Direito Processual Do Trabalho.pdf

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  • Equipe Tcnica: Atualizao: Maro/2005 Capa: Ciro Moraes / Christiano Duhy Rtulo: Christiano Duhy Locuo: Renata Gueiros Gravao: Grave Estdio Edio: Bruno Sette e Marcos Andr Contedo: Patrcia Lopes e Bruno Sette Produo: CD+/Nordeste Digital Line S/AReviso: Paulo Sette e Bruno Sette Distribuio: Sette Informaes On-Line Ltda AudioJus ATENO: Todos os direitos reservados a AUDIOJUS - Sette Informaes On-Line Ltda, CNPJ: 05.729.886/0001-22. Proibida reproduo, execuo pblica e locao desautorizadas pelas penas da lei . Esse material faz parte do Curso em udio: Lei 8.112/90 da AudioJus e no pode ser comercializado separadamente

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    SUMRIO

    CAPTULO 1 _________________________________________________________ 4 CONCEITO E PRINCPIOS ____________________________________________ 4

    PRINCPIOS _____________________________________________________________ 4 CAPTULO 2 _________________________________________________________ 6 JUSTIA DO TRABALHO: ORGANIZAO E COMPETNCIA _____________ 6

    ORGANIZAAO DA JUSTIA DO TRABALHO______________________________ 6 COMPETNCIA DA JUSTIA DO TRABALHO ______________________________ 9

    CAPTULO 3 ________________________________________________________ 13 ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS _____________________________ 13 CAPTULO 4 ________________________________________________________ 14 NULIDADES ________________________________________________________ 14

    PRECLUSO____________________________________________________________ 14 PEREMPO ___________________________________________________________ 15

    CAPTULO 5 ________________________________________________________ 16 PARTES, REPRESENTAO, PROCURADORES E TERCEIROS ___________ 16

    CAPACIDADE DE SER PARTE____________________________________________ 16 CAPACIDADE DE AGIR__________________________________________________ 16 CAPACIDADE POSTULATRIA __________________________________________ 18 SUBSTITUIO PROCESSUAL ___________________________________________ 18 LITISCONSRCIO E INTERVENO DE TERCEIROS______________________ 19

    CAPTULO 6 ________________________________________________________ 21 AO TRABALHISTA________________________________________________ 21

    CONDIES DA AO __________________________________________________ 21 PETIO INICIAL ______________________________________________________ 21 RESPOSTA DO RU _____________________________________________________ 22 AUDINCIA ____________________________________________________________ 23 PROVAS________________________________________________________________ 24 SENTENA _____________________________________________________________ 25

    CAPTULO 7 ________________________________________________________ 27 PROCEDIMENTO SUMARSSIMO_____________________________________ 27 CAPTULO 8 ________________________________________________________ 29 RECURSOS _________________________________________________________ 29

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    PRINCPIOS APLICVEIS AO SISTEMA RECURSAL _______________________ 29 PECULIARIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO ________________________ 30 JUZO DE ADMISSIBILIDADE____________________________________________ 30 PRESSUPOSTOS RECURSAIS ____________________________________________ 30 RECURSO ORDINRIO __________________________________________________ 31 RECURSO DE REVISTA__________________________________________________ 32 EMBARGOS ____________________________________________________________ 33 AGRAVO DE PETIO __________________________________________________ 33 AGRAVO DE INSTRUMENTO ____________________________________________ 34 RECURSO EXTRAORDINRIO ___________________________________________ 34 EMBARGOS DE DECLARAO __________________________________________ 34

    CAPTULO 9 ________________________________________________________ 35 DISSDIOS COLETIVOS______________________________________________ 35

    CONCEITO _____________________________________________________________ 35 COMPETNCIA _________________________________________________________ 35 LIMITES DO PODER NORMATIVO _______________________________________ 35 REQUISITO PARA A INSTAURAO DO DISSDIO COLETIVO _____________ 35 QUORUM DA ASSEMBLIA SINDICAL ___________________________________ 36 REGRAS GERAIS _______________________________________________________ 36 REVISO _______________________________________________________________ 36 AO DE CUMPRIMENTO_______________________________________________ 37

    CAPTULO 10 _______________________________________________________ 38 EXECUO ________________________________________________________ 38

    REGRAS GERAIS _______________________________________________________ 38 MANDADO E PENHORA _________________________________________________ 38 EMBARGOS EXECUO ______________________________________________ 39

  • CAPTULO 1 Processo do Trabalho CONCEITO E PRINCPIOS

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    CAPTULO 1 CONCEITO E PRINCPIOS

    O direito processual do trabalho liga-se intimamente com o direito processual

    civil, utilizando-se subsidiariamente de suas normas. O processo o meio atravs do qual se realiza a jurisdio. A jurisdio o

    poder que o Estado recebe da sociedade para resolver os conflitos de forma impositiva e definitiva. O processo aproxima as partes envolvidas no litgio e o Estado para que este pacifique a relao entre aquelas. O processo tambm est jungido de regras de direito pblico que levam o pedido inicial da parte at uma soluo atravs da deciso judicial.

    O processo do trabalho , portanto, um meio atravs do qual o Estado d uma soluo para os conflitos apresentados pelas partes, dizendo o direito material que ser aplicado ao caso concreto. Nesta caracterstica reside o carter instrumental do processo do trabalho.

    Srgio Pinto Martins define direito processual do trabalho como conjunto de princpios, regras e instituies destinado a regular a atividade dos rgos jurisdicionais na soluo de dissdios, individuais ou coletivos, entre trabalhadores e empregadores. Veremos ao longo deste curso que este clssico conceito encontra-se alterado frente a realidade da reforma do judicirio.

    PRINCPIOS

    O processo do trabalho norteado por princpios bastante especficos. No h na Doutrina uma unanimidade com relao ao elenco de princpios que esto a norte-lo, contudo, apontaremos os princpios mais comumente aceitos como informadores do processo laboral.

    Princpio da ultrapetio. Parte da doutrina considera que no processo do

    trabalho, em virtude da finalidade protecionista do mesmo, o juiz estaria autorizado a decidir alm do que fora pleiteado pela parte reclamante se perceber que este tem mais direitos do que o que efetivamente deduziu em juzo. Os tribunais, no entanto, no aplicam tal princpio em seus julgados.

    Princpio protecionista. o principal princpio do processo do trabalho.

    Alguns doutrinadores, no entanto, entendem-no como verdadeira finalidade do direito material do trabalho. Por este princpio as regras processuais tm a finalidade de proteger o trabalhador quando posto em conflito com o empregador em virtude da hipossuficincia do primeiro. So manifestaes deste princpio: a justia gratuita ao empregado que atende certas condies; inverso do nus da prova; no necessidade de representao por advogado; entre outras.

    Princpio da ao. Este princpio afirma a regra pela qual a jurisdio

    iniciada por provocao das partes. O que significa dizer, por outro lado, que o juiz inerte, no pode dar incio a um processo de ofcio (este ltimo conhecido como princpio da inrcia da jurisdio). Uma exceo a esta regra estaria no art.856 da CLT. Por este dispositivo o dissdio coletivo poderia ser instaurado por iniciativa do presidente do tribunal. No entanto, h doutrinadores que afirmam que esta regra no foi recepcionada pela Constituio Federal de 88 que restringe a instaurao do dissdio coletivo iniciativa das partes.

  • CAPTULO 1 Processo do Trabalho CONCEITO E PRINCPIOS

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    Princpio dispositivo. Por este princpio a produo de provas e a alegao dos fatos dependem exclusivamente das partes. O juiz deve fundamentar sua deciso embasado no que for apresentado pelas mesmas. O juiz mantm uma posio neutra no processo com o fim de preservar sua imparcialidade. O referido princpio tem maior aplicabilidade no processo civil onde necessria, to somente, a verdade formal para legitimar a deciso judicial. Este princpio tem eminente carter privatstico. Contudo, a moderna doutrina processual tratou de abrand-lo, concedendo ao juiz maior liberdade de atuao, pois tambm pblico o interesse pelo correto andamento do processo, mais que isso, de interesse pblico a justia das decises e a real pacificao dos conflitos.

    No processo do trabalho o princpio do dispositivo no tem grande aplicabilidade. Incide de forma maior o princpio da livre investigao das provas, atravs do qual o juiz busca a verdade real, requisitando de ofcio a produo de provas.

    A CLT tem um importante preceito neste sentido: o art. 765 que consagra a autonomia dos rgos jurisdicionais. Afirma o preceito consolidado: Os Juzos e Tribunais do Trabalho tero ampla liberdade na direo do processo e velaro pelo andamento rpido das causas, podendo determinar qualquer diligncia necessria ao esclarecimento delas.

    Princpio da concentrao dos atos. Este princpio corolrio da celeridade processual. Por meio dele visa-se a produo da maior quantidade de atos na menor quantidade de tempo possvel. Isso garante a efetividade do processo em virtude da proximidade dos atos praticados alm de proporcionar menor custo, pois a mquina judiciria ser menos utilizada. manifestao da aplicao deste princpio: a citao determinada pela secretaria da vara e a regra da irrecorribilidade das decises interlocutrias.

    Princpio da oralidade. O processo do trabalho eminentemente falado, pois

    quase todos os atos processuais importantes podem ser feitos oralmente. A petio inicial pode ser oral sendo posteriormente reduzida a termo. A defesa pode ser apresentada oralmente na audincia; as provas sero produzidas oralmente; as razes finais podem ser apresentadas oralmente, bem como a prpria sentena.

    Princpio da imediatidade. Por este princpio se privilegia a produo de

    provas perante o juiz que julga a causa, possibilitando ao juiz avaliar a credibilidade da mesma.

    Princpio da conciliao. Na verdade este no um princpio mesmo, mas

    uma das grandes finalidades da Justia do Trabalho. Antes da reforma do judicirio de 2004 era um princpio constitucionalmente consagrado. Dizia a parte inicial do caput do art. 114 da C.F. que compete Justia do Trabalho CONCILIAR e julgar os dissdios individuais e coletivos (...).

    A ausncia das tentativas de conciliao importa nulidade do processo. o que se depreende da inteligncia do art. 764, e seu pargrafo primeiro, da CLT: os dissdios individuais ou coletivos sero sempre sujeitos conciliao. Pargrafo primeiro para os efeitos deste artigo, os juzes e tribunais do trabalho empregaro sempre os seus bons ofcios e persuaso no sentido de uma soluo conciliatria dos conflitos.

  • CAPTULO 2 Processo do Trabalho JUSTIA DO TRABALHO: ORGANIZAO E COMPETNCIA

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    CAPTULO 2 JUSTIA DO TRABALHO: ORGANIZAO E

    COMPETNCIA O Poder judicirio voltado para a aplicao da lei no sentido de pacificao

    dos conflitos. A Justia do Trabalho faz parte do Poder Judicirio sendo uma das justias federais especializadas, pacificando conflitos determinados, de matria especifica, no caso, matria de natureza trabalhista.

    A Constituio Federal de 88 manteve o modelo do sistema corporativista prevendo como rgos da Justia do Trabalho as Juntas de Conciliao e Julgamento compostas por um juiz togado e dois juizes classistas, sendo um representante dos empregados e outro dos empregadores, conforme o que determina o art. 647 da CLT e suas alneas.

    No entanto, a Emenda Constitucional n. 24 de 9 de dezembro de 1999 extinguiu as Juntas de Conciliao e Julgamento com o escopo de retirar a representao classista da Justia do Trabalho, criando ao mesmo tempo, em seu lugar, os Juzes do Trabalho, titulares ttulo monocrtico das Varas do Trabalho.

    Atualmente os rgos da Justia do Trabalho, conforme redao do art. 111 da C.F. so:

    - o Tribunal Superior do Trabalho; - os Tribunais Regionais do Trabalho, e - os Juizes do Trabalho. A Justia do Trabalho sofreu recentemente alteraes profundas em sua

    ordem constitucional com a supervenincia da Emenda Constitucional n. 45/2004. Esta importante emenda modificou a composio do TST e TRTs, alm de alterar substancialmente a competncia material da Justia do Trabalho.

    ORGANIZAAO DA JUSTIA DO TRABALHO

    A Justia do Trabalho uma justia especializada que faz atuar o Direito do Trabalho. Sergio Pinto Martins aponta outros aspectos peculiares da Justia do Trabalho:

    No h diviso em entrncias, ou seja, no h divises judicirias

    pela maior ou menor quantidade de processos que existam nas comarcas como ocorre na justia comum estadual.

    No existem rgos especializados na primeira instncia da Justia

    do Trabalho. Em virtude disso todos os juizes do trabalho julgam quaisquer controvrsias da competncia inicial do juzo monocrtico.

    TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO A emenda constitucional n. 45/2004 acrescentou o art. 111-A que trata

    especificamente da formao e estrutura do TST. O TST ser composto de vinte e sete ministros, escolhidos dentre brasileiros

    com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos. Sero nomeados pelo Presidente da Republica aps aprovao pela maioria absoluta do Senado Federal.

  • CAPTULO 2 Processo do Trabalho JUSTIA DO TRABALHO: ORGANIZAO E COMPETNCIA

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    um quinto destes 27 ministros devem ser advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, de notrio saber jurdico e reputao ilibada, indicados em lista sxtupla, pelo rgo de representao da classe, ao Tribunal que por sua vez formar lista trplice a ser enviada para escolha do Presidente da Repblica;

    um quinto ser composto por membros do Ministrio Publico do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exerccio, indicados em lista sxtupla pelo rgo de representao ao TST que formar lista trplice e encaminhando a mesma escolha do Presidente da Repblica;

    os demais ministros sero escolhidos dentre juzes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura de carreira, indicados em lista trplice elaborada pelo prprio Tribunal Superior do Trabalho.

    O legislador constituinte preferiu delegar lei ordinria federal a disposio para determinar a competncia do Tribunal Superior do Trabalho.

    Prev, ainda, o art. 111-A da C.F. que funcionaro junto ao TST: A Escola Nacional de Formao e Aperfeioamento de Magistrados

    do Trabalho, responsvel por regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoo na carreira;

    O Conselho Superior da Justia do Trabalho, responsvel pela superviso administrativa, oramentria, financeira e patrimonial da Justia do Trabalho de 1 e 2 graus. um rgo central do sistema e suas decises tero efeito vinculante.

    A lei n. 7701/88 dispe sobre a competncia do TST e dividindo-o em: pleno,

    seo de dissdio individual, seo de dissdio coletivo e turmas (atualmente em nmero de cinco).

    TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO Previa o art. 112 da Constituio Federal que haveria, pelo menos, um TRT

    em cada Estado e no Distrito Federal. O novo texto trazido pela EC n. 45/2004, no entanto, no manteve esta previso.

    Os TRTs so compostos, no mnimo, por sete juzes, recrutados, quando possvel, na mesma regio em que funcionam. Sero nomeados pelo Presidente da Repblica dentre brasileiros com mais de trinta e menos de 65 anos, assegurado o quinto constitucional, ou seja, um quinto dos desembargadores sero advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e um quinto de membros do Ministrio Publico do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exerccio; indicados em lista sxtupla pelos rgos representantes das classes. Transformada pelo TRT em lista trplice a mesma ser encaminhada ao Presidente da Repblica.

    Os demais membros do TRT sero juzes do Trabalho promovidos por antiguidade e merecimento, alternadamente. Caso o juiz do trabalho figure trs vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas em lista de merecimento, sua promoo ser obrigatria, desde que o juiz do trabalho tenha dois anos de exerccio e integre a primeira quinta parte da lista de antiguidade, salvo se no houver com tais requisitos quem queira concorrer para o lugar vago. A aferio de merecimento feita pelo desempenho do juiz e pelos critrios objetivos de produtividade e presteza no exerccio da jurisdio e pela freqncia e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeioamento.

    O juiz mais antigo somente poder ser recusado pelo voto fundamentado de dois teros de seus membros, conforme procedimento prprio, assegurada ampla defesa, repetindo-se a votao at se fixar a indicao.

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    A E.C. n. 45/2004 inovou ao criar regra que impede a promoo de juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder alm do prazo legal, no podendo devolv-los ao cartrio sem o devido despacho ou deciso. esta uma ntida regra poltica que faz descer o texto constitucional a mincias processuais desvirtuando a C.F. como instrumento legal que veicula os preceitos fundamentais de um povo.

    Por outro lado, a E.C. n. 45/2004 com o fito de ampliar o acesso justia introduziu dois pargrafos no art. 115. O pargrafo primeiro prev a instalao da justia itinerante e o pargrafo segundo, a descentralizao dos TRTs em Cmaras Regionais.

    Nos Tribunais com mais de vinte e cinco julgadores, poder ser constitudo rgo especial com no mnimo onze e no mximo vinte e cinco juzes, promovidos metade por antiguidade, metade por eleio do Tribunal Pleno, para exerccio das atribuies administrativas e jurisdicionais delegadas da competncia do Tribunal Pleno.

    JUZES TRABALHISTAS Os juzes do trabalho ingressam na magistratura inicialmente como juzes

    substitutos por meio de concurso de provas e ttulos, contando o bacharel em direito com, no mnimo, trs anos de atividade jurdica. Sero promovidos, alternadamente, por antiguidade e merecimento.

    Diz o pargrafo terceiro do art. 654 da CLT que o concurso ter validade por dois anos, prorrogvel, a critrio do rgo, por igual perodo, uma nica vez.

    Os juizes do trabalho gozam das seguintes garantias: 1) Vitaliciedade, que adquirida no primeiro grau, aps dois anos de exerccio. Nas

    demais instncias a vitaliciedade se d com o exerccio do cargo. Os juzes do trabalho s perdero o cargo: a) Estando em estgio para atingir a vitaliciedade por deliberao do tribunal a

    que estiver vinculado; b) Aps terem adquirido a vitaliciedade apenas por sentena judicial transitada

    em julgado. 2) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pblico atravs de voto da maioria

    absoluta do respectivo Tribunal ou do Conselho Nacional de Justia, assegurada ampla defesa.

    3) Irredutibilidade de subsdio, com as ressalvas para o teto remuneratrio previsto no inc. XI do art. 37 da C.F. e do desconto do imposto de renda.

    O juiz substituto pode atuar em zona dentro da respectiva regio,

    compreendendo a jurisdio de uma ou mais varas. As varas do trabalho sero criadas por lei. Nas comarcas no abrangidas por

    sua jurisdio, os juzes de direito tero competncia para decidir matria trabalhista, mas os recursos destas tero como destino o respectivo TRT.

    So deveres dos juzes do trabalho segundo determina o art. 658 da CLT: 1) Manter perfeita conduta pblica e privada; 2) Abster-se de atender solicitaes ou recomendaes relativas aos feitos

    que tenha ou esteja em apreciao; 3) Residir dentro dos limites de sua jurisdio, salvo por autorizao do

    Tribunal Regional.

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    COMPETNCIA DA JUSTIA DO TRABALHO A jurisdio poder-dever do Estado exercida plenamente por qualquer

    rgo judicial. Significa que todo juiz tem o poder de exercer a jurisdio como um todo. Contudo, para operacionalizar o exerccio da jurisdio necessrio traar regras que delimitem sua aplicao por cada juiz ou Tribunal. Essas regras delimitadoras da jurisdio dos rgos judiciais so as regras de competncia.

    Segundo o professor Pedro Sampaio h regras de competncia estabelecidas em favor do Estado, em favor do interesse pblico. So regras que visam organizar a distribuio da competncia tendo em vista a melhor prestao jurisdicional. Essas so as regras de competncia absoluta. Por outro lado diz, ainda, o eminente professor, h regras que so estabelecidas tendo em vista a maior convenincia para as partes. Estas so as regras de competncia relativa. As regras de competncia absoluta, em virtude do preponderante carter pblico, devem ser conhecidas de ofcio pelo juiz e a inobservncia delas leva nulidade. As regras de competncia relativa so prorrogveis, no podendo ser conhecidas de ofcio pelo rgo jurisdicional.

    No se deve confundir a competncia territorial com aquela prevista no art. 795, 1, da CLT. Diz o preceito legal: dever, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetncia de foro. O legislador ao escolher o termo incompetncia de foro no atuou de acordo com a melhor tcnica legislativa. Esclarece o mestre Valentin Carrion: a incompetncia de foro do texto legal no a incompetncia territorial ou em razo do local, que no absoluta, mas prorrogvel. O legislador teve em mente a incompetncia em razo da matria, que sempre improrrogvel; usou o foro no sentido imprprio de foro trabalhista, distinguindo-o de foro comum, foro criminal, entre outros.

    Para o estudo da competncia na Justia do Trabalho importante analisar: 1) a competncia material; 2) a competncia em razo da condio das pessoas e, 3) a competncia em razo do local.

    Competncia material A competncia material da justia do trabalho vem prevista no art. 114 da

    Constituio Federal. Este artigo foi alvo da Reforma do Judicirio viabilizada pela EC n. 45/2004 que modificou substancialmente a competncia da Justia do Trabalho.

    Dizia o caput do art. 114: compete justia do trabalho conciliar e julgar os dissdios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta dos Municpios, do Distrito Federal, dos Estados e da Unio, e, na forma da lei, outras controvrsias decorrentes da relao de trabalho, bem como os litgios que tenham origem no cumprimento de suas prprias sentenas, inclusive coletivas.

    O art. 114 com a emenda n. 45/2004 manteve a previso da competncia da Justia do Trabalho para julgar as relaes de trabalho dos entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    A nova redao do art. 114 no repetiu o comando a respeito do carter conciliatrio da Justia do Trabalho, isso no significa que este deixou de ser uma das finalidades da Justia do Trabalho, pois, antes disso, esta uma finalidade da moderna processualstica a ponto de tornar a conciliao uma caracterstica intrnseca da jurisdio e que passou, inclusive, a ser aplicado no processo penal, outrora extremamente legalista.

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    Em seu inciso II o art. 114 prev que a Justia do Trabalho competente para processar e julgar aes que envolvam exerccio do direito de greve. Assim, a justia do trabalho quem vai decidir se determinada greve abusiva ou no, entre outros tipos de controvrsia suscitveis sobre o tema.

    competente, a Justia do Trabalho, para julgar aes de representao sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores. Anteriormente a competncia para decidir sobre a representao entre sindicatos era da Justia Comum.

    A justia do Trabalho julgar os mandados de segurana, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado envolver matria sujeita sua jurisdio.

    De acordo com o entendimento que vinha sendo adotado por parte da jurisprudncia, o inciso VI do art. 114 estabelece ser a Justia do Trabalho a competente para julgar as aes de indenizao por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relao de trabalho.

    Tem, ainda, a Justia do Trabalho competncia para processar e julgar: As aes relativas s penalidades administrativas impostas aos

    empregadores pelos rgos de fiscalizao das relaes de trabalho; Os conflitos de competncia entre rgos com jurisdio trabalhista,

    ressalvada a competncia do STF para resolver conflito de competncia do STJ com qualquer outro tribunal, entre Tribunais Superiores e entre estes e qualquer outro Tribunal;

    A execuo, de ofcio, das contribuies sociais previstas no art. 195, inciso I, alnea a, e II, da CF e seus acrscimos legais, decorrentes das sentenas que proferir. Havia entendimento anterior de que essas contribuies sociais no poderiam ser realizadas de ofcio, somente poderiam ser executadas com o ingresso no processo do INSS;

    Um dos pontos de maior importncia na mudana da redao do art. 114 a substituio da competncia da Justia do Trabalho para julgar dissdios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, agora sendo resumida na expresso processar e julgar as aes oriundas da relao de trabalho. A primeira redao deixava claro que Justia do Trabalho competia conhecer de aes que versassem apenas relao de emprego, ou seja, aquela que tem por caractersticas a subordinao e a habitualidade na prestao do servio. No entanto, parece que o legislador constituinte derivado pretende ampliar a competncia da Justia do Trabalho para toda e qualquer relao trabalhista. Nesse sentido afirma o presidente da ANAMATRA (Associao Nacional dos Magistrados do Trabalho), Grijalbo Coutinho, em recente texto publicado na Internet:

    Os trabalhadores autnomos de um modo geral, bem como os respectivos tomadores de servio, tero as suas controvrsias conciliadas e julgadas pela Justia do Trabalho. Corretores, representantes comerciais, representantes de laboratrio, mestre-de-obras, mdicos, publicitrios, estagirios, eventuais, contratados do poder pblico por tempo certo ou por tarefa, consultores, contadores, economistas, arquitetos, engenheiros, dentre tantos outros profissionais liberais, ainda que no empregados, assim como tambm as pessoas que locaram a respectiva mo-de-obra (contratantes), quando do descumprimento do contrato firmado para a prestao de servios, podem procurar a Justia do Trabalho para solucionar os conflitos que tenham origem em tal ajuste, escrito ou verbal. Discusses em torno dos valores combinados e pagos, bem como a execuo ou no dos servios e a sua perfeio, alm dos direitos de tais trabalhadores, estaro presentes nas atividades do magistrado do trabalho.

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    O inciso IX do novo art. 114 prev a competncia da Justia do Trabalho para outras controvrsias decorrentes da relao de trabalho, na forma da lei. Essa a chamada competncia derivada da Justia do Trabalho. Dessa forma, a CF autoriza que lei ordinria possa fixar a competncia da Justia do Trabalho para julgar controvrsias de outras relaes de trabalho. O professor Pedro Sampaio aponta trs hipteses de competncia derivada existente, a saber:

    1) Trabalhador avulso, ou seja, aqueles que prestam servio por intermdio de sindicato ou rgo gestor de mo-de-obra;

    2) Pequeno empreiteiro ou artfice (art. 652, a, II, da CLT), aquele que na construo civil faz pequenos trabalhos como, por exemplo, pintar paredes;

    3) Trabalho temporrio regulado pela lei 6.019/74, pela intermediao lcita de mo-de-obra.

    Competncia em razo da condio das pessoas H regras de competncia na Justia do Trabalho que tem em vista as

    pessoas envolvidas no conflito, pode-se citar dois exemplos: os entes de direito pblico externo e os servidores pblicos.

    Os entes de direito pblico externo so as pessoas jurdicas de direito internacional, ou seja, Estados soberanos, embaixadas, organismos internacionais. As relaes com esses entes so reguladas principalmente por tratados e convenes. Os entes externos esto cobertos pelo princpio da imunidade da jurisdio atravs do qual no podem ser julgados pelos tribunais dos pases acreditados. Acreditado o pas em que a embaixada est situada.

    O princpio da imunidade de jurisdio foi concebido, quando de seu surgimento, como absoluto; porm na dcada de 70 alguns tratados e convenes comearam a diferenciar os atos praticados pelos entes de direito pblico externos. Diferenciaram-se os atos de imprio dos atos de gesto. Os atos de imprio seriam derivados da soberania dos Estados, quanto que os atos de gesto so aqueles derivados de atividades rotineiras ou de mera administrao. Assim, podem as embaixadas contratar trabalhadores no Brasil para consecuo de diversas tarefas: motorista, jardineiro, empregada domstica etc. Nessas hipteses fica afastada a imunidade de jurisdio podendo os organismos de direito pblico externo serem atingidos pela justia trabalhista nacional.

    Os servidores pblicos com vnculo estatutrio esto fora da competncia da Justia do Trabalho, existe vnculo administrativo com o Poder Pblico e no trabalhista. Para os servidores com vnculo empregatcio a competncia da Justia do Trabalho, mesmo que esses servidores estejam vinculados Unio. No existe mais a regra de que a Justia Federal a competente para conhecer de todo conflito em que figure a Unio. Se h vnculo empregatcio ou de trabalho temporrio a competncia da Justia do Trabalho.

    Competncia em razo do local A regra geral na Justia do Trabalho de que a competncia em razo do

    local se d pelo lugar da prestao do servio, mesmo que outro tenha sido o lugar do contrato.

    A competncia em razo do lugar pode ser prorrogada tcita ou expressamente. A prorrogao tcita se d pela aceitao da parte contrria do foro escolhido pela parte reclamante sem que interponha exceo de incompetncia. A prorrogao expressa apenas possvel se modificada pelas partes de comum acordo aps o litgio, pois devido ao princpio protecionista o acordo anterior ao litgio que

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    tenha por fim alterar a competncia territorial no poder ser interpretado em desfavor do empregado. No possvel foro de eleio ou contratual na Justia do Trabalho.

    Diz o art. 651 da CLT que mesmo tendo sido contratado no estrangeiro, o foro competente aquele onde realizado o trabalho. Assim, se algum contratado nos Estados Unidos, mas cumpre seus servios no Brasil, este ser o foro para conhecer de suas reclamaes trabalhistas. A competncia da justia brasileira ainda est fixada na CLT, em seu art. 651, 2, quanto aos dissdios ocorridos em agncia ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e no haja conveno internacional dispondo em contrrio. Diz Valentin Carrion, ao interpretar este artigo, que o foro nacional desde que o ru empregador seja domiciliado no Brasil, pela sua matriz, sucursal, agncia ou filial, mesmo que o trabalho tenha sido executado no exterior, sem qualquer vnculo com o pas.

    Se a parte no dissdio for viajante comercial ou outro que deva trabalhar em deslocamento, a competncia ser da Vara do Trabalho da localidade em que a empresa tenha agncia ou filial e a esta o empregado esteja subordinado, na falta desta, ser competente a Vara da localizao em que o empregado tenha domiclio ou a localidade mais prxima.

    Diferente a situao daqueles trabalhadores que desenvolvem seu trabalho em locais incertos, eventuais ou transitrios como o caso das atividades circenses, nestes casos pode o empregado optar por promover a reclamao no local da contratao ou no local onde se encontre exercendo sua atividade.

  • CAPTULO 3 Processo do Trabalho ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS

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    CAPTULO 3 ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS

    Os atos processuais so pblicos, pois a publicidade a garantia da

    segurana jurdica e da imparcialidade das decises. A publicidade apenas poder ser restrita nos moldes que determina a Constituio Federal em seu art. 5, inciso LX, que afirma que a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; mesmo assim, a restrio no elide a publicidade para as partes e para seus advogados.

    Diz o art. 770 da CLT que os atos processuais podem ser realizados nos dias teis das seis s vinte horas. Contudo, esta regra deve ser interpretada de acordo com a organizao judiciria local. A penhora, no entanto, ato processual que pode, inclusive, ser realizado em domingo ou feriado desde que haja autorizao do juiz.

    No se pode confundir ato processual com termo processual. Ato processual todo aquele manifestado nos autos de acordo com o correto encaminhamento da marcha processual. So atos processuais, por exemplo, a petio inicial, a audincia, um pedido de vista. Termo o instrumento pelo qual se materializa um ato processual. Pode-se citar como exemplo a prpria audincia. Esta necessita ser documentada para refletir da forma mais fiel possvel os acontecimentos nela realizados. Os atos e termos processuais devem ser assinados pelas partes interessadas com o fim de garantir sua autenticidade e efetiva realizao.

    Os prazos processuais so contados de forma a excluir o dia de seu comeo e incluir o dia de seu final. Como assevera Valentin Carrion h que se distinguir incio de prazo de incio de contagem de prazo. O incio do prazo aquele em que a parte toma cincia do ato. O incio da contagem o primeiro dia computado como prazo. Se a parte notificada no dia 06 de janeiro, este o termo inicial do prazo. Sendo o prazo de 05 dias, o ltimo dia para realizao do ato ser 11 de janeiro, caso esta data no caia em fim de semana ou feriado, pois se assim for, o ltimo dia de prazo ficar prorrogado para o primeiro dia til subseqente.

    ATENO: diferentemente do que ocorre no processo civil, no processo do trabalho o incio do prazo ocorre na cincia pessoal do destinatrio e no o dia da juntado do mandato nos autos.

    A citao no processo do trabalho feita pelos correios. No existe citao por hora certa. Da citao postal frustrada pode se passar para a citao por edital nos casos em que o empregador no for encontrado ou se recuse a receber a comunicao processual.

    As entidades estatais, salvo as sociedades de economia mista e as empresas pblicas que explorem atividade econmica, possuem o privilgio processual de ter um prazo mais elstico, qual seja: prazo em qudruplo para defesa e em dobro para recorrer, conforme estabelecido no decreto-lei n. 779/69.

  • CAPTULO 4 Processo do Trabalho NULIDADES

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    CAPTULO 4 NULIDADES

    Para Srgio Pinto Martins nulidade a sano determinada pela lei, que

    priva o ato jurdico de seus efeitos normais, em razo do descumprimento das formas mencionadas na norma jurdica.

    O sistema de nulidades adotado pela CLT foi o pragmtico ou teleolgico por meio do qual no ser declarada nenhuma nulidade se no houver prejuzo para a parte. Alguns autores nomeiam essa regra de princpio da transcendncia. Busca-se privilegiar a finalidade do ato processual, se esta finalidade for alcanada, no h porqu prejudicar o andamento do processo.

    As nulidades, salvo as absolutas, somente podero ser declaradas mediante provocao das partes. Essa provocao deve ser feita no primeiro momento em que a parte tiver que falar nos autos ou em audincia. Esta regra de relevante importncia para que se evite que um processo inteiro venha a tornar-se imprestvel em virtude de uma nulidade ocorrida em momento anterior, mas que somente fora argida pela parte no momento final em virtude de uma provvel sentena desfavorvel. A reao da parte deve ser imediata ao conhecimento do ato que lhe parece prejudicial. Srgio Pinto Martins entende que o momento para falar nos autos o da apresentao das razes finais ou da audincia. Outros entendem que o primeiro momento de abertura de vistas aps o ato impugnvel.

    Mesmo havendo provocao pelas partes a nulidade no ser declarada se:

    For possvel suprir-se a falta ou repetir-se o ato;

    For argida por quem tiver lhe dado causa, uma vez que conhecido o princpio geral do direito que apregoa no ser possvel algum tirar proveito da prpria torpeza.

    Ao ser pronunciada a nulidade por juiz ou Tribunal, deve-se declarar os atos a que ela se estende, ficando prejudicados os atos posteriores que dependam do ato anulado ou que tenham sido conseqncia do mesmo.

    As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz at o momento da sentena. Havendo recurso, deve ser pronunciada pelo Tribunal ou pela Turma caso haja provocao das partes ou se trate de matria de ordem pblica.

    No h necessidade de se declarar a nulidade da sentena extra ou ultra petita, pois pode haver aproveitamento das partes vlidas da sentena. No caso de sentena infra petita h necessidade da declarao da nulidade, pois esta no analisou todos os pedidos formulados pelas partes. PRECLUSO

    Precluso a perda da faculdade de se praticar um ato processual por no ter sido este praticado no momento hbil ou no prazo correspondente.

    De acordo com o CPC em seu art. 245, pargrafo nico, no haver precluso caso se trate de nulidade que deva ser decretada de ofcio ou se a parte provar legtimo impedimento.

    A precluso no se confunde com a decadncia, esta instituto de direito material que implica a perda do direito por no ter sido este alegado no tempo oportuno. A precluso instituto processual que no pode ser sanado uma vez verificado.

    H trs tipos de precluso:

  • CAPTULO 4 Processo do Trabalho NULIDADES

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    Precluso temporal: se d quando a parte deixa de realizar um ato

    processual no prazo conferido. Exemplo: no interposio do recurso no prazo de oito dias;

    Precluso lgica: a perda da faculdade se d pela prtica de um ato

    incompatvel com a mesma. Exemplo: cumprimento da sentena ato incompatvel com a vontade de recorrer.

    Precluso consumativa: praticando, a parte, um ato processual no

    pode querer pratic-lo novamente. Exemplo: interposto o recurso, no pode a parte mudar por querer mudar sua fundamentao interpor o mesmo recurso novamente.

    PEREMPO

    A perempo se d quando a parte abandona o processo por mais de trinta dias, sem promover os atos e diligncias que lhe compete, ou quando o autor der causa extino do processo por trs vezes. Diz o art. 298, pargrafo nico, do CPC que no poder mais o autor interpor ao contra o ru com o mesmo objeto, salvo para alegar EM DEFESA o seu direito.

    Essas hipteses de perempo do CPC (aplicveis Justia do Trabalho) no se confundem com as regras contidas na CLT nos arts. 731 e 732. Estas ltimas no so hipteses de perempo, pois as sanes contidas nelas no apresentam carter permanente.

    Art. 731 ficar por seis meses impedido de reclamar perante a Justia do

    Trabalho aquele que no se apresentar no prazo de cinco dias para reduzir a termo a reclamao apresentada verbalmente ao distribuidor.

    Art. 732 ficar por seis meses impedido de reclamar Justia do Trabalho

    aquele que por duas vezes seguidas der causa ao arquivamento da reclamao em virtude do no comparecimento audincia de instruo e julgamento.

  • CAPTULO 5 Processo do Trabalho PARTES, REPRESENTAO, PROCURADORES E TERCEIROS

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    CAPTULO 5 PARTES, REPRESENTAO, PROCURADORES E

    TERCEIROS

    Em geral, as relaes processuais so triangulares, ou seja, so compostas por trs sujeitos: partes (autor e ru) e rgo judicial.

    Partes so aquelas que deduzem pretenses em juzo. A parte autora deduz pretenses em face do ru. A parte r resiste a essas pretenses.

    No processo do trabalho as partes possuem as seguintes denominaes: 1) reclamante e reclamado nos dissdios individuais; 2) suscitante e suscitado nos dissdios coletivos; 3) requerente e requerido no inqurito para apurao de falta grave. A parte est no processo em nome prprio demandando ou sendo

    demandada. Em geral, ser parte no processo do trabalho quem for titular do direito material suscitado. Para o professor Pedro Sampaio a parte atua validamente no processo se preencher os pressupostos formais subjetivos do processo, ou seja, a parte precisa ter capacidade processual. Esta se revela em trs aspectos:

    1) capacidade de ser parte; 2) capacidade de agir; 3) capacidade postulatria.

    CAPACIDADE DE SER PARTE

    A capacidade de ser parte equivale a capacidade de direito prevista no Cdigo Civil (art. 1). Todas as pessoas possuem capacidade de ser parte, pois todas as pessoas so sujeitos capazes de titularizar direitos e contrair obrigaes. Assim, toda pessoa fsica e jurdica tem capacidade de ser parte. No processo.

    A capacidade de ser parte tambm assiste a certos entes despersonalizados em virtude de fico legal. o caso do condomnio, da massa falida, herana jacente e vacante, esplio, sociedade irregular ou de fato. As hipteses especficas no processo do trabalho destes entes despersonalizados so as categorias profissional e econmica. CAPACIDADE DE AGIR

    A capacidade de agir em transposio para o direito material coincide com a capacidade de fato. Todas as pessoas possuem capacidade de ser parte, mas nem todas esto autorizadas a agir como parte processual. Algumas pessoas precisam ter sua capacidade de agir complementada por outra, integralizada.

    No processo civil a incapacidade absoluta integrada pelo instituto da representao legal; j a incapacidade relativa integrada pela assistncia.

    A situao do menor no processo do trabalho um pouco diferenciada em virtude das regras do direito material trabalhista. No direito do trabalho a incapacidade absoluta em razo da idade cessa aos quatorze anos, quando o menor pode exercer atividades na condio de aprendiz. A partir dessa idade, havendo necessidade de ao trabalhista o menor ser assistido pelos pais. No processo do trabalho no existe autor com menos de quatorze anos. A partir dos dezoito o jovem adquire a capacidade plena para agir no processo.

  • CAPTULO 5 Processo do Trabalho PARTES, REPRESENTAO, PROCURADORES E TERCEIROS

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    Na Justia do Trabalho, mister, pelo visto, relembrar a distino: o maior de quatorze e o menor de dezoito anos ser assistido; o maior de dezoito anos ter capacidade plena. O art. 793 da CLT elege uma ordem para a assistncia do menor de 18 anos:

    ser assistido, primeiramente, por seus representantes legais (pai, me ou tutor); na falta destes pela Procuradoria da Justia do Trabalho. Caso no haja o Ministrio Pblico do Trabalho na localidade, poder o menor ser assistido pelo sindicato profissional. Na ausncia do sindicato ser assistido pelo Ministrio Pblico Estadual ou por curador nomeado em juzo.

    REPRESENTAO PROCESSUAL DAS PESSOAS JURDICAS E ENTES DESPERSONALIZADOS A pessoa jurdica e o ente despersonalizado tambm necessitam de

    integrao para agir no processo, pois esto desprovidos de uma vontade natural. O art. 12 do CPC regula a representao desses entes nos seguintes termos:

    A Unio, Estados, Distrito Federal e Territrios sero representados por seus procuradores;

    Os Municpios podem ser representados por seus procuradores ou prefeitos;

    A massa falida representada pelo sndico; A herana jacente ou vacante, por seu curador; O esplio pelo inventariante; As pessoas jurdicas, por quem os respectivos estatutos designarem,

    ou por seus diretores; As sociedades irregulares pela pessoa a quem couber a

    administrao dos seus bens; A pessoa jurdica estrangeira, pelo gerente representante ou filial,

    agncia ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; O condomnio, pelo administrador ou sndico.

    Podem ser tambm partes, as categorias profissional e econmica. So

    representadas em juzo por seus respectivos sindicatos, aps a autorizao por meio de Assemblia junto a seus associados. As categorias profissionais e econmicas so partes no dissdio coletivo, aqui o sindicato no age como substituto processual, uma vez que entre suas finalidades est a de representar as respectivas categorias.

    Representante processual aquele que representa a parte demandada ou que demanda em nome destas; no parte, apenas se apresenta no nome desta, defendendo o direito desta, corporificando sua vontade.

    O art. 843, pargrafo primeiro, da CLT traz uma regra de representao especfica, trata da figura do preposto. O preposto no se confunde com o representante legal da empresa; ele pode represent-la processualmente apenas em determinado ato que o do comparecimento s audincias. A jurisprudncia exige que o preposto seja scio, diretor ou, pelo menos, empregado da empresa e deve ter conhecimento dos fatos controvertidos, uma vez que suas declaraes obrigaro o preponente.

    O empregado tambm pode se fazer representar na audincia, sob pena de ter arquivada sua reclamao. Na Justia do Trabalho as partes tm o nus de comparecer pessoalmente audincia. Em caso de doena ou de outro motivo relevante, pode o empregado se fazer representar por colega de profisso ou por diretor de sindicato. Essa representao, no entanto, tambm limitada: apenas serve

  • CAPTULO 5 Processo do Trabalho PARTES, REPRESENTAO, PROCURADORES E TERCEIROS

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    para evitar o arquivamento do processo, remarcando, o juiz, outra audincia em que o reclamante deve comparecer pessoalmente.

    CAPACIDADE POSTULATRIA

    A capacidade postulatria aquela que faculta pessoa requerer e realizar atos validamente em juzo. No processo civil a regra de que a parte no possui capacidade postulatria, somente pode demandar validamente por intermdio de advogado por mandato. exceo de certas aes no Juizado Especial.

    No processo do trabalho, no entanto, a sistemtica diferente. As partes possuem capacidade postulatria para todos os atos. o que se denomina na Justia do Trabalho de ius postulandi. O art. 791 da CLT diz que os empregados e empregadores podero reclamar PESSOALMENTE perante a Justia do Trabalho e acompanhar as suas reclamaes at o final. Nesse mesmo sentido dispe o art. 839, alnea a, da CLT.

    O ius postulandi geral, admitindo, inclusive, recursos frente ao TST. Vale ressaltar que o preceito constitucional de que o advogado indispensvel administrao da justia no teve o condo de no recepcionar o ius postulandi uma vez que se entende que este importante preceito constitucional existe para garantir a participao dos advogados nos concursos pblicos de escolha dos rgos do Poder Judicirio e Ministrio Pblico. A obrigatoriedade do advogado na justia do trabalho estaria limitando o acesso justia.

    SUBSTITUIO PROCESSUAL

    A legitimao extraordinria na justia do trabalho instrumentalizada pelo instituto da substituio processual. Substituio processual sinnimo de legitimao extraordinria.

    O CPC, em seu art. 6, traz a regra da legitimao extraordinria que se consubstancia em uma parte poder estar em juzo, em nome prprio, porm defendendo direito de outrem. A legitimao extraordinria somente pode existir havendo previso expressa na lei.

    Quem desempenha, na Justia do Trabalho, o papel de substituto processual o sindicato.

    Este um tema ainda muito controvertido na Doutrina e na Jurisprudncia. No se pode confundir substituio processual com representao

    processual. O representante processual no parte no processo. A parte o representado. Atravs da representao se integra capacidade de agir do representado. Por estar no processo em nome de outrem precisa de sua autorizao. Todos os nus do processo recaem sobre o representado que ser atingido pela coisa julgada, posto que a parte no processo. O substituto processual, por sua vez, titular do direito de ao. Demanda em nome prprio defendendo direito alheio. parte no processo. Por ser titular do direito de ao, no precisa de autorizao para agir. Os nus do processo recaem sobre ele, sendo atingido pela coisa julgada. Na substituio processual, mesmo que o titular do direito material no faa parte da relao processual ser atingido pela coisa julgada.

    Diz Srgio Pinto Martins que a substituio processual trabalhista autnoma porque o substitudo pode desistir da ao, transacionar, ou seja, pode praticar todos os atos de disponibilidade de direito material, posto que seu titular. O substituto detm apenas os atos de disponibilidade do direito de ao, por ser seu titular. concorrente porque o direito de ao titularizado tanto pelo substituto,

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    quanto pelo substitudo que pode demandar em nome prprio seu direito. primrio porque o substituto no precisa esperar a inrcia do substitudo para poder ingressar em juzo.

    A CLT prev duas hipteses de substituio processual: art. 195. Cuida da argio em juzo de insalubridade e periculosidade,

    autorizando o sindicato na promoo da ao em favor de seus associados como substituto processual.

    art. 872. Trata da ao de cumprimento. Diz o pargrafo nico deste artigo que no cumprindo, o empregador, com o que fora negociado em acordo ou determinado em deciso podero, os sindicatos, apresentar reclamao Vara do Trabalho ou juzo competente.

    Muito se discute sobre a determinao constitucional contida no art. 8, inciso III, da CF. Diz o referido preceito constitucional: ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questes judiciais ou administrativas. Entendia-se que esta no era hiptese de substituio processual dos sindicatos porque o texto faz referncia defesa das categorias e como tal, tem o sindicato a finalidade de REPRESENTAR. Nesse sentido dispunha o enunciado 310 do TST em seu item I: o art. 8, inciso III, da Constituio da Repblica, no assegura a substituio processual pelo sindicato. Adotava, o TST, a corrente restritiva, aplicando o art. 6 do CPC. No entanto, com a massificao dos processos, a coletivizao das relaes passou a ter grande importncia na defesa dos direitos dos trabalhadores. A noo individualista do processo, com a idia da legitimao ordinria no mais podia atender ao clamor do processo moderno, para uma justia gil e clere. Segundo o professor Pedro Sampaio, na dcada de noventa o STF passou a dotar o entendimento de que a regra do art. 8, inciso III, da CF sim hiptese de substituio processual ampla do sindicato, autorizando-o, sempre, a agir como substituto processual.

    Finalmente o TST atravs da Resoluo 119 de outubro de 2003 cancelou o Enunciado 310. Parece que o TST deixou de lado a interpretao restritiva da substituio processual dos sindicatos para adotar a posio ampliativa h muito defendida por grande parte da Doutrina.

    LITISCONSRCIO E INTERVENO DE TERCEIROS

    Litisconsrcio o fenmeno de pluralidade das partes no processo. So hipteses de litisconsrcio no processo do trabalho:

    1) As empresas que participam de grupo econmico so solidariamente responsveis pela relao de trabalho. O trabalhador pode escolher uma empresa do grupo e acion-la ou acionar todas. hiptese de litisconsrcio facultativo e simples.

    2) Ao plrima. Os trabalhadores tm o mesmo direito, podendo a fundamentao de cada um ser diferente, mas pedem a mesma conseqncia jurdica. litisconsrcio facultativo e simples.

    3) Intermediao fraudulenta de mo-de-obra. Sendo fraudulenta a intermediao deve figurar no plo passivo tanto a empresa tomadora como a intermediria que fornece mo-de-obra. litisconsrcio necessrio e unitrio.

    A assistncia ocorre quando um terceiro tem interesse jurdico na vitria de

    uma das partes. A assistncia pode ser simples ou litisconsorcial. Na assistncia simples o terceiro tem relao jurdica com a parte que auxilia. Na litisconsorcial o

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    assistente tem relao jurdica com o adversrio da parte que auxilia. So hipteses de assistncia na Justia do Trabalho:

    1) Sucesso de empresas. O sucessor responde pelo contrato de trabalho, inclusive quando o perodo de trabalho se deu na administrao do sucedido. Movida ao trabalhista contra o sucessor o sucedido tem interesse em auxili-lo na vitria, pois caso o trabalhador saia vitorioso, o sucedido poder ser acionado em ao regressiva. hiptese de assistncia simples;

    2) Quando o sindicato move ao como substituto processual, a relao jurdica discutida de titularidade do substitudo. O trabalhador, assim, pode ingressar como assistente litisconsorcial do sindicato, pois possui relao jurdica com o empregador-adversrio processual.

    A oposio ocorre quando terceiro pretende, no todo ou em parte, a coisa ou

    direito sobre o qual controvertem autor e ru. O entendimento majoritrio de que no cabe oposio na Justia do Trabalho em virtude da incompetncia da mesma para julgar a relao entre o opoente e os opostos, em geral seriam relaes entre empregados ou entre empregadores, tendo a Justia do Trabalho apenas competncia para julgar dissdios entre trabalhador e empregador. No entanto essa posio pode ter ficado prejudicada em virtude da nova redao do art. 114 da C.F. que afirma a competncia da justia do trabalho para processar e julgar as aes oriundas da relao de trabalho, tornando amplo o campo de interpretao da norma.

    Com relao nomeao autoria, chamamento ao processo e denunciao da lide, Srgio Pinto Martins afirma serem hipteses de interveno de terceiros inadmitidas no processo do Trabalho.

  • CAPTULO 6 Processo do Trabalho AO TRABALHISTA

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    CAPTULO 6 AO TRABALHISTA

    CONDIES DA AO

    Condies da ao so os pressupostos que devem estar presentes em qualquer ao para que a mesma esteja apta a receber uma resposta de mrito. So trs as condies da ao:

    1) interesse processual: formado pelo binmio necessidade-adequao. A necessidade se perfaz pela preciso das vias judiciais para a pacificao do conflito. Se possvel resolver o conflito pacificamente sem o ingresso na via judicial, no h interesse de agir por falta de necessidade da ao. Adequao porque a via eleita deve ser aquela capaz de resolver o conflito, capaz de responder ao pedido de mrito feito pela parte. Exemplo de escolha de via inadequada apresentar reclamao trabalhista tendo como causa de pedir termo de conciliao obtido perante a Comisso de Conciliao Prvia, pois a via adequada seria a ao de execuo uma vez que um termo de conciliao desta natureza, caso no cumprido tem fora de ttulo executivo extrajudicial;

    2) possibilidade jurdica do pedido: pedido juridicamente possvel aquele que encontra amparo legal no ordenamento jurdico. Exemplo de pedido juridicamente impossvel prostituta entrar com reclamao trabalhista visando o reconhecimento de vnculo empregatcio com o prostbulo;

    3) legitimidade: a pertinncia subjetiva da ao. Apenas tem legitimidade aquele que titular do direito material pleiteado, ou aquele que o ordenamento jurdico previu como parte legtima para substituir o titular do direito material.

    PETIO INICIAL

    A reclamao trabalhista pode ser escrita ou verbal. O reclamante deve indicar o juzo da ao, a qualificao das partes, expor de forma breve os fatos e formular seu pedido. Com relao qualificao da empresa reclamada esta pode ser feita superficialmente, isso porque nem sempre os trabalhadores tem conhecimento acerca dos dados da empresa que trabalhou. A qualificao deve ser suficiente de forma a permitir a citao da empresa r.

    A exposio dos fatos e fundamentos no processo do trabalho tem anlise bem menos rigorosa do que no processo civil. O reclamante no precisa especificar os meios de prova que pretende produzir, qualquer prova admitida no processo do trabalho independentemente de sua indicao na inicial. O autor no precisa requerer a citao na inicial. No processo civil a citao nus do autor, no processo do trabalho, no. providncia automtica determinada pela secretaria. A CLT fala em notificao, mas o ato processual de citao. A reclamada citada para comparecer audincia e se defender. No h propriamente um prazo de defesa no processo do trabalho, mas h um prazo mnimo de cinco dias entre a data da citao e a data da realizao da audincia. A audincia no pode ser designada em prazo inferior. Quando se tratar da Fazenda Pblica o prazo mnimo ser de vinte dias.

    O reclamante deve indicar, ainda, na pea de sua reclamao o valor da causa, tendo em vista que na Justia do Trabalho tambm existem causas que se processam pelo rito sumarssimo. Porm se tal valor no estiver presente na reclamao, o juiz dever determin-lo em audincia.

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    RESPOSTA DO RU

    O Cdigo de Processo Civil menciona trs modalidades de respostas do ru, a saber, contestao, exceo e reconveno. A CLT emprega o vocbulo defesa para se referir resposta a ser dada pelo ru na audincia. Pelo fato de ser a CLT bastante lacnica com relao a este ato processual, so aplicveis as regras previstas no CPC no que forem compatveis.

    A contestao ou defesa apresentada pelo reclamado deve ser completa. Tambm vigora aqui o princpio da eventualidade por meio do qual a contestao apresentada pelo ru deve abarcar toda a matria de defesa que venha a ser utilizada e que seja de conhecimento da parte at aquele momento. Aplica-se tambm o princpio da impugnao especfica por meio do qual o reclamado deve responder a todas as alegaes aduzidas pelo reclamante sob pena de tornar incontroversos aqueles fatos que no forem confrontados. A contestao pode apresentar as chamadas defesas indiretas, ou seja, aquelas atravs das quais a parte no ataca o mrito, mas expe questes de ordem pblica que podem tanto adiar a jurisdio, como atingir definitivamente a pretenso do autor. O CPC apresenta as seguintes matrias como preliminares: inexistncia ou nulidade de citao, incompetncia absoluta, inpcia da petio inicial, perempo, litispendncia, coisa julgada, conexo, incapacidade da parte, defeito de representao ou falta de autorizao, conveno de arbitragem, carncia de ao, falta de cauo ou de outra prestao que a lei exige como preliminar. Caso a parte deixe alegar qualquer destas matrias no ocorrer a precluso, pois so matrias de ordem pblica; salvo, no dizer de Leonardo Dias Borges, a conveno de arbitragem, por ser de interesse preponderante das partes.

    Com relao matria meritria deve o reclamado alegar desde logo todas as questes de fato e de direito sob pena de operar-se a precluso, conseqncia da eventualidade. No haver precluso com relao matria superveniente, as que podem ser conhecidas de ofcio pelo juiz e as que por determinao legal podem ser formuladas a qualquer tempo e juzo. Diz Srgio Pinto Martins que a prescrio, a decadncia, a compensao e a reteno so preliminares de mrito. Se reconhecidas levam extino do processo com o julgamento do mrito, isso porque seu reconhecimento impede que uma nova ao seja proposta.

    A CLT prev como formas de excees, a exceo de incompetncia e de suspeio. No previu a exceo de impedimento, que, no entanto existe no processo do trabalho por fora do CPC promulgado em 1973. Tanto a contestao como a exceo no processo do trabalho no tm prazo para serem apresentados. O momento para a apresentao tanto da contestao como da exceo na audincia por um perodo de 20 minutos, podendo tambm ser apresentada na audincia em pea escrita.

    O mesmo entendimento se aplica exceo. A exceo de impedimento e de suspeio esto ligadas capacidade subjetiva do rgo julgador e por esta razo no podem ser julgadas por ele, deve ser julgada pelo Tribunal Regional competente. Sendo procedente a exceo, ser convocado para atuar naquele processo o juiz suplente do membro suspeito ou impedido.

    Diz Srgio Pinto Martins que a incompetncia pode ser em razo da matria, da pessoa ou do lugar. Esclarece, entretanto, que aquela atacvel por meio de exceo a incompetncia relativa em razo do lugar, as demais so matria de ordem pblica podendo ser conhecidas de ofcio. Por ser relativa pode ser prorrogvel caso a parte contrrio no proponha a competente exceo. A exceo de incompetncia julgada pelo prprio juiz da causa.

    Reconveno uma ao movida pelo ru nos mesmos autos do processo principal, onde ele deduz um pedido em face do autor desde que haja conexo entre

  • CAPTULO 6 Processo do Trabalho AO TRABALHISTA

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    as aes ou com o fundamento de defesa. A reconveno admitida no processo trabalhista em virtude da aplicao subsidiria do CPC. Srgio Pinto Martins traz baila o seguinte exemplo: empresa prope ao de consignao em pagamento, alegando que o empregado no quis receber as verbas rescisrias. Empregado apresenta reconveno, dizendo que as verbas rescisrias no seriam pagas de forma integral.

    Revelia: o reclamado que no contestar a reclamao ou que no

    comparecer pessoalmente audincia ser considerado revel. A revelia conduz presuno da veracidade do que foi alegado pelo reclamante. No entanto, se o reclamado no comparece audincia, mas seu advogado encontra-se presente e apresenta a contestao, esta deve ser recebida pelo juiz. Apesar de tal contestao no elidir a presuno, os efeitos da revelia no vigoram quando do contrrio se pode deduzir de prova nos autos. Este o pensamento do professor Leonardo Dias Borges.

    No caso de existir um litisconsrcio passivo unitrio a revelia de apenas alguns dos litisconsortes no induz a aplicao do efeito material da revelia quando h contestao por parte dos demais.

    Quando no processo do trabalho houver discusso acerca de direito indisponvel, os efeitos da revelia no alcanaro estes em virtude da preponderncia do interesse pblico.

    Os entes de direito pblico no estaro isentos da declarao de revelia.

    AUDINCIA

    Na audincia de julgamento devero estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de reclamao plrimas ou aes de cumprimento, quando os empregados podero fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.

    O juiz tem o dever de manter a ordem nas audincias, diligenciando seu correto andamento e contendo as partes dentro dos limites da urbanidade.

    facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto, que tenha conhecimento do fato, e cujas declaraes obrigaro o preponente.

    Se por doena ou qualquer outro motivo ponderoso, devidamente comprovado, no for possvel ao empregado comparecer pessoalmente, poder fazer-se representar por outro empregado que pertena a mesma profisso ou pelo sindicato.

    O no comparecimento do reclamante audincia importa o arquivamento da reclamao, e o no comparecimento do reclamado importa revelia, alm de confisso quanto matria de fato. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poder o juiz suspender o julgamento, designando nova audincia. Diz o enunciado 9 do TST que a ausncia do reclamante, quando adiada a instruo aps contestada a ao em audincia, no importa arquivamento do processo.

    O reclamante e o reclamado comparecero audincia acompanhados das testemunhas, apresentando nessa ocasio, as demais provas. Aberta a audincia o juiz propor a conciliao. Se houver acordo lavrar-se- termo, assinado pelo juiz e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condies para seu cumprimento. Uma das condies pode ser a de ficar a parte que no cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenizao convencionada, sem prejuzo do cumprimento do acordo.

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    No havendo acordo o reclamado ter vinte minutos para aduzir sua defesa, aps a leitura da reclamao, quando esta no for dispensada por ambas as partes.

    Terminada a defesa seguir-se- a instruo do processo com a ouvida das testemunhas, peritos e tcnicos se houver.

    A audincia de julgamento ser contnua, mas se no for possvel conclu-la no mesmo dia, o juiz marcar a sua continuao para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificao.

    Terminada a instruo podero as partes aduzir razes finais, em prazo no excedente de dez minutos para cada uma. Quando a causa apresentar questes complexas de fato ou de direito, o debate oral poder ser substitudo por memoriais. Memoriais so peas processuais apresentados na forma escrita. Em seguida, o juiz renovar a proposta de conciliao e no se realizando esta ser proferida a deciso. Em tendo havido a apresentao de memoriais pode o juiz marcar outra audincia para leitura da deciso ou entreg-la em cartrio para publicao, com a respectiva intimao das partes. PROVAS

    As provas, em processo, so os instrumentos utilizados pelas partes para demonstrar a veracidade das alegaes que deduziram em Juzo. O destinatrio das mesmas, portanto, o juiz, pois atravs delas este vai formar sua convico sobre a lide e seus fatos, fundamentando sua deciso.

    Para alguns fatos no h necessidade de produo de provas, seja porque so de conhecimento pblico, seja porque os mesmos foram aceitos pela parte contrrio como verdadeiros. No necessita de confirmao por prova o fato em cujo favor milita presuno legal de existncia ou de veracidade.

    A prova das alegaes incumbe parte que as fizer. Utiliza-se no processo do trabalho, portanto, a regra geral de que ao autor incumbe a prova dos fatos constitutivos de seu direito e ao ru incumbe a prova dos fatos impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor.

    De acordo com o Enunciado 74 do TST aplica-se a pena de confisso parte que, expressamente intimada com aquela cominao, no comparecer audincia em prosseguimento, na qual deveria depor. Confisso a admisso da verdade de um fato que contrrio ao interesse da parte e favorvel ao adversrio.

    O depoimento das partes e testemunhas que no souberem falar a lngua nacional ser feito por meio de intrprete nomeado pelo juiz ou presidente. Da mesma forma deve se proceder quando se tratar de surdo-mudo, ou de mudo que no saiba escrever. Em todos os casos, as despesas correro por conta da parte a que interessar o depoimento.

    As partes e testemunhas sero inquiridas pelo juiz, podendo ser reinquiridas, por seu intermdio, a requerimento das partes, seus representantes ou advogados.

    Cada uma das partes no poder indicar mais de 3 (trs) testemunhas, salvo quando se tratar de inqurito, caso em que esse nmero poder ser elevado a 6 (seis).

    A reclamante deve apresentar sua prova documental junto com a inicial, contudo, essa regra flexibilizada no processo do trabalho em virtude da hipossuficincia do trabalhador que por vezes tem suas provas documentais em poder da empresa reclamada. O enunciado 8 do TST fala que em grau de recurso s permitida a juntada de documentos quando haja justificao plausvel para tanto.

    Da leitura do art. 463, pargrafo nico da CLT depreende-se a regra de que o pagamento dos salrios apenas se faz pela prova documental do adimplemento, que, por fora do art. 464, deve ser recibo assinado pelo empregado; sendo este

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    analfabeto, o recibo deve conter sua impresso digital ou a seu rogo. A comprovao do pagamento, no entanto, no prova absoluta, pode ser elidida por outras provas, diz Valentin Carrion, ao comentar o art. 464 que a prova testemunhal no aceitvel.

    O enunciado 338 do TST em sua segunda parte, dispe sobre a prova das horas-extras: A no-apresentao injustificada dos controles de freqncia gera presuno relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrrio.

    So valiosas as regras do CPC com relao exibio de documento. Pelo art. 355 do CPC, o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache no poder desta. Ao determinar a exibio, no sendo esta cumprida pela parte no prazo determinado ou se recusar a apresent-la ilegitimamente, o juiz admitir como verdadeiros os fatos que por meio de documento se pretendia provar.

    facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou tcnico. O juiz poder argir os peritos compromissados ou os tcnicos, e rubricar,

    para juntada ao processo, do laudo que os primeiros tiverem apresentado. Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, ser qualificada,

    indicando o nome, nacionalidade, profisso, idade, residncia, e, quando empregada, o tempo de servio prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, s leis penais.

    A testemunha que for parente at o terceiro grau civil, amigo ntimo ou inimigo de qualquer das partes, no prestar compromisso, e seu depoimento valer como simples informao.

    O documento oferecido para prova s ser aceito se estiver no original ou em certido autntica, ou quando conferida a cpia com o original perante o juiz ou Tribunal.

    SENTENA

    Sentena o ato pelo qual o juiz pe termo ao processo, decidindo ou no o mrito da causa. o meio atravs do qual o poder do Estado em dizer o direito se realiza, sendo o juiz o rgo responsvel por proferi-la. A sentena possui trs partes: relatrio, fundamentao e dispositivo. No relatrio o juiz faz um resumo de todos os acontecimentos do processo. A fundamentao a parte em que o juiz discorre acerca das questes levantadas pelas partes decidindo-as e demonstrando os motivos que o fez decidir desta ou daquela forma. O dispositivo a parte em que o juiz decide a procedncia ou no da ao ou sua simples extino. o dispositivo que far coisa julgada. Deve ser o rgo jurisdicional, portanto, objetivo em sua redao.

    As sentenas podem ser definitivas ou terminativas. Definitivas so aquelas que pem fim ao processo, julgando a ao procedente ou improcedente. Terminativas so aquelas que pem fim ao processo, no se referindo ao mrito da ao (inpcia da inicial, falta de condio da ao, entre outros).

    Quanto aos efeitos as sentenas so classificadas em: declaratrias, constitutivas e condenatrias. Em apertada sntese, sentena declaratria aquela que afirma a existncia de um direito ou afirma sua no existncia. Sentena constitutiva aquela que alm de reconhecer a existncia ou no de um direito, modifica, altera ou extingue direitos. Sentena condenatria aquela que alm de declarar a existncia ou no de um direito, determinada uma obrigao de fazer, no fazer ou dar alguma coisa.

    A justia do trabalho prolata uma sentena peculiar quando se trata de dissdios coletivos: a sentena normativa. A sentena normativa decide o conflito de natureza econmica suscitado pelas partes em dissdio coletivo. Atravs dela o

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    Tribunal resolve os conflitos entre as categorias profissional e econmica aplicando a lei e as disposies conveniadas pelas partes anteriormente. A previso desta sentena constitucional, encontrando-se no art.114, 2.

    De acordo com o art. 833 da CLT existindo na deciso evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de clculo, podero os mesmos, antes da execuo, ser corrigidos, de ofcio, ou a requerimento dos interessados ou do Ministrio Pblico. Afirma Valentin Carrion que esta possibilidade no se confunde com os embargos de declarao, que por sua vez tambm so cabveis no processo trabalhista.

    No caso de ter havido conciliao entre as partes no processo, o termo de conciliao valer como deciso irrecorrvel, salvo para a Previdncia Social quanto s contribuies que lhe forem devidas.

    Diz o art. 832 da CLT que na sentena devem constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciao das provas, os fundamentos da deciso e a concluso (dispositivo). Se a deciso concluir pela procedncia do pedido, deve j determinar o prazo e as condies para seu cumprimento. A deciso tambm deve mencionar as custas a serem pagas pela parte vencida e calculadas de acordo com o que determina o art. 789 da CLT.

    ATENO: as sentenas proferidas contra a Fazenda Pblica da Unio,

    Estados e Municpios esto sujeitas ao reexame necessrio, ou seja, mesmo que no haja recurso devem ser enviadas para reexame do tribunal, salvo: 1) quando a condenao no ultrapassar o valor correspondente a sessenta salrios mnimos; 2) quando a deciso estiver em consonncia com deciso plenria do Supremo Tribunal Federal ou com enunciados de smula ou orientao jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

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    CAPTULO 7 PROCEDIMENTO SUMARSSIMO

    O procedimento sumarssimo foi introduzido pela lei n. 9.957/2000 como um

    meio ainda mais clere e objetivo disposio dos reclamantes nas causas trabalhistas cujo valor no supere quarenta vezes o salrio-mnimo na data do ajuizamento da reclamao. Ficam excludas do procedimento sumarssimo as demandas em que for parte a Administrao pblica direta, autrquica e fundacional.

    O rito mais objetivo porque exige maior especificidade da pea inicial. O pedido deduzido pela parte deve ser certo ou determinado. A parte deve afirmar exatamente aquilo que pede sejam horas-extras, adicional noturna, ou qualquer outra causa e determinar o valor desse crdito, ou seja, deve haver liquidez do pedido. A liquidez possibilita como conseqncia a imediata execuo dos crditos que foram acolhidos. H maior rigidez com relao qualificao da parte reclamada, o autor deve oferecer a indicao correta do nome e endereo do reclamado, pois no admitida citao por edital. A apreciao da reclamao dever ocorrer no prazo mximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessrio, de acordo com o movimento judicirio da vara do trabalho.

    Caso o reclamante no tenha deduzido pedido certo e determinado ou no indique corretamente os dados do reclamado, haver arquivamento da reclamao e condenao ao pagamento de custas sobre o valor da causa.

    As partes e seus advogados devem sempre indicar qualquer mudana de endereo ocorrido no curso do processo, uma vez que sero consideradas eficazes as intimaes enviadas aos locais indicados nos autos caso no tenha havido comunicao da alterao.

    As demandas sujeitas a rito sumarssimo sero instrudas e julgadas em audincia nica, sob a direo de juiz presidente e substituto, que poder ser convocado simultaneamente com o titular.

    O juiz possui maior liberdade de atuao no processo, pois expressamente a CLT prev que ele pode determinar a produo das provas que devem ser produzidas, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatrias; possui tambm ampla liberdade para apreciar as provas e dar especial valor s regras de experincia comum e tcnica. O nus probatrio das partes segue a regra geral do sistema.

    A responsabilidade do juiz de promover a conciliao ampliada; deve esclarecer as partes sobre as vantagens da conciliao e usar durante toda a Audincia, os meios adequados de persuaso para a soluo conciliatria do litgio.

    Todas as provas sero produzidas na audincia de instruo e julgamento e no dependem de prvio requerimento das partes. A prova testemunhal foi limitada ao nmero de duas testemunhas para cada parte, devendo, aquelas, comparecerem independentemente de intimao. Haver apenas intimao daquelas que foram convidadas a se apresentar, porm no compareceram. Intimada a testemunha, se esta insistir em no comparecer, poder o juiz determinar sua imediata conduo coercitiva.

    A regra a de no produo de prova pericial. Porm, quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, ser deferida prova tcnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da percia e nomear perito. Apresentado o laudo, as partes sero intimadas a manifestar-se sobre o mesmo, no prazo comum de cinco dias.

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    Na ata de audincia sero registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmaes fundamentais das partes e as informaes teis soluo da causa trazidas pela prova testemunhal.

    O juiz deve decidir de plano durante a audincia todos os incidentes e excees que possam interferir no prosseguimento da audincia e do processo. As demais questes devem ser decididas na sentena.

    Caso haja necessidade de ser interrompida a audincia, o seu prosseguimento e a soluo do processo devero se dar no prazo mximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz.

    A sentena mencionar os elementos de convico do juiz, com resumo dos fatos relevantes ocorridos em audincia. No rito sumarssimo o relatrio da sentena dispensado. O juiz adotar em cada caso a deciso que reputar mais justa e equnime, atendendo aos fins sociais da lei e s exigncias do bem comum. As partes sero intimadas da sentena na prpria audincia em que prolatada.

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    CAPTULO 8 RECURSOS

    Segundo o mestre Valentin Carrion recurso a pretenso de reexame da

    causa, em regra por outro rgo, diverso do anterior, com o fim de que a sentena seja reformada ou tornada sem efeito.

    Podem recorrer, portanto, as partes que esto inconformadas com a deciso jurisdicional, isso inclui os terceiros que foram atingidos pelos efeitos da sentena. PRINCPIOS APLICVEIS AO SISTEMA RECURSAL

    Duplo grau de jurisdio: um princpio geral que consiste na necessidade de reexame da deciso proferida garantindo maior imparcialidade na resposta jurisdicional. O duplo grau aponta tambm para um maior acerto nas decises, j que o reexame feito por rgos colegiados, cujos membros detm maior experincia jurisdicional e de vida. Pela tica poltica o duplo grau de jurisdio pode ser visto como um objeto de controle das decises. um mecanismo por meio do qual se verifica se determinada deciso fora escorreita ou no. Se a deciso foi proferida com a acurada ateno com relao s meterias de ordem pblica.

    O professor Leonardo Dias Borges faz distino entre duplo grau e duplo exame. Segundo o eminente juiz o duplo exame a possibilidade de reviso do julgado pelo rgo jurisdicional primitivo. So as hipteses em que o juiz tem a possibilidade de rever sua prpria deciso, seriam, assim, as hipteses de retratao presentes no sistema.

    Princpio da Taxatividade: segundo este princpio apenas so admitidos os

    recursos previstos pelo legislador. Em sntese o rol de recursos classificado como nmeros clausus. A previso legal exigida depreende-se do sistema. No processo do trabalho, como h utilizao subsidiria do processo civil por fora do art. 769 da CLT, basta que haja previso naquela lei federal ou qualquer outra a que ela se aplique. O art. 893 da CLT prev os seguintes recursos: embargos; recurso ordinrio, recurso de revista e agravo. Existem, ainda, por fora de leis extravagantes: agravo regimental, embargos de declarao; embargos infringentes para o TST, entre outros.

    Princpio da lesividade: tambm denominado de princpio da sucumbncia.

    Por este princpio somente possvel recorrer se da deciso houver resultado algum prejuzo para a parte. Em verdade a regra um pouco mais ampla. Pode haver recurso desde que a parte no tenha obtido ainda o melhor resultado, ou seja, se a sentena for de procedncia parcial, pode o reclamante recorrer pois o melhor resultado para ele seria uma deciso de procedncia total.

    Princpio da uni-recorribilidade ou singularidade: por este princpio para

    atacar uma deciso recorrvel apenas cabvel um nico recurso. Visa evitar que contra a mesma deciso venha uma das partes interpor mais de um recurso com o fito de reexamin-la.

    Princpio da fungibilidade: a aplicao deste princpio possibilita a aceitao

    de um recurso erroneamente interposto como se fosse o recurso correto desde que no haja por parte daquele que interps m-f ou erro grosseiro. Um exemplo de m-f seria a parte ter perdido o prazo para o recurso correto e interpor outro de prazo mais elstico com o intuito de elidir a precluso temporal. Hiptese de erro grosseiro

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    seria a interposio de embargos de declarao quando o que se pretendia era interpor recurso ordinrio.

    Princpio da irrecorribilidade das decises interlocutrias: na Justia do

    Trabalho as decises interlocutrias no so recorrveis, o que determina a regra do art. 893, pargrafo primeiro da CLT: os incidentes do processo so resolvidos pelo prprio juzo ou tribunal, admitindo-se a apreciao do merecimento das decises interlocutrias somente em recurso de deciso definitiva. Nesse sentido tambm afirma o enunciado 214 do TST com sua redao mais recente: Na justia do trabalho, as decises interlocutrias somente ensejam recurso imediato quando suscetveis de impugnao mediante recurso para o mesmo tribunal ou na hiptese de acolhimento de exceo de incompetncia, com a remessa dos autos para o Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juzo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, 2, da CLT.

    Princpio da non reformatio in pejus: segundo este princpio no pode ser

    prejudicada pela reforma da deciso a parte que interps o recurso. PECULIARIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO

    - inexigibilidade de fundamentao: diz o art. 899 da CLT que os recursos podem ser interpostos por simples petio, no havendo necessidade de fundamentao das razes do recurso. Necessrio apenas, portanto, o inconformismo escrito da parte;

    - nos processos em que o valor da causa for de at dois salrios-mnimos, no caber nenhum recurso, salvo se a matria debatida for de natureza constitucional. O enunciado 356 do TST mantm vlida essa hiptese de instncia nica;

    - em regra todos os recursos na Justia do Trabalho so aceitos apenas no efeito devolutivo, possibilitando a execuo provisria da deciso;

    - uniformidade de prazos para recurso: no processo do trabalho todos os recursos tm o prazo de interposio de oito dias, salvo os embargos de declarao em cinco dias e o recurso extraordinrio em 15 dias. JUZO DE ADMISSIBILIDADE

    O juzo de admissibilidade feito tanto no juzo a quo, como no juzo ad quem. O juzo a quo pode admitir o recurso quando de sua interposio e tranc-lo aps o recebimento das contra-razes se vislumbrar que falta algum pressuposto recursal. O juzo feito pelo rgo a quo no vincula o rgo ad quem. No Tribunal tambm ser feito o juzo de admissibilidade quando da remessa do recurso. Nesta etapa, o Tribunal decide se conhece ou no do recurso. Somente aps esse juzo de admissibilidade o Tribunal ad quem vai adentrar no mrito do recurso.

    PRESSUPOSTOS RECURSAIS Os pressupostos recursais podem ser objetivos e subjetivos. So

    pressupostos objetivos: adequao ou cabimento; tempestividade e preparo. So pressupostos subjetivos: legitimidade; capacidade e interesse.

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    Adequao: o recurso interposto pela parte deve ser o adequado para atacar

    a deciso indesejada. Assim, por exemplo, se a parte quer atacar parte de uma sentena definitiva deve interpor recurso ordinrio; se quiser que o rgo esclarea ponto obscuro da sentena, deve interpor embargos de declarao.

    Tempestividade: a tempestividade a interposio do recurso no prazo

    previsto em lei. Assim, ser tempestivo o recurso ordinrio se interposto dentro dos oito dias de prazo previsto para este remdio a contar da intimao da sentena.

    Preparo: preparo o ato atravs do qual so resolvidas as despesas

    processuais para processamento do recurso. Se for exigvel o preparo para a admisso de determinado recurso, caso este seja interposto sem o recolhimento do preparo, diz-se que h desero. No processo do trabalho as regras para o preparo so divergentes a depender da pessoa que interpe o recurso. Caso o recorrente seja o empregador este deve pagar alm das custas, o depsito recursal. Se, no entanto, o recorrente for o empregado este dever pagar apenas as custas processuais. O preparo feito apenas por um dos litisconsortes aproveita aos demais. Se um dos litisconsortes paga apenas uma parte do preparo, deixando outra o pagamento do restante, ter considerado seu recurso como deserto. O reexame necessrio no exige preparo. A parte que usufrua dos benefcios da justia gratuita tambm no est obrigada a realizar o preparo. A desero no se aplica ao Ministrio Pblico, que pode recorrer independentemente de preparo.

    Legitimidade: est legitimado para recorrer quele que foi vencido total ou

    parcialmente no processo. A lei autoriza que o terceiro prejudicado pelos efeitos da sentena tambm possa recorrer. Assim, podero recorrer: as partes, o terceiro interessado e o Ministrio Pblico do Trabalho. No caso de ter havido extino do processo sem julgamento do mrito, pode o reclamado interpor recurso. O ministrio Pblico do Trabalho poder recorrer das decises que entender necessrio nos processos em que seja parte ou que atue como fiscal da lei. Srgio Pinto Martins afirma que os sindicatos tambm podero recorrer.

    Interesse: para que a parte interponha um recurso deve haver por parte dela

    a pretenso de modific-la de forma que esta modificao lhe aproveite. Assim, por exemplo, se o Ministrio Pblico do Trabalho atuou em reclamao como custus legis do interesse de menor, poder interpor recurso no sentido de beneficiar o incapaz, pois dessa forma age de acordo com suas funes.

    RECURSO ORDINRIO

    O recurso ordinrio equivale apelao do Processo Civil. Est previsto no art. 895 da CLT. Caber recurso ordinrio para a superior instncia:

    1) Das decises definitivas das Varas de Trabalho e juzos no prazo de oito dias;

    2) Das decises definitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competncia originria, no prazo de oito dias, quer nos dissdios individuais, quer nos coletivos.

    O Recurso ordinrio ir devolver toda a matria de fato e de direito alegadas no juzo a quo. Isso significa dizer que o tribunal poder examinar todas as questes

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    suscitadas e discutidas no processo, mesmo que a sentena no as tenha julgado por inteiro ou que no tenham sido decididas. Caso a sentena tenha sido homologatria de acordo entre as partes, dela no caber recurso ordinrio, pois a deciso irrecorrvel, salvo no que versar sobre verba indenizatria, quando devidas ao INSS.

    O prazo para as contra-razes ser o mesmo para a interposio, ou seja, oito dias. No caso de haver extino do processo sem julgamento do mrito, diz o art. 515, 3, do CPC, que tratando exclusivamente de matria de direito, pode o tribunal proceder ao julgamento da causa.

    Com relao competncia originria dos Tribunais Regionais, esta ocorre nos dissdios coletivos, mandados de segurana, aes rescisrias, habeas corpus e conflitos de competncia.

    Tambm cabe recurso ordinrio das decises proferidos nas causa de rito sumarssimo. Neste caso o recurso dever ser imediatamente distribudo, devendo o relator liber-lo no prazo mximo de dez dias e sendo colocado logo em seguida pela secretaria em pauta para julgamento. No h necessidade de revisor. Se o Ministrio Pblico entender necessrio, poder dar parecer oral presente na sesso de julgamento. O acrdo no rito sumarssimo deve consistir na certido do julgamento com a indicao suficiente do processo e parte dispositiva, presente apenas a fundamentao do voto vencedor. Fica dispensado o relatrio, a semelhana do que ocorre no primeiro grau. Se a senten