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Escrivão + Inspetor Direitos Humanos Prof. Mateus Silveira

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Direitos Humanos

Prof. Mateus Silveira

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Direitos Humanos

Professor Mateus Silveira

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Edital

DIREITOS HUMANOS: Teoria geral dos direitos humanos: conceito e terminologia. Afirmação histórica dos direitos humanos. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. Direitos humanos na Constituição Federal de 1988. Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública. Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública. Tratamento nominal, inclusão e uso do nome social de travestis e transexuais nos registros estaduais relativos a serviços públicos prestados no âmbito do Poder Executivo Estadual (a Carteira de Nome Social para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul). Estatuto da Igualdade Racial.

BANCA: Fundatec

CARGO: Escrivão e Inspetor

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Sumário

DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................. 9

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................................... 9

Das categorias e Gerações de Direitos Humanos .................................................................... 10

Dimensão ou Geração de Direitos Humanos .......................................................................... 11

Evolução histórica dos direitos humanos ................................................................................ 11

Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos ................................................................ 17

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) .................................................. 17

CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES. ................................................................................................................. 23

DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991. ..................................................................... 23

PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010).. ........................................................................................................................... 34

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A) ........................... 39

DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. (publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011) ....................................................................................................................................... 44

DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012 (PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012) ..................... 45

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988 ............................................. 46

Questões ................................................................................................................................. 51

Negros, pardos e Estatuto da Igualdade Racial ...................................................................... 59

Estatuto da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul ................................................ 71

Questões ................................................................................................................................. 77

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Direitos Humanos

MATERIAL – POLÍCIA CIVIL

Link utilizado para ver o vídeo “O que são Direitos Humanos?”:

http://br.humanrights.com/#/what-are-human-rights

Unidos pelos Direitos Humanos é uma organização internacional, sem fins lucrativos dedicada à implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem a nível local, regional, nacional e internacional. É composta por indivíduos, educadores e grupos em todo o mundo que estão ativamente a transmitir o conhecimento e a proteção dos direitos humanos por e para toda a Humanidade.

Link do you tube no canal Casa do Saber:

https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ

DIREITOS HUMANOS

Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacio-nais de direitos humanos.

Conjunto de direitos considerado indispensável para vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade.

“Dá-se o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogati-vas que tem o indivíduo em face do Estado.”

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos;

UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a re-ligião ou opção sexual;

TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano;

INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser pos-sível se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais).

INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoria-mente pelo anterior de outra geração/dimensão.

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INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece;

IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo.

Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos humanos.

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR. TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – ART. 1º DECRETO 20.910/1932. IMPRESCRITIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL Nº 1.165.986 – SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX – Julgado em 16/11/2010.

INDIVIDUALIDADE: podem ser exercidos por apenas um indivíduo;

COMPLEMENTARIEDADE: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não ha-vendo hierarquia entre eles;

INVIOLABILIDADE: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou auto-ridade;

IRRENUNCIABILIDADE: são irrenunciáveis estes direitos.

INTERRELACIONARIEDADE: os direitos humanos e os sistemas de proteção se inter-relacionam, possibilitando às pessoas escolher entre o mecanismo de proteção global ou regional não ha-vendo hierarquia entre eles;

HISTORICIDADE: estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano;

VEDAÇÃO DO RETROCESSO OU DO REGRESSO: uma vez estabelecidos os direitos humanos, não se admite o retrocesso visando sua limitação ou diminuição.

PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA: na solução de um caso concreto deve prevalecer a norma mais benéfica para a vítima da violação dos direitos humanos.

Das categorias e Gerações de Direitos Humanos

As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberda-de, Igualdade e Fraternidade.

LIBERDADE: protege os direitos civis e políticos individuais (liberdade, vida e segurança);

IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas;

FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos di-fusos como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento.

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Dimensão ou Geração de Direitos Humanos

1º Dimensão ou Geração:Direitos das Liberdades;

Civis e Políticos.Vida, liberdade, segurança e propriedade.

2º Dimensão ou Geração: Direitos da Igualdade;

Direitos Sociais e Econômicos.

Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde, educação e habitação.

3º Dimensão ou Geração: Fraternidade dos povos;

Transindividuais/difusos/coletivos

Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, defesa do consumidor.

Evolução histórica dos direitos humanos

HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS

1. A ANTIGUIDADE ORIENTAL (período entre os séculos VIII e II a.C): é o primeiro passo rumo à afirmação dos direitos humanos, com a emergência do pensamento de vários filósofos de influência até os dias de hoje (Zaratustra, Buda, Confúcio, Dêutero-Isaías), cujo ponto em comum foi a adoção de códigos de comportamento baseados no amor e respeito ao outro.

• Antigo Egito: reconhecimento de direitos de indivíduos na codificação de Menes (3100-2850 a.C);

• Suméria antiga: Código de Hammurabi, na Babilônia (1792-1750 a.C) – 1º código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos dos indivíduos, consolidando os costumes e estendendo a lei a todos os súditos do império.

• Suméria e Pérsia: Ciro II, no século VI a.C, aproximadamente em 539

a.C, os exércitos de Ciro, O Grande, 1º rei da antiga Pérsia, conquistou a cidade da Babilônia. Porém, foram as suas seguintes ações que marcaram um avanço muito importante para o homem. Ele libertou os escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião e estabeleceu a igualdade racial. Esses e outros decretos foram registrados num cilindro de argila na língua acádica. Esse documento é conhecido atualmente como o Cilindro de Ciro.

O Cilindro de Ciro (declaração de boa governança) foi agora reconhecido como a 1º carta de direitos humanos do mundo. Está traduzido nas 6 línguas oficiais da ONU e é análogo aos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

• China: no século VI e V a.C., Confúncio lançou as bases para a sua filosofia, com ênfase na defesa do amor aos indivíduos.

• Budismo: introduziu um código de conduta pelo qual se prega o bem comum e uma sociedade pacífica, sem prejuízo a qualquer ser humano.

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• Islamismo: prescrição da fraternidade e solidariedade aos vulneráveis.

A visão grega: consolidação dos direitos políticos, com a participação política dos cidadãos (Atenas: A pólis e as deliberações em praça pública, na praça denominada Ágora).

Platão, em sua obra A República (400 a.C), defendeu a igualdade e a noção de bem comum.

Aristóteles, em Ética a Nicômaco, salientou a importância do agir com justiça, para o bem de todos da pólis, mesmo em face de leis injustas.

Em Antígona (peça de Sófocles), a personagem luta para enterrar o seu irmão Polinice mesmo contra a ordem do tirano Creonte, que havia criado uma lei proibindo que aqueles que atentassem contra lei da cidade fossem enterrados.

Travou-se, assim, uma reflexão sobre a superioridade normativa de determinadas normas, mesmo em face da vontade do poder (contra a tirania, contra a injustiça e contra o Estado opressor).

A REPÚBLICA ROMANA: tem grande contribuição na sedimentação do princípio da legalidade. A Lei das Doze Tábuas, ao estipular a lex scripta como regente de condutas, deu um passo na direção da vedação ao arbítrio.

Reconhecimento da igualdade entre todos os seres humanos, em especial pela aceitação do jus gentium, o direito aplicado a todos romanos ou não.

Marco Túlio Cícero retoma a defesa da razão reta (recta ratio), salientando, na República, que a verdadeira lei é a lei da razão, inviolável mesmo em face da vontade do poder (apesar das diferenças os homens podem permanecer unidos se adotarem o “viver reto”).

• INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO (ANTIGO E NOVO TESTAMENTO): Os cinco livros de Moisés (Torah): apregoam solidariedade e preocupação com o bem-estar de todos (1800-1500 a.C.). Antigo testamento: faz menção à necessidade de respeito a todos, em especial aos vulneráveis. Cristianismo contribui para a disciplina: há vários trechos da Bíblia (Novo Testamento) que pregam a igualdade e solidariedade com o semelhante.

A IDADE MÉDIA E A IDADE MODERNA

Na Idade Média, o poder dos governantes era ilimitado, pois era fundado na vontade divina (clero e a nobreza).

Os primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a determinados estamentos que surgiram foram a Declaração das Cortes de Leão, adotada na Península Ibérica em 1188 (Reino de Espanha), e a Magna Carta Inglesa, de 1215.

A Carta Magna (1215) foi possivelmente a influência inicial mais significativa no amplo processo histórico que conduziu o constitucionalismo ocidental hoje conhecido.

Em 1215, depois de que o Rei João Sem-terra da Inglaterra violou um número de leis antigas e costumes pelos quais a Inglaterra tinha sido governada, seus súditos, principalmente os barões revoltados com as arbitrariedades do seu soberano, forçaram o rei a assinar a Magna Carta que enumera o que mais tarde veio a ser considerados como direitos humanos. Entre eles, estava o direito da igreja de ser livre da interferência governamental e os direitos de todos os cidadãos livres de possuirem e herdarem a propriedade e ser protegidos de impostos excessivos. Os princípios do devido processo legal e da igualdade na lei,

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bem como as determinações que proibiam o suborno e a má conduta oficial.

• Renascimento e reforma protestante: a crise da Idade Média deu lugar ao surgimento dos Estados Nacionais absolutistas e a sociedade estamental (dividida por estamentos, o que impedia a ascensão social) medieval foi substituída pela forte centralização do poder na figura do rei. Com a erosão da importância dos estamentos (igreja e senhores feudais), surgiu a ideia da igualdade de todos submetidos ao poder absoluto do rei, o que não exclui a opressão e a violência, como a extermínio perpetrado contra indígenas na América.

O Século XVII: o Estado Absolutista foi questionado, em especial na Inglaterra. A busca pela limitação do poder é consagrada na Petition Of Rights de 1628.

A Petição de Direitos afirmou quatro princípios: 1) nenhum tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento; 2) nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do direito de habeas corpus); 3) nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; 4) a Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz.

A edição do Habeas Corpus Act (1679) formaliza o mandado de proteção judicial aos que haviam sido injustamente presos, existente tão somente no direito consuetudinário inglês (common law).

Em 1689 (após a Revolução Gloriosa): edição da Declaração Inglesa de Direitos a Bill of Rights (1689), pela qual o poder autocrático dos reis ingleses é reduzido de forma definitiva.

Em 1701: aprovação do Act of Settlement, que enfim fixou a linha de sucessão da coroa inglesa, reafirmou o poder do Parlamento e da vontade da lei, resguardando-se os direitos dos súditos contra a volta da tirania dos monarcas.

• Os pensadores e as principais ideias ligadas aos direitos humanos:

• Thomas Hobbes (Leviatã – 1651): é um dos primeiros textos que versa claramente sobre o direito do ser humano, que é ainda tratado sendo pleno no estado da natureza. Mas Hobbes conclui que o ser humano abdica de sua liberdade inicial e se submete ao poder do Estado (o Leviatã), cuja existência se justifica pela necessidade de se dar segurança ao indivíduo, diante das ameaças de seus semelhantes. Entretanto, os indivíduos não possuiriam qualquer proteção contra o poder do Estado.

• Hugo Grócio (Da guerra e da paz – 1625): defendeu a existência do direito natural, de cunho racionalista, reconhecendo, assim, que suas normas decorrem de “princípios inerentes ao ser humano”.

• John Locke (Tratado sobre o governo civil – 1689): defendeu o direito dos indivíduos mesmo contra a Estado, um dos pilares contemporâneos do regime dos direitos humanos. O grande e principal objetivo das sociedades políticas sob a tutela de um determinado governo é a preservação dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade. Logo, o governo não pode ser arbitrário e deve seu poder ser limitado pela supremacia do bem público.

• Abbé Charles de Saint-Pierre (Projeto de paz perpétua – 1713): defendeu o fim das guerras europeias e o estabelecimento de mecanismos pacíficos para superar as controvérsias entre os Estados em uma precursora ideia de federação mundial.

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• Jean-Jacques Rousseau (Do contrato social – 1762): prega que a vida em sociedade é baseada em um contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais (qualidades inerentes aos seres humanos), que estruturam o Estado para zelar pelo bem-estar da maioria. Um governo arbitrário e liberticida não poderia sequer alegar que teria sido aceito pela população, pois a renúncia à liberdade seria o mesmo que renunciar à natureza humana, sendo inadmissível.

• Cesare Beccaria (Dos delitos e das penas – 1766): sustentou a existência de limites para a ação do Estado na repressão penal, balizando os limites do jus puniendi que permanecem até hoje.

• Kant (Fundamentação da metafísica dos costumes – 1785): defendeu a existência da dignidade intrínseca a todo ser racional, que não tem preço ou equivalente. Justamente em virtude dessa dignidade, não se pode tratar o ser humano como um meio, mas sim como um fim em si mesmo.

AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS E O CONSTITUCIONALISMO LIBERAL

As revoluções liberais, inglesa, americana e francesa e suas respectivas declarações de direitos marcaram a primeira afirmação histórica moderna dos direitos humanos.

A Revolução Inglesa: teve como marcos a Petition of Rights – 1628, que buscou garantir determinadas liberdades individuais, e o Bill of Rigths, de 1689, que consagrou a supremacia do Parlamento e o império da lei.

A Revolução Americana: retrata o processo de independência das colônias britânicas

na América do Norte, culminado em 1776, e ainda a criação da Constituição norte-americana de 1787. Somente em 1791 foram aprovadas dez emendas que, finalmente, introduziram um rol de direitos na Constituição Americana. (1º Emenda Separação da igreja e o Estado; 2º Emenda direito de manter e portar armas;).

A Revolução Francesa: adoção da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembleia Nacional Constituinte francesa, em 27 de agosto de 1789, que consagra a igualdade e a liberdade que levou à abolição de privilégios, direitos feudais e imunidades de várias castas, em especial da aristocracia de terras. O lema dos revolucionários era: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O Projeto de Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791, proposto por Olympe de Gouges, reivindicou a igualdade de direitos de gênero.

Em 1791 – edição da 1º Constituição da França Revolucionária, que consagrou a perda dos direitos absolutos do monarca francês, implantando-se uma monarquia constitucional, mas ao mesmo tempo reconheceu o voto censitário.

Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): consagrada como a 1º com vocação universal. Esse universalismo será o grande alicerce da futura afirmação dos direitos humanos do século XX, com a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

CONSTITUCIONALISMO SOCIAL

Antecedentes: Final do século XVIII: próprios jacobinos franceses defendiam a ampliação do rol de direitos da Declaração Francesa para abarcar também os direitos sociais, como direito à educação e à assistência social.

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Em 1793: revolucionários franceses edi-taram uma nova Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida com forte apelo à igualdade e com reconhe-cimento de direitos sociais como educação.

Europa do Século XIX: movimentos socialis-tas ganham apoio popular nos seus ataques ao modo de produção capitalista. Expoen-tes: Karl Marx, Engels e August Bebel.

A Revolução Russa (1917): estimulou novos avanços na defesa da igualdade e justiça so-cial.

Introdução dos chamados direitos sociais – que pretendiam assegurar condições mate-riais mínimas.

DIREITOS DO HOMEM: Inatos aos seres hu-manos – vida, liberdade, não há necessida-de de codificação para que os mesmos se-jam respeitados.

DIREITOS FUNDAMENTAIS: Estão positiva-dos em uma Constituição de um país.

DIREITOS HUMANOS: Direitos do homem e/ou fundamentais positivados em tratados ou documentos de direitos humanos.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O míni-mo que uma pessoa deve ter para sua exis-tência.

OS DIREITOS HUMANOS ANTES DA ONU

A Liga das Nações foi uma organização internacional criada em abril de 1919, quando a Conferência de Paz de Paris adotou seu pacto fundador, posteriormente inscrito em todos os tratados de paz.

Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a ideia de criar um organismo destinado à preservação da paz e à resolução dos con-flitos internacionais por meio da mediação e do arbitramento já havia sido defendi-da por alguns estadistas, especialmente o

presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Contudo, a recusa do Congresso norte-americano em ratificar o Tratado de Versalhes acabou impedindo que os Esta-dos Unidos se tornassem membro do novo organismo.

Com o fim da 1º Guerra Mundial (1914-1918), os países vencedores se reuniram em Versalhes, no subúrbio de Paris na Fran-ça, em janeiro de 1919 para firmar um tra-tado de paz, o Tratado de Versalhes. Um dos pontos do tratado era a criação de um organismo internacional que tivesse como finalidade assegurar a paz num mundo trau-matizado pelas dimensões do conflito que se encerrara.

Em 15/11/1920, teve lugar em Genebra/Su-íça, a 1º Assembleia Geral da Liga das Na-ções. Os objetivos da organização eram im-pedir as guerras e assegurar a paz, a partir de ações diplomáticas, de diálogos e nego-ciações para a solução dos litígios. Porém, infelizmente não se conseguiu impedir a 2º Guerra.

A Liga das Nações, segundo a Profª. Drª. Flávia Piovesan: "tinha como finalidade pro-mover a cooperação, paz e segurança inter-nacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a indepen-dência política dos seus membros".

O Brasil aderiu desde o início à Liga das Na-ções, porém por ato isolado do presidente da República Artur Bernardes que, após seis anos, desligou-se (denunciou) do tratado sem a anuência do Congresso Nacional.

Já os Estados Unidos não ratificaram o tra-tado. As eleições para o congresso ameri-cano (Senado) em 1918 deram a vitória ao Partido Republicano, que era oposição ao Presidente Woodrow Wilson, portanto o Partido Republicano que assumiu o controle do Senado por duas vezes bloqueou a ratifi-cação do tratado de Versalhes, favorecendo o isolamento do país, opondo-se à Socie-dade das Nações. Assim, os Estados Unidos

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nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em separado a paz com a Ale-manha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versa-lhes, mas excluiu explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações.

Sem a participação americana e não possuindo forças armadas próprias, o poder de coerção da Liga das Nações baseava-se apenas em sanções econômicas e militares. Sua atuação foi bem-sucedida no arbitramento de disputas nos Bálcãs e na América Latina, na assistência econômica e na proteção a refugiados, na supervisão do sistema de mandatos coloniais e na administração de territórios livres como a cidade de Dantzig. Mas ela se revelou impotente para bloquear a invasão japonesa da Manchúria (1931), a agressão italiana à Etiópia (1935) e o ataque russo à Finlândia (1939). Em abril de 1946, o organismo se autodissolveu, transferindo as responsabilidades que ainda mantinha para a recém-criada ONU.

A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial.

A sua constituição converteu-se na Parte XIII do Tratado de Versalhes (1919).

Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social. É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta de representantes de governos e de organizações de empregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e pela aplicação das normas

internacionais do trabalho (convenções e recomendações).

As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções.

Em 1944, à luz dos efeitos da Grande Depressão e da 2º Guerra Mundial, a OIT adotou a Declaração da Filadélfia como anexo da sua Constituição. A Declaração antecipou e serviu de modelo para a Carta das Nações Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).

Em junho de 1998 (86º sessão), foi adotada a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento. O documento é uma reafirmação universal da obrigação de respeitar, promover e tornar realidade os princípios refletidos nas Convenções fundamentais da OIT, ainda que não tenham sido ratificadas pelos Estados-membros.

Atualmente, a OIT estabeleceu um patamar mínimo de proteção dos trabalhadores e conseguiu identificar os sujeitos de proteção, tais como crianças, gestantes e idosos.

A OIT tem sede em Genebra/Suíça.

Direito Humanitário: As Convenções de Genebra (1949) e seus Protocolos Adicionais são a essência do Direito Internacional Humanitário (DIH), o conjunto de leis que rege a conduta dos conflitos armados e busca limitar seus efeitos. Eles protegem especificamente as pessoas que não participam dos conflitos (civis, profissionais de saúde e de socorro) e as que não mais participam das hostilidades (soldados feridos, doentes, náufragos e prisioneiros de guerra).

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Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos

Tema:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

A DUDH é o 1º documento universal elabo-rado pela ONU. É composta de um preâm-bulo e 30 artigos.

Trata-se de uma recomendação do Conse-lho Econômico e Social da ONU, feita pela Comissão de DH à Assembleia Geral da ONU que efetuou uma resolução recomendando o texto aos seus membros. No entanto o seu alcance é de norma jus cogens (norma imperativa aceita por todos as nações).

Foi adotada e proclamada pele Res. 217-A da III Assembleia Geral em 10/12/1948.

O Preâmbulo reconhece a DIGNIDADE DA PESSOA como núcleo da DUDH.

A DUDH surge como exigência moral da hu-manidade para impedir que os atos bárba-ros cometidos nas duas guerras mundiais não se repitam mais.

Por não possuir status de tratado interna-cional, após a promulgação da DUDH, ini-ciou-se o árduo trabalho de juridicizar os direitos humanos na esfera internacional.

A estrutura da DUDH se baseia no Código de Napoleão, em que há um preâmbulo e princípios gerais introdutórios. Os arts. 1º e 2º inserem as ideias mestras da declara-ção, com referência aos princípios da digni-dade, liberdade, igualdade e fraternidade.

Na mesma senda podemos dividir a DUDH em 4 partes:

1º parte: arts. 3 ao 11, que referem-se aos direitos individuais;

2º parte: arts. 12 ao 17, referem-se aos direi-tos do indivíduo e de participação política;

3º parte: arts. 18 a 21, refere-se às liberda-des políticas, públicas e religiosas, como li-berdade de associação;

4º parte: arts. 22 a 27, refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais.

Os arts. 28, 29 e 30 servem como um fe-chamento que dá sistematicidade e força a DUDH, declarando o dever do indivíduo pe-rante a sociedade e a proibição do uso dos direitos contra os fins das Nações Unidas.

A DUDH nos seus artigos traz proteções aos direitos humanos de 1º e 2º dimensão, ou seja, direitos de liberdade e igualdade.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Introdução dos direitos e menção às três dimensões dos direitos humanos.

Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo 2º

I) Todo o homem tem capacidade para go-zar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli-gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci-mento, ou qualquer outra condição.

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II) Não será também feita nenhuma distin-ção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem go-verno próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Os dois artigos anteriores consagram o Di-reito a Igualdade e a Vedação à Discrimina-ção.

Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS (Art. 1 ao Art. 3)

Direito a Igualdade;

Direito à Vida;

Direito à Liberdade;

Direito à Segurança;

Direito à Propriedade. (Art. 17 da DUDH);

Da Vedação à escravidão e à tortura, tratamento ou castigo cruel , desuma-no ou degradante.

Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Princípio da Igualdade formal (igualda-de perante ou frente a lei)

Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Garantias Processuais

Este artigo regula o devido processo legal e o acesso a remédios que garantam o respei-to e a aplicação dos direitos humanos.

Artigo 8º Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Princípio da Igualdade no Processo, da Atuação Imparcial do Julgador e da Publicidade dos Atos Processuais

Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Princípio da Presunção da Inocência e da Irretroatividade da Lei Penal

Artigo 11.

1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julga-mento público no qual lhe tenham sido as-seguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

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2. Ninguém poderá ser culpado por qual-quer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito na-cional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH:

Devido processo legal;

Vedação à prisão, detenção e exílio arbitrá-rios;

Igualdade no processo;

Imparcialidade do julgador;

Publicidade dos atos processuais;

Princípio da presunção da inocência;

Princípio da irretroatividade da lei penal.

Direito à intimidade e à vida privada e à inviolabilidade domiciliar

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interfe-rências ou ataques.

Direito de Ir e Vir

Artigo 13

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das frontei-ras de cada Estado.

2. Toda pessoa tem o direito de deixar qual-quer país, inclusive o próprio, e a este re-gressar.

• Direito de transitar pelo país;

• Direito de deixar o país livremente;

• Direito de regressar ao país quando desejar.

Direito de Asilo

Artigo 14.

1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou-tros países.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motiva-da por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Na-ções Unidas.

Atenção – Não poderá ser invocado o Direi-to de Asilo quando:

Crimes de direito comum;

Atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Direito de Nacionalidade

Artigo 15.

1. Todo ser humano tem direito a uma na-cionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mu-dar de nacionalidade.

Direito de Constituir Família

Artigo 16

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionali-dade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

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2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Direito de Propriedade

Artigo 17.

1. Todo ser humano tem direito à proprie-dade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Direito à liberdade de expressão, pen-samento, religião e opinião.

Artigo 18. Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19. Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Direito de reunião e associação

Artigo 20

I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Direitos Políticos e Direito à proteção do Estado

Artigo 21

1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autori-dade do governo; esta vontade será expres-sa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro-cesso equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realiza-ção, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organiza-ção e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensá-veis à sua dignidade e ao livre desenvolvi-mento da sua personalidade.

Direitos Trabalhistas

Artigo 23.

1. Todo ser humano tem direito ao traba-lho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distin-ção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalhe tem direi-to a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne-cessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24

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Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Direitos Trabalhistas Previstos na DUDH:

Direito ao trabalho (emprego);

Liberdade de escolha de emprego;

Condições justas e favoráveis de trabalho;

Proteção contra o desemprego;

Igualdade de remuneração para igual trabalho;

Direito a remuneração justa e satisfatória;

Liberdade de associação em sindicatos;

Direito à repouso e lazer;

Direito à jornada limitada;

Direito a férias.

Direitos Sociais: Vida digna, proteção a maternidade e a infância.

Artigo 25

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matri-mônio, gozarão da mesma proteção social.

DIREITO À EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO

Artigo 26.

1. Todo ser humano tem direito à instru-ção. A instrução será gratuita, pelo menos

nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins-trução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en-tre todas as nações e grupos raciais ou re-ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-ções Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na esco-lha do gênero de instrução que será minis-trada a seus filhos.

QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO:

GRAU ELEMENTAR – Gratuita – Obrigatória;

GRAU FUNDAMENTAL – Gratuita;

GRAU TÉCNICO PROFISSIONAL – Acessível a todos – Mérito.

Direitos Culturais

Artigo 27

1. Toda pessoa tem o direito de participar li-vremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberda-des estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

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Artigo 29

1. Toda pessoa tem deveres para com a co-munidade, em que o livre e pleno desenvol-vimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limita-ções determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconheci-mento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-cias da moral, da ordem pública e do bem--estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contra-riamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Direitos Sociais na DUDH:

• Direito do Trabalho;

• Direito de uma garantia de vida social-mente digna;

• Proteção à maternidade e infância;

• Direito à instrução;

• Direito de participação dos bens cultu-rais.

Interpretação ampla e integradora da DUDH

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Decla-ração pode ser interpretada como o reco-nhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ati-vidade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liber-dades aqui estabelecidos.

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CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES.

DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991.

Promulga a Convenção Contra a Tortura e Ou-tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

Considerando que a Assembléia Geral das Na-ções Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York, adotou a 10 de dezembro de 1984, a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen-tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-tes;

Considerando que o Congresso Nacional apro-vou a referida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989;

Considerando que a Carta de Ratificação da Convenção foi depositada em 28 de setembro de 1989;

Considerando que a Convenção entrou em vigor para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na for-ma de seu artigo 27, inciso 2;

DECRETA:

Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, apensa por cópia ao presente De-creto, será executada e cumprida tão inteira-mente como nela se contém.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 15 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.

CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS

CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES

Os Estados Partes da presente Convenção,

Considerando que, de acordo com os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento dos direitos iguais e inaliená-veis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Reconhecendo que estes direitos emanam da dignidade inerente à pessoa humana,

Considerando a obrigação que incumbe os Es-tados, em virtude da Carta, em particular do Artigo 55, de promover o respeito universal e a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais.

Levando em conta o Artigo 5º da Declaração Universal e a observância dos Direitos do Ho-mem e o Artigo 7º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que determinam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tra-tamento cruel, desumano ou degradante,

Levando também em conta a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia Geral em 9 de dezembro de 1975,

Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes em todo o mundo,

Acordam o seguinte:

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PARTE I

ARTIGO 1º

1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmen-te a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confis-sões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-peita de ter cometido; de intimidar ou co-agir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcioná-rio público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas de-corram.

2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumen-to internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo.

ARTIGO 2º

1. Cada Estado Parte tomará medidas efi-cazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impe-dir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição.

2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir-cunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pú-blica como justificação para tortura.

3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invocada como justificação para a tortura.

ARTIGO 3º

1. Nenhum Estado Parte procederá à ex-pulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura.

2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades competentes levarão em conta todas as considerações pertinen-tes, inclusive, quando for o caso, a existên-cia, no Estado em questão, de um quadro de violações sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos.

ARTIGO 4º

1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados cri-mes segundo a sua legislação penal. O mes-mo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade ou participação na tortura.

2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem em conta a sua gravidade.

ARTIGO 5º

1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes previstos no Artigo 4º nos seguintes casos:

a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão;

b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão;

c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este o considerar apropriado.

2. Cada Estado Parte tomará também as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes nos casos em que o suposto autor se encontre em qual-quer território sob sua jurisdição e o Esta-do não extradite de acordo com o Artigo 8º para qualquer dos Estados mencionados no parágrafo 1 do presente Artigo.

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3. Esta Convenção não exclui qualquer ju-risdição criminal exercida de acordo com o direito interno.

ARTIGO 6º

1. Todo Estado Parte em cujo território se encontre uma pessoa suspeita de ter come-tido qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º, se considerar, após o exame das informações de que dispõe, que as circuns-tâncias o justificam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras medidas le-gais para assegurar sua presença. A deten-ção e outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei do Estado, mas vigora-rão apenas pelo tempo necessário ao início do processo penal ou de extradição.

2. O Estado em questão procederá imediata-mente a uma investigação preliminar dos fatos.

3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo 1 terá assegurada facilidades para comunicar-se imediatamente com o repre-sentante mais próximo do Estado de que é nacional ou, se for apátrida, com o repre-sentante do Estado de residência habitual.

4. Quando o Estado, em virtude deste Ar-tigo, houver detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados mencionados no Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal detenção e sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado que proceder à investigação prelimi-nar a que se refere o parágrafo 2 do presen-te Artigo comunicará sem demora seus re-sultados aos Estados antes mencionados e indicará se pretende exercer sua jurisdição.

ARTIGO 7º

1. O Estado Parte no território sob a juris-dição do qual o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º for encontrado, se não o extraditar, obrigar-se--á, nos casos contemplados no Artigo 5º, a submeter o caso as suas autoridades com-petentes para o fim de ser o mesmo proces-sado.

2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer crime de natureza gra-ve, conforme a legislação do referido Esta-do. Nos casos previstos no parágrafo 2 do Artigo 5º, as regras sobre prova para fins de processo e condenação não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que as que se aplicarem aos casos previstos no pa-rágrafo 1 do Artigo 5º.

3. Qualquer pessoa processada por qual-quer dos crimes previstos no Artigo 4º re-ceberá garantias de tratamento justo em todas as fases do processo.

ARTIGO 8º

1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° se-rão considerados como extraditáveis em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex-traditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.

2. Se um Estado Parte que condiciona a ex-tradição à existência de tratado de receber um pedido de extradição por parte do outro Estado Parte com o qual não mantém tratado de extradição, poderá considerar a presente Convenção com base legal para a extradição com respeito a tais crimes. A extradição su-jeitar-se-á ás outras condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.

3. Os Estado Partes que não condicionam a extradição à existência de um tratado reco-nhecerão, entre si, tais crimes como extradi-táveis, dentro das condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.

4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados Partes, como se tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios dos Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5º.

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ARTIGO 9º

1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assistência possível em relação aos procedimentos criminais instaurados relati-vamente a qualquer dos delitos menciona-dos no Artigo 4º, inclusive no que diz respei-to ao fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o processo que estejam em seu poder.

2. Os Estados Partes cumprirão as obriga-ções decorrentes do parágrafo 1 do presen-te Artigo conforme quaisquer tratados de assistência judiciária recíproca existentes entre si.

ARTIGO 10

1. Cada Estado Parte assegurará que o en-sino e a informação sobre a proibição de tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar encarregado da aplicação da lei, do pesso-al médico, dos funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que possam par-ticipar da custódia, interrogatório ou tra-tamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou re-clusão.

2. Cada Estado Parte incluirá a referida proi-bição nas normas ou instruções relativas aos deveres e funções de tais pessoas.

ARTIGO 11

Cada Estado Parte manterá sistematica-mente sob exame as normas, instruções, métodos e práticas de interrogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o tratamento das pessoas submetidas, em qualquer território sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção ou re-clusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura.

ARTIGO 12

Cada Estado Parte assegurará suas autori-dades competentes procederão imediata-mente a uma investigação imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição.

ARTIGO 13

Cada Estado Parte assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetida a tor-tura em qualquer território sob sua jurisdi-ção o direito de apresentar queixa perante as autoridades competentes do referido Es-tado, que procederão imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu caso. Serão tomadas medidas para assegurar a prote-ção do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau tratamento ou intimação em conseqüência da queixa apresentada ou de depoimento prestado.

ARTIGO 14

1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tor-tura, o direito à reparação e a uma indeni-zação justa e adequada, incluídos os meios necessários para a mais completa reabili-tação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de um ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização.

2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam ter em decorrência das leis nacionais.

ARTIGO 15

Cada Estado Parte assegurará que nenhu-ma declaração que se demonstre ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova em qualquer pro-cesso, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada.

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ARTIGO 16

1. Cada Estado Parte se comprometerá a proibir em qualquer território sob sua juris-dição outros atos que constituam tratamen-to ou penas cruéis, desumanos ou degra-dantes que não constituam tortura tal como definida no Artigo 1, quando tais atos forem cometidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consenti-mento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as obrigações mencionadas nos Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição das referências a tortura por referências a outras formas de tratamentos ou penas cru-éis, desumanos ou degradantes.

2. Os dispositivos da presente Convenção não serão interpretados de maneira a res-tringir os dispositivos de qualquer outro ins-trumento internacional ou lei nacional que proíba os tratamentos ou penas cruéis, de-sumanos ou degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão.

PARTE II

ARTIGO 17

1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu-ra (doravante denominado o "Comitê) que desempenhará as funções descritas adian-te. O Comitê será composto por dez peritos de elevada reputação moral e reconhecida competência em matéria de direitos huma-nos, os quais exercerão suas funções a tí-tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados Partes, levando em conta uma dis-tribuição geográfica eqüitativa e a utilidade da participação de algumas pessoas com ex-periência jurídica.

2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre os seus nacionais. Os Estados Partes terão pre-sente a utilidade da indicação de pessoas que sejam também membros do Comitê de

Direitos Humanos estabelecido de acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura.

3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões bienais dos Estados Partes convo-cadas pelo Secretário-Geral das Nações Uni-das. Nestas reuniões, nas quais o quorum será estabelecido por dois terços dos Esta-dos Partes, serão eleitos membros do Co-mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Par-tes presentes e votantes.

4. A primeira eleição se realizará no máxi-mo seis meses após a data de entrada em vigor da presente Convenção. Ao menos quatro meses antes da data de cada elei-ção, o Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candidaturas no prazo de três meses. O Secretário-Geral organizará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos assim designados, com indicações dos Estados Partes que os tiverem designado, e a comunicará aos Es-tados Partes.

5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas no-vamente, ser reeleitos. No entanto, o man-dato de cinco dos membros eleitos na pri-meira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere o pa-rágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os nomes desses cinco membros.

6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Estado Parte que apresentou sua candidatura indicará, entre seus nacionais, outro perito para cum-prir o restante de seu mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à aprovação da maioria dos Estados Partes. Considerar-

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-se-á como concedida a referida aprovação, a menos que a metade ou mais dos Estados Partes venham a responder negativamente dentro de um prazo de seis semanas, a con-tar do momento em que o Secretário-Geral das Nações Unidas lhes houver comunicado a candidatura proposta.

7. Correrão por conta dos Estados Partes as despesas em que vierem a incorrer os membros do Comitê no desempenho de suas funções no referido órgão.

ARTIGO 18

1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí-odo de dois anos. Os membros da mesa po-derão ser reeleitos.

2. O próprio Comitê estabelecerá suas re-gras de procedimento; estas, contudo, de-verão conter, entre outras, as seguintes dis-posições:

a) o quórum será de seis membros;

b) as decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes.

3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co-locará à disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas em virtu-de da presente Convenção.

4. O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a primeira reunião do Comitê. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em suas regras de procedimento.

5. Os Estados Partes serão responsáveis pe-los gastos vinculados à realização das reuni-ões dos Estados Partes e do Comitê, inclu-sive o reembolso de quaisquer gastos, tais como os de pessoal e de serviço, em que incorrerem as Nações Unidas em conformi-dade com o parágrafo 3 do presente Artigo.

ARTIGO 19

1. Os Estados Partes submeterão ao Comi-tê, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medi-das por eles adotadas no cumprimento das obrigações assumidas em virtude da pre-sente Convenção, dentro de prazo de um ano, a contar do início da vigência da pre-sente Convenção no Estado Parte interes-sado. A partir de então, os Estados Partes deverão apresentar relatórios suplementa-res a cada quatro anos sobre todas as novas disposições que houverem adotado, bem como outros relatórios que o Comitê vier a solicitar.

2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os relatórios a todos os Estados Partes.

3. Cada relatório será examinado pelo Co-mitê, que poderá fazer os comentários ge-rais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado Parte interessado. Este poderá, em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observações que deseje formular.

4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão de incluir qualquer comentário que houver feito de acordo com o que estipula o parágrafo 3 do presente Artigo, junto com as observações conexas recebidas do Esta-do Parte interessado, em seu relatório anu-al que apresentará em conformidade com o Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte interessado, o Comitê poderá também in-cluir cópia do relatório apresentado em vir-tude do parágrafo 1 do presente Artigo.

ARTIGO 20

1. O Comitê, no caso de vir a receber infor-mações fidedignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada sistematicamente no território de um Estado Parte, convidará o Estado Parte em questão a cooperar no exame das infor-mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co-mitê as observações que julgar pertinentes.

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2. Levando em consideração todas as ob-servações que houver apresentado o Esta-do Parte interessado, bem como quaisquer outras informações pertinentes de que dis-puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi-ficável, designar um ou vários de seus mem-bros para que procedam a uma investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê.

3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2 do presente Arti-go, o Comitê procurará obter a colaboração do Estado Parte interessado. Com a concor-dância do Estado Parte em questão, a inves-tigação poderá incluir uma visita a seu ter-ritório.

4. Depois de haver examinado as conclu-sões apresentadas por um ou vários de seus membros, nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao Estado Parte interessado, junto com as ob-servações ou sugestões que considerar per-tinentes em vista da situação.

5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1 ao 4 do pre-sente Artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos, procurar--se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação realiza-da de acordo com o parágrafo 2, o Comitê poderá, após celebrar consultas com o Es-tado Parte interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados da investi-gação em seu relatório anual, que apresen-tará em conformidade com o Artigo 24.

ARTIGO 21

1. Com base no presente Artigo, todo Esta-do Parte da presente Convenção poderá de-clarar, a qualquer momento, que reconhece a competência dos Comitês para receber e examinar as comunicações em que um Es-tado Parte alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Convenção. As referidas comuni-

cações só serão recebidas e examinadas nos termos do presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a com-petência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo estarão sujei-tas ao procedimento que se segue:

a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Parte não vem cumprindo as dispo-sições da presente Convenção poderá, me-diante comunicação escrita, levar a questão ao conhecimento deste Estado Parte. Den-tro de um prazo de três meses a contar da data do recebimento da comunicação, o Es-tado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comunicação explicações ou quais-quer outras declarações por escrito que es-clareçam a questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja possível e perti-nente, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão;

b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da comuni-cação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoria-mente para ambos os Estado Partes inte-ressados, tanto um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comitê, mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro Estado interessado;

c) o Comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do presen-te Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgota-dos, em consonância com os princípios do Direito internacional geralmente reconhe-cidos. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se pro-longar injustificadamente ou quando não for provável que a aplicação de tais recursos

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venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da pre-sente Convenção;

d) o Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as comunica-ções previstas no presente Artigo;

e) sem prejuízo das disposições da alínea c), o Comitê colocará seus bons ofícios à dis-posição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar uma solução amisto-sa para a questão, baseada no respeito às obrigações estabelecidas na presente Con-venção. Com vistas a atingir esse objetivo, o Comitê poderá constituir, se julgar con-veniente, uma comissão de conciliação ad hoc;

f) em todas as questões que se lhe subme-tam em virtude do presente Artigo, o Comi-tê poderá solicitar aos Estados Partes inte-ressados, a que se faz referência na alínea b), que lhe forneçam quaisquer informa-ções pertinentes;

g) os Estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea b), terão o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no Comitê e de apresen-tar suas observações verbalmente e/ou por escrito;

h) o Comitê, dentro dos doze meses seguin-tes à data de recebimento de notificação mencionada na b), apresentará relatório em que:

I) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se--á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada;

II) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre-ve exposição dos fatos; serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados.

Para cada questão, o relatório será encami-nhado aos Estados Partes interessados.

2. As disposições do presente Artigo entra-rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona-das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta-dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-ções Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao Secre-tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos que o Estado Parte in-teressado haja feito uma nova declaração.

ARTIGO 22

1. Todo Estado Parte da presente Conven-ção poderá, em virtude do presente Artigo, declarar, a qualquer momento, que reco-nhece a competência do Comitê para rece-ber e examinar as comunicações enviadas por pessoas sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Parte, das disposições da Convenção.O Comitê não receberá comu-nicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito declaração dessa na-tureza.

2. O Comitê considerará inadmissível qual-quer comunicação recebida em conformi-dade com o presente Artigo que seja anô-nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do direito de apresentar as referidas comu-nicações, ou que seja incompatível com as disposições da presente Convenção.

3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê levará todas as comunicações

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apresentadas em conformidade com este Artigo ao conhecimento do Estado Parte da presente Convenção que houver feito uma declaração nos termos do parágrafo 1 e so-bre o qual se alegue ter violado qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis meses seguintes, o Estado destinatário sub-meterá ao Comitê as explicações ou decla-rações por escrito que elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adotado pelo Estado em questão.

4. O Comitê examinará as comunicações re-cebidas em conformidade com o presente Artigo á luz de todas as informações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou em nome dela, e pelo Estado Parte interessado.

5. O Comitê não examinará comunicação alguma de uma pessoa, nos termos do pre-sente Artigo, sem que se haja assegurado de que;

a) a mesma questão não foi, nem está sen-do, examinada perante uma outra instância internacional de investigação ou solução;

b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se prolongar in-justificadamente ou quando não for prová-vel que a aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção.

6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinado as comunicações previstas no presente Artigo.

7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es-tado Parte e à pessoa em questão.

8. As disposições do presente Artigo entra-rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona-das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta-dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-

ções Unidas, que enviará cópia das mesmas ao demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao Secre-tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre retirada da declaração, a menos que o Estado Parte interessado haja feito uma nova declaração.

ARTIGO 23

Os membros do Comitê e os membros das Comissões de Conciliação ad noc designa-dos nos termos da alínea e) do parágrafo 1 do Artigo 21 terão o direito às facilidades, privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no desempenho de missões para a Organização das Nações Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas.

ARTIGO 24

O Comitê apresentará, em virtude da pre-sente Convenção, um relatório anula sobre suas atividades aos Estados Partes e à As-sembléia Geral das Nações Unidas.

PARTE III

ARTIGO 25

1. A presente Convenção está aberta à assi-natura de todos os Estados.

2. A presente Convenção está sujeita a rati-ficação. Os instrumentos de ratificação se-rão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

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ARTIGO 26

A presente Convenção está aberta à Adesão de todos os Estados. Far-se-á a Adesão me-diante depósito do Instrumento de Adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Uni-das.

ARTIGO 27

1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento de ratificação ou ade-são houver sido depositado junto ao Secre-tário-Geral das Nações Unidas.

2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratifi-cação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o Estado em questão houver deposita-do seu instrumento de ratificação ou ade-são.

ARTIGO 28

1. Cada Estado Parte poderá declarar, por ocasião da assinatura ou da ratificação da presente Convenção ou da adesão a ela, que não reconhece a competência do Comi-tê quando ao disposto no Artigo 20.

2. Todo Estado Parte da presente Conven-ção que houver formulado uma reserva em conformidade com o parágrafo 1 do presen-te Artigo poderá, a qualquer momento, tor-nar sem efeito essa reserva, mediante noti-ficação endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

ARTIGO 29

1. Todo Estado Parte da presente Conven-ção poderá propor uma emenda e deposi-tá-la junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes que o notifiquem se desejam que se convoque uma conferência dos Esta-dos Partes destinada a examinar a propos-ta e submetê-la a votação. Se, dentro dos

quatro meses seguintes à data da referida comunicação, pelos menos um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da refe-rida convocação, o Secretário-Geral convo-cará uma conferência sob os auspícios das Nações Unidas. Toda emenda adotada pela maioria dos Estados Partes presentes e vo-tantes na conferência será submetida pelo Secretário-Geral à aceitação de todos os Es-tados Partes.

2. Toda emenda adotada nos termos das disposições do parágrafo 1 do presente Ar-tigo entrará em vigor assim que dois terços dos Estados Partes da presente Convenção houverem notificado o Secretário-Geral das Nações Unidas de que a aceitaram em con-sonância com os procedimentos previstos por suas respectivas constituições.

3. Quando entrarem em vigor, as emen-das serão obrigatórias para todos os Esta-dos Partes que as tenham aceito, ao passo que os demais Estados Partes permanecem obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

ARTIGO 30

1. As controvérsias entre dois ou mais Esta-dos Partes com relação à interpretação ou à aplicação da presente Convenção que não puderem ser dirimidas por meio da nego-ciação serão, a pedido de um deles, subme-tidas a arbitragem. Se durante os seis meses seguintes à data do pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se de acordo quanto aos termos do compromisso de ar-bitragem, qualquer das Partes poderá sub-meter a controvérsia à Corte Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em conformidade com o Estatuto da Corte.

2. Cada Estado poderá, por ocasião da as-sinatura ou da ratificação da presente Convenção, declarar que não se considera obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os demais Estados Partes não estarão obriga-dos pelo referido parágrafo com relação a

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qualquer Estado Parte que houver formula-do reserva dessa natureza.

3. Todo Estado Parte que houver formulado reserva nos termos do parágrafo 2 do pre-sente Artigo poderá retirá-la, a qualquer momento, mediante notificação endereça-da ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

ARTIGO 31

1. Todo Estado Parte poderá denunciar a presente Convenção mediante notificação por escrito endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos um ano depois da data de recebi-mento da notificação pelo Secretário-Geral.

2. A referida denúncia não eximirá o Estado Parte das obrigações que lhe impõe a pre-sente Convenção relativamente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da data em que a denúncia venha a produzir efeitos; a denúncia não acarretará, tampouco, a sus-pensão do exame de quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar antes da data em que a denúncia veio a produzir efeitos.

3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a denúncia de um Estado Parte, o Comitê não dará início ao exame de qual-quer nova questão referente ao Estado em apreço.

ARTIGO 32

O Secretário-Geral das Nações Unidas co-municará a todos os Estados membros das Nações Unidas e a todos os Estados que as-sinaram a presente Convenção ou a ela ade-riram:

a) as assinaturas, ratificações e adesões re-cebidas em conformidade com os Artigos 25 e 26;

b) a data de entrada em vigor da Conven-ção, nos termos do Artigo 27, e a data de entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do Artigo 29;

c) as denúncias recebidas em conformida-des com o Artigo 31.

ARTIGO 33

1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será depo-sitada junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en-caminhará cópias autenticadas da presente Convenção a todos os Estados.

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PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010)

Estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissio-nais de Segurança Pública.

O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA

REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTI-ÇA, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da Constituição Federal de 1988, resolvem:

Art. 1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacio-nais de Promoção e Defesa dos Direitos Huma-nos dos Profissionais de Segurança Pública, na forma do Anexo desta Portaria.

Art. 2º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério da Jus-tiça estabelecerão mecanismos para estimular e monitorar iniciativas que visem à implemen-tação de ações para efetivação destas diretrizes em todas as unidades federadas, respeitada a repartição de competências prevista no art. 144 da Constituição Federal de 1988.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

PAULO DE TARSO VANNUCHI

Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Repú-

blica

LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO

Ministro de Estado da Justiça

ANEXODIREITOS CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ

1) Adequar as leis e regulamentos discipli-nares que versam sobre direitos e deveres dos profissionais de segurança pública à Constituição Federal de 1988.

2) Valorizar a participação das instituições e dos profissionais de segurança pública nos processos democráticos de debate, divulga-ção, estudo, reflexão e formulação das polí-ticas públicas relacionadas com a área, tais como conferências, conselhos, seminários, pesquisas, encontros e fóruns temáticos.

3) Assegurar o exercício do direito de opi-nião e a liberdade de expressão dos profis-sionais de segurança pública, especialmen-te por meio da Internet, blogs, sites e fóruns de discussão, à luz da Constituição Federal de 1988.

4) Garantir escalas de trabalho que contem-plem o exercício do direito de voto por to-dos os profissionais de segurança pública.

VALORIZAÇÃO DA VIDA

5) Proporcionar equipamentos de proteção individual e coletiva aos profissionais de segurança pública, em quantidade e quali-dade adequadas, garantindo sua reposição permanente, considerados o desgaste e prazos de validade.

6) Assegurar que os equipamentos de pro-teção individual contemplem as diferenças de gênero e de compleição física.

7) Garantir aos profissionais de segurança pública instrução e treinamento continuado quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção individual.

8) Zelar pela adequação, manutenção e permanente renovação de todos os veícu-los utilizados no exercício profissional, bem como assegurar instalações dignas em to-das as instituições, com ênfase para as con-dições de segurança, higiene, saúde e am-biente de trabalho.

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9) Considerar, no repasse de verbas federais aos entes federados, a efetiva disponibiliza-ção de equipamentos de proteção individu-al aos profissionais de segurança pública.

DIREITO À DIVERSIDADE

10) Adotar orientações, medidas e práticas concretas voltadas à prevenção, identifica-ção e enfrentamento do racismo nas insti-tuições de segurança pública, combatendo qualquer modalidade de preconceito.

11) Garantir respeito integral aos direitos constitucionais das profissionais de segu-rança pública femininas, considerando as especificidades relativas à gestação e à amamentação, bem como as exigências permanentes de cuidado com filhos crian-ças e adolescentes, assegurando a elas ins-talações físicas e equipamentos individuais específicos sempre que necessário.

12) Proporcionar espaços e oportunidades nas instituições de segurança pública para organização de eventos de integração fami-liar entre todos os profissionais, com ênfase em atividades recreativas, esportivas e cul-turais voltadas a crianças, adolescentes e jovens.

13) Fortalecer e disseminar nas instituições a cultura de não discriminação e de pleno respeito à liberdade de orientação sexual do profissional de segurança pública, com ênfase no combate à homofobia.

14) Aproveitar o conhecimento e a vivência dos profissionais de segurança pública ido-sos, estimulando a criação de espaços insti-tucionais para transmissão de experiências, bem como a formação de equipes de traba-lho composta por servidores de diferentes faixas etárias para exercitar a integração in-tergeracional.

15) Estabelecer práticas e serviços internos que contemplem a preparação do profissio-nal de segurança pública para o período de aposentadoria, estimulando o prossegui-

mento em atividades de participação cida-dã após a fase de serviço ativo.

16) Implementar os paradigmas de acessibi-lidade e empregabilidade das pessoas com deficiência em instalações e equipamentos do sistema de segurança pública, assegu-rando a reserva constitucional de vagas nos concursos públicos.

SAÚDE

17) Oferecer ao profissional de segurança pública e a seus familiares, serviços perma-nentes e de boa qualidade para acompa-nhamento e tratamento de saúde.

18) Assegurar o acesso dos profissionais do sistema de segurança pública ao aten-dimento independente e especializado em saúde mental.

19) Desenvolver programas de acompanha-mento e tratamento destinados aos profissio-nais de segurança pública envolvidos em ações com resultado letal ou alto nível de estresse.

20) Implementar políticas de prevenção, apoio e tratamento do alcoolismo, tabagis-mo ou outras formas de drogadição e de-pendência química entre profissionais de segurança pública.

21) Desenvolver programas de prevenção ao suicídio, disponibilizando atendimento psi-quiátrico, núcleos terapêuticos de apoio e divulgação de informações sobre o assunto.

22) Criar núcleos terapêuticos de apoio vol-tados ao enfrentamento da depressão, es-tresse e outras alterações psíquicas.

23) Possibilitar acesso a exames clínicos e laboratoriais periódicos para identificação dos fatores mais comuns de risco à saúde.

24) Prevenir as consequências do uso conti-nuado de equipamentos de proteção indivi-dual e outras doenças profissionais ocasio-nadas por esforço repetitivo, por meio de acompanhamento médico especializado.

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25) Estimular a prática regular de exercícios físicos, garantindo a adoção de mecanismos que permitam o cômputo de horas de ativi-dade física como parte da jornada semanal de trabalho.

26) Elaborar cartilhas voltadas à reeduca-ção alimentar como forma de diminuição de condições de risco à saúde e como fator de bem-estar profissional e autoestima.

REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO

27) Promover a reabilitação dos profissio-nais de segurança pública que adquiram lesões, traumas, deficiências ou doenças ocupacionais em decorrência do exercício de suas atividades.

28) Consolidar, como valor institucional, a importância da readaptação e da reintegra-ção dos

profissionais de segurança pública ao tra-balho em casos de lesões, traumas, defici-ências ou doenças ocupacionais adquiridos em decorrência do exercício de suas ativida-des.

29) Viabilizar mecanismos de readaptação dos profissionais de segurança pública e deslocamento para novas funções ou pos-tos de trabalho como alternativa ao afasta-mento definitivo e à inatividade em decor-rência de acidente de trabalho, ferimentos ou sequelas.

DIGNIDADE E SEGURANÇA NO TRABALHO

30) Manter política abrangente de preven-ção de acidentes e ferimentos, incluindo a padronização de métodos e rotinas, ativi-dades de atualização e capacitação, bem como a constituição de comissão especiali-zada para coordenar esse trabalho.

31) Garantir aos profissionais de segurança pública acesso ágil e permanente a toda in-formação necessária para o correto desem-

penho de suas funções, especialmente no tocante à legislação a ser observada.

32) Erradicar todas as formas de punição envolvendo maus tratos, tratamento cruel, desumano ou degradante contra os profis-sionais de segurança pública, tanto no coti-diano funcional como em atividades de for-mação e treinamento.

33) Combater o assédio sexual e moral nas instituições, veiculando campanhas inter-nas de educação e garantindo canais para o recebimento e apuração de denúncias.

34) Garantir que todos os atos decisórios de superiores hierárquicos dispondo sobre pu-nições, escalas, lotação e transferências se-jam devidamente motivados e fundamenta-dos.

35) Assegurar a regulamentação da jornada de trabalho dos profissionais de segurança pública, garantindo o exercício do direito à convivência familiar e comunitária.

SEGUROS E AUXÍLIOS

36) Apoiar projetos de leis que instituam se-guro especial aos profissionais de segurança pública, para casos de acidentes e traumas incapacitantes ou morte em serviço.

37) Organizar serviços de apoio, orientação psicológica e assistência social às famílias de profissionais de segurança pública para casos de morte em serviço.

38) Estimular a instituição de auxílio-funeral destinado às famílias de profissionais de se-gurança pública ativos e inativos.

ASSISTÊNCIA JURÍDICA

39) Firmar parcerias com Defensorias Pú-blicas, serviços de atendimento jurídico de faculdades de Direito, núcleos de advocacia pro bono e outras instâncias de advocacia gratuita para assessoramento e defesa dos

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profissionais de segurança pública, em ca-sos decorrentes do exercício profissional.

40) Proporcionar assistência jurídica para fins de recebimento de seguro, pensão, au-xílio ou outro direito de familiares, em caso de morte do profissional de segurança pú-blica.

HABITAÇÃO

41) Garantir a implementação e a divulga-ção de políticas e planos de habitação volta-dos aos profissionais de segurança pública, com a concessão de créditos e financiamen-tos diferenciados.

CULTURA E LAZER

42) Conceber programas e parcerias que estimulem o acesso à cultura pelos profis-sionais de segurança pública e suas famílias, mediante vales para desconto ou ingresso gratuito em cinemas, teatros, museus e ou-tras atividades, e que garantam o incentivo à produção cultural própria.

43) Promover e estimular a realização de atividades culturais e esportivas nas instala-ções físicas de academias de polícia, quar-téis e outros prédios das corporações, em finais de semana ou outros horários de dis-ponibilidade de espaços e equipamentos.

44) Estimular a realização de atividades cul-turais e esportivas desenvolvidas por asso-ciações, sindicatos e clubes dos profissio-nais de segurança pública.

EDUCAÇÃO

45) Estimular os profissionais de segurança pública a frequentar programas de forma-ção continuada, estabelecendo como obje-tivo de longo prazo a universalização da gra-duação universitária.

46) Promover a adequação dos currículos das academias à Matriz Curricular Nacional,

assegurando a inclusão de disciplinas volta-das ao ensino e à compreensão do sistema e da política nacional de segurança pública e dos Direitos Humanos.

47) Promover nas instituições de segurança pública uma cultura que valorize o aprimo-ramento profissional constante de seus ser-vidores também em outras áreas do conhe-cimento, distintas da segurança pública.

48) Estimular iniciativas voltadas ao aperfei-çoamento profissional e à formação conti-nuada dos profissionais de segurança públi-ca, como o projeto de ensino a distância do governo federal e a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp).

49) Assegurar o aperfeiçoamento profissio-nal e a formação continuada como direitos do profissional de segurança pública.

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS

50) Assegurar a produção e divulgação regu-lar de dados e números envolvendo mortes, lesões e doenças graves sofridas por profis-sionais de segurança pública no exercício ou em decorrência da profissão.

51) Utilizar os dados sobre os processos disciplinares e administrativos movidos em face de profissionais de segurança pública para identificar vulnerabilidades dos treina-mentos e inadequações na gestão de recur-sos humanos.

52) Aprofundar e sistematizar os conheci-mentos sobre diagnose e prevenção de do-enças ocupacionais entre profissionais de segurança pública.

53) Identificar locais com condições de trabalho especialmente perigosas ou insa-lubres, visando à prevenção e redução de danos e de riscos à vida e à saúde dos pro-fissionais de segurança pública.

54) Estimular parcerias entre universidades e instituições de segurança pública para diagnóstico e elaboração de projetos volta-

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dos à melhoria das condições de trabalho dos profissionais de segurança pública.

55) Realizar estudos e pesquisas com a par-ticipação de profissionais de segurança pú-blica sobre suas condições de trabalho e a eficácia dos programas e serviços a eles dis-ponibilizados por suas instituições.

ESTRUTURAS E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

56) Constituir núcleos, divisões e unidades especializadas em Direitos Humanos nas academias e na estrutura regular das insti-tuições de segurança pública, incluindo en-tre suas tarefas a elaboração de livros, car-tilhas e outras publicações que divulguem dados e conhecimentos sobre o tema.

57) Promover a multiplicação de cursos avançados de Direitos Humanos nas insti-tuições, que contemplem o ensino de ma-térias práticas e teóricas e adotem o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos como referência.

58) Atualizar permanentemente o ensino de Direitos Humanos nas academias, refor-çando nos cursos a compreensão de que os profissionais de segurança pública também são titulares de Direitos Humanos, devem agir como defensores e promotores desses direitos e precisam ser vistos desta forma pela comunidade.

59) Direcionar as atividades de formação no sentido de consolidar a compreensão de que a atuação do profissional de segu-rança pública orientada por padrões inter-nacionais de respeito aos Direitos Humanos não dificulta, nem enfraquece a atividade das instituições de segurança pública, mas confere-lhes credibilidade, respeito social e eficiência superior.

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL

60) Contribuir para a implementação de planos voltados à valorização profissional e social dos profissionais de segurança públi-ca, assegurado o respeito a critérios básicos de dignidade salarial.

61) Multiplicar iniciativas para promoção da saúde e da qualidade de vida dos profissio-nais de segurança pública.

62) Apoiar o desenvolvimento, a regula-mentação e o aperfeiçoamento dos progra-mas de atenção biopsicossocial já existen-tes.

63) Profissionalizar a gestão das instituições de segurança pública, fortalecendo uma cul-tura gerencial enfocada na necessidade de elaborar diagnósticos, planejar, definir me-tas explícitas e monitorar seu cumprimento.

64) Ampliar a formação técnica específica para gestores da área de segurança pública.

65) Veicular campanhas de valorização pro-fissional voltadas ao fortalecimento da ima-gem institucional dos profissionais de segu-rança pública.

66) Definir e monitorar indicadores de satis-fação e de realização profissional dos profis-sionais de segurança pública.

67) Estimular a participação dos profissio-nais de segurança pública na elaboração de todas as políticas e programas que os envol-vam.

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PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A)

DOU de 03/01/2011 (nº 1, Seção 1, pág. 27)

Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública.

O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA E O MI-NISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA RE-PÚBLICA, no uso das atribuições que lhes confe-rem os incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da Constituição Federal e,

considerando que a concepção do direito à se-gurança pública com cidadania demanda a se-dimentação de políticas públicas de segurança pautadas no respeito aos direitos humanos;

considerando o disposto no Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplica-ção da Lei, adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979, nos Princípios Bási-cos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pe-los Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setem-bro de 1999, nos Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas na sua Resolução 1.989/61, de 24 de maio de 1989 e na Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cru-éis, Desumanos ou Degradantes, adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de de-zembro de 1984 e promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991 (1) ;

considerando a necessidade de orientação e pa-dronização dos procedimentos da atuação dos agentes de segurança pública aos princípios in-ternacionais sobre o uso da força;

considerando o objetivo de reduzir paulatina-mente os índices de letalidade resultantes de ações envolvendo agentes de segurança públi-ca; e,

considerando as conclusões do Grupo de Traba-lho, criado para elaborar proposta de Diretrizes sobre Uso da Força, composto por representan-tes das Polícias Federais, Estaduais e Guardas Municipais, bem como com representantes da sociedade civil, da Secretaria de Direitos Huma-nos da Presidência da República e do Ministério da Justiça, resolvem:

Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Públi-ca, na forma do Anexo I desta Portaria.

Parágrafo único. Aplicam-se às Diretri-zes estabelecidas no Anexo I, as definições constantes no Anexo II desta Portaria.

Art. 2º A observância das diretrizes menciona-das no artigo anterior passa a ser obrigatória pelo Departamento de Polícia Federal, pelo De-partamento de Polícia Rodoviária Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional e pela Força Nacional de Segurança Pública.

§ 1º As unidades citadas no caput deste ar-tigo terão 90 dias, contados a partir da pu-blicação desta Portaria, para adequar seus procedimentos operacionais e seu processo de formação e treinamento às diretrizes su-pramencionadas.

§ 2º As unidades citadas no caput deste ar-tigo terão 60 dias, contados a partir da pu-blicação desta Portaria, para fixar a norma-tização mencionada na diretriz nº 9 e para criar a comissão mencionada na diretriz nº 23.

§ 3º As unidades citadas no caput deste artigo terão 60 dias, contados a partir da publicação desta Portaria, para instituir Co-missão responsável por avaliar sua situação interna em relação às diretrizes não men-

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cionadas nos parágrafos anteriores e propor medidas para assegurar as adequações ne-cessárias.

Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério da Jus-tiça estabelecerão mecanismos para estimular e monitorar iniciativas que visem à implementa-ção de ações para efetivação das diretrizes tra-tadas nesta Portaria pelos entes federados, res-peitada a repartição de competências prevista no art. 144 da Constituição Federal.

Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça levará em consideração a observância das diretrizes tratadas nesta Portaria no repasse de recursos aos entes federados.

Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

LUIZ PAULO BARRETO – Ministro de Estado da Justiça

PAULO DE TARSO VANNUCHI – Ministro de Esta-do Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

ANEXO I

DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA E ARMAS DE FOGO PELOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA

1. O uso da força pelos agentes de segurança pública deverá se pautar nos documentos in-ternacionais de proteção aos direitos huma-nos e deverá considerar, primordialmente:

a) ao Código de Conduta para os Funcio-nários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979;

b) os Princípios orientadores para a Aplica-ção Efetiva do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas na sua Resolu-ção 1.989/61, de 24 de maio de 1989;

c) os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Respon-sáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos De-linquentes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1999;

d) a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de dezembro de 1984 e promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991.

2. O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.

3. Os agentes de segurança pública não de-verão disparar armas de fogo contra pesso-as, exceto em casos de legítima defesa pró-pria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ou lesão grave.

4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarma-da ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de se-gurança pública ou terceiros.

5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de segurança públi-ca ou terceiros.

6. Os chamados "disparos de advertência" não são considerados prática aceitável, por não atenderem aos princípios elencados na Diretriz nº 2 e em razão da imprevisibilidade de seus efeitos.

7. O ato de apontar arma de fogo contra pessoas durante os procedimentos de abor-dagem não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada.

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8. Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se en-volver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação especí-fica, independentemente de portar ou não arma de fogo.

9. Os órgãos de segurança pública deverão editar atos normativos disciplinando o uso da força por seus agentes, definindo objeti-vamente:

a) os tipos de instrumentos e técnicas auto-rizadas;

b) as circunstâncias técnicas adequadas à sua utilização, ao ambiente/entorno e ao risco potencial a terceiros não envolvidos no evento;

c) o conteúdo e a carga horária mínima para habilitação e atualização periódica ao uso de cada tipo de instrumento;

d) a proibição de uso de armas de fogo e munições que provoquem lesões desneces-sárias e risco injustificado; e

e) o controle sobre a guarda e utilização de armas e munições pelo agente de seguran-ça pública.

10. Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o agente de segurança pública envolvido deverá realizar as seguin-tes ações:

a) facilitar a prestação de socorro ou assis-tência médica aos feridos;

b) promover a correta preservação do local da ocorrência;

c) comunicar o fato ao seu superior imedia-to e à autoridade competente; e

d) preencher o relatório individual corres-pondente sobre o uso da força, disciplinado na Diretriz nº 22.

11. Quando o uso da força causar lesão ou morte de pessoa(s), o órgão de segurança pública deverá realizar as seguintes ações:

a) facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos feridos;

b) recolher e identificar as armas e muni-ções de todos os envolvidos, vinculando-as aos seus respectivos portadores no mo-mento da ocorrência;

c) solicitar perícia criminalística para o exa-me de local e objetos bem como exames médico-legais;

d) comunicar os fatos aos familiares ou ami-gos da(s) pessoa(s) ferida(s) ou morta(s);

e) iniciar, por meio da Corregedoria da ins-tituição, ou órgão equivalente, investigação imediata dos fatos e circunstâncias do em-prego da força;

f) promover a assistência médica às pessoas feridas em decorrência da intervenção, in-cluindo atenção às possíveis sequelas;

g) promover o devido acompanhamento psicológico aos agentes de segurança pú-blica envolvidos, permitindo-lhes superar ou minimizar os efeitos decorrentes do fato ocorrido; e

h) afastar temporariamente do serviço ope-racional, para avaliação psicológica e redu-ção do estresse, os agentes de segurança pública envolvidos diretamente em ocor-rências com resultado letal.

12. Os critérios de recrutamento e seleção para os agentes de segurança pública deve-rão levar em consideração o perfil psicoló-gico necessário para lidar com situações de estresse e uso da força e arma de fogo.

13. Os processos seletivos para ingresso nas instituições de segurança pública e os cur-sos de formação e especialização dos agen-tes de segurança pública devem incluir con-teúdos relativos a direitos humanos.

14. As atividades de treinamento fazem par-te do trabalho rotineiro do agente de segu-rança pública e não deverão ser realizadas em seu horário de folga, de maneira a se-rem preservados os períodos de descanso, lazer e convivência sócio-familiar.

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15. A seleção de instrutores para ministra-rem aula em qualquer assunto que englobe o uso da força deverá levar em conta análise rigorosa de seu currículo formal e tempo de serviço, áreas de atuação, experiências an-teriores em atividades fim, registros funcio-nais, formação em direitos humanos e nive-lamento em ensino. Os instrutores deverão ser submetidos à aferição de conhecimen-tos teóricos e práticos e sua atuação deve ser avaliada.

16. Deverão ser elaborados procedimen-tos de habilitação para o uso de cada tipo de arma de fogo e instrumento de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica, psicológica, física e treinamento es-pecífico, com previsão de revisão periódica mínima.

17. Nenhum agente de segurança públi-ca deverá portar armas de fogo ou instru-mento de menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e sempre que um novo tipo de arma ou ins-trumento de menor potencial ofensivo for introduzido na instituição deverá ser esta-belecido um módulo de treinamento espe-cífico com vistas à habilitação do agente.

18. A renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser feita com periodicidade mínima de 1 (um) ano.

19. Deverá ser estimulado e priorizado, sempre que possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor potencial ofensi-vo pelos agentes de segurança pública, de acordo com a especificidade da função ope-racional e sem se restringir às unidades es-pecializadas.

20. Deverão ser incluídos nos currículos dos cursos de formação e programas de educa-ção continuada conteúdos sobre técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo.

21. As armas de menor potencial ofensivo deverão ser separadas e identificadas de forma diferenciada, conforme a necessida-de operacional.

22. O uso de técnicas de menor potencial ofensivo deve ser constantemente avaliado.

23. Os órgãos de segurança pública deve-rão criar comissões internas de controle e acompanhamento da letalidade, com o ob-jetivo de monitorar o uso efetivo da força pelos seus agentes.

24. Os agentes de segurança pública deve-rão preencher um relatório individual todas as vezes que dispararem arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, ocasionando lesões ou mortes. O relatório deverá ser encaminha-do à comissão interna mencionada na Di-retriz nº 23 e deverá conter no mínimo as seguintes informações:

a) circunstâncias e justificativa que levaram o uso da força ou de arma de fogo por parte do agente de segurança pública;

b) medidas adotadas antes de efetuar os disparos/usar instrumentos de menor po-tencial ofensivo, ou as razões pelas quais elas não puderam ser contempladas;

c) tipo de arma e de munição, quantidade de disparos efetuados, distância e pessoa contra a qual foi disparada a arma;

d) instrumento(s) de menor potencial ofen-sivo utilizado(s), especificando a freqüência, a distância e a pessoa contra a qual foi utili-zado o instrumento;

e) quantidade de agentes de segurança pú-blica feridos ou mortos na ocorrência, meio e natureza da lesão;

f) quantidade de feridos e/ou mortos atin-gidos pelos disparos efetuados pelo(s) agente(s) de segurança pública;

g) número de feridos e/ou mortos atingi-dos pelos instrumentos de menor potencial ofensivo utilizados pelo(s) agente(s) de se-gurança pública;

h) número total de feridos e/ou mortos du-rante a missão;

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i) quantidade de projéteis disparados que atingiram pessoas e as respectivas regiões corporais atingidas;

j) quantidade de pessoas atingidas pelos instrumentos de menor potencial ofensivo e as respectivas regiões corporais atingidas;

k) ações realizadas para facilitar a assistência e/ou auxílio médico, quando for o caso; e

l) se houve preservação do local e, em caso negativo, apresentar justificativa.

25. Os órgãos de segurança pública deverão, observada a legislação pertinente, oferecer possibilidades de reabilitação e reintegra-ção ao trabalho aos agentes de segurança pública que adquirirem deficiência física em decorrência do desempenho de suas ativi-dades.

ANEXO II

Glossário

Armas de menor potencial ofensivo: Armas projetadas e/ou empregadas, especifica-mente, com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua integridade.

Equipamentos de menor potencial ofensivo: Todos os artefatos, excluindo armas e mu-nições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e minimizar danos à sua integridade.

Equipamentos de proteção: Todo disposi-tivo ou produto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes de segurança pública.

Força: Intervenção coercitiva imposta à pes-soa ou grupo de pessoas por parte do agen-te de segurança pública com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei.

Instrumentos de menor potencial ofensivo: Conjunto de armas, munições e equipa-

mentos desenvolvidos com a finalidade de preservar vidas e minimizar danos à integri-dade das pessoas.

Munições de menor potencial ofensivo: Munições projetadas e empregadas, especi-ficamente, para conter, debilitar ou incapa-citar temporariamente pessoas, preservan-do vidas e minimizando danos a integridade das pessoas envolvidas.

Nível do Uso da Força: Intensidade da força escolhida pelo agente de segurança pública em resposta a uma ameaça real ou potencial.

Princípio da Conveniência: A força não poderá ser empregada quando, em função do contex-to, possa ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos legais pretendidos.

Princípio da Legalidade: Os agentes de se-gurança pública só poderão utilizar a força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites da lei.

Princípio da Moderação: O emprego da for-ça pelos agentes de segurança pública deve sempre que possível, além de proporcional, ser moderado, visando sempre reduzir o emprego da força.

Princípio da Necessidade: Determinado nível de força só pode ser empregado quando níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.

Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utilizado deve sempre ser compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pre-tendidos pelo agente de segurança pública.

Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjun-to de procedimentos empregados em interven-ções que demandem o uso da força, através do uso de instrumentos de menor potencial ofen-sivo, com intenção de preservar vidas e minimi-zar danos à integridade das pessoas.

Uso Diferenciado da Força: Seleção apro-priada do nível de uso da força em resposta a uma ameaça real ou potencial visando li-mitar o recurso a meios que possam causar ferimentos ou mortes.

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DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. (publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011)

Dispõe sobre o tratamento nominal, inclusão e uso do nome social de travestis e transexuais

nos registros estaduais relativos a serviços pú-blicos prestados no âmbito do Poder Executivo Estadual e dá providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere o art. 82, inciso V, da Constituição do Estado, e considerando que a dignidade da pessoa huma-na é princípio fundamental do Estado Democrá-tico de Direito e da República Federativa do Bra-sil, conforme dispõe o art. 1º, incisos II e III, da Constituição Federal;

considerando que a igualdade, a liberdade e a autonomia individual são princípios constitu-cionais que orientam a atuação do Estado e im-põem a realização de políticas públicas

destinadas à promoção da cidadania e respeito às diferenças humanas, incluídas as diferenças sexuais;

considerando que os direitos da diversidade se-xual constituem direitos humanos e que a sua proteção requer ações efetivas do Estado no sentido de assegurar o pleno exercício da cida-dania e a integral inclusão social da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transe-xuais – LGBT;

considerando o Parecer nº 739/2009 do Conse-lho Estadual de Educação que aconselha às es-colas do Sistema Estadual de Ensino a adoção do nome social escolhido pelo aluno pertencen-te aos grupos transexuais e travestis, tendo em vista que vai ao encontro de um padrão huma-nístico afinado com os temas da inclusão social e da aceitação da diversidade humana; e

considerando que é direito de toda pessoa a li-vre expressão da sua identidade sexual e que o nome não pode ser indutor de constrangimen-tos nem de preconceitos;

DECRETA:

Art. 1º Nos procedimentos e atos dos Órgãos da Administração Pública Estadual Direta e Indireta de atendimento a travestis e transexuais deverá ser assegurado o direito à escolha de seu nome social, independentemente de registro civil, nos termos deste Decreto.

Parágrafo único. Para fins deste Decreto, nome social é aquele pelo qual travestis e transexuais se identificam e são identifica-dos pela sociedade.

Art. 2º O nome civil deve ser exigido apenas para uso interno da instituição, acompanhado do nome social do usuário, o qual será exteriori-zado nos atos e expedientes administrativos.

Art. 3º Nos casos em que o interesse público exigir, inclusive para salvaguardar direitos de terceiros, será considerado o nome civil da pes-soa travesti ou transexual.

Art. 4º A pessoa interessada indicará no mo-mento do preenchimento do cadastro, formu-lário, prontuário e documento congênere, ou ao se apresentar para o atendimento, o preno-me pelo qual queira ser identificada, na forma como é reconhecida e denominada por sua co-munidade e em sua inserção social.

§ 1º Os servidores públicos deverão tratar a pessoa pelo nome social constante dos atos escritos.

§ 2º O prenome anotado no registro civil deve ser utilizado para os atos que ense-jarão a emissão de documentos oficiais, acompanhado do prenome escolhido.

§ 3º Os documentos obrigatórios de identi-ficação e de registro civil serão emitidos nos termos da legislação própria.

Art. 5º É assegurado ao servidor público traves-ti ou transexual a utilização do seu nome social mediante requerimento à Administração Públi-ca Estadual direta e indireta, nas seguintes situ-ações:

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I – cadastro de dados e informações de uso social;

II – comunicações internas de uso social;

III – endereço de correio eletrônico;

IV – identificação funcional de uso interno do órgão;

V – lista de ramais do órgão; e

VI – nome de usuário em sistemas de infor-mática.

§ 1º No caso do inciso IV, o nome social de-verá ser anotado no anverso e o nome civil no verso da identificação funcional.

§ 2º Nos Sistemas de Recursos Humanos, será implementado campo para a inscrição do nome social indicado pelo servidor.

Art. 6º As escolas da rede de ensino público es-tadual ficam autorizadas a incluir o nome social de travestis e transexuais nos registros escolares para garantir o acesso, a permanência e o êxito

desses cidadãos no processo de escolarização e de aprendizagem.

Art. 7º O descumprimento do disposto neste Decreto por servidor público estadual fica sujei-to às penalidades previstas na Lei Complemen-tar nº 10.098, de 3 de fevereiro de 1994.

Art. 8º Caberá à Secretaria da Justiça e dos Di-reitos Humanos, por meio da Coordenadoria de Diversidade Sexual, promover ampla divulgação deste Decreto para esclarecimento sobre os di-reitos e deveres nele assegurados.

Art. 9º Os órgãos públicos estaduais deverão, no prazo de noventa dias, promover as neces-sárias adaptações nas normas e procedimentos internos à aplicação do disposto neste Decreto.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 27 de junho de 2011.

DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012 (PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012)

Institui a Carteira de Nome Social para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul.

O Governador do Estado do Rio Grande do Sul, no uso das atribuições que lhe confere o art. 82, inciso V, da Constituição do Estado,

Decreta:

Art. 1º Fica instituída a Carteira de Nome So-cial para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul, para o exercício dos direitos previs-tos no Decreto nº 48.118, de 27 de junho de 2011.

Art. 2º A Carteira de Nome Social terá o modelo previsto no Anexo Único deste Decreto no qual deverá constar, obrigatoriamente, os seguintes dizeres: Válida para tratamento nominal nos Órgãos e Entidades do Poder Executivo do Rio Grande do Sul.

Art. 3º É requisito obrigatório para confecção da Carteira de Nome Social a prévia identificação civil no Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 4º Expedida a Carteira, o prenome escolhi-do não poderá ser alterado.

Art. 5º Caberá ao Instituto-Geral de Perícias a confecção da Carteira de Nome Social, que co-meçará a ser expedida no prazo de noventa dias após a publicação deste Decreto.

Art. 6º O Instituto-Geral de Perícias fica auto-rizado a regulamentar administrativamente o procedimento para a expedição da Carteira de Nome Social.

Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 17 de maio de 2012.

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988

TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis-tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direi-tos e obrigações, nos termos desta Consti-tuição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, pro-porcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercí-cio dos cultos religiosos e garantida, na for-ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a pres-tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelec-tual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X – são invioláveis a intimidade, a vida pri-vada, a honra e a imagem das pessoas, as-segurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-ção;

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-sentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-ção judicial;

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-sual penal;

XIII – é livre o exercício de qualquer traba-lho, ofício ou profissão, atendidas as quali-ficações profissionais que a lei estabelecer;

XIV – é assegurado a todos o acesso à in-formação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XV – é livre a locomoção no território na-cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-manecer ou dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde

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que não frustrem outra reunião anterior-mente convocada para o mesmo local, sen-do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter para-militar;

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de au-torização, sendo vedada a interferência es-tatal em seu funcionamento;

XIX – as associações só poderão ser com-pulsoriamente dissolvidas ou ter suas ati-vidades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX – ninguém poderá ser compelido a asso-ciar-se ou a permanecer associado;

XXI – as entidades associativas, quando ex-pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou ex-trajudicialmente;

XXII – é garantido o direito de propriedade;

XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em di-nheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de pro-priedade particular, assegurada ao proprie-tário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII – aos autores pertence o direito ex-clusivo de utilização, publicação ou repro-dução de suas obras, transmissível aos her-deiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da ima-gem e voz humanas, inclusive nas ativida-des desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveita-mento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX – a lei assegurará aos autores de in-ventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das mar-cas, aos nomes de empresas e a outros sig-nos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX – é garantido o direito de herança;

XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasi-leira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte-resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-gurança da sociedade e do Estado;

XXXIV – são a todos assegurados, indepen-dentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

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b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclare-cimento de situações de interesse pessoal;

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI – a lei não prejudicará o direito ad-quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul-gada;

XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de ex-ceção;

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegu-rados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos cri-mes dolosos contra a vida;

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades funda-mentais;

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-dendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV – constitui crime inafiançável e impres-critível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de repa-rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra decla-rada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII – a pena será cumprida em estabele-cimentos distintos, de acordo com a nature-za do delito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L – às presidiárias serão asseguradas con-dições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamen-tação;

LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime co-mum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII – não será concedida extradição de es-trangeiro por crime político ou de opinião;

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LIII – ninguém será processado nem senten-ciado senão pela autoridade competente;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defe-sa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI – são inadmissíveis, no processo, as pro-vas obtidas por meios ilícitos;

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da in-timidade ou o interesse social o exigirem;

LXI – ninguém será preso senão em flagran-te delito ou por ordem escrita e fundamen-tada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados ime-diatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII – o preso será informado de seus direi-tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-lia e de advogado;

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente re-laxada pela autoridade judiciária;

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemen-to voluntário e inescusável de obrigação ali-mentícia e a do depositário infiel;

LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sem-pre que alguém sofrer ou se achar amea-çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX – conceder-se-á mandado de seguran-ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalida-de ou abuso de poder for autoridade públi-ca ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamenta-dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogati-vas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII – conceder-se-á habeas data :

a) para assegurar o conhecimento de infor-mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

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b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi-cial ou administrativo;

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anu-lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à mo-ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídi-ca integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

LXXVI – são gratuitos para os reconhecida-mente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e admi-nistrativo, são assegurados a razoável dura-ção do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Inciso acres-cido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação ime-diata.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorren-tes do regime e dos princípios por ela ado-tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacio-nais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-

cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equi-valentes às emendas constitucionais. (Pará-grafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri-bunal Penal Internacional a cuja criação te-nha manifestado adesão. (Parágrafo acres-cido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Questões

1. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi adotada em 10 de dezembro de 1948. A seu respeito, assinale a alternativa correta.

a) Dada sua correlação com os direitos naturais, houve grande consenso em torno do documento que contou com a aprovação unânime dos Estados, sem reprovações ou abstenções.

b) Estabelece três categorias de direitos: os direitos civis e políticos, os direitos eco-nômicos, sociais e culturais e os direitos coletivos, combinando, de forma inédita, os discursos liberal, social e plural.

c) Não tratou do direito à propriedade, tendo em vista que esse ponto poderia ser objeto de impasse com os Estados do bloco socialista.

d) Embora sem grande repercussão, ga-rante o direito à felicidade que, nos úl-timos anos, tem sido tema de grande debate nacional e internacional.

e) Não apresenta força de lei, por não ser um tratado. Foi adotada pela Assem-bleia das Nações Unidas sob a forma de resolução. Contudo, como consagra va-lores básicos universais, reconhece-se sua força vinculante.

2. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

Ainda sobre a Declaração Universal dos Di-reitos do Homem, é correto afirmar que

a) prevê expressamente o direito à parti-cipação política, mas não o de acesso a serviços públicos.

b) garante a todos, sem qualquer tipo de distinção, educação, direito ao trabalho e saúde pública gratuita.

c) prevê a criação de um tribunal interna-cional para julgamento de violações aos direitos humanos.

d) não estabelece nenhuma forma de go-verno para garantir a aplicação dos di-reitos humanos, pois entende que isso deve ser livremente decidido pelas na-ções individualmente de acordo com sua realidade.

e) prevê o direito ao trabalho e ao repou-so e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e as férias remu-neradas periódicas.

3. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança – DF – Especialista Socioeducativo – Artes Plásticas)

Na Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, consta que

a) todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que impli-ca o direito de não ser inquietado por suas opiniões e o direito de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias, por qualquer meio de expressão.

b) o meio ambiente equilibrado é um direi-to das presentes e das futuras gerações.

c) a família, entendida como a união de um homem e uma mulher pelo casa-mento, é o elemento natural e funda-mental da sociedade e goza do direito à proteção, tanto da sociedade quanto do Estado.

d) ninguém sofrerá intromissões de qual-quer tipo na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio, na sua corres-pondência ou nas suas comunicações telefônicas, nem ataques à sua honra e à sua reputação. Contra tais intromis-sões ou ataques, toda pessoa tem direi-to à proteção da lei.

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e) a vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos e deve exprimir-se por meio de eleições peri-ódicas, por sufrágio universal e igual, com voto obrigatório e secreto.

4. (Aroeira – 2014 – PC-TO – Escrivão de Polí-cia Civil)

A Declaração Universal dos Diretos Huma-nos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezem-bro de 1948, assevera que toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua perso-nalidade é possível. Com base nesse princí-pio, nos termos da Declaração Universal,

a) toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, ex-clusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdade de outrem e de sa-tisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática, sendo que es-ses direitos e liberdades são proibidos, em hipótese alguma, de ser exercidos contrariamente aos propósitos e princí-pios das Nações Unidas.

b) é livre a interferências na vida privada, na família, no lar ou na correspondên-cia, salvo por ordem judicial, nas hipó-teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal, polí-tica ou para instrução processual penal.

c) tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países, em caso de vítima de perseguição, sendo que este direito pode ser invocado, inclusive, em caso de per-seguição motivada por crimes de direito comum, desde que de acordo aos propó-sitos e princípios das Nações Unidas.

d) tem igual direito de acesso ao serviço público, independente de ser seu país, como, por exemplo, o direito à educa-ção, que será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais, sendo que a educação elementar será

obrigatória, e a educação superior será acessível a todos, bem como a educa-ção técnico-profissional, está baseada no mérito.

5. (IBFC – 2014 – SEDS-MG – Agente de Segu-rança Socioeducativo)

Indique a alternativa CORRETA, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos:

a) Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro e fora das fronteiras de cada Estado.

b) Toda pessoa tem direito à dupla nacio-nalidade

c) Toda pessoa tem direito a organizar sin-dicato, sendo obrigatório o seu ingresso nele para proteção de seus interesses.

d) Os pais têm prioridade de direito na es-colha do gênero de instrução que será ministrada aos seus filhos.

6. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança – DF – Técnico Socioeducativo – Adminis-trativo)

De acordo com o que dispõe a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos humanos são indivisíveis e englobam, exclu-sivamente, os direitos

a) civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, não prevendo hierarquia en-tre eles.

b) civis e políticos.c) coletivos e individuais, estes últimos

hierarquicamente superiores.d) econômicos e sociais.e) privados e públicos, estes últimos hie-

rarquicamente superiores.

7. (CESPE – 2013 – MTE – Auditor Fiscal do Trabalho)

À luz das normas internacionais de proteção aos direitos humanos, julgue os itens que se seguem, acerca do combate ao trabalho for-çado.

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos proíbe, expressamente, a manutenção de pes-soas em regime de escravidão ou de servidão.

( ) Certo   ( ) Errado

8. Equivalem às normas constitucionais origi-nárias os tratados internacionais sobre os di-reitos humanos aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, pro três quintos dos votos dos respectivos membros.

( ) Certo   ( ) Errado

No que se refere à fundamentação dos di-reitos humanos e à sua afirmação, julgue os itens subsecutivos.

9. A expressão direitos humanos de primeira geração refere-se aos direitos sociais, cultu-rais e econômicos.

( ) Certo   ( ) Errado

10. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

Ainda sobre a Declaração Universal dos Di-reitos do Homem, é correto afirmar que

a) prevê expressamente o direito à parti-cipação política, mas não o de acesso a serviços públicos.

b) garante a todos, sem qualquer tipo de distinção, educação, direito ao trabalho e saúde pública gratuita.

c) prevê a criação de um tribunal interna-cional para julgamento de violações aos direitos humanos.

d) não estabelece nenhuma forma de go-verno para garantir a aplicação dos di-reitos humanos, pois entende que isso deve ser livremente decidido pelas na-ções individualmente de acordo com sua realidade.

e) prevê o direito ao trabalho e ao repou-so e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e as férias remu-neradas periódicas.

11. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016)

De acordo com o art. 5⁰, LXVII, da CRFB/1988, “Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadim-plemento voluntário e inescusável de obri-gação alimentar e a do depositário infiel”. A Convenção Americana sobre Direitos Hu-manos -Pacto de San José da Costa Rica, que proíbe a prisão por dívida decorrente do descumprimento de obrigações contra-tuais, à qual o Brasil aderiu, foi internalizada com o status de:

a) norma supralegal e infraconstitucional.b) lei complementar.c) norma supraconstitucional. d) norma constitucional.e) lei ordinária.

12. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Policia Ci-vil)

Com relação à Declaração Universal dos Direitos Humanos, é correto afirmar que a(os):

a) três valores fundamentais dos direitos humanos são a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

b) pessoas vítimas de perseguição tem di-reito de procurar asilo em outro país, mesmo nos casos em que a perseguição é motivada por crimes de direito co-mum.

c) liberdade de opinião e de expressão não inclui a liberdade de transmitir in-formações por qualquer meio e inde-pendente de fronteiras.

d) direitos de liberdade previsto são rela-tivos à esfera individual, não prevendo liberdades políticas relativas à partici-pação do povo no governo.

e) liberdade religiosa é acessível a qual-quer pessoa desde que sua manifesta-ção seja feita de forma coletiva e em particular apenas.

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13. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil)

Com relação ao trabalho e ao que estabele-ce a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos, assinale a alternativa correta.

a) Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure apenas a si uma exis-tência compatível com a dignidade hu-mana, não sendo necessário acrescen-tar outros meios de proteção social.

b) Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego e a condições justas e favoráveis de trabalho, sendo opcional a proteção contra o desempre-go.

c) A remuneração por igual trabalho per-mite distinção desde que prevista em lei nacional.

d) Toda pessoa tem direito a organizar sin-dicatos e a neles ingressar para a prote-ção de seus interesses.

e) Toda pessoa tem direito a repouso e lazer inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias periódicas não remuneradas.

14. (CESPE – PC-GO – Conhecimentos Básicos – 2016)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos

a) não apresenta força jurídica vinculan-te, entretanto consagra a ideia de que, para ser titular de direitos, a pessoa deve ser nacional de um Estado-mem-bro da ONU.

b) não prevê expressamente instrumentos ou órgãos próprios para sua aplicação compulsória.

c) prevê expressamente a proteção ao meio ambiente como um direito de to-das as gerações, bem como repudia o trabalho escravo, determinando san-ções econômicas aos Estados que não o combaterem.

d) é uma declaração de direitos que deve ser respeitada pelos Estados signatá-rios, mas, devido ao fato de não ter a forma de tratado ou convenção, não implica vinculação desses Estados.

e) inovou a concepção dos direitos huma-nos, porque universalizou os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, privilegiando os direitos civis e políticos em relação aos demais.

15. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016)

A respeito da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos de 1948, assinale a alterna-tiva correta.

a) Estabelece que a vontade do povo é o fundamento da autoridade dos pode-res públicos, devendo se exprimir por meio de eleições honestas, realizadas periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

b) Prevê a criação de um Tribunal Interna-cional para a verificação do cumprimen-to dos direitos humanos por ela estabe-lecidos.

c) Dispõe que a educação gratuita abran-ge o ensino elementar, técnico e profis-sional.

d) Possui natureza de tratado internacio-nal e força vinculante em relação a to-dos os países que a ratificaram.

e) Foi primeiro documento internacional a tratar expressamente de direitos huma-nos de terceira dimensão, como a paz e o meio ambiente.

16. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016)

Conforme estabelecido na Convenção con-tra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, é cor-reto afirmar:

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a) O Comitê contra a tortura será compos-to por dez peritos de elevada reputação m oral e reconhecida competência em matéria de direitos humanos, indicados diretamente pelo Secretário Geral das Nações Unidas.

b) Admite-se excepcionalmente a prática de tortura para se evitar crime de geno-cídio ou em caso de guerra declarada.

c) Considera-se tortura qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, fí-sicos ou mentais, são infligidos inten-cionalmente a uma pessoa, ainda que sejam consequência unicamente de sanções legítimas.

d) O Comitê Contra Tortura deverá receber e examinar todas as comunicações, ain-da que anônimas, enviadas por pessoas que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Parte, das disposições da Convenção.

e) Cada Estado Parte assegurará que ne-nhuma declaração que se demonstre ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como pro-va em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada.

17. (VUNESP – PC-CE – Delegado de Polícia Ci-vil de 1º Classe – 2015

É disposição prevista na Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos:

a) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país, direta-mente ou por intermédio de represen-tantes livremente escolhidos.

b) Todo o homem tem direito à instrução, que será gratuita pelo menos até o grau técnico-profissional.

c) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e de associação, indepen-dentemente do modo e dos fins a que deseja se associar.

d) Os Estados deverão, paulatinamente, conceder às crianças nascidas fora do matrimônio a mesma proteção social conferida aos nascidos dentro dele.

e) Os pais têm exclusividade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

18. (VUNESP – PC-SP – Atendente de Necroté-rio Policial – 2014)

Abalados pela barbárie recente e com o intui-to de construir um mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emer-giram como potências no período pós-guerra, lideradas por URSS e Estados Unidos, estabele-ceram, em 1945, as bases de uma futura paz, definindo áreas de influência das potências e acertaram a criação de uma organização mul-tilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras, promover a paz e a democracia, e fortalecer os direitos humanos. A fim de que houvesse esse fortalecimento dos direitos humanos, foi ela-borado documento em 1948, pela Organização das Nações Unidas, denominado:

a) Encíclica Rerum Novarum.b) Magna Carta.c) Declaração Universal dos Direitos Hu-

manos.d) Declaração dos Direitos do Homem e

do Cidadão.e) Declaração do Bom Povo da Virgínia.

19. (IBFC – SEDS-MG – Agente de Segurança Penitenciária – 2014)

Complete as lacunas, de acordo com a al-ternativa que refete o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo I – Todas as pessoas nascem livres e iguais em ________________________. São dotadas de razão e _______________________ e devem agir em relação umas às outras com espírito de ____________________.”

a) Dignidade e direitos – consciência – fra-ternidade.

b) Direitos e deveres – liberdade – solida-riedade.

c) Direitos e obrigações – convicção – soli-dariedade.

d) Dignidade e obrigações – consciência – harmonia.

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20. (ACAFE – PC-SC – Delegado de Polícia – 2014)

De acordo com a Convenção contra a Tor-tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, é correto afir-mar:

a) A referida denúncia eximirá o Estado--parte das obrigações que lhe impõe a presente Convenção relativamente a qualquer ação ou omissão ocorrida an-tes ou após a data da denúncia. Todavia, a denúncia não acarretará a suspensão do exame de quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar antes da data em que a denúncia fora realiza-da.

b) As controvérsias entre dois ou mais Estados-partes com relação à interpre-tação ou aplicação da presente Conven-ção serão sempre submetidas à Corte Internacional de Justiça, mediante so-licitação feita em conformidade com o Estatuto da Corte.

c) Todo Estado-parte poderá denunciar a presente Convenção mediante notifica-ção por escrito endereçada ao Secretá-rio Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos 30 (trinta) dias depois da data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.

d) Todo Estado-parte na presente Conven-ção poderá propor emendas e deposi-tá-las junto ao Secretário Geral da Or-ganização das Nações Unidas. Quando entrarem em vigor, as emendas serão obrigatórias para os Estados-partes que as aceitaram, ao passo que os demais Estados-partes permanecem obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

e) A partir da data de protocolo da denún-cia de um Estado-parte, o Comitê não dará início ao exame de qualquer nova questão referente ao Estado em apreço.

21. (VUNESP – PC-SP – Delegado de Polícia – 2014)

Segundo o que dispõe a Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos da ONU, toda pes-soa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. No entanto, esse direito não pode ser invo-cado, entre outros, em caso de perseguição

a) de militante político que tenha se eva-dido clandestinamente de seu país de origem.

b) de pessoa que claramente tenha se re-belado contra o regime de governo de seu país.

c) por razões de ordem política.d) por motivos religiosos.e) legitimamente motivada por crimes de

direito comum.

22. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório – 2014)

Segundo a Declaração Universal dos Direi-tos Humanos, toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive

a) moradia, transporte e lazer.b) serviços sociais, transporte e proprieda-

de privada.c) alimentação, vestuário e habitação.d) transporte, lazer e propriedade privada.e) cuidados médicos, moradia e viagens.

23. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório – 2014)

Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos que o casamento

a) não será válido senão com o livre e ple-no consentimento dos nubentes.

b) deve ser celebrado por autoridade civil.c) não gera direitos e deveres iguais para

homens e mulheres.d) é a união indissolúvel entre homens e

mulheres.e) deverá ser celebrado por autoridade da

religião do homem.

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PC-RS (Intensivo) – Direitos Humanos – Prof. Mateus Silveira

24. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – 2014)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos prevê que toda pessoa acusada de um ato delituoso.

a) tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal ad hoc.

b) poderá ser privada de sua nacionalida-de, ou do direito de mudar de naciona-lidade.

c) tem direito a um julgamento por júri, no qual lhe sejam asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

d) poderá ser exilada e perder sua nacio-nalidade, mas tem o direito de procurar asilo em outros países

e) tem o direito de ser presumida inocen-te até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei.

25. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – 2014)

É correto afirmar, sobre as previsões conti-das na Declaração Universal de Direitos Hu-manos, que:

a) está previsto o direito à educação, com o ensino elementar obrigatório e gratui-to, com acesso ao ensino superior gra-tuito e de acordo com o mérito.

b) estão previstos direitos ligados ao con-trato de trabalho, como salário mínimo, repouso e lazer, mas sem nenhuma li-mitação horária da jornada de trabalho.

c) são proclamados, em seu artigo I, como os três valores fundamentais dos direi-tos humanos a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

d) os direitos de liberdade previstos são relativos à esfera individual, não pre-vendo liberdades políticas relativas à participação do povo no governo.

e) não há disposição que verse sobre o direito a contrair matrimônio e fundar uma família, nem sobre os direitos de-correntes do casamento.

26. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil – 2013)

Consoante o que estabelece expressamente a Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, é correto afirmar que

a) a instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, sendo obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas.

b) o poder público deve financiar os estudos dos alunos em escolas privadas quando não houver vagas em escolas públicas.

c) os pais têm prioridade de direito na es-colha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

d) toda pessoa tem direito à instrução, que será gratuita em todos os graus.

e) a instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instru-ção superior, esta baseada na condição econômico-financeira da pessoa.

27. (FUMARC – PC-MG – Delegado de Polícia – 2011)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos pode ser caracterizada, primeiramen-te por sua amplitude, compreendendo um conjunto de direitos e faculdades, sem as quais um ser humano não pode desenvol-ver sua personalidade física, moral e inte-lectual. Em segundo lugar, pela universali-dade, aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, seja qual for o regime político dos territórios nos quais incide. Assinale abaixo a assertiva que é CONTRÁRIA ao enunciado acima:

a) Como uma plataforma comum de ação, a Declaração foi adotada em 10 de de-zembro de 1948, pela aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções.

b) Objetiva delinear uma ordem pública mundial fundada no respeito à dignida-de da pessoa humana, para orientar o desenvolvimento de uma raça humana superior.

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c) Introduz a indivisibilidade dos direitos humanos, ao conjugar o catálogo dos direitos civis e políticos, com o dos di-reitos econômicos, sociais e culturais.

d) Teve imediatamente, após a sua ado-ção, grande repercussão moral ao des-pertar nos povos a consciência de que o conjunto da comunidade humana se interessava pelo seu destino.

28. (FUMARC – PC-MG – Escrivão de Polícia Ci-vil – 2011)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, adotada em 10 de dezembro de 1948, objetiva delinear uma ordem pública mun-dial fundada no respeito à dignidade da pessoa humana. Leia e analise as assertivas abaixo:

I – A Declaração compreende um conjunto de direitos e faculdades sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua per-sonalidade física, moral e intelectual.

II – Sendo universal, é aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, condicionada à aplicação ao regime político dos territórios nos quais incide.

III – Consolida a afirmação de uma ética uni-versal, ao consagrar um consenso sobre va-lores de cunho universal a serem seguidos pelos Estados.

Marque a opção CORRETA.

a) Somente as assertivas I e II estão corre-tas.

b) Somente as assertivas II e III estão cor-retas.

c) Somente as assertivas I e III estão corre-tas.

d) Somente a assertiva I está correta.

29. (ACAFE – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil – 2010)

Quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.

a) Todo ser humano tem direito de fazer parte no governo de um país direta-mente, via intermédio de representan-tes escolhidos.

b) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, salvo do direito de mudar de nacionalidade.

c) Não será feita nenhuma distinção fun-dada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tute-la, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

d) Todo ser humano tem pleno direito de acesso ao serviço público de qualquer país.

30. (MS CONCURSOS – SEDS-PE – Sargento – Policia Militar – 2010)

São considerados direitos resguardados pela Declaração Universal dos Direitos Hu-manos de 1948:

a) Direito à vida, à liberdade e segurança pessoal.

b) Direito a julgamento justo, salvo em caso de guerra.

c) Adoção de medidas penais retroativas, mesmo quando prejudiquem o réu.

d) O Estado passa a ter direito de efetuar algumas prisões arbitrárias.

e) O réu é considerado culpado, mesmo antes de sentença transitado em julga-do.

Gabarito: 1. E 2. E 3. A 4. A 5. D 6. A 7. Certo 8. Errado 9. Errado 10. E 11. A 12. A 13. D 14. B 15. A  16. E 17. A 18. D 19. A 20. D 21. E 22. C 23. A 24. E 25. C 26. C 27. B 28. C 29. C 30. A

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NEGROS, PARDOS E ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010

Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às de-mais formas de intolerância étnica.

Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:

I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-rência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimen-to, gozo ou exercício, em igualdade de con-dições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econô-mico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;

II – desigualdade racial: toda situação injus-tificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas es-feras pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou ét-nica;

III – desigualdade de gênero e raça: assime-tria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;

IV – população negra: o conjunto de pes-soas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi-nição análoga;

V – políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cum-primento de suas atribuições institucionais;

VI – ações afirmativas: os programas e me-didas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garan-tir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participa-ção na comunidade, especialmente nas ativida-des políticas, econômicas, empresariais, educa-cionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.

Art. 3º Além das normas constitucionais relati-vas aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualda-de Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico--racial, a valorização da igualdade étnica e o for-talecimento da identidade nacional brasileira.

Art. 4º A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:

I – inclusão nas políticas públicas de desen-volvimento econômico e social;

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II – adoção de medidas, programas e políti-cas de ação afirmativa;

III – modificação das estruturas institucio-nais do Estado para o adequado enfren-tamento e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;

IV – promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étni-ca e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucio-nais e estruturais;

V – eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;

VI – estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil dire-cionadas à promoção da igualdade de opor-tunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante a implementa-ção de incentivos e critérios de condiciona-mento e prioridade no acesso aos recursos públicos;

VII – implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu-cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segu-rança, trabalho, moradia, meios de comuni-cação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas pú-blicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas dis-criminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do País.

Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promo-ção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es-tabelecido no Título III.

TÍTULO II

Dos Direitos Fundamentais

CAPÍTULO IDO DIREITO À SAÚDE

Art. 6º O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante po-líticas universais, sociais e econômicas destina-das à redução do risco de doenças e de outros agravos.

§ 1º O acesso universal e igualitário ao Sis-tema Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu-lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições públicas federais, esta-duais, distritais e municipais, da administra-ção direta e indireta.

§ 2º O poder público garantirá que o seg-mento da população negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem discriminação.

Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especifica-das:

I – ampliação e fortalecimento da participa-ção de lideranças dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;

II – produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;

III – desenvolvimento de processos de infor-mação, comunicação e educação para con-tribuir com a redução das vulnerabilidades da população negra.

Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacio-nal de Saúde Integral da População Negra:

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I – a promoção da saúde integral da popula-ção negra, priorizando a redução das desi-gualdades étnicas e o combate à discrimina-ção nas instituições e serviços do SUS;

II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-sagregados por cor, etnia e gênero;

III – o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da popu-lação negra;

IV – a inclusão do conteúdo da saúde da po-pulação negra nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde;

V – a inclusão da temática saúde da popu-lação negra nos processos de formação po-lítica das lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Parágrafo único. Os moradores das comuni-dades de remanescentes de quilombos se-rão beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no sa-neamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À EDUCAÇÃO, À

CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

Seção IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 9º A população negra tem direito a parti-cipar de atividades educacionais, culturais, es-portivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o patri-mônio cultural de sua comunidade e da socie-dade brasileira.

Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9º, os governos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes providências:

I – promoção de ações para viabilizar e am-pliar o acesso da população negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de lazer;

II – apoio à iniciativa de entidades que man-tenham espaço para promoção social e cul-tural da população negra;

III – desenvolvimento de campanhas edu-cativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a socie-dade;

IV – implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira.

Seção IIDA EDUCAÇÃO

Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino funda-mental e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil, ob-servado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de de-zembro de 1996.

§ 1º Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministra-dos no âmbito de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, econômico, políti-co e cultural do País.

§ 2º O órgão competente do Poder Executi-vo fomentará a formação inicial e continua-da de professores e a elaboração de mate-rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput deste artigo.

§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cí-vico, os órgãos responsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para debater com os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.

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Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-rão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.

Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e privadas, sem pre-juízo da legislação em vigor, a:

I – resguardar os princípios da ética em pes-quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós--graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população negra;

II – incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira;

III – desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegura-do o princípio da proporcionalidade de gê-nero entre os beneficiários;

IV – estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino funda-mental, ensino médio e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.

Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entida-des do movimento negro que desenvolvam ati-vidades voltadas para a inclusão social, median-te cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.

Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.

Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo-ção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção.

Seção IIIDA CULTURA

Art. 17. O poder público garantirá o reconheci-mento das sociedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio histórico e cultural, nos ter-mos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.

Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à preser-vação de seus usos, costumes, tradições e mani-festos religiosos, sob a proteção do Estado.

Parágrafo único. A preservação dos docu-mentos e dos sítios detentores de reminis-cências históricas dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5º do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial atenção do poder público.

Art. 19. O poder público incentivará a celebra-ção das personalidades e das datas comemo-rativas relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz africa-na, bem como sua comemoração nas institui-ções de ensino públicas e privadas.

Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas mo-dalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos ne-cessários, a preservação dos elementos for-madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.

Seção IVDO ESPORTE E LAZER

Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da população negra às práticas despor-tivas, consolidando o esporte e o lazer como di-reitos sociais.

Art. 22. A capoeira é reconhecida como despor-to de criação nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.

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§ 1º A atividade de capoeirista será reco-nhecida em todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercí-cio em todo o território nacional.

§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capo-eiristas e mestres tradicionais, pública e for-malmente reconhecidos.

CAPÍTULO IIIDO DIREITO À LIBERDADE DE

CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS

RELIGIOSOS

Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas litur-gias.

Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religio-sos de matriz africana compreende:

I – a prática de cultos, a celebração de reu-niões relacionadas à religiosidade e a fun-dação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;

II – a celebração de festividades e cerimô-nias de acordo com preceitos das respecti-vas religiões;

III – a fundação e a manutenção, por inicia-tiva privada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;

IV – a produção, a comercialização, a aquisi-ção e o uso de artigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas fun-dadas na respectiva religiosidade, ressalva-das as condutas vedadas por legislação es-pecífica;

V – a produção e a divulgação de publica-ções relacionadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz africana;

VI – a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;

VII – o acesso aos órgãos e aos meios de co-municação para divulgação das respectivas religiões;

VIII – a comunicação ao Ministério Públi-co para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.

Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas in-ternados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles sub-metidos a pena privativa de liberdade.

Art. 26. O poder público adotará as medidas ne-cessárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o obje-tivo de:

I – coibir a utilização dos meios de comuni-cação social para a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham pes-soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de matri-zes africanas;

II – inventariar, restaurar e proteger os do-cumentos, obras e outros bens de valor ar-tístico e cultural, os monumentos, manan-ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes africanas;

III – assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matri-zes africanas, ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.

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CAPÍTULO IVDO ACESSO À TERRA

E À MORADIA ADEQUADA

Seção IDO ACESSO À TERRA

Art. 27. O poder público elaborará e implemen-tará políticas públicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e às ativida-des produtivas no campo.

Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no campo, o poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financia-mento agrícola.

Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercializa-ção da produção.

Art. 30. O poder público promoverá a educa-ção e a orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.

Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas ter-ras é reconhecida a propriedade definitiva, de-vendo o Estado emitir-lhes os títulos respecti-vos.

Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais volta-das para o desenvolvimento sustentável dos re-manescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.

Art. 33. Para fins de política agrícola, os rema-nescentes das comunidades dos quilombos re-ceberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e li-nhas especiais de financiamento público, des-tinados à realização de suas atividades produti-vas e de infraestrutura.

Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as ini-ciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.

Seção IIDA MORADIA

Art. 35. O poder público garantirá a implemen-tação de políticas públicas para assegurar o di-reito à moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida.

Parágrafo único. O direito à moradia ade-quada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urba-na e dos equipamentos comunitários asso-ciados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a constru-ção, a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.

Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Siste-ma Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar as peculiari-dades sociais, econômicas e culturais da popu-lação negra.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fe-deral e os Municípios estimularão e facilita-rão a participação de organizações e movi-mentos representativos da população negra na composição dos conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou pri-vados, promoverão ações para viabilizar o aces-so da população negra aos financiamentos habi-tacionais.

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CAPÍTULO VDO TRABALHO

Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se:

I – o instituído neste Estatuto;

II – os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri-minação Racial, de 1965;

III – os compromissos assumidos pelo Bra-sil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no empre-go e na profissão;

IV – os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunida-de internacional.

Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de me-didas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e or-ganizações privadas.

§ 1º A igualdade de oportunidades será lo-grada mediante a adoção de políticas e pro-gramas de formação profissional, de empre-go e de geração de renda voltados para a população negra.

§ 2º As ações visando a promover a igual-dade de oportunidades na esfera da admi-nistração pública far-se-ão por meio de nor-mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específica e em seus regula-mentos.

§ 3º O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado.

§ 4º As ações de que trata o caput deste ar-tigo assegurarão o princípio da proporcio-nalidade de gênero entre os beneficiários.

§ 5º Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulhe-res negras.

§ 6º O poder público promoverá campa-nhas de sensibilização contra a marginaliza-ção da mulher negra no trabalho artístico e cultural.

§ 7º O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qua-lificação profissional nos setores da econo-mia que contem com alto índice de ocu-pação por trabalhadores negros de baixa escolarização.

Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de tra-balho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento.

Art. 41. As ações de emprego e renda, promo-vidas por meio de financiamento para consti-tuição e ampliação de pequenas e médias em-presas e de programas de geração de renda, contemplarão o estímulo à promoção de em-presários negros.

Parágrafo único. O poder público estimula-rá as atividades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci-dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população negra.

Art. 42. O Poder Executivo federal poderá im-plementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir a estrutura da distribuição étnica na-cional ou, quando for o caso, estadual, observa-dos os dados demográficos oficiais.

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CAPÍTULO VIDOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação da população negra na história do País.

Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de te-levisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos ne-gros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-ção de natureza política, ideológica, étnica ou artística.

Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét-nicos determinados.

Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitá-rias destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas o dispos-to no art. 44.

Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou fundacio-nal, as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir cláusu-las de participação de artistas negros nos con-tratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.

§ 1º Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação de serviços de consultoria, con-ceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obriga-toriedade da prática de iguais oportunida-des de emprego para as pessoas relaciona-das com o projeto ou serviço contratado.

§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-tunidades de emprego o conjunto de medi-das sistemáticas executadas com a finalida-de de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prá-tica de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do poder pú-blico federal.

§ 4º A exigência disposta no caput não se aplica às produções publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étni-cos determinados.

TÍTULO III

Do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial

(SINAPIR)

CAPÍTULO IDISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Pro-moção da Igualdade Racial (Sinapir) como for-ma de organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e ser-viços destinados a superar as desigualdades ét-nicas existentes no País, prestados pelo poder público federal.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu-nicípios poderão participar do Sinapir me-diante adesão.

§ 2º O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.

CAPÍTULO IIDOS OBJETIVOS

Art. 48. São objetivos do Sinapir:

I – promover a igualdade étnica e o com-bate às desigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;

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II – formular políticas destinadas a comba-ter os fatores de marginalização e a promo-ver a integração social da população negra;

III – descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e municipais;

IV – articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;

V – garantir a eficácia dos meios e dos ins-trumentos criados para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.

CAPÍTULO IIIDA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promo-ção da Igualdade Racial (PNPIR).

§ 1º A elaboração, implementação, coor-denação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articula-ção e coordenação do Sinapir, serão efetiva-dos pelo órgão responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.

§ 2º É o Poder Executivo federal autoriza-do a instituir fórum intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser coor-denado pelo órgão responsável pelas políti-cas de promoção da igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.

§ 3º As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que assegure a participação da sociedade civil.

Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distri-tal e municipais, no âmbito das respectivas esfe-ras de competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter permanente e consultivo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entida-des públicas e de organizações da sociedade ci-vil representativas da população negra.

Parágrafo único. O Poder Executivo priori-zará o repasse dos recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos de promoção da igualdade étnica.

CAPÍTULO IVDAS OUVIDORIAS PERMANENTES

E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

Art. 51. O poder público federal instituirá, na for-ma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a implemen-tação de medidas para a promoção da igualdade.

Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Perma-nente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.

Parágrafo único. O Estado assegurará aten-ção às mulheres negras em situação de vio-lência, garantida a assistência física, psíqui-ca, social e jurídica.

Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violência policial incidente sobre a população negra.

Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização e proteção da ju-ventude negra em conflito com a lei e ex-posta a experiências de exclusão social.

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Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados por servidores públicos em detrimento da po-pulação negra, observado, no que couber, o dis-posto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da popula-ção negra decorrentes de situações de desigual-dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instru-mentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO VDO FINANCIAMENTO DAS

INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deverão ser ob-servadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4º desta Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a in-clusão social da população negra, especialmen-te no que tange a:

I – promoção da igualdade de oportunida-des em educação, emprego e moradia;

II – financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da po-pulação negra;

III – incentivo à criação de programas e veí-culos de comunicação destinados à divulga-ção de matérias relacionadas aos interesses da população negra;

IV – incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas autodeclaradas negras;

V – iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na edu-cação fundamental, média, técnica e supe-rior;

VI – apoio a programas e projetos dos go-vernos estaduais, distrital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades para a população negra;

VII – apoio a iniciativas em defesa da cultu-ra, da memória e das tradições africanas e brasileiras.

§ 1º O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao finan-ciamento das ações previstas neste Estatu-to, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da igualdade, es-pecialmente nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento regio-nal, cultura, esporte e lazer.

§ 2º Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publica-ção deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe-cutivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas referidas no § 1º des-te artigo discriminarão em seus orçamen-tos anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 4º desta Lei.

§ 3º O Poder Executivo é autorizado a ado-tar as medidas necessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de parti-cipação crescente dos programas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2º deste artigo.

§ 4º O órgão colegiado do Poder Executi-vo federal responsável pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a programação das ações referidas neste ar-tigo nas propostas orçamentárias da União.

Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, poderão ser consignados nos orça-mentos fiscal e da seguridade social para finan-ciamento das ações de que trata o art. 56:

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I – transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II – doações voluntárias de particulares;

III – doações de empresas privadas e orga-nizações não governamentais, nacionais ou internacionais;

IV – doações voluntárias de fundos nacio-nais ou internacionais;

V – doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos in-ternacionais.

TÍTULO IV

Disposições Finais

Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não ex-cluem outras em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser adotadas no âm-bito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 59. O Poder Executivo federal criará instru-mentos para aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramen-to constante, com a emissão e a divulgação de relatórios periódicos, inclusive pela rede mun-dial de computadores.

Art. 60. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 7.716, de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º ..............................................................

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)

“Art. 4º ..............................................................

§ 1º Incorre na mesma pena quem, por mo-tivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de des-cendência ou origem nacional ou étnica:

I – deixar de conceder os equipamentos ne-cessários ao empregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;

II – impedir a ascensão funcional do empre-gado ou obstar outra forma de benefício profissional;

III – proporcionar ao empregado tratamen-to diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.

§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, in-cluindo atividades de promoção da igualda-de racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalha-dores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas ativida-des não justifiquem essas exigências.” (NR)

Art. 61. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º e nos dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das seguintes cominações:

............................................................” (NR)

“Art. 4º O rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo dano moral, fa-culta ao empregado optar entre:

...........................................................” (NR)

Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º, renume-rando-se o atual parágrafo único como § 1º:

“Art. 13. ..............................................................

§ 1º ..............................................................

§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dispos-to no art. 1º desta Lei, a prestação em di-nheiro reverterá diretamente ao fundo de

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que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, confor-me definição do Conselho Nacional de Pro-moção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com ex-tensão regional ou local, respectivamente.” (NR)

Art. 63. O § 1º do art. 1º da Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º ..............................................................

§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desigualda-de étnica, que cause morte, dano ou sofri-mento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público quanto no privado.

............................................................” (NR)

Art. 64. O § 3º do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigorar acrescido do seguinte in-ciso III:

“Art. 20. .............................................................

§ 3º ..............................................................

III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.

...........................................................” (NR)

Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação.

Brasília, 20 de julho de 2010; 189º da Indepen-dência e 122º da República.

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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LEI Nº 13.694, DE 19 DE JANEIRO DE 2011

(publicada no DOE nº 015, de 20 de janeiro de 2011)

Institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

Faço saber, em cumprimento ao disposto no ar-tigo 82, inciso IV, da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa aprovou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte:

Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa contra quaisquer religiões, como ação estadual de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, objetivando a superação do preconceito, da discriminação e das desigualdades raciais.

§ 1º Para efeito deste Estatuto, considerar--se-á discriminação racial toda distinção, exclusão ou restrição baseada em raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica que tenha por objetivo cercear o reconhe-cimento, o gozo ou o exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais em qualquer campo da vida pública ou pri-vada, asseguradas as disposições contidas nas legislações pertinentes à matéria.

§ 2º Para efeito deste Estatuto, considerar--se-á desigualdade racial toda situação in-justificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

§ 3º Para beneficiar-se do amparo deste Estatuto, considerar-se-á negro aquele que se declare, expressamente, como negro, pardo, mestiço de ascendência africana, ou

através de palavra ou expressão equivalen-te que o caracterize negro.

§ 4º Para efeito deste Estatuto, serão con-sideradas ações afirmativas os programas e as medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

§ 5º O Poder Público adotará as medidas ne-cessárias para o combate à intolerância para com as religiões, inclusive coibindo a utiliza-ção dos meios de comunicação social para a difusão de proposições que exponham pes-soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade.

Art. 2º O Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa orienta-rá as políticas públicas, os programas e as ações implementadas no Estado, visando a:

I – medidas reparatórias e compensatórias para os negros pelas sequelas e consequ-ências advindas do período da escravidão e das práticas institucionais e sociais que con-tribuíram para aprofundar as desigualdades raciais presentes na sociedade;

II – medidas inclusivas, nas esferas pública e privada, que assegurem a representação equilibrada dos diversos segmentos raciais componentes da sociedade gaúcha, solidifi-cando a democracia e a participação de to-dos.

Art. 3º A participação dos negros em igualdade de condições na vida social, econômica e cultu-ral do Estado do Rio Grande do Sul será promo-vida através de medidas que assegurem:

I – o reconhecimento e a valorização da composição pluriétnica da sociedade sul--riograndense, resgatando a contribuição dos negros na história, na cultura, na políti-ca e na economia do Rio Grande do Sul;

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II – as políticas públicas, os programas e as medidas de ação afirmativa, combatendo especificamente as desigualdades raciais que atingem as mulheres negras;

III – o resgate, a preservação e a manuten-ção da memória histórica legada à socieda-de gaúcha pelas tradições e práticas socio-culturais negras;

IV – o adequado enfrentamento e supera-ção das desigualdades raciais pelas estru-turas institucionais do Estado, com a imple-mentação de programas especiais de ação afirmativa na esfera pública, visando ao en-frentamento emergencial das desigualda-des raciais;

V – a promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate ao racismo em todas as suas manifestações individuais, estrutu-rais e institucionais;

VI – o apoio às iniciativas oriundas da so-ciedade civil que promovam a igualdade de oportunidades e o combate às desigualda-des raciais.

CAPÍTULO IDO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Art. 4º A saúde dos negros será garantida me-diante políticas sociais e econômicas que visem à prevenção e ao tratamento de doenças gene-ticamente determinadas e seus agravos.

Parágrafo único. O acesso universal e igua-litário ao Sistema Único de Saúde – SUS – para a promoção, proteção e recuperação da saúde da população negra será propor-cionado através de ações e de serviços foca-lizados nas peculiaridades dessa parcela da população.

Art. 5º Os órgãos de saúde estadual monitora-rão as condições da população negra para sub-sidiar o planejamento mediante, dentre outras, as seguintes ações:

I – a promoção da saúde integral da popula-ção negra, priorizando a redução das desi-gualdades étnicas e o combate à discrimina-ção nas instituições e serviços do SUS;

II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados por cor, etnia e gênero;

III – a inclusão do conteúdo da saúde da po-pulação negra nos processos de formação e de educação permanente dos trabalhado-res da saúde;

IV – a inclusão da temática saúde da po-pulação negra nos processos de formação das lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Parágrafo único. Os membros das comuni-dades remanescentes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo me-lhorias nas condições ambientais, no sanea-mento básico, na segurança alimentar e nu-tricional e na atenção integral à saúde.

Art. 6º Serão instituídas políticas públicas de incentivo à pesquisa do processo de saúde e doença da população negra nas instituições de ensino, com ênfase:

I – nas doenças geneticamente determina-das;

II – na contribuição das manifestações ne-gras de promoção à saúde;

III – na medicina popular de matriz africana;

IV – na percepção popular do processo saú-de/doença;

V – na escolha da terapêutica e eficácia dos tratamentos;

VI – no impacto do racismo sobre as doen-ças.

Art. 7º Poderão ser priorizadas pelo Poder Pú-blico iniciativas que visem à:

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I – criação de núcleos de estudos sobre a saúde da população negra;

II – implementação de cursos de pós-gradu-ação com linhas de pesquisa e programas sobre a saúde da população negra no âmbi-to das universidades;

III – inclusão da questão da saúde da popu-lação negra como tema transversal nos cur-rículos dos ensinos Médio e Superior;

IV – inclusão de matérias sobre etiologia, diagnóstico e tratamento das doenças pre-valentes na população negra e medicina de matriz africana, nos cursos e treinamentos dos profissionais do SUS;

V – promoção de seminários e eventos para discutir e divulgar os temas da saúde da po-pulação negra nos serviços de saúde.

Art. 8º Os negros terão políticas públicas desti-nadas à redução do risco de doenças que têm maior incidência, em especial, a doença falcifor-me, as hemoglobinopatias, o lúpus, a hiperten-são, o diabetes e os miomas.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À CULTURA, À

EDUCAÇÃO, AO ESPORTE E AO LAZER

Art. 9º O Poder Público promoverá políticas e programas de ação afirmativa que assegurem igualdade de acesso ao ensino público para os negros, em todos os níveis de educação, pro-porcionalmente a sua parcela na composição da população do Estado, ao mesmo tempo em que incentivará os estabelecimentos de ensino pri-vado a adotarem tais políticas e programas.

Art. 10. O Estado deve promover o acesso dos negros ao ensino gratuito, às atividades esporti-vas e de lazer e apoiar a iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social desta parcela da população.

Art. 11. Nas datas comemorativas de caráter cí-vico, as instituições de ensino públicas deverão inserir nas aulas, palestras, trabalhos e ativida-

des afins, dados históricos sobre a participação dos negros nos fatos comemorados.

Art. 12. As instituições de ensino deverão res-peitar a diversidade racial quando promoverem debates, palestras, cursos ou atividades afins, convidando negros, entre outros, para discorrer sobre os temas apresentados.

Art. 13. O Poder Público deverá promover cam-panhas que divulguem a literatura produzida pelos negros e aquela que reproduza a história, as tradições e a cultura do povo negro.

Art. 14. Nas instituições de ensino, públicas e privadas, deverá ser oportunizado o aprendi-zado e a prática da capoeira, como atividade esportiva, cultural e lúdica, sendo facultada a participação dos mestres tradicionais de capo-eira para atuarem como instrutores desta arte esporte.

Art. 15. O Estado deverá promover programas de incentivo, inclusão e permanência da popu-lação negra nos ensinos Médio, Técnico e Supe-rior, adotando medidas para:

I – incentivar ações que mobilizem e sen-sibilizem as instituições privadas de Ensino Superior para que adotem as políticas e ações afirmativas;

II – incentivar e apoiar a criação de cursos de acesso ao Ensino Superior para estudan-tes negros, como mecanismo para viabilizar uma inclusão mais ampla e adequada des-tes nas instituições;

III – dar cumprimento ao disposto na Lei Fe-deral nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da edu-cação nacional, e na Lei Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Esta-tuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003, no que tange a obrigatoriedade da inclusão da História e da Cultura Afrobrasi-leiras nos currículos escolares dos ensinos Médio e Fundamental;

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IV – estabelecer programas de cooperação técnica com as escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensi-no Técnico para a capacitação de professo-res para o ensino da História e da Cultura Negras e para o desenvolvimento de uma educação baseada nos princípios da equi-dade, tolerância e respeito às diferenças ra-ciais;

V – desenvolver, elaborar e editar materiais didáticos e paradidáticos que subsidiem o ensino, a divulgação, o debate e as ativida-des afins sobre a temática da História e Cul-tura Negras;

VI – estimular a implementação de dire-trizes curriculares que abordem as ques-tões raciais em todos os níveis de ensino, apoiando projetos de pesquisa nas áreas das relações raciais, das ações afirmativas, da História e da Cultura Negras;

VII – apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós--graduação, que desenvolvam temáticas de interesse da população negra;

VIII – desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegura-do o princípio da proporcionalidade de gê-nero entre os beneficiários.

Art. 16. O Estado deverá promover políticas que valorizem a cultura “Hip-Hop” em suas manifes-tações de canto do “Rap”, da instrumentação dos “DJs”, da dança do “break dance” e da pin-tura do grafite.

CAPÍTULO IIIDO ACESSO AO

MERCADO DE TRABALHO

Art. 17. O Poder Público deverá promover po-líticas afirmativas que assegurem igualdade de oportunidades aos negros no acesso aos cargos públicos, proporcionalmente a sua parcela na

composição da população do Estado, e incenti-vará a uma maior equidade para os negros nos empregos oferecidos na iniciativa privada.

Parágrafo único. Para enfrentar a situação de desigualdade de oportunidades, deverão ser implementadas políticas e programas de formação profissional, emprego e geração de renda voltadas aos negros.

Art. 18. A inclusão do quesito raça, a ser regis-trado segundo a autoclassificação, será obriga-tória em todos os registros administrativos dire-cionados a empregadores e trabalhadores dos setores público e privado.

CAPÍTULO IVDAS TERRAS QUILOMBOLAS

Art. 19. Aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando terras qui-lombolas no Rio Grande do Sul, será reconheci-da a propriedade definitiva das mesmas, estan-do o Estado autorizado a emitir-lhes os títulos respectivos, em observância ao direito assegu-rado no art. 68 do Ato das Disposições Consti-tucionais Transitórias da Constituição Federal e na Lei nº 11.731, de 9 de janeiro de 2002, que dispõe sobre a regularização fundiária de áreas ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombos.

CAPÍTULO VDA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 20. A idealização, a realização e a exibição das peças publicitárias veiculadas pelo Poder Público deverão observar percentual de artis-tas, modelos e trabalhadores afrodescendentes em número equivalente ao resultante do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística − IBGE − de afro-brasileiros na composição da população do Rio Grande do Sul.

Art. 21. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a

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participação da população negra na história do Estado.

Art. 22. Na produção de filmes, programas e pe-ças publicitárias destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográ-ficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figu-rantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou artística.

Parágrafo único. A exigência disposta no “caput” não se aplica aos filmes e aos pro-gramas que abordem especificidades de grupos étnicos determinados.

Art. 23. Os órgãos e as entidades da Administra-ção Pública Estadual poderão incluir cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário nos termos da Lei Federal nº 12.288/2010.

§ 1º Os órgãos e as entidades de que tra-ta este artigo incluirão, nas especificações para contratação de serviços de consulto-ria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais opor-tunidades de emprego para as pessoas re-lacionadas com o projeto ou serviço contra-tado.

§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-tunidades de emprego o conjunto de medi-das sistemáticas executadas com a finalida-de de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prá-tica de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do Poder Pú-blico.

§ 4º A exigência disposta no “caput” não se aplica às produções publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étni-cos determinados.

CAPÍTULO VIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 24. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vin-te) dias após sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 19 de janeiro de 2011.

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Questões

1. (IBFC – AGERBA – Especialista em Regula-ção – 2017)

Assinale a alternativa INCORRETA sobre os objetivos do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), considerando as disposições da lei federal nº 12.288, de 20/07/2010 que institui o Estatuto da Igual-dade Racial.

a) Promover a igualdade étnica e o com-bate às desigualdades sociais resultan-tes do racismo, inclusive mediante ado-ção de ações afirmativas

b) Formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a integração social da população negra

c) Centralizar a implementação de ações afirmativas no nível federal

d) Articular planos, ações e mecanismos vol-tados à promoção da igualdade étnica

e) Garantir a eficácia dos meios e dos ins-trumentos criados para a implementa-ção das ações afirmativas e o cumpri-mento das metas a serem estabelecidas

2. (IBFC – AGERBA – Técnico em Regulação – 2017)

Considerando as disposições da lei federal nº 12.288, de 20/07/2010 que institui o Es-tatuto da Igualdade Racial, assinale a alter-nativa correta sobre o significado da sigla SINAPIR.

a) Serviço de Integração e Autopromoção Racial

b) Serviço Nacional de Apoio às Práticas de Integração Racial

c) Sistema Nacional de Promoção da Igual-dade Racial

d) Sistema Nacional de Promoção da Inte-gração Racial

e) Sindicato Nacional de Participação Ra-cial

3. (IBFC – AGERBA – Especialista em Regula-ção – 2017)Assinale a alternativa correta, considerando as disposições da lei federal nº 12.288, de 20/07/2010 que institui o Estatuto da Igual-dade Racial.a) O Poder Legislativo federal elaborará

plano nacional de promoção da igual-dade racial contendo as metas, princí-pios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR)

b) A elaboração, implementação, coordena-ção, avaliação e acompanhamento da Po-lítica Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR), bem como a organização, articulação e coordenação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Ra-cial (Sinapir), serão efetivados pelo órgão responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional

c) É o Poder Legislativo federal autorizado a instituir fórum intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser coor-denado pelo órgão responsável pelas po-líticas educacionais gerais, com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da política nacional de pro-moção da igualdade étnica nas ações go-vernamentais de Estados e Municípios

d) As diretrizes das políticas nacional e re-gional de promoção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado, independentemente de participação da sociedade civil

e) Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade ét-nica, de caráter provisório e deliberativo, compostos exclusivamente por represen-tantes de órgãos e entidades públicas

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4. (FCC – SEGEP-MA – Analista Ambiental – Pedagogo – 2016)

No âmbito do Estatuto da Igualdade Racial, − Lei nº 12.288/2010 − ações afirmativas são

a) as políticas voltadas para garantir equi-dade por meio de cotas raciais para acesso à educação básica pública, ao emprego, à moradia, à saúde, ao sane-amento básico e outros serviços.

b) aquelas que são voltadas à seleção por mérito, condição socioeconômica, ade-são a credo religioso, partido político e outros critérios que revelem práticas discriminatórias.

c) os programas e medidas especiais ado-tados pelo Estado e pela iniciativa pri-vada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

d) as medidas governamentais compensa-tórias permanentes destinadas a popu-lações marcadamente marginalizadas e desfavorecidas por condições de desi-gualdades materiais.

e) a caridade pública e a filantropia das empresas privadas, de caráter com-pulsório, facultativo ou voluntário, que produzem condição temporária de igualdade racial.

5. (IESES – BAHIAGÁS – Analista de Processos Organizacionais – Administração – 2016)

A Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, insti-tuiu o Estatuto da Igualdade Racial, que obje-tiva garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difu-sos, e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância, conforme dispõe o caput do artigo 1º do diploma legal em aná-lise. Considerando os termos da lei e a mens lege, assinale a afirmação INCORRETA.

a) O Brasil, no tocante à inclusão da popu-lação negra no mercado, tem por fun-damento legal a CF, a Lei 12.288/2010,

os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação Racial e todos os com-promissos assumidos pelo Brasil peran-te a comunidade internacional.

b) O Estatuto da Igualdade Racial tem por objetivo único evitar a discriminação ra-cial e o bulling social.

c) O Estatuto da Igualdade Racial ao tra-tar da Cultura busca preservar as tradi-ções remanescentes dos quilombos e o registro e proteção da capoeira, como bem de natureza imaterial e da forma-ção da identidade cultural brasileira.

d) A lei 12288/2010, no que trata do direi-to à saúde, garante tratamento iguali-tário da população negra, também no que diz respeito aos seguros privados de saúde.

e) O Estado tem o dever de garantir a igualdade de oportunidades, reconhe-cendo a qualquer cidadão brasileiro, in-dependente da etnia ou cor da pele, o pleno direito de participação na comu-nidade, em todas as suas vertentes.

6. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo-gado – 2016)

Sobre o tratamento que a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial dá ao esporte e lazer, analise as afir-mativas.

I – A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos do Art. 217 da Constituição Federal.

II – A atividade de capoeirista será reco-nhecida em todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercí-cio em todo o território nacional.

III – É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capo-eiristas e mestres tradicionais, pública e for-malmente reconhecidos.

Estão corretas as afirmativas

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a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas.

7. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo-gado – 2016)

De acordo com a Lei nº 12.288, de 20 de ju-lho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial, o direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religio-sos de matriz africana NÃO compreende:

a) A produção e a divulgação de publica-ções relacionadas ao exercício e à difu-são das religiões de matriz africana.

b) A fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes liga-das às respectivas convicções religiosas.

c) A prática de cultos, a celebração de reu-niões relacionadas à religiosidade e a fun-dação e manutenção, por iniciativa públi-ca, de lugares reservados para tais fins.

d) A comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância reli-giosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.

8. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo-gado – 2016)

Considerando o que dispõe a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igual-dade Racial, analise as seguintes definições para efeito do Estatuto.

I – Desigualdade racial: toda distinção, ex-clusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercí-cio, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida públi-ca ou privada.

II – Discriminação racial ou étnico-racial: toda situação injustificada de diferencia-

ção de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e priva-da, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

III – Desigualdade de gênero e raça: assime-tria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.

IV – População negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, confor-me o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.

Estão corretas apenas as afirmativas

a) I e II. b) I e III. c) III e IV.d) II, III e IV.

9. (IBFC – EMBASA – Analista de Saneamento – Enfermeiro do Trabalho – 2015)

Assinale a alternativa correta consideran-do as disposições da lei federal n° 12.288, de 20/07/2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial.

a) É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes afri-canas internados em hospitais ou em outras instituições de internação coleti-va, excluídos os casos de pena privativa de liberdade.

b) Os conteúdos referentes à história da po-pulação negra no Brasil serão ministrados por meio de componente curricular espe-cífico, resgatando sua contribuição decisi-va para o desenvolvimento social, econô-mico, político e cultural do País.

c) É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas formados em educação fí-sica.

d) Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população ne-gra no campo, o poder público promo-verá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrícola.

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10. (IBFC – SAEB-BA – Analista de Registro de Comércio – 2015)

Assinale a alternativa correta sobre as maté-rias indicadas expressamente na Lei Federal nº 12.888, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial) como sendo de estudo obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados.

a) Estudo dos problemas brasileiros e His-tória geral da África.

b) História das populações indígenas no Brasil e História da população negra no Brasil.

c) História geral da África e História da po-pulação negra no Brasil.

d) História das populações indígenas no Brasil e História geral da África.

e) Estudo dos problemas brasileiros e His-tória das populações indígenas no Brasil.

11. (FUNDATEC – CEEE – Médico do Trabalho – 2013)

Com base na Lei Estadual nº 13.694, de 19.01.2011, analise as seguintes assertivas:

I – A Lei 13.694/2011 instituiu o Estatuto Es-tadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa contra quaisquer re-ligiões, como ação estadual de desenvolvi-mento do Rio Grande do Sul, objetivando a superação do preconceito, da discriminação e das desigualdades raciais.

II – Para efeito da Lei 13.694/2011, será considerado discriminação racial toda dis-tinção, exclusão ou restrição baseada em raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica que tenha por objetivo cercear o reconhecimento, o gozo ou o exercício dos direitos humanos e das liberdades funda-mentais em qualquer campo da vida pública ou privada.

III – Para efeito da Lei 13.694/2011, será considerado desigualdade racial toda situa-ção injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades,

nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

IV – Para se beneficiar do amparo do Es-tatuto Estadual da Igualdade Racial, será considerado negro aquele que estiver clas-sificado como negro, pardo ou mestiço no quesito de cor, comprovado através da Cer-tidão de Registro de Nascimento.

Quais estão corretas?

a) Apenas I e II.b) Apenas III e IV.c) Apenas I, II e III.d) Apenas II, III e IV.e) I, II, III e IV.

12. (FUNDATEC – CEEE – Técnico de Enferma-gem – 2013)

De acordo com o artigo 1º, da Lei nº 12.288, de 20.07.2010, toda situação injustifica-da de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, para efeito da mencionada Lei, se considera

a) discriminação de gênero.b) discriminação étnico-racial.c) desigualdade racial.d) desigualdade de gênero e raça.e) desigualdade socioeconômica.

13. (FUNDATEC – CEEE – Técnico de Enferma-gem – 2013)

O artigo 18, da Lei nº 13.694, de 19.01.2011, estabelece que “a inclusão do quesito raça, a ser registrado segundo a autoclassificação, será

a) obrigatório em todos os registros admi-nistrativos direcionados a empregado-res e trabalhadores dos setores público e privado”.

b) optativo em todos os registros adminis-trativos direcionados a empregadores e trabalhadores do setor privado”.

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c) opcional nos registros administrativos direcionados a trabalhadores do setor privado”.

d) facultativo nos registros administrativos direcionados a trabalhadores do setor público”.

e) obrigatório somente nos registros ad-ministrativos direcionados a emprega-dores e trabalhadores do setor público”.

14. (FUNDATEC – CEEE-GT – Médico do Traba-lho – 2013)

O artigo 8º, do Estatuto Estadual da Igualda-de Racial, estabelece que os negros tenham políticas públicas destinadas à redução do risco de doenças que têm maior incidência nessa parcela da população, entre outras, em especial:

I – O lúpus.

II – A hipertensão.

III – O diabetes.

IV – Os miomas.

Quais estão corretas?

a) Apenas I e II.b) Apenas III e IV.c) Apenas I, II e III.d) Apenas II, III e IV.e) I, II, III e IV.

15. (FUNDATEC – CEEE-GT – Médico do Traba-lho – 2013)

Com base na Lei 12.288, de 20.07.2010, analise as seguintes assertivas:

I – O acesso universal e igualitário ao Siste-ma Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu-lação negra será de responsabilidade exclu-siva dos órgãos e instituições públicas fede-rais, da administração direta e indireta.

II – A referida Lei instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à po-pulação negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étni-

cos individuais, coletivos e difusos e o com-bate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

III – Dentre os objetivos que fazem parte da Política Nacional de Saúde Integral da Popu-lação Negra, está a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análi-se dos dados desagregados por cor, etnia e gênero.

IV – É instituído pela mencionada Lei o Sis-tema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR) como forma de organiza-ção e de articulação voltadas à implemen-tação do conjunto de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étni-cas existentes no país, prestados pelo poder público federal.

Quais estão corretas?

a) Apenas I e II.b) Apenas III e IV.c) Apenas I, II e III.d) Apenas II, III e IV.e) I, II, III e IV.

16. (FUNDATEC – CEEE-GT – Técnico de Enfer-magem do Trabalho – 2013)

Segundo o artigo 47, da Lei nº 12.288, de 20.07.2010, foi instituído, como forma de organização e de articulação voltadas à im-plementação do conjunto de políticas e ser-viços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder público federal, o

a) Sistema Nacional de Proteção às Crian-ças e Adolescentes – SINPROCA.

b) Sistema Integrado de Atenção à Saúde da Mulher – SIASAM.

c) Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD.

d) Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial – SINAPIR.

e) Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

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17. (FUNDATEC – CEEE-GT – Técnico de Enfer-magem do Trabalho – 2013)

Com base na Lei nº 13.694, de 19.01.2011, que instituiu o Estatuto Estadual da Igualda-de Racial, analise as seguintes assertivas:

I – Para efeito do referido Estatuto, será considerada desigualdade racial toda situa-ção injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, restritivo às esferas públicas, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

II – Para beneficiar-se do amparo do referi-do Estatuto, será considerado negro aque-le que se declarar, expressamente, como negro, pardo, mestiço de ascendência afri-cana, ou através de palavra ou expressão equivalente que o caracterize negro.

III – A inclusão do quesito raça, a ser re-gistrado segundo a autoclassificação, será obrigatória em todos os registros adminis-trativos direcionados a empregadores e tra-balhadores dos setores público e privado.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

18. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – TÉC. SUP.JURÍ-DICO)

Considerando o Estatuto Estadual da Igual-dade Racial, analise as seguintes assertivas:

I – O Poder Público deverá promover políticas afirmativas que assegurem igualdade de oportunidades aos negros no acesso aos cargos públicos, proporcionalmente a sua parcela na composição do Estado.

II – O Poder Público deverá incentivar a uma maior equidade para os negros nos empregos oferecidos na iniciativa privada.

III – A inclusão do requisito raça, a ser re-gistrado segundo a autoclassificação, será facultativa em todos os registros adminis-trativos direcionados a empregadores e tra-balhadores dos setores público e privado.

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.

19. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – ASS. ADM)

Nos termos do Estatuto Estadual da Igualda-de Racial, considera-se desigualdade racial:

a) Toda situação injustificada de diferencia-ção de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descen-dência ou origem nacional ou étnica.

b) Toda situação justificada ou não de dife-renciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

c) Toda situação justificada de diferen-ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas públicas, em virtude de raça, cor, des-cendência ou origem nacional ou étni-ca, excluída a esfera privada.

d) Toda situação injustificada ou não de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas es-feras pública e privada, em virtude de raça ou orientação sexual.

e) Toda situação injustificada de diferen-ciação de acesso e fruição de bens, ser-viços e oportunidades, realizada por particulares, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou ét-nica, com exclusão da esfera pública.

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20. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – ASS. ADM )

Indique a alternativa INCORRETA sobre os objetivos do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

a) Promover a igualdade étnica e o com-bate às desigualdades sociais resultan-tes do racismo, inclusive mediante ado-ção de ações afirmativas.

b) Formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a integração social da população negra.

c) Centralizar a implementação de ações afirmativas no governo federal.

d) Articular planos, ações e mecanismos vol-tados à promoção da igualdade étnica.

e) Garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a imple-mentação das ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem esta-belecidas.

21. (FESMIP-BA – 2011 – MPE-BA – Assistente Administrativo – Salvador)

A Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, estabeleceu, no seu artigo quarto, a participação da população negra, em condição de igualdade de oportunida-de, na vida econômica, social, política e cul-tural do País.

Analise os itens I, II, III, IV e V abaixo.

I – estímulo à pesquisa histórica que deter-mine a correta identificação e localização das comunidades de remanescentes de qui-lombos, para fins de reforma agrária

II – adoção de medidas, programas e políti-cas de ação afirmativa.

III – promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étni-ca e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucio-nais e estruturais.

IV – produção de filmes, novelas televisivas e peças teatrais com necessária participa-

ção de ao menos 10% (dez por cento) de atores, figurantes e técnicos negros.

V – inclusão, no rol de feriados nacionais, do Dia da Consciência Negra.

Escolha a alternativa que contempla dois itens que tratam dos meios que, na forma do indicado artigo de lei, garantem a partici-pação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econô-mica, social, política e cultural do País.

a) I e II.b) I e IV.c) II e III.d) III e V.e) IV e V.

22. (CESPE – 2013 – PC-BA – Delegado de Polí-cia)

Considerando o que dispõe a legislação atu-al acerca de discriminação, julgue os itens que se seguem.

Pratica crime o empregador que, por moti-vo de discriminação de raça ou cor, deixar de conceder equipamentos necessários ao empregado, em igualdade de condições com os demais trabalhadores.

( ) Certo   ( ) Errado

23. (MPE-SP – 2012 – MPE-SP – Promotor de Justiça)

O Estatuto da Igualdade Racial (Lei no 12.288/2010), destinado a garantir à po-pulação negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étni-cos individuais, coletivos e difusos e o com-bate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica, considera

a) Desigualdade racial: toda situação justi-ficada de diferenciação de acesso e frui-ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtu-de de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

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b) Discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, des-cendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restrin-gir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada.

c) População negra: o conjunto de pesso-as que se autodeclaram não brancas, conforme o quesito cor ou raça usado pelos órgãos oficiais de estatística.

d) Ações afirmativas: os programas in-centivados pelo Estado e pela iniciativa privada para a conscientização das de-sigualdades raciais e para a promoção dos direitos humanos.

e) Desigualdade de gênero e raça: simetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulhe-res negras e os demais segmentos so-ciais.

24. (ESAF – 2012 – CGU – Analista de Finanças e Controle – Prevenção da Corrupção e Ou-vidoria)

Visando assegurar o princípio da igualdade, o Estatuto da Igualdade Racial estabelece que é considerado(a) desigualdade racial

a) a assimetria existente no âmbito da so-ciedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais seg-mentos sociais.

b) a preferência baseada em raça ou ori-gem étnica que tenha por objeto, em igualdade de condições, anular o exer-cício de direitos humanos e liberdades fundamentais em qualquer campo da vida pública ou privada.

c) a situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça ou origem étnica.

d) a restrição baseada em cor cuja finali-dade seja restringir o reconhecimento, em igualdade de condições, de direitos humanos no campo social.

e) o tratamento socialmente diferenciado que tenha o objetivo de rechaçar o gozo de liberdade fundamental na esfera cul-tural em razão da origem nacional.

25. (MPE-PR – 2012 – MPE-PR – Promotor de Justiça)

Assinale a alternativa incorreta:

a) O Estatuto da Igualdade Racial consi-dera desigualdade de gênero e raça a assimetria no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulhe-res negras e demais segmentos sociais;

b) Em nosso país, há obrigatoriedade de estudo, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio, da história ge-ral da África e da história da população negra no Brasil;

c) É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos pela Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), o Juizado do seu domicílio ou residência, do lugar do fato em que se baseou a de-manda ou do domicílio do agressor;

d) Povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente indiferenciados que usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica;

e) É a autoidentificação o critério funda-mental para definir os grupos aos quais se aplicam as disposições da Convenção nº 169, da OIT.

26. (FESMIP-BA – 2011 – MPE-BA – Analista de Sistemas)

A Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, trouxe, no seu artigo pri-meiro, conceitos acerca de discriminação racial ou étnico-racial, desigualdade racial, população negra, políticas públicas e ações afirmativas para efeito do mencionado Esta-tuto. Analise os itens I, II, III, IV e V abaixo.

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PC-RS (Intensivo) – Direitos Humanos – Prof. Mateus Silveira

I – ações afirmativas: os programas e me-didas especiais adotados somente pelo Estado para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

II – políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado e pela iniciativa privada no cumprimento de suas atribuições institucionais.

III – população negra: o conjunto de pes-soas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi-nição análoga.

IV – desigualdade racial: assimetria existen-te no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.

V – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-rência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimen-to, gozo ou exercício, em igualdade de con-dições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econô-mico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada.

Escolha a alternativa que contempla dois itens que tratam dos conceitos que, na forma do indicado artigo de lei, tratam de discriminação racial ou étnico-racial, desi-gualdade racial, população negra, políticas públicas e ações afirmativas para efeito do mencionado Estatuto.

a) I e II.b) I e IV.c) II e III.d) III e V.e) IV e V.

27. (Considerando o Estatuto da Igualdade Ra-cial — Lei nº 12.288/2011 —, assinale a op-ção correta.)

a) A população negra no Brasil é compos-ta por indivíduos assim reconhecidos e classificados pelo Estado com base em critérios definidos pelo Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística.

b) A capoeira recebe proteção legal por sua relevância esportiva, não cultural.

c) O exercício de determinados cultos re-ligiosos de matriz africana deve ser re-gulamentado em lei, que deverá impor limites à sua liturgia.

d) O Estatuto, ao combater a discrimina-ção e a intolerância étnica, busca garan-tir a promoção do bem de todos, sem preconceitos, refletindo, assim, objeti-vo fundamental da República Federati-va do Brasil, previsto na CF.

Gabarito: 1. C 2. C 3. B 4. C 5. B 6. A 7. C 8. C 9. D 10. C 11. C 12. C 13. A 14. E 15. D 16. D 17. D  18. C 19. A 20. C 21. C 22. Certa 23. B 24. C 25. D 26. D 27. D