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DIREITO PROCESSUAL PENAL I – HENRIQUE FLORES – E-MAIL: [email protected] FERNANDO CAPEZ – ED. SARAIVA – VOL. ÚNICO 2009 AULA 06/02/2009 DIREITO PENAL OBJETIVO: Podemos dizer que o direito existe para organizar a sociedade, através de normas/leis, leis estas que podem ser proibitivas ou mandamentais a fim de tutelar o direito de maior relevância para sociedade. DIREITO PENAL SUBJETIVO: Uma vez então violado o direito material/objetivo, nasce o direito poder-dever de punir o indivíduo (“jus puniendi”). “Jus puniendi” se divide em: 1) “jus persequendi” (direito de perseguir/processar)= em alguns casos a legislação delega o jus persequendi ao particular ofendido/vítima, no senado de ação penal privada (queixa ou queixa-crime é a petição inicial utilizada pelo particular na ação penal privada). 2) “jus puniendi” (em sentido estrito)= este em sentido estrito é indelegável, pois, pertence somente ao Estado. DIREITO PENAL SUBSTANTIVO: É igual ao direito penal objetivo, só mudou a denominação. DIREITO PENAL ADJETIVO:

DIREITO PROCESSUAL PENAL I

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Page 1: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

DIREITO PROCESSUAL PENAL I – HENRIQUE FLORES – E-MAIL:

[email protected]

FERNANDO CAPEZ – ED. SARAIVA – VOL. ÚNICO 2009

AULA 06/02/2009

DIREITO PENAL OBJETIVO:

Podemos dizer que o direito existe para organizar a sociedade, através de

normas/leis, leis estas que podem ser proibitivas ou mandamentais a fim de tutelar o

direito de maior relevância para sociedade.

DIREITO PENAL SUBJETIVO:

Uma vez então violado o direito material/objetivo, nasce o direito poder-dever

de punir o indivíduo (“jus puniendi”).

“Jus puniendi” se divide em:

1) “jus persequendi” (direito de perseguir/processar)= em alguns casos a legislação

delega o jus persequendi ao particular ofendido/vítima, no senado de ação penal

privada (queixa ou queixa-crime é a petição inicial utilizada pelo particular na ação

penal privada).

2) “jus puniendi” (em sentido estrito)= este em sentido estrito é indelegável, pois,

pertence somente ao Estado.

DIREITO PENAL SUBSTANTIVO:

É igual ao direito penal objetivo, só mudou a denominação.

DIREITO PENAL ADJETIVO:

São as normas que vão tutelar o processo penal, sendo assim, temos o CPP.

PROCESSO:

“É o procedimento em contraditório animado pela relação jurídica”; Dinamarco

(tem procedimento + contraditório).

O contraditório é ciência obrigatória e participação necessária. Neste, todo ato

de procedimento praticado deve ser notificado (dar ciência à pessoa), bem como

necessário se faz a participação (a fim de contraditar). A fim de maior entendimento

Page 2: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

temos como exemplo o inquérito policial, no qual não há contraditório, sendo,

portanto, mero procedimento.

DIREITO PROCESSUAL PENAL:

1) Procedimento: Procedimento é o expediente geral, qual seja organizado.

Temos então como conceito: sequência ordenada de atos que podem ser

administrativos, judiciais ou jurisdicionais, tendentes a alcançar uma decisão

meritória.

2) Relação jurídica: é o nexo que uni e disciplina a conduta dos sujeitos

processuais em suas ligações recíprocas durante o transcorrer do

procedimento, estabelecendo posições de deveres, ônus, faculdade,

sujeições... Na relação jurídica é perfeitamente possível visualizarmos uma

relação, onde teremos juiz, réu e acusação (são sujeitos do processo).

DIREITO PROCESSUAL PENAL:

Temos como conceito: é o conjunto de princípios e normas que disciplinam a

composição de interesses penais, mediante aplicação do direito penal objetivo ao

caso concreto.

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DO PROCESSO PENAL:

Se eu tenho uma lide de natureza civil, conflito de interesse qualificado pela

pretensão resistida é certo afirmar que pode haver a disponibilidade da relação

processual civil para ser dirimida no âmbito extrajudicial.

Diferentemente, não há como resolver uma lide de natureza penal no âmbito

extrajudicial, pois, falamos em obrigatoriedade e/ ou necessidade do processo penal.

Na lei 9099/95 vê-se a exceção, pois, há apenas (mitigação do processo

penal) relação do MP, réu e juiz do juizado (não há citação, e o processo inicia-se

com tal), mas quando o MP fizer a denúncia iniciará o processo penal. Para alguns

doutrinadores não é exceção, fala-se em processo penal do juizado especial

criminal, ou seja, ele tem normas próprias para o processo penal.

JURISDIÇÃO:

Page 3: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

É poder do Estado de substituir a vontade das partes e aplicar a lei ao caso

concreto, seja resolvendo eventuais conflitos de interesses, seja acolhendo

determinada pretensão.

Interesse: É a intenção de atuar em determinado sentido, de praticar determinado

ato.

Pretensão: É a exigência de subordinação de um direito alheio a um direito próprio.

AULA 09/02/2009

Conflito de interesse: interesses pertencentes a partes distintas, e

necessariamente contrapostos.

Litígio: (lide) conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida.

OBS: AUTO-TUTELA: desforço imediato (no direito civil), no direito penal, em regra,

eu não posso usar da auto-tutela, preciso, então, me recorrer ao Estado, pois este é

que tem poder e força para substituir a vontade das partes (o interesse das partes) e

aplicar a lei ao caso concreto, dirimindo eventuais conflitos de interesses ou

acolhendo determinada pretensão (acertamento de direito). A exceção é a legítima

defesa.

AUTO-COMPUSIÇÃO: não é só possível, mas também, recomendado pelo direito,

sendo assim, é perfeitamente possível as partes se comporem (conciliação). No

processo penal, em regra, não é possível.

Na lei 9099/95, juizado especial criminal (art. 76) (MP; Réu; e, Juiz do Juizado

Especial Criminal), neste caso, é possível a auto-composição, mas para alguns

doutrinadores, esta é endoprossual, conforme a opinião da doutrina (posição

majoritária).

Então vejamos o que consta do art. 76 da Lei 9099/95:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública

incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá

propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser

especificada na proposta.

Page 4: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o juiz poderá reduzi-la

até a metade.

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de

liberdade, por sentença definitiva;

II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela

aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,

bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da

medida.

§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à

apreciação do juiz.

§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz

aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência,

sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de

cinco anos.

§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no artigo

82 desta Lei.

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão

de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não

terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

CARASTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO

-Substitutividade: o Estado (juiz) afasta a parte, substituindo a vontade das partes,

resolve, põe fim ao litígio, aplicando a lei ao caso concreto. (obs: é possível ter

pretensão sem litígio).

-Escopo de atuação do Direito: (é ociosa) é claro que é resolver, dirimir, eventuais

conflitos de interesses ou acolher determinada pretensão.

-Inércia: para o Estado (juiz) aplicar a lei ao caso concreto é preciso haver

provocação. A inércia garante a imparcialidade.

Page 5: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Imutabilidade: SPCTJ (sentença penal condenatória com trânsito em julgado,

nesta temos, revisão criminal. Isso ocorrerá até que o indivíduo cumpra a pena);

SPATJ (sentença penal absolvitória com trânsito em julgado. No caso de haver uma

certidão de óbito, e posteriormente o réu aparecer, para o STJ e STF, poderá haver

a revisão em favor da sociedade, fala-se em revisão criminal, é considerado que a

decisão foi inexistente (nulidade absoluta).

-Lide? É um elemento acidental, na área civil, no processo penal, em regra, é

essencial. O Promotor muito das vezes denuncia, requer que seja processado e em

alguns casos pede absolvição, mas é essa mesmo a regra, o Estado diz que tem

que haver processo.

PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

-Investidura: o órgão responsável pela jurisdição tem seu representante aprovado

em concurso (prova ou de provas e títulos). Após um determinado tempo o agente

passa a ser estável. Necessário saber também a regra do quinto constitucional. Por

indicação (nomeação direta) para chegar ao STF.

É o que se depreende dos art. 94; 101 da CF/88, senão vejamos:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos

Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério

Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico

e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,

indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o Tribunal formará lista tríplice, enviando-

a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus

integrantes para nomeação.

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos

dentre cidadãos com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos

de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do

Senado Federal.

Page 6: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Indelegabilidade: o poder jurisdicional não pode ser delegado. Exceção, o

Guilherme Nucci diz que no caso de precatória, um juiz da comarca de Pará de

Minas, se ele precisar de uma testemunha e ela mora em outra comarca, sendo

assim, será emitida uma precatória; para aquele doutrinador essa é uma delegação

de competência, porém, a doutrina majoritária, diz que esse juiz deprecante não tem

jurisdição em outra comarca, senão aquela da qual ele presta a jurisdição.

-Inevitabilidade: não precisa ter anuência da parte, pois, se houver a constituição

de um processo penal, assim será. Obs: mas aqui, no processo penal, não existe

revelia.

-Inafastabilidade (art. 5 XXXV CF/88): é princípio constitucional. A lei não excluirá

da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito, sendo assim, uma vez

levado ao juiz um caso concreto, este deverá apreciar o mesmo. Mesmo se houver

lacuna, mas precisamos saber também que, ao que tange à analogia, esta só será

possível para beneficiar o réu.

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos é o que está disposto no art. 5,

XXXV da CF/88, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

(...) omissos.

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a

direito;

(...).

-Juiz natural: 1-vedação de tribunal de exceção (não poderá haver juiz instituído

pós fato); 2-só será julgado por juiz competente (aquele previamente constituído

constitucionalmente, antes de um determinado fato acontecer).

Finalidade= é o dever do Estado em substituir o interesse das partes para aplicar a

lei ao caso concreto, resolvendo determinado conflito de interesse ou acolhendo

determinada pretensão (é o próprio conceito de jurisdição).

Espécies= jurisdição penal e não penal.

Page 7: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

PROCESSO - PRINCÍPIOS GERAIS

-Imparcialidade: (inércia, garantias (garantias institucionais, uma vez investido no

cargo de juiz de direito, terá, após determinado lapso temporal: inamovibilidade,

irredutibilidade, bem como vitaliciedade), ação/demanda, vedação do tribunal de

exceção (tribunal após fato)): a imparcialidade é sustentada por outros princípios,

tais como os que estão dentro do parêntese, é necessário observar todos.

Constam do art. 95 da CF/88:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de

exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do Tribunal

a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada

em julgado;

II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do artigo 93,

VIII;

III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos artigos 37, X e XI, 39, §

4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

-Igualdade processual: (obs: “favor rei”: não é só do processo penal, este é

constitucional, só que a isonomia tem um tratamento temperado, é a chamada

isonomia substancial. No processo penal essa igualdade processual tende a pesar

um pouco a favor do réu, por causa do princípio “favor rei”, devido a este, em dúvida,

temos que a revisão criminal só é possível se for a favor do réu.

-Contraditório: 1-ciência obrigatória e participação necessária, sendo assim, o

contraditório (meios de comunicação: citação= dar ciência, chamamento para o

processo a fim de se defender; notificação= a intimação é acerca de alguma coisa

que já ocorreu, e querendo contraditar, diferentemente, a notificação é para algo que

deva fazer). O contraditório pode ser postergado, tardio. Em regra, o contraditório é

realizado em tempo hábil, mas poderá ele ser tardio, quando, por exemplo, na

interceptação telefônica (lei 9296/96).

-Ampla defesa: o contraditório e a ampla defesa andam bem juntos, a ampla defesa

no processo penal se divide em auto defesa e defesa técnica, significa dizer que,

Page 8: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

quando o réu é ouvido, este não é obrigado a falar (pode ficar em silêncio), isto é,

uma faculdade deste. Já a defesa técnica é feito por profissional a escolha da parte,

ou, podendo ser o mesmo dativo ou nomeado pelo juiz, tal defesa é necessária

(obrigatória).

AULA 13/02/2009

-Ação/demanda: porque a jurisdição é inerte; para que haja prestação jurisdicional

é necessária que haja provocação, e esta é feita através do direito de

ação/demanda, para que o Estado (juiz) possa aplicar a lei ao caso concreto. A

ação/demanda é conseqüência da inércia da jurisdição.

-Disponibilidade/indisponibilidade: quando falamos em disponibilidade e

indisponibilidade quer dizer que o processo já está em execução. Uma vez oferecida

a denúncia, o Promotor de justiça não pode largar pelo meio o processo, o mesmo

deverá seguir até o final para que o juiz possa dar uma resposta jurisdicional. Ver

art. 89 (esse art. sim se refere da suspensão condicional do processo) e 76 da Lei

9099/95 (suspensão condicional do processo), alguns doutrinadores irá indicar o art.

76 como exemplo, mas o melhor é o art. 89 da mesma lei ora em comento, senão

vejamos:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,

abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá

propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não

esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes

os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do

Código Penal).

§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este,

recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a

período de prova, sob as seguintes condições:

I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II – proibição de freqüentar determinados lugares;

III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e

justificar suas atividades.

Page 9: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

§ 2º O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,

desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser

processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do

dano.

§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso

do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.

§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo

prosseguirá em seus ulteriores termos.

1) processo civil: a regra do direito civil é a disponibilidade;

2) processo penal: a regra do direito penal é a indisponibilidade.

-Oficialidade: vem de oficial. Os órgãos responsáveis pela persecução penal são

em regra órgãos oficiais da Administração Pública (delegado, promotor (este, em

regra, é quem irá propor a denúncia, salvo exceção, nas ações penais privadas, isto

é, neste caso é o próprio ofendido. Já nas ações penais públicas condicionadas,

apesar da necessidade de representação, quem irá estar no pólo ativo da ação será

o particular), procurador de justiça, juiz...).

-Oficiosidade: os órgãos responsáveis pela persecução penal atuam/agem de

ofício, independentemente de provocação e irá apurar o fato. Se o inquérito for

remetido ao MP, haverá a oficiosidade. Salvo exceção, no caso de ação penal

pública condicionada a representação, se o réu não provocar não haverá processo,

bem como na ação penal privada.

-Verdade formal/dispositivo: sempre vigorou no processo civil (as partes alegam e

devem provar). A parte irá alegar algo, mas quem alega deverá provar. O juiz no

processo civil, hoje, pode requerer a produção de provas quando houver

necessidade (art. 130 CPC). O Alexandre Freitas diz vigorar a verdade material,

senão vejamos no CPC:

Page 10: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas

necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou

meramente protelatórias.

-Verdade material/real: atividade pró-ativa, o juiz não é inerte, se quiser ele pede

para ouvir oitiva de testemunha, para que sejam produzidas novas provas quando

necessário.

-Verdade processual: só irá valer as provas lícitas.

-Persuasão racional ou livre convencimento motivado: para chegar na

persuasão racional é preciso observar a evolução com relação a valoração de

provas (como que é feita essa valoração).

1) antes o princípio de valoração da prova era o da íntima convicção. O juiz não

explicava/ não tinha que explicar; mas hoje ainda existe um pouco de resquício de

tal princípio, é o que acontece na votação do júri (sigilo das votações);

2) da íntima convicção passou para a prova tarifada, onde cada prova tinha seu

valor determinado; ex. a confissão era considerada como a rainha das provas. Só

para ilustrar: 20 pontos confissão; 10 pontos documento e 5 pontos a testemunha...

3) passou então para o livre convencimento motivado.

Diante da evolução, é o que temos delineado no seguinte dispositivo do CPC:

Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias

constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na

sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.

-Motivação das decisões judiciais: todas as decisões judiciais devem ser

fundamentadas (art. 93, IX da CF/88), sob pena de nulidade, sendo, então, uma

condição constitucional. A fundamentação da decisão deve ser bem clara, para que

todos que tiverem contato com a mesma possam entendê-la perfeitamente ou até

mesmo fiscalizá-la, bem como guerreá-la com eventual recurso cabível (recorrer da

decisão face sua fundamentação).

-Publicidade (art. 5, LX; 93, IX da CF/88): essa publicidade não é absoluta, em

alguns casos, em razão do interesse público ou ao respeito à intimidade das partes

Page 11: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

envolvidas, a mesma poderá ser restringida. Mas a regra é a publicidade. Se a

restrição da publicidade prejudicar o direito à informação, prevalecerá esta última

(redação dado ao art. 93, IX da CF/88 pela emenda de n. 45 de 2004).

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos é o que está disposto no art. 5,

LX da CF/88, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

(...) omissos.

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa

da intimidade ou o interesse social o exigirem;

(...).

Nos termos da art. 93 da CF/88, vejamos:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre

o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

(...) omissos.

IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a

presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou

somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do

interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

(...).

-Lealdade processual: (vedação em relação à produção e a utilização de provas

ilícitas e ilegítimas no processo penal). Para alguns é o princípio do jogo limpo.

-Duplo grau de jurisdição: não é um princípio expresso, este é retirado do

escalonamento da distribuição dos órgãos que compõe o judiciário (Juízes; TJ; STJ

e STF). Dependendo de onde iniciar o processo não haverá o duplo grau de

jurisdição, como por exemplo, no caso de crime comum cometido pelo Presidente da

República, tendo em vista que o mesmo será julgado pelo STF.

-Juízo (juiz) natural: idem ao que fora dito anteriormente.

Page 12: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Promotor natural: este não tem competência, e sim atribuição. Só que há de

respeitar também aquele promotor de cada comarca, pois a atribuição dada a ele é

constitucional, não podendo outro promotor “invadir” sua área de atuação. OBS: mas

o promotor poderá ser auxiliado por outros promotores, desde que haja sua

anuência, quando na existência de caso complexo.

-Celeridade (art. 5, LXXVIII da CF/88): é assegurado a todos, no âmbito judicial e

administrativo, os meios razoáveis que garantem a celeridade processual, bem

como a garantia individual.

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos é o que está disposto no art. 5,

LXXVIII da CF/88, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

(...) omissos.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável

duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

(...).

AULA 16/02/2009

PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL

-Verdade real: atividade pró-ativa, o juiz não é inerte, se quiser ele pede para ouvir

oitiva de testemunha, para que sejam produzidas novas provas quando necessário.

No processo penal a regra é que o juiz (ele vai em busca das provas) tem uma

atividade pró-ativa, o que ele não pode é alegar fato novo.

-Verdade processual (art. 5, LVI da CF/88): o primeiro autor a citar a verdade

processual foi o Paulo Rangel, a expressão que ele usa é: que existem limites à

produção da prova no processo penal a liberdade probatória não é absoluta. Ver art.

5, LVI da CF/88 (não é aceita no processo prova ilícita; é o limite). Sendo assim, o

princípio que vigora é o princípio da verdade processual ou em busca da verdade

real.

Page 13: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Legalidade/obrigatoriedade: são duas expressões que se referem ao mesmo

princípio, que quer dizer no processual penal: uma vez cometido um fato típico as

autoridades públicas estão obrigadas a proceder a apuração e responsabilização

pela prática daquele fato. Como por exemplo, se chega à delegacia uma notícia

crimines a administração deverá agir; mesma coisa ocorre com o MP quando de sua

atribuição. Então existe uma obrigatoriedade e não uma faculdade frente ao

cometimento de um crime. Mas temos exceção, qual seja: Lei 9099/95, art. 76, fala-

se em transação penal, o MP ainda não ofereceu a denúncia, e uma vez feita essa

transação penal, ocorrerá a perda/extinção da punibilidade (princípio da

obrigatoriedade regrada). Exceção, Ação penal pública condicionada a

representação, nesta o titular é o MP, mas este só irá agir depois de autorizado pela

parte ofendida (neste caso, o delegado só irá instaurar inquérito depois do

requerimento feito pela parte ofendida. Bem como na ação penal privada

Este princípio será observado antes da instauração do inquérito policial com

relação ao delegado de polícia e antes do oferecimento da denúncia pelo MP.

-Indisponibilidade: (não poder largar o processo pelo meio) a indisponibilidade,

como princípio, merece observação após a instauração do inquérito policial por parte

do delegado de polícia ou autoridade policial, e posteriormente ao oferecimento da

denúncia com relação a denúncia do MP. Uma vez instaurada o inquérito policial,

este é indisponível, não tem força o delegado para dele dispor (arquivá-lo).

É o que consta do art. 17 do CPP:

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Uma vez chegado ao MP, este deverá observar o princípio da

obrigatoriedade.

Exceção a regra está na Lei 9099/95, art. 79 e 89. Da possibilidade da

transação depois da denúncia (aqui já existe processo, e o MP está largando-o pelo

meio, uma vez ser exceção – princípio da indisponibilidade regrada).

Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na

fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de

oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder- se-á nos termos dos

artigos 72, 73, 74 e 75 desta Lei.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,

abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá

Page 14: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não

esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes

os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do

Código Penal).

§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este,

recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a

período de prova, sob as seguintes condições:

I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II – proibição de freqüentar determinados lugares;

III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e

justificar suas atividades.

§ 2º O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,

desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser

processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do

dano.

§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso

do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.

§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo

prosseguirá em seus ulteriores termos.

Obs: pode haver também o perdão desde que o querelado aceite. A extinção

da punibilidade é questão de mérito e não preliminar porque não poderá haver nova

discussão.

-Oficialidade: vem de oficial. Os órgãos responsáveis pela persecução penal são

em regra órgãos oficiais da Administração Pública (delegado, promotor (este, em

regra, é quem irá propor a denúncia, salvo exceção, nas ações penais privadas, isto

é, neste caso é o próprio ofendido. Já nas ações penais públicas condicionadas,

apesar da necessidade de representação, quem irá estar no pólo ativo da ação será

o particular), procurador de justiça, juiz...).

Page 15: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Autoritariedade: além de serem oficiais os órgãos responsáveis pela persecução

penal também são autoridades (delegado, promotor de justiça, juiz...).

-Oficiosidade: os órgãos responsáveis pela persecução penal atuam/agem de

ofício, independentemente de provocação e irá apurar o fato. Se o inquérito for

remetido ao MP, haverá a oficiosidade. Salvo exceção, no caso de ação penal

pública condicionada a representação, se o réu não provocar não haverá processo,

bem como na ação penal privada.

-Publicidade: essa publicidade não é absoluta, em alguns casos, em razão do

interesse público ou ao respeito à intimidade das partes envolvidas, a mesma

poderá ser restringida. Mas a regra é a publicidade. Se a restrição da publicidade

prejudicar o direito à informação, prevalecerá esta última (redação dado ao art. 93,

IX da CF/88 pela emenda de n. 45 de 2004).

-Contraditório: ciência obrigatória e participação necessária, podendo ser

postergado, como por exemplo, no caso de interceptação telefônica (lei 9296/96.

Obs: o MP ao oferecer a denúncia e o ofendido (querelante) ao oferecer a queixa-

crime tem que indicar os fatos que compõe suas alegações de forma clara à

possibilitar o exercício da ampla defesa (os dois andam juntos, só que o contraditório

vem primeiro).

-Iniciativa das partes: o juiz não procede de ofício, necessidade de provocação de

judiciário para que este possa aplicar a lei a um determinado cosa concreto.

-Correlação (tem a ver com fatos): o juiz não pode extrapolar (“extra petita”) na

sua decisão o que fora pleiteado pelas partes.

Obs: ver art. 383 do CPP. Fala do instituto do “emendatio libelli” ou emenda da

acusação; capitulação é uma coisa e exposição de fatos é outra, aquela é o artigo e

esta é a narrativa. O juiz tem que ater a fatos e não a capitulação, porque o réu se

defende dos fatos.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,

poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de

aplicar pena mais grave.

Page 16: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

§ 1º Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de

proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o

disposto na lei.

§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão

encaminhados os autos.

-Identidade física do juiz: até pouco tempo atrás (agosto do ano passado), tal

princípio não existia no processo penal, a não ser nos processos de competência do

tribunal do júri. A nova reforma do CPP adotou a este princípio. O juiz vinculado com

a instrução deverá decidir. Ver art. do CPP.

-Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: art. 5, LVI da CF?

/88, é uma vedação constitucional expressa (clausula pétrea). É gênero: provas

ilegais, vedadas, proibidas. São espécies: provas ilícitas (seriam aquelas produzidas

mediante violação de direito material, ou seja, violação de normas de direito penal e

também normas pertinentes a princípios constitucionais) e ilegítimas (seriam aquelas

produzidas com violação de direito processual, ou seja, com relação à produção de

provas ao que pertence a procedimentos), e Paulo Rangel trás isolado provas

irregulares.

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,

ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte

interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Se houver ofensa a essa norma supracitada de direito processual teremos

prova ilegítima.

TRABALHO SOBRE SISTEMSAS PROCESSUAIS 09/03/09

-Inquisitivo

-Acusatório

-Misto

AULA 27/02/2009

INQUÉRITO POLICIAL

-Persecução penal: inicia-se numa fase preparatória (inquérito policial), e depois o

MP em regra, irá observar se vai ou não deflagrar o processo. No processo penal,

Page 17: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

para que o MP dê início a um processo, é preciso ter as provas, diferentemente do

civil. O inquérito policial serve para colher um início de provas suficientes para que

possa dar início ao processo.

(art. 144 da CF/88)

*Polícia judiciária: Polícia Civil e Polícia Federal. É a polícia que irá auxiliar, como

por exemplo, o Juiz ordena que seja realizada uma busca e apreensão, neste caso

cabe a polícia civil. Esta polícia é regressiva, atuará depois que o crime já estiver

acontecido.

*Polícia administrativa: irá ser a nossa PM; o nosso Corpo de Bombeiro; Polícia

Rodoviária Federal e temos também a Polícia Federal Ferroviária. A polícia é

chamada de polícia preventiva ou ostensiva.

Conceito: Inquérito policial é procedimento administrativo preliminar presidido em

regra, pela autoridade policial, objetivando coletar provas acerca da materialidade

(existência) de um delito e de indícios suficientes de autoria para auxiliar o titular

(MP ou ofendido, depende do caso concreto) da ação na formação da opinio delicti

(opinião acerca do delito), e também auxiliar o juízo na decretação de medidas

cautelares. Professor Aury Lope Júnio.

Obs: 90% das vezes é o delegado que irá presidir o inquérito policial (não pode ser

presidido por policial), mas, como por exemplo, se o delegado descobrir que o

suspeito é um magistrado, desse jeito o mesmo será remetido para o TJ. Se for

promotor de MG, neste caso o TJMG (tribunal a qual ele está vinculado). Não tendo

um lastro probatório mínimo, a parte pode impetrar um Habeas corpus.

-Natureza jurídica: (essência – enquadramento dentro do ordenamento jurídico). A

atividade típica do inquérito policial é administrativa (típico do Poder Executivo).

Mero procedimento administrativo, todos os atos, sem exceção.

Obs: Têm jurisprudências do STF no sentido de que o MP poderá investigar o crime

sem autoridade policial. Mas, hoje, o próprio STF tem entendido de que o MP

apenas poderá fiscalizar. Mas, no último julgado (Joaquim Barbosa) ele acredita que

não é possível afirmar se o MP pode ou não investigar e fiscalizar, pois o ilícito pode

Page 18: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

ser civil ou penal, e tudo que o MP conseguir levantar com a investigação poderá ser

usado se o ilícito tiver natureza penal em uma eventual fase processual.

-Destinatário direto: acusação (MP em regra, porque pode ser o ofendido)

-Destinatário indireto: Juiz, para que o mesmo possa decidir.

CARACTERÍSTICAS

-Inquisitivo: (no inquérito não existe partes, não existe lide, não existe interessados,

não existe contraditório, não existe ampla defesa, o investigado é objeto de

investigação). Obs: eu tenho alguns inquéritos que irá haver contraditório, são na

verdade, exceções. Primeira exceção: Inquérito para expulsão ou extradição de

estrangeiro (procedimento administrativo, só que com contraditório), outra situação é

o antigo inquérito judicial nos casos de crime falimentares (o juiz fazia o inquérito e

depois julgava, era totalmente parcial).

-Sigiloso: o inquérito policial é uma margem de segurança, porque há presunção de

inocência, sendo, portanto, sigiloso. O sigilo aplica-se até mesmo para o investigado,

pois, o mesmo não pode ficar sabendo o que está passando. Mas o sigilo não se

aplica ao juiz e ao MP e /ou ofendido, bem como ao advogado em geral (o advogado

poderá ter vista, inclusive xerocar – art. 7 do Estatuto da OAB). Obs: no caso de o

juiz decretar o sigilo do inquérito policial, há duas correntes, uma entende que o

sigilo não se aplica ao advogado, lado outro, entende que sim, inclusivo, STJ

reconhece que se aplica sim ao advogado, observando o princípio da

proporcionalidade. Tem um novo posicionamento, do STF, súmula vinculante. Se o

advogado quiser ter vista dos autos e lhe for negada, cabe mandado de segurança.

AULA 02/03/2009

Paulo Rangel, Fernando Capez, Eugênio Pacceli, Afrânio Jardim. Autores para fazer

o trabalho de processo penal.

-Discriminação: o processo já tem uma sequência correta para ser seguida pelo

magistrado. Já no inquérito, não, temos um rol no art. 6 do CPP, mas este serve

apenas como mera informação, pois, o inquérito é procedimento dinâmico, não é

firme igual o processo.

Page 19: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Escrito: mesmo que a prova seja oral, por exemplo, oitiva do ofendido, suposto

autor do fato, apesar de ser uma prova verbalizada, a mesma sempre será reduzida

a termo. Se tiveres uma gravação, a mesma será desgravada, ou seja, será

reduzida a termo. O procedimento do inquérito é formal (escrito).

-Indisponível: fala-se do princípio da indisponibilidade (existe depois que ele é

instaurado), antes do inquérito eu tenho a obrigatoriedade, depois, a

indisponibilidade, isto é, uma vez instaurado o inquérito policial, o delegado não

poderá largá-lo pelo meio (não pode arquivar o inquérito – art. 17 do CPP).

-Disponível: o inquérito não é indispensável (pois é dispensável), o que é

indispensável é ter um lastro probatório mínimo para propositura da ação penal. A

ação pode ser deflagrada sem inquérito (quando munida de P.I. peça de

informação), mas nunca, sem lastro probatório mínimo.

-Oficialidade: os órgãos responsáveis pela persecução penal atuam/agem de ofício,

independentemente de provocação e irá apurar o fato.

VALOR PROBATÓRIO DO IP.

Este, é relativo, pois, no procedimento administrativo de inquérito policial, não

há ampla defesa e contraditório. Sendo assim, toda a prova produzida no inquérito

policial, caso queira usar as mesmas provas do inquérito no processo, necessário se

faz reproduzi-las novamente.

Obs: Lesão corporal característica do crime de estupro. Não tem como fazer novas

provas na instrução processual, pois, com o tempo somem os “rastos” do crime. O

contraditório é postergado.

Obs: prova testemunhal, quando a testemunha está correndo risco de morte,

instaura-se um incidente para produção de provas. Neste, há um contraditório e a

testemunha não irá poder voltar atrás no processo, nem fazê-la (provas) novamente.

Page 20: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

Obs: com a reforma do CPP, foi introduzida na legislação pátria a figura do perito

assistente (particular).

Excepcionalmente, os elementos colhidos no inquérito policial, podem servir

como prova na fase processual durante a instrução, a exemplo do que acontece com

a prova pericial que vai submeter em juízo ao crivo do contraditório e da ampla

defesa (contraditório postergado ou diferido).

Admiti-se, ainda, na fase do inquérito a instauração de um incidente cautelar

de produção antecipada de provas, que tramitará perante um juiz, com a presença

“das futuras partes” e submetendo-se ao contraditório e a ampla defesa.

VÍCIOS DO INQUÉRITO

Pode até ter vícios, mas não será visto como nulidade e sim irregularidade.

No inquérito tenho uma série de atos, caso um deles estiver com vício, basta apenas

retirá-lo e substituí-lo por outro perfeito.

Um vício com irregularidade no inquérito policial não contaminará o processo,

mesmo se o ato não for retirado, porque os atos ali feitos vão ser novamente

realizados no processo. Quando a prova for repetida (ilicitamente), aí sim,

contaminará o processo.

INDICIAMENTO

No inquérito policial o indiciamento é quando um dos investigados se torna

foco principal do inquérito policial.

O indiciamento (sai da possibilidade e passa para probabilidade de ser

realmente o autor do crime – antes era possível, agora é bem provável) é a

comunicação daquele investigado de que ele se tornara o objeto principal, ou seja, o

foco da investigação policial. É preciso haver fundamentação, e é ato formal.

No indiciamento não tem recurso, mas pode impetrar habeas corpus.

Qual é o momento para o indiciamento? (segundo o professor Aury Lopes Jr.)

1) quando houver prisão; 2) logo após a sua oitiva.

NOTITIA CRIMINIS

Page 21: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

A notícia do crime é o conhecimento da autoridade policial acerca do

acontecimento de uma determinada infração penal (é levar a notícia do crime à

autoridade policial).

A notícia do crime pode ser espontânea, provocada ou coercitiva.

A espontânea/ cognição direta/ cognição imediata/ cognição inqualificada,

será quando o delegada se depara com uma infração penal durante o exercício

normal de seu cargo, neste caso um agente (polícia militar) trás a ele o

conhecimento, e.g., um agente diz que acabou de acontecer um delito. Outro caso é

na delação apócrifa (denúncia anônima), é o caso do disque-denúncia ou até

mesma quando há uma carta anônima; justamente porque não faz idéia de quem

está trazendo a notícia do crime. Detalhe, neste caso, o delegado não pode instaurar

o inquérito, devendo procurar vestígios, assim, depois de encontrado vestígios de

crime é que o mesmo poderá instaurar inquérito policial (a própria constituição trás

que deverá ser identificado a pessoa que trouxe a notícia do crime..., mas nada

impede a anônima, desde que o delegado...).

No caso de notícia do crime provocada (esta é indireta e mediata e

qualificada) irá ocorrer quando qualquer um do povo, o ofendido ou quando

autoridades levarem a notícia do crime ao delegado. Neste caso, quando for

provocada por autoridades (MP e Juízes), a notícia do crime é levada por requisição,

esta requisição sim, tem caráter de ordem, se o delegado não instaurar o inq. P.

responderá por crime de prevaricação.

Quando for qualquer um do povo, ou o ofendido, quando eles levarem a

notícia do crime para o delegado de policial, será chamado de “delatio criminis”. A

“delatio criminis” pode ser simples ou postulatória. Será simples quando for sem

pedido de providência e a postulatória será com o pedido de providência, neste

caso, a pessoa leva a notícia do crime e já pede providência.

Há alguns tipos de ação penal. Ação penal pública incondicionada é a regra,

(a maioria dos crimes são de ação incondicionada) é aquela que tem como o titular

como o promotor, e ainda, esta haja independentemente de provocação/autorização.

Ação penal pública condicionada a representação do ofendido, o titular é o

ofendido, mas depende de uma provocação/autorização (condição para que o MP

possa proceder a denúncia – o MP é o legitimado), que em regra, é a representação.

Por exemplo, o estupro de uma mulher hipossuficiente, o estupro é de natureza

Page 22: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

privada, mas tendo em vista ser a vítima hipossuficiente, necessário se faz a

representação.

Ação penal pública condicionada a requisição (Ministro da Justiça), por

exemplo, no caso de crime contra o Presidente – crime contra honra do presidente

(completar com o Renato). A requisição também é uma representação. Se não

houver autorização, nada feito.

Ação penal privada. Na ação penal privada será o ofendido (ou, quando

menor, quem tenha qualidade para representar). Exemplo: geralmente na ação

privada, o bem juridicamente protegido é de menor importância (é a regra geral), e

quem será o titular dela será o ofendido, contratando advogado ou se não tiver

dinheiro um defensor público. Não obstante, hoje ainda tem bem jurídico de um valor

considerado e de natureza de ação penal privada, e.g., estupro, atentado violente ao

pudor, nestes, procederá mediante queixa (obs: se a parte ofendida for

hipossuficiente, passa a ser em pública condicionada a representação. E se a vítima

estiver em uma relação pátrio poder ou curatela com o autor do crime, passa a ser

ação penal pública incondicionada.

AULA 06/03/2009

Como que eu vou saber se um crime enquadra em ação condicionada,

privada, ou incondicionada? Não precisamos nos preocupar, pois, está no código

penal. Ademais, a maioria das ações serão incondicionadas.

DELATIO CRIMINIS POSTULATÓRIA

-Representação: a representação nos crimes de ação penal pública condicionada,

neste caso, o ofendido além de levar a notícia do crime, irá providenciar/autorizar

que o delegado tome providências.

-Requisição: esta requisição é do Ministro da Justiça, que tem a mesma natureza de

representação. Essa requisição não é ordem (não tem caráter vinculatório), é

apenas um pedido.

-Requerimento: este surge nas ações penais privadas. Claro que a petição inicial do

ofendido será a queixa crime, mas o requerimento é que leva a notícia do crime.

Aqui está embutido o pedido de providência.

Page 23: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

-Requerimento: este ocorre muito das vezes em ação penal pública incondicionada.

O cidadão foi atingido cinco vezes, o ofendido chega até o delegado levando a

notícia do crime e pede providência, mas a ação penal é incondicional. No caso de

ação penal pública incondicionada qualquer pessoa pode levar a notícia do crime.

DELATIO CRIMINIS SIMPLES (SEM PEDIDO DE PROVIDÊNCIA)

Como por exemplo, alguém leva a notícia do crime ao delegado, mas não irá

pedir providência para apurar o crime do infrator, a fim de que seja aplicada

determinada penalidade a ele. Neste caso, o sujeito apenas conta (o sujeito quer

apenas informar a autoridade sobre o crime, ele não quer que seja apurado qual foi

o infrator daquele crime) ao delegado o que aconteceu com ele, mas não pede

providência alguma.

COGNITIVA COERCITIVA

Toda vez que alguém levar a notícia do crime com o criminoso “debaixo do

braço”, estaremos diante da notícia do crime chegada à delegacia de forma cognitiva

coercitiva. Ver art. , par. 4 e 5 do CPP.

Se o delegado for pego em flagrante delito, cujo crime deverá ser no senado

de ação penal pública condicionada a representação ou privada, não poderá lavrar

auto de prisão em flagrante sem o ofendido requerer ou autorizar que seja apurado o

crime.

FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

No caso de noticia do crime cognitiva espontânea, a forma de instauração

será de ofício. Materialmente o nome que recebe o documento do delegado será

portaria (ex. eu bacharel... delegado...instauro...).

No caso de notícia do crime provocada. Temos vários tipos:

a) nas ações penais públicas condicionadas a representação: a forma de

instauração de inquérito policial será por representação. Neste caso, a folha “dois”

também receberá o nome de portaria.

b) na ação penal pública cond. Requisição ao MJ: será por requisição. A folha “dois”

(documento) também receberá o nome de portaria.

Page 24: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

c) nas ações penais privada: dependerá de requerimento por parte do ofendido,

sendo por requerimento. A folha “dois” também terá nome de portaria.

No caso de notícia do crime de cognição coercitiva: se dará por auto de prisão

em flagrante delito (APFD). Neste caso a folha “dois” terá o nome de auto de prisão

em flagrante delito, porque não preciso de uma portaria contando o que aconteceu

porque no próprio auto de prisão em flagrante delito já está narrado o que

acontecera.

PROVIDÊNCIAS

-Ver art. 6 (rol exemplificativo), inciso I: o delegado deverá dirigir-se ao local do

crime. É justamente para evitar para que não seja alterado o local do acidente. Mas

não é uma regra absoluta, até porque nos casos de acidentes de trânsito a vítima

será retirada do local.

No inciso II, temos: deverá apreender todos os objetos com os fatos (tudo

aquilo que for encontrado em virtude do crime, e em regra todos os objetos

acompanharão o inquérito, e se o MP denunciar com base no inquérito, os objetos

também acompanhará o processo. Os objetos poderão ser devolvidos, salvo

exceção, depois de rotulados no inquérito). Ver art. 11 do CPP.

Obs: no caso de entorpecentes, não acompanhará o processo, não sairá da

delegacia.

Obs: os objetos ilícitos, mesmo que tiverem acompanhado o processo, serão

destruídos, salvo se for para o museu (ver. art. 91, II, “a” do CPP)

AULA 09/03/2009

COLHEITA DE PROVAS

Além dos objetos do crime, teremos outras provas, uma coisa que não

acontece no local do crime, bem como a oitiva de testemunha, busca e apreensão. A

colheita de provas não é incondicional, há limites, qual seja o da licitude, não admite-

se provas ilícitas. A colheita de provas contribui para a materialização do crime.

OUVIR O OFENDIDO

Se com o crime o ofendido (sujeito passivo) não morrer, ele será ouvido. Uma

vez notificado a comparecer na delegacia (notificação ao ofendido), caso o ofendido

Page 25: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

não vá de livre vontade, será conduzido pela autoridade policial coercitivamente

(condução coercitiva).

Obs: muitas das vezes, tendo em vista que o ofendido é parcial, o mesmo vem a

mentir (falso testemunho), mas o ofendido não responde por falso testemunho. Mas

se um indivíduo for na delegacia levar uma notícia de crime falsamente, responderá

por denunciação caluniosa (quando o indivíduo sabe ser falso, ou seja, afirmar um

fato criminoso, sabendo que não houve crime).

OITIVA DO INDICIADO

O melhor seria oitiva do investigado (a redação no código está equivocada)

ou averiguado. Investigado e averiguado; há um juízo de possibilidade que seja o

autor do crime, uma vez ouvido pode passar de juízo de possibilidade para juízo de

probabilidade.

-diferença de averiguado e indiciado: averiguado (há juízo de possibilidade);

indiciado (há juízo de probabilidade).

-ouvir o delegado como o juiz ouviria: aqui não existe interrogatório e sim oitiva (o

delegado somente irá ouvir e não interrogar).

1) não comparecendo na delegacia o notificado, para primeira corrente pode ser

conduzido coercitivamente (posição majoritária);

2) para a segunda corrente não pode. Não comparecendo o notificado não poderá

ser conduzido coercitivamente. Não, porque o momento da condução do notificado

até a delegacia é conhecido como uma prisão temporária, mesmo que momentânea.

(fundamentação está no inciso LXI, art. 5, da CF/88). Para esta corrente, o juiz

poderá mediante fundamentação.

Obs: 10679/03 – 1579/52 (art. 3, parágrafo 1)

(art. 5, LXI CF/88)

3) para a terceira corrente, não pode conduzir coercitivamente, mas para esta

corrente, nem o juízo nem o delegado. Porque hoje, o interrogatório é primeiramente

um meio de defesa. Tendo em vista que o indivíduo pode ficar silente (a terceira

corrente é mais garantista, melhor, e em breve vai ser a primeira corrente). Por que

Page 26: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

conduzi-lo coercitivamente? Para esta corrente não pode haver coercitividade para

que o notificado seja ouvido. (o investigatório ou a oitiva dividem-se duas fases:

dados/identificação (o notificado não pode mentir) e mérito (no mérito poderá haver

mentira, ficar silente ou nem comparecer)

(art. 5, LXIII CF/88)

RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS (INCISO 6, DO ART. 6 DO CPP)

O reconhecimento de pessoas serve para facilitar a identificação do suspeito

(tipo de cabelo, cor de pele, tamanho – geralmente a pessoa vê a outra para

reconhecer, mas o suspeito não consegue ver a outra pessoa). No reconhecimento

de coisas, e.g., apreendeu um objeto com o sujeito do crime, poderá haver o

reconhecimento da coisa para ver se pertence ou não a determinada pessoa.

EXAME DE CORPO DELITO E OUTRAS PERÍCIAS (inciso 7, do art. 6 do CPP)

É procedimento obrigatório, uma vez tratar de crime que deixa vestígio. É um

tipo de perícia é o exame de corpo delito, este exame, quando se trata de crime que

deixa vestígio, é imprescindível. Temos exame de corpo delito direto (quando houver

contato direto com o corpo) e indireto (quando, e.g., o perito utiliza documentos do

hospital, em observância a atual situação do corpo, para fazer o exame de corpo

delito).

Hoje (nova lei 11690/08) só se exige um perito quando for oficial, não oficial,

deverá haver dois peritos.

Negando-se a vítima a fazer o exame do corpo delito, a vítima pode ser

conduzida coercitivamente, quando externamente (quando, e.g., tirar a roupa da

vítima não pode, porque é atuação invasiva – exame íntimo – mas não afasta a

possibilidade de registrar-se como desobediência).

IDENTIFICAÇÃO

Quer dizer aquela identificação datiloscopia (digital) -

Art. 5, LVIII, da CF/88 – o civilmente identificado não poderá ser constrangido a

identificação datiloscopia. Na opinião do Henrique não há de ser.

Page 27: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

Lei 10054/2000. Ver art. 3. Obs. O inciso I é de duvidosa inconstitucionalidade, já os

outros incisos, são de perfeita consonância com o ordenamento jurídico pátrio. Ver

todos os incisos.

Lei 9034/95. Ver art. 5: participação de organização criminosa. Neste caso é outra

possibilidade de o indivíduo ser compelido a ser novamente civilmente identificado.

O INCISO IX DO ART. 6 DO CPP, SERVE JUSTAMENTE PARA CONDUZIR O

JUIZ PARA APLICAR A PENA BASE – REMETE-SE AO ART. 59 – É ROL

MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO.

ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

O inquérito policial é encerrado mediante a confecção de um relatório final. É

a própria autoridade policial que faz o relatório. O relatório seria uma exposição de

tudo que ocorreu durante o inquérito policial (lógico que de forma condensada). Ao

final o relatório é encaminhado ao juízo. O relatório é meramente descritivo, ou seja,

informar essa e aquela prova, até porque o delegado não dá opinião alguma, apenas

relata o que aconteceu, e se opina, a opinião dele não vincula.

Se se tratar da lei 11343/06, o delegado é obrigado a dizer se trata de porte

para uso ou para mercancia; caso o delegado indicar que é tráfico, deverá

fundamentar – mas não é vinculativa (não vincula o titular da ação penal – MP) (vide

art. 28 e 33 e 52, II da lei de tóxico).

AULA 13/03/2009

PRAZO – prazo para terminal o inquérito. Esse prazo irá variar de acordo com o

crime tratado e de onde o inquérito tramita.

-Estadual: 10 dias para encerrar, estando o indivíduo preso, esse é improrrogável,

porém, se houver necessidade de dilação do prazo, o indivíduo deverá sair da

prisão.

Se o indivíduo estiver solto o prazo será de 30 dias, não havendo limitação

quanto a sua prorrogação.

É o juiz quem tem competência para prorrogar o prazo para o término do

inquérito policial.

Page 28: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

O delegado pode até achar que tem que produzir mais provas, mas se o MP

entender que não, assim será, podendo, deflagrar a ação penal.

-Federal: quando o inquérito tramitar perante uma delegacia federal, o prazo será de

15 se o indivíduo estiver preso. Esse prazo pode ser prorrogado uma única vez, por

igual período, mantendo o investigado preso. Precisando de mais prazo além do

limite, deverá o investigado sair da prisão.

Se o investigado estiver solto, o prazo será igual o do Estadual, ou seja, 10

dias para encerrar, estando o indivíduo preso, esse é improrrogável, porém, se

houver necessidade de dilação do prazo, o indivíduo deverá sair da prisão.

Se o indivíduo estiver solto o prazo será de 30 dias, não havendo limitação

quanto a sua prorrogação.

PRAZOS ESPECIAIS

-Lei 1521/51 (art. 10, par. 1): Lei contra a economia popular (e.g., usura). O prazo é

de 10 dias (só tem um prazo, preso ou solto).

-Lei 11343/06 (art. 51): 30 dias se o investigado estiver preso e 90 dias se estiver

solto (esses prazos não são prorrogáveis, e sim duplicáveis, isto é, 30 + 30= 60).

Encerrado o inquérito o policial, será enviado para o Juiz.

Obs: no Rio de Janeiro e na Bahia, existem centrais de inquérito, e estas pertencem

ao MP (O juiz fica quieto, até porque ele ainda não foi provocado, sendo assim, o

MP irá ver o que irá fazer diante de tal situação depois de ter visto o laudo do

inquérito policial – o Henrique disse que o RJ e a BA estão à frente de nós.

*Tendo indício de autoria, o MP irá denunciar – petição inicial da ação penal

pública;

*Não tendo início de autoria, o MP irá enviar para autoridade

policial/delegado, para que seja feito nova diligência (tentar encontrar um lastro

probatório mínimo para que possa ser deflagrada ação penal).

*Se depois de realizado novas diligências, e mesmo assim, não estiver

conseguido construir nenhum lastro probatório mínimo (não conseguiu firmar a

materialização do crime), o MP irá requerer o arquivamento.

Page 29: DIREITO PROCESSUAL PENAL I

ARQUIVAMENTO – CAUSAS QUE AUTORIZAM O MP PEDIR O

ARQUIVAMENTO.

Por analogia, ficou convencional o art. 43 do CPP, mas este agora está

revogado, temos então agora o 395 (hipóteses em que a denúncia deverá ser

rejeitada) e o 397.

Art. 395: Casos que haverá a rejeição.

*Ausência de pressuposto processual ou condição da ação.

*Quando faltar justa causa. Justa causa é lastro probatório mínimo.

Art. 397: causas absolvitórias. Incisos II, III, IV, V.

*Absolvição sumária (julgamento antecipado da lide).

-Quando saltar no processo uma causa que exclua a ilicitude.

-Quando houver, claramente uma causa que exclua a culpabilidade.

-E o que nos interessa: quando o fato não constituir crime (fato típico + ilicitude +

culpabilidade= crime; conceito analítico de crime). Quis dizer o legislador - tradução:

quando houver fato atípico.

-Quando houver uma causa de extinção da punibilidade.

MECANISMOS DE ARQUIVAMENTO

O MP pede o arquivamento e o juiz homologa o pedido. (o juiz pode

concordar e o inquérito ser arquivado; mas o juiz pode não concordar, caso em que,

deverá remeter para o Procurador Geral de Justiça, e este é quem irá definir essa

pendência, concordando com o juiz, o MP irá oferecer denúncia ou nomear outro

representante do MP para que este ofereça a denúncia. Caso o MP concorde com o

pedido de arquivamento, assim será).

O juiz não pode arquivar ex officio, quem é o titular é o MP.

Na justiça federal, o representante do MP de primeiro grau chama Procurador

da República; se ele requer o arquivamento para o juiz, se este concordar será

arquivado, caso ele discorde, será enviado para o Procurador Geral da República, e

neste caso, não será o procurador quem irá decidir, pois será as Câmaras de

Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. Ver art. 62 da Lei

Complementar 75/2003. Neste caso também, caso o Procurador Geral da República

concorde com o juiz, ele mesmo poderá propor a denúncia, caso contrário, nomeará

outro representante do MPF.

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ARQUIVAMENTO ORIGINÁRIO

Se o Procurador de Justiça requerer ao TJ que arquive, este não poderá

discordar. O que pode acontecer é que o legítimo interessado, administrativamente,

recorrer através do Colégio de Procuradores, para que seja desarquivado o

processo, e quem irá decidir será o Procurador Geral de Justiça, tendo em vista que

ele tem direito a uma resposta jurisdicional.

Obs: a decisão de arquivamento (juiz decide) tem natureza jurídica administrativa

judicial, ou seja, não faz coisa julgada, é o que se depreende do art. 18 do CPP e da

súmula 524 do STF. Enquanto o crime não estiver prescrito poderá haver o seu

desarquivamento. Sendo assim, o delegado poderá investigando e produzindo

novas provas, caso ele conseguir produzir novas provas, o MP poderá propor

denúncia. S. 524. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a

requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas

provas.

REVISÃO DA PRIMEIRA PROVA

-Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: Fernando

Capez.

Temos provas ilegais, vedadas, ou proscritas (proibidas), isso é gênero que tem por

espécie as provas ilícitas, ilegítimas e para alguns doutrinadores as irregulares.

*Prova ilícita: é toda aquela produzida com violação de norma penal ou

norma/princípio constitucional. e.g., certo cidadão foi pego e levado para delegacia,

acaba por ser vítima de agressões na delegacia e confessa o crime. Neste caso não

pode ser utilizada como prova a sua confissão, tendo em vista que houve violação

de norma material. Outro exemplo é quando o oficial entra na casa do indivíduo sem

mandado judicial (invasão de domicílio).

*Prova ilegítima: é toda aquela produzida com violação de norma ou princípio de

caráter processual (ela é podre), essa prova não pode ser usada.

Mas o que interessa para nós na verdade são as ilícitas;

Temos provas ilícitas em si mesma: e.g., prova colhida por tortura, nesse caso, é

prova ilícita em si mesma.

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E provas ilícitas por derivação: cidadão foi pego e torturado, acabou por indicar

pessoas a depor. Sendo assim (aquelas intimadas a depor perante juízo), neste

caso, esta “prova é lícita em si mesma”, porém, só chegou a ela porque alguém foi

torturado, assim acaba por ser prova ilícita por derivação. Teoria dos frutos da

árvore envenenada. Esta prova também não é aceita, está na lei.