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DIREITO AMBIENTAL AULA 01 CONCEITO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Prof.ª Dr.ª Lívia Gaigher Bósio Campello E-mail: [email protected]

Dirieito Ambiental - Aula 01

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Direito Ambiental

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DIREITO AMBIENTAL AULA 01

CONCEITO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Prof.ª Dr.ª Lívia Gaigher Bósio Campello E-mail: [email protected]

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O QUE É DIREITO AMBIENTAL?

�  O que é direito?

�  O que é meio ambiente?

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DIREITO

�  Formulação de Miguel Reale = interação tridimensional do fato, valor e norma

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FATO AMBIENTAL

�  Leva em conta a própria vida humana que depende dos recursos naturais para sua reprodução.

�  Leva em conta os problemas ambientais advindos da relação homem/natureza.

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A) MUDANÇA CLIMÁTICA

Entre as ameaças para a espécie humana cujos efeitos devastadores começamos a sentir, devemos destacar em primeiro lugar a mudança climática. Existe um órgão no âmbito das Nações Unidas conhecido como Grupo Intergovernamental sobre Câmbio Climático - (IPCC, de acordo com a sigla em inglês: Intergovernmental Panel on Climate Change) - no qual estão reunidos experts de todos os países. Segundo seus documentos, desde o Quarto Informe de Avaliação Global, o aquecimento da Terra é um fenômeno evidente, constatado e registrado a partir dos aumentos da temperatura média do ar e do oceano, do derretimento das geleiras e o aumento do nível do mar. Nesse sentido, a responsabilidade humana é incontestável, sobretudo pelas grandes emissões de gases de efeito estufa associadas ao processo de industrialização. Trata-se de um fenômeno desenfreado, que provocará aumentos das temperaturas neste século entre 1,6 a 4 graus, dependendo das medidas que se adotem para combatê-lo.

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B) DESAPARIÇÃO DE ESPÉCIES

�  Segundo as estimativas dos principais biólogos pesquisadores, o número de espécies que estamos perdendo anualmente oscila entre 10.000 e 50.000. Entre as causas que provocam esta perda da biodiversidade, todas causadas pelo homem, podemos destacar o desmatamento, a introdução de espécies invasoras e, como fenômeno emergente, a mudança climática, dado que as plantas e animais não são capazes de se adaptar à modificação do seu ecossistema que este fenômeno provoca.

�  A lista vermelha de espécies ameaçadas da União Intergovernamental para a Conservação da Natureza (IUCN – International Union for Conservation of Nature), organização internacional de referência mundial neste quesito, apresentou um total em 2006 de 16.119 espécies ameaças das 40.000 analisadas, o que supõe um aumento de 59% em relação ao ano 2000. Ademais, foram incluídas em estado de perigo de extinção algumas familiares ao homem como o urso polar, o hipopótamo e as gazelas do deserto.

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C) EXPLORAÇÃO INTENSIVA DOS RECURSOS NATURAIS

�  O informe Recursos Humanos de 2000, elaborado pelo Instituto de Recursos Mundiais de Washington em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA e o Banco Mundial, apresenta um alerta dos organismos internacionais para que os Governos revisem e intensifiquem suas políticas ambientais. O Informe, assim como outros estudos posteriores, assinalaram que o atual crescimento da população e a exploração intensiva dos recursos naturais estão alterando de forma irreversível a base biológica do nosso planeta.

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D) DESERTIFICAÇÃO

�  Outro dos problemas ambientais cada vez mais alarmantes é o da desertificação, vez que um terço do planeta vive em terras secas, e os usos não sustentáveis das mesmas (desmatamento, políticas que favorecem a substituição do pasto – mais adequado a este tipo de terreno – pela agricultura, a aplicação de tecnologias inadequadas, como os sistemas de irrigação em larga escala etc.) em conjunto com o fenômeno de aquecimento da Terra, ameaçam desertificar 20% destas terras secas. O problema da desertificação, por outro ângulo, ameaça a vida de milhares em uma centena de países.

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VALOR AMBIENTAL

�  O valor que dá sustentação à norma ambiental é o reflexo no mundo ético das preocupações com a própria necessidade de sobrevivência do ser humano e com a necessidade de preservação do meio ambiente.

�  Todos nós somos conscientes de que uma das transformações mais profundas que se está produzindo no mundo atual é o surgimento de uma forte sensibilidade frente aos problemas ambientais.

�  Revolução cultural da década de 1960 => O movimento dos cidadãos em defesa da qualidade de vida e do meio ambiente se iniciou a partir de 1960 sobretudo na Europa, Japão e EUA.

(CONSCIÊNCIA AMBIENTAL)

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NORMA AMBIENTAL

�  Surge com a necessidade de estabelecer novos comandos e regras aptas para dar respostas ao fenômeno da degradação ambiental.

�  A proteção jurídica ambiental é dotada de respaldo internacional e reconhecido pela nossa atual Constituição, dando origem ao Direito Ambiental como disciplina jurídica provida de características singulares.

�  CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL?

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PRECEDENTES REMOTOS

�  A proteção pelo ordenamento de aspectos parciais do que hoje concebemos como meio ambiente possui antecedentes muito antigos, pois desde sempre o homem tem sentido necessidade de dar algumas respostas jurídicas aos problemas relacionados com o seu entorno, ainda que com motivações específicas e diversas, como a defesa da propriedade privada, a higiene ou a saúde pública, e não exatamente por uma preocupação com o meio ambiente enquanto bem METAindividual e unitário.

�  Interesse privado x interesse público x interesse difuso INTERESSE DIFUSO => INDIVISIBILIDADE DO OBJETO/ TITULARES INDETERMINADOS

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DIREITO ROMANO

�  No Direito Romano, os elementos que hoje integram o núcleo fundamental do meio ambiente (ar, água, o mar e suas encostas, a vida animal e vegetal) se configuravam como res communis omnium (coisa comum de todos), suscetíveis por natureza de utilização sem limite por todos os indivíduos.

�  Direito urbano/ relações de vizinhança/ danos à saúde pública (vigilância das águas contra captações ilícitas e contaminação – atualmente chamaríamos contaminação dos aquíferos). Dever dos administradores das cidades de velar pelo cuidado das fachadas das casas, podendo impor multas coercitivas aos proprietários que descumprissem o dever de mantê-las limpas e fazer as reparações necessárias.

�  A proteção dos recursos naturais encontrava outra manifestação no delito da poda de árvores, cujo objeto era neste caso a proteção do patrimônio agrário ou florestal. Havia previsão de uma pena em dobro do valor da árvore se o fato foi furtivo, ou seja, sem autorização do proprietário.

�  Digesto Justiniano, entre os anos 526 e 565, no qual podem ser destacadas as reclamações por danos ao patrimônio por ocasião de danos produzidos ao entorno.

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IDADE MÉDIA

�  Na Idade Média, a natureza segue concebida como um elemento de exploração inesgotável e sem qualquer limitação a seu uso foi feita senão no interesse patrimonial. Como nas Partidas (Direito Medieval Espanhol – 1290), que havia penas para incendiários de árvores. Sob influência romana, algumas medidas eram destinadas a preservação da salubridade e higiene, como a obrigação de reparar e manter em bom estado as valas de irrigação, a fim de preservar a qualidade das águas.

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IDADE MODERNA

�  Na Idade Moderna (1492 – 1789), diante da intensificação da exploração dos recursos madeireiros, utilizados na construção naval e para obtenção de energia, aparece a preocupação incipiente pela conservação, MAS VISANDO O INTERESSE ECONÔMICO NO NÃO ESGOTAMENTO DO RECURSO AMBIENTAL.

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OS PRECEDENTES DO DIREITO AMBIENTAL NO SÉCULO XIX

�  Durante o século XIX se ditaram numerosas disposições destinadas a regular os recursos mais importantes para a vida econômica e social da época. A preocupação se centrava em elementos como água, minas, caça e pesca.

�  Em princípio marcado pela ideologia liberal e seus postulados abstencionistas, vez que se limitavam a estrita gestão do recursos e um respeito absoluto pela propriedade privada.

�  Água (Espanha - 1845) – O Estado intervém em matéria de água para limitar o princípio da liberdade de estabelecimento de indústrias sem permissão ou licença, que presumia a livre construção de moinhos e em geral o aproveitamento das águas.

�  Minério (Espanha – 1888) - Decreto de 29 de fevereiro, passou a obrigar as empresas a cuidar da fumaça de maneira que não produzam danos à saúde pública e à agricultura.

�  Animais ( Espanha – 1902) - Lei da caça de 16 de maio de 1902, estabeleceu assim algumas limitações com o intuito de evitar o esgotamento de espécies caçadas por uma excessiva depredação humana e para preservar espécies úteis ao homem, como no caso dos pássaros insetívoros.

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EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL �  Brasil colônia - Quando o Brasil foi descoberto vigoravam em Portugal as

Ordenações Afonsinas, que continha uma proibição do corte deliberado de árvores frutíferas.

�  Século XVII, em 1605, era editado o Regimento do Pau Brasil, que proibia o corte desta árvore sem expressa licença.

�  Constituição Imperial (1824) não fez qualquer referencia aos recursos naturais. Concepção dominante de que o Estado não deveria se imiscuir nas atividades econômicas, devendo se abster. No entanto, a Constituição Imperial atribuiu aos Municípios competências legislativas amplas, que a exerciam mediante o que se chamava Posturas. Dentre as matérias municipais estavam por exemplo a limpeza, a conservação e reparos de muralhas para os edifícios, poços, chafarizes, etc. em benefício comum dos habitantes. Também era de competência da Câmara Municipal dispor sobre o gado solto sem pastos em lugares onde possam causar prejuízo aos habitantes ou as lavouras, extirpação de répteis venenosos ou de quaisquer animais devoradores de plantas.

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�  Período republicano – Na primeira fase do regime político que sucedeu o Império do Brasil, o tema ambiental segundo Machado Horta “se confundia com a autorização conferida à União para legislar sobre a defesa e proteção da saúde ou com a proteção aos monumentos históricos, artísticos e naturais, às paisagens e aos locais particularmente dotados pela natureza”. A Constituição de 1891 artigo 34, n. 29, atribuía competência à União para legislar sobre suas minas e terras.

�  A CF de 1934 em seu artigo 5º, IXI, atribuía à União competência legislativa sobre “bens de domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, água, energia elétrica, florestas, caça e pesca e sua exploração.”

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�  Década de 30 - Código Florestal (Dec. 23.793), o Código de Águas (Dec. 24.643, ainda hoje com dispositivos em vigor), a regulamentação do patrimônio cultural (Dec.-Lei 25/1937, sobre tombamentos).

�  Guilherme Purvin – “Não havia ainda qualquer noção de proteção jurídica do meio ambiente que permeasse o estudo de todos estes diplomas legais, isto é, não se cogitava da possibilidade de existência de um ramo do Direito que englobasse o estudo de temas que à época eram considerados completamente distintos”.

�  A Constituição Federal de 1937 dispunha, em seu artigo 16, XIV, competir privativamente à União legislar sobre “bens de domínio federal, minas, metalurgia, energia hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e sua exploração”.

�  O regime democrático de 1946 não alterou as competências da União em temas referentes à infraestrutura.

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�  Com a implantação do regime político de 1964 e a exacerbação dos poderes do Executivo federal, que passou a exercê-lo de forma discricionária e arbitrária, houve aumento dos poderes da União. A carta de 1967 estabelecia que a União era dotada das seguintes potestades legislativas:

direito agrário normas gerais de segurança e proteção da saúde águas e energia elétrica jazidas, minas e outros recursos minerais metalurgia florestas, caça e pesca regime dos portos e da navegação �  Foi editado o segundo Código Florestal (Lei 4771/65) e o Código de Caça (Lei de proteção à

fauna – Lei 5.197/67) �  EX. Código de Caça –proibição da caça profissional que visa o lucro (avanço)/ Nos termos do

artigo 3º, § 2º, da Lei n.º 5.197/67, a caça de controle “é a destruição de animais silvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública”, sendo permitida, portanto, a sua realização. Caça amadorista – permitida na lei.

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A CRISE AMBIENTAL (IMPASSES) E O SURGIMENTO DA CONSCIÊNCIA GLOBAL

�  Premissas (Impasses) �  O processo de desenvolvimento dos países se realiza basicamente às custas dos

recursos naturais. �  Os homens possuem novas e múltiplas necessidades, que são ilimitadas,

disputando bens da natureza que são limitados. �  O alerta (Estocolmo-1972) – O alerta para a gravidade dos riscos ambientais foi

dado em 1972 na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, promovida pela ONU com 113 países. Os países industrializados chamaram atenção para a questão ambiental alegando que o seu modelo de crescimento econômico havia acarretado uma progressiva escassez de recursos naturais.

�  Opiniões divididas – “Crescimento zero” X “Crescimento a qualquer custo”

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�  PRÓXIMA AULA DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE PÓS-ESTOCOLMO (1972)