Dissertacao Clarissa c Campos

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  • 7/25/2019 Dissertacao Clarissa c Campos

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULOFaculdade de Arquitetura e Urbanismo

    Clarissa Cordeiro de Campos

    Eficincia energtica em edifcios hospitalaresobtida por meio de estratgias passivas:

    Estudo da reduo do consumo com climatizao artificial para

    arrefecimento do ar em salas de cirurgia

    So Paulo

    2013

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    Clarissa Cordeiro de Campos

    Eficincia energtica em edifcios hospitalaresobtida por meio de estratgias passivas:

    Estudo da reduo do consumo com climatizao artificial para

    arrefecimento do ar em salas de cirurgia

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

    So Paulo para obteno do ttulo de Mestre

    em Arquitetura e Urbanismo.

    rea de Concentrao: Tecnologia daArquitetura.

    Linha de Pesquisa: Conforto, EficinciaEnergtica e Ergonomia.

    Orientadora: Profa. Dra. Ansia BarrosFrota.

    So Paulo

    2013

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    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTETRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARAFINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    E-MAIL AUTORA: [email protected]

    Campos, Clarissa Cordeiro deC198e Eficincia energtica em edifcios hospitalares obtida por meio

    de estratgias passivas: estudo da reduo do consumo comclimatizao para arrefecimento do ar em salas de cirurgia / ClarissaCordeiro de Campos. --So Paulo, 2013.

    365 p. : il.

    Dissertao (Mestrado - rea de Concentrao: Tecnologia daArquitetura )FAUUSP.

    Orientadora: Ansia Barros Frota

    1.Consumo de energia (Simulao computacional) 2.Edifciosde sade 3.Energia (Eficincia) I.Ttulo

    CDU 621.31

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    Nome: Clarissa Cordeiro de Campos

    Ttulo: Eficincia energtica em edifcios hospitalares obtida por meio de estratgias

    passivas: estudo da reduo do consumo com climatizao artificial paraarrefecimento do ar em salas de cirurgia.

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

    So Paulo para obteno do ttulo de Mestre

    em Arquitetura e Urbanismo.

    Aprovado em:_______________________________

    Banca Examinadora

    Prof. Dr.______________________________Instituio:______________________

    Julgamento:___________________________Assinatura:______________________

    Prof. Dr.______________________________Instituio:______________________

    Julgamento:___________________________Assinatura:______________________

    Prof. Dr.______________________________Instituio:______________________

    Julgamento:___________________________Assinatura:______________________

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    AGRADECIMENTOS

    Professora Dra. Ansia Barros Frota, pela presena constante e orientao

    cuidadosa em todas as etapas do desenvolvimento desta pesquisa.

    Ao Professor Dr. Leonardo Marques Monteiro, pela disponibilidade e apoio durante o

    aprendizado e utilizao do softwareutilizado neste trabalho.

    Ao Professor Dr. Norberto Corra da Silva Moura pela disponibilizao de licena do

    software Tas Building Simulator e Professora Dra. Iraci Miranda Pereira, pelo

    arquivo climtico utilizado durante as simulaes.

    s equipes que me receberam nos hospitais visitados, e sua boa vontade em prestar

    informaes e fornecer todo o material essencial realizao deste trabalho.

    Ao Guilherme Nunes de Vasconcelos, pelo incentivo, carinho e compreenso, que

    tanto contriburam para minha dedicao atividade de pesquisa.

    minha me, Rosangela, pelo estmulo e disponibilidade por todo o caminho

    percorrido, de todas as maneiras possveis.

    Ao meu pai, Henrique Marcos, pelo apoio constante e contribuio, com seus

    conhecimentos na rea mdica, ao enriquecimento deste estudo.A todos aqueles que de alguma maneira contriburam e viabilizaram a realizao de

    todas as etapas deste trabalho,

    muito obrigada.

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    RESUMO

    CAMPOS, Clarissa Cordeiro de. Eficincia energtica em edifcios hospitalaresobtida por meio de estratgias passivas: estudo da reduo do consumo comclimatizao artificial para arrefecimento do ar em salas de cirurgia. 2013. 365p.Dissertao (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Tecnologia da Arquitetura).Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo,2013.

    A pesquisa prope avaliar quantitativamente a eficcia do emprego de estratgias

    passivas em um bloco cirrgico hospitalar para a reduo do consumo de energia

    eltrica com fins de arrefecimento do ar. A partir do estudo da conformao histrica

    do edifcio hospitalar e da identificao das unidades funcionais em que obrigatrio

    o uso de ar condicionado; das caractersticas de gerao e consumo de energia

    eltrica no Brasil e potenciais de economia energtica em edificaes, com foco em

    hospitais; seguidos do estabelecimento de conceitos bsicos de trmica de

    edificaes, estabeleceu-se o embasamento terico para a realizao de estudos de

    caso na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. A anlise comparativa dos dadosde rea fsica, sistemas de iluminao artificial, climatizao e equipamentos

    coletados em seis blocos cirrgicos possibilitou a seleo de uma unidade para

    construo de modelo computacional e realizao de simulaes em software de

    anlise de desempenho trmico e energtico de edificaes. Os resultados

    alcanados demonstraram a importncia de se considerar as condies

    bioclimticas locais, em especial o controle da insolao direta, bem como

    reforaram a concepo de que o projeto arquitetnico pode contribuir para aeficincia energtica da edificao, mesmo quando obrigatrio o uso de ar

    condicionado. A realizao de simulaes computacionais se mostrou vantajosa,

    visto que possibilita a comparao de diversas opes de projeto com objetividade,

    antes de sua efetiva implementao.

    Palavraschave: eficincia energtica; estratgias passivas; arquitetura hospitalar;

    simulao computacional.

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    ABSTRACT

    CAMPOS, Clarissa Cordeiro de. Energy efficiency in hospital buildings achievedthrough passive strategies: a study of reduced consumption with air conditioning forair-cooling in operating rooms. 2013. 365p. Masters Thesis. Faculdade deArquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2013.

    The research quantitatively evaluate the effectiveness of the use of passive

    strategies in a surgical ward for reducing energy consumption for the purpose of air-

    cooling. The study of the historic conformation of the hospital building and the

    identification of the functional units in which it is mandatory the use of air

    conditioning; the characteristics of generation and consumption of electricity in Brazil

    and potential energy savings in buildings, focusing on hospitals; followed by the

    review of basic concepts of building heat transfer, established the theoretical basis

    for conducting case studies in the city of Belo Horizonte, Minas Gerais. A

    comparative analysis of physical area, artificial lighting, air conditioning systems and

    equipment data collected in six surgical wards enabled the selection of one unit to

    build a computational model and run simulations with the use of a software for

    thermal and energy performance of buildings. The results demonstrated the

    importance of considering local bioclimatic conditions, in particular the control of

    direct sunlight, as well as reinforced the concept that architectural design can

    contribute to the energy efficiency of the built environment, even when the use of air

    conditioning is mandatory. Performing computer simulations proved advantageous,

    since it enables objective comparison of different design options before its effectiveimplementation.

    Keywords: energy efficiency; passive strategies; hospital architecture; computer

    simulation.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 - Plano da construo do Valetudinariumde Vindonissa .................................... 34

    FIGURA 2 - Plano elaborado por Malachias Geiger para construo de um lazareto. ......... 40

    FIGURA 3 - Vista do Htel-Dieude Paris no fim do sculo XVII .......................................... 42

    FIGURA 4 - Misericrdia de Santos, em 1836. .................................................................... 52

    FIGURA 5 - Hospcio D. Pedro II, para alienados, construdo pela Santa Casa do Rio deJaneiro, em 1852........................................................................... ................................ 54

    FIGURA 6 - Atribuies de Estabelecimentos Assistenciais de Sade. ............................... 58

    FIGURA 7 - Legenda. .......................................................................................................... 60

    FIGURA 8 - Trocas de calor atravs de elementos construtivos .......................................... 91

    FIGURA 9 - Dados de radiao solar incidente (Ig) sobre planos verticais e horizontais(W/m2). Latitude: 20 Sul, para condies de cu limpo.................................................95

    FIGURA 10 - Dados informados em reator eletrnico. ....................................................... 100

    FIGURA 11 - Hospital Belvedere, vista area. ................................................................... 111

    FIGURA 12 - Hospital Belvedere, fachada principal. .......................................................... 111

    FIGURA 13 - Hospital Belvedere, circulao do primeiro pavimento. ................................. 115

    FIGURA 14 - Hospital Belvedere, bloco cirrgico, recuperao ps-anestsica................. 115

    FIGURA 15 - Hospital Belvedere - planta do bloco cirrgico (sem escala). ........................ 116

    FIGURA 16 - Ar condicionado em janela alta ..................................................................... 118

    FIGURA 17 - Ar condicionado tipo split.............................................................................. 118

    FIGURA 18 - Foco da sala de cirurgia 1 ............................................................................ 124

    FIGURA 19 - Foco da sala de cirurgia 5 ............................................................................ 124

    FIGURA 20 - Lmp. Incandescente refletora 25 W/12 v..................................................... 125

    FIGURA 21 - Lmp. Halgena 55 W/12 v .......................................................................... 125

    FIGURA 22 - Clnica Origen, vista area ........................................................................... 127

    FIGURA 23 - Clnica Origen, fachada principal .................................................................. 127

    FIGURA 24 - Clnica OrigenBloco cirrgico (sem escala) .............................................. 130

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    FIGURA 25 - Sada de ar e janela alta, sala de cirurgia 2 .................................................. 130

    FIGURA 26 - Sala de cirurgia 2 ......................................................................................... 130

    FIGURA 27 - Foco da sala de cirurgia 1 ............................................................................ 136

    FIGURA 28 - Foco da sala de cirurgia 2 ............................................................................ 136

    FIGURA 29 - Hospital Sofia Feldman, vista area ............................................................. 138

    FIGURA 30 - Hospital Sofia Feldman, fachada principal .................................................... 138

    FIGURA 31 - Hospital Sofia FeldmanBloco cirrgico (sem escala) ................................ 141

    FIGURA 32 - Janelas altas, sala de cirurgia 2.................................................................... 142

    FIGURA 33 - Foco cirrgico da sala de cirurgia 1. ............................................................. 147

    FIGURA 34 - Complexo Hospitalar das Clnicas ................................................................ 149

    FIGURA 35 - Fachada do Hospital So Vicente de Paulo .................................................. 150

    FIGURA 36 - Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson (sem escala) ........................................ 155

    FIGURA 37 - Circulao ala norte...................................................................................... 157

    FIGURA 38 - Sala para guarda de equipamentos .............................................................. 157

    FIGURA 39 - Fan Coil da farmcia satlite ........................................................................ 159

    FIGURA 40 - Circulao interna ala norte - sada de ar condicionado no forro .................. 159

    FIGURA 41 - Foco cirrgico mvel .................................................................................... 169

    FIGURA 42 - Foco da sala de cirurgia 3 ............................................................................ 169

    FIGURA 43 - Centro Obsttrico (sem escala). ................................................................... 172

    FIGURA 44 - Foco cirrgico mvel .................................................................................... 181

    FIGURA 45 - Foco cirrgico fixo ........................................................................................ 181

    FIGURA 46 - Bloco Cirrgico do Hospital So Geraldo (sem escala). ............................... 184

    FIGURA 47 - Ar condicionado tipo split, sala de cirurgia 4. ................................................ 186

    FIGURA 48 - Foco da sala de cirurgia 5 ............................................................................ 190

    FIGURA 49 - Foco cirrgico mvel .................................................................................... 190

    FIGURA 50 - Ala norte Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson, sem escala .......................... 209

    FIGURA 51 - Hospital So Vicente de Paulo: reas modeladas, sem escala .................... 212

    FIGURA 52 - Modelo 3D do Hospital So Vicente de Paulo, 4, 5 e 6 pavimentos. ......... 213

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    FIGURA 78 - Hospital So Vicente de Paulo - Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson - plantasala norte e ala sul (sem escala). ................................................................................. 361

    FIGURA 79 - Hospital So Vicente de Paulo - Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson - plantaala leste e cortes esquemticos AA e BB (sem escala) .............................................. 362

    FIGURA 80 - Hospital So Vicente de Paulo - Centro Obsttrico - planta (sem escala). .... 363

    FIGURA 81 - Hospital So Vicente de Paulo - Ala norte pav. 4 e 6 - plantas (s/escala). .... 364

    FIGURA 82 - Bloco Cirrgico do Hospital So Geraldo - planta e cortes esquemticos (semescala) ....................................................................................................................... 365

    GRFICO 1 - Oferta interna de energia eltrica no Brasil, 2010 .......................................... 70

    GRFICO 2 - Consumo de energia eltrica por setores no Brasil, 2007 .............................. 72

    GRFICO 3 - Distribuio do consumo de energia eltrica em hospitais e clnicas, 2008 ... 75

    GRFICO 4 - Esquema explicativo do fenmeno da inrcia trmica de uma parede real (q2)e de uma parede fictcia de peso nulo (q1)........................................ ........................... 96

    GRFICO 5 - Taxas de ventilao recomendadas ............................................................ 103

    GRFICO 6 - Distribuio dos tipos de luminrias encontradas no bloco cirrgico do HospitalBelvedere, 2011.................................................................. ........................................ 120

    GRFICO 7 - Distribuio por potncia das lmpadas do bloco cirrgico do HospitalBelvedere, 2011.................................................................................... ....................... 123

    GRFICO 8 - Distribuio dos tipos de luminrias encontradas no bloco cirrgico da ClnicaOrigen, 2012........................................................................................... ..................... 133

    GRFICO 9 - Distribuio por potncia das lmpadas do bloco cirrgico da Clnica Origen,2012............................................................................................................. ................ 135

    GRFICO 10 - Distribuio dos tipos de luminrias encontradas no bloco cirrgico doHospital Sofia Felman, 2012.................................................... ................................... 144

    GRFICO 11 - Distribuio por potncia das lmpadas do bloco cirrgico do Hospital SofiaFeldman, 2012.......................................................................................... ................... 146

    GRFICO 12Distribuio dos tipos de luminrias do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson,2012..................................................................................................... ........................ 162

    GRFICO 13 - Distribuio por potncia lmpadas Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson,2012.......................................................................................................... ................... 163

    GRFICO 14 - Distribuio dos tipos de luminrias encontradas no Centro Obsttrico,2012........................................................................................................ ..................... 175

    GRFICO 15 - Distribuio por potncia das lmpadas do Centro Obsttrico, 2012 ......... 176

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    GRFICO 16 - Distribuio por tipo das luminrias do bloco cirrgico do Hosp. So Geraldo,2012......................................................................................................................... .... 188

    GRFICO 17 - Temp. e umidade: circulao1 (SO), vero. ............................................... 244

    GRFICO 18 - Temp. e umidade: circulao1 (SO), inverno. ............................................ 244

    GRFICO 19 - Temp. e umidade: circulao 2 (NE), vero. .............................................. 244

    GRFICO 20 - Temp. e umidade: circulao 2 (NE), inverno. ........................................... 244

    GRFICO 21 - Temp. e umidade: cirurgia 1 (SO), vero. .................................................. 246

    GRFICO 22 - Temp. e umidade: cirurgia 1 (SO), inverno. ............................................... 246

    GRFICO 23 - Temp. e umidade: cirurgia 3 (SO), vero. .................................................. 246

    GRFICO 24 - Temp. e umidade: cirurgia 3 (SO), inverno. ............................................... 246

    GRFICO 25 - Temp. e umidade: cirurgia 5 (NE), vero. .................................................. 247

    GRFICO 26 - Temp. e umidade: cirurgia 5 (NE), inverno. ................................................ 247

    GRFICO 27 - Ganhos e perdas: circulao1 (SO), vero. ............................................... 249

    GRFICO 28 - Ganhos e perdas: circulao1 (SO), inverno. ............................................ 249

    GRFICO 29 - Ganhos e perdas: circulao 2 (NE), vero. .............................................. 249

    GRFICO 30 - Ganhos e perdas: circulao 2 (NE), inverno. ............................................ 249

    GRFICO 31 - Ganhos e perdas: cirurgia 1 (SO), vero.................................................... 250

    GRFICO 32 - Ganhos e perdas: cirurgia 1 (SO), inverno. ................................................ 250

    GRFICO 33 - Ganhos e perdas: cirurgia3 (SO), vero. .................................................... 251

    GRFICO 34 - Ganhos e perdas: cirurgia 3 (SO), inverno. ................................................ 251

    GRFICO 35 - Ganhos e perdas: cirurgia 5 (NE), vero. ................................................... 251

    GRFICO 36 - Ganhos e perdas: cirurgia 5 (NE), inverno. ................................................ 251

    GRFICO 37 - Climatizao artificial, cirurgia 1 (SO), vero.............................................. 254

    GRFICO 38 - Climatizao artificial, cirurgia 1 (SO), inverno. .......................................... 254

    GRFICO 39 - Climatizao artificial, cirurgia 3 (SO), vero.............................................. 254

    GRFICO 40 - Climatizao artificial, cirurgia 3 (SO), inverno. .......................................... 254

    GRFICO 41 - Climatizao artificial, cirurgia 5 (NE), vero. ............................................. 255

    GRFICO 42 - Climatizao artificial, cirurgia 5 (NE), inverno. .......................................... 255

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    GRFICO 43 - Transmisso da radiao solar nas regies do ultravioleta, luz visvel einfravermelho atravs de amostras de 6mm analisadas...................... ....................... 259

    QUADRO 1 - Exemplo de quadro de unidade funcional, RDC n 50/2002. .......................... 59

    QUADRO 2 - Ambientes hospitalares com uso de ar condicionado ou exausto mecnica,RDC n 50/2002. .......................................................................................................... 62

    QUADRO 3 - Distribuio de leitos por unidade/ambiente no Hospital Belvedere, out/nov.2011 ........................................................................................................................... 112

    QUADRO 4 - Especialidades, atividades e servios desenvolvidos no Hospital Belvedere,out/nov. 2011 ............................................................................................................. 113

    QUADRO 5 - Sistema de climatizao do bloco cirrgico do Hospital Belvedere, out. 2011.................................................................................................................................... 119

    QUADRO 6 - Sistema de iluminao artificial do bloco cirrgico do Hospital Belvedere, out.2011 ........................................................................................................................... 121

    QUADRO 7 - Focos cirrgicos do Hospital Belvedere, nov. 2011 ...................................... 124

    QUADRO 8 - Equipamentos do bloco cirrgico do Hospital Belvedere, nov. 2011 ............. 126

    QUADRO 9 - Distribuio de leitos por servio/especialidade na Clnica Origen, jan./fev.2012 ........................................................................................................................... 128

    QUADRO 10 - Especialidades, atividades e servios desenvolvidos na Clnica Origen,jan./fev. 2012 ............................................................................................................. 129

    QUADRO 11 - Sistema de climatizao do bloco cirrgico da Clnica Origen, jan./fev. 2012................................................................................................................................... 132

    QUADRO 12 - Sistema de iluminao artificial do bloco cirrgico da Clnica Origen, jan./fev.2012 ........................................................................................................................... 134

    QUADRO 13 - Focos cirrgicos da Clnica Origen, jan./fev. 2012 ...................................... 136

    QUADRO 14 - Equipamentos do bloco cirrgico da Clnica Origen, jan./fev. 2012 ............ 137

    QUADRO 15 - Distribuio de leitos por servio/especialidade no Hospital Sofia Feldman,mar./abr. 2012 ............................................................................................................ 139

    QUADRO 16 - Especialidades, atividades e servios desenvolvidos no Hospital SofiaFeldman, mar./abr. 2012 ............................................................................................ 140

    QUADRO 17 - Sistema de climatizao do bloco cirrgico do Hospital Sofia Feldamnmar./abr. 2012 ............................................................................................................ 143

    QUADRO 18 - Sistema de iluminao artificial do bloco cirrgico do Hospital Sofia Feldmanmar./abr. 2012 ............................................................................................................ 145

    QUADRO 19 - Focos cirrgicos do Hospital Sofia Feldman mar./abr. 2012 ....................... 147

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    QUADRO 20 - Equipamentos do bloco cirrgico do Hospital Sofia Feldman, mar./abr. 2012................................................................................................................................... 148

    QUADRO 21 - Distribuio de leitos por servio/especialidade no Hospital das Clnicas,2012 ........................................................................................................................... 151

    QUADRO 22 - Especialidades desenvolvidas e servios prestados por edificao doHospital das Clnicas, 2012 ........................................................................................ 153

    QUADRO 23 - Sistema de climatizao do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson maio/jun.2012 ........................................................................................................................... 160

    QUADRO 24 - Sistema de iluminao artificial do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilsonmaio/jun. 2012 ............................................................................................................ 164

    QUADRO 25 - Focos cirrgicos do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson, maio/jun. 2012 .. 168

    QUADRO 26 - Equipamentos do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson, maio/jun. 2012 ..... 170

    QUADRO 27 - Sistema de climatizao do Centro Obsttrico do Hospital So Vicente dePaulo, mai/jun. 2012................................................................................................... 174

    QUADRO 28 - Sistema de iluminao artificial do Centro Obsttrico do Hospital So Vicentede Paulo, maio/jun. 2012. ........................................................................................... 177

    QUADRO 29 - Focos cirrgicos do Centro Obsttrico maio/jun. 2012 ................................ 180

    QUADRO 30 - Equipamentos do Centro Obsttrico, mai/jun. 2012 .................................... 182

    QUADRO 31 - Sistema de climatizao do bloco cirrgico do Hospital So Geraldo,maio/jun. 2012 ............................................................................................................ 187

    QUADRO 32 istema de iluminao artificial do bloco cirrgico do Hospital So Geraldo,maio/jun. 2012 ............................................................................................................ 189

    QUADRO 33 - Focos cirrgicos do Hospital So Geraldo, maio/jun. 2012 ......................... 190

    QUADRO 34 - Equipamentos do bloco cirrgico do Hospital So Geraldo, maio/jun./2012 191

    QUADRO 35 - Dados comparatIvos dos blocos cirrgicos visitados, 2012 ........................ 195

    QUADRO 36 Materiais de construo, revestimento e coralas norte, sul, leste e oestequarto, quinto e sexto pav. do Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun. 2012 ............ 214

    QUADRO 37 - Atribuies, atividades e sub-atividades do EAS, RDC n 50/2004. ........... 336

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - Calor cedido ao ambiente, em funo da atividade do indivduo consideradomdio e sadio ............................................................................................................... 98

    TABELA 2 - Potncia do conjunto de lmpadas e reatores de 2x16W e 1x20WOSRAM,PHILIPS E TRANCIL .................................................................................................. 100

    TABELA 3 - Caractersticas trmicas materiais opacosalas norte, sul, leste e oeste doquarto, quinto e sexto pavimentos, Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun. 2012 ..... 226

    TABELA 4 - Caractersticas trmicas materiais transparentesalas alas norte, sul, leste eoeste do quarto, quinto e sexto pavimentos, Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun.

    2012 ........................................................................................................................... 227TABELA 5 - Caractersticas trmicas materiais gasososalas norte, sul, leste e oeste do

    quarto, quinto e sexto pavimentos, ............................................................................. 227

    TABELA 6 - Ganho de calor pelo sistema de iluminao artificial, quarto pavimento ala nortee quinto pavimento alas norte e leste, Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun. 2012 233

    TABELA 7 - Ganho de calor pela ocupao, quarto pavimento ala norte e quinto pavimentoalas norte e leste, Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun. 2012 ............................... 235

    TABELA 8 - Ganho de calor devido aos equipamentos, quarto pavimento ala norte e quinto

    pavimento alas norte e leste, Hospital So Vicente de Paulo, mai/jun. 2012 .............. 238

    TABELA 9 - Ganhos e perdas de calor, circulaes de servio 1 e 2 ................................. 248

    TABELA 10 - Ganhos e perdas de calor, salas de cirurgia 1, 3 e 5 .................................... 252

    TABELA 11 - Cargas para arrefecimento do ar e remoo de calor latente, ...................... 253

    TABELA 12 - Transmisso por faixa do espectro de radiao solar para vidros diversos .. 260

    TABELA 13 - Eficincia trmica (ET) e eficincia luminosa (EL) para vidros diversos ....... 261

    TABELA 14 - Circulaes de servio 1 e 2, temperatura e umidaderesultados obtidos . 266

    TABELA 15 - Sala de cirurgia 1, temperatura e umidade resultados obtidos .................. 270

    TABELA 16 - Salas de cirurgia 3 e 5, temperatura e umidaderesultados obtidos ........... 271

    TABELA 17 - Salas de cirurgia 1, 3 e 5, carga de arrefecimento e de remoo latenteresultados obtidos ...................................................................................................... 273

    TABELA 18 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2situao atual ............................................................. 298

    TABELA 19 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1situao atual .............................................................................. 299

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    TABELA 20 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5situao atual ...................................................................... 300

    TABELA 21 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 2...................................................................... 301

    TABELA 22 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 2 ...................................................................................... 302

    TABELA 23 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5projeto 2............................................................................... 303

    TABELA 24 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 3...................................................................... 304

    TABELA 25 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,

    sala de cirurgia 1projeto 3 ...................................................................................... 305

    TABELA 26 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5 projeto 3............................................................................... 306

    TABELA 27 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 4...................................................................... 307

    TABELA 28 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 4 ...................................................................................... 308

    TABELA 29 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,

    salas de cirurgia 3 e 5 projeto 4............................................................................... 309

    TABELA 30 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 5...................................................................... 310

    TABELA 31 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 5 ...................................................................................... 311

    TABELA 32 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5 projeto 5............................................................................... 312

    TABELA 33 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,

    circulaes de servio 1 e 2projeto 6...................................................................... 313

    TABELA 34 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 6 ...................................................................................... 314

    TABELA 35 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5 projeto 6............................................................................... 315

    TABELA 36 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 7...................................................................... 316

    TABELA 37 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 7 ...................................................................................... 317

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    TABELA 38 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5projeto 7 .............................................................................. 318

    TABELA 39 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,circulaes de servio 1 e 2projeto 8 ..................................................................... 319

    TABELA 40 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,sala de cirurgia 1projeto 8 ...................................................................................... 320

    TABELA 41 - Umidade relativa, temperatura de bulbo seco e temperatura mdia radiante,salas de cirurgia 3 e 5projeto 8 .............................................................................. 321

    TABELA 42 - Ganhos e perdas de calor, circulaes de servio 1 e 2, situao atual solstcio de vero ....................................................................................................... 322

    TABELA 43 - Ganhos e perdas de calor, circulaes de servio 1 e 2, situao atual

    solstcio de inverno .................................................................................................... 323

    TABELA 44 - Ganhos e perdas de calor, sala de cirurgia 1, situao atual solstcios devero e de inverno ..................................................................................................... 324

    TABELA 45 - Ganhos e perdas de calor, salas de cirurgia 3 e 5, situao atualsolstciosde vero e de inverno ................................................................................................ 325

    TABELA 46 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, situao atualsolstcios de vero e de inverno ................................................ 326

    TABELA 47 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3

    e 5, projeto 2solstcios de vero e de inverno ........................................................ 327

    TABELA 48 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, projeto 3solstcios de vero e de inverno ........................................................ 328

    TABELA 49 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, projeto 4solstcios de vero e de inverno ........................................................ 329

    TABELA 50 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, projeto 5solstcios de vero e de inverno ........................................................ 330

    TABELA 51 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3

    e 5, projeto 6solstcios de vero e de inverno ........................................................ 331

    TABELA 52 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, projeto 7solstcios de vero e de inverno ........................................................ 332

    TABELA 53 - Cargas de arrefecimento e de remoo de calor latente, salas de cirurgia 1, 3e 5, projeto 8solstcios de vero e de inverno ........................................................ 333

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANEEL............................................................................Agncia Nacional de Energia Eltrica

    BEN..............................................................................................Balano Energtico Nacional

    BNDES.............................................................................Banco Nacional do Desenvolvimento

    CEMIG........................................................................Companhia Energtica de Minas Gerais

    CICE.................................................................Comisso Interna de Conservao de Energia

    CME..........................................................................................Central de Material Esterilizado

    CNES.........................................................Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade

    CONPET.....................................................................................................................................

    Programa Nacional da Racionalizao do Uso dos Derivados do Petrleo e do Gs Natural

    CPN......................................................................................................Centro de Parto Normal

    CSB..........................................................................................Cabine de Segurana Biolgica

    DML........................................................................................Depsito de Material de Limpeza

    CTI..................................................................................................Centro de Terapia Intensiva

    EAS.............................................................................Estabelecimento Assistencial de Sade

    EPI....................................................................................Equipamento de Proteo Individual

    ES....................................................................................................Estabelecimento de SadeFP...................................................................................................................Fator de Potncia

    INMETRO................................................................................Instituto Brasileiro de Metrologia

    MME............................................................................................Ministrio de Minas e Energia

    PBE...................................................................................Programa Brasileiro de Etiquetagem

    PNEf...........................................................................Plano Nacional de Eficincia Energtica

    PROCEL...........................................Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica

    RDC......................................................................................Resoluo de Diretoria Colegiada

    SUS.....................................................................................................Sistema nico de SadeTBS.................................................................................................Temperatura de bulbo seco

    TMR...............................................................................................Temperatura mdia radiante

    UR....................................................................................................................Umidade relativa

    UTI...............................................................................................Unidade de Terapia Intensiva

    UTQ..............................................................................Unidade de Tratamento de Queimados

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    COEFICIENTES E VARIVEIS

    c.............................................................................................. Calor especfico (Wh/kgC)d......................................................................................................... Densidade (kg/m3)

    e................................................................................................................ Espessura (m)

    e/.......................................................R esistncia trmica especfica da parede (m2C/W)

    he......................................Coeficiente de condutncia trmica superficial externa (W/m2C)

    hi........................................Coeficiente de condutncia trmica superficial interna (W/m2C)

    1/he.......................................................... Resistncia trmica superficial externa (m2C/W)

    1/h1........................................................... Resistncia trmica superficial interna (m2

    C/W)Ig....................................................... Intensidade de radiao solar incidente global (W/m2)

    K......................................................... Coeficiente global de transmisso trmica (W/m2C)

    1/K.............................................. Resistncia trmica global de um dado material (m2C/W)

    q.........................................................................................Intensidade de fluxo trmico(W/m2)

    Str................................................................ Fator de ganho solar de material transparente

    te....................................................................................... Temperatura do ar externo (C)

    ti.........................................................................................Temperatura do ar interno (C)

    ........................................................................ Coeficiente de absoro da radiao solar

    t...............................................Diferena entre a temperatura do ar interno e externo (C)

    ...................................................................................................... Emissividade trmica

    e..................................................... Temperatura da superfcie externa da envolvente (C)

    i....................................................... Temperatura da superfcie interna da envolvente (C)

    ................................................................ Coeficiente de condutibilidade trmica (W/mC)

    ......................................................................... Coeficiente de reflexo da radiao solar........................................................ Coeficiente de transparncia quanto radiao solar

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    SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................................. 22

    1.1 Objetivo ....................................................................................................................... 23

    1.2 Objetivos especficos .................................................................................................. 23

    1.3 Metodologia da pesquisa ........................................................................................... 24

    1.4 Justificativa da escolha do tema ............................................................................... 25

    1.5 Estrutura da dissertao ........................................................................................... 27

    2. FUNDAMENTAO TERICA ................................................................................... 30

    2.1 Histrico do edifcio hospitalar e consideraes sobre o hospital contemporneo

    .......................................................................................................................................302.1.1 Sobre a evoluo da ateno sade .................................................................. 30

    2.1.1.1 Idade Antiga: do culto aos deuses ao cristianismo primitivo ................................. 31

    2.1.1.2 Idade Mdia: a relao entre a Igreja e a ateno s doenas ............................... 36

    2.1.1.3 A Idade Moderna: o hospital para busca da cura ................................................... 38

    2.1.1.4 Idade Contempornea: o hospital como instrumento teraputico ........................ 44

    2.1.2 Histrico do hospital no Brasil ............................................................................ 48

    2.1.3 Consideraes sobre o hospital contemporneo no mbito da presente pesquisa:

    Resoluo de Diretoria Colegiada

    RDC n 50. ............................................................ 55

    2.1.3.1 Resoluo de Diretoria ColegiadaRDC n 50/2002 ............................................. 57

    2.2 Energia eltrica no Brasil, um breve relato ............................................................. 69

    2.2.1 Sobre a gerao, consumo e economia de energia no Brasil .............................. 69

    2.2.1.1 Consumo energtico de edificaes no Brasil ........................................................ 72

    2.2.1.2 Consumo energtico em hospitais no Brasil ........................................................... 73

    2.2.1.3 Eficincia energtica no Brasil ................................................................................ 75

    2.2.1.4 Eficincia energtica em edificaes ...................................................................... 80

    2.3 Estudo do comportamento trmico de edificaes conceitos gerais ................... 86

    2.3.1 Localizao geogrfica e dados climticos ......................................................... 87

    2.3.2 Implantao e entorno imediato .......................................................................... 89

    2.3.3 Trocas trmicas em edificaes ........................................................................... 89

    2.3.3.1 Diferenas de temperatura externa e interna e ganhos de calor solar .................. 89

    2.3.3.2 Carga trmica gerada no interior dos ambientes ................................................... 97

    2.3.3.3 Presena humana .................................................................................................... 97

    2.3.3.4 Sistema de iluminao artificial .............................................................................. 98

    2.3.3.5 Motores e equipamentos ...................................................................................... 1012.3.3.6 Ventilao Natural ................................................................................................ 102

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    2.3.4 Verificao quantitativa do desempenho trmico de edificaes ...................... 103

    3. ESTUDO DE CASO, 1 ETAPA: COLETA DE DADOS EM CAMPO ........................ 108

    3.1 Definio da unidade para anlise .......................................................................... 1083.1.1 Pr-seleo da unidade funcional para estudoo bloco cirrgico .................. 109

    3.2 Hospital Belvedere .................................................................................................... 111

    3.2.1 Caracterizao geral do hospital ....................................................................... 112

    3.2.2 Bloco cirrgico do Hospital Belvedere: rea fsica e dados de sistemas e

    equipamentos .................................................................................................................. 116

    3.2.2.1 Caractersticas do sistema de climatizao .......................................................... 117

    3.2.2.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 120

    3.2.2.3 Focos cirrgicos

    dados gerais ............................................................................ 1233.2.2.4 Equipamentosdados gerais ............................................................................... 125

    3.3 Clnica Origen ........................................................................................................... 127

    3.3.1 Caracterizao geral do estabelecimento .......................................................... 128

    3.3.2 Bloco cirrgico da Clnica Origen: rea fsica e dados de sistemas e

    equipamentos .................................................................................................................. 129

    3.3.2.1 Caractersticas do sistema de climatizao .......................................................... 131

    3.3.2.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 133

    3.3.2.3 Focos cirrgicosdados gerais ............................................................................ 136

    3.3.2.4 Equipamentosdados gerais ............................................................................... 137

    3.4 Hospital Sofia Feldman ............................................................................................ 138

    3.4.1 Caracterizao geral do estabelecimento .......................................................... 139

    3.4.2 Bloco cirrgico do Hospital Sofia Feldman: rea fsica e dados de sistemas e

    equipamentos .................................................................................................................. 141

    3.4.2.1 Caractersticas do sistema de climatizao .......................................................... 142

    3.4.2.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 144

    3.4.2.3 Focos cirrgicosdados gerais ............................................................................ 146

    3.4.2.4 Equipamentos

    dados gerais ............................................................................... 147

    3.5 Complexo Hospitalar das Clnicas da Universidade Federal de Minas Gerais .. 148

    3.5.1 Caracterizao geral do estabelecimento .......................................................... 150

    3.5.2 Bloco Cirrgico Professor Antnio Dilson: rea fsica e dados de sistemas e

    equipamentos .................................................................................................................. 154

    3.5.2.1 Caractersticas do sistema de climatizao .......................................................... 158

    3.5.2.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 162

    3.5.2.3 Focos cirrgicosdados gerais ............................................................................ 168

    3.5.2.4 Equipamentos

    dados gerais ............................................................................... 169

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    3.5.3 Centro Obsttrico do Hospital So Vicente de Paulo: rea fsica e dados de

    sistemas e equipamentos ................................................................................................ 172

    3.5.3.1 Caractersticas do sistema de climatizao ........................................................... 173

    3.5.3.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 1753.5.3.3 Focos cirrgicosdados gerais ............................................................................. 180

    3.5.3.4 Equipamentosdados gerais ............................................................................... 181

    3.5.4 Bloco cirrgico do Hospital So Geraldo: rea fsica e dados de sistemas e

    equipamentos ................................................................................................................. 184

    3.5.4.1 Caractersticas do sistema de climatizao ........................................................... 185

    3.5.4.2 Caractersticas do sistema de iluminao artificial ............................................... 188

    3.5.4.3 Focos cirrgicosdados gerais ............................................................................. 190

    3.5.4.4 Equipamentosdados gerais ............................................................................... 191

    3.6 Anlise comparativa das unidades visitadas: escolha do objeto de simulao ... 193

    4. ESTUDO DE CASO, 2 ETAPA: SIMULAES PROPOSTAS ................................ 206

    4.1 Tas Simulatorsoftwarepara anlise trmica e energtica de edificaes ......... 206

    4.1.1 Modelagem e simulao no Tas Simulator ........................................................ 207

    4.2 Modelagem e simulao da ala norte do Bloco Cirrgico Prof. Antnio Dilson 209

    4.2.1 Modelo geomtricomdulo Tas 3D modeler .................................................. 211

    4.2.2 Entorno imediato, dados climticos, materiais de construo e condies

    internasmdulo Tas Building Simulator .................................................................... 221

    4.2.2.1 Arquivo climtico .................................................................................................. 222

    4.2.2.2 Caractersticas trmicas dos materiais de contruo ........................................... 224

    4.2.2.3 Janelas e elementos de proteo solar ................................................................. 225

    4.2.2.4 Condies internas das zonas trmicas ................................................................ 228

    4.3 Simulaes realizadas mdulo Tas Result Viewer ............................................ 241

    4.3.1 Carga trmica, trocas de calor e consumo energtico de climatizao artificial

    dados da situao atual dos ambientes selecionados .................................................... 242

    4.3.1.1 Circulaes de servio 1 e 2: temperatura e umidade do ar ................................ 243

    4.3.1.2 Salas de Cirurgia 1, 3 e 5: temperatura e umidade do ar ..................................... 245

    4.3.1.3 Ganhos e perdas de calor ...................................................................................... 247

    4.3.1.4 Salas de Cirurgia 1, 3 e 5: Consumo energtico com climatizao artificial cargas

    de arrefecimento e de remoo latente. ............................................................................... 253

    4.3.2 Verificao da reduo da carga trmica e do consumo energtico de

    climatizao artificial alteraes propostas ............................................................... 255

    4.3.2.1 Reduo da rea envidraada da fachada ............................................................ 2564.3.2.2 Colocao de elementos de proteo solar nas janelas e paredes externas ....... 257

    4.3.2.3 Colocao de vidro verde nas janelas ................................................................... 259

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    4.3.2.4 Previso de ventilao forada nas circulaes de servio .................................. 262

    4.3.2.5 Alteraes nos elementos construtivos................................................................ 263

    4.3.3 Verificao da reduo da carga trmica e do consumo energtico de

    climatizao artificial

    resultados alcanados ............................................................. 264

    4.3.3.1 Verificao do impacto das alteraes propostas na temperatura e umidade do ar

    ...............................................................................................................................265

    4.3.3.2 Verificao do impacto das alteraes propostas no consumo energtico com

    climatizao artificial nas salas de cirurgia 1, 3 e 5 ................................................................ 272

    5. CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 278

    REFERNCIAS ................................................................................................................. 284

    APNDICE A - FORMULRIO DE DADOS GERAIS E TCNICOS ................................. 292

    APNDICE B - FORMULRIO DE DADOS DE SISTEMAS E EQUIPAMENTOS ............ 295

    APNDICE C DADOS DE SADA FORNECIDOS PELO SOFTWARE TAS SIMULATOR ......................................................................................................................................297

    ANEXO A - ATIVIDADES E SUB-ATIVIDADES DO ESTABELECIMENTO ASSISTENCIALDE SADE ........................................................................................................................ 336

    ANEXO B LEVANTAMENTO CADASTRALHOSPITAL BELVEDERE ...................... 348

    ANEXO C LEVANTAMENTO CADASTRALCLNICA ORIGEN ................................. 353

    ANEXO D LEVANTAMENTO CADASTRALSOFIA FELDMAN ................................. 357

    ANEXO E LEVANTAMENTO CADASTRALHOSPITAL DAS CLNICAS .................. 360

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    INTRODUO

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    22

    1. INTRODUO

    O crescente aumento da demanda por energia eltrica, o consumo desregrado de

    recursos naturais e suas repercusses negativas no meio ambiente tornam

    imprescindvel que os diversos setores da sociedade busquem meios mais racionais

    e eficientes de desenvolvimento de suas atividades.

    Em um pas como o Brasil, em que a produo da energia eltrica predominantemente hidrulica, seguida pelas usinas trmicas convencionais e

    nucleares, meios fortemente impactantes do ponto de vista social e ambiental, essa

    premissa torna-se ainda mais importante.

    Atualmente encontram-se em curso diversas aes nacionais em prol da eficincia

    energtica. Dentre elas destacam-se o Programa Nacional de Conservao de

    Energia Eltrica (Procel), criado em 1985, iniciativas da Agncia Nacional de Energia

    Eltrica (ANEEL) e do Ministrio de Minas e Energia, a criao da Lei de Eficincia

    Energtica (Lei n 10.295/2001) e, mais recentemente, a aprovao do Plano

    Nacional de Eficincia Energtica (Portaria n 594/2011).

    Uma vez que o parque edificado contribui substancialmente para a demanda por

    eletricidade dos centros urbanos, os conceitos de uso racional de energia devem ser

    considerados indispensveis em todas as etapas do projeto arquitetnico.

    Dentre as diversas tipologias de edificaes existentes, o hospital pode ser

    considerado uma das mais complexas. Seu grande porte e diversidade de

    atribuies tornam possveis diferentes estratgias arquitetnicas para a questo da

    economia de energia, as quais contribuem tambm para o conforto ambiental na

    edificao.

    A necessidade de controle da temperatura, umidade e qualidade do ar

    obrigatoriamente atravs de climatizao artificial em determinadas reas do edifcio

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    23

    hospitalar contribui significativamente para o aumento do consumo energtico nesta

    tipologia.

    Nesse sentido, o objeto do estudo ora apresentado a eficincia energtica em

    unidades funcionais1hospitalares nas quais obrigatrio o uso de ar condicionado,

    especificamente para o caso do bloco cirrgico, obtida por meio de estratgias

    passivas, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

    1.1 Objetivo

    O objetivo desta pesquisa avaliar quantitativamente a eficcia do emprego de

    estratgias passivas em um bloco cirrgico hospitalar, unidade funcional na qual

    obrigatrio o uso de ar condicionado, para a reduo do consumo de energia eltrica

    com fins de arrefecimento do ar.

    1.2 Objetivos especficos

    Como objetivos especficos destacam-se:

    Atravs de modelagem computacional, identificar separadamente o impactode cada estratgia arquitetnica proposta para a reduo da carga trmica e

    do consumo do sistema de climatizao artificial dos ambientes selecionados

    para realizao do estudo de caso,

    1

    Unidade funcional: conjunto de ambientes em um estabelecimento assistencial de sade. Ambiente entendido nesta norma como o espao fisicamente determinado e especializado para odesenvolvimento de determinada(s) atividade(s), caracterizado por dimenses e instalaesdiferenciadas (ANVISA, 2004, p. 52 e 151).

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    24

    Verificar a interao entre as diversas solues de projeto aplicadas ao

    modelo construdo e selecionar aquelas que se mostrarem mais efetivas para

    a maior eficincia energtica da unidade escolhida.

    1.3 Metodologia da pesquisa

    A realizao desta pesquisa foi composta pelas seguintes etapas:

    Fundamentao terica, a partir de pesquisa documental e bibliogrfica,

    Levantamento de dados em campo,

    Realizao de simulaes,

    Anlise dos resultados obtidos,

    Concluses.

    Durante a etapa de fundamentao terica foi realizado levantamento documental ebibliogrfico, a partir de fontes o mais diversificadas possvel, com vistas a

    esclarecer questes relacionadas ao tema proposto, a partir da verificao da

    evoluo morfolgica do edifcio hospitalar, da produo e consumo de energia

    eltrica no Brasil e iniciativas nacionais relacionadas eficincia energtica.

    Procurou-se ainda verificar a demanda por eletricidade em edificaes hospitalares,

    bem como compreender os conceitos relacionados ao comportamento trmico de

    edificaes, essenciais avaliao crtica dos resultados decorrentes dos estudos

    de caso posteriormente realizados.

    Na etapa de levantamento de dados em campo foram realizadas visitas a seis

    blocos cirrgicos de hospitais no municpio de Belo Horizonte, Minas Gerais.

    Obtiveram-se informaes relativas ao funcionamento e rea fsica das unidades,

    projetos e levantamentos cadastrais, bem como dados relativos aos sistemas de

    climatizao artificial, iluminao artificial, focos cirrgicos e equipamentos. Em

    seguida, a tabulao e anlise comparativa dos dados obtidos em campo subsidiou

    a escolha do bloco cirrgico para realizao da etapa de simulaes.

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    O desenvolvimento das simulaes propostas partiu do conhecimento e aprendizado

    do softwareTas Simulator V8i, verso 9.2.1, composto pelos mdulos Tas Manager,

    Tas 3D Modeler,Tas Building Simulatore Tas Result Viewer. Aps a construo do

    modelo computacional e uma vez fornecidos os dados solicitados pelo software

    selecionado, realizaram-se as simulaes, as quais consistiram da verificao da

    situao atual de temperatura e umidade do ar, bem como da carga necessria para

    climatizao artificial dos ambientes selecionados, e anlise do impacto das

    estratgias arquitetnicas adotadas sobre cada uma das variveis apontadas.

    A anlise dos resultados partiu da comparao dos dados de sada obtidos

    progressivamente a cada alterao realizada no modelo inicial, organizados emtabelas e grficos, de modo a avaliar quais das estratgias de projeto mostraram-se

    mais vantajosas do ponto de vista da reduo do consumo energtico do sistema de

    climatizao artificial.

    Alm da seleo das diretrizes a serem seguidas para se obter a maior economia de

    energia possvel para o modelo em estudo, ao final da pesquisa elaboraram-se

    diversas constataes relativas, dentre outros, importncia de se considerarem ascondies bioclimticas locais e a necessidade de maior eficincia energtica como

    parmetros iniciais do projeto arquitetnico, bem como indispensabilidade da

    realizao de testes, anlises e comparaes entre as diversas alternativas de

    projeto anteriormente sua efetiva implementao.

    1.4 Justificativa da escolha do tema

    Aps sculos de evoluo, o hospital contemporneo tornou-se uma estrutura de

    grande porte e alta complexidade, a qual depende do uso constante de

    equipamentos e de outros recursos que demandam eletricidade para garantir a

    qualidade e a eficcia das diversas atividades realizadas diariamente em seu

    interior. Isto implica em uma alta demanda por energia eltrica, impactante no

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    apenas do ponto de vista ambiental, mas tambm sob o aspecto econmico e de

    manuteno da edificao.

    Os elevados padres de qualidade do ar em determinadas unidades funcionais

    hospitalares tornam indispensvel o uso quase sempre ininterrupto de equipamentos

    de ar condicionado, quesito amplamente regulamentado no Brasil, destacando-se a

    Resoluo de Diretoria Colegiada RDC n 50, de 21 de fevereiro de 2002, de

    carter normativo, que dispe sobre o Regulamento Tcnico para planejamento,

    programao, elaborao e avaliao de projetos fsicos de estabelecimentos

    assistenciais de sade e a Norma Brasileira NBR 7256: tratamento de ar em

    estabelecimentos assistenciais de sade (EAS) Requisitos para projeto eexecuo das instalaes.

    Em acrscimo, segundo dados da Eletrobrs (2008a), 12,5% dos custos totais

    operacionais do setor hospitalar so com energia eltrica, bem como do total da

    demanda por eletricidade em hospitais, 30% so devidos aos sistemas de

    climatizao artificial.

    Desse modo, diretrizes de projeto que possibilitem reduzir a carga trmica em

    ambientes hospitalares climatizados artificialmente, de modo a diminuir a carga

    necessria para arrefecimento do ar, certamente representaro uma significativa

    contribuio para a eficincia energtica de toda a edificao.

    O bloco cirrgico, existente em todos os hospitais contemplados durante a etapa de

    coleta de dados em campo, apresentou vantagens para a realizao de anlisecomparativa entre unidades, tendo em vista a similaridade observada de fluxos e

    atividades, equipamentos e sistemas de iluminao e de climatizao artificial.

    Um projeto arquitetnico que considere as condies bioclimticas locais, alm de

    proporcionar maior economia de energia, contribuir para garantir conforto

    ambiental, o qual est associado a efeitos positivos na sade dos usurios e na

    produtividade dos trabalhadores na edificao, quesitos essenciais para o edifcio

    hospitalar, voltado para a assistncia sade do homem.

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    1.5 Estrutura da dissertao

    A dissertao apresentada divide-se em cinco captulos.

    O captulo 1 trata da introduo ao tema abordado, objetivos, metodologia de

    pesquisa e justificativa quanto escolha do tema.

    No captulo 2 verificada a evoluo histrica que resultou na configurao fsica e

    funcional do edifcio hospitalar como hoje o conhecemos, bem como identificam-se

    as unidades funcionais e ambientes em que atualmente exige-se o uso exclusivo dear condicionado. Em seguida trata-se da gerao e consumo de energia eltrica no

    Brasil, com ateno distribuio da demanda energtica em hospitais. So

    consideradas ainda as iniciativas nacionais por eficincia energtica, bem como os

    fatores que contribuem para a economia de energia no ambiente construdo.

    Finalmente, estabelecem-se alguns conceitos bsicos do comportamento trmico de

    edificaes, fundamentais para a anlise crtica de dados obtidos atravs de

    simulaes.

    O captulo 3 contempla a primeira etapa de estudos de caso, que corresponde s

    visitas realizadas em campo. Apresentam-se os dados coletados atravs de fotos,

    projetos ou levantamentos cadastrais, tabelas e grficos. Ao final deste captulo

    realiza-se uma anlise comparativa entre as unidades visitadas, com vistas a

    escolher aquela com o maior potencial de diminuio do consumo energtico com ar

    condicionado.

    O captulo 4, por sua vez, trata da segunda etapa de estudos de caso. Aps uma

    breve introduo ao software utilizado, apresenta-se a descrio detalhada das

    diretrizes de modelagem e de fornecimento de dados de entrada ao programa

    computacional. Em seguida passa-se anlise dos resultados obtidos atravs das

    simulaes realizadas.

    O captulo 5 contempla as consideraes finais da pesquisa.

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    FUNDAMENTAO TERICA

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    2. FUNDAMENTAO TERICA

    Neste item apresenta-se a reviso documental e bibliogrfica realizada para o

    adequado desenvolvimento da pesquisa proposta. Inicialmente aborda-se o histrico

    da conformao do edifcio hospitalar. Em seguida, verificam-se as caractersticas

    de produo e consumo de energia eltrica no Brasil, com nfase no setor

    edificaes, em especial hospitais. Estabelecem-se ainda conceitos gerais do

    comportamento trmico de edificaes, necessrios s etapas de coleta de dados,simulaes e anlise dos resultados.

    2.1 Histrico do edifcio hospitalar e consideraes sobre ohospital contemporneo

    O desenvolvimento do estudo proposto sobre o edifcio hospitalar requer a

    compreenso de sua conformao e das relaes que so estabelecidas no interior

    desta complexa tipologia. Para que isso seja possvel, necessrio antes verificar a

    evoluo que, em funo da histria do homem e da sua relao com o mundo,

    resultou na configurao fsica e funcional do edifcio hospitalar como hoje o

    conhecemos.

    2.1.1Sobre a evoluo da ateno sade

    A histria da medicina conta que desde os tempos mais remotos o homem procura

    libertar-se da doena e do sofrimento e afugentar a morte iminente. Se os meios

    eram ou no eficazes ou adequados aos fins a atingir, isso no altera a concluso

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    de que, pelo menos em sua tendncia curativa, a medicina to antiga quanto a

    humanidade (LYONS; PETRUCELLI, 1987).

    Conforme ser exposto a seguir, as edificaes voltadas ao abrigo e tratamento dos

    doentes configuram um ponto comum na gradativa evoluo da relao do homem

    com a busca pela cura de suas enfermidades. A progressiva passagem do

    misticismo aos aparatos mdico tecnolgicos com quais contamos atualmente foi

    acompanhada pela evoluo do edifcio hospitalar, uma das mais complexas

    tipologias da contemporaneidade.

    2.1.1.1Idade Antiga: do culto aos deuses ao cristianismo primitivo

    Durante a Idade Antiga, o homem assumiu inicialmente uma postura ligada ao

    misticismo e busca da cura milagrosa de suas enfermidades, atravs dos deuses a

    quem cultuavam. Com o passar do tempo, a necessidade de recuperar os soldados

    romanos enfermos ou feridos para retornarem guerra, em conjunto com a

    tradicional preocupao romana com a higiene pessoal e urbana, possivelmente

    tornaram os mtodos curativos mais objetivos e clnicos, surgindo nesse momento

    as primeiras edificaes voltadas especificamente ateno sade.

    Segundo Antunes (1991), no sculo VI a.C. surgiu na Grcia o culto aAsclpio, deus

    da medicina, ao qual foram edificados diversos templos, osAsklepieia, para onde se

    dirigiam pessoas acometidas por doenas, na esperana de recuperar

    milagrosamente sua sade. Silva (2000, p. 42) sublinha que tais templos foram os

    primeiros estabelecimentos do mundo ocidental destinados recepo dos doentes

    com vistas cura de doenas.

    [...] os templos primavam pelo ambiente favorvel cura dosdoentes. Erigiam-se nas colinas ou nas fraldas das montanhasabrigadas contra os ventos malficos. Eram localizados ao lado das

    florestas e de uma fonte de guas minerais, de termas ou, pelomenos, de gua purssima (INSTITUTO DE TCNICOS EM SADEE HOSPITAL, 1972, p.20).

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    Silva (2000, p. 42) indica ainda que nesses templos era praticado o ritual do sono,

    em que o doente era visitado em sonho por entidades que o curavam ou o instruam

    sobre como obter a cura; deste modo, o doente no poderia ser considerado

    paciente e sim agente de sua prpria cura. Antunes (1991) acrescenta que o

    procedimento revelado era seguido risca, ainda que isso significasse conduzir o

    doente morte.

    Hipcrates (460-370 a.C.), segundo o Instituto de Tcnicos em Sade e Hospital

    (1972, p. 26), descendente de asclepades, questionou tais fundamentos e

    abandonou os antigos processos da cura miraculosa, assentando sobre o mtodo

    indutivo, a inspeo e a observao, as bases da medicina atual, de que foifundador.

    Os costumes gregos, baseados na crena popular e inicialmente desprovidos de

    qualidades cientficas, foram adaptados em outras localidades, como o caso de

    Alexandria, no Egito, onde foram construdos templos de Serapis, Isis-Serapieia e

    Isieia, segundo o modelo dos Asclepieia gregos (INSTITUTO DE TCNICOS EM

    SADE E HOSPITAL, 1972).

    Segundo Filha; Monteiro (2003), os Asclpiagregos foram adotados tambm pela

    civilizao romana, onde receberam denominao Esculpia. Antunes (1991) infere

    que com o culto ao deus Esculpio,como era conhecidoAsclpio entre os latinos, a

    partir do sculo III a.C., mdicos gregos comeam a se dirigir para esta regio. Ainda

    segundo o autor, devido incompatibilidade entre suas atividades com os costumes

    locais, onde a assistncia aos doentes tinha carter familiar e domstico, realizadapor meio de rituais, oraes, sacrifcios e oferendas, os mdicos gregos, em um

    primeiro momento, no foram bem recebidos em Roma.

    A atividade mdica, tal qual era encontrada na Grcia, foi absorvidapelos romanos e, durante sculos, os mdicos que atuavam noImprio Romano eram gregos, escravos ou libertos, pois o exerccioda medicina para o cidado romano era degradante (SILVA, 2000, p.48).

    Com o passar do tempo, a resistncia figura do mdico pelos romanos foi

    diminuindo. Em 46 a.C., devido especialmente a uma epidemia que vinha se

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    propagando em Roma, o Imperador Jlio Csar concedeu a cidadania romana aos

    mdicos que ali atuavam (ANTUNES, 1991; INSTITUTO DE TCNICOS EM SADE

    E HOSPITAL, 1972; SILVA, 2000).

    Antunes (1991) observa que os romanos cultuavam tambm a deusa Salus,

    conservadora da sade, e tinham grande preocupao com cuidados sanitrios e de

    higiene pblica, o que pode ser demonstrado pelas suas monumentais obras para

    abastecimento de gua (os aquedutos), as canalizaes subterrneas para a

    eliminao dos esgotos nos rios, drenagem de terrenos lodosos e escoamento das

    guas pluviais, alm da construo de banhos pblicos ou termas e urinis pblicos

    e outros costumes, como a cremao de cadveres.

    Por se tratar de um imprio expansionista, Roma mantinha diversos acampamentos

    militares. A preocupao com o cuidado dos soldados enfermos ou feridos levou

    construo, entre os sculos I a.C. e I d.C., de edifcios chamadosValetudinrias

    (nome derivado de Valetudo, sinnimo de deusa Salus). Desse modo, surgem em

    Roma as primeiras instituies mdicas especificamente dedicadas ao abrigo e

    tratamento de doentes, as quais podem ser consideradas precursoras do hospital noocidente (ANTUNES, 1991; SILVA, 2000).

    O valetudinariumera uma espcie de hospital militar de campanha,destinado a acolher e tratar doentes e feridos, soldados em geral. Doponto de vista da localizao, interessante considerar que suaconstruo se dava ao longo das extensas estradas e sempreprximo s linhas de fronteira do imprio. Esses estabelecimentos,entretanto, nunca chegariam a beneficiar a todo o conjunto dapopulao em geral (SILVA, 2000, p. 42).

    Caracterstica comum entre os templos da Idade Antiga, a preocupao com o local

    de implantao permanece nas Valetudinrias romanas. A diferena parece estar

    relacionada ao papel do stio onde o edifcio dever ser construdo com relao

    funo da prpria edificao: anteriormente destinado a favorecer a cura milagrosa

    das doenas, localizado prximo de vegetao, fontes de gua e boa ventilao, o

    ambiente em que o templo era edificado participava do significado mgico da cura.

    J a escolha do local para as Valetudinrias, por sua vez, est mais relacionada funcionalidade prtica da edificao, que era voltada ao pblico militar.

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    Segundo Filha; Monteiro (2003), as Valetudinrias possuam cmodos dispostos em

    volta de um ptio, os quais comportavam pequenos grupos de doentes cada um.

    Escravos, lutadores e soldados romanos tinham sua assistncia garantida devido

    sua utilidade para a sociedade da poca, fosse ela a guerra, o entretenimento ou o

    trabalho. Salles (1971, p. 85) complementa que o tratamento dos soldados se dava

    em face da observao corrente de que o moral das tropas era melhor quando

    podiam contar com um servio adequado de assistncia mdica.

    Como exemplo, Antunes (1991) cita o Valetudinarium de Vindonissa (FIGURA 1),

    regio atualmente conhecida por Windisch, na Sua, construdo no sculo I d.C..

    Segundo o autor, a edificao dispunha de dois blocos: um edifcio central quecontinha provavelmente a cozinha, refeitrio ou sala de estar, cercado por um ptio

    interno que, por sua vez, era envolvido por um segundo bloco com as salas

    destinadas a enfermos, administrao, cirurgias, farmcia e um saguo de entrada.

    FIGURA 1 - Plano da construo do Valetudinariumde Vindonissa. Detalhe:disposio das salas para enfermos.

    Fonte: ANTUNES, 1991, p.35.

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    Antunes (1991) observa que os cuidados dedicados ao restante da populao

    surgiram alguns sculos adiante, especificamente a partir do sculo IV d.C., desta

    vez devido ao advento dos ideais de caridade do cristianismo.

    Nesse momento ocorre uma mudana de objetivo e de significado das edificaes

    voltadas ao cuidado dos doentes. O clero eminente buscava, por meio da caridade,

    o perdo dos seus pecados. Devido a esse objetivo maior, era oferecido abrigo

    para os viajantes e todo tipo de assistncia aos pobres, doentes e necessitados.

    Nesse contexto, a cura das enfermidades se torna mais uma consequncia dos

    diversos cuidados dispensados que um objetivo a ser atingido.

    Segundo Sampaio (2005) e Filha; Monteiro (2003), o termo hospital deriva da

    palavra hospitalidade, do latim hospitalis, derivado de hospes (hspede, estrangeiro,

    viajante, peregrino, conviva), significando o que hospeda, e no o que tem por

    objetivo o tratamento.

    Quando se estuda a raiz latinahospitalisda palavra hospital, quesignifica relativo aos hspedes, hospitaleiro, percebe-se claramente

    a que fim se destinou, por sculos, a instituio. Associada (sic) ahospitalis, h, ainda, outros vocbulos: hospitalia, quartos parahspedes e hospitium, hospitalidade, aposento destinado a umhspede, pousada, agasalho, teto hospitaleiro" (SILVA, 2000, p. 41).

    Antunes (1991) e Silva (2000) diferenciam os estabelecimentos que comeam a ser

    implantados nessa poca entre os chamados Lobotrophia, que recebiam doentes

    sem esperana de cura, buscando diminuir seu sofrimento, para onde se dirigiam

    tambm os leprosos; os Xenodochia, posteriormente chamados de Hospitium, que

    serviam de refgio e abrigo para peregrinos, os quais raramente estariam sadios,

    aps as longas e sofridas caminhadas; e os Nosocomia, que mais se assemelhavam

    ao que hoje chamamos hospital, e recebiam doentes em geral.

    Silva (2000) inclui neste grupo tambm os brephotropia, para crianas rejeitadas

    pelos pais; os orphanotrophia, para rfos; gerontodochia, para idosos; e os

    ptocotrophiapara pobres e desamparados.

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    2.1.1.2Idade Mdia: a relao entre a Igreja e a ateno s doenas

    Durante a Idade Mdia, os ideais da caridade crist nortearam a ateno aos

    doentes. Inicialmente, h um abandono das prticas mdicas da antiguidade,

    suprimidas pela crena na orao em busca da cura da alma, antes da do corpo. Em

    um momento posterior, com o aumento da populao residente nas cidades

    europeias, os conhecimentos mdicos passam a ser utilizados em conjunto

    religiosidade dominante. O termo Nosocomia ento substitudo pela denominao

    Hospital. Ao fim da Idade Mdia, o paradigma da caridade crist em busca do

    perdo dos pecados sobrepujado pela necessidade de excluso de grupospopulacionais considerados indesejveis.

    Durante este perodo histrico, as enfermidades eram consideradas castigos divinos,

    e os doentes, por sua vez, conforme observa Sampaio (2005), aguardavam a morte

    ou a cura de modo resignado, ou pacientemente, o que originou o termo pacienteao

    se referir a pessoas em tratamento mdico. Segundo Salles (1971, p. 85), o

    Cristianismo, inspirado no conceito da caridade, impunhaaos fiis a obrigao deminorar os sofrimentos alheios, mesmo custa de sacrifcios pessoais. Nesse

    contexto, hospitais passam a ser construdos junto aos mosteiros, onde eram

    recebidos feridos e doentes.

    Filha; Monteiro (2003, p. 353), caracterizam o hospital desse momento histrico

    como um local que no era destinado cura do corpo, e sim salvao da alma.

    Antunes (1991) complementa que devido crena de que as enfermidades setratavam de castigos divinos e que a sua cura dependia mais do arrependimento dos

    pecados e de orao que de medicamentos, a prtica dos conhecimentos mdicos

    da antiguidade passou a ser considerada uma atitude hertica.

    O incio das Cruzadas2 e o grande nmero de peregrinaes de penitentes delas

    decorrentes, bem como o fenmeno do xodo rural ocorrido nesta poca, devido ao

    desenvolvimento de uma burguesia urbana, tiveram como consequncia o aumento

    2 Incurses de cunho militar e religioso a partir do sculo XI, consideradas um dos marcos quedelimitam o incio da Baixa Idade Mdia (ANTUNES, 1991, p. 61).

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    acentuado da populao de necessitados dentro das cidades europeias. Com isso,

    as instituies de abrigo e tratamento dos doentes passaram a ter maior importncia

    na vida urbana, aumentando em nmero e tamanho por todo o continente europeu

    (ANTUNES, 1991).

    A partir do sculo IV d.C., com o surgimento de Doutrinas e Ordens religiosas

    abertas aplicao dos conhecimentos mdicos e cientficos conjugados religio,

    foram fundados grandes mosteiros onde era oferecido cuidado aos doentes, anexos

    aos quais foram muitas vezes construdos um Nosocomium ou um Xenodochium

    (ANTUNES, 1991).

    Ainda segundo Antunes (1991), em 816, durante o Conclio de Aachen, o termo

    grego Nosokhomeion foi traduzido para o latim como Hospitalis Pauperum e sua

    construo nas dioceses e conventos passou a ser obrigatria. Nesta mesma poca,

    o termo hospciopassou a ser usado no lugar de Xenodochia. Filha; Monteiro (2003,

    p. 353) complementam que essas construes medievais eram semelhantes s

    naves de igreja, com um altar estrategicamente localizado de modo a ser

    obrigatoriamente observado a partir do leito do doente.

    Entre os fatores que auxiliaram a expanso hospitalar durante aIdade Mdia esto a determinao papal, que estabelecia o deverdos conventos e mosteiros de acolher enfermos e viajantes em geral,bem como a criao de novas ordens monsticas. [...] Cada um dosmosteiros deveria contar com acomodaes para os enfermos querecebiam, tambm, alimentao especial para que pudessemrecuperar suas foras. Pela primeira vez o termo hospital utilizadoem substituio a nosocomium (SILVA, 2000, p. 43).

    Durante a Baixa Idade Mdia a lepra foi bastante comum entre a populao

    europia. Por se tratar de uma enfermidade repulsiva sociedade da poca, que a

    considerava consequncia de punio divina, os leprosos passaram a ser

    segregados. Com esse objetivo foi criada uma nova tipologia de edificao de

    ateno s doenas: os Leprosriosou Casas de Lzaro, para onde eram enviados

    no somente os leprosos, mas portadores de quaisquer dermatites e doenas

    visualmente repulsivas (ANTUNES, 1991).

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    Segundo o Instituto de Tcnicos em Sade e Hospital (1972, p. 34), o problema da

    lepra acelerou a construo hospitalar pela necessidade de defesa pblica

    sanitria. Similarmente, Foucault (1979) observa que estas edificaes eram

    instaladas nos arredores das cidades de modo a purificar o espao urbano.

    A partir do sculo XIV, com a reduo da incidncia de lepra na populao europeia,

    os Leprosrios diminuram em nmero, sendo muitos deles transformados em

    hospcios e hospitais, contribuindo assim para a expanso de estabelecimentos

    hospitalares pela Europa (ANTUNES, 1991).

    Ao final do sculo 15 a Europa j dispunha de uma rede considervelde estabelecimentos hospitalares. Na Inglaterra, por exemplo,instalaram-se mais de 750, dos quais 216 para leprosos, ao longodos sculos 12 a 15. Paris contava com 40 hospitais em incios dosculo 14 e Florena tambm com 40 [...] (SILVA, 2000, p. 50).

    Segundo o Instituto de Tcnicos em Sade e Hospital (1972), ao fim da Idade Mdia

    os hospitais passaram gradualmente da hierarquia eclesistica administrao das

    municipalidades. Conforme observam Antunes (1991) e Filha; Monteiro (2003), em

    conjunto a essa mudana administrativa, intensifica-se a busca pela purificao doespao urbano, por meio da conteno de grupos populacionais considerados

    perigosos, como mendigos, imigrantes e portadores de molstias contagiosas.

    Desse modo, o carter assistencial dos hospitais se mantm, mas no com o

    objetivo de praticar a piedade crist ou desenvolver as prticas mdicas, e sim com

    foco na promoo de aes para proteo da populao saudvel.

    [...] os estabelecimentos preservaram ainda seu carter deassistncia social, agora de interesse coletivo: albergue dos pobres;de doentes, tambm pobres, e de segmentos sociais consideradoscomo perigosos: os mendigos, os imigrantes e os portadores demolstias repulsivas ou contagiosas (SILVA, 2000, p. 44).

    2.1.1.3A Idade Moderna: o hospital para busca da cura

    No sculo XVI, durante o Renascimento, observado um novo aumento no nmerode habitantes nas cidades europeias. Desse modo, eleva-se tambm o contingente

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    de grupos populacionais considerados perigos