DIREITO

PROCESSUAL

PENAL

Prof. Gisela Esposel

Das Questões e Processos Incidentes

Questões prejudiciais

- Questão incidente é o ponto controvertido que incide no curso do processo.

- Questões prévias (gênero) – apreciadas antes do mérito da causa, sendo espécies: questões preliminares e questões prejudiciais.

- Questões preliminares: são aquelas questões prévias cuja solução pode impedir o julgamento do objeto do processo, como por exemplo as condições para o legítimo exercício da ação, os pressupostos processuais etc.

- Devem ser apreciadas antes do objeto do processo e cuja resolução pode impedir a apreciação deste.

Questões prejudiciais

- Questão prejudicial: antecedente lógico e necessário do julgamento do mérito e que vincula a solução deste, podendo ser objeto de demanda autônoma.

- No processo penal as questões prejudiciais se relacionam sempre com a relevância penal da conduta.

- Essa questão não integra o objeto do processo, sendo a ele anterior (prévia), mas a solução que se dê à prejudicial influenciará no julgamento da pretensão.

Questões prejudiciais

- Classificação das questões prejudiciais:

- Questões prejudiciais heterogêneas

- Questões prejudicais homogêneas

- Questão prejudicial homogênea ocorre quando a prejudicial pertence a mesmo ramo do Direito da questão prejudicada ( matéria de direito penal)

- Exemplo: a prova sobre a configuração do crime de roubo ou furto influi na prova sobre a configuração do crime de receptação (artigo 76, III do CPP – na denominação conexão instrumental ou probatória há relação de prejudicialidade homogênea.

Questões prejudiciais

- As questões prejudiciais homogêneas serão resolvidas pelo próprio juiz criminal

- Já as questões prejudicais heterogêneas são aquelas em que a prejudicial pertence a ramo do Direito diverso da questão prejudicada (civil, trabalhista, empresarial etc) e apresentam dois sistemas de solução:

- O primeiro é a suspensão do processo principal imperativa, obrigatória prevista no artigo 92 do CPP e o segundo sistema é o da suspensão do processo principal facultativa prevista no artigo 93 do mesmo diploma legal.

Questões prejudiciais

- Artigo 92 do CPP – se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passado em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente

- Parágrafo único – se o crime for de ação pública, o Ministério Público promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados.

Questões prejudiciais

- Estado civil das pessoas é o complexo de suas qualidades referentes à ordem política, privada, física. Nesta hipótese o juiz irá suspender o processo até que a questão prejudicial seja resolvida no juízo cível competente com sentença transitado em julgado.

- O juiz criminal não tem competência para apreciá-la. A solução deverá ser dada obrigatoriamente pelo juízo cível.Incumbe ao juiz criminal dizer tão somente se a questão prejudicial possui ou não relevância com o deslinde da causa.

- Exemplo: validade do casamento no crime de bigamia

Questões prejudiciais

- Ex: João foi denunciado pelo crime de bigamia. O advogado de defesa peticionou ao juízo criminal requerendo a suspensão da ação penal, por entender que o primeiro casamento de João padecia de nulidade, fato que gerou uma ação civil anulatória, em trâmite perante o juízo cível da mesma comarca. Nesta hipótese a ação penal deverá ser suspensa até que a nulidade do primeiro casamento seja resolvida no juízo cível definitivamente.

Questões prejudiciais

- Artigo 92 do CPP X Intervenção do Ministério Público:

- O MP nessa hipótese tem legitimidade para ajuizar no cível a respectiva ação visando a solução da questão prejudicial. E se já houver ação no cível em curso, o MP oficia obrigatoriamente com a finalidade de promover o mais rapidamente a solução da causa.

- Se a ação for de iniciativa privada, caberá ao querelante ajuizar a ação no cível.

- OBS: suspende-se o prazo prescricional, conforme preceitua o artigo 116, inciso I do Código Penal.

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- Artigo 116 do CP – Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

- Inciso I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime.

- Caberá Recurso em Sentido Estrito para impugnar a decisão que suspende o processo criminal de acordo com o disposto no artigo 581, inciso XVI do CPP.

- Se o juiz não suspender o processo principal, a solução será arguir a questão em preliminar de recurso de apelação.

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- Se for prejudicial obrigatória, o Tribunal anula a sentença e ordena a remessa do julgamento da questão prejudicial ao cível. Admite-se, inclusive, habeas corpus ou correição parcial.

- Artigo 93 do CPP – questão prejudicial devolutiva facultativa:

- “ Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil reparação e

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- não verse sobre direito cuja a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente “

- 03 hipóteses cumulativas: questão diversa da prevista no artigo anterior; competência do juízo cível e já houver sido proposta ação no cível para resolvê-la.

- Exemplo: há controvérsia sobre a propriedade do bem objeto da subtração. O acusado do crime de furto afirma ser o dono da coisa. Nesse caso, a suspensão fica a critério do juiz criminal e só haverá tal suspensão se já houver no cível ação em andamento

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- Nesse caso, o juiz fixará o prazo de suspensão:

- Parágrafo 1º - “ o juiz marcará o prazo da suspensão que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa.”

- Terminado o prazo sem decisão no cível, o juiz criminal retoma a competência para decidir sobre a matéria.

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- Se o juiz criminal condenar e no cível for decidido que de fato o acusado é proprietário, o condenado poderá se valer do Habeas Corpus ou Revisão Criminal. Caso contrário, se for absolvido no crime não há Revisão Criminal pro societate.

- DO despacho que denegar a suspensão não caberá recurso, conforme o parágrafo 2º do artigo 93 e em casos de suspensão caberá interpor Recurso em Sentido Estrito, conforme artigo 581, inciso XVI do CPP.

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- Artigo 93 do CPP X intervenção do Ministério Público

- Parágrafo 3º - “ Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento “

- Segundo o artigo 116, inciso I do CP o curso do prazo prescricional ficará suspenso.

- Artigo 94 do CPP – “ A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes “

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