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Direito Sindical

Direito Sindical - ltr.com.br · parte (além do Capítulo 12) é consagrada ao estudo do Direito Sindical. Em verdade, o texto, que nasceu tendo como objeto principal o estudo da

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  • Direito Sindical

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  • 1 edio 2000

    2 edio 2007

    3 edio 2009

    4 edio 2012

    4 edio, 2 tiragem agosto 2012

    5 edio 2015

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  • JOS CLAUDIO MONTEIRO DE BRITO FILHO

    5 edio

    Direito SindicalAnlise do Modelo Brasileiro de

    Relaes Coletivas de Trabalho Luz do Direito Estrangeiro Comparado e da Doutrina da OIT Proposta de Insero da Comisso de Empresa

    Doutor em Direito das Relaes Sociais pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Professor Titular da Universidade da Amaznia. Professor do Programa de Ps-graduao em

    Direito da Universidade Federal do Par.

    5271.4 Direito Sindical 5 edicao.indd 3 16/04/2015 13:52:32

  • EDITORA LTDA.

    Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 So Paulo, SP Brasil Fone (11) 2167-1101 Abril, 2015

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    ndice para catlogo sistemtico:

    Todos os direitos reservados

    Produo Grfica e Editorao Eletrnica: R. P. TIEZZI Projeto de Capa: FABIO GIGLIO Impresso: GRAPHIUM Verso impressa LTr 5271.4 ISBN: 978-85-361-8377-0 Verso digital LTr 8674.7 ISBN: 978-85-361-8359-6

    Brito Filho, Jos Claudio Monteiro de

    Direito sindical / Jos Claudio Monteiro de Brito Filho. 5. ed. So Paulo : LTr, 2015.

    Anlise do modelo brasileiro de relaes coletivas de trabalho luz do direito estrangeiro comparado e da doutrina da OIT : proposta de insero da comisso de empresa.

    Bibliografia

    1. Sindicatos Leis e legislao I. Ttulo.

    15-02303 CDU-34:331.105

    1. Direito sindical 34:331.105

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    Sumrio

    Nota do Autor 5 edio ............................................................................................. 11

    Introduo ......................................................................................................................... 13

    1 Parte Direito Sindical Ttulo I Organizao Sindical

    1. Introduo ao Estudo do Direito Sindical ....................................................... 21

    1.1. Denominao .......................................................................................................... 21

    1.2. Posio do direito sindical na cincia do direito autonomia ...................... 25

    1.3. Definio .................................................................................................................. 29

    1.4. Diviso ..................................................................................................................... 31

    1.5. Princpios ................................................................................................................. 33

    1.6. Fontes do direito sindical ...................................................................................... 37

    1.7. Relaes do direito sindical .................................................................................. 47

    2. Histria do Sindicalismo .......................................................................................... 50

    2.1. No mundo ............................................................................................................... 51

    2.2. No Brasil .................................................................................................................. 60

    3. Liberdade Sindical ...................................................................................................... 72

    3.1. Dimenses do sindicalismo depois de seu reconhecimento pelo Estado ...... 72

    3.1.1. Reconhecimento sob controle do Estado ................................................... 73

    3.1.2. Reconhecimento com liberdade sindical ................................................... 74

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  • 6

    3.2. Liberdade sindical .................................................................................................. 75

    3.2.1. O modelo de liberdade sindical na viso da Organizao Interna- cional do Trabalho (OIT) .............................................................................. 79

    3.2.2. O modelo brasileiro e a liberdade sindical ................................................ 82

    4. Organizao Sindical .............................................................................................. 101

    4.1. Estrutura externa .................................................................................................. 101

    4.1.1. O sistema confederativo ............................................................................. 102

    4.1.1.1. Sindicato: denominao, definio, objetivos e natureza jurdica ............................................................................................ 105

    4.1.1.2. Federao e Confederao ........................................................... 111

    4.1.1.3. Centrais sindicais .......................................................................... 112

    4.1.2. Criao das entidades sindicais ................................................................ 119

    4.1.2.1. Registro das entidades sindicais ................................................ 119

    4.1.3. Fuso, incorporao, dissociao e extino das entidades sindicais .... 123

    4.2. Estrutura interna .................................................................................................. 130

    4.2.1. rgos das entidades sindicais ................................................................. 132

    4.2.2. Receita e patrimnio das entidades sindicais ......................................... 133

    4.2.2.1. Contribuies sindicais ................................................................. 134

    Ttulo II Atividades Sindicais

    5. Atividades Sindicais ................................................................................................. 140

    5.1. Funo econmica ............................................................................................... 142

    5.2. Funo poltica ..................................................................................................... 144

    5.3. Funo tica .......................................................................................................... 145

    5.4. Funo negocial ou regulamentar ..................................................................... 146

    5.5. Funo assistencial ............................................................................................... 147

    5.6. Funo de representao ..................................................................................... 148

    6. Negociao Coletiva ................................................................................................ 150

    6.1. Definio ................................................................................................................ 151

    6.2. Funes .................................................................................................................. 152

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  • 7

    6.3. Classificao .......................................................................................................... 153

    6.4. Princpios ............................................................................................................... 155

    6.5. Sujeitos ................................................................................................................... 158

    6.6. Procedimentos ...................................................................................................... 160

    6.7. Nveis ..................................................................................................................... 162

    7. Contratao Coletiva ............................................................................................. 165

    7.1. Denominao ........................................................................................................ 166

    7.2. Definio ................................................................................................................ 168

    7.3. Natureza jurdica.................................................................................................. 170

    7.4. Diviso ................................................................................................................... 173

    7.5. Elementos essenciais ............................................................................................ 176

    7.6. Sujeitos ................................................................................................................... 177

    7.7. Campo de aplicao ............................................................................................. 182

    7.8. Contedo ............................................................................................................... 186

    7.9. Condies de validade ........................................................................................ 192

    7.10. Durao e vigncia ............................................................................................. 199

    7.11. Eficcia e efeitos.................................................................................................. 201

    7.12. Ultratividade ....................................................................................................... 207

    7.13. Negociao e contratao coletiva no servio pblico .................................. 211

    Ttulo III Conflitos Coletivos e Meios de Soluo

    8. Interesses Coletivos ................................................................................................. 214

    9. Conflitos Coletivos ................................................................................................. 221

    9.1. Conceito, denominao e objeto ........................................................................ 222

    9.2. Classificao .......................................................................................................... 225

    10. Meios de Soluo dos Conflitos Coletivos de Trabalho ........................... 230

    10.1. Meios autocompositivos ................................................................................... 232

    10.2. Meios heterocompositivos ................................................................................ 236

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  • 8

    11. Ao Sindical Direta .............................................................................................. 246

    11.1. Definio e denominao .................................................................................. 246

    11.2. Espcies: meios lcitos e ilcitos ........................................................................ 248

    11.2.1. Lockout ......................................................................................................... 250

    11.3. Greve .................................................................................................................... 255

    11.3.1. Breve evoluo histrica .......................................................................... 257

    11.3.1.1. Evoluo histrica no Brasil ....................................................... 258

    11.3.2. Concepes................................................................................................. 260

    11.3.3. Conceito ...................................................................................................... 261

    11.3.4. Tipos ............................................................................................................ 263

    11.3.5. Natureza jurdica....................................................................................... 264

    11.3.6. Titularidade ............................................................................................... 266

    11.3.7. Greve no Direito brasileiro ...................................................................... 271

    11.3.7.1. Greve no setor privado ............................................................... 273

    2 Parte Comisso de Empresa

    12. Representantes dos Trabalhadores ................................................................... 302

    12.1. Definio e caractersticas gerais ..................................................................... 303

    12.2. Tipos ..................................................................................................................... 306

    12.2.1. Representantes sindicais .......................................................................... 308

    12.2.1.1. Espcies ......................................................................................... 310

    12.2.1.2. Atribuies .................................................................................... 314

    12.2.1.3. Prerrogativas ................................................................................ 315

    12.2.2. Representantes no sindicais ................................................................... 320

    12.2.2.1. Espcies ......................................................................................... 320

    12.2.2.2. Atribuies .................................................................................... 323

    12.2.2.3. Prerrogativas ................................................................................ 324

    13. Comisso de Empresa ............................................................................................... 327

    13.1. Notcias histricas .............................................................................................. 328

    13.2. Denominao ...................................................................................................... 333

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  • 9

    13.3. Definio .............................................................................................................. 336

    13.4. Natureza jurdica................................................................................................ 339

    13.5. Estrutura .............................................................................................................. 341

    13.6. Funes ................................................................................................................ 346

    13.7. Prerrogativas ....................................................................................................... 351

    14. Formas de Coexistncia entre as Entidades Sindicais e as Formas No Sindicais de Representao dos Trabalhadores ................................... 354

    15. Insero da Comisso de Empresa no Modelo Sindical Brasileiro: Proposta ...................................................................................................................... 360

    Concluso ........................................................................................................................ 369

    Bibliografia ..................................................................................................................... 377

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    Nota do Autor 5 edio

    Este livro, agora em 5 edio, decorreu de tese de doutorado defendida na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, no dia 15 de junho de 1999, perante Banca Examinadora composta por Cssio Mesquita Barros Jr. (orientador), Renato Rua de Almeida, Claudia Coutinho Stephan, Nelson Mannrich e Carlos Moreira de Luca, que me ofertaram a nota 10.

    Enquanto tese, sua denominao foi Comisso de empresa: proposta para in-sero no modelo brasileiro de relaes coletivas de trabalho.

    Para a 1 edio, atendendo a diversas ponderaes formuladas pela Banca Examinadora, alteraes foram feitas, bem como reviso geral da obra. Dentre essas alteraes, em razo de observao feita pelo Professor Nelson Mannrich, optou-se por modificar a prpria denominao do estudo, considerando que toda a sua primeira parte (alm do Captulo 12) consagrada ao estudo do Direito Sindical.

    Em verdade, o texto, que nasceu tendo como objeto principal o estudo da comis-so de empresa, desde a 1 edio um manual de Direito Sindical, razo pela qual o estudo da comisso de empresa est, de forma direta, relacionada aos Captulos 13 a 15, somente.

    Por isso, a denominao do livro como Direito Sindical: anlise do modelo bra-sileiro de relaes coletivas de trabalho luz do Direito Estrangeiro e da doutrina da OIT: proposta de insero da comisso de empresa.

    O livro, no obstante seja revisto e atualizado a cada edio, at nesta 5 edio, permanece organizado da forma como publicado pela primeira vez, em 2000, e com a mesma estrutura.

    Feitos estes esclarecimentos, aproveito esta Nota para agradecer, como sempre, ao amigo Duval, que como de costume auxilia na reviso dos textos que escrevo.

    Dedico esta 5 edio, como sempre, aos meus filhos, Luis Antonio e Joo Augus-to, e para minha mulher, Lucianna, porque so para eles, e por eles, os meus xitos.

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    Introduo

    No desconhecido que, nos tempos atuais, no Brasil, a luta dos trabalhadores pela preservao do mnimo, em relao ao que foi, durante longos anos, conquistado.

    As modificaes introduzidas no sistema de produo, pela busca das empresas de modernizao e competitividade, dentro de quadro em que a con-corrncia, incluindo a a externa, cada vez maior, tm levado a caminho sem volta de reduo a qualquer preo dos custos e, com isto, diminuio de postos de trabalho.

    O fantasma do trabalhador brasileiro continua sendo o desemprego, s vezes, o trabalho precrio, que assume propores jamais experimentadas em nosso pas.

    O objetivo maior do trabalhador, hoje em dia, seu emprego(1), se possvel com a preservao dos direitos que lhe forem possveis.

    Deveria ele contar, nesta luta, com a sua fonte maior de fora: a unio.

    Esta, desde os primeiros embates travados, ainda na Revoluo Industrial, re-velou-se a forma mais eficaz, seno nica, que o trabalhador tem para se igualar ao outro sujeito da relao de trabalho, o tomador dos servios.

    Dessa unio, como smbolo e resultado, surgiu o sindicato, entidade que resulta da soma de vontades de seus integrantes e que tomou para si a responsabilidade de defender os interesses destes.

    Ocorre que isto, no Brasil, regra geral, no existe, pelo menos no de forma eficiente.

    O que temos um sindicalismo profissional que assiste, s vezes atnito, s vezes desinteressado, aos trabalhadores terem seus direitos retirados, sem condies de intervir neste processo para, estabelecendo posio de equilbrio, forar soluo que atenda aos interesses de todos.

    (1) Segundo Alfredo J. Ruprecht, a luta do sindicalismo, hoje em dia, nos pases desenvolvidos mais pelo emprego do que por melhorias salariais (Relaes coletivas de trabalho. Traduo Edilson Alkmin Cunha. So Paulo: LTr, 1995. p. 255). Isto no acontece apenas nos pases desenvolvidos. No Brasil um fenmeno que se pode presenciar todos os dias.

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    No h sindicalismo em condies de agir. No h, tambm, unio. que esta, em sistema que prega o sindicato nico, que no abre espao para outras formas de representao de trabalhadores, no pode, em condies razoveis, existir.

    Como falar em unio, se esta s pode ocorrer no plano jurdico, que onde os conflitos so resolvidos, por meio de um sindicato debilitado e ineficiente?

    Sendo os problemas gerados por modelo de organizao dos trabalhadores que no mais d resultados, imperioso achar forma de possibilitar melhor representao dos interesses dos trabalhadores, quer pela alterao do modelo de sindicalizao existente, quer pela busca de novas formas de representao.

    Nosso estudo um pedao desta busca.

    Para isto, estabelecemos como fecho do texto, depois do estudo genrico do Direito Sindical, com destaque para o modelo brasileiro, a anlise da comisso de empresa, com a formulao de proposta para sua implantao de maneira efetiva no Brasil.

    que, de todas as mazelas geradas por um sindicalismo ineficiente, com certeza uma das mais perversas decorre do vazio que existe no interior dos locais de trabalho, no tocante representao dos trabalhadores, que assistem, de longe, a um sindicato que negocia mal e com parcos resultados questes de interesse geral da categoria, mas no est presente para resolver os problemas de seu dia a dia.

    Pelo contrrio, entidade que, muitas vezes, do ponto de vista dos trabalhadores, no consegue ser vista como algo concreto, que esteja ao lado do seu representado quando este necessita.

    A escolha da comisso de empresa como objeto de estudo, entretanto, no se deve apenas ao fato de haver um vazio na representao dos trabalhadores na em-presa, pois, dentro desta tica, poderamos escolher qualquer forma de representao, ou at centrar a anlise em todas elas.

    A delimitao feita obedeceu a alguns fatores, que devem ser enunciados: 1) o fato de que o Brasil, embora no possua previso legislativa da comisso de empresa, tem experincia a respeito do tema, dentro da autorregulamentao; 2) a existncia de experincia, incluindo a legislativa, em outros pases, que permite, com o primeiro fator, o estabelecimento de noes concretas a respeito do tema, permitindo a for-mao de um juzo sobre o assunto que permita a formulao de proposta para um problema real: a falta de representao eficiente dos trabalhadores na empresa; e 3) a concluso, preliminar e guisa de hiptese, de que esta forma de representao, caso implantada em base mais slida, pode ser fator para a soluo do problema apontado.

    Para chegar concluso que negue ou confirme a ltima assertiva, dentre as diversas orientaes que poderiam ser seguidas, elegemos a que, talvez, seja a mais abrangente.

    Optamos, especialmente a partir da publicao deste estudo como livro, agora em sua 5 edio, por partir de uma viso geral do sindicalismo brasileiro, estudando

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    suas principais instituies e institutos se detalhando, assim, o campo onde, neces-sariamente, situaremos a comisso de empresa, at chegar anlise dos aspectos prprios do objeto que foi delimitado.

    No tocante pesquisa, alm da anlise das fontes primrias (o ordenamento jurdico e as decises jurisprudenciais), fizemos a indispensvel consulta bibliografia existente a respeito dos temas analisados.

    Dentro da metodologia, e sobre a ideia que fecha esta introduo, todo o estudo est baseado na anlise do modelo de relaes coletivas de trabalho brasileiro, em permanente confronto de sua estrutura com a ideia de liberdade sindical.

    Para isto, elegemos como referncias bsicas o posicionamento, normativo e doutrinrio, da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), em primeiro lugar.

    Isto porque a OIT oferece, de forma consolidada, modelo bsico de relaes co-letivas de trabalho com liberdade sindical, que pode servir de norte para todo estudo que pretenda partir desta premissa.

    Observe-se que esse modelo est estabelecido em ideia de liberdade que prpria do sistema capitalista, apresentando como postulados, por exemplo, o pluralismo e a igualdade de foras em sistema em que h uma classe de produtores e outra de trabalhadores.

    No nem seria a mesma ideia em sistema em que os trabalhadores so consi-derados os detentores de todos os meios e que, portanto, tm a organizao sindical sustentada em outras premissas que no as acima enunciadas.

    Como diz Everaldo Gaspar Lopes de Andrade, os sindicatos do mundo socialista devem ser encarados dentro da teoria socialista. Do mesmo modo que a democracia e as liberdades. De preferncia, sem preconceitos(2). Sem preconceitos, mas, hoje em dia, tambm sem importncia.

    De qualquer sorte, o modelo de relaes de produo em que vamos, no final do livro, inserir nossa proposta de implantao da comisso de empresa como meio de representao direta dos trabalhadores na empresa, entretanto, o brasileiro que, embora com mais vcios do que virtudes, adota o modelo capitalista, pelo que preciso raciocinar com base nele.

    Isto no quer dizer, porm, que podemos descurar de experincias que foram formuladas com base em outra concepo, como foi a experincia dos conselhos de fbrica italianos das primeiras dcadas deste sculo XX, influenciada por Gramsci e o grupo da revista Ordine Nuovo, dentro de concepo revolucionria(3). Apenas, no ser esta a trilha que seguiremos.

    (2) Curso de direito sindical: teoria e prtica. So Paulo: LTr, 1991. p. 32.(3) Ver GRAMSCI, Antnio. Democracia operria: partido, sindicato, conselhos. Coimbra: Centelha, 1976. p. 147.

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    No Direito Estrangeiro(4), dentro da linha invocada, daremos preferncia principalmente a partir da segunda parte do estudo, dedicada representao dos trabalhadores e, mais propriamente, comisso de empresa anlise dos sistemas de pases que guardem relao com o sistema produtivo escolhido; que tenham liga-o, por diversas circunstncias, com o Brasil, e que sejam portadores de experincia relevante, no plano jurdico e/ou no plano ftico, em relao aos temas abordados.

    Assim que, como se ver, deve sobressair a Espanha, possuidora de um sindica-lismo com liberdade sindical, ps Franco, dentro de modelo extremamente complexo, do ponto de vista da multiplicidade de regras.

    Do mesmo modo Portugal, com experincia de liberdade sindical recente (em termos histricos), mas que muito tem a oferecer em termos de elaborao de modelo, devendo, em relao a este pas, ser ressaltada nossa identidade, fruto de experincia de mais de 300 anos de uma relao colonizador x colnia.

    Natural, tambm, a opo pela Itlia, outro pas a adotar a liberdade sindical, depois, como os anteriores, de experimentar regimes de fora, mas que tem modelo que evoluiu em moldes diversos, margem de uma normatividade rgida, o que lhe d a caracterstica de se notabilizar pela alta prevalncia da autonomia privada coletiva.

    Por outro lado, com estes e outros pases, na primeira parte, destacadamente, impe-se analisar, em vrios aspectos, o modelo sindical dos Estados Unidos da Amrica, at pela maneira prpria como ele foi estabelecido, com base em valores econmicos, sociais, polticos e morais bem tpicos, bem como em razo de seu sistema jurdico ser distinto daquele dos pases acima elencados e do Brasil.

    Toda esta anlise do Direito Estrangeiro, porm, deve ser ressaltada, sendo feita levando em considerao a advertncia feita por Cssio Mesquita Barros, quando trata da participao dos trabalhadores na empresa, mas que serve para toda e qualquer hiptese. Ela, integralmente, a seguinte:

    Cabe, ainda, guisa de concluso, assinalar que a riqueza da experincia internacional esbarra na conscincia de que temas como o da participao dos empregados nas decises das empresas s podem ser compreendidos no contexto do desenvolvimento histrico do sistema de relaes do traba-lho de cada pas. Este sistema por sua vez est ligado ao contexto social, econmico, poltico, cultural e legal de cada pas. Por isso se costuma dizer que transferir um esquema da participao dos trabalhadores nas decises das empresas, adotado em um pas, to perigoso como o transplante de um rgo a outro ser humano.(5)

    (4) A opo por direito estrangeiro, a partir desta 5 edio, decorre da anlise via de regra genrica de outros sistemas jurdicos, no obstante haja destaque para pases determinados, e com anlise mais acurada, como ser visto. (5) Representao dos trabalhadores na empresa. In: ROMITA, Arion Sayo (coord.). Sindicalismo. So Paulo: LTr, 1986. p. 179.

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    Embora seja este um estudo feito com base no Direito, no se pode, quando se tem tema que, no Brasil, no possui base legislativa, deixar de fazer anlise direta dos fatos sociais, bem como prestigiar a evoluo histrica dos institutos abordados, pois esta fornece elementos indispensveis para a compreenso destes.

    No que diz respeito estrutura do trabalho, iniciaremos pelo estudo do Direito Sindical, analisando, dentro das partes que o compem, seus principais institutos. A primeira parte do trabalho resultar do cumprimento desta tarefa.

    Passado este primeiro momento, volta-se o segundo anlise que constituiu o objetivo do trabalho, enquanto tese de doutorado e, ento, sero estudadas as di-versas formas de representao dos trabalhadores, chegando-se at a que a nossa principal preocupao: a comisso de empresa.

    Observe-se que o estudo das diversas formas de representao, bem como, especificamente, da comisso de empresa, no representa algo novo, no plano mun-dial. Em alguns pases, como a Espanha, o modelo de relaes coletivas de trabalho alberga esta forma de representao, havendo, portanto, experincias solidificadas.

    Mesmo no Brasil, onde no existe maior espao para atuao da comisso de empresa, existem estudos sobre a matria. No temos a pretenso, pois, de oferecer, com este texto, algo de inovador sobre o instituto, salvo nova viso, ou, pelo menos, viso pessoal da questo que, entendemos, deve ser feita como proposta que envolva as relaes coletivas de trabalho como um todo.

    Todo o estudo parte de ideia definida e que nortear todo o desenvolvimento do trabalho. Esta ideia a liberdade sindical, podendo ser identificada na seguinte afirmao de Cssio Mesquita Barros Jr.:

    O princpio jurdico fundamental em que se baseiam os sistemas modernos de relaes entre trabalhadores e empregadores o de que a organizao sindical livre.(6)

    Isto, ressalte-se, dando-lhe viso ampla: de que a liberdade sindical relaciona--se ao direito dos trabalhadores, principalmente de definir as formas mais eficazes de agrupamento, com vistas defesa de seus interesses.

    (6) Organizao sindical e reviso constitucional. Revista LTr, So Paulo, v. 57, n. 11, p. 1294, nov. 1993.

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  • 1 PARTE Direito SinDical

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    1. Introduo ao Estudo do Direito Sindical

    Para o estudo dos institutos, instituies, princpios e regras que versam sobre as relaes coletivas de trabalho, indispensvel que, antes de tudo, sejam visitados os aspectos bsicos a respeito do ramo do Direito que delas se ocupa.

    que resta impossvel compreender a atuao que se desenvolve, em nvel co-letivo, em torno do trabalho humano, principalmente do ponto de vista jurdico, sem dominar as noes primeiras da Cincia do Direito, na parte em que ela (a atuao) desenvolvida.

    Para isto, ento, vamos, a partir de agora, procurar traar ideias bsicas a respeito: da denominao que deve ser dada a este ramo do Direito; da sua posio dentro do Direito; da definio cabvel; de sua diviso; de seus princpios; de suas fontes e das relaes que mantm com outros ramos do Direito e com outras cincias.

    Ressalte-se, por oportuno, que no nossa pretenso elaborar, neste estudo, uma Teoria do Direito Sindical, mas, apenas, como dito, fixar conceitos mnimos para sua compreenso.

    1.1. Denominao

    Devemos iniciar com a denominao a ser utilizada para o conjunto de institui-es, institutos e normas que compem e informam as relaes coletivas de trabalho.

    No existe uniformidade, entre os autores, a respeito da denominao a ser utilizada, se Direito Coletivo do Trabalho ou Direito Sindical.

    Alguns autores, como Mozart Victor Russomano, utilizam indistintamente as duas denominaes. que, para Russomano, no h grande importncia na divergncia existente a respeito. Diz ele:

    O Direito Coletivo do Trabalho tambm denominado Direito Sindical. A primeira expresso tem maior preciso cientfica e, cada vez mais, invade a preferncia dos autores. Mas como em todos os nveis do Direito Coletivo

    Ttulo I Organizao Sindical

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    do Trabalho est presente e atuante o sindicato, no atribumos grande importncia divergncia existente a propsito. Por isso, usamos as duas expresses como sinnimos, atribuindo ao Direito Coletivo do Trabalho e ao Direito Sindical o mesmo contedo e, em consequncia, o mesmo conceito.(1)

    Com isto no concorda Antnio lvares da Silva, entendendo que se deve ter uma denominao precisa. que, para o autor, com o correr do tempo, esta opo ter que ser definitiva pois no se conhece nenhuma disciplina jurdica que tenha oficialmente dois nomes aceitos pela doutrina. Faz opo pela denominao Direito Coletivo do Trabalho, afirmando que Direito Sindical uma expresso curta e insuficiente, podendo levar ao equvoco de que este ramo do Direito s se ocuparia dos sindicatos. Para ele, a denominao de sua escolha tem aceitao internacional, possui preciso terminolgica e se justifica porque, neste ramo, o trabalhador visto no como pessoa e sim como categoria, o que importa em uma coletividade(2).

    Por seu turno, Mauricio Godinho Delgado explica que a denominao Direito Coletivo do Trabalho definio de carter objetivista, pois reala o contedo do segmento jurdico identificado: relaes jurdicas grupais, coletivas, de labor, en-quanto Direito Sindical uma denominao de carter subjetivista, pois d nfase a um dos sujeitos da disciplina, no caso o sindicato. Opta pela primeira, por ser mais abrangente que a anterior, afirmando que as denominaes objetivistas tendem a ser superiores, tecnicamente, s subjetivistas, por enfocarem a estrutura e as relaes do ramo jurdico a que se reportam, em vez de apenas indicar um de seus sujeitos(3).

    Octavio Bueno Magano outro que faz opo pela denominao Direito Coletivo do Trabalho, usando os seguintes argumentos:

    Com a denominao, Direito Coletivo, rivaliza a de Direito Sindical. Critica-se a primeira com o argumento de que, implicando o seu oposto, ou seja, o Direito Individual, gera confuso entre o conceito deste e o de direito subjetivo. Por outro lado, seria inexpressiva uma vez que todo direito coletivo, quer dizer, emana da coletividade e a ela se dirige.

    Tais censuras no nos parecem procedentes porque, como assinala Jorge Enrique Marc, a contraposio do Direito Individual ao Coletivo no faz seno esclarecer o problema, j que um deles tem por base precisamente a relao individual do trabalho, enquanto o outro d realce conveno coletiva de trabalho. No que respeita observao de que todo direito coletivo, vem a talho lembrar que se trata de denominao enftica. Por ltimo, preciso registrar que, compreendendo a disciplina em foco,

    (1) Princpios gerais de direito sindical. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 47. Aqui cabe salientar que o autor, embora afirme a maior preciso cientfica da denominao Direito Coletivo do Trabalho, utiliza o seu, como diz, sinnimo, na denominao que d obra indicada.(2) Direito coletivo do trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 1979. p. 41-43.(3) Curso de direito do trabalho. 4. ed. So Paulo: LTr, 2005. p. 1280.

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    relaes em que grupos de trabalhadores, no organizados em sindicatos, podem figurar como sujeitos, conclui-se que a expresso Direito Sindical no guarda com ela total correspondncia.(4)

    Antnio Menezes Cordeiro tambm acolhe a denominao Direito Coletivo do Trabalho, como se verifica na parte III de seu Manual de Direito do Trabalho(5), que dedicada ao estudo das relaes coletivas de trabalho.

    Amauri Mascaro Nascimento, por seu turno, prefere a denominao Direito Sindical. Sua justificativa merece ser inteiramente transcrita:

    No h dvida que a expresso Direito Sindical no aceita por alguns doutrinadores, que preferem Direito Coletivo do Trabalho. Sustentam que as relaes coletivas de trabalho no so apenas sindicais, afirmao que merece todo o acatamento, porque algumas vinculaes que se de-senvolvem no mbito coletivo prescindem mesmo dos sindicatos, como aquelas de que so partes, diretamente, as Comisses de Trabalhadores no sindicalizados e o empresrio.

    Porm, preciso convir que so as relaes das quais o sindicato ou ou-tras entidades sindicais fazem parte as que ocupam a quase-totalidade do espao das relaes coletivas do Direito do Trabalho, da porque, segundo um critrio de preponderncia, possvel designar todo esse campo pela sua verdadeira nota caracterstica, que a organizao e a ao sindical.

    Justifica-se Direito Sindical no s por essa razo, mas, tambm, porque valoriza o movimento sindical, principal artfice das relaes coletivas tra-balhistas.(6)

    A denominao Direito Sindical, ressalte-se, a utilizada, tambm, pela Organiza-o Internacional do Trabalho, como se verifica em seus textos, nas obras publicadas por estas, pela Oficina Internacional do Trabalho ou em convnio com editoras e rgos estatais de diversos pases, podendo ser citada como exemplo, entre outras, a denominada Derecho Sindical de la OIT: normas y procedimientos(7).

    , ainda, a utilizada por Gino Giugni(8), Antonio Ojeda Avils(9) e Jos Francisco Siqueira Neto(10).

    H quem, todavia, d s denominaes sentido diverso. o que se observa em Jos Augusto Rodrigues Pinto que, em livro denominado Direito Sindical e Coletivo do Trabalho, divide a obra, no aspecto material, em duas partes, a primeira denominada

    (4) Manual de direito do trabalho. 2. ed. So Paulo: LTr, 1990. p. 11. v. III: Direito coletivo do trabalho. (5) Coimbra: Almedina, 1991. p. 226-509.(6) Direito sindical. So Paulo: Saraiva, 1989. p. 3.(7) Genebra: Oficina Internacional del Trabajo, 1995. p. 166. (8) Direito sindical. Traduo Eiko Lcia Itioka. So Paulo: LTr, 1991. p. 334. (9) Derecho sindical. 7. ed. Madrid: Tecnos, 1995. p. 836.(10) Contrato coletivo de trabalho: perspectiva de rompimento com a legalidade repressiva. So Paulo: LTr, 1991. p. 68-70.

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    sindicalismo, onde, alm das questes propeduticas, faz o estudo da organizao sindical, e a segunda, que intitula Direito Coletivo do Trabalho, quando estuda as relaes sindicais, optando claramente por separar as duas matrias, at quanto denominao(11).

    Optamos pela denominao Direito Sindical por duas razes principais. A primeira, seguindo a orientao de Amauri Mascaro, acima delineada. No se pode negar que o estudo das relaes coletivas de trabalho , principalmente, o estudo de relaes em que o sindicato se faz presente, no obstante outras formas de representao, formadas por trabalhadores, sindicalizados ou no, tenham espao considervel, em diversos sistemas jurdicos, no que diz respeito s relaes coletivas de trabalho.

    A segunda razo tem relao direta com a posio que acreditamos ocupar o Direito Sindical, dentro da Cincia Jurdica. Como ser observado adiante, defendemos a autonomia do Direito Sindical, ou seja, creditamos ao Direito Sindical a condio de ramo autnomo da Cincia do Direito.

    Para que isto fique bem delineado, perfeitamente identificado, preciso, logo na denominao, distinguir o Direito Sindical do Direito do Trabalho, o que se consegue, mais facilmente, desta forma.

    A utilizao da denominao Direito Coletivo do Trabalho, ou, talvez, de uma congnere, Direito das Relaes Coletivas de Trabalho, possivelmente levaria conclu-so, primeira vista, de sua incluso dentro do Direito do Trabalho, embora pudesse superar, tambm de imediato, o bice que se pe denominao Direito Sindical, que seria o de no indicar a totalidade dos sujeitos e institutos presentes no estudo. Como acreditamos, porm, que esta vantagem no supera a desvantagem anteriormente enunciada, posicionamo-nos pelo abandono da denominao Direito Coletivo do Tra-balho em prol de Direito Sindical, que como passaremos a nos referir, a partir de agora e preferencialmente, toda vez que tratarmos do ramo que se ocupa do estudo das relaes coletivas de trabalho.

    No que, vez por outra, at para evitar a monotonia decorrente do uso repetido de uma expresso, no usemos a denominao Direito Coletivo do Trabalho. Assim agir uma constante, entre aqueles que se ocupam das letras jurdicas(12).

    Observe-se, por fim, que as expresses sindicalismo, organizaes sindicais, atuao sindical, entre outras, no precisam, necessariamente, ser utilizadas sempre em sentido estrito, podendo a segunda, por exemplo, ser usada de forma ampla, indicando qualquer grupo que se organiza em torno de interesses econmicos ou profissionais, com o objetivo de defend-los.

    Neste contexto, a denominao Direito Sindical resta perfeitamente adequada, fazendo desaparecer a crtica de se referir apenas a uma parte do contedo da disciplina.

    (11) Direito sindical e coletivo do trabalho. So Paulo: LTr, 1998. (12) comum, v. g., entre os juslaboralistas, referir-se ao Direito do Trabalho como Direito Laboral ou Direito Obreiro, sem que isto modifique o entendimento de que a primeira denominao (Direito do Trabalho) a que corretamente identifica este ramo da Cincia Jurdica.

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    1.2. Posio do direito sindical na cincia do direito autonomia

    Neste item, duas tarefas se impem: discutir a autonomia ou no do Direito Sindical e situ-lo dentro da Cincia Jurdica.

    Para os que defendem estar o Direito Sindical inserido no Direito do Trabalho a maioria , a tarefa mais simples, seguindo o primeiro a sorte do ramo que lhe abriga. Ocorre que, como afirmado no item anterior, defendemos a autonomia do Direito Sindical, o que torna necessrio seguir os dois tpicos acima indicados.

    Demonstraremos, de incio, as razes pelas quais defendemos a condio do Direito Sindical como disciplina autnoma dentro do Direito.

    A primeira vez que o fizemos foi na defesa de dissertao de mestrado, na Universidade Federal do Par, em 1995. Esta dissertao foi depois publicada, dela constando o seguinte:

    regra considerar as normas sobre sindicalizao como integrantes da disciplina Direito do Trabalho, negando-se, por via de consequncia, sua autonomia.

    Acreditamos que esse entendimento merece uma reflexo, principalmente a partir da sindicalizao do servidor pblico, garantida em 5.10.1988.

    que as normas relativas ao Direito Sindical servem agora para regular no s relaes que envolvem entidades sindicais que representam empregados e empregadores liga-dos por uma relao contratual, de emprego , mas tambm para regular as relaes das entidades sindicais que congreguem servidores pblicos, via de regra sujeitos a um regime administrativo, e que mantm relaes com a Administrao Pblica.

    Nota-se, ento, a inaplicabilidade das normas previstas na CLT, por uma razo que nos parece bvia, qual seja, a de que os servidores sujeitos ao regime administrativo no so destinatrios das normas celetistas, sujeitando-se, isso sim, s normas estabelecidas pelos diversos entes pblicos que compem a Federao.

    O Direito Sindical alcanou um espectro mais amplo, encontrando-se parte de suas normas completamente alheias CLT, e desvinculadas, por consequncia, do regime celetista de trabalho.

    Logo, ficou o Direito Sindical, ou suas normas, ligado a duas disciplinas, o Direito do Trabalho e o Direito Administrativo, o que impede que seja considerado apenas como parte integrante da primeira disciplina mencionada.

    Como regra geral, uma disciplina considerada autnoma quando dotada de autonomia em trs aspectos: cientfico, didtico e legislativo. No entendemos que a autonomia jurisdicional deva ser considerada como um aspecto importante.

    O Direito Sindical no tem autonomia legislativa, ou seja, um corpo prprio de leis, mas sim encontram-se suas normas inseridas no texto constitucional, na CLT e nos regimes jurdicos prprios de cada ente pblico. Desconhecemos, ainda, sua autonomia didtica, sendo o Direito Sindical normalmente ministrado como parte do Direito do Trabalho.

    No quer dizer que no se possa considerar uma disciplina como autnoma sem que todos os seus aspectos estejam presentes. No, a autonomia pode existir, de fato, sem a ocorrncia de todos os aspectos, bastando que esteja presente a autonomia cientfica.

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