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DISCIPLINA: Psicologia Jurídica PSICOLOGIA JURÍDICA – APRESENTAÇÃO DO CURSO. Caros alunos! Bem-vindos ao curso de Psicologia Jurídica! As aulas são baseadas em um breve roteiro de estudo, que orientará o aluno para a leitura indicada. Espera-se que o aluno esteja apto a responder o questionário após a leitura do roteiro e do texto. A leitura básica será a parte de Psicologia Jurídica do livro Vade Mecum Humanístico, da Editora Revista dos Tribunais. A indicação bibliográfica acima não exclui outras leituras que possam se fazer necessárias, e que serão indicadas conforme a aula. Todas as avaliações serão realizadas com questões extraídas dos questionários das aulas. Para acompanhamento, o roteiro de aulas abordará os seguintes assuntos: AULA 1 – Fundamentos da Psicologia Jurídica. AULA 2 – Funções mentais superiores. AULA 3 – Behaviorismo. AULA 4 – Gestalt. AULA 5 – Psicanálise. AULA 6 – Personalidade AULA 7 – Transtornos de personalidade. AULA 8 – Psicologia e Direito Civil. AULA 9 – Alienação Parental e Abandono Moral. AULA 10 – Psicologia e Direito Penal. AULA 11 – Assédio Moral. AULA 12 – Assédio Sexual. Qualquer dúvida, entrem em contato. Cordialmente, Dalton Oliveira. Objetivos da disciplina

DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

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DISCIPLINA: Psicologia JurídicaPSICOLOGIA JURÍDICA – APRESENTAÇÃO DO CURSO.

Caros alunos!

Bem-vindos ao curso de Psicologia Jurídica!

As aulas são baseadas em um breve roteiro de estudo, que orientará o aluno para a leitura indicada.

Espera-se que o aluno esteja apto a responder o questionário após a leitura do roteiro e do texto.

A leitura básica será a parte de Psicologia Jurídica do livro Vade Mecum Humanístico, da Editora Revista dos Tribunais.

A indicação bibliográfica acima não exclui outras leituras que possam se fazer necessárias, e que serão indicadas conforme a aula.

Todas as avaliações serão realizadas com questões extraídas dos questionários das aulas.

Para acompanhamento, o roteiro de aulas abordará os seguintes assuntos:

AULA 1 – Fundamentos da Psicologia Jurídica.AULA 2 – Funções mentais superiores.AULA 3 – Behaviorismo.AULA 4 – Gestalt.AULA 5 – Psicanálise.AULA 6 – PersonalidadeAULA 7 – Transtornos de personalidade.AULA 8 – Psicologia e Direito Civil.AULA 9 – Alienação Parental e Abandono Moral.AULA 10 – Psicologia e Direito Penal.AULA 11 – Assédio Moral.AULA 12 – Assédio Sexual.

Qualquer dúvida, entrem em contato.

Cordialmente,Dalton Oliveira.

Objetivos da disciplina

Direito e Psicologia buscam um diálogo que tem como objetivo máximo a justiça e a garantia

dos direitos humanos e o respeito pela individualidade de cada ser

humano. A disciplina Psicologia Jurídica, por sua vez, tem por finalidade o estudo e a análise

do comportamento humano na contemporaneidade, sobretudo no que tange aos conflitos e

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disputas no âmbito jurídico. À luz das ciências psicológicas procura-se compreender os

principais conflitos jurídicos que se desenrolam tanto na esfera civil, quanto criminal e colaborar

na resolução destes conflitos. Com a discussão de algumas concepções da Psicologia durante

a formação em Direito,espera-se ampliar o conhecimento e a compreensão acerca dos fatores

psicossociais subjacentes às questões jurídicas. O estudo da Psicologia Jurídica pretende

auxiliar os futuros operadores do Direito a observarem os aspectos latentes dos diversos

problemas, entender melhor quem é a parte que clama por justiça, possibilitando atender de

forma ampla, buscando garantias e legitimando espaços.

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 1

FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA JURÍDICA

O Direito é uma ciência que possui natureza interdisciplinar, visto que se comunica com outras áreas do conhecimento.

O Direito e a Psicologia são ciências que têm por objeto comum o comportamento humano. Enquanto o Direito busca regulá-lo, a Psicologia procura investigá-lo.

Dessa forma, para que o Direito possa melhor regular o comportamento da sociedade, é fundamental que se conheça o comportamento do indivíduo, cujos elementos são fornecidos pela Psicologia.

Na realidade, as duas ciências se relacionam por diferentes maneiras.

Por exemplo, uma das preocupações do Direito Penal é justamente investigar as circunstâncias do crime e a motivação do agente criminoso na prática do delito. A análise de aspectos com personalidade do réu ou crime praticado com “forte emoção” requer fundamentos que, necessariamente, a psicologia irá fornecer.

Por outro lado, o Direito de Família irá tratar de questões circundantes às relações afetivas. As disposições legais a respeito da família regulam questões decorrentes dos fatos relativos à esse grupo, tais como casamento, divórcio, guarda de filhos, direito de visita.

Dessa forma, quem será o melhor genitor para a guarda dos filhos, se um dos genitores impede o outro de exercer seu regular direito de visita, se tal pessoa ou casal preenche ou não os requisitos para adotar uma criança são questões a serem enfrentadas pelo direito que carecerão de fundamentos da psicologia.

Outro ramo do Direito Civil irá se debruçar sobre os danos morais. Ora, mas que aspectos serão analisados na valoração sobre tais danos, senão a vergonha, a humilhação, o constrangimento sofridos pela vítima? E tais sentimentos são nada mais que aspecto a serem estudados no campo emocional que, por sua vez, encontra eco no estudo do psiquismo.

Page 3: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

Sem esgotar a grande possibilidade de exemplos que se travam entre as duas áreas, está cada vez mais em voga o estudo do impacto jurídico da violência psíquica, que se manifesta em fenômenos conhecidos pelo aluno no noticiário, como assédio moral (incluindo o bullying), o assédio sexual e stalking (perseguição obsessiva).

Como se verifica, faz-se imperioso para o estudante de Direito dominar os mínimos fundamentos da Psicologia, dada a sua importância para compreender determinados fenômenos jurídicos que demandem conhecimentos da psique humana.

Para saber mais sobre essas relações, leiam os textos indicados e respondam as questões abaixo.

TEXTOS INDICADOS:

∑FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Psicologia: Teoria e Prática, 6(1), p. 73-80, 2004.(disponível em daltonoliveira.com.br/psicologia-juridica senha de acesso: disciplina)

∑OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. por Álvaro de Azevedo Gonzaga). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)De que maneira a Psicologia pode se relacionar com o Direito Penal?2)Como se manifesta a violência psicológica e qual seu impacto no Direito?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 2

Funções mentais superiores

1. Conceito de Psicologia.

A psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e a influência desses no

comportamento humano. Etimologicamente, o termo psicologia provém da junção das palavras

gregas psyche (alma) e logos (conhecimento), ou seja, estudo da alma.

O comportamento humano é objeto de estudo de diversas ciências humanas, como

a sociologia, a economia e o direito. O que distingue a psicologia das demais áreas do

conhecimento é o enfoque direcionado ao funcionamento da unidade formada pela mente e

corpo do indivíduo, centralizando seu estudo na psique humana.

O cérebro é o palco onde estão presentes as funções mentais superiores, que são

fundamentais no modus operandi da construção da realidade psíquica do indíviduo e a

maneira como ele se comporta.

As funções mentais superiores são:

Page 4: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

a)Sensação;

b)Percepção;

c)Atenção;

d)Memória;

e)Linguagem e pensamento;

f)Emoção.

A psicologia trabalha com a realidade psíquica, elaborada pelo indivíduo a partir

dos conteúdos armazenados na mente.

O cérebro é o palco das funções mentais superiores; o que a mente comanda não

ultrapassa os limites de funcionamento das estruturas cerebrais. As funções mentais superiores

constituem uma espécie de programação por meio da qual os indivíduos desenvolvem imagens

mentais de si mesmos e do mundo que os rodeia, interpretam os estímulos que recebem,

elaboram a realidade psíquica e emitem comportamentos.

São apresentadas a sensação, a percepção, a atenção, a memória, o pensamento,

a linguagem e a emoção, esta, o maestro na orquestração dos comportamentos.

TEXTOS INDICADOS:

∑OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de Azevedo Gonzaga). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

Com base no texto acima indicado, responda:

1.Como a percepção se relaciona com a sensação?2.O que é memória e quais são seus tipos?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 3

BEHAVIORISMO

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Também conhecida como Psicologia Comportamental, o Behaviorismo propõe

que o comportamento é observável, mensurável e objeto que pode ser reproduzido.

O resultado da pesquisa que se inicia com John B. Watson nos Estados Unidos

em 1913 foi a formulação da teoria S-R (Stimulus – estímulo e Responsio – resposta), que

procurava explicar como a relação entre estímulo do ambiente e resposta do organismo

constituía a base para descrever todo tipo de comportamento Dessa relação estabelece-se o

conceito de condicionamento respondente, o qual está associado ao comportamento

respondente.

O comportamento respondente é um comportamento involuntário provocado

por estímulos ambientais. O estímulo frio provoca a resposta de arrepio e a emissão de som,

quando se sente dor, são exemplos de estímulos que compelem um comportamento

involuntário ou reflexo. É, portanto, um estímulo incondicionado.

Com Skinner (1904-1990), surge o que conhecemos por behaviorismo radical,

termo que designa a Ciência do Comportamento. O autor se dedica ao estudo das respostas e

observa que há um outro tipo de relação entre o organismo e seu ambiente o que ele irá

chamar de comportamento operante, sendo este distinto do comportamento respondente. Já

ocomportamento operante é o comportamento voluntário e inclui tudo aquilo que fazemos e

que tem efeito sobre nosso mundo exterior, ou seja, que operam nele. Este comportamento

visa obter o efeito desejado ou evitar uma consequênciaindesejada.

Assim, enquanto que o comportamento respondente é controlado por um

estímulo antecedente (S-R), o comportamento operante é controlado por

suasconsequências – estímulos que se seguem à resposta (R-S).

A partir daí, formula-se o modelo de análise do comportamento, o fundamento

para a descrição das interações organismo-ambiente:

Portanto, tem-se, primeiramente, um comportamento que responde a um estímulo do ambiente, o qual, por sua vez, inevitavelmente levará a uma consequênciaainda não aprendida. Num segundo momento, a resposta será dada já objetivando aconsequência, pois, agora, é conhecida pelo indivíduo por intermédio da experiência anterior.

Page 6: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

O comportamento operante, uma vez vinculado ao estímulo consequente, torna-

secondicionado a este. Esta relação é descrita por Skinner como condicionamento operante.

O condicionamento operante é mantido pelo reforço (todo estímulo que aumenta

a probabilidade de resposta futura), que pode ser:

a)reforço positivo. Consolida o comportamento desejado. Ex. Se o cachorro faz brincadeiras,

recebe o biscoito preferido.

b)reforço negativo. Incita o comportamento que remove o efeito indesejado. Ex. uma pessoa

toma um analgésico para cessar com as dores.

Da mesma forma que Skinner propôs o condicionamento, ele também previu a

possibilidade de descondicionamento do comportamento através do que ele denominou

deextinção. Tal extinção do comportamento pode se dar tanto pela ausência do reforço

(retirada do estímulo consequente) ou pela apresentação de um estímulo aversivo, ambos

constituindo formas de punição.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)Qual a diferença entre comportamento respondente e operante?

2)Qual a diferença entre reforço positivo e reforço negativo?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 4

GESTALT

A Gestalt é uma palavra que provém do alemão e tem um sentido aproximado

aideia de forma. Tal teoria nasceu de uma iniciativa de pesquisadores alemães que se

preocupavam com os fenômenos de percepção. Interessava compreender processos

psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, ou seja, quando um estímulo físico é percebido de

forma diferente da qual se apresenta na realidade.

Em contraponto ao behaviorismo, que defende o comportamento baseado na

relação entre estímulo e resposta, a Gestalt sustenta que o comportamento deveria considerar

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aspectos globais, tendo em vista as condições que possam alterar a percepção. Portanto, a

relação deve ser a seguinte:

Estímulo – Processo de percepção – Resposta

Defendem o processo de percepção como essencial para a compreensão do

comportamento humano, enfatizando que o comportamento, quando isolado de seu contexto

mais amplo, perde seu significado.

Os psicólogos da Gestalt afirmavam que, quando os elementos sensoriais são

combinados, forma-se um novo padrão ou configuração. Juntemos algumas notas musicais e

algo novo — uma melodia ou tom — surge da combinação. Quando olhamos para fora de uma

janela, vemos imediatamente as árvores e o céu, e não pretensos elementos sensoriais, como

brilhos e matizes, que possam constituir a nossa percepção das árvores e do céu.

Os gestaltistas tentaram identificar as regras que governam a forma como as

pessoas percebem os estímulos separados e lhes atribuem sentido formando uma unidade.

Afirmam que as pessoas extraem significado da totalidade de um conjunto de estímulos e não

de um estímulo individual, explicitando a premissa: O todo é distinto da soma de suas

partes.

Por meio dos fenômenos perceptivos é alcançada a boa forma, ou seja, a

compreensão global do evento apreendido. A boa forma é a tendência à restauração do

equilíbrio parte-todo, superando a ilusão de ótica.

Os princípios que orientam a percepção são:

a)Proximidade: Partes que estão próximas no tempo ou no espaço parecem

formar uma unidade e tendem a ser percebidas juntas.

b)Continuidade: Há uma tendência na nossa percepção de seguir uma direção,

de vincular os elementos de uma maneira que os faça parecer contínuos ou fluindo numa

direção particular.

c)Semelhança: Partes semelhantes tendem a ser vistas juntas como se

formassem um grupo.

d)Complementação: Há uma tendência na nossa percepção de completar

figuras incompletas, preencher as lacunas.

Page 8: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

e)Simplicidade: Tendemos a ver uma figura tio boa quanto possível sob as

condições do estímulo; os psicólogos

da Gestalt denominaram isso prãgnanz ou “boa forma”. Uma boa Gestalt é simétrica, simples

e estável, não podendo ser tomada mais simples ou mais ordenada.

f)Figura/Fundo: Tendemos a organizar percepções no objeto observado (a figura)

e o segundo plano contra o qual ela se destaca (o fundo).

Exemplo:

Pela relação figura-fundo, o indivíduo destaca uma figura principal de um cenário. Quando não

há clara separação entre as figuras é mais difícil buscar a boa forma em razão da ilusão de

ótica. Na ilustração, é possível ver dois perfis ou uma taça.

Descoberta importante atribuída à Gestalt é o insight, que é a compreensão

imediata de um fenômeno em sua totalidade. O insight ocorre após ser despendido esforço

para uma situação que não parece clara a princípio, mas que se desvenda de maneira

instantânea para o indivíduo, pela percepção do todo.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

Observe a figura abaixo e responda as questões abaixo:

1)Que figura é possível enxergar entre os objetos escuros?

2)Quais princípios propiciam enxergar tal figura?

Page 9: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 5

PSICANÁLISE

Teoria formulada pelo médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que tem

como base duas contribuições primordiais: primeiro, a descoberta do inconsciente e, segundo,

a formulação da teoria sexual infantil.

A psicanálise se desenvolveu contemporânea às outras escolas de psicologia,

porém emerge de uma vertente fora do âmbito das ciências naturais e dos experimentos

acadêmicos em laboratório. Sua principal influência tem origem na psicopatologia.

A psicanálise nasce de uma oposição aos tratamentos dos distúrbios mentais da

época, os quais eram precários e desumanos. A aplicação da psicanálise ao tratamento das

neuroses divergia do objetivo da psicologia, o de descobrir leis do comportamento humano,

uma vez que seu objeto de estudo detinha-se ao comportamento anormal.

As escolas de pensamento em psiquiatria atribuíam causas físicas aos

comportamentos anormais como, por exemplo, lesões cerebrais, subestimulação dos nervos ou

nervos demasiado contraídos. A psicanálise se desenvolveu como um aspecto

darevolta contra essa orientação somática. Assim, afirmava a existência de fatores

emocionais como causa de distúrbios comportamentais, atribuindo-lhes explicações mentais ou

psicológicas.

Sugerindo a existência de um conteúdo desconhecido e de regiões obscuras

do psiquismo, Freud formula o conceito de inconsciente. O autor propõe- se a estudar esse

conteúdo dito inconsciente, como as fantasias, sonhos e os esquecimentos, tópicos ignorados

pelos outros sistemas de pensamento em psicologia.

Foi por intermédio de sua atuação médica e do tratamento de seus pacientes

histéricos que Freud se perguntou por que os pacientes esqueciam fatos de sua vida. Logo,

concluiu que estes fatos teriam sido reprimidos para uma parte inconsciente do psiquismo.

Nestes termos, repressão seria o processo que visa oprimir fatos indesejados do plano

consciente. E chamou de resistência a força psíquica que inibe o conteúdo inconsciente

arevelar-se à consciência.

De acordo com a teoria de Freud, nada ocorre ao acaso, existe um determinismo

psíquico. Há conexões entre todos os eventos mentais e as conexões entre eles estão no

inconsciente. Existem processos mentais conscientes e inconscientes e a maior parte deles é

Page 10: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

absolutamente inconsciente. No inconsciente, não existe conceito de tempo, de certo ou errado

e não há contradição. As pulsões, ou instintos, são as forças motivadoras do desejo humano

que impulsionam o comportamento e localizam-se no inconsciente.

O médico vienense definiu pulsão como uma espécie de energia orientadora do

comportamento, sendo Eros a pulsão da vida (energia sexual e de autopreservação)

eTanatos a pulsão da morte (pulsão autodestrutiva).

A teoria do aparelho psíquico de Freud (segunda tópica, 1920-1923) é composta

de três elementos que interagem e conflitam entre si:

a)Id: é o reservatório das pulsões, sendo a parte da mente mais primitiva, formada

de conteúdos inconscientes e guiada pelo princípio do prazer;

b)Ego: regido pelo princípio da realidade. É um regulador na medida em que

é responsável pela orientação e controle dos instintos do id, considerando as condições

objetivas da realidade. O ego não impede a satisfação dos desejos, mas decide quando e

como os instintos do id podem ser satisfeitos. É instância psíquica responsável pelo equilíbrio

das exigências da realidade, dos desejos do id e das ordens do superego.

c)Superego: atua como impositor de limites ao id, sendo o local do aparelho

psíquico onde se encontram as proibições internalizadas pelo indivíduo. É

o aspecto moral da personalidade, é a introjeção das leis morais, exigências sociais e

dosideais. Ainternalização da autoridade externa mantém a proibição dentro de si e não é

mais necessária a ação externa para se sentir culpado. O sentimento de culpainstala-

sedefinitivamente no interior do indivíduo.

Outra grande contribuição da teoria psicanalítica refere-se à formulação dateoria

sexual infantil. Freud descreve o desenvolvimento do comportamento sexual da

infância à idade adulta, sugerindo que o impulso sexual aparece já nos primórdios da

vida dos bebês.

As principais descobertas são as seguintes:

a)A vida sexual não começa apenas na puberdade, mas se inicia, com

manifestações claras, logo depois do nascimento.

b)É necessário distinguir nitidamente entre os conceitos de “sexual” e “genital”. O

primeiro é o conceito mais amplo e inclui muitas atividades que não têm nenhuma

relação com os órgãos genitais.

c) A vida sexual inclui a função de obter prazer das zonas do corpo —

funçãomais tarde posta a serviço da reprodução. As duas funções muitas vezes deixam

de coincidir completamente.

Page 11: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

A atividade sexual surge na tenra infância, chegando a um clímax perto do final

do quinto ano de vida, seguindo-se então uma calmaria (período de latência). A vida sexual

volta a avançar com a puberdade.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)Quais foram as duas maiores contribuições da Psicanálise?

2)Quais são as instâncias do aparelho psíquico e como elas interagem entre si?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 6

PERSONALIDADE

Um dos maiores temas de interesse de estudo da Psicologia, que ao mesmo

tempo é bastante utilizado pelo Direito, é a personalidade.

A personalidade se refere aos aspectos da subjetividade do indivíduo, resultado

da interação de seus aspectos físicos com seus aspectos psíquicos. Ou ainda, na lição de Ana

Mercês Bahia Bock et al (Psicologias. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 114):

De modo geral, a personalidade refere-se ao modo relativo constante e peculiar

de perceber, pensar, sentir e agir do indivíduo. A definição tende a ser ampla e acaba por

incluir habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, o modo de comportar-se e, inclusive,

os aspectos físicos do indivíduo. A definição de personalidade engloba também o modo como

todos esses aspectos se integram, se organizam, conferindo peculiaridade e singularidade ao

indivíduo.

Ainda, segundo a mesma obra, a psicologia geral se ocupa de estabelecer leis

gerais sobre o funcionamento da personalidade humana (ou seja, o que existe em comum em

todos os seres humanos), ao mesmo tempo em que uma psicologia diferencial busca o singular

em cada personalidade, permitindo a descoberta da individualidade.

Page 12: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

Ressalte-se que não há valoração de aspectos da personalidade, isto é, não

existem bons ou maus atributos, mas sim, características que se repetem de modo

relativamente constante no indivíduo.

Existem diversas teorias da personalidade propostas pelas correntes psicológicas,

cada uma com um determinado enfoque. Ana Mercês Bahia Bock et al nos fornece os

princípios que norteiam a abordagem da personalidade (Psicologias. 12. ed. São Paulo:

Saraiva, 1999, p. 117):

a) Alguns estudiosos colocam em destaque na formação da personalidade

determinantes conscientes (Kurt Lewin), enquanto outros sustentaram a predominância dos

determinantes inconscientes;

b)Dependendo da teoria adotada, a personalidade humana pode ser produto do

determinismo ambiental, ou seja, o homem nasce como uma “folha em branco” sendo

preenchida ao longo do tempo em sua vida, ou do determinismo psíquico, que defende aideia

do indivíduo como fonte de seus atos;

c)Destaca-se a relevância de aspectos genéticos e a base biológica sobre a

formação da personalidade, variando a intensidade da influência desses fatores sobre o

indivíduo. Assim, alguns estudiosos sustentarão que as características hereditárias ou

biológicas determinarão de forma preponderante a personalidade do homem, enquanto outros

autores defenderão a influência de forma bastante relativa;

d)Para teorias isoladas, a personalidade é fruto do contexto sociocultural em que

vive, defendendo que o comportamento pode ser moldado pelas condições culturais do meio.

O instituto da personalidade sofre tratamento multifacetado pelo Direito, obtendo

desde proteção constitucional até a previsão nos mais diversos diplomas legais. A título de

exemplo, o Código Civil trata de aspectos da personalidade em seus dois primeiros capítulos.

Por sua vez, o art. 59 do Código Penal determina que o juiz atentará para a personalidade do

agente, dentre outras circunstâncias, para a fixação da pena.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

Page 13: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

1)Como pode ser definida a personalidade?

2)Como se justifica o estudo da personalidade para a compreensão do Direito?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 7

Transtornos de personalidade

Não se tem o intuito de esgotar todas as psicopatologias, mas apenas desfilar

alguns transtornos mais comuns.

Transtornos de personalidade são padrões de comportamento rígidos e

constantes, que comprometem o desenvolvimento da vida social do indivíduo, sendo

acompanhado de sofrimento subjetivo. É somente quando os traços de personalidade são

inflexíveis emal-adaptativos que se constituem como distúrbios da personalidade.

Dentre os trantornos já diagnosticados, listam-se os mais comuns:

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TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)O que é transtorno de personalidade?

2)Conceitue dois transtornos de personalidade e explique sua relação com o Direito?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 8

PSICOLOGIA E DIREITO CIVIL

A Psicologia se relaciona com o Direito Civil de diversas formas.

Primeiramente, como já se observou, é importante o estudo da personalidade para

saber quais aspectos seus são protegidos pelo Direito.

Ou ainda, aspectos psicológicos devem ser levados em conta no que tange aos

defeitos dos negócios jurídicos. Por exemplo, o art. 138 do Código Civil dispõe que são

anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade   emanarem de

erro substancial que poderia ser percebido   por pessoa de diligência normal, em

face das circunstâncias do negócio.

No artigo acima, interessante notar que está envolvida a percepção de uma

pessoa de diligência normal, o que correspondia ao que se costumava chamar de “homem

médio”, ou seja, uma pessoa que se encontra em um padrão social e psíquico do que se

considera como comum no lugar e na época em que se encontra.

Em geral, os defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação, lesão, etc.) são

institutos jurídicos criados a partir da percepção que o indivíduo possui em relação à realidade.

Contudo, é com o Direito de Família que a Psicologia terá maior contato, visto que

o ponto em comum serão as relações afetivas. Divórcio, guarda de filhos, regime de visitas,

entre outras questões, são casos típicos que potencialmente envolvem necessidade de perícia

psicológica a depender do grau de conflito existente.

Page 16: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

Em primeiro lugar, a própria relação conjugal enseja uma série de obrigações

entre seus participantes previstas no próprio Código Civil. Ocorre que o descumprimento de

tais obrigações não se assemelham a outros inadimplementos contratuais. Ao contrário,

exatamente porque estão inseridos em relação conjugal, o conflito que daí se origina envolve

uma série de danos emocionais, como magoas e ressentimentos.

Exatamente em razão dessa situação, conjugado com a possibilidade de se

aplicar a responsabilidade civil, tem se admitido a configuração de dano moral de um dos

cônjuges por inadimplemento de deveres para com o outro cônjuge como, por exemplo, o

dever de lealdade.

Noutra esteira, a situação que comumente necessita de intervenção de um

psicólogo forense é a que envolve guarda de filhos, pois esses consubstanciam a

partehipossuficiente em relação ao conflito que participam seus pais.

Em caso de dissolução da união conjugal, é comum que um dos genitores

permaneça com a guarda da prole (se houver), enquanto o outro exerce seu direito de visitas

fixado pelo Judiciário.

Surgem, então fenômenos razoavelmente modernos, como a alienação parental e

o abandono afetivo, que serão vistos na aula seguinte.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)Como a psicologia pode ajudar a compreender a personalidade no mundo jurídico?

2)Como a Psicologia pode se relacionar com o Direito Civil?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 9

Alienação Parental e Abandono Moral

1. Alienação parental.

Page 17: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

A alienação parental consiste em incutir na criança sentimentos negativos em

relação a um dos genitores, ação promovida pelo genitor ou familiar que detém o convívio por

maior tempo.

Ou, segundo o art. 2º da Lei 12.318/10 (Lei de Alienação Parental), “considera-

seato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do

adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a

criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou

que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.”

O parágrafo único do art. 2º da referida lei exemplifica medidas de alienação

parental:

∑realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou

maternidade;

∑dificultar o exercício da autoridade parental;

∑dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

∑dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

∑omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente,

inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

∑apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou

dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

∑ mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da

criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.

Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou

incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.

A Lei de Alienação Parental prevê medidas a serem aplicadas para coibir a

infração. Além das medidas emergenciais previstas no art. 4º, há instrumentos dispostos no art.

6º aptos a inibir ou atenuar os efeitos da alienação:

∑declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;

∑ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;

∑estipular multa ao alienador;

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∑determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;

∑determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;

∑determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;

∑declarar a suspensão da autoridade parental.

2.Abandono moral.

O abandono moral se configura pela abdicação do convívio e amparo emocional

de um genitor em relação a seu filho, independente de eventual adimplemento da obrigação

alimentícia.

Segundo a doutrina que defende a existência de tal fenômeno, o genitor que deixa

de oferecer afeto ao filho gera um dano e deve ser responsabilizado civilmente. Nesse sentido,

é pedagógico o voto da Min. Nancy Andrighi do Superior Tribunal de Justiça nos autos do

RECURSO ESPECIAL Nº 1.159.242 – SP:

Sob esse aspecto, indiscutível o vínculo não apenas afetivo, mas

também legal que une pais e filhos, sendo monótono o entendimento doutrinário de

que, entre os deveres inerentes ao poder familiar, destacam-se o dever de convívio,

de cuidado, de criação e educação dos filhos, vetores que, por óbvio,envolvem a

necessária transmissão de atenção e o acompanhamento do desenvolvimento

sócio-psicológico da criança.

E é esse vínculo que deve ser buscado e mensurado, para garantir a

proteção do filho quando o sentimento for tão tênue a ponto de não sustentarem,

por si só, a manutenção física e psíquica do filho, por seus pais – biológicos ou não.

Nessa mesma ação, julgada em maio de 2012, o pai da autora foi condenado a

pagar a ela R$ 200 mil pelo abandono afetivo.

A tese não é pacífica, dividindo bastante a opinião dos juristas, pois há a

preocupação de se banalizar a situação como dano moral, criando uma indústria de

indenizações.

Outra questão é a discussão sobre se o desamor é algo indenizável. Em outra

ação sobre o mesmo tema, o Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Maia da

Page 19: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

Cunha escreveu em seu voto “A lei pode obrigar o pai a reconhecer legalmente o filho, bem

como aregistrá-lo e sustentá-lo financeiramente, mas não pode ser obrigado a amá-lo”

Portanto, é uma tema bastante polêmico e que está sendo construído

jurisprudencialmente, sem possuir todos os contornos definidos.

TEXTOS INDICADOS:

Lei n. 12.318/10 (Lei de Alienação Parental),

disponívelemhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm

Acórdão do RECURSO ESPECIAL Nº 1.159.242 – SP, disponível emhttps://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200901937019&dt_pub licacao=10/05/2012

QUESTÕES:

1)Cite dois atos que podem caracterizar a Alienação Parental?2)Qual é a principal divergência dos juristas em relação ao abandono moral?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 10

Psicologia e Direito Penal

Desde que a Psicologia se emancipa no final do século XIX como ciência

autônoma, é com o Direito Penal da época que ocorrem as primeiras relações disciplinares.

Também ciência do século XIX, a criminologia tinha por escopo estudar o

comportamento criminoso sob uma análise jurídica, sociológica e também psicológica.

Os elementos estudados pela criminologia sob o aspecto psicológico são o

infrator, a vítima e as instituições de exclusão que fazem parte do processo de controle social

do comportamento delitivo.

Fiorelli & Mangini (vide texto indicado) propõem a seguinte classificação

dedelinquência:

∑Delito doloso: é o crime cometido com vontade consciente, com intenção em cometer o crime.

∑Delito culposo: o agente criminoso não comete o crime com intenção, mas em uma das

modalidades previstas no Código Penal: imprudência, negligência ou imperícia.

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∑Delinquência ocasional: é o delito cometido por uma pessoa aparentemente ajustada aos padrões

de comportamento social, mas que comete um delito motivado por um fator externo ou por uma

forte emoção.

∑Delinquência psicótica: é a prática criminosa cometida em razão de um transtorno mental,

devidamente diagnosticada como tal pelo especialista.

∑Delinquência neurótica: o delito é cometido em virtude de conflitos do indivíduo consigo mesmo,

que os projeta no ato criminoso para aplacar um sentimento de culpa de outra origem.

∑Delinquência profilática: a pessoa age pretendendo que se evite um mal maior.

TEXTO INDICADO:

∑ FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana C. R. Psicologia Jurídica. São Paulo: Atlas, 2009.

Capítulo 9.

QUESTÕES:

1)Qual a diferença entre delito doloso e delito culposo?

2)Explique o objeto de estudo da criminologia.

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 11

ASSÉDIO MORAL

Assédio moral ou mobbing é a violência moral e/ou psicológica exercida contra

indivíduo, em ambientes coletivos de convivência, por meio de condutas humilhantes ou

vexatórias, causando à vítima sérios problemas de ordem psíquica e atingindo seus direitos de

personalidade.

. O assédio moral é evento típico do meio laboral, em que o trabalhador está

subordinado às ordens do empregador e sujeito às normas sociais de convívio do ambiente

corporativo onde se encontra inserido.

No entanto, o assédio moral pode estar presente em outros ambientes coletivos,

na medida em que o sujeito esteja exposto compulsoriamente ao convívio do grupo, como

escolas, monastérios, hospitais etc.

Outro ambiente de relevante ocorrência desse tipo de assédio é o escolar.Nesse

caso, o assédio é a violência psicológica exercida contra a criança ou adolescente pelos

colegas, constituído de palavras e gestos ofensivos, em geral dirigidos por causa de uma

característica peculiar da vítima como excesso de peso; uso de óculos; ser estudioso; ter

sardas; ser gago etc.

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O assédio moral exercido entre e contra crianças e adolescentes recebe a

denominação de bullying (ou mobbing infantil). Tal espécie de assédio assume gravidade

ainda maior em virtude de três fatores:

a)A hipossufiência da vítima, visto que a criança não possui desenvolvimento

psicológico completo, não tendo, portanto, mecanismos de defesa apropriados para suportar a

agressão;

b)A hipossufiência do agressor, considerando que, em geral, o agressor

também é criança ou adolescente e, por isso, as medidas adotadas para sancionar a infração

deverão ser adequadas à reeducação do indivíduo, para evitar que venha a repetir os atos de

agressão;

c)A perpetuação dos efeitos do bullying na vida adulta, podendo gerar

graves transtornos psíquicos que impossibilitam a plena realização pessoal do indivíduo.

Alguns elementos constituintes do assédio moral são:

a)Condutas abusivas;

b)Sujeitos da relação;

c)Continuidade;

d)Objetivo ou finalidade.

São condutas que visam isolar ou humilhar a pessoa diante do grupo. Tais

condutas podem ser divididas em três espécies:

a)Ações de comunicação: desprezo (não dirigir mais a palavra); exclusão;

gritos; reprovação reiterada no trabalho;

b)Ações sobre a reputação da pessoa: piadas, mentiras,

ofensas,ridicularização de um defeito físico, derrisão pública, por exemplo, de suas opiniões

ouideias, humilhação geral;

c)Ações sobre a dignidade profissional: trabalho sem sentido, humilhante ou

perigoso; metas de alcance duvidoso; atribuição de tarefas aquém da capacidade ou inferiores

ao cargo que ocupa; “roubo” de ideias.

O assédio é a agressão desferida pelo agressor à vítima.

No polo ativo, é possível a existência de um ou mais agressores. O assédio

exercido pelo chefe ao subordinado, em geral, é realizado por uma pessoa, embora ele possa

agir em conluio com outros chefes ou subordinados. Já o assédio moral exercido por colegas

exige a participação de várias pessoas.

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Não há uma caracterização precisa da pessoa a ser vítima de assédio moral,

podendo qualquer pessoa ser vítima da agressão.

Para a caracterização do assédio moral, é indispensável que a conduta seja

reiterada, ou seja, deve haver ataques constantes e continuados à vítima.

Por fim, o bem atingido no assédio moral são os direitos de personalidade. Assim,

a finalidade do assediador (ou assediadores) é fragilizar, de maneira intencional, a constituição

psíquica da vítima, atingindo-a em sua autoestima, confiança e autoimagem.

No ambiente laboral, uma finalidade secundária seria o afastamento do

trabalhador do local de trabalho, ou até mesmo sua demissão.

O assédio moral no trabalho pode ser classificado em quatro espécies:

a)Assédio moral vertical (ou vertical descendente): é a relação em que o chefe assedia o

subordinado (“de cima para baixo”). É a espécie mais comum no ambiente laboral;

b)Assédio moral horizontal: ocorre quando a vítima sofre agressão por parte dos

colegas. É o assédio que caracteriza o bullying, sendo relevante também na seara laboral;

c)Assédio moral ascendente (ou vertical ascendente): é a hipótese em o superior

hierárquico sofre assédio por parte de seus subordinados (“de baixo para cima”). É a espécie

de assédio com menor ocorrência no ambiente laboral;

d)Assédio moral misto: é o assédio exercido por pessoas de diversos níveis hierárquicos,

como aquele proveniente ao mesmo tempo de chefe e colegas.

Cabe, ainda, ressaltar que o assédio moral é um fenômeno que tem sido

verificado com mais densidade (frequência e número de casos) no serviço público do que na

iniciativa privada. Tal fato ocorre em razão da estabilidade adquirida pelo ocupante de cargo

efetivo.

O assédio moral é uma agressão que se dá de forma contínua, reiterada. Na

iniciativa privada, a consequência mais grave do assédio moral é a demissão, seja ela pedida

pelo empregado ou determinada pela empresa, de forma que se encerra a agressão com a

extinção do vínculo entre trabalhador e empregador.

Já na Administração Pública, conquanto o servidor seja estável, o vínculo

funcional só é rompido em hipóteses muito restritas. Dessa forma, o assédio moral pode se

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prolongar por períodos significantemente longos, considerando que o servidor não consiga

alteração de lotação do cargo, submetendo-se à agressão do superior hierárquico.

TEXTO INDICADO:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)Como se classificam as condutas abusivas no assédio moral?

2)De que tipo de assédio é o bullying?

DISCIPLINA: Psicologia JurídicaSemana 12

ASSÉDIO SEXUAL

Assédio sexual é uma conduta reiterada para obtenção de favores sexuais da

vítima pelo assediador. Pode ser promovida por uma ou mais pessoas, que agem de forma a

coagir outra a satisfazer desejos sexuais, aproveitando-se de sua situação de ascendência

sobre a vítima, mediante ameaça ou chantagem.

Os ambientes principais de ocorrência do assédio sexual são:

a)Ambiente laboral: sem dúvida, o ambiente de trabalho é o principal local para

a ocorrência do assédio sexual, levando-se em consideração a subordinação hierárquica entre

empregador ou chefe e empregado(a);

b)Ambiente familiar: a conduta sexual indesejada ocorre em uma família

quando não há subordinação, mas ascendência de uma pessoa sobre outra mais vulnerável;

c)Ambiente hospitalar: nesse caso, a relação imprópria pode dar entre

médicos/enfermeiros e pacientes, dada a vulnerabilidade e a confiança despendida pela vítima

ao profissional de saúde. Esse tipo de assédio ocorre em hospitais e em outros locais de

internação destinados aos cuidados relativos à saúde, tais como hospícios, casas de repouso,

casas de saúde, casas de recuperação de viciados etc.;

d)Ambiente religioso: o assédio sexual é imprimido pelo sacerdote ou líder aos

fiéis da denominação religiosa. Independe da religião, podendo ocorrer sempre que haja uma

ascendência do sacerdote sobre os membros daquela denominação;

Page 24: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

e)Ambiente escolar ou acadêmico: em estabelecimentos de ensino, a figura

doassediador se encontra entre professores ou funcionários responsáveis pela supervisão,

cujas vítimas potenciais são os alunos.

Há quatro elementos coincidentes encontrados de modo geral entre os estudiosos

para configurar o assédio sexual:

1)Sujeitos: O assédio se dá entre duas ou mais pessoas, podendo haver mais

de um assediador ou mais de uma vítima

2)Conduta de natureza sexual: As condutas de natureza sexual se

constituem por comunicação verbal ou corporal, ou até mesmo por contatos físicos, que têm

por objetivo a obtenção de favores sexuais. São exemplos desse tipo de conduta:

a)Piadas, comentários e insinuações de natureza sexual;

b)“Cantadas”;

c)Gestos obscenos;

d)Carícias;

e)Toques;

f)Ameaças ou chantagens.

c) Rejeição à conduta do agente;

A vítima deve rejeitar expressamente a conduta que caracteriza o assédio sexual

contra o agente que intenta a ação. É importante que fique claro que a vítima tenha recusado

de maneira incisiva as investidas do assediador.

d) Reiteração da conduta.

Em geral, é comum que a conduta de que configura o assédio sexual ocorra por

diversas vezes em diferentes situações e intensidades.

No entanto, excepcionalmente, o assédio sexual pode se materializar em um único

ato, quando o agente contrange, flagrantemente, na presença de várias testemunhas, a vítima.

Para ilustrar, tome-se o caso do chefe do setor que, na confraternização de final de ano na

empresa, após consumir bebida alcoólica, resolve investir contra determinada funcionária

mediante benefício, sem perceber que estão cercados por outras pessoas.

A doutrina divide o assédio sexual em dois tipos:

a)Assédio sexual por chantagem ou quid pro quo: é a forma clássica de

assédio sexual em que o superior hierárquico ou a pessoa com ascendência quer obter favores

Page 25: DISCIPLINA Psicologia Jurídica fmu

sexuais da vítima, mediante ameaça de uma punição (por exemplo, demissão) ou oferta de

alguma vantagem (por exemplo, uma promoção ou um aumento de salário);

b)Assédio sexual ambiental ou por intimidação: nesta espécie, o assédio

não ocorre necessariamente numa relação vertical, ou seja, entre subordinados, mas também

em uma relação horizontal, isto é, entre colegas do mesmo nível hierárquico.

No Brasil, o assédio sexual foi tipificado como crime pela Lei 10.224/2001, a qual

inseriu o art. 216-A no Código Penal, e penaliza o ato de “constranger alguém com o intuito de

obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de

superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.

TEXTOS INDICADOS:

∑ OLIVEIRA, Dalton. Psicologia Jurídica in VADE MECUM HUMANÍSTICO (coord. porÁlvaro de

Azevedo Gonzaga et al). 2ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2011.

QUESTÕES:

1)Quais são os quatros elementos do assédio sexual? Explique.

2)O que é assédio sexual ambiental?

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