Disseração

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  • 7/25/2019 Disserao

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    INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

    rea Departamental de Engenharia Mecnica

    ISEL

    Aplicao da filosofia Lean na rea da Manuteno

    Vtor Armando de Almeida MuraBacharel em Engenharia Mecnica

    Trabalho Final de Mestrado para obteno do grau de Mestre em Engenharia Mecnica

    Orientador (es):Prof. Doutor Antnio Joo Pina da Costa Feliciano Abreu

    Prof. Doutor Jos Augusto da Silva Sobral

    Jri:Presidente: Prof. Doutor Jorge Mendona e CostaVogais:

    Prof. Doutor Jos Antnio Rocha SoaresProf. Doutor Antnio Joo Pina da Costa Feliciano AbreuProf. Doutor Jos Augusto da Silva Sobral

    Setembro de 2012

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    I

    Agradecimentos

    Agradeo aos orientadores da minha tese de mestrado, ao senhor professor Doutor Antnio Joo

    Pina da Costa Feliciano Abreu e ao senhor professor Doutor Jos Augusto da Silva Sobral que

    sempre estiveram disponveis para me orientar. Em certos momentos de puro desespero, foram

    os meus orientadores que me disseram uma palavra amiga que me ajudou a seguir o melhor

    caminho. Se no desisti da tese de Mestrado devo aos meus orientadores por me encorajarem a

    seguir sempre para a frente, a eles, a minha gratido imensa.

    Agradeo aos meus pais Francisco e Ester por todo o apoio que sempre me deram ao longo da

    minha vida e em especial na Tese de mestrado.

    Agradeo minha mulher Cidlia por estar sempre ao meu lado e me encorajar a acabar a

    minha Tese de mestrado.

    Agradeo s minhas filhas por terem apoiado maneira delas, por no ter estado o tempo

    devido com elas, devido a estar a estudar para concluir a Tese. Sem dvida elas foram as mais

    sacrificadas.

    Agradeo minha irm Ana Patrcia por me ter ajudado.

    Agradeo minha Tia Dora por apoiar sempre em tudo e sobretudo pelas palavras amigas que

    me deram muita coragem para seguir o meu caminho em frente.

    Agradeo a todos os meus familiares, amigos, conhecidos e colegas por estarem sempre ao meu

    lado e por ajudarem-me em algumas dvidas que tinha.

    Agradeo Professora Marta Almeida por me incentivar a estudar e entrar no Ensino Superior,se no fosse a minha professora nunca tinha seguido os estudos. Obrigado Professora Marta por

    todo o apoio que me deu.

    Agradeo a Deus por ter chegado onde cheguei, duma certa forma por vezes fui encontrar foras

    onde no sabia que as tinha.

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    II

    Resumo da Tese

    A competitividade entre empresas e o preo excessivo dos produtos que os clientes no querem

    pagar, faz com que as empresas tomem medidas para evitar todo o tipo de desperdcios,

    rentabilizando ao mximo a sua cadeia de valor. A filosofia Lean foi uma das formas

    encontradas para identificar e eliminar alguns desses desperdcios, melhorando o processo

    produtivo e desta forma tornando as empresas mais competitivas.

    O Lean tem vrias ferramentas podendo ser aplicadas em diversas reas. Uma dessas reas a

    manuteno, onde se pretende que os equipamentos operem sem interrupes e com uma

    produo de qualidade.

    Algumas das ferramentas do Lean encaixam-se perfeitamente na rea da manuteno para

    identificao de desperdcios, criao de valor, realizao de planeamento, melhoria do sistema

    de trabalho na organizao e at no prprio desenvolvimento dos trabalhadores.

    A presente dissertao visa mostrar algumas das ferramentas mais comuns da filosofia Lean

    com aplicabilidade na manuteno industrial. As ferramentas utilizadas servem sobretudo para

    identificar os desperdcios e criao de valor nesta rea. Esta dissertao visa melhorar o

    desempenho nas actividades de manuteno industrial, envolvendo tambm a produo,

    servios administrativos e segurana, entre outros.

    Com o presente trabalho ficou demostrado que antes da aplicao da filosofia Lean os

    desperdcios eram enormes e pouco visveis aos trabalhadores e administradores da empresa.

    Depois de se aplicar a filosofia Lean constata-se que os custos com os desperdcios diminuram

    drasticamente.

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    III

    Abstract

    The competitiveness between companies and the excessive price of the products that customers

    do not want to pay, means that companies take action to prevent all types of waste, maximizing

    the most of your value chain. The Lean philosophy was one of the ways to identify and

    eliminate some of these wastes, improving the production process and thus making companies

    more competitive.

    The Lean has several tools which can be applied in various areas. One of these areas is

    maintenance, where equipment is intended to operate without interruptions and with a quality

    production.

    Some of the tools of Lean fit perfectly in the area of maintenance for waste identification, value

    creation, implementation planning, system improvement work in the organization and even the

    workers' own development.

    This thesis aims to show some of the most common tools of Lean philosophy with applicability

    in industrial maintenance. The tools used primarily serve to identify the waste and creating

    value in this area. This thesis aims to improve performance in industrial maintenance activities,

    also involving the production, administrative and security, among others.

    With the present work it was shown that before the application of Lean philosophy waste were

    huge and barely visible to employees and directors of the company. After applying the Lean

    philosophy appears that waste costs decreased dramatically.

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    IV

    Siglas e Abreviaturas

    JIT Just-In-Time

    TPM Total Productive Maintenance (Manuteno Produtiva Total)

    TPS Toyota Production System (Sistema de Produo da Toyota)

    SMED Single-Minute Exchange of Dies (Troca Rpida de Ferramentas)

    JIDOKA Automao das mquinas com toque humano

    Poka-Yoke Mecanismo anti erro.

    LPP Lio Ponto a PontoJIPM Japan Institute of Plant Maintenance

    OEE Overall Equipment Efficiency (Eficincia Global do Equipamento)

    VSM Value Stream Mapping (Mapeamento da Cadeia de Valor)

    MTBF Mean Time Between Failures (Tempo Mdio Entre Falhas)

    MTTR Mean Time To Repair (Tempo Mdio de Para Reparao)

    MTTF Mean Time To Failure (Tempo Mdio de Falha)

    EA Equipment Availability (Disponibilidade)

    IP Indisponibilidade de Processo

    CMFR Custo de Manuteno por Facturao

    Back Log Futura carga de trabalho

    KPIs Key Performance Indicators(Indicadores de Desempenho)

    CNC Controle Numrico Computorizado

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    V

    ndice

    Captulo 1 Introduo ................................................................................................... 1

    1.1

    Enquadramento ................................................................................................ 1

    1.2 Objectivos da dissertao ................................................................................ 2

    1.3 Estrutura da dissertao .................................................................................. 2

    Captulo 2 Filosofia Lean na manuteno .................................................................... 4

    2.1 Manuteno Industrial ..................................................................................... 4

    2.1.1 Evoluo Histrica da manuteno ................................................................. 4

    2.1.2 Manuteno ...................................................................................................... 6

    2.1.3

    Manuteno correctiva .................................................................................... 6

    2.1.4 Manuteno preventiva .................................................................................... 7

    2.1.5 Manuteno preditiva ...................................................................................... 7

    2.1.6 Manuteno detectiva ...................................................................................... 7

    2.1.7 Funo estratgica da manuteno ................................................................. 7

    2.2 Ferramentas Lean Aplicadas manuteno ................................................. 10

    2.2.1 Histria do TPM ............................................................................................ 10

    2.2.2

    O que o TPM ............................................................................................... 11

    2.2.3 Manuteno autnoma ................................................................................... 12

    2.2.4 Motivos para se aplicar filosofia Lean numa Industria ................................. 12

    2.2.5

    Melhorias com a filosofia TPM ..................................................................... 12

    2.2.6 Perdas a eliminar com o TPM ....................................................................... 13

    2.2.7 Seis dimenses ............................................................................................... 14

    2.2.8 Os oito pilares onde assenta a filosofia TPM ................................................ 15

    2.2.9 Implementao do TPM ................................................................................. 21

    2.2.10Dificuldades na implementao da filosofia TPM ......................................... 27

    2.3 OEE Overall Equipment Efficiency ............................................................ 28

    2.3.1 Perdas do Sistema de produo e o clculo OEE ......................................... 34

    2.3.2 OEE Alguns Cuidados a ter em ateno ..................................................... 36

    2.4 Desperdcio na Manuteno .......................................................................... 36

    2.4.1 Desperdcios .................................................................................................. 36

    2.4.2 Classes de desperdcios ................................................................................. 38

    2.4.3 Indicadores de desempenho ........................................................................... 39

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    VI

    2.4.4 O Motivo da utilizao dos indicadores de desempenho ............................... 40

    2.4.5 Controlo de Custos atravs dos indicadores de desempenho ........................ 41

    2.4.6 Nveis de Deciso ........................................................................................... 42

    2.4.7 Tipos de indicadores de desempenho............................................................. 43

    2.5 Filosofia Lean ................................................................................................ 43

    2.5.1

    Origem do Lean ............................................................................................. 43

    2.5.2 Quais os objectivos ........................................................................................ 46

    2.6 Ferramentas Lean aplicadas manuteno .................................................. 46

    2.6.1 Introduo de ferramentas ............................................................................. 46

    2.6.2 Ferramentas de diagnstico .......................................................................... 48

    2.6.3 Ferramentas de identificao de desperdcio ................................................ 48

    2.6.4 Ferramentas de criao de valor ................................................................... 56

    2.6.5 Outras ferramentas Lean ............................................................................... 60

    Captulo 3 Metodologia Lean na rea da manuteno ............................................... 64

    3.1 Manuteno Magra ........................................................................................ 64

    3.2 Lean na manuteno ...................................................................................... 65

    3.3 Desperdcios Lean na manuteno ................................................................ 66

    3.4 Ferramentas Lean aplicadas ao caso de estudo ............................................ 67

    3.5

    Utilizao de indicadores de desempenho KPI nos desperdcios.................. 67

    Captulo 4 Caso de estudo ........................................................................................... 72

    4.1 Apresentao da empresa .............................................................................. 72

    4.2 Manuteno existente antes da aplicao do Lean ....................................... 73

    4.3 Aplicao das ferramentas Lean ................................................................... 74

    4.4 Manuteno depois da aplicao do Lean .................................................... 83

    4.5 Segurana ...................................................................................................... 84

    4.6

    Segurana tanto para os trabalhadores como para as instalaes ............... 85

    4.7 Custos ............................................................................................................. 87

    4.8

    Comparao de custos antes e depois do Lean ............................................. 87

    Captulo 5 Concluses ................................................................................................. 89

    Bibliografia ..................................................................................................................... 90

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    VII

    ndice de Figuras

    Figura 1 Maquina a vapor Sc. XIX.............................................................................. 4

    Figura 2 Pirmide PQCDSM ...................................................................................... 14

    Figura 3 Os oitos pilar do TPM .................................................................................. 15

    Figura 4 Quadro das habilidades ............................................................................... 16

    Figura 5 PDCA ............................................................................................................ 18

    Figura 6 Quadro 2 do PDCA ...................................................................................... 18

    Figura 7 As 12 etapas do TPM .................................................................................... 22

    Figura 8 Implementao do TPM ............................................................................... 24

    Figura 9 Diagrama espinha de peixe .......................................................................... 28

    Figura 10 ndice de desempenho dos equipamentos ................................................... 32

    Figura 11 OEE ............................................................................................................ 32

    Figura 12 Quadro de classificao dos desperdcios ................................................. 39

    Figura 13 Tabela de ferramentas Lean ....................................................................... 47

    Figura 14 Mecanismo anti erro .................................................................................. 55

    Figura 15 Mecanismo anti erro .................................................................................. 55

    Figura 16 Ferramentas Lean para se aplicar no caso de estudo ............................... 67

    Figura 17 Nveis de indicadores ................................................................................. 69

    Figura 18 Grfico do tempo de paragem por avaria antes do Lean .......................... 74

    Figura 19 Ferramentas Lean ...................................................................................... 75

    Figura 20 Bancada desarrumada ............................................................................... 76

    Figura 21 Mquina de corte no fim do trabalho ......................................................... 77

    Figura 22 Painis para ferramenta ............................................................................. 79

    Figura 23 Carro de ferramentas ................................................................................. 79

    Figura 24 Armrio de ferramentas ............................................................................. 80

    Figura 25 Compressor de parafuso obstrudo com produtos de stock ....................... 81

    Figura 26 Compressor de parafuso com o espao sua frente desimpedido ............. 82

    Figura 27 Grfico do tempo de paragem por avaria depois do Lean ........................ 83

    Figura 28 Grfico de comparao do tempo de paragem por avaria depois do Lean84

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    Captulo 1 Introduo

    1.1

    Enquadramento

    A competitividade, a mudana, a organizao e a estratgia tm sido temas comuns, tanto no

    meio empresarial como no meio acadmico. As empresas tm estudado a melhor maneira de

    serem mais competitivas no mercado global, que enfrenta rpidas mudanas econmicas e

    sociais. Segundo Hayes e Schemmer (1986), Skinner foi o pioneiro em destacar a importncia

    da funo da fabricao de produtos na estratgia global das empresas.

    Nas dcadas de sessenta a oitenta, a indstria Norte Americana (Estados Unidos da Amrica)verificou um decrscimo das suas vendas devido ao desenvolvimento de pases provenientes do

    continente Asitico, como o Japo, colocando um fim no conceito que existia at dcada de

    sessenta, o trade-off custo/a qualidade, no se pode ter um produto de qualidade superior com

    um custo inferior. As empresas Japonesas para se afirmarem no mercado mundial, tiveram de

    investir em vrios sectores, tais como: a formao de trabalhadores para resolverem problemas

    em conjunto com os colegas; terem trabalhadores mais cumpridores das suas funes, existir

    uma excelente comunicao interna desde a gesto de topo at aos trabalhadores; melhorar a

    organizao no planeamento da produo (Paiva et al, 2004). A partir dos anos oitenta os

    conceitos como a melhoria continua em que o (Kaizen) uma via, o Just-in-Time (JIT) e a

    manuteno produtiva total (TPM) comearam a chegar aos Estados Unidos da Amrica

    propagando-se depois pelo resto do mundo. A afirmao destes conceitos e ferramentas deu

    origem a um novo modelo de produo, conhecida como produo magra aplicada no Sistema

    de Produo da Toyota (TPS), tornando-se uma mais-valia para as empresas que conseguiram

    implement-la.

    No incio do sculo XX, os principais trabalhos de Frederik Winslow Taylor e Henri Fayol

    deram origem, respectivamente, Escola da Administrao Cientfica e Teoria Clssica.

    Enquanto Frederik Winslow Taylor estava empenhado em aumentar a eficincia da indstria por

    meio da formao dos trabalhadores, aumentado a sua especializao e por sua vez aumentado a

    produo, Henri Fayol estava preocupado em aumentar a eficincia da empresa por meio da sua

    organizao e da aplicao de princpios gerais da administrao nos conceitos cientficos

    (Chiavenato I., 2003). Na Escola da Administrao Cientifica os trabalhos realizados por

    Frederik Winslow Taylor, Grantt, Gilbreth e Henry Ford marcaram a organizao do trabalho. A

    maior preocupao era aumentar a produtividade das empresas atravs da especializao dos

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    trabalhadores, pois quanto mais formaes tivessem mais produziam e com maior qualidade, o

    que os desgastava. A ateno focava-se toda no mtodo de trabalho, estudando o tempo dos

    movimentos necessrios para execuo de uma tarefa. Procurava-se todo o tipo de desperdcio

    nos trabalhadores para eliminar e reduzir custos da produo. A aplicao dos estudos de

    Frederik Winslow e Taylor comeou a afectar a rentabilidade dos trabalhadores, aparecendo

    assim os primeiros conflitos entre os trabalhadores e as administraes das fbricas (Liker,

    2004). Com o aparecimento da produo magra e o Sistema de Produo da Toyota (TPS), o

    trabalho em srie voltou a ser um tema de estudo, com um objectivo diferente da era de Frederik

    Winslow Taylor e Henry Ford. Neste novo estudo o lder um membro participante do processo

    de elaborao e definio dos padres de trabalho (Ohno, 1997) (Shingo, 1996).

    1.2 Objectivos da dissertao

    O objectivo do presente trabalho contribuir para o desenvolvimento de instrumentos de gesto

    que permitam implementar uma Manuteno magra.

    No entanto, tratando-se de um objectivo ambicioso e tendo em conta a complexidade inerente

    ao tpico sob investigao e as restries temporais associadas a uma dissertao de Mestrado, a

    sua concretizao nesta dissertao focalizada na prossecuo dos seguintes objectivos maisespecficos:

    Caracterizar os macros processos associados funo manuteno e proceder

    classificao das principais fontes de desperdcio.

    Introduzir na rea da gesto da manuteno os conceitos de Gesto Lean atravs

    da identificao de um conjunto de ferramentas que funcionam como pilares para

    a Manuteno Magra ou Lean Maintenance.

    Avaliar o impacto da aplicao das ferramentas Lean na melhoria do

    desempenho dos processos de manuteno atravs da anlise de um estudo de

    caso concreto, desenvolvido numa organizao especfica.

    1.3 Estrutura da dissertao

    No primeiro captulo descreve-se o enquadramento da dissertao e a sua utilidade no meio

    industrial. Mostra-se resumidamente como ser constituda a estrutura do presente documento

    nos restantes captulos.

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    No Segundo captulo fala-se da evoluo histrica tanto do Lean como da manuteno. feita

    uma breve abordagem do desenvolvimento da manuteno e do Lean ao longo dos tempos. So

    abordadas algumas ferramentas Lean, algumas das quais com aplicao na manuteno.

    No terceiro captulo feita uma abordagem das ferramentas do Lean com aplicabilidade na

    manuteno, que sero depois aplicadas ao caso de estudo. Mostra-se neste captulo quais as

    ferramentas que identificam o desperdcio e as que criam valor.

    No quarto captulo descrita a actividade da empresa onde se ir implementar o caso de estudo

    com as ferramentas referidas no terceiro captulo. Ser referido o Lean e a sua aplicao e

    formao aos trabalhadores na empresa. Ser mostrado como se ir implementar as ferramentas

    Lean, as de identificao de desperdcio e as de criao de valor. Tambm ser referida a

    segurana dos trabalhadores do meio ambiente e instalaes. Ser feita uma comparao entre o

    antes e o depois da implementao nos custos na empresa.

    No quinto captulo so apresentadas as concluses do estudo da implementao das ferramentas

    Lean no sector da manuteno da empresa onde se aplicou o caso de estudo. Sero propostos

    alguns trabalhos futuros, pois tal como o Lean diz temos de melhorar sempre mesmo que j

    tenha sido melhorado.

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    Captulo 2 Filosofia Lean na manuteno

    2.1 Manuteno Industrial

    2.1.1

    Evoluo Histrica da manuteno

    Para se saber como a manuteno evoluiu, tem-se de recuar no tempo at ao incio do sculo

    XX, isto para se saber como era vista e era utilizada a manuteno. A evoluo histrica da

    manuteno est dividida por quatro fases. Vejamos alguns dos momentos mais marcantes da

    evoluo da manuteno.

    1 Fase Vai at ao ano de 1914, onde a manuteno tinha pouca importncia, era considerada

    como secundria no processo produtivo, as indstrias da poca no tinham equipas

    especializadas em manuteno e as indstrias trabalhavam obtendo a mxima produo das

    mquinas at que estas avariassem ou parassem definitivamente.

    A partir da Primeira Guerra Mundial, as indstrias de um modo em geral, querendo manter uma

    produo mnima, criaram um rgo, subordinado produo. O objectivo bsico era fazer

    manuteno correctiva dos equipamentos, ou seja, quando os equipamentos por algum motivo

    parassem de produzir, a manuteno era accionada para fazerem a devida reparao, voltando

    assim ao processo produtivo, o que para a poca era o suficiente. A procura de servios at

    ento era pequena, devido s mquinas serem sobredimensionadas e robustas, o que garantia

    uma longa vida til. mostrado na Figura 1 uma mquina a vapor desse tempo.

    Figura 1 Maquina a vapor Sc. XIX(fonte:http://www.adazi.lv/page/150)

    2 Fase A situao apresentada na primeira fase, era a poca do avaria-repara, mantendo-seassim at aos anos 30, quando em funo da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de

    http://www.adazi.lv/page/150http://www.adazi.lv/page/150
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    aumentar a produo e a sua rapidez, apontando assim para o abastecimento de uma procura

    crescente, as indstrias nos seus rgos mximos, decidiram criar um departamento de

    manuteno, para que houvesse uma preocupao no s em corrigir as avarias mas tambm em

    evit-las. Nesta poca comeou-se a pensar como se poderia manter o sector dai em diante, ou

    seja, o que a manuteno devia fazer para que as mquinas pudessem produzir o maior nmero

    de peas.

    3 Fase De 1940 a 1970, com o desenvolvimento da aviao comercial, houve uma expanso

    de critrios de manuteno preventiva, uma vez que no havia a possibilidade de executar a

    manuteno correctiva num avio com este em pleno voo. Esta fase considerada a mais

    importante, j que possibilitou a manuteno ter mais qualidade. A manuteno passava a ser

    vista de outra forma, de uma funo de reparar os equipamentos, para uma funo mais

    qualificada (mais tcnica), como o caso de anlise de falhas de equipamentos, antecipando-se

    aos problemas ou falhas.

    Nos finais dos anos sessenta incio dos anos setenta, apareceram os primeiros computadores

    constitudos por enormes caixas do tamanho de uma casa e muito lentos, com poucas funes.

    4 Fase De 1970 at aos dias de hoje, com o aumento da indstria e a expanso dos

    computadores, sendo mais rpidos com softwares potentes, a manuteno passou a estar

    inserida nos processos mais sofisticados, tais como de controlo e anlise, utilizado no dia-a-dia.

    A manuteno no s utilizar as caixas de ferramentas para a reparao das mquinas

    avariadas, mas tambm, antecipar-se s falhas e determinar os melhores e mais econmicos

    perodos para a execuo da manuteno preventiva, que na maioria dos casos deixa de ser

    apenas baseada no tempo.

    Estes critrios so conhecidos tambm como controladores informativos, que visam prever ou

    monitorizar a condio dos equipamentos. Colocam a manuteno numa situao controlada econsequentemente mais econmica para as empresas, com impacto na produo e

    principalmente com mais segurana para os trabalhadores e para o meio ambiente.

    A 4 Fase apareceu no incio nos anos setenta com a tecnologia existente nessa altura. Com

    desenvolvimentos dos computadores melhorou-se e modificou-se a manuteno.

    Nos anos setenta apareceu a manuteno preventiva condicionada que consiste em

    executar a manuteno nos componentes s quando existe necessidade. uma

    manuteno preventiva, subordinada a um tipo de acontecimento predeterminado

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    (autodiagnstico), a informao dada por um sensor assim que se verifique um

    desgaste ou outro indicador que possa revelar o estado de degradao do equipamento.

    A manuteno produtiva total, mais conhecido pelo TPMapareceu nos anos oitenta

    no Japo (o TPM est descrito mais frente).

    A gesto produtiva totalapareceu nos anos noventa, uma ferramenta de gesto na

    eliminao das perdas industriais.

    No ano dois mil apareceu a e-Maintenance a aplicao do TIC (informao e

    comunicao de tecnologias) na indstria dentro da estratgia da manuteno.

    2.1.2Manuteno

    Segundo a NP EN 13306 de 2007, manuteno a combinao de todas as aces tcnicas,

    administrativas e de gesto, durante um ciclo de vida de um bem, destinadas a mant-lo ou rep-

    lo num estado em que ele pode desempenhar a funo requerida. Ainda segundo a mesma

    norma, a gesto da manuteno so todas as actividades de gesto que determinam os

    objectivos, a estratgia e as responsabilidades respeitantes manuteno e que os implementam

    por diversos meios tais como o planeamento, o controlo e superviso da manuteno e amelhoria de mtodos na organizao, incluindo os aspectos econmicos.

    Segundo Kardec et al (2003) a manuteno muito importante na indstria para que se produza

    o maior nmero de produtos sem que os equipamentos se avariem.

    2.1.3Manuteno correctiva

    Segundo Kardec et al (2003) manuteno correctiva pode ser dividido em dois grupos,

    nomeadamente manuteno correctiva no planeada e manuteno correctiva planeada.

    Manuteno correctiva no planeada a correco da avaria aps um problema, que afecta em

    parte ou todo o equipamento. Para Xenos (1998) este processo causa empresa um grande custo

    relativo manuteno das mquinas. O custo mais elevado quando a produo pra, tendo

    custos com a paragem, estando em causa a qualidade e prazos de entrega dos produtos aos

    clientes.

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    Manuteno correctiva planeada (Manuteno diferida) a correco programada ou

    acompanhada atravs de mtodos preditivos ou detectivos, at que a interveno seja possvel,

    sem afectar directamente a produo, (Kardec et al, 2003).

    2.1.4Manuteno preventiva

    Manuteno preventiva a manuteno efectuada com a inteno de reduzir ou evitar a avaria

    do equipamento. Para isso utiliza-se um plano antecipado, com intervalos de tempo definidos,

    independente da real necessidade, cujo objectivo ser os cuidados preventivos que sejam de

    evitar as falhas (Kardec et al, 2003).

    2.1.5Manuteno preditiva

    Manuteno preditiva aquela que aponta para a realizao de ajustes nas mquinas ou

    equipamentos apenas quando elas necessitam, porm sem que elas avariem ou parem. Com um

    acompanhamento directo e constante, possvel prever falhas e saber quando ser necessrio

    fazer uma interveno (Kardec et al, 2003).

    2.1.6Manuteno detectiva

    Manuteno detectiva executada com um mtodo de proteco, detectando possveis falhas

    ocultas ou no visveis equipa de manuteno (Kardec et al, 2003). Chama-se a ateno para o

    facto de este tipo de manuteno no existir na Norma Portuguesa, NP EN 13306:2007.

    Segundo a Norma Portuguesa, manuteno preditiva a manuteno condicionada efectuada deacordo com as previses extrapoladas da anlise e da avaliao de parmetros significativos da

    degradao do bem (NP EN 13306, 2007).

    2.1.7Funo estratgica da manuteno

    A manuteno uma combinao de aces tcnicas, incluindo as de verificao, destinadas a

    manter ou reparar um bem de um equipamento, para que possa desempenhar a sua funo.

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    Kardec et al (1998) define manuteno como Garantir a disponibilidade da funo dos

    equipamentos e instalaes de modo a que um processo de produo e a preservao do meio

    ambiente, com fiabilidade, segurana e custos adequados.

    Segundo Maral (2004) a manuteno existe para que um equipamento desempenhe as funespara as quais foi projectado tendo em conta que o envelhecimento cria um desgaste nos seus

    rgos.

    A manuteno pode desempenhar uma funo importante na melhoria da produo, melhorando

    a sua organizao e evitando problemas relacionados entre os vrios departamentos das

    empresas, deixando de ser um mal necessrio (Maral, 2004). Existe uma procura de melhorar

    os resultados e a reduo de custos, para se sobreviver num mundo que est em constante

    mudana. Para isso todos os departamentos, como a manuteno, deveriam fazer parte daestratgia das empresas, para estarem directamente ligadas qualidade dos produtos.

    Segundo Faria (1994) o principal objectivo de uma empresa a obteno de lucro, diferena

    entre ganhos e despesas, os departamentos que geram ganhos so os da produo e marketing, e

    os departamentos da manuteno e compras so responsveis pelas despesas. Devido a estes

    factos as direces das empresas no do o devido valor, sobretudo manuteno.

    O plano de manuteno citado por Kardec (1998) como pensar e agir estrategicamente, para

    que a actividade da manuteno se integre de maneira eficaz ao processo produtivo,

    contribuindo, efectivamente, para que as empresas caminhem num rumo ao bom sucesso

    empresarial.

    Segundo Kardec (1998) no tempo em que se vive, o departamento de manuteno no deve ser

    considerado como o que realiza as manutenes, mas sim deve trabalhar com um processo de

    desenvolvimento, de planos de manuteno para que os equipamentos no avariem. O

    departamento de manuteno deve ser considerado como parte dos processos estratgicos.

    Segundo Kardec (1998) o departamento de manuteno tem objectivos:

    Aumento da disponibilidade

    Aumento do lucro

    Aumento da segurana dos trabalhadores e das instalaes

    Reduo da procura de servios

    Reduo de custos

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    Tipos de Manuteno

    Segundo Katz e Kahn (1978) numa empresa, a estratgia da manuteno est relacionada com

    mtodo de utilizar adequadamente os recursos fsicos, humanos e financeiros, tendo em vista a

    reduo dos problemas e o aumento das oportunidades. A estratgia deve ser sempre uma opo

    econmica vivel, quanto possvel e original, tornando-se uma das melhores ferramentas para a

    empresa utilizar nos seus recursos. Assim as empresas tornam-se altamente competitivas,

    superam a concorrncia, reduzem os seus problemas e aproveitam as oportunidades que possam

    aparecer.

    Dentro do processo da produo, est agregada muitas vezes manuteno, neste caso

    designando-se por manuteno descentralizada.

    A manuteno existe em quase todos as empresas, podendo apresentar-se vrios modelos deprocessos, estruturas, direces, tipos de servios, operaes e principalmente processos de

    manuteno, que se diferenciam entre si.

    De acordo com os autores Katz e Kahn (1978), a manuteno deve ser uma funo estratgica e

    principalmente considerada por todos da organizao. Dentro do processo e estrutura do

    departamento a manuteno deve ser tida em considerao para se atingirem os objectivos de

    crescimento e vantagem competitiva satisfatria.

    O processo de descentralizao da manuteno deve ser muito bem estudado, apresentado de

    forma estruturada a toda a produo e equipa de manuteno, onde necessrio o

    acompanhamento das equipas, para que a resistncia criada por qualquer tipo de mudana no

    comprometa o sucesso do projecto.

    Tavares (1999) cita a manuteno acaba por se dividir da seguinte maneira

    Centralizada:o departamento de manuteno administrado pelo director responsvelque coordena todas as etapas de manuteno, engenharia de manuteno, manuteno

    preventiva e preditiva.

    Descentralizada:o departamento de manuteno est dividido em sectores fabris, que

    so independentes, sendo administrados pela produo, utilizada na maioria dos casos

    por empresas petrolferas.

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    Mista: a unio das duas formas de manuteno, centralizada e descentralizada. Na

    maioria das empresas, a diviso d-se entre a engenharia da manuteno e a manuteno

    de linha. A direco da manuteno organiza a engenharia da manuteno, a produo

    administra os tcnicos da linha.

    A estrutura descentralizada tem o objectivo de aproximar as equipas de manuteno com as de

    produo, reduo de perdas na linha, reduo das distncias entre as unidades de produo,

    melhorar o relacionamento dos trabalhadores, separando os departamentos, criando valor nas

    empresas.

    Kardec (1998) cita, de um modo generalizado, as empresas actuais procuram estruturas de

    manuteno mais magras. Entende-se que necessrio a eliminao de nveis de chefia,

    adoptar polivalncia tanto na rea de operaes como de manuteno, contratao deempresas parceiras, juntarem os departamentos de electricidade, automao, mecnica. Estes

    factores reduzem muita mo-de-obra.

    2.2 Ferramentas Lean Aplicadas manuteno

    2.2.1 Histria do TPM

    A Manuteno Produtiva apareceu nos Estados Unidos da Amrica nos finais dos anos quarenta

    incio dos anos cinquenta. Este conceito era caracterizado pelo desenvolvimento de tcnicas de

    manuteno preventiva sistemtica para melhorar a fiabilidade dos equipamentos. A

    Manuteno Produtiva Total (TPM) no mais do que o conceito inicial modificado e

    melhorado para se ajustar ao ambiente industrial Japons.

    No ano de 1953 um grupo de vinte empresrios Japoneses juntaram-se para fazer investigao,

    em 1962 deslocaram-se aos Estados Unidos da Amrica para observar a manuteno produtiva

    Americana. Esta misso deu origem criao do Japan Institute of Plant Engineers (JIPE),

    antecessor do Japan Institute of Plant Maintenance, criado em 1969. A Ninppondenso (empresa

    fornecedora de componentes Toyota) foi a primeira companhia Japonesa a introduzir a

    manuteno preventiva nos equipamentos das suas linhas de produo.

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    2.2.2 O que o TPM

    Segundo Willmott e Mccarth (2001) o TPM uma filosofia ou uma forma de pensar da

    manuteno, que traduz um novo conceito de como manter uma instalao ou um equipamento.

    O TPM um mtodo de gesto que identifica e elimina as perdas existentes nos processos

    produtivos, maximiza a utilizao do activo industrial e garante a gerao de produtos de alta

    qualidade a custos competitivos. Desenvolve conhecimentos capazes de reeducar as pessoas

    para aces de preveno e melhoria contnua, garantindo a fiabilidade dos equipamentos e da

    capacidade dos processos, sem investimentos adicionais.

    Segundo Ribeiro, H. (2007), traduzindo TPM para a lngua inglesa Total Productive

    Maintenance.

    Total quer dizer que todos os colaboradores so envolvidos em todas as actividades com o

    objectivo de eliminar todos os acidentes, defeitos e falhas (desperdcios).

    Productive as aces so realizadas enquanto a produo contnua, os problemas para a

    produo so minimizados.

    Maintenance mantm uma boa condio dos equipamentos reparando, limpando e

    lubrificando.

    Com estes procedimentos consegue-se aumentar a produo e simultaneamente levantar a moral

    e a satisfao no trabalho dos colaboradores.

    Os tempos de paragem para a manuteno so planeados com o processo produtivo e em

    conjunto encontra-se o tempo ideal para se parar a produo e proceder-se manuteno dos

    equipamentos. Desta forma pretende-se transformar ou reduzir ao mnimo possvel a

    manuteno de urgncia (manuteno correctiva) (Ribeiro 2007).

    Para se aplicar o TPM, primeiro tem de se providenciar a melhor formao aos trabalhadores

    tanto na rea da manuteno como rea da produo, envolver todos para trabalhar em equipa e

    dialogarem entre si. Os trabalhadores so os melhores conhecedores e informadores dos

    equipamentos, podem descrever e transmitir todas as anomalias, muito antes de acontecerem as

    avarias. Tem de se melhorar o sistema de manuteno planeada existente e aumentar a eficcia

    global dos equipamentos (Nakajima, 1989).

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    Com a aplicao da filosofia TPM consegue-se evitar gastos desnecessrios, normais num

    ambiente constante de mudana econmica, produzir bens sem reduzir a qualidade dos mesmos,

    reduzir custos e produzir mais quantidade em menos tempo. Os produtos entregues aos clientes

    no contm defeitos (Shirose, 2000).

    2.2.3 Manuteno autnoma

    A Nippondenso, que ento j seguia a manuteno preventiva, adicionou a manuteno

    autnoma, designada por ser realizada pelos prprios trabalhadores dos equipamentos

    (Robinson e Ginder, 1995).

    Segundo Seiichi Nakajima o fundador do TPM cita de uma forma simples que a Manuteno

    Produtiva Total levada a cabo por todos os trabalhadores em pequenas actividades de

    grupo. De acordo com os princpios da filosofia TPM, a responsabilidade pela optimizao dos

    equipamentos no reside apenas no departamento de manuteno, mas em todos os

    trabalhadores.

    2.2.4

    Motivos para se aplicar filosofia Lean numa Indstria

    Segundo Suzuki (1992), a adopo de uma abordagem de ciclo de vida na melhoria do

    desempenho global dos equipamentos de produo, prolonga a vida dos equipamentos. A

    melhoria da produtividade alcanada atravs de colaboradores altamente motivados, resultado

    do alargamento das suas responsabilidades. A utilizao de pequenos grupos de trabalho em

    actividades como a identificao das causas das avarias ou anlises de potenciais modificaes

    na instalao de equipamentos ajuda a manter a mquina sempre operacional. O que faz a

    distino entre TPM e outros conceitos o empenho dos trabalhadores no processo demanuteno. O conceito de eu opero (Operao de Produo) e tu reparas (Departamento de

    Manuteno) no aplicado na filosofia do TPM.

    2.2.5 Melhorias com a filosofia TPM

    A implementao do TPM acabou por trazer mais-valias para indstria, assim se mostra nos

    pontos seguintes (Nakasato, 1994):

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    Aumento da confiana entre todos os trabalhadores.

    Locais de trabalho mais, limpos, arrumados, organizados, e atractivos.

    Mudana favorvel na atitude dos trabalhadores.

    Alcanar objectivos atravs do trabalho em equipa.

    Expanso horizontal de um novo conceito em todas as reas da organizao.

    Troca de conhecimentos e experincias.

    Os trabalhadores ficam com um sentimento de posse relativamente aos equipamentos.

    2.2.6 Perdas a eliminar com o TPM

    Segundo Shirose (2000), identificam-se os vrios tipos de perdas existentes numa indstria em:

    Perdas por avaria paragem acidentais.

    uma das causas que mais afecta a eficincia dos equipamentos. Pode ser medida

    atravs da fiabilidade dos bens.

    Perdas por mudana de produto (afinaes de equipamentos).

    Perdas por paragem devido necessidade de mudana de produto. Em geral

    necessrio afinar-se os equipamentos para o novo produto.

    Perdas devido a moldes e ferramentas.

    Perdas resultantes do desgaste das ferramentas ou moldes usados no processo produtivo,

    os produtos ficam com anomalias.

    Perdas por pequenas paragens (funcionamento sem carga)

    As pequenas paragens resultam de problemas instantneos onde o equipamento pra ou

    pera em vazio (Ex. encravamento de uma pea, atrasos ou paragens a jusante).

    Perdas por quebra de velocidade (aumento do tempo de ciclo).

    Resulta da diminuio da velocidade de processamento relativamente velocidade

    nominal. O tempo de ciclo ir aumentar, reflectindo-se por menor produo por unidade

    de tempo.

    Perdas por produtos com defeitos.

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    Perdas originadas pela deteco de produtos sem qualidade. Pode ser consequncia de

    uma m afinao do equipamento ou uma m afinao do mesmo ou desgaste nas

    ferramentas.

    Perdas no arranque dos equipamentos.

    Muitos equipamentos necessitam de um perodo de arranque at a estabilizao do processo,

    perdendo-se em alguns casos uma parte da produo.

    2.2.7 Seis dimenses

    Segundo Nakasato et al, (1994) existem benefcios em seis dimenses, utilizando a sigla

    PQCDSM para as referenciar:

    Productivity Produtividade

    Quality Qualidade

    Cost Custos

    Delivery Servios

    Safety Segurana

    Morale Moral

    Figura 2 Pirmide PQCDSMAutor (Sobral, 2011)

    Deve existir um equilbrio entre estas seis dimenses. No adianta ter uma produo muito boa

    se os custos forem superiores aos dos seus concorrentes. Da mesma maneira, uma empresa no

    existir se tiver custos mais baixos e uma qualidade muito boa, no conseguindo atender todas

    as encomendas nos prazos de entrega estabelecidos com os clientes (Nakasato et al, 1994).

    Alem de medirem o resultado final, esses indicadores servem para avaliar o desempenho de

    todas as etapas da cadeia produtiva. Embora algumas dessas dimenses no sejam visveis, ou

    tangveis, ao cliente, o equilbrio entre essas dimenses de indicadores de desempenho,

    determina o nvel de produtividade da empresa (Nakasato et al, 1994).

    Indicadores do TPM

    Produtividade Valor acrescido, aumento da produtividade, eficincia das actividades.

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    Qualidade Dos prprios equipamentos, das actividades executadas, excelncia da

    tecnologia disponvel e dos produtos comercializados ou servios prestados.

    Custos Da infra-estrutura, dos projectos, da concorrncia, dos bens adquiridos, etc.

    Servios Tempo de entrega.

    Segurana Das pessoas, do meio ambiente e das instalaes (Patrimnio)

    Moral Capacidade tcnica da formao de trabalhos e reconhecimento pelo esforo e

    competncia.

    Resultados

    Produtividade Aumento da produtividade liquida e eficcia global e reduo do

    nmero de avarias nos equipamentos.

    Qualidade Reduo das taxas de defeito nos processos, das reclamaes e devolues.

    Custos Reduo do custo da produo, menos produtos com defeitos.

    Servios Reduo de Stock de produtos e trabalhos em curso.

    Segurana Zero acidente, zero incidentes de produo.

    Moral Sugestes de melhorias, cada trabalhador que sabe como melhorar o

    equipamento para tirar a maior produo.

    2.2.8 Os oito pilares onde assenta a filosofia TPM

    Figura 3 Os oitos pilar do TPMAutor (Sobral,2011)

    http://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htmhttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm
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    Segundo Sobral (2011), o desenvolvimento da filosofia TPM suportado por actividades que

    podem ser representados por oito pilares de sustentao. Cada pilar encontra-se inserido num

    sistema de gesto integrado.

    1)

    Pilar Educao e Treino Nenhum dos pilares bem sucedido se os trabalhadores no

    estiverem em constante aprendizagem.

    O objectivo deste pilar aperfeioar a habilidade de todos os trabalhadores que

    contribuem para a melhoria do desempenho da organizao.

    normal utilizar-se a tcnica do LPP (Lio ponto a ponto) e a matriz de habilidades.

    O LPP consiste num trabalhador transmitir o conhecimento que possui sobre um ponto

    especfico a outro colega no prprio local de trabalho, de uma forma clara, rpida e o

    mais prtico possvel.

    O objectivo desta ferramenta no treinar o trabalhador que no tem formao, mas

    partilhar pequenos e importantes conhecimentos sobre a regulao do equipamento ou o

    desenvolvimento de um processo.

    A matriz de habilidades consiste em efectuar o cruzamento das habilidades necessrias

    para realizar uma tarefa com habilidades que o trabalhador possui.

    Podem ser especificadas cinco fases no desenvolvimento das habilidades:

    Habilidade Capacidade ou destreza que uma pessoa possui para executar uma determinada

    tarefa.

    Nvel 0No sabe executar uma actividadeTem falta de conhecimentos

    Nvel 1 Tem conhecimento da teoriaFalta de treino

    Nvel 2 Consegue at certo pontoFalta de treino

    Nvel 3 Consegue com seguranaAprendeu a executar

    Nvel 4 Consegue ensinar os colegasDomnio perfeito

    Figura 4 Quadro das habilidadesAutor (Sobral, 2011)

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    Comparando os dados, identificam-se as necessidades de formao e treino de cada

    trabalhador, necessrio saber se existe algum trabalhador dentro da equipa que possa

    dar essa formao.

    2)

    Pilar Manuteno Autnoma Organizao dos trabalhadores em pequenos grupos

    (grupos autnomos) tem como finalidade cuidar dos seus equipamentos, identificar

    perdas e implantar melhorias.

    Os trabalhadores aprendem a realizar actividades de limpeza, inspeco e lubrificao aos

    seus equipamentos.

    Com estas aces as paragens ligadas falta de limpeza e lubrificao so eliminadas,

    aumentando a produo.

    Durante as aces de inspeco os trabalhadores identificam os problemas dos seus

    equipamentos, comeando os diagnsticos por ser em grande parte baseados nos sentidos

    (olfacto, audio, tacto e viso), posteriormente evoluindo para uma inspeco baseada

    em conhecimento, adquirido em programas de formao e treino.

    Com o tempo, os trabalhadores comeam a ficar capacitados para realizar pequenas

    reparaes nos equipamentos em que laboram.

    Os trabalhadores identificam quais so as maiores perdas do equipamento e propem

    melhorias no sentido de as reduzir (ou mesmo eliminar) e melhorar a produo.

    3) Pilar Manuteno Planeada Com uma manuteno planeada os esforos so

    realizados na perspectiva proactiva e no numa postura reactiva.

    O objectivo de obter zero avarias, melhorar a fiabilidade e a manutibilidade, reduziros custos com a manuteno e assegurar a disponibilidade de peas de reserva

    (sobressalentes), aplicando a manuteno mais adequada a cada equipamento.

    Os trabalhadores da manuteno tambm so responsveis por treinar os trabalhadores da

    produo (operadores) no que se refere a pequenas aces de manuteno (manuteno

    autnoma).

    Deve ser feita uma avaliao dos equipamentos, incluindo anlise de degradao e amelhoria de pontos fracos.

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    Na manuteno planeada normal existir um sistema de informao onde se preparam as

    intervenes para cada equipamento, cumprindo programas e atribuindo recursos

    (materiais e humanos), resultando num mapa (planeamento).

    Todas as actividades devero ser sujeitas a um ciclo de controlo para aferir os programas,

    recursos, momentos de interveno, custos e outros indicadores se encontrarem

    optimizados.

    4) Pilar Melhorias especifica Ajuda a enfrentar as grandes perdas da organizao.

    Consiste em identificar a maior perda de um equipamento ou processo (produtivo ou

    administrativo), abordar essa perda de uma forma sistemtica at que a mesma seja

    extinta.

    Nesta vertente so tambm constitudos grupos de trabalho, sendo por vezes necessria a

    ajuda de especialistas para identificao das perdas (equipa multidisciplinar).

    A ferramenta mais utilizada neste pilar o formulrio CAPDo. Consiste em verificar o

    estado actual, como est hoje o processo, quais os problemas, o que se est a fazer para

    que a perda no acontea, definir uma meta, planear aco e execut-las.

    Figura 5 PDCAAutor (Sobral, 2011)

    C Check

    Analisar e estudar os problemas at aos mnimos detalhes at que a causa fundamental da perdaseja descoberta.O nome melhoria especfica significa escolher um assunto especfico de cada vez. Nesta etapaso definidas as metas para o grupo.

    A Analyze Descobrir as causas do problema, ou seja, determinar o porque da perda estar a acontecer.Nesta fase pode ser utilizada a tcnica dos Porqus.

    P Plan a etapa do planeamento das aces.

    DO DO Fazer, ou seja, executar aces e analisar os resultados obtidos. muito importante quantificaros ganhos em custos

    Figura 6 Quadro 2 do PDCAAutor (Sobral, 2011)

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    5) Pilar Segurana Higiene Ambiente As actividades so centradas na preveno de

    acidentes, para as pessoas, equipamentos e ambientais.

    O objectivo eliminar as condies inseguras e os actos inseguros.

    As condies inseguras referem-se a questes fsicas que podem causar acidentes, em,

    pessoas, equipamentos (falta de proteces, sensores de proteco danificados, etc.), que

    podem ser eliminados atravs de reparaes ou melhorias.

    Os actos inseguros normalmente referem-se a incumprimentos de regras ou normas (ex.

    trabalhador desliga um sensor de segurana).

    As aces desenvolvidas baseiam-se em programas de consciencializao e aces de

    formao.

    H que identificar e conhecer os potenciais incidentes e acidentes, sendo uma das tarefas

    dos grupos de trabalho que so constitudos.

    6) Pilar Manuteno da qualidade Verifica-se que as condies em que os equipamentos

    operam afectam de forma significativa a qualidade dos produtos.

    As garantias deste pilar visam garantir a qualidade dos produtos no processo produtivo,

    para se atingir a meta zero defeitos.

    Levantar os defeitos dos produtos Definir quais os defeitos que cada recurso de

    produo gera no produto (reclamaes, devolues, inspeco por amostragem, etc.);

    Implementar pontos de inspeco da qualidade dos equipamentos sabendo a relaodos defeitos com as partes dos equipamentos e o que pode causar estes defeitos

    (regulao, pea, ferramenta) estipula-se um plano de inspeco em pontos concretos. A

    garantia da qualidade nos processos elimina as reclamaes e o tempo para inspeco

    dos produtos;

    Melhorias especficas para eliminar perdas Identificadas as perdas do produto, pode-se

    agora estudar as suas causas atravs da metodologia CAPDo (j referido).

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    7) Pilar Controlo inicial Muitas das perdas nos processos produtivos derivam de

    imperfeio nos projectos dos equipamentos.

    So necessrias, algumas anlises aos projectos antes dos mesmos se concretizarem.

    Deve-se analisar a facilidade das operaes, se a manuteno simples e de baixo custo,

    se no gere facilmente produtos com defeitos e se flexvel e segura.

    O pilar designado por Controlo inicial eleva o poder de resposta ao mercado,

    agilizando a concepo de novos produtos.

    As empresas que produzem produtos de consumo com um ciclo de vida curto (constante

    inovao e mudana de produto) beneficiam das actividades desenvolvidas neste pilar,

    uma vez que so necessrios novos equipamentos ou novos processos.

    Neste pilar analisado todo o ciclo de vida dos equipamentos numa abordagem de

    terotecnologia. A Terotecnologia uma concepo global e integrada do modo como

    deve ser estudada, escolhida e construda uma nova instalao tecnolgica, tendo em

    conta o abaixo mencionado.

    Os equipamentos so analisados nas seguintes fases:

    1- Especificao;

    2- Projecto;

    3- Fabricao;

    4- Instalao;

    5- Comissionamento;

    6- Operao;

    7- Substituio;

    A etapa inicial compreende desde a especificao at etapa de comissionamento (ou

    partida), quando ento entregue ao departamento de produo para operao plena.

    8) Pilar Gesto Administrativa O objectivo melhorar a eficincia e eliminar as perdas

    dos processos administrativos.

    O Produto da rea administrativa tambm pode ser realizado de forma mais rpida e

    com maior qualidade.

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    A rea administrativa tambm susceptvel de formao de pequenos grupos de trabalho,

    cuja misso definir quais os processos e a forma de medir a sua eficincia e perdas.

    Analisam-se as funes executadas se existirem tarefas que possam ser eliminadas ou

    uma melhor forma de as executar.

    As doze maiores perdas administrativas so:

    a. Perdas no processamento;

    b. Perdas econmicas (Custos) Contabilidade, Marketing, etc;

    c. Perdas na comunicao;

    d. Perdas por espera;

    e. Perdas no arranque;

    f. Perdas por falta de preciso;

    g. Perda por avarias dos equipamentos de escritrio (computa., impressoras, etc.);

    h. Perda por quebra nos canais de comunicao (telefone, fax, mail, etc.);

    i. Perda por tempo gasto para encontrar a informao;

    j. Perdas por indisponibilidade de material de escritrio;

    k. Perda por queixa dos clientes por existir logstica imperfeita;

    l. Perdas com despesas de compras urgentes.

    Aps todos os esforos a nvel interno deve-se estender o conceito (Gesto

    administrativa) a fornecedores e distribuidores, com o objectivo de se alcanar menores

    tempos para entrega e melhor qualidade, com menores custos (fornecedores), reduo dos

    danos durante o transporte do armazenado do manuseado e uma distribuio sem atrasos

    (distribuidores).

    2.2.9 Implementao do TPM

    Segundo Sobral, (2011), o TPM, onde a etapa de preparao a de maior importncia para o

    sucesso do processo de implementao da filosofia TPM. onde se define a estrutura, se faz o

    planeamento de toda a estratgia de implementao e se obtm o comprometimento de todos.

    De acordo com o JIPM, a implementao da filosofia TPM numa organizao engloba doze

    etapas, divididas por quatro fases.

    1 Fase Preparao para a introduo (5 etapas)

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    22

    2 Fase Inicio da introduo (1 etapa)

    3 Fase Implementao (5 etapas)

    4 Fase Consolidao (1 etapa)

    Vejamos cada uma destas fases e etapas de uma forma mais pormenorizada.

    Figura 7 As 12 etapas do TPMAutor (Sobral, 2011)

    1 EtapaDeclarao da administrao sobre a inteno de introduzir a filosofia TPM.

    O sucesso ou o fracasso na implementao da filosofia TMP depende em larga escala dadeterminao da administrao da empresa, uma vez que mudar a forma de trabalho das

    pessoas (ou at a prpria estrutura da organizao).

    Quando a iniciativa parte de outros nveis hierrquicos inferiores, normalmente o resultado

    uma limitao da abrangncia das iniciativas.

    2 EtapaTreino/formao de introduo filosofia TPM

    Por questes consideradas bvias, comea-se por capacitar os trabalhadores que sero

    responsveis pelos processos de planeamento e coordenao da implementao da filosofia

    TPM.

    Os cursos de formao devero ser abrangentes, mas pouco intensos, ter contedos

    diferenciados, adequados ao nvel funcional dos trabalhadores.

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    A ideia dar uma viso geral de toda a metodologia, capacitando cada trabalhador para

    conduzir a fase inicial da implementao.

    frequente o estabelecimento de trs nveis de formao inicial, nomeadamente:

    Nvel 1 Directores e gestores;

    Nvel 2 Supervisores do processo inicial (facilitadores)

    Nvel 3 Membros das equipas de implementao (multiplicadores)

    Podero ser estabelecidas parcerias com empresas especializadas em TPM para ajudar em

    determinados pontos especficos da implementao, medida que os trabalhos forem evoluindo.

    3 EtapaCriao da estrutura para implementao da filosofia TPM

    Deve-se entender esta implementao como uma forma de melhorar a cultura da organizao e

    optimizar o processo produtivo (e administrativo), pelo que dever ser bem definido o papel que

    cada nvel hierrquico ir ter.

    O objectivo desta etapa criar uma estrutura para promover o TPM, juntando a estrutura

    vertical com a horizontal. Deve-se criar uma secretaria administrativa dirigida por algum queser o responsvel pela promoo do programa de implementao dentro da organizao.

    Devero ser constitudos nesta fase oito subcomisses, sendo cada uma responsvel pelo

    desenvolvimento da metodologia de cada pilar da filosofia TPM. As equipas designadas para a

    implementao da filosofia TPM devero ser constitudas por pessoal operacional e pessoal

    supervisor. Dever ser dada especial ateno estrutura da coordenao. Um dos erros mais

    comuns criar uma estrutura paralela dedicada ao TPM nesta fase inicial, o que dificulta a

    implementao.

    4 EtapaDeterminao de directrizes, indicadores e metas

    Se no sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho leva a algum lugar (Sobral, 2011).

    Outro dos maiores erros, e mais comum, a administrao querer comear logo a

    implementao da filosofia TPM no sector da produo e manuteno sem haver um

    planeamento prvio, onde os objectivos so claros.

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    Devem-se definir os objectivos de cada uma das actividades (grupos de trabalho) dos 8 pilares e

    no olhar s para a manuteno.

    As directrizes do TPM sero as prprias directrizes da organizao, aquelas que lhe permitir

    manter-se destacada no seu ramo ou mercado.

    O resultado esperado com a implementao da filosofia TPM dever ser coerente e alinhado

    com o planeamento estratgico da organizao.

    5 EtapaElaborao do plano director para implementao da filosofia TPM

    Vrios caminhos podem levar ao mesmo lugar (Sobral, 2011).

    Nesta etapa onde se prepara ou realiza um plano director (master plan). Alguns autores

    indicam esta como uma das etapas mais importantes da primeira fase, pois ser onde ficam

    definidas as actividades e os recursos que sero necessrios para atingir as metas estabelecidas

    na etapa anterior.

    O tempo de implementao depende muito da estrutura da organizao e do apoio dado nesta

    actividade. Pode-se dar apenas como referncia que para se conclurem as doze etapas de

    implementao da filosofia TPM, sero necessrios em mdia cerca de dois anos.

    Figura 8 Implementao do TPMAutor (Sobral, 2011)

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    Por vezes o desconhecimento dos obstculos que surgem na implementao da filosofia TPM

    levam a que as pessoas tentem isoladamente encontrar as suas prprias solues.

    Frequentemente isso ir fazer com que haja grandes desvios, fazendo com que a organizao

    pense que est a implementar o TPM, onde os esforos so superiores aos resultados

    alcanados.

    A principal consequncia deste fenmeno (falsa partida) ser uma desmotivao dos

    trabalhadores, fazendo com que nesta fase (planeamento) muitos trabalhadores percam a

    esperana e ponham em causa a filosofia. A implementao da filosofia TPM dever ser um

    processo auto-sustentvel, onde parte dos recursos economizados com a reduo das perdas

    sejam revertidos para a prpria melhoria do processo de implementao.

    6 EtapaIncio do Programa TPM

    As cinco etapas anteriores consomem algum tempo na sua realizao e normalmente no

    mostram grandes resultados para a organizao, parecendo at algo burocrtico. frequente

    proceder-se durante a fase anterior a uma aplicao piloto, atravs de uma pequena equipa ou

    grupo. Atravs deste processo piloto j foram desenvolvidas muitas actividades interessantes,

    algumas dificuldades sentidas e alguns resultados alcanados. Toda esta informao ser

    utilizada no processo de expanso horizontal da filosofia TPM.

    Nesta etapa ser dado o pontap de sada (kickoff), sendo normalmente realizada uma reunio

    geral para mostrar a todos os colaboradores e parceiros o comprometimento com o TPM,

    apresentar o planeamento elaborado nas etapas anteriores e objectivos e expectativas da

    empresa.

    Neste mesmo dia ser apresentado o trabalho realizado no projecto-piloto e os resultados

    alcanados com o mesmo.

    7 Etapa

    Melhoria do desempenho do processo produtivo

    Agora comeou a implementao propriamente dita, verificando-se uma expanso do TPM a

    todos os sectores da organizao.

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    Desenvolvem-se em simultneo as actividades dos quatro pilares (Melhorias especficas;

    Manuteno planeada; Manuteno autnoma; Educao Treino) considerados prioritrios na

    ptica da melhoria do desempenho do processo produtivo.

    8 EtapaEstabelecimento do sistema de preservao da segurana e meio ambiente

    O nvel de contacto com os equipamentos, realizado pelos trabalhadores e pessoal da

    manuteno, agora maior, aumentando tambm a exposio aos perigos e consequentemente o

    risco de acidente.

    Nesta etapa d-se especial ateno s actividades de segurana, higiene e meio ambiente.

    Estas actividades devero ser implementadas, possuindo objectivos e indicadores de

    desempenho nesta reas relativamente aos pilares referidos na etapa anterior (pilar segurana

    higiene ambiente).

    9 Etapa

    Estabelecimento do sistema de manuteno da qualidade

    Um dos principais valores reconhecidos pelos clientes a qualidade dos produtos e dos

    servios. Esta fase desenvolve actividades nesse sentido, onde a manuteno da qualidade

    significa a eliminao das condies que propiciam a ocorrncia de defeitos nos produtos

    produzidos (ou servios prestados).

    Esta obteno dos zero defeitos depende muito da preciso dos equipamentos e das condies

    do processo relativamente s caractersticas ou especificaes da qualidade.

    Deixa-se de controlar a qualidade atravs do produto para controlar a qualidade atravs do

    processo

    10 EtapaEstabelecimento do sistema de melhoria da eficincia dos sectores administrativos

    Com as etapas anteriores e o desenvolvimento de actividades nos cinco pilares referenciados, asfalhas do sector produtivo diminuem drasticamente (assim se espera).

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    Sobram as falhas resultantes dos processos administrativos, que uma vez reduzidas ou

    eliminadas iro ter tambm impacto nos resultados do sector produtivo (vendas, aps-venda,

    etc.).

    Processos administrativos Lean reduzem o custo e do mais agilidade organizao no

    processo de tomada de deciso. Neste processo o produto a informao.

    11 EtapaEstabelecimento do sistema da fase de equipamentos e novos produtos

    S resta o pilar denominado controlo inicial que funciona no desenvolvimento e

    estabelecimento da gesto da fase inicial dos equipamentos e produtos, na tentativa deidentificar os problemas potenciais.

    Incorpora-se nos projectos todas as melhorias desenvolvidas anteriormente, adequando o

    produto s necessidades do cliente e tornando-o mais fcil de ser produzido, adequando o

    equipamento s novas tecnologias e s condies de funcionamento.

    12 EtapaConsolidao do TPM

    Neste momento todos os segredos da filosofia TPM j foram revelados e experimentados por

    todos os que participaram no seu processo de implementao.

    Todas as perdas inerentes foram reduzidas ou eliminadas, ficando agora algumas perdas

    remanescentes, mais difceis de identificar e tratar.

    Nesta etapa a organizao dever estar apta para se candidatar ao prmio TPM (TPM excellence

    award) institudo pelo JIPM.

    2.2.10 Dificuldades na implementao da filosofia TPM

    Segundo Sobral (2011), natural sentirem-se algumas dificuldades ao longo de todo o processo

    de implementao da filosofia TPM, como as que esto aqui exemplificadas.

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    1. Pode levar um nmero considervel de anos a implementar (dependendo do tipo e

    dimenso da organizao, mentalidades, vontade, etc.);

    2. Tipicamente as pessoas mostram uma grande resistncia mudana;

    3. Muitas pessoas tratam o TPM como mais outro programa;

    4.

    No haver recursos suficientes (pessoas, tempo, dinheiro, etc.);

    5. Pouca percepo da metodologia e filosofia por parte das chefias intermdias;

    6. Muitas pessoas consideram as actividades do TPM como trabalho adicional ou uma

    ameaa.

    Figura 9 Diagrama espinha de peixe(adaptado dehttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm)

    2.3 OEE Overall Equipment Efficiency

    (Eficincia Global do Equipamento)

    Para se obter sucesso na implementao do programa TPM, deve existir uma forma de medir

    como esto inicialmente os processos e quais foram os ganhos obtidos com a implementao do

    programa. Para tal utiliza-se um indicador de desempenho denominado OEE Overall

    Equipment Efficiency (Eficincia Global do Equipamento), que mede a produtividade dos

    equipamentos e processos (Pomorski, 1997).

    Na vasta bibliografia sobre o tema podemos encontrar alguns autores que se referem a este

    indicador como Overall Equipment Efficiency e outros que o denominam por Overall

    Equipment Effectiveness.

    http://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htmhttp://www.advanced-eng.com.br/sobretpm.htm
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    Mais importante do que saber qual a palavra correcta a ser usada, saber o significado deste

    indicador e como se pode determinar o mesmo para um dado equipamento ou processo.

    A produtividade de um equipamento depende fundamentalmente do tempo de operao efectiva,

    da utilizao na sua capacidade mxima e da qualidade da produo. Nakajima (1989) definiu

    seis grandes perdas existentes nos equipamentos, que influenciam directamente a sua produo.

    As seis grandes perdas so:

    1. Perda por avaria: so caracterizadas pela paragem da funcionalidade, ou seja, o

    equipamento fica indisponvel por um perodo de tempo, at que restabelea a condio

    original e se inicie a operao, pela actividade da manuteno e engenharia. As falhas

    esto divididas por dois modelos: espordicas e crticas. As falhas raras caracterizam-se

    por paragens repentinas e violentas, de fcil visualizao e correco. O

    restabelecimento da operao do equipamento efectuado rapidamente pela

    manuteno ou pelos prprios trabalhadores, a soluo destas falhas no facilmente

    descoberta.

    2. Perdas por Setup e afinaes: Esto relacionadas com mudanas de produtos e

    afinaes at que seja concludo o setup. Convm salientar que as afinaes feitas

    depois de concludo o setup devem ser classificadas como perdas, relacionadas com asfalhas referidas no ponto 1. A afinao , de um modo geral, responsvel pela maior

    parte do tempo perdido.

    3. Falhas ocasionais e pequenas afinaes: Origem da palavra Chokotei, que se

    caracteriza por interrupes dos ciclos dos equipamentos, paragens intermitentes de

    linhas de produo originando arranques e paragens constantes (Suehiro, 1992).

    Diferente das falhas referidas no ponto 1, caracterizam-se por interrupes de tempos

    relativamente pequenos. Suehiro (1992) define que as pequenas paragens so problemasdo equipamento que no necessitam de mais de cinco minutos de reparao, para que a

    verdadeira causa seja encontrada. Entretanto o critrio de tempo que caracteriza uma

    pequena paragem pode variar em funo do entendimento que cada empresa tem com a

    relao das paragens, bem como o sistema de recolha de dados adoptados. Shirose

    (1992) destaca, como elemento central para definir as pequenas paragens, a correco,

    ou seja, a restituio da funo requerida do equipamento seja executado pelo

    trabalhador. Como de modo geral esta perda eliminada de maneira rpida e simples,

    pondo o equipamento em funcionamento rapidamente, a anotao dos dados da

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    paragem tornam-se difcil de anotar por ser uma paragem muito rpida. Muitas vezes,

    no so entendidas como perdas pelos trabalhadores, ficando assim escondidas. As

    pequenas paragens so encontradas normalmente em sistemas onde se encontram

    Robots, montagens automticas, tapetes transportadores, entre outros, causando danos

    eficincia do equipamento. Suehiro (1992) destaca as linhas e equipamentos

    automticos com pequenas paragens, que resultam em perdas de eficincia na ordem

    dos 20 a 30 porcento.

    4. Perdas por reduo da velocidade: Caracterizam-se pela velocidade real de

    funcionamento do equipamento ser inferior velocidade terica, causando tempos

    elevados de ciclo. Estas perdas podem ser ocasionadas por problemas de manuteno,

    operao, qualidade ou processos, que levam os trabalhadores, tcnicos de manuteno,

    entre outros, a reduzirem as velocidades de trabalho dos equipamentos, permitindo que

    os equipamentos se mantenham em funcionamento, porm escondendo as suas causas.

    5. Perdas por problemas de qualidade e retrabalho:So relativas fabricao de

    produtos no conformes, causados pelo mau funcionamento dos equipamentos. De

    forma semelhante s perdas por falhas, os problemas de qualidade podem ocorrer de

    forma espordica e crtica.

    6. Perdas por queda de rendimento: Esto relacionadas s restries tcnicas dos

    equipamentos, que obrigam a um perodo de estabilizao das condies dos

    equipamentos aps perodos de paragens do equipamento, Shirose (2000) define que

    estas perdas so originrias de paragem do equipamento aps reparaes peridicas ou

    correctivas, feriados, refeies, entre outras.

    A eficincia global dos equipamentos OEE, medida a partir da estratificao das seis

    grandes perdas, calculada atravs do produto dos ndices de Disponibilidade, Desempenho e

    Qualidade (Nakajima, 1989).

    = (1)

    As seis grandes perdas dos equipamentos esto associadas aos trs ndices que formam o

    clculo de eficincia. Onde a perda 1 falha e a 2 setup e afinaes fazem parte do ndice de

    Disponibilidade, as perdas 3 pequenas paragens e a 4 queda de velocidade influenciam o

    Desempenho, enquanto o ndice de Qualidade composto pelas perdas 5 problemas de

    qualidade e retrabalho e 6 queda de rendimento.

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    O ndice de Disponibilidade representa a relao entre o tempo disponvel do equipamento,

    dependendo do perodo de anlise que pode ser dirio, semanal ou mensal, tambm chamado

    tempo de carga, com o tempo em que o equipamento ficou em operao efectivamente.

    O tempo de carga resulta da diferena entre os tempos, de trabalho seguido e paragens

    programadas, representadas por manuteno programadas, manuteno preventivas, tempo de

    descanso, limpeza do equipamento, formao, entre outras concesses. As paragens

    programadas no so consideradas no clculo de eficincia. As paragens no programadas so

    devido s perdas por falhas, arranques de produo e afinaes de mquinas.

    O desempenho composto pelas perdas de velocidade, o que demonstra o que o tempo de ciclo

    real est prximo do tempo terico, ou seja, avalia o ritmo de produo do equipamento pelas

    perdas de pequenas paragens.

    A Qualidade, o terceiro ndice que compe o clculo de eficincia, relativo ao fabrico de

    produtos defeituosos, que resultam em sucata e retrabalho.

    Nakajima (1993) apresenta, baseado nas experiencias e resultados obtidos pelas empresas

    vencedoras do prmio TPM Award, que o OEE de 85% deve ser definido como uma meta ideal

    para os equipamentos. As empresas que ganharam o premio TPM Award obtiveram um OEE

    superior a 85%.

    Ainda de acordo com Nakajima, para se atingir a meta do OEE com um valor de 85%, o ndice

    de Disponibilidade tem de ter um valor superior a 90%, o ndice de Desempenho tem que ser

    superior a 95% e o ndice de Qualidade tem que ter um valor superior a 99% como se representa

    na equao a seguir:

    = 0,90 0,95 0,99 100 = 85% (1)

    Segundo Semi (1996), o OEE determinado com base na anlise das perdas verificadas no

    equipamento. O seu clculo engloba o conhecimento de trs factores relacionados com o

    equipamento, nomeadamente:

    Disponibilidade (%)

    Desempenho (%)

    Qualidade (%)

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    Figura 10 ndice de desempenho dos equipamentosAutor (tirado dos apontamentos, Sobral, 2011)

    Segundo Semi (1996), na maioria dos casos analisados o OEE situa-se entre os 30% - 40%.

    Figura 11 OEEAutor (tirado dos apontamentos, Sobral, 2011)

    O OEE pode ser inserido no pilar melhoria especfica

    Vejamos cada um dos factores de uma forma mais detalhada.

    = (1)

    = Overall Equipment Efficiency Eficincia Global do Equipamento.

    =()

    =()

    =Taxa de qualidade (Quality Rate)

    O objectivo colocar o prprio trabalhador a calcular este indicador de TPM, tendo j recebidoa devida formao (Semi, 1996).

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    = [%] (1)

    = [%] (2)

    =()

    Tempo total disponvel do equipamento subtraindo os tempos de paragens planeadas (programa,

    repouso de operadores) normalizado na numa base (diria, semanal, mensal, etc.).

    =()

    Tempo relativo jornada de trabalho menos o tempo relativo s paragens no programadas

    (avarias, setup, e outras paragens se consideradas prolongadas).

    = [%] (1)

    = [%] (3)

    =Taxa de produo real (Actual prod. rate)

    Nmero de unidades produzidas no tempo operacional. Este valor afectado por pequenas

    paragens (normalmente inferiores a 10 minutos cada uma) e/ou por se verificar uma velocidadereduzida do processo (alterando o tempo de ciclo).

    =Taxa de produo ideal (projecto) (design prod. rate)

    Nmero de unidades teoricamente possveis de produzir no mesmo tempo operacional.

    = [%] (1)

    = [%] (4)

    =Produtos bons (Non defective products)Valor correspondente quantidade total produzida menos a quantidade de unidades rejeitadas.

    =Produtos bons (Non defective products)Nmero total de unidades produzidas.

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    2.3.1 Perdas do Sistema de produo e o clculo OEE

    A partir das 6 grandes perdas de Nakajima (1989), as quais se focalizam estritamente melhoria

    de eficincia dos equipamentos, a metodologia TPM foi recebendo actualizaes por parte do

    JIPM, concluindo em modificaes que ampliaram o foco das perdas. Passou-se a analisar as

    perdas do sistema da produo como um todo, bem como as reas de apoio, pretendendo

    aumentar a adio de valor e a reduo dos custos da produo (Shirose, 2000).

    Com esta nova origem estabelecida, Shirose, (2000) apresenta uma anlise com 16 perdas

    divididas em quatro grupos:

    I. Sete grandes perdas que prejudicam a eficincia dos equipamentos.

    II. Perdas que prejudicam o tempo de carga dos equipamentos.

    III. Cinco grandes perdas que prejudicam a melhoria da eficincia do trabalho humano.

    IV. Trs grandes perdas que prejudicam o uso dos recursos de produo.

    Grupo I

    1.

    Perdas por falha: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.2. Perdas por Setup e afinaes: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.

    3. Perda por troca de ferramentas de corte: So as perdas relativas paragem do

    equipamento para trocas regulares de ferramentas de corte devido ao desgaste natural de

    utilizao e a partirem-se as lminas de corte. So alguns exemplos de ferramentas de

    corte, brocas, discos de corte, laminas, etc.

    4. Perdas por repouso de pequenas paragens: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.

    5. Perdas por reduo de velocidade: Mesmo conceito do modelo de Nakajima.

    6.

    Perdas por problemas de Qualidade e retrabalho: Mesmo conceito do modelo deNakajima.

    7. Perdas por queda de rendimento (Startup): Mesmo conceito do modelo de Nakajima.

    Grupo II

    1. Perdas por paragens: So perdas que implicam a paragem programada do equipamento

    para a execuo de actividades relacionadas com a manuteno programada, para

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    garantir a qualidade, a segurana e a fiabilidade requerida para o bom funcionamento

    dos equipamentos.

    Grupo III

    1. Perdas Administrativas: So perdas relativas s esperas por aces de gerncias, tais

    como espera por materiais, instrues e reparos de produtos defeituosos.

    2. Perda por movimentao: So perdas de tempo que decorrem como de diferenas de

    habilidades, perdas por movimentao devido a layouts mal planeados.

    3. Perdas por desorganizao da linha de produo: So perdas de balanceamento de

    linhas, em situaes onde um trabalhador opera ao mesmo tempo mais do que um

    equipamento, bem como perdas por organizao inadequadas.

    4. Perdas resultantes de falhas de automao (logstica): So perdas resultantes de falhas

    de automao para movimentao de peas, bem como a no utilizao dos mesmos

    quando aplicvel, implicando a utilizao da mo-de-obra para cobrir tais perdas.

    5. Perdas por medio e ajustes: So perdas relativas aos tempos para medio e os ajustes

    necessrios preveno dos problemas de qualidade.

    Grupo IV

    1. Perdas de rendimento: So perdas de rendimento de materiais relativas diferena de

    peso entre a matria-prima e o produto acabado. Esto includas nesta perda as peas

    descartadas por problemas de qualidade, lminas de corte descartadas devido perda de

    afiao ou partida devido a dimenses acima do especificado, entre outras.

    2. Perdas de energia: So perdas de energia tais como de corrente elctrica, ar

    comprimido, combustveis, gua, etc., desperdcios devido a sobre cargas, descargas,

    perda de temperatura, tempos desocupados, entre outros.

    3. Perdas por moldes, ferramentas e gabaritos: So perdas monetrias resultantes da

    substituio de reparo de moldes, ferramentas e gabaritos decorrentes de avarias e

    desgaste pelo uso. Fazem parte desta perda os materiais auxiliares descartados em

    funo da substituio e reparo dos moldes, ferramentas e gabaritos, tais como leos de

    corte e lubrificao, combustveis entre outros.

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    2.3.2 OEE Alguns Cuidados a ter em ateno

    Segundo Semi (1996), existem alguns cuidados a ter na implementao do OEE, que so:

    1.

    O valor calculado no deve ser usado como uma medida do nvel da empresa ou da

    instalao, tratando-se apenas de uma medida da eficincia de um determinado

    equipamento;

    2. O valor calculado no vlido para comparar equipamentos ou processos diferentes.

    um indicador relativo para um nico equipamento, servindo para comparar os valores de

    OEE desse equipamento ao longo do tempo. Poder ser aplicado a equipamentos

    similares;

    3. O valor no uma medida da eficincia da manuteno uma vez que a maior parte das

    perdas saem fora do controlo directo desta funo;

    4. No existe um valor especificado para o valor de OEE designado por valor de classe

    mundial. No entanto, um valor de 85% frequentemente citado. De igual forma, a

    maximizao do OEE depende da capacidade do activo, da procura ou se existe algum

    constrangimento no fluxo produtivo (valor obtido por uma disponibilidade de 90%, uma

    taxa de desempenho de 95% e uma taxa de qualidade de 99%);

    O valor calculado no estatisticamente vlido. O valor percentual determinado assume que

    todas as perdas relativas ao equipamento so de igual importncia e que qualquer melhoria de

    1% na qualidade pode ter um impacto idntico melhoria de 1% na disponibilidade. As trs

    medidas so falsamente consideradas idnticas, ou seja, o tempo cronolgico, as unidades

    produzidas por unidade de tempo e as unidades produzidas so convertidas em percentagens

    para comparao.

    2.4 Desperdcio na Manuteno

    2.4.1 Desperdcios

    Segundo Ribeiro (2011) citando Bagadia (2008), na manuteno a relao mais utilizada ser o

    quociente entre a manuteno planeada e a manuteno no planeada (correctiva), sendo o ideal

    de 90% planeada e 10% no planeada. Na realidade o quociente verificado nas empresas o

    inverso 10% a 30% planeadas e 90% a 70% no planeadas, verificando-se que as empresas

    esto a trabalhar de um modo reactivo, contribuindo assim para o desperdcio, reduzindo a vida

    do equipamento e a perda da produtividade. Bagadia identificou o maintenance work process

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    flow, ou seja, o fluxo de valor da manuteno, identificando o desenrolar do processo da

    manuteno, auxiliando na posterior identificao dos desperdcios existente neste processo.

    Fluxo de valor do Processo de Manuteno, Bagadia (2008)

    o Iniciar a requisio do servio a executar

    o Validar a requisio do servio a executar

    o Aprovar essa requisio

    o Criar uma ordem de trabalhos

    o Planear os trabalhos

    o Programar os trabalhos

    o Atribuir os trabalhos a um executante

    o Executar o trabalho

    o Acompanhar o desenrolar dos trabalhos

    o Analisar as mtricas

    Assim, o que se pretende com o Lean na manuteno permitir que este fluxo de valor seja

    eficiente, produtivo e que seja realizada uma anlise para se identificar os desperdcios

    existentes em cada uma das fases anteriormente identificadas. Apenas quando esses

    desperdcios so identificados que pode ocorrer a sua eliminao do processo.

    Alguns autores adaptaram a metodologia usada para identificar os desperdcios do processo

    produtivo para a manuteno, de maneira a poder identificar o excesso de desperdcio existente

    no processo da manuteno com vista sua eliminao, mas o autor abordado ser Mather

    (2007), porque no se limitou a adaptar os mesmos, mas, efectuou a correspondncia adequada

    para a manuteno. A metodologia seguida pelo autor a seguinte:

    1.

    Trabalho improdutivo, correspondente a realizar toda e qualquer actividade que noacrescente valor, neste caso est-se a referir a aces de manuteno preventiva,

    executadas mais vezes do que o necessrio.

    2. Repetio do trabalho, significa ter de repetir as mesmas tarefas ou ter de executar

    outras, adicionalmente, devido a trabalhos mal executados inicialmente. Sempre que

    ocorre uma necessidade imediata e urgente, os trabalhadores dessa aco de

    manuteno, ficam bastante pressionados para que o equipamento seja reparado

    rapidamente, a fim de regressar sua situao anterior, podendo no lhe ser dado o

    tempo suficiente, para que a mesma reparao seja corrigida correctamente.

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    3. Tempo de espera, analisado tal como no sector produtivo, mas neste caso aplicado a

    peas, mquinas, ferramentas e trabalhadores, necessrio para realizar a aco de

    manuteno ou o aguardar pela atribuio do servio a executar, instrues, entre

    outras. Como as esperas no acrescentam valor devem ser eliminadas ou reduzidas ao

    mnimo.

    4. Movimentaes desnecessrias, na manuteno, correspondem a idas procura de

    ferramentas, deslocaes para a obteno de manuais tcnicos, movimentaes de

    bancadas de trabalho, ou deslocaes de material para outras reas, devido a terem sido

    solicitadas para diferentes aces de manuteno.

    5. M gesto do inventrio, significa no ter o material adequado para as aces que

    esto a ser executadas. Tambm inclui a existncia de equipamentos obsoletos e

    excesso de inventrio (em ambos os casos significa capital investido e consumo de

    recursos para a sua gesto).

    6. No aproveitamento do potencial humano, corresponde a utilizar das pessoas s

    pelas qualificaes que tm e no as utilizar, inclusivamente, consoante as suas

    capacidades ou experincia.

    7. Ineficaz gesto de dados, corresponde recolha de informao que no tem utilidade e

    a no obteno de informao considerada vital. Empresas que j controlam a sua

    manuteno atravs de computer maintenance managed systeme do qual esse controle

    ineficaz. Ineficcia essa reflectida na inexistncia de uma correta gesto dos dados, nem

    uma interligao com os mesmos, nas diversas fases do processo da manuteno,

    obrigando a serem introduzidos repetidamente esses dados, compelindo a existncia e a

    redundncia dos mesmos.

    8. M aplicao das mquinas, quando se realiza uma operao incorrecta dos

    equipamentos ou estratgias deliberadas para que a manuteno seja efectuada, quando

    no h necessidade de a mesma ocorrer.

    2.4.2 Classes de desperdcios

    Todos os desperdcios so prejudiciais a qualquer empresa, quer seja em mo de obra,

    deslocamentos, em perda de matria-prima quando das afinaes das mquinas ou produtos

    produzidos com defeitos. Os desperdcios sero divididos em trs grupos para se entender qual a

    gravidade, tal como apresentado na figura 12.

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    Figura 12 Quadro de classificao dos desperdcios

    I.

    Grupo I:Os desperdcios a