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Direitos da Diversidade Sexual - Acesso Integral e
Humanitário a Saúde Pública“Aspectos práticos e jurídicos do atendimento
da comunidade LGBT”
Márcia Regina Machado MelaréAdriana Galvão Moura Abílio
Introdução
Comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,Transexuais e Travestis)
-Homofobia (violência física ou moral)-Negação do reconhecimento à diversidade sexual
Diversidade sexual – Acesso integral a saúde
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da dignidade da pessoahumana constitui a base, o alicerce, ofundamento do Estado Democrático de Direito.
“ Não se é mais digno ou menos digno pelofato de ter nascido mulher, ou homem, ounordestino, ou de pele negra, ou branca... NEMMENOS DIGNO POR SER HOMOSSEXUAL,TRAVESTI OU TRANSEXUAL”.
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O princípio da dignidade da pessoa humana tende aconfigurar-se um direito elementar, primordial dohomem, além do direito indispensável da vida.
A interpretação dos demais preceitos constitucionaise legais há de fazer-se à luz das normasconstitucionais que proclamam e consagram direitosfundamentais.
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PRINCÍPIO DA IGUALDADE
Conforme destacado pela ConstituiçãoFederal é expressamente proibida à prática dequalquer tipo de discriminação (artigo 3, IVCF/88).
Todos são iguais perante a Lei, semdistinção de qualquer natureza (artigo 5º CF/88).
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Direito a IntimidadeDireito a PrivacidadeDireito a LiberdadeDireito a Não-Discriminação
*Máxima constitucional do Direito a Igualdade: “tratamento igualitário (homens e mulheres),DIREITO DA DIVERSIDADE SEXUAL ATRATAMENTO ISONÔMICO COMO OSHETEROSEXUAIS”.
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DIREITO A VIDAO direito a vida é o mais fundamental de todos osdireitos, já que se constitui em pré-requisito àexistência e exercício e todos os demais direitos.
O direito à vida como cláusula pétrea e suaíntima relação com o fundamento constitucionalda dignidade da pessoa humana: Necessidadede o Poder Público assegurar a eficienteprestação dos serviços públicos.
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DIREITO A SAÚDE
Artigo 6º da Constituição Federal - Direitos sociais:garante o direito à saúde.
O direito à saúde pode ser conceituado como ovalor ideal da experiência humana, tanto nadimensão individual como na coletiva, erigido apreceito constitucional
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Artigo 196 da Constituição Federal: A saúde édireito de todos e dever do Estado, garantidomediante políticas sociais e econômicas que visem àredução do risco de doença e de outros agravos eao acesso universal e igualitário às ações e serviçospara sua promoção, proteção e recuperação.
Lei n. 8.080/90: Dispõe sobre as condições para apromoção, proteção e recuperação da saúde, aorganização e o funcionamento dos serviçoscorrespondentes e dá outras providências.
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DIREITO A SAÚDE NO BRASIL
O direito à saúde no Brasil é fruto da luta doMovimento da Reforma Sanitária e está garantidona Constituição de 1988.O Sistema Único de Saúde (SUS), tem comoprincípios:a) a universalidade do acesso;b) a integralidade da atenção;c) a participação da comunidade institucionalizada.
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GÊNERO, IDENTIDADE DE
GÊNERO, SEXUALIDADE E
ORIENTAÇÃO SEXUAL:
DIFERENÇAS
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Identidade de gênero: refere-se à masculinidade e à
feminilidade, ou melhor, à convicção que cada um tem sobre
si de ser masculino ou feminino. Logo, significa o gênero
com o qual o indivíduo se identifica, se apercebe
subjetivamente, psicologicamente, independentemente de
seu corpo físico.
Sexualidade: refere-se ao prazer e desejos sexuais.
Orientação sexual: é o elemento que se altera na
composição entre homossexuais e heterossexuais é a
orientação do desejo.
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HOMOSSEXUALIDADE
É o desejo afetivo sexual por indivíduos do mesmosexo biológico e se manifesta em ambos osgêneros, ou seja, masculino e feminino.
Porém, é importante se deixar claro que ahomossexualidade é simplesmente uma forma deviver, tanto que a orientação sexual não é umadoença, pois na classificação internacional dedoenças, CID 10, o termo homossexualismo, foisubstituído por homossexualidade.
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BISSEXUALIDADE
O desejo afetivo sexual por indivíduos do mesmosexo biológico e se manifesta em ambos osgêneros, ou seja, masculino e feminino.
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TRANSGÊNERO
Trata-se de conceito, formada a partir de doistermos - “ trans” (prefixo que dá idéia de ir além, derealizar uma travessia, uma mudança, umatransformação) e “ gênero”.
Indica, portanto, situações em que a pessoa sedesloca, transita, entre aquilo que é socialmentedefinido como masculino e feminino.
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TRAVESTI
Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino,mas que tem sua identidade de gênero oposta aoseu sexo biológico, assumindo papeis de gênerodiferentes daquele imposto pela sociedade.
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TRANSEXUALO transexual refere-se à condição cuja expressão de gênero não
corresponde ao papel social atribuído ao gênero designado nonascimento.
Transexuais possuem uma identidade de gênero diferente adesignado no nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito comosendo do sexo oposto.
Cirurgia de transgenitalização: Altera cirurgicamente os órgãosgenitais de nascença para que os mesmos possam ter correspondênciaestética e funcional à vivência psico-emocional da sua identidade degênero constituída.
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O DIREITO A SAÚDE E A
DIVERSIDADE SEXUAL
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Embora a Constituição Federal proíba a
discriminação, preveja a dignidade da pessoa
humana como princípio basilar, bem como o
atendimento a saúde de maneira igualitária o que se
observa na prática são tabus e preconceitos que
levam o grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais) a serem estigmatizados.
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Pesquisa realizada da Parada Gay de 2009:Foram ouvidas 211 pessoas entre 10 e 24 anos.
O preconceito, discriminação ou falta derespeito nos serviços de saúde foi citado por metadedas pessoas ouvidas.
Resultado dessa discriminação: os LGBTdemoram mais para procurar atendimento médico, oque lhes prejudica significativamente a saúde.
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Ministério da Saúde: Política Nacional de Saúde
Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (LGBT) para ser implementada no Sistema Único
de Saúde (SUS).
Programa Brasil sem Homofobia: compromisso de
tratar a questão dos Direitos Humanos como uma política de
Estado e de enfrentamento à homofobia.
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Decisão Histórica do STF- União Estável Homoafetiva
Grande exemplo de conquista ocorreu no dia05/05/2011 quando o Supremo Tribunal Federaljulgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn. 4277.
Reconhecimento da união homoafetiva como uniãoestável constitucionalmente protegida e segundo asmesmas regras e consequencias da união estávelheteroafetiva.
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LEGISLAÇÕES – DIVERSIDADE SEXUALa) Lei Estadual de São Paulo n. 10.948/01: Estabelecepenalidades a serem aplicadas à prática de discriminação emrazão de orientação sexual e dá outras providências;
b) Decreto Estadual de São Paulo n. 55.589/2010: garanteo direito das travestis e transexuais de serem chamadas nosestabelecimentos públicos, inclusive nos hospitalares, peloprenome (social) pelo qual são reconhecidas e denominadaspor sua comunidade em sua inserção social.c) Decreto Estadual de São Paulo n. 46.037/05: institui oConselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual.
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RESOLUÇÕES DO CONSELHO DE MEDICINA
a) Resolução 1482/1997 do CFM: aprovou arealização de cirurgias de transgenitalização noshospitais públicos universitários do Brasil, em caráterexperimental.
b) Resolução 1652/2002 do CFM: ampliou aspossibilidades de acesso aos procedimentos detransexualização, retirando o caráter experimental dacirurgia.
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c) Portaria/GM n. 2227/2004 do CFM: Instituiu debatesacerca à assistência a pacientes transexuais;
d) Resolução n. 208/2009 do CREMESP: normatizou, doponto de vista ético, o atendimento médico a travestis etransexuais em serviços de saúde especializados ou emunidades de saúde e hospitais para os quais os pacientes sãoencaminhados;
e) Portaria CCD/CRT n. A-1/2010 do CREMESP: implantouo Ambulatório de Saúde Integral a Travestis e Transexuais noCentro de Referência DST/AIDS da Secretaria Estadual deSaúde do Estado de São Paulo.
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f) Resolução CFM n. 1.955/2010: dispõe sobre acirurgia de transgenitalização de transexual portadorde desvio psicológico permanente de identidadesexual.
g) Resolução CFP nº 01/99 - Conselho Federal dePsicologia: regulamenta que os psicólogos deverãocontribuir com seu conhecimento para odesaparecimento de discriminações eestigmatizações contra aqueles que apresentamcomportamentos ou práticas homoeróticas.
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DIVERSIDADE SEXUAL E
SAÚDE: CASOS PRÁTICOS
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NOME NA FICHA DE ATENDIMENTO
Resolução n. 208/2009 do CREMESP e o DecretoEstadual 55.589/2010 determinaram o uso do “nomesocial” das pessoas travestis e transexuais emtodos os registros relativos aos serviços públicos desaúde, independentemente de serem ou nãooperadas.
Essa determinação vale para as fichas de cadastroinicial, formulários, prontuários, entre outrosdocumentos relativos ao atendimento médico.
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UTILIZAÇÃO DE BANHEIROS
Atualmente, tem-se chegado ao consenso de que atravesti e a transexual (não operada) devem utilizar obanheiro pelo qual se identifique com seu gênero.
Da transexual operada não restam dúvidas queutilizará o banheiro pelo qual se identifica, inclusivefisicamente.
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Nesse sentido, barrar a entrada de transexual no banheiro peloqual se identifica, pode gerar dano moral, conforme se verifica no julgadoabaixo:
DANO MORAL. ACADEMIA DE GINÁSTICA. TRANSEXUAL QUE SEUTILIZAVA DO BANHEIRO FEMININO. EXCLUSÃO. AUSÊNCIA DEUMA ADVERTÊNCIA PRÉVIA. DISCRIMINAÇÃO POR PRECONCEITO.[...] O autor ingressou com a presente ação visando indenização por danosmorais sob o fundamento de que se matriculou na academia ré, tendoinformado o atendente da sua condição de transexual. Que passou a seutilizar do banheiro feminino, e, por essa razão, acabou sendo impedidade adentrar na academia, tendo a sua matrícula cancelada [...]. O Juizsentenciante deu pela procedência da ação por entender que ocorreu adiscriminação, porquanto sendo o autor transexual, tem um conflito entre osexo biológico e a sua identidade sexual, o que demonstra não ter agidode má-fé ao ingressar no vestiário feminino. (TJSP. Apelação Civil n° 435.252-4/1-00. Relator: Testa Marchi. DJ: 15/07/2008). (grifo nosso).
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ATOS ADMINISTRATIVOS
Universidade Estadual do Rio de Janeiro: ato administrativo jápermite o uso do banheiro feminino pelas travestis tanto no campus dauniversidade como no Hospital Pedro Ernesto.
Estado do Mato Grosso do Sul: determinação da SecretariaEstadual de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul, onde astravestis passaram a utilizar os banheiros dos professores, isso no ensinofundamental e médio.
Universidade do Estado de São Paulo (USP): atoadministrativo, utilização do nome social das travestis/transexuais nosregistros acadêmicos.
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Deve-se primar pela redução do preconceito,
de modo que elas se sintam mais à vontade para
freqüentar a universidade, fazer cursos, trabalhar de
maneira digna e igualitária.
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ALA DA INTERNAÇÃO
No caso dos homossexuais e bissexuais, não existemmuitas dúvidas que esses deverão ser internados na ala a qualpertence o sexo biológico, pois como já ressaltado, a suaorientação é apenas sexual e não há dúvidas quanto a suaidentidade de gênero.
Já o transgênero, mesmo não operado, como sugestãodeve ser internado na ala a qual têm identidade de gênero, damesma maneira que ocorre com o banheiro.
Leitos específicos: escassez de recursos por parte doSUS inviabilizam tais medidas.
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DA NÃO OBSERVÂNCIA DESSES PRECEITOS
Dano moral contra o médico e o hospital
Artigo 6º da Lei n. 10.948/01: prevê aspenalidades aplicáveis aos que praticarem atos dediscriminação que poderá ser desde advertência, multapecuniária, suspensão de licença estadual parafuncionamento do estabelecimento ou mesmo cassaçãodefinitiva, salvo aos órgãos e empresas públicas.
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Todo atendimento médico dirigido a população LGBT devebasear-se no respeito ao ser humano e na integralidade da atenção.
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOSMORAIS. DISCRIMINAÇÃO POR OPÇÃO SEXUAL. VALOR DAINDENIZAÇÃO. Comprovando a prova testemunhal que odemandante foi vítima de discriminação por ser travesti ao seratendido em posto de saúde, sofrendo constrangimento diante deoutras pessoas, impõe-se o dever de indenizar por danos morais.Indenização fixada na sentença que se mostra ajustada ao casodos autos, considerando a capacidade econômica dosdemandados. APELO DESPROVIDO. TJRS. Apelação Cível Nº70025273111. Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho. DJ:03/09/2008.
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Para reflexão:O objetivo principal de qualquer governo, mormentedaqueles que se afirmem democráticos, é planejarpolíticas sociais que visem garantir a dignidade daspessoas independente da orientação sexual, acondição de cidadão merecedor de respeito,consideração e apoio não depende de condições ecaracterísticas em uma verdadeira democracia.
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Considerações Finais
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Preconceito Positivado: Prisão de Homossexuais (Emirados Árabes Unidos)
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Manifestação a favor da tipificação do crime de homofobia
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Adoção por casais homossexuais
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Conscientização e Atitude
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O respeito a diversidade
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Atendimento médico humanitário
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“ Época triste a nossa, em que é mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito”.
(Albert Einstein)
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