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Naomi Sugita Reis DIREITO AMBIENTAL ____________________________________________________________ EVOLUÇÃO DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL A natureza era, primeiramente, considerada como res nullius, sem valor econômico e infinita. Ademais, a natureza era vista como uma fonte de produto - fonte de matéria prima apenas. Existem dois momentos cruciais na historia da humanidade, que são os momentos entre guerras, nos quais houve grande perda socioambiental, assim como houve grandes inovações. A humanidade se via dissociada da natureza e era acreditado que o humano teria grande poder. Os primeiros movimentos de proteção ambiental nascem no momento posterior à WWII. ANTROPOCENO “Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma força tectônica do planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica - deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos a um antropoceno”. CONSEQUÊNCIAS DA QUESTÃO AMBIENTAL COMO UM PROBLEMA GLOBAL Escassez de agua Perda de áreas aráveis Proliferação de doenças Perda da biodiversidade Ameaça às fronteiras e soberanias nacionais {internacionalização da Amazônia} Grande desperdício e produção de resíduos que viram “lixo” Aquecimento global e mudanças climáticas Tragédias ambientais {cidade de Mariana} Aumento do nível do mar NOVAS PERSPECTIVAS PARA A QUESTÃO AMBIENTAL COMO UM PROBLEMA GLOBAL PRINCIPAIS FONTES FORMAIS INTERNACIONAIS DO DIREITO (SOCIO)AMBIENTAL I. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - “toda pessoa tem direito a um nível de vida próprio a garantia a saude seu bem estar e de sua família” 1

Dirieto Ambiental 1A proteção do meio ambiente não nasceu com a Declaração de Estocolmo, de 1972, de premissas marcadamente biocêntricas. O princípio 1 da Declaração de Estocolmo

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Page 1: Dirieto Ambiental 1A proteção do meio ambiente não nasceu com a Declaração de Estocolmo, de 1972, de premissas marcadamente biocêntricas. O princípio 1 da Declaração de Estocolmo

Naomi Sugita Reis

DIREITO AMBIENTAL ____________________________________________________________

EVOLUÇÃO DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

A natureza era, primeiramente, considerada como res nullius, sem valor econômico e infinita. Ademais, a natureza era vista como uma fonte de produto - fonte de matéria prima apenas. Existem dois momentos cruciais na historia da humanidade, que são os momentos entre guerras, nos quais houve grande perda socioambiental, assim como houve grandes inovações. A humanidade se via dissociada da natureza e era acreditado que o humano teria grande poder. Os primeiros movimentos de proteção ambiental nascem no momento posterior à WWII.

ANTROPOCENO

“Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma força tectônica do planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica - deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos a um antropoceno”.

CONSEQUÊNCIAS DA QUESTÃO AMBIENTAL COMO UM PROBLEMA GLOBAL • Escassez de agua • Perda de áreas aráveis • Proliferação de doenças • Perda da biodiversidade • Ameaça às fronteiras e soberanias nacionais {internacionalização da Amazônia} • Grande desperdício e produção de resíduos que viram “lixo” • Aquecimento global e mudanças climáticas • Tragédias ambientais {cidade de Mariana} • Aumento do nível do mar

NOVAS PERSPECTIVAS PARA A QUESTÃO AMBIENTAL COMO UM PROBLEMA GLOBAL

PRINCIPAIS FONTES FORMAIS INTERNACIONAIS DO DIREITO (SOCIO)AMBIENTAL

I. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - “toda pessoa tem direito a um nível de vida próprio a garantia a saude seu bem estar e de sua família”

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II. Conferencia de Estocolmo - Princípios de Estocolmo - grande marco do Direito Socioambiental mundial, foi a primeira conferencia internacional sobre o meio ambiente. A postura do Brasil nessa conferencia foi a de “desenvolver primeiro e depois pensar em pagar o meio ambiente. Pior poluição é a pobreza e para superá-la é necessário o desenvolvimento”.

III. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): criação de órgãos ambientais em uma série de países, como no Brasil, que em 1973 instituiu a SEMA.

IV. Clube de Roma (1972): especialistas do MIT que concluíram que a Terra tem limites invisíveis através de projeções matemáticas — não vingou.

V. Relatório Brundtland {Nosso Futuro Comum} de 1987: “o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.

VI. Rio 92 ou ECO 92 {20 anos depois de Estocolmo e a referencia sempre será essa conferencia} - Cúpula da Terra: a comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza. Advém diversos documentos, tais quais:

A. Convenção sobre a Biodiversidade

B. Declaração de Princípios para Manejo Conservação e Desenvolvimento Sustentável em Florestas

C. Convenção sobre combate à Desertificação

D. Declaração do Rio: firma os 27 princípios para o uso sustentável dos recursos naturais do Planeta

VII.Agenda 21 - ações de curto, médio e longo prazos A. Agenda Ambiental da Administração Pública {A3P - 5R}:

1. Repensar 2. Recusar 3. Reduzir 4. Reutilizar 5. Reciclar

B. Triple bottom line: people, planet, profit

VIII.Protocolo de Kioto {1997}: apear de ser considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem aumentado nas ultimas décadas e gerado as mudanças do clima. Essas

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alterações são fruto do aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa — como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substancias na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas entre elas o transporte o desmatamento, a agricultura… A. Envolvia países do anexo um e países do não anexo um.

IX. Rio + 10 ou Cúpula da Terra 2 {2002}: a ideia era de se tentar reduzir a pobreza

A. Cinco temas centrais: 1. Água 2. Saude 3. Energia 4. Alimentos 5. Biodiversidade

B. Aspectos sociais: busca pela redução da pobreza

C. Principio da responsabilidade comum, mas diferenciada

X. Rio + 20 {2012}:

A. Avaliação dos progressos alcançados desde 1992 na proteção do meio ambiente, e os desafios

B. Economia verde e erradicação da pobreza, o mote central era de chegar a um conceito do que vem a ser economia verde {muito se discutiu, mas não se sabe até agora o que seja economia verde, porque depende do ponto de vista do país, dependendo de seu nível de desenvolvimento}

C. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais {INPE}: futuro que queremos.

XI. Acordo de Paris para as mudanças climáticas de 2015 - Conferência de Paris {COP-21}

A. Um dos objetivos é manter o aquecimento global muito abaixo de 2ºC, buscando ainda esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

B. O texto final determina, no que diz respeito ao financiamento climático, que os países desenvolvidos deve investir 100 bilhões de dólares por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação em países em desenvolvimento. 1. Alguns Estados e organizações ja se comprometeram a agir em acordo.

C. O Brasil pretende aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030, expandido o consumo de biocombustíveis, aumentando a oferta de etanol, inclusive por meio do

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aumento da parcela de biocombustíveis avançados {segunda geração}, e aumentando a parcela de biodiesel na mistura do diesel.

XII.Agenda 2030 - ODS:

A. Pessoas, planeta, prosperidade, parcerias, paz

RESILIÊNCIA x RETROCESSOS

Resiliência é a capacidade de se regenerar e se adaptar frente às dificuldades e adversidades.

VISÃO ANTROPOCÊNTRICA PURA

Os recursos naturais são vistos como coisas apropriáveis e o meio ambiente é visto como res nullius. Entretanto, o mundo não existe apenas para o homem, sendo relevante o pensamento ocidental {Keith Thomas}.

VISÃO ECOCÊNTRICA {BIOCÊNTRICA}

• Terra de Gaia • Declaração universal dos Direitos dos Animais • Direito dos animais no Brasil

VISÃO ANTROPOCÊNTRICA AMPLIADA OU MITIGADA

A nossa Constituição Federal abarca o antropocentrismo, mas de maneira ampliada, mitigada… “As ciência jurídicas não podem se isolar do processo evolutivo do saber e da abordagem do meio ambiente. Ao contrario, impõe-se um diálogo com outros saberes, para que o Direito seja um guardião do meio ambiente”.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Verdadeira cláusula pétrea, o meio ambiente passa a ser tutelado pela Constituição Federal de 1988, em um capítulo próprio, como um direito difuso ou coletivo, um bem de uso comum do povo. Assim, o meio ambiente pertence a todos em

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direitos e obrigações, a conservação e a preservação de sua integridade “assiste à generalidade das pessoas”.

A Emenda Constitucional nº 96 de 06/06/2017 acrescentou o §7º ao artigo 225 da Constituição Federal:

§ 7o Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1o deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1o do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional no 96, de 2017)

Para os biocentristas, o termo “todos” remete aos animais.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

A concepção antropocêntrica aplicada ou mitigada é uma concepção ecológica dos animais.

Há nítida divergência entre o atual conceito de desenvolvimento sustentável e a noção de progresso que, a partir da Revolução Industrial, sustentou a modernização e o crescimento econômico do século XXI.

A proteção do meio ambiente não nasceu com a Declaração de Estocolmo, de 1972, de premissas marcadamente biocêntricas. O princípio 1 da Declaração de Estocolmo estabelece uma visão antropocêntrica mitigada ao mencionar reiteradas vezes a raça humana, eis que fora a primeira vez que o meio ambiente esteve na berlinda.

GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos coletivos e difusos são aqueles que remetem inclusive às pessoas que ainda não nasceram e remetem aos direitos fundamentais de 3ª geração. Os direitos difusos são transindividuais, indivisaveis e atingem um grupo indeterminável. Eles perpassam a figura do individuo, indo além. Há, inclusive uma aplicação da Teoria de Gaia, eis que o Planeta é somente um. Ademais, eles estão previstos na Lei 8078/90 e no art. 81, I, II e III do CDC.

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DIREITO SOCIOAMBIENTAL O direito socio ambiental busca todas as normas e é um direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente. Intenta, assim, conciliar teorias e suas aplicações aos casos concretos.

É multidisciplinar e conta com mecanismos de incentivo coação e sanção do Direito. Deve se fundar na ética ambiental, na cidadania na gestão e justiça socioambiental.

O MEIO AMBIENTE

CONCEITO LEGAL DE MEIO AMBIENTE Art. 3º da Lei n.º 6.938/81

“Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

CONCEITO DE MEIO AMBIENTE

Propriedades físicas, químicas e biológicas.

I – meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto);

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II – meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra, como obra do Homem, difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou;

III – meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam;

IV – meio ambiente do trabalho, o local em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima

CONCEITOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Lei nº 6.398

•Degradação da qualidade ambiental (art. 3º, inciso II): a alteração adversa das características do meio ambiente.

CONCEITO DE DANO AMBIENTAL

*Utiliza-se o conceito legal de degradação (art. 3º, inciso II da Lei n.º 6.938/1981).

É o prejuízo, a lesão aos bens ambientais, com consequente degradação – alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. (MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005)

CONCEITO DE POLUIÇÃO {art. 3º, III Lei 6.398/81}

É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a)prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

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“São protegidos o homem e a comunidade, o patrimônio público e privado, o lazer e o desenvolvimento econômico através das diferentes atividades (alínea “b”), a flora e a fauna (biota), a paisagem e os monumentos naturais, inclusive os arredores naturais desses momuntos – que encontram também proteção constitucional” (art. 216 e 225) (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 605).

Considerando-se o conceito e a natureza econômica do Direito Ambiental e da PNMA, assinale a opção correta

Ao conceber o meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida humana, o direito ambiental ostenta índole antropocêntrica, considerando o ser humano o seu único destinatário. Verdadeiro ou falso? FALSA! Conceito de meio ambiente: art. 3º, I, da Lei n.º 6.938/1981! Visão antropocêntrica protecionista, ou mitigada/ampliada/alargada, o homem não é o único destinatário.

CONCEITO DE POLUIDOR Art. 3º, IV Lei n.º 6.938/81

• É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. O Estado é o maior poluidor nos dias de hoje seja por ação seja por omissão, e um exemplo disso é a falta de saneamento ambiental {investindo em saneamento, se economiza em saúde}.

• Ha uma ideia de solidariedade entre os poluidores.

• Aquele que, direta ou indiretamente, causa degradação ambiental.

CONCEITO DE RECURSOS NATURAIS Art. 3º, V da LEI N.º 6.938/81

•A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 

CONCEITO DE IMPACTO AMBIENTAL RES. CONAMA 01/1986 - Art. 1º

O conceito de impacto ambiental envolve tanto o conceito de meio ambiente, quanto o conceito de poluidor.

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

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I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. [Diferença em relação ao conceito de poluição!]

I. Impacto ambiental regional: afeta uma área de abrangência maior, além do local.

A. Atividades da Samarco em Mariana, após as barragens de Fundão e Santarém se romperem, os rejeitos tóxicos {ferro, alumínio, manganês} viajaram 800km.

B. Empresa norueguesa de extração de bauxita para produção de alumínio, acusada de ser responsável por vazamento em Bacarena. A contaminação foi de toda a região e, denuncias indicam, que a mineradora tinha um duto clandestino para lançar rejeitos em nascentes amazônicas. O dique rompeu e a bauxita invadiu comunidades.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

O poluidor é obrigado, conforme a doutrina socioambientalista, a RECUPERAR E INDENIZAR, para que haja uma responsabilização integral.

Art. 14 §1º da Lei 6938/81: o poluidor é obrigado independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.

A responsabilidade civil objetiva é uma obrigação propter rem, tendo natureza real e sendo transmitias ao sucessor. Ou seja, o novo proprietário, possuidor ou detentor a qualquer título de imóvel com passivo ambiental, ele adquire com ônus e bônus. Aquele que vem a ser penalizado, pode entrar, com a ideia de solidariedade, com uma ação regressiva contra quem efetivamente poluiu.

A responsabilidade adere ao título e se transfere ao futuro proprietário, prescindindo-se de debate sobre a boa ou má-fé do adquirente.

Independentemente da existência de culpa, mesmo que o empreendimento esteja devidamente licenciado, na ocorrência de um dano ambiental.

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 6º da Lei 6.938/81

{SISNAMA}

Conselho Nacional do Meio Ambiente {CONAMA}: faz suas resoluções e deliberações técnicas — deve ser técnico e não político. A competência material é comum,

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em função do art. 225 da CF — ou seja, todos devem agir. Para que exista essa ação, vão ser utilizados instrumentos próprios para tanto.

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 9º da Lei n.º 6.938/81

HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A partir de 1985:

•Lei de Ação Civil Pública – 1985 (modificada em 2014). ***CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988!!! •Lei de Agrotóxicos  - Lei n.º 7.802/1989. •Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei n.º 9.433/1997. •Lei de Crimes Ambientais - Lei n.º 9.605/98. •Política Nacional de Educação Ambiental - Lei n.º 9.795/1999 •SNUC – Lei n.º 9.985/2000. •Estatuto das Cidades - Lei n.º 10.257/2001. •Lei de Biossegurança – Lei n.º 11.105/2005. •Lei da Mata Atlântica – Lei n.º 11.428/2006. •Lei do Saneamento Básico – Lei n.º 11.445/2007. •Política Nacional de Mudanças do Clima (PNMC) – Lei n.º 12.187/2009. •Política Nacional de Segurança de Barragens - Lei n.º 12.334/2010. •Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei n.º 12.305/2010. •Lei Complementar 140/2011 - regulamentou o parágrafo único do artigo 23 da CF/88 •Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n.° 357/2011 – classificação águas. •Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/2012. •(Código) Lei Florestal – Lei n.º 12.615/2012. •Estatuto da Metrópole - Lei n.º 13.089/2015. •Repartição de Benefícios e Usos Sustentável do Patrimônio Genético – Lei n.º 13.123/2015

ÓRGÃO COMPOSIÇÃO FUNÇÃO art. 6º

Superior Conselho de Governo Inciso I

Consultivo e Deliberativo CONAMA Inciso II

Central Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da Republica Inciso III

Executores IBAMA e ICMBio Inciso IV

Seccionais Órgãos ou Entidades Estaduais e do DF Inciso V

Locais Órgãos ou Entidades Municipais Inciso VI

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•Lei n.º 13.153/2015 - Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca •Lei n.º 13.335, de 14 de setembro de 2016 - Conversão da Medida Provisória nº 724, de 2016 - Altera a Lei n.º 12.651/2012 - extende os prazos de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e adesão ao Programa de Regularização Ambiental. •Lei n.º 13.465/2017 - Regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal, etc... •Lei n.º 13.576/2017 - Política Nacional de Biocombustíveis. •Decreto n.º 9.179/2017 - Altera o Decreto no 6.514/2008 - infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, para dispor sobre conversão de multas. •Decreto n.º 9.257/2017 - Prorroga o prazo de inscrição ao Cadastro Ambiental Rural – CAR até 31 de maio de 2018.

•Decreto n.º 9.312, de 19 de março de 2018 - Cria a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de Trindade e Martim Vaz e o Monumento Natural das Ilhas de Trindade e Martim Vaz e do Monte Columbia.

•Decreto nº 9.313, de 19 de março de 2018 - Cria a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo e o Monumento Natural do Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

CADASTRO AMBIENTAL RURAL

Art. 29.  É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.  § 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural:            (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). I - identificação do proprietário ou possuidor rural; II - comprovação da propriedade ou posse; III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal. § 2o  O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a

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necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001. § 3o  A inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, devendo ser requerida até 31 de dezembro de 2017, prorrogável por mais 1 (um) ano por ato do Chefe do Poder Executivo.                   (Redação dada pela Lei nº 13.295, de 2016)               (Vide Decreto nº 9.257, de 2017) Art. 30.  Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no inciso III do § 1o do art. 29. Parágrafo único.  Para que o proprietário se desobrigue nos termos do caput, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo de compromisso já firmado nos casos de posse.

ANTOPOCENTRISMO PROTECIONISTA

Os princípios fundamentais estão relacionados com um meio ambiente são. Nesse sentido, cumpre trazer os preceitos constantes na Constituição da República:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:   III - a dignidade da pessoa humana.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:   XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.   XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

  XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:   a) privação ou restrição de liberdade;   b) perda de bens;   c) multa;   d) prestação social alternativa;   e) suspensão ou interdição de direitos.

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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Art.6°   “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

  III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: II - propriedade privada; III - função social da propriedade;  VI - defesa do meio ambiente, {inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação}.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

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II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;    

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

REPARTIÇÃO DE COMPETENCIAS CONSTITUCIONAIS

QUADRO COMPARATIVO ENTRE A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA E A COMPETÊNCIA MATERIAL AMBIENTAL

ENTE DA FEDERAÇĀO LEGISLATIVA MATERIAL

UNIĀO - Privativa (art. 22) [Delegação] - Concorrente (art. 24)

- Exclusiva (art. 21) - Privativa (art. 21, XII) - Comum (art. 23) (Art. 7º da LC 140/2011)

ESTADOS E DISTRITO FEDERAL

- Exclusiva (art. 25, §§ 2º e 3º) - Remanescente (art. 25, §1º) - Concorrente (art.  24) - Suplementar/Complementar (art. 24, §2º) - Supletiva/Plena (art. 24, § 3º)

- Comum (art. 23) (Art. 8º da LC 140/2011)

MUNICÍPIOS - Exclusiva (art. 30, I) - Suplementar/Complementar (art. 30, II)

- Comum (art. 23) (Art. 9º da LC 140/2011)

Competência Legislativa (art. 24, VI e VII; art. 30, I e II)

Competência Administrativa/Material (art. 23, III, IV, VI, VII e

XI)

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REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS

Para efeito de concurso público, importante deixar claro que há questões que consideram que os Estados, os Municípios e o Distrito Federal poderiam, no âmbito de sua competência suplementar, ir além da legislação federal, desde que seja para adotar medidas mais protetivas ao meio ambiente! Para efeito de concurso público, importante frisar alguns aspectos que comumente são utilizados pelas bancas organizadoras para confundir candidatos:

•Pela literalidade do art. 24, caput, os Municípios não detêm competência legislativa concorrente, conquanto também possuam competência para suplementar a legislação federal e estadual no que couber (CF, art. 30, II);

•Art. 225. - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

•Os Municípios não podem exercer a competência legislativa plena na falta de norma geral emanada da União: o §3º do art. 24 fala apenas em Estados!

•A superveniência de norma federal não revoga a lei estadual: o §4º do art. 24 fala que aquela SUSPENDE a eficácia desta. São fenômenos distintos!

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

CONCORRENTE (estrutura vertical)

-União: normas gerais. - E s t a d o s e M u n i c í p i o s : n o r m a s suplementares. -Caso a União não edite norma geral: podem os Estados fazê-lo, até que sobrevenha norma Federal suspendendo-lhe a eficácia. -Princípio da preponderância dos interesses.

COMUM (estrutura horizontal)

-Atuação paralela/conjunta. - C o o p e r a ç ã o e n t r e o s e n t e s federativos. -Princípio da predominância dos interesses + atuação conjunta

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§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, 06/06/2017)

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Princípio do Equilíbrio — Direito à sadia qualidade de vida: Princípio 1 da Declaração de Estocolmo e Princípio 1 da Declaração do Rio/92. A terceira geração de direitos humanos.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Princípio do Desenvolvimento Sustentável - herança intergeracional: Princípios 4 e 5 Declaração da Rio/92. Defesa do meio ambiente também como princípio da Ordem Econômica. Previsto na Constituição Federal de 1988!!!

Princípio da Equidade ou Solidariedade Intergeracional: sua herança está relacionada com a ação de solidariedade. Solidariedade e equidade no acesso aos recursos naturais. Futuras gerações. Caput art. 225 da CF/88.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Princípio da Informação/ Educação/ Conscientização: “Considerando-se que o homem protege apenas aquilo que efetivamente conhece e  respeita, a educação ambiental formal e não-formal baseada na ética ambiental deve servir não apenas como ensino para a proteção do meio, mas também como desenvolvimento das potencialidades do ser humano, que faz parte desse meio” (GALLI, Alessandra. Educação ambiental como instrumento para o desenvolvimento sustentável. 1. ed. (ano 2008), 3ª. reimpr. Curitiba: Juruá, 2012, p. 34).

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

Política Nacional de Educação Ambiental – Lei n.º 9.795/1999.

Acesso público aos dados e informações do SISNAMA – Lei 10.650/2003.

Princípio da participação comunitária comunitária: Princípio 10 da Declaração do Rio/92. Coletividade. LC 140/2011 – art. 17, §1º - qualquer pessoa pode dirigir representação ao órgão ambiental. Está ligada à educação.

Princípios ligados à Economia Retribuições econômicas

Princípio do Poluidor-pagador – além de reparar o dano ambiental, o poluidor deve suportar as despesas para a sua prevenção, reparação e repressão.

Princípio do usuário-pagador – cobrança pelo uso dos recursos naturais, muitas vezes escassos (água).

Princípio do protetor-recebedor – premia condutas virtuosas para reverter processos de destruição e uso desenfreado dos bens da natureza. Mas cumpriu a lei, não fez mais do

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que a obrigação. Mas esse principio vem como uma premiação a quem beneficia o meio ambiente, sendo um “protetor”.

Internalização das externalidades negativas: são todas aquelas diminuições da qualidade ambiental, escassez, rejeitos, resíduos, refugos. O Poluidor deve internalizar no seu processo produtivo todas aquelas externalidades que podem vir a prejudicar o meio ambiente. O poluidor-pagador não é somente pagar depois de uma consolidação de uma poluição —- essa reparação deve ser previa {prevenção!}. É o poluidor que deve arcar com todas essa medidas, par arcar que o dano ocorra.

*Princípio da Prevenção*: “prevenir é melhor do que remediar”. A prevenção é a ação antecipada. Declaração de Estocolmo (1972) – princípios 6 e 11. Declaração do Rio (1992) – princípio 2. Já temos um conhecimento científico.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; {EIA/RIMA}

*Princípio da precaução*: surgiu um fato na sociedade e não temos como saber, por hora, se ele é prejudicial à saúde ou não. “In dúbio pro salute” ou “In dúbio pro natura”! Ocorre no lapso temporal entre a ausência de conhecimento cientifico sobre determinada coisa e a construção dele — visa a gerir a espera da informação. Um exemplo são os OGM. Princípio 15 da Declaração do Rio – Eco/92. Inversão do ônus da prova!

Princípio da responsabilização: o art. 14 da Lei 6.938/81 - responsabilidade civil objetiva por danos ambientais! Art. 225, § 3º da CF/88 - obrigação de reparar integralmente os danos causados. Sanções administrativas (art. 70 e seg.) e penais (arts. 26 e 27 da Lei 9.605/98).

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 3o As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Princípio da função socio ambiental da propriedade: propter rem.

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Pr i n c í p i o d a r e p a r a ç ã o integral:

1º - Restauração 2º - Recuperação 3º - Indenização

Princípio do limite: Administração Pública tem o dever de fixar parâmetros/padrões de qualidade ambiental. Art. 9°, inciso I, da Lei n.° 6.938/81.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Princípio da vedação do retrocesso ecológico/ efeito cliquet ambiental: as garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem retroagir! Piso mínimo de proteção ambiental. O efeito cliquet prevê um mínimo de preservação ambiental com anos e anos de conhecimento de pesquisa de tecnologia, não podemos nos dar ao luxo de retroagir. Ocorre em caso que não se aplica mais o princípio da precaução {cigarros agrotóxicos} e sim previnir. Se aplica tanto à esfera legislativa quanto à executiva.

Princípio da Ubiquidade: o meio ambiente é tudo.

Princípio do não direito adquirido em matéria ambiental.

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