19
Direito universal ao Direito universal ao acesso a serviços de acesso a serviços de saúde de qualidade saúde de qualidade Jairnilson Silva Paim Jairnilson Silva Paim Prof. Titular en Política de Salud (ISC-UFBA) Prof. Titular en Política de Salud (ISC-UFBA) Brasília, 7-9 de julho de 2011 Brasília, 7-9 de julho de 2011

Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

  • Upload
    jaunie

  • View
    23

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade. Jairnilson Silva Paim Prof. Titular en Política de Salud (ISC-UFBA) Brasília, 7-9 de julho de 2011. Introdução. Condições subjetivas - valores, ideologias, concepções e projetos (qual SUS?) - PowerPoint PPT Presentation

Citation preview

Page 1: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Direito universal ao acesso a Direito universal ao acesso a serviços de saúde de serviços de saúde de

qualidadequalidadeJairnilson Silva PaimJairnilson Silva Paim Prof. Titular en Política de Salud (ISC-UFBA)Prof. Titular en Política de Salud (ISC-UFBA)

Brasília, 7-9 de julho de 2011 Brasília, 7-9 de julho de 2011

Page 2: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

IntroduçãoIntrodução

Condições subjetivasCondições subjetivas - - valores, valores, ideologias, concepções e projetos (qual ideologias, concepções e projetos (qual SUS?)SUS?)

Condições objetivasCondições objetivas - - infra-estrutura, infra-estrutura, financiamento, processos de trabalho, financiamento, processos de trabalho, distribuição, tipos e exercício do poder.distribuição, tipos e exercício do poder.

Page 3: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

INFRAESTRUTURA INFRAESTRUTURA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

69,1% dos hospitais são privados, maioria da 69,1% dos hospitais são privados, maioria da atenção básica é pública. atenção básica é pública.

Aumento de serviços ambulatoriais especializados Aumento de serviços ambulatoriais especializados (29.374 clínicas em 2010)(29.374 clínicas em 2010) e de SADT e de SADT (16.226 em 2010).(16.226 em 2010).

Apenas 35,4% dos leitos hospitalares e 6,4% dos Apenas 35,4% dos leitos hospitalares e 6,4% dos SADT são públicosSADT são públicos

Somente 38,7% dos leito privados estão Somente 38,7% dos leito privados estão disponíveis para o SUS.disponíveis para o SUS.

Redução de hospitais: Redução de hospitais: 3,3 leitos/1000 (1993) para 1,9 3,3 leitos/1000 (1993) para 1,9 (2009). (2009).

Page 4: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Equipamentos: número total e % Equipamentos: número total e % do setor público (2010) do setor público (2010)

(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

MamógrafosMamógrafos 1753 1753 28,428,4

Aparelhos de raios XAparelhos de raios X 15861 15861 58,958,9

TomógrafosTomógrafos 1268 1268 24,1 24,1

Ressonância magnéticaRessonância magnética 409 409 13,4 13,4

Aparelhos de ultrassonografiaAparelhos de ultrassonografia 89668966 51,0 51,0

Page 5: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE

SAÚDESAÚDE (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

1981 (antes do SUS): 8% da população 1981 (antes do SUS): 8% da população (9,2 milhões) usou serviço de saúde, (9,2 milhões) usou serviço de saúde, passando a 14,2% (26.866.869) em 2008, passando a 14,2% (26.866.869) em 2008, nos últimos quinze dias (+ 174%).nos últimos quinze dias (+ 174%).

Cerca de 98% dos que buscaram Cerca de 98% dos que buscaram atendimento de saúde foram atendidos atendimento de saúde foram atendidos em 1998, 2003 e 2008.em 1998, 2003 e 2008. (Pnad, 2008) (Pnad, 2008)

Page 6: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE

SAÚDESAÚDE (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

Pessoas com planos de saúde tinham 200% Pessoas com planos de saúde tinham 200% mais chances de usar um serviço de saúde mais chances de usar um serviço de saúde do que as sem planos em 1998, reduzindo do que as sem planos em 1998, reduzindo para 70% em 2008.para 70% em 2008.

Permanecem desigualdades Permanecem desigualdades socioeconômicas em saúde bucal socioeconômicas em saúde bucal (23,4% das pessoas (23,4% das pessoas do grupo de renda mais baixa nunca haviam consultado um dentista, contra 3,6% das do grupo de renda mais baixa nunca haviam consultado um dentista, contra 3,6% das pessoas do grupo de renda mais alta).pessoas do grupo de renda mais alta).

Atendimento “muito bom ou bom” (86,4%), Atendimento “muito bom ou bom” (86,4%), regular (10,4%) e “ruim ou muito ruim” regular (10,4%) e “ruim ou muito ruim” (3,1%) Pnad, 2008(3,1%) Pnad, 2008

Page 7: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

A dimensão do acesso e A dimensão do acesso e relações com outros relações com outros componentes do SUScomponentes do SUS

O aumento do acesso não significa acessibilidade O aumento do acesso não significa acessibilidade universal e atendimento digno. universal e atendimento digno.

Ufanismo insustentável se não forem alteradas as Ufanismo insustentável se não forem alteradas as formas de acesso, os modelos de atenção e a formas de acesso, os modelos de atenção e a qualidade do cuidado.qualidade do cuidado.

Isto não será possível sem aumentar o Isto não será possível sem aumentar o financiamento público para ampliar a infra-estrutura financiamento público para ampliar a infra-estrutura e a operação dos serviços públicos de saúde. e a operação dos serviços públicos de saúde.

Gestão fatiada por partidos, refém do clientelismo Gestão fatiada por partidos, refém do clientelismo nos cargos de confiança, negligenciando o mérito, o nos cargos de confiança, negligenciando o mérito, o profissionalismo, a competência técnica e a profissionalismo, a competência técnica e a qualidade.qualidade.

Page 8: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

FINANCIAMENTO FINANCIAMENTO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

CPMF: saúde recebeu apenas 40% dos R$ CPMF: saúde recebeu apenas 40% dos R$ 32.090 bilhões em 2006. 32.090 bilhões em 2006. (grande parte do restante foi destinada ao pagamento de juros)(grande parte do restante foi destinada ao pagamento de juros)

Despesa federal com saúde: reduzindo desde Despesa federal com saúde: reduzindo desde 2003, quando ajustada pela inflação. 2003, quando ajustada pela inflação.

8,4% do PIB em saúde (2007): 41% de gasto 8,4% do PIB em saúde (2007): 41% de gasto público.público.

Reino Unido (82%) Itália (77,2%) Espanha (71,8%)Reino Unido (82%) Itália (77,2%) Espanha (71,8%)

EUA (45,5%) México (46,9%)EUA (45,5%) México (46,9%)

Page 9: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Despesa estimada em saúde Despesa estimada em saúde como proporção do PIB (2006) como proporção do PIB (2006)

(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

Setor público Setor público (Impostos e contribuições sociais)(Impostos e contribuições sociais) 3,14 3,14

FederaisFederais 1,6 1,6

EstaduaisEstaduais 0,7 0,7

MunicipaisMunicipais 0,8 0,8

Setor privadoSetor privado 4,89 4,89

Despesas das famíliasDespesas das famílias 3,84 3,84

Despesas das empresasDespesas das empresas 1,05 1,05

TotalTotal 8,03 8,03

Page 10: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Despesa pública com saúde Despesa pública com saúde por nível de governo por nível de governo (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, (Paim, Travassos, Almeida, Bahia,

Macinko, 2011)Macinko, 2011)

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ano

% Federal

Estadual

Municipal

Fonte: Siops, 2009

Page 11: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade
Page 12: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Orçamento geral da União em Orçamento geral da União em 20102010

Do R$ 1.414 trilhão quase a metade Do R$ 1.414 trilhão quase a metade (44,93%) foi destinada ao pagamento de (44,93%) foi destinada ao pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da juros, amortizações e refinanciamento da dívida. dívida.

Apenas 3,91% foram alocados para saúde, Apenas 3,91% foram alocados para saúde, 0,56% para segurança pública e 0,04% para 0,56% para segurança pública e 0,04% para saneamento.saneamento.

Somente 2,89% foram para Educação, 0,38% Somente 2,89% foram para Educação, 0,38% para Ciência e Tecnologia, 0,09% para a para Ciência e Tecnologia, 0,09% para a Cultura e 0,06% para Direitos da Cidadania. Cultura e 0,06% para Direitos da Cidadania.

Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho 2011.Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho 2011.

Page 13: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

“Participação social” e socialização dos prejuízos

COPOM dos 7

Megaprejuízos do Banco Central repassados para o Tesouro (operações do “mercado aberto”)

2009 - 147 bilhões2010 – 50 bilhões

Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho 2011.2011.

Page 14: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

CRESCIMENTO DO SETOR CRESCIMENTO DO SETOR PRIVADOPRIVADO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

2008: financiamento público nos atendimentos 2008: financiamento público nos atendimentos reduziu-se para 56%, a participação dos planos reduziu-se para 56%, a participação dos planos privados cresceu para 21% e o desembolso privados cresceu para 21% e o desembolso direto estacionou em 19%.direto estacionou em 19%.

Entre 1981 e 1998, o volume de atendimentos Entre 1981 e 1998, o volume de atendimentos financiados pelos planos de saúde cresceu 466%. financiados pelos planos de saúde cresceu 466%.

24,5% da população possuía plano de saúde em 24,5% da população possuía plano de saúde em 1998, crescendo para 26% (2008) e gerando 1998, crescendo para 26% (2008) e gerando rendimentos de R$ 63 bilhões em 2009.rendimentos de R$ 63 bilhões em 2009.

82,5% com rendimentos de mais de 5 SM tinham 82,5% com rendimentos de mais de 5 SM tinham plano de saúde plano de saúde (Pnad 2008)(Pnad 2008)

Page 15: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

CRESCIMENTO DO SETOR CRESCIMENTO DO SETOR PRIVADOPRIVADO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)

Em 1981, a previdência pagou 75% das Em 1981, a previdência pagou 75% das internações, enquanto o SUS pagou internações, enquanto o SUS pagou apenas 67% das internações em2008. apenas 67% das internações em2008.

Em 1981, 6% das internações foram pagas Em 1981, 6% das internações foram pagas por planos de saúde, crescendo para 20% por planos de saúde, crescendo para 20% em 2008.em 2008.

Page 16: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Comentários finais (1)Comentários finais (1)

O SUS realmente existente e o SUS pobre O SUS realmente existente e o SUS pobre para pobres são difundidos pela mídia e para pobres são difundidos pela mídia e percebidos e sentidos na pele por milhões de percebidos e sentidos na pele por milhões de usuáriosusuários

OOSUS democráticoSUS democrático e o e o SUS formalSUS formal parecem parecem ficções para a maioria da população. ficções para a maioria da população.

O SUS que temos não é aquele no qual O SUS que temos não é aquele no qual prevalece o interesse público e se respeitam prevalece o interesse público e se respeitam os direitos dos cidadãos.os direitos dos cidadãos.

Page 17: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Comentários finais (2)Comentários finais (2) Não bastam apelos ideológicos para a população Não bastam apelos ideológicos para a população

mudar a sua visão do SUS, nem impedir que a mudar a sua visão do SUS, nem impedir que a “classe C” tenha os planos de saúde como “classe C” tenha os planos de saúde como “objeto de desejo”. “objeto de desejo”.

Por mais enganosa que seja essa opção, o povo Por mais enganosa que seja essa opção, o povo não é bobo e conhece as dificuldades de resolver não é bobo e conhece as dificuldades de resolver seus problemas no seus problemas no SUS realSUS real..

SUS ameaçado: expansão do setor privado, SUS ameaçado: expansão do setor privado, subfinanciamento público, tímida regulação subfinanciamento público, tímida regulação estatal e limitada participação social (pior dos estatal e limitada participação social (pior dos mundos)mundos)

Page 18: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Hegemonia às avessasHegemonia às avessas **

Na aparência, direção intelectual e moral do SUS, Na aparência, direção intelectual e moral do SUS, quando lideranças do movimento sanitário chegam quando lideranças do movimento sanitário chegam a ocupar posições importantes de governo.a ocupar posições importantes de governo.

Na essência prevalecem os interesses do capital, Na essência prevalecem os interesses do capital, assegurados por seus representantes dentro e fora assegurados por seus representantes dentro e fora dos governos.dos governos.

*Entrevista Chico de Oliveira. Cult – Revista Brasileira de Cultura,146:12-18, maio 2010.*Entrevista Chico de Oliveira. Cult – Revista Brasileira de Cultura,146:12-18, maio 2010.

Page 19: Direito universal ao acesso a serviços de saúde de qualidade

Comentários finais (3)Comentários finais (3)

Ainda que não se deva dispensar as lutas Ainda que não se deva dispensar as lutas ideológicas e teóricas estas são insuficientes, ideológicas e teóricas estas são insuficientes, enquanto a ampliação das bases sociais e as enquanto a ampliação das bases sociais e as lutas políticas não alterarem a correlação de lutas políticas não alterarem a correlação de forças para transformar as forças para transformar as condições objetivascondições objetivas..

A radicalização da Reforma Sanitária poderá A radicalização da Reforma Sanitária poderá ensejar a constituição de sujeitos capazes de ensejar a constituição de sujeitos capazes de desequilibrarem o binômio da “conservação-desequilibrarem o binômio da “conservação-mudança” que expressam a mudança” que expressam a revolução passivarevolução passiva e os e os transformismostransformismos brasileiros. brasileiros.