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A CIDADE DE CAMPOS DO JORDÃO.

Dissertação cap3 v12_corrigido

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A CIDADE DE CAMPOS DO JORDÃO.

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3.1 Processo de Urbanização

influenciado pelos ciclos da tuberculose e do Turismo.

Como o objetivo deste trabalho é analisar o processo

de formação do espaço urbano, torna-se importante

compreender a influência da atividade da cura em

contraposição com a atividade turística. Um lugar em que, o

espaço urbano era composto de sanatórios e pensões

voltadas para tísicos, e ao mesmo tempo, por hotéis e

pousadas, formando uma imagem oposta, de uma cidade

saudável voltada para o descanso e o repouso de turistas.

Esta situação acabou por criar duas cidades que por muitos

anos conviveu lado a lado.

Assim, pretende-se neste capítulo, destacar as fases

marcantes da implantação da atividade turística no

município, partindo da análise do processo de transição da

imagem de uma cidade “enferma” para uma estância

turística. E, deste modo, procura-se entender quais foram os

papéis desempenhados pela cidade durante os dois ciclos

(tuberculose e turismo), dentro de sua área de influência, ou

seja, a região da serra da Mantiqueira e o Estado de São

Paulo.

Em seguida, focalizando os planos diretores da

cidade (1960, 1978 e 2003), procura-se analisar frente a

suas proposições o que foi implantado e quais os efeitos

provocados no ambiente urbano que influenciam nas

atividades turísticas.

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1800 a 1930 – A cura da tuberculose como fator de formação do espaço urbano.

Segundo ANTUNES (2000), a consolidação dos

grandes centros urbanos em todas as regiões do país,

reforçou a preocupação com a proliferação da tuberculose,

devido às precárias condições das habitações decorrentes

do movimento migratório. Numa época em que eram poucos

os programas de assistência e controle da doença, algumas

medidas passaram a serem tomadas pelo poder público.

Diversas leis e resoluções normativas foram promulgadas

entre 1899 a 1904, determinando várias obrigações relativas

ao controle da tuberculose, como a desinfecção domiciliar; a

retirada dos enfermos dos cortiços; o isolamento dos

doentes nos hospitais; e proibições quanto ao exercício

profissional, se não apresentar uma abreugrafia, como prova

de saúde.

Nas grandes cidades, as populações de precária

condição socioeconômica eram as mais vulneráveis ao

contágio da doença. Esta população, em sua maioria

composta de migrantes, vivia em pensões e cortiços em

espaços exíguos, sem nenhum cuidado com a higiene. A

aglomeração de pessoas vivendo nestas condições era

muito favorável à transmissão e disseminação da

tuberculose, que é transmitida via oral (ANTUNES, 2000)1.

Assim, o medo de contágio pela população provocou

alguns procedimentos regulamentados por lei, como a

obrigação de apresentar uma abreugrafia. Conforme

ANTUNES (2000, p. 374), o cidadão, ao solicitar a emissão

da carteira de trabalho, ou ao se candidatar a uma vaga de

1 Esta doença consiste na infecção produzida por uma bactéria (mycobacterium tuberculosis) que se inicia nos pulmões podendo atingir outras áreas do corpo. Assim alguns preceitos eram recomendados pelos médicos sanitaristas para evitar o contagio, como o uso de lenço ao bocejar, espirrar ou tossir; e manter constante distância ao rir e falar outros (ANTUNES, 2000).

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emprego, ou ao se matricular na escola, devia ser

submetido a uma abreugrafia, método este que consistia em

fotografar a imagem observada pela radioscopia, do pulmão.

Da posse do registro fotográfico dos pulmões, o cidadão

comprava um selo médico em bancas de jornal, juntava o

certificado de vacinação contra a varíola e levava toda essa

documentação para a apreciação do médico que emitiria

um atestado de saúde (ANTUNES, 2000, p. 374)

Quando a doença era comprovada, o enfermo perdia

o direito de ocupar uma vaga de emprego e de ir a eventos

públicos e coletivos como teatro, cinemas e estádios, além

de não conseguir moradia. Portanto, este documento

(atestado de saúde) era um requisito importante, para obter

o direito de conviver em sociedade e de fazer parte das

atividades coletivas da cidade.

Deste modo, pode-se dizer que, ao mesmo tempo

em que, a abreugrafia detectava quem era tuberculoso com

a finalidade de dar toda a assistência médica necessária

para sua cura, por outro lado, causava um grande efeito de

exclusão do enfermo da cidade.

Neste contexto, ao descobrir a climatoterapia,

Campos do Jordão começa a atuar como um lugar de

refúgio dos excluídos da vida citadina, que buscavam cura.

As pessoas que, por causa da doença viviam à margem da

sociedade, passam a ver Campos do Jordão, como um lugar

em que o enfermo é “bem vindo”. Assim, a cidade foi se

adaptando a essa atividade, até que os tuberculosos

puderam contar com uma cidade estruturada para o

atendimento dos doentes com casas de saúde, sanatórios e

pensões.

Assim, estabeleceu-se uma dinâmica de prestação

de serviços, em função do tratamento da tuberculose, entre

as grandes cidades, Rio de Janeiro e São Paulo, e a cidade

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serrana de Campos do Jordão. Nas capitais, o paciente

submetia-se aos exames fazendo uma abreugrafia nas

Santas Casas, onde não havia ainda um atendimento

específico para os infectados. Depois, eram encaminhados

para os dispensários, lugares onde se faziam o diagnóstico

e encaminhamento para consultórios médicos e serviço de

enfermagem2; nestes locais fazia-se também o ensino de

noções básicas de higiene e assistência médica e social aos

pacientes inscritos. Nesta etapa, se a doença não

regredisse, partia-se para o tratamento intensivo, através do

isolamento total do tuberculoso nos sanatórios. Nesses

sanatórios o isolamento servia também como forma de

evitar a disseminação da enfermidade. (ANTUNES, 2000)

Nota-se deste modo que, os sanatórios eram o

último recurso utilizado pelo paciente em busca da cura e,

como a maioria desses pacientes já se encontrava excluída

das atividades coletivas das cidades, não era difícil sair da

capital em direção a cidade serrana. E, devido a todas as

etapas, pelas quais, o doente passava nas cidades mais

desenvolvidas, os sanatórios de Campos do Jordão eram a

“última parada”, ou seja, a última chance para se alcançar à

cura.

Dentro deste contexto, Campos do Jordão funciona

com um lugar acolhedor de enfermos de todo o Brasil3.

Pessoas de várias cidades do país, com tuberculose

migravam para a serra, em busca de abrigo e de cura.

Segundo ANTUNES (2000), a região da serra da

2 Também, nos dispensários, dava-se assistência social aos mais pobres, como a distribuição gratuita de medicamentos, roupas e alimentos, através do apoio das instituições filantrópicas (ANTUNES, 2000). 3 Nas décadas de 1930 e 1940, mais de 10% dos óbitos no Estado de São Paulo eram devidos à tuberculose e não havia leitos para esses doentes. Mas o governador do estado, Dr. Adhemar de Barros (1947-1951), deixou o Estado com cerca de 800 leitos para este fim e, no segundo governo, acrescentou mais 9 mil. Fonte: http://www.adhemar.debarros.nom.br/inicio.htm.

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Mantiqueira era chamada pelos doentes de “montanha

mágica” (como fala Thomas Mann de 1984, no livro com

esse título), em que todos os tísicos almejavam ir para esse

lugar.

Assim alguns médicos sanitaristas começam a se

interessar pela região, realizando pesquisas sobre o clima e

adquirindo terras para a construção de empreendimentos

voltados para atender os tuberculosos. Um exemplo a ser

lembrado é o projeto do Dr. Emílio Ribas referente à

construção de uma vila sanatorial que se tornou a Vila

Capivari em Campos do Jordão. O médico projeta essa vila

com toda a infra-estrutura de uma cidade, com a instalação

de transporte ferroviário (E.E.F. Campos do Jordão)

totalmente voltado para receber e tratar os doentes.

Mas, mesmo antes das idéias desse médico

sanitarista, a cidade inteira já havia praticamente se

convertida em um imenso sanatório. Havia, além dos asilos

e hospitais ali instalados, diversas pensões que recebiam os

doentes mais abastados do Rio de Janeiro e de São Paulo,

e até residências que eram alugadas para os tísicos

(ANTUNES, 2000).

Contudo, por ser uma “cidade” para muitos pacientes

“a última parada” do trem, como era conhecida. Segundo

GOFFMAN (apud ANTUNES, 2000, p.371), esses

sanatórios serviam muitas vezes de “antecâmera da morte,

na qual a cura, embora possível, parecia distanciar-se com

insistência”.

Os primeiros povoados

Antes da cidade se voltar para o atendimento dos

tuberculosos, a região era ocupada por grandes fazendas de

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criação de gado4, e o clima já se mostrava favorável

também a esta atividade econômica. A primeira fazenda foi

a do Sr. Inácio Caetano de Vieira Carvalho5, a Fazenda

Bom Sucesso, conhecida pela qualidade do gado visto que

o clima contribuía na cura de doenças como carrapato e

vermes (PAULO FILHO, 1986).

Inácio Caetano de Vieira Carvalho ao falecer, teve

sua propriedade vendida por seus filhos em 1825, para o

Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão que jamais a visitou.

Os filhos do Brigadeiro também não deram muita

importância às propriedades herdadas, e com o falecimento

dos pais, dividiram e venderam entre si a fazenda (PAULO

FILHO, 1986, p.53-57). Destacam-se entre os compradores

das terras antes pertencentes ao Brigadeiro Jordão o Sr.

Matheus da Costa Pinto, Dr. Domingos José Nogueira

Jaguaribe Filho e Dr. Emílio Ribas que mais tarde vieram a

se empenhar na luta contra a tuberculose. Estes

proprietários acabaram sendo responsáveis pela formação

dos três principais núcleos urbanos que caracterizou a

cidade de Campos do Jordão: Vila Albernéssia, Vila

Jaguaribe e Vila Capivari.

Assim o primeiro povoado começou a se formar por

volta de 1874 já com a tendência de ser um lugar de

repouso para se tratar da saúde, principalmente de

“doenças do peito”. Mesmo sendo a região ocupada

somente por fazendas, outras atividades nelas empregadas,

também se voltavam para os benefícios do clima. Conforme

PAULO FILHO (1986) há o relato do fazendeiro Francisco

4 A região onde se encontra a cidade foi primeiramente ocupada por Manoel Antônio Francisco Pimentel que abandonou as terras, por não resistir ao rigoroso frio e voltou a Portugal. 5 A região, na década de 1880 passou por problemas de divisas de terra entre a capitania de Minas Gerais e São Paulo, havendo um encontro entre paulistas e mineiros para fixar uma linha divisória entre ambas as capitanias (PAULO FILHO, 1986).

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de Paula Vicente de Azevedo, que por volta de 1800

costumava comprar escravos tísicos que ao mandar para

sua fazenda situada nos Campos da Mantiqueira ficavam

curados; também em 1894, criou-se na sede das 36

propriedades do Barão de Bocaina, o Sr. Francisco Vicente

de Paula de Azevedo, a primeira estância “climato-turística”

do Brasil, nos moldes europeus. Na sua propriedade,

freqüentada pela elite da época havia “pitorescos chalés

esparramados pelos jardins” o que acabou chamando a

atenção da imprensa da época. O jornal “O Estado de São

Paulo” de 27/10/1895 denominou a fazenda São Francisco

de “hygienópolis situada quasi na raia de São Paulo e

Minas” (apud PAULO FILHO, 1986, p. 581).

Nesta fase, por volta de 1870 eram poucas as

pessoas que conheciam a eficiência terapêutica do clima na

atividade da cura. A região continuava sendo habitada por

grandes proprietários como o Barão de Bocaína, o que

dificultava a comunicação entre os habitantes da região.

Além disso, quem tivesse a coragem de subir a serra pelas

trilhas íngremes eram surpreendidos pelo frio intenso

(PAULO FILHO, 1986) 6.

Matheus da Costa Pinto ao comprar as duas

fazendas (Humaitá, Baú e Imbiri) estava consciente da

eficiência do clima na cura da doença. Então, em parte de

sua fazenda, instalou atividades de comércio e ergueu uma

pensão destinada primeiramente a “pousadas dos

negociantes de gado, campeiros e forasteiros” (PAULO

FILHO, 1986, p.58,65). Mas, segundo PAULO FILHO,

(1986, p.67), “as pensões não objetivavam somente acolher

os comerciantes, mas a afluência de uma nova categoria de

6 Os primeiros povoamentos do Vale do Paraíba entre as décadas de 1700 e 1800, se concentravam nas vizinhanças da São Paulo e das Vilas de Sorocaba, Itu, Jundiaí, Mogi das Cruzes e ao longo do rio Paraíba até Guaratinguetá (PAULO FILHO, 1986).

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pessoas, os doentes”. Segundo o anúncio da época no

jornal A Província de São Paulo, de 27/04/1879 (apud

PAULO FILHO, 1986):

O hotel tem o arranjo de decência precisa á recepção de

famílias. Cuida-se da admissão de maior pessoal para o

dito hotel, atendendo a que, produzindo os referidos

Campos à cura de pessoas afectadas de Thysica, está

sendo grande à afluência de pessoas enfermas.

Assim, foi o fazendeiro Sr. Matheus da Costa Pinto

quem deu início ao primeiro núcleo, destinado aos viajantes

atraídos pela excelência do clima em função do tratamento

da tuberculose (MASAKAZU, 2002). Dado o aumento do

fluxo de tísicos, Matheus construiu a Pensão São Matheus e

mais tarde a transformou no Hotel de São Matheus do

Imbiri, destinado aos doentes. Outros hotéis também foram

construídos, mas a principal clientela eram os enfermos.

Havia uma mobilização da sociedade, do governo e

dos proprietários para ajudar os enfermos e melhorar a

hospitalidade da cidade. Campos do Jordão, mesmo não

estando preparada para receber tantos doentes, foi ajudada

pelos proprietários de terras, como Matheus da Costa Pinto,

facilitando a estadia, condução e hospedagem, divulgando

essa oportunidade pela imprensa. Também, fez uma doação

de terrenos para que o governo pudesse instalar

logradouros públicos e mais casas para abrigar os tísicos.

Conforme o jornal “A Província de São Paulo” de 24 de maio

de 1882 (apud PAULO FILHO 1986, p.69):

Actualmente, existem ahí dous bons hotéis, devendo abrir-

se em breve, mais um, além da Casa de Saúde dos Drs.

Romeiro e Godoy; existem duas casas de negócios e

dentro em pouco tempo, abrir-se-lhão mais duas; tem os

Campos uma bonita e ellegante capella, cujo custo depois

d’ella concluída, não será inferior a dez contos de reis; tem

mais vinte e tantas casas habitadas, algumas

permanentemente; uma linha de correio particular;

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açougues constantes e regulares, devendo em breve abrir-

se uma padaria e, inicia-se e prossegue-se na construção

de muitas casas.

Assim, em 1891, na atividade de combater a doença,

o Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho também deu

sua contribuição. Ele adquire terras de vários proprietários,

entre eles, as terras do Sr. Matheus Costa Pinto, visando

transformar a região em estação de repouso e cura.

Portanto o núcleo urbano denominado Vila de Matheus do

Imbiri, passa a se chamar Vila Jaguaribe, tornando-se

conhecida pela população como Vila Velha.

Outro núcleo urbano, Albernéssia7, foi formado por

volta de 1900, pelas propriedades do Dr. Robert John Reid,

que tinha recebido essas terras como pagamento de dívida.

A empresa para o qual trabalhava (Casa Nathan), o havia

contratado para medir a propriedade localizada na Fazenda

Natal em Campos do Jordão e, ao entrar em falência,

propôs a Reid que recebesse as terras em pagamento dos

serviços prestados. Então o Dr. Robert John Reid se muda

para a cidade e passa a doar vários lotes para quem se

interessasse. Doou terras para a construção do Sanatório

Ebeneser; para a Sociedade Mackenzie, no Umuarama; e

para a Sociedade de Educação e Assistência “Frei Orestes”.

Além dos esforços do Dr. Domingos Jaguaribe em

1912 por iniciativa do Dr. Emílio Ribas tem-se a inauguração

da Estrada de Ferro, bem como sua eletrificação dez anos

depois (PLANO DIRETOR, 1962). Com a estrada de ferro

em funcionamento, o ritmo do desenvolvimento urbano

acelerou, porém de forma desordenada e ligada à atividade

de cura. Também, no mesmo ano, o Dr Emílio Ribas, na

tentativa de estabelecer uma área exclusiva para os

7 Nome dado pelo proprietário, o Dr. Robert John Reid, derivado dos nomes das cidades de Aberdeen e Inverness, na Escócia (PAULO FILHO 1986).

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sanatórios, projeta uma vila sanitária. O projeto previa além

dos sanatórios, um hotel, um teatro, a residência de

veraneio do Presidente do Estado, uma igreja, parques e

praças. Ocorreu, porém, que quando descobriram outras

formas de tratamento da tuberculose, a vila, ao invés de ser

uma vila sanitária, acabou sendo vendida para o embaixador

José Carlos de Macedo Soares que fundou a Companhia de

Melhoramentos Capivari, dando um novo rumo ao processo

de urbanização, que passou então a se relacionar com o

loteamento e venda de lotes para turistas (PLANO

DIRETOR DE 1962).

Desse modo, já em 1915 haviam sido formadas as

três vilas que se caracterizaram como Distritos: a Vila de

São Matheus do Imbiri, também conhecida como Vila Velha,

que mais tarde passou a se chamada de Vila Jaguaribe; a

Vila Emílio Ribas, que foi planejada como uma vila sanitária

passou a se denominar Vila Capivary; e a Vila Nova que

posteriormente veio a se denominar Vila Albernessia.

A presença de turistas

Na década seguinte, a imagem da cidade, ainda não

era favorável para o turismo. Mesmo assim, os relatos feitos

nos livros, de romance, como “A cidade enferma” escrito em

1922 por Paulo Dantas, mostra que já havia a presença de

turistas, tanto na área rural (fazendas), como na área urbana

(casas particulares). Também se nota em trechos desse

livro, a presença de turistas nos vagões da E.E.F. Campos

do Jordão. DANTAS (1922), ao descrever a primeira viagem

de trem, realizada pelo seu personagem principal, o jovem

Léo Além, rumo a Campos do Jordão, focaliza os

passageiros que estavam a sua volta, dizendo:

Há doentes abatidos que viajam calados e esperançosos;

camponeses simples e calmos; turistas bem vestidos e

enfatuados. O olhar dos camponeses, nascidos e criados

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nas rampas da serra, é manso e pouca sem cerimônia

sobre os passageiros. Mas os passageiros não ligam para o

olhar manso e sem cerimônia dos camponeses. Os doentes

estão fechados dentro de suas própria tragédia. E os

turistas mergulhados nas suas vaidades exibicionistas e

nos seus roteiros de férias. (DANTAS, 1922).

Com este relato podem-se determinar três tipos de

viajantes. Os doentes, os camponeses e os turistas. Cada

um possuía expectativas diferentes com relação à cidade,

de acordo com a finalidade de sua viagem. Para os doentes

é uma questão de vida ou de morte; para os camponeses é

mais uma viagem de rotina, a caminho de casa; e para os

turistas é um momento de expectativa, de lazer e descanso.

Nesta década (1920), as condições urbanas para

estimular o desenvolvimento do turismo ainda eram

precárias. A subprefeitura em 1926 possuía 3.200

habitantes que se concentravam nas áreas da vila Nova,

como era chamada a Vila Albernéssia, e, a região era

caracterizada por um brejo de terra preta, onde só a linha

férrea era firme, dificultando a circulação da população.

(PAULO FILHO, 1986, p.199).

A cidade ainda se constituía de pensões e

sanatórios. Alguns considerados “oficiais“ com corretos

padrões de higiene e os demais sem as mínimas condições

de higiene, além de pensões improvisadas e casas

particulares que eram alugadas por alto preço. Com a

excessiva divulgação da inauguração de sanatórios, a

qualidade dos serviços caiu e, a cidade não conseguia mais

“suportar a grande demanda de internações” (PAULO

FILHO, 1986, p.258).

Alguns atos de solidariedade por parte de pessoas

importantes da sociedade procuravam sanar tais

dificuldades. Por volta de 1930, Dona Leonor Mendes de

Barros, por exemplo, freqüentadora habitual da cidade por

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possuir residência em Vila Capivai, todo ano, no dia do seu

aniversário (21 de junho), distribuía presentes na estância,

“mobilizando toda a população pobre que receberia

alimentos e agasalhos”, atraindo também levas de pessoas

de áreas vizinhas que também vinham receber os presentes

de Dna Leonor (PAULO FILHO, 1986). Mas a cada ano,

mais sanatórios foram construídos por iniciativa particular,

transformando a cidade no “maior centro social do Brasil,

talvez da América do Sul, ultrapassando fronteiras a sua

fama” (PAULO FILHO, 1986, p.259)8.

Nesta década já se pensava em transformar a cidade

em estância turística, porém praticamente ainda não havia

hospedagem só para turistas, pois as que existiam

abrigavam doentes. Os prédios eram velhos, o saneamento

básico era deficiente, os caminhos existentes para se

chegar à cidade eram precários e não existia uma via de

ligação entre as vilas (Vila Nova, Jaguaribe e Capivari).

Assim, a prefeitura sanitária, além do objetivo de construir

um sanatório modelo, também pretendia construir um hotel

destinado somente para pessoas saudáveis, além de

algumas melhorias urbanas como a construção de redes de

água e esgoto sanitário e uma avenida ligando as três vilas

(Jaguaribe, Albernéssia e Capivari) (PAULO FILHO, 1986).

Na década de 1930, a população da cidade

continuava a ser formada basicamente por doentes, devido

ao número elevado de pacientes hospedados nas pensões e

sanatórios existentes. Algumas tentativas foram feitas para

mudar esta imagem de “cidade enferma”, entre elas tem-se

o decreto estadual nº 5.944 de 1933 que institui medidas de

8 Enquanto a área urbana se desenvolvia em função da moléstia, na área rural a região começa a se desenvolver através da agricultura, com a chegada dos primeiros imigrantes. Os japoneses em 1929 constituíram as primeiras regiões frutícolas do Estado de clima temperado. A produção de maça e pêra d´agua, se tornou mais tarde, motivo para eventos como à festa da maça e a festa do pinhão (PAULO FILHO, 1986).

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incentivo fiscal a empresas que construíssem na região um

hotel exclusivamente para turistas com jardins, parques

esportivos e até cassinos.

Mesmo com tais iniciativas, Campos do Jordão

continuava sendo conhecida pela climatoterapia, alcançando

reconhecimento internacional pelos tisiólogos de fama

universal, como “Jacquerod, diretor do sanatório de Leysin e

Voigt e Mayer, de Davos-Platz”, ambos na Suíça (PAULO

FILHO, 1986, p.273). A repercussão de “cidade dos

tuberculosos” era de conhecimento nacional. Sua fama

provocou preconceito aos jordanenses que, ao visitar outras

cidades, escondiam sua procedência, pois bastava dizer sua

origem para sentirem uma reação de desprezo e medo de

contágio. Muitos, ao visitarem a cidade, andavam com o

vidro do carro fechado para evitar o contato direto (PAULO

FILHO, 1986, p.269). Assim, apesar da atividade de cura ser

lucrativa, esta impedia que o turismo se desenvolvesse,

devido ao medo do contágio. Era preciso, portanto, vencer

esse estigma (SANTOS, 2005).

Contudo esta situação começa a mudar, quando

cientistas especializados na tuberculose, começam a

reformular seus conceitos sobre a climatoterapia, buscando

novas alternativas de tratamento. Então, nas décadas

seguintes, surgem novos tratamentos como a

colapsoterapia9; a quimioterapia10; e métodos preventivos

como a vacina BCG11. Deste modo, a climatoterapia deixa

9 Processo cirúrgico cuja finalidade é reduzir o volume do pulmão (ANTUNES, 2000). 10 Consiste na administração intensiva de alguns medicamentos (ANTUNES, 2000). 11 A BCG – Bacilo de Calmette-Guerin é uma vacina que imuniza o paciente contra a tuberculose, capaz de reduzir em 70% a 80% o risco de contágio. Tem por finalidade substituir a infecção natural e patogênica por uma infecção artificial e inofensiva , ocasionada por um bacilo não virulento. Este bacilo provocara o aumento da resistência imunológica do paciente combatendo a infecção causada pelo bacilo de Kock, bacilo responsável pela tuberculose pulmonar.

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de ser um tratamento importante e o internamento em

hospitais ou sanatórios passa a ser adotados somente em

casos especiais (ANTUNES, 2000).

Nesta mesma década, grandes hotéis foram

construídos nas capitais e nas estâncias minerais, apoiadas

pelos cassinos (ANDRADE, 2000). Enquanto isso, em

Campos do Jordão, já elevada à categoria de município, aos

poucos a atividade da cura da tuberculose vai diminuindo,

dando mais espaço ao turismo, com a construção de hotéis,

e algumas melhorias urbanas (PLANO DIRETOR, 1962). E,

para estimular o crescimento da atividade turística, o

governador do estado, Dr Adhemar de Barros toma a

iniciativa de implantar um zoneamento na Estância, que

divide legalmente a cidade em duas zonas: as vilas

Jaguaribe e Capivari para os turistas e a vila Albernéssia

com sua zona sanatorial para os enfermos.

Nessa época a legislação obrigava as autoridades

locais a regulamentar a hospedagem no município, baixando

normas para evitar a permanência de doentes nos hotéis,

obrigando clientes a apresentarem atestado médico

confirmando a saúde dos pulmões, nos estabelecimentos

voltados para os turistas (PAULO FILHO, 1986, p.262).

§ § §

Observa-se assim que o ciclo da tuberculose se

iniciou praticamente junto com o ciclo do turismo, porém

com menor intensidade de turismo, pois ao mesmo tempo

em que se procurava a região para tratamentos de saúde,

também se procurava para lazer e descanso; a formação

dos primeiros núcleos urbanos de Campos do Jordão está

por vezes associada aos atos de caridade e solidariedade

Fonte:http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3517&ReturnCatID=1765.

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dos fazendeiros da região, que começaram a doar suas

terras para a construção de sanatórios, pensões e casas

para os doentes12, mantidas pelo apoio financeiro das

instituições de combate a tuberculose (PAULO FILHO, 1986,

p.140); os primeiros serviços voltados exclusivamente para

os tísicos aconteceram primeiro no Rio de Janeiro e São

Paulo13 e mais tarde começaram a migrar para Campos do

Jordão, com a descoberta da climatoterapia; a cidade por

atrair tanto turistas como enfermos, acabou, desde o início

do povoado, se dividindo em duas áreas com populações

distintas: uma área voltada para os tuberculosos e outra

para os turistas.

Este cenário, formado pela realização simultânea

dessas duas atividades, porém, começa a mudar. Pode-se

dizer que a partir de 1940 começa o grande surto turístico

na estância de Campos do Jordão e, na década de 1950, o

turismo de inverno passa a ser a principal fonte de renda do

município. Este, sendo um tipo de turismo sazonal ainda

hoje, influencia a qualidade urbana, não tendo mais

condições de atender as necessidades locais, devido ao

acelerado crescimento da população.

1940 a 1970 – Da cidade enferma ao turismo de Inverno

Em 1940 a atividade sanatorial é de forma gradativa,

substituída pela atividade turística e grandes

empreendimentos hoteleiros são construídos. O Hotel

Toriba, em 1943; o Grande Hotel em 1944 onde funcionou

um cassino durante dois anos, o Hotel Rancho alegre em

12 Também muitos desses fazendeiros eram pessoas influentes na política e, portanto fazer atos de solidariedade no combate à tuberculose era uma forma de demonstrar sua empatia para com o povo e conquistar admiradores (PAULO FILHO, 1986). 13 As atividades filantrópicas mais significativas ocorreram através da Liga Brasileira contra a Tuberculose, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, havia a Associação Paulista de Sanatórios Populares para Tuberculosos, depois a Liga Paulista contra a Tuberculose, além de associações criadas pela elite médica e intelectual (ANTUNES, 2000).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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1946; e o Hotel Vila Inglesa em 1947 (LANCI DA SILVA,

2004).

Entre os hotéis citados, destaca-se o Grande Hotel,

devido ter resultado de iniciativa do governo do estado.

Segundo SANTOS (2005), o governador do estado, Dr.

Adhemar de Barros, idealizara transformar Campos numa

estação turística, com uma clientela refinada. Sabia que

para tanto era necessário construir hotéis e cassinos de alto

nível. Decidiu assim pela construção do Grande Hotel com

verbas públicas14.

O hotel, construído pela firma Bratke e Botti de São

Paulo, foi inaugurado em 1944 e acabou determinando o

alto padrão da hotelaria em Campos do Jordão, sendo

assim considerado um marco no desenvolvimento do

turismo na cidade (BARBOSA, 1998).

Vale destacar nesta década, a dificuldade de

contratar mão-de-obra especializada, para hotéis deste

nível. Mas alguns acontecimentos históricos favoreceram a

qualidade dos serviços prestados na época da abertura do

Grande Hotel. Segundo SANTOS (2005), o grande mérito da

eficiência e do funcionamento operacional do Grande Hotel

ficou nas mãos de um homem nascido em Hannover, que

acabou chegando ao Brasil, para fugir da inflação que

atingia a Alemanha. O alemão, Henrique Hillebrecht havia

sido proprietário de dois restaurantes em Hamburgo e um

deles era considerado o melhor da cidade. Mas, devido às

dificuldades financeiras, acabou vindo para o Brasil em

1925, vivendo primeiro no Rio de Janeiro, depois em São

Paulo, comprando e administrando alguns restaurantes15,

até que sua experiência profissional o capacitou para vencer

14 A construção do edifício foi realizada através do Governo Federal, pelo Departamento de Obras Públicas do Estado. 15 Comprou em 1937, em São Paulo, o restaurante Pinguin . Depois teve a Caverna Paulista e o Bhrama, na Av. São João (SANTOS, 2005).

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100

a concorrência pública para o arrendamento do Grande

Hotel, em Campos do Jordão. Assim sendo, seu modo

germânico baseado no rigor e na eficiência, fazia com que

todos os serviços do hotel fossem impecáveis.

Outro acontecimento que elevou a qualidade da

hotelaria e da gastronomia em Campos do Jordão ocorreu

durante a segunda guerra mundial. Segundo SANTOS

(2005) um navio alemão, o Windhuk, teria aportado em

Santos, em 1939, fugindo do bloqueio naval inglês. O navio

era considerado, na época, um dos mais modernos tendo a

função de carga e de turismo, e estava ancorado na cidade

do Cabo, na África do Sul quando a guerra foi declarada.

Também, considerado de categoria cinco estrelas, o

Windhuk realizava cruzeiros para as colônias européias da

África, atendendo turistas da alta sociedade européia. Seus

250 tripulantes eram profissionais com conhecimento

técnico de serviços de bar e restaurante. A tripulação e os

passageiros que não desembarcaram em terras africanas,

quando o Brasil rompeu as relações diplomáticas com

Alemanha, foram levados para campos de concentração,

localizados nas cidades de Pindamonhangaba e

Guaratinguetá, no vale do Paraíba, estado de São Paulo

(SANTOS, 2005). No final da guerra ao serem libertados

muitos desses ex-tripulantes foram trabalhar no Grande

Hotel, colaborando como músicos, pessoal da cozinha,

confeiteiro, garçom, aumentando a qualidade dos serviços e

colaborando no treinando dos demais funcionários.

Com relação à ocupação dos hotéis localizados nas

estâncias, a grande procura era promovida pelos cassinos.

Assim, em 1945 começa a funcionar o Cassino do Grande

Hotel, explorado pela Empresa Paulista de Diversões Ltda,

que através de parcerias com empresas do Vale do Paraíba,

contratava a E.F. Campos do Jordão, fretando vagões para

trazer os jogadores até o cassino (BARBOSA, 1998).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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101

Segundo SANTOS (2005), a circulação de dinheiro em

função dos jogos acontecia com facilidade, e as fichas do

cassino se tornaram a moeda corrente na cidade. Deste

modo, durante as décadas de 1930 e 40, a hotelaria se

apoiava na prática dos jogos e outros serviços de

entretenimento como shows de orquestras, mágicos e

artistas.

Mas a situação muda em 1946, quando o Presidente

Eurico Gaspar Dutra proibiu a prática de jogos, em todo o

território nacional. Deste modo, o fechamento dos cassinos

causou grande impacto no perfil dos turistas e na economia

local, prejudicando tanto os funcionários do hotel, como todo

o comércio da estância (BARBOSA, 1998). Muitos hotéis,

por se manterem através dos jogos, faliram e foram parar

nas mãos do governo (SANTOS, 2005).

O cassino do Grande Hotel foi fechado em 1946.

Mas outras instalações disponíveis fizeram com que toda a

vida social da cidade continuasse convergindo para o hotel,

que viveu sua fase áurea em 1960. Equipado com bar,

restaurante e boate, o hotel proporcionou uma nova vida

noturna à cidade. Ali era o ponto de encontro de políticos

como Getulio Vargas e sobrenomes importantes da nata da

sociedade paulista. Artistas nacionais e internacionais eram

convidados a se apresentarem na boate do hotel. Também

devido à eficiência de seus serviços, o hotel atraia “famílias

tradicionais, com boa situação financeira, que reservavam o

mês todo e tinham outro padrão de exigência” (SANTOS,

2005, p.65). Portanto o hotel funcionava como um ponto de

atração de um turismo de glamour em que toda

personalidade de destaque precisava estar presente. Um

lugar “para ver e ser visto”, um comportamento que ocorre

ainda hoje, durante a temporada de inverno (SANTOS,

2005, p.69). Do hotel para as vias públicas de vila Capivari,

surgiu vários restaurantes, bares, boates que antes

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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aconteciam dentro do Hotel. Na fase áurea do Grande Hotel

nos anos de 1960, os eventos temporários se tornaram

importantes pontos de atração turística, como a instalação

da primeira concessionária Wolkswagen com serviços

exclusivos de mecânica para os hospedes. Também havia

um salão de cabeleireiro comandado por um dos ex-

tripulantes do navio Windhuk que, pela suas experiências

com tinturas, caiu na preferência das mulheres da elite

paulistana e carioca, atraindo até as clientes que não eram

hospedes do hotel (SANTOS, 2005, p.69).

Assim outros hotéis foram construídos, e a cidade,

em 1960, passa a apresentar um importante parque

hoteleiro para a região da serra da Mantiqueira: Grande

Hotel (250 pessoas); Hotel Vila Inglesa (120 pessoas); Hotel

Umuarama (60 pessoas); Hotel Toriba (80 pessoas); Hotel

Refúgio Alpino (50 pessoas); Hotel Rancho Alegre (150

pessoas); Hotel Bologna (80 pessoas) e o Hotel Augusta (25

pessoas) (PLANO DIRETOR DE 1962).

Nesta mesma década, a cidade continuava tendo

seu papel, dentro da região, de estação de tratamento da

tuberculose, mas com o aumento da qualidade dos serviços

hoteleiros, passa a ser vista muito mais do que um simples

lugar de descanso, mas sim, como uma “estação de

inverno”. E, para prolongar a permanência dos turistas na

cidade, alguns atrativos naturais e culturais passam a ser

divulgados. Os de maior destaque são os atrativos naturais:

Pico do Itapeva, situado a 2.030 metros de altitude, com

uma vista panorâmica de todas as cidades do Vale do

Paraíba; o Pico do Imbiri, situado a 1.950 metros de altitude;

Gruta do Crioulo, uma enorme pedra, com diâmetro de

aproximado de 30 metros, em meio à natureza; Umuarama,

um local com belíssimos panoramas e um hotel com o

mesmo nome; Horto Florestal, antiga Fazenda da Guarda

situada numa área preservada com várias fontes minerais;

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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Pedra do Baú a 2.000 metros de altitude com vista para o

vale e inúmeras cidades do vale; e as fontes Marisa, Simão,

Renato, Nossa Senhora das Graças. O Palácio do Governo

do estado veio a se tornar um importante atrativo cultural da

década de 1970 (PLANO DIRETOR, 1962).

Nota-se que, apesar da cidade possuir inúmeros

atrativos naturais, os jogos no cassino eram a principal

alavanca de crescimento do turismo. Tanto que a proibição

do jogo na década de 1940 esvaziou os hotéis das estâncias

hidrominerais brasileiras, ocasionando o surgimento de

outras localidades turísticas, na região do litoral, como

Guarujá e Santos.

Este acontecimento forçou as autoridades municipais

e estaduais, a criarem eventos na tentativa de salvar o

turismo nas estâncias. Em Campos do Jordão, a maioria dos

eventos promovidos eram voltados para a produção

agrícola: a Festa da Maça; a Festa do Pinhão; a Festa da

Cerejeira em Flor; e o Torneio de Pesca à Truta. Isto se deu

devido ao desenvolvimento da produção agrícola na cidade

com a chegada dos japoneses, que começam a produzir

maçã, cereja e pera d´agua16. Também a cidade abrigava

uma empresa que fabricava sucos e geléia de frutas, a

Belfruta Ltda, de Paul Ludwig Gustavo Edward Bockmann e

Adhemar de Barros Filho (PAULO FILHO, 1986).

Quanto ao Grande Hotel, em 1970, termina o

contrato de arrendamento que o estado firmara com a Cia.

de Hotéis de Campos do Jordão, empresa criada pelo

administrador alemão Hans Hillebrecht. O hotel passou por

um processo de decadência por não modernizar as

instalações que estavam obsoletas e, a freqüência ficava em

torno de “meia dúzia” de hóspedes. Deste modo, a falência

16 Horti-fruti-granjeiros de Renópolis, cenouras do Lageado, as batatas do Baú, e os ovos e hortaliças dos Mellos.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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104

foi inevitável criando um grande problema social na cidade

(SANTOS, 2005).

Para atrair a permanência de turistas por mais

tempo, alguns eventos turísticos começaram a ser

organizados e passaram a ter repercussão internacional,

fornecendo uma identidade definitiva para a cidade, que

assim se consolida na região e no Brasil, como uma estação

de inverno. O governador Abreu Sodré declara o Palácio

Bom Vista, casa de veraneio do governador do estado, um

monumento público sendo reaberto para visitação em 1969,

depois de dois anos de trabalhos para sua organização. E,

em 1970, o secretário da Fazenda e o Grupo Executivo de

Aproveitamento do Palácio de Campos do Jordão –

GEAPAC, na tentativa de inserir o edifício no roteiro cultural

da cidade, formam a Comissão de Concertos de Inverno de

Campos do Jordão. Houve várias tentativas de integração

de alguns eventos na cidade, para atrair um número maior

de turistas, até que a idéia da realização de concertos de

música clássica, por parte do grupo executivo, tornou-se o

fator de solidificação da imagem da cidade como estação de

inverno (PAULO FILHO, 1986).

Os primeiros concertos foram realizados em 24 de

julho e 01 de agosto de 1970. Posteriormente foram

denominados Festivais de Inverno que tiveram um

extraordinário sucesso, sendo realizados sempre nos meses

de julho de cada ano. Os organizadores procuravam superar

os festivais anteriores, ao mesmo tempo em que sua

qualidade cultural acabou sendo reconhecida em todo o país

e entrou para o calendário Musical do Brasil. A partir de

então os espetáculos da cidade aconteciam em vários

espaços culturais espalhado na cidade: Auditório de

Campos do Jordão, na Sociedade de Educação e

Assistência Frei Orestes; na Igreja São Benedito na Vila

Capivari e nas praças públicas. Pela dimensão e

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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105

importância do evento, o Festival hoje é coordenado pela

Secretaria da Cultura do Governo de São Paulo (PAULO

FILHO, 1986).

Além das apresentações, outras atividades surgiram

em função do festival. O curso de Cultura Musical iniciado

em 1973, teve na época como coordenador Ricardo

Cavalcante, da Secretaria do Esporte e da Cultura do

estado, sendo realizado no Centro da Cultura Musical. Com

o tempo, o curso passou a atrair bolsistas de todo o país e

do exterior pela qualidade do corpo docente.

Assim, tais acontecimentos históricos, confirmam as

palavras de SILVA (2004, p.135) de que “a transição entre a

cidade da cura e a cidade do turismo completa-se entre as

décadas de 1950 e 1970”. Mesmo com a proibição do jogo,

a transformação do Grande Hotel Campos do Jordão em

hotel-escola junto com a continuidade do elevado nível do

serviço hoteleiro e gastronômico, fez com que a cidade

voltasse a ser procurada pelos turistas e se sobressaísse

por seu papel de ponto de encontro da alta sociedade

paulistana.

§ § §

Como se observa, foi importante o papel do estado,

de tomar a iniciativa em construir um hotel com padrões ao

nível das exigências da sociedade paulistana; estimulou

desde então, num turismo mais sofisticado, diferenciando a

cidade das demais estâncias da serra da Mantiqueira;

também a cidade acabou sendo “beneficiada” pelas

fatalidades provocadas pela segunda guerra mundial, que

acabou atraindo uma leva de profissionais estrangeiros da

hotelaria e gastronomia (os tripulantes do navio Windhuk)

que supriram as necessidades da cidade que se tornava

turística; apesar dos inúmeros atrativos naturais, nesse

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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106

período os jogos de azar e o requinte das instalações

hoteleiras era o principal motivo de atração de turistas; nos

anos de 1970 e 1980, o turismo de inverno motiva a fase de

consolidação da atividade turística que é completada com o

sucesso dos festivais de inverno.

1980 a 2005 – Do turismo de inverno á diversificação turística.

Em 1982, o Grande Hotel é reaberto. O governador

do estado de São Paulo, José Maria Marin assina um

convênio com o SENAC para transformar o Grande Hotel

em hotel-escola. Assim, com sua reabertura, Campos do

Jordão sofre novamente a influência da boa qualidade de

seus serviços. O hotel passa a receber professores vindos

de universidades estrangeiras, como a Cornell University,

em Itahaca, nos Estados Unidos, e são firmados acordos de

cooperação com as tradicionais escolas, The Ecole

Hoteliere de Lausanne e Glion Hotel School17, ambas na

Suíça (SANTOS, 2005). Suas instalações foram

completamente renovadas, tornando-se mais moderno e

mais luxuoso (BARBOSA, 1998).

Além da gastronomia, a arquitetura utilizada nas

residências, no comércio e nos hotéis começou a chamar a

atenção dos turistas. O hotel Toriba e Vila Inglesa

construídos nos anos 40 haviam adotado uma arquitetura

típica do Suiça. Depois, em 1985, o Boulevard Geneve, na

Vila Capivari, teve seu projeto inspirado num prédio na

cidade de Hotemburgo, Alemanha, utilizando a técnica de

Chaiméll18. Assim a cidade foi estabelecendo uma

17 A Suíça é considerado um país que reúne as melhores escolas de hotelaria do mundo. Em 2001 estavam matriculados 4 mil estudantes, dentre eles, 21 portugueses e 96 brasileiros. Fonte: www.swissinfo.org/spt/swissinfo.html. 18 Técnica que consiste no travamento das madeiras sem a presença de materiais metálicos, também presentes no estado de Santa Catarina, com telhado no estilo Alpes suíço (FRANKLIN, 2006).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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107

arquitetura diferenciada em relação às demais e os turistas

eram atraídos não só pela qualidade dos serviços dos

principais hotéis, mas também pelo cenário que esta

arquitetura européia proporcionou para a paisagem urbana.

Foto 22: O Hotel Toriba, construído em 1943. Fonte: www.toriba.com.br.

Segundo o arquiteto José Roberto Damas Cintra

(apud FRANKLIN, 2002), a cidade começou primeiro com a

influência da arquitetura portuguesa, trazida pelos tropeiros

vindos do Vale do Paraíba. Depois, começou-se a sentir

também a influência de estilos arquitetônicos trazidos por

famílias acostumadas a viver em climas frios, como a

Finlândia e Alemanha. Muitos desses estrangeiros que já

viviam no Brasil se radicaram na cidade ao buscarem

tratamentos nos sanatórios, ao trabalharem na construção

da estrada de ferro e na implantação da Rodovia SP-50. Na

fase de formação dos sanatórios, a arquitetura se

assemelhava àquela das cidades do vale do Paraíba, como

Pindamonhangaba e Taubaté, com somente algumas

edificações que fugiam do padrão (Pensão Báltica). Deste

modo, a cidade sofre uma mistura de influências européias

em sua arquitetura, criando um estilo próprio.

Foto 23: O Grande Hotel, construído em 1944. Um projeto da firma Bratke e Botti de São Paulo. Fonte: Adriana Silva Barbosa.

Foto 24: O hotel Vila Inglesa, construído em 1947. Fonte: www.vilainglesa.com.br.

Como se observa, a arquitetura de Campos do

Jordão agradou os turistas e também aos comerciantes.

Para os turistas, a casa de campo é a concretização de um

sonho. Para o comerciante é um cenário lucrativo. Depois

do Boulevard Geneve, outros espaços comerciais foram

construídos. Assim, a arquitetura promoveu a cidade para o

turismo, estimulando construções que empregava técnicas

modernas, porém nesse “estilo europeu”.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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Foto 25: O Boulevard Geneve, 1985.

Foto 26: Pensão Báltica localizada na Rua Eduardo Moreira da Cruz, Vila Jaguaribe. Primeira pensão sanatório com técnicas construtivas da Letônia na década de 1920.

Também, muitos turistas preferiram comprar sua

casa de campo e as empreendedoras imobiliárias

procuraram atender a esta procura. Em 1986, a cidade

passa receber edifícios residenciais de três pavimentos.

Esta foi uma década marcada pelas ofertas imobiliárias,

como condomínios de casas e prédios de apartamentos,

semelhantes aos condomínios fechados das grandes

capitais (LANCE DA SILVA, 2004).

Foto 27: Aspecto arquitetônico da pensão sanatório localizado em Vila Albernéssia, 1930. Fonte: REZENDE, 2004.

Até os últimos anos da década de 1980, a cidade

recebeu cerca de 3.000 novos apartamentos composto por

empreendimentos de alto nível. (VIANA, 1988). Todo esse

crescimento ocorreu formando uma estrutura urbana similar

à de São Paulo, com seus condomínios fechados e

seguranças privativas. Muitos desses condomínios possuem

baias para cavalos, piscinas aquecidas e casas com

lareiras. Esses empreendimentos procurando referencias

européias como “vila suiça”, ou “estação de inverno”

adotaram nomes como: “Switzerland Village”, “Ski Village”,

“Vila Holandesa” (VIANA, 1988).

. Foto 28: Residência localizada em Vila Capivari, 1940

. Foto 29: Residência localizada em Vila Capivari, 1940.

O perfil dos compradores, em sua maioria é formado

por paulistas que estão acostumados a viver em sistemas

de condomínios, numa forma de procurar segurança contra

o aumento da violência em São Paulo e que procuram

possuir uma casa de campo, principalmente na famosa

“estação de inverno”. E, por ser uma residência que terá

uma freqüência sazonal (durante a temporada de inverno), o

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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109

serviço de segurança e manutenção do condomínio, se

torna um requisito vantajoso e imperativo para o comprador

(OLIVEIRA, 1991; VIANA, 1988).

Segundo OLIVEIRA (1991) ter uma residência em

Campos do Jordão significa possuir uma mercadoria

arquitetônica que simboliza ascensão social. A casa de

campo passou a ser o símbolo máximo dessa ascensão,

pois se cria assim, uma imagem de “estilo alpino”, que

agrega “valores” ao proprietário, representado seu maior

status social. Muito provavelmente a maioria desses

proprietários, já tem um imóvel em São Paulo, (sua

residência), outro no litoral, e busca ainda, outro na serra.

Assim, a do litoral é para o lazer da família, enquanto que a

casa na serra representa seu orgulho e mais alta

movimentação na escala social (LANCE DA SILVA, 2004).

A casa de campo, associada às qualidades

terapêuticas do ar e da água, incorpora a idéia de saúde e

de um momento para recuperar energia antes de voltar à

vida urbana. As palavras de Adhemar de Barros, (ex-

governador do Estado de São Paulo) sobre Campos do

Jordão expressam esta intenção:

Pode-se readquirir forças necessárias e livrar-se do

contágio das grandes cidades (...).Isto é uma fonte de

saúde (...) [para] (...)retemperar a saúde dos homens que,

lá em baixo trabalham na indústria, no comércio e mesmo

na política. (...)Antes de ser eficiente na cura da peste

branca, é a estação para retemperar a saúde, o físico, a fim

de termos força para a vida cotidiana (PAULO FILHO,

1986).

Todas essas qualidades tornaram os imóveis de

Campos do Jordão, um produto de grande valor no

mercado.

Por sua vez, o turista, ao mesmo tempo em que

procura o frio da serra, também busca o conforto urbano e

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

110

variedade de serviços. Assim é que os condomínios

atendem a estas necessidades, oferecendo imóvel, infra-

estrutura urbana, equipamentos de lazer e segurança, tendo

como “pano de fundo”, as áreas verdes. Quanto aos

serviços, na vila Capivari, há restaurantes, bares e lojas

além de eventos programados para a temporada de inverno.

Esta disponibilidade neste local pode-se dizer, é o motivo

que leva à escolha de localização, por parte das

construtoras, em seus novos empreendimentos.

Foto 30: Residências de alto padrão, no condomínio Alto do Capivari, 1980. Fonte: Adriana Silva Barbosa.

. Foto 31: Flat residencial Quatre Season, 1988. Fonte: Adriana Silva Barbosa.

Esse turismo gerou na década de 1990, mudança na

paisagem local que deixou de ser aquela imagem de cidade

pequena, passando a apresentar problemas de uma

urbanização acelerada e adensamento de favelas. Esse

crescimento desordenado e falta de infra-estrutura urbana

não é recente. Na fase de funcionamento dos sanatórios, o

processo de favelização de algumas áreas próximas à “vila

velha”, atual Vila Jaguaribe, já era uma realidade. Mas,

naquela época, as associações filantrópicas mantinham

aquela estrutura urbana, somando-se à verba proveniente

do governo para a manutenção dos sanatórios públicos,

que também acabavam por se responsabilizar por muitas

benfeitorias urbanas. Na fase turística, a dinâmica é outra.

. Foto 32: Edifício Residencial, Vila Capivari, 1990

Na procura de lotes e imóveis para a construção da

“terceira residência”, a construção civil precisava de mão-de-

obra local, e destacam-se os empreendedores locais, que

construíam casas isoladas, com essa mão-de-obra local e,

depois da obra concluída, havia sempre uma vaga de

emprego para caseiro. Com o aumento da demanda as

obras passaram a serem promovidas por grandes

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

111

incorporações, que trabalhavam com condomínios

residenciais (residências ou prédios de apartamentos)

atraindo mais trabalhadores e os caseiros passaram a ser

substituídos pela segurança das residências, realizadas por

empresas especializadas.

Segundo OLIVEIRA, (1991) a construção de um

apartamento necessitava de pelo menos 4 trabalhadores.

Portanto, os cerca de 3.000 novos apartamentos

construídos nos anos próximos a 1986, demandariam um

mínimo de aproximadamente 12.000 homens atuando no

setor da construção civil. Daí a “realidade” da favelização

ocorrida na cidade, pois consta que 53 condomínios tinham

sido aprovados, dos quais 46 estavam em construção

(VIANA, 1988).

Nos anos da “economia tuberculose”, a mão-de-obra

vivia, ou nos próprios sanatórios, ou no centro urbano que

naquela época não era tão valorizado. Os trabalhadores

eram mantidos, ou pelos salários recebidos, das instituições

de caridade ou do governo. Nos anos da “economia do

turismo”, onde praticamente todos os lotes de terra ficam

valorizados, a mão-de-obra da construção civil acaba

optando, ou por morar nos canteiros de obras, ou em

favelas, principalmente depois de estarem desempregados,

ao término das obras e não terem condições de comprar ou

alugar um imóvel na cidade, localizadas nas áreas menos

favoráveis à construção civil, ou seja, as encostas.

Esta situação é vista no artigo publicado em outubro

de 1988 pela “A Gazeta Jordanense” (apud OLIVEIRA,

1991), quando, com o sucesso do Plano Cruzado19, a

19 O plano cruzado consistia no corte dos três zeros e, no Plano Cruzado I, os preços foram congelados por um ano. Deste modo a inflação foi contida, o salário aumentou e o poder aquisitivo também, aumentando o consumo. Assim, o forte consumo abalou o congelamento dos preços levando o plano ao fracasso (RUIZ, 2006).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

112

procura por imóveis aumentou em Campos do Jordão e as

construtoras foram obrigadas a contratarem mão-de-obra

das cidades vizinhas. Mas, depois que ocorreu o fracasso

do Plano Cruzado, muitas obras foram paralisadas e muitos

dos peões ficaram desempregados, sem moradias e a

opção encontrada foi invadir áreas verdes das encostas da

cidade.

Como ocorre, a construção civil é sempre um serviço

temporário e ao término das obras, o trabalhador é obrigado

a procurar outro serviço. Ora, com essa instabilidade

financeira, ter um barraco na favela parece ser uma opção

“razoável”. Daí esse “mecanismo” da década de 1980 em

que a construção civil acaba estimulando o processo de

favelamento das áreas invadidas.

Foto 33: Vila Santo Antonio. Fonte: IPT, 2001.

Outra visão desse processo de crescimento urbano é

contada pelo prefeito João Paulo Ismael em entrevista

(VIANA, 1988), contando que há na cidade cerca de 4.500

barracos onde vivem aproximadamente 22.500 pessoas. Por

sua vez, dados do SEADE – Sistema Estadual de Análise de

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

113

Dados do Estado de São Paulo, mostram que em 1980 a

população era de 33.605 habitantes, levando a se estimar

que somente umas 11.105 pessoas vivam fora das favelas,

além da população flutuante (turística). Atualmente,

conforme dados do relatório do IPT – Instituto de pesquisas

Tecnológicas (2001), a cidade possui cinco áreas de risco

ocupadas por favelas, situadas próximas à vila Albernessia

e Vila Jaguaribe: Vila Santo Antônio, Vila Anadir, Vila

Sodipe, Vila Albertina e morro do Britador.

Foto 34: Vista das encostas de Vila Santo Antonio. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

Há quem observe, porém que a forma de fazer

turismo em Campos do Jordão mudou (OLIVEIRA, 1991).

Esta já não é mais a cidade de férias prolongadas, pois ficar

o mês de julho inteiro na cidade poderia ser “tedioso”, frente

a uma relação de outras possíveis opções de

entretenimento e lazer, e assim, Campos do Jordão teria se

tornado mais um produto no meio de tantos outros, ainda

que melhor estruturado entre todos. Será que as relações

afetivas com a cidade mudaram? Será que os vínculos

afetivos com a cidade, as raízes familiares e a relação com

a população local podem ser eliminadas em prol de um

consumo rápido e impessoal do espaço urbano? Conforme

ARANTES, VAINER e MARICATO (2000), para muitos dos

atuais administradores públicos, a cidade passou a ser

tratada como uma “mercadoria” adaptada de acordo com as

características do comprador. Desta forma, pensando no

mercado turístico, Campos do Jordão parece ter se tornado

numa mercadoria que, ao longo do desenvolvimento da

exploração turística, adaptou-se ao perfil do consumidor.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

114

Foto 35: Vila Albertina. Fonte: IPT, 2001.

Foto 36: Vista das encostas de Vila Albertina. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

Este comportamento dos gestores públicos se reflete

na mudança trazida pela segmentação do turismo.

Encontram-se disponíveis no mercado, roteiros ecológicos,

culturais e rurais, para jovens, ou específico para a terceira

idade, para solteiros ou casais, e de acordo com as

condições financeiras de cada classe social. E, assim, o

turismo passa a ser organizado por roteiros específicos, em

que se visita 4 ou 5 cidades num mesmo período de férias.

E, ainda que o turista possa não comprar um pacote turístico

usufruindo os serviços das operadoras, pode sim, ter a sua

disposição serviços acessíveis por telefone ou via Internet,

além de contarem com revistas especializadas em turismo

que estimulam o leitor a organizar seu próprio roteiro de

cidades.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

115

Imagem 5: publicação com uma seleção das estâncias localizada na serra. Fonte: VEJA SP, 28/06/95.

Desse modo, tanto Campos do Jordão, como outras

localidades passam a se integrar em vários roteiros,

conforme o segmento escolhido pelo turista. Pode se

enquadrar no turismo ecológico, devido a suas reservas

florestais, como o Horto Florestal com suas trilhas e

cachoeiras; no turismo de negócios, devido á qualidade de

seu complexo hoteleiro, com salas para congressos e feiras;

no turismo cultural, pelo sucesso dos festivais de inverno e

apresentações de artistas nacionais e internacionais.

Imagem 6: Publicação com roteiro de cidades turísticas para a temporada de inverno. Fonte: VEJA SP, 07/06/2000.

Nesta fase de segmentação do turismo nota-se que

há maior divulgação das cidades vizinhas, mesmo que não

tenham tanta estrutura de serviços, mas estão ou próximas

a Campos do Jordão, ou na Serra Mantiqueira com seu

cenário bucólico e pitoresco. Em seu artigo “O paulistano vai

à montanha”, Mário VIANA (1990), ressalta:

Localizada entre a divisa dos Estados de São Paulo, Rio de

Janeiro e Minas Gerais, a Serra da Mantiqueira é, cada vez

mais, o lugar preferido dos paulistanos para as férias de

inverno, com cidades pequenas e agradáveis, como

Penedo, Itatiaia e Visconde de Mauá.

Imagem 7: Publicação com uma seleção de cidades serranas para as férias de inverno. Fonte: VEJA SP, 19/06/2002.

Observa-se nessa citação, o perfil de cidades

rústicas, tranqüilas, sem o agito de São Paulo, sendo

oferecidas por suas qualidades favoráveis ao descanso,

principalmente em contraposição, Paulo VIEIRA (1994)

mostra que “A temperatura Sobe” quando o agito é

prestigiado em detrimento do descanso de algumas cidades

serranas:

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

116

Num dos invernos mais movimentados dos últimos anos em

Campos do Jordão, há uma febre de inaugurações, festivais

e lançamentos imobiliários. (...)Em julho, Campos do Jordão

é uma festa sem hora para acabar.

O exagero do turismo, porém, pode ser exarcebado

com o aumento do número de lojas de grife com nomes

estrangeiros e serviços especializados: o Lucky Strike

Center, ou mesmo com estabelecimentos da moda global

como videobar, shows de blues; o hotel cinco estrelas Mont

Blant e flats Quatre-Saisons e Home Green Home. E, desse

modo, pode-se descaracterizar uma região, que por muito

tempo buscou um cenário europeu. O que se tem notado é

que os festivais de inverno que antes convidavam os

melhores da música clássica passaram a promover eventos

populares; o centro de Capivari passou a ter trânsito; o rio

que corta a cidade ficou mais poluído; a cidade ficou repleta

de ônibus “farofeiros”, causando mais congestionamento; os

preços aumentaram para compensar os meses de

ociosidade; e para atender rapidamente, uma demanda

crescente, não são todos os restaurantes que oferecem

serviços de qualidade (NOGUEIRA, 1996; LORENÇATO,

1999).

Essa dinamização turística modifica a rotina na

região, pois, por exemplo, quando chega a temporada de

inverno, as cidades vizinhas de Campos do Jordão agem

em apoio, oferecendo seus serviços ao complexo hoteleiro.

É que a falta de vaga na “estância motriz” que fica

praticamente com seus hotéis e pousada 100% ocupados

na temporada de inverno, pode ser compensada com o

aluguel de casas ou estadas nas pousadas das cidades

vizinhas, como Santo Antônio do Pinhal, que fica a 40

quilômetros do centro de Capivari (VIEIRA, 1995). Nessas

ocasiões alguns restaurantes, lojas e danceterias das

grandes cidades (São Paulo e Rio de Janeiro) se instalam

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

117

temporariamente na cidade, para “aproveitar” clientes que lá

estão em férias. VIEIRA (1988) relata casos de sucesso em

que paulistanos deixavam a capital para abrir negócios na

cidade, o que serviu de incentivo para que outros subissem

a serra em busca de novas oportunidades. Em muitos casos

esses estabelecimentos utilizam uma arquitetura, também

temporária. Como os “tijolinhos aparentes”, que na realidade

são de plástico, da danceteria Limelight, em vila Capivari.

Outros alugam espaços em hotéis ou pousadas, para

promover “o espetáculo” da temporada (VIEIRA, 1995).

Nota-se que, que o turismo na cidade passou a ser

sazonal, e por isso, muitos dos serviços de lazer e

entretenimento também se tornaram de tempo limitado. Se

na temporada de inverno a cidade precisa do apoio das

demais vizinhas, fora da temporada a ocupação se reduz a

praticamente a 20%, muito diferente do que acontecia na

década de 60 em que os jogos de azar garantiam um fluxo

permanente de turistas de alto poder aquisitivo (OLIVEIRA,

1991).

No auge do sucesso desse turismo é que as

construtoras passam a promover novos empreendimentos

voltados não só para os de alto poder aquisitivo, mas

também para a classe média. Assim a cidade passa a fazer

parte do roteiro dessas famílias, que também desejam

possuir sua casa de campo, mesmo que este sonho se veja

reduzido a um pequeno apartamento localizado um pouco

mais longe de vila Capivari. Os excursionistas também são

atraídos nos finais de semana; são grandes consumidores

das apresentações dos festivais de inverno e de atrativos

naturais como o Morro do Elefante e o Pico do Itapeva

(OLIVEIRA, 1991).

Em 2001 o número de turistas começa a ultrapassar

a faixa de um milhão de pessoas que entram na cidade

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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como população flutuante, enquanto a população residente

fica ao redor de 44.164 habitantes em 2000 e 46.710, em

2003. E, no decorrer das décadas seguintes, segundo

REZENDE (2004, p.11,19), a procura dos turistas por

grandes eventos e pela vida noturna de vila Capivari,

acabou por anunciar um abandono dos espaços histórico-

culturais, por parte dos munícipes e autoridades, buscando

somente a valorização do comércio” e “o grande desafio

agora é o de continuar a ser a Suíça Brasileira, inicialmente

valorizada por ser hospitaleira e por possuir uma natureza

exuberante.

Locais importantes na historia de Campos do Jordão

deixaram de ser o centro das atenções diante de um turismo

onde a busca de consumo imediato “apagou” os atrativos

históricos da cidade. Houve também um retrocesso na

manutenção e valorização da arte e da história, evidenciado

pelo abandono do Museu de História, Imagem e Som de

Campos do Jordão, o Museu da Tuberculose, a Casa da

Xilogravura (REZENDE, 2004); o cinema que necessita de

reformas e a biblioteca infantil que sofreu um incêndio em

2005. Esses equipamentos culturais que são importantes na

preservação da identidade da cidade se mostraram “sem

importância” diante dos mega-eventos promovidos por

empresas de cigarros, bebidas e telefones celulares.

Os gestores públicos vêm tentando reduzir essa

sazonalidade do turismo, com iniciativas públicas e privadas;

e também com tentativas de associação com eventos que

não tenham relação com o inverno, buscando assim o

turismo de negócios, por exemplo, (Congresso de

Cardiologia, o Congresso de Administração Pública);

atividades voltadas para a gastronomia (Roteiros

Gastronômicos, Festival do Fondue, Festa da Cerejeira,

Festa do Pinhão); festividades religiosas (Natal na

Montanha), por interesses culturais (Mapa Cultural); e

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

119

encontros de associações (Encontro dos Fordinhos) e o

Ecoturismo.

Foto 37: Condomínio residencial Chateau Renoir, Vila Capivari, 2004. Fonte: www.camposdojordaoimoveis.com.br.

Observa-se que, assim a cidade foi deixando de ser

um local de descanso nos meses de inverno, passando a

ser conhecida por seu potencial para a realização de

atividades, conforme o segmento turístico escolhido. A

gastronomia se diversificou, oferecendo restaurantes de

comida japonesa, italiana e mineira; as pousadas não se

restringiram ao perfil de típico chalé nas montanhas, mas

passaram a oferecer serviços de SPA, comida vegetariana,

academia e hidroginástica; as apresentações dos festivais

de inverno, não se limitaram à musica clássica, mas

passaram a trazer também música popular como o MPB,

jazz e apresentações de bandas de rock; os passeios nas

montanhas deixaram de ser uma simples caminhada,

transformando-se em esportes, muitos dos quais radicais

como o cascading (em cachoeira), rappel, arvorismo e

trilhas ecológicas acompanhadas por guias especiais; e os

novos condomínios possuem uma miscelânea de estilos

arquitetônicos, seguindo a temática “casa de campo”.

Foto 38: Condomínio residencial Petit Palais, Vila Capivari, 2004. Fonte: www.camposdojordaoimoveis.com.br.

Foto 39: Centro de eventos em Vila Capivari. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

Por essas qualidades de um mercado turístico

diversificado, Campos do Jordão tem desempenhado nos

últimos anos, o papel de uma cidade estruturadora dessas

atividades na região da Serra da Mantiqueira. Pode-ser

notar nos meios de comunicação que a cidade conta com os

melhores hotéis e restaurantes da região serrana, devido à

grande variedade de serviços e eventos oferecidos

(MONTEIRO, 2000 e 2002; DUARTE, 2001; AZEVEDO,

2003). Nesse sentido, ao mesmo tempo em que mostra as

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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120

vantagens de uma cidade estruturada, mostra também as

desvantagens da aglomeração de turistas, como nas

temporadas de inverno. A alternativa, nesses casos é fugir

deste desconforto, para as cidades vizinhas como Santo

Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí em São Paulo, ou

para São Francisco de Xavier e Monte Verde em Minas

Gerais (MONTEIRO, 2002).

Foto 40: Danceteria e espaço para eventos em Vila Capivari. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

Mas em 2005 essa paisagem dinâmica de cidade

turística tende a se modificar. É que, devido à baixa cotação

do dólar em relação ao real, muitos paulistanos procuram

passar as férias no exterior, nas montanhas com neve.

Assim, Bariloche na Argentina, ganhou cerca de, 15 mil

turistas brasileiros em 2004 e em 2005, previam-se 21 mil

turistas. Esses dados mostram que o turismo em Campos

de Jordão pode ser afetado.

Foto 41: Centro de eventos em Vila Capivari. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

Foto 42: Restaurante em Vila Capivari. Fonte: Adriana Silva Barbosa, 2005.

A competição entre cidades turísticas pode delinear

uma outra realidade (DUARTE, 2005).

§ § §

No processo de mudança de atividade econômica

para o turismo, a cidade começou a sofrer os efeitos do

turismo de massa. Segundo Ignarra (2003:36,37) uma

destinação turística começa a se tornar conhecida pelo

relato de alguns aventureiros, e com o tempo atrai novos

visitantes, aumentando a procura, até que a qualidade do

lugar começa a sofrer algumas interferências. Entre elas, “o

excesso da demanda provoca elevação dos preços, falta de

água, poluição das águas, má qualidade dos serviços”,

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

Adriana Silva Barbosa

121

resultando na diminuição da qualidade do produto (a

cidade), da demanda turística e da renda do turista. Portanto

a cidade passa pela fase de descoberta, depois pelo

desenvolvimento e exploração do atrativo; e, finalmente,

ocorre uma saturação do destino turístico, resultando na

diminuição da qualidade do espaço urbano. Este processo

Ignarra (2003) denomina de “ciclo de vida de uma

destinação turística”, no qual um lugar ou cidade passa por

fases de investimento, exploração, desenvolvimento,

consolidação e estagnação, como ocorre hoje em Campos

de Jordão que caminha para uma fase de estagnação.

Também, pode-se perceber que não é somente a

sazonalidade que provoca a degradação da cidade, mas a

quantidade de pessoas em relação a sua capacidade de

infra-estrutura urbana. Segundo Ignarra (2003) há estudos

para determinar a capacidade de carga de uma destinação

turística, ou seja, determinar qual seria o número máximo de

visitantes por período de tempo que uma determinada área

pode suportar, sem que ocorram alterações no meio natural

e cultural. Nota-se que esta capacidade de carga está

relacionada com a infra-estrutura urbana básica. Assim, o

turismo praticamente obriga as cidades a terem uma infra-

estrutura extra, para que a degradação não ocorra, o que

não é possível na maioria dos casos.

Então, ocorre muito freqüentemente a estruturação

urbana somente das áreas de maior interesse turístico, pela

iniciativa privada que se volta para explorar o local. Tais

melhorias acabam valorizando os terrenos à sua volta e

essa valorização atua como um estímulo para que os

proprietários acabem vendendo suas terras, provocando

assim tanto o afastamento da população local das áreas de

interesse turístico, como uma atração de população

flutuante (FONTELES, 2004).

Page 40: Dissertação cap3 v12_corrigido

Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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122

Portanto, a exemplo de Campos do Jordão, conclui-

se que o turismo pode trazer, por um lado, benefícios

econômicos à cidade e, por outro lado, problemas

ambientais e sociais, caso não esteja preparada para o

aumento dessa demanda turística.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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123

3.2 Turismo e os Planos Diretores

Municipais Pode-se dizer que os planos diretores de Campos do

Jordão agiram desde o início, como uma ferramenta de

viabilidade dos espaços turísticos. E, como tal atividade era

do interesse das elites locais possuidoras de grandes

propriedades, os planos aprovados, acabaram por criar um

zoneamento, que favorecia, em parte, o espaço urbano do

residente, mas principalmente, do turista (OLIVEIRA, 1991).

Inicialmente a proposta de planejamento urbano da

cidade se baseava pela sua atuação dentro da região como

“centro de tratamento de saúde da tuberculose” em área de

topografia elevada e de clima temperado de altitude. Mas

mesmo nessa ocasião, os gestores públicos já se voltavam

para o turismo, evidenciando nessa atividade um grande

potencial de desenvolvimento econômico. Assim, conforme

as idéias de médicos sanitaristas como os Drs. Domingos

Jaguaribe e Emílio Ribas, nas décadas de 1920 e 1930, as

possibilidades de tratamento terapêutico-turístico se

tornaram os principais fatores de ordenação territorial,

formando um espaço que correspondia às expectativas

tanto das atividades de lazer, como das atividades de

saúde.

Mas esta não era uma tarefa fácil visto que, um

requisito importante a uma Estância Turística segundo

OLIVEIRA (1991), é a criação de espaços associados ao

ócio e ao sossego, negando tudo o que lembre trabalho,

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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124

problemas sociais ou econômicos. Neste cenário lúdico, as

cidades devem estar bem apresentadas com um espaço

urbano “impecável”, vegetação exuberante, ruas limpas e

arborizadas.

Muitas cidades, talvez consigam apresentar tais

aspectos e, portanto comecem a ser visitadas. Mas uma vez

encontradas e exageradamente divulgadas por parte dos

próprios turistas, tem sua população “inchada”, interferindo,

portanto na qualidade de vida de seus moradores

(IGNARRA 2003, p.37).

Este foi o efeito negativo que uma demanda

excessiva de turistas provocou em Campos do Jordão. Tais

conseqüências, com o tempo, foram se tornando cada vez

mais visíveis na paisagem urbana e, segundo Almeida

(1999, p.88), o espaço do morador jordanense se tornou

muito aquém daquela imagem divulgada de um ambiente de

sossego e lazer. As condições de pobreza nos bairros

populares criaram um cenário completamente oposto ao dos

espaços destinados ao turismo. Portanto, a presença destes

dois cenários distintos, muito provavelmente não foi fruto do

acaso, mas sim o resultado de uma situação configurada

conforme as leis de organização e ordenamento do território.

O interesse de transformar a cidade em estância

turística não era somente dos proprietários locais, mas

também do governo estadual e federal, responsáveis pelas

construções de algumas edificações de maior importância,

na década de 1930 a 1940, como o Palácio de Veraneio

Oficial, Grande Hotel, o Auditório e o Horto Florestal. Foi

com essa preocupação construtiva e de ocupação territorial

que o Governador de São Paulo Armando de Salles Oliveira,

em 1935, nomeou uma comissão técnica presidida pelo

engenheiro Francisco Prestes Maia, para estabelecer um

plano de urbanização da cidade.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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125

Após estudos das características geográficas,

geológicas, climáticas e ambientais da cidade, foram

apresentados alguns diagnósticos. Nestes, constatou-se

que, devido às condições topográficas, o desenvolvimento

urbano acontecia sempre de forma linear, ao longo do rio

Capivari, expandindo-se de forma transversal ao vale, em

direção às montanhas. Constatou-se também a necessidade

de encontrar meios de evitar a ocupação excessiva do solo,

principalmente em áreas de encostas, restringindo as

atividades industriais, de cura da tuberculose (saúde),

repouso e recreio (CPEU-FAUUSP, 1960)

Assim, a comissão estabeleceu algumas diretrizes

principais, entre elas pode-se citar o tratamento da artéria

viária principal e a limitação do desenvolvimento transversal,

estimulando a expansão urbana para as áreas próximas do

eixo principal. Também, decidiu separar a cidade por

atividades, direcionando-as para uma das principais vilas.

Desse modo, a administração pública e comércio principal

diversificado se localizaram na Vila Albernéssia; o comércio

local, ao longo da ferrovia e próximo das paradas de trem

(zona comercial); os sanatórios se encontravam a oeste de

Vila Albernéssia (zona sanatorial); as residências de

primeira classe na Vila Capivari (zona residencial turística);

e as residências operárias nos vales afluentes (zona

residencial popular).

Estas diretrizes influenciaram no plano da cidade e

no zoneamento proposto em 1937, pelo Eng. Prestes Maia,

no qual se configurou de forma transversal, com comércio

no eixo viário principal, seguindo-se residência na faixa

imediata, chácaras na seguinte e agricultura ou floresta mais

na periferia. As indústrias não poluentes poderiam se

instalar, porém em determinados pontos da cidade. A

estrada de ferro foi considerada parte essencial dessa

estratégia de zoneamento, devendo ser modernizada e

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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prolongada até Itajubá, fato esse que não ocorreu; o plano

contava com a implantação do comércio próximo às

estações ferroviárias, com tratamento urbanístico nas

laterais entre ferrovia e as ruas, com gramados, construção

de abrigos para paradas de trem, plataformas e sinalização

pertinente. Quanto aos acessos viários, esse plano

propunha a construção de uma avenida principal que

acompanhasse a via férrea, dos dois lados e a melhoria das

estradas que ligam Campos do Jordão á Pindamonhangaba

e á São José dos Campos (CPEU-FAUUSP, 1960).

Mapa 12: esquemático: Plano Diretor de Prestes Maia de 1937. Fonte: modificado de DA SILVA, 2001.

Como a paisagem é um dos elementos que

fortemente exercem atração sobre os turistas, foram

propostas algumas intervenções urbanas, que valorizassem

certos locais turísticos, com a instalação de “pavilhões”

equipados com sanitário, telefone e água encanada em

alguns pontos turísticos com seus mirantes, como no pico

Itapeva, na Fazenda Gavião Gonsaga, com vista para o

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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127

Ribeirão do Lageado, no Morro do Elefante, no Pico do

Imbiri e na Pedra do Baú.

Também, a fim de preservar o meio ambiente, o

plano propunha a criação de incentivos fiscais para que os

proprietários preservassem suas áreas verdes; propunha a

delimitação e proteção de uma faixa marginal ao rio

Capivari, que existe ainda hoje; a instalação de serviços de

tratamento de esgotos sanitários para as três vilas; e a

coleta do lixo que seria feita através de containers que

seriam levados por caminhões e depois transferidos aos

vagões da E. F. Campos do Jordão; (PAULO FILHO, 1986,

p.629-30).

Com relação ao turismo, os técnicos da comissão

enfrentavam uma divergência entre si, sobre quantos

turistas poderiam atrair, ou restringir essa população

flutuante, para que as famílias dos grandes proprietários de

terras pudessem usufruir o sossego de seus imóveis. Alguns

argumentavam que não se justificaria a aplicação de

grandes investimentos nessa estância turística de Campos

do Jordão, unicamente para o usufruto de poucos, pois se

localizava próxima dos dois maiores centros urbanos, Rio de

Janeiro e São Paulo. E, diziam, caso houvesse problemas

com o aumento de turistas, estes poderiam ser atenuados

através do planejamento urbano (PAULO FILHO, 1986,

p.629).

Tais propostas foram aprovadas em 1937, pelo

governo federal e a cidade passa a ser ordenada pelo

primeiro Plano Diretor, com o seguinte zoneamento: zona

residencial, zona sanatorial, zona turística e um núcleo de

comércio e serviços nos principais núcleos urbanos.

Depois, entre 1951 e 1952, novos estudos foram

realizados e um novo Plano Diretor foi aprovado sob a

direção do arquiteto Zenon Lotufo e com o apoio do Centro

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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128

de Planejamento de Campos do Jordão, uma organização

liderada por representantes da sociedade civil, empresários

do setor hoteleiro, mobiliário e comercial.

Em 1958, um novo plano diretor começou a ser

estudado a mando do governo estadual, sendo formada a

Comissão Técnica do Plano Diretor em parceria com a

Secretaria de Viação e Obras Públicas a CPEU USP -

Centro de Pesquisa e Estudos Urbanísticos da Universidade

de São Paulo, sob a supervisão do arquiteto Zenon Lotufo20,

nomeado a diretor geral.

Essa comissão criou o “Relatório e Pranchas do

Planejamento Territorial” (1960), contendo levantamentos

aerofotogramétricos do município, além de entrevistas com

os moradores. A pesquisa então efetuada permitiu a

elaboração de propostas para um novo plano, que ao serem

adotadas, provocaram mudanças importantes na paisagem

urbana de Campos do Jordão. Dentre elas esta a

autorização para a construção de edifícios habitacionais

multifamiliares, dentro de uma faixa situada ao longo do rio

Capivari; a divisão das áreas residenciais, de acordo com

propostas de densidade; e a concentração das áreas

comerciais em unidades de vizinhanças nos núcleos de

Albernessia, Jaguaribe e Capivari.

Em seguida aos diagnósticos levantados pelo Plano

Piloto (CPEU-FAUUSP), deu-se continuidade ao trabalho e

em 1962 foi oficialmente aprovado, conforme Lei nº 430 de

12 de Julho, pelo Prefeito José Antonio Padovan um novo

Plano Diretor.

20 Em 1958, o Governador Jânio Quadros determina a realização do planejamento das Estâncias de São Paulo, mediante convênio com as Prefeituras Municipais, o Departamento de Obras Sanitárias da Secretaria de Viação e Obras Públicas e a Reitoria da Universidade de São Paulo (PLANO DIRETOR 1960).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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129

Posteriormente, com o apoio financeiro da FUMEST

- Fomento de Urbanização e Melhoria das Estâncias

Turísticas do Estado de São Paulo - contratou-se o escritório

Jorge Wilheim Arquitetos Associados para a elaboração de

trabalhos relacionados com a preservação da paisagem, uso

do solo, sistema viário e revisão do código de edificação21.

Verifica-se que até 1970 uma considerável produção

de estudos e planos foi realizada, sendo uma produção um

pouco incomum para uma cidade deste porte. Conforme a

Fundação SEADE22, o plano diretor é um instrumento básico

da política de desenvolvimento das cidades, que se tornou

obrigatório para os municípios com mais de 20 mil

habitantes, na década de 1980, com a Constituição Federal

de 1988. E a lei nº 10.257/01 do Estatuto da Cidade ampliou

esta obrigatoriedade para os municípios integrantes de

áreas de especial interesse turístico23.

Portanto, muito antes de o plano diretor se tornar

uma política obrigatória, Campos do Jordão já possuía uma

considerável produção de estudos, planos e leis que, o que

não era comumente encontrado. Por sua vez, pelo seu

processo histórico pode-se presumir que, devido à grande

procura por parte dos visitantes, a necessidade de organizar

e regulamentar o espaço para comportar as atividades

necessárias, começou muito mais cedo do que nas outras

cidades.

Com tantos estudos, observa-se que o espaço

urbano poderia ter obtido resultados bem diferentes da

situação encontrada atualmente. Analisando as

21 Tais estudos chamaram a atenção, tanto do SEMA – Secretaria do Meio Ambiente como do Programa do Meio Ambiente da ONU, colocando a estância em destaque na busca da preservação ambiental. 22 www.seade.gov.br/produtos/plandiretor. 23 Também a Constituição Paulista de 1989, também tornou obrigatório para todos os municípios do estado, conforme Artigo 181, Parágrafo 1º, do Capitulo II.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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130

características de ocupação e de legislação urbana

(políticas urbanas) em que se encontrava a cidade ao longo

do tempo não houve praticamente muitas mudanças no

aspecto estrutural da cidade. Apenas preservou-se a divisão

inicial entre bairros dos “doentes” e dos “sãos”. E, como

conseqüência desta divisão, a cidade passou a conviver

com dois cenários bem divergentes, respectivamente as

áreas de população de baixa renda e as áreas de população

flutuante.

Portanto, os planos diretores, com seu zoneamento

segregado, desde o primeiro momento agiram como uma

ferramenta de viabilização de espaços turísticos. O Plano

Diretor de 1962, elaborado numa fase de promoção da

cidade em função da economia da tuberculose e da

economia do turismo, criou a Zona Sanatorial longe das

áreas de Interesse Turístico. As leis de 1978 constituídas de

Código de Diretrizes do Sistema Viário, Parcelamento do

Solo, Uso do solo, Proteção da Paisagem e Código de

Edificações reforçam tal divisão, criando mais restrições de

uso e ocupação do solo para o Parque Sanatorial e para as

áreas preservação ambiental e de interesse turísticos. E, o

plano diretor de 2003 localiza as zonas especiais de

interesse social em áreas da extinta zona sanatorial.

Assim, para compreender melhor a influência do

turismo nos Planos Diretores, passa-se a sistematizar e

discutir as transformações decorrentes, no espaço urbano e

rural da cidade. Destaca-se, portanto, para análise, o Plano

Diretor de 1962, elaborado pelo CPEU-FAUUSP, que foi

feito com base no Plano Piloto de Campos do Jordão de

1959, que se preocupou mais com o zoneamento da cidade;

o Plano Diretor de 1978, elaborado pelo arquiteto Jorge

Wilheim, constituído de Código de Uso do Solo, Código de

Edificações, Código de Diretrizes do Sistema Viário e

Parcelamento do Solo; e o Plano Diretor de 2003, elaborado

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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131

pelo ETEPLA - Escritório Técnico de Planejamento da

Prefeitura e pelo escritório Jorge Wilheim Consultores

Associados, já em consonância com as exigências do

Estatuto da Cidade24, constituindo-se de objetivos gerais e

estratégicos, ações estratégicas e políticas setoriais.

O quadro 03 a seguir sistematiza os principais

instrumentos de planejamento urbano elaborados para

Campos do Jordão.

24A Lei nº 10.257/200, conhecida pelo Estatuto da Cidade, regulamenta os capítulos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, os quais tratam da política urbana federal.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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Quadro 03 – Relação de planos e lei de zoneamento em Campos do Jordão

Período Lei/Decreto 1935 -

1937

_______________ Plano e Lei de Zoneamento

proposto por Prestes Maia.

1951 -

1959

Lei nº 280 de

16/10/1959

Plano Piloto de Zenon Lotufo.

1960 Lei nº 359 de

19/12/1960

Definição das zonas urbana e rural

do município.

1958 -

1962

Lei nº 430 de

12/07/1962

Plano Diretor elaborado pela CPEU

– Centro de Pesquisa de Estudos

Urbanísticos/ FAUUSP.

1968 Lei nº 731 de

10/04/1968

Criação da ETEPLA – Escritório

Técnico de Planejamento e do

Conselho de Desenvolvimento de

Campos do Jordão.

1975 -

1978

Lei nº 1094 de

04/01/1978

Lei nº 1095 de

04/01/1978

Lei nº 1096 de

04/01/1978

Lei nº 1097 de

04/01/1978

Plano de Jorge Wilhein composto

pelo Código de Diretrizes do Viário,

Código de Uso do Solo e Proteção

à paisagem, Código de

Parcelamento do Solo, e Código de

Edificações.

1985 Lei nº 1538 de

13/12/85

Lei de Zoneamento – ETEPLA

2000 -

2003

Lei nº 2.737 de

02/05/03

Plano Diretor Estratégico –

ETEPLA e Jorge Wilheim (em

andamento)

Fonte: Prefeitura de Campos do Jordão, www.camaracamposdojordao.sp.gov.br

Plano Diretor de 1962

O Plano Diretor do Município de Campos do Jordão,

instituído através da Lei nº 430 no dia 16 de Outubro de

1962, foi elaborado num momento em que os gestores

públicos apostavam na transformação de Campos do Jordão

no mais importante centro turístico do Brasil. Uma cidade

que se conectaria com as demais estâncias de São Paulo,

sul-mineiras e do Rio de Janeiro. Portanto o plano coloca a

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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cidade dentro de um papel de centro polarizador das

estâncias turísticas vizinhas.

Observa-se que esta década foi marcada pelas

ações do governo Estadual, que investiu boa parte de seus

recursos financeiros para a construção de equipamentos

hoteleiros, tanto em Campos do Jordão, como também nas

outras estâncias climáticas, turísticas e hidrominerais do

estado.

Visto que o plano de 1962 foi elaborado a pedido do

governo Federal, o caderno de diagnóstico elaborado pela

equipe da CPEU – FAUUSP, em 1960, no item

“Fundamentos do Plano”, coloca a verdadeira intenção do

planejamento territorial de agir como uma ferramenta de

viabilização do desenvolvimento do turismo através da

ordenação territorial (CEPEU-FAUUSP, 1960).

Esta ordenação também era necessária visto que,

pela grande crise econômica em que o país atravessava

com uma inflação anual 25,4% a 89% entre 1960 a 1964,

muitos proprietários aproveitavam para retalhar suas terras

e as vender de forma indiscriminada (CPEU-FAUUSP,

1960). Depois do golpe militar em 1964, o governo iniciou

um programa de estabilização econômica reduzindo a

inflação para 28% em 1967, o que resultou no aumento da

procura por estes loteamentos para a construção de sua

residência (SKIDMORE, 2003).

Assim como reflexo de tais orientações, a zona

urbana ficou constituída por: zonas residenciais de acordo

com as densidades 50, 140 ou 200 pessoas por hectare;

zonas comerciais divididas em Central e de Unidades de

Vizinhança; zona sanatorial para abrigar todos os

equipamentos de saúde e zona para indústrias leves.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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A definição destas zonas limitou as áreas

sanatoriais, em áreas bastante distantes das zonas

residenciais de menor densidade, voltadas para a terceira

residência. E, também limitou as atividades comerciais, ao

longo de eixo viário principal nas unidades de vizinhanças.

Esta ordenação territorial veio a ser instituída numa fase em

que, segundo a equipe da CPEU-FAUUSP já se notava o

aumento de loteamentos clandestinos.

O plano permite a formação de quadras com áreas

máximas de 450 metros de comprimento por 80 metros de

largura, em qualquer uma das categorias de zoneamento,

devendo ter a cada 150 metros, uma passagem de 3 metros

de largura. O loteamento de quadras, em áreas urbanas

deveria ter no mínimo 10 metros de frente por 25 metros de

fundo. Nas áreas rurais, o plano permite a formação de lote

com área mínima de 5.000 m2 e a formação de unidades

residenciais em “super-quadra” com áreas máximas de 600

m de comprimento por 300m de largura. Cada loteamento

deveria reservar uma parcela de áreas livres equivalente a

16 metros por habitante e todo plano de loteamento deveria

ter uma área reservada para recreação e de uso

institucional, podendo-se associá-los ao turismo. O plano

proibia o loteamento de terrenos impróprios para a

edificação, inconvenientes para a habitação ou que

prejudicasse as reservas florestais, outra área de

importância turística que provavelmente, estaria relacionada

ao ecoturismo. Também, já nessa época, essas áreas não

poderiam acolher qualquer atividade que fosse incompatível

com o turismo.

Com relação à habitação o plano estabelece zonas

residenciais divididas em residências isoladas unifamiliar

com densidade de até 50 pessoas e área mínima de

1.000m2; densidade de 140 pessoas com área mínima de

360 m2; densidade de 200 pessoas com área mínima de

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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250 m2; residência multifamiliar destinadas à construção de

edifícios residenciais e de uso comercial; edifícios

residenciais com área não inferior a 50m2 e 01 vaga de

estacionamento; uma edificação secundária isolada da

edificação principal, muito utilizada pelos “caseiros”. As

áreas residenciais foram divididas em 20 setores ou

Unidades de Vizinhança, para facilitar a organização de

projetos de redes de água de esgoto, energia elétrica,

escolas, parques e outros equipamentos sociais. Observa-

se assim que essas densidades definiram praticamente o

espaço turístico, pois as de menor densidade puderam se

tornar bairros turísticos, como Vila Capivari.

Para estimular a ocupação ao longo na avenida

principal, o zoneamento permitiu a construção de edifícios

de habitação multifamiliar, de qualquer número de

pavimentos, respeitando-se, porém, os coeficientes de

utilização e de ocupação dos lotes. Também permitiu no

pavimento térreo dos edifícios, a instalação de lojas como

confeitarias, salões de chá, instituto de beleza, bancos,

agências de turismo entre outros serviços, desde que não

prejudicasse as atividades turísticas. Tal zoneamento

modificou a paisagem urbana e acabou despertando os

interesses das incorporadoras, para a construção de

edifícios de apartamentos em sistema de condomínios

verticais.

Também estabeleceu uma zona comercial do tipo

linear, ao longo do rio Capivari, que poderia se localizar nas

unidades de vizinhança, permitindo a construção de edifícios

destinados ao comércio, serviços, cinemas, confeitarias,

postos de abastecimento de automóveis, escolas, igrejas

entre outros. Esse comércio precisava estimular o turismo e,

portanto, deveria se ater a segmentos como estes, trazendo

qualidade ao local.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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A criação da zona sanatorial foi delimitada de modo

a não somente acolher os sanatórios mas a todas as

atividades que permitissem seu funcionamento, como

edifícios e equipamentos para tratamento de saúde, serviços

de suporte como lavanderia, laboratórios de análises e

casas de empregados. Para os sanatórios que já existiam e

que com a delimitação do zoneamento se encontravam fora

de área permitida, não poderiam aumentar suas instalações.

Quanto ao turismo, foi criado a ZT - Zona de

Interesse Turístico, uma zona localizada no entorno dos

pontos turísticos, destinadas à preservação da paisagem,

proibindo a construção de qualquer tipo de edificação. Esta

lei se aplicava às áreas próximas aos mirantes como o pico

do Itapeva e o Morro do Elefante. Ainda referente ao

turismo, nas zonas rurais o plano considerava Unidades

Turísticas, tanto em áreas existentes, como em outras a

serem criadas, desde que possuíssem alguma atração

turística, hospedagem, balneários ou qualquer outro

estabelecimento destinado à recreação.

Com relação à organização da estrutura viária, o

Plano Diretor de 1962, dividia as vias de acessos viários em

vias principais, secundárias, principais e secundárias. As

vias de acesso situadas nas zonas urbanas deveriam ter 9

metros de largura, 6 metros de leito e 1,5 de passeio em

ambos os lados; as situadas nas zonas rurais deverão ter 6

metros de largura e recuo de 10 metros da construção.

Nesta década, a cidade já apresentava tráfego intenso, nos

meses de junho e julho, nas estradas municipais que fazia

ligação com os núcleos rurais, os hotéis e os pontos de

atração turística. Portanto já se tornava necessário o

estabelecimento de normas quanto a largura das vias,

conforme sua categoria (CPEU-FAUUSP, 1960).

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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A zona rural foi dividida em três usos: a zona

industrial, destinada às atividades que não fossem nocivas

ao meio ambiente; a zona de Interesse Turístico com as

mesmas recomendações das ZT da área urbana; e a zona

rural propriamente dita. Dentro destes núcleos rurais

permitia-se a construção de edifícios destinados a escolas,

oficina, comércio, indústria rural, clubes, igrejas ou capelas,

residências e outros que tenham a finalidade de atender a

população rural; vedava a instalação de qualquer atividade

que fosse incompatível com o turismo.

Com relação a estas áreas a equipe da CPEU-

FAUUSP notou que a procura turística também provocou o

loteamento desordenado das terras, fazendo com que seus

proprietários abandonassem suas atividades agrícolas e

dessem características urbanas, a fim de serem vendidas.

Para impedir esta situação, a equipe propunha a criação de

clubes agrícolas, constituídos por fazendas onde os turistas

seriam convidados a participar das atividades rurais; a

Pisicultura, com a construção de viveiros que pudessem ser

visitados por turistas; e a floricultura também aberta à

visitação. Também estimulam a criação de Unidades

Turísticas nas áreas rurais, contendo em cada uma delas,

um Centro de Atração Turística que poderia ser constituído

de hotel, clube esportivo ou algum outro atrativo turístico

desde que respeitado as áreas mínimas determinadas pelo

plano. Dentro das unidades turísticas ficou permitido a

construção de hotéis, balneários, clubes esportivos, igrejas,

escolas, restaurantes, bares e qualquer outro

estabelecimento destinado à recreação e repouso. Destaca-

se que neste Plano Diretor as áreas de interesse turístico

estão mais situadas nas áreas rurais.

Nas questões de preservação ambiental, o

zoneamento proposto pelo Plano Diretor de 1962, divide as

áreas verdes situadas no território urbano em: Reservas

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Florestais, Recreio Ativo (áreas projetada para praça de

esporte) e, Recreio Contemplativo (áreas projetadas com

arborização, ajardinamento, retificação dos respectivos rios

e formação de alguns lagos). Também são colocados sobre

a proteção do município, todos os acidentes geográficos

(morro, gruta, pedra, lagos e matas naturais) considerados

de atração turística.

As plantas a seguir apresentam a situação do

espaço de Campos do Jordão em 1960, conforme

levantamento elaborado pela CPEU – FAUUSP, para o

desenvolvimento do Plano Diretor de 1962.

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(os mapas estão anexado na impressão final)

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Plano Diretor de 1978

O Plano Diretor é constituído por quatro leis, todas

aprovadas no dia 04 de Janeiro de 1978, constituída de

Código de Diretrizes do Sistema Viário (lei nº 1094/78);

Código de Parcelamento do Solo (lei nº1095/78); Código do

Uso do Solo e Proteção da Paisagem (lei nº 1097/78) e

Código de Edificações (1097/78).

Tais leis foram aprovadas numa fase marcada pelo

aumento da desigualdade social. Entre as décadas de 1970

a 1990, observa-se principalmente em São Paulo, o

aumento do crime, decorrente do déficit social (emprego,

educação, saúde, habitação e transporte) o que fez com que

brasileiros ricos se retirassem das áreas urbanas centrais

para se localizarem nos complexos de apartamentos novos

e dispendiosos, cercados por grades controladas e

guardados por sistema particular de segurança.

Esta situação de falta de segurança, de abrangência

nacional, reforçou a adoção em Campos do Jordão de um

planejamento urbano centrado na segregação espacial,

dividida de acordo com seu uso e funções. O Código de Uso

do Solo continuou a dividir as zonas residenciais em zona

de alta densidade (ZRI), que permitia a construção de

habitações unifamiliares e coletivas e comércio vicinal; zona

residencial de média e baixa densidade (ZR2, ZR3), também

com habitações unifamiliares e coletivas. A permanência de

um zoneamento residencial dividido pelo nível de densidade

garantia os sucessos dos empreendimentos voltados para a

segunda ou terceira residência, em sistema de condomínios

fechados localizados em extensos lotes supervalorizados

devido a sua proximidade com os principais pontos

turísticos. Também quando o código se refere às habitações

coletivas, esta se referindo tanto aos edifícios residenciais

como também aos hotéis e colônias de férias. Esta regra

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significou a permissão de instalação de equipamentos

hoteleiros em qualquer uma das zonas residenciais.

Com relação ao tipo de edificação, o Código de

Edificações estabeleceu normas que acabou garantindo um

limite na verticalização urbana e melhoria nas condições de

higiene e salubridade das novas edificações. A lei permitiu

que qualquer construção pudesse ter até três pavimentos

incluindo térreo25; cada unidade habitacional deveria conter

uma vaga de automóvel; as distâncias confrontantes em

edifícios distintos não poderão ter entre elas distancias

inferiores a 3 metros e, era preciso obedecer às densidades

permitidas em cada zoneamento.

Importante lembrar que a precariedade das

habitações e a falta de ordenamento em que se encontrava

a cidade de Campos do Jordão, não era uma situação

favorável a atividade turística. Portanto, o plano de 1978

aumentou ainda mais as exigências para o parcelamento e o

uso do solo que garantisse a boa imagem da estância.

Acrescentou-se a exigência de reservar uma faixa não

edificante para defesa de rios, rede de água, serviço de

esgoto energia elétrica, coleta de águas pluviais e rede de

telefone, bem como 35% do loteamento para bens públicos,

composto pelo sistema viário, circulação ou estacionamento,

áreas livres ou sistema de recreio. As áreas reservadas para

o uso institucional seriam consideradas áreas de domínio

público e nenhum outro destino poderia ser dado a elas.

Para garantir a execução de tais benfeitorias no loteamento,

uma área do terreno era “caucionada” ao equivalente a 1/3

da área total da gleba. Também, a lei não permite dividir,

parcelar terreno ou lotear uma gleba em cujo relevo

apresente declividade acima de 45%. E, qualquer área livre,

25 Em qualquer tipo de edificação considera como pavimento adicional o sótão, mezaninos e sub-solos;

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com declividade maior que 45% passam a ser consideradas

de bem público.

O código de parcelamento do solo também

determina as dimensões mínimas do lote, de acordo com o

tipo de zoneamento (ZR, ZC, ZRU ou ZRI) e a inclinação do

terreno (de 15% até 45%), pois quanto maior a inclinação

maior a área mínima do lote.

Com relação ao comércio, o Código de Uso do Solo

apresenta dois tipos de zonas comerciais: a Zona Comercial

Central (ZC1), que permite um uso misto de

estabelecimentos comerciais, prestação de serviços e

habitações unifamiliares e coletiva; e a Zona Comercial

Secundária (ZC2), também com um uso misto, porém com

área máxima de 500,00m2 para os estabelecimentos

comerciais e de serviços. As habitações coletivas a que o

código se refere, pode ser tanto prédios de apartamentos

como hotéis e pousadas, de acordo com a densidade

permitida em cada zona. O mesmo acontece nas zonas

residenciais e na zona rural, conforme as especificidades de

cada um.

Deste modo, o espaço urbano na cidade se

configurou em: hotéis de luxo nas áreas de menor

densidade na Vila Capivari, hotéis de médio porte na Vila

Jaguaribe, pousadas e pensões na Vila Albernéssia e Vila

Albertina, área de maior densidade. Deste modo Vila

Capivari se distingue como um centro essencialmente

turístico, não somente pelo núcleo comercial, mais também

pela qualidade das instalações hoteleiras.

Com relação aos Sanatórios, sua delimitação

permanece, porém com mais restrições. Ficou permitido o

arruamento e o loteamento em glebas contidas nas áreas de

sanatórios desde que observados um afastamento de 100

metros lineares; ficou vedado o uso comercial nas

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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imediações dos sanatórios ou qualquer atividade que possa

perturbar o sossego dos internados. Nas zonas de Interesse

Turístico permanecem restringindo a construção de qualquer

edificação que possa interferir na paisagem. As áreas

destinadas as indústrias, diferente do Plano Diretor de 1962,

passaram a se situar na zona rural. Porém só seria

permitida a instalações de atividades industriais que não

apresentem atividades nocivas a saúde dos habitantes ou

resíduos que possam ser prejudicial ao ar ou a água.

O código do Uso do Solo também estabelece normas

para a instalação do mobiliário urbano. Este é um fator

importante para as cidades turísticas por serem elementos

que compõe a paisagem urbana. Estes são elementos que

estabeleceram influências na imagem pretendida pelos

gestores públicos, voltadas para o mercado turístico. Os

serviços de utilidade pública como cestos de lixo,

bebedouros públicos, sanitários público, postos de

informação, pontos de embarque de ônibus, bancos de

jardim, bancas de jornal, aos poucos adotaram

características visuais de acordo com a imagem turística

desejada.

Os painéis de publicidade no qual o código se refere,

compreende qualquer tipo de placa e letreiros, folder,

painéis e outdoor. Assim, na fase de alta temporada são

muitos os comerciantes e prestadores de serviços que se

utilizam desta ferramenta, para divulgar seus produtos

poluindo visualmente a cidade. A sinalização urbana que

inclui placas de nomenclatura de logradouros públicos e

placas de sinalização indicativa com o tempo também

adotou um designer diferenciado. As placas que indicam os

pontos turísticos passaram a ser confeccionado em madeira,

adquirindo um visual que reforça a imagem de cidade

serrana.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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Para evitar que equipamentos de infra-estrutura

viária não interfiram na paisagem urbana e turística, ficou

determinado no código de Proteção à Paisagem que

elementos de redes de infra-estrutura urbana como postes

de rede de energia elétrica, de iluminação pública e de

telefone deveriam ser todos embutidos sob a faixa de

acostamento das vias estruturais,

Em pontos turísticos que estejam localizados no

mirante como o Morro do Elefante, o plano propõe a

elaboração de um projeto padrão para unidades de conforto

público. Estas unidades são locais com sanitários,

bebedouros, cabines telefônicas, cestos de lixo, painéis de

informação e bancos de jardins, que poderiam ser instalados

nas áreas comerciais e nos pontos turísticos.

Quanto aos acessos viários, ficaram estabelecidas

as características que deveria ter cada via, conforme sua

função: vias rodoviárias regionais, federais, estaduais e

municipais; vias estruturais que se interligam com as

principais correntes de tráfego dentro do perímetro urbano;

vias principais que alimentam e coletam o tráfego das vias

estruturais; vias secundárias que coletam e distribuem o

trafego interno para as unidades de vizinhança; vias locais

que partem das vias secundárias e dão acesso para os

lotes; vias panorâmicas que levam aos pontos paisagísticos

ou a equipamentos turísticos, que tem maior alargamento da

faixa de acostamento permitindo a visualização da

paisagem; vias para Cavaleiro destinadas a atividade

eqüestre em forma de circuito; vias de Pedestre destinadas

a circulação de pessoas.

Também há uma preocupação em organizar os

acessos de uso público e de uso privado, estabelecendo

uma hierarquia entre logradouro público e propriedade

privada, propriedade privada e condomínios, e os

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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condomínios aos espaços de uso comum. E, o arruamento

que estiver com declividade superior a 45%, deverá

apresentar projeto de detalhes de acesso, estacionamento,

muros de arrimo e guarda-corpos.

Quanto aos aspectos de preservação ambiental o

Código de Proteção da Paisagem estabelece cinco tipos de

preservação permanente: o Parque Estadual; áreas de

Reserva Florestal; áreas de reflorestamento; as matas de

araucária angustifólia; e as várzeas dos rios Capivari e

Sapucaí-Guaçu. Também estabelece a implantação de um

parque urbano Capivari-Sapucaí o qual margeiam os rios do

mesmo nome; exige a autorização prévia dos órgãos

competentes, para a execução de qualquer obra que possa

perturbar, altera ou aterrar cursos d´água, mananciais, lagos

e represa d´água.

Plano Diretor de 2003

O plano diretor de 2003 foi instituído pela lei nº 2.737

de 02 de Maio de 2003, dentro das normas estabelecidas

pela lei do Estatuto da Cidade nº 10.257/01, que determina a

reserva de algumas áreas para o cumprimento dos artigos

25, 28,29 e 3526, e também áreas destinadas a zonas de

interesse social e de preservação ambiental.

Sua estrutura é bem diferente dos planos anteriores.

Constituem-se de objetivos gerais e estratégicos, de ações

estratégicas, de instrumentos da gestão municipal e de

políticas setoriais. Os objetivos estratégicos compreendem

26 O artigo 25 estabelece o que o município deverá reservar algumas áreas de direito de preempção, ou seja, dar preferência de compra do imóvel ao município; o artigo 28 determina que em algumas áreas deva ser autorizada a construção com o coeficiente de aproveitamento acima do permitido; o artigo 29 permite a alteração de uso do solo; artigo 32 áreas reservadas para operações consorciadas; artigo 35 autoriza o proprietário do imóvel a exercer o direito de construir em outro local quando for necessário nos casos de implantação de equipamentos comunitários, programas de regulamentação fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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152

os resultados que a gestão municipal pretende alcançar. E,

dentre os objetivos estratégicos relacionados diretamente a

atividade turística esta a revitalização dos pontos turísticos,

criação de parques; a padronização da sinalização de

acesso aos locais turísticos e criação de novos pontos de

visitação.

O turismo na cidade se encontrava numa fase de

saturação. A freqüência massiva de turistas concentrada

nas temporadas de inverno já havia provocado danos

ambientais, aumento da ocupação urbana e problemas de

fluidez do tráfico. Uma das estratégias do plano seria

estimular a distribuição de atividades turísticas ao longo do

ano e, a criação de outros serviços que pudesse diversificar

as atividades da cidade, além do turismo.

Da política setorial de Desenvolvimento Econômico e

Turístico encontram-se as metas de geração de emprego e

de trabalho. O parágrafo primeiro do artigo 34 trata do

turismo como uma atividade econômica que deve ser

estimulado no decorrer do ano, aumentando assim as

oportunidades de emprego. Uma das estratégias adotadas

pelo plano esta a concessão de licença de funcionamento

aos estabelecimentos comerciais no período da alta

temporada, desde que contemple apoio cultural ás

atividades que ocorrem durante o resto do ano.

Este setor esta relacionada com a política setorial da

educação, que estabelece algum proposto voltado à

capacitação de profissionais para o turismo. Pode-se citar a

implantação de cursos técnicos profissionalizante;

estabelecimento de convênio com entidades públicos e

particulares para oferecer cursos de capacitação para o

setor do turismo e a formação profissional que prioriza a

implantação de curso superior por meio de convênios com

as universidades.

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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153

Quando aos aspectos ambientais o plano se depara

com outra política setorial que também tem suas ações

estratégicas referente à habitação. Quando o plano

determina a criação de programas específicos de

despoluição, conservação e recuperação da mata ciliar e

áreas degradadas, vem á tona a questão das ocupações

clandestina das encostas. Deste modo os planos ou

programas estabelecidos dentro da política setorial do meio

ambiente27, são semelhantes as das políticas setoriais

implantadas no setor habitacional28, nos quais se pode citar:

a elaboração de projetos preventivos para evitar ocupações

de áreas de risco (área verde); recuperação das encostas,

através de projetos, em parceria com IPT; elaboração em

conjunto com os órgãos competentes de projeto de remoção

e recolocação da população residente das áreas de risco

para a AEIS (Áreas Especiais de Interesse Social), mediante

projeto de urbanização; educação ambiental.

No setor do sistema viário o plano também

estabelece diretrizes gerais para a melhoria do tráfego o que

também favorece ao turismo. O objetivo principal seria a

desconcentração das atividades turísticas para fora do eixo

27 Dentro da política setorial do meio ambiente o plano estabelece como meta, a atualização periódica das normas específicas de uso e preservação do meio ambiente, no qual se incluem os recursos hídricos e mapas indicando ribeirões, córregos, rios, olhos d´água, com suas faixas de preservação permanente e áreas de várzea impróprias à urbanização; as bacias hidrográficas do município com a definição dos seus manejos adequados; a instituição de programas específicos para o destino adequado dos esgotos e efluentes líquidos na totalidade do território municipal; a despoluição, conservação e recuperação da mata ciliar dos corpos d´agua em geral e, principalmente, das cabeceiras de drenagem; de controle de poluição da água; da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos (PLANO DIRETOR, 2003). 28 As políticas no setor habitacional são: o remanejo das famílias das áreas de risco e favelas, com o apoio de programas de mutirão e auto-gestão com o acompanhamento de assessoria técnica para as áreas de interesse social; políticas de participação da comunidade técnica em programas habitacionais através de parcerias com entidades de ensino e de classe; criação de financiamentos habitacionais próprios e em parceria com órgãos do governo estadual e federal, e órgãos públicos não governamentais (PLANO DIRETOR, 2003).

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viário principal, criando roteiros e circuitos que podem ser

feitos a pé, a cavalo, de moto ou de carro. Para isso

estabelece um projeto de implantação de novas vias de

acessos e trilhas destinadas a pedestres, cavaleiros,

bicicletas e motocicleta, devidamente sinalizadas e

demarcadas. As vias de pedestres, cavaleiros e ciclistas

comporão uma rede de trilhas, ou ocuparão uma faixa de

pavimento projetada e implantada para este fim exclusivo;

as vias para ciclistas serão implantadas não somente como

lazer, mas como uma forma de incentivar a população a

utilizá-lo como meio de transporte não poluente. Quanto às

excursões turísticas, que tem aumentado a cada temporada,

o plano coloca como ação estratégica a criação de roteiros

pré-estabelecidos para ônibus de turismo com a instalação,

em alguns pontos da cidade e áreas de estacionamentos

exclusivos.

Outra política setorial importante para as atividades

turísticas é a de preservação e proteção de bens ou

conjunto de bens e paisagens que sejam históricos,

artísticos ou de referência cultural. O plano prevê a

implantação de programas culturais com o objetivo de

defender a identidade cultural do município através de vários

instrumentos, entre eles, a declaração destes bens culturais

de interesse especial de preservação, que também são de

interesse turístico.

Na parte de mobiliário urbano, a maioria das regras

determinadas pela lei de 1978, permaneceram, porém com

algumas mudanças com influência direta nas atividades

turísticas. No item I do artigo 6, que trata dos painéis de

publicidade, a lei estabelece que, restaurantes e bares

deverão afixar o cardápio com os preços se estiverem a 2,5

m de altura, desde que não ultrapasse o alinhamento do

lote; não permite a fixação de painéis de publicidade em vias

destinadas exclusivamente a pedestres e cavaleiros. Painéis

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do tipo out-door só serão permitidos em terrenos não

ocupados, postos de gasolina e estacionamento. Além

dessas inovações em termos de “normas urbanísticas”, o

plano de 2003 acolhe muito das normas estabelecidas no

plano de 1978. Em ambos o turismo é destacado, como já

mencionado.

O plano considera como parte integrante do plano, o

zoneamento aprovado conforme lei 1538/85, no qual

estabelece as seguintes zonas: as Zonas Especiais de

preservação ambiental 1, 2 e 3; Zonas de uso

predominantemente residencial de baixa, média e alta

densidade; Zonas Residenciais de Interesse social; Zonas

comerciais e de serviço vicinal, comerciais e de serviços

centrais; Zona de comércio atacadista e indústrias leves e

Zona rural.

Nas zonas residenciais, nota-se no novo

zoneamento a presença de mais restrições. Os condomínios

horizontais (edificações unifamiliares independentes)

ficaram restritos as ZR1, ZR2 e ZEP1 e os prédios de

apartamento as ZR2 e ZR3. Todos os edifícios poderão ter

no máximo dois pavimentos e no caso de residências as

edificações destinadas a caseiros ou zeladoria não deverá

exceder a área de 60 m2. As ZEP 1 e 2 - Zona especial de

preservação ambiental, estão próximas ou nas áreas de

encostas, criando um conflito entre a busca da preservação

com o crescimento da ocupação clandestina.

Em todas as zonas residenciais continuam a serem

permitidas as habitações coletivas que englobam os hotéis e

colônias de férias, porém respeitando as áreas mínimas do

terreno de acordo com o zoneamento. Em ZR1, os hotéis

deverão ocupar uma área mínima de 5.000 m2, nas ZR2, a

área mínima se reduz para 3.000 m2 e nas ZR3 esta área

cai para 1.000 m2. O mesmo acontece com as ZC de cada

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categoria. As ZC1, deverão ter área superior à 1.000 m2

com fração ideal de cada unidade habitacional de 75 m2; as

ZC2, desde que obedeça á fração ideal de 50m2 do terreno;

e as ZC3 com terrenos igual e superior a 3.000m2, com

fração ideal de 75 m2. Destaca-se que o plano anterior

focalizava a densidade de pessoas por hectare, mas em

2003, já passa a estabelecer áreas mínimas de lote,

conforme já propunha o zonemento de 1985, lei municipal nº

1538.

Com relação às atividades comerciais o zoneamento

estabelece algumas modificações com relação ao plano

anterior. A lei determina a formação de quatro zonas

comerciais; ZC1 – zona de comércio e uso vicinal voltada

para o atendimento da população mais próxima; ZC2 – zona

de comércio e serviço central, voltada para serviços mais

diferenciados para o atendimento do conjunto da população

do município; ZC3 – zona de comercio e serviço sub-central,

compreendida numa área com serviços diferenciados,

porém mais voltada para os turistas.

A ZC3 se localiza entre Vila Capivari e Jaguaribe, e

se caracterizada pela oferta de serviços e produtos mais

sofisticado, voltado para o turista; a ZC2, se encontra entre

as Vilas Jaguaribe e Albernéssia numa área com variedade

de serviços; e a ZC1, na Vila Albernéssia caracterizada por

um comércio mais voltado para o mercado popular. As

indústrias passaram a se localizar nas ZCI - zonas de

Comércio Atacadista e Indústrias Leves, área situada

próximo ao portal com o objetivo de facilitar o transporte

viário. Também nesta zona ficou permitido a instalação do

comércio atacadista e de depósitos. Todas as zonas

comerciais passaram a ter a permissão de um uso misto

residencial-comercial e residencial-serviço.

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Quanto aos equipamentos de saúde percebe que as

zonas destinadas aos sanatórios foram eliminadas, sendo

substituídas pelas ZC1 e ZR3. O que parece que as

atividades sanatoriais ainda em funcionamento, não mais se

apresentam como uma ameaça.

Quanto às outras zonas, através da planta de

zoneamento é possível observar que a disposição das

atividades determinadas no primeiro plano diretor não sofreu

muitas modificações. Mesmo com a liberação para a

construção de equipamentos hoteleiros em quase todas as

zonas, exceto na ZEIS e ZCI, os hotéis de melhor categoria

acabou se concentrando mais nas ZRI, onde se localiza o

bairro turístico de Capivari.

Os condomínios residenciais horizontais também se

localizam nas ZR1 e ZR2, constituída de áreas de menor

densidade; enquanto que os prédios de apartamento se

concentraram ao longo do eixo principal, junto com o

comércio nas ZC2 e nas ZC3 e na ZR3, localizada entre os

bairros não turísticos, Vila Albernéssia e Vila Albertina.

Nas ZEP - zonas especiais de preservação

ambiental, o zoneamento atual continuou proibindo a

construção de qualquer edificação ou loteamento em áreas

que prejudique o acesso, a vista ou desfrute de um ponto de

interesse turístico. Nos pontos turísticos permanecem a

instalações das unidades turísticas, pequenos núcleos de

comércio e serviços destinados ao atendimento dos turistas.

A seguir, o quadro abaixo sistematiza as normas de

uso do solo, de acordo com cada zoneamento.

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Quadro 04 – Tabela do zoneamento, conforme Lei nº 1538/85 de 13 de Dezembro de 1985.

Uso Permitido habitação hotéis Comércio e

serviços. indústrias Áreas verdes e

recreativas. Equip. de uso público e institucional

ZR1 Residências unifamiliares (área mínima do terreno 1.000 m2); Condomínios horizontais (área mínima do terreno 1.000 m2)

Hotéis em Geral e colônia de férias. (área mínima do terreno 5.000 m2)

Atividades econômicas do lar.(área mínima do terreno 100m2)

Reservas florestais; Recreação ativa, passivo e paisagístico.

Templos e instituições culturais e educacionais.

ZR2 Residências unifamiliares (área mínima do terreno 500 m2); Prédios de apartamentos (3 pav.); Condomínios horizontais (área total 5.000 m2) – fração ideal 500 m2.

Hotéis em Geral e Colônia de Férias (área mínima do terreno 3.000 m2).

Atividades econômicas do lar. (área mínima do terreno 100m2).

Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Templos e instituições culturais e educacionais,

ZR3 Residências unifamiliares (área mínima do terreno 250 m2); Prédios de apartamentos (área mínima do terreno 200 m2);

Hotéis. Hospedaria e pensões. . (área mínima do terreno 1.000 m2) Colônia de férias (3.000 m2).

Comércio de varejo; Atividades econômicas do Lar.

Indústrias leves: Farmacêutica, perfumaria, velas, têxtil e Bebidas. (área mínima do terreno 300m2)

Templos e instituições culturais e educacionais.

ZEIS Residência unifamiliares e Habitações populares executadas pelas EMUHAB (área mínima do terreno 200 m2)

Comércio vicinal; Atividade econômica do lar. .(área mínima do terreno 50m2)

Áreas verdes e parques infantis

Usos institucionais de âmbito local.

ZC1 Residências unifamiliares (área mínima do terreno 250 m2); Edificações de uso misto - fração ideal 120m2.

Hotéis, hospedarias, pensões e colônias de férias. (área mínima do terreno 1.000 m2)

Comercio varejista e de prestação de serviço; Padarias. (área mínima do terreno 500 m2).

Gráficas de pequeno porte; Comércio atacadista e indústrias leves. (área mínima do terreno 750 m2).

Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Instituições educacionais, culturais, religiosas e templos.

ZC2 Residências unifamiliares; Edificações de uso misto (fração ideal 80m2).

Hotéis, hospedarias, pensões e colônias de férias. (sem limite de área do terreno mais com fração ideal de 50 m2)

Comercio varejista e de prestação de serviços; Padarias. (área mínima do terreno 500 m2).

Areas verdes; Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Usos institucionais diversificados.

ZC3 Residências unifamiliares; Residências coletivas; Prédios de

Hotéis em Geral e Colônia de Férias (área mínima do

Comercio varejista e de prestação de serviços; padarias

Areas verdes; Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Usos institucionais diversificados.

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apartamentos (área mínima do terreno 500 m2); Edificações de uso misto (todos com fração ideal 120 m2).

terreno de 1.000 m2)

ZCI Residência unifamiliar (conforme a ZR3) (área mínima do terreno 500 m2)

Comércio Varejista e Atacadista. Prestação de serviço (postos de abastecimento, bares e restaurantes); Garagem de veículo de frota.

Indústrias leves: Farmacêutica, perfumaria, velas, têxtil e Bebidas. Madeira bruta e aparada; minerais não-metálicos.

Áreas verdes e de recreação. Uso institucional á critério do órgão competente)

Estabelecimentos de utilidade pública como posto de saúde, corpo de Bombeiro, delegacia de policial.

ZEP1

Residências Unifamiliares (área mínima 1.000 m2); Condomínios horizontais (área mínima 15.000 m2)

Hotéis em Geral e Colônia de Férias (área mínima do terreno 15.000 m2)

Comércio ambulante e pequeno comércio.

Reservas florestais; Areas verdes; Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Estabelecimentos e serviços públicos; Clubes e associações recreativas.

ZEP2

(20% de área permeável a cada 1.000 m2).

Pátio de estacionamento para ônibus e veículos particulares. Espaços cobertos para exposições e eventos culturais. Parques infantis e de diversões

Areas verdes; Recreio ativo, passivo ou paisagístico.

Prédios de valor históricos e de preservação da memória do município; Instituições culturais e anfiteatros ao ar livre.

ZUR Condomínios horizontais. (área mínima 15.000 m2)

Hotéis de Lazer e hotéis-fazenda (área mínima do terreno 20.000 m2)

Núcleos Rurais Ativ. Agrícolas e pecuárias; Indústria extrativa vegetal e agro-indústria

Horto Florestal e áreas de reflorestamento. Sítios de recreio.

Associações Recreativas.

Fonte: Lei de Zoneamento de Campos do Jordão nº 1.538/85 de 13 de Dezembro de 1985.

Os mapas a seguir se referem ao zoneamenoto

acima, confome Lei no. 1538/85; e às plantas integrantes do

Plano Diretor de 2003 contendo: situação do uso do solo,

localização dos equipamentos, localização das áreas

residenciais divididas pelas densidades, propostas de

sanemaneto e propostas para o sistema viário (trilhas e

circuitos turísticos).

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(mapas anexados na impressão final)

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Da situação desejada para a situação real:

Verifica-se que o planejamento urbano consistiu

inicialmente, em construir uma cidade com espaços distintos

de acordo com os usos e funções, viabilizando a

continuidade da atividade sanatorial e das atividades

turísticas.

Porém gerou um território segregado, que

permaneceu nesta condição, conforme visto nos planos

diretores. A divisão das zonas residências de menor

densidade acabou sendo mais valorizada para o mercado

turístico por se encontrar próximo as zonas de Interesse

Turístico (zep 1 e 2); enquanto que as zonas de maior

densidade se encarregou de abrigar as atividades funcionais

da cidade como os equipamentos saúd, e, as indústrias

leves, e os loteamentos populares.

Segundo OLIVEIRA (1991) trata-se de um

planejamento que visa ampliar o capital, sem gerar nem

expectativas de mudanças e muito menos de transformação

sócio-econômica. Apenas contribui com medidas práticas de

adequação e viabilização das demandas econômicas

requeridas pela procura turística, sem se preocupar com os

espaços ocupados pelas classes populares. Assim, como

resultado de um planejamento urbano segregado, separam-

se as áreas interessantes para o turismo e

consequentemente de grande valor para o mercado

imobiliário e para as redes hoteleiras, deixado para a

população menos favorecida, às porções menos

desvalorizadas, áreas insalubres ou de proteção ambiental.

Nesta dinâmica entre espaços produtivos e

improdutivos para o mercado turístico, tem-se a indústria da

construção civil. Com o aumento das exigências legais para

a aprovação de um loteamento e a supervalorização dos

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terrenos, empreendimentos como condomínios, prédios de

apartamento, ou mesmo a residência unifamiliar se tornou

um produto caro e para o consumo de uma pequena parcela

da população local.

Nestas circunstancias, para reduzir os custos, a

utilização de uma mão-de-obra baseada no trabalho informal

e temporário se torna uma alternativa bastante útil para as

construtoras. Deste modo, a cidade se faz lado-a-lado com

seu canteiro de obras, onde é necessário conviver com

estes espaços e seus problemas, quer seja o caos de sua

organização quer seja o nível de miséria das classes

populares (OLIVEIRA, 1991).

Portanto, pode-se concluir que a procura turística

tem gerado nas cidades uma produção de espaços legais

voltado para o mercado turístico, no qual estes por sua vez

necessitam do trabalho de uma população que vive na sua

maioria, nos espaços ilegais.

Abaixo segue uma síntese dos três últimos planos

diretores aprovados pelo município:

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Quadro 05 – Os três últimos zoneamentos de Campos do Jordão

PD Área urbana Área rural Área de Preservação Áreas de Habitação Multifamiliar (edifícios residenciais com comércio no pav. térreo). Áreas de unidades de Vizinhança com residência unifamiliar conforme a densidade líquida, a cada 100m2: • densidade de 50 pessoas • densidade de 140 pessoas • densidade de 200 pessoas

Núcleos Rurais (residência, comércio, escola, igreja ou capelas).

Áreas Comerciais: • Comércio central • Comércio em Unidades de

Vizinhança

Núcleos Rurais, Unidades Turísticas e Centro de Atração Turística.

Área do Parque Sanatorial. (Proibida a construção de sanatórios)

1962, aprovada pela lei nº 430 de 12/07/1962.

Área para Indústrias Leves Indústria Rural

Áreas de Proteção dos cursos d´agua, mananciais e lagos. Áreas de Preservação dos Aspectos Paisagísticos e das Reservas Florestais.

Zona residencial: • ZR1 – alta densidade

(habitações unifamiliares, coletivas, e comércio vicinal)

• ZR2 – média densidade (habitações unifamiliares e coletivas, hotéis, motéis e colônias de férias)

• ZR3 - baixa densidade • (habitações unifamiliares e

coletivas, hotéis, motéis e colônias de férias)

Zona Rural • Núcleos Rurais • Unidades Turísticas

Zona Comercial • Central • Secundaria

Núcleos Rurais

Zona de Interesse Turistico Zona de Interesse Turístico Zona Sanatorial (proibido a construção de

Sanatórios).

1978, no qual se constitui das seguintes leis: Lei nº 1094/78, Lei nº 1095/78, Lei nº 1096/78, Lei nº 1097/78.

Zona Industrial

Áreas de Preservação Permanente: • Parque Estadual, • Áreas de Reserva

Florestal, • Áreas de

Reflorestamento • Matas de

araucária angustifólia

• Várzeas dos rios Capivari e Sapucaí-Guaçu.

Zona de uso predominantemente residencial de: • ZR1 - Alta densidade • ZR2 - Média densidade • ZR3 - Baixa densidade. Zona Residencial de Interesse Social (habitação popular)

Núcleos Rurais, Unidades Turísticas e Centro de Atração Turística.

Zona de uso predominante de: • ZC1 - Comércio e serviço

vicinal; • ZC2 - Comércio e serviço

central; • ZC3 - Comercio e Serviços.

Zona de Interesse Turístico (área de proteção dos atrativos turísticos naturais)

2003, aprovada pela Lei nº 2.737 de 02/05/2003.

Zona de uso predominante de comércio atacadista e indústrias leves.

Zona Rural destinada a agricultura, pecuária e Indústria rural.

Zonas Especiais de Preservação Ambiental: ZEP1 (faixa de proteção ao rio Capivari e áreas de encostas); ZEP2 (áreas de reflorestamento); ZEP3 (áreas acima de 1.800 m de altitude).

Fonte: Planos Diretores de 1960,1978; Zoneamento de 1985; e Plano Diretor 2003. Elaborado por Adriana Silva Barbosa.

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A pesar dos inúmeros estudos e planos diretores

com o objetivo de transformar Campos do Jordão numa

estância turística, capaz de oferecer espaços compatíveis

para tal atividade, a cidade não estava preparada para um

turismo de massa tão intenso, como ocorreu nos últimos dez

anos.

A conclusão das obras do trecho Campos do Jordão,

Via Dutra denominada SP 123, permitiu o aumento do fluxo

de veículos e como conseqüência, a freqüência de

visitantes. Assim, a nova rodovia facilitou o acesso da classe

média-alta em seus veículos particulares, e de outro,

propiciou a articulação da cidade para o turismo de massa.

Tabela 08 – Crescimento da população residente em relação à população flutuante.

População Residente População Flutuante (temporada inverno)

Total anual de

visitantes 1990 35.065 450.000 --------- 1993 38.434 480.000 ---------- 1994 38.805 450.000 ----------- 1995 39.615 420.000 ---------- 1996 40.390 450.000 ---------- 1997 41.163 558.376 3.211.424 1998 42.024 622.592 3.041.836 1999 41.910 980.000 3.429.016 2000 43.736 1.000.000 3.437.556 2001 44.566 1.280.000 4.089.783 Fonte: www.2.uol.com.br/portaldecampos/dadosturisticos.html e SEADE.

Conforme a tabela acima, em 2001 a população

flutuante chegou a quase 30 vezes a população residente,

que se concentram no bairro turístico de Capivari. Ao

mesmo tempo, tem-se em 2005 uma população de 48.478,

com uma densidade demográfica de 168,33 habitantes por

km2, dentro de um município com uma área total de

288km2. Desta área total, em 2003, aproximadamente 90%

é considerada área urbana, o que favorece o aumento do

parcelamento do solo e a ocupação populacional que

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apresentou entre 2000 e 2005, uma taxa geométrica de

crescimento anual de 1,88%.

Mas conhecer a cidade, ao menos uma vez na vida,

faz parte do roteiro de milhares de pessoas. Porém logo ao

entrar na cidade, suas fantasias, alimentadas pela mídia,

são completamente frustradas. Os problemas econômicos e

sociais são visíveis, demonstrando uma condição de vida

muito divergente daquela imaginada.

Segundo o relatório de assessoria técnica para

recuperação das encostas, realizada pelo IPT – Instituto de

Pesquisas Tecnológicas (2001), a pedido da Secretaria de

Ciência, Tecnologia Desenvolvimento econômico e Turismo

do Estado de São Paulo, verificou-se que cerca de 1/3 da

população urbana de Campos do Jordão vive em condições

subnormais de habitação, em núcleos habitacionais situados

em encostas de alta declividade, em áreas consideradas

vegetação de preservação permanente.

Também, segundo informações obtidas através de

funcionários da prefeitura, existe um mercado de imóveis

ilegais, que garante a renda de inúmeras famílias das

classes populares. Consiste em pessoas que constroem

primeiro a residência para sua própria moradia, em áreas

invadidas e obviamente, sem a aprovação na prefeitura.

Depois, constrói outra para alugar ou vender. Então com o

dinheiro adquirido, compra-se um terreno para a construção

de outra residência e assim sucessivamente, formando um

mercado ilegal de habitações em áreas impróprias e de alto

risco.

Se o turismo, desde os primeiros estudos, era visto

como uma forma de criar melhores condições de vida tanto

da população residente como da população flutuante, torna-

se necessário a partir das próximas considerações,

analisarem a situação da população jordanense, em relação

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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à população das cidades vizinhas onde o turismo ainda não

se tornou tão intenso, e em relação a região de governo.

De acordo com informações obtidas através do

SEADE - Sistema Nacional de Análise de Dados, Campos

do Jordão não esta fora da média das cidades vizinhas e da

região de governo, quanto ao espaço e a infraestrutura

interna de seus domicílios.

Tabela 09 - Qualidade dos domicílios em Campos do Jordão em relação ao entorno.

CJ SBS SAP Reg. Gov

Domicílios com espaço suficiente (em %)

81,76 91,28 82,95 87,98

Domicílios com Infra-estrutura Interna Urbana Adequada. (em %)

75,84 76,70 74,18 91,15

Fonte: SEADE, wwww.seade.org.br. Observação: CJ = Campos do Jordão, SBS = São Bento do Sapucaí, SAP= Santo Antônio do Pinhal.

Com relação as habitações clandestinas, a

prefeitura, entre as décadas de 1980 a 1992 construiu 22

loteamentos em áreas de ZEIS – Zonas Especiais de

Interesse Social, mas ainda não foi possível superar o déficit

habitacional. Nos loteamentos implantados vários problemas

ocorreram com o tempo, como a descaracterização das

áreas destinadas ao comércio e aos equipamentos

institucionais, sendo ocupadas por outras habitações.

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Tabela 10 – Relação de Loteamantos Residenciais Populares em Campos do Jordão

ANO LOTEAMENTO Nº. UNIDADES1981 Loteamento Vila Nossa Senhora Fátima 121 1983 Loteamento Santa Cruz Popular 27 1983 Loteamento Floriano Rodrigues Pinheiro 240 1984 Loteamento Serra Azul I 79 1984 Loteamento Brancas Nuvens 242 1986 Loteamento Vista Alegre 139 1986 Loteamento Vila Imbiri 12 1986 Loteamento Serra Azul II 108 1986 Loteamento Vila Albertina 24 1987 Loteamento Monte Carlos 262 1987 Loteamento Guararema 183 1988 Loteamento Jardim Anápolis 32 1988 Loteamento Vila Paulista Popular 18 1990 Loteamento Vila Loly I 18 1990 Loteamento Vila Loly II 8 1990 Loteamento Freio Orestes 54 1990 Loteamento Bela Vista 13 1991 Loteamento Floresta NegraII 25 1991 Loteamento Vila Elisa 156 1992 Loteamento Otto Baumgart 290 1992 Jair Rocha Pinheiro 102

Total de unidades 3.153 Fonte: Plano Municipal de Redução de Risco, 2006.

Com relação a média de renda da população

residente, os dados do IBGE – Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, revela que a maior parte da

população com 10 anos ou mais de idade recebe de 01 a 03

salários mínimos.

Tabela 11 – Renda da População Residente

População com 10 anos ou + idade Habit. até 01 S.M. 3.359

01 a 02 S. Ms. 6.096 02 a 03 S. Ms. 4.677 03 a 05 S. Ms. 4.655 05 a 10 S. Ms. 3.040 10 a 20 S. Ms. 1.065

Mais de 20 S. Ms. 601 Sem rendimento. 11.799

Total 35.292 Fonte: IBGE, 2000.

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174

Apesar dos baixos salários da população, o turismo

tem gerado maior oferta de empregos no setor de comércio

(22,24%) e de serviços (67,70). No setor da construção civil,

Campos do Jordão (2,12%) e Santo Antonio do Pinhal (2,04)

se destacam, superando a Região de Governo (1,78%).

Tabela 12 – Participação de Empregos ocupados no total de empregos ocupados.

Empregos ocupados no total de empregos ocupados (em%)

CJ SAP

SBS R.G.

Agropecuária 0,70 22,48 6,34 2,42 Indústria 7,24 2,83 6,21 26,17 Construção Civil 2,12 2,04 0,54 1,78 Comércio 22,24 14,62 16,60 18,83 Serviços 67,70 58,02 70,31 50,79

Fonte: SEADE, 2003

A quantidade de empregos ocupados no setor da

construção civil se deve pelo fato do turismo estimular o

mercado imobiliário oferecendo inúmeros loteamentos

residenciais, voltado para a população flutuante, mantendo

uma média acima da região de governo.

Quanto à oferta de empregos no setor de serviços,

isto ocorre devido ao grande parque hoteleiro disponível na

cidade. Observa-se no quadro abaixo que, a variedade de

categoria dos equipamentos hoteleiros, que vai desde hotéis

de luxo a pensões com serviços básicos de café da manhã,

acaba oferecendo postos de trabalho tanto para

profissionais capacitados como para aqueles sem nenhuma

qualificação. Portanto têm-se, além da construção civil

ocupada por uma mão-de-obra voltada para o serviço

braçal, os hotéis que oferecem empregos nos quais não é

necessário ter alto nível de escolaridade.

Tabela 13 – Número de hotéis disponíveis

Localização Hotéis e Pousadas

Nível de conforto

Nº Aptos/chale

Valor da diária (R$)

Área Residencial

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Popular Jaguaribe Orotour

Garden C 65 507/500

Alto da Boa Vista

Pousada Confraria das

Pedras

C 10 288/360

Albernéssia Portal das Cerejeiras Pousada

C 19 165/275

Jaguaribe Cantinho de Portugal

C 20 200/250

Jaguaribe Pousada La Fontaine

MC2 05 350/350

Jaguaribe Shallon MC2 62 250/350 Alto da Boa

Vista Vale dos Sonhos

MC2 07 220/240

Albernéssia Da Toco S 16 200/400 Jaguaribe Pousada

Ararinha Azul S 26 200/300

Alto da Boa Vista

Pousada Alto da Boa Vista

S 14 250/400

Albernéssia Recanto Paulista

S 05 280/280

Jaguaribe Chez Tetê S 40 170/200 Jaguaribe Pousada

Chabilis S 16 270/290

Jaguaribe Refugio Comodo

S 20 160/250

Albernéssia Pousada Recanto Mono

S 06 230/260

Albernéssia Pousada os Esquilos

S 18 170/250

Alto da Boa Vista

Alpenhaus S 50 150/179

SUBTOTAL 17 369 (entre 160/500)

Área residencial Turística

Capivari Grande Hotel Campos do

Jordão

MC1 95 846/1046

Alto do Capivari

Quatre Saison MC1 95 500/1500

Capivari Pousada La Villette

MC1 08 800/1000

Vila Inglesa Recanto dos Sonhos

MC1 40 750/1860

Capivari Leão da Montanha

C 72 500/700

Capivari Flat Hotel Palazzo Reale

C 50 220/560

Alto do Capivari

Pousada Chateau Colinas

C 25 300/400

Vila Inglesa Vila Inglesa C 50 600/800 Morro do Elefante

Pousada Vila Menotti

C 09 690/690

Capivari Serra da Estrela

C 78 315/500

Capivari Hotel Frontenac

C 47 420/1350

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Capivari Pousada Vila das Cores

C 17 237/297

Capivari Hotel Terrazza

C 90 180/250

Capivari Constellation Lodge

C 20 400/600

Capivari Pousada Vila Capivary

C 15 550/700

Toriba Toriba C 32 597/797 Capivari Canadá

Lodge C 22 470/470

Capivari Pousada Villa D’Biagy

MC2 25 360/390

Capivari Sagres MC2 70 380/380 Alto da Vila

Inglesa Pousada

Grande Vista MC2 20 300/350

Alto do Capivari

Pousada Recanto Almeida

MC2 35 390/390

Vila Natal Pousada Vila Natal

MC2 15 300/300

Alto Vila Inglesa

Casa dos Sonhos

MC2 08 250/250

Bela Pousada MC2 08 260/260 Capivari Pousada

Campos de Provence

MC2 18 600/600

Capivari Estoril I e II MC2 200 380/420 Leoni di Saez MC2 24 350/350

Capivari Pousada Villagio Itália

MC2 13 208/260

Capivari Solar da Montanha

S 26 280/280

Capivari Pousada das Hortências

S 26 350/400

Capivari Bethânia S 20 300/300 Capivari Mendenhall S 52 170/250 Capivari Chateau S 34 290/350 Capivari Pousada

Cheverny S 18 295/526

Capivari Vale Verde S 40 200/200 Capivari Vila Campos S 11 350/350 Capivari Matsubara S 22 500/500 Capivari Benevento S 36 150/250 Capivari Casa São

José S 40 150/250

Capivari Aldeia da Serra

S 40 180/250

Capivari Kaliman S 70 240/320 Capivari Hotel J.B. S 75 200/350 Capivari Europa S 54 300/330 Capivari Hotel Chateau S 34 290/350 Capivari Capivari Plaza S 31 220/250 Capivari Nevada S 16 290/290 Capivari Alcalá Plaza S 40 600/600

Alto da Vila Inglesa

Pousada Mendenhall

S 23 400/400

SUBTOTAL 48 1.909 (entre 200/1350)

ÁREA RURAL Rodov. SP - Pousada Saint S 15 280/280

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177

123 Clare Estr. da Usina

do Fojo Plaza Inn Week Inn

S 35 290/290

Estr. para São Bento Sapucaí

Pesca na Montanha

S 07 190/400

Estr. da Minalba

Krihna Shakti Ashram

S 07 250/450

SUBTOTAL 04 64 (entre 190/450)

TOTAL 69 2.372 Fonte: Guia Quatro Rodas. 2005. www.guiacamposdojordao.com.br

OBS: Os hotéis foram classificados pelo conforto, dentro de uma mesma categoria: S – Simples; MC1 – Muito Confortável; C – Confortável; MC2 – Médio Conforto e S – Simples. Os hotéis que estão escrito em verde, são aqueles considerados pelo guia, localizados em ambiente agradável próximos de um lago, parque, represa ou em fazenda..

Apesar dos problemas sociais, a cidade tem se

destacado na região, devido ao seu complexo hoteleiro, da

quantidade de estabelecimento de comércio e serviços,

como restaurantes e lojas especializadas. Assim, apesar

dos problemas habitacionais, tal estrutura tem colocado a

cidade, dentro de sua área de influência na categoria de

cidade-pólo, no qual as cidades do entorno tem se

beneficiado de seus serviços.

Tabela 14 – Estabelecimentos Comerciais, Serviços e Industriais.

Estabelec.

Comercio

Estabelec. Serviços Estabelec. Industrial

1995 2000 2003 1995 2000 2003 1995 2000 2003

CJ 419 498 593 383 470 590 210 149 99

SBS 25 37 48 24 30 39 29 21 8

SAP 20 27 44 13 30 52 10 10 8

ML 9 16 22 9 28 36 8 4 3

Fonte: SEADE, 2005. OBS: CJ – Campos do Jordão, SBS – São Bento do Sapucaí; SAP – Santo Antonio do Pinhal; ML – Monteiro Lobato.

Dentro deste papel, a cidade tem gerado emprego

não somente para os residentes da cidade, mas também

para a população vizinha que na época da temporada de

inverno, buscam trabalho em Campos do Jordão. Apesar

destas cidades, também apresentarem um crescimento no

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178

número de empregos ocupados no comércio e no serviço

por também atuarem na atividade turística, Campos do

Jordão continua tendo maior destaque.

Tabela 15 – Número de Empregos Ocupados

Empregos Ocupados Comércio

Empregos Ocupados no Serviço

Empregos Ocupados na

Industria

1995 2000 2003 1995 2000 2003 1995 2000 2003

CJ 1.162 1.680 1.972 4.334 4.974 6.004 1.056 886 642

SBS 50 61 123 291 394 521 105 108 46

SAP 41 70 93 195 403 369 52 15 18

Fonte: SEADE. OBS: CJ – Campos do Jordão, SBS – São Bento do Sapucaí; SAP – Santo Antonio do Pinhal; ML – Monteiro Lobato.

Mas apesar do comércio e dos serviços empregarem

muitos trabalhadores sem nenhuma especialização

profissional é um setor que só funciona a todo vapor na

temporada de inverno havendo, sendo o trabalhador

obrigado a buscar outras fontes de renda. E, uma das

alternativas encontradas por muitos desempregados é a

construção de residências ilegais para serem alugadas

dentro do mercado informal.

Na área da educação em relação às cidades

vizinhas, a média de anos de estudos da população entre 15

a 64 anos é 0,60% a mais, mostrando que, as atividades

turísticas não influenciaram no aumento dos anos de

estudos da população. Também, apesar do plano de 2003

ter colocado como meta, a capacitação profissional, o

número de escolas de nível médio e superior não parece ser

o suficiente para atingir este objetivo.

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179

Tabela 16 – Situação da Educação no município.

Educação CJ SAP SBS Reg. Gov.

Taxa de Analfabetismo da População de 15 Anos e Mais (Em %)

7,72 12,22 11,1 6,16

Média de Anos de Estudos da População de 15 a 64 Anos

6,40 5,88 5,78 7,70

População de 25 Anos e Mais com Menos de 8 Anos de Estudo (Em %)

67,15 71,77 75,47 54,33

População de 18 a 24 Anos com Ensino Médio Completo (Em %)

24,93 21,07 29,38 40,42

Fonte: SEADE, 2000. OBS: CJ – Campos do Jordão, SBS – São Bento do Sapucaí; SAP – Santo Antonio do Pinhal; ML – Monteiro Lobato.

Tabela 17 – Números de escolas de ensino fundamental, médio e superior no município de Campos do Jordão.

Escolas públicas particular TOTAL Ensino fundamental 25 05 30 Ensino médio 04 02 06 Ensino superior ___ 01 01 Fonte: IBGE, 2004.

Com relação à saúde, o que se destaca é a taxa de

mortalidade infantil entre 15 a 34 anos o que provavelmente

se deve a precariedade das condições de moradia de uma

considerável parcela da população, além da falta de

tratamento de esgotos domésticos, que pode ocasionar em

inúmeras doenças.

Tabela 18 – Situação da população no setor da saúde

CJ SBS SAP Reg. Gov.

Taxa de Natalidade (Por mil habitantes)

19,86 10,47 13,92 15,64

Taxa de Fecundidade Geral (Por mil mulheres entre 15 e 49 anos)

70,06 38,71 52,63 55,07

Taxa de Mortalidade Infantil (Por mil nascidos vivos)

21,16 0,00 31,91 16,84

Taxa de Mortalidade da População entre 15 e 34 Anos (Por cem mil habitantes)

250,23 105,88 42,77 142,25

Taxa de Mortalidade da População de 60 Anos e Mais (Por cem mil habitantes)

5.331,37 3.618,91 4.518,95 4.178,40

Fonte: SEADE, 2006.

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180

Na parte de saneamento Campos do Jordão faz

parte da UGRHI – Unidade de Gerenciamento de Recursos

Hídricos da Serra da Mantiqueira, que devido à sua pequena

extensão, condicionamento fisiográfico e ocupação foram

divididos em duas unidades hidrográficas principais. A

Sapucaí-Mirim, a oeste, que atende os municípios de Santo

Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí e a Sapucaí-

Guaçu, a leste, na área de influência de Campos do Jordão.

Neste aspecto, o problema mais agravante para

Campos do Jordão é a ausência de sistema de tratamento

de esgoto. Para uma estância que recebe, somente na

temporada de inverno, 1.200.000 pessoas, o lançamento de

todo o esgoto in-natura no rio Sapucaí, só vem prejudicando

a imagem da cidade, que gera sujeira e mau cheiro.

Conforme relatório da UGRHI, os resíduos sólidos e

esgotos, somados à expansão imobiliária (loteamentos,

chácaras etc.), têm acarretado sérios problemas de

degradação ambiental.

Quadro 06 – Nível de atendimento de serviços urbanos

CJ(2000) SBS(2003) SAP(2000) Reg.Gov.

Coleta de Lixo –

Nível de Atendimento

(%)

98,53 99,49 97,81 98,74

Abastecimento de

água – Nível de

Atendim. (%)

86,97 98,97 83,31 96,40

Esgoto Sanitário –

Nível de Atendimento

(%)

74,14 75,02 72,47 89,78

Esgoto Sanitário

Tratado (%)

(Não

tem)

NA 100 NA

Fonte: SEADE, 2000.

No setor de abastecimento de água, a tabela mostra

uma porcentagem de abastecimento próximas das taxas das

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181

cidades vizinhas e da região de governo. Mas o relatório da

UGRHI mostra que, a população flutuante tem gerado altas

demandas sazonais de água, abastecida por apenas três

sistemas de capitação (Salto, Perdizes e Fojo), fato este que

acaba por ocasionar na insuficiência de água, nas

temporadas de inverno.

Com relação a preservação ambiental, em todos os

planos diretores ficou proibido a devastação da vegetação

nativa das encostas e da vegetação que margeia os cursos

d´agua. Além das normas restritivas dos planos diretores, a

cidade passou a sofrer outras restrições formais. Pelo fato

de possuir áreas consideradas de relevante valor ambiental,

o município de Campos do Jordão recebeu diversas

categorias de proteção, tendo sido incluídos nas Áreas de

Proteção Ambiental (APAs), Federal, Estadual e Municipal, e

possuindo três Parques Estaduais (de Campos do Jordão,

dos Mananciais e da Represa do Fojo), além das áreas

previamente protegidas pelo Código Florestal, que incluem

as nascentes e margens de cursos d´agua, locais com alta

declividade e acima de 1800 de altitude. (GALLO JUNIOR,

2000). Contudo mesmo com inúmeras restrições, não foi

possível conter a expansão urbana.

Segundo MODENESI-GAUTTIERI (2004), a

expansão urbana e a decorrente descaracterização do

mosaico original da vegetação, ocorreram com maior

intensidade nas décadas de 1970 e 1980, quando se

verificou o auge da exploração imobiliária, com a

multiplicação dos loteamentos e edificações. Portanto,

observando o quadro abaixo se nota que a intensa

expansão urbana de Campos do Jordão, aconteceu antes

da instituição de seu território como APA – Área de

Preservação Ambiental, em 1983. O mesmo aconteceu com

as demais cidades vizinhas, dentro de uma época em que

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182

os aspectos de proteção ambiental ainda não eram levados

em consideração dentro do planejamento urbano.

Tabela 19 – Distribuição das APAS nos 3 municípios.

MUNICÍPIOS APA federal (DF nº 91.304 de

3/6/1985)

APA estadual (Lei nº 4.105 de

26/6/1984)

APA municipal (Dec. 1.161 de

03.06.1983) Campos do Jordão

Serra da Mantiqueira

Campos do Jordão

(Dec. 20.969 de 03.06.1983)

Campos do Jordão

Santo Antônio do Pinhal

Serra da Mantiqueira

Sapucaí-Mirim (D.E.nº 43.285,

de 3/7/1998)

____________

São Bento do Sapucaí

Serra da Mantiqueira

Sapucaí-Mirim (D.E.nº 43.285, de

3/7/1998)

____________

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e ATLA, 2003.

Esta situação se agravou na década de 1990 quando

a legislação municipal considerou que 80% da área do

município estariam dentro da área urbana, o que contribuiu

para o aumento dos problemas relacionados ao

parcelamento e ocupação dos terrenos considerados de

risco, provocando o aumento da degradação ambiental.

Expansão Urbana de Campos do Jordão nas décadas de 1970, 1980 e 2000. Fonte: MODENESI-GAUTTIERI; HIRUNA, 2004.

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183

Com relação ao meio ambiente natural como atrativo

turístico, a pesquisa de campo, realizada por GALLO

JUNIOR (2000), para analisar a percepção ambiental dos

turistas e dos residentes, revelou que os que freqüentam o

parque estadual de Campos do Jordão se caracterizam por

pessoas na faixa de 31 a 40 anos, com 3º grau completo

(64%), proveniente de São Paulo (48%) que estão visitando

o parque pela primeira vez (43%), junto com a família (80%)

e apenas 18% estavam visitando pela segunda vez. A

permanência do parque se restringe a duas ou três horas no

máximo (58%) com o objetivo de apreciar a paisagem

(33%). Com estas informações GALLO JUNIOR notou que

os jovens turistas vêm a Campos do Jordão motivados pelo

“agito” proporcionado pelas atividades noturnas e não pela

“bela paisagem”.

Tal pesquisa leva a concluir que a motivação de

visitar a cidade acaba ocorrendo na época dos grandes

eventos, na temporada de inverno, porque este é o principal

motivo da procura turística. As atividades relacionadas com

a natureza acabam ficando em segundo plano e por apenas

algumas horas.

§ § §

Diante destas análises, pode-se concluir que os

inúmeros estudos e planos diretores aprovados que tinham

como objetivo melhorar a qualidade de vida dos residentes e

ao mesmo tempo, favorecer as atividades turísticas, não

conseguiram atingir a tais expectativas.

O Plano Diretor aprovado em 2003 recebe agora a

função acumulada de tentar atender a todas as expectativas

dos planos anteriores, no qual se podem destacar aquelas

que interferiram diretamente na imagem da cidade,

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Espaço Urbano e Turismo: o caso de Campos do Jordão, SP

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184

enquanto estância turística: a recuperação das encostas e a

preservação das áreas naturais.

Ao mesmo tempo o plano coloca dentro dos

objetivos principais, a desconcentração das atividades

turísticas para fora dos núcleos turísticos tradicionais.

Então pensando nestes objetivos, conclui-se que

Campos do Jordão esta entrando numa fase em que se

torna necessário a renovação do seu destino turístico. Se no

início da exploração turística, a cidade necessitava do

estimulo visual de uma cidade européia, atualmente esta

imagem só vem reforçar um turismo de massa que não

contribui para a melhoria da qualidade do espaço urbano.

Segundo IGNARRA (2001), nesta fase de perda da

qualidade do destino turístico é preciso buscar soluções

criativas e diversificar as atividades turísticas com o objetivo

principal de desconcentrar o fluxo de visitantes. Isto significa

oferecer novos segmentos do mercado turísticos, como o

turismo de negócios, o turismo de aventura ou o ecoturismo.

No caso de Campos do Jordão, é possível explorar

vários segmentos do turismo, visto que a cidade já

apresenta um vasto parque hoteleiro, variedades na oferta

de comércio e serviços e um parque estadual em que é

possível a exploração de atividades ecológicas.