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Antonio Albuquerque da Costa Paulo Sérgio Cunha Farias Formação Territorial do Brasil DISCIPLINA A ocupação do Sertão nordestino e da Amazônia Autores aula 06 Fo_Te_A06_IML_080710.indd Capa1 Fo_Te_A06_IML_080710.indd Capa1 08/07/10 11:48 08/07/10 11:48

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Antonio Albuquerque da Costa

Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação Territorial do BrasilD I S C I P L I N A

A ocupação do Sertãonordestino e da Amazônia

Autores

aula

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky(UFRN)

Projeto Gráfi coIvana Lima (UFRN)

Revisoras Tipográfi casAdriana Rodrigues Gomes (UFRN)

Margareth Pereira Dias (UFRN)Nouraide Queiroz (UFRN)

Arte e IlustraçãoAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

Heinkel Hugenin (UFRN)Leonardo Feitoza (UFRN)

DiagramadoresIvana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)José Antonio Bezerra Junior (UFRN)Mariana Araújo de Brito (UFRN)Vitor Gomes Pimentel (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPEEliane de Moura Silva

Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

910.9

C837f Costa, Antônio Albuquerque da.

Formação Territorial do Brasil/ Antônio Albuquerque da Costa; Paulo Sérgio Cunha

Farias. – Campina Grande: EdUEP, 2009.

385 p.: il.

ISBN: 978-85-7879-050-9

1. Geografi a - Brasil. 2. Geografi a – Estudo e Ensino. I. Farias, Paulo Sérgio Cunha.

II. Titulo.

21. ed. CDD

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) – UFRN

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

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Apresentação

Como você viu até aqui, não resta dúvidas que a cana-de-açúcar foi a principal atividade econômica desenvolvida no Brasil colônia, responsável pelo povoamento português da costa oriental, mas também pela perseguição e desterritorialização dos vários grupos

indígenas e pelo intenso fl uxo de escravos africanos. Vimos ainda, que a cana-de-açúcar foi uma atividade que causou profundas transformações nas nossas paisagens naturais com a destruição da Mata Atlântica.

Tal impacto ambiental foi em grande parte o responsável pela interiorização da pecuária pelo Sertão nordestino. Vamos discutir, nesta aula, como isso foi possível.

Observamos também, que as condições naturais de solo e clima, bem como a proximidade da costa favoreceram a atividade canavieira. Vimos ainda que os primeiros engenhos eram movidos à tração animal. A necessidade criar animais de tiro para o serviço dos engenhos e de animais de corte para o consumo enquanto alimentação era, a princípio, viabilizada nas próprias unidades canavieiras sem grandes problemas. Situação que se resolvia com a criação dos animais em confi namento enquanto que a cana, que era a principal atividade econômica, era cultivada em campos abertos.

Nesta aula vamos conversar um pouco sobre as atividades que foram muito importantes para o processo de povoamento português pelo interior brasileiro, mas que se mantiveram como atividades secundárias diante da importância econômica do açúcar. Exceção feita ao ouro, motivo de cobiça e de busca dos colonizadores desde que aqui colocaram os pés pela primeira vez.

Vamos mergulhar neste capítulo da formação territorial do nosso país e esperamos que você, literalmente, viaje conosco, aproveitando cada momento dessa aventura.

Lembramos a você de que a cartografi a da aula não tem aspecto apenas ilustrativo, é um importante instrumento de leitura e tem o objetivo de proporcionar ao leitor se situar no espaço.

ObjetivosÉ nosso objetivo nesta aula que você:

Reconheça na pecuária extensiva a atividade econômica capaz de integrar os sertões semi-áridos ao território colonial português.

Entenda a estratégia portuguesa para ocupar e incorporar a Amazônia como território lusitano.

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O rastro das boiadasabrindo as veredas dos sertões

O consórcio, agricultura para exportação e pecuária para atender as necessidades internas, não foi capaz de se manter por muito tempo no mesmo espaço canavieiro. Por que isso aconteceu?

Vamos analisar o contexto da colônia na época.

Primeiramente, é preciso entender que, embora os núcleos de povoamento fossem pequenos e inexpressivos, havia neles uma população que - dedicada às atividades urbanas, sobretudo administrativas e de exportação do açúcar, não era produtora direta e precisava dos alimentos que não produzia. Sendo assim, o gado além de ser utilizado nos engenhos, deveria também alimentar essa população urbana que crescia. Lembramos também que os engenhos utilizavam como fonte de energia a mata, que rapidamente foi sendo devorada pelo fogo, o que urgia que a lenha fosse buscada cada vez mais distante, situação que exigia o aumento dos animais para o transporte.

Esses animais utilizados nos serviços dos engenhos e também na alimentação da população haviam sido introduzidos pelos portugueses na Colônia, pois ao chegarem aqui, não encontraram animais que houvessem sido domesticados pelos índios, com exceção do papagaio, o qual não tinha valor utilitário. Desta forma, os portugueses, trouxeram da Europa (já na primeira metade do século XVI) animais domésticos para os engenhos de açúcar (bovinos, caprinos, suínos e eqüinos), e introduziram vegetais tropicais oriundos da Ásia, África e da Oceania.

De início, o espaço colonial era assim organizado: as várzeas, com férteis solos de massapé eram utilizadas para a plantation açucareira enquanto que os interfl úvios de solos arenosos, e de menor fertilidade, eram utilizados para a pecuária e para a agricultura de subsistência.

Logo se percebeu a incompatibilidade de desenvolver no mesmo espaço essa duas atividades. A cana-de-açúcar que era o centro das atenções econômicas e a pecuária que, apesar de toda importância que teve para a ocupação do interior, sempre foi uma atividade secundária e subsidiária da cana-de-açúcar. Observa Andrade (1982, p. 61-62) que, enquanto a mata era abundante, essa separação entre a agricultura e o criatório se fazia com cercas construídas de pau-a-pique, para prender os animais, porém à medida que as matas foram sendo destruídas, essa solução passou a se tornar inviável. Desta forma, já no governo geral de Tomé de Sousa foi determinado que o gado fosse criado, no mínimo, a 10 léguas de Salvador, onde pastaria solto.

Esta linha divisória ente a agricultura de exportação e a pecuária foi denominada de travessão e se difundiu por todo o Nordeste Oriental, limite que foi progressivamente sendo empurrado para o interior, cada vez mais distante das áreas de cultivo. Este limite defi nido entre a lavoura e o criatório estabelecia que

Dentro do travessão a agricultura era feita livremente e o gado só poderia aí permanecer, se cercado ou preso; fora do travessão a lavoura é que era cercada e o gado podia fi car solto, em campo aberto, desde que a área era reservada à pecuária (ANDRADE,1986, p.156).

várzeas

Várzeas – são os terrenos baixos adjacentes ao curso

rios, os quais geralmente são inundados nos

períodos de cheias que ao transportarem humos,

fertilizam estas áreas ribeirinhas.

Interfl úvios

Interfl úvios – terrenos elevados que se situam

entre os vales de dois rios.

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No período em que começa a haver essa separação entre a atividade da plantation e o criatório, os dois mais importantes centros açucareiros do Brasil eram Olinda e Salvador, núcleos de onde partiram as principais correntes de povoamento dos sertões. Embora seja certo que as primeiras entradas para o interior nordestino tenha se dado pela busca de minas de metais preciosos, que ocorreram em insucesso. Foi o gado o elemento povoador dessa imensa hinterlândia.

Merece destaque nesta empreitada Garcia de Sousa d’Ávila, que se instalou na Casa da Torre (ver foto 01), casa-fortaleza construída na baía de Tatuapera – Bahia, local de onde partiram as entradas para ocupar a hinterlândia baiana. Foi ele o primeiro colonizador a dar grande importância a criação de gado. Suas terras foram adquiridas ainda no governo de Tomé de Sousa, mas ele e seus descendentes trataram de ampliar suas posses através da aquisição de mais sesmarias. Desta forma, os Garcia d’Ávila se tornaram, no século XVIII, os maiores latifundiários de que se tem notícia na história do Brasil, com mais de 340 léguas de terras, as quais se estendiam desde o sertão baiano até os sertões do Piauí e o do Cariri Cearense. Apenas o Latifúndio da Casa da Ponte, de Antônio Guedes de Brito, com suas 160 léguas de terras era a propriedade cuja dimensão mais se aproximava do latifúndio da Casa da Torre.

Hinterlândia

Hinterlândia – vem da palavra inglesa hinterland, tem signifi cado semelhante ao de Sertão durante o período colonial, ou seja, imensa área interiorana, distante da costa e de centros urbanos. O termo aplica-se também a uma área econômica que é drenada por um porto.

Foto 01 – Ruínas da Casa da Torre na baía de Tatuapera – Bahia

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Partindo da Casa da Torre, os criadores seguindo os cursos dos rios Vasa Barris, Itapicuru e Paraguaçu, através dos quais transpuseram a Chapada Diamantina e atingiram o médio curso do rio São Francisco, de onde uns criadores foram povoar o Sul da Bahia e o Norte de Minas Gerais, outros criadores seguiram a direção norte, ultrapassaram o rio São Francisco e instalaram fazendas de gado no Piauí e no sul do Maranhão. Ainda partindo da Casa da Torre, outra corrente de criadores conquistou todo o litoral, hoje, sergipano e no trecho entre as cachoeiras de Paulo Afonso e Sobradinho ultrapassaram o rio São Francisco para ocupar os sertões de Pernambuco, Paraíba e Ceará onde encontraram as correntes de povoamento provenientes de Olinda. (ver mapa 01)

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Mapa 01 – Ocupação do Sertão Nordestino a partir de Olinda e Salvador

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Até aqui nos concentramos no povoamento dos sertões nordestinos, provenientes da Casa da Torre. Não podemos esquecer do tão importante papel que teve Olinda na ocupação do chamado Sertão de Fora, através de duas correntes pecuaristas que partiram desse importante centro colonial. Uma corrente que tomando o sentido Sul chegou à margem direita do rio São Francisco, por onde seguiu rio acima para povoar o Sertão pernambucano. Uma outra grande corrente se direcionou para o Norte e chegou até o Pará. Esta corrente seguiu a linha litorânea, visto que no litoral Norte o semi-árido chega até a costa e povoou os sertões do Rio Grande do Norte e do Ceará, e através do curso do rio Açu chegou ao Sertão da Paraíba. Tais penetrações para o interior foram ocorrendo ao longo de toda costa setentrional com as várzeas dos grandes rios secos tais como o Apodi, o Jaguaribe e Acaraú servindo de caminhos naturais. Era intenção dos entradistas que partiram de Olinda ocupar o Sertão de Fora, mas também defender esta imensa costa setentrional dos franceses que se faziam presentes e ocupavam o Maranhão. (ver mapa 01).

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O modelo de civilização dossertões pecuaristas e sua organização espacial

Você já parou para pensar por que a pecuária escolheu o Sertão? Vamos refl etir um pouco sobre isso...

Algumas condições foram importantes para a implantação das fazendas de gado nos sertões nordestinos. Em primeiro lugar vamos lembrar que a ocupação holandesa foi um fato importante para que os criadores se embrenhassem sertões adentro, buscando se afastar da zona canavieira que estava em poder dos neerlandeses. Um outro elemento importante para que o gado se expandisse rapidamente no sertão, foi o clima semi-árido, visto que, o clima seco é mais saudável para o rebanho por difi cultar a proliferação de verminose e outras doenças que atacavam o rebanho. Por último, não podemos esquecer de que o gado era uma mercadoria que se auto-transportava, o que possibilitava o distanciamento do criatório das áreas já mais densamente povoadas.

Porém, o clima semi-árido não oferecia apenas vantagens. As secas prolongadas e a escassez de água por vezes chegavam a dizimar os rebanhos. Mas o clima também condicionou a própria organização espacial das fazendas nos sertões, pois os rios que serviam de caminho para a ocupação da caatinga eram também a fonte de água para o gado e para a população, através das cacimbas cavadas em seus leitos secos.

Desta forma, visando aproveitar os poucos cursos perenes ou a água proveniente dos lençóis freáticos, foi ao longo dos rios que as fazendas foram se estabelecendo, com suas sedes às suas margens ou nas suas proximidades, motivo pelo qual as várzeas passaram a ser valorizadas em detrimento das caatingas dos interfl úvios. Sendo assim, as fazendas passaram a ter formato alongado a partir dos rios, sobretudo com as sucessões hereditárias, quando foram se tornando com testadas estreitas nas ribeiras e muito compridas ao avançarem para as caatingas de interfl úvios.

Nesse ambiente, de escassez hídrica desenvolveram-se relações sociais e de produção, bem como espaço sui generis. Vamos ver de que forma.

Os grandes pecuaristas, em geral, não foram residir nas suas fazendas que eram distantes, isoladas de difícil acesso, permaneceram em sua grande maioria na Zona da Mata. Deixaram-nas aos cuidados de vaqueiros que eram remunerados com a quarta parte dos bezerros ou potros nascidos. Embora o trabalho escravo também tenha sido utilizado no criatório não teve nesta atividade a mesma força e importância que teve para a plantation açucareira, em função das próprias características da pecuária que era ultra-extensiva e, portanto, necessitava de pouca mão-de-obra.

Nesse ambiente isolado, sujeito às estiagens periódicas e de pouca circulação monetária, foi se fi xando uma população que teve que se adaptar ao que este meio oferecia, ou seja, passou a viver numa economia de subsistência. Nos períodos chuvosos, plantava nos roçados, confi nados por cercas de varas, os alimentos que já eram cultivados pelos indígenas (feijão,

Ultra-extensiva

Pecuária ultra-extensiva – Diz-se da pecuária na qual o gado é criado solto em campos abertos, com pasto natural, sem cuidados específi cos.

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milho, fava, mandioca, cujo restolho era utilizado na alimentação do gado nos períodos secos), utilizava o leite e o queijo, nos períodos que estes eram abundantes, recorria à caça e ao abate dos animais de pequenos portes que criava (cabras, galinhas, porcos etc.). Este estilo de vida simples e de escassez de bens de consumo fez surgir no semi-árido nordestino o que Capistrano de Abreu denominou de “civilização do couro”, visto que, mobiliário, vestimenta e utensílios diversos eram confeccionados a partir do couro das reses abatidas.

Já falamos que o gado era uma mercadoria que se auto-transportava, você já deve ter percebido que para ir para os centros de consumo na Zona da Mata Pernambucana e no Recôncavo Baiano a boiada fazia uma longa e penosa caminhada, atravessando a imensidão seca do semi-árido. Vimos ainda que o gado era criado solto, alimentava-se, portanto, das pastagens naturais que desapareciam nas secas prolongadas. Diante do exposto, é evidente que esse tipo de pecuária era de baixa produtividade, pois ou nos deslocamentos sazonais a busca de água e pasto, ou nas longas caminhadas para a Zona da Mata o gado emagrecia.

Nessa pecuária ulta-extensiva, na qual, o gado era criado solto em campos abertos, era comum que os rebanhos de diversas fazendas se misturassem, acontecia também que algumas reses embrenhadas por anos na caatinga se tornassem selvagens. No fi nal do período chuvoso, com o gado gordo, os vaqueiros se reuniam para separar o gado das diversas fazendas, ferrar os bezerros e perseguir os animais que haviam voltado ao estágio selvagem, esse ritual que era chamado de apartação, constituíam-se em momentos de verdadeiras festas que entraram para a tradição nordestina: as vaquejadas.

Apesar da pecuária ter se instalado de forma dispersa pelo sertão nordestino, cumpriu um importante papel de ocupação defi nitiva dessa hinterlândia. Teve ainda, uma importância fundamental para formação de vilas e povoados ao longo dos caminhos do gado (ver Mapa 02 – Os caminhos das boiadas no interior do Nordeste), nas paradas onde os boiadeiros juntamente com os rebanhos descansavam e se abasteciam. Algumas dessas paradas se tornaram importantes cidades, sobretudo, no Agreste nordestino.

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Atividade 1

Mapa 02 – Os caminhos das boiadas no interior do Nordeste

Fonte: ANDRADE, Manuel Correia de. História econômica e administrativa do Brasil. São Paulo: Atlas, 1982.

Vamos associar o que estamos estudando ao nosso espaço vivido e percebido?

a) Observe a região na qual você mora. Seu município está localizado na Mata, Agreste, Brejo ou Sertão? Qual é a principal atividade econômica do seu município? Pecuária ou agricultura? O gado é criado solto ou confi nado? E as plantações são cercadas? Com base nesses questionamentos e nas suas observações é possível afi rmar que a prática do travessão se transformou num dos elementos da cultura nordestina que chega aos dias atuais? Explique.

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b) Pesquise sobre a formação territorial do seu município. Seu surgimento deve-se à pecuária ou à plantation açucareira?

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As missões religiosas e a ocupação da Amazônia pelos Portugueses

Vamos prosseguir com nossa conversa sobre a incorporação das áreas interioranas ao território do Brasil Colônia.

Nós já sabemos que toda a área que corresponde a Amazônia era território espanhol pelo tratado de Tordesilhas. Acontece, porém, que entre os anos de 1580 e 1640, Portugal esteve sob o domínio da coroa espanhola, sendo assim, na prática, o tratado de Tordesilhas deixou de ser um impedimento legal para a penetração portuguesa no território espanhol, já que, Portugal e Espanha eram um mesmo país.

A Espanha que estava empenhada em proteger suas regiões produtoras de ouro e prata não teve maior interesse em colonizar a bacia do Amazonas. Área cobiçada e de incursões dos holandeses, franceses e ingleses, pois controlar a desembocadura desse grande rio signifi cava ter o domínio de todo esse imenso espaço drenado por esta bacia hidrográfi ca.

Desta forma, a Espanha deixou aos portugueses a tarefa de proteger esse território, os quais tiveram que expulsar os franceses da França Equinocial em 1615, e os holandeses da foz do rio Amazonas, em 1616, fato que levou a fundação de Presépio (hoje cidade de Belém) em lugar estratégico. Tentando utilizar-se da mesma estratégia posta em prática na ocupação da costa oriental, Portugal arriscou desenvolver a plantation açucareira, o que não deu resultados em função das condições naturais da Amazônia. Para ocupar essa região Portugal teve utilizar outras estratégias. Vamos ver que estratégias foram essas:

a) A primeira dessas estratégias foi encontrar uma forma de explorar economicamente essa região, o que encontrou na própria fl oresta com os gêneros que naturalmente eram abundantes nesse ecossistema e interessavam a Europa: a canela, o cravo, a castanha, a salsaparrilha, o cacau, plantas aromáticas e medicinais, além de uma rica fauna.

b) A outra estratégia foi utilizar a mão-de-obra nativa, que dominava como ninguém esse território e culturalmente estava apta a ajudar os portugueses na coleta desses gêneros (que fi caram conhecidos como as “drogas do sertão”), pois era especialista em percorrer a selva e o emaranhado de rios, coletando vegetais, caçando e pescando, já que eram atividades básicas para sua sobrevivência.

c) Porém a estratégia que viabilizou as demais e garantiu definitivamente a posse da Amazônia foi a implantação das missões religiosas, que tiveram um papel fundamental na doutrinação e cooperação dos indígenas. Com a alegação de converter os índios à fé cristã os missionários das ordens jesuítas, carmelitas vicentinos e mercedários subiram pelo rio Amazonas evangelizaram os índios e os agruparam em aldeias juntos aos cursos dos principais rios navegáveis. Fizeram também o chamado descimento, que era o aldeamento dos índios evangelizados dos altos cursos dos rios para as proximidades da costa.

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Aula 06 Formação Territorial do Brasil10

Como os índios evangelizados foram submetidos a uma vida regrada e de auxílio aos padres, os colonos seguiram as missões com o intuído de escravizá-los, motivo pelo qual colonos e missionários entraram em vários confl itos. Mas os confl itos ocorreram também entre as próprias ordens missionárias, motivo pelo qual houve demarcação territorial para a atuação das ordens religiosas. Havia também divergências entre a atuação dessas ordens e estando os jesuítas imbuídos do propósito de criar na América do Sul, sob seu comando, um imenso império da Igreja Católica, não se prestaram ao papel de abrir caminho para o avanço dos colonos europeus como fi zeram outras ordens religiosas. Além do mais, estando a Companhia de Jesus mais identifi cada com a Espanha, os portugueses tiveram a iniciativa de distanciar suas missões dos núcleos mais próximos de povoamento espanhol como podemos observar no mapa 03.

Mapa 03 – As missões religiosas na Amazônia

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Mauríco de. et. Al. – Atlas Histórico Escolar 8ª ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1983. p.22.

Os índios submetidos ao disciplinamento e ao rigor das ordens religiosas (Gravura 01 e 02) construíram as instalações das missões (que eram constituídas de residências, igreja, escola, armazéns e depósitos (Ver gravura 03), cuidavam do cultivo dos gêneros alimentícios necessários ao abastecimento da missão, coletavam os produtos da fl oresta e praticavam a caça e a pesca que eram exportadas para custear os empreendimentos religiosos. O dinheiro adquirido com as exportações não só fi nanciavam as missões, mas também enriqueciam as ordens religiosas que adquiriam importância e poder no Brasil colônia. Os colonizadores sem o mesmo poder de persuasão dos padres seguiam as ordens religiosas para escravizar os índios, e entravam em confl itos com os padres que temiam a dispersão dos indígenas pela fl oresta. Embora a escravidão indígena só fosse permitida nas chamadas guerras justas ou quando houvesse o resgate desses por aprisionamento de tribos inimigas que os fossem matar. Os colonizadores os escravizavam alegando tê-los resgatados em tais situações.

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Gravura 01 – Índio aliado da França no Maranhão em traje francês para o batismo e primeira comunhão

Fonte: Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Mauríco de. et. al. – Atlas Histórico Escolar

8ª ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1983. p.23.

Gravura 02 – Índio militarizado para combater os estrangeiros e indígenas não pacifi cados na Amazônia

Fonte: Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Mauríco de. et. al. – Atlas Histórico Escolar 8ª ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1983. p.25.

Gravura 03 – Aldeia missionária

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Mauríco de. et. al. – Atlas Histórico Escolar 8ª ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1983. p.23.

A escravidão indígena só foi defi nitivamente abolida da região amazônica no século XVIII, quando o Marquês de Pombal entregou o comando das missões a administradores leigos e expulsou os jesuítas do Brasil, por estes terem resistido a tal decisão. Assim os indígenas continuaram a ser a principal mão-de-obra explorada pelos colonizadores na região, pois como os índios haviam sido destituídos da tutela dos padres, os colonizadores se sentiram livres para investirem contra seus aldeamentos.

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Quando Portugal recuperou sua soberania política, praticamente toda a Amazônia estava ocupada pelas missões religiosas e protegida pelas fortalezas militares que guarneciam todos os principais acessos da imensa hinterlândia. Como era de se esperar, a Espanha iria reivindicar esse gigantesco território que por direito, estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, era seu. Por outro lado, os portugueses que haviam investido duramente na conquista desse território não queria abrir mão do seu esforço de ocupação dessa imensa região.

Se por um lado, com a União Ibérica, Portugal perdeu sua autonomia política, por outro, ganhou livre acesso para avançar nos domínios espanhóis. Com o fi m da União Ibérica, o confl ito entre esses dois países estava instaurado, para solucionar tal problema Portugal apelou para a diplomacia, na qual saiu vitorioso com a reivindicação de um novo conceito de fronteiras defendido pelo português nascido no Brasil, Alexandre de Gusmão, o qual se baseava no princípio romano do uti possidetis, ou seja, dava-se o direito de posse da terra a quem a houvesse ocupado de fato. Esse novo acordo diplomático assinado por Portugal e Espanha, em 1750 (tratado de Madrid), deu ao Brasil os contornos que se aproximam dos atuais, e pôs fi m ao Tratado de Tordesilhas que na prática já não era respeitado. (ver mapa 04)

Mapa 04 – Traçado territorial do Brasil a partir do Tratado de Madid

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Firmado o Tratado de Madrid, Portugal usou como estratégia de consolidação das fronteiras, a criação, pelo Marquês de Pombal, da Capitania do Rio Negro (que corresponde ao Estado do Amazonas) cuja capital foi a cidade de Barcelos no médio curso do Rio Negro.

Ao governador da Capitania do Rio Negro, Manuel da Gama Lobo D’Almada foi dada a tarefa de reorganizar a economia da região que passava por problemas econômicos desde que a administração das missões saíra da alçada dos religiosos e passara para as autoridades civis. Entre as estratégias utilizadas por Lobo D’Almada encontra-se a transferência da Capital da província de Barcelos para Logar da Barra (atual Manaus) que fi cava mais bem localizada, na proximidade da confl uência do rio Negro com o Solimões, e dava maior controle sobre as vias de circulação; deu início a atividades agrícolas tropicais como o anil, o café e o arroz e transformou o extrativismo do cacau em atividade agrícola; deve-se ainda a este estadista a introdução da pecuária bovina nos campos da ilha de Marajó e nos do Rio Branco (atual Roraima), povoando este mais distante recanto do território colonial com uma atividade que exigia pouca mão-de-obra, mas que ocupava muitas terras, garantindo desta forma a ocupação, de fato, desse território, com o objetivo de frear a penetração espanhola proveniente de Caracas. Estava dessa forma garantida a ocupação do território amazônico pelos portugueses.

Vamos refl etir um pouco sobreas características espaciais do território amazônico...

A intricada mata existente na Amazônia foi uma barreira natural que difi cultou a penetração dos colonizadores em seu interior, no entanto, a gigantesca rede hidrográfi ca que drena esse imenso território serviu de caminho que possibilitou o fácil acesso dos portugueses no coração da selva.

Tais características, desse meio, fi zeram com que as missões religiosas e as bases militares se estabelecessem juntas aos rios, única forma de acesso e de abastecimento possível no interior da densa fl oresta equatorial. Fazia-se assim um tipo de povoamento disperso e ao mesmo tempo pontual, mas que atendia aos objetivos de garantir a posse do território e da coleta das drogas do sertão, cuja ocorrência se dava ao acaso da natureza por esse amplo espaço. Vem da especifi cidade desse meio a importância que foi dada ao índio como mão-de-obra, já que dominava como ninguém os mistérios desse território.

É com base no que foi exposto que podemos entender os núcleos de povoamento e, posteriormente, o surgimento da rede urbana amazônica, intimamente relacionada a estes caminhos fl uviais. Sobre a disseminação das vilas e povoados nas margens dos principais rios amazônicos Andrade (1982) afi rma que:

O povoamento da Amazônia, baseado na pesca, na caça e no extrativismo vegetal, foi a base de pequenos nódulos – vilas e povoações – disseminadas pelas margens dos rios principais e ligados uns aos outros pela navegação fl uvial. Este povoamento, apesar de numericamente pouco expressivo, foi sufi ciente para garantir a soberania nacional por uma extensão superior a cinco milhões de quilômetros quadrados, mais da metade do território brasileiro. (ANDRADE, 1982, P. 68)

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Atividade 2Observe o mapa abaixo:

Explique a estratégia geopolítica dos portugueses para garantir a posse do território na Amazônia.

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Aqui encerramos esta nossa aula, esperamos que você tenha enriquecido um pouco mais seu conhecimento sobre a interiorização do povoamento no território brasileiro. Evidente que há muito mais o que aprender sobre o assunto e temos a certeza de que você despertou para aprofundar as leituras e pesquisas sobre a temática.

Na próxima aula continuaremos a estudar sobre o processo de ocupação do interior do Brasil, desta vez com a mineração e a agricultura de subsistência, até lá!

ResumoNesta aula tivemos a oportunidade de estudar sobre a interiorização do povoamento do Brasil colônia. Vimos que esse processo foi fundamental para o alargamento do domínio português além do Meridiano de Tordesilhas. Percebemos o quanto os portugueses foram perspicazes durante sua dependência ao reino espanhol e embora tivessem perdido sua soberania política tiveram a esperteza de tirar o máximo proveito da negligência espanhola sobre suas posses na bacia Amazônica. Vimos ainda que a pecuária foi uma atividade subsidiária, a plantation açucareira e que por isso foi ocupar as terras do semi-árido nordestino, que não se prestavam à agricultura comercial, e que a invasão holandesa contribuiu para uma maior interiorização desta atividade que queria distanciar-se dos batavos. Você também pode perceber que o colonizador português conseguiu até o século XVIII ocupar a maior parte do território que hoje pertence ao Brasil com atividades que utilizavam grandes extensões de terras, mas que concentravam poucas pessoas. Foi assim com a pecuária, e com as drogas do sertão. Neste aspecto, podemos observar o quanto os portugueses foram estratégicos ao utilizar o princípio do uti possidetis e garantir a posse de todo o imenso território onde havia esta população rala e dispersa.

AutoavaliaçãoAgora só nos resta ver o que aprendemos e onde residem nossas dúvidas.

a) Explique os motivos que levaram a pecuária a se instalar nos sertões nordestinos.

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b) Quais os pontos positivos e negativos da escolha do Sertão para a pecuária?

c) Explique os motivos que possibilitaram a maior utilização do índio como força de trabalho na Amazônia.

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d) Explique como foi possível Portugal ocupar as terras da Amazônia que pelo Tratado de Tordesilhas pertenciam à Espanha.

Leituras complementaresAlém da leitura do texto outras fontes são importantes para você aprofundar seu

conhecimento sobre o assunto que abordamos. Sugerimos que você leia:

ANDRADE, Manuel Correia de. A terra e o homem no Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste. São Paulo: Atlas, 1986.

É uma das obras mais importantes do autor, bastante lida e citada por pesquisadores de diversas áreas das ciências sociais. Escrita de forma clara é uma leitura agradável. Tornou-se um clássico para quem deseja entender a formação do Nordeste do Brasil. Interessa-nos mais especifi camente para nossa aula o capítulo 5 “O latifúndio, a divisão da propriedade e as relações de trabalho no Sertão e no Litoral Setentrional”, mas a leitura de todo o livro é recomendável.

PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 35ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

Trata-se de um clássico da formação econômica do território brasileiro. Para essa aula é interessante que você leia o Capítulo 8 e 9, cujos respectivos títulos são: “A pecuária e o processo de povoamento no Nordeste” e “A colonização do Vale Amazônico e a Colheita Florestal”.

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Anotações

Referências ANDRADE, Manuel Correia de. História econômica e administrativa do Brasil. São Paulo: Atlas, 1982,

______. A terra e o homem no Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1986.

______,A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1995.

______, Formação territorial e econômica do Brasil. Recife: FJN/Editora Massagana, 2003.

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 22ª ed. São Paulo: Editora Nacional, 1987.

MOREIRA, Ruy. Formação do Espaço Agrário Brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 1990. (Coleção tudo é história, número 132).

PEREGALLI, Enrique, Como o Brasil fi cou assim?: formação das fronteiras e formação das fronteiras e tratados dos limites. São Paulo: Global Ed., 1982. (História popular; 9)

8)PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 35ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

9)SODRÉ, Nelson Werneck. Formação histórica do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil,1990.

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EMENTA

> Antonio Albuquerque da Costa

> Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação territorial e econômica; federalismo e fragmentação territorial; desenvolvimento das forças produtivas e dinâmica

territorial; o brasil no contexto da economia globalizada e a divisão territorial do trabalho.

Formação Territorial do Brasil – GEOGRAFIA

AUTORES

AULAS

01 Sobre o território brasileiro: como teorizar a sua formação à luz dos conceitos da Geografi a

02 A territorialização ibérica do mundo e a expansão do capitalismo na sua fase embrionária

03 A chegada dos portugueses ao continente americano: do “descobrimento” às primeiras formas de territorialização do colonizador português no Brasil (as feitorias)

04 A territorialização de fato do colonizador português: as capitanias hereditárias e a plantation açucareira

05 A penetração da colonização para o interior: entradas e bandeiras alargam o território colonial e transformam o Tratado de Tordesilhas em “letra morta”

06 A ocupação do Sertão nordestino e da Amazônia

07 A mineração e agricultura alimentar na ocupação do Brasil central

08 A ocupação antiga do Brasil meridional

09 A ocupação moderna e defi nitiva do sul

10 O “arquipélago” de “ilhas” econômicas do Império e da Primeira República

11 A Primeira República e a consolidação das fronteiras

12 Do arquipélago de “ilhas” econômicas à integração do território

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