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i Cooperação em I&D e localização: um modelo de sinalização por Sara Daniela Moreira Freitas Dissertação de Mestrado em Economia Faculdade de Economia, Universidade do Porto Orientada por: Maria Isabel Gonçalves da Mota Campos Setembro, 2016

Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

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i

Cooperação em I&D e localização: um modelo de sinalização

por

Sara Daniela Moreira Freitas

Dissertação de Mestrado em Economia

Faculdade de Economia, Universidade do Porto

Orientada por:

Maria Isabel Gonçalves da Mota Campos

Setembro, 2016

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Nota biográfica

Sara Daniela Moreira Freitas nasceu no Funchal a 30 de Maio de 1993.

Em 2011 terminou o ensino secundário em ciências socioeconómicas e ingressou na

Licenciatura em Economia na Universidade da Madeira (UMa).

Em 2012 tornou-se voluntária no Núcleo Regional da Liga Portuguesa Contra o Cancro

da Ilha da Madeira, tendo uma participação ativa em inventos de caridade e angariação

de fundos até 2014.

Durante a licenciatura, em 2013 participou no Curso Intensivo em Empreendorismo e

Inovação Empresarial desenvolvido pelo Centro de Empresas e Inovação da Madeira e

pela Vice-Presidência do Governo Regional.

Formou-se no primeiro ciclo de estudos em 2014 e nesse mesmo ano ingressou no

Mestrado em Economia na Faculdade de Economia do Porto (FEP). Durante o mestrado

participou num estágio de curta duração, no departamento de Recursos Humanos da

start-up WinSharez, sediada na UPTEC, bem como no programa de voluntariado em

empreendorismo Start-Up V.IVE com membros da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto (FFUP) e Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP).

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e

ajuda constante ao longo da elaboração desta dissertação. Agradeço toda a sua

disponibilidade para orientar-me e ajudar-me em todas as dúvidas que tive.

À professora Joana Resende pelas sugestões e comentários, nomeadamente na revisão

de literatura.

Aos meus pais pelos incentivos e apoio incondicional com que me propiciaram ao longo

da minha vida académica, bem como pela confiança que depositam em mim.

Aos meus amigos Angel, Esmeralda, Tony, Gustavo, Belshoff e Marcus pela amizade e

motivação que sempre demonstraram.

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Resumo

Este estudo pretende analisar a criação de acordos cooperativos em I&D num mercado

oligopolista na presença de spillovers de I&D, custos assimétricos e informação

incompleta. Para tal, foi desenvolvido um modelo de sinalização no qual a empresa

entrante tem informação privada sobre os seus custos de produção, decidindo aglomerar

ou não com a empresa incumbente, que, por seu lado, terá de decidir se coopera ou não

com a entrante. A resolução do modelo permitiu identificar diferentes Equilíbrios

Bayesianos Perfeitos, em particular, vários equilíbrios pooling e um equilíbrio

separating. No equilíbrio separating, a empresa entrante mais eficiente escolhe

dispersar e a menos eficiente aglomerar, sinalizando à empresa instalada a

produtividade da entrante. Adicionalmente, é verificado que na presença de free-riding,

com ou sem retaliação, apenas existem equilíbrios pooling nos quais a empresa

instalada não consegue retirar qualquer informação sobre a estrutura de custos da

empresa entrante.

Códigos-JEL: D21, C71, C72, O30, R32.

Palavras-chave: Cooperação em I&D; localização, sinalização.

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Abstract

This research aims to analyse the emergence of R&D cooperative agreements in an

oligopolistic market in the presence of R & D spillovers, asymmetric costs and

incomplete information. For that purpose, a signalling model is developed in which an

entrant firm has private information about its own production costs and may choose to

cluster or not with the incumbent firm, which, in turn, has to decide if cooperates or not

with the entrant. The resolution of the model allowed to identify different perfect

Bayesian equilibria, in particular, several pooling equilibria, and one separating

equilibrium. In the separating equilibrium, the most efficient entrant firm chooses to

disperse and the less efficient one chooses to agglomerate, signalling to the incumbent

firm the entrant’s productivity. Additionally, it is observed that in the presence of free-

riding, with or without punishment, there are only pooling equilibria, wherein the

incumbent firm cannot obtain any information about the cost structure of the entrant.

JEL-codes: D21, C71, C72, O30, R32.

Key-words: R&D cooperation; localization; signalling.

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Índice

Nota biográfica ............................................................................................................... i

Agradecimentos ............................................................................................................. ii

Resumo ........................................................................................................................ iii

Abstract ......................................................................................................................... iv

Índice de quadros ......................................................................................................... vii

Índice de figuras ........................................................................................................... vii

Introdução ...................................................................................................................... 1

Capítulo 1. Cooperação em I&D e Localização: Principais contributos ....................... 3

1.1 Jogos de cooperação em I&D ............................................................................... 3

1.2 Localização de empresas ...................................................................................... 6

1.3 Cooperação em I&D e localização ..................................................................... 10

Capítulo 2. Um modelo de localização e cooperação em I&D com informação

assimétrica .......................................................................................................... 15

2.1 Descrição do modelo .......................................................................................... 15

2.2 Resolução do modelo ......................................................................................... 17

2.2.1 Quantidades de equilíbrio ................................................................................... 17

2.2.2 Output de I&D de equilíbrio .............................................................................. 17

2.2.2.1 Concorrência em I&D ............................................................................... 17

2.2.2.2 Cooperação em I&D .................................................................................. 18

2.2.3 Escolha de localização: aglomerar ou dispersar? ............................................... 18

2.2.3.1 Caso ........................................................................................ 19

2.2.3.1.1 Aglomeração .............................................................................................. 19

2.2.3.1.1.1 Concorrência .......................................................................................... 19

2.2.3.1.1.2 Cooperação ............................................................................................ 20

2.2.3.1.2 Dispersão ................................................................................................... 20

2.2.3.1.2.1 Concorrência .......................................................................................... 20

2.2.3.1.2.2 Cooperação ............................................................................................ 20

2.2.3.2 Caso ......................................................................................... 21

2.2.4 Simulação numérica ........................................................................................... 21

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2.3 Determinação dos Equilíbrios de Nash Bayesianos Perfeitos ............................ 25

2.3.1 Estratégias Separating ........................................................................................ 26

2.3.1.1 Estratégia ...................................................................... 26

2.3.1.2 Estratégia ...................................................................... 30

2.3.2 Estratégias Pooling ............................................................................................. 31

2.3.2.1 Estratégias .................................................................... 31

2.3.2.2 Estratégia ..................................................................... 32

2.3.3 Resultados da simulação numérica ..................................................................... 34

2.3.3.1 Estratégias Separating ............................................................................... 34

2.3.3.2 Estratégias Pooling .................................................................................... 39

Capítulo 3. Extensões: Free-riding .............................................................................. 42

3.1 Free-riding sem retaliação ................................................................................. 42

3.2 Free-riding com retaliação ................................................................................. 44

3.3 Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e sem retaliação ................... 46

3.3.1 Estratégias Separating ........................................................................................ 46

3.3.1.1 Estratégia ..................................................................... 46

3.3.1.2 Estratégia .................................................................... 46

3.3.2 Estratégias Pooling ............................................................................................. 47

3.3.2.1 Estratégia ..................................................................... 47

3.3.2.2 Estratégia .................................................................... 47

3.3.3 Resultados da simulação numérica ..................................................................... 48

3.4 Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e retaliação .......................... 51

3.4.1 Resultados da simulação numérica ..................................................................... 51

Conclusões e pistas de investigação futura .................................................................. 55

Apêndices ..................................................................................................................... 58

Apêndice 1: Simulação numérica: jogo sem free-riding ............................................. 58

Apêndice 2: Extensões: Free-riding sem retaliação .................................................... 59

Apêndice 3: Extensões: Free-riding com retaliação .................................................... 71

Referências bibliográficas ............................................................................................ 82

Anexos ......................................................................................................................... 88

Anexo 1. Quadro resumo da literatura sobre jogos de cooperação em I&D e localização

............................................................................................................................ 88

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Índice de quadros

Quadro 2.1 - Parâmetros da simulação ........................................................................... 21

Índice de figuras

Figura 2.1 - Árvore do jogo ............................................................................................ 19

Figura 2.2 - Lucro com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ................................................................... 22

Figura 2.3 - Lucro com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ................................................................... 22

Figura 2.4 - Output de I&D com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] .................................................... 23

Figura 2.5 - Output de I&D com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] .................................................... 23

Figura 2.6 - Quantidade com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] .......................................................... 24

Figura 2.7 - Quantidade com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] .......................................................... 24

Figura 2.8 - com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ................................................ 35

Figura 2.9 - com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ................................................ 35

Figura 2.10 - com δ ∈[0, 1] ............................................................... 35

Figura 2.11 - com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ................................................. 36

Figura 2.12 - com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ................................................. 36

Figura 2.13 - com δ ∈[0, 1] ........................................................... 37

Figura 2.14 - com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] .............................................. 38

Figura 2.15 - com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] .......................................... 38

Figura 2.16 - G com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ........................................................................ 39

Figura 2.17 - G com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ........................................................................ 39

Figura 2.18 - F com δ ∈[0, 1] .......................................................................................... 39

Figura 2.19 - com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ................................................ 40

Figura 2.20 - com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ................................................ 40

Figura 3.1 – Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ............ 43

Figura 3.2- Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] .............. 43

Figura 3.3– Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] .............. 43

Figura 3.4– Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] .............. 43

Figura 3.5 – Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ............ 45

Figura 3.6 - Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] ............. 45

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Figura 3.7 – Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] ............. 45

Figura 3.8 - Lucro da empresa entrante do tipo com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7] .............. 45

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1

Introdução

As atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) apresentam características de

bens públicos, dada a possibilidade de o seu output se difundir para outros agentes a

custo zero. Por essa razão, num mercado não monopolista, as empresas têm pouco

incentivo para investir em atividades de I&D, já que nenhuma empresa estará disposta a

incorrer em custos de I&D para que as rivais, através das externalidades tecnológicas

(spillovers)1, se apropriem desse conhecimento. Por essa mesma razão, o investimento

em I&D é, em geral, subótimo do ponto de vista social (Petrakis e Poyago-Theotoky,

2003).

Para corrigir esta falha de mercado, as empresas realizam acordos de cooperação em

I&D de modo a internalizar os spillovers (Sun, 2012; Zhang e Li, 2013), sendo que, na

presença de spillovers elevados, a cooperação poderá levar ao aumento do nível de I&D

produzido (d’Aspremont & Jacquemin, 1988). Para além da partilha de custos ser o

principal motivo para que as empresas invistam neste tipo de acordos (Katz, 1986),

Saxenian (1996, p. 33 em Mai e Peng, 1999) salienta a importância da comunicação

entre empresas dado que, numa indústria caracterizada pela rápida mudança tecnológica

e por uma concorrência feroz, a criação de externalidades através de uma comunicação

informal sobre conhecimento tecnológico entre empresas apresenta um maior valor

comparativamente aos fóruns realizados sobre atividades industriais.

No entanto, na presença de spillovers e assimetrias nos custos de I&D, apenas a

empresa mais eficiente investe em I&D, ao passo que a rival usufrui de free-riding

(Long e Soubeyran, 1998; Baranes e Tropeano, 2003; Bacchiega et al., 2007). Portanto,

a existência de acordos cooperativos entre empresas apenas será sustentável na ausência

de incentivos ao free-riding (Baranes e Tropeano, 2003).

Adicionalmente, vários estudos empíricos sustentam a relevância que a distância

representa na transmissão e difusão de I&D (e.g. Jaffe et al., 1993; Audretsch e

Feldman, 1996; Boschma, 2005; Howells e Bessant, 2012), pelo que a apropriabilidade

1 De acordo com Scitovsky (1954), os spillovers (ou externalidades tecnológicas) referem-se aos efeitos

das interações que não passam pelo mercado e que afetam o ganho de um indivíduo ou de uma empresa.

Concretamente, as externalidades tecnológicas acontecem quando há partilha de conhecimento entre

empresas e não há custos de reembolso associados a essas atividades (Hanusch e Cantner (1993) e

Harhoff e König (1993) cfr. Grupp (1996)).

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do conhecimento e a cooperação entre empresas estão condicionadas quanto às decisões

de localização das empresas.

Pretende-se desta forma estender a literatura sobre cooperação em I&D, considerando

que a assimetria de informação e decisão das empresas quanto à sua localização

influenciam a cooperação em I&D. Assim, este estudo tem como base o estudo de

Lukach e Plasmans (2000) e os artigos desenvolvidos por Long e Soubeyran (1998),

Piga e Poyago-Theotoky (2005) e Colombo e Dawid (2014), que analisam as decisões

de empresas quanto à localização e cooperação em I&D, focando-se, respetivamente, na

influência do efeito das externalidades sobre a localização. No entanto este trabalho irá

diferenciar-se na medida em que introduz explicitamente a assimetria de informação

num contexto em que as empresas decidem a sua localização e cooperar ou não em

I&D. Em particular, pretende-se responder à seguinte questão: de que forma é que

assimetria de informação e a localização das empresas influenciam as suas decisões

sobre cooperação em I&D?

Este estudo pretende analisar a criação de acordos cooperativos em I&D entre duas

empresas na presença de spillovers de I&D, custos assimétricos e informação

incompleta. Para tal, foi desenvolvido um modelo de sinalização no qual a empresa

entrante tem informação privada sobre os seus custos de produção, decidindo aglomerar

ou não com a empresa incumbente, e em seguida ambas decidem se concorrem ou

cooperam em I&D, decidindo de seguida o output de I&D e as quantidades. O conceito

de equilíbrio subjacente é o Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito .

Esta dissertação apresenta a seguinte estrutura. A seguir à Introdução, o capítulo 1

apresenta uma revisão de literatura sobre cooperação em I&D, teoria da localização e

jogos de cooperação e localização. No capítulo 2 descreve-se a metodologia e

apresenta-se o modelo, introduzindo a simulação numérica dos resultados. Em seguida,

são apresentados os Equilíbrios Bayesianos Perfeitos. No capítulo 3 são apresentadas

algumas extensões. Por fim, apresentam-se as principais conclusões e pistas para

investigação futura.

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Capítulo 1. Cooperação em I&D e Localização: Principais contributos

Neste capítulo é abordada primeiramente a literatura sobre jogos de cooperação em

I&D, na qual se destacam os trabalhos proeminentes de d’Aspremont & Jacquemin

(1988) e Kamien et al. (1992). Seguidamente é introduzida uma breve descrição sobre

trabalhos realizados no âmbito da teoria da localização. Finalmente são referidos os

principais contributos da teoria dos jogos para as decisões das empresas quanto à

localização e cooperação em I&D.

1.1 Jogos de cooperação em I&D

Na literatura, a cooperação em I&D é frequentemente estudada no âmbito de modelos

de oligopólio com dois estágios, nos quais as decisões sobre I&D são realizadas num

primeiro estágio pré-competitivo e as quantidades ou os preços no segundo estágio.

Katz (1986) é considerado o primeiro autor a desenvolver um modelo de cooperação em

I&D, pretendendo analisar a influência que as decisões de cooperação exercem sobre as

atividades de I&D. Para esse efeito, desenvolveu um modelo de oligopólio com quatro

estágios. No primeiro estágio, as empresas são confrontadas com a possibilidade de

concorrerem ou cooperarem ao nível da I&D, sendo decidido, neste caso, os custos e as

quotas de partilha. Seguidamente, no segundo estágio, decidem o nível de esforço em

I&D, e por último as quantidades produzidas para abastecer o mercado. O autor

concluiu que a partilha de custos e a existência de spillovers suficientemente elevados

são os principais incentivos ao desenvolvimento de atividades de I&D.

Contudo, os estudos mais proeminentes para esta literatura foram desenvolvidos por

d’Aspremont & Jacquemin (1988) e Kamien et al. (1992).

A introdução de custos quadráticos e spillovers no output de I&D em duopólio foi

levada a cabo por d’Aspremont & Jacquemin (1988). Neste modelo, as empresas

decidem no primeiro estágio do jogo o nível de I&D e posteriormente as quantidades.

Os autores concluíram que, na presença de spillovers elevados, a cooperação poderá

aumentar a despesa efetuada em I&D comparativamente à situação em que não existem

acordos cooperativos entre empresas.

No modelo oligopolista desenvolvido por Kamien et al. (1992) é considerada a

existência de spillovers na despesa de I&D. Os autores concluem que a criação de uma

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Research Joint-Venture (RJV)2 aumenta o excedente do consumidor e produtor. Este

resultado é consistente com o modelo desenvolvido posteriormente por Petit e

Tolwinski (1999), que analisam a cooperação em I&D num duopólio dinâmico na

presença de assimetria em termos de custos marginais. Estes autores concluem que a

criação de RJVs produz maiores benefícios sociais apesar do risco associado à possível

formação de cartéis. Verificam ainda que na presença de cooperação o mercado tende a

ser mais simétrico, e portanto empresas assimétricas não exibem os mesmos incentivos

no que respeita à realização de acordos de cooperação.

Considerando que a produtividade das empresas é assimétrica e de informação privada,

Conti (2014) desenvolveu um modelo de sinalização com duas empresas, assumindo

apenas a presença de spillovers elevados. Como neste estudo a assimetria relativamente

à produtividade de I&D só ocorre após o investimento, foram observados

comportamentos contrários a Petit e Tolwinski (1999). Esta situação ocorre porque a

empresa ineficiente não está disposta a cooperar uma vez que isso implica

comprometer-se a investir em I&D, ao passo que na situação de concorrência esta

beneficiaria de spillovers. Assim sendo, uma RJV nunca é formada na presença de

empresas assimétricas, mas a sinalização, ao revelar informação sobre uma empresa

eficiente, poderá resolver o problema do subinvestimento em I&D através da criação de

uma RJV.

Existem várias extensões aos trabalhos pioneirosde d'Aspremont & Jacquemin (1988) e

Kamien et al., (1992) cujo enfoque são os spillovers de I&D.3

Alguns autores introduzem spillovers exógenos, ou seja, o conhecimento difundido

entre as empresas não é decidido pelas empresas. Lukach e Plasmans (2000) introduzem

assimetrias de I&D no modelo de d'Aspremont & Jacquemin (1988), concluindo que as

empresas escolhem diferentes despesas em I&D e volumes de produção, sendo que a

empresa mais eficiente apresenta uma maior despesa em I&D e um maior lucro.

2 Uma Research Joint-Venture (RJV) representa uma organização controlada por pelo menos duas

entidades (empresas, universidades ou organizações governamentais), tendo como principal objetivo a

partilha do conhecimento tecnológico através da criação de acordos cooperativos em I&D (Caloghirou et

al., 2003; Hernán et al., 2003). A criação de uma RJV implica a partilha total dos outputs de I&D de

modo a eliminar a duplicação dos custos de esforço, e a coordenação das despesas em I&D para

maximizar o somatório dos lucros (Kamien et al., 1992). Não obstante, as empresas participantes na RJV

continuam a concorrer no mercado do produto. 3 Silva (2015) apresenta uma revisão detalhada sobre modelos de cooperação em I&D.

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Suzumura (1992) considerou um oligopólio no qual as empresas, após decidirem no

primeiro estágio, com ou sem cooperação, o montante de redução de custos em I&D,

decidem o volume de produção no seguinte estágio, analisando os efeitos da decisão de

cooperação em I&D relativamente à situação de não cooperação. O autor conclui que na

presença de externalidades elevadas o ótimo social nunca era alcançado. Poyago-

Theotoky (1995) observa que existe uma relação inversa entre o investimento em I&D e

o nível de spillovers, sendo que o mercado poderá não fornecer os incentivos

necessários para a existência de cooperação. Matsumura et al. (2013) acrescentam ainda

à literatura a existência de uma relação não monótona (em forma de U) entre o nível de

competitividade e as atividades de I&D.

Relativamente à literatura que envolve spillovers endógenos, Combs (1993) observa que

na presença de spillovers elevados a cooperação poderá incentivar o desenvolvimento

de atividades de I&D, mesmo quando as oportunidades de inovação são escassas. Não

obstante, Katsoulacos e Ulph (1998) argumentam que as RJVs encontram-se associadas

a comportamentos anti-competitivos, sendo preferível a existência de mercados não

cooperativos, dado que propiciam maiores spillovers. Este resultado é obtido através de

um duopólio no qual as empresas decidem primeiramente a sua linha de investigação,

seguidamente o output de I&D, e finalmente o nível de partilha de informação. Kultti e

Takalo (1998) acrescentam que os spillovers podem ser endogeneizados de tal forma

que, mesmo na sua ausência, é possível haver partilha de conhecimento. Por outro lado,

Poyago-Theotoky (1999) através de um modelo no qual duas empresas investem no

primeiro estágio em I&D que permite a redução de custos, decidem o montante de

conhecimento que é difundido no segundo estágio, e finalmente competem à Cournot,

conclui que a partilha total de conhecimento apenas ocorre na presença de cooperação, e

que o conhecimento criado nunca se torna público na situação de concorrência.

A assimetria de spillovers é também abordada na literatura. Vonortas (1994) propõe um

modelo no qual duas empresas investem numa primeira fase em I&D básica e

posteriormente em I&D específica (sendo que o grau dos spillovers depende do tipo de

investigação), e finalmente competem à Cournot. O autor observa que a I&D básica

fornece maiores spillovers comparativamente à específica. Numa outra perspetiva, Amir

e Wooders (2000) assumem que a assimetria dos spillovers surge consoante o esforço

exercido em I&D, considerando a existência de uma empresa que investe

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agressivamente em I&D, propagando a sua investigação para a rival. Contudo, esta

última não cria nenhuma externalidade, resultando na criação de uma empresa

inovadora e uma imitadora.

Por último, no que concerne à literatura sobre spillovers de I&D, Steurs (1995) analisa o

comportamento de um duopólio na presença de spillovers inter e intra-indústria. No

primeiro estágio as empresas decidem sobre o output de I&D e no segundo estágio

competem à Cournot. Steurs (1995) verifica que as externalidades ocorridas dentro da

mesma indústria apresentam um maior peso em termos de benefícios sociais e

incentivos ao investimento de I&D comparativamente às externalidades entre indústrias.

Outras extensões aos estudos sobre cooperação em I&D foram desenvolvidas, como o

estudo do funcionamento de RJVs (e.g. Combs, 1993; Kamien e Zang, 2000; Falvey et

al., 2013), sobre capacidade absortiva da I&D (e.g. Cohen e Levinthal, 1989; Kamien e

Zang, 2000; Grünfeld, 2003; Youssef et al., 2011;), modelos inseridos num contexto de

incerteza e teoria dos contratos (e.g. Macho-Stadler e Pérez-Castrillo, 1991; Choi, 1992;

Morasch, 1995; Pérez-Castrillo e Sandonís, 1997; Cabral, 2000), jogos que tratam a

diferenciação de produto, distância tecnológica e fusões horizontais (e.g. Zhao, 2015), e

finalmente a análise da intervenção pública no que concerne às atividades de I&D (e.g.

Leahy e Neary, 1997). Recentemente, a economia das redes tem vindo a abordar o

tópico da cooperação em I&D, como o caso de Goyal e ora a-Gonz lez (2001) que

procurou explicar os incentivos à colaboração entre empresas com ligações horizontais,

ou Zirulia (2012) que analisou a formação de redes de I&D na presença de spillovers

imperfeitos devido ao conhecimento tácito.

1.2 Localização de empresas4

A teoria da localização procura explicar a forma como as atividades económicas se

distribuem no espaço. É possível identificar três abordagens referentes à escolha de

localização: a teoria da minimização dos custos (e.g. Launhardt, von Thünen e Weber)

defende que a localização ótima é aquela que minimiza os custos da empresa; os

modelos de concorrência espacial (e.g. Hotelling) defendem que, em contexto de

concorrência espacial, a localização ótima da empresa é aquela que maximiza a área de

4 Para uma versão mais detalhada sobre teoria da ocalização e economia espacial ver Mota (2007) e Fujita

(2010).

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mercado; por fim, a teoria da maximização do lucro (e.g. Lösch) defende que a

localização ótima é aquela que maximiza o diferencial entre receitas e custos de cada

localização.

Teoria de minimização dos custos

A teoria da minimização dos custos destaca a procura da localização que oferece o custo

mais baixo, abstraindo-se da procura.

Von Thünen (1875) é reconhecido pelo desenvolvimento de ideias pioneiras sobre a

teoria da localização. O seu modelo foca-se na renda e no padrão de uso das terras

agrícolas, num estado isolado com uma grande cidade localizada no centro do plano.

Considerando a terra homogénea, custos de transporte lineares, ausência de economias

de escala e mercado do produto competitivo, von Thünen mostrou que a presença de

competição entre agricultores leva a que renda oferecida pelos diferentes produtos

agrícolas seja decrescente com a distância à cidade-mercado, originando a existência de

anéis concêntricos de plantações (cfr. Fujita, 2010). De acordo com Barnes (2003), estes

anéis representavam a harmonia social, dado que von Thünen considerava que a

sociedade organizava-se em função do melhor interesse para todos.

O modelo de von Thünen foi estendido para o contexto urbano por Alonso (1960), no

qual o estado isolado era substituído por um distrito de negócios centrais, e as terras

agrícolas por espaços residenciais (cfr. Mota, 2007). Não obstante, Fujita (2010)

acrescenta que alguns estudos empíricos, como Mills, 1972a, 1972b; Odland, 1978,

mostram a existência de um declínio no papel dos distritos de negócios centrais como

único foco de emprego.

No que concerne aos modelos de localização industrial, o primeiro estudo sobre as áreas

de mercado foi desenvolvido por Launhardt (1885), definindo a localização ótima da

empresa como aquela que resulta da minimização dos custos de transporte dos fatores

de produção e do produto final. No entanto, foi o estudo pioneiro de Weber (1909) que

mais influência teve na literatura sobre a localização industrial, sendo que, e de acordo

com Barnes (2003), a teoria de Weber (1909) é elaborada por regras abstratas,

mecânicas e independentes de qualquer sistema económico. Para Weber a localização

ótima é aquela que minimiza o custo total de transporte por unidade de output, e,

assumindo perfeita complementaridade dos fatores de produção e ausência de

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economias de escala, o resultado deste estudo é a representação de uma área triangular,

interligando as localizações dos fatores de produção e do mercado. De acordo com Mota

(2007), a teoria da localização industrial desenvolvida por Weber (1909) sofreu várias

extensões, nomeadamente a nível da substituibilidade dos fatores de produção (e.g.

Predöehl (1928), Linke (1930), Isard (1956), Moses (1958)).

Concorrência espacial

Em alternativa à teoria da minimização dos custos cujo enfoque são os custos de

transporte e de produção, a teoria da interação espacial dá especial atenção a variáveis

do lado da procura como determinantes da escolha de localização. Sob a influência de

Fetter (1924), Hotelling (1929), Lerner e Singer (1937) e Chamberlin (1950), entre

outros, a teoria da interação espacial procura explicar a localização ótima da empresa

em contexto de concorrência espacial. Partindo de modelos de oligopólio, estes autores

assumem que os consumidores estão distribuídos no espaço (contrariamente a von

Thünen e Weber, que estão concentrados num ponto) e que os custos de produção são

iguais em todas as localizações. A localização ótima é aquela que maximiza a área de

mercado em contexto de concorrência espacial, sendo influenciada pela elasticidade da

procura e pela função custo de transporte, entre outros (cfr. Mota, 2007).

Hotelling (1929) assume uma distribuição uniforme dos compradores ao longo de um

mercado linear de dimensão unitária, sendo os custos de transporte suportados pelos

consumidores. Conclui-se que num mercado duopolista o equilíbrio corresponde ao

princípio da mínima diferenciação, dado que a concorrência espacial conduz à

aglomeração de empresas no centro do mercado.

Várias extensões ao modelo de Hotelling (1929) foram propostas, por exemplo, de

acordo com Fujita (2010), Chamberlin (1950) introduziu economias de aglomeração

num modelo de competição monopolística, no qual a localização e o preço dependem da

distribuição espacial dos consumidores, que são influenciados pelo número de

variedades de produtos disponíveis em cada localização. Como consta em Mota (2007),

Lerner e Singer (1937) observaram que a aglomeração ocorre apenas na ausência de

custos de transporte e quando a procura é inelástica; e Kaldor (1935) mostrou que as

empresas apenas competem com os rivais que estão localizados numa distância mais

próxima.

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Teoria da maximização do lucro

Quer a teoria da minimização dos custos, quer os modelos de concorrência espacial

apenas interpretam um dos lados do problema da escolha de localização, oferta ou

procura, ao passo que a teoria da maximização do lucro tem em consideração as duas

variáveis.

Lösch (1940) definiu que a localização ótima é aquela que maximiza o lucro. Para tal,

considerou a existência de competição oligopolística, produto homogéneo e economias

de escala. Os consumidores estão distribuídos no espaço e suportam os custos de

transporte para adquirir o bem. O preço de reserva dos consumidores define a área de

mercado máxima de cada produtor. A existência de economias de escala na produção

define a área de mercado mínima de cada produtor. Lösch (1940) concluiu que a

existência de lucros positivos levará a que outras empresas entrem no mercado, e devido

à concorrência, forma-se uma área de mercado hexagonal e de lucro nulo para cada

produtor. Concluiu que a extensão das áreas de mercado hexagonais depende das

economias de escala e dos custos de transporte (cfr. Mota, 2007).

Do mesmo modo, Christäller (1933) procurou otimizar as áreas de mercado, assumindo

uma distribuição uniforme dos consumidores no espaço, definindo um limiar da procura

e alcance do bem. Formulou a teoria dos lugares centrais segundo a qual estes fornecem

um conjunto de bens e serviços à sua área de influência, no qual a hierarquia de cada

lugar central é aferida pelo nível hierárquico dos bens e serviços que oferece. Contudo,

Christäller não apresenta nenhuma justificação de como as interações dos agentes

económicos poderiam originar tal hierarquia (cfr. Fujita, 2010). Para Greenhut (1993),

apesar de Lösch ter sido o primeiro autor a propor que a localização de uma empresa

depende de ambas as variáveis da procura e oferta, esta abordagem encontra-se limitada

na medida em que não explica a interdependência entre os agentes económicos,

propondo apenas um modelo de equilíbrio parcial.

Nova geografia económica

A nova geografia económica apresenta modelos de competição monopolística com

forças de aglomeração endógenas, criadas pela interação dos retornos à escala, custos de

transporte e movimento dos fatores de produção, originando uma multiplicidade de

equilíbrios (Martin, 1999; Barnes, 2003; Behrens e Thisse, 2007; Fujita, 2010). Como

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referido em Brülhart (1998) e Martin (1999), para Krugman (1991a, 1991b, 1991c) e

Arthur (1994a, 1994b) a existência de vários equilíbrios ocorre devido a um elemento

de incerteza na aglomeração industrial, que depende da distribuição inicial da

localização dos fatores de produção e das facilidades de transporte.

Como consta na descrição de Fujita (2010), esta abordagem recente à localização dos

agentes económicos foi iniciada com o trabalho pioneiro de Krugman (1991a, 1991b),

que tenta explicar a emergência de uma estrutura núcleo-periférica a uma escala

nacional ou internacional. Concluiu que uma estrutura núcleo-periférica ocorre quando

os custos de transporte são suficientemente baixos, existe uma diferenciação alta, ou

quando as despesas em bens manufaturados são elevadas.

Existem ainda outros autores que desenvolveram trabalhos inseridos na nova geografia

económica, entre outros. Venables (1996) introduziu duas indústrias imperfeitamente

competitivas, explicando a especialização de indústrias a nível internacional, quando

estas estão verticalmente ligadas. Considerando sistemas urbanos, Krugman (1996)

considera uma economia com um contínuo de localizações espalhadas uniformemente à

volta de uma circunferência, de modo a estudar a auto-organização das localizações no

espaço. Não obstante, se os trabalhadores forem idênticos e livres de escolher a sua

localização, Fujita e Krugman (1995) mostram que, quando a economia é pequena, o

estado isolado com uma única cidade apresenta-se como o único equilíbrio do jogo.

Ainda, Fujita e Mori (1997) observam que à medida que o tamanho da população

aumenta, o número de cidades aumenta também (cfr. Fujita, 2010).

1.3 Cooperação em I&D e localização

O estudo das decisões de localização, cooperação em I&D na presença de spillovers

recorre a modelos não cooperativos, considerando em geral, um duopólio com três

estágios: localização, I&D, e preço ou quantidade.

As decisões relativas à I&D poderão ter como intuito a redução dos custos de produção

ou a melhoria da qualidade do produto. De modo a comparar as implicações de optar

por uma via ou outra, Sun (2012) criou um modelo no qual duas empresas escolhem a

localização, o output de I&D e o preço, concluindo que ambos os tipos de atividades de

I&D apresentavam as mesmas soluções. Sun (2012) acrescenta ainda a necessidade da

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implementação de uma nova política fiscal que corrija a excessiva diferenciação entre

empresas e o subinvestimento em I&D.

Considerando que os spillovers são convexos com a distância (d’Aspremont et al.,

1979), Agata e Santangelo (2003) desenvolvem um duopólio com três estágios no qual

as empresas escolhem primeiramente o seu perfil tecnológico e localização geográfica,

seguidamente o output de I&D e finalmente concorrem à Cournot, apresentando um

resultado comum na literatura, nomeadamente a necessidade de co-localizações (i.e.,

mesma localização) para que as empresas possam usufruir dos spillovers máximos.

O desenvolvimento de modelos nos quais as empresas concorrem à Bertrand (e.g.

Gerlach et al., 2005; Piga e Poyago-Theotoky, 2005; Hussler et al., 2007; Sun, 2012;

Beacham, 2013; Zhang e Li, 2013) requer a análise do impacto dos custos de transporte

sobre a decisão de localização, sendo que, no modelo de Hotelling, os custos de

transporte são suportados pelos consumidores.

Piga e Poyago-Theotoky (2005) consideram um duopólio de três estágios - localização,

output de I&D e preço – e que a I&D aumenta a qualidade do produto. Observam que

na presença de custos de transporte elevados as empresas dispersam no espaço. Dado

que em dispersão os spillovers são baixos, estas exercem um maior esforço em I&D,

diferenciando os seus produtos. Por outro lado, quando os custos de transporte são

baixos existe uma competição feroz de preços que afasta as empresas geograficamente.

No entanto, a força centrípeta dos spillovers tem um maior peso, levando à aglomeração

de empresas. Assim sendo, não há melhoria de qualidade, dado que os esforços em I&D

são baixos resultando numa baixa diferenciação do produto.

Contudo, Hussler et al. (2007) apresentam resultados não consistentes com o estudo de

Piga e Poyago-Theotoky (2005). Os autores introduzem, na equação do esforço efetivo

em I&D, uma nova expressão que traduz a relação entre spillovers e capacidade

absortiva, sendo exigido às empresas um esforço mínimo em I&D de modo a beneficiar

do conhecimento tecnológico. Considerando um modelo em que duas empresas

escolhem a localização, despesas em I&D e o preço, observam que estas abandonam o

mercado na presença de custos de transporte baixos, dado que este aumenta a

competição de preços. E, na presença de custos de transporte elevados, as empresas

aglomeram de modo a recuperar quota de mercado. Os autores acrescentam ainda outro

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resultado não consistente com o trabalho de Piga e Poyago-Theotoky (2005),

nomeadamente, que os custos de transporte apenas influenciam as escolhas de

localização, não exercendo nenhum impacto sobre os preços e despesas efetuadas em

I&D. Deste modo, as empresas localizam-se simetricamente no espaço e,

independentemente da sua localização, escolhem os mesmos preços e despesas em I&D.

Gerlach et al. (2005) definiram um duopólio com três estágios - localização, output de

I&D e preço - focando o seu estudo no risco de inovar em I&D. Concluem que existe

uma diferenciação mínima e máxima excessiva nas localizações das empresas. De facto,

se o nível de risco associado a uma inovação for alto, as empresas formam clusters;

contrariamente, se o risco for baixo estas dispersam no espaço. Outro resultado obtido

por Gerlach et al. (2005) é que, contrariamente ao estudo de Piga e Poyago-Theotoky

(2005), os spillovers da I&D levam a uma maior diferenciação do produto e menos

patentes.

Existem outros trabalhos que apresentam modelos em que as empresas têm

características diferentes. No que concerne às assimetrias no nível de custos em I&D,

Beacham (2013) com um duopólio de três estágios: output de I&D, localização e preço,

verifica que a aglomeração nunca é suportada em equilíbrio. Este resultado é consistente

com o estudo de d’Aspremont & Jacquemin (1988), que tentou mostrar que o princípio

da diferenciação mínima era inválido, dado que sob custos de transporte quadráticos, as

empresas localizam-se nos extremos do intervalo. Adicionalmente, quando as empresas

são mistas (pública e privada), Zhang e Li (2013) criaram um modelo no qual duas

empresas escolhiam o output de I&D, a localização e o preço, mostrando que não existe

diferenciação máxima nem mínima nos equilíbrios de localização, sendo que, na

presença de spillovers elevados o investimento em I&D da empresa pública é maior, e

contrariamente, quando os spillovers são baixos, a empresa privada investe um maior

montante em I&D.

Para além dos estudos que consideram o mercado linear de Hotelling, existem também

alguns estudos que consideram mercados não lineares (e.g. Long e Soubeyran, 1998) ou

duas regiões/ dois mercados (e.g. Baranes e Tropeano, 2003; Colombo e Dawid, 2013).

Nesta literatura, a existência de clusters pode ser analisada num modelo que apresente

um mercado de duas regiões. De forma a averiguar em que circunstâncias é ótimo para

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um líder tecnológico localizar-se fora ou dentro de um cluster (comparando as situações

em que o líder apresenta vantagens estruturais ou vantagens iniciais no stock de

conhecimento tecnológico), Colombo e Dawid (2013) diferenciam-se dos restantes

autores e criam um modelo dinâmico em tempo infinito, com empresas que competem

em quantidades. Observam que a situação de isolamento apenas deverá acontecer, se e

só se, a vantagem tecnológica detida pelo líder for suficientemente grande, de modo a

garantir sustentabilidade fora do cluster.

Com menos predominância na literatura, existem trabalhos que analisam as decisões de

cooperação em I&D num contexto em que as empresas concorrem no espaço. Estes

estudos são particularmente importantes, dado que a análise do bem-estar social

evidencia diversas falhas no mercado, nomeadamente o subinvestimento em despesas

de I&D (Sun, 2012; Zhang e Li, 2013) ou as diferenciações de localização excessivas

(Long e Soubeyran, 1998; Gerlach et al., 2005), sendo que a criação de uma Research

Joint-Venture poderá contribuir para o bem-estar da sociedade através do combate a

estas falhas.

Mai e Peng (1999) desenvolvem um modelo de competição espacial à la Hotelling no

qual duas empresas escolhem a localização da produção e os preços a praticar,

concluem que a localização de equilíbrio poderá variar entre diferenciação mínima e

máxima, dependendo da força relativa do efeito da cooperação sobre o efeito da

competição. Concretamente, é necessário comparar o peso relativo da força centrífuga,

que empurra as empresas para longe umas das outras devido ao efeito da competição de

preços, com a força centrípeta, que puxa as empresas para perto uma das outras devido

ao efeito dos spillovers (Poyago-Theotoky, 2005). Não obstante, Mai e Peng (1999)

apresentam ainda resultados consistentes com o estudo desenvolvido posteriormente por

Poyago-Theotoky (2005). Ambos os trabalhos mostram que as empresas localizam-se

longe umas das outras à medida que os custos de transporte aumentam.

Aquando da análise de acordos cooperativos entre empresas, surge a preocupação

referente ao problema do free-riding, nomeadamente na presença de informação

incompleta sobre o esforço em I&D exercido pela rival. Dispondo de um duopólio com

quatro estágios: localização, cooperação e grau de partilha de informação/concorrência

em I&D, esforço em I&D e preço, num mercado de duas regiões, Baranes e Tropeano

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(2003) observaram que, quando o custo de esforço em I&D é inferior ao lucro esperado,

ambas as empresas investem e partilham I&D. Por outro lado, quando existe assimetria

entre empresas em termos de redução de custos em I&D, a maioria da I&D da indústria

está concentrada numa única empresa, i.e., apenas a empresa mais eficiente investe em

I&D, ao passo que a concorrente usufrui de free-riding (Baranes e Tropeano, 2003;

Bacchiega et al., 2007). Long e Soubeyran (1998) apresentam um resultado semelhante

com um oligopólio de dois estágios: localização e quantidades.

Assim sendo, independentemente da existência de acordos cooperativos, quando o lucro

esperado de investir em I&D não compensar o custo de esforço incorrido pelas

empresas, nenhuma empresa irá exercer esforço nem partilhar I&D. Desta forma,

Baranes e Tropeano (2003) concluem que a existência de cooperação irá depender do

que a empresa acredita que a rival irá fazer em termos de esforço em I&D, i.e., a

cooperação entre empresas só será sustentável quando não houver incentivos ao free-

riding. O trabalho extensivo de Baranes e Tropeano (2003) permite ainda tirar outras

conclusões relativamente à influência dos custos de transporte sobre as decisões de

localização.

Tal como em Piga e Poyago-Theotoky (2005) e Mai e Peng (1999), Baranes e Tropeano

(2003), verificam que as empresas têm tendência para dispersar-se no espaço quando os

custos de transporte são elevados. Não obstante, contrariamente a Piga e Poyago-

Theotoky (2005), Baranes e Tropeano (2003) argumentam que a dispersão geográfica

poderá conduzir a uma diminuição da qualidade dos produtos, devido à diminuição do

progresso tecnológico resultante da diminuição dos spillovers.

Quando os custos de transporte são intermédios, as empresas aglomeram-se e, devido ao

aumento dos spillovers, trocam informação sobre conhecimento tecnológico do qual

resulta num aumento do progresso tecnológico e da qualidade dos produtos. Por último,

Baranes e Tropeano (2003) salientam que a dispersão geográfica entre empresas apenas

permitirá a partilha de conhecimento quando os custos de transporte são extremamente

baixos. A diminuição da concorrência de preços devido à dispersão geográfica incentiva

as empresas a investir em I&D, nomeadamente na melhoria da qualidade dos seus

produtos.

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Capítulo 2. Um modelo de localização e cooperação em I&D com

informação assimétrica

Nesta secção, é proposto um modelo de sinalização para analisar as decisões de

localização e cooperação em I&D entre empresas quando existe assimetria de

informação relativamente à empresa entrante, tendo como principais referências os

modelos desenvolvidos por Long e Soubeyran (1998), Piga e Poyago-Theotoky (2005),

Lukach e Plasmans (2000), e Colombo e Dawid (2014).

Este estudo irá recorrer à teoria dos jogos, em particular aos modelos de sinalização

(e.g. Gibbons, 1992; Dixit et al., 2015). A teoria dos jogos é uma ferramenta analítica

particularmente útil no estudo das decisões económicas em economia na medida em que

nos permite analisar a interação estratégica entre os agentes económicos através da

previsão dos comportamentos dos seus adversários em diferentes contextos de

informação (Gibbons, 1992; Brandenburger e Nalebuff, 1996; Dixit et al., 2015).

2.1 Descrição do modelo

Considere-se um mercado de um produto homogéneo, em que existe uma empresa

instalada (empresa ) e uma empresa entrante (empresa ).

A função inversa e linear da procura é dada por:

(2.1)

sendo , em que e representam as quantidades produzidas pelas

empresas e , respetivamente.

O custo unitário de produção é representado por:

(2.2)

no qual corresponde ao custo marginal de produção, e e ao output de I&D.

As empresas investem em investigação e desenvolvimento (I&D) de modo a reduzirem

os seus custos unitários de produção (e.g. d’Aspremont & Jacquemin, 1988; Long e

Soubeyran, 1998; Lukach e Plasmans, 2000; Colombo e Dawid, 2014). Ainda, as

atividades de I&D de uma empresa traduzem-se numa redução dos seus custos de

produção, bem como dos custos de produção da sua rival, dada a existência de

spillovers ( ) que dependem da localização das empresas. Sem perda de generalidade,

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assume-se ainda que as externalidades de conhecimento só acontecem quando as

empresas se localizam suficientemente próximas uma da outra. Por último, as empresas

podem cooperar em I&D e partilhar voluntariamente know-how entre si ( ).

Dados os pressupostos anteriores, tem-se que ∈ , ∈ e ∈ .

Assume-se ainda que se as empresas aglomeram, e caso contrário. Por

outro lado, se as empresas decidem cooperar, e se decidem concorrer em

I&D.

Considere-se ainda que a empresa entrante tem conhecimento da estrutura de custos de

produção da empresa incumbente, tendo, contudo, informação privada sobre a sua

própria estrutura de custos. O seu custo marginal de produção poderá ser alto ( )

ou baixo ( ), sendo que

ocorre com probabilidade .

A função lucro da empresa é dada por:

(2.3)

(2.4)

em que representa a curvatura da função de custos de I&D, exibindo rendimentos

marginais decrescentes relativamente à despesa em I&D (d’Aspremont & Jacquemin,

1988).

O timing do jogo é o seguinte:

i. A natureza define o tipo da empresa (empresa entrante), podendo apresentar

custos marginais de produção altos, , ou baixos,

, sendo que

ocorre com probabilidade .

ii. Após observar o seu custo de produção, a empresa entrante decide a sua

localização, escolhendo localizar-se próxima (aglomerar) ou afastada (dispersar)

da empresa instalada;

iii. Em seguida, a empresa instalada observa a localização da entrante e ambas

decidem simultaneamente o output de I&D, em cooperação ou em concorrência;

iv. Por último, as empresas concorrem à Cournot.

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2.2 Resolução do modelo

2.2.1 Quantidades de equilíbrio

As quantidades de equilíbrio, e , são decididas simultaneamente pelas empresas

e , e correspondem às quantidades produzidas que permitem maximizar os seus lucros,

e :

(2.5)

A condição de primeira ordem da maximização do lucro da empresa é dada por (5):

(2.6)

obtendo-se a seguinte expressão para as quantidades de equilíbrio:

(2.7)

2.2.2 Output de I&D de equilíbrio

Uma vez obtidas as quantidades de equilíbrio, determina-se o nível de output de I&D

escolhido simultaneamente pelas empresas, em contexto de concorrência ou cooperação

em I&D.

2.2.2.1 Concorrência em I&D

Quando existe concorrência ao nível da I&D, as empresas não partilham

voluntariamente conhecimento (output de I&D), contrariamente ao que sucede na

situação de cooperação. Assim sendo, . O lucro da empresa em contexto de

concorrência será dado pela expressão:

(2.8)

Da maximização da função lucro resulta o output de I&D de equilíbrio em contexto

de não cooperação (6):

(2.9)

5 Os resultados obtidos pela condição de primeira ordem correspondem a um máximo, dada a condição de

segunda ordem (

).

6 Para garantir um máximo, a condição de segunda ordem deverá satisfazer

.

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2.2.2.2 Cooperação em I&D

Contrariamente ao cenário anterior, quando as empresas decidem cooperar ao nível da

I&D, é possível usufruir de um ganho adicional criado pela partilha voluntária de

conhecimento entre empresas, representado por . Neste caso, , sendo que

representa a partilha total de conhecimento tecnológico. Em situação de

cooperação, as empresas maximizam o lucro conjunto dado por:

2 + 2 12 2+ 2 , , =1,2, (2.10)

Da maximização da função lucro conjunto (expressão 2.10), obtém-se o output de I&D

de equilíbrio para a situação de cooperação (7):

(2.11)

2.2.3 Escolha de localização: aglomerar ou dispersar?

Neste estágio, a empresa entrante irá decidir a sua localização, escolhendo localizar-se

próxima da empresa instalada (aglomerar) ou afastada (dispersar).

Na situação de aglomeração, as empresas beneficiam do usufruto das externalidades

tecnológicas de conhecimento, representadas por , sendo , com

representando a partilha total e involuntária de conhecimento. Por outro lado, na

situação de dispersão, as externalidades tecnológicas entre as empresas são nulas, ou

seja, .

Tendo em conta que a Natureza escolhe o tipo da empresa entrante, ou seja, se esta

apresenta custos altos ou baixos, a decisão de localização pode funcionar como um sinal

que a entrante envia à empresa instalada. Esta observa a escolha de localização (mas

não os custos de produção), e decide se coopera ou concorre em I&D.

7 Para garantir um máximo, a condição de segunda ordem requer que

.

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Figura 2.1 - Árvore do jogo

Comecemos por definir a funções lucro de ambas as empresas, para o caso em que a

empresa entrante apresenta custos altos, , e para o caso em que apresenta custos

baixos, . Para cada tipo da empresa , são consideradas as decisões de concorrência

ou cooperação, por parte da empresa .

De forma a determinar as funções pretendidas, substitui-se a equação na função

lucro representada pela equação , para a situação de competição entre empresas, e

a equação em , para o cenário em que decidem cooperar.

2.2.3.1 Caso

Neste caso, a Natureza escolhe o tipo de custos marginais altos para a empresa ,

representados por .

2.2.3.1.1 Aglomeração

Quando as empresas se situam próximas geograficamente, é possível beneficiarem de

externalidades tecnológicas de conhecimento, dado .

2.2.3.1.1.1 Concorrência

O lucro de cada uma das empresas em contexto de aglomeração e concorrência, dado

, é:

(2.12)

(2.13)

Natureza

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2.2.3.1.1.2 Cooperação

O lucro de cada uma das empresas em contexto de aglomeração e cooperação em I&D,

dado , é:

(2.14)

(2.15)

2.2.3.1.2 Dispersão

Quando as empresas estão dispersas geograficamente, não existe a possibilidade de

beneficiarem de spillovers, uma vez que estes são nulos, portanto .

2.2.3.1.2.1 Concorrência

O lucro de cada uma das empresas em contexto de dispersão e concorrência, dado

, é:

(2.16)

(2.17)

2.2.3.1.2.2 Cooperação

O lucro de cada uma das empresas em contexto de dispersão e cooperação, dado

, é:

(2.18)

(2.19)

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21

2.2.3.2 Caso

Quando os custos da empresa são baixos, ou seja, , as funções lucro de ambas

as empresas, para cada perfil de estratégias, são idênticas às equações apresentadas

anteriormente, substituindo apenas os custos marginais da empresa com o tipo de custos

altos ( ) para os custos marginais da empresa com o tipo de custos baixos (

).

2.2.4 Simulação numérica

Esta secção pretende analisar, através da simulação, o impacto de parâmetros do modelo

– spillover ( ), partilha de know-how ( ) - nos lucros, output de I&D e volumes de

produção das empresas. Autores como Lukach e Plasmans (2000), Piga e Poyago-

Theotoky (2005), Zhang e Li (2013), e Colombo e Dawid (2014), também estudaram

cooperação em I&D em ambiente simulados.

Assim, iremos considerar os seguintes parâmetros, baseados, parcialmente, no estudo de

Lukach e Plasmans (2000) (Quadro ):

Quadro 2.1 - Parâmetros da simulação

Parâmetros Valor

Uma vez que ∈ , ∈ e ∈ , o intervalo do spillover poderá

variar de acordo com o valor do parâmetro , i.e., um maior levará a um menor, e

um menor induzirá um maior.

Considerando a situação no qual a empresa entrante apresenta custos altos ( ),

obtêm-se os seguintes resultados da simulação:

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22

Figura 2.2 - Lucro com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] Figura 2.3 - Lucro com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Tal como verificado em d’Aspremont & Jacquemin (1988) e Lukach e Plasmans (2000),

o lucro da empresa individual é superior em contexto de cooperação, e crescente com o

spillover, para (partilha alta de know-how) e (partilha baixa de know-

how). Adicionalmente, Kamien et al. (1992) concluíram que a criação de uma RJV

apresenta um maior excedente do consumidor e produtor, sob competição à Cournot.

Por outro lado, verifica-se que na situação de concorrência ( ), o lucro de dispersão

( ) é sempre inferior ao lucro de aglomeração ( ∈ ), quando e

.

A figura , mostra-nos a situação para o qual as empresas partilham voluntariamente

um know-how elevado, no caso de se realizarem acordos cooperativos em I&D. Através

da sua visualização é possível constatar que, para qualquer spillover, o lucro de

cooperar é sempre superior ao verificado em concorrência. É possível observar ainda

que, no caso da empresa entrante decidir aglomerar com a empresa instalada, o aumento

do seu lucro de cooperação é pouco significativo à medida que o spillover aumenta,

dado que já beneficia de uma grande partilha voluntária de know-how ( ).

Na figura , é assumido que as empresas partilham voluntariamente um know-how

baixo nos acordos de cooperação em I&D. Deste modo, uma vez mais, verifica-se que,

independentemente do valor atribuído ao spillover, o lucro da empresa instalada em

cooperação é sempre superior ao de concorrer em I&D com a empresa entrante.

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.303000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.73000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

Spillover (ß)

Lucro

Lucro da

empresa 1

de

competição

Lucro da

empresa 1

de

cooperação

Lucro da

empresa 2

de

competição

Lucro da

empresa 2

de

cooperação

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23

Contudo, apesar do lucro de cooperação ser também geralmente superior ao de

competição para a empresa entrante, no caso particular em que é alto, o lucro de

aglomerar e competir com a empresa instalada é superior ao de dispersar e cooperar.

Em seguida, as figuras e apresentam os resultados da simulação para a variável

output de I&D. Em ambos os casos, o output de I&D é decrescente com o spillover na

situação de concorrência, mas crescente em caso de cooperação. Este resultado é

consistente com d’Aspremont & Jacquemin (1988) que concluíram que para valores do

spillover muito altos, o output de I&D é superior quando as empresas cooperam em

I&D. Do mesmo modo, Vonortas (1994) concluiu que as RJVs que coordenam as suas

ações com respeito à I&D são suscetíveis de apresentar maiores incentivos ao

desenvolvimento de atividades de I&D, na presença de spillovers elevados,

comparativamente à situação de concorrência. Adicionalmente, Poyago-Theotoky

(1995) demonstrou a existência de uma relação inversa entre o desenvolvimento de

atividades em I&D e o grau do spillover exógeno. Esta situação é verificada nas

seguintes figuras e para o contexto de concorrência, dado que as empresas

evitam investir em I&D para que os resultados da sua investigação não sejam

apropriados pelas rivais.

Não obstante, para valores muito baixos do spillover, o output de I&D de cooperação é

sempre inferior ao de concorrência.

Figura 2.4 - Output de I&D com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 2.5 - Output de I&D com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.304.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

Spillover (ß)

Output de I&D

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.73.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

Spillover (ß)

Output de I&DOutput de

I&D da

empresa 1

de

competição

Output de

I&D da

empresa 1

de

cooperação

Output de

I&D da

empresa 2

de

competição

Output de

I&D da

empresa 2

de

cooperação

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24

Finalmente é simulada a sensibilidade da quantidade produzida relativamente ao

spillover (Figuras e ). Os resultados obtidos são semelhantes, independentemente

do valor atribuído a . É possível observar que a quantidade produzida por ambas as

empresas é, em geral, superior em contexto de cooperação em I&D, tal como em

d’Aspremont & Jacquemin (1988). Para a empresa entrante, independentemente de

cooperar ou concorrer, a quantidade é sempre crescente com o spillover. Contudo, para

a empresa incumbente, concorrer em I&D e quantidades implica uma redução no

volume de produção à medida que o spillover aumenta.

Figura 2.6 - Quantidade com δ = 0.7 e β∈[0,

0.3]

Figura 2.7 - Quantidade com δ = 0.3 e β∈[0,

0.7]

Em alternativa, a empresa entrante poderá apresentar custos baixos. Assim sendo,

assumindo que e , os resultados da simulação (ver Apêndice 1) são

simetricamente semelhantes aos obtidos anteriormente para .

Quando a empresa entrante apresenta custos marginais inferiores aos da empresa

incumbente, a cooperação em I&D poderá aumentar os lucros de ambas as empresas.

Não obstante, na figura 1.2 do Apêndice 1, quando a partilha voluntária de know-how é

baixa, a aglomeração em concorrência só será preferível à cooperação em dispersão,

quando o spillover for suficientemente grande. Ou seja, o spillover resultante da

aglomeração (em concorrência) terá de ser suficientemente elevado de modo a

compensar a partilha de know-how demasiado baixa (em dispersão).

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.3060

62

64

66

68

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

Spillover (ß)

Quantidade

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.760

62

64

66

68

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

Spillover (ß)

Quantidade

Quantidade da empresa

1 de

competição

Quantidade

da empresa

1 de

cooperação

Quantidade

da empresa

2 de

competição

Quantidade

da empresa

2 de

cooperação

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25

No que diz respeito aos outputs de I&D, se as empresas optarem por dispersar no

espaço, o output de I&D de cooperação será sempre inferior ao de competição. Por

outro lado, em aglomeração, verifica-se que o output de I&D resultante de cooperação é

crescente com o spillover e decrescente em contexto de concorrência.

Por último, observa-se que as quantidades de cooperação são crescentes e, geralmente,

superiores às de competição à medida que os spillovers aumentam.

2.3 Determinação dos Equilíbrios de Nash Bayesianos Perfeitos

Na resolução do modelo, recorre-se ao conceito de Equilíbrio de Nash Bayesiano

Perfeito , dado que se trata de um jogo com informação incompleta. De acordo com

Harsanyi (1995), estes jogos são caracterizados pelo facto de pelo menos um dos

jogadores (neste caso, empresas) carece de informação sobre a estrutura do jogo,

formando expetativas sobre as funções lucro através da distribuição de probabilidades

subjetivas para as variáveis desconhecidas.

Deste modo, nos jogos Bayesianos, a natureza escolhe aleatoriamente um tipo de

jogador entre várias possibilidades existentes, no qual cada tipo apresenta características

diferentes. Consequentemente, a natureza irá revelar a cada jogador o seu próprio tipo,

mas não o revela ao rival (Harsanyi, 1967).

Na determinação do Equilíbrio Bayesiano Perfeito , Gibbons (1992) e Rasmusen (2001)

identificam os seguintes requisitos:

Requisito 1: as empresas deverão apresentar uma convicção (distribuição de

probabilidades) para cada nó de decisão em que são chamados a jogar;

Requisito 2: as suas escolhas deverão ser sequencialmente racionais, i.e.,

deverão maximizar o lucro, dadas as suas convicções;

Requisito 3: as convicções, nos nós de informação no percurso de equilíbrio, são

determinadas pela regra de Bayes8 e pelas estratégias de equilíbrio das empresas;

Requisito 4: as convicções, nos nós de informação fora do percurso de

equilíbrio, são determinadas pela regra de Bayes e pelas estratégias de equilíbrio

das empresas, sempre que possível.

8 Dados dois eventos e , a probabilidade de dado , , é dada por

,

em que e são as probabilidades à priori de e (Rasmusen, 2001, pp. 55).

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26

Neste estudo, a empresa entrante poderá localizar-se próxima ou afastada da empresa

instalada, contudo, esta não tem conhecimento se a entrante apresenta custos altos, ,

ou baixos, . Assim sendo, a empresa instalada sabe que a entrante poderá apresentar

as seguintes estratégias:

Separating:

,

;

Pooling:

,

.

As ações da empresa , face à estratégia da empresa , são e

, sendo as suas estratégias dadas por:

Separating: ( se , se ); ( se , se );

Pooling: ( se , se ); ( se , se ).

2.3.1 Estratégias Separating

2.3.1.1 Estratégia

Considere o seguinte perfil de estratégias da empresa :

, no qual a

empresa do tipo decide localizar-se próxima da empresa , e a empresa do tipo

decide afastar-se da mesma.

As convicções da empresa atualizadas são dadas por:

Assim sendo, dada a estratégia da empresa , se a empresa observar que a empresa

entrante localizou-se geograficamente próxima, conclui que se trata de uma empresa do

tipo . Deste modo, a melhor resposta da empresa se observar aglomeração é:

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27

(2.20)

em que:

(2.21)

(2.22)

Por outro lado, se observar que a empresa entrante decidiu localizar-se afastada, conclui

que se trata de uma empresa do tipo , e, neste caso, a melhor resposta da empresa

ao observar dispersão será:

(2.23)

em que:

(2.24)

(2.25)

Seguidamente, é necessário verificar se o perfil de estratégias

corresponde à melhor resposta da empresa .

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

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28

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa

será:

(2.27)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

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29

(2.28)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

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30

2.3.1.2 Estratégia

Nesta estratégia separating, iremos considerar o seguinte perfil de estratégias para a

empresa :

, no qual a empresa do tipo decide localizar-se próxima

da empresa , e a empresa do tipo decide afastar-se da mesma.

A empresa atualiza as suas convicções para:

,

sendo então possível definir a sua melhor resposta.

Quando a empresa observa que a empresa entrante optou por dispersar conclui que se

trata da empresa do tipo , e a sua melhor resposta (se deverá cooperar ou concorrer

em I&D) é idêntica à expressão , substituindo os custos marginais da empresa do

tipo para os custos marginais da empresa do tipo

.

Por outro lado, se observar aglomeração, a empresa tem conhecimento de que a

empresa entrante corresponde à empresa do tipo . Assim sendo, a sua melhor

resposta, face à decisão de aglomeração da empresa entrante com custos marginais

baixos, será idêntica à expressão , substituindo os custos marginais da empresa

do tipo para os custos marginais da empresa do tipo

.

Contudo, será que o perfil de estratégias

é a melhor resposta para a

empresa ? As funções de melhor resposta, para ambos os tipos da empresa , são

iguais às expressões apresentadas anteriormente na estratégia separating

, para cada estratégia da empresa .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

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31

2.3.2 Estratégias Pooling

Após observar a escolha da empresa entrante, a empresa instalada não obtém

informação adicional sobre o custo marginal da empresa entrante.

2.3.2.1 Estratégias

Considere o seguinte perfil de estratégias da empresa :

, no qual

ambos os tipos e

decidem localizar-se próximos da empresa .

A empresa atualiza as suas convicções da seguinte forma:

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta, se observar que a empresa entrante decidiu

localizar-se próxima, será:

(2.30)

em que

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

, respetivamente;

(2.32)

e pode ser alto, , ou baixo,

.

E, se observar dispersão, será:

(2.33)

Page 41: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

32

em que

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

,

respetivamente;

(2.35)

e pode ser alto, , ou baixo,

.

Seguidamente, é necessário verificar se o perfil de estratégias

corresponde à melhor resposta para a empresa .

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa

é expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

2.3.2.2 Estratégia

Por último, é considerado o seguinte perfil de estratégias da empresa :

, em que ambos os tipos e

decidem localizar-se geograficamente afastados

da empresa .

A empresa atualiza as suas convicções para:

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33

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta se observar que a empresa entrante decidiu

aglomerar será:

(2.36)

E, se observar dispersão, será:

(2.37)

Tendo em conta a estratégia da empresa , será que o perfil de estratégias

apresenta-se como a melhor resposta para a empresa ?

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa

é expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

Page 43: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

34

Concluindo, os Equilíbrios Nash Bayesianos Perfeitos neste jogo são os seguintes:

2.3.3 Resultados da simulação numérica

Para a simulação numérica do Equilíbrio Nash Bayesiano Perfeito iremos assumir os

valores considerados anteriormente no Quadro .

2.3.3.1 Estratégias Separating

Considerando que a empresa entrante segue uma estratégia separating

, a melhor resposta da empresa instalada, se observar que a empresa com custos

marginais altos aglomera, é analisada nas seguintes figuras, comparando o lucro de

cooperação vs. não cooperação:

(2.38)

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35

Figura 2.8 - com δ = 0.7

e β∈[0, 0.3]

Figura 2.9 - com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

Através das figuras anteriores é possível verificar que, em aglomeração, o lucro da

empresa instalada em cooperar (dado é superior ao lucro de concorrência, dado

, para e . Logo, a melhor resposta da

empresa se observar aglomeração será cooperar.

Por outro lado, a figura seguinte mostra a melhor resposta da empresa se observar

dispersão por parte da empresa com custos marginais baixos, comparando o lucro de

cooperação vs. não cooperação:

(2.39)

Figura 2.10 - com δ ∈[0, 1]

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.3011.0

11.5

12.0

12.5

13.0

13.5

14.0

14.5

15.0

Spillover (ß)

Lucro líquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.73

4

5

6

7

8

9

10

11

Spillover (ß)

Lucro líquido

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.00

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

Know-how

Lucro líquido

Curva da

empresa

instalada

Curva da

empresa

instalada

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36

Para valores de superiores a 0.01, verifica-se que o lucro da empresa instalada em

cooperar com a empresa do tipo é superior ao de concorrência, quando há dispersão.

Assim sendo, como

é possível concluir que esta coopera

quando observa dispersão.

Seguidamente é necessário verificar a melhor resposta da empresa entrante, dado que a

empresa instalada coopera, qualquer que seja a decisão de localização da entrante,

comparando o lucro de aglomeração vs. dispersão:

(2.40)

Figura 2.11 - com δ = 0.7

e β∈[0, 0.3]

Figura 2.12 - com δ = 0.3

e β∈[0, 0.7]

De acordo com as figuras e , quando a empresa instalada opta por uma

estratégia , a empresa entrante detentora de custos marginais elevados decide

sempre aglomerar, para qualquer nível do parâmetro quando e . Isto

ocorre devido ao lucro da empresa do tipo em aglomerar ser superior ao de

dispersar.

No que concerne à empresa com custos marginais baixos, quando a partilha de know-

how é alta ( ) esta decide sempre aglomerar para qualquer valor de . Por outro

0.0 0.1 0.2 0.30

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Spillover (ß)

Lucro líquido

0.2 0.4 0.60

2

4

6

8

10

12

14

16

Spillover (ß)

Lucro líquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

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37

lado, quando a partilha de know-how nos acordos cooperativos é baixa ( ), o

lucro de dispersar é sempre superior de aglomerar na presença de spillovers baixos

( ∈ ). Contudo, na presença de spillovers elevados ( ∈ ), a sua melhor

resposta será aglomerar, dado o lucro de aglomeração ser superior em contexto de

cooperação.

Assim sendo, a melhor resposta da empresa entrante do tipo é aglomerar, quando

. A empresa entrante do tipo prefere dispersar quando

∈ , ou aglomerar quando ∈ .

Deste modo, podemos deduzir a existência do seguinte Equilíbrio Bayesiano Perfeito :

Seguidamente, no que concerne à estratégia separating

, a melhor

resposta para a empresa instalada, se observar que a empresa com marginais altos

dispersa, é analisada na seguinte figura:

(2.41)

Figura 2.13 - com δ ∈[0, 1]

Como referido anteriormente, esta análise numérica analisa os lucros para e

, que são positivos consoante a visualização da figura , uma vez que o lucro

da empresa instalada em cooperar com a empresa do tipo é superior ao de concorrer,

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.07

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Know-how

Lucro líquido

Curva da

empresa

instalada

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38

quando há dispersão. Assim sendo, como

é possível

concluir que esta coopera sempre que observa dispersão.

Por outro lado, a figura seguinte mostra a melhor resposta da empresa se observar

aglomeração por parte da empresa com custos marginais baixos:

(2.42)

Figura 2.14 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 2.15 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

É possível observar que em contexto de aglomeração a empresa instalada prefere

cooperar, dado que em ambas as figuras as funções são positivas, na medida em que

.

Dada a estratégia da empresa , no qual esta decide sempre aglomerar, quer observe

dispersão ou aglomeração, é necessário verificar se a estratégia separating

representa a sua melhor resposta.

Como a estratégia da empresa é igual à referida anteriormente na estratégia separating

, a melhor resposta da empresa entrante do tipo é aglomerar,

quando . E, no que concerne à empresa entrante do tipo , esta

decide dispersar quando ∈ , e aglomerar quando

∈ . Portanto, não há Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito nesta

estratégia, uma vez que dispersar nunca é uma melhor resposta para a empresa entrante

do tipo .

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.3012

13

14

15

16

17

18

19

20

21

Spillovers (ß)

Lucro líquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.73

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Spillover (ß)

Lucro líquido

Curva da empresa

instalada

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39

2.3.3.2 Estratégias Pooling

Primeiramente, no que respeita à estratégia pooling

, a estratégia da

empresa instalada quando observa aglomeração é analisada nas figuras e .

Como , através da análise das figuras deduz-se que a empresa , quando

observa aglomeração, decide cooperar quando ∈ , ou

∈ . Por outro lado, esta decide não cooperar quando ∈

, ou ∈ .

Figura 2.16 - G com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] Figura 2.17 - G com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Quando esta observa dispersão, é verificado que a sua melhor estratégia será cooperar

em I&D, para e , como consta na figura abaixo:

Figura 2.18 - F com δ ∈[0, 1]

0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

Spillover (ß)

G

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

Spillover (ß)

G

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-2.0

-1.9

-1.8

-1.7

-1.6

-1.5

-1.4

-1.3

-1.2

-1.1

-1.0

Know-howF

Curva da

empresa

instalada

Curva da empresa

instalada

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40

Assim, a empresa apresenta duas melhores respostas:

Quando esta opta por uma estratégia , a melhor

resposta da empresa entrante é igual à referida anteriormente em ambas as estratégias

separating. Como, em contexto de aglomeração, a empresa instalada apenas coopera

quando ∈ , ou ∈ , existe um Equilíbrio

de Nash Bayesiano Perfeito quando ambos os tipos da empresa entrante decidem

aglomerar, para ∈ ou ∈ :

, ∈ ou ∈

Quando a sua escolha recai sobre a estratégia , a

melhor resposta da empresa entrante está representa nas figuras abaixo:

(2.43)

Figura 2.19 - com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 2.20 - com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

Analisando as figuras anteriores conclui-se que quando a melhor estratégia da

empresa entrante é dispersar, uma vez que o lucro de dispersar supera o de aglomeração.

Quando , a empresa entrante do tipo dispersa quando ∈ e

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-17

-16

-15

-14

-13

-12

-11

-10

-9

-8

-7

-6

Spillover (ß)Lucro líquido

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Spillover (ß)

Lucro líquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

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41

aglomera quando ∈ . No que respeita à empresa entrante do tipo , esta irá

dispersar quando ∈ e aglomerar quando ∈ .

Deste modo, o Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito ocorre quando ambos os tipos da

empresa entrante aglomeram, para ∈ .

, ∈

Por último, na estratégia pooling

, a melhor resposta da empresa é

igual à analisada anteriormente na estratégia pooling

, da qual esta

decide cooperar sempre que observar dispersão. Quando observa aglomeração, coopera

quando ∈ , ou ∈ , e não coopera quando

∈ , ou ∈ .

Sendo que a melhor resposta da empresa entrante é igual à analisada na estratégia

pooling

anterior, quando esta decide optar por uma estratégia

, não existe Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito

porque a melhor resposta da empresa entrante do tipo será sempre aglomerar.

Por outro lado, quando a empresa instalada opta por uma estratégia

, a melhor resposta da empresa entrante é observada nas figuras

e , sendo que o Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito ocorre quando ambos

os tipos da empresa entrante dispersam, para ou ∈ :

, ou ∈

Concluindo, os equilíbrios encontrados nesta análise numérica foram os seguintes:

, ∈ ou ∈

, ∈

, ou ∈

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42

Capítulo 3. Extensões: Free-riding

Nesta secção iremos resolver o modelo anterior assumindo a existência de free-riding

por parte da empresa entrante, independentemente de apresentar custos marginais

baixos ou altos. Concretamente, a empresa instalada tem conhecimento de que apenas

perante a situação de cooperação a empresa entrante irá usufruir de free-riding, ao passo

que na situação de competição o mesmo já não acontece.

Perante o cenário de free-riding, a empresa instalada poderá reagir de duas formas:

acomodar-se e não retaliar, ou retaliar perante o desvio da empresa entrante.

3.1 Free-riding sem retaliação

Primeiramente será exemplificada a situação no qual a empresa instalada decide não

retaliar quando observa um desvio por parte da empresa entrante. Após o cálculo do

lucro de cooperação de ambas as empresas com desvio e sem retaliação, em

aglomeração ou dispersão (Apêndice 2), foi possível representar o lucro das empresas

através de simulação.

Dado que a empresa instalada compromete-se a cooperar, de acordo com as figuras

e , a empresa entrante com custos marginais elevados terá um maior lucro se se

desviar do acordo de cooperação, e produzir o output de competição. Do mesmo modo,

quando a empresa entrante apresenta custos marginais baixos, segundo a figura , se a

partilha de know-how for baixa, um spillover elevado induz a que o lucro de desvio da

empresa entrante seja superior ao de cooperação.

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43

Figura 21 – Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 22- Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Figura 23– Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 24– Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3]

Analisando as figuras anteriores, é possível constatar que existe uma relação direta entre

o tamanho do spillover e o incentivo para desviar de acordos de cooperação, uma vez

que à medida que o spillover aumenta, o lucro de desvio é maior.

Contrariamente, e de forma expectável, o lucro da empresa instalada é afetado pelo

desvio da entrante, diminuindo à medida que o spillover aumenta.

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

3600

3800

4000

4200

4400

4600

4800

5000

5200

5400

5600

5800

6000

6200

6400

6600

6800

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

3600

3800

4000

4200

4400

4600

4800

5000

5200

5400

5600

5800

6000

6200

6400

6600

6800

Spillover (ß)

Lucro

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

4200

4400

4600

4800

5000

5200

5400

5600

5800

6000

6200

6400

6600

6800

7000

7200

7400

7600

7800

8000

8200

8400

8600

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

4200

4400

4600

4800

5000

5200

5400

5600

5800

6000

6200

6400

6600

6800

7000

7200

7400

7600

7800

8000

8200

8400

8600

Spillover (ß)

LucroLucro de concorrência da empresa 1

Lucro de

cooperação da empresa 1 sem

desvio

Lucro de

cooperação da empresa 1 com desvio e sem

retaliação

Lucro de

concorrência da empresa 2

Lucro de

cooperação da empresa 2 sem

desvio

Lucro de

cooperação da empresa 2 com desvio e sem

retaliação

Lucro de

concorrência da empresa 1

Lucro de

cooperação da empresa 1 sem

desvio

Lucro de

cooperação da

empresa 1 com desvio e sem

retaliação

Lucro de

concorrência da empresa 2

Lucro de

cooperação da

empresa 2 sem desvio

Lucro de

cooperação da empresa 2 com desvio e sem

retaliação

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44

3.2 Free-riding com retaliação

Nesta secção, considera-se que, após a empresa entrante ter decidido o seu montante de

I&D, se a empresa instalada observar que esta se desviou do nível de I&D de

cooperação, irá então retaliar nas quantidades, produzindo a quantidade de monopólio,

obtida pela seguinte equação:

(3.1)

Após o cálculo do lucro de cooperação de ambas as empresas com desvio e retaliação,

em aglomeração ou dispersão (Apêndice 3), e através da simulação numérica, verifica-

se que de acordo com as figuras abaixo representadas, após a empresa instalada

observar um desvio no acordo de cooperação e retaliar nas quantidades, produzindo a

quantidade de monopólio, o lucro de desvio obtido pela empresa entrante não só é

inferior ao lucro de competição, bem como ao lucro de cooperação caso esta se

comprometesse a produzir o output de cooperação.

No que concerne ao lucro da empresa instalada, a decisão de retaliar o comportamento

da entrante traduz-se num lucro inferior comparativamente à situação em que não

retalia.

Adicionalmente, quando a empresa entrante decide desviar-se e a instalada retaliar,

ambas as empresas ficam numa pior posição, obtendo um lucro inferior à situação de

competição. No entanto, ambos os lucros de desvio e retaliação apresentam

comportamentos opostos, dado que à medida que o spillover aumenta, o lucro da

empresa entrante tende a aumentar ligeiramente, ao passo que o lucro de retaliação da

empresa instalada diminui.

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45

Figura 25 – Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 26 - Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Figura 27 – Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 28 - Lucro da empresa entrante do tipo

com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

Spillover (ß)

Lucro

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

8500

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.72000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

8500

Spillover (ß)

Lucro

Lucro de

concorrência da empresa 1

Lucro de

cooperação da

empresa 1 com desvio e sem

retaliação

Lucro de

cooperação da empresa 1 com

desvio e

retaliação

Lucro de

concorrência da empresa 2

Lucro de

cooperação da empresa 2 sem

desvio

Lucro de

cooperação da empresa 2 com

desvio e

retaliação

Lucro de concorrência da empresa 1

Lucro de

cooperação da

empresa 1 com desvio e sem

retaliação

Lucro de

cooperação da empresa 1 com

desvio e retaliação

Lucro de

concorrência

da empresa 2

Lucro de

cooperação da empresa 2 sem

desvio

Lucro de

cooperação da empresa 2 com

desvio e

retaliação

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46

3.3 Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e sem

retaliação

3.3.1 Estratégias Separating

3.3.1.1 Estratégia

Considerando o seguinte perfil de estratégias da empresa :

no qual a

empresa do tipo decide aglomerar, e a empresa do tipo

decide dispersar, as

convicções da empresa atualizadas são dadas por:

Após a resolução do modelo (Apêndice 2), constata-se que quando a empresa entrante

decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os

seguintes equilíbrios:

3.3.1.2 Estratégia

Dado o seguinte perfil de estratégias para a empresa :

, no qual a

empresa do tipo decide aglomerar e a empresa do tipo

dispersar, a empresa

atualiza as suas convicções para:

.

Resolvendo o modelo (Apêndice 2), verifica-se que se a empresa entrante decidir optar

por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes

equilíbrios:

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47

3.3.2 Estratégias Pooling

3.3.2.1 Estratégia

Dado o perfil de estratégias da empresa :

, no qual ambos os tipos

e

decidem aglomerar, a empresa atualiza as suas convicções da seguinte forma:

E decide:

.

Após a resolução das melhores repostas para a empresa e empresa (Apêndice 2), na

situação em que a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, obtemos os seguintes equilíbrios:

3.3.2.2 Estratégia

Por último, é considerado o seguinte perfil de estratégias da empresa :

, em que ambos os tipos e

decidem dispersar. A empresa atualiza as suas

convicções para:

E decide:

.

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48

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, e após a resolução do modelo (Apêndice 2), é possível obter os seguintes

equilíbrios:

Concluindo, os candidatos a Equilíbrios Bayesianos Perfeitos neste jogo são os

seguintes:

3.3.3 Resultados da simulação numérica

Considerando que a empresa entrante segue uma estratégia separating

, a melhor resposta da empresa instalada se observar aglomeração é analisada nas

figuras 2.1 e 2.2 do Apêndice 2, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação.

É possível verificar que, em aglomeração, o lucro da empresa instalada em cooperar

(dado é inferior ao lucro de concorrência, dado

, para

e . Logo, a melhor resposta da empresa se observar aglomeração será

não cooperar.

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49

Por outro lado, a figura 2.3 do Apêndice 2 mostra a melhor resposta da empresa se

observar dispersão, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação. Para

qualquer valor de verifica-se que o lucro da empresa instalada em cooperar com a

empresa do tipo é inferior ao de concorrência, em dispersão. Assim sendo, como

é possível concluir que a melhor resposta da empresa

instalada quando observa dispersão será não cooperar.

Seguidamente é necessário verificar a melhor resposta da empresa entrante, comparando

o lucro de aglomeração vs. dispersão, dado que a empresa instalada nunca coopera

qualquer que seja a decisão de localização da entrante. De acordo com a figura 2.4 do

Apêndice 2, quando a empresa instalada opta por uma estratégia , a empresa

entrante, independentemente do seu tipo, decide sempre aglomerar, para qualquer nível

do parâmetro quando e . Isto ocorre devido ao lucro da empresa

entrante em aglomerar ser superior ao de dispersar.

Deste modo, podemos concluir que não existe Equilíbrio Bayesiano Perfeito na

estratégia separating

.

Seguidamente, no que concerne à estratégia separating

, a melhor

resposta para a empresa instalada, se observar que a empresa com marginais altos

dispersa, é analisada na figura 2.5 do Apêndice 2 Para valores de superiores a , o

lucro da empresa instalada em cooperar com a empresa do tipo é superior ao de

concorrer, quando há dispersão. Assim sendo, como

é

possível concluir que esta coopera sempre que .

Por outro lado, as figuras 2.6 e 2.7 do Apêndice 2 mostram a melhor resposta da

empresa se observar aglomeração por parte da empresa com custos marginais baixos.

É possível observar que em contexto de aglomeração a empresa instalada prefere não

cooperar, dado que em ambos os gráficos as funções são negativas, na medida em que

.

Dada a estratégia da empresa , no qual esta decide não cooperar sempre que observar

aglomeração, e cooperar quando observar dispersão, é necessário verificar se a

estratégia separating

representa a melhor resposta da empresa

entrante, comparando o lucro de aglomeração vs. dispersão. De acordo com as figuras

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50

2.8 e 2.9 do Apêndice 2, quando a empresa instalada opta por uma estratégia , a

empresa entrante, independentemente do seu tipo, decide sempre dispersar, para

qualquer nível do parâmetro quando e . Isto ocorre devido ao lucro da

empresa entrante em aglomerar ser inferior ao de dispersar.

Portanto, não há Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito nesta estratégia, uma vez que

aglomerar nunca é uma melhor resposta para a empresa entrante.

Os restantes equilíbrios são analisados em estratégias pooling. Primeiramente, no que

respeita à estratégia pooling

, a estratégia da empresa instalada

quando observa aglomeração é analisada nas figuras 2.9 e 2.10 do Apêndice 2. Como

e para e , conclui-se que . Logo, a empresa

instalada aceita sempre cooperar quando observa aglomeração.

Quando esta observa dispersão, é verificado que a sua melhor estratégia será competir

em I&D, para valores de superiores a , como consta na figura 2.12 do Apêndice

2.

Seguidamente, a melhor resposta da empresa entrante quando a empresa instalada

decide cooperar quando observa aglomeração e competir quando observa dispersão, está

representada nas figuras 2.13 e 2.14 do Apêndice 2. Analisando-as conclui-se que

ambos os tipos da empresa entrante preferem aglomerar, uma vez que o lucro de

aglomerar supera o de dispersão.

Deste modo, o Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito ocorre quando ambos os tipos da

empresa entrante aglomeram e a empresa instalada decide cooperar quando observa

aglomeração e competir quando observa dispersão:

,

Por último, na estratégia pooling

, a melhor resposta da empresa é

igual à analisada na estratégia pooling

anterior, da qual esta decide

cooperar sempre que observar aglomeração e competir quando observa dispersão.

Assim sendo, quando esta decide optar por uma estratégia

, não existe Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito dado que a melhor resposta

da empresa entrante é aglomerar.

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51

Concluindo, o único equilíbrio encontrado nesta análise numérica foi o seguinte:

,

3.4 Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e retaliação

Seguindo o mesmo raciocínio de resolução do modelo, como efetuado anteriormente

para o caso de free-riding sem retaliação (Apêndice 3), os equilíbrios candidatos a

Equilíbrios Nash Bayesianos Perfeitos neste jogo são os seguintes:

3.4.1 Resultados da simulação numérica

Considerando que a empresa entrante segue uma estratégia separating

, a melhor resposta da empresa instalada se observar aglomeração é analisada nas

figuras 3.1 e 3.2 do Apêndice 3, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação.

É possível verificar que, em aglomeração, o lucro da empresa instalada em cooperar

(dado é inferior ao lucro de concorrência, dado

, para

e . Logo, a melhor resposta da empresa se observar aglomeração será

concorrer.

Por outro lado, a figura 3.3 do Apêndice 3 mostra a melhor resposta da empresa se

observar dispersão, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação. Para

qualquer valor de verifica-se que o lucro da empresa instalada em cooperar com a

Page 61: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

52

empresa do tipo é inferior ao de concorrência, em dispersão. Assim sendo, como

é possível concluir que a melhor resposta da empresa

instalada quando observa dispersão será não cooperar.

Seguidamente é necessário verificar a melhor resposta da empresa entrante, comparando

o lucro de aglomeração vs. dispersão, dado que a empresa instalada nunca coopera

qualquer que seja a decisão de localização da entrante. De acordo com a figura 3.4 do

Apêndice 3, quando a empresa instalada opta por uma estratégia , a empresa

entrante, independentemente do seu tipo, decide sempre aglomerar, para qualquer nível

do parâmetro quando e . Isto ocorre devido ao lucro da empresa

entrante em aglomerar ser superior ao de dispersar.

Deste modo, podemos concluir que não existe Equilíbrio Bayesiano Perfeito na

estratégia separating

.

Seguidamente, no que concerne à estratégia separating

, a melhor

resposta para a empresa instalada, se observar que a empresa com marginais altos

dispersa, é analisada na figura 3.5 do Apêndice 3. Para qualquer valor de , o lucro da

empresa instalada em cooperar com a empresa do tipo é inferior ao de concorrer,

quando há dispersão. Assim sendo, como

é possível

concluir que esta nunca coopera para qualquer valor de .

Por outro lado, as figuras 3.6 e 3.7 do Apêndice 3 mostram a melhor resposta da

empresa se observar aglomeração por parte da empresa com custos marginais baixos.

É possível observar que em contexto de aglomeração a empresa instalada prefere não

cooperar, dado que em ambos os gráficos as funções são negativas, na medida em que

.

Dada a estratégia da empresa , no qual esta decide concorrer, independentemente da

localização da empresa entrante, é necessário verificar se a estratégia separating

representa a melhor resposta da empresa entrante.

Como verificado na estratégia separating

anterior, quando a empresa

instalada opta por uma estratégia , a empresa entrante, independentemente do

seu tipo, decide sempre aglomerar, para qualquer nível do parâmetro quando

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53

e . Isto ocorre devido ao lucro da empresa entrante em aglomerar ser inferior ao

de dispersar.

Portanto, não há Equilíbrio de Nash Bayesiano Perfeito nesta estratégia, uma vez que

dispersar nunca é uma melhor resposta para a empresa entrante.

Os restantes equilíbrios são analisados em estratégias pooling. Primeiramente, no que

respeita à estratégia pooling

, a estratégia da empresa instalada

quando observa aglomeração é analisada nas figuras 3.8 e 3.9 do Apêndice 3. Como

e para e , conclui-se que . Logo, a empresa

instalada concorre quando observa aglomeração.

Quando esta observa dispersão, é verificado que a empresa instalada poderá cooperar,

bem como não cooperar, dado que , como consta na

figura 3.10 do Apêndice 3.

Portanto, a melhor resposta da empresa instalada poderá ser ou

quando observa aglomeração ou dispersão.

A melhor resposta da empresa entrante, caso a empresa instalada decida competir

quando observa aglomeração e cooperar quando observa dispersão, encontra-se

representada nas figuras 3.11 e 3.12 do Apêndice 3. Analisando-as conclui-se que

ambos os tipos da empresa entrante preferem aglomerar, uma vez que o lucro de

aglomerar supera o de dispersão.

No que concerne à estratégia , de acordo com a estratégia separating

, a empresa entrante, independentemente do seu tipo, decide sempre

aglomerar, para qualquer nível do parâmetro quando e .

Deste modo os Equilíbrios de Nash Bayesianos Perfeitos são:

,

,

Por último, na estratégia pooling

, a melhor resposta da empresa é

igual à analisada na estratégia pooling anterior

, no qual esta decide

concorrer sempre que observar aglomeração e competir ou concorrer quando observar

dispersão. Assim sendo, como verificado anteriormente, não existe Equilíbrio de Nash

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54

Bayesiano Perfeito dado que a melhor resposta da empresa entrante, para ambos os

tipos, será sempre aglomerar.

Concluindo, os únicos equilíbrios encontrados nesta análise numérica foram os

seguintes:

,

,

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55

Conclusões e pistas de investigação futura

As atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) apresentam características de

bens públicos, dado que o seu output pode difundir-se para outros agentes a custo zero

através dos spillovers, resultando num insuficiente investimento em I&D. A cooperação

em I&D permite colmatar esta falha de mercado ao internalizar os spillovers.

Este estudo procurou analisar o impacto da escolha de localização na criação destes

acordos cooperativos em I&D num contexto de spillovers, assimetria de custos e

informação incompleta quantos aos custos de produção.

Para tal, foi desenvolvido um modelo de sinalização no qual, após a Natureza escolher

os custos de produção da empresa entrante, esta decide aglomerar ou dispersar. A

empresa instalada observa a decisão de localização da entrante, mas não a sua estrutura

de custos, decidindo se coopera ou concorre com a mesma. Posteriormente, as empresas

escolhem o seu output de I&D e concorrem à Cournot.

Através da simulação numérica, verifica-se que os resultados obtidos neste estudo,

apesar da introdução de assimetria de informação quanto aos custos de produção,

entram em concordância com aqueles obtidos na literatura (e.g. d’Aspremont &

Jacquemin, 1988). De entre os vários resultados obtidos demonstrou-se que: após a

criação de um acordo cooperativo em I&D, os lucros das empresas passam a ser

superiores àqueles verificados em situação de concorrência; constatou-se também que

estes lucros são cada vez maiores à medida que as empresas se aproximam no espaço,

dada a existência de uma relação positiva com o spillover; adicionalmente, verificou-se

que quando a partilha de know-how é baixa, é preferível às empresas concorrer em

aglomeração comparativamente à situação do qual estas cooperam em dispersão. No

que concerne ao desenvolvimento de atividades sobre I&D, observou-se que em

concorrência o output de I&D decresce com o spillover, dado que os incentivos ao

investimento de I&D diminuem à medida que as empresas se aproximam

geograficamente, devido à apropriabilidade deste conhecimento pela rival. Por outro

lado, a aglomeração de empresas poderá representar um aumento dos incentivos à I&D

na presença de acordos de cooperação, uma vez que o output de I&D em cooperação é

crescente com o spillover. Por último, verifica-se também que o volume de produção

em cooperação é superior comparativamente à situação de concorrência.

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56

Outro resultado obtido, e semelhante ao estudo de Lukach (2000), refere-se ao facto das

empresas assimétricas despenderem diferentes montantes em I&D, nomeadamente, a

empresa com maior vantagem de custos apresenta uma maior despesa em I&D. Apesar

do resultado ser semelhante, os trabalhos diferem em termos de assimetrias, dado que

neste estudo a assimetria foca-se apenas nos custos marginais de produção.

Após o cálculo dos Equilíbrios Bayesianos Perfeitos, conclui-se que a mensagem

principal deste trabalho é de que existe um equilíbrio no qual a empresa instalada

consegue obter informação sobre a eficiência da empresa entrante através da sua

localização. Concretamente, a decisão de localização da entrante irá sinalizar a sua

estrutura de custos, na medida em que a empresa menos eficiente prefere aglomerar,

dado que aufere maiores lucros, ao passo que a empresa mais eficiente prefere dispersar.

De acordo com Colombo e Dawid (2014), um líder tecnológico decide isolar-se de um

cluster apenas quando a sua vantagem tecnológica é suficientemente grande. De forma

semelhante, neste estudo, o facto da empresa entrante decidir dispersar, localizando-se

geograficamente afastada da empresa instalada, atua como um sinal de que se trata da

empresa com menores custos. Tendo em consideração que a empresa entrante tem

informação privada sobre o seu custo marginal, o facto da empresa mais eficiente

conseguir sinaliza-lo, diminui a incerteza da empresa instalada e incentiva-a a aceitar

um acordo de cooperação em I&D, aumentando o output de I&D e colmatando o

problema do subinvestimento.

Neste trabalho é observado que a empresa menos eficiente apresenta maiores incentivos

à criação de um acordo de cooperação em I&D, tal como verificado em Petit e

Tolwinski (1999). Como argumenta Conti (2014), este resultado seria o oposto caso a

assimetria de custos ocorresse após o investimento.

Adicionalmente, constatou-se que na ausência de sinalização, ou seja, quando ambos os

tipos da empresa entrante escolhem as mesmas localizações, e a empresa instalada não

consegue retirar qualquer informação sobre a estrutura de custos da empresa entrante,

geralmente, a empresa instalada prefere não cooperar. Esta situação é evidente quando a

empresa entrante desvia do acordo de cooperação e a instalada decide retaliar. Neste

caso concreto, quando há punição do desvio, ambos os tipos da empresa entrante

decidem aglomerar, ao passo que a empresa instalada opta por nunca cooperar.

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57

Com este trabalho pretendeu-se estender a literatura sobre os acordos de cooperação em

I&D, considerando a importância da decisão de localização e de cooperação das

empresas em contexto de assimetria de informação. Este estudo diferencia-se da

literatura na medida em que introduz explicitamente a decisão de cooperação em I&D

num contexto em que as empresas podem sinalizar a sua eficiência através da escolha da

localização.

Por último, salientam-se algumas pistas para investigação futura. Trabalhos futuros

poderão introduzir um parâmetro adicional no modelo, referente à criação de um acordo

cooperativo. Concretamente, pretender-se-ia analisar a diferença de resultados, caso as

empresas estivessem sujeitas ao pagamento de uma taxa para criar um acordo de

cooperação em I&D, no qual o seu valor aumenta à medida que as empresas se afastam

geograficamente. Ou seja, verificar se a situação de cooperação continua a ser favorável

relativamente à de concorrência, e se a empresa mais eficiente continua a ter algum

incentivo para dispersar.

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58

Apêndices

Apêndice 1: Simulação numérica: jogo sem free-riding

Figura 1.1: Lucro com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] Figura 1.2: Lucro com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Figura 1.3: Output de I&D com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 1.4: Output de I&D com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.304000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

8500

9000

Spillover (ß)

Lucro

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.74000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

8500

9000

Spillover (ß)

Lucro

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.305.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

8.5

9.0

Spillover (ß)

Output de I&D

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.73.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

8.5

9.0

Spillover (ß)

Output de I&DOutput de

I&D da

empresa 1

de

competição

Output de

I&D da

empresa 1

de

cooperação

Output de

I&D da

empresa 2

de

competição

Output de

I&D da

empresa 2

de

cooperação

Lucro da

empresa 1

de

competição

Lucro da

empresa 1

de

cooperação

Lucro da

empresa 2

de

competição

Lucro da

empresa 2

de

cooperação

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59

Figura 1.5: Quantidade com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 1.6: Quantidade com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

Apêndice 2: Extensões: Free-riding sem retaliação

O lucro de cooperação de ambas as empresas com desvio e sem retaliação, em

aglomeração ou dispersão, é representado pelas seguintes expressões:

(2.1)

(2.2)

em que:

poderá representar custos marginais altos ( ) ou baixos (

);

(2.3)

(2.4)

(2.5)

(2.6)

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

66

68

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

Spillover (ß)

Quantidade

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

66

68

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

Spillover (ß)

Quantidade

Quantidade

da empresa

1 de

competição

Quantidade

da empresa

1 de

cooperação

Quantidade

da empresa

2 de

competição

Quantidade

da empresa

2 de

cooperação

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60

2.1. Determinação dos Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e sem

retaliação

2.1.1. Estratégias Separating

2.1.1.1.Estratégia

Seja o perfil de estratégias da empresa :

, as convicções da empresa

atualizadas são dadas para:

Dada a estratégia da empresa , se a empresa observar que a empresa entrante

localizou-se geograficamente próxima, conclui que se trata de uma empresa do tipo .

Deste modo, a melhor resposta da empresa se observar aglomeração é:

(2.7)

em que e correspondem às equações e da empresa do tipo .

Por outro lado, se observar dispersão conclui que se trata de uma empresa do tipo , e,

neste caso, a melhor resposta da empresa será:

(2.8)

em que e correspondem às equações e da empresa do tipo .

Seguidamente, é necessário verificar se o perfil de estratégias

corresponde à melhor resposta da empresa .

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

Page 70: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

61

(2.9)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa

será:

(2.10)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

(2.11)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

(2.12)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

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62

Portanto, quando a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

2.1.1.2.Estratégia

Consideremos o seguinte perfil de estratégias para a empresa :

. A

empresa atualiza as suas convicções para:

.

Quando a empresa observa que a empresa entrante dispersou conclui que se trata da

empresa do tipo , e a sua melhor resposta é idêntica à expressão , substituindo

os custos marginais da empresa do tipo para os custos marginais da empresa do tipo

. Por outro lado, se observar aglomeração, a empresa sabe que a empresa entrante

corresponde à empresa do tipo . Assim sendo, a sua melhor resposta será idêntica à

expressão , substituindo os custos marginais da empresa do tipo para os custos

marginais da empresa do tipo .

No que concerne às funções de melhor resposta para ambos os tipos da empresa , estas

são iguais às expressões apresentadas anteriormente na estratégia separating

, para cada estratégia da empresa .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

Page 72: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

63

2.1.2. Estratégias Pooling

2.1.2.1.Estratégia

Dado o perfil de estratégias da empresa :

, a empresa atualiza as

suas convicções da seguinte forma:

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta, se observar que a empresa entrante decidiu

localizar-se próxima, será:

(2.13)

em que

(2.14)

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

,

respetivamente;

(2.15)

e pode ser alto, , ou baixo,

.

E, se observar dispersão, será:

(2.16)

em que

(2.17)

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

,

respetivamente;

(2.18)

Page 73: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

64

e pode ser alto, , ou baixo,

.

Para a empresa tem-se que, quando e , a

melhor resposta da empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela

expressão . Quando e , a melhor

resposta da empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

2.1.2.2.Estratégia

Por último, é considerado o seguinte perfil de estratégias da empresa :

. A empresa atualiza as suas convicções para:

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta se observar que a empresa entrante decidiu

aglomerar será:

(2.19)

E, se observar dispersão, será:

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65

(2.20)

Para a empresa quando e , a melhor resposta

da empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão

. Quando e , a melhor resposta da

empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

2.2. Resultados da simulação numérica

Melhor resposta da empresa instalada se observar que a empresa com custos marginais

altos aglomera, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação:

(2.21)

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66

Figura 2.1 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 2.2 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

Melhor resposta da empresa se observar que a empresa com custos marginais baixos

dispersa, comparando o lucro de cooperação vs. não cooperação:

(2.22)

Figura 2.3 - com δ ∈[0, 1]

Lucro de aglomeração vs. dispersão, dado que a empresa instalada nunca coopera

qualquer que seja a decisão de localização da entrante:

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-654

-652

-650

-648

-646

-644

-642

-640

-638

-636

-634

-632

-630

-628

-626

-624

-622

-620

-618

-616

-614

-612

-610

Spillover (ß)Lucro liquido 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-870

-860

-850

-840

-830

-820

-810

-800

-790

-780

-770

-760

-750

-740

-730

Spillover (ß)Lucro liquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-390

-380

-370

-360

-350

-340

-330

-320

-310

-300

-290

-280

-270

-260

-250

Know-howLucro liquido

Curva da

empresa

instalada

Curva da

empresa

instalada

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67

(2.23)

Figura 2.4 - com β ∈[0, 1]

Melhor resposta da empresa instalada, se observar que a empresa com marginais altos

dispersa:

(2.24)

Figura 2.5 - com δ ∈[0, 1]

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

Spillover (ß)

Lucro liquido

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

Know-how

Lucro liquido

Curva da

empresa

instalada

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

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68

Melhor resposta da empresa se observar aglomeração por parte da empresa com

custos marginais baixos:

(2.25)

Figura 2.6 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 2.7 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

Melhor resposta da empresa entrante, comparando o lucro de aglomeração vs. dispersão,

quando a empresa instalada decide não cooperar sempre que observar aglomeração, e

cooperar quando observar dispersão:

(2.26)

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-480

-470

-460

-450

-440

-430

-420

-410

-400

-390

-380

-370

-360

-350

-340

-330

-320

-310

-300

-290

Spillover (ß)Lucro liquido 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-500

-490

-480

-470

-460

-450

-440

-430

-420

-410

-400

-390

-380

-370

-360

-350

Spillover (ß)Lucro liquido

Curva da

empresa

instalada

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69

Figura 2.8 - com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 2.9 - com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

Estratégia da empresa instalada quando observa aglomeração de ambos os tipos da

empresa entrante:

Figura 2.10 - V com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] Figura 2.11 - V com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Estratégia da empresa instalada quando observa dispersão de ambos os tipos da empresa

entrante:

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-8000

-7500

-7000

-6500

-6000

-5500

-5000

-4500

-4000

-3500

-3000

Spillover (ß)Lucro liquido 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-8000

-7500

-7000

-6500

-6000

-5500

-5000

-4500

-4000

-3500

-3000

Spillover (ß)Lucro liquido

0.000.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.30

-4.0

-3.8

-3.6

-3.4

-3.2

-3.0

-2.8

-2.6

-2.4

-2.2

-2.0

-1.8

-1.6

-1.4

-1.2

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

Spillover (ß)V 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-17

-16

-15

-14

-13

-12

-11

-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

Spillover (ß)V

Curva da empresa

instalada

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

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70

Figura 2.12 - X com δ ∈[0, 1]

Melhor resposta da empresa entrante quando a empresa instalada decide cooperar

quando observa aglomeração e competir quando observa dispersão:

(2.27)

Figura 2.13 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 2.14 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

2.8

3.0

Know-how

X

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.303500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

Spillover (ß)

Lucro liquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

7500

8000

Spillover (ß)

Lucro liquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

Curva da empresa

instalada

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71

Apêndice 3: Extensões: Free-riding com retaliação

O lucro de cooperação de ambas as empresas com desvio e retaliação, em aglomeração

ou dispersão, é representado pelas seguintes equações:

(3.1)

(3.2)

em que poderá representar custos marginais altos ( ) ou baixos (

).

3.1. Equilíbrios Bayesianos Perfeitos com free-riding e retaliação

3.1.1. Estratégias Separating

3.1.1.1.Estratégia

Dado o perfil de estratégias da empresa :

, as convicções da empresa

atualizadas são dadas por:

Assim sendo, dada a estratégia da empresa , se a empresa observar que a empresa

entrante aglomerou, conclui que se trata de uma empresa do tipo . Deste modo, a

melhor resposta da empresa se observar aglomeração é:

(3.3)

em que e correspondem às equações e da empresa do tipo .

Por outro lado, se observar dispersão conclui que se trata de uma empresa do tipo , e,

neste caso, a melhor resposta da empresa será:

Page 81: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

72

(3.4)

em que e correspondem às equações e da empresa do tipo .

Seguidamente, é necessário verificar se o perfil de estratégias

corresponde à melhor resposta da empresa .

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

(3.5)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa

será:

(3.6)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

Page 82: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

73

(3.7)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Quando a empresa escolhe , a melhor resposta da empresa será:

(3.8)

em que pode ser alto, , ou baixo,

.

Portanto, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

3.1.1.2.Estratégia

Nesta estratégia separating, consideramos o seguinte perfil de estratégias para a

empresa :

. A empresa atualiza as suas convicções para:

.

Quando a empresa observa dispersão conclui que se trata da empresa do tipo , e a

sua melhor resposta é idêntica à expressão , substituindo os custos marginais da

empresa do tipo para os custos marginais da empresa do tipo

.

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74

Por outro lado, se observar aglomeração, a empresa tem conhecimento de que a

empresa entrante corresponde à empresa do tipo . Assim sendo, a sua melhor resposta

será idêntica à expressão , substituindo os custos marginais da empresa do tipo

para os custos marginais da empresa do tipo .

No que concerne às funções de melhor resposta para ambos os tipos da empresa , estas

são iguais às expressões apresentadas anteriormente na estratégia separating

, para cada estratégia da empresa .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia separating

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

3.1.2. Estratégias Pooling

3.1.2.1.Estratégia

Considere o seguinte perfil de estratégias da empresa :

. A empresa

atualiza as suas convicções da seguinte forma:

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta, se observar que a empresa entrante decidiu

localizar-se próxima, será:

(3.9)

em que

(3.10)

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75

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

,

respetivamente;

(3.11)

e pode ser alto, , ou baixo,

.

E, se observar dispersão, será:

(3.12)

em que

(3.13)

e e correspondem à equação da empresa do tipo e do tipo

,

respetivamente;

(3.14)

e pode ser alto, , ou baixo,

.

Seguidamente, é necessário verificar se o perfil de estratégias

corresponde à melhor resposta da empresa . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão .

Quando e , a melhor resposta da empresa

é expressa pela expressão . Quando e ,

a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela

expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

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76

3.1.2.2.Estratégia

Por último, é considerado o seguinte perfil de estratégias da empresa :

. A empresa atualiza as suas convicções para:

E decide:

.

Deste modo, a sua melhor resposta se observar que a empresa entrante decidiu

aglomerar será:

(3.15)

E, se observar dispersão, será:

(3.16)

Tendo em conta a estratégia da empresa , será que o perfil de estratégias

apresenta-se como a melhor resposta para a empresa ? Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão

. Quando e , a melhor resposta da

empresa é expressa pela expressão . Quando e

, a melhor resposta da empresa é expressa pela expressão . Quando

e , a melhor resposta da empresa é

expressa pela expressão .

Desta forma, se a empresa entrante decidir optar por uma estratégia pooling

, é possível obter os seguintes equilíbrios:

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77

3.2. Resultados da simulação numérica

Melhor resposta da empresa instalada se observar aglomeração por parte da empresa

entrante com custos marginais elevados, comparando o lucro de cooperação vs. não

cooperação:

(3.17)

Figura 3.1 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 3.2 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

Melhor resposta da empresa instalada se observar dispersão por parte da empresa

entrante com custos marginais baixos, comparando o lucro de cooperação vs. não

cooperação:

(3.18)

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-920

-910

-900

-890

-880

-870

-860

-850

-840

-830

-820

Spillover (ß)Lucro liquido 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-1020

-1010

-1000

-990

-980

-970

-960

-950

-940

-930

-920

-910

Spillover (ß)Lucro liquido

Curva da

empresa

instalada

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78

Figura 3.3 - com δ ∈[0, 1]

Melhor resposta da empresa entrante, comparando o lucro de aglomeração vs. dispersão,

dado que a empresa instalada nunca coopera qualquer que seja a decisão de localização

da entrante:

(3.19)

Figura 3.4 - com β ∈[0, 1]

Melhor resposta para a empresa instalada, se observar que a empresa com marginais

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-2400

-2350

-2300

-2250

-2200

-2150

-2100

-2050

-2000

-1950

-1900

-1850

-1800

Know-howLucro liquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

Spillover (ß)

Lucro liquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

Curva da empresa

instalada

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79

altos dispersa:

(3.20)

Figura 3.5 - com δ ∈[0, 1]

Melhor resposta da empresa se observar aglomeração por parte da empresa com

custos marginais baixos:

(3.21)

Figura 3.6 - com δ =

0.7 e β∈[0, 0.3]

Figura 3.7 - com δ =

0.3 e β∈[0, 0.7]

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

-1020

-1000

-980

-960

-940

-920

-900

-880

-860

-840

-820

-800

-780

Know-howLucro liquido

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

-2070

-2060

-2050

-2040

-2030

-2020

-2010

-2000

-1990

-1980

-1970

-1960

-1950

-1940

-1930

-1920

-1910

-1900

-1890

-1880

Spillover (ß)Lucro liquido 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

-2260

-2250

-2240

-2230

-2220

-2210

-2200

-2190

-2180

-2170

-2160

-2150

-2140

-2130

-2120

-2110

-2100

-2090

-2080

-2070

-2060

Spillover (ß)Lucro liquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

Curva da

empresa

instalada

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80

Estratégia da empresa instalada quando observa aglomeração por parte de ambos os

tipos da empresa entrante:

Figura 3.8 - K com δ = 0.7 e β∈[0, 0.3] Figura 3.9 - K com δ = 0.3 e β∈[0, 0.7]

Estratégia da empresa instalada quando observa dispersão por parte de ambos os tipos

da empresa entrante:

Figura 3.10 - W com δ ∈[0, 1]

Melhor resposta da empresa entrante, caso a empresa instalada decida competir quando

observa aglomeração e cooperar quando observa dispersão:

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22 0.24 0.26 0.28 0.301.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

2.0

Spillover (ß)

K

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.71.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

2.0

Spillover (ß)

K

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.00.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Know-how

W

Curva da

empresa

instalada

Curva da

empresa

instalada

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81

(3.22)

Figura 3.11 - com δ = 0.7 e

β∈[0, 0.3]

Figura 3.12 - com δ = 0.3 e

β∈[0, 0.7]

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.301600

1800

2000

2200

2400

2600

2800

3000

3200

3400

3600

3800

4000

4200

4400

Spillover (ß)

Lucro liquido

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

1800

2000

2200

2400

2600

2800

3000

3200

3400

3600

3800

4000

4200

4400

Spillover (ß)

Lucro liquido

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

altos

Curva da

empresa

entrante

com custos

marginais

baixos

Page 91: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

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88

Anexos

Anexo 1. Quadro resumo da literatura sobre jogos de cooperação em I&D e localização

Características Autor Jogadores Sequência Mercado Produto Objetivo Conclusão

Jogo não

cooperativo,

conhecimento

cognitivo.

Agata e

Santangelo

(2003)

2

1) Perfil tecnológico e

localização;

2) I&D – redução de

custos;

3) Quantidade.

Espaço topológico

compacto. Homogéneo.

Explicar a localização

estratégica da I&D.

As empresas deverão localizar-se no mesmo local

geográfico, de modo a beneficiar dos spillovers

máximos.

Jogo não

cooperativo,

capacidade

absortiva.

Hussler,

Lorentz e

Rondé

(2007)

2

1) Localização;

2) I&D – redução de

custos;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Homogéneo.

Testar se um novo modelo

de localização com

capacidade absortiva

modifica as conclusões

tradicionais sobre as

localizações das empresas.

As empresas localizam-se simetricamente no espaço,

sendo que essa distância diminui à medida que o custo

de transporte aumenta.

Independentemente da localização, as empresas

escolhem a mesma despesa em I&D e os mesmos

preços.

Jogo

cooperativo,

cooperação

tácita.

Mai e Peng

(1999) 2

1) Localização;

2) Preço. Modelo de Hotelling. Homogéneo.

Investigar as localizações

de equilíbrio, introduzindo

externalidades de

cooperação (na forma de

troca de informação).

As localizações e preços de equilíbrio são

determinados por duas forças: cooperação (centrípeta)

e competição (centrífuga). Concretamente, as

localizações poderão variar desde a diferenciação

mínima até à máxima, dependendo da força relativa do

efeito da cooperação sobre o da competição.

Jogo não

cooperativo,

jogo dinâmico,

clusters, líder

tecnológico,

empresas

seguidoras.

Colombo e

Dawid

(2014)

n 1) t = 0: Localização;

2) t > 0: Quantidade.

Modelo de duas

regiões: cluster e

isolação.

Homogéneo.

Distinguir os casos em que

o líder tecnológico

apresenta vantagens

estruturais ou iniciais de

stock de conhecimento, e

averiguar em que

circunstâncias é ótimo

Quanto maior for o número de empresas na indústria,

maiores serão os incentivos do líder para juntar-se ao

cluster. No entanto, este deverá apenas isolar-se se, e

só se, a sua vantagem tecnológica for suficientemente

elevada.

Do ponto de vista do bem-estar social, é preferível a

situação em que o líder desloca-se para o cluster.

Page 98: Dissertação de Mestrado em Economia · ii Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à orientadora Isabel Mota por toda a dedicação e ajuda constante ao longo da elaboração

89

localizar-se fora / dentro do

cluster, dado o efeito dos

spillovers.

Jogo não

cooperativo,

custos de

transporte.

Piga e

Poyago-

Theotoky

(2005)

2

1) Localização;

2) I&D – melhorar a

qualidade;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Heterogéneo.

Investigar a influência dos

custos de transporte

(medida de diferenciação

do produto) na escolha de

localização e I&D.

As empresas tendem a afastar-se uma da outra e a

investir mais em I&D à medida que os custos de

transporte aumentam, sendo que a diferenciação

mínima de qualidade ocorre sempre.

Jogo não

cooperativo,

redução de

custos, melhoria

de produto.

Sun (2012) 2

1) Localização;

2) I&D – redução de

custos / melhorar a

qualidade;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Homogéneo /

Heterogéneo.

Comparar as soluções de

equilíbrio de dois tipos de

atividades de I&D: redução

de custos ou aumento da

qualidade.

Assumindo condições simétricas, não há diferença

entre utilizar uma abordagem ou outra, dado que os

dois tipos de atividades de I&D apresentam as mesmas

soluções.

Do ponto de vista do bem-estar social, é necessário um

regime fiscal sobre os preços (impostos ou subsídios)

ou regulação governamental (sob a qualidade) para

combater as falhas de mercado, nomeadamente a

excessiva diferenciação de localizações e o

subinvestimento em I&D.

Jogo

cooperativo e

não cooperativo.

Long e

Soubeyran

(1998)

2 e 3 1) Localização;

2) Quantidade. Mercado não linear. Homogéneo.

Explorar as implicações

dos spillovers da I&D na

escolha de localização, em

ambiente competitivo /

cooperativo.

As localizações de equilíbrio exibem aglomeração ou

dispersão excessivas.

Em cooperação há uma tendência para resultados

assimétricos, no qual a maior parte da I&D da

indústria está concentrada numa única empresa.

Jogo não

cooperativo,

empresas

mistas.

Zhang e Li

(2013) 2

1) I&D – melhorar a

qualidade;

2) Localização;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Heterogéneo.

Investigar a influência dos

spillovers nos incentivos à

I&D por empresas mistas.

A localização de equilíbrio não exibe diferenciação

máxima nem mínima.

Quando o spillover é alto, o investimento em I&D da

empresa pública é maior. Quando o spillover é baixo,

o investimento em I&D da empresa privada é maior.

Na presença de spillovers endógenos, é socialmente

preferível um oligopólio misto a uma privatização,

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devido ao subinvestimento em I&D que diminui o

bem-estar social.

Jogo não

cooperativo,

assimetria de

custos.

Beacham

(2013) 2

1) I&D – redução de

custos;

2) Localização;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Homogéneo.

Analisar a possibilidade de

aglomeração entre

empresas assimétricas.

Independentemente do grau do spillover, a

diferenciação máxima ocorre sempre, dado que a

aglomeração nunca é suportada em equilíbrio, tanto

para empresas assimétricas como simétricas, uma vez

que o custo da competição de preços domina sempre o

benefício dos spillovers de aglomeração.

Jogo não

cooperativo,

risco da I&D.

Gerlach,

Ronde e

Stahl (2005)

2

1) Localização;

2) I&D – melhorar a

qualidade;

3) Preço.

Modelo de Hotelling. Heterogéneo.

Observar as escolhas de

localização, tendo em conta

o nível de risco da

inovação.

As localizações de equilíbrio exibem concentração ou

dispersão excessivas.

As empresas tendem a deslocar-se para o centro do

mercado à medida que o risco da inovação aumenta,

sendo que a aglomeração só será lucrativa quando a

diferenciação do produto for suficientemente alta.

Uma grande assimetria nos custos de transporte e

qualidade do produto implica a saída do mercado.

Jogo

cooperativo,

custos de

transporte, free-

riding.

Baranes e

Tropeano

(2003)

2

1) Localização;

2) Cooperação e nível

de partilha de

informação /

concorrência em I&D;

3) I&D – esforço em

melhorar a qualidade

(não observável –

problema do free-

riding);

4) Preço.

Modelo de duas

regiões: ex-ante

idênticas.

Heterogéneo.

Explicar o impacto da

localização e competição de

mercado nos incentivos à

partilha de informação.

A proximidade geográfica e a competição agressiva

levam as empresas a partilhar conhecimento

tecnológico, dado que a competição impede o free-

riding.

Mesmo na presença de dispersão geográfica, a

existência de custos de transporte extremamente

baixos induz o aumento da competição, aumentando o

esforço em I&D.