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Soldado Direito Processual Penal Prof. Sandro Caldeira

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Soldado

Direito Processual Penal

Prof. Sandro Caldeira

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Direito Processual Penal

Professor Sandro Caldeira

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Introdução

NOTAS DO AUTOR:

Professor Sandro Caldeira

Especialista em Direito Penal e Processo Penal;

Professor em cursos de graduação e pós graduação em Direito Penal e Processo Penal;

Professor em cursos preparatórios para concursos públicos;

Professor em cursos preparatórios para Exames da OAB;

Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior;

Articulista e palestrante, com vários trabalhos publicados na imprensa especializada;

Membro do Instituto Panamericano de Política Criminal;

Coaching para preparação jurídica em concursos;

Delegado de Polícia integrante da Assessoria Jurídica da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

LIVROS PUBLICADOS:

• Manual de Dicas – Delegado de Polícia Civil e Federal- Passe Em concursos Públicos- Editora Saraiva – Coautoria;

• Argumentação Defensiva – Teses de Defesa do Direito Penal – Editora Manaim;

• Processo Penal Prático – Editora- Manaim; Coautoria;

• Prova de Ingresso na Defensoria Pública- Editora Espaço Jurídico; Coautoria;

• Lei de Violência Doméstica Contra a Mulher e Le de Tóxicos-Lei 11.340/2006 e Lei 11.343/2006 – Editora Lumen Juris ; Coautoria;

• Defensoria Pública- Carreiras DPU e DPE – Editora Saraiva; Coautoria;

• Prova de Ingresso na Emerj – Editora Espaço Jurídico Coautoria;

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Mídias sociais:

Site: sandrocaldeira.com

Canal do Youtube: profsandrocaldeira

Fanpage: www.facebook.com/professorsandrocaldeira

Periscope: @Sandro_Caldeira

Instagram: @sandrocaldeira

Apresentação

Olá pessoal, tudo certo?

É um grande prazer estar aqui com você para trabalhar a disciplina de Direito Processual Penal ao lado dos professores Diogo Lopes e Rodolfo Souza. Juntos vamos ajudá-lo nessa caminhada rumo à aprovação no concurso da Polícia Militar de Goiás.

Já fui concurseiro e sei bem como é a vida de um. Mas te digo uma coisa: todo seu reforço será recompensado! Estude muito, com dedicação, persistência e tenha fé! Estou aqui para facilitar sua caminhada. Quero torná-la mais leve, divertida e muito produtiva, através do “Jeito Legal de Estudar Direito”, que utilizo em minhas aulas!

• Banca/Organizadora: Universidade Estadual de Goiás – UEG

Nessa apostila você vai encontrar alguns apontamentos teóricos importantes.

Ah! Anote tudo que falarei em minhas aulas, pois tenho muita coisa para compartilhar com você!Combinado?

Ementa:

1. Ação Penal – espécies

2. Da Prova.

2.1. Exame do corpo de delito e pericias em geral;

2.2. Interrogatório do acusado;

2.3. Confissão;

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2.4. Qualificação e oitiva do ofendido;

2.5. Testemunhas;

2.6. Reconhecimento de pessoas e coisas;

2.7. Acareação;

2.8. Documentos de prova;

2.9. Indícios;

2.10. Busca e apreensão;

3. Da Restrição de liberdade (Prisões cautelares).

3.1. Prisão em flagrante;

3.2. Prisão preventiva;

3.3. Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989)

4. Da Liberdade Provisória

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Edital

DIREITO PROCESSUAL PENAL: Ação Penal: espécies. Da prova: exame de corpo de delito, indícios, busca e apreensão, local do crime. Da Prisão e da Liberdade Provisória.

BANCA: FUNRIO

CARGO: Soldado de 3ª Classe

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Direito Processual Penal

LEGISLAÇÃO: CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – ARTIGO CORRELATOS:

DA AÇÃO PENAL

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisi-ção do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1º No caso de morte do ofendido ou quan-do declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônju-ge, ascendente, descendente ou irmão. (Pa-rágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)

§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)

Art. 25. A representação será irretratável, de-pois de oferecida a denúncia.

Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.

Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provo-car a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao in-vés de apresentar a denúncia, requerer o arqui-vamento do inquérito policial ou de quaisquer

peças de informação, o juiz, no caso de consi-derar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denún-cia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arqui-vamento, ao qual só então estará o juiz obriga-do a atender.

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público adi-tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, inter-por recurso e, a todo tempo, no caso de negli-gência do querelante, retomar a ação como par-te principal.

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualida-de para representá-lo caberá intentar a ação privada.

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quan-do declarado ausente por decisão judicial, o di-reito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.

§ 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família.

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§ 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja cir-cunscrição residir o ofendido.

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou coli-direm os interesses deste com os daquele, o di-reito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimen-to do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.

Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.

Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)

Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônju-ge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, po-dendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.

Art. 37. As fundações, associações ou socieda-des legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos de-signarem ou, no silêncio destes, pelos seus dire-tores ou sócios-gerentes.

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofen-dido, ou seu representante legal, decairá no di-reito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denún-cia.

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, den-tro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Pú-blico, ou à autoridade policial.

§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente auten-ticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, pre-sente o órgão do Ministério Público, quan-do a este houver sido dirigida.

§ 2º A representação conterá todas as infor-mações que possam servir à apuração do fato e da autoria.

§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a repre-sentação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, re-metê-lo-á à autoridade que o for.

§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será re-metida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.

§ 5º O órgão do Ministério Público dispen-sará o inquérito, se com a representação fo-rem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, ofe-recerá a denúncia no prazo de quinze dias.

Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que co-nhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documen-tos necessários ao oferecimento da denúncia.

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a expo-sição do fato criminoso, com todas as suas cir-cunstâncias, a qualificação do acusado ou escla-recimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

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Art. 44. A queixa poderá ser dada por procura-dor com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo cri-minal.

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denún-cia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No úl-timo caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o ofereci-mento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação

§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os au-tos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.

Art. 47. Se o Ministério Público julgar neces-sários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de con-vicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que de-vam ou possam fornecê-los.

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Mi-nistério Público velará pela sua indivisibilidade.

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.

Art. 50. A renúncia expressa constará de decla-ração assinada pelo ofendido, por seu represen-tante legal ou procurador com poderes espe-ciais.

Parágrafo único. A renúncia do represen-tante legal do menor que houver comple-tado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.

Art. 51. O perdão concedido a um dos querela-dos aproveitará a todos, sem que produza, to-davia, efeito em relação ao que o recusar.

Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exer-cido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.

Art. 53. Se o querelado for mentalmente en-fermo ou retardado mental e não tiver repre-sentante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão ca-berá ao curador que o juiz Ihe nomear.

Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52.

Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procu-rador com poderes especiais.

Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50.

Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito ad-mitirão todos os meios de prova.

Art. 58. Concedido o perdão, mediante decla-ração expressa nos autos, o querelado será in-timado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz jul-gará extinta a punibilidade.

Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querela-do, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.

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Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:

I – quando, iniciada esta, o querelante dei-xar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;

II – quando, falecendo o querelante, ou so-brevindo sua incapacidade, não compare-cer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qual-quer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

III – quando o querelante deixar de compa-recer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condena-ção nas alegações finais;

IV – quando, sendo o querelante pessoa ju-rídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá decla-rá-lo de ofício.

Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar con-veniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apre-ciar a matéria na sentença final.

Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz so-mente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.

TÍTULO VII

Da Prova

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Parágrafo único. Somente quanto ao esta-do das pessoas serão observadas as restri-ções estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, obser-vando a necessidade, adequação e propor-cionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desen-tranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evi-denciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente

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das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de con-duzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3º Preclusa a decisão de desentranha-mento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, fa-cultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

CAPÍTULO IIDO EXAME DO CORPO DE DELITO, E

DAS PERÍCIAS EM GERAL

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a con-fissão do acusado.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, por-tador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, por-tadoras de diploma de curso superior prefe-rencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o com-promisso de bem e fielmente desempe-nhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de

quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (In-cluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – requerer a oitiva dos peritos para esclare-cerem a prova ou para responderem a que-sitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclareci-das sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresen-tar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (In-cluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impos-sível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atua-ção de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (In-cluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo peri-cial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos for-mulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

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Parágrafo único. O laudo pericial será elabo-rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excep-cionais, a requerimento dos peritos. (Reda-ção dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que de-clararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte vio-lenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância rele-vante.

Art. 163. Em caso de exumação para exame ca-davérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstan-ciado.

Parágrafo único. O administrador de cemi-tério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indi-que a sepultura, ou de encontrar-se o cadá-ver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessá-rias, o que tudo constará do auto.

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografa-dos na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 165. Para representar as lesões encontra-das no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubrica-dos.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconheci-mento pelo Instituto de Identificação e Estatís-tica ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhe-cimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os obje-tos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestí-gios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o pri-meiro exame pericial tiver sido incompleto, pro-ceder-se-á a exame complementar por deter-minação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.

§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a clas-sificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que de-corra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.

§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos pe-ritos, que poderão instruir seus laudos com fo-tografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)

Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

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Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventuali-dade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográ-ficas, ou microfotográficas, desenhos ou esque-mas.

Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.

Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.

Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos au-tos e dos que resultarem de diligências.

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos veri-ficarão a causa e o lugar em que houver come-çado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:

I – a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;

II – para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;

III – a autoridade, quando necessário, re-quisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;

IV – quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exi-

bidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver au-sente a pessoa, mas em lugar certo, esta úl-tima diligência poderá ser feita por precató-ria, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.

Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumen-tos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

Art. 176. A autoridade e as partes poderão for-mular quesitos até o ato da diligência.

Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Haven-do, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.

Art. 178. No caso do art. 159, o exame será re-quisitado pela autoridade ao diretor da reparti-ção, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.

Art. 179. No caso do § 1º do art. 159, o escri-vão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.

Parágrafo único. No caso do art. 160, pará-grafo único, o laudo, que poderá ser datilo-grafado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declara-ções e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autori-dade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Art. 181. No caso de inobservância de formali-dades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária manda-rá suprir a formalidade, complementar ou escla-recer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

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Parágrafo único. A autoridade poderá tam-bém ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po-dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

CAPÍTULO IIIDO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo pe-nal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Re-dação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

§ 1º O interrogatório do réu preso será re-alizado, em sala própria, no estabelecimen-to em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxilia-res bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferên-cia ou outro recurso tecnológico de trans-missão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)

I – prevenir risco à segurança pública, quan-do exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o des-

locamento; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

II – viabilizar a participação do réu no refe-rido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstân-cia pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento des-tas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

IV – responder à gravíssima questão de or-dem pública . (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 3º Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 4º Antes do interrogatório por videocon-ferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de ins-trução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 5º Em qualquer modalidade de interroga-tório, o juiz garantirá ao réu o direito de en-trevista prévia e reservada com o seu defen-sor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefô-nicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advoga-do presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos proces-suais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério

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Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o in-terrogatório não se realizar na forma previs-ta nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste artigo, no que couber, à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pesso-as e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido. (Incluí-do pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 9º Na hipótese do § 8º deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato pro-cessual pelo acusado e seu defensor. (Incluí-do pela Lei nº 11.900, de 2009)

§ 10. Do interrogatório deverá constar a in-formação sobre a existência de filhos, res-pectivas idades e se possuem alguma defi-ciência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indi-cado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acu-sado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Parágrafo único. O silêncio, que não impor-tará em confissão, não poderá ser interpre-tado em prejuízo da defesa.(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de

vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pre-gressa, notadamente se foi preso ou pro-cessado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspen-são condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados fami-liares e sociais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

§ 2º Na segunda parte será pergunta-do sobre: (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

I – ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

II – não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí--la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

III – onde estava ao tempo em que foi co-metida a infração e se teve notícia desta; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

IV – as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

V – se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

VI – se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer obje-to que com esta se relacione e tenha sido apreendido; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

VII – todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos anteceden-tes e circunstâncias da infração; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

VIII – se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

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Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e re-levante. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclareci-mentos e indicar provas.(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 190. Se confessar a autoria, será pergunta-do sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam.(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 191. Consignar-se-ão as perguntas que o réu deixar de responder e as razões que invocar para não fazê-lo.

Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma se-guinte: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

I – ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmen-te; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

II – ao mudo as perguntas serão fei-tas oralmente, respondendo-as por escrito;(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

III – ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habi-litada a entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 194. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fun-damentado de qualquer das partes. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

CAPÍTULO IVDA CONFISSÃO

Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compati-bilidade ou concordância.

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.

Art. 199. A confissão, quando feita fora do in-terrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.

Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.

CAPÍTULO VDO OFENDIDO

(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstân-

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cias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, toman-do-se por termo as suas declarações. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autori-dade. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifi-quem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3º As comunicações ao ofendido deve-rão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 4º Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço se-parado para o ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 5º Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áre-as psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 6º O juiz tomará as providências neces-sárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, po-dendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

CAPÍTULO VIDAS TESTEMUNHAS

Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.

Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residên-cia, sua profissão, lugar onde exerce sua ativi-dade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pe-las quais possa avaliar-se de sua credibilidade.

Art. 204. O depoimento será prestado oralmen-te, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.

Parágrafo único. Não será vedada à teste-munha, entretanto, breve consulta a apon-tamentos.

Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretan-to, tomar-lhe o depoimento desde logo.

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recu-sar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desqui-tado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, de-sobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes men-tais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.

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Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, pode-rá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.

§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.

§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.

Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, deven-do o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Parágrafo único. Antes do início da audiên-cia e durante a sua realização, serão reser-vados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. (In-cluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirma-ção falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.

Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imedia-tamente a testemunha à autoridade poli-cial.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admi-tindo o juiz aquelas que puderem induzir a res-posta, não tiverem relação com a causa ou im-portarem na repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Parágrafo único. Sobre os pontos não es-clarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 213. O juiz não permitirá que a testemu-nha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.

Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a tes-temunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.

Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz de-verá cingir-se, tanto quanto possível, às expres-sões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases.

Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assi-nar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de am-bos.

Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendi-do, de modo que prejudique a verdade do de-poimento, fará a inquirição por videoconferên-cia e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. (Re-dação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo de-verá constar do termo, assim como os moti-vos que a determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemu-nha deixar de comparecer sem motivo justifica-do, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja condu-zida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha fal-tosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediên-

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cia, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfer-midade ou por velhice, de comparecer para de-por, serão inquiridas onde estiverem.

Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Es-tados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Esta-duais, os membros do Poder Judiciário, os minis-tros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em lo-cal, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)

§ 1º O Presidente e o Vice-Presidente da Re-pública, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela pres-tação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

§ 2º Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

§ 3º Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

Art. 222. A testemunha que morar fora da ju-risdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.

§ 1º A expedição da precatória não suspen-derá a instrução criminal.

§ 2º Findo o prazo marcado, poderá reali-zar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.

§ 3º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permi-tida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento. (Inclu-ído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedi-das se demonstrada previamente a sua impres-cindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Parágrafo único. Aplica-se às cartas roga-tórias o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)

Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.

Parágrafo único. Tratando-se de mudo, sur-do ou surdo-mudo, proceder-se-á na con-formidade do art. 192.

Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de resi-dência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-comparecimento.

Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhi-ce, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar--lhe antecipadamente o depoimento.

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CAPÍTULO VIIDO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer--se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:

I – a pessoa que tiver de fazer o reconheci-mento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;

Il – a pessoa, cujo reconhecimento se pre-tender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;

III – se houver razão para recear que a pes-soa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade provi-denciará para que esta não veja aquela;

IV – do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autori-dade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instru-ção criminal ou em plenário de julgamento.

Art. 227. No reconhecimento de objeto, proce-der-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.

Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de ob-jeto, cada uma fará a prova em separado, evi-tando-se qualquer comunicação entre elas.

CAPÍTULO VIIIDA ACAREAÇÃO

Art. 229. A acareação será admitida entre acu-sados, entre acusado e testemunha, entre tes-

temunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.

Parágrafo único. Os acareados serão reper-guntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.

Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcreven-do-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se reali-zará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

CAPÍTULO IXDOS DOCUMENTOS

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as par-tes poderão apresentar documentos em qual-quer fase do processo.

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.

Parágrafo único. À fotografia do documen-to, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.

Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão ad-mitidas em juízo.

Parágrafo único. As cartas poderão ser exi-bidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.

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Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusa-ção ou da defesa, providenciará, independente-mente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.

Art. 235. A letra e firma dos documentos par-ticulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade.

Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela auto-ridade.

Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da autoridade.

Art. 238. Os documentos originais, juntos a pro-cesso findo, quando não exista motivo relevan-te que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.

CAPÍTULO XDOS INDÍCIOS

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a exis-tência de outra ou outras circunstâncias.

CAPÍTULO XIDA BUSCA E DA APREENSÃO

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quan-do fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumen-tos utilizados na prática de crime ou desti-nados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, desti-nadas ao acusado ou em seu poder, quan-do haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do pa-rágrafo anterior.

Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a bus-ca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das par-tes.

Art. 243. O mandado de busca deverá:

I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou mora-dor; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II – mencionar o motivo e os fins da diligên-cia;

III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

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§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acu-sado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Art. 244. A busca pessoal independerá de man-dado, no caso de prisão ou quando houver fun-dada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medi-da for determinada no curso de busca domici-liar.

Art. 245. As buscas domiciliares serão execu-tadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o man-dado ao morador, ou a quem o represente, inti-mando-o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.

§ 2º Em caso de desobediência, será arrom-bada a porta e forçada a entrada.

§ 3º Recalcitrando o morador, será permi-tido o emprego de força contra coisas exis-tentes no interior da casa, para o descobri-mento do que se procura.

§ 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, deven-do, neste caso, ser intimado a assistir à dili-gência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.

§ 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intima-do a mostrá-la.

§ 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

§ 7º Finda a diligência, os executores lavra-rão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.

Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em apo-sento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde al-guém exercer profissão ou atividade.

Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou preju-ízo da diligência.

Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ain-da que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente au-toridade local, antes da diligência ou após, con-forme a urgência desta.

§ 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:

a) tendo conhecimento direto de sua remo-ção ou transporte, a seguirem sem interrup-ção, embora depois a percam de vista;

b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço.

§ 2º Se as autoridades locais tiverem funda-das razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, en-trarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.

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TÍTULO IX

DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE

PROVISÓRIA

(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluí-do pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. (In-cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º As medidas cautelares serão decreta-das pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investi-gação criminal, por representação da auto-ridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, de-terminará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4º No caso de descumprimento de qual-quer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Minis-tério Público, de seu assistente ou do que-relante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, pará-

grafo único). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 5º O juiz poderá revogar a medida caute-lar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). (Incluí-do pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-mentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória tran-sitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporá-ria ou prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. (In-cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qual-quer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 284. Não será permitido o emprego de for-ça, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.

Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.

Parágrafo único. O mandado de prisão:

a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;

b) designará a pessoa, que tiver de ser pre-sa, por seu nome, alcunha ou sinais caracte-rísticos;

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c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;

d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;

e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.

Art. 286. O mandado será passado em duplica-ta, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega de-verá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas.

Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apre-sentado ao juiz que tiver expedido o mandado.

Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo dire-tor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida pela autoridade competente, deven-do ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

Parágrafo único. O recibo poderá ser pas-sado no próprio exemplar do mandado, se este for o documento exibido.

Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. (Reda-ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requi-sitar a prisão por qualquer meio de comuni-cação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbi-trada. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º A autoridade a quem se fizer a requisi-ção tomará as precauções necessárias para averiguar a autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da me-dida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo Conselho Nacio-nal de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º Qualquer agente policial poderá efe-tuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência ter-ritorial do juiz que o expediu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º Qualquer agente policial poderá efe-tuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do mandado e co-municando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3º A prisão será imediatamente comuni-cada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão ex-traída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4º O preso será informado de seus direi-tos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será co-municado à Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 6º O Conselho Nacional de Justiça regula-mentará o registro do mandado de prisão a

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que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o exe-cutor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.

§ 1º Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:

a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdi-do de vista;

b) sabendo, por indícios ou informações fi-dedignas, que o réu tenha passado, há pou-co tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.

§ 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimida-de da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.

Art. 291. A prisão em virtude de mandado en-tender-se-á feita desde que o executor, fazendo--se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.

Art. 292. Se houver, ainda que por parte de ter-ceiros, resistência à prisão em flagrante ou à de-terminada por autoridade competente, o execu-tor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.

Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encon-tra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor con-vocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao

morador, se não for atendido, fará guardar to-das as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efe-tuará a prisão.

Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será le-vado à presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.

Art. 294. No caso de prisão em flagrante, obser-var-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competen-te, quando sujeitos a prisão antes de condena-ção definitiva:

I – os ministros de Estado;

II – os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distri-to Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)

III – os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;

IV – os cidadãos inscritos no "Livro de Mé-rito";

V – os oficiais das Forças Armadas e os mi-litares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

VI – os magistrados;

VII – os diplomados por qualquer das facul-dades superiores da República;

VIII – os ministros de confissão religiosa;

IX – os ministros do Tribunal de Contas;

X – os cidadãos que já tiverem exercido efe-tivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacida-de para o exercício daquela função;

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XI – os delegados de polícia e os guardas--civis dos Estados e Territórios, ativos e ina-tivos. (Redação dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966)

§ 1º A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da pri-são comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

§ 2º Não havendo estabelecimento especí-fico para o preso especial, este será reco-lhido em cela distinta do mesmo estabe-lecimento. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

§ 3º A cela especial poderá consistir em alo-jamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condi-cionamento térmico adequados à existên-cia humana. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

§ 4º O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

§ 5º Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)

Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabele-cimentos militares, de acordo com os respecti-vos regulamentos.

Art. 297. Para o cumprimento de mandado ex-pedido pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado ori-ginal.

Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vis-ta de mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias

para averiguar a autenticidade desta. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 300. As pessoas presas provisoriamente fi-carão separadas das que já estiverem definitiva-mente condenadas, nos termos da lei de execu-ção penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. O militar preso em flagran-te delito, após a lavratura dos procedimen-tos legais, será recolhido a quartel da insti-tuição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

CAPÍTULO IIDA PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autori-dades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I – está cometendo a infração penal;

II – acaba de cometê-la;

III – é perseguido, logo após, pela autorida-de, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV – é encontrado, logo depois, com instru-mentos, armas, objetos ou papéis que fa-çam presumir ser ele autor da infração.

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende--se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemu-nhas que o acompanharem e ao interrogatório

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do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas as-sinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autorida-de mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou pro-cesso, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que ha-jam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitu-ra na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

§ 4º Da lavratura do auto de prisão em fla-grante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cui-dados dos filhos, indicado pela pessoa pre-sa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 305. Na falta ou no impedimento do escri-vão, qualquer pessoa designada pela autorida-de lavrará o auto, depois de prestado o compro-misso legal.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imedia-tamente ao juiz competente, ao Ministério Pú-blico e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em

flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao pre-so, mediante recibo, a nota de culpa, assina-da pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 307. Quando o fato for praticado em pre-sença da autoridade, ou contra esta, no exercí-cio de suas funções, constarão do auto a narra-ção deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das teste-munhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido ime-diatamente ao juiz a quem couber tomar conhe-cimento do fato delituoso, se não o for a autori-dade que houver presidido o auto.

Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser pos-to em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em fla-grante, o juiz deverá fundamentadamente: (Re-dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – converter a prisão em flagrante em pre-ventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agen-te praticou o fato nas condições constan-tes dos incisos I a III do caput do art. 23 do

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Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, poderá, fundamenta-damente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de compare-cimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

CAPÍTULO IIIDA PRISÃO PREVENTIVA

(Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

Art. 311. Em qualquer fase da investigação po-licial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Mi-nistério Público, do querelante ou do assisten-te, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser de-cretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instru-ção criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. A prisão preventiva tam-bém poderá ser decretada em caso de des-cumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cau-telares (art. 282, § 4º). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Có-digo, será admitida a decretação da prisão preventiva:(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,

ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal; (Reda-ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adoles-cente, idoso, enfermo ou pessoa com defici-ência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quan-do esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser co-locado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese reco-mendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. (Reda-ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre mo-tivada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preven-tiva se, no correr do processo, verificar a fal-ta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

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CAPÍTULO IVDA PRISÃO DOMICILIAR

(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhi-mento do indiciado ou acusado em sua residên-cia, só podendo dela ausentar-se com autoriza-ção judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão pre-ventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de ida-de ou com deficiência;(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

VI – homem, caso seja o único responsá-vel pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabe-lecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

CAPÍTULO VDAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES

(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circuns-tâncias relacionadas ao fato, deva o indi-ciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – proibição de manter contato com pes-soa determinada quando, por circunstân-cias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Re-dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

V – recolhimento domiciliar no período no-turno e nos dias de folga quando o investi-gado ou acusado tenha residência e traba-lho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

VI – suspensão do exercício de função públi-ca ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações pe-nais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

VII – internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violên-cia ou grave ameaça, quando os peritos con-cluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de

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reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an-damento ou em caso de resistência injusti-ficada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IX – monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3º (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades en-carregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vin-te e quatro) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

CAPÍTULO VIDA LIBERDADE PROVISÓRIA,

COM OU SEM FIANÇA

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deve-rá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja supe-rior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Re-dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – nos crimes cometidos por grupos arma-dos, civis ou militares, contra a ordem cons-titucional e o Estado Democrático; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

V – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 324. Não será, igualmente, concedida fian-ça: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – em caso de prisão civil ou militar; (Reda-ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – quando presentes os motivos que au-torizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Art. 325. O valor da fiança será fixado pela au-toridade que a conceder nos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena pri-vativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena priva-tiva de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º Se assim recomendar a situação econô-mica do preso, a fiança poderá ser: (Reda-ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – reduzida até o máximo de 2/3 (dois ter-ços); ou (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a

importância provável das custas do processo, até final julgamento.

Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do in-quérito e da instrução criminal e para o julga-mento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.

Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residên-cia, sem prévia permissão da autoridade pro-cessante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.

Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um livro especial, com termos de abertura e de encerramento, numerado e rubri-cado em todas as suas folhas pela autoridade, destinado especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos au-tos.

Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o que constará dos autos.

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, ob-jetos ou metais preciosos, títulos da dívida pú-blica, federal, estadual ou municipal, ou em hi-poteca inscrita em primeiro lugar.

§ 1º A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita ime-diatamente por perito nomeado pela auto-ridade.

§ 2º Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será deter-minado pela sua cotação em Bolsa, e, sen-do nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.

Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à repartição arrecadadora federal ou

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estadual, ou entregue ao depositário público, juntando-se aos autos os respectivos conheci-mentos.

Parágrafo único. Nos lugares em que o de-pósito não se puder fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa abo-nada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao valor o destino que Ihe assina este artigo, o que tudo constará do termo de fiança.

Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a fiança a autorida-de que presidir ao respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver ex-pedido, ou a autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido requisitada a prisão.

Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente de audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente.

Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença condenató-ria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 335. Recusando ou retardando a autorida-de policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante sim-ples petição, perante o juiz competente, que de-cidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Este dispositivo terá apli-cação ainda no caso da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do Código Penal). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvi-do o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituí-

do sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 338. A fiança que se reconheça não ser ca-bível na espécie será cassada em qualquer fase do processo.

Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.

Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:

I – quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;

II – quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou cau-cionados, ou depreciação dos metais ou pe-dras preciosas;

III – quando for inovada a classificação do delito.

Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for reforça-da.

Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I – regularmente intimado para ato do pro-cesso, deixar de comparecer, sem motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II – deliberadamente praticar ato de obstru-ção ao andamento do processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III – descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV – resistir injustificadamente a ordem ju-dicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

V – praticar nova infração penal dolosa. (In-cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a fiança, esta sub-sistirá em todos os seus efeitos

Art. 343. O quebramento injustificado da fian-ça importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu va-lor, deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.

Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo órgão do Ministé-rio Público.

Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, obje-tos ou metais preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do pre-so, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cau-telares, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Se o beneficiado descum-prir, sem motivo justo, qualquer das obri-gações ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4º do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Comentários:

1. AÇÃO PENAL

• Conceito: “É um direito público subjetivo, abstrato e autônomo de pedir a aplicação do direito penal positivo ao caso concreto”.

• Condições da Ação:

São os requisitos necessários para o julgamento do mérito do pedido.

Condições genéricas da Ação

1. Possibilidade Jurídica do Pedido – Diz respeito a tipicidade do fato. O pedido deve encontrar proteção no direito positivo, deve haver previsão legal.

Ex: Adultério, que não é crime.

2. Legítimo Direito de Agir - Ninguém poderá provocar a atuação do ESTADO, se não tiver interesse legítimo na punição.

Ex: Inquérito em delito prescrito.

3.) Legitimidade para agir – “ad causam”- Refere-se à titularidade da ação, ou seja, quem pode propor a cão penal.

Ex: Promotor de Justiça não pode propor Denúncia em crimes de ação penal privada.

Condições Específicas da Ação

São as chamadas condições de procedibilidade.

Ex: Representação, etc...

Princípios que regem a Ação Penal

1. Princípios da Ação Penal Pública incondicionada

a) Legalidade ou Obrigatoriedade

Presentes os elementos que autorizam a propositura da Ação penal, o M.P., é obrigado a oferecer a peça acusatória, não podendo desistir, transigir, ou fazer acordo, para encerramento da mesma.

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OBS: Em se tratando de infração penal de menor potencial ofensivo, previsto na Lei 9.099/95, artigo 76, que trata da transação penal, hipótese de medida despenalizadora, onde o Ministério Público poderá, ao invés de oferecer denúncia, propor transação penal.

b) Indisponibilidade

Desde o momento em que a ação penal é proposta, o MP, não poderá desistir, transigir ou fazer acordo, para encerramento da mesma, não podendo assim, desistir do prosseguimento do processo.

OBS: A Lei 9099/95, em seu artigo 89, prevê a possibilidade de suspensão condicional do processo (SURSIS PROCESSUAL), nos crimes cuja pena mínima cominada seja igual ou inferior a 02 (dois) anos, o MP pode oferece a ação penal e propor a suspensão cond. do processo.

“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).”

Essa possibilidade traria então, uma mitigação ao princípio da indisponibilidade.

c) Oficialidade

Significa que a ação penal pública é de iniciativa do MP e se desenvolve por impulso oficial.

d) Instranscendência

A ação penal só pode ser proposta contra ao autor do fato.

Princípios da Ação Penal Privada.

a) Oportunidade/convenciência

Cabe ao ofendido ou seu representante legal a faculdade de exercer ou não o direito de ação, podendo decidir se oferece a ação penal ou não contra o autor do fato criminoso.

b) Disponibilidade

Mesmo que proposta a ação penal, o querelante poderá desistir, renunciar ou conceder o perdão ao querelado.

c) Indivisibilidade

A queixa-crime deverá ser proposta contra todos os que participaram da infração penal, não podendo haver exclusão de ninguém.

* Cabe ao Ministério Público zelar pela indivisibilidade da ação penal de iniciativa privada.

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ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

Adotando o critério subjetivo, ou seja, levando em consideração o sujeito ou titular do direito de ação;

1. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA, promovida pelo MP, através da denúncia, bastando para seu oferecimento, indícios de autoria e comprovada materialidade.

A ação penal de iniciativa pública pode ser

a) Incondicionada, também chamadas de principal, quando o MP, deverá proceder independentemente de provocação da parte.

b) Condicionada, também chamadas de secundária, que dependem de representação do ofendido ou de seu representante legal, ou ainda, de requisição Ministerial, quando se tratar de crime contra a honra de chefe de governo estrangeiro ou de crime de calúnia ou difamação contra o Presidente de República.

2. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA, promovida por iniciativa do ofendido ou de seu representante legal através que Queixa-crime (Querela).

Pode ser:

a) Exclusivamente Privada- Principal ou simples, quando somente o ofendido ou seu representante legal podem exercê-la (C.P. art. 138 – Calúnia, art, 139 – difamação e art. 140 – Injúria).

b) Personalíssima- quando somente o ofendido pode promover a ação penal, não o podendo fazer seu representante legal. No caso de sua morte ocorrerá a extinção da punibilidade.

Ex:induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento de casamento (art. 236 CP).

Com a morte do ofendido, como ninguém poderá promover ou prosseguir com a ação penal, gerando, dessa forma, a extinção da punibilidade.

c) Subsidiária da pública- ação penal privada a ser intentada pelo ofendido ou seu representante legal, quando houver inércia do MP, na propositura da ação pública ( Art. 100 § 3.º CPP). ou seja, em se tratando de ação penal pública, quando o Ministério Público apresentar-se inerte, deixando transcorrer o prazo legal que possui para oferecer a denúncia (art.46 CPP) o ofendido poderá promover ação penal privada , substituindo a ação penal pública que deveria ter sido promovida pelo MP e não foi.

2. Da prova:

Conceito de prova: a prova pode ser entendida como todo elemento de convicção trazido ao processo pelas partes ou pelo juiz com o intuito de demonstrar a verdade de uma afirmação, a existência de algo ou a realidade de um fato. Tem por finalidade formar a convicção do julgador.

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Ônus da prova: é o encargo que recai sobre as partes, a fim que demonstrem a ocorrência de determinados fatos. Esse ônus cabe, em regra, a quem alegar o fato, mas o juiz pode determinar, de ofício, a produção de provas (art. 156, CPP).

Sistemas de avaliação da prova:

1. Íntima convicção (certeza moral do julgador): o juiz julga de acordo com as provas, mas não precisa fundamentar suas decisões. Vigora, excepcionalmente, para os jurados, nos casos de competência do Tribunal do Júri.

2. Prova legal (certeza moral do legislador): o legislador que determina o valor de cada prova (prova tarifada). Nesse sistema é que tem validade o jargão jurídico de que a confissão é a rainha das provas. Não tem aplicação em nosso ordenamento jurídico.

3. Persuasão racional do juiz (livre convencimento motivado): o magistrado julga de acordo com a sua convicção diante das provas coligidas, mas deve fundamentar suas decisões. É o sistema aplicado em regra no direito pátrio.

Princípios relacionados à prova:

1. Princípio da comunhão (ou aquisição) da prova: a prova uma vez produzida pode ser usada por ambas as partes, uma vez que elas pertencem ao processo e não às partes;

2. Princípio do contraditório: a parte deve ser cientificada de toda prova produzida em juízo e ter a possibilidade de contrariá-la.

3. Princípio da liberdade da prova: inspirado no princípio da verdade real, postula que em processo penal são admitidos, em regra, todos os meios de prova. O rol de provas elencado no CPP é meramente exemplificativo. As limitações a esse princípio podem ser constitucionais ou legais (provas ilícitas e ilegítimas).

4. Princípio da não auto-incriminação (nemo tenetur se detegere ou ninguém é obrigado a se descobrir): o direito ao silêncio tem em mira não um suposto direito à mentira, mas a proteção contra as hostilidades e as intimidações historicamente desfechadas contra os réus pelo Estado. Este princípio atua ainda na tutela da integridade física do réu, na medida em que autoriza expressamente a não participação dele na formação da culpa.

5. Princípio da persuasão racional do juiz ou do livre convencimento motivado: o julgador deve apreciar as provas dos autos para formar seu convencimento, fundamentando como avaliou o conjunto probatório, exceto no Tribunal do Júri, onde vigora o princípio da intima convicção, conforme outrora referido.

6. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: Este princípio está previsto no art. 5º, LVI da CF/88 e também foi positivado no art. 157 do CPP com advento da Lei n.º 11.690/2008.

A vedação das provas ilícitas atua no controle da regularidade da atividade estatal persecutória, inibindo e desestimulando de práticas probatórias ilegais por parte de quem

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é o grande responsável pela sua produção. Pode-se dizer que este princípio possui uma afirmação de propósitos éticos e também de caráter pedagógico.

7. Princípio da identidade física do juiz: esse princípio foi introduzido no Direito Processual Penal pátrio pela Lei n.º 11.719/2008, no art. 399, § 2º que dispõe: “o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”.

Essa foi uma medida das mais relevantes para o Processo Penal, já que a coleta pessoal da prova, ou seja, o contato imediato com os depoimentos, seja das testemunhas, seja do ofendido e do acusado é de grande significado para a formação do convencimento judicial.

2.1. Do Exame de Corpo de Delito e das Perícias em Geral

Perícia consiste no exame realizado em pessoa ou coisa para comprovação de fatos, por quem tem conhecimento técnico, científico ou artístico adequado (perito).

O perito pode ser oficial ou não oficial (não oficial ou louvado). O oficial é o investido na função por lei. Importante lembrar que não há mais a necessidade de dois peritos oficiais (novidade trazida pela Lei n.º 11.690/2008).

O não oficial é o nomeado pela autoridade administrativa (se ainda na fase inquisitiva; normalmente por autoridade policial) ou pelo juiz (se já na fase judicial), sem interferência das partes (art. 276 CPP), e tem obrigação de aceitar o encargo (salvo escusa atendível – 277). O inoficial deve prestar compromisso (159 § 2°), ser idôneo, diplomado em curso superior preferencialmente na área específica dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame a ser feito (159 §1°). Ainda, deve-se dar preferência àquele da localidade onde será realizada a perícia. Aos peritos se aplicam os impedimentos e suspeições incidentes sobre os magistrados (art. 280). Intérpretes são equiparados aos peritos.

“Art. 159 CPP - O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.

§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.

§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam

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encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

Entendem alguns que a falta de compromisso do inoficial é causa de nulidade relativa (art. 564, IV, e 572, CPP) para outros seria mera irregularidade. A perícia será determinada pela autoridade policial ou judicial, conforme o caso (inquérito ou ação penal), mas o exame de insanidade mental só poderá sê-lo por juiz (art. 149, § 1°).

O laudo pericial será entregue em dez dias, devendo-se descrever minuciosamente o objeto analisado e as suas conclusões necessitam de fundamentação.

Na fase judicial, as partes podem requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar. Ainda, se houver requerimento, as partes poderão ter acesso ao material que serviu de base à perícia, se possível a conservação (art. 159 § 6°). Se negada perícia requerida, não há recurso previsto: caso autoridade policial negue, pode-se requerer ao MP ou ao Juiz que a requisitem; caso juiz negue, pode-se utilizar MS ou questionar indeferimento como preliminar de recurso futuramente cabível (apelação ou RESE).

Do Exame de Corpo de Delito

É considerado uma das várias espécies de perícia.

O Que é corpo de delito? Corpo de delito é o conjunto de elementos sensíveis deixados pelo crime, isto é, todas aquelas alterações perceptíveis no mundo fenomênico e derivadas da ocorrência do delito que, de alguma forma, comprovam a existência do fato. O exame de corpo de delito é a análise feita pelo perito nestes elementos e o laudo de exame de corpo de delito é a peça técnica em que ele descreve os vestígios e suas conclusões técnicas. O exame é necessário, portanto, para que se comprove a materialidade delitiva.

Espécies:

1. Direto – é realizado pelo perito diretamente sobre o objeto material do crime;

2. Indireto – realizado pelo perito ou pelo magistrado indiretamente sobre o corpo de delito, não observando diretamente os elementos materiais. Normalmente realizado por intermédio de testemunhas ou documentos.

A confissão não supre a ausência do exame de corpo de delito. O exame necroscópico (art. 162) é realizado sobre o cadáver, com o fito de descobrir a causa da morte. Nos crimes de

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falsificação de documento, realiza-se o exame documentoscópico para se constatar eventual falsidade material, e o grafotécnico para se apurar o responsável pela falsidade. Nos delitos de lesão corporal grave com incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, é necessário o exame complementar após o trigésimo dia, podendo sua falta ser suprida pela prova testemunhal.

A lei de tóxicos exige somente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga (firmado por perito oficial ou pessoa idônea na falta daquele) para lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, podendo o laudo definitivo de exame químico-toxicológico, ser anexado aos autos posteriormente.

2.2. Interrogatório do acusado, confissão, perguntas ao ofendido.

Do interrogatório do acusado

É o ato no qual o juiz ouve o acusado acerca da imputação que lhe é feita. Em regra é o primeiro contato do réu com o processo penal (exceção: na lei de tóxicos o réu primeiro é notificado para apresentar defesa prévia – art. 55, Lei no 11.343/06)

Natureza Jurídica: Antes da Lei no 10.792/03: 2 correntes: 1ª) ato de defesa, pois desprovido de contraditório. Jamais poderia fundamentar uma condenação (Ada); 2ª) Majoritária: ato de natureza mista, um meio de defesa e um meio de prova, com contraditório diferido.

Após a Lei no 10.792/03: Em virtude da previsão de intervenção das partes no interrogatório, firmou-se que este possui natureza jurídica mista, de ato de defesa e meio de prova. Para Ada

Características do interrogatório:

1. Ato personalíssimo: somente o réu pode ser interrogado. Não admite representação, substituição ou sucessão. O interrogatório de pessoa jurídica responsável por crimes ambientais é feito na pessoa de seu representante.

2. Ato submetido ao contraditório: o interrogatório passou a sofrer contraditório, pois sujeito a repergunta das partes.

3. Ato dependente de assistência técnica da defesa: antes da Lei no 10.792/03, o STF entendia que a ausência da partes e do defensor não provocava nulidade. Hoje é obrigatória.

4. Publicidade: trata-se de ato público, com vistas à garantia do próprio acusado. Em regra, o interrogatório do réu preso deve ser feito na penitenciária (art. 185, par. 1º, CPP). Esse dispositivo legal é totalmente divorciado de nossa realidade. Isso porque, a se levar em conta literalmente essa norma, a audiência de instrução e julgamento deixaria de ser um ato contínuo, para ser sempre dividida em duas fases, a primeira para se ouvir as testemunhas, os peritos, etc., e a segunda apenas e tão somente para a realização do interrogatório do acusado. Ou então, toda a instrução deveria se realizar na penitenciária!!! Por fim, há

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casos que não recomendam a publicidade do interrogatório (792, par. 1º, CPP): escândalo, inconveniente grave e perturbação da ordem.

5. Oralidade: é, em regra, ato oral. Isto porque a palavra, o tom da voz e o modo de se expressar do réu também influenciam no convencimento do juiz. Poderá ser realizado por escrito: 1) em caso de mudo; 2) em caso de prerrogativa de algumas autoridades.

6. Individualidade: nenhum acusado pode ser ouvido na presença do outro (art. 191, CPP), evitando-se que um influencie a versão do outro, ou mesmo que um constranja o outro. Se houver mais de um réu, todos serão ouvidos separadamente. Para Pacelli, assegura-se o direito de participação da defesa técnica – do advogado – de co-réu durante o interrogatório de todos os acusados.

7. Judicialidade: até o advento da Lei no 10.792/03 era ato privativo do juiz, não se admitindo interferência das partes. Mas a partir da referida lei, deixou de ser ato privativo do juiz, havendo agora intervenção das partes (entrevista reservada do acusado com o seu defensor e re-perguntas das partes).

OBS: INTERROGATÓRIO POR VÍDEOCONFERÊNCIA:

Com o advento da Lei n.º 11.900/2009, agora há a expressa disposição autorizando o interrogatório por vídeo-conferência, confira-se:

“Art. 1º Os arts. 185 e 222 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passam a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 185. ....................................................................

§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:

I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;

II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;

III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;

IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.

§ 3º Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.

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§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.

§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.

§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.

§ 9º Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.” (NR)

“Art. 222. .................................................................

§ 1º (VETADO)

§ 2º (VETADO)

§ 3º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.” (NR)

Art. 2º O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 222-A:

“Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio.

Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.”

2.3. Confissão

É o ato de reconhecimento realizado em juízo por uma das partes, a respeito da veracidade dos fatos que lhe são atribuídos e capazes de ocasionar-lhe consequências jurídicas desfavoráveis.

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É a aceitação, pelo autor, da prática criminosa que lhe é imputada. A confissão é também chamada de TESTEMUNHO DUPLAMENTE QUALIFICADO, pois do ponto de vista objetivo recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa e, do ponto de vista subjetivo, provém

Classificação:

1. Confissão judicial: é a que ocorre em juízo, sob o crivo do contraditório, no curso do processo.

2. Confissão extrajudicial: ocorre fora de juízo, sem contraditório, normalmente no inquérito policial ou outra sede administrativa.

3. Confissão explícita: quando há admissão expressa dos fatos.

4. Confissão implícita: se dá com a prática de atos que façam presumir ser o autor da infração. Ex.: reparação dos danos.

5. Confissão simples: é a admissão, pura e simples, dos fatos narrados na inicial acusatória. Não agrega à confissão nenhuma tese em seu benefício

6. Confissão qualificada: ocorre quando o acusado admite a acusação que lhe é feita, mas invoca em seu favor tese em seu benefício (ex: causa que exclua o crime ou o isente de pena).

7. Confissão ficta ou presumida (quando o réu não contesta os fatos da petição inicial): não existe, pois no processo penal prevalece o princípio da verdade real e o ônus de provas é de quem alega.

8. Confissão delatória, chamada de corréu ou chamamento de cúmplice: ocorre nas hipóteses de concurso de agentes, quando um corréu, além de assumir o fato, atribui a outro(s) esses mesmos fatos. Para que essa prova seja válida, é necessário que seja feita sob o crivo do contraditório, pois, nesse caso, estaremos diante de verdadeira prova testemunhal. Se o réu, autor do crime em coautoria confessar ter praticado o crime sozinho, pratica o crime de autoacusação falsa? Não. O delito do art. 341 do CP jamais pode ser praticado por autor, coautor ou partícipe de um crime.

Art. 65, III, d, CP: é atenuante da pena a confissão espontânea (confissão judicial, explícita ou implícita e simples). A confissão extrajudicial e a qualificada podem GERAR A atenuante inominada do art. 66 do CP.

Características:

1. Ato personalíssimo – só o réu pode confessar. Não se admite por mandatário ou defensor;

2. Ato livre e espontâneo - A confissão obtida mediante constrangimento físico ou mental configura o crime de TORTURA (art. 1º, I, a Lei 9455/97) - prova ilícita;

3. Retratável – porém, como o juiz tem o livre convencimento motivado, dará o valor que reputar correto a cada uma delas.

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4. Divisível – o acusado pode confessar um fato e negar outro, bem como o juiz, dentro de seu livre convencimento, pode valer-se apenas de parte da confissão.

VALOR DA CONFISSÃO: já foi considerada a rainha das provas. Hoje possui valor relativo, como todas as demais provas (art. 197, CPP). A confissão obtida em interrogatório na fase pré-processual destina-se ao convencimento do MP e não do juiz, por isso tal prova deve ser repetida na fase instrutória da ação penal. Mesmo a confissão obtida perante o juiz, sob o crivo do contraditório, deverá ser contextualizada junto aos demais elementos de prova, quando houver, diante do risco, sempre presente, sobretudo nos crimes societários, de auto-acusação falsa, para proteger o verdadeiro autor.

2.4. Qualificação e oitiva do ofendido

O ofendido, pessoa titular do interesse jurídico violado pela conduta criminosa, sempre que possível, será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, bem assim sobre quem seja ou presuma ser o autor e as provas que possa indicar (art. 201, CPP).

2.5. Prova testemunhal

Prova testemunhal

Testemunha é todo indivíduo estranho ao feito (não é vítima nem o acusado) e equidistante das partes, chamado ao processo para falar sobre fatos perceptíveis a seus sentidos e relativos ao objeto do litígio.

Características:

1. Judicialidade – tecnicamente, somente se considera prova testemunhal aquela produzida em juízo. Havendo divergência entre a inquirição na fase policial e na fase judicial, esta última prevalece;

2. Oralidade – deve ser colhida verbalmente (artigo 204 CPP) em contato direto com o juiz e as partes. Não se veda, entretanto, breve consulta a apontamentos. Exceções: do mudo, do surdo e do surdo-mudo (artigo 192 do CPP); possibilidade de certas autoridades prestarem depoimento por escrito (artigo 221, §1º, do CPP: “§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Lhes serão transmitidas por ofício”). Nos termos do artigo 223 do CPP, quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.

3. Objetividade – o depoimento deve versar sobre os fatos, sem juízo valorativo, salvo quando a reprodução forçosamente exigir carga axiológica. A testemunha não dá parecer ou opinião, somente expõe sua percepção sensorial (“Art. 213. O juiz não permitirá que a

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testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato “);

4. Retrospectividade – o objeto do testemunho são fatos passados;

5. Imediação – a testemunha deve narrar aquilo que captou imediatamente por meio dos sentidos;

6. Individualidade – cada testemunha presta seu depoimento isolada da outra. No entanto, entende-se que a incomunicabilidade é mera irregularidade e não se exige uma única audiência para oitiva de todas as testemunhas no mesmo dia. A previsão de incomunicabilidade está no artigo 210 do CPP. A Lei 11.690/08 (em vigor 60 dias após sua publicação em 10/06/2008) inseriu um parágrafo único a referido artigo, para estabelecer: “Art.210 (...) Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas ““.

2.6. Reconhecimentos de pessoas e coisas.

Reconhecimento de pessoa ou coisa

É o meio de prova que se faz necessário quando o ofendido ou uma testemunha não conhece o objeto do crime, todavia se recorda de seus traços individualizadores, sendo capaz de reconhecê-lo se o vir. Preliminarmente, a pessoa que vai fazer o reconhecimento deve descrever aquilo que será reconhecido, evitando-se os inexoráveis erros da precipitação. Depois, o objeto do reconhecimento é colocado ao lado de outros parecidos para que a pessoa aponte o objeto de sua descrição. A jurisprudência se inclina no sentido de que sempre que possível o indivíduo seja colocado ao lado de outros com traços semelhantes, entretanto quando isso não for possível, não haverá nulidade do feito ou da prova.

Nos termos do artigo 228 do CPP, “Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas”.

2.7. Acareação

Acareação

Ato probatório pelo qual se confrontam pessoas que prestaram depoimentos divergentes sobre fatos relevantes em suas declarações. É um depoimento conjunto, que pode ser realizado entre pessoas ausentes e presentes, por meio do isolamento dos pontos divergentes com explicações sobre eles, via precatória (art. 230 do CPP).

Nos termos do artigo 229 do CPP, a acareação pode se dar entre:

• acusados;

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• acusado e testemunha;

• testemunhas;

• acusado ou testemunha e a pessoa ofendida;

• pessoas ofendidas.

2.8. Documentos

DOS DOCUMENTOS

Artigos referentes ao Código de Processo Penal

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.

Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.

Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo.

Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.

Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.

Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade.

Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.

Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da autoridade.

Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.

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2.9. Indícios

Art. 239 CPP. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

2.10. Busca e apreensão

Busca e apreensão:

• Conceito e Natureza Jurídica

A busca e apreensão, apesar de inserida no CPP entre os meios de prova, não é propriamente um meio de prova, mas sim um meio de obtenção da prova. É medida de natureza cautelar, visa ao acautelamento de material probatório (coisas, animais, e até pessoas que não estejam ao espontâneo alcance da Justiça). Submete-se a contraditório diferido.

É medida excepcional por implicar quebra de inviolabilidade da privacidade do acusado ou de terceiros, quer do domicílio, quer pessoal. Só é admitida diante de FUNDADAS RAZÕES.

• Requisitos

A Busca, para ser validamente autorizada, depende do concurso dos requisitos:

• Fumus Boni Iuris

• Periculum in Mora

A Decisão que autorizar a Busca Domiciliar, deve ser fundamentada com a indicação destes requisitos e só pode ser executada se:

1. Houver ordem judicial escrita e fundamentada

2. Houver a Indicação precisa do local, motivos e finalidade da diligência (art 245 CPP)

3. Se o cumprimento da diligência se der durante o dia, salvo consentimento do morador para ocorrer à noite

4. o uso da força só se admite diante da recusa ou ausência do morador ou qualquer pessoa no local

• Espécies

A Busca que visa à Apreensão pode ser domiciliar ou pessoal. (art. 240 do CPP):

Domiciliar - só pode ser feita, quando de modo forçado, por ordem judicial, ressalvados os casos expressos na CF/88 (art. 5º XI):

• se houver Consentimento do morador

• em caso de Flagrante Delito

• em caso de Desastre ou

• para a prestação de socorro

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Nesses casos, a Busca poderá ser feita independentemente de Autorização Judicial, a qualquer hora do dia ou da noite.

A Busca Domiciliar feita em desacordo com o disposto no art. 5° XI da CRFB constitui Prova Ilícita, porque obtida com violação de Direito Fundamental do individuo.

Pessoal – art 244 CPP não depende de ordem judicial (como ensina Eugênio Pacelli de Oliveira) – admite-se se houver fundadas suspeitas de que a pessoa esteja na posse de armas, papeis ou objetos que constituem o corpo de delito.

OBS 1: A Busca Pessoal em mulher, deve ser feita por outra mulher, salvo se isso importar em prejuízo ou retardamento da diligência (art. 249 do CPP).

OBS 2: Eventuais abusos do executor da diligência, que importem em vexame , constrangimento injustificado a pessoa, caracteriza crime do art. 4º, “b” da lei n° 4898/65 – Crime de Abuso de Autoridade.

• Observações quanto à busca domiciliar:

Em que casos, ou pra que fins a Busca Domiciliar deve ser feita? A Busca pode ser feita para um dos fins do art. 240 § 1º do CPP.

Art. 240 § 1º do CPP: Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: (enumera algumas hipóteses, ver artigo). Em que pese entender-se que o rol é taxativo, há cláusula aberta na alínea h que autoriza a busca e apreensão fora das hipóteses ali enumeradas. Parte da doutrina entende, no entanto, que a alínea h não foi recepcionada pela CF/88.

3. Da Restrição de Liberdade - Prisões Cautelares

3.1. PRISÃO

Conceito

Prisão consiste na privação da liberdade de locomoção, mediante clausura, decretada por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, ou decorrente de flagrante delito, conforme se depreende do artigo 5.º, inciso LXI, da Constituição Federal, salvo nas hipóteses de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.

Em decorrência do princípio da presunção de não-culpabilidade, deve ser excepcional.

Espécies de prisões

Ela pode ser de dois tipos:

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1. Prisão com pena ou prisão sanção

É a que decorre de uma sentença penal condenatória que já adquiriu a estabilidade da coisa julgada material, ou seja, é a decretada pelo juiz para fins penais. A prisão penal pode ser ainda definitiva ou provisória (cautelar).

2. Prisão cautelar

Cautelar de natureza processual, acontece antes do trânsito em julgado. São espécies:

• Prisão em flagrante;

• Prisão preventiva;

• Prisão temporária;

• Prisão em decorrência da sentença de pronúncia;

• Prisão em decorrência de sentença recorrível;

2.1-Prisão em Flagrante

Hipóteses de flagrante

Existem muitas, mas o CPP prevê as seguintes hipóteses:

Art. 302 CPP. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

• FLAGRANTE PRÓPRIO OU PROPRIAMENTE DITO

Artigo 302, incisos I e II, relação de imediatidade entre o fato e a prisão; ocorre quando está sendo cometida a infração (inciso I) ou quando acaba de cometê-la (inciso II). O inciso I guarda uma relação com o artigo 303, que estabelece que no crime permanente, enquanto durar a permanência persiste a situação de flagrância (seqüestro e cárcere privado, p. ex.). O traficante pode ser preso em local distinto do que guarda a droga? Sim, porque enquanto mantiver a droga em depósito, o traficante está praticando a conduta de tráfico, guardar; a única dificuldade é demonstrar o nexo entre o traficante e a droga. O inciso II trata da hipótese em que o autor acaba de cometer a infração, como critério para definir o que é acabar, deve-se perquirir da existência de uma relação de imediatidade, período no qual não pode ter ocorrido qualquer acontecimento relevante, p. ex., se o autor saiu do local do crime, já não seria flagrante no sentido próprio.

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Não há qualquer menção na lei sobre o prazo de 24 horas ser identificador como término do flagrante. O que interessa para o flagrante é a caracterização das situações previstas na lei. Questão relevante é saber o momento da efetiva consumação do crime para determinar a situação de flagrante. Exemplo: crime de corrupção passiva (artigo 317, CP) é solicitar ou receber o funcionário público, consuma-se com a simples solicitação, assim, se o funcionário solicita e combina o recebimento uma semana depois, no momento do recebimento não há flagrante, há exaurimento.

Crimes permanentes (ação se prolonga no tempo) – nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência (artigo 303). Crimes habituais – exigem a habitualidade, o flagrante é cabível desde que fique provada a reiteração de atos.

• FLAGRANTE IMPRÓPRIO OU QUASE FLAGRANTE

Artigo 302, inciso III, PERSEGUIDO e LOGO APÓS refere-se à perseguição e não à prática do crime. Há discussão na doutrina acerca do limite da expressão “logo após”. Majoritariamente, enquanto dura a perseguição é cabível o flagrante impróprio.

• FLAGRANTE PRESUMIDO OU FICTO

Artigo 302, IV, ENCONTRADO e LOGO DEPOIS refere-se ao crime). Logo depois do crime: Mirabete afirma que pouco importa a forma como foi encontrado, pode ter sido ao acaso.

• FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR

A palavra chave é a indução.

A súmula 145, STF trata da matéria (não há crime quando a preparação do fragrante pela polícia torna impossível a sua consumação), seu fundamento reside no artigo 17, do CP, que trata do crime impossível (não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime), que se aplica ao flagrante preparado, acrescentando a existência do agente provocador, que é responsável por um conjunto de circunstâncias para induzir o agente à prática do ato e ao mesmo tempo adota medidas para que o crime não se consuma. Sendo assim, esse flagrante é inválido, é uma farsa que jamais chegará à consumação, porque o bem jurídico está protegido.

Súmula 145 STF - Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

• FLAGRANTE DIFERIDO (OU CONTROLADO OU PRORROGADO OU RETARDADO

Está previsto no art. 8º da Lei 12.830, em relação aos delitos praticados por organizações criminosas. A lei admite que a polícia retarde sua intervenção para continuar acompanhando a atividade da organização criminosa e efetuar a prisão em momento mais oportuno do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. Situação semelhante está prevista no art. 53, II da Lei 11.343/06, relativa à não atuação policial para as hipóteses de investigação de crimes de tráfico de drogas. Todavia, nesse caso, a lei exige prévia autorização judicial e manifestação do Ministério Público para a não-atuação judicial.

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• FLAGRANTE FORJADO

O agente não cometeu crime, mas foi falsamente incriminado por terceiro. Exemplo: policial introduz droga no veículo do agente e depois o prende em flagrante pelo transporte da droga. A prova é ilegítima, devendo o policial responder por crime de abuso de autoridade e denunciação caluniosa.

2.2 -Prisão preventiva

É uma modalidade de prisão importante, que gera reflexos em outros temas importantes no Direito Processual Penal, dentre eles, a liberdade provisória, prisão por pronúncia, prisão para apelar. Tem como requisitos:

• FUMUS BONI IURIS

FUMUS BONI IURIS (artigo 312, in fine, CPP) consiste em indícios de autoria (não basta a possibilidade, exige uma probabilidade da autoria) e prova da materialidade.

Artigo 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver PROVA DA EXISTÊNCIA DO CRIME e INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA.

• PERICULUM IN MORA (PERICULUM LIBERTATIS)

PERICULUM IN MORA: a custódia deve ser necessária constam no artigo 312, primeira parte, CPP. A necessidade da prisão cautelar está substanciada nos seguintes elementos isoladamente:

• GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA

• GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA

• POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL

• PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL

2.3- Prisão temporária

Previsão legal: Lei nº 7.960/89

Noções gerais:

• natureza jurídica

Também é uma prisão de natureza cautelar. E é constitucional de acordo com o entendimento do STF.

Sendo assim depende para sua decretação do preenchimento dos requisitos do FUMUS BONI IURIS, do PERICULUM IN MORA e da adequação às hipóteses específicas previstas na lei (hipóteses legais de incidência ou condições de admissibilidade).

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Requisitos

Estão previstos na lei nº 7.960/89

Artigo 1º. Caberá prisão temporária:

I – quando imprescindível para as investigações do IP;

II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes (rol TAXATIVO dos crimes).

• FUMUS BONI IURIS – está previsto no inciso III, do artigo 1o. acima transcrito, remetendo-se à análise da prisão preventiva.

• PERICULUM IN MORA – está previsto nos incisos I e II, que demonstram a necessidade da decretação da prisão.

HIPÓTESES LEGAIS – estão previstas no inciso III, que elenca o rol dos crimes.

SÍNTESE DOS REQUISITOS – Não se pode decretar a temporária somente porque o inciso I foi preenchido, pois isso implicaria viabilizar a prisão para qualquer delito, inclusive os de menor potencial ofensivo, desde que fosse imprescindível para a investigação policial, o que soa despropositado. Não parece lógico, ainda, decretar a temporária unicamente porque o agente não tem residência fixa ou não é corretamente identificado, em qualquer delito. Logo, o mais acertado, e pacificamente aceito pela doutrina e pela jurisprudência, é combinar estas duas situações (incisos I e II), com os crimes enumerados no inciso III.

Decretação

Somente pode ser decretada durante a investigação policial, não podendo ser decretada depois de instaurada a ação penal.

Ela tem o objetivo de facilitar uma eficaz investigação, sendo que a preventiva visa a proteger a ordem pública, a ordem econômica, a instrução criminal e a aplicação da lei penal. Essa distinção entre os tipos de prisão é importante.

Decisão

DECISÃO deve ser fundamentada e expedida no prazo de 24horas.

O juiz deve demonstrar a necessidade da prisão.

Prazo de duração

Regra é o prazo de 05 dias, prorrogável por mais 05 dias, em caso de comprovada e extrema necessidade.

Exceção: crimes hediondos e equiparados têm o prazo de 30 dias prorrogável por mais 30 dias, também em caso de comprovada e extrema necessidade.

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2.4– Prisão domiciliar

Agora a prisão domiciliar passou a ser também uma medida cautelar.

DA PRISÃO DOMICILIAR

(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 317 CPP. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 318 CPP. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Então nós temos: Prisão domiciliar como pena, e prisão domiciliar como cautelar processual (que é cabível quando o preso se encontrar nas situações no art. 318, CPP)

Diz o art. 318 que caberá prisão domiciliar cautelar para o agente que:

I – for maior de 80 (oitenta) anos;

II – for extremamente debilitado por motivo de doença grave;

III – tem sob seus cuidados especiais uma criança menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;

IV – for gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou que esteja em gravidez de alto risco.

OBS: PRISÃO PARA RECORRER e PRISÃO DECORRENTE DE PRONÚNCIA

As prisões cautelares prestam-se a tutelar interesses ligados à jurisdição penal, acautelando, sobretudo, o regular andamento do processo.Como toda medida cautelar, podem ter como consequência a própria antecipação do resultado final pretendido, daí porque somente serem concedidas quando se mostrarem concretamente indispensáveis.

Por não guardar qualquer compromisso com a cautelaridade e ser verdadeira execução provisória, o art. 594 do CPP, que previa a prisão para recorrer, foi revogado pela Lei 11.719/08.

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É necessária, assim, a releitura da Súmula 9 pelo STJ, para que não se aceite a possibilidade de recolhimento ao cárcere como condição de admissibilidade do recurso. No mesmo sentido, foi o art. 408, §1º do CPP (que previa a prisão decorrente de pronúncia ) revogado pela Lei 11.689/2008.

Na nova ordem, quando da sentença condenatória( art. 387, p. único e art. 492 CPP)e decisão de pronúncia(art. 413 § 3º, CPP), o juiz poderá ou manter a custódia já decretada, ou determinar a prisão preventiva, observando, em qualquer caso, a necessidade de fundamentação cautelar da medida(art. 312 CPP). A ausência dessa fundamentação concreta é causa de vício sanável mediante HC, pois o princípio constitucional da presunção de inocência não compactua com prisões processuais obrigatórias.

4. Da Liberdade Provisória

Conceito: É a liberdade concedida ao indiciado ou réu que tenha sido preso em flagrante, em decorrência de pronúncia ou, ainda, de decisão condenatória recorrível.

O instituto não tem relação com a liberação do indivíduo preso preventiva ou temporariamente. Nesses casos, não estando mais presentes os requisitos da segregação cautelar, tem-se a revogação da custódia, e não a concessão de liberdade provisória.

4.1. Liberdade provisória em caso de prisão em flagrante

Sendo o indivíduo preso em flagrante, pode-lhe ser concedida liberdade provisória com ou sem fiança.

4.1.1. Liberdade provisória sem fiança

A liberdade provisória sem fiança pode ser concedida com vinculação (condição de o réu ou indiciado comparecer a todos os atos do processo, sob pena de revogação) ou sem vinculação (sem qualquer exigência ao réu ou indiciado). É sempre concedida pelo juiz (a autoridade policial não é competente), após a oitiva no Ministério Público. Vale mencionar o cabimento desta espécie de liberdade provisória ainda que se trate de crimes inafiançáveis.

A liberdade provisória será concedida independentemente de fiança e com vinculação nos seguintes casos:

• quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a existência de causa de exclusão de antijuridicidade (a doutrina diz: também de culpabilidade).

• Quando não estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva (art. 312)

E sem vinculação nos seguintes:

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• contravenções a que seja cominada pena de multa, apenas;

• delitos cuja pena máxima cominada não exceda a três meses.

Exceto se o indivíduo for reincidente em crime doloso ou vadio (a doutrina alerta para o absurdo das exceções).

OBS: Cabe ressaltar que a Lei 9099/95 veda a lavratura do auto de flagrante e a prisão nos crimes de menor potencial ofensivo, desde que o indivíduo se comprometa a comparecer ao juizado. Também há disposição do CTB, dizendo que ao condutor do veículo, nos casos de acidente de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

4.1.2. Liberdade provisória com fiança

A fiança é a garantia real prestada pelo preso e que ficará sujeita ao pagamento das custas, da indenização do dano e da multa, se o réu for condenado.

A liberdade provisória com fiança perdeu a importância nos casos de prisão em flagrante a partir da introdução do parágrafo único ao artigo 310, permitindo-se a concessão da liberdade sem fiança sempre que ausentes os requisitos para a prisão preventiva.

Hoje, sempre que couber a liberdade com fiança, cabe também a sem fiança, que, por menos gravosa, deve prevalecer. Exceção deve ser feita aos crimes contra a ordem tributária e contra a economia popular, que só admitem liberdade provisória no regime de fiança (regras especiais – art. 325, par. 2o).

Se alguma importância ainda tem a liberdade provisória com fiança, como substitutivo da prisão em flagrante, é a de permitir a liberação imediata, nos crimes punidos com detenção ou prisão simples, em que a própria autoridade policial ( Delegado de Polícia) pode arbitrar a fiança. A liberdade sem fiança, como já foi dito, só pode ser determinada pelo juiz, o que demanda tempo. Também haveria uma pequena vantagem no sistema de fiança nos crimes punidos com reclusão, uma vez que, apesar de ser do juiz a competência para arbitramento da fiança, ele o faz sem a prévia oitiva do MP, necessária nos casos de liberação sem fiança.

Assim, uma vez concedida a liberdade provisória com fiança para possibilitar a imediata liberdade do indiciado, deve ser posteriormente convertida de ofício pelo juiz em liberdade sem fiança, por ser menos gravosa.

A liberdade provisória com fiança é concedida desde que não estejam presentes as hipóteses previstas nos art. 323 e 324 e que não se trate de crimes inafiançáveis previstos na CF ou em leis especiais (racismo; ação de grupos armados, civis ou militares, contra o Estado Democrático e a Ordem Constitucional; crimes contra o sistema financeiro, tortura, crimes hediondos, crimes do estatuto do desarmamento – vale ressaltar que todos esses crimes aceitam liberdade provisória sem fiança).