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7/25/2019 Disserao
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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
rea Departamental de Engenharia Mecnica
ISEL
Aplicao da filosofia Lean na rea da Manuteno
Vtor Armando de Almeida MuraBacharel em Engenharia Mecnica
Trabalho Final de Mestrado para obteno do grau de Mestre em Engenharia Mecnica
Orientador (es):Prof. Doutor Antnio Joo Pina da Costa Feliciano Abreu
Prof. Doutor Jos Augusto da Silva Sobral
Jri:Presidente: Prof. Doutor Jorge Mendona e CostaVogais:
Prof. Doutor Jos Antnio Rocha SoaresProf. Doutor Antnio Joo Pina da Costa Feliciano AbreuProf. Doutor Jos Augusto da Silva Sobral
Setembro de 2012
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I
Agradecimentos
Agradeo aos orientadores da minha tese de mestrado, ao senhor professor Doutor Antnio Joo
Pina da Costa Feliciano Abreu e ao senhor professor Doutor Jos Augusto da Silva Sobral que
sempre estiveram disponveis para me orientar. Em certos momentos de puro desespero, foram
os meus orientadores que me disseram uma palavra amiga que me ajudou a seguir o melhor
caminho. Se no desisti da tese de Mestrado devo aos meus orientadores por me encorajarem a
seguir sempre para a frente, a eles, a minha gratido imensa.
Agradeo aos meus pais Francisco e Ester por todo o apoio que sempre me deram ao longo da
minha vida e em especial na Tese de mestrado.
Agradeo minha mulher Cidlia por estar sempre ao meu lado e me encorajar a acabar a
minha Tese de mestrado.
Agradeo s minhas filhas por terem apoiado maneira delas, por no ter estado o tempo
devido com elas, devido a estar a estudar para concluir a Tese. Sem dvida elas foram as mais
sacrificadas.
Agradeo minha irm Ana Patrcia por me ter ajudado.
Agradeo minha Tia Dora por apoiar sempre em tudo e sobretudo pelas palavras amigas que
me deram muita coragem para seguir o meu caminho em frente.
Agradeo a todos os meus familiares, amigos, conhecidos e colegas por estarem sempre ao meu
lado e por ajudarem-me em algumas dvidas que tinha.
Agradeo Professora Marta Almeida por me incentivar a estudar e entrar no Ensino Superior,se no fosse a minha professora nunca tinha seguido os estudos. Obrigado Professora Marta por
todo o apoio que me deu.
Agradeo a Deus por ter chegado onde cheguei, duma certa forma por vezes fui encontrar foras
onde no sabia que as tinha.
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II
Resumo da Tese
A competitividade entre empresas e o preo excessivo dos produtos que os clientes no querem
pagar, faz com que as empresas tomem medidas para evitar todo o tipo de desperdcios,
rentabilizando ao mximo a sua cadeia de valor. A filosofia Lean foi uma das formas
encontradas para identificar e eliminar alguns desses desperdcios, melhorando o processo
produtivo e desta forma tornando as empresas mais competitivas.
O Lean tem vrias ferramentas podendo ser aplicadas em diversas reas. Uma dessas reas a
manuteno, onde se pretende que os equipamentos operem sem interrupes e com uma
produo de qualidade.
Algumas das ferramentas do Lean encaixam-se perfeitamente na rea da manuteno para
identificao de desperdcios, criao de valor, realizao de planeamento, melhoria do sistema
de trabalho na organizao e at no prprio desenvolvimento dos trabalhadores.
A presente dissertao visa mostrar algumas das ferramentas mais comuns da filosofia Lean
com aplicabilidade na manuteno industrial. As ferramentas utilizadas servem sobretudo para
identificar os desperdcios e criao de valor nesta rea. Esta dissertao visa melhorar o
desempenho nas actividades de manuteno industrial, envolvendo tambm a produo,
servios administrativos e segurana, entre outros.
Com o presente trabalho ficou demostrado que antes da aplicao da filosofia Lean os
desperdcios eram enormes e pouco visveis aos trabalhadores e administradores da empresa.
Depois de se aplicar a filosofia Lean constata-se que os custos com os desperdcios diminuram
drasticamente.
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III
Abstract
The competitiveness between companies and the excessive price of the products that customers
do not want to pay, means that companies take action to prevent all types of waste, maximizing
the most of your value chain. The Lean philosophy was one of the ways to identify and
eliminate some of these wastes, improving the production process and thus making companies
more competitive.
The Lean has several tools which can be applied in various areas. One of these areas is
maintenance, where equipment is intended to operate without interruptions and with a quality
production.
Some of the tools of Lean fit perfectly in the area of maintenance for waste identification, value
creation, implementation planning, system improvement work in the organization and even the
workers' own development.
This thesis aims to show some of the most common tools of Lean philosophy with applicability
in industrial maintenance. The tools used primarily serve to identify the waste and creating
value in this area. This thesis aims to improve performance in industrial maintenance activities,
also involving the production, administrative and security, among others.
With the present work it was shown that before the application of Lean philosophy waste were
huge and barely visible to employees and directors of the company. After applying the Lean
philosophy appears that waste costs decreased dramatically.
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IV
Siglas e Abreviaturas
JIT Just-In-Time
TPM Total Productive Maintenance (Manuteno Produtiva Total)
TPS Toyota Production System (Sistema de Produo da Toyota)
SMED Single-Minute Exchange of Dies (Troca Rpida de Ferramentas)
JIDOKA Automao das mquinas com toque humano
Poka-Yoke Mecanismo anti erro.
LPP Lio Ponto a PontoJIPM Japan Institute of Plant Maintenance
OEE Overall Equipment Efficiency (Eficincia Global do Equipamento)
VSM Value Stream Mapping (Mapeamento da Cadeia de Valor)
MTBF Mean Time Between Failures (Tempo Mdio Entre Falhas)
MTTR Mean Time To Repair (Tempo Mdio de Para Reparao)
MTTF Mean Time To Failure (Tempo Mdio de Falha)
EA Equipment Availability (Disponibilidade)
IP Indisponibilidade de Processo
CMFR Custo de Manuteno por Facturao
Back Log Futura carga de trabalho
KPIs Key Performance Indicators(Indicadores de Desempenho)
CNC Controle Numrico Computorizado
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V
ndice
Captulo 1 Introduo ................................................................................................... 1
1.1
Enquadramento ................................................................................................ 1
1.2 Objectivos da dissertao ................................................................................ 2
1.3 Estrutura da dissertao .................................................................................. 2
Captulo 2 Filosofia Lean na manuteno .................................................................... 4
2.1 Manuteno Industrial ..................................................................................... 4
2.1.1 Evoluo Histrica da manuteno ................................................................. 4
2.1.2 Manuteno ...................................................................................................... 6
2.1.3
Manuteno correctiva .................................................................................... 6
2.1.4 Manuteno preventiva .................................................................................... 7
2.1.5 Manuteno preditiva ...................................................................................... 7
2.1.6 Manuteno detectiva ...................................................................................... 7
2.1.7 Funo estratgica da manuteno ................................................................. 7
2.2 Ferramentas Lean Aplicadas manuteno ................................................. 10
2.2.1 Histria do TPM ............................................................................................ 10
2.2.2
O que o TPM ............................................................................................... 11
2.2.3 Manuteno autnoma ................................................................................... 12
2.2.4 Motivos para se aplicar filosofia Lean numa Industria ................................. 12
2.2.5
Melhorias com a filosofia TPM ..................................................................... 12
2.2.6 Perdas a eliminar com o TPM ....................................................................... 13
2.2.7 Seis dimenses ............................................................................................... 14
2.2.8 Os oito pilares onde assenta a filosofia TPM ................................................ 15
2.2.9 Implementao do TPM ................................................................................. 21
2.2.10Dificuldades na implementao da filosofia TPM ......................................... 27
2.3 OEE Overall Equipment Efficiency ............................................................ 28
2.3.1 Perdas do Sistema de produo e o clculo OEE ......................................... 34
2.3.2 OEE Alguns Cuidados a ter em ateno ..................................................... 36
2.4 Desperdcio na Manuteno .......................................................................... 36
2.4.1 Desperdcios .................................................................................................. 36
2.4.2 Classes de desperdcios ................................................................................. 38
2.4.3 Indicadores de desempenho ........................................................................... 39
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VI
2.4.4 O Motivo da utilizao dos indicadores de desempenho ............................... 40
2.4.5 Controlo de Custos atravs dos indicadores de desempenho ........................ 41
2.4.6 Nveis de Deciso ........................................................................................... 42
2.4.7 Tipos de indicadores de desempenho............................................................. 43
2.5 Filosofia Lean ................................................................................................ 43
2.5.1
Origem do Lean ............................................................................................. 43
2.5.2 Quais os objectivos ........................................................................................ 46
2.6 Ferramentas Lean aplicadas manuteno .................................................. 46
2.6.1 Introduo de ferramentas ............................................................................. 46
2.6.2 Ferramentas de diagnstico .......................................................................... 48
2.6.3 Ferramentas de identificao de desperdcio ................................................ 48
2.6.4 Ferramentas de criao de valor ................................................................... 56
2.6.5 Outras ferramentas Lean ............................................................................... 60
Captulo 3 Metodologia Lean na rea da manuteno ............................................... 64
3.1 Manuteno Magra ........................................................................................ 64
3.2 Lean na manuteno ...................................................................................... 65
3.3 Desperdcios Lean na manuteno ................................................................ 66
3.4 Ferramentas Lean aplicadas ao caso de estudo ............................................ 67
3.5
Utilizao de indicadores de desempenho KPI nos desperdcios.................. 67
Captulo 4 Caso de estudo ........................................................................................... 72
4.1 Apresentao da empresa .............................................................................. 72
4.2 Manuteno existente antes da aplicao do Lean ....................................... 73
4.3 Aplicao das ferramentas Lean ................................................................... 74
4.4 Manuteno depois da aplicao do Lean .................................................... 83
4.5 Segurana ...................................................................................................... 84
4.6
Segurana tanto para os trabalhadores como para as instalaes ............... 85
4.7 Custos ............................................................................................................. 87
4.8
Comparao de custos antes e depois do Lean ............................................. 87
Captulo 5 Concluses ................................................................................................. 89
Bibliografia ..................................................................................................................... 90
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VII
ndice de Figuras
Figura 1 Maquina a vapor Sc. XIX.............................................................................. 4
Figura 2 Pirmide PQCDSM ...................................................................................... 14
Figura 3 Os oitos pilar do TPM .................................................................................. 15
Figura 4 Quadro das habilidades ............................................................................... 16
Figura 5 PDCA ............................................................................................................ 18
Figura 6 Quadro 2 do PDCA ...................................................................................... 18
Figura 7 As 12 etapas do TPM .................................................................................... 22
Figura 8 Implementao do TPM ............................................................................... 24
Figura 9 Diagrama espinha de peixe .......................................................................... 28
Figura 10 ndice de desempenho dos equipamentos ................................................... 32
Figura 11 OEE ............................................................................................................ 32
Figura 12 Quadro de classificao dos desperdcios ................................................. 39
Figura 13 Tabela de ferramentas Lean ....................................................................... 47
Figura 14 Mecanismo anti erro .................................................................................. 55
Figura 15 Mecanismo anti erro .................................................................................. 55
Figura 16 Ferramentas Lean para se aplicar no caso de estudo ............................... 67
Figura 17 Nveis de indicadores ................................................................................. 69
Figura 18 Grfico do tempo de paragem por avaria antes do Lean .......................... 74
Figura 19 Ferramentas Lean ...................................................................................... 75
Figura 20 Bancada desarrumada ............................................................................... 76
Figura 21 Mquina de corte no fim do trabalho ......................................................... 77
Figura 22 Painis para ferramenta ............................................................................. 79
Figura 23 Carro de ferramentas ................................................................................. 79
Figura 24 Armrio de ferramentas ............................................................................. 80
Figura 25 Compressor de parafuso obstrudo com produtos de stock ....................... 81
Figura 26 Compressor de parafuso com o espao sua frente desimpedido ............. 82
Figura 27 Grfico do tempo de paragem por avaria depois do Lean ........................ 83
Figura 28 Grfico de comparao do tempo de paragem por avaria depois do Lean84
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Captulo 1 Introduo
1.1
Enquadramento
A competitividade, a mudana, a organizao e a estratgia tm sido temas comuns, tanto no
meio empresarial como no meio acadmico. As empresas tm estudado a melhor maneira de
serem mais competitivas no mercado global, que enfrenta rpidas mudanas econmicas e
sociais. Segundo Hayes e Schemmer (1986), Skinner foi o pioneiro em destacar a importncia
da funo da fabricao de produtos na estratgia global das empresas.
Nas dcadas de sessenta a oitenta, a indstria Norte Americana (Estados Unidos da Amrica)verificou um decrscimo das suas vendas devido ao desenvolvimento de pases provenientes do
continente Asitico, como o Japo, colocando um fim no conceito que existia at dcada de
sessenta, o trade-off custo/a qualidade, no se pode ter um produto de qualidade superior com
um custo inferior. As empresas Japonesas para se afirmarem no mercado mundial, tiveram de
investir em vrios sectores, tais como: a formao de trabalhadores para resolverem problemas
em conjunto com os colegas; terem trabalhadores mais cumpridores das suas funes, existir
uma excelente comunicao interna desde a gesto de topo at aos trabalhadores; melhorar a
organizao no planeamento da produo (Paiva et al, 2004). A partir dos anos oitenta os
conceitos como a melhoria continua em que o (Kaizen) uma via, o Just-in-Time (JIT) e a
manuteno produtiva total (TPM) comearam a chegar aos Estados Unidos da Amrica
propagando-se depois pelo resto do mundo. A afirmao destes conceitos e ferramentas deu
origem a um novo modelo de produo, conhecida como produo magra aplicada no Sistema
de Produo da Toyota (TPS), tornando-se uma mais-valia para as empresas que conseguiram
implement-la.
No incio do sculo XX, os principais trabalhos de Frederik Winslow Taylor e Henri Fayol
deram origem, respectivamente, Escola da Administrao Cientfica e Teoria Clssica.
Enquanto Frederik Winslow Taylor estava empenhado em aumentar a eficincia da indstria por
meio da formao dos trabalhadores, aumentado a sua especializao e por sua vez aumentado a
produo, Henri Fayol estava preocupado em aumentar a eficincia da empresa por meio da sua
organizao e da aplicao de princpios gerais da administrao nos conceitos cientficos
(Chiavenato I., 2003). Na Escola da Administrao Cientifica os trabalhos realizados por
Frederik Winslow Taylor, Grantt, Gilbreth e Henry Ford marcaram a organizao do trabalho. A
maior preocupao era aumentar a produtividade das empresas atravs da especializao dos
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trabalhadores, pois quanto mais formaes tivessem mais produziam e com maior qualidade, o
que os desgastava. A ateno focava-se toda no mtodo de trabalho, estudando o tempo dos
movimentos necessrios para execuo de uma tarefa. Procurava-se todo o tipo de desperdcio
nos trabalhadores para eliminar e reduzir custos da produo. A aplicao dos estudos de
Frederik Winslow e Taylor comeou a afectar a rentabilidade dos trabalhadores, aparecendo
assim os primeiros conflitos entre os trabalhadores e as administraes das fbricas (Liker,
2004). Com o aparecimento da produo magra e o Sistema de Produo da Toyota (TPS), o
trabalho em srie voltou a ser um tema de estudo, com um objectivo diferente da era de Frederik
Winslow Taylor e Henry Ford. Neste novo estudo o lder um membro participante do processo
de elaborao e definio dos padres de trabalho (Ohno, 1997) (Shingo, 1996).
1.2 Objectivos da dissertao
O objectivo do presente trabalho contribuir para o desenvolvimento de instrumentos de gesto
que permitam implementar uma Manuteno magra.
No entanto, tratando-se de um objectivo ambicioso e tendo em conta a complexidade inerente
ao tpico sob investigao e as restries temporais associadas a uma dissertao de Mestrado, a
sua concretizao nesta dissertao focalizada na prossecuo dos seguintes objectivos maisespecficos:
Caracterizar os macros processos associados funo manuteno e proceder
classificao das principais fontes de desperdcio.
Introduzir na rea da gesto da manuteno os conceitos de Gesto Lean atravs
da identificao de um conjunto de ferramentas que funcionam como pilares para
a Manuteno Magra ou Lean Maintenance.
Avaliar o impacto da aplicao das ferramentas Lean na melhoria do
desempenho dos processos de manuteno atravs da anlise de um estudo de
caso concreto, desenvolvido numa organizao especfica.
1.3 Estrutura da dissertao
No primeiro captulo descreve-se o enquadramento da dissertao e a sua utilidade no meio
industrial. Mostra-se resumidamente como ser constituda a estrutura do presente documento
nos restantes captulos.
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3
No Segundo captulo fala-se da evoluo histrica tanto do Lean como da manuteno. feita
uma breve abordagem do desenvolvimento da manuteno e do Lean ao longo dos tempos. So
abordadas algumas ferramentas Lean, algumas das quais com aplicao na manuteno.
No terceiro captulo feita uma abordagem das ferramentas do Lean com aplicabilidade na
manuteno, que sero depois aplicadas ao caso de estudo. Mostra-se neste captulo quais as
ferramentas que identificam o desperdcio e as que criam valor.
No quarto captulo descrita a actividade da empresa onde se ir implementar o caso de estudo
com as ferramentas referidas no terceiro captulo. Ser referido o Lean e a sua aplicao e
formao aos trabalhadores na empresa. Ser mostrado como se ir implementar as ferramentas
Lean, as de identificao de desperdcio e as de criao de valor. Tambm ser referida a
segurana dos trabalhadores do meio ambiente e instalaes. Ser feita uma comparao entre o
antes e o depois da implementao nos custos na empresa.
No quinto captulo so apresentadas as concluses do estudo da implementao das ferramentas
Lean no sector da manuteno da empresa onde se aplicou o caso de estudo. Sero propostos
alguns trabalhos futuros, pois tal como o Lean diz temos de melhorar sempre mesmo que j
tenha sido melhorado.
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Captulo 2 Filosofia Lean na manuteno
2.1 Manuteno Industrial
2.1.1
Evoluo Histrica da manuteno
Para se saber como a manuteno evoluiu, tem-se de recuar no tempo at ao incio do sculo
XX, isto para se saber como era vista e era utilizada a manuteno. A evoluo histrica da
manuteno est dividida por quatro fases. Vejamos alguns dos momentos mais marcantes da
evoluo da manuteno.
1 Fase Vai at ao ano de 1914, onde a manuteno tinha pouca importncia, era considerada
como secundria no processo produtivo, as indstrias da poca no tinham equipas
especializadas em manuteno e as indstrias trabalhavam obtendo a mxima produo das
mquinas at que estas avariassem ou parassem definitivamente.
A partir da Primeira Guerra Mundial, as indstrias de um modo em geral, querendo manter uma
produo mnima, criaram um rgo, subordinado produo. O objectivo bsico era fazer
manuteno correctiva dos equipamentos, ou seja, quando os equipamentos por algum motivo
parassem de produzir, a manuteno era accionada para fazerem a devida reparao, voltando
assim ao processo produtivo, o que para a poca era o suficiente. A procura de servios at
ento era pequena, devido s mquinas serem sobredimensionadas e robustas, o que garantia
uma longa vida til. mostrado na Figura 1 uma mquina a vapor desse tempo.
Figura 1 Maquina a vapor Sc. XIX(fonte:http://www.adazi.lv/page/150)
2 Fase A situao apresentada na primeira fase, era a poca do avaria-repara, mantendo-seassim at aos anos 30, quando em funo da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de
http://www.adazi.lv/page/150http://www.adazi.lv/page/1507/25/2019 Disserao
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aumentar a produo e a sua rapidez, apontando assim para o abastecimento de uma procura
crescente, as indstrias nos seus rgos mximos, decidiram criar um departamento de
manuteno, para que houvesse uma preocupao no s em corrigir as avarias mas tambm em
evit-las. Nesta poca comeou-se a pensar como se poderia manter o sector dai em diante, ou
seja, o que a manuteno devia fazer para que as mquinas pudessem produzir o maior nmero
de peas.
3 Fase De 1940 a 1970, com o desenvolvimento da aviao comercial, houve uma expanso
de critrios de manuteno preventiva, uma vez que no havia a possibilidade de executar a
manuteno correctiva num avio com este em pleno voo. Esta fase considerada a mais
importante, j que possibilitou a manuteno ter mais qualidade. A manuteno passava a ser
vista de outra forma, de uma funo de reparar os equipamentos, para uma funo mais
qualificada (mais tcnica), como o caso de anlise de falhas de equipamentos, antecipando-se
aos problemas ou falhas.
Nos finais dos anos sessenta incio dos anos setenta, apareceram os primeiros computadores
constitudos por enormes caixas do tamanho de uma casa e muito lentos, com poucas funes.
4 Fase De 1970 at aos dias de hoje, com o aumento da indstria e a expanso dos
computadores, sendo mais rpidos com softwares potentes, a manuteno passou a estar
inserida nos processos mais sofisticados, tais como de controlo e anlise, utilizado no dia-a-dia.
A manuteno no s utilizar as caixas de ferramentas para a reparao das mquinas
avariadas, mas tambm, antecipar-se s falhas e determinar os melhores e mais econmicos
perodos para a execuo da manuteno preventiva, que na maioria dos casos deixa de ser
apenas baseada no tempo.
Estes critrios so conhecidos tambm como controladores informativos, que visam prever ou
monitorizar a condio dos equipamentos. Colocam a manuteno numa situao controlada econsequentemente mais econmica para as empresas, com impacto na produo e
principalmente com mais segurana para os trabalhadores e para o meio ambiente.
A 4 Fase apareceu no incio nos anos setenta com a tecnologia existente nessa altura. Com
desenvolvimentos dos computadores melhorou-se e modificou-se a manuteno.
Nos anos setenta apareceu a manuteno preventiva condicionada que consiste em
executar a manuteno nos componentes s quando existe necessidade. uma
manuteno preventiva, subordinada a um tipo de acontecimento predeterminado
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(autodiagnstico), a informao dada por um sensor assim que se verifique um
desgaste ou outro indicador que possa revelar o estado de degradao do equipamento.
A manuteno produtiva total, mais conhecido pelo TPMapareceu nos anos oitenta
no Japo (o TPM est descrito mais frente).
A gesto produtiva totalapareceu nos anos noventa, uma ferramenta de gesto na
eliminao das perdas industriais.
No ano dois mil apareceu a e-Maintenance a aplicao do TIC (informao e
comunicao de tecnologias) na indstria dentro da estratgia da manuteno.
2.1.2Manuteno
Segundo a NP EN 13306 de 2007, manuteno a combinao de todas as aces tcnicas,
administrativas e de gesto, durante um ciclo de vida de um bem, destinadas a mant-lo ou rep-
lo num estado em que ele pode desempenhar a funo requerida. Ainda segundo a mesma
norma, a gesto da manuteno so todas as actividades de gesto que determinam os
objectivos, a estratgia e as responsabilidades respeitantes manuteno e que os implementam
por diversos meios tais como o planeamento, o controlo e superviso da manuteno e amelhoria de mtodos na organizao, incluindo os aspectos econmicos.
Segundo Kardec et al (2003) a manuteno muito importante na indstria para que se produza
o maior nmero de produtos sem que os equipamentos se avariem.
2.1.3Manuteno correctiva
Segundo Kardec et al (2003) manuteno correctiva pode ser dividido em dois grupos,
nomeadamente manuteno correctiva no planeada e manuteno correctiva planeada.
Manuteno correctiva no planeada a correco da avaria aps um problema, que afecta em
parte ou todo o equipamento. Para Xenos (1998) este processo causa empresa um grande custo
relativo manuteno das mquinas. O custo mais elevado quando a produo pra, tendo
custos com a paragem, estando em causa a qualidade e prazos de entrega dos produtos aos
clientes.
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Manuteno correctiva planeada (Manuteno diferida) a correco programada ou
acompanhada atravs de mtodos preditivos ou detectivos, at que a interveno seja possvel,
sem afectar directamente a produo, (Kardec et al, 2003).
2.1.4Manuteno preventiva
Manuteno preventiva a manuteno efectuada com a inteno de reduzir ou evitar a avaria
do equipamento. Para isso utiliza-se um plano antecipado, com intervalos de tempo definidos,
independente da real necessidade, cujo objectivo ser os cuidados preventivos que sejam de
evitar as falhas (Kardec et al, 2003).
2.1.5Manuteno preditiva
Manuteno preditiva aquela que aponta para a realizao de ajustes nas mquinas ou
equipamentos apenas quando elas necessitam, porm sem que elas avariem ou parem. Com um
acompanhamento directo e constante, possvel prever falhas e saber quando ser necessrio
fazer uma interveno (Kardec et al, 2003).
2.1.6Manuteno detectiva
Manuteno detectiva executada com um mtodo de proteco, detectando possveis falhas
ocultas ou no visveis equipa de manuteno (Kardec et al, 2003). Chama-se a ateno para o
facto de este tipo de manuteno no existir na Norma Portuguesa, NP EN 13306:2007.
Segundo a Norma Portuguesa, manuteno preditiva a manuteno condicionada efectuada deacordo com as previses extrapoladas da anlise e da avaliao de parmetros significativos da
degradao do bem (NP EN 13306, 2007).
2.1.7Funo estratgica da manuteno
A manuteno uma combinao de aces tcnicas, incluindo as de verificao, destinadas a
manter ou reparar um bem de um equipamento, para que possa desempenhar a sua funo.
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Kardec et al (1998) define manuteno como Garantir a disponibilidade da funo dos
equipamentos e instalaes de modo a que um processo de produo e a preservao do meio
ambiente, com fiabilidade, segurana e custos adequados.
Segundo Maral (2004) a manuteno existe para que um equipamento desempenhe as funespara as quais foi projectado tendo em conta que o envelhecimento cria um desgaste nos seus
rgos.
A manuteno pode desempenhar uma funo importante na melhoria da produo, melhorando
a sua organizao e evitando problemas relacionados entre os vrios departamentos das
empresas, deixando de ser um mal necessrio (Maral, 2004). Existe uma procura de melhorar
os resultados e a reduo de custos, para se sobreviver num mundo que est em constante
mudana. Para isso todos os departamentos, como a manuteno, deveriam fazer parte daestratgia das empresas, para estarem directamente ligadas qualidade dos produtos.
Segundo Faria (1994) o principal objectivo de uma empresa a obteno de lucro, diferena
entre ganhos e despesas, os departamentos que geram ganhos so os da produo e marketing, e
os departamentos da manuteno e compras so responsveis pelas despesas. Devido a estes
factos as direces das empresas no do o devido valor, sobretudo manuteno.
O plano de manuteno citado por Kardec (1998) como pensar e agir estrategicamente, para
que a actividade da manuteno se integre de maneira eficaz ao processo produtivo,
contribuindo, efectivamente, para que as empresas caminhem num rumo ao bom sucesso
empresarial.
Segundo Kardec (1998) no tempo em que se vive, o departamento de manuteno no deve ser
considerado como o que realiza as manutenes, mas sim deve trabalhar com um processo de
desenvolvimento, de planos de manuteno para que os equipamentos no avariem. O
departamento de manuteno deve ser considerado como parte dos processos estratgicos.
Segundo Kardec (1998) o departamento de manuteno tem objectivos:
Aumento da disponibilidade
Aumento do lucro
Aumento da segurana dos trabalhadores e das instalaes
Reduo da procura de servios
Reduo de custos
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Tipos de Manuteno
Segundo Katz e Kahn (1978) numa empresa, a estratgia da manuteno est relacionada com
mtodo de utilizar adequadamente os recursos fsicos, humanos e financeiros, tendo em vista a
reduo dos problemas e o aumento das oportunidades. A estratgia deve ser sempre uma opo
econmica vivel, quanto possvel e original, tornando-se uma das melhores ferramentas para a
empresa utilizar nos seus recursos. Assim as empresas tornam-se altamente competitivas,
superam a concorrncia, reduzem os seus problemas e aproveitam as oportunidades que possam
aparecer.
Dentro do processo da produo, est agregada muitas vezes manuteno, neste caso
designando-se por manuteno descentralizada.
A manuteno existe em quase todos as empresas, podendo apresentar-se vrios modelos deprocessos, estruturas, direces, tipos de servios, operaes e principalmente processos de
manuteno, que se diferenciam entre si.
De acordo com os autores Katz e Kahn (1978), a manuteno deve ser uma funo estratgica e
principalmente considerada por todos da organizao. Dentro do processo e estrutura do
departamento a manuteno deve ser tida em considerao para se atingirem os objectivos de
crescimento e vantagem competitiva satisfatria.
O processo de descentralizao da manuteno deve ser muito bem estudado, apresentado de
forma estruturada a toda a produo e equipa de manuteno, onde necessrio o
acompanhamento das equipas, para que a resistncia criada por qualquer tipo de mudana no
comprometa o sucesso do projecto.
Tavares (1999) cita a manuteno acaba por se dividir da seguinte maneira
Centralizada:o departamento de manuteno administrado pelo director responsvelque coordena todas as etapas de manuteno, engenharia de manuteno, manuteno
preventiva e preditiva.
Descentralizada:o departamento de manuteno est dividido em sectores fabris, que
so independentes, sendo administrados pela produo, utilizada na maioria dos casos
por empresas petrolferas.
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10
Mista: a unio das duas formas de manuteno, centralizada e descentralizada. Na
maioria das empresas, a diviso d-se entre a engenharia da manuteno e a manuteno
de linha. A direco da manuteno organiza a engenharia da manuteno, a produo
administra os tcnicos da linha.
A estrutura descentralizada tem o objectivo de aproximar as equipas de manuteno com as de
produo, reduo de perdas na linha, reduo das distncias entre as unidades de produo,
melhorar o relacionamento dos trabalhadores, separando os departamentos, criando valor nas
empresas.
Kardec (1998) cita, de um modo generalizado, as empresas actuais procuram estruturas de
manuteno mais magras. Entende-se que necessrio a eliminao de nveis de chefia,
adoptar polivalncia tanto na rea de operaes como de manuteno, contratao deempresas parceiras, juntarem os departamentos de electricidade, automao, mecnica. Estes
factores reduzem muita mo-de-obra.
2.2 Ferramentas Lean Aplicadas manuteno
2.2.1 Histria do TPM
A Manuteno Produtiva apareceu nos Estados Unidos da Amrica nos finais dos anos quarenta
incio dos anos cinquenta. Este conceito era caracterizado pelo desenvolvimento de tcnicas de
manuteno preventiva sistemtica para melhorar a fiabilidade dos equipamentos. A
Manuteno Produtiva Total (TPM) no mais do que o conceito inicial modificado e
melhorado para se ajustar ao ambiente industrial Japons.
No ano de 1953 um grupo de vinte empresrios Japoneses juntaram-se para fazer investigao,
em 1962 deslocaram-se aos Estados Unidos da Amrica para observar a manuteno produtiva
Americana. Esta misso deu origem criao do Japan Institute of Plant Engineers (JIPE),
antecessor do Japan Institute of Plant Maintenance, criado em 1969. A Ninppondenso (empresa
fornecedora de componentes Toyota) foi a primeira companhia Japonesa a introduzir a
manuteno preventiva nos equipamentos das suas linhas de produo.
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11
2.2.2 O que o TPM
Segundo Willmott e Mccarth (2001) o TPM uma filosofia ou uma forma de pensar da
manuteno, que traduz um novo conceito de como manter uma instalao ou um equipamento.
O TPM um mtodo de gesto que identifica e elimina as perdas existentes nos processos
produtivos, maximiza a utilizao do activo industrial e garante a gerao de produtos de alta
qualidade a custos competitivos. Desenvolve conhecimentos capazes de reeducar as pessoas
para aces de preveno e melhoria contnua, garantindo a fiabilidade dos equipamentos e da
capacidade dos processos, sem investimentos adicionais.
Segundo Ribeiro, H. (2007), traduzindo TPM para a lngua inglesa Total Productive
Maintenance.
Total quer dizer que todos os colaboradores so envolvidos em todas as actividades com o
objectivo de eliminar todos os acidentes, defeitos e falhas (desperdcios).
Productive as aces so realizadas enquanto a produo contnua, os problemas para a
produo so minimizados.
Maintenance mantm uma boa condio dos equipamentos reparando, limpando e
lubrificando.
Com estes procedimentos consegue-se aumentar a produo e simultaneamente levantar a moral
e a satisfao no trabalho dos colaboradores.
Os tempos de paragem para a manuteno so planeados com o processo produtivo e em
conjunto encontra-se o tempo ideal para se parar a produo e proceder-se manuteno dos
equipamentos. Desta forma pretende-se transformar ou reduzir ao mnimo possvel a
manuteno de urgncia (manuteno correctiva) (Ribeiro 2007).
Para se aplicar o TPM, primeiro tem de se providenciar a melhor formao aos trabalhadores
tanto na rea da manuteno como rea da produo, envolver todos para trabalhar em equipa e
dialogarem entre si. Os trabalhadores so os melhores conhecedores e informadores dos
equipamentos, podem descrever e transmitir todas as anomalias, muito antes de acontecerem as
avarias. Tem de se melhorar o sistema de manuteno planeada existente e aumentar a eficcia
global dos equipamentos (Nakajima, 1989).
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Com a aplicao da filosofia TPM consegue-se evitar gastos desnecessrios, normais num
ambiente constante de mudana econmica, produzir bens sem reduzir a qualidade dos mesmos,
reduzir custos e produzir mais quantidade em menos tempo. Os produtos entregues aos clientes
no contm defeitos (Shirose, 2000).
2.2.3 Manuteno autnoma
A Nippondenso, que ento j seguia a manuteno preventiva, adicionou a manuteno
autnoma, designada por ser realizada pelos prprios trabalhadores dos equipamentos
(Robinson e Ginder, 1995).
Segundo Seiichi Nakajima o fundador do TPM cita de uma forma simples que a Manuteno
Produtiva Total levada a cabo por todos os trabalhadores em pequenas actividades de
grupo. De acordo com os princpios da filosofia TPM, a responsabilidade pela optimizao dos
equipamentos no reside apenas no departamento de manuteno, mas em todos os
trabalhadores.
2.2.4
Motivos para se aplicar filosofia Lean numa Indstria
Segundo Suzuki (1992), a adopo de uma abordagem de ciclo de vida na melhoria do
desempenho global dos equipamentos de produo, prolonga a vida dos equipamentos. A
melhoria da produtividade alcanada atravs de colaboradores altamente motivados, resultado
do alargamento das suas responsabilidades. A utilizao de pequenos grupos de trabalho em
actividades como a identificao das causas das avarias ou anlises de potenciais modificaes
na instalao de equipamentos ajuda a manter a mquina sempre operacional. O que faz a
distino entre TPM e outros conceitos o empenho dos trabalhadores no processo demanuteno. O conceito de eu opero (Operao de Produo) e tu reparas (Departamento de
Manuteno) no aplicado na filosofia do TPM.
2.2.5 Melhorias com a filosofia TPM
A implementao do TPM acabou por trazer mais-valias para indstria, assim se mostra nos
pontos seguintes (Nakasato, 1994):
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Aumento da confiana entre todos os trabalhadores.
Locais de trabalho mais, limpos, arrumados, organizados, e atractivos.
Mudana favorvel na atitude dos trabalhadores.
Alcanar objectivos atravs do trabalho em equipa.
Expanso horizontal de um novo conceito em todas as reas da organizao.
Troca de conhecimentos e experincias.
Os trabalhadores ficam com um sentimento de posse relativamente aos equipamentos.
2.2.6 Perdas a eliminar com o TPM
Segundo Shirose (2000), identificam-se os vrios tipos de perdas existentes numa indstria em:
Perdas por avaria paragem acidentais.
uma das causas que mais afecta a eficincia dos equipamentos. Pode ser medida
atravs da fiabilidade dos bens.
Perdas por mudana de produto (afinaes de equipamentos).
Perdas por paragem devido necessidade de mudana de produto. Em geral
necessrio afinar-se os equipamentos para o novo produto.
Perdas devido a moldes e ferramentas.
Perdas resultantes do desgaste das ferramentas ou moldes usados no processo produtivo,
os produtos ficam com anomalias.
Perdas por pequenas paragens (funcionamento sem carga)
As pequenas paragens resultam de problemas instantneos onde o equipamento pra ou
pera em vazio (Ex. encravamento de uma pea, atrasos ou paragens a jusante).
Perdas por quebra de velocidade (aumento do tempo de ciclo).
Resulta da diminuio da velocidade de processamento relativamente velocidade
nominal. O tempo de ciclo ir aumentar, reflectindo-se por menor produo por unidade
de tempo.
Perdas por produtos com defeitos.
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Perdas originadas pela deteco de produtos sem qualidade. Pode ser consequncia de
uma m afinao do equipamento ou uma m afinao do mesmo ou desgaste nas
ferramentas.
Perdas no arranque dos equipamentos.
Muitos equipamentos necessitam de um perodo de arranque at a estabilizao do processo,
perdendo-se em alguns casos uma parte da produo.
2.2.7 Seis dimenses
Segundo Nakasato et al, (1994) existem benefcios em seis dimenses, utilizando a sigla
PQCDSM para as referenciar:
Productivity Produtividade
Quality Qualidade
Cost Custos
Delivery Servios
Safety Segurana
Morale Moral
Figura 2 Pirmide PQCDSMAutor (Sobral, 2011)
Deve existir um equilbrio entre estas seis dimenses. No adianta ter uma produo muito boa
se os custos forem superiores aos dos seus concorrentes. Da mesma maneira, uma empresa no
existir se tiver custos mais baixos e uma qualidade muito boa, no conseguindo atender todas
as encomendas nos prazos de entrega estabelecidos com os clientes (Nakasato et al, 1994).
Alem de medirem o resultado final, esses indicadores servem para avaliar o desempenho de
todas as etapas da cadeia produtiva. Embora algumas dessas dimenses no sejam visveis, ou
tangveis, ao cliente, o equilbrio entre essas dimenses de indicadores de desempenho,
determina o nvel de produtividade da empresa (Nakasato et al, 1994).
Indicadores do TPM
Produtividade Valor acrescido, aumento da produtividade, eficincia das actividades.
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Qualidade Dos prprios equipamentos, das actividades executadas, excelncia da
tecnologia disponvel e dos produtos comercializados ou servios prestados.
Custos Da infra-estrutura, dos projectos, da concorrncia, dos bens adquiridos, etc.
Servios Tempo de entrega.
Segurana Das pessoas, do meio ambiente e das instalaes (Patrimnio)
Moral Capacidade tcnica da formao de trabalhos e reconhecimento pelo esforo e
competncia.
Resultados
Produtividade Aumento da produtividade liquida e eficcia global e reduo do
nmero de avarias nos equipamentos.
Qualidade Reduo das taxas de defeito nos processos, das reclamaes e devolues.
Custos Reduo do custo da produo, menos produtos com defeitos.
Servios Reduo de Stock de produtos e trabalhos em curso.
Segurana Zero acidente, zero incidentes de produo.
Moral Sugestes de melhorias, cada trabalhador que sabe como melhorar o
equipamento para tirar a maior produo.
2.2.8 Os oito pilares onde assenta a filosofia TPM
Figura 3 Os oitos pilar do TPMAutor (Sobral,2011)
http://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htmhttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm7/25/2019 Disserao
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Segundo Sobral (2011), o desenvolvimento da filosofia TPM suportado por actividades que
podem ser representados por oito pilares de sustentao. Cada pilar encontra-se inserido num
sistema de gesto integrado.
1)
Pilar Educao e Treino Nenhum dos pilares bem sucedido se os trabalhadores no
estiverem em constante aprendizagem.
O objectivo deste pilar aperfeioar a habilidade de todos os trabalhadores que
contribuem para a melhoria do desempenho da organizao.
normal utilizar-se a tcnica do LPP (Lio ponto a ponto) e a matriz de habilidades.
O LPP consiste num trabalhador transmitir o conhecimento que possui sobre um ponto
especfico a outro colega no prprio local de trabalho, de uma forma clara, rpida e o
mais prtico possvel.
O objectivo desta ferramenta no treinar o trabalhador que no tem formao, mas
partilhar pequenos e importantes conhecimentos sobre a regulao do equipamento ou o
desenvolvimento de um processo.
A matriz de habilidades consiste em efectuar o cruzamento das habilidades necessrias
para realizar uma tarefa com habilidades que o trabalhador possui.
Podem ser especificadas cinco fases no desenvolvimento das habilidades:
Habilidade Capacidade ou destreza que uma pessoa possui para executar uma determinada
tarefa.
Nvel 0No sabe executar uma actividadeTem falta de conhecimentos
Nvel 1 Tem conhecimento da teoriaFalta de treino
Nvel 2 Consegue at certo pontoFalta de treino
Nvel 3 Consegue com seguranaAprendeu a executar
Nvel 4 Consegue ensinar os colegasDomnio perfeito
Figura 4 Quadro das habilidadesAutor (Sobral, 2011)
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Comparando os dados, identificam-se as necessidades de formao e treino de cada
trabalhador, necessrio saber se existe algum trabalhador dentro da equipa que possa
dar essa formao.
2)
Pilar Manuteno Autnoma Organizao dos trabalhadores em pequenos grupos
(grupos autnomos) tem como finalidade cuidar dos seus equipamentos, identificar
perdas e implantar melhorias.
Os trabalhadores aprendem a realizar actividades de limpeza, inspeco e lubrificao aos
seus equipamentos.
Com estas aces as paragens ligadas falta de limpeza e lubrificao so eliminadas,
aumentando a produo.
Durante as aces de inspeco os trabalhadores identificam os problemas dos seus
equipamentos, comeando os diagnsticos por ser em grande parte baseados nos sentidos
(olfacto, audio, tacto e viso), posteriormente evoluindo para uma inspeco baseada
em conhecimento, adquirido em programas de formao e treino.
Com o tempo, os trabalhadores comeam a ficar capacitados para realizar pequenas
reparaes nos equipamentos em que laboram.
Os trabalhadores identificam quais so as maiores perdas do equipamento e propem
melhorias no sentido de as reduzir (ou mesmo eliminar) e melhorar a produo.
3) Pilar Manuteno Planeada Com uma manuteno planeada os esforos so
realizados na perspectiva proactiva e no numa postura reactiva.
O objectivo de obter zero avarias, melhorar a fiabilidade e a manutibilidade, reduziros custos com a manuteno e assegurar a disponibilidade de peas de reserva
(sobressalentes), aplicando a manuteno mais adequada a cada equipamento.
Os trabalhadores da manuteno tambm so responsveis por treinar os trabalhadores da
produo (operadores) no que se refere a pequenas aces de manuteno (manuteno
autnoma).
Deve ser feita uma avaliao dos equipamentos, incluindo anlise de degradao e amelhoria de pontos fracos.
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18
Na manuteno planeada normal existir um sistema de informao onde se preparam as
intervenes para cada equipamento, cumprindo programas e atribuindo recursos
(materiais e humanos), resultando num mapa (planeamento).
Todas as actividades devero ser sujeitas a um ciclo de controlo para aferir os programas,
recursos, momentos de interveno, custos e outros indicadores se encontrarem
optimizados.
4) Pilar Melhorias especifica Ajuda a enfrentar as grandes perdas da organizao.
Consiste em identificar a maior perda de um equipamento ou processo (produtivo ou
administrativo), abordar essa perda de uma forma sistemtica at que a mesma seja
extinta.
Nesta vertente so tambm constitudos grupos de trabalho, sendo por vezes necessria a
ajuda de especialistas para identificao das perdas (equipa multidisciplinar).
A ferramenta mais utilizada neste pilar o formulrio CAPDo. Consiste em verificar o
estado actual, como est hoje o processo, quais os problemas, o que se est a fazer para
que a perda no acontea, definir uma meta, planear aco e execut-las.
Figura 5 PDCAAutor (Sobral, 2011)
C Check
Analisar e estudar os problemas at aos mnimos detalhes at que a causa fundamental da perdaseja descoberta.O nome melhoria especfica significa escolher um assunto especfico de cada vez. Nesta etapaso definidas as metas para o grupo.
A Analyze Descobrir as causas do problema, ou seja, determinar o porque da perda estar a acontecer.Nesta fase pode ser utilizada a tcnica dos Porqus.
P Plan a etapa do planeamento das aces.
DO DO Fazer, ou seja, executar aces e analisar os resultados obtidos. muito importante quantificaros ganhos em custos
Figura 6 Quadro 2 do PDCAAutor (Sobral, 2011)
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5) Pilar Segurana Higiene Ambiente As actividades so centradas na preveno de
acidentes, para as pessoas, equipamentos e ambientais.
O objectivo eliminar as condies inseguras e os actos inseguros.
As condies inseguras referem-se a questes fsicas que podem causar acidentes, em,
pessoas, equipamentos (falta de proteces, sensores de proteco danificados, etc.), que
podem ser eliminados atravs de reparaes ou melhorias.
Os actos inseguros normalmente referem-se a incumprimentos de regras ou normas (ex.
trabalhador desliga um sensor de segurana).
As aces desenvolvidas baseiam-se em programas de consciencializao e aces de
formao.
H que identificar e conhecer os potenciais incidentes e acidentes, sendo uma das tarefas
dos grupos de trabalho que so constitudos.
6) Pilar Manuteno da qualidade Verifica-se que as condies em que os equipamentos
operam afectam de forma significativa a qualidade dos produtos.
As garantias deste pilar visam garantir a qualidade dos produtos no processo produtivo,
para se atingir a meta zero defeitos.
Levantar os defeitos dos produtos Definir quais os defeitos que cada recurso de
produo gera no produto (reclamaes, devolues, inspeco por amostragem, etc.);
Implementar pontos de inspeco da qualidade dos equipamentos sabendo a relaodos defeitos com as partes dos equipamentos e o que pode causar estes defeitos
(regulao, pea, ferramenta) estipula-se um plano de inspeco em pontos concretos. A
garantia da qualidade nos processos elimina as reclamaes e o tempo para inspeco
dos produtos;
Melhorias especficas para eliminar perdas Identificadas as perdas do produto, pode-se
agora estudar as suas causas atravs da metodologia CAPDo (j referido).
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7) Pilar Controlo inicial Muitas das perdas nos processos produtivos derivam de
imperfeio nos projectos dos equipamentos.
So necessrias, algumas anlises aos projectos antes dos mesmos se concretizarem.
Deve-se analisar a facilidade das operaes, se a manuteno simples e de baixo custo,
se no gere facilmente produtos com defeitos e se flexvel e segura.
O pilar designado por Controlo inicial eleva o poder de resposta ao mercado,
agilizando a concepo de novos produtos.
As empresas que produzem produtos de consumo com um ciclo de vida curto (constante
inovao e mudana de produto) beneficiam das actividades desenvolvidas neste pilar,
uma vez que so necessrios novos equipamentos ou novos processos.
Neste pilar analisado todo o ciclo de vida dos equipamentos numa abordagem de
terotecnologia. A Terotecnologia uma concepo global e integrada do modo como
deve ser estudada, escolhida e construda uma nova instalao tecnolgica, tendo em
conta o abaixo mencionado.
Os equipamentos so analisados nas seguintes fases:
1- Especificao;
2- Projecto;
3- Fabricao;
4- Instalao;
5- Comissionamento;
6- Operao;
7- Substituio;
A etapa inicial compreende desde a especificao at etapa de comissionamento (ou
partida), quando ento entregue ao departamento de produo para operao plena.
8) Pilar Gesto Administrativa O objectivo melhorar a eficincia e eliminar as perdas
dos processos administrativos.
O Produto da rea administrativa tambm pode ser realizado de forma mais rpida e
com maior qualidade.
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A rea administrativa tambm susceptvel de formao de pequenos grupos de trabalho,
cuja misso definir quais os processos e a forma de medir a sua eficincia e perdas.
Analisam-se as funes executadas se existirem tarefas que possam ser eliminadas ou
uma melhor forma de as executar.
As doze maiores perdas administrativas so:
a. Perdas no processamento;
b. Perdas econmicas (Custos) Contabilidade, Marketing, etc;
c. Perdas na comunicao;
d. Perdas por espera;
e. Perdas no arranque;
f. Perdas por falta de preciso;
g. Perda por avarias dos equipamentos de escritrio (computa., impressoras, etc.);
h. Perda por quebra nos canais de comunicao (telefone, fax, mail, etc.);
i. Perda por tempo gasto para encontrar a informao;
j. Perdas por indisponibilidade de material de escritrio;
k. Perda por queixa dos clientes por existir logstica imperfeita;
l. Perdas com despesas de compras urgentes.
Aps todos os esforos a nvel interno deve-se estender o conceito (Gesto
administrativa) a fornecedores e distribuidores, com o objectivo de se alcanar menores
tempos para entrega e melhor qualidade, com menores custos (fornecedores), reduo dos
danos durante o transporte do armazenado do manuseado e uma distribuio sem atrasos
(distribuidores).
2.2.9 Implementao do TPM
Segundo Sobral, (2011), o TPM, onde a etapa de preparao a de maior importncia para o
sucesso do processo de implementao da filosofia TPM. onde se define a estrutura, se faz o
planeamento de toda a estratgia de implementao e se obtm o comprometimento de todos.
De acordo com o JIPM, a implementao da filosofia TPM numa organizao engloba doze
etapas, divididas por quatro fases.
1 Fase Preparao para a introduo (5 etapas)
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2 Fase Inicio da introduo (1 etapa)
3 Fase Implementao (5 etapas)
4 Fase Consolidao (1 etapa)
Vejamos cada uma destas fases e etapas de uma forma mais pormenorizada.
Figura 7 As 12 etapas do TPMAutor (Sobral, 2011)
1 EtapaDeclarao da administrao sobre a inteno de introduzir a filosofia TPM.
O sucesso ou o fracasso na implementao da filosofia TMP depende em larga escala dadeterminao da administrao da empresa, uma vez que mudar a forma de trabalho das
pessoas (ou at a prpria estrutura da organizao).
Quando a iniciativa parte de outros nveis hierrquicos inferiores, normalmente o resultado
uma limitao da abrangncia das iniciativas.
2 EtapaTreino/formao de introduo filosofia TPM
Por questes consideradas bvias, comea-se por capacitar os trabalhadores que sero
responsveis pelos processos de planeamento e coordenao da implementao da filosofia
TPM.
Os cursos de formao devero ser abrangentes, mas pouco intensos, ter contedos
diferenciados, adequados ao nvel funcional dos trabalhadores.
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A ideia dar uma viso geral de toda a metodologia, capacitando cada trabalhador para
conduzir a fase inicial da implementao.
frequente o estabelecimento de trs nveis de formao inicial, nomeadamente:
Nvel 1 Directores e gestores;
Nvel 2 Supervisores do processo inicial (facilitadores)
Nvel 3 Membros das equipas de implementao (multiplicadores)
Podero ser estabelecidas parcerias com empresas especializadas em TPM para ajudar em
determinados pontos especficos da implementao, medida que os trabalhos forem evoluindo.
3 EtapaCriao da estrutura para implementao da filosofia TPM
Deve-se entender esta implementao como uma forma de melhorar a cultura da organizao e
optimizar o processo produtivo (e administrativo), pelo que dever ser bem definido o papel que
cada nvel hierrquico ir ter.
O objectivo desta etapa criar uma estrutura para promover o TPM, juntando a estrutura
vertical com a horizontal. Deve-se criar uma secretaria administrativa dirigida por algum queser o responsvel pela promoo do programa de implementao dentro da organizao.
Devero ser constitudos nesta fase oito subcomisses, sendo cada uma responsvel pelo
desenvolvimento da metodologia de cada pilar da filosofia TPM. As equipas designadas para a
implementao da filosofia TPM devero ser constitudas por pessoal operacional e pessoal
supervisor. Dever ser dada especial ateno estrutura da coordenao. Um dos erros mais
comuns criar uma estrutura paralela dedicada ao TPM nesta fase inicial, o que dificulta a
implementao.
4 EtapaDeterminao de directrizes, indicadores e metas
Se no sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho leva a algum lugar (Sobral, 2011).
Outro dos maiores erros, e mais comum, a administrao querer comear logo a
implementao da filosofia TPM no sector da produo e manuteno sem haver um
planeamento prvio, onde os objectivos so claros.
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Devem-se definir os objectivos de cada uma das actividades (grupos de trabalho) dos 8 pilares e
no olhar s para a manuteno.
As directrizes do TPM sero as prprias directrizes da organizao, aquelas que lhe permitir
manter-se destacada no seu ramo ou mercado.
O resultado esperado com a implementao da filosofia TPM dever ser coerente e alinhado
com o planeamento estratgico da organizao.
5 EtapaElaborao do plano director para implementao da filosofia TPM
Vrios caminhos podem levar ao mesmo lugar (Sobral, 2011).
Nesta etapa onde se prepara ou realiza um plano director (master plan). Alguns autores
indicam esta como uma das etapas mais importantes da primeira fase, pois ser onde ficam
definidas as actividades e os recursos que sero necessrios para atingir as metas estabelecidas
na etapa anterior.
O tempo de implementao depende muito da estrutura da organizao e do apoio dado nesta
actividade. Pode-se dar apenas como referncia que para se conclurem as doze etapas de
implementao da filosofia TPM, sero necessrios em mdia cerca de dois anos.
Figura 8 Implementao do TPMAutor (Sobral, 2011)
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Por vezes o desconhecimento dos obstculos que surgem na implementao da filosofia TPM
levam a que as pessoas tentem isoladamente encontrar as suas prprias solues.
Frequentemente isso ir fazer com que haja grandes desvios, fazendo com que a organizao
pense que est a implementar o TPM, onde os esforos so superiores aos resultados
alcanados.
A principal consequncia deste fenmeno (falsa partida) ser uma desmotivao dos
trabalhadores, fazendo com que nesta fase (planeamento) muitos trabalhadores percam a
esperana e ponham em causa a filosofia. A implementao da filosofia TPM dever ser um
processo auto-sustentvel, onde parte dos recursos economizados com a reduo das perdas
sejam revertidos para a prpria melhoria do processo de implementao.
6 EtapaIncio do Programa TPM
As cinco etapas anteriores consomem algum tempo na sua realizao e normalmente no
mostram grandes resultados para a organizao, parecendo at algo burocrtico. frequente
proceder-se durante a fase anterior a uma aplicao piloto, atravs de uma pequena equipa ou
grupo. Atravs deste processo piloto j foram desenvolvidas muitas actividades interessantes,
algumas dificuldades sentidas e alguns resultados alcanados. Toda esta informao ser
utilizada no processo de expanso horizontal da filosofia TPM.
Nesta etapa ser dado o pontap de sada (kickoff), sendo normalmente realizada uma reunio
geral para mostrar a todos os colaboradores e parceiros o comprometimento com o TPM,
apresentar o planeamento elaborado nas etapas anteriores e objectivos e expectativas da
empresa.
Neste mesmo dia ser apresentado o trabalho realizado no projecto-piloto e os resultados
alcanados com o mesmo.
7 Etapa
Melhoria do desempenho do processo produtivo
Agora comeou a implementao propriamente dita, verificando-se uma expanso do TPM a
todos os sectores da organizao.
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Desenvolvem-se em simultneo as actividades dos quatro pilares (Melhorias especficas;
Manuteno planeada; Manuteno autnoma; Educao Treino) considerados prioritrios na
ptica da melhoria do desempenho do processo produtivo.
8 EtapaEstabelecimento do sistema de preservao da segurana e meio ambiente
O nvel de contacto com os equipamentos, realizado pelos trabalhadores e pessoal da
manuteno, agora maior, aumentando tambm a exposio aos perigos e consequentemente o
risco de acidente.
Nesta etapa d-se especial ateno s actividades de segurana, higiene e meio ambiente.
Estas actividades devero ser implementadas, possuindo objectivos e indicadores de
desempenho nesta reas relativamente aos pilares referidos na etapa anterior (pilar segurana
higiene ambiente).
9 Etapa
Estabelecimento do sistema de manuteno da qualidade
Um dos principais valores reconhecidos pelos clientes a qualidade dos produtos e dos
servios. Esta fase desenvolve actividades nesse sentido, onde a manuteno da qualidade
significa a eliminao das condies que propiciam a ocorrncia de defeitos nos produtos
produzidos (ou servios prestados).
Esta obteno dos zero defeitos depende muito da preciso dos equipamentos e das condies
do processo relativamente s caractersticas ou especificaes da qualidade.
Deixa-se de controlar a qualidade atravs do produto para controlar a qualidade atravs do
processo
10 EtapaEstabelecimento do sistema de melhoria da eficincia dos sectores administrativos
Com as etapas anteriores e o desenvolvimento de actividades nos cinco pilares referenciados, asfalhas do sector produtivo diminuem drasticamente (assim se espera).
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Sobram as falhas resultantes dos processos administrativos, que uma vez reduzidas ou
eliminadas iro ter tambm impacto nos resultados do sector produtivo (vendas, aps-venda,
etc.).
Processos administrativos Lean reduzem o custo e do mais agilidade organizao no
processo de tomada de deciso. Neste processo o produto a informao.
11 EtapaEstabelecimento do sistema da fase de equipamentos e novos produtos
S resta o pilar denominado controlo inicial que funciona no desenvolvimento e
estabelecimento da gesto da fase inicial dos equipamentos e produtos, na tentativa deidentificar os problemas potenciais.
Incorpora-se nos projectos todas as melhorias desenvolvidas anteriormente, adequando o
produto s necessidades do cliente e tornando-o mais fcil de ser produzido, adequando o
equipamento s novas tecnologias e s condies de funcionamento.
12 EtapaConsolidao do TPM
Neste momento todos os segredos da filosofia TPM j foram revelados e experimentados por
todos os que participaram no seu processo de implementao.
Todas as perdas inerentes foram reduzidas ou eliminadas, ficando agora algumas perdas
remanescentes, mais difceis de identificar e tratar.
Nesta etapa a organizao dever estar apta para se candidatar ao prmio TPM (TPM excellence
award) institudo pelo JIPM.
2.2.10 Dificuldades na implementao da filosofia TPM
Segundo Sobral (2011), natural sentirem-se algumas dificuldades ao longo de todo o processo
de implementao da filosofia TPM, como as que esto aqui exemplificadas.
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1. Pode levar um nmero considervel de anos a implementar (dependendo do tipo e
dimenso da organizao, mentalidades, vontade, etc.);
2. Tipicamente as pessoas mostram uma grande resistncia mudana;
3. Muitas pessoas tratam o TPM como mais outro programa;
4.
No haver recursos suficientes (pessoas, tempo, dinheiro, etc.);
5. Pouca percepo da metodologia e filosofia por parte das chefias intermdias;
6. Muitas pessoas consideram as actividades do TPM como trabalho adicional ou uma
ameaa.
Figura 9 Diagrama espinha de peixe(adaptado dehttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm)
2.3 OEE Overall Equipment Efficiency
(Eficincia Global do Equipamento)
Para se obter sucesso na implementao do programa TPM, deve existir uma forma de medir
como esto inicialmente os processos e quais foram os ganhos obtidos com a implementao do
programa. Para tal utiliza-se um indicador de desempenho denominado OEE Overall
Equipment Efficiency (Eficincia Global do Equipamento), que mede a produtividade dos
equipamentos e processos (Pomorski, 1997).
Na vasta bibliografia sobre o tema podemos encontrar alguns autores que se referem a este
indicador como Overall Equipment Efficiency e outros que o denominam por Overall
Equipment Effectiveness.
http://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htmhttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm7/25/2019 Disserao
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Mais importante do que saber qual a palavra correcta a ser usada, saber o significado deste
indicador e como se pode determinar o mesmo para um dado equipamento ou processo.
A produtividade de um equipamento depende fundamentalmente do tempo de operao efectiva,
da utilizao na sua capacidade mxima e da qualidade da produo. Nakajima (1989) definiu
seis grandes perdas existentes nos equipamentos, que influenciam directamente a sua produo.
As seis grandes perdas so:
1. Perda por avaria: so caracterizadas pela paragem da funcionalidade, ou seja, o
equipamento fica indisponvel por um perodo de tempo, at que restabelea a condio
original e se inicie a operao, pela actividade da manuteno e engenharia. As falhas
esto divididas por dois modelos: espordicas e crticas. As falhas raras caracterizam-se
por paragens repentinas e violentas, de fcil visualizao e correco. O
restabelecimento da operao do equipamento efectuado rapidamente pela
manuteno ou pelos prprios trabalhadores, a soluo destas falhas no facilmente
descoberta.
2. Perdas por Setup e afinaes: Esto relacionadas com mudanas de produtos e
afinaes at que seja concludo o setup. Convm salientar que as afinaes feitas
depois de concludo o setup devem ser classificadas como perdas, relacionadas com asfalhas referidas no ponto 1. A afinao , de um modo geral, responsvel pela maior
parte do tempo perdido.
3. Falhas ocasionais e pequenas afinaes: Origem da palavra Chokotei, que se
caracteriza por interrupes dos ciclos dos equipamentos, paragens intermitentes de
linhas de produo originando arranques e paragens constantes (Suehiro, 1992).
Diferente das falhas referidas no ponto 1, caracterizam-se por interrupes de tempos
relativamente pequenos. Suehiro (1992) define que as pequenas paragens so problemasdo equipamento que no necessitam de mais de cinco minutos de reparao, para que a
verdadeira causa seja encontrada. Entretanto o critrio de tempo que caracteriza uma
pequena paragem pode variar em funo do entendimento que cada empresa tem com a
relao das paragens, bem como o sistema de recolha de dados adoptados. Shirose
(1992) destaca, como elemento central para definir as pequenas paragens, a correco,
ou seja, a restituio da funo requerida do equipamento seja executado pelo
trabalhador. Como de modo geral esta perda eliminada de maneira rpida e simples,
pondo o equipamento em funcionamento rapidamente, a anotao dos dados da
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paragem tornam-se difcil de anotar por ser uma paragem muito rpida. Muitas vezes,
no so entendidas como perdas pelos trabalhadores, ficando assim escondidas. As
pequenas paragens so encontradas normalmente em sistemas onde se encontram
Robots, montagens automticas, tapetes transportadores, entre outros, causando danos
eficincia do equipamento. Suehiro (1992) destaca as linhas e equipamentos
automticos com pequenas paragens, que resultam em perdas de eficincia na ordem
dos 20 a 30 porcento.
4. Perdas por reduo da velocidade: Caracterizam-se pela velocidade real de
funcionamento do equipamento ser inferior velocidade terica, causando tempos
elevados de ciclo. Estas perdas podem ser ocasionadas por problemas de manuteno,
operao, qualidade ou processos, que levam os trabalhadores, tcnicos de manuteno,
entre outros, a reduzirem as velocidades de trabalho dos equipamentos, permitindo que
os equipamentos se mantenham em funcionamento, porm escondendo as suas causas.
5. Perdas por problemas de qualidade e retrabalho:So relativas fabricao de
produtos no conformes, causados pelo mau funcionamento dos equipamentos. De
forma semelhante s perdas por falhas, os problemas de qualidade podem ocorrer de
forma espordica e crtica.
6. Perdas por queda de rendimento: Esto relacionadas s restries tcnicas dos
equipamentos, que obrigam a um perodo de estabilizao das condies dos
equipamentos aps perodos de paragens do equipamento, Shirose (2000) define que
estas perdas so originrias de paragem do equipamento aps reparaes peridicas ou
correctivas, feriados, refeies, entre outras.
A eficincia global dos equipamentos OEE, medida a partir da estratificao das seis
grandes perdas, calculada atravs do produto dos ndices de Disponibilidade, Desempenho e
Qualidade (Nakajima, 1989).
= (1)
As seis grandes perdas dos equipamentos esto associadas aos trs ndices que formam o
clculo de eficincia. Onde a perda 1 falha e a 2 setup e afinaes fazem parte do ndice de
Disponibilidade, as perdas 3 pequenas paragens e a 4 queda de velocidade influenciam o
Desempenho, enquanto o ndice de Qualidade composto pelas perdas 5 problemas de
qualidade e retrabalho e 6 queda de rendimento.
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O ndice de Disponibilidade representa a relao entre o tempo disponvel do equipamento,
dependendo do perodo de anlise que pode ser dirio, semanal ou mensal, tambm chamado
tempo de carga, com o tempo em que o equipamento ficou em operao efectivamente.
O tempo de carga resulta da diferena entre os tempos, de trabalho seguido e paragens
programadas, representadas por manuteno programadas, manuteno preventivas, tempo de
descanso, limpeza do equipamento, formao, entre outras concesses. As paragens
programadas no so consideradas no clculo de eficincia. As paragens no programadas so
devido s perdas por falhas, arranques de produo e afinaes de mquinas.
O desempenho composto pelas perdas de velocidade, o que demonstra o que o tempo de ciclo
real est prximo do tempo terico, ou seja, avalia o ritmo de produo do equipamento pelas
perdas de pequenas paragens.
A Qualidade, o terceiro ndice que compe o clculo de eficincia, relativo ao fabrico de
produtos defeituosos, que resultam em sucata e retrabalho.
Nakajima (1993) apresenta, baseado nas experiencias e resultados obtidos pelas empresas
vencedoras do prmio TPM Award, que o OEE de 85% deve ser definido como uma meta ideal
para os equipamentos. As empresas que ganharam o premio TPM Award obtiveram um OEE
superior a 85%.
Ainda de acordo com Nakajima, para se atingir a meta do OEE com um valor de 85%, o ndice
de Disponibilidade tem de ter um valor superior a 90%, o ndice de Desempenho tem que ser
superior a 95% e o ndice de Qualidade tem que ter um valor superior a 99% como se representa
na equao a seguir:
= 0,90 0,95 0,99 100 = 85% (1)
Segundo Semi (1996), o OEE determinado com base na anlise das perdas verificadas no
equipamento. O seu clculo engloba o conhecimento de trs factores relacionados com o
equipamento, nomeadamente:
Disponibilidade (%)
Desempenho (%)
Qualidade (%)
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Figura 10 ndice de desempenho dos equipamentosAutor (tirado dos apontamentos, Sobral, 2011)
Segundo Semi (1996), na maioria dos casos analisados o OEE situa-se entre os 30% - 40%.
Figura 11 OEEAutor (tirado dos apontamentos, Sobral, 2011)
O OEE pode ser inserido no pilar melhoria especfica
Vejamos cada um dos factores de uma forma mais detalhada.
= (1)
= Overall Equipment Efficiency Eficincia Global do Equipamento.
=()
=()
=Taxa de qualidade (Quality Rate)
O objectivo colocar o prprio trabalhador a calcular este indicador de TPM, tendo j recebidoa devida formao (Semi, 1996).
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= [%] (1)
= [%] (2)
=()
Tempo total disponvel do equipamento subtraindo os tempos de paragens planeadas (programa,
repouso de operadores) normalizado na numa base (diria, semanal, mensal, etc.).
=()
Tempo relativo jornada de trabalho menos o tempo relativo s paragens no programadas
(avarias, setup, e outras paragens se consideradas prolongadas).
= [%] (1)
= [%] (3)
=Taxa de produo real (Actual prod. rate)
Nmero de unidades produzidas no tempo operacional. Este valor afectado por pequenas
paragens (normalmente inferiores a 10 minutos cada uma) e/ou por se verificar uma velocidadereduzida do processo (alterando o tempo de ciclo).
=Taxa de produo ideal (projecto) (design prod. rate)
Nmero de unidades teoricamente possveis de produzir no mesmo tempo operacional.
= [%] (1)
= [%] (4)
=Produtos bons (Non defective products)Valor correspondente quantidade total produzida menos a quantidade de unidades rejeitadas.
=Produtos bons (Non defective products)Nmero total de unidades produzidas.
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2.3.1 Perdas do Sistema de produo e o clculo OEE
A partir das 6 grandes perdas de Nakajima (1989), as quais se focalizam estritamente melhoria
de eficincia dos equipamentos, a metodologia TPM foi recebendo actualizaes por parte do
JIPM, concluindo em modificaes que ampliaram o foco das perdas. Passou-se a analisar as
perdas do sistema da produo como um todo, bem como as reas de apoio, pretendendo
aumentar a adio de valor e a reduo dos custos da produo (Shirose, 2000).
Com esta nova origem estabelecida, Shirose, (2000) apresenta uma anlise com 16 perdas
divididas em quatro grupos:
I. Sete grandes perdas que prejudicam a eficincia dos equipamentos.
II. Perdas que prejudicam o tempo de carga dos equipamentos.
III. Cinco grandes perdas que prejudicam a melhoria da eficincia do trabalho humano.
IV. Trs grandes perdas que prejudicam o uso dos recursos de produo.
Grupo I
1.
Perdas por falha: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.2. Perdas por Setup e afinaes: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.
3. Perda por troca de ferramentas de corte: So as perdas relativas paragem do
equipamento para trocas regulares de ferramentas de corte devido ao desgaste natural de
utilizao e a partirem-se as lminas de corte. So alguns exemplos de ferramentas de
corte, brocas, discos de corte, laminas, etc.
4. Perdas por repouso de pequenas paragens: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.
5. Perdas por reduo de velocidade: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.
6.
Perdas por problemas de Qualidade e retrabalho: Mesmo conceito do modelo deNakajima.
7. Perdas por queda de rendimento (Startup): Mesmo conceito do modelo de Nakajima.
Grupo II
1. Perdas por paragens: So perdas que implicam a paragem programada do equipamento
para a execuo de actividades relacionadas com a manuteno programada, para
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garantir a qualidade, a segurana e a fiabilidade requerida para o bom funcionamento
dos equipamentos.
Grupo III
1. Perdas Administrativas: So perdas relativas s esperas por aces de gerncias, tais
como espera por materiais, instrues e reparos de produtos defeituosos.
2. Perda por movimentao: So perdas de tempo que decorrem como de diferenas de
habilidades, perdas por movimentao devido a layouts mal planeados.
3. Perdas por desorganizao da linha de produo: So perdas de balanceamento de
linhas, em situaes onde um trabalhador opera ao mesmo tempo mais do que um
equipamento, bem como perdas por organizao inadequadas.
4. Perdas resultantes de falhas de automao (logstica): So perdas resultantes de falhas
de automao para movimentao de peas, bem como a no utilizao dos mesmos
quando aplicvel, implicando a utilizao da mo-de-obra para cobrir tais perdas.
5. Perdas por medio e ajustes: So perdas relativas aos tempos para medio e os ajustes
necessrios preveno dos problemas de qualidade.
Grupo IV
1. Perdas de rendimento: So perdas de rendimento de materiais relativas diferena de
peso entre a matria-prima e o produto acabado. Esto includas nesta perda as peas
descartadas por problemas de qualidade, lminas de corte descartadas devido perda de
afiao ou partida devido a dimenses acima do especificado, entre outras.
2. Perdas de energia: So perdas de energia tais como de corrente elctrica, ar
comprimido, combustveis, gua, etc., desperdcios devido a sobre cargas, descargas,
perda de temperatura, tempos desocupados, entre outros.
3. Perdas por moldes, ferramentas e gabaritos: So perdas monetrias resultantes da
substituio de reparo de moldes, ferramentas e gabaritos decorrentes de avarias e
desgaste pelo uso. Fazem parte desta perda os materiais auxiliares descartados em
funo da substituio e reparo dos moldes, ferramentas e gabaritos, tais como leos de
corte e lubrificao, combustveis entre outros.
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2.3.2 OEE Alguns Cuidados a ter em ateno
Segundo Semi (1996), existem alguns cuidados a ter na implementao do OEE, que so:
1.
O valor calculado no deve ser usado como uma medida do nvel da empresa ou da
instalao, tratando-se apenas de uma medida da eficincia de um determinado
equipamento;
2. O valor calculado no vlido para comparar equipamentos ou processos diferentes.
um indicador relativo para um nico equipamento, servindo para comparar os valores de
OEE desse equipamento ao longo do tempo. Poder ser aplicado a equipamentos
similares;
3. O valor no uma medida da eficincia da manuteno uma vez que a maior parte das
perdas saem fora do controlo directo desta funo;
4. No existe um valor especificado para o valor de OEE designado por valor de classe
mundial. No entanto, um valor de 85% frequentemente citado. De igual forma, a
maximizao do OEE depende da capacidade do activo, da procura ou se existe algum
constrangimento no fluxo produtivo (valor obtido por uma disponibilidade de 90%, uma
taxa de desempenho de 95% e uma taxa de qualidade de 99%);
O valor calculado no estatisticamente vlido. O valor percentual determinado assume que
todas as perdas relativas ao equipamento so de igual importncia e que qualquer melhoria de
1% na qualidade pode ter um impacto idntico melhoria de 1% na disponibilidade. As trs
medidas so falsamente consideradas idnticas, ou seja, o tempo cronolgico, as unidades
produzidas por unidade de tempo e as unidades produzidas so convertidas em percentagens
para comparao.
2.4 Desperdcio na Manuteno
2.4.1 Desperdcios
Segundo Ribeiro (2011) citando Bagadia (2008), na manuteno a relao mais utilizada ser o
quociente entre a manuteno planeada e a manuteno no planeada (correctiva), sendo o ideal
de 90% planeada e 10% no planeada. Na realidade o quociente verificado nas empresas o
inverso 10% a 30% planeadas e 90% a 70% no planeadas, verificando-se que as empresas
esto a trabalhar de um modo reactivo, contribuindo assim para o desperdcio, reduzindo a vida
do equipamento e a perda da produtividade. Bagadia identificou o maintenance work process
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flow, ou seja, o fluxo de valor da manuteno, identificando o desenrolar do processo da
manuteno, auxiliando na posterior identificao dos desperdcios existente neste processo.
Fluxo de valor do Processo de Manuteno, Bagadia (2008)
o Iniciar a requisio do servio a executar
o Validar a requisio do servio a executar
o Aprovar essa requisio
o Criar uma ordem de trabalhos
o Planear os trabalhos
o Programar os trabalhos
o Atribuir os trabalhos a um executante
o Executar o trabalho
o Acompanhar o desenrolar dos trabalhos
o Analisar as mtricas
Assim, o que se pretende com o Lean na manuteno permitir que este fluxo de valor seja
eficiente, produtivo e que seja realizada uma anlise para se identificar os desperdcios
existentes em cada uma das fases anteriormente identificadas. Apenas quando esses
desperdcios so identificados que pode ocorrer a sua eliminao do processo.
Alguns autores adaptaram a metodologia usada para identificar os desperdcios do processo
produtivo para a manuteno, de maneira a poder identificar o excesso de desperdcio existente
no processo da manuteno com vista sua eliminao, mas o autor abordado ser Mather
(2007), porque no se limitou a adaptar os mesmos, mas, efectuou a correspondncia adequada
para a manuteno. A metodologia seguida pelo autor a seguinte:
1.
Trabalho improdutivo, correspondente a realizar toda e qualquer actividade que noacrescente valor, neste caso est-se a referir a aces de manuteno preventiva,
executadas mais vezes do que o necessrio.
2. Repetio do trabalho, significa ter de repetir as mesmas tarefas ou ter de executar
outras, adicionalmente, devido a trabalhos mal executados inicialmente. Sempre que
ocorre uma necessidade imediata e urgente, os trabalhadores dessa aco de
manuteno, ficam bastante pressionados para que o equipamento seja reparado
rapidamente, a fim de regressar sua situao anterior, podendo no lhe ser dado o
tempo suficiente, para que a mesma reparao seja corrigida correctamente.
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3. Tempo de espera, analisado tal como no sector produtivo, mas neste caso aplicado a
peas, mquinas, ferramentas e trabalhadores, necessrio para realizar a aco de
manuteno ou o aguardar pela atribuio do servio a executar, instrues, entre
outras. Como as esperas no acrescentam valor devem ser eliminadas ou reduzidas ao
mnimo.
4. Movimentaes desnecessrias, na manuteno, correspondem a idas procura de
ferramentas, deslocaes para a obteno de manuais tcnicos, movimentaes de
bancadas de trabalho, ou deslocaes de material para outras reas, devido a terem sido
solicitadas para diferentes aces de manuteno.
5. M gesto do inventrio, significa no ter o material adequado para as aces que
esto a ser executadas. Tambm inclui a existncia de equipamentos obsoletos e
excesso de inventrio (em ambos os casos significa capital investido e consumo de
recursos para a sua gesto).
6. No aproveitamento do potencial humano, corresponde a utilizar das pessoas s
pelas qualificaes que tm e no as utilizar, inclusivamente, consoante as suas
capacidades ou experincia.
7. Ineficaz gesto de dados, corresponde recolha de informao que no tem utilidade e
a no obteno de informao considerada vital. Empresas que j controlam a sua
manuteno atravs de computer maintenance managed systeme do qual esse controle
ineficaz. Ineficcia essa reflectida na inexistncia de uma correta gesto dos dados, nem
uma interligao com os mesmos, nas diversas fases do processo da manuteno,
obrigando a serem introduzidos repetidamente esses dados, compelindo a existncia e a
redundncia dos mesmos.
8. M aplicao das mquinas, quando se realiza uma operao incorrecta dos
equipamentos ou estratgias deliberadas para que a manuteno seja efectuada, quando
no h necessidade de a mesma ocorrer.
2.4.2 Classes de desperdcios
Todos os desperdcios so prejudiciais a qualquer empresa, quer seja em mo de obra,
deslocamentos, em perda de matria-prima quando das afinaes das mquinas ou produtos
produzidos com defeitos. Os desperdcios sero divididos em trs grupos para se entender qual a
gravidade, tal como apresentado na figura 12.
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Figura 12 Quadro de classificao dos desperdcios
I.
Grupo I:Os desperdcios a