição resolutiva, o termo peremptório.Pedido reconvencionalé ditado por razões de economia processual. A reconvençãotem carácter facultativo, o réu pode optar entre fazê-lo valer em reconvenção ou deduziloem separado.art. 274º, nº1o pedido reconvencional encontra a sua base de sustentação num factojurídico que fez já parte do processo pois foi para aí levado pelas alegações do autor, napetição, ou do próprio réu na defesa.2 requisitos:- substantivos- 274º, nº2tem que se verificar uma das alíneas para se verificar a

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reconvenção, tem que haver uma ligação entre o pedido do réu e a acção a decorrer.- forma ou processuais- art. 274º, nº3há um requisito de forma, o pedidoreconvencional tem que ter a mesma forma do processo e a forma do pedido inicial,salvo se a diferença de forma resulta apenas da diferença de valor de pedidos, isto é, seambas se aplicam processos comuns admite-se o pedido reconvencional mas se numcaso especial diferente ou se há um processo comum e outro especial, então não seadmite processo reconvencional.Art. 98ºa competência do tribunal do ponto de vista da nacionalidade, hierarquia ematéria; se não tiver competência há absolvição da instância quanto ao pedidoreconvencional.O pedido tem de ser apresentado depois da contestação mas de forma separada edestacada e apresentar o valor deste pedido e calcular-se da mesma forma – art. 305º ess.O valor da reconvenção vai-se somar ao pedido do autor – art. 308º, nº2 – a soma dos 2poderá ter consequências para o futuro quanto ao tribunal competente e a forma doprocesso só quando os pedidos são diferentes.RéplicaResposta à contestação – art. 502º CPC.É o 3º articulado do processo declarativo ordinário, cabendo ao autor a suaapresentação. Trata-se de um articulado eventual que só pode ser apresentado nos 2casos previstos no art. 502º CPCÈ para o autor responder às excepções que o réu hajainvocado na contestação; para o autor se defender do pedido reconvencional que o réutiver formulado.DIREITO PROCESSUAL CIVIL56Acções de simples apreciação negativaÈ para o autor se pronunciar sobre os factosconstitutivos do direito alegado pelo réu quer impugnando-os quer opondo-lhes factoresimpeditivos ou extintivos – art. 502º nº 2 CPC.À contrario não há réplica na contestação por impugnação directa ou indirecta.

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A réplica só é admitida para garantir o respeito pelo princípio do contraditório,permitindo ao autor pronunciar-se sobre questões novas trazidas ao processo pelo réu enão já para esclarecer ou reelaborar o conteúdo da petição inicial.A réplica pode ainda servir para o autor, nos termos do art. 273º, nº1 e 2 CPC alterar opedido ou a causa de pedir. A réplica constitui uma função simplesmente acessória.Art. 502º, nº3o articulado deve ser apresentado no prazo de 15 dias.Mas se o réu tiver deduzido reconvenção ou a acção for de simples apreciação negativa,esse prazo é alargado para 30 dias. Se ao réu são concedidos 30 dias para se defender(art. 486º, nº1) também o autor dispõe de igual prazo para se defender da reconvençãoou dos factos constitutivos do direito alegado pelo réu – art. 502º nº 3 CPC.forma externaréplica é em tudo semelhante aos articulados anteriores, integrando oendereço, o cabeçalho, a narração e a conclusão, valendo aqui tudo o que já se disseacerca daqueles.A falta de impugnação pelo autor dos factos em que assenta uma excepção peremptóriaconduz à procedência desta e à consequente absolvição do réu do pedido.Na citação os dias são úteis.Na notificação só o último é que tem que ser útil.TréplicaÉ o articulado que pode ser oferecido pelo réu em resposta à réplica – art. 503º CPC.Serve para:- responder às alterações ao pedido ou à causa de pedir feitas pelo autor na réplica.- responder às excepções deduzidas pelo autor contra o pedido reconvencional.Surge quando a necessidade do contraditório o imponha. Se houver uma modificação dopedido ou da causa de pedir, o réu tem direito de se defender e se o autor arguirexcepções perante a reconversão, é legítimo que o réu se possa pronunciar sobre essesnovos factos. O prazo de apresentação da tréplica é de 15 dias contados da notificaçãodo oferecimento da réplica – art. 503º nº 2 CPC.DIREITO PROCESSUAL CIVIL57II - SANEAMENTO / CONDENSAÇÃO

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Tem por um objectivo a verificação da regularidade da instância. Detectada algumairregularidade susceptível de sanação promover-se-á o respectivo suprimento. Se airregularidade for insanável ou não for sanada, o processo termina. Se a instância semostrar regularizada o mérito da causa pode ser apreciado.Despacho pré - saneadorO juiz deve apurar a regularidade da instância, verificar se os articulados respeitamtodos os requisitos técnicos e atentar no modo como os factos foram expostos. Odespacho pré- saneador é:- obrigatório (art. 508º, nº1, a CPC)providencia a regularização da instância, nostermos do art. 265º, nº2 CPC; o convite deve ser dirigido às partes não se verificaapenas quando esteja em causa alguma modificação subjectiva da instância. O despachopré- saneador também é obrigatoriamente proferido quando o juiz detecte airregularidade dos articulados, seja porque careçam de requisitos legais indispensáveis,seja porque não tenham sido acompanhados de documentos essenciais ou de qualquerlei que faça depender o prosseguimento da causa.O não acatamento deste convite ao aperfeiçoamento conduz a resultados distintosconforme tenha sido dirigido ao autor ou ao réu, conforme a espécie de irregularidade econforme o articulado em que esta haja sido cometida.art. 474º CPCo juiz deve abster-se de conhecer do mérito da causa e absolver o réuda instância julgando, nos termos do art. 287º, a) CPC, extinta a instância, o quecorresponde ao julgamento formal da lide.Se o autor não satisfaz um requisito que a lei lhe impõe, o desfecho da acção não podedeixar de ser meramente formal, caracterizado pela impossibilidade de o juiz conhecerdo mérito da causa.Se a irregularidade consiste na falta de junção de um documento essencial para prova anão aquiessência ao convite implica que o facto não possa ser dado como assente comas consequências inerentes ao nível de mérito da causa, a ponto de conduzir à

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improcedência da acção.Relativamente à contestação, temos de apurar se estamos apenas no âmbito da defesa outambém no da reconvenção:- tratando-se de contestação defesa e faltando os requisitos legais, a matéria defensionaltem de ser considerada sem efeito, sofrendo o réu as conseqüências normais daíemergentes. Se a irregularidade consistir na falta de junção de um documento essencial,as consequências da não aquiessência ao convite prendem-se com o mérito da causa,potenciando a condenação do réu no pedido.- se a contestação incluir reconvenção, o não suprimento dos vícios que respeitemapenas ao pedido reconvencional circunscrevem-se a esta matéria, não prejudicando adefesa.DIREITO PROCESSUAL CIVIL58Se a irregularidade não suprida disser respeito aos articulados eventuais ficarão osmesmos sem efeito afectando-se ora o pedido original ora o reconvencional consoante airregularidade diga respeito àquele ou a este pedido.- facultativopara convidar as partes a suprir insuficiências ou imprecisões queexistam na matéria de facto exposta nos articulados – art. 508º, nº3 CPC.Incide sobre os articulados imperfeitos os quais podem ser facticamente insuficientes eimprecisos.Se as partes querem permanecer na imperfeição fáctica isso poderá pôr em causa asrespectivas pretensões.Audiência preliminarhavendo ou não despacho saneador, a tramitação da acçãodeclarativa ordinária comporta a realização de uma audiência preliminar.Objectivos- art. 508º/A, nº1 CPC:a) tentativa de conciliação das partescompete ao juiz ponderar acerca daoportunidade processual desta tentativa. Se a audiência preliminar for marcada apenaspara tentar a conciliação, ela assumir-se-á mais como uma verdadeira “tentativa deconciliação”. Não fica esgotada a possibilidade de, numa fase mais adiantada sermarcada uma tentativa de conciliação, ora porque o juiz a determine oficiosamente, ora

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porque as partes conjuntamente a requeiram.As excepções dilatórias a que se refere o art. 508º/A, nº1, b são as que tenham sidoformalmente suscitadas pelas partes nos articulados e aquelas que o juiz possa conheceroficiosamente.A audiência preliminar pode ser dispensada se a sua realização tivesse como fimfacultar a discussão de excepções dilatórias já debatidas convenientemente nosarticulados.b) discussão sobre as excepções dilatórias que o juiz deva apreciar.c) discussão sobre a possibilidade de conhecimento imediato do mérito da causapromoção de uma discussão entre os litigantes, quando o juiz tencione conhecer já domérito da causa – art. 508º/A, nº1, b, 2ª parte. Da discussão entre as partes pode surgirqualquer elemento em que o juiz não tivesse atentado, levando-o a concluir que afinal omérito da causa não pode ser já apreciado – art. 508º/A, nº3. Refere que o despacho quemarque a audiência preliminar para este efeito não constitui caso julgado sobre apossibilidade de apreciação imediata do mérito da causa.Art. 508º/B, nº1, b), parte final CPCesta audiência pode ser dispensada quando aapreciação do mérito da causa revista manifesta simplicidade.d) discussão tendente à delimitação do litígio e ao suprimento das insuficiências ouimprecisões que ainda subsistem ou que agora se evidenciemquis o legislador que nofim dos articulados o juiz possa convocar as partes para a audiência preliminar afim deque:- se discutam as posições das partes com vista à delimitação dos termos do litígio;- se supram as insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto que aindasubsistam;DIREITO PROCESSUAL CIVIL59- se supram as insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto que setornem patentes na seqüência do próprio debate –art. 508º/A, nº1, c.O juiz participa com vista à delimitação do objecto da lide e à beneficiação fáctica dosarticulados, sugerindo o suprimento das insuficiências que ainda subsistam ou que agorase evidenciem.

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Pode também marcar a audiência preliminar apenas porque suponha ser possíveldelimitar mais exacta e precisamente os termos do litígio reduzindo-o a uma das 2questões essenciais.e) despacho saneadordeve ser ditado directamente pelo juiz para a acta da audiência– art. 508º/A, nº1, d.Conhecimento das excepções dilatórias e das nulidades processuaisse as partes nãotiverem suscitado formalmente quaisquer excepções dilatórias e o juiz concluir que nãose verifica alguma das que pode conhecer oficiosamente, basta a referência genérica àfalta de excepções.Se tiver sido invocada uma excepção dilatória que o juiz entenda não dever proceder éno despacho que tal decisão fundamentada pode ser incluída.Se tiver sido suscitada uma excepção dilatória que possa proceder, a decisão a proferirno despacho depende do que tiver ocorrido a propósito do despacho pré- saneador.Se o processo não terminar pela procedência de qualquer excepção dilatória, deve o juizconhecer das nulidades processuais, mesmo que não tenham por efeito anular todo oprocesso.As nulidades provêm da inobservância de formalismos processuais prescritos na lei aque esta faz corresponder uma inutilização maior ou menor dos actos praticados.Conhecimento imediato do mérito da causa – art. 510º, nº1, bconcluindo que não hácircunstâncias que impeçam o conhecimento do mérito da causa, o juiz deve verificarse estão reunidas condições para tal conhecimento.O despacho assumir-se-á como uma sentença de mérito sendo como tal considerado –art. 510º, nº3 CPC.Se o Estado da causa não fornece a possibilidade de conhecer já do seu mérito, basta aojuiz fazer uma breve referência a essa circunstância, concluindo-se o despacho saneadorcom a tal menção.- o despacho saneador é constituído apenas por 2 capítulos:- art. 510º, nº1, a CPCexcepções dilatórias e nulidades;- art. 510º, nº1, b CPCconhecimento do mérito da causa.- o despacho saneador é proferido oralmente no decurso da audiência preliminar. Pode

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não ser assim se o juiz, considerando a complexidade das questões, a apreciarentendendo que o despacho deve ser lavrado por escrito. A audiência suspende-se e ojuiz lavra o despacho saneador em 20 dias, continuando depois a audiência preliminarpara as demais formalidades, se for caso disso – art. 510º, nº2, 2ª parte.Selecção de matéria de factoprimeiro fixa-se os factos com interesse para a decisãoe em segundo lugar as várias soluções – art. 511º, nº1 CPC. Depois de entre os factosrelevantes há que fixar aqueles que estão já apurados e aqueles que permanecem emDIREITO PROCESSUAL CIVIL60controvérsia. A esta selecção feita pelo juiz podem as partes opor reclamações – art.508º/A, nº1 e art. 511º CPC.- devem ser logo ditadas pelo reclamante para a acta da audiência;- podem fundar-se na deficiência excesso ou obscuridade da selecção da matéria defacto – art. 511º, nº2 CPC.Apresentada a reclamação, deve o juiz conceder a palavra à parte contrária após o que areclamação é decidida sendo que este despacho só pode ser impugnado no recurso quese vier a interpor da decisão final nos termos do art. 511º, nº3 CPC.Art. 508º/B CPCaudiência preliminar destinada à selecção da matéria de facto podeser dispensada quando a causa for simples. Se houver também se dispensa o despachosaneador verbal. Quando assim seja, as reclamações a estas podem ser apresentadas,respondidas e decididas no início da audiência final – art. 508º/b, nº2, in fine.Art. 508º/A, nº2 CPCé na audiência preliminar que as partes deve indicar os seusmeios de prova, aí se decidindo sobre a admissão e a preparação das diligênciasprobatórias, requeridas pelas partes ou oficiosamente determinadas, salvo se alguma daspartes com fundadas razões, requerer a sua indicação ulterior, fixando-se o prazo paraefeito- Art. 508º- A, nº2, a CPC.Art. 508º/A, nº2, b + art. 155º, nº1 CPCdesigna a data da realização da audiênciafinal.A audiência preliminar serve ainda para as partes requererem a gravação da audiênciafinal ou a intervenção do tribunal colectivo.III - INSTRUÇÃO

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Os meios de prova são apreciados livremente pelo tribunal.Pertencem ao direito probatório formal as normas que disciplinam a utilização dosmeios de prova em juízo indicando o modo de requere as provas, de as produzir e de asvalorar.Princípios que presidem à actividade processual:- princípio do inquisitórioo tribunal pode realizar ou ordenar oficiosamente asdiligências para a descoberta da verdade – art. 265º, nº3; tendo em conta os limitesimpostos do princípio do dispositivo quanto à matéria de facto.- princípio da cooperaçãotodas as pessoas, partes ou não, devem prestar a suacolaboração para a descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for solicitado,submetendo-se às inspecções facultando o que for requisitados e praticando os actos queforem determinados.A recusa da colaboração é sancionada.DIREITO PROCESSUAL CIVIL61- princípio da audiência contraditória- art. 517º CPCgarantir a ambas as partes oacompanhamento dos actos instrutórios e probatórios.- princípio do valor extraprocessual das provas – art. 522º CPCalgumas provasproduzidas num processo podem vir a ser utilizadas noutro processo contra a mesmaparte.A lei exige que tenham sido produzidas com audiência contraditória da parte, não énecessário que a parte contrária haja efectivamente intervindo bastando que tenha sidonotificada para esse fim.Os articulados servem para a exposição dos factos e das razões de direito dasrespectivas pretensões.- princípio da livre admissibilidade dos meios de prova- art. 265º, nº2atribuiexpressamente ao juiz o poder/ dever de determinar e realizar as diligências necessáriasdo apuramento da verdade.- princípio da aquisição processualprocurar a verdade material (art. 515º CPC).O tribunal deve tomar em consideração todas as provas, tendo elas sido oferecidas pela

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parte que as devia produzir. Esta prova oferecida e produzida mesmo que desfavorável àparte que a produziu deve ser tida em conta na convicção do juiz.O juiz pode dar como provado um facto ao autor com base nas provas oferecidas eproduzidas pelo réu. Se o advogado do autor no fim da prestação do depoimento dassuas testemunhas verificar que o seu depoimento lhe é desfavorável, não pode pedirpara não o considerar.As provas se consideram definitivamente adquiridas para o processo probatório nomomento do requerimento da prova.- princípio da livre apreciação da provajuiz forma o seu juízo probatório sem estarvinculado a qualquer critério legal, em conformidade com os critérios exteriores da suaexperiência pessoal e dos diferentes saberes ou conhecimentos sobre a eficácia dosmeios de prova.- princípio da prova legaljuiz chega à conclusão probatória pela aplicação doscritérios com que fixa o meio de prova.- princípio da imediaçãoentre o juiz e o meio de prova nada deve interpor-se. Orespeito por este princípio exige quanto às provas pessoais que estas sejam produzidasoralmente perante o juiz julgador e neste último aspecto o princípio não é mais do que oprincípio da validade que é o modo de ser imposto pelo princípio da intenção no âmbitodas provas pessoais.- princípio da repartição do ónus da provafinda a produção da última prova o juizpode ter adquirido a certeza quanto à realidade de certos factos como pode ficar nadúvida.DIREITO PROCESSUAL CIVIL62O juiz deve dar o facto como não provada, deve julgar o facto contra aquela parte quetem o ônus da prova.As provas produzidas podem não ter sido suficientes para obter uma conclusão.A inconclusão não é lhe é motivo para se abster de julgar sobre o facto.O juiz transformará o non liquet em juízo probatório de acordo com a repartição doónus da prova.Meios de prova:

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- prova por apresentação de coisas móveis e imóveisart. 518º CPC, arts. 523º e 524ºCPC, art. 518º, nº2 CPC.- prova documentalquaisquer objectos elaborados pelo homem com o fim dereproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto. O art. 523º, nº1 refere que a provadocumental impõe que os documentos sejam apresentados com o articulado em que sealeguem os factos correspondentes.O art. 524º CPC prevê a apresentação de documentos após o encerramento da discussão:1º havendo recurso são admitidos os documentos que não tenha sido possívelapresentar até àquele momento;2º admitidos em quaisquer estado do processo os documentos destinados aprovar os factos posteriores aos articulados ou cuja apresentação se revelenecessária por força de ocorrência posterior.- prova por confissão das partes – art. 352º a 361º CCconfissão pode fazer-se pordiversos meios, judicial ou extrajudicialmente (art. 355º CC).Entre as formas de confissão judicial (art. 356º CC), a que tem tratamento processualautônomo é a que resulta do depoimento de parte – art. 552º e ss CPC.art. 553º, nºs 1 e 3 CPC + art. 559º CPC + art. 357º, nº2 CC + art. 554º, nº1 CPC + art.561º CPC.- prova pericial art. 388º CC + art. 568º, nº1 CPC + art. 569º, nº1 CPC + art. 580º,nº1- prova por inspecçãoart. 612º, nº1 CPC + art. 613º CPC- prova testemunhalo depoente deve revelar as suas percepções sobre os factoscontrovertidos ou carecidos de prova.art. 619º, nº1 CPC + art. 629º + art. 632º, nº1 + art. 621º CPCTerminado o interrogatório preliminar, pode ter lugar o incidente da impugnação,visando obstar ao depoimento deduzido pela parte contra o qual a testemunha forproduzida.O interrogatório incidirá sobre os factos que tenham sido articulados ou impugnadospela parte que ofereceu a testemunha, devendo depor com precisão.A acareação, art. 642º, pode ser suscitada oficiosamente ou a requerimento das partes eprocessa-se nos termos do art. 643º. Destina-se a confrontar quem tiver depostocontraditoriamente acerca de determinado facto.

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- direito probatório formalnormas jurídicas relativas ao modo de requerer as provase produzir provas.- direito probatório materialadmissibilidade dos meios de prova; a quais provaspode o juiz lançar mão, qual a força probatória de cada meio de prova; questõesrelativas ao ónus da prova (reguladas no CC).DIREITO PROCESSUAL CIVIL63Classificação dos meios de prova:--- natureza do meio de prova:- prova realmeio de prova é uma coisa, documento, objecto ou local.- prova pessoalmeio de prova é uma pessoa.--- relação entre o juiz e o objecto:- provas directasnada se interpõe entre o juiz e o facto a apurar.- provas indirectasentre o juiz e o facto interpõe-se alguma pessoa ou coisa.--- atendendo ao valor/ eficácia probatória do meio de prova:- provas legaisvalor probatório fixado na lei.- provas de livre apreciaçãovalor probatório não é fixado por lei, são apreciadassegundo a convicção do julgador tendo em conta as regras da experiência e os diferentessaberes que o juiz pode convocar para esse efeito.--- tendo em conta o momento da formação da prova:- provas pré- constituídasexistem antes de surgir a necessidade da prova, isto é, antesda prova.- provas constituendaso meio de prova forma-se no decurso do processo.Classificação de documentos quanto à prova documental--- documentos autênticos – art. 363º, nº2 CC2 vícios dos documentos autênticos:- nulidadeinobservância das formalidades legais; pode ser total ouparcialmente forjado.- falsidade material ou ideológicaatesta no documento actos que narealidade não aconteceram ou não foram realizados.A força probatória formal refere-se à questão de saber se o documento é autêntico. Pararesponder a isto, quando estiver subscrito pelo autor como sendo do respectivo serviço equando a assinatura do seu autor se mostrar autenticada pelo notário.Presume-se autêntica, isto é, é uma presunção irrefutável, ilidível.A força probatória material refere-se a uma realidade diferente, que factos é que seconsideram provados por via do documento autêntico – art. 371º CC.

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Uma coisa é a realidade de um facto, outra coisa é a validade de um facto. O facto podeter-se dado e a declaração dele pode ser inválida ou simulável.--- documentos particulares – 2 tipos (373º CC):- simplesassinados e escritos pelo autor;- com intervenção notarialpodem ser:- autenticadosa intervenção notarial consiste na declaração notarial de que odocumento foi lido ao seu subscritor e por ele foi declarado subscrever à sua vontade.;DIREITO PROCESSUAL CIVIL64art.355ºCC- com reconhecimento notarial presenciallimita-se a declarar que odocumento foi assinado na presença dele;- com assinatura arrogoquando fisicamente não pode assinar ou quando não osabe fazeraqui a intervenção notarial é análoga à intervenção autenticadao arrogotem de ser solicitado na presença do notário; o notário lê o documento ao rogante edepois o rogado assina na presença do notário.De acordo com a força probatória formal, basta a autenticidade do termo deautenticação ou termo tiver selo branco para estar estabelecida a autentificação.A autenticidade pode provir do reconhecimento expresso ou tácito da outra parte e nãohavendo reconhecimento a prova da autenticidade faz-se de forma normal emlaboratório, sem exclusão da prova testemunhal.Modalidades da confissão- confissão expressarealizada através de palavras directas ou explícitas ou outrosmeios explícitos.- confissão tácitadecorre de certo comportamento que se reputa como conducente.- confissão fictaquando a lei processual em face de um certo comportamentoomissivo ou evasivo de algumas das partes considera verdadeiro ou estabelecido umfacto.A nossa lei não reconhece a figura da confissão tácita mas nela temos vários exemplosde confissão ficta.A nossa lei não admite que se conteste por falta de conhecimento. Se adoptar umapostura evasiva isso equivale ao conhecimento.

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Confissão judicial (art. 356º CC)numa acção ou num procedimento cautelar.- espontâneapor iniciativa do confiente.- provocadafeita em acto e/ou diligência processual requerida pela outra parteou pedida oficiosamente pelo juiz.Confissão extrajudicialfora de uma acção ou de um meio de tutela geral.- autênticafeita sob documento autêntico, com escritura.- particularescrita (documento escrito +articular) ou verbal.--- princípio da irretractabilidade (art. 567º CPC) uma vez feita a confissão nãopode mais ser retirada pelo confitente. Este princípio não é absoluto. Excepcionalmente,art. 38º CPC, as confissões de facto feitas por advogado mandatário, estagiário ousolicitador, salvo se for ratificado ou retiradas, quando a outra parte disserexpressamente para a receber.--- princípio da indivisibilidade (360º CC)a confissão não é divisível porque háconfissão simples, complexa e qualificada. Ao ser complexa, o confiente aceita o factomas acrescenta-lhe mais um facto que destrói o efeito jurídico do anterior, é um contradireito do direito do autor. Se quiser dividir a confissão, há uma inversão do ónus daprova. A qualificada aceita o facto mas acrescenta-lhe particularidades que o faz diferirna sua qualificação jurídica.DIREITO PROCESSUAL CIVIL65confissão judicial:- escritatem força probatória plena contra o confiente, tem de ser feita nosarticulados.- orallivremente apreciada porque não tem força probatória plena.confissão extrajudicial:- se a confissão constar de um documento pleno ela considera-se estabelecida. Aqui onotário era representante de outra parte, caso contrário é apreciado livremente.- se a confissão for feita perante o notário faz prova plena mas se num documentoautêntico reconhecer a dívida a um terceiro e não à outra parte então não tem forçaprobatória.art. 359º CCa confissão pode ser declarada nula ou anulável mesmo com o trânsitoem julgado da decisão.

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A confissão não é uma declaração de vontade mas de verdade; pode levar a recursosextraordinários.Depoimento de partePrestação de declarações dos factos que interessam à decisão da causa. Quando uma daspartes requer do juiz que chame a outra parte a prestar depoimento.art. 554º CPCsó pode ter por objecto factos pessoais ou de que o depoente deva terconhecimento.Nem todos os factos pessoais podem ser objecto de depoimento (art. 554º nº 2 CPC):- não de factos criminosos;- não de factos torpes de que a parte seja arguída.Valor probatórioo depoimento da parte é reduzido a escrito e verificados os outrospressupostos constitui prova plena. Ou redunda em confissão e não é escrito porque élivremente apreciado.No caso de não redundar em confissão, as declarações prestadas pela parte sãolivremente apreciadas pelo tribunal.Procedimento – art. 552ºart. 512º CPC.A parte deve indicar logo os factos sobre que há-de recair. Se não, o depoimento não éadmissível.O depoimento é prestado na audiência final (art. 556º nº 1 CPC).Formalismo:- juramento do civil ou acto de honra (art. 559º CPC);- interrogatório do juiz (art. 560º CPC);- redução do depoimento a escrito quando redunda em confissão (art. 563º CPC).O depoente é obrigado a comparecer, tendo o dever de responder sobre aquilo que lhe épedido, segundo o princípio da cooperação. O juiz tem sempre poder de direcção sobreo interrogatório.DIREITO PROCESSUAL CIVIL66Não é admitida prova testemunhal quando as partes estejam plenamente provocadas –art. 393º, nº2 CC.Também não é admissível sobre factos que só possam ser aprovados por documentos –art. 393º, nº1.Não é admissível (art. 394º, nº1 CC) se tiver por objecto quaisquer convençõescontrárias ao conteúdo do documento, sejam convenções anteriores ou posteriores.

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Também não pode ser provado por testemunhas o acordo simulatório como o negóciojurídico dissimulado porque os terceiros podem prová-lo.A força probatória é apreciada livremente no tribunal – art. 396º CC.art. 645º CPCIV – DISCUSSÃO E JULGAMENTOApresentam-se ligadas e intercalam-se.Depois de produzida a prova procede-se à discussão oral da matéria de facto.Depois tem lugar a discussão do aspecto jurídico da causa, a qual será oral ou escritaconsoante a opção das partes – art. 653º, nº5 e 657º CPC.Audiência finaldesenrola-se perante o tribunal singular ou colectivo – art. 646º, nº1CPC.art. 646º, nº2A audiência final desenrola-se perante o juiz a quem caberia a presidência do tribunalcolectivo.A audiência decorre publicamente iniciando-se por uma tentativa de conciliação daspartes, promovida pelo presidente do tribunal, desde que a causa não envolva direitosindisponíveis (art. 652º, nº2).art. 652º, nº3A primeira parte da audiência destina-se à produção da prova sobre a matéria de factocontrovertida, é de todo conveniente que todas as diligências probatórias decorramperante esse mesmo tribunal, isto é, na audiência final assim se garantindo aproximidade dele relativamente às provas.É na audiência final que tem lugar a prestação dos depoimentos de parte.O presidente do tribunal goza de todos os poderes necessários para conduzir a audiênciade forma a garantir a sua utilidade e a evitar o seu retardamento.Terminada a produção de prova, a audiência final prossegue com os debates orais entreos advogados das partes – art. 652º, nº3, e) CPC.652º nº 5 CPC + art. 264º, nºs 2 e 3Factos complementarescompletadores de uma causa de pedir complexa.DIREITO PROCESSUAL CIVIL67Factos concretizadoresfactos essenciais que acrescentam ou completam os factosconcretizadores, pormenorizam, minuciando ou particularizando factos anteriormentealegados.

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Gravação da Audiência finalart. 522º-B CPCJulgamento da matéria de factoo tribunal não deve pronunciar-se sobre factos quepossam ser provados por documentos ou que estejam plenamente provados, quer pordocumentos quer por acordo ou confissão das partes, sob pena de se terem por nãoescritas as respostas respectivas – art. 646º, nº4.Quanto aos factos plenamente provados por documentos, acordo ou confissão daspartes, à 1ª vista pode parecer que o problema nem sequer se levanta.O tribunal deve fundamentar a sua decisão.Proferida a decisão, o tribunal regressa à sala de audiência e o presidente procederá àsua leitura, facultando o seu exame a cada um dos advogados pelo tempo que se revelarnecessário para uma apreciação ponderada, tendo em conta a complexidade da causa.Antes da sentença tem lugar nova discussão entre os advogados das partes, agoracircunscrita ao aspecto jurídico da causa – art. 657º CPC.Resta a determinação das consequências jurídicas da matéria de facto provada. Estadiscussão jurídica pode fazer-se oralmente ou por escrito, conforme o que as partesacordem.A alegação oral ou escrita deve traduzir-se num projecto de sentença, baseando-se numraciocínio semelhante ao que orientará o juiz na elaboração da decisão final da causa.V – SENTENÇASentença deve ser proferida no prazo de 30 dias após a conclusão do processo – art.658º CPC.Estrutura da sentença:- relatório (659º nº 1 CPC);- fundamentos (659º nº 2 CPC);- decisão.De acordo com a doutrina dominante, o caso julgado que vier a formar-se sobre asentença em regra respeita só à sua parte decisória – art. 671º.Pode acontecer que o juiz se reja impossibilitado de proferir uma decisão de mérito.art. 660º, nº1 CPCO juiz atendendo à ordem lógica da sua precedência deve conhecer aqui as questõesprocessuais que impliquem a absolvição da instância.Havendo pedidos primários e subsidiários, dever-se-á conhecer em primeiro lugar osprimários.DIREITO PROCESSUAL CIVIL68

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Limites da sentençaart. 661º CPCAtendibilidade de factos jurídicos supervenientesart. 663º CPCSe entre o momento da apresentação do litígio e o encerramento da discussão tiveremocorrido alterações nos elementos da causa, isso deve ser considerado pela sentença emtermos de a causa ser “decidida tal como deveria sê-lo se os factos em questão já setivessem produzido ao tempo da instauração do pleito”.PROCESSO DECLARATIVO SUMÁRIOAplica-se às acções declarativas comuns cujo valor não exceda a alçada da relação e nãodevam seguir a tramitação sumaríssima – art. 462º CPC + art. 783º a 792º.I- Articulados- prazo para contestaçãoart. 783º CPC;- regime da reveliaart. 483º a 485º CPC – este julgamento da causa conforme for dedireito não dispensa o juiz de observar o disposto no art. 660º, nº1 CPC.- resposta à contestação, tal como a réplica, a resposta tem carácter eventual, sópodendo ser apresentada de acordo com os arts 785º e 786º.Não há articulados eventuais.II- SaneamentoRegranão existência da audiência preliminar, mas art. 787º, nº1 CPC…III - Instruçãoart. 789º CPC + art. 632º (ver art. 633º CPC)IV - Discussão e Julgamento (art. 791º CPC)produção da provadebate oral sobre a matéria de facto (art. 652º, nº3, e CPC )julgada a matéria de facto (art. 791º, nº3 CPC )discussão do aspecto jurídico da causa(oral) (art. 790º, nº1 CPC).V - SentençaNos moldes prescritos para o processo ordinário.PROCESSO DECLARATIVO SUMARÍSSIMODIREITO PROCESSUAL CIVIL69Aplica-se às acções declarativas comuns cujo valor não exceda a alçada da 1ª instância ese destinem ao cumprimento das obrigações pecuniárias à indemnização por dano e àentrega de coisas móveis – art. 462º CPC.I - Articuladosart. 793º + 151º nº 2 CPC, art. 794º nº 1 CPCIV – Audiência FinalA seguir à contestação é designado dia para a audiência final – art. 795º, nº2, mas art.795º, nº1 CPC…Não há fase de contestação nem selecção da matéria de facto.

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A prova recai directamente sobre os factos constantes dos articulados e terão a prova naaudiência final.Não é possível requerer nem o tribunal colectivo nem audiência final gravada.Apenas podem ser produzidos 6 depoimentos por cada parte – art. 796º, nº1 e não maisdo que 3 sobre cada facto por aplicação subsidiária (art. 789º CPC).art. 796º, nºs6 e 7CPC, art. 800º CPCACTOS PROCESSUAIS DAS PARTESTodo o comportamento positivo ou omissivo consciente e voluntário regulado pelodireito processual civil nos seus pressupostos ou nos seus efeitos; ou cujos efeitosprincipais se produzem no âmbito do processo.Espécies processuais das partes:Actos postulativosactos de gestão pessoal funcionalmente orientados paradeterminar a prática de um acto judicial, que o juiz praticará se o julgou admissível efundamentado. Qualquer acto de instrução é postulativo, tendo de ter o concurso do actojudicial.2 categorias:- aqueles actos processuais que contêm um pedido de uma determinada decisão judicial,apelativa ao mérito ou à relação processual.- contestação pretende uma decisão judicial de mérito favorável.Constituída por:- alegações de factos;- alegações de direito;- actos instructórios.�Actos dispositivos/ causaistendem a conformar directa e imediatamente o processocriando determindada situação processual sem o concurso de uma decisão judicialconstitutiva ou constituinte.Sobre estes actos há-de recair uma decisão de natureza homologatória.Quanto à forma podemos ter:Actos unilateraispetição inicial/ contestação;DIREITO PROCESSUAL CIVIL70�Actos bilateraistransacção/ desistência e julgamento dominado pelo princípio daoralidade.Quanto ao conteúdo podemos distinguir:Articuladospeças escritas das partes que servem para o autor expor o fundamento daacção e para o réu contestar. É escrito postulativo que serve para expor os fundamentos

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da defesa ou da causa de pedir.art. 687º, nº1�Requerimentoé um acto processual cuja função típica é apresentar alguma pretensãorelativamente ao processo.�Respostaacto processual através do qual uma das partes exerce o contraditório emrelação ao requerimento apresentado pela outra parte, é a contestação ou réplica. Aaudiência é uma secção do tribunal com o princípio fundamentalmente utilizado que é aoralidade.�Alegaçõesservem para as partes ou fazerem o exame crítico das escolas ousustentadas em vias de recurso, as alegações feitas já anteriormente.�Notificações - art. 229º-AACTOS PROCESSUAIS DA SECRETARIAAssegurar a tramitação do processo sob dependência do juiz – art. 161º CPC.Actos documentativos ou de registoa secretaria desempenha um papel notarial,regista à prática de actos processuais das partes e do juiz ou da ocorrência processual:- actautilizado para registar uma audiência ou sessão do tribunal;- autoregisto de alguma diligência processual (art. 615º CPC);- termodocumentar actos das partes (art. 300º CPC);- assentadareduzir a escrito o depoimento de parte (art. 563º CC);- quotaespécie de diário de processo, de andamento do processo.Actos de certificação ou certificativos A secretaria pratica actos da administraçãopública.Actos de comunicaçãonotificações que em sentido amplo são o acto pelo qual seleva ao conhecimento das partes ou de terceiro de um acto processual.2 espécies:--- citaçãoacto destinado a levar pela 1ª vez ao conhecimento do demandado quecontra ele foi proposta uma acção.Várias formas de ser feita a citação:- por funcionáriocontacta o citando directamente ou através de um terceiro;- via postalcarta simples ou com aviso de recepção;- edital.DIREITO PROCESSUAL CIVIL71Requisitos – art. 235º CPCEfeitos da citação – art. 481º CPC:

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- substantivos;- processuais.A partir da citação é que se conta o prazo de contestação (não se conta o dia em que écitado).--- Notificação em sentido estritodar conhecimento aqueles casos em que seprocede à citação.2 tipos:- para comparência;- para dar conhecimento.Considera-se feita através da causa registada. No 3º dia útil posterior à data do registo.Actos de solicitação ou requisição de actos judiciais - art. 176º CPC2 tipos:- mandadotribunal ordena a prática da execução de um acto (art. 176º nº 2 CPC).- cartasolicita a intervenção de outros tribunais ou entidades. (art. 176º nº 2 CPC) 2tipos:- precatóriarequer a prática do acto a outro tribunal ou cônsule português.- rogatóriarequer a prática do acto a uma entidade estrangeira.Actos de movimentação ou impulsoconclusões que alguns incluem nos actosdocumentativos.ACTOS PROCESSUAIS DO JUIZArt. 156º, nº1 CPC- tipos de decisõesSentençasforma que reveste nas acções a decisão sobre o fundo da questão ou dacausa ou sobre o incidente que se ofereça com a estrutura de uma causa – art. 152º, nº2CPC.Também é a forma que reveste a decisão da absolvição da instância após a audiência dediscussão e julgamento.classificação:--- natureza do objecto da decisão:- de méritoabsolvição de pedido;- de formadecidem sobre a questão relativa à relação processual;- sentença finaldecide no todo ou em parte sobre o objecto da causa, pondo fim aoprocesso.- sentença interlocutóriadecide sobre qualquer questão incidental mas não põe fim aoprocesso.- sentença plenadecide sobre a totalidade do objecto da causa.- sentença parcialdecide sobre uma parte individualizada e susceptível de avaliaçãoautónoma do objecto da causa individualizada do mérito da causa.--- natureza da providência judiciária solicitada pelo autor:- simples apreciação;

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- condenação;- constitutivas.DIREITO PROCESSUAL CIVIL72Despachostodas as demais decisões judiciais.classificação:--- mérito;--- de formaé a forma adequada para decidir as questões de forma;--- final põe termo ao processo;--- interlocutórionão põe termo ao processo (despacho pré- saneador).- despacho de mero expediente (art. 156º nº 4 CPC):- internosdespachos para a secretaria;- externosdizem respeito ao andamento do processo sem tocarem porém nointeresses das partes.- despachos proferidos no poder legal discricionárioao juiz é permitida uma certamargem de liberdade na escolha das decisões.- despachos vinculativosjuiz tem de cumprir critérios de legalidade estrita.Regime jurídico das sentençasDever de fundamentação- art. 158º CPCsó o despacho de mero expediente é quenão carece de ser fundamentado.A fundamentação deve ser no aspecto factual e jurídico.Não pode consistir só nos fundamentos alegados pelas partes. Mesmo que o juiz nãotenha outros fundamentos deve reverte-los num discurso próprio que revele o mínimode ponderação.Forma da Sentença – art. 659º CPC- relatório- fundamentação- decisãojuiz decidirá sobre a providência judiciária requerida pelo autorasentença tem de ser datada e assinada; a forma de despacho não tem modelo previsto nalei mas pode-se tirar pela forma de sentença. Embora na prática não seja fácil produzirum despacho sobre qualquer matéria sem saber o objecto da questão.Vícios das decisões judiciais- inexistêncianão faz parte da tipologia legal. No entanto a doutrina admite que hácertos vícios que só podem ser enquadrados aqui:- sentença proferida por alguém sem poder jurisdicional;- sentença proferida contra pessoa fictícia ou imaginária;

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- sentença que não contem uma verdadeira decisão ou contém uma decisãoinsusceptível de produzir algum efeito jurídico.Nota: Sentenças proferidas contra alguém falecido, incapaz são sentenças plenamenteeficazes.- nulidade - art. 668º CPC- erro material - art. 667º CPC- obscuridade ou ambiguidade da sentença – art. 669º CPCMeios de impugnar as decisões judiciaisDIREITO PROCESSUAL CIVIL73A inexistência é algo que não tem aparência de sentença por isso não produz qualquertipo de efeito e não precisa de ser impugnado.O erro material, o meio próprio é o requerimento a solicitar a rectificação e o mesmoacontece para a obscuridade da sentença.Outros meios:- reclamaçãoespecífico para arguir as nulidades da sentença, ele é dirigido ao tribunalpara proferir a decisão judicial.- recursomeio processual adequado para impugnar a decisão injusta por erro dejulgamento, é dirigido a um tribunal superior.RECURSOS – art. 676º CPCart. 676º nº 2 CPC--- ordinários:- apelação- revista- agravo--- extraordinários- revisão (art. 771º a 777º CPC)- oposição de 3º (art. 778º a 782º CPC)art. 692º, nº 1 e 2 CPC + art. 792º CPCO efeito da interposição do recurso de agravo pode ser suspensivo ou meramentedevolutivo.Em processo sumaríssimo interpõe-se recurso de agravo para o STJ da sentença dotribunal de comarca quando se fundamente o recurso na violação das regras dacompetência internacional, em regra da matéria ou da hierarquia ou na ofensa de casojulgado – art. 754º nº 1 CPC, art. 800º e art. 678º, nº2 CPC.Revistaobjectivo reparar um erro de determinação da norma aplicável, deinterpretação ou de aplicação desta, embora acessoriamente se possa alegar qualquercausa de nulidade do acórdão.EFEITOS DA SENTENÇA

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Natureza substantivaaparece algumas vezes como fazendo parte da hipótesenormativa como facto jurídico.Natureza processualextinção do poder jurisdicional – art. 666º.A sentença uma vez proferida não pode ser alterada pelo juiz que a proferiu.DIREITO PROCESSUAL CIVIL74O esgotamento não é completo ou total.Mesmo depois de proferida a sentença ainda é lícito ao juiz:- ratificar erros judiciais;- esclarecer dúvidas ou ambiguidades;- reformá-la quanto a custas;- requerimento das partesreformá-la quando tenha incorrido em erro manifesto emnorma material a aplicar ou quando constem em processo provas que determinem umasituação diferente daquela que ele proferiu.Exequibilidadea sentença condenatória pode servir de fundamento a uma acçãoexecutiva.A sentença de simples apreciação não tem esse efeito e é duvidoso que a sentençaconstitutiva o tenha. A maioria dos autores nega-o.Caso julgadoo processo não pode prolongar-se indefenidamente.- formalimodificabilidade da decisão por não ser mais passível de recurso ordinárioou de reclamação. Acontece quando não é possível ou a decisão não é susceptível dereclamação ou recurso. Só tem efeitos dentro do processo porque é necessário pôr fimao processo mas a imodificabilidade decorrente dele, só por si, não impede que a mesmaquestão chega suscitada num outro processo mas o resultado não é susceptível porquecria insegurança jurídica.- materiala definição do direito do caso concreto contida numa sentença uma veztransitada em julgado obriga as autoridades e tribunais a respeitá-la – art. 671º CPC.A sentença de mérito teve força probatória fora do processo:- impede que proposta uma acção idêntica, quanto pelo objecto e sujeitos àquela queproferida impede que o tribunal possa pronunciar-se sobre o mérito da causa entre asmesmas partes sobre causa idêntica.- definição contida para o caso concreto vem a surgir mais tarde como a questãoprejudicial noutro caso.O caso julgado pressupõe 2 causa idênticas.Critério para determinar ser uma idêntica ou não:

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- sujeitos;- objectoidentifica-se em 2 elementos: pedido e causa de pedir.A força vinculativa do caso julgado tem limites objectivos e subjectivos.----Subjectivosprincípio da eficácia relativa do caso julgadovincula somente asque tiverem no processo o estatuto de partes e como tal puderem participar na formaçãoda decisão. O caso julgado vincula as partes mas também as pessoas jurídicas quepertenceram à relação das partes, isto é, os seus sucessores.Nas acções contra incerto o caso julgado só vale em relação aos interessados quetenham participado no processo. O caso julgado não vincula os 3ºs.Sujeitos de uma relação jurídica:DIREITO PROCESSUAL CIVIL75Paralelaquando não pode constituir ou não se pode subsistir sem ela.Concorrentea cada um dos credores é lícito propor uma acção para ter o seu dinheiro.Subordinadaonde exista uma única decisão estamos perante um litisconsórcionecessário; é necessário que a decisão seja feita na presença de todos.Necessário 2 causas idênticas:- tenham o mesmo objecto;- a mesma pretensão e o fundamento sejam os mesmos.--- Objectivospara decidir sobre a acção o juiz tem de decidir uma multiplicidade dequestões para qualificar como pontos prejudiciais, que são os fundamentos da decisão.O caso julgado cobre só a decisão ou também a fundamentação? Só a decisão sobre apretenção do autor dentro dos limites da causa de pedir.INVALIDADES PROCESSUAISA invalidade típica é a nulidade processual.Formas – art. 201º nº 1 CPCClassificação de nulidades:- nulidades principaissão mais graves e têm um regime jurídico mais severo que semanifeste sobretudo em 2 pontos, no efeito invalidatório e no seu conhecimentooficioso.- nulidades secundáriastêm um efeito menor e só são produzidas sobre a arguição daparte interessada.Desistência do pedidoé a figura própria do autor, este de acordo com o art. 295ºCPC; não pode intentar uma nova acção igual àquelapode desistir a todo o tempo –

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art. 293º, nº1 CPC, só há um limite em matéria de direitos indisponíveis – art. 299º, nº1– não pode haver desistência do pedido.�Desistência da instânciaaqui o autor desiste só do processo em causa da instânciapode intentar uma acção exactamente igual àquela e por isso o réu tem que consentirdesde que a desistência seja depois de apresentada a contestação.