11
Professor Doutor Flávio Galvão PUC - SP CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO III PROF. DR. FLÁVIO GALVÃO A) APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR B) PERSPECTIVA DIDÁTICA C) SISTEMA DE AVALIAÇÃO D) BIBLIOGRAFIA BÁSICA CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Editora Saraiva. MELO, José Eduardo Soares de. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Dialética. COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário – Constituição e Código Tributário Nacional. São Paulo: Editora Saraiva. CARRAZZA, Roque Antonio. Reflexões sobre a Obrigação Tributária. São Paulo: Editora Noeses. CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros Editora. HORVATH, Estevão. Lançamento Tributário e “Autolançamento”. São Paulo: Quartier Latin. Constituição Federal e Código Tributário Nacional E) BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Forense Editora. BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Forense Editora. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva. Revista de Direito Tributário Revista Dialética de Direito Tributário 1

Direito Tributário III - PUC - 2ª Aula

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Lançamento tributário

Citation preview

So Paulo, 24 de Outubro de 1999.

Professor Doutor Flvio Galvo

PUC - SPCURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTRIO IIIPROF. DR. FLVIO GALVOA) APRESENTAO DO PROFESSOR

B) PERSPECTIVA DIDTICA

C) SISTEMA DE AVALIAO

D) BIBLIOGRAFIA BSICA

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Editora Saraiva.

MELO, Jos Eduardo Soares de. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Dialtica.

COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributrio Constituio e Cdigo Tributrio Nacional. So Paulo: Editora Saraiva.

CARRAZZA, Roque Antonio. Reflexes sobre a Obrigao Tributria. So Paulo: Editora Noeses.

CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. So Paulo: Malheiros Editora.

HORVATH, Estevo. Lanamento Tributrio e Autolanamento. So Paulo: Quartier Latin.

Constituio Federal e Cdigo Tributrio Nacional

E) BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Forense Editora.

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo: Forense Editora.

AMARO, Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo: Editora Saraiva.

Revista de Direito Tributrio

Revista Dialtica de Direito Tributrio

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Malheiros.

F) FREQUNCIAPROGRAMA DE AULAS

QUADRO SINTICO

2 AULA

1. Crdito Tributrio

1.1. Crdito Tributrio e Lanamento Tributrio. Conceito

Art. 139. O crdito tributrio decorre da obrigao principal e tem a mesma natureza desta.

Art. 139 do CTN. O Crdito Tributrio corresponde ao valor que se obrigado a pagar em relao a ocorrncia do dever de recolher o tributo. Trata do aspecto quantitativo do tributo.

O CTN faz a separao entre crdito e obrigao, com o objetivo de estabelecer que o crdito tributrio , a determinao do montante do tributo a recolher pelo contribuinte, assim a obrigao tributria est de um lado e do outro lado est o crdito tributrio, ainda, que oriundos do mesmo dever de recolher dinheiro aos cofres pblicos.

A obrigao tributria surge no mundo jurdico no exato momento em que o contribuinte descreve aquela ao, se encontra naquele estado que se e quando acontecido faz surgir o dever de pagar o tributo, isso por conta da lei que assim estabelece a conseqncia de pagar o tributo, em face de ser proprietrio de veculo automotor, de ser proprietrio de imvel urbano, auferir renda, etc.

O fato de pagar tributo fruto de uma conseqncia lgica da norma jurdica tributria, de uma conduta realizada pelo contribuinte, conduta essa que equivale a um tipo que te enquadra na obrigao de recolher dinheiro aos cofres pblicos.

A obrigao tributria para o direito tributrio a realizao da conduta que desencadeia a incidncia da norma tributria de impor o dever de recolher dinheiro aos cofres pblicos.

A obrigao tributria nasce no mundo jurdico pela lei que estabelece a conduta que evidentemente se concretiza quando eu a realizo no mundo real e concreto. A obrigao tributria est nitidamente ligada com esta conduta, quando eu obviamente a descrevo, pratico a ao ou me encontro em determinada situao que se impe o recolhimento do tributo. O regime jurdico da obrigao tributria inclui uma srie de interpretaes do que aponta a Constituio, no que estabelece os princpios constitucionais tributrios, impondo a obrigao tributria e os elementos da regra matriz de incidncia, permitindo que o intrprete tenha conscincia das espcies tributrias e do campo tributvel possvel a ser explorado pelas pessoas polticas competentes.

O crdito tributrio, a seu turno, identifica o montante do tributo a pagar, o crdito tributrio aponta o quanto efetivamente de dinheiro vai ter o sujeito passivo de desprender pra cumprir com a obrigao tributria.

Temos um exemplo simples nesse raciocnio. A incidncia do IPVA a partir do momento que voc proprietrio de veculo automotor. A concessionria emite a nota Fiscal de compra e venda a voc e efetua a tradio do veculo. Voc j proprietrio, mas qual o montante de IPVA para pagar? A obrigao tributria est perfeita e acabada, voc proprietrio, mas e o IPVA? O imposto surge em decorrncia dessa sua condio de ser proprietrio. Desse modo, quando vai ser determinado o crdito tributrio correlato, o montante de tributo que decorre da obrigao tributria principal s vai estar formalizado no mundo jurdico no momento do lanamento do tributo, o lanamento d conta da existncia do crdito, determina o quanto de tributo a pagar, estabelece o procedimento que o contribuinte ou a Fazenda Pblica tem que realizar para que voc enfim pague o tributo.

Tanto assim que voc se torna proprietrio de veculo automotor e, por meio do despachante, recorre a Fazenda Pblica, tendo a grata surpresa de no dia seguinte receber a guia de IPVA para recolher.

Isso, porque o lanamento de IPVA foi feito, a Fazenda Pblica estabeleceu o procedimento de apurao do montante, imposto devido, em face do valor venal do seu veculo e te lana, esse lanamento de ofcio feito pela fazenda diz tudo, o crdito tributrio surge em momento distinto, nasce e surge com a formalizao do lanamento e confirma a ocorrncia da obrigao principal.

O crdito tributrio surge em momento posterior ocorrncia da obrigao tributria.

A obrigao tributria a ao ou estado que o contribuinte se encontra como previsto na norma jurdica que vai impor a obrigao tributria, sendo pr-existente ao nascimento do crdito tributrio.

O crdito tributrio surge por conta do conseqente da obrigao tributria, a obrigao tributria o prprio antecedente da norma jurdica tributria, por que se diz antecedente? Porque a obrigao tributria que estabelece o modal de conduta para que voc cumpra com o seu dever de pagar o tributo.

Quando eu digo que a obrigao tributria um antecedente da norma jurdica tributria, eu estou chamando a sua ateno, porque a conduta descrita pela lei vital a ocorrncia desse bendito dever que voc tem de recolher dinheiro aos cofres pblicos, se bem que esse seu dever s surge no exato momento em que voc descreve a conduta da norma jurdica tributria.

H na norma jurdica tributria a chamada obrigao principal e obrigao acessria, exemplo de obrigao principal a prpria norma jurdica tributria, a conduta que vai te levar a obrigao de pagar o tributo.

As obrigaes acessrias tm relao com as obrigaes de fazer ou no fazer e parte da fiscalizao, a estruturao fiscal, a determinao de toda uma srie procedimental de apurao da ocorrncia da obrigao tributria.

Como surge o crdito tributrio? Pela formalizao do lanamento, este determina o valor do tributo, condio sine qua non para que o contribuinte possa pagar o tributo, ento, o crdito pode decorrer da obrigao tributria principal, se conecta com o dever de pagar o tributo, mas nasce em momento distinto.

A obrigao e o crdito se conectam em razo do dever de recolher dinheiro aos cofres pblicos, mas surgem no mundo jurdico e tem efeitos jurdicos distintos um relao ao outro.O raciocnio tem que ser linear, ele tem que comear olhando para obrigao tributria e verificar se o contribuinte descreveu a conduta e imediatamente voltar os olhos para a formalizao do crdito por meio do lanamento. Devemos frisar uma questo importante a confirmar a dissociao entre a obrigao tributria e o crdito tributrio.O crdito tributrio delineia a provvel existncia de uma obrigao tributaria. Provvel, porque ele pode surgir no mundo jurdico independentemente da ocorrncia da obrigao tributria principal.Pode existir um crdito tributrio que no tenha nada haver com a obrigao tributria. O fato de o sujeito passivo auferir renda, no d azo a existncia do crdito tributrio.Pode existir essa probabilidade, eu posso ter um crdito que em nenhum momento surja o dever de pagar tributo conforme a hiptese de incidncia prevista em lei.A obrigao tributria principal e acessria, ainda que se tenha somente uma obrigao acessria pode surgir o crdito correlato, por isso no posso afirmar que o crdito tributria seja decorrncia exclusivamente da obrigao principal (da hiptese de incidncia).

Por exemplo: no ICMS o contribuinte est obrigado a dar comprimento a uma srie de procedimentos para confirmar a circulao da mercadoria, ter que preencher a nota fiscal de sada; o livro de apurao; o livro dirio; o livro de ocorrncia, ou seja uma srie de requisitos procedimentais para confirmar a circulao da mercadoria.

No lanamento por homologao toda a apurao feita pelo contribuinte, se o contribuinte simplesmente errou no cumprimento da obrigao acessria (obrigao de fazer) em prol da fiscalizao, sabe-se que quando se descumpre uma obrigao acessria, ela se converte em principal e se converte porque ela no principal, se converte em principal para ser cobrada, cobrada por meio da formalizao do crdito.

O momento de ocorrncia da obrigao principal tributaria um e o momento da ocorrncia do crdito tributrio outro, que se conectam pelo mesmo dever, mas so institutos jurdicos distintos, possuem regimes jurdicos distintos. Inclusive, pode existir at crdito tributrio que no decorra da obrigao tributria principal.O crdito tributrio pode surgir independentemente da ocorrncia da obrigao principal, basta que as obrigaes acessrias sejam descumpridas.No d para ser ao mesmo tempo obrigao acessria e principal, por isso que se converte, esse converter para cobrar, preciso formalizar o crdito, para saber quanto se deve.Ns vamos perceber daqui para frente que o CTN estabelece uma srie de efeitos jurdicos inerentes ao crdito tributrio dando-lhe contornos jurdicos, que em muitos casos no vo afetar a existncia da obrigao tributria.O crdito tributrio pode dar conta do montante do tributo devido, porque ele pode confirmar a ocorrncia da obrigao tributria principal, pode ter uma circunstncia que fulmina o crdito, faa com que o lanamento suma do mundo jurdico e a obrigao tributria estar presente, intacta, podendo at o fisco efetuar novo lanamento.EXEMPLO para entendimento: No ICMS, sou comerciante e o fisco fiscalizando minhas atividades conclui que devo ICMS, confirmando o dbito tributrio por meio do lanamento do auto de infrao. Com a lavratura do auto de infrao, posso defender-me questionando a obrigao tributria que no cumpri, abre-se a fase de discusso entre mim e a fazenda pblica. Eu impugno o auto de infrao e fao tudo para desconstitui-lo, apresentando provas e requeiro no pedido que uma nova diligncia deve ser feita para comprovar o erro da Fazenda. Porm, a Fazenda mantm o auto de infrao, no permitindo o contraditrio e ampla defesa.

Eu preparo o recurso ao rgo administrativo competente. O rgo colegiado administrativo analisando o meu recurso confirma que o meu direito de defesa foi prejudicado, por conta da ausncia de contraditrio.

O rgo julgador fazendrio cancela o auto de infrao, porque existiu ofensa aos princpios inerentes ao processo administrativo; vcios formais no processo administrativo.

Assim, poder o contribuinte estar sujeito a nova fiscalizao e a novo lanamento? Sim, porque a obrigao tributria permanece intacta, ainda que a Fazenda tenha sido fulminada no julgamento do auto de infrao (lanamento de ofcio), pois o crdito tributrio foi fulminado, mas a obrigao tributria est intacta.

O julgamento administrativo pode prejudicar a validade do crdito tributrio por existncia de vcio formal no processo administrativo, mas em momento algum a obrigao tributria foi atingida. A deciso administrativa afeta o crdito, entretanto a obrigao est intacta.

Este exemplo tambm confirma que o crdito e a obrigao nascem em momento jurdico distinto, tem efeitos jurdicos distintos.

O que crdito tributrio? um instituto jurdico tributrio correlato ao dever de pagar tributo (dinheiro aos cofres pblicos) e que constitui o momento do montante do tributo a ser pago para Fazenda Pblica que formalizado por meio de lanamento. Crdito e Obrigao so institutos jurdicos correlatos, mas distintos, nascem em momentos jurdicos distintos e tem efeitos jurdicos distintos em razo de sua ocorrncia.Qual a natureza jurdica do crdito tributrio? A natureza jurdica do crdito tributrio tributria, o instituto jurdico que surge por conta do dever de recolher dinheiro aos cofres pblicos, pagar o tributo. A natureza jurdica a relao jurdica que se forma no mbito da tributao, e ser regida pelo conjunto de normas especficas.Art. 140. As circunstncias que modificam o crdito tributrio, sua extenso ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilgios a ele atribudos, ou que excluem sua exigibilidade no afetam a obrigao tributria que lhe deu origem.

Art. 140 do CTN, apresenta a distino entre Obrigao Tributria e Crdito Tributrio.

Obrigao tributria: a norma jurdica estabelecendo o dever de pagar o tributo.

Crdito tributrio: o valor, propriamente dito, do montante do tributo a ser pago devido a ocorrncia de uma conduta conforme a norma tributria, que se formaliza no momento de seu lanamento.

O Crdito Tributrio corresponde ao montante do tributo que dever ser pago pelo contribuinte e ser formalizado pelo lanamento.

Crdito tributrio no se confunde com obrigao tributria principal, porque nascem de momentos distintos.

A obrigao Tributria surge com a ocorrncia da hiptese de incidncia (fato gerador) e o crdito tributrio surge com o lanamento.

O lanamento constitutivo de crdito tributrio, e apenas declaratrio da obrigao correspondente.

Art. 141. O crdito tributrio regularmente constitudo somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluda, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais no podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivao ou as respectivas garantias.

Art. 141 do CTN. Vamos estudar a excluso, modificao, extino do crdito tributrio, ou seja, institutos jurdicos que determinam o regime jurdico do crdito tributrio que s o Cdigo Tributrio Nacional estabelece por fora de hierarquia normativa, enquanto Lei Complementar.

7