117
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA LUIZ GUILHERME LOMÔNACO GERMINIANI MORFOLOGIA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE POLI-CAPROLACTONA) E NANOCRISTAIS DE CELULOSE CAMPINAS 2017

Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA

LUIZ GUILHERME LOMÔNACO GERMINIANI

MORFOLOGIA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE POLI(ε-CAPROLACTONA) E NANOCRISTAIS DE CELULOSE

CAMPINAS 2017

Page 2: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

LUIZ GUILHERME LOMÔNACO GERMINIANI

MORFOLOGIA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE POLI(ε-CAPROLACTONA) E NANOCRISTAIS DE CELULOSE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Estadual de Campinas como

parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título

de Mestre em Química na área de Físico-Química.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Gonçalves

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO LUIZ GUILHERME LOMÔNACO GERMINIANI, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA DO CARMO GONÇALVES.

CAMPINAS 2017

Page 3: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade
Page 4: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade
Page 5: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

“Nothing is too wonderful to be true, if it be consistent with the laws of nature.”

– Michael Faraday

Page 6: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Dedico esse trabalho à memória dos meus avós,

Marta, João e Renato,

e à minha avó Neusa.

Page 7: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Agradecimentos

Á minha orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Gonçalves,

primeiramente por me aceitar como aluno de iniciação científica a quase cinco anos

atrás, e também por me aceitar de volta para o mestrado. Acredito que construímos

uma amizade ao longo desses anos e gostaria de levá-la para toda a vida. Tenho que

agradecer claro pela orientação, que foi a melhor que eu podia querer.

Aos meus pais: João Luiz e Maria Cristina.

a quem devo tudo e mais um pouco.

Ao irmão que a vida me trouxe:

Luiz, você melhor que ninguém sabe o quanto ou me dediquei para chegar até aqui,

e mais do que ninguém me apoiou a cada dia. Não tenho palavras para lhe agradecer.

Aos meus amigos: Eduardo, Júlia, Lélia, Marília e Pedro,

por uma amizade tão antiga e sempre presente.

Aos amigos e colegas de laboratório: Daniela, Hugo, Laura, Liliane, Cíntia, Giovanni,

Lucas, Rodrigo, Heloisa, Germana, Rufino e Lívia,

por toda ajuda que me ofereceram, pelas conversas e opiniões enriquecedoras e pela

convivência que torna nosso dia-a-dia mais leve.

A nossa melhor microscopista:

Laura, tenho muitas razões para lhe agradecer, mas em especial vou escolher lhe

agradecer pela amizade.

Ao professor Dr. Tomás Plivelic,

por compartilhar toda a sua experiência e engenhosidade durante e após a realização

dos experimentos de espalhamento de raios X.

Ao professor Dr. Rubens Caram e seus alunos: Caio, Camilo e Caio,

por me receberem em seu laboratório para a realização de ensaios de tração.

Page 8: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Aos técnicos: Cíntia, Hugo, Renan, Fabiana, Daniel, Renata, Claudia, Sônia pelos

treinamentos, análises e principalmente tempo dedicado ao meu trabalho e à todos os

outros conduzidos no instituto.

Ao professor Dr. Rogério Custódio:

Quem ministrou minha primeira aula de química na UNICAMP e que, talvez sem saber

a importância do que estava fazendo, me indicou para a ciência dos polímeros.

Ao Instituto de Química e aos laboratórios LNNano e LNLS do CNPEM:

Pela infraestrutura e suporte a pesquisa.

Ao CNPq e à FAPESP:

Pelo financiamento desse trabalho.

Por fim, quero agradecer a todos aqueles envolvidos com o funcionamento da

UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade no seu

dia-a-dia e têm o meu respeito e admiração por isso.

Muito obrigado a Todos.

Page 9: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

RESUMO

Nanocristais de celulose têm sido intensamente estudados no campo da ciência

dos materiais devido às suas propriedades mecânicas promissoras. Uma aplicação

bastante enfatizada na literatura é seu uso como carga de reforço de matrizes

poliméricas. Para isto, a dispersão adequada dos nanocristais de celulose é

fundamental para melhorar as propriedades do material.

Neste trabalho, foram preparados nanocompósitos de nanocristais de celulose

utilizando matriz de poli(ε-caprolactona), com o objetivo de estudar os efeitos de

dispersão e orientação dos nanocristais nas propriedades finais dos nanocompósitos.

Os materiais foram preparados por dois métodos: extrusão com moldagem por injeção

e evaporação controlada de solvente. A morfologia dos materiais foi investigada por

técnicas de microscopia eletrônica e espalhamento de raios X em baixo ângulo, as

propriedades térmicas por análise termogravimétrica e calorimetria diferencial de

varredura, e as propriedades mecânicas foram avaliadas em ensaios dinâmico-

mecânico e de tração.

Para os materiais moldados por injeção, os resultados obtidos mostraram um

baixo reforço mecânico, apenas 30% de aumento no módulo de Young, mesmo para

os nanocompósitos contendo 25% em massa da carga. Esse baixo efeito de reforço,

é devido à presença de agregados e ao alinhamento dos nanocristais de celulose com

o fluxo de injeção. Além disso, foram observadas alterações morfológicas nos

esferulitos de poli(ε-caprolactona). Por outro lado, os mesmos efeitos de alinhamento

e de anisotropia dos esferulitos não foram observados para os filmes de

nanocompósitos, preparados por evaporação controlada de solvente. Neste caso, os

nanocompósitos preparados apresentaram aumento de 155% no módulo de Young

com a adição de 25% em massa de nanocristais de celulose. Estes resultados

mostram a importância dos métodos de preparação para evitar a aglomeração e

orientação da carga.

.

Page 10: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

ABSTRACT

Cellulose nanocrystals have been intensively studied in the field of materials

science because of their promising mechanical properties. In literature, this filler is

combined with polymeric matrices targeting for a reinforcement effect. To achieve the

reinforcement effect, the preparation of nanocomposites with appropriated cellulose

nanocrystal dispersion in the polymer matrix is critical.

In this work, poly(ε-caprolactone) and cellulose nanocrystals composites were

prepared in order to study filler dispersion and orientation effects on the composite

properties. These composites were prepared by two methods: melt extrusion followed

by injection molding and solvent casting. The nanocomposite morphology was

investigated by electron microscopy techniques as well as small angle X-ray scattering;

the thermal properties by thermogravimetric analysis and differential scanning

calorimetry, and the mechanical properties were evaluated using dynamical

mechanical analysis and tensile tests.

The injection molded materials showed a low mechanical reinforcement effect

(30% increase in the Young's modulus) for nanocomposites containing 25% weight

cellulose nanocrystals, due to cellulose nanocrystal aggregation and injection flow-

induced orientation. Apart from this, morphological changes of the poly(ε-caprolactone)

spherulites were observed. On the other hand, the nanocrystals orientation and

spherulite anisotropy effects were not observed for the nanocomposite films prepared

by solvent casting. The latter nanocomposites showed a 155% increase in Young's

modulus for 25% cellulose nanocrystal weight content, respectively. These results

show the importance of the appropriate reinforcing agent load method so as to avoid

filler agglomeration and orientation in the matrix.

Page 11: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Lista de Figuras

Figura 1. Padrões de espalhamento para diferentes estruturas e orientações em

compósitos poliméricos. Lamelas: (a) não orientada, (b) orientação em

uma direção preferencial, (c) com duas direções preferenciais [Gedde

1995, adaptada]. Partículas: (d) não orientadas, (e) orientadas, (f) com

estrutura esmética. ................................................................................ 27

Figura 2. Representações esquemáticas das estruturas: (a) molécula de celulose,

é indicada a dimensão da celobiose, (b) microfibrilas de celulose e (c)

nanocristais obtidos a partir dos domínios cristalinos. Reproduzida de

[Lahiji et al. 2010]. ................................................................................. 28

Figura 3. Estruturas da PCL (esquerda) e do monômero ε-caprolactona

(direita). ................................................................................................. 33

Figura 4. Reação de hidrólise da PCL. [Araujo et al. 2008] .................................. 34

Figura 5. Fotografia mostrando suspensões de CNC (1% m/m) em misturas

H2O-THF. As porcentagens indicam a fração mássica de THF. ........... 40

Figura 6. (a) micro-extrusora e (b) micro-injetora usadas no processamento

mecânico dos materiais. (c) interior da micro-extrusora mostrando as

roscas e o canal de recirculação. .......................................................... 43

Figura 7. (a) molde utilizando na injeção dos corpos de prova. (b) gráfico

esquemático representando o perfil de injeção empregado na moldagem

dos corpos de prova. ............................................................................. 44

Figura 8. Diagrama mostrando a montagem experimental para a obtenção de dados

de SAXS em diferentes direções: (a) morfologia de uma seção paralela ao

fluxo de injeção e (b) morfologia de uma seção perpendicular ao fluxo de

injeção. .................................................................................................. 49

Page 12: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Figura 9. Diagrama representando um padrão de espalhamento com duas áreas

perpendiculares (1 e 2), que foram selecionadas para integração. As

áreas têm a forma de setores circulares com abertura Δ𝛼. ................... 50

Figura 10. Diagrama mostrando a forma amostragem dos corpos de prova, para

obtenção de cortes e superfícies de amostras, perpendiculares (direita) e

paralelos (esquerda) ao fluxo de injeção. .............................................. 51

Figura 11. Micrografia obtida por TEM para os CNC adquiridos na forma de Gel. 53

Figura 12. Difratogramas de raios X dos CNC em diferentes condições. As linha

pontilhadas identificam os principais planos cristalinos da Celulose I. .. 54

Figura 13. Curvas termogravimétricas, em atmosfera inerte, e derivadas com a

temperatura (inserção) para os CNC em diferentes condições. ............ 55

Figura 14. Espectros de infravermelho por refletância total atenuada para os CNC

em diferentes condições. As bandas destacadas estão associadas a

presença de grupos sulfato. .................................................................. 56

Figura 15. Suspensões de CNC (1 mg mL-1) em diferentes solventes após 5 min de

sedimentação. (a) Gel diluído em H2O, CNC em Pó redisperso em (b)

água, (c) THF, (d) THF (troca de solvente), (e) CH2Cl2 e (f) CHCl3. ...... 59

Figura 16. Fotografias de suspensões de CNC obtidas após diferentes tempos:

inicio, 10 min e 72 h. Suspensões em: (a) H2O, (b) CHCl3, (c) solução de

PCL em CHCl3, (d) CH2Cl2, (e) solução de PCL em CH2Cl2, (f) THF,

(g-j) solução de PCL em THF e (k) solução de PCL em mistura THF-H2O.

As amostras (h-j) foram preparadas pelo metodologia de troca de

solvente, com: (h) quatro, (i) duas e (j) uma etapa de lavagem. ........... 60

Figura 17. Fotografias dos filmes obtidos em diferentes solventes: (a) PCLc,

(b) PCLc/CNC, (c) PCLd, (d) PCLd/CNC, (e) PCLt, (f) PCLt/CNC e

(g) PCL/CNCts. ..................................................................................... 62

Figura 18. Micrografias obtidas por SEM para as fraturas criogênicas dos filmes: (a)

PCLc, (b) PCLc/CNC, (c) PCLd, (d) PCLd/CNC, (e) PCLt, (f) PCLt/CNC e

(g) PCL/CNCts. ..................................................................................... 63

Figura 19. Micrografias obtidas por FESEM das superfícies crioultramicrotomadas

dos filmes: (a) PCL/CNC5% e (b) PCL/CNC25%. ................................. 67

Page 13: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Figura 20. Curvas de 𝐸′ (esquerda) e 𝐸′′ (direita) para os filmes: (a) PCL100%, (b)

PCL/CNC5% e (c) PCL/CNC25%. ........................................................ 67

Figura 21. Curvas tensão-deformação, na faixa de pequenas deformações,

mostrando a variação do comportamento mecânico dos filmes em função

da concentração de CNC. ..................................................................... 69

Figura 22. Propriedades mecânicas (𝐸 e 𝜎𝑚) para os filmes preparados por

evaporação controlada de solvente. ...................................................... 69

Figura 23. Curvas de força nas roscas em função do tempo obtidas durante o

processamento na micro-extrusora comparando a PCL e os

nanocompósitos Sem Solvente 15%, Acetona 15% e THF 15%,. ......... 74

Figura 24. Curvas de força nas roscas em função do tempo para o método THF,

obtidas durante o processamento dos nanocompósitos na micro-

extrusora, mostrando o efeito da concentração de CNC. ...................... 74

Figura 25. Fotografias dos corpos de prova obtidos por processamento

termomecânico utilizando os métodos: Sem Solvente, Acetona, THF e

Troca de Solvente. ................................................................................ 75

Figura 26. Curvas termogravimétricas, em atmosfera inerte, e suas derivadas em

função da temperatura para a PCL, processada (PCL) e não processada

(PCL pellet), e nanocompósitos Troca de Solvente. Também foi

apresentada a curva para o Gel Liofilizado. .......................................... 76

Figura 27. Curvas de 𝐸′ (esquerda) e 𝐸′′ (direita) para a PCL e nanocompósito Troca

de Solvente 5%. .................................................................................... 78

Figura 28. Propriedades mecânicas (𝐸 e 𝜎𝑚) para os materiais preparados por

processamento termomecânico. ........................................................... 79

Figura 29. Propriedades mecânicas (𝜀𝑟 e 𝜎𝑟) para os materiais preparados por

processamento termomecânico. ........................................................... 81

Figura 30. Padrão de espalhamento de raios X para a PCL pura. ......................... 82

Figura 31. Diagrama representando um corpo de prova injetado; as diferentes

posições estudadas aparecem como pontos pretos que foram numerados

de 1 a 7. Diagrama representado as duas orientações analisadas

(direita). ................................................................................................. 82

Page 14: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Figura 32. Padrões de espalhamento de raios X em função da posição no corpo de

prova, obtidos de Seções Paralelas ao fluxo de injeção, para a PCL e

nanocompósitos Troca de Solvente 5% e Troca de Solvente 15%. A linha

vermelha pontilhada indica a direção do fluxo de injeção. .................... 84

Figura 33. Representação esquemática da morfologia de esferulitos, diferenciando a

orientação de lamelas em esferulitos isotrópicos (esquerda) e não

isotrópicos (direita). As setas no canto superior direito dos diagramas

definem as Direções do Fluxo de Injeção. Nos quadros pontilhados estão

representadas lamelas em diferentes orientações. As setas pretas de

ponta dupla indicam a direção de repetição da distância entre lamelas. As

cores foram usadas para correlacionar populações de lamelas em

direções diferentes. ............................................................................... 85

Figura 34. Curvas de SAXS para a PCL, obtidas para integrações de setores

circulares nas Direções (a) do Fluxo de Injeção e (b) Perpendicular. ... 86

Figura 35. Curvas de SAXS para o nanocompósito Troca de Solvente 5% obtidas

para integrações de setores circulares nas Direções (a) do Fluxo de

Injeção e (b) Perpendicular. .................................................................. 88

Figura 36. Padrões de espalhamento de raios X para a Seção Perpendicular

dos corpos de prova PLC e Troca de Solvente 5%, nas

Posições 2, 4 e 6. .................................................................................. 89

Figura 37. Curvas de SAXS para (a) PCL e (b) nanocompósito Troca de Solvente 5%

de Seções Perpendiculares. .................................................................. 90

Figura 38. Micrografias obtidas por TEM para amostras de PCL e do nanocompósito

Troca de Solvente 5%, localizadas na Posição 4 do corpo de prova e

obtidas para Seções Paralela e Perpendicular. ..................................... 91

Figura 39. Micrografias obtidas por TEM para o nanocompósito Troca de Solvente

5%. Cortes obtidos em duas orientações (Seção Paralela e Perpendicular)

nas Posições 2, 4 e 6 do corpo de prova. ............................................. 92

Figura 40. Micrografias obtidas por FESEM para o nanocompósito Troca de Solvente

5%, obtidas para cortes crioultramicrotomados em duas orientações

(Seção Paralela e Perpendicular) nas Posições 2, 4 e 6 do corpo de

prova. .................................................................................................... 93

Page 15: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Figura 41. Padrões de espalhamento de raios X para os filmes: (a) PCL100% e

(b) PLC/CNC5%. ................................................................................... 95

Figura 42. Curvas de SAXS para os filmes PCL100%, PLC/CNC5%, PCL/CNC10%

e PCL/CNC15%. ................................................................................... 95

Figura 43. Micrografias obtidas por FESEM para superfícies de cortes

crioultramicrotomados da (a) PCL100%, (b) PCL/CNC5% e

(c) PCL/CNC25%. (d) Filme PCL/CNC25% em maior ampliação

evidenciando detalhes da morfologia. ................................................... 97

Figura 44. Micrografias obtidas por TEM para os filmes PCL100%, PCL/CNC5% e

PCL/CNC25%. Micrografias panorâmicas (esquerda) e em maior

ampliação (direita). ................................................................................ 98

Figura A1. Histogramas: (a) comprimento, (b) diâmetro e (c) razão de aspecto dos

CNC. ................................................................................................... 112

Figura A2. Curvas de DSC para os filmes preparados com diferentes solventes À

esquerda curvas para o primeiro aquecimento, ao centro curvas para o

resfriamento e à direita curvas para o segundo aquecimento. ............ 113

Figura A3. Curvas de DSC para os filmes preparados por evaporação controlada de

solvente. À esquerda curvas para o primeiro aquecimento e à direita

curvas para o resfriamento. ................................................................. 114

Figura A4. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento

mecânico dos nanocompósitos Sem Solvente, em função da

concentração de CNC. ........................................................................ 114

Figura A5. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento

mecânico dos nanocompósitos Acetona, em função da concentração de

CNC. ................................................................................................... 115

Figura A6. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento

mecânico dos nanocompósitos THF, em função da concentração de

CNC. ................................................................................................... 115

Figura A7. Curvas de DSC para a PCL e nanocompósitos Troca de Solvente 5%. À

esquerda curvas para o primeiro aquecimento, ao centro curvas para o

resfriamento e à direita curvas para o segundo aquecimento. ............ 116

Page 16: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Lista de Tabelas

Tabela 1. Comparação das propriedades mecânicas sob tração de materiais

selecionados e nanocargas celulósicas [Durán et al. 2011]. ................. 30

Tabela 2. Nanocompósitos de PCL e CNC publicados recentemente na

literatura. ............................................................................................... 35

Tabela 3. Filmes preparados pelo método de evaporação controlada de solvente

utilizando diferentes solventes. ............................................................. 42

Tabela 4. Filmes preparados por evaporação controlada de solvente, a partir de

suspensões obtidas pelo método de troca de solvente (4% m/m de CNC

em THF). ............................................................................................... 45

Tabela 5. Composição dos nanocompósitos preparados por extrusão/injeção. ... 54

Tabela 6. Propriedades térmicas para filmes preparados em diferentes

solventes. .............................................................................................. 64

Tabela 7. Propriedades térmicas para filmes preparados em utilizando o método de

troca de solvente. .................................................................................. 66

Tabela 8. Comparação entre os ganhos percentuais de Módulo de Young* para os

nanocompósitos PCL/CNC obtidos neste trabalho e em trabalhos da

literatura. ............................................................................................... 71

Tabela 9. Parâmetros da estrutura lamelar da PCL para os filmes PCL100% e

PCL/CNC5%. ........................................................................................ 98

Tabela A1. Propriedades térmicas, determinadas para Posições 2, 4 e 6 do corpo de

prova, para PCL e nanocompósito Troca de Solvente 5%. ................. 117

Page 17: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Abreviaturas e Siglas

% m/m: Porcentagem em massa.

ATR: “Attenuated Total Reflectance Infrared Spectroscopy”, ou Espectroscopia no

Infravermelho por Refletância Total Atenuada.

CNC: “Cellulose Nanocrystals”, ou Nanocristais de Celulose.

DSC: “Differential Scanning Calorimetry”, ou Calorimetria Diferencial de Varredura.

FESEM: “Field Emission Scanning Electron Microscopy”, ou Microscopia Eletrônica

de Varredura de Emissão de Campo.

GPC: “Gel Permeation Chromatography”, ou Cromatografia de Permeação em Gel

PCL: Poli(ε-caprolactona).

SAXS: “Small Angle X-Ray Scattering”, ou Espalhamento de Raios X a Baixo

Ângulo.

SEM: “Scanning Electron Microscopy”, ou Microscopia Eletrônica de Varredura.

TEM: “Transmission Electron Microscopy”, ou Microscopia Eletrônica de

Transmissão.

TGA: “Thermogravimetric Analysis”, ou Análise Termogravimétrica.

THF: Tetrahidrofurano.

WAXD: “Wide Angle X-Ray Diffraction”, ou Difração de Raios X a Alto Ângulo.

WAXS: “Wide Angle X-Ray Scattering”, ou Espalhamento de Raios X a Alto Ângulo.

XRD: “X-Ray Diffraction”, ou Difração de Raios X.

XRF: “X-Ray Fluorescence”, ou Fluorescência de Raios X.

Page 18: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Símbolos

Símbolo Variável [Unidades]

𝐶𝐼 Índice de cristalinidade. [%]

𝑑 Distância de correlação. [𝑛𝑚]

𝐷 Diâmetro. [𝑛𝑚]

𝐸 Módulo de Young. [𝑀𝑃𝑎]

𝐸′ Módulo de Armazenamento. [𝑀𝑃𝑎]

𝐸′′ Módulo de Perda [𝑀𝑃𝑎]

𝐼𝑖 Intensidade do sinal associado a 𝑖. [𝑢. 𝑎.]

ℓ𝑎 Espessura da fase amorfa. [𝑛𝑚]

ℓ𝐶 Espessura de lamela cristalina. [𝑛𝑚]

ℒ Período longo característico de estrutura lamelar de polímeros.

[𝑛𝑚]

𝐿 Comprimento. [𝑛𝑚]

𝐿 𝐷⁄ Razão de aspecto.

𝑚 Massa. [𝑔]

𝑚𝑖 Massa do componente 𝑖 em uma mistura. [𝑔]

𝑀𝑛 Massa molar média em número. [𝑘𝑔 𝑚𝑜𝑙−1]

𝑀𝑤 Massa molar média em massa. [𝑘𝑔 𝑚𝑜𝑙−1]

𝑞 Vetor de espalhamento. [𝑛𝑚−1]

𝑞𝑚𝑎𝑥 Vetor de espalhamento para um pico de correlação. [𝑛𝑚−1]

𝑇𝐶,𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡 Temperatura de início da cristalização. [°𝐶]

𝑇𝑚 Temperatura no pico da fusão. [°𝐶]

𝑇𝑚,𝑖 Temperatura no pico da fusão determinada para o

aquecimento 𝑖 em análise de DSC. [°𝐶]

𝑇𝑔 Temperatura de transição vítrea. [°𝐶]

Page 19: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

𝑇𝑔,𝑖 Temperatura de transição vítrea determinada para o

aquecimento 𝑖 em análise de DSC. [°𝐶]

𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡 Temperatura de início de degradação térmica determinada de análise de TGA.

[°𝐶]

𝛼 Ângulo azimutal de espalhamento. [°]

∆𝛼 Faixa de ângulos para integração para resultados de SAXS.

[°]

𝜀𝑟 Alongamento na ruptura. [%]

∆𝐻𝑚 Entalpia de fusão. [𝐽 𝑔−1]

∆𝐻𝑚,𝐷𝑆𝐶 Entalpia de fusão determinada a partir de curvas de DSC. [𝐽 𝑔−1]

∆𝐻𝑚𝑜 Entalpia de fusão ideal para uma PLC 100% cristalina. [𝐽 𝑔−1]

𝜃 Ângulo de espalhamento. [°]

𝜆 Comprimento de onda. [𝑛𝑚]

𝜎𝑚 Tensão na força máxima. [𝑀𝑃𝑎]

𝜎𝑟 Tensão na ruptura. [𝑀𝑃𝑎]

𝜑𝐶𝑁𝐶 Fração mássica de CNC no compósito.

𝜙𝑐 Limiar de percolação em fração volumétrica.

𝜒 Grau de cristalinidade. [%]

𝜒𝑖 Grau de cristalinidade determinado para o aquecimento 𝑖 em análise de DSC.

[%]

Χ𝐶 Fração cristalina do polímero em volume.

Page 20: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

SUMÁRIO

Capítulo 1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 22

1.1. Compósitos e Nanocompósitos ................................................................... 22

1.2. Percolação ...................................................................................................... 23

1.3. Orientação em Compósitos .......................................................................... 25

1.4. Nanocristais de Celulose .............................................................................. 28

1.5. Obtenção de Nanocompósitos de Nanocristais de Celulose ..................... 30

1.6. Nanocompósitos de Poli(ε-caprolactona) e Nanocristais de Celulose ..... 33

Capítulo 2. OBJETIVOS ........................................................................................ 38

Capítulo 3. METODOLOGIA ................................................................................. 39

3.1. Materiais Utilizados ....................................................................................... 39

3.1.1. Liofilização e Diálise ............................................................................ 39

3.1.2. Procedimento de Troca de Solvente ................................................... 40

3.2. Preparação dos Nanocompósitos ................................................................ 41

3.2.1. Controlada Evaporação de Solvente ................................................... 42

3.2.2. Extrusão e Injeção ............................................................................... 43

3.3. Caracterização e Preparação de Amostras ................................................. 46

3.3.1. Análise Dinâmico-Mecânica ................................................................ 46

3.3.2. Análise Termogravimétrica .................................................................. 46

3.3.3. Calorimetria Diferencial Exploratório ................................................... 46

3.3.4. Cromatografia de Permeação em Gel ................................................. 47

3.3.5. Difração de Raios X ............................................................................ 47

3.3.6. Ensaios Mecânicos ............................................................................. 48

3.3.7. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo .......................................... 48

3.3.8. Espectroscopia de Infravermelho por Refletância Total Atenuada ...... 50

3.3.9. Fluorescência de Raios X ................................................................... 50

3.3.10. Microscopia Eletrônica de Transmissão .............................................. 51

3.3.11. Microscopia Eletrônica de Varredura .................................................. 52

Page 21: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 4. CARACTERIZAÇÃO DOS

NANOCRISTAIS DE CELULOSE ....................................................... 53

Capítulo 5. NANOCOMPÓSITOS VIA

EVAPORAÇÃO CONTROLADA DE SOLVENTE .............................. 58

5.1. Obtenção de Filmes PCL/CNC ....................................................................... 58

5.2. Caracterização dos Filmes Obtidos ............................................................. 66

Capítulo 6. NANOCOMPÓSITOS VIA EXTRUSÃO-INJEÇÃO ............................. 73

6.1. Processamento Termomecânico .................................................................. 73

6.2. Propriedades Térmicas e Mecânicas ........................................................... 76

Capítulo 7. ESTUDO MORFOLÓGICO DOS NANOCOMPÓSITOS .................... 81

7.1. Propriedades Mecânicas e Térmicas ........................................................... 81

7.2. Morfologia e Efeitos de Orientação .............................................................. 94

Capítulo 8. CONCLUSÕES ................................................................................. 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 102

APÊNDICES .......................................................................................................... 112

Page 22: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 1. INTRODUÇÃO

A crescente preocupação com fatores ambientais impele o desenvolvimento de

novos materiais e processos alinhados com essas prerrogativas. Assim, esses

aspectos são incorporados à ciência dos materiais, motivando a busca por materiais

com propriedades aprimoradas e ambientalmente conscientes.

A combinação de materiais pré-existentes tem sido a estratégia preferencialmente

empregada na obtenção de novos materiais [Favier et al. 1997 A]. Nesse contexto,

compósitos, que são o tema deste trabalho, são materiais obtidos pela combinação

de uma fase contínua e ao menos uma fase dispersa, também chamada de carga.

Exemplos de cargas incluem argilas, óxidos e outros materiais particulados ou fibrosos

[Canevarolo Jr. 2006].

1.1. Compósitos e Nanocompósitos

De um ponto de vista histórico, compósitos são tão antigos quanto as grandes

civilizações humanas, sendo que diversos materiais usados pelos egípcios, como o

papiro e tijolos reforçados com palha, são alguns exemplos de compósitos fabricados

na antiguidade [Herakovich 2012]. No entanto, apesar de estarem presentes desde a

antiguidade, atualmente a grande maioria dos compósitos é produzida a partir das

chamadas Fibras Avançadas, cujos desenvolvimentos datam do final da década de

1950 e início da década de 1960 [Herakovich 2012].

Como exemplos de fibras avançadas podem ser citados as fibras de vidro,

aramida e carbono. Porém, na maioria dos casos, os compósitos obtidos com essas

fibras apresentam a desvantagem de serem de difícil reciclagem, além de não

degradarem juntamente com a matriz. Neste contexto, as fibras naturais se

apresentam como uma alternativa ecológica e sustentável para a preparação de

compósitos, já que elas são obtidas de matéria prima renovável e abundante. Assim,

apesar de trabalhos nessa área não serem exclusividade da literatura recente [John

Page 23: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 23

et al. 2008], houve um aumento do interesse pelo tópico após o final da década de

1980 e hoje já existem aplicações na indústria automotiva, entre outras [Zou et al.

2010].

Fibras naturais envolvem tanto fibras de origem animal, como a seda e a lã,

quanto de origem vegetal, como o sisal, a juta e curauá. Vários autores apontam para

as vantagens das fibras vegetais, ou lignocelulósicas, tais como: boas propriedades

de isolamento térmico, baixa densidade, biodegradabilidade e boas propriedades

mecânicas [Gutiérrez et al. 2012].

Considerando cargas de origem vegetal, além das fibras lignocelulósicas

também são encontrados na literatura compósitos reforçados com nanocargas

celulósicas. Essas cargas têm atraído bastante interesse, uma vez que podem conferir

ganhos significativos de propriedades em baixas concentrações [Favier et al. 1995 B].

Nanopartículas, ou nanocargas, estabelecem uma nova classe de compósitos, os

nanocompósitos, que são definidos como aqueles obtidos a partir de cargas que

apresentam pelo menos uma de suas dimensões na faixa de 1 a 100 nm [Oksman et

al. 2006]. Dessa forma, uma variedade de nanocompósitos pode ser obtida agregando

características de interesse a matrizes poliméricas, entre elas, propriedades térmicas,

de barreira, ópticas e mecânicas [Bonderson et al. 2007, Hubbe et al. 2008].

Em particular, o pronunciado efeito de reforço mecânico de cargas nanométricas

tem sido atribuído a características intrínsecas de suas dimensões, como altos valores

de área superficial e de razão de aspecto. Ainda, as propriedades mecânicas de

compósitos e nanocompósitos dependem, além da boa dispersão da carga, da

formação de uma rede tridimensional. Esse efeito é denominado percolação e está

fortemente associado ao tipo de interação carga-carga presente no sistema. [Loos et

al. 2013]

1.2. Percolação

O modelo de percolação descreve sistemas desordenados e é largamente

aplicado a fenômenos naturais. Em particular, o modelo “continuum percolation”, em

que as fases da mistura não estão restritas a posições pré-definidas é o exemplo de

percolação mais comumente aplicado à natureza [Bunde et al. 2000]. A principal

característica dos modelos de percolação é a existência do limiar de percolação que

determina uma fração volumétrica crítica a partir da qual a propriedade estudada varia

abruptamente, devido à estruturação de uma rede física de carga. [Fralick et al. 2012]

Page 24: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 24

Um bom exemplo da aplicação da percolação à modelagem do comportamento

de compósitos, é o estudo da condutividade elétrica em sistemas compostos por uma

matriz isolante e uma carga condutora [Bunde et al. 2000]. Tais sistemas apresentam

comportamento binário, sendo que, abaixo do limiar de percolação o compósito é

isolante e acima passa a ser condutor, com a condutividade aumentando com a

concentração da carga [Fralick et al. 2012]. Assim, o limiar de percolação para esses

sistemas fica definido como a fração volumétrica mínima de carga, distribuída

aleatoriamente, necessária para tornar o compósito condutor [Bunde et al. 2000].

Simulações computacionais de sistemas com disposição aleatória da carga, utilizando

o método de Monte Carlo, vêm sendo usadas para determinar o limiar de percolação

de partículas de diversas geometrias [Fralick et al. 2012].

Com relação à percolação mecânica, são observados aumentos expressivos nas

propriedades mecânicas de compósitos e nanocompósitos que também são atribuídos

à formação da rede de percolação. No entanto, a percolação mecânica não pode ser

considerada um fenômeno puramente relacionado a um arranjo geométrico das

cargas, uma vez que também é observado o efeito de reforço mecânico para frações

volumétricas abaixo do limiar de percolação. [Fralick et al. 2012]

O ponto chave para avaliar a percolação de um dado sistema é determinar a

existência de um limiar característico que descreve a conectividade do sistema, e

denominado limiar de percolação [Fralick et al. 2012]. Tomando como exemplo

partículas de geometria cilíndrica, vários estudos são apresentados na literatura

considerando o efeito da distribuição de tamanhos [Chatterjee 2008; Chatterjee 2012]

e grau de alinhamento [White et al. 2009] sobre o limiar de percolação. Esses

resultados são frequentemente utilizados para modelar o comportamento do limiar de

percolação de nanopartículas, como nanocristais de celulose e nanotubos de carbono.

Em particular, para os nanocristais de celulose, Favier et at. [1997 B] propõem

uma equação baseada na simulação de modelos puramente geométricos, que permite

estimar o limiar de percolação (𝜙𝑐, em termos de fração volumétrica) a partir da razão

de aspecto da carga (razão entre comprimento, 𝐿, e diâmetro, 𝐷):

𝜙𝑐 =0,7

𝐿𝐷⁄

Equação 1

Assim, quanto maior a razão de aspecto, menor a quantidade de carga

necessária para formar a rede de percolação. No entanto, nanocristais de celulose

normalmente se apresentam com distribuição de tamanhos consideravelmente alta, o

Page 25: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 25

que diminui efetivamente o limiar de percolação [Chatterjee 2008 e 2012].

Apesar de diversos trabalhos presentes na literatura empregarem essa equação

como estimativa, quantidades muitos superiores ao valor calculado vêm sendo usadas

[Hassan et al. 2012] sem que o reforço mecânico obtido seja consistente com o

desejado [Leite et al. 2016]. Esse resultado é normalmente atribuído à organização

dos nanocristais induzida pelos métodos de processamento, o que compromete a

formação da rede de percolação [Dufresne 2008]. No entanto, a literatura é escassa

em estudos específicos sobre essa orientação e seus efeitos sobre a morfologia e

demais propriedades dos nanocompósitos

1.3. Orientação em Compósitos

Efeitos de orientação podem estar presentes em compósitos, tanto na fase

dispersa, quanto na fase continua (matriz polimérica). A carga é especialmente

suscetível a tais efeitos, sobretudo quando a mesma consistir de partículas com alta

razão de aspecto (maior que 20 quando dispersas em meios pouco viscosos [Orts et

al. 1998]). A orientação da carga é promovida pelo aparecimento de um torque não

nulo, resultante do cisalhamento da matriz fundida, que induz o alinhamento da carga

com o fluxo. Por essa razão, é comum observar a orientação de cargas cilíndricas e

lamelares em compósitos poliméricos, tais como: nanocristais de celulose [Leite et al.

2015], nanotubos de carbono [Du et al. 2005], argilas [Pujari et al. 2011] e partículas

de talco [Granlund et al 2014].

De forma similar, a orientação da matriz polimérica também é resultado da ação

de forças externas, que induzem a orientação nas cadeias poliméricas em uma

direção comum. No entanto, o estado orientado é apenas temporário, as moléculas

podem relaxar quando as forças de orientação são removidas e, assim, adotar

novamente a orientação aleatória [Gedde 1995]. Nesse contexto, a solidificação

rápida do fundido orientado permite imobilizar as cadeias, tornando permanente a sua

orientação. Esse efeito é comum em materiais moldados por injeção [Fujiyama et al.

1977, Gedde 1995].

A orientação de cadeia é um fenômeno que ocorre unicamente em polímeros, e

se deve à natureza unidimensional das cadeias poliméricas. Esse fenômeno produz

materiais com propriedades fortemente anisotrópicas, uma vez que há ligações

covalentes (presentes ao longo do eixo da cadeia) e interações intra e

intermoleculares (presentes na direção transversal). [Gedde 1995]

Page 26: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 26

Em amostras moldadas por injeção, tipicamente não são observados efeitos de

orientação no material do centro da amostra, entretanto, há evidências desses efeitos

nas proximidades da superfície [Gedde 1995]. Isso se deve ao fato de que as

condições termomecânicas não são espacialmente uniformes durante a moldagem

por injeção [Fujiyama et al. 1977], isto é, existem gradientes de velocidade de

escoamento e temperatura do fundido na seção transversal do molde e ao longo da

direção de injeção. Além disso, a anisotropia em polímeros semicristalinos é

determinada pela soma das contribuições da orientação da fase amorfa e da fase

cristalina, que podem ser distintas [Gedde 1995].

A existência de anisotropia estrutural é bem conhecida, e desde 1960 diversos

trabalhos têm sido realizados visando investigar as variações estruturais ao longo de

diferentes direções dentro de um material. Em um estudo com polipropileno, Fujiyama

et al. constataram que a espessura das diferentes camadas é dependente de vários

parâmetros, como temperatura do fundido, fluidez do fundido e velocidade de injeção

[Fujiyama et al. 1977]. Esses parâmetros também indicam que quanto maior o

cisalhamento (velocidade de injeção), maior a orientação. Relacionado a isto, deve

ser também levado em consideração a flexibilidade intrínseca da cadeia polimérica, o

que reflete na sua suscetibilidade ao cisalhamento.

As técnicas de microscopia e de espalhamento de raios X são as mais

comumente utilizadas para obter informações sobre a ordem estrutural em

compósitos, além de também apresentarem caráter complementar. Enquanto as

análises por microscopia permitem investigar localmente a morfologia dos compósitos,

as técnicas de espalhamento e difração fornecem resultados que refletem uma

amostragem mais ampla das estruturas presentes na amostra.

Mais especificamente, as técnicas de raios X permitem obter informações sobre

a periodicidade de estruturas em uma ampla faixa de dimensões. No caso de medidas

a alto ângulo (WAXS e WAXD), são acessadas as dimensões relacionadas à estrutura

cristalina da célula unitária, o que permite sua identificação e obtenção de parâmetros

estruturais característicos. Além disso, a largura desses picos também permite obter

informações sobre o tamanho dos cristais. Por outro lado, medidas de espalhamento

de raios X a baixo ângulo (SAXS) permitem investigar estruturas com dimensões de

dez a mil vezes maiores que as observadas por medidas a altos ângulo. Nessas

medidas é possível determinar o período longo de polímeros semicristalinos, que é a

soma da espessura de uma lamela e de uma região amorfa interlamelar. Além disso,

Page 27: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 27

a dependência do espalhamento com o ângulo azimutal (𝛼) fornece informações sobre

a orientação dessas superestruturas. [Gedde 1995]

A Figura 1, exemplifica os padrões de espalhamento característicos de

diferentes orientações estruturais em compósitos.

Figura 1. Padrões de espalhamento para diferentes estruturas e orientações em compósitos

poliméricos. Lamelas: (a) não orientada, (b) orientação em uma direção preferencial, (c) com duas

direções preferenciais [Gedde 1995, adaptada]. Partículas: (d) não orientadas, (e) orientadas, (f)

com estrutura esmética.

As Figuras 1.a e 1.d ilustram padrões de espalhamento isotrópico,

característicos de estruturas orientadas radialmente, como é o caso de lamelas de

polímeros em esferulitos e, aleatoriamente, como é o caso de cargas idealmente

dispersas. Um padrão de dois pontos (ou dois arcos) indica que os planos definidos

pelas lamelas são normais à direção preferencial de espalhamento (Figura 1.b),

enquanto o padrão de quatro pontos (ou quatro arcos) exemplifica o caso de dois

conjuntos de planos de lamelas que espalham em (duas) direções correspondentes

aos mesmos (Figura 1.c). [Gedde 1995]

De forma análoga, o alinhamento das cargas (Figura 1.e) em uma direção

preferencial resulta em um padrão de espalhamento perpendicular à direção de

orientação das partículas. Por outro lado, em um sistema que apresenta ordem em

direções perpendiculares (Figura 1.f), tem-se o aparecimento de um padrão

espalhamento que contempla duas direções preferenciais.

Page 28: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 28

1.4. Nanocristais de Celulose

Nanocristais de celulose (ou CNC) são nanopartículas obtidas principalmente

por hidrólise ácida da celulose, em que a quebra de ligações nas regiões amorfas é

cineticamente favorecida, levando à remoção preferencial dessas regiões. A celulose

é um polímero de glicose, portanto um polissacarídeo, constituído de 5 a 8 mil

unidades de celobiose (dímero de glicose) ligadas por ligações β-(1,4)-glicosídicas em

uma cadeia linear [O’Sullivan et al. 1997] (Figura 2..a). As cadeias de celulose se

organizam em fibrilas elementares, que se conectam através de ligações de

hidrogênio para formar microfibrilas. Microfibrilas apresentam tanto regiões amorfas

como cristalinas (Figura 2.b). Assim, quando essa estrutura é hidrolisada, ocorre

majoritariamente a remoção das regiões amorfas, dando origem aos CNC (Figura 2.c),

que retém a estrutura cristalina de Celulose I (celulose nativa) [Araki et al. 1998]. [Lahiji

et al. 2010]

(a)

(b)

(c)

Figura 2. Representações esquemáticas das estruturas: (a) molécula de celulose, é

indicada a dimensão da celobiose, (b) microfibrilas de celulose e (c) nanocristais

obtidos a partir dos domínios cristalinos. Reproduzida de [Lahiji et al. 2010].

O processo de hidrólise ácida de fibras de celulose encontra-se bem reportado

na literatura, sendo os trabalhos de Ranby [1951] os primeiros nessa área. Nesse

processo, os íons hidrônio penetram preferencialmente nas regiões amorfas da

celulose e promovem a clivagem hidrolítica das ligações glicosídicas, resultando em

estruturas cristalinas em forma de agulhas, típicas dos CNC [Favier et al. 1995 B,

Page 29: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 29

Beck-Candanedo et al. 2005]. Essa morfologia explica a sua designação pelo termo

“whiskers” [Favier et al 1997 A]. Usualmente, são empregados ácidos fortes na

hidrólise, tais como os ácidos sulfúrico e clorídrico, que resultam em CNC com

diferentes dimensões e características químicas de superfície [Araki et al. 1998, Lima

et al. 2004]. Esses fatores são determinantes para a incorporação dessas

nanopartículas em matrizes poliméricas. Outro tipo de hidrólise reportada na literatura

é a hidrólise enzimática, que produz CNC com melhores propriedades térmicas e

mecânicas, devido à melhor retenção das propriedades da celulose nativa [George et

al. 2011].

A obtenção de CNC, a partir de hidrólise com ácido sulfúrico, resulta em

nanopartículas com grupos sulfato em sua superfície, grupos esses que são

responsáveis pela presença de cargas superficiais negativas. Dessa forma,

suspensões aquosas de CNC, obtidas por hidrólise com esse ácido, são estáveis

devido à repulsão eletrostática [Araki et al 1998, Lima et al. 2004]. O mesmo fenômeno

não ocorre em suspensões de CNC obtidos a partir da hidrólise em ácido clorídrico,

uma vez que não apresentam cargas superficiais. Neste caso, a superfície é

constituída apenas de hidroxilas, que são eletricamente neutras [Ayuk et al. 2009].

Essa eletroneutralidade da superfície é também responsável pela maior estabilidade

térmica dos CNC frente aos que contêm grupos sulfato, pois estes podem causar a

degradação da celulose por meio de desidratação [Roman et al 2004].

As propriedades mecânicas das regiões cristalinas da Celulose I são

investigadas desde a década de 1930 [Lahiji et al. 2010]. Estes estudos, até

recentemente, enfocam nas propriedades axiais da celulose, isto é, paralelas ao eixo

das cadeias. No entanto, as propriedades mecânicas da celulose cristalina

apresentam anisotropia, sendo que o módulo de Young axial (paralelo ao eixo das

cadeias) é cerca de uma ordem de grandeza maior que o módulo medido na direção

transversal [Tashiro et al. 1991].

As dimensões nanométricas e as propriedades mecânicas excepcionais, como

o módulo de Young axial de 167,5 GPa [Tashiro et al. 1991], fazem dos CNC

candidatos promissores para atuar como carga de reforço mecânico em matrizes

poliméricas [Dufresne 2008]. A Tabela 1 apresenta uma comparação das

propriedades mecânicas dos CNC e de alguns materiais selecionados. Esses

resultados explicitam quão promissores são os CNC, que apresentam propriedades

mecânicas comparáveis ou mesmo superiores às cargas usadas comercialmente.

Page 30: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 30

Tabela 1. Comparação das propriedades mecânicas sob tração de materiais

selecionados e nanocargas celulósicas [Durán et al. 2011].

Carga Resistência a Tração Módulo de Young

GPa GPa

Nanocristais de Celulose 7,5 150

Fibras de Vidro 4,7 86

Kevlar (Fibras de Aramida) 3,8 130

Nanotubos de Carbono 11 a 73 270 a 970

Além das propriedades mecânicas destacadas, os CNC ainda apresentam

outras características vantajosas do ponto de vista da formação de nanocompósitos,

como sua baixa densidade (1,566 g cm-3 [Lahiji et al. 2010]) e seu caráter sustentável,

associado ao fato de serem obtidos a partir de matéria-prima renovável.

Adicionalmente, a existência de bactérias produtoras de celulase [Maki et al. 2009]

sugerem que os CNC são biodegradáveis. Isso, aliado ao fato de os CNC se

mostrarem atóxicos para diversas células [Roman 2015], torna essa carga uma

excelente alternativa para a preparação de biocompósitos [Habibi et al. 2008].

Um dos trabalhos mais destacados sobre nanocompósitos de CNC foi o de

Favier et al. [1995 A]. Esse trabalho foi o primeiro a demonstrar o efeito de reforço

mecânico dos CNC; nesse caso, obtido pela sua combinação com uma matriz de

poli(estireno-co-acrilobutadieno) na forma de latex. Os CNC usados foram obtidos a

partir de tunicados (animais marinhos pertencentes ao subfilo Urochordata). Os

autores observaram aumentos de até três ordens de grandeza no módulo de

armazenamento, com adição de uma pequena quantidade da carga (até 6% m/m).

Esse acentuado efeito de reforço foi atribuído ao fenômeno de percolação mecânica,

decorrente da formação de uma rede de percolação de CNC permeando a matriz

polimérica [Favier et al. 1995 A] [Dufresne 2008]. Porém, esses resultados não têm

sido facilmente reproduzidos em outros sistemas [Bogdanova et al. 2016].

1.5. Obtenção de Nanocompósitos de Nanocristais de Celulose

A escolha do método de preparação de nanocompósitos é um fator determinante

na formação da rede de CNC, sendo os métodos mais comuns o de evaporação de

solvente e o de processamento termomecânico. A formação de filmes por evaporação

controlada de solvente tende a produzir materiais com desempenho mecânico

superior àqueles obtidos por técnicas de processamento termomecânico. Esse

Page 31: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 31

resultado é normalmente atribuído à dispersão e orientação dos CNC em função dos

métodos utilizados. No caso de preparações envolvendo soluções, o movimento

Browniano das moléculas de solvente permite que os CNC se movimentem, de forma

a se arranjarem em estruturas favoráveis à formação da rede de percolação durante

a evaporação do solvente. [Dufresne 2008]

Assim, o desafio inicial na preparação de nanocompósitos de CNC é obter uma

distribuição uniforme da carga na matriz polimérica. Dessa forma, a maioria dos

trabalhos na literatura explora o uso de polímeros hidrossolúveis ou dispersáveis em

água devido ao fato das nanopartículas apresentarem melhor dispersão em soluções

aquosas. Porém, diversas estratégias vêm sendo empregadas para superar a

dificuldade em dispersar as nanopartículas em solventes menos favoráveis.

[Bogdanova et al. 2016, Dufresne 2010]

Com relação ao uso de polímeros hidrossolúveis ou dispersáveis em água, são

relatados na literatura nanocompósitos preparados a partir da mistura do polímero e

suspensões de CNC. Usualmente a mistura é submetida à secagem, podendo ser em

seguida moldada termicamente. Esses métodos foram empregados para polímeros

como poli(óxido de etileno) [Azizi et al 2004], poli(álcool vinílico) [Voronova et al 2015]

e derivados de celulose [Zimmermann et al. 2005], obtendo-se ganhos em diversas

propriedades mecânicas. [Bogdanova et al. 2016, Dufresne 2010]

Alternativamente, métodos similares são empregados para outros solventes.

Nesses casos, são conduzidas modificações superficiais [Goussé et al 2002] ou

adicionados surfactantes [Ljungberg et al. 2006], com o objetivo de melhorar a

dispersão das nanopartículas no solvente de interesse. Ainda, é reportado na literatura

que outros solventes, tais como dimetilformamida e dimetilsulfóxido [Viet et al 2007],

permitem a obtenção de dispersões em solvente orgânico sem a necessidade de

aditivos ou modificações químicas. [Bogdanova et al. 2016]

Outra estratégia empregada para a obtenção de nanocompósitos é o chamado

método Látex. Com esse método é possível reter no compósito o alto grau de

dispersão da carga presente na suspensão aquosa. Esse foi o método usado por

Favier et al. [1995 A], e estendido a outros látices, como o de borracha natural

[Bendahou et al. 2010] e de poli(acetato de vinila) [Garcia de Rodriguez et al. 2006].

É importante destacar, que embora o mecanismo de evolução da morfologia durante

a secagem seja conhecido [Dufresne 2010], o aparecimento de gradientes de

concentração das nanopartículas pode ocorrer no compósito, devido à lentidão da

Page 32: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 32

secagem e sedimentação das mesmas, como relatado por Helbert et al. [1996 e

Dufresne et al 1997].

Outra abordagem é explorar a modificação superficial das nanopartículas,

visando a compatibilização entre carga e matriz, o que pode ser alcançado com a

aplicação de métodos de enxerto de cadeias poliméricas na superfície dos CNC. Essa

modificação superficial pode ser feita de duas formas: pela reação de grupos terminais

das cadeias com grupos superficiais das nanopartículas, ou pelo crescimento de

cadeias de polímero a partir desses grupos [Dufresne 2010]. Os exemplos mais

relevantes são: modificação de CNC com cadeias de poli(ε-caprolactona) e uso na

preparação de nanocompósitos de poli(ε-caprolactona) [Habibi et al. 2008] e

poli(ácido láctico) [Lin et al. 2009], e modificação com n-octadecil isocianato, em

nanocompósitos de poli(ε-caprolactona) [Hassan et al. 2012, Siqueira et al. 2013].

Em termos de processamento termomecânico, poucos trabalhos exploram o

método de extrusão na preparação de nanocompósitos de CNC. Isso se deve ao fato

de ser necessário o uso de CNC em sua forma seca, o que representa perder a

adequada dispersão das nanopartículas em solventes. Geralmente é utilizada a

liofilização para remoção da água, o que favorece a aglomeração das partículas. A

liofilização resulta em uma aglomeração irreversível, promovida pela formação de

ligações de hidrogênio entre as partículas, dificultando sua posterior dispersão na

matriz [Bogdanova et al. 2016]. Além disso, a extrusão frequentemente envolve altas

temperaturas, o que pode levar à degradação dos CNC [Roman et al. 2004, Dufresne

2008]. Ao mesmo tempo, o cisalhamento presente nesse tipo de processamento pode

promover alinhamento das nanopartículas com o fluxo do fundido [Dufresne 2008].

Dentro desse contexto, diversas estratégias têm sido empregadas para melhorar

a dispersão dos CNC, bem como evitar sua degradação. Um estudo com polietileno

de baixa densidade, em que os CNC tiveram sua superfície enxertada com cadeias

alquílicas de diferentes comprimentos, revelou que quanto maior o tamanho da cadeia

melhor a dispersão dos CNC na matriz [de Menezes et al. 2009]. No entanto, o

trabalho de Oksman et al. [2006] com poli(ácido láctico), assim como a maioria dos

estudos nessa área, demonstra que alcançar o reforço mecânico esperado ainda é

um desafio.

Também são reportados trabalhos sobre filmes preparados pela técnica de

“layer-by-layer” [Podsiadlo et al. 2005 e Jean et al. 2008] e “electrospinning”, usando

diversas matrizes poliméricas, tais como: poli(óxido de etileno) [Zhou et al. 2011],

Page 33: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 33

poliestireno [Rojas et al. 2009], poli(ε-caprolactona) [Zoppe et al. 2009] e

poli(álcool vinílico) [Uddin et al. 2011]. [Bogdanova et al. 2016]

Finalmente, também têm sido relatados nanocompósitos preparados a partir da

impregnação de géis de CNC com soluções poliméricas. Géis de CNC são materiais

obtidos por reticulação das nanopartículas, seja ela química ou física. Géis físicos são

formados com a auto-organização das nanopartículas causada por interações iônicas

ou ligações de hidrogênio. Estes géis podem ser obtidos espontaneamente por meio

da formação de ligações de hidrogênio, promovidas por troca de solvente (geralmente

água substituída por acetona [Capadona et al. 2009] ou etanol [Siqueira et al.

2011 A]). Por outro lado, a reticulação química é estabelecida quando há formação de

ligações covalentes entre as nanopartículas, comumente alcançadas por modificação

superficial seguida de reticulação. Em ambos os casos, a impregnação de géis com

cadeias poliméricas leva à melhoria da estabilidade mecânica do gel e ao aumento do

seu módulo de Young [Bogdanova et al. 2016], como é ressaltado no trabalho de

Abitbol et al. [2011] sobre géis de CNC e poli(álcool vinílico).

1.6. Nanocompósitos de Poli(ε-caprolactona) e Nanocristais de Celulose

A poli(-caprolactona), ou simplesmente policaprolactona (PCL), é um poliéster

sintético e linear [Wahit et al. 2012]. Sua estrutura é constituída por grupos éster

separados por cadeias alquílicas saturadas de cinco carbonos (Figura 3). A PCL pode

ser obtida por policondensação do ácido 6-hidróxi-capróico ou por polimerização por

abertura de anel da ε-caprolactona (Figura 3) [Labet et al. 2009, Raquez et al. 2008].

Quando obtida por polimerização por abertura de anel, o polímero é isotático e,

portanto, semicristalino. [Labet et al. 2009].

Figura 3. Estruturas da PCL (esquerda) e do monômero ε-caprolactona (direita).

Uma característica atraente da PCL é sua biodegradabilidade [Okamoto et al.

2013]. O polímero é também considerado biocompatível, uma vez que sua

degradação em condições fisiológicas gera produtos atóxicos, sendo amplamente

Page 34: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 34

empregado em aplicações biomédicas [Fabbri et al. 2010 e Neppalli et al. 2011].

Considerando o processamento termomecânico de nanocompósitos de CNC, a

PCL é um termoplástico bastante promissor, tendo em vista que sua baixa

temperatura de fusão, na faixa de 55 a 60 °C [Raquez et al. 2008], encontra-se abaixo

da temperatura de degradação térmica da nanocarga. O polímero apresenta também

boa solubilidade na maioria dos solventes convencionais [Bordes et al 2010]. Destaca-

se o fato da PCL apresentar boas propriedades mecânicas, como elevada resistência

ao impacto e boa flexibilidade, apresentando valores de módulo de Young na faixa de

180 a 600 MPa [Labet et al. 2009, Okamoto et al. 2013 e Mi et al. 2014]). Essa

flexibilidade é justificada pela baixa temperatura de transição vítrea (aproximadamente

-60 °C [Raquez et al. 2008]).

As características de processabilidade da PCL fazem dela um polímero bastante

adequado para a obtenção de nanocompósitos com CNC, uma vez que sua

temperatura de fusão encontra-se abaixo da temperatura de degradação térmica dos

CNC de diferentes origens e métodos de obtenção [Roman et al. 2004]. No entanto,

sua significativa hidrofobicidade pode prejudicar a formação de uma interface coesa

no compósito, como também dificultar a seleção de um solvente comum para a

obtenção de filmes por evaporação controlada de solvente.

Nesse sentido, a ocorrência de hidrólise durante o processamento mecânico

pode favorecer a compatibilização do sistema [Santos et al. 2007], uma vez que

podem ser formados ácidos e álcoois terminais que podem reagir com grupos

presentes na superfície dos CNC. A Figura 4 ilustra a reação de hidrólise da PCL, em

meio básico, produzindo grupos álcool e carboxilato [Gutiérrez et al. 2012].

Figura 4. Reação de hidrólise da PCL. [Araujo et al. 2008]

Apesar dessa abordagem estar presente na literatura para outros

nanocompósitos contendo cargas de origem natural, ela não foi reportada para a PCL.

A grande maioria dos trabalhos utiliza a modificação superficial dos CNC para

compatibilizar a carga com a matriz polimérica, independentemente do método de

Page 35: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 35

preparação empregado. A Tabela 2 elenca alguns trabalhos recentes encontrados na

literatura envolvendo a preparação de nanocompósitos de PCL e CNC.

Tabela 2. Nanocompósitos de PCL e CNC publicados recentemente na literatura.

Artigo Método de

Processamento

Massa Molar Fonte de

Celulose Modificação dos

CNC kg mol-1

[Habibi 2008] Evaporação de

Solvente” Síntese* Rami -caprolactona

[Chen 2009] Prensagem &

Injeção Síntese*

Celulose Microcristalina

-caprolactona

[Zoppe 2009] “Electrospinning” 𝑀𝑛 = 80 Rami PCL-diol

[Siqueira 2009] Evaporação de

Solvente 𝑀𝑤 = 65 Sisal n-octadecil isocianato

[Goffin 2011] Extrusão 𝑀𝑛 = 50 Rami PCL

[Siqueira 2011 B] Evaporação de

Solvente 𝑀𝑤 = 65 Sisal n-octadecil isocianato

[Hassan 2012] Evaporação de

Solvente 𝑀𝑤 = 65 Bagaço** n-octadecil isocianato

[Siqueira 2013] Evaporação de

Solvente” 𝑀𝑤 = 65 L. Cylindrica*** n-octadecil isocianato

[Khan 2013] Prensagem 75 “Softwood Pulp” -

[Mi 2014] Extrusão 𝑀𝑛 = 50 “Southern Pine” -

[Figueiredo et al. 2015] Prensagem 𝑀𝑤 = 50 Celulose

Bacteriana -caprolactona†

[Bellani et al. 2016] “Electrospinning” 𝑀𝑛 = 57 Eucalipto -caprolactona

[Si et al. 2016] “Electrospinning” 50 Comercial†† -

[Wang et al. 2016] Gel Orgânico††† 𝑀𝑛 = 112 Celulose

Microcristalina PCL

* polimerização da -caprolactona nos CNC.

** 70,6% celulose, 26,8% pentosanas e 0,82% cinzas.

*** popularmente conhecida como bucha vegetal. † síntese “in situ” da celulose via microrganismos na presença da -caprolactona nos CNC. †† Intelligent Chemicals Pty Ltd. (China). ††† foi preparado a partir de um gel orgânico de CNC como precursor para a formação do compósito.

Com relação ao processamento mecânico, Goffin et al. [2011] e Mi et al. [2014]

utilizaram a extrusão em seus trabalhos. Goffin et al. [2011] obtiveram CNC a partir

de fibras vegetais de rami e realizaram a modificação de superfície enxertando

cadeias de PCL por polimerização da -caprolactona. Os CNC obtidos foram

combinados com PCL comercial, pelo método de extrusão a 120 °C e 75 rpm por

10 min. Os resultados apresentados mostraram maior aumento do módulo de

Page 36: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 36

armazenamento em materiais contendo a carga modificada (aproximadamente 50 a

250% para nanocompósitos contendo de 2 a 8% em massa), quando comparados aos

que utilizam a carga sem modificação (aumento de no máximo 53%). Além disso,

resultados de ensaios reológicos sugerem a formação de uma rede mista matriz-

carga. Por sua vez, Mi et al. [2014] obtiveram materiais porosos pela injeção

microcelular (“microcellular injection”) do compósito extrudado (100 °C com rotação

de 100 rad min-1). Os resultados obtidos pelos autores mostram que os CNC atuam

como agentes de reforço mecânico (ganhos de até 20% no módulo de Young para os

nanocompósitos densos e 60% para os porosos). Além disso, os autores também

indicaram, por meio de técnicas espectroscópicas, a existência de interações

CNC-PCL que promovem a formação de uma interface coesa.

Outros métodos de processamento mecânico foram usados por Chen et al.

[2009] e Khan et al. [2013]. Chen et al. [2009] partiu de celulose microcristalina para

obter os CNC, e realizou modificação superficial similar à de Goffin et al. [2011]. Os

autores também polimerizaram a PCL na superfície da carga; porém, os

nanocompósitos foram preparados diretamente a partir dos CNC modificados, com a

fase polimérica formada pelas próprias cadeias de PCL enxertadas. Dessa forma,

diferentes composições mássicas para o compósito foram obtidas a partir de

diferentes tempos de reação de polimerização. O material obtido foi moldado em

filmes por injeção ou prensagem a quente. Outros autores também fizeram uso da

moldagem por prensagem a quente. Khan et al. [2013] obtiveram filmes por

prensagem a quente de uma pré-mistura de PCL e CNC, preparada por agitação

mecânica no estado fundido. Esses filmes foram avaliados quanto às suas

propriedades mecânicas e de permeação a gases, o que permitiu aos autores

observar uma melhora geral do desempenho dos materiais (até 100% de aumento no

módulo de Young em nanocompósitos contendo 5% em massa de CNC).

Siqueira et al. [2011 B e 2009] estudaram a influência da natureza e da forma de

nanopartículas de celulose sobre a cristalização da PCL, em filmes obtidos via

evaporação controlada de solvente. Os autores mostram que a presença das

nanopartículas celulósicas, nanocristais ou nanofibras, provoca a diminuição da

energia de nucleação da PCL [Siqueira et al. 2011 B], mas que apenas os CNC

induzem um aumento da temperatura de fusão e do grau de cristalinidade do polímero.

Em outro trabalho, Siqueira et al. [2013] estudaram propriedades mecânicas e

térmicas de nanocompósitos de PCL e CNC, tendo sido observado o efeito de reforço

Page 37: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 37

mecânico, que foi mais eficiente no caso dos CNC modificados (até 60% de aumento

no módulo de Young). Essa melhoria no reforço com a utilização de CNC modificados

também foi observada por Habibi et al. [2008] (150% de aumento para 40% em massa

de CNC) e Hassan et al. [2012] (75% para 15% em massa). Além disso, Hassan et al.

[2012] realizaram testes de biodesintegração por exposição a solo úmido,

demonstrando a redução da taxa de degradação da PCL na presença dos CNC.

Dentre os trabalhos envolvendo a técnica de evaporação controlada de solvente,

a maioria utiliza o diclorometano como solvente [Habibi et al. 2008, Siqueira et al.

2009, 2011 B e 2013]. A escolha do mesmo pode ser atribuída ao fato de solventes

clorados serem bons solventes para a PCL [Bordes et al. 2010]. No entanto, pouco é

discutido sobre a influência do solvente utilizado sobre as características do compósito

obtido. Alternativamente, a literatura também reporta o uso de THF para a obtenção

de nanocompósitos de PCL, com foco em aplicações biológicas, devido à baixa

toxicidade desse solvente [Neppalli et al 2011].

Outro método recorrente de produção de nanocompósitos é o de

“electrospinning”, que produz fios do compósito a partir de suspensões de CNC em

soluções de PCL, originando um material poroso. Esse tipo de material apresenta

grande interesse em aplicações biológicas, tais como arcabouços para crescimento

tecidual [Okamoto et al. 2013 e Bellani et al 2016].

O conjunto dos trabalhos indicados na Tabela 2 ilustra a variedade de métodos

usados na preparação de nanocompósitos de PCL e CNC de diferentes origens; no

entanto, a comparação entre os diferentes métodos e seus efeitos sobre a morfologia

são ainda pouco explorados. Além disso, é interessante destacar que a evolução dos

trabalhos com o tempo demonstra uma tendência no sentido de criar materiais para

aplicações específicas, e um interesse cada vez menor na obtenção de reforço

mecânico.

Page 38: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 2. OBJETIVOS

O principal objetivo desse trabalho foi o estudo dos efeitos dos métodos de

extrusão/injeção e de evaporação controlada de solvente sobre a morfologia e

propriedades de nanocompósitos de poli(ε-caprolactona) e nanocristais de celulose.

Nesse contexto, foram avaliadas a distribuição e organização das nanopartículas na

matriz polimérica e as mesmas foram correlacionadas com as propriedades térmicas

e mecânicas dos nanocompósitos obtidos.

Dessa forma, os objetivos específicos deste trabalho foram:

Definir metodologias adequadas para a preparação de nanocompósitos de

poli(ε-caprolactona) e nanocristais de celulose pelos métodos de evaporação

controlada de solvente e extrusão/injeção.

Avaliar as propriedades térmicas e mecânicas dos nanocompósitos.

Avaliar os efeitos dos diferentes métodos de preparação sobre a distribuição

da carga e a morfologia dos materiais obtidos.

Correlacionar as características morfológicas com as propriedades mecânicas

dos nanocompósitos.

Page 39: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 3. METODOLOGIA

3.1. Materiais Utilizados

Os CNC utilizados neste trabalho foram adquiridos do “Pulp and Paper Process

Development Center” da University of Maine, EUA. Essas nanocargas celulósicas

foram produzidas por hidrólise ácida (ácido sulfúrico, H2SO4) da polpa de madeira, um

intermediário da indústria de papel e celulose. Os CNC foram adquiridos em duas

formas: Gel aquoso, contendo 11,8% em massa de sólidos, e na forma de Pó

liofilizado.

A PCL, de massa molar nominal 100 kg mol-1, adquirida junto à Scientific

Polymer® (CAT#1031), foi utilizada majoritariamente nesse trabalho. Outra PCL,

também da Scientific Polymer® (CAT#1034), de massa molar 150 kg mol-1, foi utilizada

em experimentos exploratórios do método de evaporação controlada de solvente

(Seção 3.2.1).

Foram utilizados os solventes: tetrahidrofurano (THF), clorofórmio (CHCl3) e

diclorometano (CH2Cl2) da marca Synth, e acetona da marca Vetec, todos de grau

p.a.. Também foi utilizada água deionizada, obtida em um sistema MILLIPORE da

Synergy.

3.1.1. Liofilização e Diálise

Para a caracterização dos CNC, as nanopartículas, originalmente adquiridas

na forma de Gel, foram submetidas à diálise e/ou liofilização.

O procedimento de diálise consistiu em preencher uma membrana de diálise

com o Gel e deixá-la imensa em água deionizada por 10 dias, sendo que a água foi

trocada a cada 24h aproximadamente. O material obtido dessa forma foi designado

com Gel Dialisado.

O procedimento de liofilização, por sua vez, consistiu em congelar a amostra

em nitrogênio líquido e então mantê-la sob vácuo, em um Liofilizador K105 da

Page 40: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 40

LIOTOP, até a completa remoção da água presente por sublimação. Dessa forma,

foram obtidos o Gel Liofilizado, quando foi feita a liofilização do Gel aquoso, e o Gel

Dialisado Liofilizado, quando o procedimento foi feito com o Gel submetido ao

processo de diálise (Gel Dialisado) seguido de liofilização.

3.1.2. Procedimento de Troca de Solvente

Visando obter uma melhor dispersão de CNC em THF, foi empregado um

procedimento de troca de solvente, partindo-se dos CNC na forma de Gel aquoso.

Para tanto, em um tubo de centrífuga foram transferidos 2,350 g de Gel, o

qual foi diluído com 0,39 g de H2O (concentração final de CNC de 10% m/m) e

homogeneizado por agitação (Vortex Mixer MX-S), seguido de exposição ao ultrassom

(frequência de 40 kHz e potência de 81 W, UltraSonic Cleaner T1440 da THORNTON)

por 7 min. Em seguida, foram adicionados 3,15 g de THF de modo a obter uma

suspensão de CNC em mistura H2O-THF, que foi novamente homogeneizada

(agitação e sonicação por 7 min).

A Figura 5 apresenta suspensões contendo 1% em massa de CNC em

diferentes misturas H2O-THF. Essas suspensões foram preparadas para se

determinar a proporção mais adequada entre os solventes para promover a separação

dos CNC por centrifugação.

Figura 5. Fotografia mostrando

suspensões de CNC (1% m/m) em

misturas H2O-THF. As porcentagens

indicam a fração mássica de THF.

A partir das observações realizadas, optou-se por adicionar THF

gradativamente à suspensão, contendo inicialmente 60% desse solvente, até atingir a

proporção de 85% (10,28 g), sob sonicação. Após a adição do solvente, a mistura foi

homogeneizada (agitação em vortex e sonicação por 7 min).

A suspensão final preparada foi então centrifugada a 4.000 rpm por 10 min

(Centrífuga MPW-350, rotor REF 11458). Após a centrifugação, o sobrenadante foi

Page 41: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 41

removido e substituído por 14,0 g de THF puro. A mistura foi novamente

homogeneizada e então centrifugada. O procedimento de lavagem (adição de THF,

homogeneização e centrifugação) foi repetido por três vezes. Por fim, o sobrenadante

(solvente) foi removido, obtendo-se uma suspensão concentrada de CNC em THF de

aspecto pastoso contendo aproximadamente 4% (m/m) de CNC.

3.2. Preparação dos Nanocompósitos

No geral, dois métodos de processamento distintos foram realizados:

evaporação controlada de solvente (ou “solvent casting”) e processamento

termomecânico (via extrusão e moldagem por injeção). As seções a seguir descrevem

o procedimento experimental empregado para cada um desses métodos.

3.2.1. Evaporação de Controlada de Solvente

Para a preparação de filmes de nanocompósitos pelo método de evaporação

controlada de solvente, foi feita a solubilização da PCL em solvente orgânico (agitação

por 5 horas ou mais), adição de uma suspensão de CNC no mesmo solvente e

homogeneização por 24 h. As soluções foram vertidas em placas Petri sobre

superfície nivelada, que foi então coberta com uma cuba de vidro e mantidas sob fluxo

de 0,05 L min-1 de N2(g), para a evaporação do solvente. Após 24 horas, os filmes

obtidos foram retirados da placa Petri e levados à estufa a vácuo por mais 24 horas,

para garantir a completa a remoção de solvente.

A suspensão de CNC em solvente orgânico foi obtida e adicionada à solução

de PCL de duas formas. No primeiro método, a mistura (CNC em Pó e solvente) foi

exposta ao ultrassom (40 kHz, 81 W) por 28 min e posteriormente mantida sobre

agitação magnética para evitar a decantação. Em seguida, a mesma foi adicionada à

solução de PCL por gotejamento. Esse método foi empregado para os seguintes

solventes: THF, CH2Cl2 e CHCl3. No segundo método, utilizou-se o procedimento de

troca de solvente (apenas para a preparação de filmes com THF, Seção 3.1.2)

fazendo-se a adição da suspensão à solução de PC.

Os diferentes solventes foram utilizados para selecionar a melhor condição

para a preparação de filmes por evaporação de solvente. A Tabela 3 apresenta a

nomenclatura adotada para os nanocompósitos preparados e as quantidades usadas

de cada componente. Nessa etapa foram preparados nanocompósitos contendo 9%

(m/m) de CNC e uma mistura final contendo 0,12 g de PCL/mL de solvente.

Page 42: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 42

Tabela 3. Filmes preparados pelo método de evaporação controlada de solvente e

utilizando diferentes solventes.

Material* Solvente

Massa de PCL

Solvente para solução de PCL

Massa de CNC

Solvente para suspensão de CNC

g mL g mL

PCLc CHCl3 2,44 20,0 - -

PCLc/CNC CHCl3 3,66 20,0 0,36 10,0

PCLd CH2Cl2 2,44 20,0 - -

PCLd/CNC CH2Cl2 3,66 20,0 0,36 10,0

PCLt THF 2,44 20,0 - -

PCLt/CNC THF 3,66 20,0 0,36 10,0

PCL/CNCts** THF 3,66 20,3 0,36 (9,7)

* Na nomenclatura adotada para estes materiais c indica filmes obtidos utilizando CHCl3, d CH2Cl2 e t THF. A

abreviação ts indica que o filme foi obtido utilizando THF e suspensão de CNC obtida por troca de solvente.

** compósito preparado usando a suspensão de CNC obtida por troca de solvente. O valor apresentado entre

parênteses indica o volume de THF na suspensão.

Em função dos resultados obtidos nesta etapa (discussão apresentada na

Seção 5.1), a condição escolhida para a preparação dos filmes foi de troca de solvente

(THF). Dessa forma, a Tabela 4 apresenta os nanocompósitos preparados e a

nomenclatura adotada.

Tabela 4. Filmes preparados por evaporação controlada de solvente, a partir de suspensões

obtidas pelo método de troca de solvente (4% m/m de CNC em THF).

Material Composição (% m/m)

Concentração da solução de PCL

Massa PCL Suspensão

de CNC

PCL CNC % m/m g g

PCL100% 100 0 10,0 5,00 -

PCL/CNC5% 95 5 8,4 4,75 6,25

PCL/CNC10% 90 10 8,0 4,50 12,50

PCL/CNC15% 85 15 7,6 4,25 18,75

PCL/CNC20% 80 20 7,2 4,00 25,00

PCL/CNC25% 75 25 6,8 3,75 31,25

Os valores de massa apresentados na Tabela 4 foram determinados para a

preparação de 5,00 g de compósito, de modo a obter filmes com espessura entre 0,25

e 0,35 mm. Após a adição da suspensão de CNC, as misturas foram diluídas com

THF para a obtenção de viscosidades similares. Os valores de concentração mássica

da solução de PCL após a diluição, reportados na Tabela 4, foram calculados segundo

a equação:

Page 43: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 43

% 𝑚/𝑚 = 𝑚𝑃𝐶𝐿

𝑚𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑚𝐶𝑁𝐶 Equação 2

Os valores de concentração mássica de PCL em THF (desconsiderando a

contribuição da carga) foram determinados a partir da massa final aferida (𝑚𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙, que

contabiliza polímero, carga e solvente), descontando a massa de CNC (𝑚𝐶𝑁𝐶).

3.2.2. Extrusão e Injeção

Para o método de processamento termomecânico, foi empregada uma

micro-extrusora dupla rosca 15cc (DSM XploreTM, Figura 6.a), alimentada com

formulações de PCL ou PCL/CNC totalizando 12,0 g (aproximadamente 15 mL). O

material extrudado foi transferido para uma micro-injetora 12cc (DSM XploreTM,

Figura 6.b), para injeção dos corpos de prova que foram utilizados na caracterização

dos nanocompósitos.

Figura 6. (a) micro-extrusora e (b) micro-injetora usadas no processamento mecânico dos

materiais. (c) interior da micro-extrusora mostrando as roscas e o canal de recirculação.

(a) (c)

(b)

Page 44: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 44

As condições de processamento foram selecionadas tendo como critério o

processamento mais brando dos materiais, de forma a minimizar a degradação do

polímero e da carga. Na extrusora, foi utilizada a temperatura de 100 ºC, roscas

co-rotacionais a 100 rpm e tempo de recirculação de 10 minutos. Na injetora, o molde

foi mantido a 35°C (menor temperatura disponível) e o perfil de injeção (Figura 7) foi

ajustado para obter o completo preenchimento do molde. Após a injeção,

aguardou-se 58 s antes de abrir o molde (que adicionados aos 32 s do processo de

injeção totalizam 1,5 min de resfriamento) para garantir a completa solidificação do

material.

Figura 7. (a) molde utilizando na injeção dos corpos de prova. (b) gráfico esquemático

representando o perfil de injeção empregado na moldagem dos corpos de prova.

Apesar de o equipamento usado na etapa de moldagem ser denominado de

injetora, do ponto de vista técnico o processo de moldagem não pode ser

caracterizado como injeção. A injeção envolve tipicamente altas velocidades de

injeção do fundido, condição que não se aplica ao processo realizado na máquina

utilizada. Assim, o termo correto para descrever tal processo é o de moldagem por

transferência, contudo, o termo injeção foi adotado ao longo do texto.

Diferentes métodos foram usados para preparar os nanocompósitos, visando

melhorar a distribuição da carga na matriz. O método Sem Solvente foi utilizado como

referência. Além desse método, também foram usadas diferentes estratégias para a

pré-mistura dos componentes, empregando os solventes Acetona e THF. Esses

métodos estão descritos a seguir.

Sem Solvente: os dois componentes, PCL em “pellets” e CNC em Pó, foram

misturados a seco em um Béquer e alimentados na extrusora.

(a) (b)

Page 45: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 45

Acetona: uma suspensão de CNC em acetona (0,02 g mL-1) foi preparada expondo a

mistura ao ultrassom (40 kHz e 81 W) por 28 min. Essa suspensão foi então vertida

sobre “pellets” de PCL colocados em uma placa Petri. A placa foi colocada em uma

câmara fechada (atmosfera de ar estagnado) de forma a promover uma remoção

lenta do solvente. O material obtido foi cortado para facilitar a alimentação na

extrusora.

THF: a solução de PCL e a suspensão de CNC (em Pó) em THF foram misturadas

seguindo a metodologia utilizada nos testes do método de evaporação controlada

de solvente (Seção 3.2.1, Tabela 3 PCLt/CNC). A secagem foi feita também sob

fluxo de N2(g) (1 L min-1) e o material obtido foi cortado para facilitar a alimentação

na extrusora.

Tabela 5. Composição dos nanocompósitos preparados por extrusão/injeção.

Material

Concentração CNC

Massa de PCL

Massa de CNC*

Solvente Total**

% m/m g g mL

PCL - 12,0 -

Sem Solvente 5% 5 11,40 0,60 -

Sem Solvente 10% 10 10,80 1,20 -

Sem Solvente 15% 15 10,20 1,80 -

Sem Solvente 25% 25 9,00 3,00 -

Acetona 5% 5 12,35 0,65 33

Acetona 10% 10 11,70 1,30 65

Acetona 15% 15 11,05 1,95 98

Acetona 25% 25 9,75 3,25 163

THF 5% 5 12,35 0,65 125

THF 10% 10 11,70 1,30 118

THF 15% 15 11,05 1,95 112

THF 25% 25 9,75 3,25 99

Troca de Solvente 5% 5 12,35 16,25 600

Troca de Solvente 10% 10 11,70 32,50 1100

Troca de Solvente 15% 15 11,05 48,80 1600

* para os nanocompósitos Troca de Solvente refere-se à massa de suspensão de CNC utilizada.

** solvente total usado para a preparação de uma formulação (13,0 g).

Os nanocompósitos Troca de Solvente foram obtidos por extrusão e injeção

dos materiais preparados por evaporação controlada de solvente (Seção 3.2.1 Tabela

4). Esses materiais foram destinados à caracterização morfológica e, devido ao

Page 46: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 46

excessivo consumo de solvente do método de troca de solvente (Seção 3.1.2), foi

inviável preparar um número adequado de corpos de prova para a caracterização de

suas propriedades mecânicas.

3.3. Caracterizações e Preparação de Amostras

Nesta seção encontram-se listadas as análises realizadas. Foram descritas e as

condições empregadas nessas análises, bem como no preparo de amostras.

3.3.1. Análise Dinâmico-Mecânica

As análises dinâmico-mecânicas dos materiais foram realizadas no

equipamento DMTA V da Rheometric Scientific®, utilizando-se o método axial de

tensão-compressão, à frequência de 1,0 Hz e amplitude de 0,014%, para amostras

injetadas, e 0,05% para filmes. Os ensaios foram iniciados a -120 °C e conduzidos à

taxa de aquecimento de 2 °C min-1 até 40 °C.

Para a análise dos materiais moldados por injeção foi utilizada a região da

área útil do corpo de prova, de forma a obter uma amostra simétrica de 20 mm de

comprimento (seção transversal de 3,4 × 3,3 mm2). Para análise dos filmes, foram

utilizadas amostras retangulares de 20 × 5 × 0,3 mm3.

3.3.2. Análise Termogravimétrica

As análises de TGA foram conduzidas em um equipamento da TA

Instruments® Modelo 2950. Foram utilizadas aproximadamente 0,005 g de material

empregando-se uma taxa de aquecimento de 20 °C min-1 na faixa de temperatura de

25 a 800 °C. As análises foram conduzidas em atmosfera inerte.

As amostras de CNC foram secas em estufa a vácuo por 24 horas a 60 °C,

antes da realização das análises.

As temperaturas de início de degradação apresentadas foram determinadas

pelo método das tangentes com o auxílio do software TA Universal Analysis®.

3.3.3. Calorimetria Diferencial Exploratória

As análises de DSC foram conduzidas em um equipamento da TA

Instruments® Modelo DSC Q2000, utilizando panelas de alumínio planas, para melhor

resolução dos dados do primeiro aquecimento, e atmosfera inerte. Foram analisadas

amostras de aproximadamente 0,005 g, na faixa de temperatura de -120 a 100 °C,

Page 47: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 47

empregando-se taxas de 20 °C min-1. As amostras foram inicialmente resfriadas a

-120 °C e mantidas nessa temperatura por 5 min, antes de iniciar a análise. Realizou-

se então um primeiro aquecimento até 100 °C, seguido de resfriamento e um segundo

aquecimento, intercalados por isotermas de 5 min.

As amostras foram secas em estufa a vácuo por 24 horas a 60 °C, antes da

realização das análises.

A partir das curvas de DSC foram determinadas as principais propriedades

térmicas, utilizando do software TA Universal Analysis®: temperatura de transição

vítrea, temperatura de pico na fusão e a entalpia de fusão, para o primeiro e segundo

aquecimentos. A entalpia de fusão (Δ𝐻𝑚) foi corrigida em relação à composição do

compósito (fração mássica de CNC, 𝜑𝐶𝑁𝐶) e utilizada no cálculo do grau de

cristalinidade (𝜒):

𝜒 =Δ𝐻𝑚,𝐷𝑆𝐶

Δ𝐻𝑚𝑜 ∙ (1 − 𝜑𝐶𝑁𝐶)

Equação 3

O valor de referência para a entalpia de fusão da PCL 100% cristalina (Δ𝐻𝑓𝑜)

é de 136,0 J g-1 e foi obtido da literatura [Liu et al. 2010].

3.3.4. Cromatografia de Permeação em Gel

Análises de GPC foram realizadas em um Cromatografo ViscotekTM

GPCmax VE 2001 com analisador ViscotekTM DUAL DETECTOR. O eluente usado

foi o tetrahidrofurano (THF) e as amostras foram preparadas em concentração de

5 mg mL-1.

Todas as amostras foram filtradas em filtros de poli(tetrafluoreto de etileno)

hidrofóbico com poros de 450 μm. Para a análise do nanocompósito, foi filtrado o

sobrenadante obtido após a centrifugação da amostra solubilizada.

3.3.5. Difração de Raios X

Análises de XRD foram conduzidas em um Difratômetro de Raios X Shimadzu

XRD7000, operando a 40 kV e 30 mA. A faixa de ângulos (2𝜃) varrida foi de 5 a 55°

na velocidade de 1° min-1.

Os resultados foram utilizados na determinação do índice de cristalinidade

(𝐶𝐼) da Celulose I, que foi determinado pela proporção entre as intensidades (𝐼) do

seu principal pico cristalino (a 22,5°; [0 2 0]) e da região amorfa (a 18,0°) [Park et al.

2010]:

Page 48: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 48

𝐶𝐼 = 100 ∙𝐼[020] − 𝐼[𝑎𝑚𝑜𝑟𝑓𝑜]

𝐼[020] Equação 4

Esse método é amplamente empregado para se estimar a cristalinidade de

materiais celulósicos [Parikh et al. 2007].

3.3.6. Ensaios Mecânicos

A metodologia para realização dos ensaios de tração dos corpos de prova

injetados (Tipo V) foi baseada na norma ASTM D638-14. Foi realizado o ensaio de no

mínimo 10 corpos de prova na Máquina Universal de Ensaios EMIC, modelo DL2000

do LabMet (FEM - UNICAMP), utilizando uma célula de carga de 500 N (Software

TESC®).

Com relação aos ensaios de tração dos filmes obtidos por evaporação

controlada de solvente, a metodologia foi baseada na norma ASTM D882-02. Para

tanto, foram cortadas tiras de 10 mm de largura e 100 mm de comprimento. A

espessura média dos filmes ensaiados foi de 0,3 mm. Os ensaios dessas amostras

foram realizados em uma Máquina de Ensaios INSTRON EMIC 23-20, utilizando uma

célula de carga de 5000 N (Software Bluehill® 3).

Todos os ensaios foram realizados à taxa de deformação constante de 150

mm min-1. Os corpos de prova foram previamente condicionados por uma semana,

em ambiente com umidade relativa entre 60 e 70% e temperatura entre 20 e 25 °C.

Para os filmes, foram utilizadas as propriedades mecânicas calculadas pelo software

Bluehill®, pois o mesmo permite a aplicação de uma pré-carga (10 N à 10 mm min-1)

antes do início do ensaio, evitando assim erros na determinação do módulo de Young.

No entanto, como o mesmo método não pode ser aplicado aos ensaios dos corpos de

prova utilizando o software TESC®, as propriedades mecânicas foram calculadas

manualmente a partir das curvas tensão-deformação. Nesse caso, o módulo de Young

foi calculado a partir da regressão linear de vinte pontos da região de deformação

elástica das curvas (em todos os casos o coeficiente de determinação obtido para os

ajustes foi superior a 0,99).

3.3.7. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo

As medidas de SAXS foram realizadas na linha SAXS1 do Laboratório

Nacional de Luz Sincrotron (LNLS), utilizando feixe de 8 keV com dimensões de

1,5 × 1 mm2 e comprimento de onda de 0,1544 nm. Foi usado o detector Pilatus 300k,

Page 49: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 49

posicionado a 246 mm de distância da amostra, com tempo de aquisição de 30 s.

As medidas realizadas refletem a morfologia de diferentes seções

transversais dos corpos de prova, e tiveram o objetivo de avaliar os efeitos de

orientação que poderiam estar presentes nos materiais. A Figura 8 apresenta a

montagem experimental usada nessas medidas e destaca as direções de fluxo de

injeção e de incidência do feixe.

Como indicado na Figura 8, foram realizadas medidas com o feixe de raios X

incidindo paralelamente e perpendicularmente à direção do fluxo de injeção. Dessa

forma, medidas como as indicadas na Figura 8.a estão associadas à morfologia de

seção da amostra paralela ao fluxo de injeção, enquanto as medidas da Figura 8.b

estão relacionadas à morfologia da seção perpendicular ao fluxo de injeção.

Figura 8. Diagrama mostrando a montagem experimental para a obtenção de dados de SAXS

em diferentes direções: (a) morfologia de uma seção paralela ao fluxo de injeção e (b) morfologia

de uma seção perpendicular ao fluxo de injeção.

A curvas de intensidade de espalhamento foram apresentadas em função do

vetor de espalhamento, 𝑞, definido como:

𝑞 =4𝜋 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝜆 Equação 5

sendo 𝜃 o ângulo de espalhamento e 𝜆 o comprimento de onda de raios X. É

importante destacar que o 𝑞𝑚𝑎𝑥, associado a um pico de correlação, se relaciona a

dimensões reais, 𝑑, pela equação:

Page 50: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 50

𝑑 =2𝜋

𝑞𝑚𝑎𝑥 Equação 6

As curvas de SAXS foram construídas a partir da integração dos padrões de

espalhamento, utilizando o software FIT2D versão 17.006. Para os padrões

isotrópicos, foi realizada a integração total dos resultados, enquanto para os padrões

anisotrópicos, foram realizadas integrações em duas áreas perpendiculares entre si,

conforme indicado na Figura 9. Note que as integrações das áreas 1 e 2 envolveram

a varredura de faixas de ângulos Δ𝛼1 e Δ𝛼2 de 25° e 15°, respectivamente.

Figura 9. Diagrama representando um

padrão de espalhamento com duas áreas

perpendiculares (1 e 2), que foram

selecionadas para integração. As áreas

têm a forma de setores circulares com

abertura Δ𝛼.

O tratamento matemático das curvas, para a obtenção dos parâmetros da

estrutura lamelar da PCL, foi realizado utilizando o software SAXSDAT. Dessa forma,

foram determinados os seguintes parâmetros: espessuras de lamela cristalina e da

fase amorfa, período longo e a fração cristalina em volume da PCL. [Rabiej et al.

2011].

3.3.8. Espectroscopia no Infravermelho por Refletância Total Atenuada

A obtenção de espectros de absorção no infravermelho pelo método ATR foi

realizada em um Espectrômetro de Infravermelho Agilent Cary 630 FTIR, utilizando o

acessório específico para medidas de refletância. Foram realizadas 64 varreduras da

faixa de 4000 a 400 cm-1, com resolução de 4 cm-1.

3.3.9. Fluorescência de Raios X

As análises quantitativas de XRF foram conduzidas em um Espectrômetro

Sequencial por Comprimento de Onda Shimadzu XRF-1800. Foi realizada a

1

2

Page 51: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 51

determinação de enxofre sem o uso de padrões. A matriz foi tratada como celobiose

(C12H20O11). As amostras de CNC foram preparadas por compressão do material

seco, utilizando pastilhador e prensa hidráulica (8 ton).

3.3.10. Microscopia Eletrônica de Transmissão

Imagens de TEM foram adquiridas no Microscópio Eletrônico de Transmissão

Carl Zeiss Libra 120 Plus, operando a 80 kV e utilizando câmera CCD Proscan®.

Imagens de TEM também foram obtidas em um microscópio JEOL modelo JEM 1400

plus, equipado com câmera Gatan modelo One View, do Laboratório Nacional de

Nanotecnologia (LNNano), e operando a 80 kV e 120 kV nas análises das amostras

de compósito e de CNC, respectivamente.

As amostras de CNC foram obtidas gotejando-se 5 μL de suspensão aquosa

de CNC (0,2 mg mL-1) sobre uma grade de cobre recoberta com filme de carbono e

corando com acetato de urânila 2% (m/m) por 3 min. As amostras de nanocompósitos

também foram coradas da mesma forma, porém foram obtidas por crioultramicrotomia

em um Ultramicrótomo Leica Reichert Ultracut FC6, a -120 °C. Foram obtidos cortes

de aproximadamente 60 nm de espessura e diferentes orientações em relação à

direção do fluxo de injeção, conforme o diagrama apresentado na Figura 10.

Figura 10. Diagrama mostrando a amostragem dos corpos de prova,

para obtenção tanto de cortes finos como de superfícies de amostras,

perpendiculares (direita) e paralelos (esquerda) ao fluxo de injeção.

Assim como nas medidas de SAXS (Seção 3.3.7), foram estudadas as

morfologias de secções as direções paralela e perpendicular ao fluxo de injeção.

Page 52: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 52

3.3.11. Microscopia Eletrônica de Varredura

As imagens de SEM foram obtidas em um Microscópio Eletrônico de

Varredura JEOL JSM-6360LV, operando a 10 kV. Para análise da morfologia dos

nanocompósitos, foram realizadas fraturas criogênicas dos materiais. Para isto, as

amostras foram congeladas por 50 min em nitrogênio líquido, antes das fraturas.

As imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura de Emissão de Campo

(FESEM) foram adquiridas em um Microscópio Eletrônico de Varredura FEI Quanta

250 FEG, operando a 3 kV. Para análise dos CNC, uma suspensão aquosa de CNC

(2,0 mg mL-1) foi gotejada sobre uma superfície de mica recém clivada. Já a análise

dos nanocompósitos foi realizada diretamente das superfícies das amostras

resultantes da crioultramicrotomia (Seção 3.3.9). Dessa forma, foram também

analisadas as superfícies das amostras, paralela e perpendicular ao fluxo de injeção,

por FESEM, como apresentado esquematicamente na Figura 10.

As amostras de microscopia eletrônica de varredura foram metalizadas em

um metalizador Bal-Tec MD 020 (Balzers®). Aquelas destinadas a análises de FESEM

foram metalizadas com Ir (11,3 mA por 60 s), enquanto as demais foram metalizadas

com Au-Pd (11,3 mA por 180 s)

Page 53: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 4. CARACTERIZAÇÃO DOS

NANOCRISTAIS DE CELULOSE

A morfologia dos CNC utilizados neste trabalho foi caracterizada pela técnica de

TEM (Figura 11).

Figura 11. Micrografia obtida por TEM para os

CNC adquiridos na forma de Gel.

Na Figura 11 é possível observar a geometria típica de agulha dos CNC [Favier et

al. 1995 B e Lahiji et al. 2010]. Dada a boa definição de contornos das imagens de

TEM, foi possível realizar medidas das dimensões dos CNC (Apêndice 1) e a partir

delas calcular o valor médio de razão de aspecto, que foi de 7,5 ± 3,5 (diâmetro médio

de 11 ± 4 nm e comprimento médio de 83 ± 41 nm). Esses valores são menores que

os reportados na literatura para os CNC comerciais adquiridos por Mariano et al [2015]

e Castro et al [2016] apresentam valores para razão de aspecto de 11 e 53,

respectivamente. No entanto ambos os autores utilizaram microscopia de força

Page 54: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 54

atômica para a realização das medidas, o que pode explicar pequenas diferenças na

razão de aspecto em relação a observada por Mariano et al. [2015]. Além disso, é

importante destacar que se tratam de nanopartículas comerciais, que podem sofrer

variações em função de diferenças no processo de hidrólise do fabricante.

As nanopartículas também foram caracterizados a partir de análises de XRD

(Figura 12), que permitiram determinar o Índice de Cristalinidade (𝐶𝐼) dos CNC

adquiridos. Foram analisadas amostras do Pó e do Gel Liofilizado (Seção 3.1.1).

Adicionalmente, uma amostra do Gel submetido à diálise (Gel Dialisado Liofilizado,

Seção 3.1.1) também foi analisada.

As duas estruturas cristalinas mais comuns para a celulose são a Celulose I e

Celulose II. A Celulose I é a estrutura nativa encontrada em plantas e apresenta um

padrão de difração de raios X com picos característicos a 15°, 17°, 20° 23° e 35°

[Klemm et al. 2005]. A Celulose II, por outro lado, é formada quando a celulose passa

por tratamentos químicos alcalinos [El Oudiani et al. 2011] e seus principais picos de

difração ocorrem a 12°, 20°, 22° e 25° [Klemm et al. 2005].

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

[110]

[110]

região amorfa

Inte

nsid

ad

e N

orm

aliz

ad

a (

u.a

.)

2 (graus)

Gel Liofilizado

Gel Dialisado Liofilizado

[020]

Figura 12. Difratogramas de raios X dos CNC em diferentes condições. As linha

pontilhadas identificam os principais planos cristalinos da Celulose I.

Page 55: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 55

Os difratogramas (Figura 12) revelam que os CNC apresentam polimorfismo,

estando presentes as Celuloses I e II e a comparação entre eles revela variações que

sugerem o aumento do teor de Celulose II nas amostras de Gel Liofilizado e Gel

Dialisado Liofilizado quando comparadas com o Pó. Esse aumento pode ser

identificado pela redução da razão entre os picos a 20,5° e 22,5° e um aumento do

pico característico a 12,5°.

Os 𝐶𝐼 obtidos para os CNC em Pó, Gel Liofilizado e Gel Dialisado Liofilizado foram

de 75%, 75% e 73%, respectivamente. Esses valores são similares ao reportado por

de Castro et al. [2016], e não diferem significativamente entre si. Porém deve-se

considerar que esses valores sofrem interferência da presença de Celulose II

identificada anteriormente.

As curvas de TGA, apresentadas na Figura 13 mostram a estabilidade térmica dos

CNC nas condições de análise. São mostradas as curvas dos CNC na forma de Pó,

Gel Liofilizado, como também a do Gel Dialisado Liofilizado, para verificar a influência

de possíveis sais, provenientes do processo de extração dos CNC, no resíduo final

obtido.

100 200 300 400 500 600 700

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Gel Liofilizado

Gel Dialisado Liofilizado

Figura 13. Curvas termogravimétricas, em atmosfera inerte, e derivadas com a

temperatura (inserção) para os CNC em diferentes condições.

200 250 300 350 400 450 500

De

riva

da

(%

/°C

)

Temperatura (°C)

Page 56: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 56

A diferença mais significativa entre as curvas apresentadas na Figura 13 pode ser

observada para Gel Dialisado Liofilizado, cujo primeiro evento de degradação

apresentou um alargamento significativo na curva de derivada, acompanhado da

redução na temperatura de início de degradação (𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡) dos CNC. Além disso, esse

par de curvas difere daquela obtida para o CNC em Pó quanto à perda de massa

relativa ao primeiro evento de degradação (na faixa de 200 a 260 °C), que chega a

ser de 15% a 20% a menos. Porém, o resíduo final é similar para as três amostras de

CNC, correspondendo a aproximadamente 10%.

Em suma, os resultados de TGA sugerem que o processo de diálise promoveu a

redução da estabilidade térmica dos CNC. As temperaturas de início de degradação

para o Pó, Gel Liofilizado e Gel Dialisado Liofilizado, são, respectivamente, 250, 250

e 210 °C.

Para confirmar presença de grupos sulfato na superfície das nanopartículas,

foram realizadas análises espectroscópicas na região no infravermelho (ATR). Os

espectros obtidos estão apresentados na Figura 14.

4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400

Tra

nsm

itâ

ncia

No

rma

liza

da

(u

.a.)

Número de Onda (cm-1)

Gel Liofilizado

Gel Dialisado Liofilizado

Figura 14. Espectros de infravermelho por refletância total atenuada para os CNC em

diferentes condições. As bandas destacadas estão associadas a presença de grupos sulfato.

Page 57: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 57

A comparação dos espectros representados na Figura 14 confirma a similaridade

química dos CNC, sendo as variações de intensidade das bandas observadas na faixa

de 2800 a 3600 cm-1 associadas a diferenças no teor de umidade dos CNC. Também,

são observadas bandas em 1250 e 830 cm-1 (nas regiões cinza destacadas na

Figura 14) que indicam a presença de grupos sulfato. Isso é esperado, pois os CNC

obtidos por hidrólise com ácido sulfúrico normalmente apresentam esses grupos em

sua superfície. Há, no entanto, uma redução da intensidade dessas bandas para as

amostras do Gel Liofilizado e Gel Dialisado Liofilizado, sendo que elas quase

desaparecem para os CNC dialisados. A redução observada após a diálise sugere

que parte dos grupos sulfato que contribuíram para o sinal dos CNC em Pó não se

encontravam quimicamente ligados às nanopartículas.

Visando obter uma melhor caracterização dos grupos sulfato presentes nos CNC,

foram realizadas análises de XRF. Esses resultados permitiram a obtenção da

porcentagem mássica de grupos sulfato, a partir da determinação do enxofre

presente. Os valores encontrados foram de 1,8% de grupos sulfato para o Pó, 1,6%

para o Gel Liofilizado e 1,5% para o Gel Dialisado Liofilizado. Esses dados são

próximos ao teor de enxofre (1,1 %) reportado por Mariano et al. [2015]. Além disso,

o dados confirmam a redução da quantidade de grupos sulfato, observada nos

espectros obtidos por ATR. Essa redução é um indicativo de que parte dos grupos

sulfato não estão quimicamente licados a superfície dos CNC.

Page 58: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 5. NANOCOMPÓSITOS VIA EVAPORAÇÃO

CONTROLADA DE SOLVENTE

Nesse capítulo são discutidos os resultados referentes às propriedades térmicas

e mecânicas dos filmes preparados pelo método de evaporação controlada de

solvente. Primeiramente, é apresentada uma comparação entre as variáveis do

procedimento utilizado na preparação dos filmes, justificando a escolha do método de

troca de solvente como procedimento padrão. Em seguida, são discutidas as

propriedades dos filmes obtidos por essa metodologia.

5.1. Obtenção de Filmes PCL/CNC

Os resultados apresentados a seguir se referem a filmes preparados com a PCL

de massa molar nominal 150 kg mol-1. A análise de GPC para esse polímero revelou

valores de 𝑀𝑤 (massa molar média em massa) e 𝑀𝑛 (massa molar média em número)

de 155 e 93 kg mol-1, respectivamente, e dispersidade de 1,67.

Como indicado na Seção 3.2.1, foram comparados filmes obtidos a partir de

suspensões de CNC em CH3Cl, CH2Cl2 e THF, sendo empregadas duas metodologias

distintas para a preparação das suspensões em THF: redispersão em THF e troca de

solvente (Seção 3.1.2).

Esses solventes foram selecionados tendo como base a tanto a revisão

bibliográfica apresentada no Capítulo 1, quanto os parâmetros de solubilidade da PCL

e dos solventes em questão. Segundo o Bordes et al. [2010], a PCL é totalmente

solúvel nos três solventes selecionados, destacando-se o THF que apresenta a menor

solubilidade. A solubilidade estimada para a PCL foi de 45% m/m em THF.

Visando obter informações qualitativas sobre as suspensões de CNC nos

diferentes solventes de interesse, foram realizados ensaios de sedimentação. Para

isso, foram preparadas suspensões de CNC 1 mg mL-1 em cada solvente (agitação

Page 59: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 59

manual seguida de 28 min de exposição ao ultrassom). As suspensões foram

deixadas em repouso de modo a permitir a sedimentação, e fotografadas

periodicamente. Assim, foi possível obter informações sobre a estabilidade cinética

dessas suspensões em diferentes solventes. A Figura 15 apresenta os resultados

obtidos após 5 min de ensaio.

Figura 15. Suspensões de CNC (1 mg mL-1)

em diferentes solventes após 5 min de

sedimentação. (a) Gel diluído em H2O, CNC

em Pó redisperso em (b) água, (c) THF,

(d) THF (troca de solvente), (e) CH2Cl2 e

(f) CHCl3.

Os resultados da Figura 15 mostram que a água é um bom dispersante para os

CNC, tendo em vista que tanto as suspensões preparadas a partir do Gel e do Pó

(Figuras 15.a e 15.b) não apresentaram nenhum sinal de sedimentação de CNC no

período de ensaio (72 h). Para os demais solventes utilizados, é evidente a ocorrência

de sedimentação, o que pode ser observado pela presença de corpo fundo nos frascos

contendo suspensões em solventes orgânicos (Figura 15.c, 15.f e 15.g). A exceção a

essa tendência foi a suspensão em THF obtida por troca de solvente (Figura 15.d),

que apesar de apresentar turbidez, mostrou boa estabilidade cinética durante o

período de ensaio.

Esses resultados indicam que o melhor dispersante para o CNC é a água

[Bogdanova et al. 2016]. No entanto, a PCL é insolúvel em água. Dessa forma, o

solvente mais adequado para a preparação de filmes por evaporação controlada de

solvente foi o THF, para a suspensão preparada por troca de solvente.

Assim, um segundo ensaio foi realizado para avaliar a estabilidade das

suspensões nas mesmas condições empregadas na preparação dos filmes. Foram

investigadas suspensões de CNC e em soluções de PCL, bem como nos solventes

puros. Os tempos selecionados estão apresentados na Figura 16, a seguir.

Em linhas gerais, os resultados da (Figura 16) confirmam que as suspensões de

CNC preparadas nos solventes puros não mostram boa estabilidade, apresentando

(c) (d) (e) (f) (a) (b)

Page 60: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 60

sedimentação em apenas 10 min (Figura 16.b-g). Nota-se ainda, que a presença da

PCL apenas retardada a sedimentação dos CNC (Figuras 16.c, 16.e e 16.g),

possivelmente devido ao aumento de viscosidade. Os resultados apontam,

novamente, que a melhor condição para a preparação de filmes é o método de troca

de solvente (THF). Destaca-se o resultado obtido na Figura 16.h em que não há

evidências de sedimentação mesmo após o 72 h de ensaio. É importante ressaltar

que esse tempo é muito superior ao necessário para a secagem do filme, o que é

favorável para a obtenção de filmes uniformes.

Figura 16. Fotografias de

suspensões de CNC obtidas após

diferentes tempos: inicio, 10 min e

72 h. Suspensões em: (a) H2O,

(b) CHCl3, (c) solução de PCL em

CHCl3, (d) CH2Cl2, (e) solução de

PCL em CH2Cl2, (f) THF,

(g-j) solução de PCL em THF e

(k) solução de PCL em mistura

THF-H2O. As amostras (h-j) foram

preparadas pelo metodologia de

troca de solvente, com: (h) quatro,

(i) duas e (j) uma etapa de lavagem.

Com relação às variáveis do método de troca de solvente, o número de etapas

lavagens (redispersão dos CNC centrifugados em THF e remoção do solvente)

interferiu na qualidade da dispersão obtida. As suspensões obtidas com uma

(Figura 16.j) e duas (Figura 16.i) etapas de lavagem apresentaram corpo de fundo

após 72 h, indicando que a o uso de quatro lavagens (condição padrão, Seção 3.1.2)

é a condição mais adequada para a preparação de filmes.

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i) (j) (k)

inicio

10 min

72 h

Page 61: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 61

O procedimento de troca de solvente é vantajoso do ponto de vista da dispersão

dos CNC, por permitir a preparação de uma suspensão em solvente orgânico sem a

necessidade da secagem dos CNC. Apesar do método de liofilização ser mais brando

para a secagem de partículas, o mesmo pode levar à agregação irreversível das

mesmas, uma vez que os grupos hidroxila superficiais permitem a formação de

ligações de hidrogênio. Já o procedimento de troca de solvente permite a remoção

gradual da água durante as etapas de lavagens consecutivas, com a água sendo

substituída pelo solvente orgânico ao mesmo tempo em que mantém as partículas

dispersas. Foi também preparada uma suspensão a partir de uma mistura THF-H2O,

contendo 5% (m/m) de água (Figura 16.k). Os resultados indicam que a presença de

água desfavorece a estabilidade da suspensão, pois a mesma (Figura 16.k)

apresentou corpo de fundo após 72 h.

Os filmes de PCL e nanocompósitos foram preparados utilizando os três

solventes selecionados. No caso do THF, além do método de redispersão por

sonicação, foi também utilizada a metodologia de troca de solvente com quatro etapas

de lavagem na obtenção da suspensão de CNC. A Figura 17, apresenta as fotografias

dos filmes obtidos.

Pode-se observar que os filmes de PCL pura, preparados em solventes clorados

(Figuras 17.a e 17.c), são macroscopicamente heterogêneos. Os filmes apresentam

regiões com diferentes transparências, provavelmente decorrentes da cristalização

não uniforme da PCL ao longo do filme. Além disso, os filmes apresentam superfície

rugosa, o que não ocorre para os filmes preparados em THF (Figura 17.e). Essa

diferença pode estar relacionada com as taxas de evaporação dos diferentes

solventes. Os filmes preparados em solventes clorados tiveram uma secagem mais

rápida, o que é consistente uma maior volatilidade desses solventes. Com relação aos

nanocompósitos, os filmes obtidos a partir de suspensões de CNC (Figuras 17.b, 17.d

e 17.f) também se mostraram heterogêneos. Em contrapartida o filme obtido por troca

de solvente (Figura 17.g) exibiu uniformidade, possivelmente devido à melhor

dispersão dos CNC.

Page 62: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 62

Figura 17. Fotografias dos filmes obtidos em

diferentes solventes: (a) PCLc, (b) PCLc/CNC,

(c) PCLd, (d) PCLd/CNC, (e) PCLt, (f) PCLt/CNC e

(g) PCL/CNCts.

A Figura 18, a seguir, apresenta os resultados de SEM para os mesmos filmes

da Figura 17.

As micrografias mostram uma mudança no padrão de fratura, quando são

comparados os filmes de polímero puro (Figuras 18.a, 18.c e 18.e) com os de

nanocompósitos (Figuras 18.b, 18.d e 18.f, respectivamente). A evidência mais forte

desse efeito é a mudança de uma morfologia das superfícies de fratura, que variou de

contornos suaves e arredondados para arestas retas e cantos angulosos. Essa

alteração morfológica é resultado da fragilização da fratura, que pode estar associada

à presença de CNC, bem como a mudanças de cristalinidade da matriz polimérica.

Por outro lado, o nanocompósito obtido por troca de solvente (Figura 18.g)

(g)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Page 63: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 63

Figura 18. Micrografias obtidas por SEM para as

fraturas criogênicas dos filmes: (a) PCLc,

(b) PCLc/CNC, (c) PCLd, (d) PCLd/CNC, (e) PCLt,

(f) PCLt/CNC e (g) PCL/CNCts. 50 μm

g

c

100 μm 100 μm

100 μm 100 μm

100 μm 50 μm

e f

d

a b

Page 64: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 64

apresentou morfologia de fratura similar à da matriz pura, o que pode estar associado

a uma melhor dispersão e distribuição da carga na matriz e melhor interação entre

PCL e CNC.

A Tabela 6 apresenta os resultados de temperatura de transição vítrea (𝑇𝑔),

temperatura de fusão (𝑇𝑚), grau de cristalinidade (𝜒) e temperatura de cristalização

(𝑇𝐶), determinados a partir das curvas de DSC (Apêndice 2). As propriedades térmicas

foram determinadas usando dados do primeiro (índice 1) e do segundo (índice 2)

aquecimentos para cada material.

Tabela 6. Propriedades térmicas para filmes preparados em

diferentes solventes.

Filme 𝑻𝒈,𝟏 𝑻𝒈,𝟐 𝑻𝒎,𝟏 𝑻𝒎,𝟐 𝑻𝑪,𝒐𝒏𝒔𝒆𝒕 𝝌𝟏 𝝌𝟐

°C °C °C °C °C

PCLc -64 -64 58 50 32 59% 43%

PCLc/CNC -62 -62 60 53 37 55% 39%

PCLd -61 -63 59 51 32 56% 41%

PCLd/CNC -63 -64 60 52 38 59% 44%

PCLt -62 -63 59 51 32 61% 42%

PCLt/CNC -62 -63 58 51 37 62% 42%

PCL/CNCts -63 -64 57 51 42 65% 49%

𝑇𝑔, temperatura de transição vítrea.

𝑇𝑚, temperatura no pico da fusão.

𝑇𝐶, temperatura de cristalização (obtida no resfriamento).

𝜒, grau de cristalinidade.

Os índices 1 e 2 indicam o primeiro e segundo aquecimento respectivamente.

Na nomenclatura dos materiais c indica CHCl3, d CH2Cl2, t THF e ts troca de solvente.

Os dados da Tabela 6 mostram a redução nos valores de 𝑇𝑚 e 𝜒, entre o primeiro

e segundo aquecimentos, e valores de 𝑇𝑔 invariáveis. Essa diferença era esperada,

uma vez que o primeiro aquecimento é realizado diretamente na amostra preparada

e, nessa condição, é caracterizada a estrutura cristalina resultante da evaporação do

solvente. Já no segundo aquecimento, a amostra foi submetida a aquecimento e

resfriamento estabelecidos na análise de DSC, e os resultados refletem as

propriedades do material cristalizado a partir do fundido. Considerando os resultados

para os filmes de PCL pura, no primeiro aquecimento não é observada variação da

𝑇𝑚 em função do solvente utilizado. Por outro lado, os valores de 𝜒 indicam maior

cristalinidade no primeiro aquecimento, sendo a maior delas apresentada pelo filme

Page 65: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 65

PCLt. A tendência de redução das 𝑇𝑚 do primeiro para o segundo aquecimento

também se repete para os nanocompósitos e demonstra a presença de lamelas de

maior espessura no primeiro aquecimento, formadas durante a evaporação do

solvente. Em particular, é interessante observar a similaridade de 𝜒1, quando

comparados os nanocompósitos e a PCL pura, exceto para o filme obtido por troca de

solvente (PCL/CNCts) cujo 𝜒1 é superior ao do filme PCLt. Observa-se a mesma

tendência em relação aso valores de 𝜒2. Este comportamento pode estar relacionado

a uma melhor dispersão e distribuição das nanopartículas.

As variações de 𝜒 entre os filmes de nanocompósito e os de PCL estão

associadas ao efeito dos CNC sobre o processo de cristalização da matriz de PCL.

Esse efeito pode acarretar mudanças tanto na nucleação, que pode ser favorecida

pela presença da carga, quanto no crescimento dos seus cristais, que é limitado pela

baixa mobilidade das cadeias confinadas entre nanopartículas dispersas. Dessa

forma, o 𝜒 final do nanocompósito é o resultado do balanço entre a nucleação e o

crescimento de cristais de PCL e reflete o grau de dispersão das cargas na matriz

polimérica.

Nesse contexto, o deslocamento da 𝑇𝐶 para valores de maior temperatura indica

uma ação nucleante dos CNC no processo de cristalização. Essa ação nucleante já é

conhecida na literatura, como reportado por Siqueira et al. [2011 B] sobre a redução

da energia de nucleação da PCL na presença dessas nanopartículas. Nos resultados

obtidos (Tabela 6), foi observado um aumento na 𝑇𝐶 de 4 a 5 °C, para os filmes obtidos

por meio da redispersão dos CNC (PCLc/CNC, PCLd/CNC e PCLt/CNC), e 10 °C para

o filme obtido com troca de solvente (PCL/CNCts). Esta diferença confirma a melhor

dispersão dos CNC promovida pela troca de solvente, pois possibilitou uma maior

eficiência na nucleação.

Conclui-se que os filmes preparados usando o método de troca de solvente

apresentaram maior uniformidade macro e microscópica. Além disso, os resultados

de propriedades térmicas e a caracterização morfológica indicam que o uso do método

de troca de solvente promoveu a melhor dispersão dos CNC na matriz, sendo o mais

promissor para a preparação de nanocompósitos PCL/CNC. Essa melhoria na

dispersão se deve a esse procedimento evitar o processo secagem (liofilização) dos

CNC, impedindo a agregação irreversível das nanopartículas.

Page 66: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 66

5.2. Caracterização dos Filmes Obtidos

Utilizando a metodologia de troca de solvente, foram preparados

nanocompósitos contendo de 5 a 25% (m/m) de CNC. Foram obtidos filmes uniformes

e com transparência similar ao filme PCL100%, com exceção do filme PCL/CNC5%

que apresentou-se opaco.

As variações da transparência observadas, podem estar relacionadas com a

cristalinidade da PCL nesses filmes. Assim, foram realizadas análises de DSC para

obter informações sobre as suas propriedades térmicas do primeiro aquecimento e

resfriamento. Os resultados obtidos foram apresentado na Tabela 7 (e as curvas

podem ser encontradas no Apêndice 3).

Tabela 7. Propriedades térmicas para filmes preparados em

utilizando o método de troca de solvente.

Filme 𝑻𝒈,𝟏 𝑻𝒎,𝟏 𝑻𝑪,𝒐𝒏𝒔𝒆𝒕 𝝌𝟏*

°C °C °C

PCL100% -62 64 33 59%

PCL/CNC5% -63 63 42 59%

PCL/CNC10% -63 62 41 60%

PCL/CNC15% -61 62 41 60%

PCL/CNC20% -61 61 42 62%

PCL/CNC25% -62 61 41 61%

𝑇𝑔, temperatura de transição vítrea.

𝑇𝑚, temperatura no pico da fusão.

𝑇𝐶, temperatura de cristalização (obtida no resfriamento).

𝜒, grau de cristalinidade.

O índice 1 indica valores determinados para o primeiro aquecimento

Os resultados para as propriedades térmicas apresentadas mostram o mesmo

comportamento resultante da adição dos CNC, abordado anteriormente para os filmes

preparados em diferentes solventes (Seção 5.1, Tabela 6), sendo que a concentração

das nanopartículas também não afetou significativamente 𝜒.

O valor de 𝜒 para o filme PCL/CNC5%, indica que a opacidade desse material

não é resultado da cristalinidade, uma vez que o valor obtido é igual ao do filme

PCL100%. Assim, a morfologia desses filmes foi investigada por FESEM, e a

micrografias obtidas para os filmes, PCL/CNC5% e PCL/CNC25% estão apresentadas

na Figura 19. Elas indicam que essa opacidade se deve a presença de poros no filme

PCL/CNC5% (Figura 19.a), que não foi verificada nos filmes PCL/CNC25%

Page 67: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 67

(Figura 19.b). Esses poros podem ter sido formados durante a secagem do filme e

podem estar localizados preferencialmente na região interesferulítica.

Figura 19. Micrografias obtidas por FESEM para as superfícies crioultramicrotomadas dos filmes:

(a) PCL/CNC5% e (b) PCL/CNC25%.

Os filmes PCL100%, PCL/CNC5% e PCL/CNC25% foram analisados por DMA

no modo tensão-compressão e os resultados são apresentados na Figura 20.

-125 -100 -75 -50 -25 0 25 50

103

104

du

lo d

e A

rma

ze

na

me

nto

, E

' (M

Pa

)

Temperatura (°C)

PCL100%

PCL/CNC5%

PCL/CNC25%

-125 -100 -75 -50 -25 0 25 50

101

102

du

lo d

e P

erd

a,

E''

(MP

a)

Temperatura (°C)

PCL100%

PCL/CNC5%

PCL/CNC25%

Figura 20. Curvas de 𝐸′ (esquerda) e 𝐸′′ (direita) para os filmes: (a) PCL100%, (b) PCL/CNC5% e

(c) PCL/CNC25%.

50 μm

a b

50 μm

Page 68: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 68

As curvas de DMA apresentam o perfil típico de materiais poliméricos

semicristalinos [Cassu et al. 2005], caracterizado por uma região vítrea a baixas

temperaturas em que predomina o comportamento elástico e 𝐸′ permanece

aproximadamente constante. A partir de -60 °C é observada uma transição seguida

de diminuição acentuada do módulo, correspondente à transição vítrea desses

materiais (relaxação α). Essa transição é acompanhada de ganho de mobilidade da

fase amorfa, tornando mais expressivos os mecanismos viscosos, o que se reflete no

aumento de 𝐸′′. Nas curvas apresentadas não se observa uma região elastomérica

bem definida, apesar de ser possível identificar um ombro na faixa dos -10 °C,

correspondente à relaxação de segmentos na interface entre os domínios amorfos e

as lamelas cristalinas. Do mesmo modo, uma transição secundária (relaxação β), em

temperaturas inferiores a -75 °C, é responsável pela pequena queda de 𝐸′, observada

na região vítrea. Esta transição decorre da mobilidade adquirida pelas metilas

sequenciais localizadas entre os grupos éster da PCL [Koleske et al. 1969]. No

entanto, a ocorrência da relaxação β não está clara para o filme PCL/CNC5%. As

análises de DMA foram interrompidas antes da fusão (60 °C).

O valor de 𝐸′ da região vítrea para o Filme PCL foi da ordem de 3,9 GPa, sendo

similar aos reportados na literatura [Habibi et al. 2008 e Figueiredo et al.2015]. Além

disso, à temperatura ambiente (25 °C), foram observados os valores de 𝐸′ e 𝐸′′ de

550 MPa e 30 MPa, para o Filme PCL, 500 MPa e 30 MPa para o Filme PCL/CNC5%,

e 1,5 GPa e 70 MPa para o Filme PCL/CNC25%, respectivamente. O aumento no

valor de 𝐸′ do Filme PCL/CNC25%, em comparação ao do Filme PCL, difere dos

resultados da literatura, e pode ser um indicativo de um pronunciado efeito de reforço

mecânico dos CNC nessa concentração.

Por sua vez, os ensaios de tração dos filmes revelaram uma variação

significativa das propriedades mecânicas com a adição de CNC. A Figura 21, a seguir,

exemplifica o perfil característico das curvas tensão-deformação, para pequenas

deformações, obtidas nesses ensaios.

A adição dos CNC promoveu a redução da 𝜎𝑟 dos filmes, assim como do

alongamento na ruptura, 𝜀𝑟, o que é esperado devido à alta rigidez dos CNC. No

entanto, as curvas tensão-deformação a altas deformações dos filmes com baixa

concentração de CNC (PCL e nanocompósitos contendo 5 e 10% m/m) se

apresentaram pontos de máximo que não seguem o perfil esperado para polímeros

Page 69: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 69

semirrígidos. Por essa razão, as propriedades mecânicas na ruptura (𝜀𝑚 e 𝜎𝑟) foram

desconsideradas. As demais propriedades mecânicas obtidas, isto é, módulo de

Young (𝐸) e tensão na força máxima (𝜎𝑚) estão apresentados na Figura 22.

0 5 10 15 20 25 30

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

T

en

o (

MP

a)

Deformação (%)

PCL100%

PCL/CNC5%

PCL/CNC10%

PCL/CNC15%

PCL/CNC20%

PCL/CNC25%

Figura 21. Curvas tensão-deformação, na faixa de pequenas deformações, mostrando a

variação do comportamento mecânico dos filmes em função da concentração de CNC.

PCL1

00%

PCL/

CNC5%

PCL/

CNC10

%

PCL/

CNC15

%

PCL/

CNC20

%

PCL/

CNC25

%0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

Módulo

Elá

stico,

E

(MP

a)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Tensão n

a F

orç

a M

áxim

a,

m

(MP

a)

Figura 22. Propriedades mecânicas (𝐸 e 𝜎𝑚) para os filmes preparados por evaporação

controlada de solvente.

Page 70: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 70

Inicialmente, é observada a perda de propriedades devido à introdução de CNC

na matriz. Esse efeito pode estar associado à má dispersão da carga e consequente

distribuição de tensões. Além disso, os valores obtidos para o filme PCL/CNC5%

podem estar associados à presença de cavidades, como observado por FESEM

(Figura 22). Contudo, a adição de maiores quantidades de carga causou a

recuperação das propriedades. Para a 𝜎𝑚, composições superiores a 15% de CNC

apresentaram valores próximos ao da PCL. Já os nanocompósitos com 25% de CNC

mostraram um pequeno ganho nessa propriedade, o que pode indicar uma boa

adesão entre as fases.

A adesão interfacial é um parâmetro fundamental para obter boas propriedades

em compósitos. Quando o material é solicitado mecanicamente, a tensão tende a ser

dissipada uniformemente através do material, desde que a adesão entre as fases seja

adequada. Caso contrário, há acumulo de tensão nas interfaces, diminuindo as

propriedades mecânicas do material. Nesse contexto, espera-se que o aumento da

concentração da carga promova a diminuição de 𝜎𝑚, devido ao aumento da

quantidade de interfaces com baixa adesão. Como os resultados apresentados

mostram um aumento dessa propriedade com a concentração de CNC, outro efeito

deve estar presente no sistema, de forma a compensar a perda de resistência à tração

causada pela baixa adesão entre CNC e PCL. Neste caso, é proposta a formação de

uma rede tridimensional de CNC, estabilizada por ligações de hidrogênio. Esta rede

contribui para o mecanismo de distribuição de tensão ao longo do material e justifica

o aumento de 𝜎𝑚 acima da concentração de 10% de CNC.

Outra indicação da formação de uma rede de CNC são ganhos expressivos de

𝐸 a partir de 15% (m/m) de CNC, sendo que o reforço mecânico observado aumentou

significativamente com o aumento da concentração. O maior reforço foi obtido para o

Filme PCL/CNC25%, que apresentou um 𝐸 de 628 MPa. Esse valor representa um

aumento de 155% em relação ao módulo original do Filme de PCL (𝐸 de 246 MPa)

A Tabela 8 foi elaborada para permitir a comparação dos resultados de 𝐸 obtidos

no presente trabalho com os valores reportados na literatura recente. Ela contempla

os três artigos que apresentam os melhores resultados de reforço mecânico para

filmes de nanocompósitos PCL/CNC obtidos por evaporação de controlada de

solvente.

Page 71: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 71

Tabela 8. Comparação entre os ganhos percentuais de Módulo de Young* para os

nanocompósitos PCL/CNC obtidos neste trabalho e em trabalhos da literatura.

Autor Concentração Mássica de CNC

10% 12% 15% 20% 25% 40%

Habibi et al. [2008] 30% (20%) - - 47% (111%) - (153%)

Siqueira et al. [2009] - 45% (137%) - - - -

Hassan et al. [2012] (53%) - (77%) - - -

Este trabalho 28% - 87% 103% 155% -

* valores baseados em dados dos autores ou estimados com base nos gráficos apresentados.

() os valores apresentados entre parênteses se referem a aumentos obtidos com CNC modificados.

Considerando os resultados da literatura, pode-se constatar que apesar da

similaridade do reforço obtido para nanocompósitos contendo 15% e 20% de CNC, a

maioria utiliza CNC modificados quimicamente para aumentar a compatibilidade com

a matriz. Além disso, os CNC utilizados por Siqueira et al [2009] apresentam valor de

razão de aspecto de 43, cerca de três vezes maior que o valor dos CNC utilizados

neste trabalho. Esse valores de razão de aspecto indicam um maior potencial de

reforço mecânico e está associado a um baixo limiar de percolação, em torno de 2%

(m/m) (Equação 1, Seção 1.2), o que favorece o uso de concentrações de CNC mais

baixas. Dessa forma, a comparação entre os resultados obtidos e a literatura (Tabela

8) aponta para o melhor desempenho mecânico dos nanocompósitos preparados por

esta metodologia. Vale destacar que o maior reforço já reportado foi o de Habibi et al.

[2008], que foi similar ao deste trabalho, porém utilizando concentração de CNC muito

superior (40%).

Portanto, a metodologia empregada permite alcançar propriedades mecânicas

similares ou mesmo superiores àquelas obtidas com a modificação superficial dos

CNC. Sendo assim, é possível considerar que o método de troca de solvente é uma

estratégia eficaz para atingir uma boa dispersão da carga, uma vez que evita a

agregação dos CNC. Como citado, a presença de ligações de hidrogênio entre os

CNC pode ser um aspecto negativo, por dificultar a redispersão. No entanto, as fortes

interações entre as nanopartículas são fundamentais para a formação de uma rede

de percolação capaz de suportar tensões mecânicas elevadas. Nesse contexto, é

fundamental que seja estabelecido um balanço entre as interações partícula-partícula

e partícula-matriz. Assim, apesar da modificação superficial ser uma estratégia

positiva para a dispersão da carga na matriz e permitir a formação de interfaces

Page 72: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 72

coesas, ela também altera a natureza das interações presentes entre os CNC, o que

pode reduzir o reforço mecânico por desfavorecer a percolação das nanopartículas.

Portanto, a metodologia de troca de solvente favorece a percolação e permite o ganho

de propriedades mecânicas por meio da formação de uma rede de CNC permeando

o material.

Page 73: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 6. NANOCOMPÓSITOS VIA

EXTRUSÃO/INJEÇÃO

Esse capítulo mostra os resultados referentes às propriedades térmicas e

mecânicas dos materiais preparados pelo método de extrusão e injeção.

Primeiramente, são abordados aspectos relacionados ao processamento dos

materiais e, em seguida, são discutidas as propriedades dos materiais obtidos pelos

diferentes métodos de pré-mistura.

6.1. Processamento Termomecânico

Como indicado anteriormente, foram utilizadas estratégias para misturar a PCL

e os CNC antes do processamento termomecânico. As estratégias utilizando Acetona

e THF diferiram entre si pela forma com que os CNC foram misturados à PCL,

enquanto o método de Troca de Solvente foi utilizado para obter melhor dispersão dos

CNC, realizando o processamento a partir dos filmes obtidos pelo procedimento de

evaporação controlada de solvente. Durante o processamento dos materiais, foi

monitorada a força exercida nas roscas da extrusora, visando garantir o controle das

condições de processamento.

Os valores de força fornecem uma medida indireta da viscosidade do fundido,

que por sua vez está relacionada com a massa molar da matriz polimérica. Assim,

observando-se a variação da força em função do tempo de processamento, pode-se

avaliar a perda de massa molar e, desta forma, a degradação térmica do polímero. As

Figuras 23 e 24 apresentam exemplos das curvas de força em função do tempo de

processamento.

A análise do decaimento da força durante o processamento mostrou uma média

de 1000 N para os diferentes materiais. Portanto, pode-se concluir que as condições

de processamento para os diferentes métodos são reprodutíveis e promovem uma

Page 74: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 74

-120 0 120 240 360 480 600 720

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Fo

rça

(N

)

Tempo (s)

PCL

Sem Solvente 15%

Acetona 15%

THF 15%

Recirculação

Figura 23. Curvas de força nas roscas em função do tempo obtidas durante o processamento

na micro-extrusora, comparando a PCL e os nanocompósitos Sem Solvente 15%, Acetona 15%

e THF 15%.

-120 0 120 240 360 480 600 720

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Fo

rça

(N

)

Tempo (s)

PCL

THF 5%

THF 10%

THF 15%

THF 25%

Recirculação

Figura 24. Curvas de força nas roscas em função do tempo para o método THF, obtidas durante

o processamento da PCL e dos nanocompósitos na micro-extrusora, mostrando o efeito da

concentração de CNC.

pequena degradação da PCL, uma vez que os diferentes métodos utilizados

(Figura 23) e concentrações de CNC (Figura 24) não apresentaram mudanças

significativas nos perfis das curvas de força obtidas.

Deve-se ressaltar ainda que, apesar das pré-misturas dos materiais terem sido

secas em estufa a vácuo para a remoção de solvente residual, não foi realizada a

Page 75: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 75

secagem dos CNC ou da PCL. Portanto, a degradação do polímero pode se dar por

hidrólise, que no caso da PCL produz pontas de cadeias contendo grupos álcool e

ácido [Araujo et al. 2008]. Assim, a degradação da matriz pode levar à formação de

grupos que favorecem a compatibilização entre a carga e a matriz. Esse efeito de

compatibilização já foi reportado na literatura, mas para fibras de Curauá e matriz de

poliamida-6 [Santos et al. 2007]. Além disso, outro trabalho, do mesmo grupo de

pesquisa, demonstra a formação de ligações éster entre as fibras de celulose e a

poliamida-6 [Fernandes et al. 2015], fenômeno que também pode ocorrer durante a

extrusão dos nanocompósitos PCL/CNC devido às hidroxilas superficiais dos CNC.

Conforme indicado na Seção 3.2.2, foram preparados nanocompósitos nas

composições de 5%, 10%, 15% e 25%. A Figura 25 apresenta fotografias que ilustram

o aspecto físico dos corpos de prova obtidos.

Figura 25. Fotografias dos corpos de prova obtidos por processamento termomecânico

utilizando os métodos: Sem Solvente, Acetona, THF e Troca de Solvente.

A Figura 25 mostra que os materiais preparados, Sem Solvente e utilizando

Acetona, são similares visualmente, mas apresentam o nanocompósito de 5% (m/m)

Se

m S

olv

ente

25%

TH

F

Aceto

na

15% 10% 5% PCL

Tro

ca

de S

olv

ente

25% 15% 10% 5% PCL

25% 15% 10% 5% PCL

15% 10% 5% PCL

Page 76: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 76

de CNC com cor acinzentada. Observa-se ainda que há um aumento gradual da

coloração amarelada com o aumento do teor de CNC para os três métodos, o que

sugere que as nanopartículas, ou a matriz, tiveram algum nível degradação durante o

processamento. Por outro lado, os materiais processados a partir dos filmes

PCL/CNC, obtidos pelo método Troca de Solvente, apresentaram a mesma coloração

da PCL pura, indicando que uma melhor distribuição dos CNC desfavorece os

processos de degradação.

6.2. Propriedades Mecânicas e Térmicas

A estabilidade térmica dos materiais processados foi investigada por TGA

(Figura 26) dos nanocompósitos Troca de Solvente, tendo em vista que nesses

materiais houve menor indício de degradação causada pelo processamento.

100 200 300 400 500 600 700 800

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Gel Liofilizado

Troca de Solvente 15%

Troca de Solvente 10%

Troca de Solvente 5%

PCL

PCL pellet

Figura 26. Curvas termogravimétricas, em atmosfera inerte, e suas derivadas em

função da temperatura para a PCL, processada (PCL) e não processada (PCL pellet),

e nanocompósitos Troca de Solvente. Também foi apresentada a curva para o Gel

Liofilizado.

Nas curvas apresentadas (Figura 26) para as amostras de PCL (pellet e

processada), observa-se uma diminuição da temperatura de início de degradação

200 300 400 500

De

riva

da

(%

/°C

)

Temperatura (°C)

Page 77: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 77

(𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡) para a PCL (processada) em relação à PCL pellet. O valor determinado para

𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡 da PCL pellet foi de 388 °C e para PCL de 382 °C. Essa redução da estabilidade

térmica é comum para polímeros submetidos ao processamento termomecânico e

está associada à diminuição de massa molar, o que foi confirmado por análises de

GPC.

As curvas para os nanocompósitos Troca de Solvente apresentam dois eventos

principais de perda de massa. O primeiro evento, abaixo de 300 °C, é atribuído à de

degradação dos CNC, e o segundo evento à degradação da PCL. A comparação

dessas curvas com a PCL revela que os picos de maior taxa de degradação (na faixa

de 350 a 450 °C) se deslocam para maiores valores de temperatura com o aumento

do teor de CNC. Os nanocompósitos apresentaram aumento na 𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡 de 389 °C

(Troca de Solvente 5%) para 391 °C (Troca de Solvente 10%) e 392 °C (Troca de

Solvente 15%). Esse resultado sugere que a presença dos CNC promoveu a redução

da degradação da PCL durante o processamento, o que pode estar associada à ação

dos CNC como barreira difusional. Porém, esse efeito não foi confirmando pelos

resultados de GPC, uma vez que ambos os materiais apresentaram valores próximos

de 𝑀𝑤 e dispersidade.

Além disso, foi observado o aumento da estabilidade térmica dos CNC no

nanocompósito. Os valores determinados para 𝑇𝑜𝑛𝑠𝑒𝑡 aumentaram de 250 °C (Gel

Liofilizado), para 273 °C, 264 °C e 257 °C nos nanocompósitos Troca de Solvente 5%,

Troca de Solvente 10% e Troca de Solvente 15%, respectivamente. Essa variação

pode estar associada à ação dos grupos sulfato, presentes na superfície dos CNC,

como promotores da degradação dos nanocristais [Roman et al. 2004]. Além disso, a

dispersão dos CNC na matriz polimérica altera a cinética de degradação, uma vez que

diminui a difusão dos produtos de degradação e, consequentemente, retarda a sua

degradação.

A Figura 27 apresenta os resultados de DMA, no modo tensão-compressão, para

a PCL e o nanocompósito Troca de Solvente 5%.

Assim como observado para os filmes (Seção 5.2, Figura 20), as curvas de DMA

obtidas para os materiais injetados apresentaram o mesmo perfil típico de materiais

poliméricos semicristalinos [Cassu et al. 2005]. É observada a relaxação α, transição

vítrea, e o declínio de 𝐸′ na região vítrea, que está associado a relaxação β.

Novamente, não é observada uma região elastomérica bem definida e as análises

foram interrompidas antes da fusão a 60 °C.

Page 78: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 78

-125 -100 -75 -50 -25 0 25 50

103

du

lo d

e A

rma

ze

na

me

nto

, E

' (M

Pa

)

Temperatura (°C)

PCL

Troca de Solvente 5%

-125 -100 -75 -50 -25 0 25 50

10

100

du

lo d

e P

erd

a, E

'' (M

Pa

)

Temperatura (°C)

PCL

Troca de Solvente 5%

Figura 27. Curvas de 𝐸′ (esquerda) e 𝐸′′ (direita) para a PCL e nanocompósito Troca de Solvente 5%.

O valor de 𝐸′ relativo a região vítrea observado para a PCL foi da ordem de

3,3 GPa, e 450 MPa à temperatura ambiente (25 °C). Esses valores são similares aos

reportados na literatura [Mi et al. 2014 e Goffin et al. 2011]. Além disso, os valores de

𝐸′ e 𝐸′′ observados à temperatura ambiente (25 °C) para a PCL (450 MPa e 17 MPa)

e para o nanocompósito Troca de Solvente 5% (670 MPa e 20 MPa), mostraram um

pequeno aumento, devido à adição de CNC, que é consistente com o observado por

Goffin et al. [2011] para CNC não modificados.

A seguir são apresentados e discutidos os resultados de propriedades

mecânicas sob tração para todos os nanocompósitos PCL/CNC preparados pelos três

métodos de pré-mistura utilizados no processamento termomecânico. As

Figuras 28 e 29 apresentam os as propriedades mecânicas sob tração determinadas

a partir das curvas tensão-deformação (Apêndice 4).

Considerando os erros associados aos valores das propriedades mecânicas,

não é possível afirmar que houve reforço mecânico (Figura 28) para concentrações

de CNC até 15% (m/m), independentemente do método de pré-mistura utilizado. Isso

pode ser explicado, considerando o limiar de percolação de 13% (m/m) do CNC

(calculado a partir da Equação 1, Seção 1.2). Esses resultados sugerem que o limiar

de percolação pode não ter sido atingido experimentalmente na concentração de 15%

Page 79: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 79

-- 0 -- 5% 10% 15% 25% -- 5% 10% 15% 25% -- 5% 10% 15% 25% --0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Te

nsã

o n

a F

orç

a M

áxim

a,

m (

MP

a)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

PCLTHFAcetona

du

lo E

lástico

, E

(M

Pa

)

Sem Solvente

Figura 28. Propriedades mecânicas (𝐸 e 𝜎𝑚) para os materiais preparados por

processamento termomecânico.

-- 0 -- 5% 10% 15% 25% -- 5% 10% 15% 25% -- 5% 10% 15% 25% --0

100

200

300

400

500

600

700

800

Alo

ng

am

en

to n

a R

up

tura

, r

(%)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Te

nsã

o n

a R

up

tura

,

r (M

Pa

)

Sem SolventePCL

Acetona THF

Figura 29. Propriedades mecânicas (𝜀𝑟 e 𝜎𝑟) para os materiais preparados por

processamento termomecânico.

de CNC, tendo em vista que efeitos de agregação e de distribuição não uniforme da

carga podem dificultar a formação da rede de percolação. Por outro lado, os

Page 80: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 80

nanocompósitos contendo 25% de CNC apresentaram variações significativas de 𝐸,

com ganhos de 24%, 21% e 30% quando os mesmos foram preparados pelos

métodos Sem Solvente, Acetona e THF, respectivamente.

De forma geral, foi também observada a diminuição das propriedades

associadas à ruptura (Figura 29), quando os nanocompósitos são comparados à PCL

pura. Essa perda de desempenho mecânico é esperada quando se adiciona uma

carga rígida a uma matriz flexível, uma vez que a carga dispersa atua como pontos

de fragilização do nanocompósito. Este efeito é ainda mais expressivo se ocorrer fraca

adesão entre carga e matriz, como já mencionado. Neste trabalho, o efeito de

fragilização aumentou com o aumento concentração de CNC, como pode ser notado

pela queda dos valores de 𝜎𝑟 e 𝜀𝑚. Isso fornece indícios de que não houve uma boa

compatibilização dos CNC, que poderia ocorrer, por exemplo, por meio da reação

entre os grupos hidroxila, presentes na superfície dos CNC, e cadeias hidrolisadas de

PCL, como comentado anteriormente.

Os materiais preparados pelo método de pré-mistura em THF mostraram

desempenho melhor que os demais, apresentando menor perda de 𝜀𝑚 e maior ganho

no 𝐸 (30%) para nanocompósitos contendo 25% de CNC. Esse último resultado está

aquém daquele observado por Mi et al. [2014], que obtiveram aumento de 19% para

nanocompósitos contendo apenas 5% de CNC. Em termos gerais, foi observado um

efeito de reforço muito inferior em relação aos filmes preparados pelo método de

evaporação controlada de solvente (Seção 5.2, Figura 22), o que pode estar

associado à orientação da carga [Dufresne 2008].

Page 81: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 7. ESTUDO MORFOLÓGICO DOS

NANOCOMPÓSITOS

Devido às diferenças observadas para as propriedades mecânicas de filmes e

materiais injetados, foi realizado um estudo morfológico dos materiais, visando obter

informações que permitissem compreender essas diferenças. Para isto, foram

utilizadas as técnicas de espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS) e as

microscopias eletrônicas de varredura e de transmissão (SEM e TEM). Esse estudo

foi dividido em duas partes. Na primeira parte foi investigada a dependência da

morfologia com a posição ao longo dos corpos de prova injetados de nanocompósitos

Troca de Solvente. Na segunda parte foi avaliado o efeito dos métodos de preparação

na morfologia dos nanocompósitos.

7.1. Evolução da Morfologia ao Longo da Posição no Corpo de Prova

O estudo da morfologia de polímeros semicristalinos por SAXS permite obter

informações sobre as dimensões das lamelas e sua periodicidade. Isso é possível,

pois o espalhamento em materiais poliméricos resulta da presença de interfaces

cristalino-amorfo em sua estrutura. Assim, as características do padrão de

espalhamento dependem da organização das lamelas cristalinas (Figura 1).

O padrão de espalhamento apresentado na Figura 30, a seguir, corresponde à

PCL na forma filme preparado por evaporação controlada de solvente. Nessa

situação, as cadeias cristalizam em condições não perturbadas de forma que o

material obtido é isotrópico. A isotropia do material se repete no padrão de

espalhamento, que tem como característica a distância do halo de espalhamento em

relação ao feixe transmitido. Na Figura 31, a posição do feixe transmitido corresponde

ao ponto central de espalhamento mais intenso (cor branca da escala de intensidade),

que encontra-se bloqueado pelo “beam stopper”. Em relação aos padrões de

Page 82: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 82

espalhamento apresentados neste trabalho, um artefato presente é uma faixa

horizontal azul escura que encobre a sua região do padrão de espalhamento. Este é

resultado da presença de uma faixa inativa no detector de raios X (Pilatus 300k), que

é composto por três placas.

Figura 30. Padrão de espalhamento

de raios X para a PCL.

Para a investigação da morfologia dos materiais injetados, foram selecionadas 7

posições do corpo de prova injetado, como indicado na Figura 31. As três posições

centrais encontram-se dentro da área útil (região em que ocorre a deformação durante

o ensaio de tração), duas posições encontram-se na parte superior e outras duas na

parte inferior do corpo de prova. As posições foram numeradas como indicado na

Figura 31 e as setas vermelhas indicam a direção do fluxo de injeção.

Figura 31. Diagrama representando um corpo de prova injetado; as diferentes posições

estudadas aparecem como pontos pretos que foram numerados de 1 a 7. Diagrama

representado as duas orientações analisadas (direita).

A Figura 31 também apresenta um diagrama representando seções com duas

orientações distintas, que se referem às orientações Paralela (verde) e Perpendicular

(vermelha) ao fluxo de injeção. Além disso, é importante ressaltar que alguns dos

Mínimo

Escala de Intensidade

Máximo

Page 83: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 83

corpos de prova foram posicionados de formas diferentes em relação ao feixe de raios

X, para a realização das medidas de SAXS. Em virtude disso, os padrões de

espalhamento podem estar rotacionados de 90° no plano da imagem. Por essa razão,

a direção do fluxo de injeção é indicada por uma linha tracejada vermelha em todas

as imagens de padrões de espalhamento apresentadas.

A Figura 32, a seguir, apresenta os padrões de espalhamento obtidos por SAXS

para corpos de prova injetados. À esquerda estão apresentados os resultados para a

PCL, ao centro e à direita para os nanocompósitos Troca de Solvente 5% e Troca de

Solvente 15%, respectivamente. Foram analisadas as Posições de 1 a 7 de cada

amostra, para investigar a evolução da estrutura dos materiais.

Em relação à PCL, os padrões de espalhamento referentes às Posições 1 e 2

indicam que as lamelas estão orientadas aleatoriamente, uma vez que o padrão é

isotrópico. Porém, quando são analisadas as posições ao longo da área útil do corpo

de prova, observa-se um padrão anisotrópico com espalhamento mais intenso

alinhado com o fluxo de injeção (Posições 3 a 5). Esse alinhamento indica que o

crescimento das lamelas ocorre, preferencialmente, em direções perpendiculares ao

fluxo de injeção. Nota-se também uma intensidade máxima de espalhamento na

direção do fluxo de injeção (maior anisotropia) para a Posição 4 (posição central do

corpo de prova). Por fim, na região terminal do corpo de prova (Posições 6 e 7) são

observados padrões isotrópicos similares aos das Posições 1 e 2.

A Figura 33 mostra uma representação esquemática da morfologia de polímeros

semicristalinos, que permite melhor compreender o efeito da estrutura cristalina sobre

o espalhamento de raios X. Nela estão identificadas a Direção do Fluxo de Injeção

(seta vermelha) e a Direção Perpendicular a ela (seta verde), que servem de

referência para as direções nos padrões de espalhamento de SAXS.

Como a técnica de espalhamento de raios X permite avaliar a organização de

estruturas presentes na amostra (lamelas cristalinas em polímeros), sendo que o

espalhamento em uma direção preferencial indica anisotropia da amostra. Assim, as

diferenças de orientação das lamelas observadas para a PCL (Figura 32) podem ser

associadas à presença de esferulitos alongados. A diferença entre esferulitos

isotrópicos e não isotrópicos está na frequência com que as diferentes orientações de

lamelas estão presentes em sua estrutura. Um esferulito isotrópico tem suas lamelas

orientadas radialmente, de forma que as diferentes direções de espalhamento

aparecem com a mesma frequência. Isso pode ser visualizado na Figura 33 à

Page 84: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 84

Figura 32. Padrões de espalhamento de raios X em função da posição no corpo de prova, obtidos de

Seções Paralelas ao fluxo de injeção, para a PCL e nanocompósitos Troca de Solvente 5% e Troca de

Solvente 15%. A linha vermelha pontilhada indica a direção do fluxo de injeção.

esquerda. Por outro lado, quando ocorre favorecimento do crescimento de lamelas

em uma direção particular, espera-se a formação de esferulitos não isotrópicos

(Figura 33, à direita). Neste caso, como a intensidade de espalhamento de raios X

depende da estatística das diferentes orientações das lamelas, pode-se concluir que

0 In

ten

sid

ade

do

Esp

alh

am

en

to (

u.a

.)

10

20

30

40

50

PCL Troca de Solvente 15% Troca de Solvente 5% P

osiç

ão

1

Po

siç

ão

2

Po

siç

ão

3

Po

siç

ão

4

Po

siç

ão

5

Po

siç

ão

6

Po

siç

ão

7

Page 85: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 85

esferulitos não isotrópicos (Figura 33, à direita) espalham mais na Direção do Fluxo

de Injeção (área identificada em vermelho), que nas demais.

Figura 33. Representação esquemática da morfologia de esferulitos, diferenciando a

orientação de lamelas em esferulitos isotrópicos (esquerda) e não isotrópicos (direita). As

setas no canto superior direito dos diagramas definem as Direções do Fluxo de Injeção. Nos

quadros pontilhados estão representadas lamelas em diferentes orientações. As setas pretas

de ponta dupla indicam a direção de repetição da distância entre lamelas. As cores foram

usadas para correlacionar populações de lamelas em direções diferentes.

A orientação preferencial das lamelas é geralmente atribuída ao fenômeno de

orientação de cadeia promovido por cisalhamento [Gedde 1995]. Assim, os

segmentos de cadeia se alinham com o fluxo de injeção, favorecendo o crescimento

das lamelas na Direção Perpendicular (as cadeias no interior das lamelas

permanecem alinhadas). Portanto, espera-se que ocorra uma diferença na proporção

entre as lamelas na Direção do Fluxo de Injeção e na Direção Perpendicular, de forma

que os esferulitos formados não serão esfericamente simétricos, mas alongados, com

seu eixo maior na Direção do Fluxo de Injeção (Figura 33).

A partir da integração dos padrões de espalhamento apresentados, foram

obtidas as curvas de espalhamento, para melhor avaliar as distâncias associadas aos

Page 86: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 86

picos de maior intensidade de espalhamento (picos de correlação). A Figura 34

apresenta os resultados de intensidade do espalhamento, obtidos para a integração

de um setor circular na Direção do Fluxo de Injeção (Figura 34.a) e na Direção

Perpendicular (Figura 34.b), em função do vetor de espalhamento (𝑞).

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

107

108

109

1010

1011

1012

Inte

nsid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 1

Posição 2

Posição 3

Posição 4

Posição 5

Posição 6

Posição 7

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

107

108

109

1010

1011

1012

In

ten

sid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 1

Posição 2

Posição 3

Posição 4

Posição 5

Posição 6

Posição 7

Figura 34. Curvas de SAXS para a PCL, obtidas para integrações de setores circulares nas Direções

(a) do Fluxo de Injeção e (b) Perpendicular.

As curvas referentes à Direção do Fluxo de Injeção (Figura 34.a) relevam picos

de correlação a 0,38 nm-1 (𝑞), cujas intensidades aumentam para as

Posições 3, 4 e 5, com um máximo na Posição 5. Por outro lado, as curvas para a

Direção Perpendicular (Figura 34.b) não apresentaram variações significativas de

intensidade, confirmando que não houve orientação nessa direção. Além disso, a

posição e largura dos picos são similares aos da Direção do Fluxo de Injeção,

sugerindo que não há diferenças na espessura de lamela nas duas direções. A partir

do valor de 𝑞, foi estimada a distância interlamelar média de 17 nm para a PCL sem

CNC (Equação 6, Seção 3.3.7).

Os padrões de espalhamento para os nanocompósitos Troca de Solvente 15%

(Figura 32), apresentaram um máximo de espalhamento na Direção do Fluxo de

Injeção, associado à orientação das lamelas de PCL. No entanto, o aspecto mais

a b

Page 87: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 87

relevante dessa amostra é a presença de um espalhamento intenso na Direção

Perpendicular. Esse espalhamento intenso é atribuído aos CNC, pois é consistente

com um grande número de centros espalhadores resultantes das interfaces das

nanopartículas. Assim, é possível concluir que, independentemente da posição no

corpo de prova, os CNC se encontram orientados de forma que a distância de

correlação entre eles predomina na Direção Perpendicular, isto é, os CNC tendem a

se alinhar na direção do fluxo, como esperado (Seções 1.2 e 6.2). Além disso, na

região que correspondente à área útil do corpo de prova, é possível notar uma maior

anisotropia referente ao espalhamento dos CNC, o que pode indicar um maior

alinhamento das nanopartículas nessa região do corpo de prova.

Já para o nanocompósito Troca de Solvente 5%, nota-se que o padrão de

espalhamento da PCL (Direção do Fluxo de Injeção) apresenta alterações; porém,

ainda é possível observar anisotropia, especialmente em posições dentro da área útil

do corpo de prova (Posições 3 e 4). Por outro lado, o espalhamento na Direção

Perpendicular está melhor definido em relação ao nanocompósito Troca de

Solvente 15%.

A determinação dos valores de 𝑞 para picos de correlação do nanocompósito

Troca de Solvente 5% foi realizada a partir das curvas obtidas por integração de

setores circulares nas Direções do Fluxo de Injeção e Perpendicular, que estão

apresentadas na Figura 35.

Assim como foi discutido anteriormente, os picos de correlação das curvas para

a Direção do Fluxo de Injeção (Figura 35.a) estão associados ao espalhamento das

lamelas de PCL. O valor de 𝑞 para esse conjunto de picos foi de 0,38 nm-1, igual ao

obtido para a PLC. Por outro lado, o valor de 𝑞, determinado para a Direção

Perpendicular (Figura 35.b), também foi de 0,38 nm-1. Esse valor sugere que o mesmo

está de fato associado ao espalhamento das lamelas de PCL. Dessa forma, o

espalhamento anisotrópico observado para a Direção Perpendicular é resultado da

soma do espalhamento das lamelas de PCL e do espalhamento anisotrópico dos

CNC, que não apresentou um pico de correlação.

Page 88: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 88

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

107

108

109

1010

1011

1012

Inte

nsid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 1

Posição 2

Posição 3

Posição 4

Posição 5

Posição 6

Posição 7

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

107

108

109

1010

1011

1012

In

ten

sid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 1

Posição 2

Posição 3

Posição 4

Posição 5

Posição 6

Posição 7

Figura 35. Curvas de SAXS para o nanocompósito Troca de Solvente 5% obtidas para integrações de

setores circulares nas Direções (a) do Fluxo de Injeção e (b) Perpendicular.

Para avaliar a presença de anisotropia na Seção Perpendicular dos corpos de

prova (Figura 31), foram também realizadas medidas com o feixe de raios X incidindo

paralelamente ao fluxo de injeção (Seção 3.3.7). Assim, foram cortadas amostras

transversais do corpo de prova, com aproximadamente 2 mm de espessura, para três

posições selecionadas (destacadas em negrito na Figura 31). Os padrões de

espalhamento obtidos estão apresentados na Figura 36.

Os padrões de espalhamento da Figura 36 mostram que ambas as amostras,

nas três posições, apresentam morfologia predominantemente isotrópica. Uma

exceção é a forma da região de espalhamento mais intenso para a PCL, nas Posições

2 e 6 ao redor do “beam stopper” (ponto central), que apresenta um desvio da forma

circular. É importante destacar que o espalhamento de raios X a ângulos muito baixos

se relaciona a dimensões maiores que as distâncias interlamelares típicas. Devido à

distância amostra-detector utilizada, não é possível determinar picos de correlação

para interpretar esse resultado. Além disso, as variações de intensidade de

espalhamento não podem ser consideradas, uma vez que não foi possível controlar a

espessura das amostras cortadas transversalmente.

a b

Page 89: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 89

Figura 36. Padrões de espalhamento de raios X para a Seção Perpendicular dos corpos de

prova PLC e Troca de Solvente 5%, nas Posições 2, 4 e 6.

Os resultados da Figura 36 mostram que os padrões de espalhamento da Figura

36 mostram que ambas as amostras, nas três posições, apresentam morfologia

predominantemente isotrópica. Uma exceção é a forma da região de espalhamento

mais intenso para a PCL, nas Posições 2 e 6 ao redor do “beam stopper” (ponto

central), que apresenta um desvio da forma circular. É importante destacar que o

espalhamento de raios X a ângulos muito baixos se relaciona a dimensões maiores

que as distâncias interlamelares típicas. Devido à distância amostra-detector utilizada,

não é possível determinar picos de correlação para interpretar esse resultado. Além

disso, as variações de intensidade de espalhamento não podem ser consideradas,

uma vez que não foi possível controlar a espessura das amostras cortadas.

CNC não apresentaram espalhamento na Seção Perpendicular, o que confirma

seu alinhamento preferencial na Direção do Fluxo de Injeção. Da mesma forma, o

espalhamento isotrópico da PCL indica também que os esferulitos são distorcidos

apenas na Direção do Fluxo de Injeção. As curvas apresentadas na Figura 37 foram

utilizadas para avaliar a distância interlamelar nessa orientação.

0

Inte

nsid

ade

do

Esp

alh

am

en

to (

u.a

.)

10

20

30

40

50

PCL Troca de Solvente 5%

Po

siç

ão

2

Po

siç

ão

4

Po

siç

ão

6

Page 90: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 90

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

108

109

1010

1011

1012

Inte

nsid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 2

Posição 4

Posição 6

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

108

109

1010

1011

1012

In

ten

sid

ad

e d

o E

sp

elh

am

en

to (

u.a

.)

q (nm-1)

Posição 2

Posição 4

Posição 6

Figura 37. Curvas de SAXS para (a) PCL e (b) nanocompósito Troca de Solvente 5% de Seções

Perpendiculares.

Os valores de 𝑞, determinados a partir das curvas da Figura 37, foram

novamente iguais a 0,38 nm-1, para ambos os materiais. Isso confirma que, apesar do

favorecimento de determinadas direções de crescimento, a distância interlamelar

média é constante, em todas as direções e materiais investigados.

A Figura 38 apresenta resultados de TEM para a PCL e o compósito Troca de

Solvente 5%, na Posição 4. As micrografias foram obtidas em baixa ampliação para

permitir a visualização das estruturas cristalinas do polímero.

Para as Seções Perpendiculares não há evidências de distorções dos esferulitos

da PCL. Porém, as imagens de Seções Paralelas revelam esferulitos mais alongados,

o que pode ser atribuído à distorção dos esferulitos nessa direção. Essas diferenças

se tornam mais nítidas quando as duas orientações são comparadas para um mesmo

material, especialmente no caso do nanocompósito. Além disso, comparando as

imagens referentes às Seções Perpendiculares dos dois materiais, é possível notar

que o polímero sem a carga apresenta esferulitos maiores que os presentes no

nanocompósito, o que é coerente com a ação nucleante dos CNC na cristalização da

PCL (Seção 5.1) [Siqueira et al. 2011 B].

a b

Page 91: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 91

Figura 38. Micrografias obtidas por TEM para amostras de PCL e do nanocompósito Troca de Solvente

5%, localizadas na Posição 4 do corpo de prova e obtidas para Seções Paralela e Perpendicular.

Análises microscópicas em ampliações maiores permitem visualizar os CNC e

obter informações sobre sua orientação na matriz de PCL. A Figura 39 apresenta

resultados de TEM para Seções Paralelas e Perpendiculares das Posições 2, 4 e 6

do nanocompósito Troca de Solvente 5%. Na região destacada (em amarelo) os CNC

foram contornados para facilitar sua identificação.

Em relação às Seções Paralelas, todas as micrografias mostram,

predominantemente, formas escuras de dimensões alongadas que correspondem aos

CNC isolados, ou agregados. Pode-se afirmar que as nanopartículas estão

parcialmente alinhadas com o fluxo de injeção, uma vez que as imagens mostram sua

projeção alongada. Por outro lado, nas micrografias correspondentes à Seções

PC

L

Tro

ca

de

So

lven

te 5

%

Seção Paralela Seção Perpendicular

Page 92: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 92

Figura 39. Micrografias obtidas por TEM para o nanocompósito Troca de Solvente 5%. Cortes obtidos

em duas orientações (Seção Paralela e Perpendicular) nas Posições 2, 4 e 6 do corpo de prova.

Perpendiculares, os domínios escuros dispersos na matriz de PCL mostram agora

formas menos alongadas, podendo ser interpretadas como projeções transversais dos

Seção Paralela Seção Perpendicular

Po

siç

ão

2

Po

siç

ão

4

Po

siç

ão

6

Page 93: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 93

CNC (ou de agregados de CNC). Esses resultados são concordantes com aqueles

observados nas análises de SAXS.

As mesmas amostras analisadas na Figura 39 foram também investigadas por

FESEM. As micrografias obtidas por análise das superfícies crioultramicrotomadas

estão apresentadas na Figura 40, a seguir.

Figura 40. Micrografias obtidas por FESEM para o nanocompósito Troca de Solvente 5%, obtidas para

cortes crioultramicrotomados em duas orientações (Seção Paralela e Perpendicular) nas

Posições 2, 4 e 6 do corpo de prova.

Todas as seis micrografias apresentadas (Figura 40) revelam uma morfologia de

superfície plana, devido à preparação dessas amostras por crioultramicrotomia. Nota-

se padrões de linhas verticais, que são referentes às marcas deixadas pela faca de

Po

siç

ão

2

Po

siç

ão

4

Po

siç

ão

6

5 μm

Seção Paralela Seção Perpendicular

5 μm

5 μm

5 μm 5 μm

5 μm

Page 94: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 94

diamante usada para a obtenção dos cortes. Em relação às diferentes orientações

dos cortes, o que se observa, predominantemente, é uma superfície pouco rugosa

para Seções Paralelas e a presença de pontos brancos nas Seções Perpendiculares.

Esses pontos brancos correspondem aos CNC orientados perpendicularmente ao

plano da imagem, isto é, alinhados com o fluxo de injeção. Esses resultados também

são consistentes com o exposto anteriormente.

Além dos resultados apresentados, foram conduzidas análises de DSC para a

PCL e o nanocompósito Troca de Solvente 5%, nas Posições 2, 4 e 6, para avaliar o

efeito da orientação sobre as propriedades térmicas (Apêndice 5). O comportamento

observado em função da adição de CNC foi o mesmo relatado anteriormente (Seção

5.1, Tabela 6). Além disso, não foram observadas alterações nos parâmetros térmicos

em função da posição no corpo de prova. Este resultado é significativo, pois

demonstra que a orientação induzida pelo fluxo não afetou as propriedades térmicas

locais, especialmente aquelas relacionadas à fase cristalina (𝑇𝑚 e 𝜒).

É possível concluir que os nanocompósitos moldados por injeção apresentaram

anisotropia significativa, com orientação preferencial das lamelas de PCL na Direção

Perpendicular e dos CNC na Direção do Fluxo de Injeção. Esses efeitos de orientação

são bem estabelecidos na literatura, especialmente para polímeros e compósitos

usados em aplicações comerciais [Granlund et al. 2013 e 2014]. No entanto, há um

número reduzido de trabalhos que investiga esse efeito em nanocompósitos contendo

CNC, sendo que nenhum deles explora de maneira aprofundada as técnicas de SAXS

ou TEM [Mi et al. 2014]. Essa lacuna se deve aos desafios que cada uma das técnicas

impõe à detecção dessas nanopartículas. No caso de microscopia eletrônica de

transmissão, o principal aspecto a ser considerado é a formação de contraste entre

as nanopartículas e a matriz polimérica, uma vez que ambos têm composição

elementar muito similar. Nesse contexto, faz-se necessário aplicar métodos

específicos de coramento que permitam identificar as fases presentes [Leite et al.

2016].

7.2. Comparação dos Métodos de Preparação

Como discutido na Seção 7.1, foram observados efeitos significativos de

orientação nos materiais obtidos por processamento termomecânico, tanto para a

carga quanto para a matriz. Entretanto, o mesmo efeito não é esperado para

nanocompósitos obtidos por evaporação controlada de solvente, o que motiva a

Page 95: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 95

investigação da morfologia dos filmes estudados na Seção 5.2.

As morfologias dos filmes PCL100% e PCL/CNC5%, 10% e 15% foram

analisadas por SAXS. Os padrões de espalhamento para essas amostras são

isotrópicos, conforme exemplificado para os filmes PCL100% e PCL/CNC5%

(Figura 41). As curvas de SAXS correspondentes estão apresentadas na Figura 42.

Figura 41. Padrões de espalhamento de raios X para os filmes: (a) PCL100% e (b) PLC/CNC5%.

0.1 1 10

105

106

107

108

109

1010

Inte

nsid

ad

e d

o E

sp

alh

am

en

to (

a.u

)

q (nm-1)

PCL100%

PCL/CNC5%

PCL/CNC10%

PCL/CNC15%

Figura 42. Curvas de SAXS para os filmes PCL100%, PLC/CNC5%, PCL/CNC10% e

PCL/CNC15%.

A curva para o filme PCL100% apresenta uma sequência de picos de correlação

bem definidos, que são típicos de estruturas periódicas. Essas repetições derivam do

espalhamento combinado de múltiplas lamelas. Os valores de 𝑞 foram de 0,37 nm-1,

50

40

30

20

Inte

nsid

ade

do

E

spa

lham

en

to (

u.a

.)

10

0

a b

Page 96: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 96

1,05 nm-1, e 1,90 nm-1, e correspondem a distância interlamelar média de 17,0 nm.

Assim como no caso dos materiais injetados, a presença dos CNC aumentou o

espalhamento da amostra (Figura 42), encobrindo parcialmente os picos de

correlação. Nos filmes obtidos por evaporação controlada de solvente, também

ocorreu um deslocamento dos picos de correlação da PCL para maiores valores de 𝑞

(0,40 nm-1), o que pode estar associado a variações nos parâmetros da estrutura

lamelar do polímero. O mesmo efeito não foi observado para os nanocompósitos

processados.

O tratamento matemático das curvas relativas aos filmes PCL100% e

PCL/CNC5% (Seção 3.3.7), que apresentam padrões isotrópicos, permitiu calcular o

período longo (ℒ), espessura da lamela cristalina (ℓ𝐶) e da fase amorfa (ℓ𝑎), bem como

a fração cristalina em volume (Χ𝐶). Os valores obtidos estão apresentados na

Tabela 9.

Tabela 9. Parâmetros da estrutura lamelar da PCL para o filmes

PCL100% e PCL/CNC5%.

Filme 𝓛 𝓵𝑪 𝓵𝒂* 𝚾𝑪*

nm nm nm

PCL100% 17,1 5,7 11,4 0,33

PCL/CNC5% 21,0 5,1 15,8 0,25

ℒ, período longo.

ℓ𝐶, espessura da lamela cristalina.

ℓ𝑎, espessura da fase amorfa.

Χ𝐶, fração cristalina em volume.

Os valores apresentados na Tabela 9 indicam que a adição dos CNC promoveu

a redução da Χ𝐶, o que é coerente com os resultados obtidos por DSC para esses

filmes (Seção 5.2, Tabela 7). Além disso, foi possível determinar que esse efeito está

relacionado à diminuição de ℓ𝐶 e ao aumento de ℓ𝑎.Vale ressaltar que esses valores

(Tabela 9), determinados a partir das curvas de SAXS, estão relacionados a estruturas

cristalinas repetitivas em uma população com maior regularidade de espessuras de

fase cristalina e amorfa.

A morfologia da superfície dos cortes crioultramicrotomados desses filmes foi

também analisada por FESEM, e as micrografias obtidas estão apresentadas na

Figura 43.

Page 97: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 97

Figura 43. Micrografias obtidas por FESEM para superfícies de cortes crioultramicrotomados da

(a) PCL100%, (b) PCL/CNC5% e (c) PCL/CNC25%. (d) Filme PCL/CNC25% em maior ampliação

evidenciando detalhes da morfologia.

O filme PCL100% (Figura 43.a) apresenta uma superfície plana e uniforme,

enquanto o filme PCL/CNC5% apresenta orifícios, como já discutido anteriormente. A

superfície do corte do filme PCL/CNC25% também apresenta rugosidade, que pode

ser causada pela presença de CNC. Porém, poucos pontos brancos são observados

na imagem (Figura 43.b). Já a micrografia do corte do filme PCL/CNC25% mostra

superfície bastante rugosa (Figura 43.c). A mesma superfície observada em maiores

ampliações (Figura 43.d) indica que essa rugosidade é formada por um grande

número de pontos brancos, referentes aos CNC, além de pequenos orifícios. Estes

orifícios podem ser resultado do destacamento dos CNC durante o corte. Esse efeito

também foi observado nas Seções Perpendiculares dos nanocompósitos Troca de

Solvente 5%, moldados por injeção (Figura 40). No entanto, diferentemente do que foi

observado anteriormente, os orifícios presentes na micrografia da Figura 43.d são

menores em diâmetro. Isso sugere que essas nanopartículas estão melhor dispersas

e aderidas à matriz no filme PCL/CNC25%.

A Figura 44 apresenta os resultados de TEM para esses filmes.

a b

c d

10 μm 10 μm

10 μm 5 μm

Page 98: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 98

Figura 44. Micrografias obtidas por TEM para os filmes PCL100%, PCL/CNC5% e PCL/CNC25%.

Micrografias panorâmicas (esquerda) e em maior ampliação (direita).

Assim como na Figura 38, as micrografias de menor ampliação (Figura 44, à

esquerda) permitem observar os padrões de cristalização do polímero. Analisando as

micrografias, pode-se inferir que não há indícios de orientação preferencial em

PC

L1

00

%

PC

L/C

NC

5%

P

CL

/CN

C25

%

Page 99: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 99

nenhum dos filmes apresentados. Além disso, na micrografia do filme PCL/CNC25%

observa-se estruturas pouco definidas, com dimensões menores que as presentes

nos filmes PCL100% e PCL/CNC5%. Isso indica que o filme PCL/CNC25% contém

esferulitos menores, o que é compatível com a maior transparência notada

visualmente para este filme (Seção 5.2), causada pela nucleação induzida pela

presença dos CNC.

Por sua vez, as micrografias de maior ampliação (Figura 44, à direita) permitem

distinguir os CNC na matriz. Para o filme PCL/CNC5%, são observadas poucas

nanopartículas em evidência (regiões circuladas), o que pode ser atribuído à sua

dispersão não uniforme. Por outro lado, é possível observar uma grande quantidade

de nanopartículas dispersas no filme PCL/CNC25%. Nessa imagem, também é

observado que os CNC estão orientados aleatoriamente, porém com algum grau de

orientação local. Essa morfologia é consistente com a formação de uma rede

tridimensional de CNC no nanocompósito. Dessa forma, pode-se afirmar que ocorreu

percolação, o que explica o pronunciado efeito de reforço mecânico (aumento do

módulo de Young) obtido para este filme.

De uma forma geral, pode-se concluir que as morfologias dos nanocompósitos

obtidos por extrusão/injeção e daqueles obtidos por evaporação controlada de

solvente diferem quanto à dispersão da carga e, principalmente, quanto aos e efeitos

de orientação presentes na matriz de PCL e nos CNC. A esses efeitos de dispersão e

orientação podem ser atribuídas as propriedades mecânicas distintas, observadas

para os materiais preparados pelos diferentes métodos. Assim, o baixo efeito de

reforço mecânico para os nanocompósitos processados indica que o alinhamento dos

CNC com o fluxo de injeção, assim como a orientação da fase cristalina da PCL,

inibem a formação da rede de percolação.

Page 100: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Capítulo 8. CONCLUSÃO

Foi possível encontrar condições que permitiram a obtenção de nanocompósitos

PCL/CNC por processamento termomecânico, bem como desenvolver uma

metodologia para a preparação de filmes uniformes de PCL/CNC por evaporação

controlada de solvente em THF. A estratégia de troca de solvente mostrou-se uma

excelente alternativa para a preparação de nanocompósitos de CNC, uma vez que

permitiu boa dispersão das nanopartículas na matriz de PCL, evitando a agregação

das mesmas. Outra vantagem dessa metodologia é favorecer a formação de uma

rede de CNC no nanocompósito. Dessa forma, foram obtidos filmes PCL/CNC que

apresentaram um proeminente efeito de reforço mecânico observado na forma de um

aumento do módulo de Young. Para a concentração mássica de 25% de CNC, o

módulo de Young observado para o nanocompósito foi 155% maior que o da PCL sem

CNC. Esses filmes também apresentaram tensão na força máxima superior à da PCL,

indicando a formação de uma rede de CNC.

Por outro lado, os mesmos materiais obtidos por processamento termomecânico

não apresentaram o desempenho mecânico esperado. Observou-se, nesses casos,

que o efeito de reforço foi muito inferior ao dos filmes obtidos por evaporação

controlada de solvente. Nestes materiais, para a mesma concentração de 25% em

massa de CNC, os aumentos de módulo de Young variaram de 21% a 30%,

dependendo do método de pré-mistura utilizado.

O estudo morfológico apresentado exemplificou como o uso das técnicas de

microscopia eletrônica de varredura e transmissão, combinadas com medidas de

espalhamento de raios X a baixo ângulo, permite a caracterização detalhada da

morfologia de nanocompósitos contendo CNC, que se estão correlacionadas com

suas propriedades mecânicas.

Para os filmes PCL/CNC, os resultados do estudo morfológico confirmaram a

formação de uma rede tridimensional para a concentração de 25% de CNC. Dessa

Page 101: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 101

forma, pôde-se explicar o elevado efeito de reforço mecânico observado sob a ótica

da percolação mecânica. Por outro lado, os materiais moldados por injeção mostraram

significativa anisotropia estrutural, devido ao alinhamento dos CNC na direção do fluxo

de injeção e ao crescimento das lamelas cristalinas da PCL na direção perpendicular

a ele. A esses efeitos de orientação foi atribuído o baixo reforço mecânico observado

para esses materiais. Conclui-se, portanto, que ambos os efeitos de orientação inibem

a formação de uma rede de percolação dos CNC.

Dessa forma, os resultados obtidos para os materiais preparados neste trabalho

demonstram que é possível combinar nanopartículas hidrofílicas de CNC e a matriz

hidrofóbica de PCL para obtenção de nanocompósitos, a partir de métodos de

preparação apropriados. Os materiais assim obtidos ampliam o espectro de

aplicações da PCL.

Page 102: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAKI, J., Wada, M., Kuga, S., & Okano, T., (1998). “Flow properties of

microcrystalline cellulose suspension prepared by acid treatment of native

cellulose”, Coll. Surf. A, 142 : 75-82.

ABITBOL, T., Johnstone, T., Quinn, T. M., & Gray, D. G., (2011). “Reinforcement

with cellulose nanocrystals of poly(vinyl alcohol) hydrogels prepared by cyclic

freezing and thawing”, Soft Matter, 7 : 2373-2379.

ARAUJO, J. V., Martins, A., Leonor, I. B., Pinho, E. D., Reis, R., L., & Neves, N. M.,

(2008). “Surface controlled biomimetic coating of polycaprolactone nanofiber

meshes to be used as bone extracellular matrix analogues”, J. Biomater. Sci.:

Polym. Ed., 19 : 1261-1278.

ASTM D638-14. “Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics”, ASTM

International, 100 Barr Harbor Drive, West Conshohocken, United States.

ASTM D882-02. “Standard Test Method for Tensile Properties of Thin Plastic

Sheeting”, ASTM International, 100 Barr Harbor Drive, West Conshohocken,

United States.

AYUK, J. E., Mathew, A. P., & Oksman, K., (2009). “The Effect of Plasticizer and

Cellulose Nanowhisker Content on the Dispersion and Properties of Cellulose

Acetate Buturate Nanocomposites”, J. Appl. Polym. Sci., 114 : 2723-2730.

AZIZI S., M. A. S., Alloin, F., Sanchez, J.-Y., & Dufresne, A., (2004). “Cellulose

nanocrystals reinforced poly(oxyethylene)”, Polym., 45 : 4149-4157.

BECK-CANDANEDO, S., Roman, M., & Gray, D. G., (2005). “Effetct of Reaction

Conditions on the Properties and Behavior of Wood Cellulose Nanocrystal

Suspensions”, Biomacromol., 6 : 1048-1054.

BELLANI, C. F., Pollet, E., Hebraud, A., Pereira, F. V., Schattler, G., Avérous, L.

Bretas, R. E. S., & Branciforti, M. C., (2016). “Morphological, thermal, and

mechanical properties of poly(ε-caprolactone)/poly(ε-caprolactone)-grafted-

cellulose nanocrystals mat produced by electrospinning”, J. Appl. Polym. Sci.,

43445.

Page 103: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 103

BENDAHOU, A., Kaddami, H., & Dufresne, A., (2010). “Investigation on the effect of

cellulosic nanoparticles’ morphology on the properties of natural rubber based

nanocomposites”, Eur. Polym. J., 46 : 609-620.

BOGDANOVA, O. I., & Chvalun, S. N., (2016). “Polysaccharide-Based Natural and

Synthetic Nanocomposites”, Polym. Sci., Series A., 58 : 629-658.

BONDERSON, D., & Oksman, K., (2007). “Polylactic acid/cellulose whisker

nanocomposites modified by polyvinyl alcohol”, Composites: Part A, 38 : 2486-

2492.

BORDES, C., Fréville, V., Ruffin, E., Marote, P., Gauvrit, J. Y., Briançon, S., &

Lantéri, P., (2010). “Determination of poly(ε-caprolactone) solubility parameters:

Application to solvent substitution in a microencapsulation process”, Inter. J.

Pharma., 383 : 236-243.

BUNDE, A., & Dieterich, W., (2000). “Percolation in Composites”, J. Electroceramics,

5 : 81-92.

CANEVAROLO JR., S. V., (2006). “Ciência dos Polímeros, um texto básico para

tecnólogos e engenheiros”, São Paulo, Artiliber Editora Ltda., 2ª edição.

CAPADONA, J. R., Shanmuganathan, K., Triftschuh, S., Seidel, S., Rowan, S. J.,

& Weder, C., (2009). “Polymer Nanocomposites with Nanowhiskers Isolated from

Microcrystalline Cellulose”, Biomacromol., 10 : 712-716.

CASSU, S. N., & Felisberti, M. I., (2005). “Comportamento dinâmico-mecânico e

relaxações em polímeros e blendas poliméricas”, Quim. Nova, 28 : 255-263.

CHATTERJEEE, A. P., (2008) “Percolation thresholds for rod-like particles:

polydispersity effects”, J. Phys.: Condens. Matter., 20 : 255250.

CHATTERJEEE, A. P., (2012). “A Remark Concerning Percolation Thresholds in

Polydisperse System of Finite-Diameter Rods”, J. Stat. Phys., (2012) 146 : 244-

248.

CHEN, G., Dufresne, A., Huang, J. & Chang, P. R., (2009). “A Novel Thermoformable

Bionanocomposite Based on Cellulose Nanocrystal-graft-Poly(ε-caprolactone)”,

Macromol. Mater. Eng., 294 : 59-67.

DE CASTRO, D. O., Bras, J., Gandini, A. & Belgacem, N., (2016). “Surface grafting

of cellulose nanocrystals with natural antimicrobial rosin mixture using green

process”, Carbohyd. Polym., 137 : 1-8.

Page 104: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 104

DE MENEZES, A. J., Siqueira, G., Curvelo, A. A. S., & Dufresne, A., (2009).

“Extrusion and characterization of functionalized cellulose whiskers reinforced

polyethylene nanocomposites”, Polymer, 50 : 4552-4563.

DU, F., Fischer, J. E., & Winey, K. I., (2005). “Effect of nanotube alignment on

percolation conductivity in carbon nanotube/polymer composites”, Phys. Review

B, 72 : 121404(R).

DUFRESNE, A., Cavaillé, J. Y., & Helbert, W., (1997). “Thermoplastic

nanocomposites filled with wheat straw cellulose whiskers. Part II: effect of

processing and modeling”, Polym. Compos., 18 : 198-210.

DUFRESNE, A., (2008). “Polysaccharide nanocrystals reinforced nanocomposites”,

Can. J. Chem., 86 : 484-494.

DUFRESNE, A., (2010). “Processing of Polymer Nanocomposites Reinforced with

Polysaccharide Nanocrystals”, Molecules, 15 : 4111-4128.

DURÁN, N., Lemes, A. P.. Durán, M., Freer, J., & Baeza, J., (2011). “A minireview of

cellulose nanocrystals and its potential integration as co-product in bioethanol

production”, J. Chil. Chem. Soc., 56 : 672-677.

EL OUDIANI, A., Chaabouni, Y., Msahli, S., & Sakli, F., (2011). “Crystal transition

from cellulose I to cellulose II in NaOH treated Agave americana L. fibre”,

Carbohyd. Polym., 86 : 1221-1229.

FABBRI, P. Bondioli, F., Messori, M., Bartoli, C., Dinucci, D., & Chiellini, F., (2010).

“Porous scaffolds of polycaprolactone reinforced with in situ generated

hydroxyapatite for bone tissue engineering”, J. Mater. Sci.: Mater. Med., 21 : 343-

351.

FAVIER, V., Canova, G. R. , Cavaillé, J. Y., Chanzy, H., Dufresne, A., & Gauthier,

C., (1995) A. “Nanocomposite Materials from Latex and Cellulose Whiskers”,

Polym. Adv. Tech., 6 : 351-355.

FAVIER, V., Chanzy, H., & Cavaille, J. Y., (1995) B. “Polymer Nanocomposites

Reinforced by Cellulose Whiskers”, Macromol., 28 : 6365-6367.

FAVIER, V., Canova, G. R., Shrivastava, S. C., & Cavaillé, J. Y., (1997) A.

“Mechanial Percolation in Cellulose Whisker Nanocomposites”, Polym. Eng. Sci.,

37 : 1732-1739

Page 105: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 105

FAVIER, V., Dendievel, R., Canova, G., Cavaille, J. Y., & Gilormini, P., (1997) B.

“Simulation and modeling of three-dimensional percolating structures: case of a

latex matrix reinforced by a network of cellulose fibers”, Acta Mater., 45 : 1557-

1565.

FERNANDES, F. C., Gadioli, R., Yassitepe, E., & De Paoli, M.-A., (2015).

“Polyamide-6 Composites Reinforced With Cellulose Fibers and Fabricated by

Extrusion: Effect of Fiber Bleaching on Mechanical Properties and Stability”,

Polym Comp., 38 : 299-308

FIGUEIREDO, A. R. P., Silvestre, A. J. D., Pascoal Neto, C., & Freire, C. S. R.,

(2015). “In situ synthesis of bacterial cellulose/polycaprolactone blends for hot

pressing nanocomposite film production”, Carbohydr. Polym, 15 : 400-408.

FRALICK, B. S., Gatzke, E. P., & Baxter, E. C., (2012). “Three-dimensional evolution

of mechanical percolation in nanocomposites with random microstructures”,

Prob. Eng. Mech., 30 : 1-8.

FUJIYAMA, M., & Awaya, H., (1977). “Mechanical Anisotropy in Injection-Molded

Polypropylene”, J. Appl. Polym. Sci., 21 : 3291-3309.

GARCIA DE RODRIGUEZ, N. L., Thielemans, W., & Dufresne, A., (2006). “Sisal

cellulose whiskers reinforced polyvinyl acetate nanocomposites”, Cellulose, 13 :

261-270.

GEDDE, U. W., (1995). “Polymer Physics”, Springer Science+Business Media B. V.,

1ª edição.

GEORGE, J., Ramana, K. V., Bawa, A. S., & Siddaramaiah (2011). “Bacterial

cellulose nanocrystals exhibiting high thermal stability and their polymer

nanocomposites”, Inter. J. Bio. Macromol., 48 : 50-57.

GOFFIN, A.-L., Raquez, J.-M., Duquesne, E., Siqueira, G., Habibi, Y., Dufresne, A.,

& Dubois, P., (2011). “Poly(ε-caprolactone) based nanocomposites reinforced

by suface-grafted cellulose nanowhiskers via extrusion processing: Morphology,

rheology and thermo-mechanical properties”, Polymer, 52 : 1532-1538.

GOUSSÉ, C., Chanzy, H., Excoffier, G., Soubeyrand, L., & Fleury, E., (2002).

“Stable suspensions of partially silylated cellulose whiskers dispersed in organic

solvents”, Polymer, 43 : 2645-2651.

Page 106: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 106

GRANLUND, H., Fløystad, J. B., Esmaeili, M., Bakken, E. T., Bech, M., Vullum, P.

E., Andreassen, E., & Breiby, D. W., (2013). “Mapping structural gradients in

isotactic polypropylene using scanning wide-angle X-ray scattering”, Polymer, 54

: 1867-1875.

GRANLUND, H., Andreassen, E., Skjønsfjell, E. T. B., Høydalsvik, K., Diaz, A., &

Breiby, D. W., (2014). “Measuring and Simulating Morphologu Gradients in

Injection-Molded Talc-Reinforced Isotactic Polypropylene”, J. Polym. Sci., Part B:

Polym. Phys., 54 : 1157-1167.

GUTIÉRREZ, M. C., De Paoli, M.-A., & Felisberti, M. I., (2012). “Biocomposite based

on cellulose acetate and short curauá fibers: Effect of plasticizers and chemical

treatments of the fiber”, Composites: Part A, 43 : 1338-1346.

HABIBI, Y., Goffin, A.-L., Schiltz, N., Duquesne, E., Dubois, P., & Dufresne, A.,

(2008). “Bionanocomposites based on poly(ε-caprolactone)-grafted cellulose

nanocrystals by ring-opening polymerization”, J. Mater. Chem., 18 : 5002-5010.

HASSAN, M. L., Bras, J., Hassan, E. A., Fadel, S. M., & Dufresne, A., (2012).

“Polycaprolactone/Modified Bagasse Whisker Nanocomposites with Improved

Moisture-Barrier and Biodegradability”, J. Appl. Polym. Sci., 125 : E10-E19.

HELBERT, W., Cavaillé, J. Y., & Dufresne, A., (1996). “Thermoplastic

nanocomposites filled with wheat straw cellulose whiskers. Part I: processing and

mechanical behavior”, Polym. Compos., 17 : 604-611.

HERAKOVICH, C. T., (2012). “Mechanics of composites: A historical review”,

BioResources, 3 : 929-980.

HUBBE, M. A., Rojas, O. J., Lucia, L. A., & Sain, M., (2008). “Cellulosic

Nanocomposites: A Review”, BioResources, 3 : 929-980.

JEAN, B., Dubreuil, F., Heux, L., & Cousin, F., (2008). “Structural Details of Cellulose

Nanocrystals/Polyelectrolytes Multilayers Probed by Neutron Reflectivity and

AFM”, Langmuir, 24 : 3452-3458.

JOHN, M. J., & Thomas, S., (2008). “Biofibres and biocomposites”, Carbohydrate

Polym., 71 : 343-364.

KHAN, R. A., Beck, S., Dussault, D., Salmieri, S., Bouchard, J., & Lacroix, M.,

(2013). “Mechanical and Barrier Properties of the Nanocrystalline Cellulose

Reinforced Poly(caprolactone) Composites: Effect of Gamma Radiation”, J. Appl.

Polym. Sci., 129 : 3038-3046.

Page 107: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 107

KLEMM, D., Heublein, B., Fink, H.-P., & Bohn, A., (2005). “Cellulose: Fascinating

Biopolymer and Sustainable Raw Material”, Angew. Chem. Int. Ed., 44 : 3358-

3393.

KOLESKE, J. V., & Lundberg, R. D., (1969). “Lactone Polymers. I. Glass Transition

Temperature of Poly-ε-caprolactone by Means of Compatible Polymer Mixtures”,

J. Polym. Sci: Part A-2, 7 : 795-807.

LABET, M., & Thielemans, W., (2009). “Synthesis of polycaprolactone: a review”,

Chem. Soc. Rev., 38 : 3484-3504.

LAHIJI, R. R., Xu, X., Reinfenberger, R., Raman, A., Rudie, A., & Moon, R. J.,

(2010). “Atomic Force Microscopy Characterization of Cellulose Nanocrystals”,

Langmuir, 26 : 4480-4488.

LEITE, L. S. F., Battirola, L. C., da Silva, L. C. E., & Gonçalves, M. C., (2016).

“Morphological investigation of cellulose acetate/cellulose nanocrystals

composites obtained by melt extrusion”, J. Appl. Polym. Sci., 44201.

LIMA, M. M. de S., & Borsali, R., (2004). “Rodlike Cellulose Microcrystals: Structure,

Properties and Applications”, Macromol. Rapid Commun., 25 : 771-787.

LIN, N., Chen, G., Huang, J., Dufresne, A., & Chang, P. R. (2009). “Effects of

Polymer-Grafted Natural Nanocrystals on the Structure and Mechanical

Properties of Poly(lactic acid): A Case of Cellulose Whisker-graft-

Polycaprolactone”, J. Appl. Polym. Sci., 113 : 3417-3425.

LIU, H., Han, C., & Dong, L., (2010). “Study of the Biodegradable Poly(ε-

caprolactone)/Clay Nanocomposites Foams”, J. Appl. Polym. Sci., 115 : 3120-

3129.

LJUNGBERG, N., Cavaillé, J.-Y., & Heux, L., (2006). “Nanocomposites of isotatic

polypropylene reinforced with rod-like cellulose whiskers”, Polymer, 47 : 6285-

6292.

LOOS, M. R., & Manas-Zloczower, I., (2013). “Micromechanical Models for Carbon

Nanotube and Cellulose Nanowhisker Reinforced Composites”, Polym. Eng. Sci.,

53 : 882-887.

MAKI, M., Leung, K. T., & Qin, W., (2009). “The prospects of cellulose-producing

bacteria for the bioconversion of lignocellulosic biomass”, Int. J. Biol. Sci., 5 : 500-

516.

Page 108: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 108

MARIANO, M., El Kissi, N., & Dufresne, A., (2015). “Melt processing of cellulose

nanocrystals reinforced polycarbonate from a masterbatch process”, Eur. Polym.

J., 69 : 208-223.

MI, H.-Y., Jin, X., Peng, J., Salick, M. R., Peng, X.-F., & Turng, L.-S., (2014). “Poly(ε-

caprolactone) (PCL)/cellulose nano-crystal (CNC) nanocomposites and foams”,

Cellulose, 21 : 2727-2741.

NEPPALLI, R., Causin, V., Marega, C., Saini, R., Mba, M., & Marigo, A., (2011).

“Structure, Morphology and Biodegradability of Poly(ε-caprolactona)-Based

Nanocomposites ”, Polym. Eng. Sci., 32 : 762-798.

OKAMOTO, M., & John, B., (2013). “Synthetic biopolymer nanocomposites for tissue

engineering scaffolds”, Progr. Polym. Sci., 38 : 1487-1503.

OKSMAN, K., Mathew, A. P. Bonderson, D., & Kvien, I. (2006). “Manufacturing

process of cellulose whiskers/polylactic acid nanocomposites”, Compos. Sci.

Technol., 66 : 2776-2784.

ORTS, W. J., Godbout, L., Marchessault, R. H., & Revol, J.-F., (1998). “Enhanced

Ordering of Liquid Crystalline Suspensions of Cellulose Microfibrils: A Small

Angle Neutron Scattering Study”, Macromolecules, 31 : 5717-5725.

O’SULLIVAN, A. C., (1997). “Cellulose: the structure slowly unravels”, Cellulose, 4 :

173-207.

PARIKH, D. V., Thibodeaux, D. P., & Condon, B., (2007). “X-ray Crystallinity of

Bleached and Crosslinked Cottons”, Textile Research J., 77 : 612-616.

PARK, S., Baker, J. O., Himmel, M. E., Parilla, P. A., & Johnson, D. K., (2010).

“Cellulose crystallinity index: measurement techniques and their impact on

interpreting cellulose performance”, Biotech. for Biofuels, 3 : 10.

PODSIADLO, P., Choi, S. Y., Shim, B., Lee, J., Cuddihy, M., & Kotov, N. A., (2005).

“Molecularly Engineered Nanocomposites: Layer-by-Layer Assembly of

Cellulose Nanocrystals”, Biomacromol., 6 : 2914-2918.

PUJARI, S., Dougherty, L., Mobuchon, C., Carreau, P. J., Heuzey, M.-C., &

Burghardt, W. R., (2011). “X-ray scattering measurements of particle orientation

in a sheared polymer/clay dispersion”, Rheol Acta, 50 : 3-16.

RABIEJ, S. & Rabiej, M., (2011). “Determination of the parameters of lamellar

structure of semicrystalline polymers using computer program SAXSDAT”,

Polimery, 56 : 662-670.

Page 109: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 109

RANBY, B. G., (1951). “Fibrious macromolecular systems. Cellulose and muscle, The

colloidal properties of cellulose micelles”, Faraday Discuss,. 11 : 158-164.

RAQUEZ, J.-M, Narayan, R., & Dubois, P., (2008). “Recent Advances in Reactive

Extrusion Processing of Biodegradable Polymer-Based Composites”, Macromol.

Mater. Eng., 293 : 447-47-.

ROJAS, O. J., Montero, G. A., & Habibi, Y., (2009). “Electrospun Nanocomposites

from Polystyrene Loaded with Cellulose Nanowhiskers”, J. Appl. Polym. Sci., 113

: 927-935.

ROMAN, M., & Winter, W. T., (2004). “Effect of Sulfate Groups from Sulfuric Acid

Hydrolysis on the Thermal Degradation Behavior of Bacterial Cellulose”,

Biomacromol., 5 : 1671-1677.

ROMAN, M., (2015). “Toxicity of Cellulose Nanocrystals: A Review”, Biomacromol., 11

: 25-33.

SANTOS, P. A., Spinacé, M. A. S., Fermoselli, K. K. G., & De Paoli, M.-A., (2007).

“Polyamide-6/vegetal fiber composite prepared by extrusion and injection

molding”, Composites: Part A, 38 : 2404-2411.

SI, J., Cui, Z., Wang, Q., Liu, Q., & Liu, C., (2016). “Biomimetic composite scaffolds

based on mineralization of hydroxyapatite on electronspun poly(ε-caprolactone)/

nanocellulose fibers”, Carbohydr. Polym., 143 : 270-278.

SIQUEIRA, G., Bras, J., & Dufresne, A., (2009). “Cellulose Whiskers versus

Microfibrils: influence of the Nature of the Nanoparticle and its Surface

Functionalization on the Thermal and Mechanical Properties of

Nanocomposites”, Biomacromol., 10 : 425-432.ty

SIQUEIRA, G., Mathew, A. P., & Oksman, K., (2011) A. “Processing of cellulose

nanowhiskers/cellulose acetate butyrate nanocomposites using sol-gel process

to facilitate dispersion”, Compos. Sci. Technol., 71 : 1886-1892.

SIQUEIRA, G., Fraschini, C., Bras, J., Dufresne, A., Prud'homme, R. & Laborie,

M.-P., (2011) B. “Impact of the nature and shape of the cellulosic nanoparticles

on the isothermal crystallization kinetics of poly(ε-caprolactone)”, Eur. Polym. J.,

47 : 2216-2227.

SIQUEIRA, G., Bras, J., Follain, N., Belbekhouche, S., Marais, S., & Dufresne, A.,

(2013). “Thermal and mechanical properties of bio-nanocomposites reinforced by

Luffa Cylindrica cellulose nanocrystals”, Carbohydr. Polym., 91 : 711-717.

Page 110: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 110

TAIPINA, M. de O., Ferrarezi, M. M. F., & Gonçalves, M. do C., (2012).

“Morphological evolution of curauá fibers under acid hydrolysis”, Cellulose, 19 :

1199-1207.

TASHIRO, K., & Kobayashi, M., (1991). “Theoretical evaluation of three-dimensional

elastic constants of native and regenerated celluloses: role of hydrogen bonds”,

Polymer, 32 : 1516-1526.

UDDIN, A. J., Araki, J., & Gotoh, Y., (2011). “Toward “Strong” Green

Nanocomposites: Polyvinyl Alcohol Reinforced with Extremely Oriented Cellulose

Whiskers”, Biomacromol., 12 : 617-624.

VIET, D., Beck-Candanedo, S., & Gray, D. G. (2007). “Dispersion of cellulose

nanocrystals in polar organic solvents”, Cellulose, 14 : 109-113.

VORONOVA, M. I., Surov, O. V., Guseinov, S. S., Barannikov, V. P., & Zakharov,

A. G., (2015). “Thermal stability of polyvinyl alcohol/nanocrystalline cellulose

composites”, Carbohydr Polym., 130 : 440-447.

WAHIT, M. U., Akos, N. I., & Laftah, W. A., (2012). “Influence of Natural Fibers on the

Mechanical Properties and Biodegradation of Poly(lactic acid) and Poly(ε-

caprolactone) Composites: A Review”, Polym. Comp., 33 : 1045-1053.

WANG, W., Liu, D., Lu, L., Chen, H, Gong, T., Lv, J., & Zhou, S, (2016). “The

improvement of the shape memory function of poly(ε-caprolactone)/nano-

crystalline cellulose nanocomposites via recrystallization under high pressure

environment”, J. Mater. Chem. A, 4 : 5984-5992.

WHITE, S. I., DiDonna, B. A., Mu, M., Lubensky, T. C., & Winwy, K. I., (2009).

“Simulations and electrical conductivity of percolated networks of finite rods with

various degrees of axial alignment”, Phys. Review B, 79 : 024301.

ZHOU, C., Chu, R., Wu, R., & Wu, Q., (2011). “Electrospun Polyethylene

Oxide/Cellulose Nanocrystal Composite Nanofibrous Mats with Homogeneous

Microstrucures”, Biomacromol., 12 : 2617-2625.

ZIMMERMANN, T., Pöhler, E., & Schwaller, P., (2005). “Mechanical and

Meorphological Properties of Cellulose Fibril Reinforced Nanocomposites”, Adv.

Eng. Mater., 7 : 1156-1161.

ZOPPE, J. O., Peresin, M. S., Habibi, Y., Venditti, R. A., & Rojas, O. J., (2009).

“Reinforcing Poly(ε-caprolactone) Nanofibers with Cellulose Nanocrystals”, Appl.

Mater. Interf., 1 : 1996-2004.

Page 111: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 111

ZOU, Y., Xu, H., & Yiqi, Y., (2010). “Lightweight Polypropylene Composites

Reinforced by Long Switchgrass Stems”, J. Polym. Environ., 18 : 464-473.

Page 112: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 112

APÊNDICES

Apêndice 1. Histogramas Relativos ao Comprimento, Diâmetro e Razão de

Aspecto para os CNC Usados na Preparação de Nanocompósitos

0 50 100 150 200 250 3000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Núm

ero

de P

art

ícula

s

Comprimento, L (nm)

0 5 10 15 20 25 30 35 400

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

Núm

ero

de P

art

ícula

s

Diâmetro, D (nm)

0 5 10 15 20 250

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

Núm

ero

de P

art

ícula

s

Razão de Aspecto, L / D

Figura A1. Histogramas: (a) comprimento, (b)

diâmetro e (c) razão de aspecto dos CNC.

(c)

(a) (b)

Page 113: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 113

Apêndice 2. Curvas de DSC para Filmes Preparados em Diferentes Solventes

Page 114: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 114

Apêndice 3. Curvas de DSC para Filmes Preparados por Troca de Solvente

-100 -75 -50 -25 0 25 50 75 100

Flu

xo

de

Ca

lor

(W/g

)

Temperatura (°C)

PCL/CNC25%

PCL/CNC20%

PCL/CNC15%

PCL/CNC10%

PCL/CNC5%

PCL100%

-100 -75 -50 -25 0 25 50 75 100

Flu

xo

de

Ca

lor

(W/g

)

Temperatura (°C)

PCL/CNC25%

PCL/CNC20%

PCL/CNC15%

PCL/CNC10%

PCL/CNC5%

PCL100%

Figura A3. Curvas de DSC para os filmes preparados por evaporação controlada de solvente. À

esquerda curvas para o primeiro aquecimento e à direita curvas para o resfriamento.

Apêndice 4. Curvas Tensão-Deformação para os Materiais Injetados

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

0

5

10

15

20

25

30

35

Te

nsã

o (

MP

a)

Deformação (%)

PCL

Sem Solvente 5%

Sem Solvente 10%

Sem Solvente 15%

Sem Solvente 25%

Figura A4. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento mecânico

dos nanocompósitos Sem Solvente, em função da concentração de CNC.

En

do

térm

ico

Page 115: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 115

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

0

5

10

15

20

25

30

35

Te

nsã

o (

MP

a)

Deformação (%)

PCL

Acetona 5%

Acetona 10%

Acetona 15%

Acetona 25%

Figura A5. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento mecânico

dos nanocompósitos Acetona, em função da concentração de CNC.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

0

5

10

15

20

25

30

35

Te

nsã

o (

MP

a)

Deformação (%)

PCL

THF 5%

THF 10%

THF 15%

THF 25%

Figura A6. Curvas tensão-deformação mostrando a variação do comportamento mecânico

dos nanocompósitos THF, em função da concentração de CNC.

Page 116: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 116

Apêndice 5. Resultados de Propriedades Térmicas para as Posições 2, 4 e 6 da

PCL e do Nanocompósito Troca de Solvente 5%

Page 117: Disseratação de Mestrado - Unicamptaurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332157/1/Germiniani_LuizGuil… · UNICAMP: professores, técnicos e funcionários, vocês fazem a universidade

Luiz G. L. Germiniani 117

Tabela A1. Propriedades térmicas, determinadas para Posições 2, 4 e 6 do

corpo de prova, para PCL e nanocompósito Troca de Solvente 5%.

Material Posição 𝑻𝒈,𝟏 𝑻𝒈,𝟐 𝑻𝒎,𝟏 𝑻𝒎,𝟐 𝑻𝑪,𝒐𝒏𝒔𝒆𝒕 𝝌𝟏* 𝝌𝟐*

°C °C °C °C °C

PCL 2 -61 -61 62 57 33 53% 43%

PCL 4 -62 -62 61 60 34 55% 45%

PCL 6 -61 -61 62 57 34 54% 44%

Troca de Solvente 5% 2 -61 -61 61 58 41 57% 47%

Troca de Solvente 5% 4 -62 -62 61 57 41 58% 47%

Troca de Solvente 5% 6 -62 -62 61 58 41 57% 47%

𝑇𝑔, temperatura de transição vítrea.

𝑇𝑚, temperatura no pico da fusão.

𝑇𝐶, temperatura de cristalização (obtida no resfriamento).

𝜒, grau de cristalinidade.

Os índices 1 e 2 indicam o primeiro e segundo aquecimento respectivamente.