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DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO
FASE DECISÓRIA
Prof. Antero Arantes Martins
(19/04)
Fase Decisória. Razões Finais
• Concluída a produção das provas, o Juízo encerra a fase
probatória e inicia a fase decisória.
• O primeiro passo da fase decisória é a apresentação de
razões finais. Podem ser escritas (memoriais) ou verbais
(debates orais). A CLT determina que sejam feitas
oralmente, no prazo de 10 minutos a cada parte,
primeiro o reclamante e depois a reclamada. O juiz pode,
verificando a complexidade do processo, suspender a
sessão para permitir a apresentação de memoriais.
• Nas razões finais a parte deve proceder a adequação
entre a fase postulatória e a fase probatória.
Fase Decisória. Razões Finais
• A importância das razões finais, além de seu
objetivo primeiro (adequação) já visto, é que este
é o primeiro momento legalmente concedido às
partes para manifestação nos autos.
• Estabelece o art. 795 da CLT:• Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão
mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las
à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos.
• Aqui está, portanto, o momento a que se refere a
Lei quando a nulidade ocorrer em audiência.
Fase Decisória. Última tentativa de conciliação.
• O Juiz pode tentar a conciliação em qualquer momentodo processo. Entretanto, em duas oportunidades atentativa de conciliação é obrigatória:
• Primeira: Assim que instaurada a audiência, antes daapresentação da defesa:
• Última: Após a realização das razões finais em antes dojulgamento. Se diz última e não segunda porque o Juizpode, facultativamente, realizar outras tentativas nocurso da audiência.
• A ausência destas tentativas gera nulidade do processo.A jurisprudência tem sido branda, deixando de declarar anulidade se não for feita a primeira, mas, for feita aúltima. Se não for feita a última, entretanto, declara-se anulidade.
Fase Decisória. Última tentativa de conciliação.
• Se frutífera a conciliação será lavrado orespectivo termo. A homologação do Juiz valerácomo decisão irrecorrível (art. 831, parágrafoúnico, CLT), salvo para a Previdência Social.
• O processo resolve-se com mérito (art. 487, III,b, CPC/2015).
• Sendo irrecorrível a decisão, há transito emjulgado imediato.
• Somente atacável por Ação Rescisória sepresente (s) alguma (s) hipótese (s) do art. 966 doCPC/2015.
Fase Decisória. Sentença. Introdução. Modalidades de
Decisões
• Antes de abordar a sentença propriamente dita, é
preciso conhecer e identificar as formas pelas
quais o juiz se manifesta no processo. São três
(art. 203 do CPC/2015):
– Despacho de mero expediente: São manifestações
judiciais que se destinam a movimentar o processo,
sem conteúdo decisório.
– Decisões interlocutórias: São manifestações judiciais
que se destinam a solucionar incidentes que surgem
no curso do processo e, portanto, tem conteúdo
decisório mas, não põe fim ao litígio.
Fase Decisória. Sentença. Introdução. Modalidades de
Decisões
• Sentença: São manifestações judiciais que sedestinam a extinguir o processo, com ou semresolução do mérito. Diferencia-se das decisõesinterlocutórias porque tem conteúdo decisório epõe fim ao processo. Trata-se aqui do termo“sentença” no sentido amplo, porque no sentidoestrito sentença é a decisão proferida peloprimeiro grau. A decisão do segundo grau échamada de Acórdão e do terceiro e quarto grausé denominada de Aresto, embora a praxe já venhadesignando as decisões de terceiro e quarto graustambém como Acórdão.
Fase Decisória. Sentença. Conceito legal.
• Eis a redação do art. 203, § 1º do CPC/2015:
– Art. 203: ...
– § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução.
Fase Decisória. Modalidades de sentença
• A sentença pode extinguir o processo sem resoluçãodo mérito (terminativa) ou com resolução do mérito(definitiva).
• Quando há extinção sem resolução do mérito, o juizestá negando ao autor o pedido imediato, ou seja, opedido de tutela jurisdicional. Por alguma razão, estádecretando que o exercício do direito de ação(postular uma tutela jurisdicional do Estado) foiexercido de forma irregular.
• As hipóteses para extinção sem resolução do méritoestão expressas no art. 485 do Código de ProcessoCivil de 2015.
Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont).
• Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
• I - indeferir a petição inicial (após o Juízo inicial de adm.);;
• II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
• III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar acausa por mais de 30 (trinta) dias(II e III, intimar pessoalmente o autor para que o façaem 5 dias);
• IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido eregular do processo;
• V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada (nãopode renovar a ação se a extinção se deu por este inciso);
• VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual (observar que foiretirada a “possibilidade jurídica” bem como a referência às condições da ação;
• VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízoarbitral reconhecer sua competência;
• VIII - homologar a desistência da ação;
• IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposiçãolegal; e
• X - nos demais casos prescritos neste Código. (o rol não é taxativo. Ex: Art 129 do CPC– lide simulada; art. 47, § único, CPC – litisconsórcio necessário).
Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont).
• Quando há extinção com resolução do mérito,
significa que o juiz irá atender ao pedido imediato,
ou seja, entregará a tutela jurisdicional e irá analisar
o pedido mediato, ou seja, o próprio mérito da causa,
que é o conflito surgido na relação jurídica de base.
• Também ocorre extinção com resolução do mérito,
por definição legal (art. 487, CPC), quando o juiz
acolhe decadência e prescrição, homologa acordo
entre as partes e ocorre a renúncia do autor sobre o
direito que fundava a ação.
Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont).
• Observar aparente contradição entre o art.487, parágrafo único com o art. 132, parágrafoprimeiro, ambos do CPC/2015.
• Um trata do contraditório real determinandoao Juiz que ouça as partes sobre eventualpronunciamento, de ofício, da decadência ouprescrição.
• Outro estabelece a possibilidade dejulgamento liminar de improcedência pelaocorrência de decadência ou prescrição.
Fase Decisória. Modalidades de sentença (Cont).
• Já se viu, em outra ocasião, que a jurisprudência
trabalhista (TST) não aceita o pronunciamento de
ofício da prescrição.
• Entretanto, pode o Juiz, através do que dispõe o
parágrafo único do art. 487 provocar as partes para
que se manifestem sobre este tema?
• A CLT é omissa. Entretanto, se não pode pronunciar
a prescrição de ofício, não poderia provocar a parte a
manifestar-se sobre este tema.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença.
• A sentença é composta de relatório, fundamentação e
dispositivo (também chamado de decisum), salvo no rito
sumaríssimo onde o relatório é dispensado.
• No relatório o juiz faz uma breve narrativa dos fatos
ocorridos no processo até aquele momento, indicando
resumidamente o objeto da petição inicial, as razões de
defesa, as provas produzidas e o que de mais entender
conveniente relatar.
– Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
– I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação
do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro
das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Na fundamentação o juiz indicará as razões de decidir. É aqui queo juiz deve aplicar o Princípio da Persuasão Racional. O Juiz élivre para apreciar as provas de decidir, estando adstrito somente àlei e à sua consciência. Entretanto, como quer que decida, deveconvencer racionalmente o leitor de suas razões.
• Quando se diz “convencer”, evidentemente não se quer dizer queo leitor irá concordar com o que foi decidido (e para isto existemos recursos) mas deve compreender o processo lógico deraciocínio do juiz para chegar àquela decisão.
– Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
– ...
– II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fatoe de direito;
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• A aplicação deste princípio deve ser feita em três
passos:
• 1º Passo: Fixar o fato que reputa verdadeiro;
• 2º Passo: Indicar a prova que o convenceu do
fato, ou de quem era o ônus da prova que não foi
produzida;
• 3º Passo: Aplicar o direito sobre o fato
reconhecido.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:
• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, sejaela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
• I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de atonormativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questãodecidida;
• II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar omotivo concreto de sua incidência no caso;
• III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outradecisão;
• IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processocapazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
• V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, semidentificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que ocaso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
• VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ouprecedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência dedistinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
• I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;
• Evidente e sem controvérsia. Como vimos acima,
o 3º passo é aplicar o direito sobre o fato, não
podendo, evidentemente, lançar o direito sem
dizer qual sua relação com o fato.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:– § 1o Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ouacórdão, que:
– II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, semexplicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
• Evidente e sem controvérsia. Assim como o textolegal, textos de doutrina podem fundamentar oconvencimento do julgador, desde que,evidentemente, estejam relacionados ao casoconcreto.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:– § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
– III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
outra decisão;
• Ainda pior. Aplicabilidade evidente: Texto pronto é
inadmissível. A decisão deve ser particularizada, ainda
que, evidentemente, possa ser idêntica à decisões
proferidas em idênticas causas, o que, obviamente, deve
ser mencionado, nomeadamente nas causas que discutem
matéria de direito exclusivamente.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:– § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
– IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processocapazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelojulgador;
• Histórico: Reação legislativa à posição jurisprudencialaté então consolidade no sentido de que o Juiz não estáobrigado a rebater “ponto a ponto” todos os argumentosdas partes.
• Controvérsia: Maior parte da magistratura é contra estedispositivo. Maior parte da advocacia é a favor.
Continua ...
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Argumentos da Magistratura: Com o computadoros advogados lançarão teses infinitas quetornarão o julgamento inviável.
• Argumentos da advocacia: A parte tem direito apronunciamento jurisdicional sobre seusargumentos de defesa (defesa de interesse e nãodefesa do réu) e a negação deste dispositivoimplica na negação do próprio acesso ao PoderJudiciário. Os juízes não lêem suasmanifestações.
Continua ...
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• O art. 3º da IN 39 do TST afirma que o artigo é aplicável
ao Processo do Trabalho.
• Também penso assim. A má-fé não pode ser presumida,
nem de advogados (como sustenta a magistratura), nem
de Juízes (como sustenta a advocacia).
• Assim, eventual abuso por parte do advogado ao invocar
teses despropositadas e procrastinatórias devem ser
punidas com litigância de má-fé.
• Eventual negligência do Magistrado na sua conduta deve
ser punida disciplinarmente, além de nulidade da decisão
não fundamentada.Continua ...
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• De qualquer sorte o dispositivo legal estabelece anecessidade de pronunciamento judicial sobre “...argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador”.
• A questão é saber se o julgador (1) poderá utilizar umaexpressão genérica afirmando que “... Os demais argumentosdeduzidos no processo não são capazes de infirmar a conclusão adotada pelo
julgador” ou (2) se terá que explicar porque taisargumentos não tem esta aptidão.
• Se a solução for a primeira, então nada muda, pois o Juizse pronunciará apenas sobre aqueles que acharrelevantes.
• Se a solução for a segunda, então o dispositivo fica semefeito, já que o juiz terá que manifestar-se sobre todos osargumentos do mesmo modo. Questão que só serásolucionada na jurisprudência futura.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:– § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
– V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
• Evidente e sem controvérsia. Como já se disse nos
comentários anteriores. Não pode aplicar norma,
conceito doutrinário e, agora, jurisprudência, sem
relacionar com a hipótese fática em exame.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Sentença NÃO fundamentada:– § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
– VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ouprecedente invocado pela parte, sem demonstrar a existênciade distinção no caso em julgamento ou a superação doentendimento.
• Aqui altíssima controvérsia que será profundamenteanalisada no módulo de recursos. Alteração deparadigma no Direito processual brasileiro ao tornarobrigatória a aplicação de Súmulas, jurisprudências eprecedentes.
continua ...
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• Evidentemente que não se vai adiantar o tema nesta aula.Apenas para reflexão, verificar o art. 927 do Código deProcesso Civil de 2015.– Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
– I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado deconstitucionalidade;
– II - os enunciados de súmula vinculante;
– III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resoluçãode demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário eespecial repetitivos;
– IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matériaconstitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matériainfraconstitucional;
– V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiveremvinculados.
• Na mesma linha segue a Lei 13.015/2014 sobre os recursostrabalhistas.
Fase Decisória. Elementos que compõem a sentença. (Cont).
• No dispositivo o Juiz indicará o resultado do
julgamento e suas conseqüências jurídicas.
– Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
...
– III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões
principais que as partes lhe submeterem.
Recorribilidade e retratablidade.
• Despachos de mero expediente não são recorríveisporque não tem conteúdo decisório.
• Decisões interlocutórias, via de regra, não sãorecorríveis de imediato (art. 893, § 1º, CLT). Exceções:– Despacho que nega seguimento a recurso (Agravo ou
Embargos declaratórios quando se nega seguimento ao recursopor equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos deadmissibilidade);
– Decisões com erro “in procedendo”;
– Decisões monocráticas nos Tribunais;
– Fixa o valor da causa (Procedimento Sumário);
– Acolhem exceção de incompetência e remetem os autos aoutro ramo do Poder Judiciário ou, até mesmo, a outroRegional.
• As decisões interlocutórias são retratáveis.
Recorribilidade e retratablidade.
• As sentenças são recorríveis, sejam terminativas
ou definitivas.
• As sentenças não são retratáveis.
• Efeito modificativos dos embargos declaratórios:
– Não consiste na possibilidade de reanálise de fatos ou
provas, ou mesmo de aplicação do direito.
– Consiste na possibilidade de modificar o resultado do
julgamento se tal for necessário ao sanar uma
omissão, contradição ou obscuridade.