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DISSERTAÇÃO ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ANSIEDADE E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES QUE APRESENTAM QUADRO DE PÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO Conceição Lemos

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DISSERTAÇÃO

ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ANSIEDADE E QUALIDADE

DE VIDA EM PACIENTES QUE APRESENTAM QUADRO

DE PÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO

Conceição Lemos

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2 INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Ciências

da Saúde: Cardiologia

Mestrado

ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ANSIEDADE E QUALIDADE D E VIDA

EM PACIENTES QUE APRESENTAM QUADRO DE PÓS

INFARTO DO MIOCÁRDIO

Autora: Conceição Lemos

Orientador: Prof. Dr. Carlos A.M. Gottschall

Dissertação apresentada para obtenção do grau

de Mestre em Ciências da Saúde: Cardiologia, do

Programa de Pós-graduação do Instituto de

Cardiologia do RS / Fundação Universitária de

Cardiologia.

Porto Alegre,

2005

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3

Catalogação na fonte:

L555

Lemos, Conceição .

Associação entre depressão, ansiedade e qualidade de vida em pacientes que apresentam quadro de pós infarto do miocárdio. Porto Alegre: Fundação Universitária de Cardiologia, 2006. 79 f. Dissertação de Mestrado. Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (Cardiologia). Áreas de concentração: Aterogênese e Cardiopatia Isquêmica – Cardiologia Fetal e Pediátrica - Função cardíaca. Normal e Patológica.

Infarto do miocárdio Depressão Ansiedade Pós infarto

CDU: 616.127-005.8:616.89-008.454

Bibliotecária responsável Diana da Motta CRB 10/397

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Ao meu marido Edegar e aos meus filhos

Paulo Custódio e Marcus Vinicius

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5

AGRADECIMENTOS

Muitos foram aqueles, que direta ou indiretamente, cooperaram na

realização deste trabalho.

Dirijo um agradecimento especial ao meu orientador Professor Doutor

Carlos Antônio Mascia Gottchall pela idéia de desenvolver esta pesquisa com

pacientes pós infarto do miocárdio.

A toda equipe de enfermagem do Instituto de Cardiologia do Rio Grande

do Sul na pessoa de Jaqueline Fagundes pelo precioso apoio na realização

deste trabalho.

A toda equipe do ambulatório do SUS do Instituto de Cardiologia pela

preciosa colaboração.

Aos professores do programa de pós-graduação do Instituto de

Cardiologia pelos conhecimentos adquiridos.

À Drª Lucia Pellanda, à Vânia Naomi Hinhata e ao Prof. Brasílio R. C. da

Silva pela orientação na análise estatística.

Ao Psiquiatra Zanir Boherer pelo apoio a este projeto.

Aos meus colegas do curso de pós graduação pelo incentivo constante

na realização deste trabalho.

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6 À Maria Peres e à Diana Motta, da biblioteca do Instituto de Cardiologia,

incansáveis na busca e solicitação de periódicos necessários à revisão

bibliográfica deste trabalho.

Às secretárias do curso de pós-graduação pelo apoio pedagógico .

Aos setores de pesquisa da instituição, pelo empenho e estímulo em

todas as fases do desenvolvimento deste estudo.

À professora de português e inglês, Lourdes Marmet Thomas pela sua

preciosa cooperação neste trabalho.

A melhor maneira de agradecer aos muitos pacientes e todos aqueles

que fizeram parte desta pesquisa talvez se expresse publicando o resultado

desta pesquisa

Por último, mas não menos importante, meus agradecimentos a meu

marido e aos meus filhos pela paciência e estímulo contínuos que permitiram

minha dedicação a este trabalho, embora roubando-lhes meu convívio como

esposa e mãe.

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SUMÁRIO BASE TEÓRICA 1

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 2 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................. ............................................................... 6

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA CORONARIANA ......................................................... 6

2.2 FATORES DE RISCO CORONARIANO ........................................................................ 8

2.3 INFARTO DO MIOCÁRDIO E A DEPRESSÃO ........................................................... 14

2.4 DEPRESSÃO ............................................................................................................... 21

2.4.1 Histórico........................................................................................................ 21 2.4.2 Transtornos depressivos .............................................................................. 23

2.5 Transtornos de humor devido a enfermidade clínica ................................................... 26

2.6 Ansiedade ..................................................................................................................... 28

2.7 Depressão e Ansiedade ............................................................................................... 30

2.8 Qualidade de vida e doenças cardiovasculares ........................................................... 32

2.8.1 Instrumentos de avaliação ........................................................................... 34 3 JUSTIFICATIVA ..................................... ......................................................................... 37 4 OBJETIVOS ......................................... ........................................................................... 39 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO ............................ ......................................................... ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ANSIEDADE E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES QUE APRESENTAM QUADRO DE PÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO ............. 41 RESUMO ................................................................................................................................... 41 ABSTRACT .......................................... ..................................................................................... 43 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 45 MÉTODOS ................................................................................................................................. 46 RESULTADOS ........................................ .................................................................................. 49 DISCUSSÃO ............................................................................................................................. 54 CONCLUSÃO ......................................... ................................................................................... 58

ANEXOS ........................................................................................................................................

Anexo 1 Inventário de depressão de Beck BDI ......................................................... 60 Anexo 2 Escala de avaliação clínica de ansiedade de Beck BAI ............................. 61 Anexo 3 Questionário do Qualidade de Vida do WHOQOL versão abreviada .............. 62 Anexo 4 Ficha de dados sócio-demográficos e clínicos ............................................ 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ..................................................................... A - REFERÊNCIAS DA BASE TEÓRICA.................... ............................................................. 65 B - REFERÊNCIAS DO ARTIGO ......................... ..................................................................... 70

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BASE TEÓRICA

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2

1 INTRODUÇÃO

A doença arterial coronariana (DAC) e a depressão maior serão em

2020 as duas principais causas de morte devendo a possibilidade de

comorbidade entre as duas doenças se tornar preocupante. Estudos se refere

à depressão, como a quarta maior causa de perda de anos de vida, e a

coronariopatia a sexta causa no início deste século XXI. Observaram os

momentos estressantes nos pacientes acometidos de coronariopatia,

concluindo que o transtorno depressivo maior (TDM) após um infarto agudo do

miocárdio (IAM) e quando não tratado adequadamente é considerado um fator

de risco aumentando a morbidade e a mortalidade. 1-3

A depressão está entre os transtornos psiquiátricos mais comuns

dos adultos, tornando-se relevante ao se associar à morbi-mortalidade das

doenças cardiovasculares. Em razão desses dados, estudos epidemiológicos

tornaram-se mais rigorosos a fim de detectar o risco que a depressão

acrescenta ao IAM. Muitos desses indicam que a depressão está presente em

aproximadamente 45% dos pacientes admitidos em hospital após o infarto do

miocárdio.4-6

Investigações multicêntricas chamadas de Enrichd (Enhancing

Recovery in Coronary Heart Disease), referem os transtornos depressivos

como presentes entre 30 e 50% dos pacientes que apresentam síndrome

coronariana aguda (SCA). Há referências mostrando que existem vários

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3 fatores de risco na doença cardíaca e que entre eles se destacam os fatores

emocionais e as características de personalidade, desempenhando um papel

de destaque tanto na gênese quanto na recuperação da depressão e do IAM.

cardíaca e cardiopulmonar referem que o infarto afetou mais a vida das

mulheres do que a dos homens. 7-9

Galam Fazendo referência em estudo sobre a percepção da qualidade

de vida (QV) em pacientes em reabilitação, Vacarino e colb. Observaram em

seus estudos sobre a depressão, aspectos psicológicos de mulheres

infartadas, destacando essa patologia como uma doença grave que interfere

na pessoa como um todo, desencadeando reações orgânicas que ameaçam a

integridade do ego. Foi observado ainda, que o infarto do miocárdio interfere

no equilíbrio do individuo provocando reações fisiológicas intensas que fogem

do seu controle consciente. O medo da perda do controle provoca reações

emocionais nessas mulheres devido à mobilização desencadeada pelo medo

da morte, representado uma ameaça. O medo da morte faz a pessoa reavaliar

aspectos de sua vida e isso leva com freqüência a processo depressivo. 7 A

depressão, é explicada por um conjunto de sintomas e sinais entre os quais se

salientam a tristeza profunda, a incapacidade de reagir adequadamente,

oportunamente e prazerosamente às incitações do meio ambiente. Em que

está associada à excessiva ativação do sistema nervoso simpático,

predispondo ao aumento de arritmias, podendo vir a causar morte súbita. 7,9

Krapelim coloca que há uma relação entre as disfunções cardíacas, o

estresse e as dificuldades de lidar com ele, como também com os sentimentos

de solidão, depressão, abandono e isolamento. 10

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4 Porto e Toscano relaciona a depressão com os sintomas de ansiedade

e situações de estresse prolongado, em que consideram a ansiedade como

resultado de um sentimento de ameaça, dificuldade para predizer, controlar ou

conseguir os resultados desejados em situações urgentes, na verdade, a

neurose cardíaca é apenas um quadro de ansiedade em que predominam os

sintomas cardiovasculares, representando um transtorno emocional que tem

no coração a sua expressão somática. Estudos epidemiológicos, aponta que

2 a 4% da população geral apresentam ansiedade significativa e 10 a 14% dos

pacientes que procuram cardiologistas relatam queixas relacionadas com a

ansiedade. 11,12

Ao fazer referência aos estudos de Toscano, Uuskula refere-se à

ansiedade como um fator que deve ser melhor estudado, pois é comum

durante a hospitalização no período pós IAM, contribuindo para complicações

letais do IAM.(12) No entanto, relatos de estudos feitos sobre a depressão

como fator de risco para o IAM concluíram que a depressão não teve efeito

significativo na mortalidade até aproximadamente 12 meses após o evento

agudo, nem foi preditora de infarto recorrente não fatal. 12

Há considerações sobre a depressão como forma de manutenção do

tabagismo, da compulsão alimentar e do abuso de álcool nos quadros de

IAM. Segundo Peres, tratar a depressão repercutirá no tratamento da

cardiopatia, pois o desânimo, a apatia, a intolerância, a frustração e a falta de

flexibilidade psíquica, peculiares ao humor deprimido, desfavorecem o

tratamento e a mudança de estilo de vida. 13

Sintomas depressivos mais intensos são preditores graves de

mortalidade entre indivíduos que sofreram IAM e sua influência mostra-se

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5 mais significativa no estado funcional desses pacientes do que no grau de

comprometimento arterial. Estudos enfatizam que o IAM, entre as doenças

cardíacas, é a maior causa de mortalidade no mundo inteiro. 14

Muitos questionamentos polemizam o assunto depressão – IAM.

Diante disso uma gama de pesquisas está sendo realizada em diversas

instituições de saúde, buscando alternativas para essa elevada prevalência

que associa essas duas doenças. Carney e Fleck fazem referência ao

impacto emocional provocado pela depressão pós infarto e pelos inúmeros

danos à qualidade de vida em que consideram a qualidade de vida como um

processo dentro das ciências humanas e biológicas, no sentido mais amplo

do que de controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou o aumento da

expectativa de vida. O autor relaciona qualidade de vida com o impacto do

estado de saúde sobre a capacidade do individuo de viver plenamente. 9,15

É significativa a referência a alguns estudos sobre o suporte social

como agente colaborador na proteção da doença coronariana. Esses

mostraram a influência da coesão social como fator protetor do infarto do

miocárdio. 16

Face ao exposto, este trabalho tem como objetivo investigar a

freqüência da depressão pós IAM durante o período de hospitalização no

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Para que esta pesquisa fosse

realizada se fez necessário o usa de instrumentos como escala de avaliação

de Beck para depressão (BDI), escala de avaliação do Beck para ansiedade

(BAI) e Questionário de Qualidade de Vida WHOQOL-bref.

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6

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA CORONARIANA

As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de

mortalidade nos países desenvolvidos, respondendo por 16,7 milhões de

mortes por ano, havendo uma projeção para o ano de 2020 de que será a

causa principal de mortalidade e incapacitação. Em países desenvolvidos,

como os Estados Unidos e a Inglaterra, a projeção encontra-se em torno de

25% de óbitos masculinos por doenças coronarianas (DAC), em uma faixa

etária abaixo de 65 anos. Já o Brasil apresenta 50% de óbitos masculinos por

doença arterial coronariana (DAC) nessa mesma faixa etária. A magnitude das

taxas de mortalidade coronariana apresentam índices significativos tanto para

as capitais como para todo o país, revelando que as doenças cardiovasculares

merecem o devido destaque na área de saúde pública. Elas atualmente,

respondem por um terço dos óbitos no país. 17

Desde o século XX, a doença coronariana vem progredindo e se

colocando numa posição de relevância epidemiológica nas sociedades de

consumo, sendo considerada a principal causa de morbi – mortalidade nos

países desenvolvidos e em desenvolvimento. 18 Dentre os fatores explicativos

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7 se incluem: a vida sedentária, o estresse da vida atual, o tabagismo e uma

dieta desequilibrada.

A incidência da doença coronariana cresceu muito nos últimos 50 anos,

atingindo o primeiro lugar como causa de morte em vários países, inclusive no

Brasil, que também está inserido nesses índices.

Estudos realizados em 1970 mostram que a cardiopatia aterosclerótica

transformou-se num grande problema de saúde pública nos países

desenvolvidos, e aumentou nos países em desenvolvimento, como é o caso

do Brasil. Ainda na década de 70 pode-se observar que a cardiopatia

aterosclerótica preponderava na civilização ocidental, em especial na

americana, e tinha como causa a dieta hiperlipidêmica. 19

Estudos entre 1980 e 1999, evidenciam que a doença arterial

coronariana é a segunda causa cardiovascular de morte no Brasil, mas a

primeira em São Paulo, estado e capital, e em outras poucas capitais. Dos

76.310 óbitos por doença arterial coronariana em 1999 no país, (75,6%)

foram por infarto agudo do miocárdio, sendo que 59,5% ocorreram em

homens. 18

O impacto dessa doença é ainda relevante quando se tem em conta

que as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 27,4% das mortes

no Brasil em 2001, por cerca de 40% dos óbitos nos EUA e são, de longe, a

maior causa de mortalidade nos países industrializados e em

desenvolvimento. 19

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8

2.2 FATORES DE RISCO CORONARIANO

Fatores de risco coronariano são anormalidades demonstráveis em

pessoas assintomáticas, mas que se associam, sabida e significativamente,

com possibilidades aumentadas de desenvolvimento de cardiopatia isquêmica

a curto e a longo prazo. O conceito sobre fatores de risco nasceu da teoria da

multicausalidade das doenças e que está sendo substituído pelo de

unicausalidade. 11 Gottschall e cols. observaram a necessidade de incluir

outros fatores para explicar vários aspectos clínicos e epidemiológicos da

doença. Segundo os autores referidos acima esse significado tem fundamental

importância teórica e prática na etiologia, patogenia e prevenção da

cardiopatia isquêmica de uma maneira geral e do infarto do miocárdio de uma

maneira especial. Até o presente momento já foram identificados múltiplos

fatores de risco coronariano cuja importância pode ser relativizada, mas nunca

posta em dúvida em qualquer análise criteriosa que se faça. 19

Consideram-se os primeiros fatores de risco, a dieta inapropriada, o

vício do cigarro e a hipertensão arterial sistêmica.

As relações entre doenças cardiovasculares e dieta começaram a ser

pesquisadas antes da segunda guerra mundial. W. Raab (1932) observava

que a dieta cumpria papel relevante na gênese da doença coronariana devido

à regressão da aterosclerose durante os períodos da fome na Europa Central;

a relativa raridade da aterosclerose e da hipertensão entre os vegetarianos da

Ásia, contraposta à enorme freqüência da aterosclerose entre os povos da

Europa e da América do Norte que consomem grande quantidade de ovos e

manteiga. Segundo as referências dos clássicos “Estudos dos Sete Países”

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9 que foram realizados na década de 50 na Finlândia, Holanda, Itália, Grécia,

Iugoslávia, Estados Unidos e Japão, foi feita uma relação da hipertensão

arterial e cardiopatia isquêmica com a dieta destas populações, ficando

evidente que o colesterol poderia ser um dos indicadores de doença arterial

coronariana. 20

O segundo aspecto identificado foi o tabagismo. Dudlei-White (1934),

associou o tabagismo com a angina pectóris.

O terceiro aspecto associado à doença coronariana foi a hipertensão,

em que havia uma hipertensão benigna para vencer a vasoconstrição. 20

Grandes projetos de pesquisa sobre fatores de risco para doenças

coronarianas começaram em 1948 com Framingham Heart Study. Dez anos

depois, os estudos de Framingham conseguiram estabelecer os principais

fatores de risco para a doença coronariana: colesterol elevado, hipertensão e

tabagismo. 21

. Esses dois estudos foram fundamentais para compreender as

doenças cardiovasculares, porém outros aspectos, tais como, os componentes

ambiental, social, cultural e psicológico passaram a ser também elucidados.

Aspectos como imigração, posição inferior na escala de hierarquia profissional

passaram a ser valorizados. Nos EUA, as taxas mais elevadas de infarto do

miocárdio ocorriam nos trabalhadores das fábricas, do que nos de escritório. 21

Entretanto, na década de 80, alguns estudos relataram que a metade

dos coronariopatas não apresentavam os clássicos fatores de risco ambiental

no desenvolvimento da doença. Então, surgiu o seguinte questionamento:

quais foram os mecanismos causadores da doença nesses pacientes? 21

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10 A resposta para este questionamento reside no desenvolvimento de

inúmeras pesquisas clínicas e experimentais relacionando o estresse com a

doença coronariana. Além disso, Porto argumenta que a coronariopatia,

certamente, é uma doença multifatorial engendrada pela soma de vários

fatores e que o estresse seria um deles. O estresse psicológico determina

uma série complexa de respostas fisiológicas que podem apresentar

implicações na origem da atereosclerose e eventos cardiovasculares. O

estresse é definido como sofrimento, adversidade, aflição ou solicitação

excessiva de um órgão ou da mente. Porto também faz referências aos

cardiologistas pelo seu interesse ao estresse pois, além de ser um fator de

risco cardiovascular, o estresse aumenta alguns fatores de risco como:

retenção de sódio, perda de potássio, aumento dos níveis de colesterol e

glicose, obesidade, hipertensão arterial, isquemia miocárdica, arritmias

cardíacas e morte súbita. 11

Estudos mostram que o estilo de vida de uma pessoa pode interferir

nas suas condições de saúde, e consideram os mais evidentes: alimentação,

profissão e tipo de trabalho, lazer, atividades físicas, culturais e religiosas,

hábitos como tabagismo, uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas. 11

Desta forma, houve o desenvolvimento de estudos sobre fatores

psicossociais presentes na gênese e na evolução da doença coronariana,

atingindo grande proporção e razoável confiabilidade. 16 Lotufo, em muitos

desses estudos, confirmou a associação das características da personalidade

e do comportamento com as doenças coronarianas. A partir daí se identificam

cinco grandes fatores comportamentais ou diagnósticos psiquiátricos:

depressão, ansiedade, fatores relacionados com a personalidade, isolamento

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11 social e estresse crônico. 21 Esses fatores comportamentais proporcionam

maior risco para doença coronária, aumentando a freqüência de fatores de

risco ou agindo de forma independente.

Dois cardiologistas, Meyer Friedman e Ray Rosenman, desenvolveram

estudos sobre o perfil de personalidade que exemplifica esse tipo de

comportamento: são os chamados Tipo A e Tipo B. 22 Outros pesquisadores

conceituaram um padrão específico de comportamento Tipo A, que coloca em

ação a patofisiologia necessária para a produção da doença da artéria

coronariana. Concluíram que esse tipo de comportamento é um fator

importante de risco como o colesterol, hipertensão, hábito de fumar e história

familiar. 23

O comportamento Tipo A inclui indivíduos que procuram fazer mais e

mais em menos tempo, são pessoas ambiciosas, competitivas, impacientes

necessitando aparentar serem fortes. Pessoas com tipo A têm traços mais

agressivos, sempre numa luta crônica e intensa para vencer e superar tudo.

Sofrem de hostilidade e pressa doentia. Estudos relatam que a associação

entre raiva e hostilidade não manifestada e o aumento da pressão sanguínea

é um achado incontestável. 24 Os mesmos estudos também concluíram, que

são pessoas com tendência a desenvolver arteriosclerose prematura e que

estão mais sujeitos a morte súbita do que aqueles que têm personalidade tipo

B. 16

Em contrapartida, aqueles de personalidade tipo B são menos

agressivos e mais cooperativos, diferentes do tipo A, que têm maior

dificuldade de relacionamento social e tendem a um certo isolamento,

envolvendo-se mais em conflitos. 12,24

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12 O meio social competitivo, aglomerado, poluído, apressado e de baixa

coesão grupal seria a cultura ideal para o desenvolvimento da doença

coronariana, gerando além das tensões psicossociais, estímulo ao

sedentarismo, ao tabagismo e aos erros alimentares. 16 Assim, esses

estímulos desenvolveriam quantidade aumentada de lipoproteínas de baixa

densidade, colesterol sérico, triglicerídios e 17-hidroxicorticosteróides que

acabariam contribuindo para a extensão e gravidade da doença. 20

Alguns pesquisadores citaram a existência de uma “personalidade

hipertensiva,” aparentemente pessoas submissas, relaxadas, gentis, com um

auto controle precário etc. 12,24 Silva acrescenta que essas são pessoas com

necessidade de agradar e ser queridas, mas ao mesmo tempo a sensação

interna é de raiva reprimida, tensão e dúvida. 25

Contrapondo sobre esse tipo de personalidade, Toscano relata que

não há índices de comprovação sobre esse tipo de estrutura, porém

reconhece que há fatores psicológicos que contribuem para o

desenvolvimento da hipertensão. Refere que não existe uma relação causal e

absoluta entre hipertensão e depressão, mas que fatores intervenientes

contribuem para o surgimento da depressão nos hipertensos e de hipertensão

em deprimidos, sendo que a incidência de hipertensão arterial é mais alta em

pessoas que apresentam transtornos depressivos graves. 26

Romano faz referência a um certo tipo de personalidade chamada de

“coronariana”, quando pessoas apresentam reações emocionais que podem

desencadear os fatores de risco para doenças isquêmicas, infarto e

hipertensão. 24

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13 Dados significativos de várias pesquisas demonstram a multifatoriedade

das doenças cardíacas inter-relacionadas com os seus possíveis fatores de

risco. Entre esses estudos estão The Precursors Study, do Departamento de

Medicina, e The Prospective Data From the Baltimore ECA Follow-up, do

Departamento de Epidemiologia, ambos da Universidade Johns Hopkins

(USA). A depressão, alterações emocionais agudas e crônicas, são

consideradas fator de risco independente para doença cardíaca, elevando

mais de duas vezes o risco relativo de doença coronariana e de IAM. 27,28

Stoudemire relaciona a depressão com o risco de mortalidade entre

os pacientes com doenças cardiovasculares CAV. A partir desses dados se

faz necessário compreender os tipos de depressão mais comuns encontrados

no contexto médico. Esses processos seriam fundamentais para compreender

o mecanismo no qual a depressão é fator de risco para a doença coronariana

e infarto do miocárdio. 27

Estudos relatam que na cardiologia fatores psicológicos podem

predispor e precipitar distúrbios como:

1 – Transtornos do Ritmo

Influências emocionais se destacam nas arritmias cardíacas mais

comuns.

2 – Arteriopatia Coronariana

O estresse pode influenciar no surgimento de arteriosclerose. Quando o

estresse é alto há vasoconstrição e liberação de colesterol que pode levar à

obstrução de artérias coronarianas e produzir o infarto do miocárdio.

3 – A Hipertensão Arterial

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14 A elevação da pressão sanguínea sistólica e ou diastólica acima do

limite previsto provoca uma perturbação hemodinâmica por múltiplas causas,

já que o organismo frente às situações de estresse e ansiedade libera

catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e corticosteróides, isquemia

cardíaca, arritmias, IAM, e /ou morte súbita. 29

2.3 INFARTO DO MIOCÁRDIO E A DEPRESSÃO

Gottschall em seu livro “Dinâmica Cardiovascular” expressa o que

aprendeu, o que descobriu e o que desenvolveu no campo da fisiopatologia

cardiocirculatória. Segundo o autor o coração sempre se destacou por ser um

órgão especial e o que mais despertou interrogações ao homem. Esses

questionamentos vêm de primórdios e também ocupam um lugar de destaque

nas religiões, na música, elevando sentimentos, etc. Os estudos corroboram

as afirmações de que o coração não é o único órgão vital, porém é através

dele que os sentimentos se evidenciam mais, onde a expressão da emoção

aparece através do seu pulsar. 30

O coração e a circulação do sangue se tornaram ciências através de

Hipócrates no século IV a.C., quando aplicou o método indutivo para criar um

corpo de doutrinas baseado em observações partindo daí para o

conhecimento científico.

O homem sempre diz que o coração é símbolo da vida e da morte, isto

é, Aristóteles no século IV a.C.,chamava-o de “o primeiro a mover-se e o no

fim da vida, “o último a morrer”.

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15 Por que é um órgão especial? Porque sem ele não existe vida, mas não

é o único vital, porque vida não existe sem fígado, rim, cérebro. 3o Baseado

nessa concepção, o órgão visto desde a Antiguidade como a sede da vida, o

coração, associa-se como sendo a sede das emoções. Essa idéia é explicada

devido a ligação que existe entre o funcionamento do coração e o sistema

nervoso autônomo e, portanto com as emoções, refletindo-se como seria de

se esperar sobre o psiquismo e sobre o estado de humor das pessoas. Isto

torna-se verdadeiro quando se trata do infarto do miocárdio.

Silva diz que a depressão após o infarto do miocárdio é quase uma

marca registrada. 25

O infarto agudo do miocárdio (IAM) foi considerado nos primórdios do

século XX como sendo uma patologia quase sempre fatal, e foi descrita em

termos atuais, por Herrick em 1912. O IAM é uma situação clínica de alta

gravidade (quase sempre de origem aterosclerótica), determinada por um

processo isquêmico agudo e suficientemente demorado, o tanto necessário

para gerar a morte celular, ou seja, a necrose miocárdica. 25

O IAM é uma necrose isquêmica do músculo cardíaco, geralmente

secundária à redução do fluxo sangüíneo coronariano de um segmento do

miocárdio , sendo que mais de 90% dos casos estão relacionados com a

oclusão coronariana aguda com trombose. A lesão coronariana, responsável

pelo IAM, freqüentemente, é um estreitamento vascular leve a moderado,

sendo a trombose acrescida à placa rompida, que ocasiona a oclusão aguda,

ao invés da gravidade do estreitamento da placa. 30

O IAM pode ser benigno ou fatal, dependendo do tamanho e do local

que foi atingido. Há três coronárias principais e várias secundárias. Quando

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16 ocorre numa coronária secundária o dano é pequeno, podendo chegar a

máximo e mortal ao atingir uma artéria principal. Os principais fatores

relacionados ao risco para IAM são hipercolesterolemia, tabagismo,

hipertensão arterial, diabete mellitus e história familiar. 30

Castro constatou que 45% dos infartados têm quadros depressivos

em seu histórico clínico. A federação mundial da saúde FMS leva em conta a

depressão como fator de risco para as doenças do coração e baseia-se na

análise de 40 maiores estudos sobre a relação entre o infarto e a depressão.

14.

Estudos indicam que os transtornos depressivos e ansiosos estão

associados ao aumento da morbidade e da mortalidade nas doenças

cardiovasculares. Assim, a depressão é reconhecida hoje, como importante

fator de risco

clássico, como a hipertensão arterial, hipercolesterolemia e obesidade.

Por sua vez, 1/5 dos pacientes com doenças cardiovasculares,

incluindo os que vivenciaram um infarto do miocárdio, podem ter

concomitantemente depressão mais grave. 10

Os estudos mostram que de 1 a 3 pacientes admitidos no hospital por

doença cardiovascular são acometidos por depressão após o IAM e angina

instável. 27 Isto reflete na piora do prognóstico, aumentando a mortalidade em

3,5 vezes. Os mecanismos provavelmente envolvidos compreendem a

redução da variabilidade da freqüência cardíaca e o aumento da agregação

plaquetária, verificadas na depressão e amplificados em caso de isquemia

coronariana.

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17 Foram feitas pesquisas a respeito de sintomas depressivos, risco de

declínio funcional e morte em pacientes com insuficiência cardíaca num

hospital de New Haven. Esses pacientes apresentavam uma relação entre

sintomas depressivos e o curso da insuficiência cardíaca, evidenciando uma

ativação simpatoadrenal elevada em que pode-se considerar uma resposta

danosa para pacientes com insuficiência cardíaca. 27 Frasure e col. explicam

que a depressão está associada à excessiva ativação do sistema nervoso

simpático. A hipersecreção de norepinefrina em pacientes depressivos e a

intensa ativação neuro-humoral pode exacerbar as anormalidades

hemodinâmicas da insuficiência cardíaca, aumentando a freqüência cardíaca

(FC), e induzir a vasoconstrição e retenção de sódio. Além disso, a ativação

acentuada do sistema nervoso simpático pode predispor ao aumento das

taxas de arritmias e de morte súbita. Os mesmos autores da pesquisa

afirmam, ainda, que a depressão está associada à perda da atividade vagal e

à redução da variabilidade da FC, determinando risco de morbidade e de

mortalidade cardiovasculares. E salientam ainda que a identificação precoce e

o tratamento clínico da depressão nesse grupo de indivíduos pode ser

importante para a redução da morbi-mortalidade da insuficiência cardíaca. 9

Outras evidências salientam que a estimulação simpática provocada por

fatores psicológicos e emocionais é mais prejudicial para o coração do que

aquelas que são oriundas das atividades físicas, porém não causam o infarto

do miocárdio, mas são somatório de sua ocorrência a uma situação de

depressão, fadiga, desapontamentos e sofrimento psíquico. 25 Ainda fazendo

referência ao sistema simpático, Mulsselman (1998), se posiciona quanto às

evidências sobre os deprimidos apresentarem uma redução da variabilidade

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18 da freqüência cardíaca, mostrando o desequilíbrio entre os sistemas

simpático e parassimpático (diminuição do tônus parassimpático), o que pode

justificar um aumento dos índices de mortalidade por doenças

cardiovasculares em pacientes deprimidos. 28

O diagnóstico desses pacientes é freqüentemente negligenciado e se

recomenda o uso rotineiro de escalas de auto-avaliação para depressão em

infartados.

A partir dos relatos supramencionados, o estudo, a detecção e o

tratamento da depressão pós-infarto passam a ser de fundamental importância

para a sobrevivência dos pacientes. 31 Estudos comprovam que, entre os

pacientes que tinham experimentado um infarto do miocárdio, a depressão era

o principal fator de aumento de risco de morte, além de outros como fumo e

obesidade. 4

Por outro lado, observa-se que a depressão diminui a aderência dos

cardíacos ao tratamento, além de os mesmos não obedecerem às atitudes

para preservar a própria saúde.

Um paciente que desenvolve uma depressão clínica dentro dos 18

meses depois do infarto do miocárdio eleva significativamente o risco de

mortalidade. As arritmias ventriculares poderiam ser o principal mecanismo

implicado, notadamente as extra-sístoles. Resultados encontrados

evidenciam, que em torno de 66% dos pacientes com infarto do miocárdio

sofrem algum transtorno emocional, principalmente de depressão e ansiedade

(U.S. Department of Health and Human Services, 1998). A depressão maior

esteve presente em aproximadamente 20% dos pacientes que tiveram infarto

do miocárdio, e a depressão menor foi um pouco mais presente (27%). Na

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19 população em geral, a incidência de depressão maior e menor, tem sido de

3% e 5% respectivamente. 4 A ocorrência de depressão pós-ponte

coronariana (ou outra cirurgia de revascularização) é de 68% dos pacientes.A

depressão neste grupo de pacientes reduz as possibilidades de uma retomada

das atividades ocupacionais ou sociais, e mais grave ainda, aumenta o risco

de futuros eventos cardíacos com maior mortalidade, tais como, o re-infarto e

a morte súbita. O pior prognóstico da doença coronariana tem sido associado

tanto à forma "clínica" como à "subclínica" da depressão. 4 Um outro estudo

semelhante, sobre depressão, infarto do miocárdio e o sistema imunológico,

concluiu que a depressão maior é um fator de risco associado com o aumento

dobrado de incidência de doença isquêmica. Um em cada seis pacientes

sofrem de depressão maior seguida de IAM. Consideram, ainda, que a

depressão maior é fator de risco independente para a morbidade e

mortalidade cardíaca após IAM, aumentando a mortalidade em quatro vezes.31

Hippis fez um estudo de caso controle e observou a depressão como

fator de risco para doença isquêmica do coração em homens. O objetivo era

determinar a relação entre a depressão, ansiedade e o uso de antidepressivos

no início da doença isquêmica do coração e concluiu que o risco das doenças

isquêmicas era três vezes mais alto entre os homens com diagnóstico de

depressão do que os controles da mesma idade. 32

Em “Um Estudo Psicológico sobre o Infarto do Miocárdio em Mulheres”,

com uma abordagem qualitativa, Galam alerta para a necessidade de

conscientização desse fato citado acima, devido às altas taxas de mortalidade

no sexo feminino. Ainda considerando os resultados, a autora se refere ao

infarto como um momento de grande mobilização psicológica entre as

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20 mulheres que foram acometidas por tal evento. Se não houver apoio, os

conteúdos que foram mobilizados poderão vir a ser reprimidos, voltando ao

inconsciente e podendo reincidir num novo infarto ou agravamento do

problema cardíaco. 7

Pesquisas feitas na Clínica Enrichd para estudar a depressão como

fator de risco na mortalidade após infarto agudo do miocárdio compararam

358 pacientes depressivos com 408 não depressivos. Esses foram

acompanhados por 30 meses, sendo que os pacientes deprimidos tiveram

riscos mais altos de mortalidade por todas as causas. Concluíram que a

depressão era um fator de risco independente após IAM , mas não teve efeito

significativo na mortalidade até aproximadamente 12 meses após o evento

agudo, nem era preditor de infartos recorrentes não fatais. 33

Os fatores de risco que foram até aqui mencionados são, contudo, os

mais importantes para o clínico. Segundo Porto, o paciente precisa ser visto

na sua totalidade, no seu estilo de vida, e não apenas sob condições

estatisticamente relacionadas com uma doença cardiovascular. 11

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21

2.4 DEPRESSÃO

2.4.1 Histórico

Stoppe Junior salienta que o conceito de depressão passou por

algumas revisões conceituais ao longo dos séculos e que desde Hipócrates,

no século IV a.C., até os atuais manuais classificatórios, fala-se em mania,

melancolia e depressão. Diz o autor que, na Antiguidade o termo “melancolia”

se referia à quebra de harmonia entre os humores do organismo e diz que

Hipócrates a definia tanto como doença, como tipo de temperamento. 34

Sonenreich, faz alusão à tradução latina do termo melancolia para “de-

premere” (pressionar, apertar para baixo) e, a partir daí, o termo depressão

passa a ser reconhecido pela medicina a partir do século XIX. 35 A depressão

tem seus estudos registrados desde a Antiguidade, como a história do rei Saul

no Antigo Testamento, quando descreve uma síndrome depressiva. Por volta

de 30 d.C., Aulus Coernelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho

“De Medicina” como uma depressão causada por bile negra. Em 1854, Jules

Falret descreveu a folie circulaire, em que o paciente experimentava humores

alternados de depressão e mania. Em 1852, o psiquiatra alemão Kar

Kahlbaum usou o termo “ciclotimia” para descrever a mania e a depressão

como estágios da mesma doença. 35 No começo do século XX, o psiquiatra

alemão Kraepelin, na sexta edição do seu trabalho clássico, distingue a

“psicose maníaco–depressiva “ de outras doenças, onde conceitua os estados

depressivos relacionando os termos depressão e melancolia, tornando-os

equivalentes.35 Mas Kraepelin (1921) foi o primeiro grande mestre da

psiquiatria a conferir um lugar de destaque ao termo depressão, conceituando

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22 as doenças depressivas através de um critério unitário. Depressão para esse

autor refere-se a um conjunto de sintomas e sinais entre os quais salienta a

tristeza profunda, a incapacidade de reagir adequadamente, oportunamente e

prazerosamente às incitações do meio ambiente. 10 Em contrapartida, as

descrições contemporâneas referem-se à depressão como uma perturbação

afetiva pura e simplesmente, ignorando os aspectos cognitivos que, segundo o

autor, refletem sinais e sintomas de uma perturbação e podem ser

organizados e dispostos com o objetivo de construir relações de uma maneira

lógica e coerente. 10

Durante o último século, muitos estudos foram realizados sobre

aspectos biológicos e psicológicos da depressão por psiquiatras, psicanalistas

e psicoterapeutas que tinham por meta a busca do conhecimento sobre a

etiologia desse transtorno. 10 O termo depressão é usado muitas vezes

inadequadamente, designando às vezes tristeza como relacionada a um fato

que altera o estado emocional. No entanto ainda existe uma incerteza no que

diz respeito à elaboração dos conceitos, podendo dificultar os diagnósticos. 10

Quanto a estas dificuldades citadas sobre o diagnóstico, Fráguas, (2001);

Amaral, (2001); Gualizzi, (2000) mostram a necessidade de compreender os

tipos depressivos mais comuns encontrados no contexto médico 26,36,37, como

veremos a seguir.

Reação de ajustamento com humor depressivo - está ligado ao

estresse do adoecer, podendo fazer uma relação do surgimento dos sintomas

com o diagnóstico proposto.

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23 - Transtorno depressivo secundário à condição médica ou doença

orgânica - muitas enfermidades podem desencadear manifestações

depressivas, tendo como exemplo a doença arterial coronariana .

- Transtorno depressivo e medicamentos - alguns medicamentos

podem interferir no desencadeamento ou agravamento de sintomas

depressivos.

- Depressão maior, depressão menor e distimia desencadeadas ou

agravadas por doenças orgânicas – o estado depressivo pode ocorrer após

procedimento cirúrgico sendo freqüente no pós operatório de revascularização

do miocárdio

- Doenças orgânicas desencadeadas ou agravadas por um transtorno

depressivo - em 50% dos pacientes com câncer estão presentes sintomas

depressivos e em doenças cardiovasculares a depressão ao lado de outros

fatores de risco desencadeia mecanismos fisiopatológicos. 26,36,37

2.4.2 Transtornos depressivos

Estudos de transtornos depressivos já vêm sendo feitos há várias

décadas.

Em estudos de Silverman sobre transtornos depressivos, esse autor

observou uma prevalência para as depressões “endógenas” que oscila entre

0,4 e 10,4 por 1000 e para as neuroses depressivas entre 1,4 e 26,5 por 1000.

Os resultados apontaram :

1) a prevalência era maior na mulher;

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24 2) os transtornos depressivos “endógenos”representavam somente uma

pequena parte do quadro de todos os transtornos depressivos. (38)

Em outro momento desenvolveu-se um trabalho centrado num estudo

de morbidade dos sintomas depressivos, utilizando escalas sintomáticas.

Durante essa época os estudos se centraram nos sintomas e síndromes

gerais. Os resultados da prevalência para os sintomas depressivos se

situaram entre 10 e 20% sendo que os valores mais altos foram no sexo

feminino. Nos estudos dos sintomas depressivos feitos recentemente foram

usadas escalas auto aplicáveis. Na década de 70 e 80 apareceram algumas

série de estudos comunitários que incluíam o uso das entrevistas psiquiátricas

estandardizadas e critérios diagnósticos operativos de “caso”. Como resultado

da revisão da literatura, vários autores concluíram que os transtornos

depressivos alcançaram na comunidade uma prevalência para toda a vida em

torno de 15%. A idade média do começo desses transtornos é bastante

uniforme situando-se em torno dos 30 anos, sendo similar ao sexo feminino e

masculino. 39

Nos últimos 15 anos, centenas de estudos relevantes no que se refere

ao substrato biológico da depressão e da quimioterapia foram divulgados.

Entre eles houve uma publicação do Instituto Nacional de Saúde Mental dos

EUA sobre “os distúrbios depressivos”, organizado em 1973 por Secunda,

Katz, Friedman e Shuyler que estabelecia que a depressão responde por 75%

de todas as hospitalizações psiquiátricas e que futuramente 15% de todos os

adultos entre 18 e 74 anos podem sofrer de sintomas depressivos

significativos. 36

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25 A depressão unipolar está entre os transtornos psiquiátricos mais

comuns dos adultos. A sua prevalência no período de vida é de

aproximadamente 6% e a prevalência no período da vida para transtorno

bipolar é de aproximadamente 1%. De acordo com o último relatório da

Organização Mundial da Saúde - OMS, a depressão é mais comum no sexo

feminino, estimando-se uma prevalência do episódio depressivo em 1,9% no

sexo masculino e 3,2% no feminino.Tratando-se ainda de prevalência, esse

órgão da ONU reporta que 5,8%dos homens e 9,5% das mulheres passarão

por um episódio depressivo num período de 12 meses. Essas cifras de

prevalência variam entre diferentes populações e podem ser mais altas em

algumas delas. A depressão é uma doença que se manifesta por episódios

recorrentes e cada episódio dura de alguns meses a alguns anos, com um

período normal entre eles. Em síntese, a depressão em geral afeta de 15% a

20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens. Aproximadamente 2/3 das

pessoas com depressão não fazem tratamento e dos pacientes que procuram

o clínico geral apenas 50% são diagnosticados corretamente. 4 Boyd e

Weissman mostram que as mulheres estão mais expostas quando se refere a

uma faixa entre 35 e 45 anos com história familiar de doença depressiva ou

alcoolismo, história pessoal na qual a infância foi marcada por situações

traumáticas. 39

Porto refere que os transtornos depressivos compreendem sintomas

psíquicos, sintomas fisiológicos e alterações comportamentais. 11

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26 2.5 TRANSTORNOS DE HUMOR DEVIDO A ENFERMIDADE CLÍNICA

Stoudemire e cols., em seus estudos, relatam que a presença de

situações clínicas crônicas podem aumentar o risco nos transtornos de humor

aumentando a prevalência ao longo do tempo em 5,8 a 9,4% e desde 8,9 a

12,9%, respectivamente. Diz o autor que, quanto mais grave for a enfermidade

médica, maiores serão as complicações do transtorno de humor e,

freqüentemente, a depressão virá agravar a situação. Baseado em suas

pesquisas, o autor mostra na tabela abaixo os transtornos afetivos e outros

transtornos psiquiátricos associados com sintomas e enfermidades médicas.

Salienta-se o IAM associado à depressão.

Salienta o autor que qualquer tipo de transtorno de humor pode

aparecer nos quadros somáticos, sendo os episódios depressivos os mais

freqüentemente observados, em que a sua prevalência oscila entre 4,8 e 9,2%

nos pacientes de ambulatório e 8 e15% nos pacientes com enfermidades

médico- hospitalares, e 24% nos pacientes oncológicos. 27

Tabela I. Transtornos associados com sintomas e enfermidades

Problemas apresentados Associação Percentual

Fadiga Depressão 20-40

Insônia Transtornos psiquiátricos 33-66

Infarto do miocárdio Depressão pós-infarto 20-50

Enfermidade de Parkinson Depressão 33

Enfermidade de Alzheimer Sintomas psicóticos 30-40

Câncer Depressão 20

Pacientes cardiológicos Transtorno e pânico 9

FONTE: Stoudemire e cols. (1996).

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27 A revisão de Meakin mostra que há diferenças significativas na

prevalência da depressão quando foram aplicados questionários auto-

aplicáveis, situando-se em 8% e 60%. 28 Rodin e cols. encontraram resultados

similares para os sintomas depressivos (10,8-27%), quando usaram

entrevistas psiquiátricas estandardizadas. 28 Rodin (1986) assinala que a

revisão dos artigos mostra que a depressão num enfermo médico diminui com

o tempo. Isto ocorreu devido ao uso, nos primeiros estudos, de questionários

auto-aplicáveis, sendo que muitos dos estudos posteriores usaram entrevistas

de investigação. 29 Rodin e Voshart manifestaram os problemas fundamentais

entre os quais os mais significativos eram a carência de uma definição clara

de transtorno depressivo num enfermo somático, o início da morbilidade

(depressão maior, distimia, depressão leve, etc), a ausência de medidas

específicas de avaliação validadas no enfermo somático, os riscos na seleção

dos pacientes com enfermidades clínicas e os grupos controles pouco

apropriados(36). Acrescenta o autor que a principal dificuldade que surge na

aplicação de entrevistas estandardizadas para o diagnóstico da depressão em

doenças médicas se relaciona com o fato de que muitos dos sintomas

somáticos podem ser também conseqüência de enfermidades médicas. Da

mesma maneira, os questionários auto aplicáveis usados para detectar

depressão incluem muitos sintomas somáticos. O Beck Depression Inventory

inclui 8 itens sobre um total de 21, que poderiam ser atribuídos a

enfermidades físicas. A escala de Hamilton para a depressão inclui, também,

itens na área de sintomas somáticos. As pontuações limites desses

questionários se adaptam a pessoas fisicamente enfermas usando um ponto

de corte em 16/17. 40

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28 Com a intenção de superar essas diferenças, foi elaborada, segundo

Sohenrich e col., uma escala específica para o enfermo somático com o

objetivo de detectar ansiedade e depressão no enfermo físico, a Hospital

Anxiety and Depression Scale (HAD) que somente inclui itens de sintomas

psicológicos, omitindo os itens que se referem a sintomas físicos. Essa escala

foi comparada com as que se referem a uma pontuação clínica e com

entrevistas estandardizadas (no ponto de corte 10/11 é possível obter taxas

muito baixas de erro nos diagnósticos). 35

2.6 ANSIEDADE

O momento atual de nossa civilização, a rapidez com que se dão as

mudanças como também as transformações dos valores em geral, morais

religiosos e familiares, criam novos conflitos e ansiedades para os indivíduos e

para a sociedade. Pode-se dizer que a ansiedade faz parte da medicina

psicossomática e da teoria e prática psiquiátrica. 34

Toscano relata sobre o termo neurose, que foi introduzido por Cullen

em 1776, o qual significa a alteração do comportamento e que é, atualmente,

chamada de transtorno de ansiedade e somatização. 12 Existe a ansiedade

normal e a ansiedade patológica. A normal apresenta-se com uma sensação

difusa, vaga, tendo, como exemplo, um sentimento de vazio na boca do

estômago, aperto do tórax, batimentos cardíacos acelerados, sudorese,

cefaléia. Considera-se a ansiedade como um sinal de alerta, um aviso de uma

ameaça para que a pessoa tome algumas providências. Estudos diferenciam a

ansiedade do medo, em que este se distingue por ser uma ameaça a uma

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29 resposta conhecida, ao passo que a ansiedade é uma resposta a uma ameaça

desconhecida. 23

Já a ansiedade patológica é um tipo de ansiedade que pode ser um

sintoma de transtorno de ansiedade orgânica, transtorno de ajustamento com

humor ansioso ou transtorno de ansiedade. Os transtornos de ansiedade da

terceira edição revisada do Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders (DSM-III-R) incluem transtorno do pânico, fobias, transtorno

obsessivo compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de

ansiedade generalizada. Os transtornos apresentados acima são classificados

no conjunto devido a ansiedade ser um elemento fundamental em todas essas

síndromes. 11

Toscano refere que a neurose cardíaca é apenas um quadro de

ansiedade no qual predominam os sintomas relacionados com o sistema

cardiovascular. Estudos epidemiológicos indicam que 2 a 4% da população

geral tem ansiedade significativa e 10 a 14% dos pacientes que procuram um

cardiologista relatam queixas relacionadas com a ansiedade. Portanto, o

conjunto das características que compõe esse transtorno é importante à

medida que os sintomas de ansiedade se manifestam em alguns quadros

patológicos e em alguns antecedem o transtorno propriamente dito. A

ansiedade causa ações diretamente no sistema nervoso autônomo, e a

sintomatologia se apresenta sob a forma de respostas neurovegetativas. 12

A ansiedade é um sintoma comum da depressão, afetando até 90%

dos pacientes deprimidos. A ansiedade freqüentemente complica o tratamento

da depressão 16, devido a ansiedade e a depressão serem duas modalidades

sintomáticas da mesma afecção. As escalas de Hamilton para avaliação de

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30 depressão e ansiedade não separam nitidamente os dois tipos de

manifestações. A mesma falta de nitidez é mostrada em outras escalas que

foram usadas para identificar esses dois quadros emocionais. 16

2.7 DEPRESSÃO E ANSIEDADE

Porto constata que os manuais de classificação (CID 10 Edsm-IV)

tratam separadamente os quadros ansiosos dos afetivos, porém muitos

autores se preocupam em fazer uma relação entre esses dois estados

psíquicos. 11 Kendel relata ao longo de cinco anos de pesquisa que o

diagnóstico da depressão evolui para a ansiedade em 2% dos pacientes e, ao

contrário, da ansiedade para a depressão em 24% dos casos. 41

Esses achados foram constatados pelos estudos de Fawcet, que em

suas observações achou sintomas de depressão em 65% dos ansiosos e

Roth, que detectou em um número significativo de pacientes depressivos,

simultaneamente, irritabilidade, agorafobia, ansiedade, culpa e agitação. 42,43

Percebe-se que as teorias unitárias estão se destacando. Assim, a

ansiedade e a depressão seriam duas modalidades da mesma doença.

Johnstone e Mendels fazem uma ressalva quanto às escalas de avaliação de

depressão e ansiedade, como às de Hamilton, e dizem que elas não separam

claramente as duas manifestações. 44

Outras observações constatam manifestações ansiosas em pessoas

com caráter predominantemente depressivo na personalidade. Lader e outros

defendem a idéia de que o paciente ansioso possa ser portador de um tipo de

depressão endógena atípica. 45

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31 Novamente, Porto questiona o quanto a ansiedade possa ser a causa

da depressão, ou o inverso, que possa surgir como conseqüência desta. O

autor deixa perguntas e reflexões em aberto quanto a esta questão. 11

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32 2.8 QUALIDADE DE VIDA E DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Fleck refere-se à Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu a

saúde como um completo estado de bem estar físico, mental e social e não

meramente ausência de doença. O autor faz referência quanto aos

profissionais da saúde que sempre enfatizaram o controle da morbidade e da

mortalidade. Recentemente é que começaram a se preocupar não só com a

freqüência e a severidade das doenças, mas com a avaliação para medir o

impacto provocado pelas doenças na sua vida diária.

O autor acima citado quando enfatiza a natureza da avaliação não se

refere à natureza objetiva do meio ambiente, do estado funcional ou do estado

psicológico, mas sim às respostas do paciente que estão sendo avaliadas. É a

natureza subjetiva da avaliação que está implícita no contexto cultural, social e

do meio ambiente. 15

Segundo Porto, qualidade de vida é uma expressão aplicada ao

indivíduo aparentemente saudável, que diz respeito a tudo aquilo que lhe traz

satisfação, nos mais variados aspectos, como a moradia, o transporte, a

alimentação, o lazer, a satisfação/ realização profissional, os relacionamentos,

a segurança financeira, confundindo-se muitas vezes com o estado de

felicidade da pessoa. 11

Logo, “Qualidade de Vida ligada à saúde aplica-se a pessoas

sabidamente doentes e diz respeito ao grau de limitação e desconforto que a

doença e/ ou o tratamento relacionado a ela acarretam ao paciente e à sua

vida”. 11 Os dados da literatura clínica têm mostrado que a vida de uma

pessoa apresenta mudanças significativas após a ocorrência de um evento

mórbido. Porém, não deve se afirmar que a pessoa não será mais a mesma,

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33 nem que sua mudança será para pior. Fazendo referência ao infarto, quando

este desencadeia sentimentos de morte, de perdas, e sentimentos de

impotência diante de atividade que vinha desenvolvendo em sua vida diária,

sente a necessidade de fazer uma reflexão para reavaliar seus valores, sua

maneira de ser e de viver.

Carney, baseado em seus estudos, mostra o peso que tem o impacto

psicoemocional e a prevalência e a magnitude que a depressão acarreta no

pós infarto, desencadeando danos à qualidade de vida. 9

Porto mostra que a avaliação da qualidade de vida pós infarto do

miocárdio (ou pós eventos agudos não infarto e/ou pós intervenção) deve ser

realizada somente após 4 a 6 meses.

De acordo com Gill e Funstein apud Del Porto (2005) são inúmeros os

instrumentos para avaliar a qualidade de vida, ligada ou não à saúde. Os mais

utilizados e validados são: o Perfil do Impacto da Doença (Sickness Impact

Profile) e o Índice Multimendicional de Qualidade de Vida

(MILQ=Multimensional Index of Life Quality) além do questionário “Vivendo

com a Insuficiência Cardíaca”, da Universidade de Minnesota. 11

O subestudo do Consensus, que analisou os efeitos do Enalapril na

qualidade de vida após infarto do miocárdio, utilizou uma combinação de

quatro instrumentos (Ekeberg,1994): o Perfil de Saúde de Nottigham

(Nottigham Health Profile), o Índice de Desconforto dos Sintomas Físicos

(Physical Symptoms Distress Index- PSDI, a Escala de Desempenho no

Trabalho (Work Perfomance Scale-WPS) e o Índice de Satisfação com a Vida

(Life Satisfaction Index- LSP). Os resultados mostraram que das seis

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34 dimensões avaliadas pelo Perfil de Saúde de Nottingham, o sono e a

disposição física (energia) foram os fatores mais atingidos. 46

Desbrotes relata que os resultados obtidos na utilização de três

instrumentos, inclusive no que avalia o desempenho no trabalho (WPS),

mostraram que o evento do infarto afetou mais a vida das mulheres do que a

dos homens. 8

2.8.1 Instrumentos de avaliação

O instrumento de avaliação consta de:

1- Entrevista, com a história familiar e com os dados clínicos da pessoa

(Anexo 1),

2- Inventário de depressão de Beck – BDI 1996, por ser considerada

uma medida de auto-avaliação da depressão de Aaron T. Beck, de 1972,

abreviadamente BDI, “Beck Depression Inventory” (Anexo 2), amplamente

usada, tanto em pesquisa como em clínica. Como não tem pretensão

diagnóstica, é usado por meio de entrevistas clínicas como complementação

da avaliação, ou seja, pela óptica do próprio paciente.

As respostas dadas às perguntas desse questionário indicam a

presença ou ausência de um distúrbio depressivo e o grau de sua severidade.

Como já foi citado acima, ela não é indicada para fazer diagnóstico de uma

doença depressiva unicamente com base nos resultados finais da soma das

respostas dada às perguntas da escala de diagnóstico. Elas são auxiliares

valiosos no diagnóstico dos distúrbios em referência .

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35 Essa escala consiste em 21 itens, incluindo sintomas e atitudes cuja

intensidade varia entre 0 a 3. Os itens referem-se à tristeza, pessimismo,

sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de

punição, auto depreciação, auto acusações, crises de choro, irritabilidade,

retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o

trabalho, distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso,

preocupação somática e diminuição de libido.

O Center for Cognitive Therapy Beck (1988) recomenda, para as

amostras, os seguintes pontos de corte:

A) <10 sem depressão ou depressão mínima

B) 10-18 depressão leve a moderada

C) 19-29 depressão moderada a grave

D) 30 a 63 depressão grave

3- A Escala de avaliação clínica de Ansiedade de Beck - BAI 1988

composto por 21 perguntas (Anexo 3). A escala de ansiedade mede vários

aspectos que podem ser agrupados de acordo com os seguintes tópicos:

humor, cognição, comportamento, estado de hiperalerta, sintomas somáticos

e outros e recomenda os pontos de corte como: (34,47,48)

A) muito baixa ansiedade 0—21

B) ansiedade moderada 22---35

C) forte 36—acima

4-Questionário de Qualidade de Vida WHOQOL-100 Desenvolvimento

da versão abreviada (WHOQOL-bref) (ver o WHOQOL-bref (anexo n.4) (15). É

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36 um instrumento de auto avaliação e auto explicativo que possui quatro

domínios:

a) Domínio físico ( dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso)

b) Domínio psicológico (sentimentos positivos, pensar, aprender,

memória e concentração, auto-estima, imagem corporal e aparência,

sentimentos negativos)

c) Domínio Relações Sociais (relações pessoais, suporte (apoio

social), atividade sexual).

d) Domínio meio–ambiente (segurança física e proteção, ambiente no

lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais:

disponibilidade e qualidade, oportunidades de adquirir novas

informações e habilidades, participação em, e oportunidades de

recreação/lazer, ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima),

transporte).

O WHOQOL-bref é composto de 26 perguntas que têm como objetivo avaliar

a qualidade de vida como a “percepção do individuo de sua posição na vida,

no contexto da cultura e sistemas de valores, nas quais ele vive e em relação

aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”(WHOQOL

GROUP 10, 1994). Nessa definição está subentendido que o conceito de

qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e que inclui elementos de

avaliação positivos como negativos. (15).

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37

3 JUSTIFICATIVA

Clinicamente observa-se que, após um evento coronariano como o

infarto agudo do miocárdio (IAM), a vida de uma pessoa dificilmente será a

mesma.

Carney explica esta afirmação baseado em seus estudos, onde

descreveu que diante do IAM o paciente prevê a proximidade da morte,

levando-o a fazer uma reavaliação de sua existência, de seus valores, de sua

maneira de ser e de viver e, devido ao impacto psicoemocional provocado

pela elevada prevalência de depressão pós infarto, acaba prejudicando sua

qualidade de vida, o que pode levá-lo ao reinfarto. 9

Rector, baseado em seus estudos sobre a qualidade de vida, mostra

que os resultados do Teste de Esforço, que avalia o grau de disfunção

ventricular e a limitação física medida pelo consumo de oxigênio, nem sempre

estão de acordo com o impacto que a doença provoca na qualidade de vida

dos pacientes.

O evento coronariano agudo faz com que o individuo se depare com o

seu Eu, visualizando assim, sua vulnerabilidade. A sua imagem até então de

inatingibilidade fica ameaçada, e esse fato é sentido como “um infarto do

ego”.49

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38 Silva relata que esse evento muitas vezes pode servir para que o

paciente reavalie sua vida, baseado numa reflexão dialética entre o mundo

interno e o mundo externo e assim alcançar uma transformação e um

crescimento diante da vida. 25

A possibilidade de ratificar os dados da literatura, a necessidade de

identificar a depressão como uma variável independente como fator de risco

para o infarto e o reinfarto, a possibilidade de contribuir para a sociedade e

servir de base para novos estudos levou-me a desenvolver este trabalho.

Poder estabelecer relações de causalidade dialética, é dizer, de

determinação recíproca entre a estrutura e dinâmica da pessoa

principalmente da conduta patológica é poder descobrir o sentido dos

sintomas, isto é, que os sintomas têm uma causa, uma finalidade e uma

significação que nos remete a um conflito psíquico; em síntese, que são

decifráveis. A enfermidade no principio aparece como sinal, como sinal a

decifrar, como emergente de um processo mais complexo qua a produz. .

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39

4 OBJETIVOS

Medir a frequência de sintomas de depressão quando associados a

ansiedade e qualidade de vida pós infarto do miocárdio de acordo com a

escala de Beck em pacientes internados num Hospital de Cardiologia quando

comparados a dois grupos controles: consulentes do ambulatório de um

hospital de cardiologia e indivíduos da população geral.

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ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO

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Artigo original – Arq Bras Cardiol – a ser enviado

ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, ANSIEDADE E QUALIDADE DE

VIDA EM PACIENTES QUE APRESENTAM QUADRO DE PÓS

INFARTO DO MIOCÁRDIO

Conceição Lemos e cols.

Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL /

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

RESUMO

Introdução - A depressão não tratada adequadamente é considerada, tanto

um fator de risco para o surgimento do infarto do miocárdio IAM, como fator de

pior prognóstico, aumentando sensivelmente a morbidade e a mortalidade.

Objetivo - Avaliar a frequência de sintomas de depressão pós infarto do

miocárdio, quando comparados com a de duas populações de não infartados.

Método - Estudo prospectivo, em que foram avaliados 168 pacientes de

ambos os sexos com idade entre 35 a 65 anos, internados consecutivamente

com diagnóstico de IAM e investigados através de questionário usando a

escala de Beck para depressão (BDI) e escala de Beck para ansiedade (BAI),

teste de qualidade de vida de WHOQOL, divididos em 3 grupos: 60 do

exposto, com 12 mulheres e 48 homens internados com diagnóstico de IAM,

49 do controle, com 15 mulheres e 34 homens em ambulatório com

diagnóstico de doença cardiovascular e 59 da população em geral, com 19

mulheres e 40 do ambulatório (grupo controle) apresenta maiores índices de

homens que não apresentavam diagnóstico de DCV.

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42 Resultados – A prevalência de depressão no grupo IAM foi de 48,3%. O

grupo depressão quando comparado com o grupo controle sem DCV (RC:

3,24 – IC95%: (1,08;9,75) – P = 0,036). .As variáveis que permaneceram

associadas com a depressão com significância estatística foram história

familiar de IAM - risco clássico - (RC: 2,82 – IC95%: 08) – P = 0,028), domínio

psicológico do WHOQOL (RC: 0,93 – IC95%: (0,89;0,98) – P = 0,006) , escore

de ansiedade (RC: 1,08 – IC95%: (1,02; (1,12;7, 1,14) – P = 0,012), quando

controladas para as demais variáveis .

Conclusão - Os resultados da pesquisa confirmam e demonstram que os

transtornos de depressão não são desencadeados pelo pós IAM, mas que

estavam presentes antes da admissão hospitalar, levantando-se a hipótese, a

ser testada em estudos posteriores, de que a depressão possa a ser um dos

fatores desencadeantes do IAM.

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43 ABSTRACT

ASSOCIATION BETWEEN DEPRESSION, ANXIETY AND QUALITY OF

LIVE IN POST ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION PATIENTS

Introduction : Research in the past ten years has shown that untreated

depression is not only a risk factor in acute myocardial infarction (AMI) but can

also severely worsen morbidity and mortality.

Objective : Compare the frequency of symptoms of depression in a post-AMI

group and two non-AMI control groups.

Method : In this study 168 patients of both genders were investigated by

applying a questionnaire which included Beck Depression Inventory (BDI),

Beck Anxiety Inventory (BAI) and World Health Organization Quality of Life

(WHOQOL) test. The patients were divided into three groups: 60 in the

exposed group (inpatients diagnosed with AMI), 49 in the control group

(outpatients diagnosed with cardiovascular disease - CVD) and 59 from the

general population with no diagnosis of CVD (non-CVD control group). The

sampling methodology excluded patients with diagnosed depression and

those using antidepressants, receiving psychotherapy or presenting psychiatric

disorders which prevented understanding and communication.

Results : When controlled for the other variables the statistically significant

variables associated with depression were: family history of AMI (classical risk

(CR) = 2.82, 95% confidence interval (CI) = 1.12 to 7.08 for p = 0.028);

WHOQOL psychological domain (CR: 0.93, 95% CI = 0.89 to 0.98 for p =

0.006); and BAI score (CR = 1.08, 95% CI = 1.02 to 1.14 for p = 0.012). The

CVD control group presented higher rates of depression compared to the non-

CVD control group (CR= 3.24, 95% CI = 1.08 to 9.75 for p = 0.036).

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44 Conclusion : These findings indicate that depression is not triggered post-AMI

but is present before admission to hospital and suggest that depression may

be one of the causative factors for acute myocardial infarction.

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45 INTRODUÇÃO

O crescente aumento na prevalência da depressão, em especial no

mundo ocidenta, faz dela um importante fator de risco na doença coronariana.

Estima-se que a doença arterial coronariana (DAC) e a depressão maior

serão em 2020 as duas principais causas de morte 1, devendo a possibilidade

de comorbidade entre as duas doenças se tornar preocupante. Pesquisas

ressalvam que, na última década, a depressão não tratada adequadamente é

considerada tanto um fator de risco para o surgimento do infarto agudo do

miocárdio (IAM), como fator de pior prognóstico, aumentando sensivelmente a

morbidade e a mortalidade. 2 Dados de estudo ENRICHD (Enhancing

Recovery in Coronary Heart Disease) indicam que apenas 10% das pessoas

com depressão pós IAM são diagnosticadas como tal. 3

Segundo Porto (2005) o paciente precisa ser visto na sua totalidade, no

seu estilo de vida, e não apenas sob condições estatísticamente relacionadas

com uma doença cardiovascular. 4

Face ao exposto, este trabalho tem como objetivo investigar a

freqüência da depressão pós IAM durante o período de hospitalização em uma

instituição de referência em cardiologia.

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46 MÉTODOS

Estudo de exposto- controle envolvendo um grupo de expostos e dois

grupos controles, realizado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul

(IC/FUC) no período de janeiro 2004 a fevereiro de 2005.

População

Foram incluídos no estudo 168 pacientes do sexo feminino e masculino

Destes, 60 pertenciam ao grupo exposto (internados no IC/FUC com

diagnóstico de IAM) sendo 12 mulheres e 48 homens, 49 eram do grupo

controle (consulentes do ambulatório) sendo 15 mulheres e 34 homens

apresentavam diagnóstico de doenças cardiovasculares, mas não

apresentavam diagnóstico de IAM, e 59 pessoas da população em geral que

não apresentavam diagnóstico de DCV.sendo 19 mulheres e 40 homens.

Os indivíduos incluídos obedeceram os seguintes critérios: pertencer a

uma faixa etária entre 35 e 65 anos .

Foram excluídos, 56 indivíduos com diagnóstico de dpressão com uso

de antidepressivos ou que estivessem em tratamento psicoterápico ou que

apresentassem outros transtornos psiquiátricos que impedissem a

compreensão e a comunicação.

Para o grupo de expostos eram pessoas internadas no IC/FUC com

diagnóstico de IAM indicados pelo corpo de enfermagem, conforme o

prontuário do paciente. Houveram momentos em que os casos indicados não

se encontravam no leito por estarem fazendo algum exame e quando eu

voltava já tinham tido alta.

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47 Para o grupo controle de consulentes do ambulatório, o critério era ser

cardiopata, porém não ter tido IAM, tendo sido selecionados pelos prontuários,

serem avaliados por ordem de chegada, sempre pela parte da manhã e em

dias aleatórios. Todos os casos que passavam pelo ambulatório na manhã

referida era feita a avliação apenas tinham que esperar para serem atendidos.

Para o grupo controle de indivíduos da população em geral sem

doenças cardiovasculares, os indivíduos foram selecionados nas mais

diversas instituições da grande Porto Alegre (Fundação de Ciência e

Tecnologia, Pontos de Táxis, Associação de Esportes e Lazer do Parque da

Redenção, Sindicato dos Rodoviários, Igreja Católica), de maneira aleatória

conforme ordem de chegada nesses locais, entre os horários das 8-12 e 14-17

horas.

Os indivíduos foram entrevistados e avaliados pela escala de avaliação

de Beck para ansiedade BAI, escala de avaliação de Beck para depressão

BDI, WHOQOL e Ficha sócio demográfica (5,6).

Apontuação do Inventário de Beck para depressão apresenta 21 itens.

O spacientes foram divididos em dois grupos: deprimidos ( escore de Beck >9)

e os não deprimidos (escore de Beck<9).

O procedimento de avaliação obedecia uma ordem em que primeiro

havia uma apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que

constava da apresentação do objetivo da pesquisa e os instrumentos que

seria utilizados, após era assinado o Termo pela pessoa a ser entrevistada.

Num segundo momento era aplicado uma ficha sócio demográfica, em

que eu fazia as perguntas e preenchia de acordo com que a pessoa

respondia.

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48 O terceiro momento era aplicado a escala de avaliação de Beck para

depressão(BDI) em que é um instrumento auto aplicável, porém algumas

vezes eu precisei ler e escrever as respostas que me eram passadas porque

os pacientes estavam impossibilitados de escrever.ou porque as pessoas

eram analfabetas.

O quarto momento era aplicada a escala de avaliação de Beck para

ansiedadeBAI, é um instrumento auto aplicável porém algumas vezes precisei

ler e escrever as respostas devido as pessoas estarem impossibilitadas ou

serem analfabetas.

O quinto momento era aplicada teste de Qualidade de Vida de

WHOQOL é um instrumento auto aplicável e auto explicável.porém muitas

vezes precisei ler e escrever as respostas devido as pessoas se apresentarem

impossibilitadas de escreverem.

Análise dos Dados A análise foi realizada através da Estatística Descritiva (média,

mediana, desvio padrão, mínimo, máximo, freqüências e percentuais) do

Teste de Student, da Análise de Variâncias (ANOVA), Análise de Associação

do Teste Qui-

Quadrado e da Regressão Logística. Nas conclusões utilizou-se o nível

de significância de 5%, ou seja sempre que “p < 0,05”, houve evidências de

significância estatística

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49 RESULTADOS

No período entre janeiro de 2004 a fevereiro de 2005 foram avaliados

168 pacientes.

As características demográficas e clínicas desta amostra bem como

resultados dos teste BAI, BDI e WHOQOL 5,6 com seus domínios, estão

descritos na tabela 1.

Tabela 1. Características clinico-demográficas da amostra

Variáveis Grupos

P Internação (n=60)

Ambulatório (n=49)

Controle (n=59)

Sexo masculino 48 (80,0) 34 (69,4) 40 (67,8) 0,274

Idade 50,7 ± 7,4 51,1 ± 8,5 50,0 ± 7,5 0,754

Estado civil 0,068

Casado 43 (71,7) 36 (73,5) 37 (62,7)

Solteiro 3 (5,0) 6 (12,2) 13 (22,0)

Divorciado / viúvo 14 (23,3) 7 (14,3) 9 (15,3)

Tabagismo 45 (75,0) 21 (42,9) 14 (23,7) <0,001

Diabete 9 (15,0) 3 (6,1) 3 (5,1) 0,118

Obesidade 15 (25,0) 12 (24,5) 11 (18,6) 0,662

Hipertensão 27 (45,0) 27 (55,1) 13 (22,0) 0,001

Hipercolesterolemia 17 (28,3) 17 (34,7) 14 (23,7) 0,454

História familiar IAM 43 (71,7) 32 (65,3) 31 (52,5) 0,090

Alcoolismo 11 (18,3) 5 (10,2) 6 (10,2) 0,325

BAI 13,0 ± 10,6 11,3 ± 9,3 7,2 ± 7,8 0,003

BDI ≥≥≥≥ 10 29 (48,3) 26 (53,1) 12 (20,3) 0,001

BDI

WHOQOL – Domínio Físico 65,6 ± 18,0 63,0 ± 14,1 73,6 ± 15,3 0,002

WHOQOL – Domínio Psicológico 70,8 ± 14,6 70,5 ± 12,9 72,0 ± 11,6 0,809

WHOQOL – Domínio Rel Sociais 76,3 ± 15,4 75,3 ± 15,2 74,4 ± 17,4 0,827

WHOQOL – Domínio Meio Ambiente 63,2 ± 15,6 59,9 ± 11,5 63,5 ± 14,2 0,351

WHOQOL – Overall 69,8 ± 19,4 66,6 ± 17,9 72,0 ± 17,6 0,309

Nota: Valores apresentados como freqüência absoluta (percentual) ou média ± desvio-padrão

BAI: Inventário de Ansiedade de Beck; BDI: Inventário de Depressão de Beck

* Teste de χ2 de Pearson

** Análise de variâncias (ANOVA), seguido do teste de comparações múltiplas de Tukey

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50 Entre as características clínicas que apresentaram resultados

estatisticamente significativos entre os grupos temos: o tabagismo com 75%

nos expostos, 42,9% nos controles do ambulatório e 23,7% nos controles fora

do hospital sem DCV (P< 0,001); o BAI, sendo maior nos expostos com

valores de 13,0 ± 10,6 e menor nos controles sem DCV (7,2+7,8); dentro do

WHOQOL, o domínio físico, tendo sido menor no grupo de controles do

ambulatório (65,6±18,0) e menor no grupo controle sem DCV) (73,6+15,3); a

hipertensão, com maiores percentuais no grupo controle do ambulatório com

55,1% e menores percentuais no grupo controle sem DCV; e a depressão

(BDI>10) cuja ocorrência foi maior no grupo controle do ambulatório, com

53,1%, e menor no grupo controle sem DCV, com 20,3%.

A comparação das características demográficas e clínicas entre os

pacientes com depressão e sem depressão estão apresentadas na tabela 2.

Os pacientes com depressão quando comparados aos pacientes sem

depressão apresentam uma maior ocorrência de tabagismo e história familiar

de IAM e maiores escores no BAI (mais ansiosos) e (menor QV) escores nos

4 domínios e escore geral do WHOQOL.

Para avaliar a interdependência de cada um dos fatores de risco

clássicos para IAM e considerando a depressão como desfecho utilizou-se a

análise de regressão logística múltipla das características clÍnicas, qualidade

de vida, ansiedade e os grupos avaliados (Tabela 3). Nessa regressão foram

incluídos todas as associações que obtiveram valores de P <0,20.

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51 Tabela 2. Características demográficas e clínicas entre os pacientes com

depressão e sem depressão

Variáveis BDI

P ≥ 10 (n=67)

< 10 (n=101)

Sexo masculino 45 (67,2) 77 (76,2) 0,265

Idade 50,5 ± 8,3 50,6 ± 7,4 0,912

Estado civil 0,843

Casado 45 (67,2) 71 (70,3)

Solteiro 10 (14,9) 12 (11,9)

Divorciado / viúvo 12 (17,9) 18 (17,8)

TABAGISMO 40 (59,7) 40 (39,6) 0,017

Diabete 7 (10,4) 8 (7,9) 0,775

Obesidade 13 (19,4) 25 (24,8) 0,533

Hipertensão 33 (49,3) 34 (33,7) 0,063

Hipercolesterolemia 23 (34,3) 25 (24,8) 0,242

HISTÓRIA FAMILIAR IAM 49 (73,1) 57 (56,4) 0,042

Alcoolismo 11 (16,4) 11 (10,9) 0,420

ESCORE DE ANSIEDADE (BECK) 15,7 ± 11,0 7,0 ± 6,5 < 0,001

WHOQOL – Domínio Físico 58,8 ± 16,4 73,5 ± 13,9 < 0,001

WHOQOL – DOMÍNIO PSICOLÓGICO 63,7 ± 13,6 76,1 ± 10,0 < 0,001

WHOQOL – DOMÍNIO REL SOCIAIS 71,1 ± 18,7 78,1 ± 13,3 0,009

WHOQOL – DOMÍNIO MEIO AMBIENTE 55,6 ± 12,9 66,8 ± 13,0 < 0,001

WHOQOL – Overall 62,7 ± 20,4 74,3 ± 15,4 < 0,001

Nota: Valores apresentados como freqüência absoluta (percentual) ou média ± desvio-padrão

* Teste de χ2 de Pearson com correção de Yates; ** Teste t de Student ; # Teste de χ2 de Pearson

Tabela 3 – Análise de regressão logística simples e múltipla das características clínicas, qualidade de vida, ansiedade e os grupos

avaliados em relação à depressão.

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52

Variáveis Análise bruta Análise ajustada

RC (IC95%) P* RC (IC95%) P*

Tabagismo 2,3 (1,2 ; 4,2) 0,011 1,51 ( 0,58 ; 3,94 ) 0,403

Hipertensão 1,9 (1,01 ; 3,6) 0,044 0,90 ( 0,37 ; 2,20 ) 0,824

História familiar IAM 2,1 (1,1 ; 4,1) 0,029 2,82 ( 1,12 ; 7,08 ) 0,028

WHOQOL – Domínio Físico 0,94 (0,92 ; 0,96) < 0,001 0,98 ( 0,95 ; 1,01 ) 0,207

WHOQOL – Domínio Psicológico 0,91 (0,88 ; 0,94) < 0,001 0,93 ( 0,89 ; 0,98 ) 0,006

WHOQOL – Domínio Rel Sociais 0,97 (0,95 ; 0,99) 0,007 1,00 ( 0,97 ; 1,03 ) 0,912

WHOQOL – Domínio Meio Ambiente

0,94 (0,91 ; 0,96) < 0,001 0,97 ( 0,93 ; 1,01 ) 0,100

WHOQOL – Overal 0,96 (0,95 ; 0,98) < 0,001 1,02 ( 0,99 ; 1,05 ) 0,280

Escore de Ansiedade (BECK) 1,13 (1,08 ; 1,18) < 0,001 1,08 ( 1,02 ; 1,14 ) 0,012

Grupo

Internados 3,7 (1,6 ; 8,2) 0,001 2,21 ( 0,67 ; 7,32 ) 0,193

Controle ambulatorial 4,4 (1,9 ; 10,3) 0,002 3,24 ( 1,08 ; 9,75 ) 0,036

Controle externo 1,0 1,0

(n = 168)

RC: Razão de Chances

BAI: Inventário de Ansiedade de Beck

* Teste de χ2 de Wald

As variáveis que permaneceram associadas com a depressão com

significância estatística foram história familiar de IAM - risco clássico - (RC:

2,82 – IC95%: (1,12;7,08) – P = 0,028), domínio psicológico do WHOQOL

(RC: 0,93 – IC95%: (0,89;0,98) – P = 0,006) , escore de ansiedade (RC: 1,08

– IC95%: (1,02;1,14) – P = 0,012), quando controladas para as demais

variáveis .

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53 O grupo do ambulatório (grupo controle) apresenta maiores índices de

depressão quando comparado com o grupo controle sem DCV (RC: 3,24 –

IC95%: (1,08;9,75) – P = 0,036).

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54 DISCUSSÃO

A depressão é indicada pela Organização Mundial da Saúde como a

quinta maior doença na saúde pública. 2 Ela é nociva à saúde dos pacientes

cardíopatas, mostrando-se como um agravante fator de risco para o infarto do

miocárdio. 7

Estudos mostram que de 1 a 3 pacientes admitidos no hospital por

doença cardiovascular são acometidos por depressão após o infarto do

miocárdio e angina instável. 8 Os mecanismos provavelmente envolvidos

compreendem a redução da variabilidade da freqüência cardíaca e o aumento

da agregação plaquetária, verificadas na depressão e amplificadas em caso

de isquemia coronariana. 7

Estudos corroboram esses resultados mostrando que a depressão não

é uma conseqüência direta do infarto do miocárdio, mas estava presente

antes da admissão hospitalar. 9 vindo ao encontro dos resultados da presente

pesquisa em que os achados demonstram que houve maior depressão no

grupo de casos com diagnóstico de doenças cardiovasculares que ainda não

tinham apresentados complicações cardíacas como infarto do miocárdio.

Lauzon et al. em seus estudos com pacientes de IAM não encontrou

escores significativos na Escala de Beck na sua amostra. Esse achado

demonstra que a depressão é subdiagnosticada e subtratada antes e após o

IAM. 10

O fato de subestimar a depressão é explicado pelos médicos não

darem o devido apreço aos sintomas depressivos interpretando-os como

transitórios e “naturais” a um quadro clínico bem como aos precários

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55 conhecimentos dos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da

depressão após o infarto do miocárdio.

Um outro estudo comparou pacientes cardíacos com história de

sintomas depressivos e pacientes não deprimidos. Concluiu que o risco

relativo para os depressivos sofrerem um evento coronariano é comparável ao

risco da obesidade, e, sendo um pouco mais baixo que o hábito de fumar. 7

A ansiedade foi verificada pela escala de Beck para ansiedade (BAI)

registrando variações significativas no escore, evidenciando que a ansiedade

fica mais evidente no grupo de expostos 13,0 ± 10,6. O paciente diante dos

sintomas pós IAM vivencia uma situação de ansiedade. 5 Esses dados foram

observados no momento da entrevista quando os pacientes relatavam sua

experiência frente ao evento com frases como: “felizes por terem sobrevivido o

evento”, “pensando em reformular suas vidas de agora para frente”, traziam

sentimentos de alívio por estarem vivendo momentos depressivos.

Os sintomas de ansiedade nesse grupo foram altos em virtude da

escala de Beck (BAI) verificar sintomas físicos, e esses pacientes estarem

fragilizados por terem sofrido o infarto. 5

Por ter experimentado evento físico traumático, os infartados tiveram a

via do corpo como expressão da depressão e da ansiedade, sendo a primeira

mais evidente antes do evento. Pode-se inferir de acordo com os aspectos

psicossomáticos, que a ansiedade–física permanece elevada nos infartados

por ser a maneira que conseguem expressar as emoções através do corpo.

Oliveira diz que para o paciente, o infarto representa uma ameaça de

morte em que se mostra como um obstáculo na sua caminhada de vida e

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56 altera sua visão de mundo. Nesse momento ele vivencia um alto grau de

ansiedade, como também sua auto estima fica alterada devido ao infarto. 11

Na análise da qualidade de vida pelo WHOQOL houve significância

estatística no ítem do domínio físico representando um escore maior no grupo

exposto, ficando evidente a fragilidade da qualidade de vida. No mesmo

grupo a ansiedade corrobora resultados significativos em que diz respeito ao

grau de limitação e desconforto que a doença causa a vida do paciente.

Flack faz referência à crescente preocupação, não só com a freqüência

e a severidade das doenças, como também com o impacto dessas,

comprometendo as atividades diárias do paciente. 6 A definição desse autor

corrobora com os resultados acima citados quando a ansiedade pós IAM e os

resquícios por ela deixados exigem uma maior reflexão sobre sua qualidade

de vida.

Acredita-se que a fragilidade da vida também está associada à

presença de fatores de risco, com evidência o tabagismo. No grupo do

ambulatório a variável clínica representada estatisticamente, é a hipertensão,

com maior freqüência. Porto se refere ao risco da hipertensão comprometendo

a qualidade de vida do paciente como é o caso da doença arterial

coronariana.4 Turner se refere à hipertensão colocando que esta afeta tanto a

capacidade funcional como a psicológica do paciente. 12

Embora a regressão logística múltipla ficasse evidenciada entre

deprimidos e não deprimidos, verificou-se através dos dados analisados a

existência de uma associação significativa entre o diagnóstico de depressão e

a presença de fatores de risco especificado nessa população, tais como

tabagismo e história familiar de IAM. Nessa mesma análise, com relação ao

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57 escore da ansiedade (Beck) pode-se afirmar que: existe uma correlação

significativa da presença da ansiedade em pacientes deprimidos (15,7±11,00 x

7,0±6,5 p<0,001) quando comparados aos não deprimidos.

Os pacientes deprimidos apresentam uma evidência significativa de

comprometimento em todos os domínios do WHOQOL. Isso demonstra o

prejuízo da qualidade de vida dos pacientes deprimidos, desta amostra. Esse

prejuízo pode estar associado à intensa presença dos fatores de risco nessa

população.

Foi realizado uma análise de regressão logística múltipla para avaliar as

relações independentes das variáveis tabajismo, hipertensão, história familiar

de IAM, qualidade de vida, ansiedade, os grupos estudados, e a depressão

considerada como desfecho para o estudo. Após o ajuste, permaneceram

associados à depressão, história familiar de IAM, o domínio psicológico de

WHOQOL, o escore de ansiedade de Beck e os pacientes do ambulatório

(quando comparados ao controle externo), com OR= 3,24 (IC95%:1,08ª 9,75).

Isso reforça o trabalho recente de Perez e cols 13 afirmando que pacientes

hospitalizados com síndromes isquêmicas miocárdicas instáveis e os ansiosos

têm mais chances de apresentarem depressão.

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58 CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa confirmam e demonstram que os transtornos

de depressão não são desencadeados pelo pós IAM, mas que estavam

presentes antes da admissão hospitalar. Demonstrando ainda uma clareza

quanto à relação entre depressão como fator de risco para DAC.

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59

ANEXOS Anexo 1 Inventário de depressão de Beck BDI

Anexo 2 Escala de avaliação clínica de ansiedade de Beck BAI

Anexo 3 Questionário do Qualidade de Vida do WHOQOL versão abreviada

Anexo 4 Ficha dos dados demográficos e clínicos

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Anexo 1 Inventário de depressão de Beck BDI

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Anexo 2 Escala de avaliação clínica de ansiedade de Beck BAI

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Anexo 3 Questionário do Qualidade de Vida do WHOQOL versão abreviada

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63

4 - Ficha de dados sócio-demográficos e clínicos

Estes dados buscaram caracterizar a amostra e verificar fatores de risco e

tratamento para depressão a fim de cumprir os critérios de inclusão e

exclusão.

Quanto à depressão foram considerados:

A) tratamento em andamento,

B) se já havia feito o tratamento,

C) se considerava com depressão, porém não fazia tratamento

D) sem depressão.

Quanto aos fatores de risco foram investigados :

A) história familiar de cardiopatia,

B) tabagismo (fumantes X ex-fumantes),

C) diabete diagnosticada,

D) hipertensão arterial em tratamento antes da internação,

E) álcool ( de caráter informativo: regularmente história pregressa

de depressão com tratamento,

F) obesidade

G) ou não),

H) colestorelemia diagnosticada previamente à internação.

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64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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