Diretriz conjunta da OIT e OMS.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • Dire

    ctri

    zes

    conj

    unta

    s OI

    T/OM

    S so

    bre

    os s

    ervi

    os

    de s

    ade

    e a

    infe

    co

    VIH

    /sid

    a

    www.sida.pt

    Escritrioem Lisboa

    www.ilo.org/lisbon

    A epidemia da infeco VIH/sida um problema mundial e um dos maiores desa os alguma vez

    lanados ao desenvolvimento e ao progresso sociais. As suas repercusses sociais e econmicas

    so particularmente graves quando a perda de recursos humanos se concentra nos grupos com

    competncias raras ou com formao pro ssional e administrativa de nvel superior, nomeada-

    mente no domnio da gesto. As consequncias desta perda atingem propores crticas quando

    afectam servios e estruturas essenciais para assegurarem uma resposta e caz, tais como os

    sistemas nacionais de sade.

    Actualmente, no existe qualquer vacina para prevenir a infeco VIH/sida nem cura. A preveno

    depende essencialmente das campanhas de sensibilizao da opinio pblica e da alterao dos

    comportamentos individuais num ambiente propcio, uma tarefa que exige tempo e pacincia.

    Em termos de tratamento, a teraputica anti-retrovrica (TAR), cada vez mais e caz e acessvel,

    ajudou a preservar a sade daqueles que tm acesso aos medicamentos, a prolongarem as suas

    vidas e a manterem os seus meios de subsistncia.

    Tendo em conta os seus mandatos complementares, a sua longa e estreita colaborao no dom-

    nio da sade no trabalho e, mais recentemente, a sua parceria como co-patrocinadores do pro-

    grama ONUSIDA, a OIT e a OMS decidiram conjugar os seus esforos para ajudar os servios de

    sade a reforarem as suas capacidades e, desta forma, proporcionarem aos seus trabalhadores

    um ambiente de trabalho seguro, saudvel e digno, dado que esta constitui a melhor forma de

    reduzir a transmisso da infeco VIH/sida e de outros patognios transmissveis pelo sangue,

    bem como de melhorar a prestao de cuidados de sade aos doentes. Trata-se de uma questo

    fundamental, dado que os pro ssionais dos servios de sade, para alm de prestarem cuidados

    de sade bsicos, tratam tambm de doentes com a infeco VIH/sida e gerem a administrao

    e acompanhamento a longo prazo da teraputica anti-retrovrica (TAR) numa altura em que, em

    muitos pases, eles prprios so dizimados pela epidemia.

  • OrganizaoInternacionaldo Trabalho

    OrganizaoMundialda Sade

    Directrizes conjuntas OIT/OMSsobre os servios de sade

    e a infeco VIH/sida

    Escritrio da OIT em Lisboa

  • Copyright Organizao Internacional do Trabalho 2008Publicado em 2008

    As publicaes do Bureau Internacional do Trabalho gozam da proteco dos direitos de autor em virtude do Protocolo 2 anexo Conveno Universal sobre Direito de Autor. No entanto, breves extractos dessas publicaes podem ser reproduzidos sem autorizao, desde que mencionada a fonte. Os pedidos para obteno dos direitos de reproduo ou traduo devem ser dirigidos ao Servio de Publicaes da OIT (Rights and Permissions), International Labour Of ce, CH-1211 Geneva 22, Switzerland, ou por email: [email protected]. Os pedidos de autorizao sero sempre bem vindos.As bibliotecas, instituies e outros utilizadores registados podero reproduzir cpias de acordo com as licenas obtidas para esse efeito. Por fazer consulte o sitio www.ifrro.org para conhecer a entidade reguladora no seu pas.

    Directivas conjuntas OIT/OMS sobre os servios de sade e o VIH/SIDA / Organizao Internacional do Trabalho. - Genebra: OIT, 2007p.104Depsito Legal: 271149/08

    ISBN: 9789228201567; 9789228201574 (web pdf)

    International Labour Of ce

    HIV / AIDS / medical personnel / health service / occupational health / occupational safety

    15.04.2------------------------------------------------Tambm disponvel em Ingls: Joint ILO/WHO guidelines on health services and HIV/AIDS (ISBN 92-2-117553-7), Copyright International Labour Organization and World Health Organization, Geneva, 2005, Francs: Directives conjointes OIT/OMS sur les services de sant et le VIH / SIDA (ISBN 92-2-217553-0), Copyright Organisation Internationale du Travail et Organisation Mondiale de la Sant, Genve, 2005, Espanhol: Directrices mixtas OIT/OMS sobre los servicios de salud y el VIH/SIDA (ISBN 92-2-317553-4), Copyright Organizacin Internacional del Trabajo y Organizacin Mundial de la Salud, Ginebra, 2005.

    Traduo : TraductaReviso tcnica : Comisso Nacional para a Infeco VIH/sida Dados de catalogao do BIT

    As designaes constantes das publicaes da OIT, que esto em conformidade com as normas das Naes Unidas, bem como a forma sob a qual guram nas obras, no re ectem necessariamente o ponto de vista da Organizao Internacional do Trabalho ou da Organizao Mundial da Sade, relativamente condio jurdica de qualquer pas, rea ou territrio ou respectivas autoridades, ou ainda relativamente delimitao das respectivas fronteiras.As opinies expressas em estudos, artigos e outros documentos so da exclusiva responsabilidade dos seus autores, e a publicao dos mesmos no vincula a Organizao Internacional do Trabalho s opinies neles expressas.A referncia a nomes de empresas e produtos comerciais e a processos ou a sua omisso no implica da parte da Organizao Internacional do Trabalho qualquer apreciao favorvel ou desfavorvel.

    Informao adicional sobre as publicaes do BIT pode ser obtida no Escritrio da OIT em Lisboa, Rua Viriato n 7, 7, 1050-233 LISBOA-PORTUGALTel. +351 213 173 447, fax +351 213 140 149 ou directamente atravs da nossa pgina da internet www.ilo.org/lisbon

    Impresso em Portugal

  • III

    As presentes directrizes so o produto da colaborao entre a Organizao Internacional do Trabalho e a Organizao Mundial da Sade. Tendo em conta os seus mandatos complementares, a sua longa e estreita colaborao no domnio da sade no trabalho e, mais recentemente, a sua parceria como co-patro-cinadores do programa ONUSIDA, a OIT e a OMS decidiram conjugar os seus esforos para ajudar os servios de sade a reforarem as suas capacidades e, desta forma, proporciona-rem aos seus trabalhadores um ambiente de trabalho seguro, saudvel e digno, dado que esta constitui a melhor forma de reduzir a transmisso da infeco VIH/sida e de outros patog-nios transmissveis pelo sangue e de melhorar a prestao de cuidados de sade aos doentes. Trata-se de uma questo funda-mental, dado que os pro ssionais dos servios de sade, para alm de prestarem cuidados de sade bsicos, tratam tambm de doentes com a infeco VIH/sida e gerem a administrao e acompanhamento a longo prazo da teraputica anti-retrovrica (TAR) numa altura em que, em muitos pases, eles prprios so dizimados pela epidemia.

    O Conselho de Administrao da OIT decidiu, na sua 290 ses-so (Junho de 2004), que deveria haver uma reunio de espe-cialistas com vista a elaborar as directivas comuns OIT/OMS sobre os servios de sade e o a infeco VIH/sida. O Conselho da Administrao, na sua 291 sesso, realizada em Novembro de 2004, decidiu que a reunio de especialistas teria lugar de 19 a 21 de Abril de 2005. Os presentes na reunio propuseram a seguinte estrutura: nomear cinco especialistas aps consulta aos governos de cinco pases escolhidos pela OMS com a con-cordncia da OIT, nomear cinco especialistas aps consulta ao grupo dos empregadores do Conselho da Administrao da OIT, e nomear cinco especialistas aps consulta ao grupo de traba-lhadores do Conselho da Administrao da OIT. Alm dos cinco especialistas do grupo de empregadores e dos cinco especia-listas do grupo de trabalhadores, participaram igualmente nas reunies quatro especialistas provenientes dos governos selec-cionados. Foi nomeado tambm um presidente independente, escolhido aps consulta ao governo de um pas suplementar. Em concordncia com a OMS foi decidido que o objectivo da reunio seria examinar e adoptar uma srie de directivas OIT/OMS sobre os servios de sade e a infeco VIH/sida.

    Prefcio

  • IV

    Lista de participantes

    Presidente

    Dr. Lester Wright, Comissrio Adjunto/Mdico-Chefe, Depar- tamento de Servios Prisionais do Estado de Nova Iorque, Al-bany, Nova Iorque (EUA)

    Especialistas nomeados pelos governos

    Dr. Thrse Nkoa NgAwono, Chefe do Servio de Segurana Transfusional, Ministrio da Sade Pblica, Yaound (Cama-res)

    Dr. Blgica Bernales Contreras, Instituto de Sade Pblica, Tcnica de sade ocupacional em Medicina do Trabalho, San-tiago do Chile, (Chile)

    Dr. Zulmiar Yanri, Directora, Normas de Segurana e Sade no Trabalho, Direco-Geral das Relaes Laborais e das Nor-mas do Trabalho, Ministrio do Emprego e da Transmigrao, Jakarta Selatan (Indonsia)

    Dr. Oleg Yurin, Director Adjunto, Centro Federal de Metodolo- gia Cient ca para a SIDA, Moscovo (Federao da Rssia)

    Especialistas nomeados pelos empregadores

    Dr. David Barnes, Consultor de Medicina no Trabalho, Servi- os de Sade Anglo Gold, Western Levels (frica do Sul)

    Dr. Horace Fisher, Membro do Conselho, Federao de Em- pregadores da Jamaica, Kingston (Jamaica)

    Samir A. Khalil, Director Executivo, Poltica de Combate ao VIH & Relaes Externas, Sade Humana Europa, Mdio Oriente e frica, Merck & Co. Inc., Whitehouse Station, Nova Jersey (EUA)

    Joel Orenge Momanyi, Consultor Principal de Formao em Gesto e Coordenador do Programa de para a infeco VIH/sida, Federao de Empregadores do Qunia, Nairobi (Qunia)

    Dr. Vichai Vanadurongwan, Presidente, Srivichai Hospital Group, Banguecoque (Tailndia)

    Consultor: Dr. Prayong Temchavala, Consultor do Srivichai Hospital Group, Banguecoque (Tailndia)

  • VEspecialistas nomeadas pelos trabalhadores

    Darryl Alexander, Directora, Sade e Segurana no Trabalho, Federao Americana de Professores, Washington DC (EUA)

    Gilberte Apovo Gbedolo, Confederao de organizaes sindi- cais independentes (COSI-Benim), Cotonou (Benim) Consulto-ra tcnica: Maaike Van der Velden, Federao Internacional dos Servios Pblicos (INFEDOP), Amesterdo (Pases Baixos)

    Gazela Fayers, Sindicato do Pessoal Hospitalar da frica do Sul, Queenswood ZA, Pretria (frica do Sul)

    Dr. Suniti Solomon, Directora, Centro YRG de Investigao e Educao sobre SIDA, Chennai (ndia)

    Irei Vuoriluoto, Responsvel pela Poltica de Pessoal, Sindica- to dos Pro ssionais da Sade e dos Servios Sociais, Tehy, Helsnquia (Finlndia)

    Consultora tcnica: Hope Daley, UNISON, Chefe de Sade e Segurana, Londres (Reino Unido)

    Representantes das Naes Unidas, de organismos especializados e de outras organizaes internacionais o ciais

    Gabinete das Naes Unidas para o Controlo da Droga e a Preveno do Crime, Dr. ChristianKroll, Chefe da Unidade In-feco VIH/sida, Viena (ustria)

    Representantes de organizaes internacionais no governamentais

    Confederao Internacional de Sindicatos Livres (CISL): Anna Biondi, Directora, Raquel Gonzalez, Directora Adjunta, Genebra (Sua), Clementine Dehwe, Coordenadora do Programa da Glo-bal Unions sobre Infeco VIH/sida, Bruxelas (Blgica)

    Aliana Cooperativa Internacional (ACI): Maria Elena Chavez Hertig, Directora-Geral Adjunta, Genebra

    Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE): Dr. Tesfamicael Ghebrehiwet, Consultor, Poltica de Enfermagem e de Sade, Genebra

    Organizao Internacional de Empregadores (OIE): Jean De- jardin, Consultor, Frederick Muia, Consultor Regional para frica, Barbara Perkins, Consultora, Genebra

  • VI

    Federao Internacional Farmacutica (FIP): Luc Besanon, Ordem dos Farmacuticos, Paris (Frana)

    Public Services International: Alan Leather, Secretrio-Geral Adjunto, Ferney-Voltaire (Frana)

    Confederao Mundial do Trabalho: Herv Sea, Representante permanente, Genebra

    INFEDOP: Bert Van Caelenberg, Secretrio-Geral, Bruxelas

    Frum Econmico Mundial Global Health Initiative (WEF- GHI): Jason Liu, Genebra

    Secretariado da OIT

    Dr. Benjamin Alli, Director interino, Programa Global da OIT sobre a infeco VIH/sida e o Mundo do Trabalho

    Norman Jennings, Director interino do Departamento de Ac- tividades Sectoriais

    Susan Leather, Chefe da Unidade de Actividades de Sensibili- zao e Publicao, Programa Global da OIT sobre a infeco VIH/sida e o Mundo do Trabalho

    Susan Maybud, Especialista em Servios de Sade, Departa- mento de Actividades Sectoriais

    Anamaria Vere, Especialista em Desenvolvimento de Informa- o, Departamento de Actividades Sectoriais

    Secretariado da OMS

    Sandra Black, Tcnica, Programa VIH/sida

    Dr. Charles Gilks, Director, Coordenador da Equipa para a Me- lhoria do Tratamento e da Preveno da Infeco VIH/sida

    Reverendo Cnego Ted Karpf, Responsvel pelas parcerias

    Susan Wilburn, Medicina no Trabalho e Sade Ambiental

    Dr. Jean Yan, Cientista-Chefe de Enfermagem e Obstetrcia, Recursos Humanos para a Sade

    Pessoas-recurso

    Dr. Kristine Gebbie, Directora do Centro de Poltica de Sade e Estudos Doutorais, Universidade de Columbia, Escola de Enfermagem, Nova Iorque, EUA

    Isaac Obadia, ex-funcionrio da OIT, SAFEWORK

  • VII

    Pginandice

    Prefcio III Lista de participantes IV Acrnimos IX Glossrio XI Introduo 1Objectivo 3

    mbito e contedo 4

    Princpios 4

    Enquadramento jurdico e poltico 6O papel do governo 6Poltica para o desenvolvimento e gesto de sistemas nacionais de sade que visam dar resposta infeco VIH/sida 9O papel das organizaes de empregadores e de trabalhadores 10

    O sector da sade como local de trabalho 11Reconhecimento da infeco VIH/sida como uma questorelacionada com o local de trabalho 12Estigmatizao e discriminao no sector da sade 12Gnero: questes relevantes para as mulheres e para osaos homens 14Dilogo social 15

    Segurana e sade no trabalho 17Sistemas de gesto da SST 17Preveno e proteco contra patognios infecciosos 18

    Gesto dos riscos 19Identi cao dos perigos 20Avaliao dos riscos 21Controlo dos riscos 22

    Prticas de trabalho seguras 24Manuseamento seguro de objectos cortantes e perfurantes e de material de injeco descartvel 25Limpeza, desinfeco e esterilizao do equipamento 26Limpeza de sangue derramado 27Manuseamento e eliminao de cadveres 27Lavandaria 28Gesto de resduos 28

    Acompanhamento e avaliao 29

    ndice

  • VIII

    Gesto de incidentes devido a exposio 31Sistema de resposta em caso de exposio 31Medidas imediatas 32Medidas de acompanhamento 32Anlise e registos 32

    Cuidados, tratamento e apoio 33Aconselhamento e testes voluntrios 33Divulgao e con dencialidade 34Tratamento 35Segurana no trabalho e promoo pro ssional 35

    Condies de trabalho 36Adaptao adequada 36Programas de assistncia aos funcionrios 37Proteco social 38

    Conhecimento, educao e formao 38

    Investigao e desenvolvimento 41

    Apndice 1 Fundamentos para a aco no plano internacional 42

    Fichas informativas 471. Caracterizao dos riscos: vrus da hepatite e VIH 482. O ciclo de gesto da segurana e sade no trabalho 513. Modelo para uma estrutura dos sistemas de gesto de SST de um hospital 524. Hierarquia dos controlos aplicados ao risco de exposio a patognios transmissveis pelo sangue 555. Preveno da infeco nosocomial por VIH atravs

    de medidas de precauo bsicas 566. Segurana das injeces 617. Medidas destinadas a reduzir os riscos durante

    as intervenes cirrgicas 658. Mtodos de esterilizao e de desinfeco de alto nvel 699. Gesto de resduos hospitalares em condies

    de segurana 7610. Descrio sumria do processo de gesto da exposio pro ssional a patognios transmissveis

    pelo sangue 8311. Educao e formao no local de trabalho 8512. Fontes de informao seleccionadas sobre as polticas, a regulamentao e as tcnicas relativas infeco VIH/sida, disponveis na Internet 86

  • IX

    Acrnimos

    EGSS Estratgia Global para o Sector da Sade (OMS)

    GRH Gesto de resduos hospitalares

    IGHB Imunoglobulina da hepatite B

    IST Infeces sexualmente transmissveis

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

    OMS Organizao Mundial da Sade

    ONG Organizao no governamental

    ONU Organizao das Naes Unidas

    ONUSIDA Programa Conjunto das Naes Unidas sobre a infeco VIH/sida

    PPE Pro laxia ps-exposio SGSST Sistemas de gesto da segurana e sade no trabalho

    SIDA Sndrome da imunoDe cincia adquirida SST Servios de sade no trabalho

    TAR Teraputica anti-retrovrica

    TBMR Tuberculose multirresistente

    VTS Vrus transmissvel pelo sangue

    UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia

    VIH Vrus da imunode cincia humana

    VHB Vrus da hepatite B

    VHC Vrus da hepatite C

  • X

  • XI

    Glossrio

    As de nies que se seguem foram retiradas das directrizes e normas tcnicas da OIT e da OMS, bem como da base de dados terminolgica do Programa ONUSIDA.

    Cessao da relao de trabalho: nas presentes directrizes, cessao da relao de trabalho por iniciativa do empregador, em conformidade com a Conveno (n. 158) da OIT relativa cessa-o da relao de trabalho por iniciativa do empregador, de 1982.

    Dilogo social: pode assentar num processo tripartido, em que o governo participa o cialmente no dilogo, ou num pro-cesso bipartido entre os empregadores e os trabalhadores ou as respectivas associaes, com ou sem a participao indirec-ta do governo.

    Discriminao: nas presentes directrizes, este termo de ni-do em conformidade com a Conveno (n. 111) da OIT relativa discriminao no emprego e pro sso, de 1958, e abrange o estatuto VIH. Abrange igualmente a discriminao com base no estatuto VIH presumido de um trabalhador, nela se incluin-do a discriminao em razo da orientao sexual.

    Empregador: qualquer pessoa ou organizao que empre-gue trabalhadores ao abrigo de um contrato de trabalho escrito ou verbal, no qual sejam estabelecidos os direitos e deveres de ambas as partes, em conformidade com a legislao e a prtica nacionais. Podem ser empregadores os governos, as autorida-des pblicas, as empresas privadas e os particulares.

    Equipamento de proteco individual (EPI): equipamento concebido para proteger os trabalhadores de acidentes de tra-balho ou doenas pro ssionais graves resultantes do contacto com fontes de perigo qumicas, radiolgicas, fsicas, elctricas, mecnicas ou outras fontes de perigo existentes no local de tra-balho. Para alm das viseiras, culos de proteco, capacetes e calado de segurana, o equipamento de proteco individual compreende diversos dispositivos e peas de vesturios, tais como fatos de macaco, luvas, coletes, protectores auriculares e mscaras.

    Exposio: uma exposio susceptvel de colocar os pro s-sionais de sade em risco de infeco por VHB, VHC ou VIH de-vido a uma leso percutnea (por ex., a picada de uma agulha ou um corte com um objecto a ado) ou por contacto com uma membrana mucosa ou pele no intacta (por ex. pele exposta

  • XII

    que apresente feridas, escoriaes ou dermatite) contaminada com sangue, ou com tecidos ou outros lquidos orgnicos po-tencialmente infecciosos.

    Hierarquia de controlo: mtodo para estabelecer prioridades nas estratgias e medidas de controlo dos riscos pro ssionais, em funo da sua e ccia: eliminao, substituio, controlos tcnicos, controlos administrativos e de prticas de trabalho, equipamento de proteco individual (EPI).

    IST: infeces sexualmente transmissveis, tais como s lis, cancro mole, infeco por clamdia e gonorreia, vulgarmente designadas por doenas sexualmente transmissveis (DST).

    Lquidos e tecidos orgnicos: podem conter patognios in-fecciosos, devendo ser tratados com as mesmas precaues que o sangue. Incluem: lquido crebro-espinal, peritoneal, pleural, pericrdico, sinovial e amnitico; smen, secrees vaginais e leito materno; qualquer outro lquido orgnico visi-velmente contaminado com sangue, nomeadamente saliva em casos associados a odontologia; e tecidos e rgos no xos.

    Local de trabalho: todos os locais onde os trabalhadores de-vam estar presentes ou para onde se devam deslocar por ra-zes de trabalho e que se encontram sob o controlo directo ou indirecto do empregador.

    Perigo: potencial intrnseco de um material ou de uma situa-o para causar danos sade das pessoas ou danos materiais.

    Adaptao adequada: toda a alterao ou ajustamento do emprego, do horrio ou do local de trabalho que seja razoavel-mente praticvel e que permita a uma pessoa que viva com a infeco VIH/sida (ou outra doena ou de cincia crnica) ter acesso ao emprego, desempenhar as suas funes ou progre-dir pro ssionalmente.

    Precaues bsicas: medidas destinadas a evitarem a trans-misso de infeces durante a prestao de cuidados de sade, incluindo mtodos de manuseamento de resduos, bem como precaues bsicas para evitar a exposio a sangue ou a ou-tros lquidos orgnicos, que devem ser adoptadas em relao a todos os doentes, independentemente do diagnstico.

    Pro laxia ps-exposio: administrao imediata de medi-camentos aps exposio a sangue ou outros lquidos orgni-cos potencialmente infectados, a m de minimizar o risco de infeco. A teraputica preventiva ou pro laxia primria administrada a indivduos em risco a m de evitar uma primei-ra infeco; a pro laxia secundria visa prevenir infeces recorrentes.

    Pro ssional de sade: pessoa (por ex., enfermeiro, mdico, farmacutico, tcnico, agente funerrio, dentista, estudante,

  • XIII

    prestador de servios, clnico assistente, agente de seguran-a pblica, pessoal de intervenes de urgncia, trabalhador responsvel pelos resduos hospitalares, pessoal das equipas de primeiros socorros e voluntrios) cuja actividade envolve o contacto com doentes ou com sangue ou outros lquidos org-nicos dos mesmos.

    Programas de bem-estar: para efeitos das presentes direc-trizes, programas completos de cuidados de sade, que visam dotar as pessoas infectadas por VIH de um grau de funcionali-dade adequado.

    Rastreio: srie de testes destinados a avaliar o estado sero-lgico face ao VIH, quer de forma directa (teste VIH) ou indirecta (avaliao dos comportamentos de risco, perguntas sobre os medicamentos administrados).

    Representantes dos trabalhadores: nas presentes directri-zes, este termo de nido em conformidade com a Conveno (n. 135) da OIT relativa aos representantes dos trabalhadores, de 1971, ou seja, as pessoas reconhecidas como tal pela legisla-o e pela prtica nacionais, quer se trate de: a) representantes sindicais, como sejam os representantes nomeados ou eleitos pelos sindicatos ou pelos seus membros; ou (b) representantes eleitos, como sejam os representantes livremente eleitos pe-los trabalhadores da empresa, em conformidade com as dis-posies das leis e regulamentos nacionais ou de convenes colectivas, e cujas funes no se estendam a actividades que, nos pases em causa, sejam consideradas uma prerrogativa ex-clusiva dos sindicatos.

    Resduos hospitalares: todo o material descartado por um estabelecimento que presta servios mdicos e de sade, sus-ceptvel de conter resduos clnicos. Entende-se por resduos clnicos os resduos provenientes da prtica mdica, de enfer-magem, estomatologia, veterinria, farmacutica ou de origem semelhante, bem como de actividades de investigao, trata-mento, cuidados ou ensino que, devido natureza txica, infec-ciosa ou perigosa do seu contedo, podem apresentar riscos ou ter efeitos nocivos, a menos que sejam tomadas medidas para garantir a sua segurana e inocuidade. Entre estes resdu-os contam-se os tecidos humanos ou animais, os medicamen-tos e produtos mdicos, compressas, pensos, instrumentos e substncias e materiais semelhantes.

    Risco: probabilidade de ocorrncia de um evento perigoso, associada gravidade das leses ou dos danos que o mesmo causa sade das pessoas ou a bens.

    Seroconverso: produo de anticorpos contra um determi-nado antignio. Quando o organismo produz anticorpos contra o VIH, d-se uma seroconverso e as pessoas passam de se-ronegativas a seropositivas. A produo de anticorpos contra o vrus poder ocorrer apenas uma semana aps a infeco pelo

  • XIV

    VIH ou demorar vrios meses. Depois dos anticorpos contra o VIH aparecerem no sangue, o resultado do teste serolgico de-ver ser positivo.

    Servios de sade: todas as infra-estruturas e estabeleci-mentos associados prestao de cuidados de sade gerais ou especializados a doentes ou servios de apoio, tais como hospi-tais pblicos e privados, centros de enfermagem e de cuidados pessoais, servios de colheita de sangue, servios de cuidados de sade domicilirios, consultrios de mdicos, osteopatas, estomatologistas e outros pro ssionais de sade, laboratrios mdicos e dentrios, clnicas, servios de sade no trabalho, centros de sade comunitrios, dispensrios, agncias funer-rias e servios de maternidade.

    Servios de sade no trabalho (SST): nas presentes directri-zes, este termo de nido em conformidade com a Conveno (n. 161) da OIT sobre os servios de sade no trabalho, de 1985 e refere-se aos servios de sade existentes no local de traba-lho ou a este afectos, investidos essencialmente de funes preventivas e encarregues de aconselhar o empregador, os tra-balhadores e os respectivos representantes sobre as condies necessrias para criar e manter um ambiente e mtodos de tra-balho seguros e saudveis, que favoream uma sade fsica e mental ptima. Os SMT prestam ainda aconselhamento sobre a adaptao das tarefas capacidade dos trabalhadores, tendo em conta o seu estado de sade fsico e mental.

    Sexo e gnero: existem entre homens e mulheres diferenas no s biolgicas, mas tambm sociais. O termo sexo evoca as diferenas biolgicas, enquanto o termo gnero designa as diferenas entre as funes sociais desempenhadas pelos homens e pelas mulheres e as relaes entre eles. As funes tipicamente desempenhadas por homens e por mulheres pro-vm da socializao e variam muito de uma cultura para outra e no seio de uma mesma cultura. Estas funes so in uenciadas pela idade, classe, raa, etnia e religio, bem como pelo contex-to geogr co, econmico e poltico.

    SIDA: sndrome da imunode cincia adquirida. Traduz-se num conjunto de quadros clnicos frequentemente denomina-dos por infeces e cancros oportunistas, para os quais no existe actualmente cura.

    VIH: vrus da imunode cincia humana. Um vrus que enfra-quece o sistema imunitrio e conduz, por ltimo, SIDA.

    Teraputica anti-retrovrica: conjunto de medicamentos que visam minimizar os efeitos da infeco por VIH, mantendo o nvel do vrus no sangue to baixo quanto possvel.

  • 1Introduo

    1 A epidemia da infeco VIH/sida um problema mundial e um dos maiores desa os alguma vez lanados ao desenvolvimento e ao progresso sociais. Muitos dos pases mais pobres do mun-do so tambm os mais afectados, tanto em termos do nmero de pessoas infectadas como da magnitude do impacto da epi-demia. Tal reduz a capacidade da grande maioria das pessoas que vivem com a infeco VIH/sida e que se encontram na fase activa da sua vida, das quais cerca de metade so mulheres que, actualmente, esto a ser infectadas a um ritmo mais acelerado do que os homens. As consequncias fazem-se sentir tanto ao nvel das empresas e das economias nacionais como ao nvel dos trabalhadores e das respectivas famlias. Neste contexto, os governos tm a obrigao de colocarem em prtica as dispo-sies da Declarao de compromisso sobre a infeco VIH/sida das Naes Unidas (2001),1 que estabelece o compromisso de reforar os sistemas de sade, de desenvolver os tratamentos e de dar resposta ao problema da infeco VIH/sida no mundo do trabalho, multiplicando os programas de preveno e de assis-tncia nos locais de trabalho pblicos, privados e informais.

    2 Actualmente, no existe qualquer vacina para prevenir o VIH, nem cura. A preveno depende essencialmente das campa-nhas de sensibilizao da opinio pblica e da alterao dos comportamentos individuais num ambiente propcio, uma ta-refa que exige tempo e pacincia. Em termos de tratamento, as terapias anti-retrovirais, cada vez mais e cazes e acessveis, tm ajudado a preservar a sade, a prolongar as vidas e a man-ter os meios de subsistncia daqueles que tm acesso a esses medicamentos. Os esforos e iniciativas em curso, conduzidos conjuntamente pelos Estados, empregadores e organizaes internacionais visam ajudar os pases mais afectados a aceder de uma forma mais rpida a estas terapias, assim como a re-forar as campanhas de preveno a nvel mundial. No entan-to, para tratar um elevado nmero de pessoas, so necessrios sistemas de sade e cazes, dotados dos recursos necessrios para administrar e acompanhar os tratamentos, que assegu-rem simultaneamente uma preveno contnua e a prestao de cuidados e apoio a longo prazo.

    1 Declarao de compromisso sobre a infeco VIH/sida, resoluo A/RES/S-62/2 da Assembleia-geral das Na-es Unidas, Junho de 2001.

  • 23 Presente em todos os sectores econmicos e em todos os do-mnios da vida social, a epidemia da infeco VIH/sida constitui uma ameaa ao crescimento e ao desenvolvimento a longo pra-zo. As repercusses sociais e econmicas so particularmente graves quando a perda de recursos humanos se concentra nos grupos com competncias raras ou com formao pro ssional e administrativa de nvel superior, nomeadamente no domnio da gesto. As consequncias desta perda atingem propores crticas quando afectam servios e estruturas essenciais para assegurarem uma resposta e caz, tais como os sistemas nacio-nais de sade.

    4 Os sistemas de sade esto sujeitos a presses enormes. Embo-ra os cuidados de sade sejam um direito humano fundamen-tal2 e mais de 100 milhes de pro ssionais de sade prestem servios em todo o mundo,3 o objectivo de sade para todos est longe de ser alcanado. Foram identi cados obstculos a diferentes nveis, nomeadamente a implementao de polti-cas de ajustamento estrutural que levam reduo da despesa pblica e do emprego, de cincias na gesto das polticas e estratgias do sector da sade, a falta de infra-estruturas, equi-pamentos e recursos humanos, que di cultam a prestao de servios de sade.4 Entre os problemas identi cados pela OMS a nvel de recursos humanos, contam-se a quantidade e a qua-lidade do pessoal, a desmoralizao dos pro ssionais de sade e enormes lacunas tanto na formao inicial como na formao interna. A epidemia da infeco VIH/sida mais um factor im-portante que est a sobrecarregar o sistema de sade de vrios pases. Nos pases da frica subsaariana, mais de 50 por cento das camas dos hospitais esto ocupadas por pessoas afectadas por uma doena associada ao VIH, embora a maioria receba cuidados no domiclio. Uma vez que as tarefas domsticas e de cuidados familiares so tradicionalmente desempenhadas por mulheres, tambm sobre elas que recai o dever de cuidar destes doentes. Para alm de implicar uma carga de trabalho adicional, prejudica igualmente as funes produtivas, repro-dutivas e comunitrias vitais que elas normalmente desempe-nham. necessrio proporcionar educao, formao e apoio para que elas possam desempenhar esta funo de cuidados no domiclio.

    2 O direito sade uma forma abreviada do direito de todas as pessoas gozarem do melhor estado de sade fsica e mental possvel de atingir.

    3 Human resources for health: Overcoming the crisis, Joint Learning Initiative (Harvard, 2004).4 OMS: Scaling up HIV/AIDS care: Service delivery and human resources perspectives (Geneva, 2004), http://

    www.who.int/entity/hrh/documents/en/HRH_ART_paper.pdf.

  • 35 O principal modo de transmisso do VIH est associado aos com-portamentos individuais. Porm, no a nica. Os pro ssionais de sade, ao prestarem cuidados a doentes com a infeco VIH/sida, esto tambm expostos a um risco de transmisso, espe-cialmente nos casos em que no so aplicadas regras bsicas de segurana e sade no trabalho. A sobrecarga de trabalho resultante da epidemia, o medo da contaminao e a ausncia de disposies adequadas sobre segurana e sade ou de for-mao espec ca no domnio da infeco VIH/sida colocam os pro ssionais de sade sob uma enorme presso psicolgica e fsica. Estes problemas so muitas vezes agravados pela falta de pessoal, pelas longas horas de trabalho e pela violncia. Sujeitos a tantas presses, muitos so forados a abandonar a sua pro s-so, abandonar o sector pblico ou a emigrar para outros pases em busca de trabalho. Devido ao receio do estigma associado aos pro ssionais de sade, so cada vez menos as pessoas que abraam esta pro sso nos pases em desenvolvimento, sobre-tudo ao nvel dos pro ssionais de primeira linha, como os enfer-meiros. Esta situao vem exacerbar a incapacidade do sistema de sade para fazer face infeco VIH/sida.

    6 fundamental que os servios de sade disponham de pessoal quali cado em nmero su ciente, de recursos adequados e de condies de segurana para controlarem a transmisso do VIH e prestarem cuidados, tratamento e apoio queles que deles necessitam. A multiplicidade de questes que isto implica exige a adopo de polticas coerentes e integradas para desenvolver as infra-estruturas e as capacidades tcnicas e humanas neces-srias.

    Objectivo

    7 As presentes directrizes visam promover a gesto e caz da in-feco VIH/sida nos servios de sade, incluindo a preveno da exposio pro ssional. Outro dos seus objectivos consiste em garantir aos pro ssionais de sade condies de trabalho dignas, seguras e saudveis, assegurando simultaneamente uma prestao e caz de cuidados no respeito das necessida-des e direitos dos doentes, especialmente daqueles que vivem com a infeco VIH/sida. Estas directrizes baseiam-se no prin-cpio bsico de que o processo de de nio e implementao de polticas deve ser o produto de consultas e da colaborao entre todas as partes interessadas, assente no dilogo social, e abranger, na medida do possvel, as pessoas e os trabalhadores

  • 4que vivem com a infeco VIH/sida. Estas directrizes re ectem uma abordagem infeco VIH/sida baseada nas recomenda-es da Declarao de Compromisso e da comunidade interna-cional no seu conjunto, apresentando os instrumentos da OIT e da OMS sobre a infeco VIH/sida, assim como sobre a higiene e segurana no trabalho.

    mbito e contedo

    8 As presentes directrizes tm por destinatrios os governos, em-pregadores pblicos e privados, trabalhadores e seus represen-tantes, associaes pro ssionais, instituies cient cas e aca-dmicas, bem como todos os outros grupos e organismos com responsabilidades e actividades relevantes para a prestao de cuidados de sade. Pretende-se com elas criar um quadro de aco e de referncia tcnica para as estruturas dos servios de sade de grande, mdia ou pequena dimenso, que podero adapt-lo s suas necessidades e capacidades.

    9 As directrizes abrangem a legislao, a de nio de polticas, as relaes laborais, a segurana e sade no trabalho e outros assuntos tcnicos. Analisam as bases de aco, identi cam fun-es e responsabilidades, de nem as principais polticas e ac-es necessrias para uma gesto e caz da infeco VIH/sida nos servios de sade e mencionam referncias essenciais em cada seco. So tambm fornecidas informaes prticas sobre os aspectos tcnicos mais relevantes da segurana e sade no tra-balho sob a forma de chas informativas concisas, adaptadas a partir de uma srie de fontes nacionais e internacionais veis.

    Princpios

    10 As presentes directrizes re ectem os dez princpios fundamen-tais da Colectnea das Directivas Prticas sobre o VIH/sida no Mundo do Trabalho do BIT, que so aplicveis a todos os aspec-tos da infeco VIH/sida e a todos os locais de trabalho, incluin-do o sector da sade.

    (a) Uma questo associada ao local de trabalho: a infeco VIH/sida uma questo associada ao local de trabalho, no s porque afecta os trabalhadores, mas tambm porque o local de trabalho pode desempenhar um papel fundamental na minimi-zao dos riscos de transmisso e dos efeitos da epidemia.

  • 5(b) No discriminao: os trabalhadores no devem ser vti-mas de discriminao ou estigmatizao por motivo do seu es-tatuto real ou presumido de VIH.

    (c) Igualdade de gnero: uma maior igualdade nas relaes entre homens e mulheres e a capacitao das mulheres so vi-tais para prevenir a transmisso do VIH e ajudar as pessoas a gerirem o seu impacto.

    d) Ambiente de trabalho saudvel: o local de trabalho deve minimizar os riscos pro ssionais e ser adaptado sade e ca-pacidades dos trabalhadores.

    (e) Dilogo social: o sucesso das polticas e programas sobre a infeco VIH/sida depende, em grande parte, da cooperao e con ana entre empregadores, trabalhadores e governos.

    (f) Proibio do rastreio para ns de emprego: os testes VIH no local de trabalho devem ser realizados em conformidade com o disposto nas recomendaes prticas, devem ser voluntrios e con denciais e nunca devem ser utilizados para seleccionar candidatos a emprego ou os trabalhadores.

    (g) Con dencialidade: o acesso a dados pessoais, incluindo os dados sobre o estatuto VIH de um trabalhador, deve estar sujeito s regras de con dencialidade estabelecidas nos instru-mentos da OIT sobre esta matria.5

    (h) Manuteno da relao de emprego: as pessoas afectadas por doenas associadas ao VIH devem poder continuar a trabalhar, em condies adequadas, enquanto o seu estado de sade o permitir.

    (i) Preveno: os parceiros sociais ocupam uma posio privi-legiada para desenvolver esforos de preveno atravs da infor-mao, educao e incentivo mudana de comportamentos.

    (j) Assistncia e apoio: os trabalhadores tm direito a servi-os de sade acessveis e s prestaes sociais dos regimes obrigatrios e pro ssionais.

    11 Em alguns domnios mencionados no presente documento, foi necessrio aprofundar estes princpios para tomar em considerao os problemas espec cos suscitados pela infeco VIH/sida no sector da sade. Por exemplo, pode ser necessrio submeter os pro ssionais de sade ao teste de despistagem do VIH antes e durante a sua misso em reas de risco elevado para a sua sade, tais como enfermarias com doentes com tuberculose multirresistente (TBMR).

    5 Ver Apndice 1.

  • 6ILO code of practice on HIV/AIDS and the world of work,2001.6

    Enquadramento jurdico e poltico

    12 O quadro de aco em matria da infeco VIH/sida e dos ser-vios de sade constitudo por um conjunto de leis e polticas nacionais, entre as quais polticas relativas ao sector da sade e SIDA, legislao do trabalho, normas e regulamentos sobre segurana e sade no trabalho, legislao anti discriminatria e leis e regulamentos aplicveis ao sector da sade.

    13 A participao das pessoas que vivem com a infeco VIH/sida na de nio das medidas destinadas a fazer face a esta doena importante, na medida em que so elas as primeiras a serem afectadas pelas polticas e leis adoptadas. Por conseguinte, os pro ssionais do sector da sade que convivem com a infec-o VIH/sida e as respectivas associaes devem, na medida do possvel, desempenhar um papel central na elaborao, imple-mentao e avaliao das polticas e programas, tanto ao nvel nacional como no local de trabalho.

    O papel do governo

    14 A responsabilidade do governo consiste em assegurar uma abor-dagem coordenada em todos os sectores, promover e apoiar a adopo de um maior nmero possvel de normas nos servios de sade, especialmente no que respeita s condies de trabalho e aos cuidados prestados aos doentes, bem como disponibilizar os recursos necessrios, nomeadamente recursos nanceiros. Para planear e implementar e cazmente as polticas e a legislao nacionais, necessrio um processo alargado de consulta que en-volva os empregadores e pro ssionais dos servios de sade, os respectivos representantes, as associaes pro ssionais, as pes-soas que vivem com a infeco VIH/sida e todas as outras partes interessadas, bem como sistemas de scalizao e cazes.

    15 No contexto espec co do sector da sade, o governo exerce uma tripla funo: a de entidade reguladora, a de agente responsvel

    6 ILO:HIV/AIDS and the world of work, An ILO Code of practice (Geneva,2001), http://www.ilo.org/public/en-glish/protection/safework/cops/english/download/e000008.pdf

  • 7pela efectiva aplicao das leis e regulamentos, e a de empregador. Por este motivo, deve assegurar a separao entre estas funes, de modo a minimizar os con itos de interesse e a proteger adequa-damente os direitos dos trabalhadores, especialmente nos casos em que as organizaes de trabalhadores no so reconhecidas. Os governos, em colaborao com os empregadores, os trabalhado-res e respectivos representantes, bem como outras entidades com responsabilidades nos servios de sade, devem criar um quadro regulamentar adequado e, quando necessrio, rever as leis do tra-balho e outra legislao para incluir disposies que:

    (a) garantam a identi cao das necessidades espec cas dos servios de sade e dos pro ssionais de sade nos planos de aco nacionais sobre a infeco VIH/sida, atribuindo-lhes uma elevada prioridade;

    (b) promovam a implementao de um sistema nacional de gesto da segurana e sade no trabalho nos servios de sade, incentivando a aplicao, no local de trabalho, de regulamen-tos e directrizes que visem a criao de condies de trabalho dignas e de um ambiente de trabalho seguro onde a infeco VIH/sida contrado na sequncia de um incidente de exposio pro ssional seja tratado da mesma forma que qualquer outro acidente de trabalho;

    (c) protejam os direitos de todos os trabalhadores e doentes, quer sejam ou no pessoalmente afectados pela infeco VIH/sida, e que prevejam:

    (i) um ambiente de trabalho e de assistncia onde no exista qualquer estigmatizao ou discriminao com base no estatuto real ou presumido de VIH;

    (ii) a preveno e conteno dos riscos de transmisso;

    (iii) sistemas de gesto ps-exposio, incluindo uma garantia de con dencialidade, tal como previsto nos instrumentos da OIT, servios de aconselhamento e pro laxia, conforme o caso;

    (iv) a proibio de testes VIH obrigatrios tendo em vista a excluso do emprego ou do trabalho, salvo quando sejam necessrios para proteger os pro ssionais de sade, por exemplo, antes ou durante a sua afecta-o a servios de TBMR;

    (v) uma adaptao razovel, nomeadamente a atribui-o de outras funes, a adaptao dos postos de trabalho e horrios exveis;

  • 8(vi) a manuteno da relao de emprego com as pesso-as que vivem com a infeco VIH/sida enquanto o seu estado de sade o permitir;

    (vii) a proteco dos dados relativos ao estatuto VIH dos trabalhadores;

    (viii) o acesso a prestaes, entre as quais penses de re-forma antecipada, cobertura das despesas mdicas e dos custos do funeral;

    (ix) o direito de negociar questes relacionadas com prestaes sociais, tendo em conta a legislao na-cional;

    (x) procedimentos de resoluo de con itos que tenham em conta as diferenas entre homens e mulheres e aos quais todos os trabalhadores tenham acesso;

    (xi) medidas disciplinares adequadas;

    (xii) sanes por violao de disposies regulamentares.

    16 As autoridades competentes devem disponibilizar informa-es tcnicas e aconselhamento aos empregadores, pblicos e privados, aos trabalhadores e aos respectivos representan-tes sobre as directrizes da OIT relativas aos sistemas de gesto da segurana e da sade no trabalho da OIT (ILO-OSH 2001) actualmente em vigor, promovendo assim o cumprimento do quadro jurdico e poltico. Estas autoridades devem igualmente reforar os sistemas de garantia de aplicao das normas sobre segurana e sade no trabalho, bem como os mecanismos de scalizao e de noti cao.

    17 No seu papel de empregador, o governo deve manter um nvel adequado de consulta e colaborao com organizaes priva-das de empregadores e organizaes de pro ssionais do sector da sade.

    18 No seu papel de empregador e decisor poltico, o governo deve assegurar a atribuio de recursos su cientes s inspeces da sade e segurana no trabalho para que estas possam emitir pareceres sobre a legislao neste domnio e garantir o seu cumprimento.

  • 9Guidelines on addressing HIV/AIDS in the workplace through employment and labour law, ILO, 2004.7

    Poltica para o desenvolvimento e gesto de siste-mas nacionais de sade que visam dar resposta infeco VIH/sida

    19 A poltica de sade deve prever e promover a colaborao entre todas as instituies relevantes, nomeadamente hospitais uni-versitrios, distritais e privados, clnicas, servios de sade no trabalho, centros de sade comunitrios, dispensrios, asso-ciaes de cuidados ao domiclio, organizaes confessionais e outras ONG nacionais e internacionais. Por conseguinte, os governos devem:

    (a) reforar as capacidades em todos os elementos e a todos os nveis dos sistemas nacionais de sade;

    (b) assegurar a continuidade de uma prestao e caz de cuida-dos atravs da coordenao dos servios e da partilha de recur-sos, nomeadamente no domnio da informao e da formao;

    (c) melhorar a capacidade institucional de planeamento e ges-to dos servios de sade;

    (d) apresentar um projecto de reforma legislativa sobre o de-senvolvimento de recursos humanos para os servios de sa-de, que abranja o planeamento, a educao e a formao, bem como a regulamentao das quali caes dos pro ssionais de sade e das condies de exerccio desta actividade, incluindo requisitos em matria de certi cao e acreditao;

    (e) elaborar e implementar urgentemente planos e estratgias de recursos humanos que permitam aos sistemas de sade prestarem os seus servios;

    (f) estabelecer prioridades e de nir dotaes oramentais su- cientes para os recursos humanos, equipamentos e materiais, a m de assegurar uma prestao de servios e caz aos doen-tes e proteger os pro ssionais de sade.

    7 ILO: Guidelines on addressing HIV/AIDS in the workplace through employment and labour law, InFocus Pro-gramme on Social Dialogue;Labour Law and Labour Administration,Paper n 3 (Geneva, 2004), http://www.ilo.org/public/english/dialogue/ifpdial/publ/index.htm.

  • 10

    Terms of employment and working conditions in health sector reforms, ILO, 1998.8

    Global Health Sector Strategy for HIV/AIDS 2003-2007,WHO.9

    Scaling up HIV/AIDS care: Service delivery and human re-sources perspectives, WHO,2004.10

    O papel das organizaes de empregadores e de trabalhadores

    20 No contexto mais vasto dos cuidados a prestar aos pro ssio-nais de sade, as organizaes de empregadores e de trabalha-dores devem:

    (a) participar plenamente na elaborao e disseminao de normas, directrizes, polticas e quadros ticos de apoio a pro-gramas sobre a infeco VIH/sida, incluindo normas sobre a se-gurana e sade no trabalho;

    (b) de nir e implementar uma estratgia sobre a infeco VIH/sida para os seus prprios membros, bem como uma poltica para os seus funcionrios;

    (c) sensibilizar e reforar as capacidades dos pro ssionais de sade, a m de minimizar o impacto da infeco VIH/sida no local de trabalho;

    (d) prestar informao e formao aos pro ssionais de sade sobre os princpios e direitos fundamentais no trabalho preco-nizados pela OIT;

    (e) assegurar a proteco dos pro ssionais de sade infecta-dos ou afectados contra a estigmatizao e todas as formas de discriminao;

    (f) colaborar com os pro ssionais de sade na scalizao do cumprimento de todas as leis e regulamentos relativos ao tra-balho e segurana e sade no trabalho;

    8 ILO: Terms of employment and working conditions in health sector reforms, Relatrio para discusso na Joint Meeting on Terms of Employment and Working Conditions in Health Sector Reforms, Gene-va, 21-25 de Setembro de 1998, http://www.ilo.org/public/english/dialogue/sector/publ/reports.htm.

    9 WHO: Global Health Sector Strategy for HIV/AIDS 2003-2007: Providing a framework for part-nership and action, http://www.who.int/hiv/pub/advocacy/ghss/en/.

    10 Scaling up HIV/AIDS care, op. cit.

  • 11

    (g) reforar o acesso dos pro ssionais de sade a servios de aconselhamento e testes voluntrios, a tratamento e a progra-mas de bem-estar no local de trabalho;

    (h) cooperar entre si e com outras partes interessadas na con-cepo de estratgias de luta contra a infeco VIH/sida nos ser-vios de sade.

    IOE/ICFTU joint statement:Fighting HIV/AIDS together, 2003.11

    O sector da sade como localde trabalho

    21 Provavelmente, ser mais fcil prevenir e controlar os riscos pro ssionais relacionados com doenas infecciosas nomeada-mente a infeco VIH/sida, a hepatite e a tuberculose se forem considerados em conjunto com outros perigos e riscos existen-tes no local de trabalho nos servios de sade. A magnitude dos riscos pro ssionais no sector da sade ainda no bem clara, em parte devido ao estigma e ao sentimento de culpa associa-dos participao de leses provocadas por objectos cortantes e perfurantes e ausncia de pro laxia ps-exposio.

    22 As polticas e os programas para o local de trabalho devem assegurar a proteco contra a estigmatizao e a discrimina-o, a prestao de cuidados, tratamento e apoio, e o acesso s prestaes previstas na lei, independentemente da forma como o VIH tenha sido contrado.

    23 Os principais elementos das polticas e programas para o local de trabalho so identi cados e descritos em baixo, com espe-cial destaque para as necessidades espec cas dos servios de sade. As referncias aos instrumentos legais, polticos e tcni-cos mais importantes guram em caixas de texto para facilitaro acesso a informaes complementares consideradas vlidas e relevantes pela OIT e pela OMS.

    11 Fighting HIV/AIDS together A programme for future engagement, IOE/ICFTU joint statement,ILO, Geneva, May 2003, http://www.ioe-emp.org/ioe emp/pdf/ICFTU-IOE_HIV_AIDS.pdf.

  • 12

    Reconhecimento da infeco VIH/sida como uma questo relacionada com o local de trabalho

    24 A infeco VIH/sida uma questo relacionada com o local de trabalho e deve ser tratado como qualquer outro risco ou doen-a pro ssional grave. Os empregadores devem promover a sen-sibilizao dos trabalhadores e dos gestores do sector da sade (seja qual for o seu nvel) para os problemas que se colocam no local de trabalho no domnio da infeco VIH/sida, incluindo as questes relacionadas com os direitos e necessidades dos do-entes, e devendo ainda garantir que os mesmos recebam uma formao adequada e contem com o apoio da Direco.

    Estigmatizao e discriminao no sector da sade12

    25 A estigmatizao e a discriminao pelos pro ssionais de sa-de em relao aos colegas e a doentes ou pelos empregadores em relao aos pro ssionais de sade - constituem problemas graves em muitas instituies de sade, que prejudicam a pres-tao de cuidados e a e ccia dos programas de preveno. Es-tes problemas apresentam-se sob diversas formas e podem es-tar na origem do atraso, inadequao ou recusa de tratamento, bem como de violaes das obrigaes de con dencialidade, de comportamentos inadequados e contrrios aos princpios de tica e da adopo de precaues excessivas.

    26 As intervenes nos servios de sade so mais e cazes quan-do esto integradas numa campanha mais vasta de combate estigmatizao e discriminao. Neste aspecto, possvel obter resultados mais satisfatrios conjugando intervenes complementares como, por exemplo:

    (a) a aplicao de polticas no local de trabalho que probem expressamente a discriminao no emprego e no exerccio dos deveres pro ssionais;

    (b) a implementao de programas completos de cuidados de sade, incluindo programas de bem-estar e a administrao de teraputica anti-retrovrica (TAR) para melhorar a qualidade de vida;

    (c) a formao adequada do pessoal a todos os nveis de res-ponsabilidade para melhorar a sua compreenso sobre a infec-o VIH/sida e os ajudar a corrigir atitudes negativas e discrimi-

    12 Understanding and responding to HIV/AIDS-related stigma and discrimination in the health sector, Pan American Health Organization [Organizao Pan-Americana da Sade], 2003, http://www.paho.org/english/ad/fch/ai/stigma.htm.

  • 13

    natrias em relao a colegas ou doentes que vivam com esta doena. Esta formao deve proporcionar aos pro ssionais de sade:

    (i) informao sobre os modos de transmisso da infec-o VIH/sida e de outras doenas infecciosas e o nvel de risco pro ssional para os ajudar a ultrapassar o medo do contacto fsico com os doentes e proporcio-nar uma plataforma de aprendizagem contnua;

    (ii) competncias interpessoais para os ajudar a compre-ender o impacto da infeco VIH/sida e o peso do es-tigma, bem como para os dotar de instrumentos que lhes permitam estabelecer uma comunicao basea-da no respeito e na no discriminao com doentes, colegas e outras pessoas;

    (iii) tcnicas de gesto do stress para evitar esgotamen-tos, tais como a existncia de um volume de efec-tivos adequado, mais oportunidades de trabalho autnomo e maior participao na de nio do seu modo de execuo, aplicao do regime de traba-lho por turnos, rotao de tarefas, promoo e de-senvolvimento pessoal, deteco precoce do stress, desenvolvimento das competncias de comunicao necessrias para o desempenho de funes de su-perviso, grupos de apoio aos funcionrios, e pero-dos de descanso fora do local de trabalho;

    (iv) conhecimento da legislao e regulamentos em vigor que protegem os direitos dos pro ssionais de sade e dos doentes, independentemente do seu estatuto VIH.

  • 14

    Gnero: questes relevantes para as mulheres e para os homens 6 , 13

    27 Por uma srie de motivos de ordem biolgica, sociocultural e econmica, as mulheres tm mais probabilidades de se torna-rem seropositivas e so mais afectadas pelas consequncias da epidemia da infeco VIH/sida do que os homens. O sector de sade uma das principais fontes de emprego das mulheres que, em certos casos, constituem 80 por cento da fora de tra-balho. Assim sendo, fundamental reconhecer plenamente as dimenses de gnero no domnio da segurana e sade no tra-balho e da infeco VIH/sida, bem como sensibilizar os pro s-sionais de sade, homens e mulheres, atravs da informao, da educao e da formao.

    28 Os empregadores devem ter em considerao e assegurarem a integrao das medidas seguidamente enunciadas na concep-o e implementao de polticas e programas para o local de trabalho:

    (a) Todos os programas para o sector da sade devem ter em conta a dimenso de gnero, bem como questes relacionadas com a origem tnica, a idade, as de cincias, a religio, o esta-tuto socioeconmico, a cultura e a orientao sexual. Para tal, estes programas devem visar expressamente as mulheres e os homens e reconhecer as diferenas entre os tipos e os graus de risco a que uns e outras esto expostos.

    (b) As informaes destinadas s mulheres, sobretudo s jovens, devem alert-las para o facto de estarem expostas a um maior risco de transmisso do VIH, e fornecer-lhes as ex-plicaes necessrias. Atravs da educao, as mulheres e os homens devem ser ajudados a compreender e a corrigir as desigualdades nas relaes de poder que mantm entre si no emprego e na vida pessoal; o assdio e a violncia devem ser objecto de um tratamento autnomo, no s no local de traba-lho, mas tambm em situaes domsticas.

    (c) Os programas devem ajudar as mulheres a compreende-rem os seus direitos, tanto no local de trabalho como fora dele, e dot-las da capacidade para se protegerem a si prprias.14

    (d) A educao destinada aos homens deve incluir activida-des de sensibilizao, avaliao dos riscos e estratgias de

    13 ILO: Implementing the ILO code of practice on HIV/AIDS and the world of work: An education and training manual (Geneva, 2002), http://www.ilo.org/public/english/protection/trav/aids/code/manualen/index.htm.

    14 Conveno (n. 111) sobre a discriminao em matria de emprego e pro sso, de 1958, e a recomendao que a acompanha.

  • 15

    promoo das responsabilidades dos homens em matria de preveno da infeco VIH/sida, bem como informaes sobre os factores contextuais susceptveis de favorecerem comporta-mentos de preveno responsveis.

    (e) A formao dos pro ssionais de sade no domnio da in-feco VIH/sida deve assegurar a compreenso das necessida-des fsicas e psicolgicas espec cas das mulheres seropositi-vas, nomeadamente dos problemas concretos que enfrentam na rea da sade reprodutiva e da sade infantil. Esta forma-o deve ainda abordar os obstculos divulgao do estatuto VIH, tais como os receios de estigmatizao, discriminao ou violncia.

    Women, HIV/AIDS and the world of work, ILO.15

    ILO action plan on gender equality and gender mainstreaming. 16

    Mainstreaming a gender perspective into the health services, ICN. 17

    Gender dimension of HIV status disclosure to sexual partners: Rates, barriers and outcomes, WHO. 18

    Dilogo social

    29 O dilogo social inclui todo o tipo de negociaes, consultas e intercmbio de informaes entre os governos, os emprega-dores, os trabalhadores e os respectivos representantes. Pode tratar-se de um processo tripartido, em que o governo intervm como parte o cial no dilogo, ou assumir a forma de relaes bipartidas entre os empregadores pblicos ou privados e os trabalhadores e os respectivos representantes. O principal objectivo do dilogo social consiste em promover a formao de um consenso e a cooperao entre o governo e os parceiros sociais do mundo do trabalho, com vista a alcanar objectivos de interesse comum. Neste caso, o dilogo social poder igual-mente sair reforado com consultas s associaes de pro s-

    15 ILO Women, HIV/AIDS and the world of work (brochura), http://www.ilo.org/public/english/protection/trav/aids/facts/wd04en.pdf.

    16 ILO: ILO action plan on gender equality and gender mainstreaming (Genebra, 2001).17 Mainstreaming a gender perspective into the health services, Ficha informativa, International Council of

    Nurses (ICN), http://www.icn.ch/matters_gender.htm.18 Gender dimension of HIV status disclosure to sexual partners: Rates, barriers and outcomes, Review paper,

    WHO, 2004, http://www.who.int/gender/documents/en/genderdimensions.pdf.

  • 16

    sionais de sade e s associaes comunitrias, especialmente as associaes de pessoas que vivem com a infeco VIH/sida.

    30 No sector da sade, o dilogo social um mecanismo impor-tante para uma gesto e caz das relaes gerais de trabalho e das questes de segurana e sade no trabalho, bem como para a implementao de polticas e programas sobre a infec-o VIH/sida. Os empregadores devem assegurar a integrao de processos e cazes de dilogo social nas estruturas de ges-to dos servios de sade. O dilogo social no local de trabalho deve:

    (a) fundar-se na negociao, na consulta e no intercmbio de informaes;

    (b) seguir um processo contnuo de planeamento, implemen-tao, acompanhamento, avaliao e reviso;

    (c) ser concebido com o objectivo de criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudvel;

    (d) assegurar a plena participao dos trabalhadores e dos respectivos representantes em todos os aspectos do processo, bem como a representao proporcional das mulheres, espe-cialmente nos nveis superiores;

    (e) ser apoiado por recursos adequados em termos de ora-mento, tempo, instalaes e formao.

    31 Para criar um ambiente propcio ao dilogo social, necessrio reconhecer os princpios e direitos fundamentos no trabalho. Os trabalhadores e os respectivos representantes devem ter acesso formao e aos meios necessrios para participarem e cazmente no dilogo social e contriburem, desta forma, para a criao de um ambiente de trabalho seguro e saudvel, para a implementao de programas sobre a infeco VIH/sida e, em certos casos, para uma reforma geral do sector da sade.

    Social dialogue in the health services: A tool for practical guidance, ILO, 2004.19

    19 ILO: Social dialogue in the health services: A tool for practical guidance, Sectoral Activities Program-me [Programa de Actividades Sectoriais] (Geneva, 2004), http://www.ilo.org/public/english/dialogue/sector/papers/health/socdial_health.pdf.

  • 17

    Segurana e sade no trabalho

    32 Para ser e caz, todo o sistema de segurana e sade no tra-balho exige um compromisso entre a autoridade competente, os empregadores, os trabalhadores e os respectivos represen-tantes. Embora a responsabilidade global de proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudvel recaia sobre o empre-gador - que deve demonstrar o seu compromisso para com a SST implementando e colocando disposio dos trabalhado-res e dos seus representantes um programa documentado que aborde os princpios da preveno, identi cao dos perigos, avaliao e controlo dos riscos, informao e formao os trabalhadores tm o dever de cooperar com o empregador na implementao deste programa de SST. Para tal, devem respei-tar e aplicar os procedimentos e outras instrues que visam proteg-los a eles mesmos e a todas as pessoas presentes no local de trabalho contra a exposio a riscos pro ssionais. As comisses paritrias de segurana e sade no trabalho consti-tuem um mecanismo de e ccia comprovada para levar a cabo aces concertadas neste domnio.

    Conveno (n. 155) da OIT sobre segurana e sade dos tra-balhadores, de 1981, e outros instrumentos relevantes da OIT enumerados no Apndice 1.

    Sistemas de gesto da SST

    33 Os empregadores devem basear o seu programa de SST nas di-rectrizes da OIT relativas aos sistemas de gesto da segurana e da sade no trabalho20 que estabelecem as seguintes etapas:

    (a) formulao de uma poltica baseada nos princpios da SST e da participao dos trabalhadores, que de na os principais elementos do programa;

    (b) organizao de uma estrutura de aplicao da poltica, in-cluindo cadeias de responsabilidade, descrio de competn-cias, mecanismos de formao, registo e participao de inci-dentes;

    20 OIT: Sistemas de gesto da segurana e sade no trabalho: directrizes prticas da OIT (Lisboa, 2002) (verso em suporte de papel); ILO:Guidelines on occupational safety and health management systems:ILO-OSH 2001, (Geneva,2001),http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/cops/english/download/e000013.pdf.

  • 18

    (c) planeamento e implementao, incluindo de nio de ob-jectivos, anlise inicial, planeamento, desenvolvimento e im-plementao do sistema;

    (d) avaliao das medidas e acompanhamento dos resultados, investigao das leses relacionadas com o trabalho, doenas, acidentes, auditorias e reviso da gesto;

    (e) introduo de melhorias atravs da adopo de medidas preventivas e correctivas e da constante actualizao e reviso das polticas, sistemas e tcnicas, a m de prevenir e controlar acidentes de trabalho, doenas pro ssionais e incidentes peri-gosos.

    Guidelines on occupational safety and health management systems:ILO-OSH 2001,ILO - OSH 20 e O ciclo de gesto da segurana e sade no trabalho (Ficha informativa n. 2).

    Occupational health and safety management framework model, Department of Human Services, State of Victoria, Australia, 2003,21 e Modelo da estrutura dos sistemas de gesto de SST de um hospital (Ficha informativa n. 3).

    Preveno e proteco contra patognios infecciosos22, 23

    34 Os pro ssionais dos servios de sade, tal como os trabalha-dores de outros sectores, podem estar expostos a riscos qu-micos, fsicos, ergonmicos ou psicossociais (tais como stress, esgotamento, assdio e violncia).24 Nos servios de sade, po-rm, existem riscos pro ssionais, em particular a exposio a patognios infecciosos, que exigem medidas especiais de pre-veno e proteco.

    35 Os riscos de exposio a patognios como o VIH e a hepatite B e C devem ser objecto de um tratamento exaustivo, de modo

    21 Public Hospital Sector Occupational Health and Safety Management Framework Model, Department of Human Services, Melbourne, State of Victoria, Australia, 2003. Pode ser descarregada uma verso integral do documento em http://www.health.vic.gov.au/ohs.

    22 Guidance for clinical health-care workers: Protection against infection with blood-borne viruses, HSC 1998/063, United Kingdom Department of Health, http://www.dh.gov.uk/asset-Root/04/01/44/74/04014474.pdf.

    23 National code of practice for the control of work-related exposure to hepatitis and HIV (blood-borne) viruses [NOHSC:2010(2003)], 2nd edition, Dec. 2003, National Occupational Health and Safety Commission, Australia.

    24 WHO/ILO/ICN/PSI: Framework guidelines for addressing workplace violence in the health sector, ILO, Geneva, 2002.

  • 19

    a assegurar uma preveno e uma proteco contnuas, bem como uma resposta pro lctica imediata em caso de exposio pro ssional. A ateno dedicada aos patognios transmissveis pelo sangue no elimina nem reduz a necessidade de ter igual-mente em considerao os riscos associados aos patognios transmissveis por via respiratria, gastrointestinal ou outra forma de contacto.

    36 Muitas das medidas destinadas a prevenir a exposio pro s-sional ao VIH e a outros patognios transmissveis pelo sangue so de fcil implementao e devem fazer parte do programa de segurana e sade no trabalho. No entanto, o tratamento de incidentes de exposio ao VIH e a pro laxia ps-exposio exigem conhecimentos tcnicos especializados e, mais con-cretamente, um slido quadro de assistncia e apoio para dar resposta s necessidades dos trabalhadores infectados. Os pro- ssionais de sade que exercem a sua actividade numa comu-nidade de doentes com uma elevada prevalncia de infeco VIH/sida podem estar igualmente sujeitos a um risco acrescido de exposio tuberculose. Nestes casos, particularmente importante implementar um plano global de controlo da expo-sio pro ssional tuberculose, que complementar o plano de controlo da exposio infeco VIH/sida. As questes de preveno e proteco relacionadas com a tuberculose encon-tram-se descritas nas directrizes espec cas desenvolvidas em conjunto pela OIT e pela OMS.25 Estas directrizes so acompa-nhadas por chas que contm informaes tcnicas adicionais sobre prticas de trabalho seguras.

    37 Em conformidade com os regulamentos e protocolos de imuni-zao nacionais aplicveis, os empregadores devem estabele-cer um programa de vacinao contra a hepatite B destinado a todos os pro ssionais de sade que corram o risco de exposi-o a sangue ou a outros lquidos orgnicos. Os empregadores devem manter-se a par dos progressos alcanados a nvel da descoberta e disponibilidade de novas vacinas.26

    Gesto dos riscos

    38 O processo de gesto dos riscos compreende vrias etapas, en-tre as quais a identi cao dos perigos e a avaliao e controlo

    25 ILO/WHO/WEF: Guidelines for workplace TB control activities: The contribution of workplace TB control activities to TB control in the community, WHO, 2003.

    26 WHO: Weekly epidemiological record, 9 de Julho de 2004, ano 79, n. 28, 2004, 79-253-264, http://www.who.int/wer.

  • 20

    dos riscos. Devem ser adoptadas medidas de controlo por or-dem hierrquica em funo da sua e ccia na eliminao do risco, na preveno da exposio ou do acidente.27 Todos os aspectos da gesto dos riscos sero mais e cazes se contarem com a participao activa dos pro ssionais de sade. O pre-sente documento aborda especi camente a gesto dos riscos associados infeco VIH/sida. importante implementar um processo paralelo de gesto de todos os riscos a que os pro s-sionais de sade esto sujeitos, entre os quais a tuberculose. Deve ser dedicada especial ateno minimizao dos riscos a que esto expostos os pro ssionais de sade seropositivos. Devem ser realizadas sesses peridicas de informao e for-mao, a m de dar a conhecer aos pro ssionais de sade as mais recentes regras, procedimentos e instrues para detectar perigos relevantes, e as correspondentes prticas de seguran-a, bem como a importncia de adoptar medidas de precauo e de utilizao correcta de todo o equipamento.

    Identi cao dos perigos

    39 A gesto dos riscos comea pela identi cao das situaes, actividades e tarefas desenvolvidas no local de trabalho sus-ceptveis de colocarem os pro ssionais de sade em risco de exposio ao VIH e a outras infeces transmissveis pelo san-gue ou infeces oportunistas associadas. A identi cao dos perigos deve compreender as seguintes etapas:

    (a) Interrogar os pro ssionais de sade. Deve ser estabeleci-do e implementado um procedimento para que os pro ssio-nais de sade possam participar os perigos detectados sem estarem sujeitos a sanes. Para tal, necessrio implementar igualmente um programa activo de educao destinado a estes trabalhadores, que explique a importncia de participar os refe-ridos perigos, bem como o modo e o momento adequado para efectuar essa participao.

    (b) Analisar as participaes de incidentes de exposio a san-gue ou a outros lquidos orgnicos. Utilizar estes dados para determinar tendncias, identi car actividades e tarefas de alto risco, avaliar os procedimentos de participao e de documen-tao, e monitorizar a e ccia das medidas de acompanhamen-to e correctivas adoptadas.

    (c) Realizar um estudo sobre a con gurao do local de tra-balho, as prticas de trabalho e outras fontes de exposio dos trabalhadores. Este estudo deve incidir sobre todas as potenciais

    27 Ficha informativa n. 4 Hierarquia de controlos aplicados ao risco de exposio a patognios transmissveis pelo sangue.

  • 21

    fontes de exposio a sangue ou a outros lquidos orgnicos, incluindo o eventual risco de exposio a que esto sujeitas as pessoas que se encontram fora do local de trabalho, mas que mantm uma ligao com o mesmo; este aspecto particular-mente importante para o pessoal responsvel pelo tratamento dos resduos hospitalares. O estudo deve identi car todas as categorias pro ssionais, conhecimentos, atitudes e prticas de trabalho susceptveis de colocarem em risco os pro ssionais de sade. Todas as actividades que comportem um risco de exposi-o a sangue ou a outros lquidos orgnicos devem ser enume-radas e associadas s correspondentes categorias pro ssionais.

    Caracterizao dos perigos: vrus da hepatite e VIH (Ficha informativa n. 1)

    Avaliao dos riscos

    40 Uma vez identi cado um perigo, necessrio realizar uma ava-liao dos riscos, a m de determinar o nvel e a natureza do risco a que os pro ssionais de sade esto sujeitos devido exposio a perigos como o sangue ou outros lquidos orgni-cos, bem como as medidas necessrias para eliminar o perigo ou minimizar os factores de risco. A avaliao dos riscos deve ter em considerao os seguintes aspectos:

    (a) os modos de transmisso do VIH e de outros patognios transmissveis pelo sangue no local de trabalho;

    (b) o tipo e a frequncia da exposio a sangue ou a outros lquidos orgnicos, a quantidade de sangue ou de lquidos or-gnicos, todas as vias provveis de transmisso e a via mais provvel, o tipo de lquido orgnico em causa e anlise de ex-posies mltiplas;

    (c) os factores que contribuem para a exposio e a sua recor-rncia, incluindo a con gurao do local de trabalho, as prti-cas de trabalho e de limpeza, a disponibilidade e utilizao de vesturio e equipamento de proteco adequados;

    (d) os conhecimentos e a formao dos empregadores, dos supervisores e dos pro ssionais de sade em matria de VIH e de outros patognios transmissveis pelo sangue, bem como de prticas de trabalho seguras;

    (e) o facto de o equipamento utilizado ser susceptvel de au-mentar ou reduzir o risco de exposio;

  • 22

    (f) as medidas de controlo dos riscos em vigor e a necessida-de de adoptar novas medidas.

    Controlo dos riscos 21

    41 A etapa de controlo dos riscos tem por objectivo a aplicao da hierarquia de controlos, seleccionando as medidas mais e ca-zes, por ordem de prioridade, a m de minimizar a exposio dos pro ssionais de sade ao sangue ou a lquidos orgnicos ou de prevenir acidentes ou doenas em resultado dessa expo-sio.

    (a) Eliminao: A medida mais e caz a eliminao total de um perigo da rea de trabalho. A eliminao constitui o mto-do preferencial de controlo dos riscos, devendo ser selecciona-do sempre que possvel. Para eliminar os riscos, pode-se, por exemplo, remover todos os objectos cortantes e agulhas e subs-tituir todas as injeces desnecessrias por frmacos de admi-nistrao oral com uma e ccia semelhante. Algumas seringas e agulhas podem ser substitudas por dispositivos de injeco sem agulha. Pode-se tambm eliminar os objectos cortantes e perfurantes desnecessrios, tais como ganchos para toalhas, e utilizar dispositivos intravenosos sem agulha (conectores sem agulha para ligaes suplementares ou combinadas com as li-nhas intravenosas).

    (b) Substituio: Nos casos em que a eliminao no seja pos-svel, o empregador deve substituir as prticas de trabalho por outras que comportem menos riscos, substituindo, por exem-plo, um desinfectante (como o glutaraldedo) por um produto qumico menos txico (como o cido paractico).

    (c) Controlos tcnicos: Estes controlos isolam ou removem um perigo do local de trabalho. Podem abranger o recurso a mecanismos, mtodos e equipamentos adequados para evitar a exposio dos trabalhadores. As medidas adoptadas para mi-nimizar a exposio a sangue ou a outros lquidos orgnicos devem tomar em considerao:

    (i) recipientes para objectos cortantes e perfurantes, tambm designados por caixas de segurana;

    (ii) tecnologias mais recentes, tais como dispositivos mais seguros dotados de funes de preveno de aciden-tes (ver cha informativa n. 6);

    (iii) factores ergonmicos, tais como melhor iluminao, manuteno do local de trabalho e disposio dos postos de trabalho;

  • 23

    (iv) inspeco regular e, se necessrio, reparao ou substituio dos instrumentos e equipamentos utilizados no local de trabalho, tais como autoclaves e outros equipa-mentos e meios de esterilizao.

    (d) Medidas administrativas de controlo: So polticas do lo-cal de trabalho que visam limitar a exposio aos perigos, tais como alteraes de horrios, rotao dos funcionrios ou res-trio do acesso s zonas de risco. As normas de precauo exigem que os pro ssionais de sade tratem o sangue ou os uidos orgnicos de todas as pessoas como potencial fonte de infeco, independentemente do diagnstico ou da percepo do risco. Para que as normas de precauo sejam e cazes, o conceito de independncia do diagnstico tem de ser largamen-to entendido como um meio para os trabalhadores se protege-rem a si prprios e aos doentes, sem abrir a via discriminao e estigmatizao.

    (e) Controlos relativos s prticas de trabalho: Estes controlos permitem reduzir a exposio a riscos pro ssionais atravs do mtodo de execuo do trabalho, protegendo a sade e refor-ando a con ana dos pro ssionais dos servios de sade e dos seus doentes. Eis alguns exemplos prticos: no voltar a colocar as tampas nas agulhas; colocar os recipientes para ob-jectos cortantes e perfurantes ao nvel dos olhos e ao alcance da mo; esvaziar estes recipientes antes de estarem cheios; e de nir mtodos seguros para o manuseamento e eliminao de dispositivos cortantes ou perfurantes antes de iniciar um procedimento. Os empregadores devem assegurar-se de que so implementadas prticas de trabalho seguras e alterar as prticas no seguras depois da aplicao de outras medidas de controlo dos riscos.

    (f) Equipamento de proteco individual (EPI): A utilizao de EPI constitui uma medida de controlo que coloca barreiras e l-tros entre o trabalhador e a fonte de perigo. 21 Os empregadores devem colocar o equipamento de proteco contra a exposio a sangue ou outros lquidos orgnicos disposio dos traba-lhadores, certi cando-se de que:

    (1) esto disponveis artigos de proteco individual em quan-tidade su ciente;

    (2) o equipamento objecto de uma manuteno adequada;

    (3) os trabalhadores tm acesso gratuito a este equipamento;

    (4) os trabalhadores receberam formao adequada sobre a sua utilizao, sabem como inspeccionar o equipamento de

  • 24

    proteco individual a m de detectar eventuais defeitos e conhecem os procedimentos de participao de defeitos e de substituio do equipamento defeituoso;

    (5) existe uma poltica clara para a sua utilizao, que os pro- ssionais de sade conhecem perfeitamente;

    (6) so disponibilizados os artigos seguidamente enumera-dos, consoante as necessidades:

    (i) diversos tipos de pensos impermeveis de material no poroso para pele ferida ou gretada;

    (ii) diversos tipos de luvas de vrios tamanhos, estreis e no estreis, nomeadamente em ltex pesado,28 vinil, pele impermevel e outros materiais no perfurveis; os pro s-sionais de sade devem us-las sempre que existir o risco de contacto com sangue ou outros lquidos orgnicos ou quando devam manusear qualquer objecto contaminado com sangue ou outros lquidos orgnicos;

    (iii) artigos de proteco respiratria adequados, nomea-damente mscaras para respirao boca-a-mscara quando no estejam disponveis dispositivos de ventilao ou estes no sejam e cazes;

    (iv) aventais de plstico, batas impermeveis, culos de proteco, mscaras resistentes aos lquidos, fatos de ma-caco e cobre-botas para trabalhadores que estejam sujeitos a serem salpicados por sangue durante o seu trabalho.

    Prticas de trabalho seguras 21, 22, 29

    42 2 As normas de precauo so as condies fundamentais para minimizar o risco de transmisso do VIH e de outras infeces transmissveis pelo sangue no local de trabalho e incluem a hi-giene pessoal, a boa prtica de lavar das mos e um programa de controlo de infeces. Os empregadores devem assegurar a existncia de locais apropriados para lavar as mos no local de trabalho e estes devem estar devidamente assinalados. As ins-

    28 Segundo os dados disponveis, a alergia ao ltex natural afecta cerca de 8 a 12 por cento dos trabalhadores expostos regularmente a este material. Existem outros materiais sintticos, tais como o vinil, o neopreno e o nitrilo, que proporcionam uma proteco adequada. fundamental que os profi ssionais de sade alrgicos ao ltex natural evitem todo o contacto com produtos que contenha este material, o que evitar tambm que os profi ssionais no alrgicos desenvolvam uma hipersen-sibilidade ao mesmo.

    29 WHO: Guidelines on prevention and control of hospital associated infections, Regional Offi ce for South-East Asia (Nova Deli, 2002), http://whqlibdoc.who.int/searo/2002/SEA_HLM_343.pdf.

  • 25

    talaes devem estar devidamente equipadas com gua corren-te, sabo e toalhas de utilizao nica. Quando no possvel o uso da gua corrente para lavar as mos, deve ser disponibi-lizado, por exemplo, lcool etlico a 70 graus. Os trabalhadores devem lavar as mos no incio e no m de cada turno, antes e depois da consulta de um paciente, antes e depois de comer, beber, fumar ou ir casa de banho e antes e depois de sair da sua zona de trabalho. Os trabalhadores devem lavar e secar as mos aps o contacto com sangue ou uidos orgnicos e ime-diatamente a seguir a retirarem as luvas. Devem igualmente veri car se tm qualquer corte ou abraso nas partes expostas do corpo e utilizar pensos impermeveis. Os trabalhadores so encorajados a relatar quaisquer reaces que possam ter de-vido lavagem frequente das mos e s substncias usadas, para uma aco apropriada por parte do empregador.

    Manuseamento seguro de objectos cortantes e per-furantes descartveis e de material de injeco

    43 Os empregadores devem implementar procedimentos para ga-rantir o manuseamento e eliminao de objectos cortantes e perfurantes em condies de segurana, nomeadamente o ma-terial de injeco, e assegurar a formao, acompanhamento e avaliao dos mesmos. Estes procedimentos devem abranger:

    (a) a colocao de recipientes no perfurveis e claramente identi cados para a deposio de objectos cortantes e perfu-rantes to perto quanto possvel das zonas onde estes objectos se encontram ou so utilizados;

    (b) a substituio regular dos recipientes para objectos cor-tantes e perfurantes antes que atinjam o nvel de capacidade estabelecido pelo fabricante ou quando estiverem cheios at metade; os recipientes devem ser selados antes de serem re-movidos;

    (c) a deposio de objectos cortantes e perfurantes no reu-tilizveis em recipientes posicionados em condies de segu-rana, que cumpram os regulamentos e as directrizes tcnicas nacionais aplicveis;

    (d) instrues no sentido de no voltar a colocar as tampas nas agulhas e evitar o manuseamento manual das mesmas e, se for necessrio, voltar a colocar a tampa, utilizando apenas uma mo para o fazer;

    (e) a atribuio da responsabilidade pela eliminao pessoa que utilizar o objecto cortante ou perfurante;

  • 26

    (f) a atribuio da responsabilidade pela eliminao e partici-pao do incidente pela pessoa que encontrar o objecto cortan-te ou perfurante.

    Hierarquia dos controlos aplicados ao risco de exposio a patognios transmissveis pelo sangue (Ficha informativa n. 4).

    Adopo de precaues bsicas para prevenir infeces no-socomiais por VIH (Ficha informativa n. 5).

    Segurana na administrao de injeces (Ficha informativa n. 6).

    Medidas para reduzir os riscos durante procedimentos ci-rrgicos (Ficha informativa n. 7).

    Limpeza, desinfeco e esterilizao do equipamento

    44 A deciso de limpar, desinfectar ou esterilizar o equipamento depende do m para que este utilizado, nomeadamente:

    (a) se o equipamento for utilizado exclusivamente em contac-to com pele intacta, necessitar apenas de ser limpo;

    (b) se o equipamento se destinar a entrar em contacto com membranas mucosas ou estiver contaminado com sangue, de-ver ser limpo e objecto de uma desinfeco de alto nvel;

    (c) se o equipamento se destinar a entrar em contacto com tecido humano normalmente no infectado, dever ser limpo e esterilizado. A limpeza deve ser sempre efectuada antes da desinfeco ou da esterilizao, com auxlio de um detergente adequado e gua, e:

    (i) devem ser usadas luvas durante a limpeza;

    (ii) as peas devem ser lavadas e esfregadas para eliminar todos os vestgios de contaminao, se possvel atravs de meios mecnicos, como uma mquina de lavar loia; duran-te a limpeza necessrio ter cuidado para evitar salpicos;

    (iii) aconselhvel usar culos de proteco se existir o risco de salpicos.

  • 27

    45 Uma vez que o uso incorrecto de certos desinfectantes poten-cialmente perigoso, devem seguir-se as instrues constantes dos rtulos e das chas de dados de segurana. O equipamento de esterilizao deve ser utilizado em conformidade com as ins-trues e por pessoal com formao adequada.

    Mtodos de esterilizao e de desinfeco de alto nvel (Ficha informativa n. 8).

    Limpeza de sangue derramado

    46 O sangue derramado deve ser objecto de uma avaliao e interveno imediatas.

    Durante a limpeza de sangue derramado, importante:

    (a) usar luvas adequadas;

    (b) utilizar material absorvente, tal como toalhas de papel, pa-nos ou serradura, para absorver a maior parte do sangue ou dos outros lquidos orgnicos;

    (c) colocar todos os materiais utilizados na limpeza em sacos estanques aprovados;

    (d) limpar e desinfectar a rea com agentes desinfectantes adequados (ver cha informativa n. 8);

    (e) usar vesturio de proteco quando se eliminar grandes quantidades de sangue derramado com jactos de gua, adop-tando as medidas de precauo adequadas;

    (f) incentivar os trabalhadores a participarem todos os inci-dentes de exposio.

    Manuseamento e eliminao de cadveres

    47 Sempre que exista o risco de contacto com sangue ou outros l-quidos orgnicos durante o manuseamento de um cadver, seja para que m for, devem ser adoptadas as normas de precauo. Devem ser usadas luvas e outro vesturio de proteco, confor-me necessrio. As zonas com drenos e as feridas abertas devem ser cobertas com pensos impermeveis. Todos os cadveres que

  • 28

    devam ser transportados para uma instalao de depsito, sala de autpsia ou morgue devem ser examinados para veri car se foram removidos todos os objectos cortantes e perfurantes.

    Lavandaria

    48 Deve ser estabelecido um procedimento para a distribuio de roupa limpa (lenis, toalhas, etc.), bem como para a recolha, manuseamento, colocao em sacos, armazenamento, transpor-te e limpeza de roupa suja. Toda a roupa suja deve ser tratada como material potencialmente infeccioso e colocada em sacos normalmente utilizados para este m. Se existir risco de con-taminao devido ao escoamento de lquidos orgnicos, estes sacos devem ser colocados dentro de um saco de plstico trans-parente estanque. Os sacos de roupa suja devem estar cheios at trs quartos, devendo ainda veri car-se se esto bem fechados antes do transporte. Devem ser usadas luvas de pele ou de ou-tro material no perfurvel porque podero ter cado objectos cortantes ou perfurantes na roupa. Devem ser disponibilizados recipientes para os objectos cortantes e perfurantes encontrados durante a triagem da roupa suja. Se forem encontrados objectos cortantes ou perfurantes ou ocorrer um incidente de exposio, estes factos devem ser participados e registados.

    49 Toda a roupa deve ser lavada com detergente. Quando no for possvel recorrer a servios especializados, a roupa ou peas de vesturio contaminadas devem ser lavadas com detergente numa mquina de lavar domstica, a uma temperatura de, pelo menos, 80C, ou limpas a seco e passadas com um ferro quen-te. Deve evitar-se sobrecarregar as mquinas de lavar roupa. Se for absolutamente necessrio lavar roupa mo, devem ser usadas luvas de borracha de uso domstico.30

    Gesto de resduos

    50 Os resduos hospitalares tm maior potencial para causar infec-es e leses do que a maioria dos resduos. Um manuseamen-to incorrecto destes resduos poder ter graves consequncias para a sade pblica e o ambiente. Por conseguinte, os em-pregadores do sector da sade tm, neste domnio, um dever de diligncia para com os trabalhadores envolvidos, a sade pblica e o ambiente.

    30 Nos locais que no disponham da tecnologia supramencionada, a roupa pode ser mergulhada num balde de gua com hipoclorito de sdio (proporo: 1 para 10) ou lixvia durante, pelo menos, 30 minutos. Seguidamente, pode ser lavada com detergente.

  • 29

    51 Os empregadores devem estabelecer um procedimento de ges-to de resduos em conformidade com a legislao e prtica nacional. Este procedimento deve dedicar especial ateno a resduos infecciosos e objectos cortantes e perfurantes, deven-do cobrir ainda os seguintes pontos:

    (a) o acondicionamento e a identi cao dos resduos por categoria;

    (b) a eliminao preliminar dos resduos na rea onde so produzidos;

    (c) a recolha e transporte dos resduos para fora da rea onde so produzidos;

    (d) o armazenamento, tratamento e eliminao nal dos res-duos em conformidade com os regulamentos e directrizes tc-nicas aplicveis.

    Safe management of wastes from health-care activities, WHO, 1999,31 Health-care waste management at a glance, WHO/World Bank, 2003,32 e Gesto de resduos hospitalares em condies de segurana (Ficha informativa n. 9).

    Acompanhamento e avaliao

    52 A vigilncia da sade dos trabalhadores33 tem por objectivo a sua

    proteco, bem como a deteco precoce e o tratamento rpido de doenas pro ssionais. Embora o processo de indemnizao deva ser clere, tal poder signi car uma falha do sistema de sa-de e segurana no trabalho. A vigilncia deve ter em considerao a natureza dos riscos pro ssionais no local de trabalho, os requisi-tos em matria de sade, o estado de sade dos trabalhadores, in-cluindo o estatuto VIH, os recursos disponveis e os conhecimen-tos dos trabalhadores e dos empregadores sobre as funes e o objectivo da vigilncia, bem como as leis e regulamentos aplic-veis. Os resultados colectivos da vigilncia devem ser colocados disposio dos trabalhadores e dos seus representantes.

    31 A. Prss, E. Giroult e P. Rushbrook (eds.): Safe management of wastes from health-care activities (Geneva, WHO, 1999), http://www.who.int/water_sanitation_health/medicalwaste/wastemanag/en/.

    32 WHO/World Bank: Health-care waste management at a glance, June 2003, http://www.health-carewaste.org/linked/onlinedocs/WW08383.pdf.

    33 ILO: Technical and ethical guidelines for workers health surveillance (Geneva, 1998), http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/cops/english/index.htm.

  • 30

    53 Os empregadores devem acompanhar e avaliar regularmente as prticas de trabalho e assegurar a sua alterao quando necess-rio. Este trabalho de acompanhamento e avaliao deve ser con- ado a uma pessoa ou a um grupo de pessoas no local de traba-lho. Esta pessoa ou grupo, cuja identidade deve ser conhecida de todos os pro ssionais de sade, deve representar todas as catego-rias pro ssionais, incluindo o pessoal responsvel pelos resduos hospitalares. Importa ter em conta os seguintes elementos:

    (a) a e ccia das polticas e procedimentos adoptados no lo-cal de trabalho;

    (b) a e ccia dos programas de informao e de formao;

    (c) o nvel de conformidade com as precaues bsicas;

    (d) o registo exacto e a anlise dos incidentes;

    (e) as causas da exposio a sangue ou a outros lquidos orgnicos;

    (f) a avaliao das participaes de incidentes;

    (g) a e ccia das medidas adoptadas e das aces de acom-panhamento.

    Technical and ethical guidelines for workers health sur-veillance ILO, 1998.34

    International code of ethics for occupational health profes-sionals, 2002.34

    ILO code of practice on the recording and noti cation of occupational accidents and diseases, 1996.35

    Descrio sumria do processo de gesto da exposio pro ssional a patognios transmissveis pelo sangue (Ficha informativa n. 10).

    Updated US public health service guidelines for the management of occupational exposures to HBV, HCV, and HIV and recommendat