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1 © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Direitos Humanos Tema 3: A Evolução dos Direitos Fundamentais: Direitos Econômicos e Sociais e os Novos Direitos da Solidariedade Autor: Alan Martins Como citar este material: MARTINS, Alan. Direitos Humanos: A Evolução dos Direitos Fundamentais: Direitos Econômicos e Sociais e os Novos Direitos da Solidariedade. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional. 2014. Olá! Nesta aula, vamos continuar estudando as três gerações de direitos humanos, a começar pela segunda geração, que é a dos direitos sociais e econômicos, reconhecidos em caráter global pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas, de 1948. Os direitos humanos fundamentais de segunda geração, de natureza social, econômica e cultural, possuem origem mais ligada às lutas das classes trabalhadoras após a Revolução Industrial e se inserem nas esferas do trabalho, das relações de produção e dos direitos à assistência social, à associação sindical, ao descanso, ao lazer, à saúde, à educação, à livre participação na vida cultural da comunidade, entre outros. Ao final, estudaremos a terceira geração de direitos fundamentais, que se encontra em acelerado processo de consolidação e diz respeito aos direitos da solidariedade, mais relacionados à qualidade de vida. Vale lembrar sempre que cada nova geração de direitos humanos vem se somar às anteriores, sem negá-las e só aumentando a proteção. Bons estudos!

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1© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.

Direitos HumanosTema 3: A Evolução dos Direitos Fundamentais: Direitos Econômicos

e Sociais e os Novos Direitos da SolidariedadeAutor: Alan Martins

Como citar este material:MARTINS, Alan. Direitos Humanos: A Evolução dos Direitos Fundamentais: Direitos Econômicos e Sociais e os Novos Direitos da Solidariedade. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera

Educacional. 2014.

Olá!

Nesta aula, vamos continuar estudando as três gerações de direitos humanos, a começar pela

segunda geração, que é a dos direitos sociais e econômicos, reconhecidos em caráter global pela

Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas, de 1948.

Os direitos humanos fundamentais de segunda geração, de natureza social, econômica e cultural,

possuem origem mais ligada às lutas das classes trabalhadoras após a Revolução Industrial e se

inserem nas esferas do trabalho, das relações de produção e dos direitos à assistência social,

à associação sindical, ao descanso, ao lazer, à saúde, à educação, à livre participação na vida

cultural da comunidade, entre outros.

Ao final, estudaremos a terceira geração de direitos fundamentais, que se encontra em acelerado

processo de consolidação e diz respeito aos direitos da solidariedade, mais relacionados à qualidade

de vida.

Vale lembrar sempre que cada nova geração de direitos humanos vem se somar às anteriores, sem

negá-las e só aumentando a proteção.

Bons estudos!

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Direitos Humanos | Tema 3

A Evolução dos Direitos Fundamentais: Direitos Econômicos e Sociais e os Novos Direitos da Solidariedade

Conforme estudado em aulas anteriores, a evolução dos direitos humanos fundamentais teve início com o reconhecimento das Liberdades Públicas, que foram a primeira geração de direitos humanos.

É importante sempre lembrar que, até este momento, na história dos direitos fundamentais, sempre que surge uma nova geração de direitos humanos, essa nova geração vem para se somar às anteriores, representando um novo reconhecimento de direitos em caráter de ampliação da proteção, nunca com o intuito de negar qualquer direito que tenha sido anteriormente reconhecido.

Saiba Mais!

Esta aula será dedicada à complementação do estudo da evolução dos direitos humanos fundamentais até chegar à terceira geração. A título de retrospecto sobre o que foi visto em relação à primeira geração e como uma ótima prévia do que será estudado a partir de agora, assista ao excelente vídeo produzido pela ONG United for Human Rights.

A HISTÓRIA dos Direitos Humanos (legendado). United for Human Rights, 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uCnIKEOtbfc>. Acesso em: 25/05/2014.

Evolução Histórica e Doutrinária dos Direitos Humanos de Segunda Geração

Os direitos humanos fundamentais de segunda geração, de natureza social, econômica e cultural, possuem origem mais ligada às lutas das classes trabalhadoras após a Revolução Industrial e se inserem nas esferas do trabalho, das relações de produção e dos direitos à assistência social, à associação sindical, ao descanso e ao lazer, à saúde, à educação, à livre participação na vida cultural da comunidade, entre outros.

Para uma efetiva compreensão de como surgiram e se consolidaram, é muito importante que seja traçada uma linha do tempo retratando fatos e ideias de grande destaque ao longo do século XIX e início do XX.

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Direitos Humanos | Tema 3

Na Europa do século XIX, o cenário era de Liberalismo Econômico, com um Estado minimamente interventor e vigência das normas decorrentes das revoluções liberais. Também como consequência da Revolução Industrial, o mundo conheceu um acúmulo de riquezas antes jamais vivenciado na história da humanidade, porém essa riqueza ficou concentrada nas mãos de poucos empresários, a burguesia.

Enquanto isso, a classe trabalhadora, afundada em uma situação de penúria e miséria, contrastava totalmente com essa conjuntura de prosperidade econômica da classe burguesa. Com a explosão das máquinas, as consequências foram piores que as imaginadas: uma imensa massa de desempregados e, para quem tinha emprego, baixos salários, condições de trabalho penosas e insalubres nas fábricas, trabalho infanto-juvenil e condições indignas de trabalho das mulheres, levando a uma marginalização da classe operária.

Saiba Mais!

Nesta obra-prima do cinema da primeira metade do século XX, Charlie Chaplin retrata de maneira ímpar o contexto da sociedade que surgiu a partir da Revolução Industrial, mostrando por meio da ficção a realidade vivenciada pela classe trabalhadora com o surgimento das máquinas e o sofrimento que se abateu sobre a classe trabalhadora.

TEMPOS MODERNOS (Modern Times). EUA: United Artists, 1936. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8>. Acesso em: 25/05/2014.

Este contexto histórico, chamado de “Questão Social”, na acepção burguesa, e de “Luta de Classes”, na terminologia marxista, colocou as instituições liberais e o desenvolvimento econômico em cheque, culminando com um final de século XIX marcado por debates de ideias e batalhas políticas.

Na esfera política, a luta da classe trabalhadora era pelo sufrágio universal, neste momento, apenas em relação aos homens. Aos poucos, os detentores do poder do Estado tiveram de ir cedendo, e, paulatinamente, a classe trabalhadora foi conquistando direito ao voto e sendo disputada pelos movimentos e partidos, o que proporcionou um momento histórico propício para o surgimento de mudanças.

No campo das ideias, a crítica marxista veio denunciar o caráter formal das liberdades públicas, como direitos que, para serem exercidos, dependiam de condições econômicas e financeiras de que não dispunha a classe operária.

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Saiba Mais!

Vale a pena conhecer o Manifesto Comunista de Karl Marx e Frederich Engels, documento expoente da doutrina que ficou conhecida como Socialismo Científico.

Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Marx_and_Engels.jpg?uselang=pt-br>.

ENGELS, Frederich; MARX, Karl. Manifesto comunista. Alemanha: 1848. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000042.pdf>. Acesso em: 25/05/2014.

Deve-se, no entanto, esclarecer que, mesmo entre os socialistas, as ideias não eram unívocas, ponto em que se deve destacar a dicotomia entre Socialismo Revolucionário e Socialismo Reformista.

Postando-se na linha revolucionária, para marxistas, socialistas radicais e anarquistas, a única solução seria a extinção da classe exploradora, a burguesia, o que dependeria de Revolução.

Para os reformistas, defensores de posturas difundidas pelo Positivismo, pela social democracia e pelo cristianismo social, a solução era pacificadora, de reconciliação da classe proletária com o Estado e demais classes sociais.

Neste ponto, foi muito importante o apoio da doutrina social da Igreja Católica, a partir da Encíclica Rerum Novarum, editada pelo Papa Leão XIII, em 1891, com base na tese de Tomás de Aquino sobre o bem comum e a vida digna.

Saiba Mais!

LEÃO XIII, Papa. Carta encíclica Rerum Novarum. Roma, 1891. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html>. Acesso em: 25/05/2014.

No final, não resta dúvida de que o Reformismo foi o caminho que levou efetivamente à conquista dos direitos sociais que protagonizam os direitos humanos de segunda geração, já que os Revolucionários chegaram ao poder apenas na Rússia, com a Revolução de 1917.

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Saiba Mais!

Doutor Jivago (Doctor Zhivago), EUA, 1965

Ambientado no cenário da Revolução Russa de 1917, este premiado filme narra uma história de amor entre o jovem médico aristocrata Yuri Jivago e a enfermeira plebeia Lara Antipova. O filme é baseado no romance do escritor russo Boris Paternak, que lhe rendeu o prêmio Nobel de Literatura em 1958.

Em consequência de todos esses precedentes, as primeiras duas décadas do século XX foram marcadas por inúmeros fatos históricos que levaram à consolidação dos direitos econômicos e sociais. Os principais foram os seguintes:

• Constituição Mexicana de 1917: grande marco da segunda geração de direitos fundamentais, consagra direitos sociais como reforma agrária e direitos do trabalhador.

• Declaração Russa de 1918 ou Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado: documento de caráter meramente propagandístico que possui como valor os princípios que enuncia contra a exploração burguesa.

• Tratado de Versalhes de 1919: firmado para definir as condições de paz entre Aliados e Alemanha, ao final da Primeira Guerra Mundial, institui a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e consagra os direitos do trabalhador como obrigatórios para todos os Estados signatários.

• Constituição Alemã de 1919 (Constituição Weimar): inteiramente marcada pelo espírito da segunda geração de direitos humanos, consagra a função social da propriedade, a reforma agrária, a socialização de empresas, o direito de sindicalização, a proteção ao trabalho, a previdência social, entre outros direitos sociais.

Em meio a todos esses precedentes tivemos a Primeira Guerra Mundial que, a despeito do Tratado de Versalhes e da Constituição Weimar, teve sua feridas malcuradas, abrindo espaço para doutrinas como o Nazismo e o Fascismo, até que eclodisse, com todos os seus horrores, a Segunda Guerra Mundial.

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Saiba Mais!

RIBEIRO JR., João. O que é Nazismo. Brasília: Brasiliense, 1991.

Livro de bolso da conhecida Coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense sobre Nazismo. Trata das violações de direitos humanos no período da Segunda Guerra Mundial.

LACERDA, Gabriel. Nazismo, cinema e direito. São Paulo: Elsevier, 2012.

Livro muito interessante, fundamentado em aulas do Professor Gabriel Lacerda para alunos do Curso de Direito. De acordo com a sinopse da Editora: “O livro é dividido em 13 aulas, algumas com materiais complementares, distribuídas em dois módulos. Todas trazem uma indicação de filme principal sobre o tema proposto e outras sugestões adicionais (que abordam a história, as instituições, personalidade de Hitler, o Holocausto, responsabilização pelo passado, riscos e alternativas quanto ao futuro). O autor encerra a obra com uma proposta de avaliação”.

HIROSHIMA: o dia seguinte (Hiroshima: 24 hours after). National Geografic, 2011.

Documentário produzido pelo canal National Geografic sobre o dia seguinte do lançamento da bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. Cenas fortes sobre o outro lado dos horrores da Segunda Guerra Mundial.

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Coerentemente com o contexto histórico-evolutivo apresentado e as doutrinas abordadas, ao término da Segunda Guerra Mundial, o cenário encontrado era de um mundo castigado pelos horrores das guerras mundiais, clamando por uma reafirmação dos direitos humanos de primeira geração, brutalmente violados nas guerras, bem como de um reconhecimento universal dos direitos humanos de segunda geração.

A resposta veio por parte da comunidade internacional de nações, por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas de 1948, documento que veio:

• Reafirmar as liberdades públicas e os direitos civis e políticos, classificados como direitos humanos de primeira geração.

• Confirmar os direitos sociais, econômicos e culturais, considerados os direitos humanos de segunda geração.

Saiba Mais!

DECLARAÇÃO UNIVERSAL dos Direitos Humanos. Paris: ONU, 1948. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 25/05/2014so em: 25/05/2014.

A Expansão do Modelo dos Direitos Humanos de Segunda Geração

A partir da Constituição Weimar e, sobretudo, após a Declaração da ONU em 1948, o que se passou a ver foram as Constituições da maioria dos Estados seguindo o modelo de reconhecimento dos direitos sociais e econômicos, contemplando-os em seus respectivos sistemas de garantia.

E, deste modo, da mesma forma que os direitos de primeira geração, os direitos sociais e econômicos não estão meramente declarados, mas integram as ordens jurídicas dos Estados de Direito, constituindo verdadeiros direitos subjetivos a serem exigidos por seus destinatários.

É assim que os direitos sociais e econômicos estão reconhecidos e contemplados no sistema de garantias da Constituição Federal Brasileira de 1988, mediante proteção disseminada por todo o texto constitucional, com destaque para:

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• Educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados (art. 6º).

• Trabalho (art. 7º).

• Seguridade social (art. 195).

• Saúde (art. 196).

• Educação (art. 205).

• Cultura (art. 215).

• Lazer pelo desporto (art. 217).

• Família (art. 226).

Caracteres dos Direitos Sociais

Em relação aos caracteres dos direitos sociais, Ferreira Filho (2012) destaca os seguintes:

Natureza: a exemplo das liberdades da primeira geração, os direitos sociais, econômicos e culturais são direitos subjetivos, mas não são meros poderes de agir, e sim poderes de exigir do Estado a prestação concreta de saúde, educação, cultura, lazer etc.

Sujeito passivo: a rigor, o Estado é considerado o responsável pelo atendimento a esses direitos, mas não só ele, uma vez ser representante da sociedade; assim, alguns direitos sociais possuem responsabilidade compartilhada, como são os casos: i) da Seguridade Social, responsabilidade de toda a sociedade (CF, art. 195); e ii) da educação, responsabilidade partilhada com a iniciativa privada e a família (CF, art. 205).

Objeto: geralmente, é uma prestação de serviço de saúde, educação, assistência social e outros, mas também pode ser um prestação em dinheiro, como é o caso do seguro-desemprego.

Fundamentos: pressupõem a existência de sociedade, no que parecem distinguir-se das liberdades públicas, que se fundamentam no direito natural, muito embora a sociabilidade seja de natureza humana, de modo que também não é absurdo dizer que, no fundo, também são direitos naturais reconhecidos.

Garantia: em uma primeira frente possuem garantia institucional, mas, quando violados, não há dúvidas de que as vítimas podem recorrer ao Poder Judiciário, por exemplo, mediante a propositura de uma reclamação trabalhista.

Os Direitos Humanos de Terceira Geração: Direitos da Solidariedade

Há uma terceira geração de direitos fundamentais em acelerado processo de consolidação, mais relacionados à solidariedade entre os povos e à qualidade de vida.

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Cabe realçar que o desenvolvimento desses direitos ocorreu no plano internacional em documentos firmados no âmbito da ONU e da UNESCO, tais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU de 1966, Declaração de Estocolmo de 1972, Carta dos Direitos e Deveres Econômicos de 1974, Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Sociais de 1978, Carta Africana dos Direitos dos Povos de 1981, Carta de Paris para uma Nova Europa de 1990, e a Declaração do Rio de Janeiro de 1992 (ECO 92).

Os principais deles, todos reconhecidos na Constituição Federal de 1988, são os seguintes:

• Direito à paz (art. 4º, VI).

• Direito ao desenvolvimento – cooperação dos povos para o progresso da humanidade (art. 4º, IX).

• Direito à comunicação (art. 220).

• Autodeterminação dos povos (art. 4º, III).

• Direito ao meio ambiente (art. 225).

No que diz respeito aos caracteres desses direitos, Ferreira Filho (2012) destaca os seguintes:

Titularidade: não são direitos individuais, são direitos difusos.

Sujeito passivo: são os Estados no âmbito interno e como membros da comunidade internacional.

Objeto: são direitos subjetivos de objetos bastante heterogêneos, compreendendo direitos de exigir (por exemplo: direito à paz); de fazer (por exemplo: a recuperação do meio ambiente poluído) ou de não fazer (por exemplo: não degradar o patrimônio comum da humanidade, como são os casos do fundo do mar e do subsolo).

Fundamento: a solidariedade, principalmente a solidariedade entre os povos.

Garantia: em sua maioria não cabe senão a garantia institucional, mas há direitos que, como é o caso do meio ambiente, podem ser garantidos no âmbito judicial por meio de ações tais como ação civil pública (CF, art. 129, III) e ação popular (CF, art. 5º, LXXIII).

Autodeterminação dos povos: direitos dos povos a dispor deles próprios, determinando livremente seu estatuto político e assegurando o próprio desenvolvimento econômico, social e cultural.

Direitos difusos: direitos cujos titulares são pessoas indeterminadas ligadas por circunstâncias de fato, como é o caso do direito ao meio ambiente saudável, livre de poluição, e à preservação da flora, que se garante, por exemplo, com as normas que proíbem queimadas de cana em determinada região.

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Garantia institucional: estabelecida em nível amplo e estrutural, compreende a estrutura institucional organizada para a defesa dos direitos humanos, tal como a manutenção de um Poder Judiciário organizado para acolher as pretensões contra violações aos direitos fundamentais e capaz de manejar instrumentos para restaurá-los quando necessário, inclusive quando o responsável pela violação for um agente, órgão ou entidade do Estado. É o mesmo que garantia-estrutura.

Patrimônio comum da humanidade: é algo que pertence a toda a humanidade e não pode ser objeto de apropriação, tal como o fundo do mar e o subsolo, ou ainda algo de interesse comum da humanidade, tais como monumentos, paisagens, conjuntos arquitetônicos e áreas de interesse arqueológico, histórico, étnico, cultural etc. Esse conceito se deduz de exposição feita por Zanirato (2010) no V Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade.

Instruções

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

Questão 1

Os direitos a educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados, enunciados no artigo 6º da Constituição Federal de 1988, correspondem a:

a) Liberdades públicas, consideradas direitos humanos de primeira geração.

b) Liberdades públicas, consideradas direitos humanos de segunda geração.

c) Liberdades públicas, consideradas direitos humanos de terceira geração.

d) Direitos sociais, considerados direitos humanos de primeira geração.

e) Direitos sociais, considerados direitos humanos de segunda geração.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 2

Entre os direitos fundamentais, há direitos que se firmaram primeiramente no plano internacional em documentos firmados no âmbito da ONU e da UNESCO, tais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU de 1966, Declaração de Estocolmo de 1972, Carta dos Direitos e Deveres Econômicos de 1974, Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Sociais de 1978, Carta Africana dos Direitos dos Povos de 1981, Carta de Paris para uma Nova Europa de 1990; e a Declaração do Rio de Janeiro de 1992 (ECO 92). Esses direitos correspondem a:

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a) Direitos fundamentais em acelerado processo de consolidação, mais relacionados à solidariedade entre os povos e à qualidade de vida.

b) Liberdades públicas fundamentadas nos direitos naturais de titularidade de todo e qualquer ser humano.

c) Direitos sociais, econômicos e culturais peculiares à segunda geração de direitos humanos fundamentais.

d) Direitos fundamentais consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948.

e) Direitos civis e políticos de titularidade difusa, consagrados como direitos da solidariedade humana.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 3

Quando a Constituição Federal de 1988 estabelece que é dever do Estado propiciar proteção à saúde (art. 196), à educação (art. 205) e à cultura (art. 215), pode-se afirmar que o texto constitucional está dispondo a respeito:

a) Da titularidade de liberdades públicas.

b) Da titularidade de direitos sociais.

c) Do sujeito passivo das liberdades públicas.

d) Do sujeito passivo dos direitos sociais.

e) Do fundamento das liberdades públicas.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 4

Os direitos humanos fundamentais de segunda geração, de natureza social, econômica e cultural, possuem origem mais ligada às lutas das classes trabalhadoras após a Revolução Industrial e se inserem nas esferas do trabalho, das relações de produção e dos direitos à assistência social, à associação sindical, ao descanso e ao lazer, à saúde, à educação, à livre participação na vida cultural da comunidade, entre outros. É lícito afirmar que esses direitos vieram se sobrepor às liberdades públicas e aos direitos políticos anteriormente reconhecidos como a primeira geração de direitos humanos fundamentais?

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

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Questão 5

A autodeterminação dos povos e o patrimônio comum da humanidade são considerados direitos humanos de terceira geração, na medida em que estão mais relacionados à solidariedade entre os povos. Conceitue esses dois direitos.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Fundamentada na evolução da doutrina dos direitos naturais e antecedida por precedentes históricos, tais como a Magna Carta e as Bill of Rights, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França, de 1789, constituiu o marco inicial da evolução dos direitos humanos fundamentais.

Com caráter declaratório e universal, essa declaração enunciou não apenas os direitos humanos fundamentais de primeira geração, consubstanciados nas Liberdades Públicas reconhecidas em relação a todos os seres humanos, como também os direitos políticos dos cidadãos franceses.

Mas nada seria da declaração de direitos humanos fundamentais se não fossem as garantias constitucionais como meio de tornar efetiva a proteção desses direitos que, por natureza, são inerentes a todos os seres humanos.

A HISTÓRIA dos Direitos Humanos (legendado). United for Human Rights, 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uCnIKEOtbfc>. Acesso em: 25/05/2014.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL dos Direitos Humanos. Paris: ONU, 1948. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 25/05/2014.

ENGELS, Frederich; MARX, Karl. Manifesto comunista. Alemanha: 1848. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000042.pdf>. Acesso em: 25/05/2014.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

LACERDA, Gabriel. Nazismo, cinema e direito. São Paulo: Elsevier, 2012.

LEÃO XIII, Papa. Carta encíclica Rerum Novarum. Roma, 1891. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html>. Acesso em: 25/05/2014.

RIBEIRO JR., João. O que é Nazismo. Brasília: Brasiliense, 1991.

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Direitos Humanos | Tema 3

TEMPOS MODERNOS (Modern Times). EUA: United Artists, 1936. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8>. Acesso em: 25/05/2014.

ZANIRATO, Sílvia H. Patrimônio da Humanidade: Controvérsias Conceituais e Legais na Definição de Bem Comum. In: ENCONTRO DA ANPPAS, 5., 2010. Anais... 2010. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro5/cd/artigos/GT15-359-289-20100902115329.pdf>. Acesso em: maio 2014.

Questão 1

Resposta: Alternativa “E”.

Os direitos sociais e econômicos estão reconhecidos e contemplados no sistema de garantias da Constituição Federal Brasileira de 1988, mediante proteção disseminada por todo o texto constitucional, com destaque para, entre outros: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados (art. 6º).

Questão 2

Resposta: Alternativa “A”.

Há uma terceira geração de direitos fundamentais em acelerado processo de consolidação, mais relacionados à solidariedade entre os povos e à qualidade de vida. Cabe realçar que o desenvolvimento desses direitos ocorreu no plano internacional em documentos firmados no âmbito da ONU e da UNESCO, tais como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU de 1966, Declaração de Estocolmo de 1972, Carta dos Direitos e Deveres Econômicos de 1974, Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Sociais de 1978, Carta Africana dos Direitos dos Povos de 1981, Carta de Paris para uma Nova Europa de 1990, e a Declaração do Rio de Janeiro de 1992 (ECO 92).

Questão 3

Resposta: Alternativa “D”.

Em relação aos caracteres dos direitos sociais, Ferreira Filho (2012) destaca o sujeito passivo. A rigor, o Estado é considerado o responsável pelo atendimento a esses direitos, entre eles, saúde, educação e cultura.

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Questão 4

Resposta esperada: Não, pois é sempre importante lembrar que, até o momento, na história dos direitos fundamentais, sempre que surge uma nova geração de direitos humanos, essa nova geração vem para se somar às anteriores, representando um novo reconhecimento de direitos em caráter de ampliação da proteção, nunca com o intuito de negar qualquer direito que tenha sido anteriormente reconhecido.

Questão 5

Resposta esperada: Autodeterminação é o direito dos povos a dispor deles próprios, determinando livremente seu estatuto político e assegurando o próprio desenvolvimento econômico, social e cultural. Patrimônio comum da humanidade é algo que pertence a toda a humanidade e não pode ser objeto de apropriação, tal como o fundo do mar e o subsolo, ou ainda algo de interesse comum da humanidade, tais como monumentos, paisagens, conjuntos arquitetônicos e áreas de interesse arqueológico, histórico, étnico, cultural etc.