Diretrizes Sobre Estimulacao Precoce

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PRESIDENTE DA REPBLICA Fernando Henrique Cardoso MINISTRO DA EDUCAO E DO DESPORTO Paulo Renato Sousa SECRETRIO EXECUTIVO Luciano Oliva Patrcio SECRETRIA DE EDUCAO ESPECIAL Marilene Ribeiro dos Santos

MINISTRIO DA EDUCAO E DO DESPORTO Secretaria de Educao Especial

Diretrizes Educacionais sobre Estimulao Precoce

Enfoque: O Portador de Necessidades Educativas Especiais

Educao Especial Um Direito AsseguradoMEC/UNESCO

B823d

Diretrizes educacionais sobre estimulao precoce: o portador de necessidades educativas especiais / Secretaria de Educao Especial - Braslia: MEC, SEESP, 1995. 48 p. (Srie Diretrizes; 3) 1. Criana - estimulao precoce. 2. Programa de estimulao precoce diretrizes da educao. CDU: 376-014

Esta publicao foi realizada dentro do Acordo MEC/UNESCO

SUMRIO

I II III IV

-

Introduo Definio e padronizao de termos Princpios bsicos Planejamento e organizao dos programas de estimulao precoce 4.1. Locais para atendimento 4.2. Formas de atendimento 4.3. Recursos materiais

7 11 13

17 18 21 22 23 29

V VI

-

Currculos de interveno precoce Estrutura e funes da equipe multiprofissional Interligao das reas de educao, assistncia social e sade, incluindo alimentao

VII -

33 37 39 41

VIII IX X -

Concluso Glossrio Bibliografia

"O que ainda me preocupa a harmonia entre os homens, a confiana e o respeito que deve existir entre todos aqueles que, convivendo, constrem o presente e o futuro. Gostaria de ver, nesse conjunto de pessoas desde a portadora de deficincia mais profunda mais talentosa, da mais desajustada mais integrada todas irmanadas e membros de uma s famlia, ajudando-se e respeitando-se mutuamente".

Helena Antipoff

I. INTRODUO

s resultados dos mais diversos estudos sobre a estimulao precoce e tambm a experincia clnica e pedaggica acumulada por longo tempo, particularmente no campo da educao especial, evidenciam que: - a carncia, a inadequao, inclusive a sobrecarga de estimulao nos primeiros anos de vida, diminuem o ritmo natural do processo evolutivo infantil, aumentando tambm o distanciamento dos padres do desenvolvimento fsico, sensrio-perceptivo, motor, socioafetivo, cognitivo e da linguagem; - quanto maior o tempo e a intensidade da estimulao inadequada a que a criana estiver sujeita, tanto maiores so a tendncia a desenvolver deficincias e a probabilidade de intensificlas; - a incidncia e a persistncia de estimulao inadequada, especialmente nos primeiros trs anos de vida, podem dar origem a danos duradouros no processo evolutivo, tanto de ordem fsica como psicolgica; - o emprego de programas de estimulao precoce pode prevenir ou atenuar os possveis atrasos ou defasagens no processo evolutivo infantil. Mais de cinqenta por cento de crianas portadoras de deficincia poderiam atingir o desenvolvimento normal, desde que se adotassem, efetivamente, medidas de preveno. Dentre as que se destacam, esto aquelas referentes estimulao precoce; - as capacidades mentais, o desenvolvimento socioafetivo e as habilidades motoras ou sensoriais da criana no so apenas desenvolvidas em ambientes providos de adequada estimulao, mas tambm mediante reforos positivos, o mnimo de restries e a convivncia acolhedora e regular com os adultos responsveis pelo seu atendimento; - os progressos cientficos e tecnolgicos sobre estimulao precoce mostram atualmente resultados animadores, indicando conhecimentos mais precisos, sobretudo em relao sua conceituao, abrangncia, termos correlatos, tcnicas e procedimentos de avaliao, como tambm organizao de programas e de currculos pertinentes. Merecem especial destaque os novos

I. INTRODUO

conhecimentos neuropsicolgicos a respeito da plasticidade neuronal e da cincia de preveno. Essas e outras consideraes mostram que a implantao de tais programas no Brasil, principalmente a partir das dcadas de setenta e oitenta, assim como o aperfeioamento das iniciativas j existentes sobre o assunto, constituram e constituem um investimento social e humano altamente produtivo, uma vez que os esforos se dirigem preveno das deficincias ou diminuio de seu agravamento. importante lembrar que a populao brasileira acometida de deficincia estimada em dez por cento do total de habitantes, ou seja uns quinze milhes. Esse elevado nmero vem aumentando significativamente com o crescimento demogrfico do Pas, cuja expectativa de duplicar tais cifras para os prximos vinte anos. Os benefcios previstos com o desenvolvimento de tais programas abrangem no somente a populao de crianas com necessidades especiais, para as quais sua aplicao imprescindvel, mas tambm a todo um contingente demogrfico infantil considerado sujeito aquisio de deficincias, embora tudo indique que a abrangncia dessas aes possa favorecer tambm a toda a populao infantil do Pas. Caracterizao do alunado De acordo com a Poltica Nacional de Educao Especial (1994), entende-se por crianas portadoras de necessidades especiais aquelas que apresentam claros distrbios no desenvolvimento originados por acidentes ocorridos durante a gestao, nascimento ou nos primeiros anos de vida, quais sejam: - deficincia sensorial (auditiva e visual); - deficincia fsica; - deficincia mental; - deficincia mltipla; - condutas tpicas (como, por exemplo, da sndrome do autismo e outras psicoses).

I. INTRODUO

Constata-se a existncia, no territrio nacional, de um certo nmero de servios e programas de estimulao precoce implantados, principalmente, nas instituies que atendem crianas com necessidades especiais. Apesar de sua significao positiva, essas iniciativas so isoladas e organizadas de maneira substancialmente diversa, mostrando a necessidade de se coorden-las e de se redimension-las. Torna-se premente a necessidade de uniformizar seus princpios e definir sua abrangncia, sempre considerando a variabilidade que deva existir na sua estrutura e dinmica. Devemse prover servios, de diretrizes, normas e procedimentos que norteiam suas atividades conforme os progressos cientficos e tecnolgicos relativos estimulao precoce, em funo das necessidades regionais. Tudo com a finalidade de proporcionar criana atendida o melhor desenvolvimento possivel e tambm de facilitar o intercmbio e atualizao de idias, de processos e de resultados obtidos em tais programas. Como complemento a essas iniciativas, denota-se a existncia de condies propcias para a ampliao da rede desses servios nas instituies que atendem qualquer tipo de criana, como so as creches, escolas maternais, postos de sade, etc. Nesses servios observa-se que existe a tendncia de incluir, nos seus programas, o atendimento a crianas com necessidades especiais. De maneira geral, percebe-se um crescente esclarecimento e um envolvimento progressivo da comunidade na busca de atendimento precoce, de zero a trs anos de idade, para crianas com necessidades especiais. Aconselhava-se a educao especial bem mais tarde, isto , quando a criana atingia a idade de sete a oito anos, face s suas dificuldades de adaptao escolar. Por outro lado, a existncia, no Pas, de rgos pblicos federais, estaduais e municipais e de um considervel nmero de associaes em prol das pessoas portadoras de necessidades especiais permite facilitar a implantao e desenvolvimento dos referidos programas. Apesar de essas condies serem favorveis para o desenvolvimento de aes pertinentes, fica patente a necessidade de um melhor preparo de pessoal especializado nesse campo, afim de

I. INTRODUO

poder colocar em prtica, efetivamente, as diretrizes destinadas a orientar a implantao de novos programas e a atualizao dos j existentes. Tendo em vista esse quadro panormico da situao atual do Pas em relao aos programas de estimulao precoce, considerouse necessria e urgente a elaborao de um documento que tratasse das Diretrizes Educacionais sobre Estimulao Precoce, para fundamentar a implantao e a atualizao adequada dos programas destinados s crianas cora necessidades especiais em seus primeiros anos de vida.

IL DEFINIO E PADRONIZAO DE TERMOS

a prtica educacional, vrios termos tm sido utilizados para designar o programa de estimulao precoce, destinado a atender a criana portadora de necessidades especiais de zero a trs anos de idade. Mais recentemente, alguns grupos de profissionais passaram a adotar a expresso "estimulao essencial" para substituir "estimulao precoce", como uma tentativa de designar, com clareza, o significado dessa interveno especial. A expresso "estimulao precoce" derivada da traduo dos termos correlatos do espanhol ("estimulacin temprana" e "estimulacin precoz") e tambm em ingls ("early stimulation" ou "early intervention"). Embora o termo "precoce" possa suscitar alguma dvida quanto ao seu significado etimolgico, ele preserva em sua essncia, a natureza preventiva que o objetivo fundamental desse programa. O sentido de "precoce", neste caso, adjetiva aes suficientemente antecipadas, tendentes a evitar, atenuar ou compensar a deficincia de que a criana possa ser portadora e/ou suas conseqncias. Por outro lado, a expresso "estimulao precoce" j consagrada pelo uso, tanto em nosso meio como internacionalmente, para referir-se ao sentido que se lhe atribui em tais programas. Quanto designao de "estimulao essencial", como substitutivo, embora constitua uma tentativa vlida de evitar aquelas ambigidades, seu uso est menos estendido e, alm disso, o termo "essencial" talvez no esclarea, com maior exatido, o que se quer significar. Pelo exposto, adota-se a expresso "ESTIMULAO PRECOCE", considerando-a como a mais adequada para esses fins. Assim, para melhor esclarecimento, o conceito da "estimulao precoce" adotado : "Conjunto dinmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que so destinados a proporcionar criana, nos seus primeiros anos de vida, experincias significativas para alcanar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo".

IL DEFINIO E PADRONIZAO DE TERMOS

A anlise dos termos contidos nessa definio permitir melhor compreenso de seu significado: \) "Conjunto dinmico de atividades e de recursos humanos e ambientais". Refere-se a uma Seqenciao de contatos humanos adequados, como dilogos e brincadeiras, juntamente com a explorao de objetos e espaos, com o fim de estimular a criana e enriquecer seu desenvolvimento global. Nesses procedimentos so includos os processos de avaliao e interveno (atendimento). 2) "...criana nos seus primeiros anos de vida...". Nesses termos esto inseridas as caractersticas do grupo de crianas a que se destina o programa de estimulao. Neste documento, o termo "crianas" refere-se s portadoras de necessidades especiais, cujo desenvolvimento exige atendimento especfico. Os "primeiros anos de vida" referem-se ao perodo compreendido entre o nascimento e os trs anos de idade. A indicao, para os fins da estimulao precoce, baseia-se no s na importncia que esses anos formativos tm para o desenvolvimento pessoal, mas tambm pelo fato de que grande parte dos programas e currculos existentes sobre esta matria se destinam a esses primeiros anos de vida. 3) "... experincias significativas...". Consistem em vivncias resultantes da interao ativa da criana com os estmulos que o meio oferece para facilitar-lhe processos evolutivos no prprio desenvolvimento infantil. 4) "...pleno desenvolvimento...". Considera-se como "pleno" o desenvolvimento integral das potencialidades da criana, levandose em conta suas diferenas em relao aos padres regularmente previstos. importante esclarecer que o propsito da estimulao precoce, nesse caso, no de "transformar" em "normais" as crianas com necessidades especiais, mas prevenir, detectar, minimizar, recuperar ou compensar as deficincias e seus efeitos. A Teoria de Normalizao, j conhecida, apoia inteiramente esse enfoque.

III. PRINCPIOS BSICOS

om a finalidade de estabelecer as diretrizes que fundamentem os programas em pauta, h necessidade de determinar a natureza educacional desses programas, em suas modalidades unifocal e multifocal. A primeira modalidade centraliza-se em um conjunto sistematizado de atividades e de recursos estimuladores destinados a incentivar o desenvolvimento eficaz do processo evolutivo da criana. A segunda se caracteriza pela concorrncia de aes estimuladoras e tambm por sua interligao com as reas da educao, da assistncia sociofamiliar, da sade incluindo alimentao. Para fins de ilustrao desta ltima modalidade, apresenta-se o grfico abaixo, mostrando as diferentes reas e as relaes entre elas.

Estudos recentes comprovam que a modalidade multifocal mais benfica para as crianas portadoras de deficincia e, sobretudo, para aquelas provenientes de segmentos sociais mais carentes.

IH. PRINCPIOS BSICOS

Do exposto, sugere-se como mais conveniente para nosso Pas a modalidade multifocal, j que ela apresenta maior probabilidade de sucesso no trabalho com crianas portadoras de necessidades especiais. Faz-se mister caracterizar tambm os processos bsicos dos programas de avaliao e de interveno, em especial deste ltimo, cujas aes se apoiam nos chamados currculos de interveno precoce. Os dois processos devem se desenvolver com forte interrelacionamento, envolvendo aes recprocas e complementares. Assim que forem obtidos os dados iniciais da avaliao, formulamse e aplicam-se, quando necessrias, as estratgias de interveno, cujos resultados so submetidos, por sua vez, avaliao, desenvolvendo dessa forma as relaes necessrias entre os dois processos. A espera da concluso de todo o processo de avaliao e conseqente demora do incio da interveno pode agravar os efeitos da deficincia da criana e desmotivar os familiares, entre outras conseqncias negativas. Para fins didticos, contudo, os processos sero considerados separadamente, como tambm os seus conceitos. Entende-se por avaliao a deteco clnica da provvel deficincia e a apreciao operativa do desenvolvimento da criana e das condies de seu ambiente, levando-se em conta a influncia recproca entre ambos (criana-meio). Por interveno (atendimento), entende-se o oferecimento criana de recursos ambientais apropriados (fsicos, tecnolgicos, materiais e humanos) a proporcionar-lhe interaes ativas que ensejem mudanas significativas em seu processo evolutivo. Devem se destacar, na avaliao, as habilidades e as potencialidades que venham a ser detectadas mais do que as deficincias. Isto , os aspectos positivos, mais que os negativos devem ser buscados nessa tarefa de apreciao. No processo devem analisarse tambm os fatores de alto risco presentes, sobretudo os de carter ambiental, que possam ser removidos ou atenuados, uma vez que eles podem, com grande probabilidade, bloquear o desenvolvimento

III. PRINCPIOS BSICOS

infantil. Paralelamente a essa anlise so identificados os fatores de proteo, que constituem o principal alicerce da promoo do desenvolvimento da criana junto a seus familiares. Para o xito do programa de estimulao precoce necessrio que tcnicas e procedimentos de avaliao e de interveno sejam selecionados com cuidadosa ateno, em funo das caractersticas de cada criana e das peculiaridades de seu ambiente de convivncia. Para esse fim so sugeridos, a seguir, alguns dos principais instrumentos aplicveis por integrantes da equipe multiprofissional. Na avaliao propriamente dita, incluem-se: roteiros de anamnese; roteiros de visitas domiciliares; escalas, tanto gerais como especficas, para medir o processo evolutivo da criana; os Passos Bsicos do Desenvolvimento da Criana; a Escala de Expresso Grfica; o Inventrio Cumulativo de Estimulao Ambiental ICEA. Os instrumentos acima citados, assim como exemplos de Programas de Interveno Precoce (P.I.P), o Sistema de Estimulao Pr-Escolar (SIDEPE) e o Programa Alfa Introduo constam da bibliografia includa neste documento. Por abordarem aspectos gerais, os instrumentos citados, tanto para a avaliao como para a interveno, vo depender das caractersticas especficas de cada deficincia para sua aplicao. Uma vez definidos a natureza dos programas e seus processos bsicos (avaliao e interveno), deve-se formular uma filosofia de ao, pautada por princpios orientadores que se constituem em delineamentos bsicos para a organizao e para o desenvolvimento dos programas. Os princpios orientadores baseiam-se no direito de ser criana, de ser reconhecida como educvel e de possuir uma famlia envolvida no processo educacional. Os princpios orientadores de maior relevncia so os seguintes: - toda criana portadora de deficincia possui direitos e deveres comuns a toda a populao infantil, respeitadas suas diferenas individuais, especialmente quanto educao, sade e convivncia sociofamiliar; - toda criana tem condies de assimilar, de alguma forma,

III. PRINCPIOS BSICOS

os benefcios da estimulao que lhe for proporcionada em funo de suas caracteristicas individuais, seja qual for o tipo e intensidade da deficincia de que seja portadora; - o nvel e o tipo de interveno dependero dos ganhos que a criana for adquirindo no seu processo evolutivo, razo pela qual a avaliao contnua ser necessria para implementar as aes pertinentes de mudana; - os benefcios da estimulao precoce sero mais efetivos quando o processo for organizado e aplicado de forma gradual, variada e motivadora, seguindo o desenrolar do progresso que a criana for alcanando em seu desenvolvimento; - toda famlia que possui criana portadora de necessidades especiais tem direito a receber apoio e orientao especficos face problemtica que decorre de tal condio, alm de ter o dever de participar do processo de estimulao, assumindo o papel que lhe cabe. Tais princpios encontram respaldo filosfico, legal e da poltica educacional do Pas. Do ponto de vista filosfico, a Educao Especial tem por base: . a Declarao Universal dos Direitos do Homem; . a Conveno sobre os Direitos da Criana; . a Declarao de Salamanca; . Regras e padres sobre a equalizao de oportunidades para pessoas com deficincias. No Brasil, o atendimento a crianas desde o nascimento encontra amparo legal na Constituio da Repblica Federativa do Brasil, especialmente no inciso IV do artigo 208. Do ponto de vista da poltica educacional, esse atendimento fundamenta-se no Plano Decenal de Educao para Todos (1993 2003) e no Programa "Acorda Brasil", enquanto a ao pedaggica encontra respaldo nos princpios emanados da Poltica Nacional de Educao Especial (1994).

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

planejamento dos novos programas a serem institudos e registrados nas Secretarias de Educao, municipais ou estaduais do Pas, bem como o planejamento da atualizao, expanso e respectivo registro dos j existentes, requer a adoo de medidas preliminares importantes, que permitam delinear os objetivos a serem atingidos e analisar os recursos necessrios e disponveis para sua realizao. Dentre essas medidas destacam-se as que se relacionam com o exame das necessidades e possibilidades existentes para a implantao ou implementao pertinente desses programas, quais sejam: - pesquisa da populao alvo: crianas a serem beneficiadas, seu nmero aproximado, suas principais caractersticas pessoais, tipos de deficincia que apresentam, condies de seu ambiente sociofamiliar de maior significao, entre outras; - levantamento dos servios e recursos comunitrios institucionais (hospitais, escolas, creches) disponveis, capazes de possibilitar o encaminhamento dessas crianas e seus familiares aos programas de avaliao e interveno existentes ou, ainda, de dar continuidade aos trabalhos a serem organizados; - verificao das disponibilidades de recursos humanos, principalmente para constituir a equipe multiprofissional responsvel pelo efetivo desenvolvimento do programa, e averiguao da possibilidade de seu treinamento especfico, tanto em servio como em outras instituies que possam servir de modelos eficazes; - verificao da existncia de associaes profissionais ou de voluntrios, clubes de servios, entre outros, que possam cooperar com o desenvolvimento do programa; - verificao das possibilidades e condies de locais, instalaes, mobilirio, materiais tcnicos e brinquedos necessrios, considerando tambm instituies congneres com perodos ociosos, facilidade de acesso e de transporte

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

coletivo, assim como proximidade dos recursos comunitrios que sirvam de apoio ao programa. - estudo das publicaes tcnicas e educacionais relativas ao tema e dos documentos e requisitos legais necessrios implementao do programa em questo; - verificao de condies para que as Secretarias de Educao, estaduais ou municipais, promovam a implantao ou a implementao do programa de Estimulao Precoce dentro do atendimento de Educao Infantil: . reconhecendo oficialmente aqueles criados ou a serem criados por iniciativas governamentais, e . registrando aqueles promovidos ou j instalados por iniciativas no-govemamentais. - anlise dos recursos financeiros disponveis aos Estados e Municpios por intermdio das Secretarias de Sade (Sistema nico de Sade ou similar); de Assistncia Social e da Educao incluindo, entre outros, os diferentes tipos de subvenes e convnios com entidades pblicas e privadas, como tambm as doaes e outras fontes de auxlio econmico, para cobrir as despesas que advenham da implantao e do funcionamento desses servios. Uma vez obtidas e analisadas essas informaes, faz-se necessrio estabelecer as linhas bsicas para a elaborao dos aspectos operativos do programa, processo que compreende a formulao dos objetivos a serem alcanados, a determinao da populao a ser beneficiada, a definio das linhas mestras a serem adotadas para sua organizao e funcionamento, as atividades e os recursos didticos a serem empregados, entre outras aes de planejamento. 4.1. Locais para atendimento De acordo com os diferentes tipos de servio a serem realizados e com os recursos comunitrios e institucionais disponveis, os locais mais indicados para instalao desses programas podem ser:

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

- instituies que prestam atendimento educacional a crianas portadoras de necessidades especiais; - unidades hospitalares para mes de alto risco; - unidades hospitalares para crianas desnutridas; - unidades hospitalares peditricas e/ou neonatais; - berrios; - creches; - pr-escolas (escolas maternais e/ou jardins de infncia); - postos de sade; - clnicas psicolgicas, psicopedaggicas e fonoaudiolgicas; - clnicas-escola das Instituies de Ensino Superior; - centros religiosos, e - outros. Uma vez concludo o planejamento, dever proceder-se organizao desses programas, baseando-se na conjuno dos dados j obtidos com a determinao da natureza, dos processos e dos princpios orientadores previstos. Sero estabelecidos os objetivos a serem alcanados, especificadas as atividades a serem desenvolvidas nos processos de avaliao e de interveno, designado o pessoal tcnico e definidas suas funes, e estabelecida a interligao com as reas de educao, assistncia social, sade, incluindo alimentao. Dada a necessidade de prover maior detalhamento sobre a equipe multiprofissional para o currculo educacional (pea bsica do processo de interveno e da interligao com outras reas de atendimento), sua caracterizao feita em unidades parte. Os processos de avaliao e de interveno foram descritos especificamente acima. Os de avaliao destinam-se a conhecer o desenvolvimento da criana em suas diferentes reas, e tambm as condies do meio ambiente em que ela se desenvolve. Compreendem aes de compilar e analisar dados significativos sobre a evoluo da criana e seu estado atual, seu potencial e seus dficits, interrelacionando-os com os fatores de proteo e de alto risco, complementados com a verificao das caractersticas do ambiente em que vive.

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

As atividades especficas desse processo so assim sintetizadas: - anlise das informaes obtidas na triagem, efetuada conforme os critrios de elegibilidade estabelecidos; - seleo e aplicao das tcnicas e procedimentos de avaliao previstos para a criana atendida, incluindo a anamnese, os exames psicoeducacionais da criana, o estudo sociofamiliar, exames mdicos e outros que se fizerem necessrios de acordo com cada caso; - anlise e interpretao dos dados coletados, em funo dos parmetros preestabelecidos; - integrao dos dados conforme as reas mais significativas do desenvolvimento da criana e conforme os elementos inibidores e/ou estimuladoras do meio em que vive; - elaborao de recomendaes para o plano individual de interveno, estabelecendo prioridades e propondo esquemas e procedimentos aplicveis; - reavaliao peridica da criana e de seu ambiente para verificar os resultados que vo sendo alcanados com a aplicao do correspondente plano individual de interveno, tambm para formular novas recomendaes, se for o caso. Com referncia aos processos de interveno, o atendimento tem por finalidade proporcionar criana condies para alcanar seu pleno desenvolvimento, mediante experincias significativas resultantes de seu contato com as pessoas, objetos e espaos. Ao lado desse objetivo incluem-se aqueles relacionados com as mudanas de atitudes das pessoas de seu convvio, particularmente aquelas que assumem a funo de mediadoras (facilitadoras) nesse processo, ou seja: os pais, familiares, educadores, atendentes e outros; As atividades consideradas essenciais na interveno se resumem s seguintes: - designao de um integrante da equipe que participou da avaliao da criana, conforme as necessidades especficas do caso e a empatia que aquele profissional tenha estabelecido com os familiares, para o acompanhamento mais pessoal da criana;

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

- realizao de um plano individual de interveno, baseado nas observaes efetuadas diretamente com a prpria criana e nos resultados dos exames realizados no processo de avaliao, tendo como parmetros de apoio os contedos curriculares especficos; - incluso, no plano de interveno individual, dos objetivos e metas a serem alcanados, das atividades e estratgias a serem empregadas, dos materiais e meios a serem utilizados e tambm dos facilitadores ou mediadores requeridos; - capacitao especfica dos profissionais,(1) bem como orientao e treinamento dos demais mediadores sobre os procedimentos de interveno aplicveis, a fim de assegurar a efetividade e continuidade das atividades programadas com a participao da criana e do seu ambiente; - participao direta dos familiares nos atendimentos criana para assegurar a eficcia do plano individual e sua continuidade no lar; - contatos formais e informais dos familiares com os profissionais, para intercmbio de informaes sobre a evoluo da criana e resultados das aes previstas no plano individual de interveno e para as orientaes e decises pertinentes. 4.2. Formas de atendimento O trabalho de "estimulao precoce" deve ser estruturado de forma a prestar atendimento sistemtico criana e a sua famlia. Deve ser realizado em duas sesses semanais, podendo iniciar com vinte minutos e chegar a trinta ou quarenta minutos, para crianas de at dois anos, quando atendida individualmente, e de uma hora e(1) Cursos de Ps-Graduao stricto sensu, lato sensu, ou especializao Cursos de Graduao Cursos de aperfeioamento prvio ao exerccio da funo Cursos de treinamento prvio ao exerccio da funo Estgio supervisionado e direcionado rea de atuao Curso de Treinamento em servio

IV. PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DOS PROGRAMAS DE ESTIMULAO PRECOCE

quarenta minutos, se em grupo. Para crianas acima de dois anos, o tempo poder ser ampliado gradativamente, chegando a quatro horas dirias. Nesse caso, o profissional deve alternar o contedo das atividades, nas reas do desenvolvimento global do ser humano, com complementaes curriculares especficas, conforme a categoria de excepcionalidade da criana. No que se refere ao atendimento em grupo, aconselhvel a formao de grupos pequenos de duas ou trs crianas, constitudos com base na idade de desenvolvimento, ou de acordo com a idade cronolgica, respeitando-se as caractersticas individuais das crianas. A famlia tem um papel fundamental para que a criana progrida. Os pais devero receber apoio e orientao sistemtica dos profissionais envolvidos, individualmente ou em grupo, como forma de assegurar a continuidade do trabalho no lar. 4.3. Recursos materiais O atendimento em estimulao precoce deve ser realizado em espaos fsicos adequados ou adaptados s necessidades da criana, contendo mobilirio, material pedaggico e equipamentos apropriados ao trabalho a ser desenvolvido, de acordo com a necessidade da criana.

V. CURRCULOS DE INTERVENO PRECOCE

ntes de especificar esse tema vale considerar o fato de que tais currculos vm recebendo a denominao de "Currculos de Interveno Precoce", ou de "Primeira Infncia". tambm importante esclarecer que um currculo para a Educao Infantil em sua primeira etapa (de zero a trs anos) apresenta caractersticas bem diferentes daquelas correspondentes aos outros nveis mais elevados do sistema de ensino. Em lugar do rol de disciplinas que integram estes ltimos, os de interveno precoce centralizam-se nas reas do desenvolvimento global da criana: fsica, motora, cognitiva, sensrio-perceptiva, socioafetiva, de linguagem. Alm disso, constituem um guia curricular ou currculo mnimo, que serve de base para a organizao de planos individuais de interveno, de orientao para a previso de tcnicas e materiais pertinentes, e para formular as funes de interveno dos integrantes da equipe multiprofissional. Os componentes de tal currculo se identificam com as reas do desenvolvimento infantil, que se especificam conforme as seguintes unidades: - objetivos gerais e especficos; - contedo de atividades; - experincias significativas; - estratgias de interveno; - ambientes de estimulao; - avaliao curricular. Prev-se a existncia de apropriada articulao entre esses componentes, tanto em sentido vertical como horizontal.

V - CURRCULOS DE INTERVENO PRECOCE

ESTRUTURADO CURRCULO DE INTERVENO PRECOCE

Cd. () Direo Vertical ( ) Direo Horizontal (*) ADAPTADO DE PREZ - RAMOS, A.M.Q. e PREZ-RAMOS. J. (1992) - Estimulao Precoce: servios, programas e currculos, 2 ed. Braslia: CORDE

V - CURRCULOS DE INTERVENO PRECOCE

Para melhor compreenso do contedo desses componentes, so especificados em seguida seus conceitos gerais: Objetivos O que a criana dever atingir

Os objetivos so enunciados de acordo com os progressos previstos no desenvolvimento da criana durante o perodo da interveno. Incluem tanto o objetivo geral que define os progressos finais esperados como os especficos para cada rea do desenvolvimento. Contedo de atividades O que a criana realiza

O contedo de atividades compreende s mudanas que vo sendo realizadas pela criana, especificadas pelas reas de seu desenvolvimento, como por exemplo: 1) na reafisica: dormir, alimentar, controlar os esfncteres uretral e anal... 2) na rea motora: arrastar, engatinhar, pegar... 3) na rea cognitiva: identificar objetos, pessoas que lhe so familiares... 4) na rea sensrio-perceptiva: perceber a diferena entre o quente e o frio, o doce e o salgado... 5) na rea da linguagem: nomear partes do corpo, dizer o prprio nome... 6) na rea scio afetiva: chorar no desconforto, sorrir espontaneamente, jogar beijos...

V - CURRCULOS DE INTERVENO PRECOCE

Experincias significativas

Como a criana realiza

As experincias significativas consistem nos processos que a prpria criana desenvolve em funo de sua participao ativa com o ambiente. Tais processos so classificados tambm em funo das reas do desenvolvimento. Estratgias de interveno Como o profissional vai atuar

As estratgias de interveno se referem maneira pela qual as intervenes so aplicadas para estimular, na criana, o desenvolvimento de experincias significativas, e podem ser classificadas em funo das reas do desenvolvimento.

Ambientes de estimulao

Onde e com quem a criana age e interage

Os ambientes de estimulao implicam a adequao da resposta afetiva, do emprego de materiais estimuladores e de espaos suficientemente atrativos que permitam facilitar o emprego das estratgias de interveno. Avaliao curricular Como o currculo est se desenvolvendo

V - CURRCULOS DE INTERVENO PRECOCE

A avalizao curricular se refere anlise e apreciao dos graus de factibilidade e de funcionalidade dos demais componentes curriculares, mediante as modalidades de avaliao formativa e somativa. Considera-se que tais especificaes curriculares so bsicas e necessrias para instituir, nos programas j existentes ou por implantar, seus respectivos currculos.

Obs.: as sugestes da complementaes curriculares especificas para as diferentes categorias de excepcionalidade constituem temas de outras diretrizes.

VI. ESTRUTURA E FUNES DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

ntes de tecer consideraes a respeito da estrutura e das funes de uma equipe multiprofissional, importante salientar suas principais caractersticas. A primeira se refere flexibilidade da estrutura organizativa da equipe, que deve ser capaz de se adaptar s necessidades e aos recursos de cada programa em particular, especialmente com relao ao nmero e demais caractersticas da populao a ser atendida. Se a equipe for composta somente por educadores, eles devem assumir tanto as tarefas de avaliao como as de interveno, desde que estejam preparados para essas atividades e recebam superviso de especialistas de outras reas que sejam de maior necessidade para a populao atendida. Nesse caso, a equipe poder ser integrada por profissionais no diretamente envolvidos no programa, que atuariam por meio de consulta externa. Qualquer que seja a composio da equipe, imprescindvel caracterizar a dinmica de seu funcionamento. Ela deve se basear em uma atuao e uma cooperao efetivas entre os integrantes da equipe, com real motivao de atender s crianas e a suas famlias. Trata-se de uma abordagem transdisciplinar, fundamentada na superao dos limites dos campos de conhecimento de cada especialidade, conservando, contudo, o ncleo bsico de atuao de cada uma. A "equipe ideal", de acordo com essa abordagem, seria constituda pelos seguintes profissionais: professor com formao em Psicologia, ou em Pedagogia, ou em Educao Fsica; psiclogo; fonoaudilogo; assistente social; fisioterapeuta; terapeuta ocupacional; mdico (pediatra, otorrinolaringologsta, oftalmologista, neurologista, fisiatra); tcnico em eletrnica (para manuteno de aparelhos de amplificao sonora).

VI. ESTRUTURA E FUNES DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

No caso de no se conseguir essa equipe ideal em cada cidade, sugere-se a organizao de equipes estaduais ou regionais para atuar nas modalidades de consultoria e itinerncia. Assim, a equipe mnima para a avaliao, interveno e atendimento local pode ser constituda por um nico professor (com habilitao para atender s sries iniciais) atuando sob a superviso de membros da equipe multiprofissional regional ou estadual. Para facilitar o desenvolvimento eficaz das tarefas da equipe e propiciar a mtua cooperao de seus integrantes, preciso especificar as principais funes comuns a todos e as especficas de cada membro da equipe. importante, em benefcio principalmente das prprias crianas em atendimento, evitar a participao concomitante de mais de um profissional durante as intervenes individuais. Algumas responsabilidades prprias a cada profissional podem ser executadas por outro, mas sempre com a superviso daquele responsvel pela rea. As funes comuns a todos os membros da equipe esto descritas abaixo. Das especficas somente sero apresentadas, as dos integrantes cujas tarefas so de maior premncia, especialmente nos programas em fase inicial de implantao. 6.1. Funes comuns a todos os membros da equipe: - Participar da triagem das crianas elegveis para o programa conforme critrios previamente estabelecidos; - encaminhar sempre que possvel, os casos no elegveis, a outras modalidades de atendimento disponveis na comunidade; - participar dos processos de avaliao, conforme as respectivas especialidades, e integrar os resultados de cada campo profissional em um parecer conjunto; - tomar parte ativa nos processos de interveno, mediante aes e/ou orientaes relativas aos planos individuais de atendimento, de acordo com o campo especfico de atuao profissional;

VI. ESTRUTURA E FUNES DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

- elaborar relatrios individuais sobre os resultados da avaliao e da interveno efetuadas, para fins de intercmbio com outros profissionais; - prestar informaes e orientaes aos familiares e, para fins de desenvolvimento do programa; - participar efetivamente das reunies da equipe, para planejar e apreciar o desenvolvimento dos processos de avaliao e planos individuais das crianas em atendimento; - propiciar a complementao do atendimento, sempre que necessrio, por meio do encaminhamento a outros profissionais e/ou modalidades de atendimento disponveis na comunidade; - encaminhar, com relatrios e recomendaes especficas, as crianas que finalizam o programa a outras modalidades de atendimento disponveis na comunidade, de modo a proporcionarlhes complementao e continuidade no atendimento recebido; - tomar parte ativa nos estudos sobre estimulao precoce e nos cursos de reciclagem sobre o tema, e tambm na divulgao dos programas pertinentes, destacando seus benefcios e caractersticas; - orientar e supervisionar as atividades realizadas por estagirios no campo de sua especialidade profissional; - zelar pelo estrito cumprimento dos princpios de tica profissional, tanto nos aspectos referentes intimidade e privacidade das crianas e de suas famlias, quanto nos que se referem a seus outros direitos inalienveis. 6.2. Funes especficas do professor O educador, indispensvel para a implantao ou implementao do programa de estimulao precoce. Ele pode realizar tarefas de avaliao e de interveno sempre que receba orientao ou superviso nos aspectos atinentes a outras especialidades. Alm das funes j descritas anteriormente, compete especificamente ao educador:

VI. ESTRUTURA E FUNES DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

- avaliar as oportunidades educacionais oferecidas criana por sua famlia, bem como as prticas e experincias enriquecedoras que possa ter no lar; - avaliar o desenvolvimento psicoeducacional da criana, relacionando-o sua freqncia a berrios, creches, escolas maternais ou instituies de atendimento especializado; - avaliar a criana relativamente a problemas de maus tratos e de disciplina inadequada nos ambientes de sua convivncia, e tambm a problemas decorrentes de barreiras atitudinais relativas a sua condio de portador de necessidades especiais; - propor equipe mtodos, tcnicas e estratgias de contedo programtico referentes ao currculo de interveno precoce; - elaborar e executar planos individuais de interveno para o atendimento a crianas com dificuldades de ordem educacional, determinando, para esse fim, local, nmero e durao previstos para as sesses, bem como os recursos necessrios; - incentivar as famlias a utilizar recursos recreativos ou educacionais da comunidade como jardins, parques infantis, creches, escolas maternais e instituies educacionais especializadas para crianas em atendimento. - incentivar as famlias a participar do processo educacional.

VII. INTERLIGAO DAS REAS DE EDUCAO, ASSISTNCIA SOCIAL E SADE, INCLUINDO ALIMENTAO

ara implantar ou implementar programas multifocais de estimulao precoce necessrio desenvolveremse aes nas reas conexas dos processos j referidos de avaliao e de interveno. Torna-se indispensvel incluir, entre essas aes conexas, as de integrao educacional e de atendimento sociofamiliar s famlias de condies precrias nos mbitos socioeconmico e cultural, bem como as de assistncia mdico-odontolgica e nutricional. Deve-se considerar, ainda, que a existncia de uma criana portadora de necessidades especiais pode gerar, em muitos lares, situaes de estresse ou acentuar as j presentes, levando a situaes de desintegrao familiar. As aes de integrao educacional tm como objetivo a conscientizao da comunidade em geral e do sistema regular de ensino para a necessidade de aceitar e viabilizar a integrao eficaz e positiva da criana portadora de necessidades especiais e de sua famlia durante e/ou aps o perodo de "estimulao precoce". Para garantir a eficcia da integrao, mais que oferecer criana e a sua famlia o devido acompanhamento, necessrio preparar para o processo tanto o portador de deficincia e sua famlia quanto o ambiente que ir receb-los (sociedade e comunidade escolar). A assistncia mdica e odontolgica imprescindvel, especialmente devido ao fato de que as crianas portadoras de necessidades especiais so mais suscetveis a doenas e infeces de todo tipo e dentio frgil e mal implantada. Essa assistncia deve consistir numa modalidade da vigilncia regular do desenvolvimento fsico e mental dessas crianas. Ela deve iniciar-se na gravidez e prosseguir aps o nascimento da criana e durante seu crescimento. Com relao ateno durante a gestao, destacam-se as aes relativas preveno e assistncia gravidez de alto risco. Deve-se prever um controle mdico mais efetivo para mulheres portadoras de doenas especficas, de problemas de consanginidade, desnutrio, ou de idade. Do mesmo modo, necessrio oferecerlhes alimentao apropriada e preparao para adotar o papel de futura me, alm da possibilidade de mudanas em seu ritmo de atividades.

VII. INTERLIGAO DAS REAS DE EDUCAO, ASSISTNCIA SOCIAL E SADE, INCLUINDO ALIMENTAO

Outro tipo de assistncia o que se utiliza com os recmnascidos nas maternidades, particularmente com aqueles considerados de alto risco. Vale acrescentar que se evidenciam claros benefcios para a sade e o desenvolvimento do recm-nascido quando ele recebe ateno individualizada por pessoal instrudo em um programa de cuidados intensivos ao beb que inclua procedimentos de estimulao. Da maior importncia a necessidade de se estabelecer um intercmbio conveniente de assistncia com os servios maternoinfantis da comunidade, a fim de dar continuidade vigilncia sade nos primeiros anos de vida. Nesse aspecto, cabe destacar a importncia da imunizao como recurso preventivo. Para determinados tipos de deficincia, os progressos no campo da cirurgia oferecem a possibilidade de melhorar o estado de sade, de atenuar ou mesmo superar os distrbios do desenvolvimento. Do mesmo modo, aperfeioam-se continuamente os aparelhos e instrumentos corretivos, adaptveis s condies individuais da criana. Para seu uso apropriado, contudo, esses aparelhos e instrumentos exigem uma planificao cuidadosa, de modo a se evitarem possveis deformaes secundrias decorrentes de sua m utilizao. A ateno sade se estende tambm ao campo da gentica, dado que existe um grande nmero de deficincias de origem congnito-cromossmica e/ou hereditria. Faz-se mister, portanto, incluir na assistncia mdica o exame de caritipos, no s para melhor identificao do quadro clnico, como tambm para proporcionar aos pais aconselhamento gentico, se for o caso. Outros fatores determinantes de deficincias de origem congnita, quando detectados, devem receber ateno da rea de sade durante os perodos pr, peri e ps-natais, juntamente com a preveno de doenas infecto-contagiosas. Com respeito alimentao, observa-se que os regimes dietticos, bem como os regimes especiais destinados a diminuir a severidade de determinadas deficincias de origem metablica, vm sendo colocados cada vez mais em evidncia na busca do equilbrio psicofsico das gestantes e das crianas,.

VII. INTERLIGAO DAS REAS DE EDUCAO, ASSISTNCIA SOCIAL E SADE, INCLUINDO ALIMENTAO

Inclui-se tambm na assistncia alimentar a complementao diettica para crianas desnutridas, especialmente aquelas que, pela gravidade de seu estado, esto sujeitas a internao hospitalar. Dependendo da idade e da intensidade da desnutrio, essas crianas so propensas a serem portadoras de deficincia. Nesses casos, a complementao alimentar necessria e o desenvolvimento de um programa especfico de estimulao precoce tende a diminuir consideravelmente tal risco. Com respeito assistncia social, h necessidade de uma avaliao precisa das condies sociofamiliares e das relaes interpessoais entre os membros da famlia, procedendo-se a um aconselhamento aos pais em relao aos problemas colaterais detectados. Esse processo tem por objetivo desenvolver um ambiente favorvel para a realizao das aes pertinentes ao programa de estimulao. Nesse aconselhamento, priorizam-se, no papel dos pais, as atividades e as iniciativas para que eles prprios se constituam como agentes de mudana.

VIII. CONCLUSO

o atingir a idade cronolgica de quatro anos e tendo obtido o repertrio bsico para freqentar uma sala de aula, a criana dever ser avaliada pela equipe ultidisciplinar. Aquela que for elegvel para integrao dever ser encaminhada para a pr-escola do ensino regular, recebendo acompanhamento psicopedaggico de professores da educao especial, em outro turno, ou de um professor itinerante. A criana que, no momento da sada do atendimento em estimulao essencial, no for elegvel para a integrao dever ser encaminhada a uma classe especial, na pr-escola do ensino regular ou a uma escola especial, podendo ser ou no integrada posteriormente ao ensino regular.

IX. GLOSSRIO

ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR: interrelao entre diferentes reas de conhecimento (psicologia, educao, fisioterapia, servio social, fonoaudiologia, etc.) com abertura dos limites de seus campos de atuao, conservando, contudo, o seu ncleo bsico. ANAMNESE: informaes indiretas sobre o histrico e o estado atual da criana e de seu ambiente, obtidas atravs de entrevistas com a me, com o casal, ou outros responsveis, e de exames mdicos e psiclogos, podendo-se acrescentar, para maior enriquecimento, material fotogrfico e produes realizadas pela criana a partir de 1 ano, com o fun de detectar fatores de risco e de proteo e suas conseqncias no desenvolvimento infantil. CARITIPO: representao grfica dos cromossomos, resultante de exames especficos com o fim de detectar problemas de ordem gentica que causam alteraes ou deficincia no desenvolvimento da criana. FATORES DE PROTEO: condies positivas da criana, e do seu ambiente, que facilitam o desenrolar adequado do seu processo evolutivo. Podem compensar as conseqncias negativas dos fatores de risco e apresentar melhores recursos para que os efeitos positivos da estimulao precoce sejam efetivos. FATORES DE RISCO: agentes que, com maior ou menor probabilidade, ocasionam disfunes temporrias ou permanentes no desenvolvimento da criana. GRAVIDEZ DE RISCO: doenas ou circunstncias de risco, incidentes antes ou durante a gravidez, capazes de colocar em risco a vida, a sade e integridade global do binmio me-filho, com reflexos sobre a prpria famlia e a sociedade por inteiro. PLASTICIDADE NEURONAL: "tendncia do sistema nervoso a ajustar-se perante s influncias ambientais durante o

IX. GLOSSRIO

desenvolvimento infantil, e restabelecer ou restaurar as funes, desorganizadas por condies patolgicas" (Robert Lent). POTENCIALIDADE: predisposio latente na criana que, a partir principalmente da estimulao, desenvolve-se e/ou aperfeioa-se, transformando-se em capacidades e habilidades. TEORIA DA NORMALIZAO: base filosfico-ideolgica da integrao. No se trata de "normalizar" as pessoas portadoras de necessidades especiais, mas sim de oferecer-lhes modos e condies de vida o mais semelhante possvel aos da sociedade em que vive. Preservam-se, assim, seus direitos como pessoa humana.

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