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UFRJ A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA Rosângela Gomes Ferreira Rio de Janeiro Fevereiro de 2010

Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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Page 1: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

UFRJ

A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA

Rosângela Gomes Ferreira Rio de Janeiro Fevereiro de 2010

Page 2: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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UFRJ

A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA

Rosângela Gomes Ferreira Volume único

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas), Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas, na Área de Concentração Língua Portuguesa. Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida Co-orientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves

Rio de Janeiro Fevereiro de 2010

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Ferreira, Rosângela Gomes. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça/ Rosângela Gomes Ferreira. - Rio de Janeiro: UFRJ/ FL, 2010. xi,189f.: il.; 31cm. Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/ Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, 2010. Referências Bibliográficas: f. 109-114. 1.Cabeça . 2. Linguística Cognitiva. 3. Hipótese de Corporificação. 4. Polissemia. 5. Esquema Imagético. 6. MCI. 7. Composicionalidade. I. Almeida, Maria Lucia Leitão de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas. III. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça.

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A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA

Rosângela Gomes Ferreira

Orientador: Prof. Doutor Maria Lucia Leitão de Almeida Co-orientador: Prof. Doutor Carlos Alexandre Victorio Gonçalves Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Mestre em Língua Portuguesa. Examinada por: _______________________________________________________________ Presidente, Professor Doutor Maria Lucia Leitão de Almeida – Orientador _______________________________________________________________ Professor Doutor Lilian Ferrari Vieira - UFRJ _______________________________________________________________ Professor Doutor Sandra Pereira Bernardo – UERJ _______________________________________________________________ Professor Doutor Regina Souza Gomes – UFRJ, Suplente _______________________________________________________________ Professor Doutor Mauro José Rocha do Nascimento – IFRJ, Suplente

* * * Presente à defesa o Co-Orientador: _______________________________________________________________ Professor Doutor Carlos Alexandre Victorio Gonçalves - UFRJ Rio de Janeiro 23 de fevereiro de 2010.

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SINOPSE

Estudo da polissemia e produtividade da

palavra “cabeça”. A comprovação da

hipótese de corporificação na mente.

Análise segundo os princípios da

Linguística Cognitiva.

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AGRADECIMENTOS

O início de meu trabalho como pesquisadora começou, efetivamente, no

primeiro semestre de 2005, no terceiro período da graduação, quando passei a

frequentar reuniões promovidas pela Prof. Maria Lucia Leitão de Almeida.

A partir de então, tive a honrosa oportunidade de participar de um universo

intelectual bastante incentivador, desenvolvido pelo contato com professores e

alunos de pós-graduação empenhados em entender e descrever a linguagem

e/ou os fenômenos cognitivos subjacentes a ela. A esse convívio e às

discussões presenciadas, eu devo boa parte dessa dissertação.

Agradeço primeiramente a DEUS, por ter me dado a permissão de chegar até

aqui, e por toda a força concedida na concretização desse sonho. Além disso,

agradeço a Ele por todas as pessoas que cruzaram meu caminho e que estão

aqui citadas, todas muitíssimo especiais.

Dentre todas essas pessoas, agradeço em primeiro lugar a quem me ajudou,

de alguma maneira, a integrar esse ambiente. Ao Professor Doutor Luiz

Cláudio Walker, substituto na época, ex-professor, muito obrigada, pelo

estímulo à pesquisa e pelo empurrãozinho dado para que eu conhecesse e

integrasse o grupo de pesquisa coordenado pela Professora Doutora Maria

Lucia Leitão de Almeida, que hoje, em parceria com o Professor Doutor Carlos

Alexandre V. Gonçalves, transformou-se no NEMP (Núcleo de Estudos

Morfossemânticos do Português), do qual eu me orgulho de fazer parte.

À Professora Doutora Maria Lúcia Leitão de Almeida, agradeço, primeiramente,

por ter me aceitado, sem, ao menos, me conhecer, e por ter acreditado em mim

Page 7: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

7

desde sempre, pelas lições de Linguística Cognitiva e também de vida, pela

confiança, pelos conselhos, pela amizade, enfim, por sua existência e ainda por

me deixar fazer parte dela.

Ao Professor Doutor Carlos Alexandre V. Gonçalves, meu co-orientador,

agradeço por ter, inicialmente, me “renegado” e me encaminhado à Prof. Maria

Lucia, e, depois, por todos os ensinamentos e oportunidades oferecidos em

diversos momentos desde que nos conhecemos.

Aos dois, Malu e Carlos, ficam aqui, minha imensa gratidão, meu respeito,

minha admiração e minha devoção, intransponíveis em palavras.

Aos meus pais, Elisa e Luiz, minhas bases, simplesmente por terem me feito

existir, por tanto amor, por tudo o que sou, por cada oração, por terem me

proporcionado educação e amor pelos estudos, e, apesar das inúmeras

dificuldades, por sempre me estimularem a continuar.

Ao meu amor, Diego - meu equilíbrio - pela sua incansável boa vontade em me

ajudar, por perder noites de sono e fins-de-semana ao meu lado, só para me

fazer companhia, compartilhando meus ideais e incentivando-me a prosseguir,

insistindo para que eu avançasse cada vez mais um pouquinho. Enfim, por

estar incessantemente ao meu lado, sendo muito mais do que se pode esperar.

Amo você!

Ao meu avô Antônio (in memorian) por ser o meu exemplo de vida (ao lado da

minha mãe) e minha fortaleza nos momentos de angústia.

Este trabalho certamente não seria o mesmo sem a contribuição dos amigos do

NEMP – e também dos agregados ao grupo – por todas as discussões, os

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encontros, os papos ao telefone, os almoços, as festas, os puxões de orelha,

as conquistas alcançadas juntos... a cada um de vocês, um grande obrigada!

À Patrícia Teles, amiga muito amada, a quem devo, além das caronas, minhas

primeiras lições de LC e também o fato de ter me encontrado espiritualmente -

fator crucial na concretização deste e de outras inúmeras realizações. Mauro

Nascimento, tão brilhante quanto e, não menos querido, aqui está meu

profundo agradecimento.

À Kátia Emmerick, por todo o carinho, pelo suporte, pelos conselhos, pelos e-

mails trocados às 4 horas da manhã, pela revisão deste trabalho e pelo

treinamento para a arguição do doutorado.

Além desses, Janderson Lemos, Hayla Thami, Ana Paula Belchor, Marisandra

Rodrigues, Roberto Rondinini, Juliana Marins e Diogo Pinheiro, obrigada pela

amizade, por não me deixarem desistir e pela enorme contribuição não só para

esta dissertação, como para o processo seletivo de doutorado.

Aos nempistas aqui não citados, muito obrigada também, por torcerem por mim

e por cada palavra de incentivo.

Às Professoras Doutoras Lilian Ferrari e Sandra Bernardo, agradeço a cortesia

em aceitarem integrar a banca de exame desta dissertação. Agradeço também,

pelos ensinamentos em Linguística Cognitiva, seja em aulas, seja em artigos

ou congressos, que com certeza ajudaram no desenvolvimento desse trabalho.

Ao meu amigo Zé, por toda paciência, amizade, motivação e por cada texto em

inglês que me ajudou a ler.

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A todos os informantes que aceitaram responder o teste e contribuíram

fundamentalmente para esta pesquisa.

Aos meus alunos, especialmente Bete, Guilherme e Rafael, por entenderem

sem questionar todas as aulas desmarcadas e remarcadas, mesmo que em

cima da hora.

Um último agradecimento afetivo fica reservado aos amigos Silvia, Léo, Mona,

Alê, minha irmã, meu cunhado, meus sogros, minha prima Livia, tio Antônio,

Thiago. Simplesmente, por existirem na minha vida... Por me aceitarem como

eu sou, por compreenderem minhas ausências, por toda a ajuda,

companheirismo, compreensão, carinho e amizade. Valeu mesmo!

Por fim, agradeço à CAPES por um ano e meio de auxílio financeiro.

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‘Quando eu nasci

um anjo muito louco

veio em minha mão’, disse Torquato.

Esse anjo é o leitor, que se transporta para

fora de si, ocupa o lugar do outro, se torna,

um pouco, esse fascinante estranho – o

escritor.

Há uma dose inevitável de loucura (de delírio)

em qualquer leitura.

O leitor se apossa de palavra alheia. Acredita

que lê o outro, quando lê a si. O outro é só

um caminho. Palavras não são monumentos,

são estradas.

José Castello

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RESUMO

A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA

Rosângela Gomes Ferreira

Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida

Coorientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Letras Vernáculas (LínguaPortuguesa).

Nesta Dissertação, analisamos as formações lexicais em que o item “cabeça”

se encontra. A análise é baseada na Linguística Cognitiva (LAKOFF, 1987;

LANGACKER, 1987, 1991; SOARES DA SILVA, 2006; SWEETSER, 1999 e

CROFT & CRUSE, 2004), mais especificamente, na Hipótese de

Corporificação da mente e nas noções de frame (FILLMORE, 1982) ou

domínio (LANGACKER, 1987) para o tratamento da polissemia e produtividade

da palavra “cabeça”.

O objetivo da pesquisa é descrever a polissemia e a produtividade do item em

questão, que está dividida em três abordagens: a primeira, as metáforas e

metonímias que permitem o processo de extensão do significado. A segunda, o

domínio ou frame da palavra “cabeça”, e, a terceira e última, a análise

composicional das formações de que o item “cabeça” faz parte, com enfoque

na modificação adjetival (SWEETSER, 1999).

A análise dispõe, além da descrição proposta acima e da revisão bibliográfica

sobre o estudo da polissemia, o resultado da aplicação de dois testes. O teste

1 teve como objetivo comprovar que o elemento favorecedor para a

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multiplicidade de sentidos de uma palavra é a sua complexidade dominial e a

presença de domínios básicos. O teste 2, por sua vez, propôs-se a atestar que

o falante é capaz de construir formações lexicais com “cabeça” que possam

estar relacionadas aos esquemas imagéticos e MCIs que envolvem essa

palavra.

Palavras-chave: Cognição, Hipótese de Corporificação, Polissemia, Domínios,

Esquema Imagético, MCI, Composicionalidade.

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ABSTRACT

THE HYPOTHESIS OF LANGUAGE EMBODIMENT: CABEÇA’S CASE

Rosângela Gomes Ferreira

Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida

Co-Orientador: Carlos Alexandre Victório Gonçalves

Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).

In this Master Thesis, we analyze the lexical formations in which the item

“cabeça” is found. The analysis is based on Cognitive Linguistics (LAKOFF,

1987; LANGACKER, 1987, 1991; SOARES DA SILVA, 2006; SWEETSER,

1999 e CROFT & CRUSE, 2004), more specifically, on Mind’s Embodiment

Hypothesis and on notions of frame (FILLMORE, 1982) or domain

(LANGACKER, 1987) for treatment of polysemy and the word’s “cabeça”

productivity.

The research’s aim is to describe the polysemy and the productivity of the

refereed item, which is divided in three approaches: at first, the metaphors and

metonymies that allow the meaning extension process. The second one, the

word’s “cabeça” domain or frame, and, the third and last one, the compositional

analysis of formations integrated by the item “cabeça”, laying emphasis on

adjectival modification (SWEETSER, 1999).

The analysis disposes, besides the description proposed above and the

bibliographic revision of polysemy’s study, results of two tests application. The

test one had the aim to prove that the favoring element for meanings multiplicity

of a word is its domain complexity and the attendance of basic domains. The

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test two, for its turn, has proposed to attest that the speaker is able to build

lexical formations that contain “cabeça” which might be related to image

schemas and ICMs that involve this word.

Key-words: Cognition, Mind’s Embodiment, Polysemy, Domains, Image

Schema, ICM, Compositional.

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SUMÁRIO

1. PALAVRAS INICIAIS ................................................................................ 18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A LINGUÍSTICA COGNITIVA ............... 22

2.1. A hipótese de corporificação da mente .................................................... 25

2.2 A categorização e a teoria dos protótipos ................................................. 28

2.3 As bases cognitivas .................................................................................. 30

2.3.1 Esquemas Imagéticos ............................................................................ 31

2.3.2 Frames ................................................................................................... 33

2.3.3 MCIs ....................................................................................................... 39

2.4 Os processos conceptuais ........................................................................ 42

2.4.1 Metáfora ................................................................................................. 43

2.4.2 Metonímia ............................................................................................... 46

2.4.3 Ajuste Focal ............................................................................................ 48

3. POLISSEMIA: ANTIGAS VISÕES E NOVAS PERSPECTIVAS ............... 52

3.1 Polissemia ................................................................................................. 52

3.2 A polissemia em outras abordagens ......................................................... 55

3.2.1 Bréal ....................................................................................................... 56

3.2.2 Lyons ...................................................................................................... 57

3.2.3 Ullmann .................................................................................................. 58

3.2.4 Fiorin ...................................................................................................... 59

3.3 A polissemia nas abordagens atuais ........................................................ 61

Page 16: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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3.4 A polissemia nos dicionários ................................................................... 62

3.5 A polissemia nos processos de formação de palavras............................ 70

3.6 A polissemia na sintaxe .......................................................................... 76

4. METODOLOGIA ....................................................................................... 78

4.1 Definição e levantamento de corpora ...................................................... 78

4.2 Depreensão de “pistas” de análise ......................................................... 79

4.3 Novo teste, novas “pistas” de análise ..................................................... 83

4.4 Procedimentos de análise ....................................................................... 90

5. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................... 92

5.1 “Cabeça”: frames e extensões polissêmicas .......................................... 93

5.2 Domínio-matriz de cabeça e relação com outros domínios ................... 101

5.3 Ajuste focal: o processo de modificação adjetival e os compostos ....... 106

6. PALAVRAS FINAIS ................................................................................. 111

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 114

8. ANEXOS ....................................................................................................120

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Sobrinha ......................................................................................... 36

Quadro 1: Polissemia de bolsa ..................................................................... 67

Quadro 2: Polissemia do sufixo formativo –dor ............................................ 70

Quadro 3: Polissemia do prefixo re- ............................................................. 73

Quadro 4: Polissemia do sufixo formativo –eiro ............................................ 74

Quadro 5: Teste 2 .......................................................................................... 84

Figura 2: Rede polissêmica de cabeça ..........................................................100

Figura 3: Esquema do domínio de cabeça..................................................... 104

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1. PALAVRAS INICIAIS

A presente dissertação visa a analisar as extensões polissêmicas de

construções lexicais formadas por uma palavra que denota uma parte central

no corpo humano: cabeça. Com o propósito de explicitar essa polissemia,

propomos uma rede semântica representativa para as formações já existentes,

buscando, ainda, elucidar, as motivações para o surgimento de novas

formações.

O estímulo para este trabalho é a verificação dos numerosos e

expressivos usos de formações lexicais constituídas a partir de nomeações da

parte do corpo supracitada, que vão desde sintagmas oracionais, como não

estou com cabeça para discutir; levante a cabeça; a expressões idiomáticas,

como com a cabeça nas nuvens, de cabeça quente; e palavras compostas,

como cabeça-dura, cabeça oca – com que o falante se depara na linguagem do

dia a dia. Porém, apesar de a palavra cabeça ser muito frequente na

linguagem cotidiana, o seu sentido básico é o menos usado, que corresponde à

parte superior do corpo humano, em que se encontram órgãos como o cérebro

e os sentidos paladar, visão, olfato e audição.

A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Linguística

Cognitiva (doravante LC) (cf. LAKOFF (1987), LANGACKER (1987,1991)

SWEETSER (1999), CROFT & CRUSE (2004), SOARES DA SILVA (2006)

principalmente), modelo empenhado em descrever a linguagem como meio de

conceptualizar a realidade e refletir sobre essa conceptualização a partir de

construções básicas da língua e processos de referenciação, sendo, portanto,

Page 19: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

19

capaz de esclarecer questões referentes a toda e qualquer formação motivada

e recorrente.

Sob a perspectiva de que as partes do corpo (a) são fontes primárias de

experiência e de percepção e (b) exercem um papel central no raciocínio e no

pensamento mais abstrato (EMBODIMENT HYPOTHESIS), o que se reflete na

linguagem de modo geral, explica-se a emergência dos incontáveis enunciados

a que chegamos após a coleta de dados.

Para a LC, a capacidade cognitiva da linguagem não é autônoma, isto é,

não é independente das outras capacidades cognitivas e da experiência

corpórea. Essa abordagem, então, implica a categorização das línguas naturais

pelos falantes, categorização essa que não se dá de modo aristotélico, mas

prototípico (cf. ROSCH, 1973), organizando-se de modo radial.

Dito de outra maneira, a categorização de elementos em uma

determinada classe pode incluir exemplares prototípicos - aqueles que melhor

representam a categoria, por possuírem maior número de propriedades

definitórias; e elementos que se encontram em posição radial, afastados do

protótipo, mas que pertencem à mesma categoria, embora não possuam todas

as propriedades da classe.

Em se tratando de palavras, o protótipo é o sentido literal, que

corresponde ao mais experiencial e concreto; já os sentidos mais abstratizados

correspondem aos elementos mais radiais. A ligação entre os sentidos da

palavra se dá em forma de rede e essa classificação não independe de

aspectos da capacidade cognitiva humana e sempre leva em conta

contribuições de ordem subjetiva.

Page 20: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

20

A rede de significados que o item lexical cabeça apresenta na língua

portuguesa (sobretudo na variedade brasileira), bem como de qualquer outro

item, se configura, portanto, em projeções abstratizadas, resultantes de uma

série de processos cognitivos que atuam em conjunto.

A análise aqui proposta consiste em estudo lexical, que, envolve

questões de categorização e, em decorrência, de conceptualização. Os

problemas podem ser assim ser formulados:

1) Que entidades são passíveis de enquadramento como

membros da categoria cabeça?

2) Como explicar a polissemia extremada do item em questão?

3) Nos casos de palavras compostas, que processos atuam para

que se construa o significado da expressão?

4) Como explicar os usos diferentes de cabeça nas formações

oracionais?

Os dados analisados nesta dissertação encontram-se em anexo e foram

recolhidos ou por compulsão de dicionários consagrados ou por busca via

ferramenta eletrônica Google, conforme detalhado na Metodologia (Capítulo 4).

É importante destacar que neste trabalho não privilegiamos dados de

língua em uso, já que o foco não é o processo de construção do significado

online, mas sim o estudo dos meios pelos quais se dão as extensões dos

significados de um determinado item, baseado na hipótese central do papel do

corpo para tal. Mais detalhadamente, o que é relevante em nossa análise é

como a combinação dos elementos que integram a formação lexical junto ao

item cabeça contribui para a elaboração do sentido da expressão como um

Page 21: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

21

todo, promovendo uma angulação que ativa um sentido determinado de

cabeça.

Esta dissertação estrutura-se do seguinte modo: o capítulo 2 destina-se

a apresentar as bases da Linguística Cognitiva, dando maior relevo aos

conceitos que embasarão a análise.

No capítulo 3, apresenta-se a revisão da literatura no que concerne à

polissemia, com ênfase nas diferenças encontradas entre os pontos de vista da

Linguística Cognitiva e os de estudiosos do significado consagrados na

tradição de estudos descritivos de base linguística, incluindo-se publicações

recentes brasileiras que abordam o tema. Ressalta-se que optamos por abrir

um capítulo específico para esse assunto, dada a centralidade que a

polissemia detém nesta dissertação ao invés de tratá-la somente sob a ótica da

LC, como no capítulo anterior.

No capítulo 4, apresenta-se a metodologia da pesquisa, que se

desdobra em especificação de critérios e meios para a formação dos corpora e

detalhamento dos procedimentos analíticos, o que inclui testes prévios.

O capítulo 5 traz a análise dos dados, que foi feita em três etapas. O

objetivo de tal procedimento foi buscar dar conta dos processos que atuam

para tão diferentes usos do item cabeça, diferenças essas que se manifestam

tanto no que diz respeito às formações sintagmáticas, quanto à semântica das

formações.

No sexto e último capítulo, apresentam-se as conclusões da dissertação,

com base nas análises de dados realizadas no capítulo anterior, bem como

sugestões para trabalhos futuros.

Page 22: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A LINGUÍSTICA

COGNITIVA

A LC, cujas bases foram lançadas em Women, Fire and Dangerous

Things (LAKOFF, 1987) e Foundations of Cognitive Grammar (LANGACKER,

1987), nasceu de ex-gerativistas em finais da década de 70 e início da década

de 80, sendo, portanto, relativamente recente.

Esse aporte teórico constitui-se de um conjunto mais ou menos

homogêneo de abordagens que têm em comum um conjunto de premissas

básicas, que se caracterizam pelo seguinte:

(a) não há independência entre os princípios cognitivos e os que atuam na

formação da linguagem, o chamado Princípio da Invariância;

(b) a linguagem reflete processos de categorização;

(c) o significado linguístico é baseado no uso e na experiência; e

(d) a gramática é motivada e não há limites estanques entre os seus níveis.

A primeira premissa refere-se à crença da não autonomia da linguagem.

Por tal hipótese argumenta-se que a linguagem é formatada pela cognição

humana, que, por sua vez, busca recursos nas percepções e características da

espécie, nas experiências físicas, corporais, sensório-motoras básicas de que

somos capazes – como deslocamento de espaço, transferência e aproximação

de objetos, superação de obstáculos etc –, vinculados à compreensão que o

falante tem de si mesmo e do ambiente e às experiências culturais. Nesse

sentido, a faculdade da linguagem não é autônoma em relação às outras

Page 23: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

23

faculdades cognitivas. O uso linguístico, então, segundo essa abordagem, está

além da mera funcionalidade comunicativa, para revelar-se como uma forma de

conceber a realidade e refletir sobre essa concepção. Nesse sentido, a LC

alinha-se a outras teorias que adotam a perspectiva do Realismo Experiencial

(cf. LAKOFF, 1987: 266-267).

A premissa (b) envolve a questão da categorização, fundamental para a

LC, pois é a função primária da linguagem: para compreender o mundo e agir

nele, temos que categorizar os objetos e as coisas de forma que passem a

fazer sentido para nós (LAKOFF & JONHNSON, 2002: 265). Desse jeito, os

processos cognitivos estabelecem uma mediação entre as palavras e as

coisas, pois processos de nomeação são, sobretudo, processos de

categorização.

Nessa abordagem, a cognição não tem a ver apenas com o

conhecimento, mas principalmente com os processos que formam o

conhecimento, com a construção do significado. Sendo assim, as palavras não

etiquetam as coisas do mundo; tampouco servem de sucedâneos a imagens

mentais representadas para atenderem a qualquer tipo de cálculo. Não se

questiona a existência do real em termos ontológicos, apenas não se considera

a linguagem como instrumento de declaração sobre um real a priori, e sim

como reflexo de um real conceptualizado conforme a configuração física da

espécie. Portanto, para a teoria, a linguagem não espelha a realidade, e sim

evidencia como a cognição humana é concebida e categorizada na linguagem.

Dada a importância desse aspecto para o trabalho, haverá uma seção à

parte – seção 2.2. - destinada a essa premissa.

Page 24: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

24

A terceira premissa aqui destacada envolve a noção de que domínios de

experiência precisam ser acessados pela linguagem. Assim, para que a

expressão “fim-de-semana” seja entendida, precisamos viver numa sociedade

onde faça sentido destacar esses dias (sábado e domingo) como fim-de-

semana, mesmo que, convencionalmente, sábado seja o último dia e domingo,

o primeiro. A falsa incoerência se faz possível, pois, em nossa cultura, esses

dias estão associados à noção de descanso, de festas, de pausa no trabalho

e/ou escola, que acontecem de segunda-feira a sexta-feira, em sua grande

maioria. Essa idéia está diretamente relacionada às noções de frames e MCIs,

que serão mais bem explicitadas na seção 2.3 de bases cognitivas.

Já que a língua reflete processos cognitivos, que, por sua vez, dizem

respeito ao modo como categorizamos as coisas e como elas se relacionam às

experiências concretas, temos, então a quarta premissa aqui levantada: a

motivação da gramática e a ideia de que a representação do “conhecimento

enciclopédico” está diretamente relacionada ao “conhecimento linguístico” e

ainda se sobrepõe a ele, já que os processos cognitivos gerais irão repercutir

no funcionamento da gramática. Assim, i) não há mais fronteiras nítidas entre

semântica e pragmática e nem entre os diversos níveis da gramática; ii) não há

também oposições entre conhecimento linguístico e conhecimento de mundo e,

ainda; iii) as palavras não possuem um significado estritamente linguístico, e

sim atuando antes como sinalizadores capazes de ativar ou iluminar algum

significado, que está armazenado em nosso arcabouço conceptual.

Page 25: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

25

2.1 A hipótese de corporificação da mente (EMBODIMENT HYPOTHESIS)

A hipótese de corporificação concebe a linguagem como o reflexo da

experiência do corpo no mundo real. Dito de outra maneira, o que se passa em

nosso corpo físico está diretamente relacionado com o que se passa em nossa

mente. Corpo – aspectos motores e perceptuais - e mente – raciocínio abstrato

- não são vistos como instâncias separadas na constituição humana. Logo,

fazem parte de naturezas semelhantes e relacionadas.

A esse respeito, Lakoff e Johnson (2002 [1999]: 28), comentam:

A mente seria “corporificada”, isto é, estruturada através de nossas experiências corporais, e não uma entidade de natureza puramente metafísica e independente do corpo. Da mesma forma, a razão não seria algo que pudesse transcender o nosso corpo: ela é também “corporificada”, pois origina-se tanto da natureza de nosso cérebro, como das peculiaridades de nossos corpos e de suas experiências no mundo em que vivemos. Com isso, desconstrói-se o dualismo cartesiano entre corpo e mente.

A visão universalista, que apenas atribui à linguagem o papel de

espelhar a realidade e conferir significados a conceitos, inatos ou adquiridos,

estabelece relações entre eles e a realidade objetiva, externa, e acredita que o

pensamento é independente das línguas. A LC, no entanto, é contrária a essa

visão universalista: a hipótese da corporificação atribui às línguas uma visão

relativista ao defender que cada língua natural representa um diferente

conjunto de categorizações relativas à realidade objetiva.

Page 26: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

26

A visão universalista postula que a linguagem seria exatamente a

estrutura do pensamento, e a possibilidade da tradução seria demonstração do

domínio do pensamento, capaz de ser expresso em qualquer língua. Já a tese

relativista da linguagem, ou seja, a crença de que as distinções de uma língua

são únicas desta língua, acredita na dificuldade – versão fraca – ou na

impossibilidade – versão forte – de tradução, dando mostras de que a lógica do

pensamento está vinculada à lógica da língua em que foi formulado.1

Um exemplo disso é o fato de, em língua espanhola, existir as palavras

esquina e rincon, que indicam, respectivamente, “canto interno” e “canto

externo”. Em língua portuguesa, somente com duas ou mais palavras

conseguimos representá-las; ou seja, não há um item lexical para expressar

cada uma dessas referências. Outro exemplo é o fato de nós, brasileiros,

entendermos que o arco-íris é composto por sete cores, enquanto falantes de

inglês o compreendem como sendo formado por seis, pois não fazem distinção

entre as cores que chamamos violeta e anil, chamando-as, ambas, de purple; e

ainda, para os falantes da língua bassa, na Libéria, o mesmo arco-íris se divide

em apenas duas faixas, uma que representa o que conhecemos como “cores

frias” e a outra, como “cores quentes”.

É claro que ninguém imagina tratar-se de diferenças nos fenômenos

naturais observados nem tampouco na capacidade biológica visual de cada um

desses povos. As maneiras de estruturar o mundo em classes e a capacidade

de distinção de uma língua variam.

1 Cabe ressaltar que o relativismo linguístico difere do determinismo linguístico, cuja crença é de que a linguagem que usamos determina a maneira como enxergamos e nos relacionamos com o mundo.

Page 27: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

27

Tal variação é possível não a despeito de um corpo, como nas demais

correntes mentalistas da Linguística, e sim tendo em vista que o que pode

haver de universal nas línguas naturais se deve ao fato de a espécie ser

bípede, e não quadrúpede, ser ereta, e não esférica, e não somente ao fato de

ter uma programação genética para a aquisição da linguagem. Isso é o que se

entende em LC por mente corporificada ou por hipótese da corporificação

(embodiment hypothesis).

Um exemplo disso é o fenômeno que chamamos tradicionalmente de

catacrese, em que os órgãos do corpo humano oferecem subsídios para a

formação de conceitos:

A parte superior – cabeça – associa-se à parte superior de qualquer

objeto. Exemplos: cabeça do martelo, cabeça do prego, cabeça do pênis,

cabeça do alfinete.

A parte de baixo – pés e pernas – associa-se aos prolongamentos

inferiores sustentados por diversos objetos: Exemplos: pernas da mesa, pernas

da cadeira, pernas do compasso, pernas da calça, pé da página, pés do fogão,

pés da geladeira.

As laterais superiores – braços – fazem com que atribuamos a

prolongamentos superiores dos objetos o nome de braço. Exemplos: braços do

sofá, braços da cadeira, braços da âncora.

A catacrese é um fenômeno comum com os nossos demais órgãos:

Costas – costas do armário, costas do sofá, costas da cadeira.

Tronco – tronco da família, tronco da árvore.

Orelha – orelha dos livros, orelha de caderno.

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28

Um exemplo interessante do relativismo linguístico relacionado à

hipótese da corporificação é o fato de, em polonês, as xícaras não “possuírem”

asas, como em língua portuguesa, mas sim orelhas.

A hipótese da corporificação atribui corpo ao sujeito cognitivo,

destacando a contribuição de suas experiências no mundo para a formação

das línguas humanas naturais.

2.2 A categorização e a teoria dos protótipos

A categorização, em LC, é radicalmente distinta da forma como é

concebida na visão clássica, objetivista, segundo a qual as entidades possuem

ou não possuem propriedades inerentes e, portanto, pertencem ou não

pertencem a uma determinada categoria. Na abordagem cognitivista, a

atividade de categorização resulta de experiências corpóreas, de percepções

sensório-motoras, que apontam para o talvez, para o intermédio, para o não

definido, para o gradativo no mais das vezes.

Pensando assim, em vez de assumirmos que um item está dentro ou

fora de uma dada classe por possuir ou não uma propriedade supostamente

comum a todos os itens que nela se encontram, assumimos que os itens se

distribuem em classes consideradas não como continentes estanques, com

fronteiras delimitadas, e sim como centros e margens de conjuntos de

elementos que partilham propriedades, relacionados entre si por escalas

radiais.

Page 29: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

29

Para conceber o fenômeno linguístico dessa forma, a LC apropriou-se

dos estudos pionieros de Elenor Rosch (1973), na área de Psicologia

Cognitiva, que questionam principalmente dois pontos básicos na perspectiva

clássica de categorização: 1) não há um elemento que possa ser o mais

representativo de uma categoria, visto que todos partilham as mesmas

características que definem a classe; e 2) os membros da categoria possuem

propriedades intrínsecas, independentemente da percepção e capacidade de

organização humanas.

Rosch (loc. cit) postulou a Teoria dos Protótipos, demonstrando que há,

em cada categoria, elementos que representam e definem melhor a classe do

que outros. Na verdade, a categorização se realiza como uma representação

de modelos mentais, apreendidos através de nossas experiências motoras e

também da cultura na qual estamos inseridos. Para a LC, a categorização é

uma questão fundamental, pois é a função primária da linguagem; e, com base

na Teoria dos Protótipos, organiza-se em torno de elementos prototípicos (mais

representativos), que possuem o maior número de propriedades definitórias

para a classe, e elementos radiais (menos prototípicos, mas que pertencem à

categoria).

A categoria radial é um grande ganho para os estudos de categorização,

na medida em que permite a inserção de um item numa dada categoria sem

que isso lhe confira um problema, já que esse elemento não possui uma ou

outra propriedade.

Um exemplo clássico é o da categoria “ave”, que foi importado dos

estudos biológicos para os estudos linguísticos. Um elemento que poderia ser

considerado prototípico para representar tal categoria seria a “andorinha”, ou o

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30

“canarinho”, que trazem a possibilidade de voar, bicos e penas. Já o “pinguim”,

a “avestruz” e a “galinha” não seriam tão bem representativos, pois são

espécies não voadoras, ou de voos limitados, diferenciando-se da maioria das

aves que se caracterizam pelo voo.

Um exemplo similar seria a classe dos mamíferos, que engloba tanto

“gato”, “cachorro” e “leão”, como o “homem”, o “ornitorrinco” e a “baleia”.

Embora todos esses animais sejam vertebrados e suas fêmeas produzam leite

para alimentar seus filhotes, características definitórias para a classe, os três

últimos se distanciam dos demais por outros aspectos. Por exemplo, no caso

do homem, a racionalidade; do ornitorrinco, por não possuir mamas e ainda ser

ovíparo (característica dos peixes, répteis e aves); e, da baleia, por possuir a

pele lisa (sem pelos ou cabelos), viver num ambiente aquático, se locomover

por nadadeiras, como os peixes.

2.3 As bases cognitivas

A LC se preocupa em descobrir as seguintes questões: 1) quais são os

princípios cognitivos derivados de experienciação no mundo; 2) como a mente

corporificada concebe o mundo e 3) como a mente corporificada categoriza a

realidade experienciada nas línguas naturais. Portanto, é uma ciência

interdisciplinar, já que traz aporte de várias outras áreas, como a Neurociência,

Filosofia, Inteligência Artificial e Antropologia, e pelo fato de entender a

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31

linguagem em conexão com outros sistemas cognitivos, como a memória, a

percepção, o raciocínio e a atenção, entre outros.

Com maior ou menor sensibilidade a esses aportes, a LC constitui,

conforme feliz metáfora de Geeraerts (2006, Introdução) um arquipélago de

propostas para o tratamento da linguagem, que se apóiam em estruturas

capazes de capturar a organização do nosso conhecimento, que inclui também,

como dito anteriormente, os processos abstratos que contribuem para a

formação desse conhecimento. Essas estruturas seriam as nossas bases de

conhecimento, a saber: os esquemas imagéticos (EIs), os frames e modelos

cognitivos idealizados (MCIs), sendo os dois últimos mais integrados.

2.3.1 Esquemas Imagéticos

Um Esquema Imagético é uma representação conceptual relativamente

abstrata que surge diretamente da nossa observação diária do mundo ao

nosso redor. Eles derivam das experiências sensorial e perceptual. Por

conseguinte, emergem a partir da nossa experiência corporificada.

Evans (2007:106-107) nos fornece o seguinte exemplo: a gravidade

assegura que objetos não se sustentam, ou seja, caem no chão. Dada a não

simetria do eixo vertical humano, temos que nos inclinar para pegar um objeto

caído, olhar em uma direção – para baixo – para alcançá-los e, em

contrapartida, na outra direção – para cima – para objetos que estão no alto.

Em outras palavras, nossa fisiologia assegura que nosso eixo vertical está

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32

imbricado com a gravidade e ocasiona o modo como interagimos com o

ambiente em que estamos inseridos.

Conforme Johnson (1987), esse aspecto de nossa experiência alimenta

o esquema imagético “CIMA-BAIXO”. No mais, esquemas de imagens são

emergentes, pois são funções dos nossos corpos e da interação com o mundo

e surgem em conjunto com o nosso desenvolvimento físico e psicológico

durante os primeiros anos da infância.

O termo “imagem” equivale, aqui, ao termo “imagem” da psicologia, em

que experiências imagéticas se relacionam e derivam de nossa experiência

com o mundo externo. Já o termo “esquema” significa que os esquemas de

imagem não são conceitos ricos ou detalhados, mas conceitos abstratos, sem

conteúdo proposicional.

Tomemos como exemplo o esquema imagético do CONTÊINER, que

leva em conta o elemento estrutural interior, o limite espacial e o exterior.

Esses são os requisitos mínimos para o contêiner. Uma parte do significado

dos conceitos lexicais associados a esse esquema é: cheio/vazio, dentro/fora,

superfície, conteúdo, recipiente, que tem a ver com o esquema do contêiner.

Considere o esquema básico do OBJETO FÍSICO. Esse esquema está

baseado na nossa interação diária com os objetos, como cadeira, carteira,

mesa, carro, entre outros. O esquema imagético é uma representação sem

conteúdo emergente da experiência corpórea, que generaliza sobre o

proposicional comum entre objetos, como, por exemplo, a noção de que eles

têm atributos físicos, tais como cor, peso, forma e assim por diante.

Eis alguns exemplos de EI relacionados a domínios básicos:

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Espaço – cima/baixo, frente/trás, esquerda/direita, perto/distante,

centro/periferia, contato, verticalidade.

Contêiner - dentro/fora, superfície, cheio-vazio, conteúdo, recipiente

Locomoção – momento, trajetória.

Força – bloqueio, compulsão, resistência, atração.

Existência – objeto, processo, ciclo.

2.3.2 Frames

Frame é uma esquematização da experiência (um conhecimento

estruturado), representado num nível conceitual e sustentado por memória de

longo prazo, que relaciona elementos e entidades associados com uma cena

estabelecida culturalmente particular - situação ou evento da experiência

humana. Frames incluem diferentes tipos de conhecimento, inclusive atributos

e relações entre atributos.

Na definição de Fillmore (1982: 111), frame é um “sistema de conceitos

relacionados de uma maneira tal que, para entender qualquer um deles, é

preciso entender toda a estrutura em que ele se insere”. Assim, sempre

entendemos um conceito com base em outros a ele relacionado. Frame é uma

noção semelhante à noção de domínio, proposta por Langacker (1987).

O exemplo clássico da literatura é o conceito lexical BACHELOR

(solteirão), apresentado a primeira vez em Fillmore (1975). Tal conceito é

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34

entendido relativamente a casamento (não-casamento), o que inclui

informações esquemáticas relacionadas à idade, aspectos sociais, dimensões

legais e religiosas e responsabilidades associadas ao casamento dos

participantes nele envolvidos e às condições que governam o status deles

antes e depois da cerimônia de casamento, diferentes eventos associados à

trajetória do casamento, incluindo a cerimônia propriamente dita, e assim por

diante. A visão, também clássica, de HOMEM DO SEXO MASCULINO

ADULTO NÃO-CASADO, mesmo dando conta de uma série de casos de

“solteirões”, não consegue explicar, por exemplo, por que a palavra não pode

ser usada, de modo bem-sucedido, para fazer referência ao papa, ou ao

Tarzan ou a um homem adulto viúvo ou homossexual.

O frame de solteirão pressupõe um determinado modelo de mundo,

segundo o qual, as expectativas culturais para seu uso “adequado” estão

relacionadas à ideia de que existe uma idade própria para casar e o casamento

deve ser heterossexual e monogâmico. Nesse modelo de mundo, ou frame,

simplesmente não há espaço para as variações da história de vida do papa ou

do Tarzan, ou do viúvo ou do homossexual, por exemplo, por mais que tais

noções nos sejam absolutamente familiares.

A ideia é que uma palavra se define relativamente a uma base. Estamos

falando da relação profile-base nos termos de Langacker (1987). Para usar um

exemplo do autor, o termo raio se define em relação à base círculo, ou seja, só

podemos entender o que é raio se retomarmos o conceito de círculo. Se raio

pode ser pensado como elemento unidimensional, círculo apresenta um caráter

bidimensional. Os conceitos de raio e círculo estão intimamente relacionados, e

essa relação se representa na nossa estrutura conceptual (CROFT & CRUSE,

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35

2004: 14-15). Mas, por sua vez, círculo precisa ser entendido relativamente a

formas da geometria.

Langacker (1987, 1991) destaca que uma expressão, qualquer que seja

sua complexidade, adquire significado impondo um perfil a uma base. A base

pode ser entendida como a matriz subjacente de domínios cognitivos

relevantes que se evoca para compreender uma expressão determinada. Por

outro lado, o perfil é a subestrutura destacada da base que a expressão

designa conceptualmente.

Perfis e frames podem ter sucessivas cadeias de relações. O conceito

que funciona como frame para outros conceitos é um perfil para outro frame

conceptual. Se uma estrutura conceitual é um perfil ou um frame, é uma

questão de conceptualização.

Um exemplo canônico da relação profile-base é a relação parte-todo,

como se vê em braço em relação ao corpo (CROFT & CRUSE, 2004). Braço

não pode ser definido sem que se faça referência ao corpo, assim como dedo

não pode ser entendido sem que se faça referência à mão. E, mão, por sua

vez, deve ser entendida levando-se em conta sua relação com o braço. Por

essa razão, têm-se, como possíveis, as seguintes frases:

a. O corpo tem dois braços.

b. Uma mão tem cinco dedos.

c. Um braço tem uma mão.

A essa relação, Langacker (1987:119) chamou de escopo da

predicação. Cada um desses elementos possui um escopo da predicação

imediato, que é a parte relevante do sistema do corpo humano para se definir o

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conceito desejado. Assim, estabelece-se uma espécie de “hierarquia” entre os

conceitos associados, que, nesse caso, seria: dedos < mão < braço < corpo.

Devido a essa relação “hierárquica”, em que se define o escopo da predicação,

as frases seguintes não são frases coerentes.

d. ? Um braço tem cinco dedos.

e. ?? Um corpo tem vinte dedos.

Uma classe que apresenta uma relação similar de parte pelo todo é a

classe de grau de parentesco/família. O conceito de filha pressupõe o conceito

de pais e uma relação particular que existe entre eles. O conceito de sobrinha

pressupõe o sistema de grau de parentesco. Contudo, não precisamos

entender todo o sistema de graus de parentesco para compreendermos o

conceito sobrinha. Somente uma pequena parte desse sistema é necessária,

ou seja, somente o escopo da predicação é necessário, e ele está

representado no esquema abaixo, proposto por Croft & Cruse (2004: 23):

∆ = Ο

= Ego

Ο Sobrinha

Figura 1: Sobrinha2

2 O símbolo quadrado é usado para marcar um gênero neutro. Já o triângulo marca o gênero masculino e o círculo, o feminino.

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37

Para o entendimento do conceito de sobrinha dentro do sistema de

parentesco ressaltam-se i) o conceito de eu, ii) o conceito de irmão(ã), e, por

isso, iii) o conceito de pais e iv) filho(a) dos mesmos pais, para que possamos,

então, entender a noção de sobrinha – filha do(a) irmão(ã). As noções, por

exemplo, de avô, avó, neto e neta não precisam ser acessadas.

Em resumo, conclui-se que as palavras estão sob efeito de escopo e,

esse escopo é, na verdade, o frame (FILLMORE, 1982) ou, semelhantemente,

o domínio (LANGACKER, 1987) a que essa palavra se refere.

Um conceito pode pressupor muitos domínios diferentes. Por exemplo, o

ser humano deve ser definido relativamente aos domínios de objetos físicos,

coisas vivas e agentes volitivos (e diversos outros domínios, como, por

exemplo, emoção). A combinação de domínios simultaneamente pressupostos

por um conceito tal, como SER HUMANO, é denominado, um domínio-matriz.

Para exemplificar a noção de domínio-matriz, apresentaremos, a

seguir, o esquema do domínio-matriz da letra “T”, apresentado por Croft e

Cruse (2004: 25-26).

A letra T é definida como uma letra do alfabeto. Seu domínio básico é,

portanto, o alfabeto. O alfabeto em si é um domínio abstrato que pressupõe a

noção de sistema de escrita, e não somente uma instância do sistema de

escrita, já que o último envolve não só a colocação de símbolos como num

alfabeto, mas também o significado de colocá-las juntas, incluindo a direção

das letras numa página, espaços para palavras e por aí em diante.

O domínio de sistema de escrita, por seu turno, pressupõe a atividade

de escrita. A atividade de escrita deve ser definida em termos da comunicação

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38

humana, que depende da noção de significado – talvez um domínio básico, já

que a relação simbólica parece não ser redutível a alguma outra relação – e

sensações visuais, visto que escrita é comunicação via inscrições percebidas

visualmente, em vez de auditivamente ou através de gestos.

Sendo a escrita uma atividade, os domínios de tempo e forma ou

causação (todos domínios básicos) são também envolvidos no domínio-matriz

de escrita, uma vez que a letra “T” é o produto de uma atividade. Como

escrever se trata de uma atividade humana, pressupõe o envolvimento de

seres humanos, coisas vivas com habilidade mental, tais como volição,

intenção, cognição. Coisas vivas, por sua vez, são objetos físicos dotados de

vida. Objetos físicos existem materialmente e são entidades de espaço

(embora objetos materiais sempre possuam alcance espacial, objetos

espaciais, como figuras geométricas, podem existir sem material corpóreo).

A partir disso, podemos perceber que é incorreto descrever o conceito

da letra T simplesmente como pertencente ao domínio de escrita, como uma

teoria de domínio informal teria feito. A vasta maioria dos conceitos pertence a

domínios abstratos, nos quais são eles mesmos perfilados em domínios-

matrizes complexos, oferecidos também de forma abstrata e, por isso, também

podem ser chamados de domínio de estrutura (CROFT 1993 [2002]: 169).

Isso corresponde ao que Langacker nomeou escopo máximo.

Fillmore (1982: 235) vê os frames não como um significado adicional

para organização de conceitos, mas como um repensar fundamental dos

objetivos da semântica linguística. Fillmore (loc. cit) descreve seu modelo de

semântica de frame como um modelo de “semântica de entendimento”, em

contraste à semântica de condições de verdade: Eu tenho em mente que para

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39

entender qualquer sistema de conceitos relacionados dessa maneira, deve-se

entender a estrutura inteira na qual ele está inserido. (FILLMORE, 1982: 111)3.

2.3.3 MCIs

Um MCI (Modelo Cognitivo Idealizado) é uma representação mental

relativamente estável que reflete uma “teoria” sobre algum aspecto do mundo

para os quais palavras e outras unidades linguísticas podem ser relativizadas.

Nesse sentido, MCIs são similares à noção fillmoreana de frame, já que ambos

estão relacionados a uma estrutura de conhecimento. Na verdade, sua

elaboração decorre de uma percepção mais ou menos generalizada nos

estudos cognitivistas: a de que palavras não esgotam seu significado em si

mesmas, mas devem fazer referência a um algum modelo de mundo

estruturado – para Lakoff (1987), esse modelo é um MCI. Para Croft & Cruse

(2004: 31) o MCI é essencialmente um domínio matriz4.

É importante destacar que o conceito de MCI difere do de frame porque

o frame é um enquadre, um recorte dentro de um MCI. Por sua vez, o MCI é

um conjunto grande de frames.

O exemplo recorrente é o conceito lexical MOTHER (LAKOFF, 1987: 74-

6). De acordo com a teoria clásica, deve ser possível dar condições suficientes

e claras necessárias para mãe que vai encaixar-se em todos os casos e

3 I have in mind any system of concepts related in such a way that to understand any one of them you have to understand the whole structure in which it fits. (FILLMORE, 1982: 111). 4 The cluster ICM is essentially a domain matrix.

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aplicar-se igualmente em todos eles. Tal conceito pode ser entendido

relativamente como mulher que gerou e de quem nasceu uma criança. Mas,

como nós veremos, essa definição não cobriria totalmente boa parte desses

casos. Mãe é um conceito que é baseado num modelo complexo, no qual um

número de modelos cognitivos individuais formam um grupo de modelos.

Alguns dos modelos desse grupo são:

1) O modelo provedora: a pessoa que dá a luz é a mãe.

O modelo de mãe provedora é comummente acompanhado por um modelo

genético. No entanto, desde o desenvolvimento do óvulo e implante

embrionário, eles nem sempre coincidem.

2) O modelo mãe de aluguel: a mulher que contribui com o material genético

é a mãe.

3) O modelo mãe de leite: a mulher que amamenta e cria uma criança é a mãe

da criança.

4) O modelo madrasta: a esposa do pai é a mãe.

5) O modelo ancestral: o antepassado feminino mais próximo é a mãe.

O conceito mãe normalmente envolve um modelo complexo no qual

todos esses modelos individuais combinam para formar um grupo de modelos:

esse grupo de modelos é o MCI. Sempre houve divergências nesse grupo.

Madrasta é um exemplo disso. Em função da complexidade da vida moderna,

os modelos têm divergido cada vez mais. Ainda assim, várias pessoas sentem

a pressão de escolher um único modelo como sendo o mais adequado, aquele

que “realmente” define o que é mãe. No entanto, talvez alguém tente

argumentar que somente um desses represente o verdadeiro conceito de mãe.

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O linguista evidencia que não é bem assim. Como as sentenças seguintes

(LAKOFF, 1987:75) indicam, existe mais de um critério para a “real”

maternidade:

“Eu fui adotado e eu não sei quem é minha verdadeira mãe.”

“Minha verdadeira mãe morreu enquanto eu era ainda um embrião. Eu fui

congelado e implantado no útero de uma mulher que me deu a luz.”

“Eu tive uma mãe genética que contribui com o óvulo que foi implantado no

útero da minha verdadeira mãe, que me deu a luz e me criou.”

“Os esparmatozóides do meu pai foram fertilizados ao mesmo tempo nos

óvulos de 20 mulheres diferentes. Eu não procuraria nenhuma das minhas

verdadeiras mães. Minha mãe de fato é a mulher que me criou e sustentou.”

Em resumo, mais do que um desses modelos contribui para a

caracterização de mãe verdadeira e qualquer um deles pode estar ausente de

tal caracterização. Ainda assim, a idéia de que existe a verdadeira mãe parece

requerer uma escolha entre os modelos. Seria “bizarro”, nas palavras de Lakoff

(1987: 75), para alguém dizer: “Eu tenho quatro verdadeiras mães: a mulher

que contribuiu com os meus genes, a que me deu a luz, a que me criou e a

atual mulher do meu pai.”

Os modelos para mãe não identificam um único indivíduo. Utilizamos

expressões como madrasta, mãe adotiva, mãe biológica, mãe de aluguel, mãe

de criação, mãe doadora etc. Tais compostos, é claro, não representam

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42

subcategorias, isto é, tipos de mães comuns. Em vez disso, descrevem casos

em que existe uma falta de convergência dos diversos modelos.

Em suma, o conceito mãe não é claramente definido. Isso acontece

porque, nessa perspectiva, a interpretação de um conceito qualquer demanda

a ativação do nosso conhecimento enciclopédico, ou seja, a partir da noção de

MCI (ou da noção fillmoreana de frame), pode-se relacionar esse conceito à

vaga noção de conhecimento de mundo, e torná-la um objeto legítimo de

estudo, devidamente incorporado à teoria – “e não uma espécie de massa

amorfa à qual se atribui tudo o que não seria especificamente linguístico”

(ALVARO, 2008:50).

2.4 Os processos conceptuais

O processo de construção de sentido envolve não apenas o

acionamento de bases de conhecimentos, mas também outros mecanismos

mentais. As estruturas de conhecimento podem ser mentalmente manipuladas

por meio de mecanismos cognitivos específicos, a que chamamos aqui de

processos de conceptualização. Não seria viável a apresentação de todos os

mecanismos já citados na literatura neste trabalho. Portanto, selecionamos um

recorte dos três processos que são fundamentais para esta dissertação:

metáfora, metoníma e ajustes focais (“focal adjustments”).

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43

2.4.1 Metáfora

Tradicionalmente, a metáfora é vista como um recurso linguístico ou,

para usar seus próprios termos, uma figura de linguagem, um recurso

meramente estético e, por isso mesmo, dispensável. Já a hipótese cognitivista

sustenta que a metáfora é, antes de qualquer coisa, propriedade do

pensamento. Metáforas são formas de pensar e agir e não apenas de dizer.

Mais especificamente, trata-se de um processo cognitivo por meio do qual

compreendemos, experienciamos e conceptualizamos um domínio a partir de

outro. Um desses domínios, o domínio-fonte, serve de “ponto de partida” para

a metáfora, proporcionando um tipo de esquema conceptual básico a partir do

qual o outro domínio - domínio-alvo - poderá ser compreendido.

É condição sine qua non para a metáfora que o domínio-fonte seja, de

alguma maneira, mais básico ou familiar que o domínio-alvo, e essa

familiaridade do domínio-fonte está diretamente relacionada com a experiência

corpórea. Corpo e mente não são mais percebidos como independentes, pois

compreendemos o mundo através de metáforas construídas com base em

nossa experiência corporal, e, de acordo com Lakoff e Johnson (2002: 22)

nossa corporeidade e nossa mente interagem para dar sentido ao mundo.

Uma parte substancial das metáforas comumente utilizadas é concebida

tendo como base partes do corpo. Com frequência lidamos com expressões

tais como: “as pernas da cadeira”, “os dentes do pente”, “o braço do sofá”, “os

pés da cama”, “as orelhas nos livros”, “o olho d’água” e “a “cabeça do martelo”.

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Depois do trabalho pioneiro de Michael Reddy (1979), George Lakoff e

Mark Johnson vêm desenvolvendo um vasto programa de pesquisa a respeito

das metáforas, a partir de Metaphors we live by (Lakoff & Johnson, 1980),

seguido de muitos outros, o que levou à consolidação da Teoria da Metáfora

Conceptual (doravante TMC).

Um exemplo de Lakoff e Johnson (2002), bastante recorrente para os

estudiosos na área, dentre tantos analisados pelos autores, é a expressão

TEMPO É DINHEIRO, que se manifesta em nossa cultura e pode ser

explicitada na linguagem cotidiana através das sentenças que seguem:

1) Você está desperdiçando/perdendo seu tempo.

2) Preciso ganhar tempo.

3) Você administra bem o seu tempo.

4) Reserve um tempo para o lazer.

5) Você tem tempo disponível?

6) Perdi muito tempo com você.

TEMPO É DINHEIRO é uma metáfora conceptual que possibilita

diversas metáforas linguísticas como as apresentadas acima. Com base

nesses exemplos, constatamos como o tempo em nossa cultura é tido como

um bem valioso, um recurso limitado de que nos servimos para alcançar o que

objetivamos. Verificamos que recorremos ao conceito de dinheiro (noção

concreta), sobre a qual temos domínio, para, a partir dela, compreendermos o

tempo, que, por sua vez, é uma noção mais abstrata, não palpável, isto é, o

“domínio mais básico” é entendido do ponto de vista experiencial: o domínio-

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45

fonte envolve conceitos que podem ser apreendidos por meio da interação

sensório-motora do nosso corpo com a realidade em que estamos inseridos.

Trata-se de uma apreensão direta da realidade. Esses conceitos servirão para

formar um conjunto mínimo de noções concretas que poderão ser

metaforicamente estendidas na direção de noções mais abstratas.

Lakoff e Johnson (2002 [1999]: 51) mostram como, na cultura ocidental,

TEMPO É DINHEIRO de muitas formas:

... unidades de chamadas telefônicas, pagamento por hora, taxas diárias de hotel, orçamentos anuais, juros sobre empréstimos e pagamento de dívida para a sociedades através de “tempo de serviço”. Essas práticas são relativamente novas na história da humanidade e não existem em todas as culturas. Elas surgiram nas sociedades modernas industrializadas e estruturam profundamente nossas atividades cotidianas básicas, Pelo fato de que agimos como se o tempo fosse um bem valioso – um recurso limitado, como o dinheiro – nós o concebemos dessa forma. Logo, compreendemos e experienciamos o tempo como algo que pode ser gasto, desperdiçado, orçado, bem ou mal investido, poupado ou liquidado.

Assim, fica claro que a LC atribui à metáfora uma função cognitiva que

se baseia numa relação de similaridade. Ao seu lado, um outro processo

cognitivo é a metonímia, sobre a qual nos debruçaremos a seguir.

Page 46: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

46

2.4.2 Metonímia

Grande parte do que dissemos sobre a metáfora pode ser estendido

para a metonímia: tratada, igualmente, como uma “figura de linguagem”, um

recurso poético ou retórico na perspectiva tradicional, também é entendida sob

a ótica cognitivista como uma maneira de pensar e agir que se reflete em

nossa linguagem, pois, segundo essa abordagem, conceitos metonímicos não

são somente uma questão de linguagem, mas “conceitos metonímicos fazem

parte da maneira como agimos, pensamos e falamos no dia-a-dia” (LAKOFF e

JOHNSON, 2002: 93).

Assim como a metáfora, a metonímia nos permite fazer referência a uma

dada entidade a partir de outra. Porém, metáfora e metonímia são processos

cognitivos diferentes. A metáfora é um modo de conceber um domínio-alvo em

termos de um domínio-fonte de natureza distinta e por isso envolve

similaridade. No processo metafórico, estabelece de uma relação de

compreensão extradominial.

Já a metonímia é um modo de representar um domínio-alvo em termos

de um domínio-fonte dentro de um mesmo modelo cognitivo. A relação é,

portanto, intradominial.

Alguns exemplos devem esclarecer essa definição.

7) Ele gosta de ler Clarice Lispector.

8) Eu odeio Paulo Coelho.

9) Ele comprou um Renault.

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47

10) Ele tem um Cézanne em sua sala.

11) Eu fiz a Lilian como ouvinte.

12) O SKILL me contratou.

Os exemplos (7) e (8) ilustram a metonímia PRODUTOR PELO

PRODUTO. Quando dizemos “Clarice Lispector”, fazemos referência ao que

Clarice Lispector escreveu, bem como em “Paulo Coelho”.

No exemplo (9), a entidade vinculada por “Renault” é “um carro da

marca Renault”. Em (10), Quando usamos “Cézanne”, a referência é “uma

pintura de Paul Cézanne”. Em (11), “Lilian” é, na verdade, “a disciplina

ministrada pela Lílian” e “SKILL”, em (12), vincula “o diretor do SKILL”.

É interessante notar que, em (10), por exemplo, não estamos nos

referindo simplesmente ao quadro, mas sugerindo a importância do pintor que

fez tal obra. Assim, percebemos que a metonímia não é simplesmente uma

maneira de representar a entidade, mas sim uma maneira de como essa

representação seleciona um aspecto a que fazemos referência que deve ser

enfatizado.

Além disso, cabe destacar que se trata de uma representação dentro do

mesmo modelo cognitivo e, por isso, entendida em LC como uma relação de

contiguidade.

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48

2.4.3 Ajuste Focal

O termo “ajuste focal” foi proposto no âmbito da Cognitive Grammar, de

Ronald W. Langacker e designa um conjunto de mecanismos responsável pela

nossa capacidade de compreender uma mesma situação de diferentes

maneiras.

Obviamente, não é uma habilidade especificamente da língua: podemos

conscientemente controlar nossos mecanismos de atenção a fim de focalizar,

numa cena comercial, o vendedor que, com sua proposta, tenta convencer o

cliente; o objeto que está sendo negociado; ou, ainda, o cliente que está em

dúvida quanto à aquisição do produto. Dependendo da forma como a cena

global é construída, o foco irá variar de modo significativo. Em cada um dos

casos acima, apenas uma das três entidades será focalizada – e as outras

ficarão “em segundo plano”.

Nesta dissertação, o que interessa é a proposta da LC de que a

habilidade de construir cenários alternativos para uma mesma situação objetiva

– possibilitada pelo conjunto de mecanismos de ajuste focal – também marca

presença quando se trata de fenômenos linguísticos5 (ALMEIDA et alii, 2009:

28). Muitas formações linguísticas possuem essa função: oferecer diferentes

possibilidades para o enquadramento de um mesmo cenário. Isso pode ser

exemplificado pela diferença entre uma sentença ativa e sua contraparte

passiva.

5 O que só vem reforçar o pressuposto da motivação conceptual da gramática, mencionado acima.

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49

Exatamente como acontece com a nossa expectativa com relação à

cena comercial apresentada, a alternância entre as duas construções permite

até inverter a relevância relativa de cada uma das três entidades participantes,

como se verifica em: a) O cliente adquiriu a mercadoria, b) O vendedor fez um

bom negócio, e c) A mercadoria será de grande utilidade.

Enquanto o MCI é essencialmente um domínio-matriz, o ajuste focal é o

fenômeno que vai relevar um aspecto desse domínio-matriz, selecionando o

frame adequado para o entendimento, como mostra Sweetser (1999).

Sweetser (loc. cit) se apropria da noção de ajuste focal para tratar da

modificação adjetival, mostrando que o significado das formações nome-

adjetivo se dá composicionalmente, ou seja, a partir da possibilidade de

combinação entre o nome e o seu modificador. Contudo, a composicionalidade

não é a soma objetiva de traços de significados presentes nos elementos das

lexias e a contribuição semântica dos itens da formação também não é sempre

a mesma.

Para a LC, casos simples de modificação adjetival recrutam um largo

conjunto de mecanismos cognitivos, que somam os processos cognitivos às

bases estáveis, especialmente a noção de frame. O modificador elabora uma

zona ativa de área perfilada pelo nome, isto é, o modificador focaliza partes ou

aspectos da entidade (nome) em si, mas partes ou aspectos dos frames

associados ao contexto complexo da entidade.

Sweetser (1999) enumera uma série de exemplos que esclarecem esse

fenômeno. Um deles está no adjetivo “seguro(a)” dos sintagmas “praia segura”

e “bebê seguro”. O mesmo adjetivo, nos diferentes sintagmas, ativa frames

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50

diferentes, pois “praia segura” indica que a praia não vai fazer mal a ninguém,

enquanto “bebê seguro” indica um bebê livre de qualquer dano, e não um bebê

que não fará nenhum mal.

Da mesma maneira, em “goiaba vermelha” e “maçã vermelha”

percebemos que o adjetivo “vermelha”, embora indique a cor em ambas as

frutas, ativa a parte interna do frame ao se referir à “goiaba”, ao passo que

ativa a parte externa do frame ou casca quando associado à “maçã”.

A autora destaca que até em casos de interpretação default, como “bola

vermelha”, em que todos os falantes tendem a interpretar a bola como sendo

vermelha externamente, poderemos estar fazendo referência a uma bola

colorida em que o vermelho predomine ou, ainda, a uma bola jogada por um

time cujo uniforme é vermelho.

Quando, por exemplo, dizemos “Coloquei o lápis na mesa”, estamos

dizendo que o lápis está inteiro sobre a mesa. Todavia, quando afirmamos

“Coloquei o lápis no apontador”, o lápis não é acessado por inteiro, pois, no

apontador, o que se coloca é apenas a ponta do lápis. É o adjunto que permite

tais interpretações.

Assim, verifica-se que cada nome envolve um espaço estruturado por

um frame apropriado e o significado do todo é uma mistura bem-sucedida de

dois espaços envolvidos – o nome e o modificador – daí o significado ser

tratado como composicional, embora não no sentido tradicional, como soma

das partes.

Neste ponto, concluímos nossa apresentação das linhas gerais do

aporte teórico adotado. Estamos, portanto, em condições de passar, no

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51

próximo capítulo, para uma revisão no que diz respeito à polissemia,

focalizando as diferenças existentes entre a LC e outras abordagens.

Conforme explicitado no capítulo 1, o próximo capítulo é devido à

centralidade que esse fenômeno detém neste trabalho.

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52

3. POLISSEMIA: ANTIGAS VISÕES E NOVAS

PERSPECTIVAS

Este capítulo se divide em seis partes. Inicialmente, definimos o conceito

de polissemia e tratamos da sua centralidade na LC. Em seguida,

estabelecemos uma distinção entre tal abordagem e estudos consagrados na

tradição acerca do significado, incluindo publicações recentes brasileiras que

mal abordam o tema.

Na terceira seção, verificamos, de forma breve, como a polissemia está

sendo tratada em abordagens atuais. Na parte seguinte, analisamos como a

polissemia é tratada no âmbito dos dicionários. Por fim, nas duas seções

subsequentes, abordamos como o assunto é estudado em pesquisas em

morfologia e sintaxe.

3.1 Polissemia

A polissemia, entendida como um processo de extensão de sentidos em

que uma forma linguística relaciona-se a dois ou mais significados, é um

fenômeno inerente às línguas naturais. Certamente, uma língua sem

polissemia seria um sistema muito menos acessível, pesado, com alto custo de

aquisição, pois não seria possível relacionar formas já existentes a renovadas

necessidades comunicativas. Por isso, Soares da Silva (2006: 1) ressalta que a

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53

polissemia é uma realidade natural, conceptual e linguisticamente necessária

Taylor (2002: 471), de modo análogo, destaca que uma língua sem polissemia

seria útil apenas num mundo sem variação ou inovação, em que os falantes

não tivessem de responder a novas experiências nem encontrar símbolos para

novas conceptualizações.

A polissemia é uma questão fundamental para a Linguística Cognitiva

(LC), mas já foi tratada como obstáculo nas teorias linguísticas formalistas,

como o estruturalismo e o gerativismo. No caso do primeiro, a semântica era

pensada nos termos de fonologia (p.ex., como um conjunto de traços) e o

léxico era tratado como um sistema de relações. Já para o gerativismo, o léxico

é uma lista de entradas que se distinguem entre si por qualquer mudança de

traço e projetam a sintaxe. A semântica formal, baseada em Frege, expressa

bem o compromisso com a categorização aristotélica em relação ao léxico,

segundo a qual um item pertence ou não pertence a uma determinada classe,

formando ou agindo como camisa de força a que foram submetidos os estudos

sobre o significado. Além disso, preconiza o compromisso com condições de

verdade em relação à referencialidade, em que não há espaço para a

figuratividade, fazendo com que essa teoria resultasse numa descrição, aliás,

como as duas anteriores também, em que se minimiza a polissemia e se

maximiza a homonímia.

Como, para a LC, a capacidade cognitiva da linguagem não pode ser

jamais dissociada das outras capacidades cognitivas e a experiência corpórea

contribui com a categorização das línguas naturais pelos falantes numa escala

do centro (perceptual e aberto a hesitações que vão além do sim ou não

aristotélico) às margens (projeções figurativas que permitem entender o

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abstrato), o significado deve ser tratado pelo linguista em cadeia, onde o mais

literal coincide com o mais experiencial e o menos literal, com o mais projetivo.

O esquema imagético de “cabeça” ilustra o que está sendo dito. O item

não só indica a parte mais alta do corpo, mas também designa funções

intelectuais, socioculturalmente valoradas como positivas, diferentes projeções

figurativas que podem perfilar a dimensão espacial ou a dimensão funcional,

assim como pode mesclá-las na conceptualização da realidade experienciada a

partir desse EI. A cadeia de sentidos que o item lexical “cabeça” apresenta em

português traz, então, tais projeções figurativas. Cabe ao linguista identificá-las,

tendo em vista o papel da metáfora e da metonímia, que podem atuar

isoladamente ou em conjunto. Além disso, verificam-se as interferências

culturais, históricas e sociais, dentre outras.

Entendida a questão, é revelada ao linguista a adequação de uma

descrição que minimize a homonímia e maximize a polissemia, caracterizada

como formação da cadeia de significados. Por essa razão, é que Soares da

Silva (2006: 3-4) declara:

Só com o advento da Lingüística Cognitiva nos inícios dos anos 80 e sua institucionalização na década seguinte, é que a importância da polissemia é restabelecida, e o que fora um obstáculo à teoria lingüística torna-se uma oportunidade para (re)ligar a linguagem à cognição e à cultura, para colocar a categorização lingüística no centro das atenções (e oferecer uma alternativa à abordagem “clássica”, isto é, em termos de “condições necessárias suficientes”), para centralizar o significado e a semântica nos estudos lingüísticos e na arquitetura da gramática, para recontextualizar o significado e a linguagem. ... As categorias conceptuais e lingüísticas (tanto lexicais quanto gramaticais) são entendidas e estudadas como típica e naturalmente polissêmicas (Langacker, 1987:50), redes (“networks”) de sentidos associados por parecença

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de família” (Wittgestein, 1953), radialmente organizados à volta de um centro prototípico e inter-relacionados por meio de princípios cognitivos gerais, tais como a metáfora, a metonímia, a generalização, a especialização e transformações de esquemas imagéticos.

Se os significados são frutos de processos cognitivos, as palavras não

carregam significados, mas os ativam a partir de um frame decorrente das

diferentes experiências, e esses significados ativados remetem à cadeia que o

linguista terá descrito, pressupondo que as palavras são polissêmicas, e não

homônimas. A participação do conhecimento de mundo na formação de uma

cadeia de significados leva a LC a propor que, em vez de dicotomia entre

conhecimento linguístico e conhecimento enciclopédico, se entenda aquele

como parte deste e, portanto, este como preponderante.

3.2 A polissemia em outras abordagens

Para tratar da forma como a polissemia vem sendo abordada nos

estudos pré-cognitivistas, selecionamos alguns estudiosos do significado

consagrados na tradição de estudos descritivos de base linguística, e que, de

uma forma ou de outra, tratam do assunto. Além do mais, apresentaremos

rapidamente como publicações prestigiadas brasileiras abordam a questão.

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56

3.2.1 Bréal

O termo polissemia foi criado por Michel Bréal, filósofo francês, nos

finais do século XIX em seu famoso Essai de Semantique de 1897. Assim,

inauguram-se as investigações sobre polissemia, que é estudada no âmbito da

mudança linguística gerada a partir do uso, da aquisição de língua e da sua

evolução, do pensamento e da sociedade.

Para Bréal, a polissemia atende às necessidades cognitivas e sociais

dos falantes e deve, portanto, ser estudada enquanto uso e segundo a

psicologia dos falantes no que diz respeito à cultura e à cognição.

Podemos afirmar que mais do que o reconhecimento e a criação do

termo, Bréal também lançou as bases para o estudo da polissemia,

reconhecendo que esta é resultado das inovações semânticas e que os

significados dados a partir das inovações coexistirão com os já consagrados. O

sentido novo, independentemente de qual seja ele, não põe em xeque o(s)

antigo(s):

... À medida que uma significação nova é dada à palavra, esta parece multiplicar-se e produzir exemplares novos, similares na forma, mas diferentes quanto ao valor. A este fenômeno de multiplicação damos o nome de polissemia. Todas as línguas das nações civilizadas participam neste processo: quanto mais um termo acumula significados, mais devemos supor que representa diversos aspectos da atividade intelectual e social. (BRÉAL, 1924 [1897]: 143-4).

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O filósofo Bréal reconhece, então, que a polissemia é o resultado da

inovação semântica, e que um novo significado e o mais antigo existem

paralelamente. Porém, destaca que, no uso linguístico, a polissemia não existe,

pois, discursivamente, a palavra apresenta, na maioria das vezes, um

significado.

3.2.2 Lyons

Lyons, no capítulo sobre princípios gerais de Semântica de seu livro

Introdução à Linguística Teórica, discute a polissemia, elucidando que não é

difícil perceber que alguns significados estão relacionados entre si enquanto

outros não estão.

De acordo com a análise dos lexicógrafos, Lyons, levando em conta a

distinção entre polissemia e homonímia, afirma que a diferença entre os dois

fenômenos é indeterminada e arbitrária. Depende, em última análise, do juízo

do lexicógrafo sobre a plausibilidade da ‘extensão’ do significado, ou de alguma

prova histórica de ter ocorrido particular extensão. (LYONS, 1979: 431). Essa

afirmação é feita baseada em análise de diferentes dicionários de língua

inglesa que apresentam discrepâncias de classificações de um mesmo item

lexical.

Concluindo, o autor considera que toda e qualquer constatação histórica

que se faça sobre a evolução do significado das palavras não é saliente, de

início, sincronicamente, como se o falante não reconhecesse essas ligações

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58

que se pode estabelecer entre o étimo e os diversos significados que uma

palavra pode abarcar.

3.2.3 Ullmann

O autor em questão apresenta, em seu livro Uma introdução à ciência do

significado, uma extensa análise sobre o fenômeno. Resumidamente,

verificamos que Ullmann definiu a polissemia como “um traço fundamental da

fala humana, que pode surgir de maneiras múltiplas” (ULLMANN, 1964: 318).

Essas maneiras seriam, na verdade, quatro: 1) mudanças de aplicação, 2)

especialização num meio social, 3) linguagem figurada, 4) influência

estrangeira.

Muito relevante na descrição de Ullmann é a reflexão de que a

polissemia é “uma condição essencial” da eficiência da língua, pois se não

pudéssemos atribuir diversos sentidos a uma só palavra, certamente

sobrecarregaríamos demais nossa memória. Por isso, o autor destaca:

A polissemia é um fator inapreciável da economia e flexibilidade da língua; o que é admirável não é que o maquinismo emperre de vez em quando, mas que emperre tão raramente. Como funciona na prática esse maquinismo? A principal garantia de seu funcionamento normal é a influência do contexto. Não interessa o número de significados que uma palavra possa ter no dicionário, não haverá confusão se apenas um deles fizer sentido numa dada situação. (ULLMANN, 1964: 334).

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Diferentemente da descrição feita por Lyons, Ullmann revela a

importância da polissemia e não a define tendo como base a análise dos

lexicógrafos. Muito pelo contrário, despreza a classificação feita pelos

dicionários e considera que as relações entre os diversos significados de uma

mesma palavra podem ser reconhecidas pelos falantes a partir do contexto.

3.2.4 Fiorin

Este autor trata a polissemia também apenas dentro das relações entre

palavras, no âmbito da semântica lexical, e a define como sendo um único

significante que corresponde a vários significados, opondo-a à monossemia,

em que temos apenas um significado.

Assim, Fiorin (2008 [2003]) destaca que a polissemia difere da

homonínia (coincidência entre significantes de palavras com significados

distintos) e da paronomásia (significantes que tenham imagens acústicas

semelhantes podem ter seus significados aproximados, seja por um equívoco

ou por algum engenho poético), pois estes são fenômenos da ordem do

significante e não do significado.

Segundo o autor, a polissemia está na base de inúmeros jogos de

palavras (2008 [2003]: 131), e exemplifica com a seguinte anedota:

“- Qual a diferença entre o estudante e o rio?

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– O estudante deve deixar seu leito para seguir seu curso, enquanto o rio

segue seu curso sem deixar seu leito.”.

Nessa pequena anedota, o jogo de palavras se dá não apenas pela

inversão da ordem sintática que os elementos “curso” e “leito” experimentam,

mas também - e principalmente - pela polissemia dos itens “leito” e “curso”, que

indicam, respectivamente, “cama” / “solo” e “programa de estudos” / “percurso,

caminho”.

A polissemia também pode ser explorada para usarmos a mesma

palavra com suas possibilidades de sentido distinto, como na célebre frase de

Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, em que

verificamos a palavra razão com duas acepções: motivos, motivações,

estímulos e capacidade de julgamento, de raciocínio, respectivamente.

Por fim, o autor enfatiza que a polissemia depende do fato de os signos

serem usados em diferentes contextos, como acontece nas frases abaixo,

selecionadas entre os exemplos do autor:

a) A babá tomou a mão da criança. (segurou)

b) Os EUA tomaram Granda. (invadiu)

c) Agora ele só toma água. (bebe)

Desse modo, verifica-se que a linguagem humana é, de fato,

polissêmica, pois, nas palavras do autor, os signos, tendo um caráter arbitrário

e ganhando seu valor nas relações com os outros signos, sofrem alterações de

significado em cada contexto (FIORIN, 2008 [2003]: 132), ou seja, segundo o

autor, a língua reflete a perspectiva estruturalista de ser o próprio sistema

linguístico.

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3.3 A polissemia nas abordagens atuais

Observa-se na história recente do pensamento linguístico que a

polissemia tem sido abordada com ênfase na dificuldade de distinção em

relação à homonímia, sobretudo pelo fato de a distinção levar à quebra do

princípio da sincronia, estabelecido como cânone desde Saussure (1916).

Soares da Silva (2006: 49) reflete o ponto de vista que adotamos nesta

dissertação:

(...) a polissemia é um fenómeno de motivação, que introduz uma certa redundância no léxico mental, ao passo que a homonímia é um fenómeno acidental. O que daqui se pode concluir é que polissemia e homonímia não constituem uma dicotomia estrita, mas antes fazem parte de um continuum de relação de sentidos. E metodologicamente (...) uma análise polissémica será preferível a uma análise homonímica sempre que se encontrarem factores de coerência semântica num complexo de sentidos associados a uma mesma forma.

Essa perspectiva abre espaço para a descrição da cadeia de

significados do item “cabeça” a partir da identificação dos “factores de

coerência semântica” que passaremos a expor quando da análise dos dados e

não a partir de propriedades necessárias e contingentes, que, segundo a

categorização aristotélica, determinam se uma entidade ou uma palavra

pertence a uma classe ou a outra. Se, na categorização aristotélica, qualquer

mudança de propriedade implica mudança de categoria, é natural que haja um

item lexical homônimo para cada comportamento semântico.

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62

Já na categorização com base em protótipos, identificam-se as

propriedades mais representativas da categoria e estabelece-se uma escala

entre elas e as menos representativas, o que permite a descrição da

distribuição das propriedades na categoria, dos elementos que se filiam à

categoria e, para os fins desta dissertação, dos significados prototípicos e

periféricos do item “cabeça”. Portanto, a categorização com base em protótipos

explica por que concebemos o item “cabeça” como polissêmico.

A questão da categorização que envolve a polissemia é pensada por Ilari

(2003) de modo convergente à LC por considerar a língua como atividade

constitutiva das categorias de pensamento de seus falantes.

A língua é uma atividade constitutiva na medida em que questiona ou

modifica um sistema de referências através do qual se olha para a realidade

(ILARI, 2003: 71). Nesse sentido, o relativismo linguístico, sobre o qual falamos

na seção 2.1.1, assume um papel importante no que se refere à construção da

linguagem. O desafio da LC é exatamente o de sustentar a coerência entre o

relativismo e o conceito de língua adotado.

3.4 A polissemia nos dicionários

Consideramos importante destacar como a polissemia é apresentada

nos dicionários, já que deles é retirada a maior parte dos dados levantados

para este trabalho. Isso se deve, pois, ao fato de que os dicionários são

instrumentos clássicos para registro e conhecimento do léxico de uma língua,

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mesmo que, como dito na introdução, não inclua todo o léxico potencial/mental

do falante, mas somente o convencionalizado, incluindo regionalismos. Por

isso, nos valemos também de dados de introspecção e de dados colhidos via

busca eletrônica, tentando dar conta, na medida do possível, do nosso léxico

potencial, apesar de sabermos que é impossível acessá-lo em sua totalidade.

Destaca-se que, ao recorrermos aos dicionários, não pretendemos fazer

um levantamento exaustivo da polissemia da língua, mas verificar como os

lexicólogos a resolveram.

No âmbito dos dicionários, é a polissemia ou a homonímia (associação

de sentidos completamente distintos, não-relacionados a uma mesma forma

linguística) que irá determinar o número de entradas da palavra. Por isso que

“manga” e “banco”, sendo considerados homônimos, estão dispostos da

seguinte maneira no minidicionário Aurélio da língua portuguesa (2000):

Banco1 1. Assento com encosto ou sem ele, ger. estreito e longo. 2. Escabelo.

3. Mocho1 (2) 4. Mesa sobre a qual trabalham artífices. 5. Elevação do fundo do

mar; chega quase à superfície e pode constituir-se de areia, coral, lama, etc.

Banco de areia. Elevação formada de areia, em fundo de mar ou de rio.

Banco2 1. Estabelecimento que recebe depósitos de dinheiro, faz empréstimos

e pratica outras transações financeiras. 2. Med. Instalação tecnicamente

adequada para o armazenamento e fornecimento de órgãos (pele, córnea,

sangue) e leite humanos. Banco central. Econ. Instituição que regula a

quantidade de dinheiro em circulação num país e o funcionamento de seu

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64

sistema bancário. Banco comercial. Econ. O tipo mais comum de banco2 (1),

que opera principalmente com depósitos à vista e empréstimos de curto prazo

(desconto de duplicatas, crédito ao consumidor, etc.). Banco de dados. Inform.

1. Conjunto de dados, organizado por categorias, de modo a facilitar a

pesquisa, comparação e atualização das informações; base de dados. 2.

Programa para uso e controle de um banco de dados (1). Banco de imagem.

Edit. Acervo organizado de fotografias e ilustrações disponíveis para utilização

mediante pagamentos de direitos de reprodução.

Manga1 sf. 1. Parte do vestuário onde se enfia o braço. 2. Qualquer peça em

forma de tubo que reveste ou protege outra peça.

Manga2 sf. O fruto da mangueira.

Essas palavras têm entradas diferentes nos dicionários de língua

portuguesa porque têm origens etimológicas diferentes e seus significados não

estão relacionados. “Manga” é o exemplo dado por diversos autores para

exemplificar a homonímia nos compêndios gramaticais e em estudos

linguísticos, como em Fiorin (2007: 129):

Entre manga fruta e manga da camisa há apenas uma coincidência entre imagens acústicas iguais. ... A manga da camisa tem sua origem no latim manica, que quer dizer “parte da vestimenta que recobre os braços”, já a manga fruta tem sua origem no tâmul mankay, que quer dizer “fruto da mangueira”. Ambas tem origens distintas, com significados e significantes diferentes. No entanto, a

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65

partir de uma sonorização que transforma o fonema /k/ em /g/, em português elas passam a ter significantes idênticos.

“Banco” também é um exemplo bastante recorrente, como podemos ver

na descrição de Ilari (1985), um dos semanticistas mais consagrados em língua

portuguesa, em seu livro Semântica, no capítulo intitulado é “A significação das

palavras”. Observemos a frase:

“O cadáver foi encontrado perto do banco.”

Tal frase admite mais de uma interpretação, sendo, portanto, ambígua.

As alternativas seriam de que o cadáver foi encontrado 1) nas proximidades de

uma casa bancária ou 2) nas proximidades de um assento de jardim. Ilari

esclarece que banco “corresponde a dois sentidos completamente

independentes. Banco – estabelecimento bancário – e banco – assento para

mais de uma pessoa, com ou sem encosto, típico de jardins – são duas

palavras homônimas”. (ILARI, 2004: 57). Isso não acontece com os vários

sentidos da palavra “bolsa”. Vejamos:

Bolsa (ô) sf. 1. Sacola com alça, ou saco, ou carteira, para guardar dinheiro

e/ou documentos, lenço, objetos de toalete, etc. 2. Qualquer outro saco

pequeno. 3. Pensão gratuita a estudantes ou pesquisadores para estudos ou

viagem cultural. 4. Instituição onde se transacionam ações, títulos públicos e

outros valores, ou mercadorias. 5. Anat. e Méd. Cavidade em forma de saco.

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66

‘Bolsa’ é uma única palavra, pois 1) há uma única origem etimológica e,

principalmente, 2) todas os seus sentidos estão relacionados, tendo sido

formados a partir das necessidades comunicativas, do uso, e foram se

estendendo, de maneira que essa relação de sentido pode ser percebida por

qualquer falante. Contudo, essa ligação entre as acepções do item não é

visível em dicionários, pois estes procuram dar conta da polissemia por meio

de conceitos que não se apresentam relacionados. Temos de ir de verbete em

verbete e imaginar como se deu a extensão de um sentido a outro para que a

relação semântica seja entendida.

Tomemos como exemplo o caso de bolsa, citado acima. Ferreira (2009)

discutiu as acepções de bolsa presentes nas diversas formações compostas

recentes, recorrentes na imprensa atual, e descreveu como essa palavra

apresenta inúmeros sentidos distintos em diferentes compostos da Língua

Portuguesa, sem causar dúvidas nos falantes de que se trata de um único item

lexical.

Ferreira (2009) analisa os usos de bolsa desde a sua origem: “a palavra

bolsa originou-se do latim “bursa”, 'bolsa, receptáculo, mercado de bens e

moedas', e do grego “Búrsa”, 'pele curtida, couro, odre para vinho'6. Constata, a

autora, que “o sentido de bolsa tal como conhecemos hoje e tal como se fixou

na língua é decorrente de uma extensão metonímica, pois a partir do material

de que era feito – “couro”, primeira acepção de bolsa – formou-se a acepção

“utensílio que carrega algo de valor” (FERREIRA, 2009: 5).

Com o uso, a palavra passou a indicar a ajuda de custo ou auxílio para

um determinado fim social e de cunho institucional, sendo um rendimento

6 Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0.

Page 67: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

67

periódico, recorrente, frequentemente mensal. Isso justifica o aparecimento na

língua, num determinado momento social e histórico do nosso país, das

formações como “bolsa-família” e “bolsa-escola”.

Seguindo esse momento sócio-histórico-econômico, em que se vive uma

política de compensação em que o governo oferece algum auxílio aos cidadãos

na tentativa de suprir a falta de algum direito ou benefício, ... que são, muitas

vezes, máscaras para o fracasso ou a corrupção presentes no meio político

(FERREIRA, 2009: 6), surgem na imprensa, com base nessa acepção de

bolsa que foi tomada pela autora como prototípica, diversas palavras como:

bolsa-blindagem, bolsa-floresta, bolsa-boiola, bolsa-aluguel, bolsa-gargalhada,

entre outras.

O quadro a seguir, reproduzido de Ferreira (2009: 12-13), sintetiza sua

análise e descreve com clareza o significado de cada um desses compostos,

além de identificar, em cada formação, as propriedades de “bolsa” que foram

mantidas e as descartadas, justificando-se, então, a polissemia e a escolha do

item para cada nomeação:

Formação lexical

com a lexia “bolsa”

Referência atribuída

à “bolsa” no texto

analisado

Propriedades de

“bolsa” mantida no

texto

Propriedades que

fogem ao conceito

prototípico de

“bolsa”

Bolsa-Blindagem Sugestão do autor de

uma bolsa paga pelo

governo na tentativa

de proporcionar à

população o direito de

blindar casas, carros

e o que mais for

necessário

- Pago pelo governo

- Medida emergencial

- Destina-se à classe

alta

- Caráter supérfluo

- Não é periódico

- Não tem fins sociais

Bolsa-Aluguel Serviço de locação - Caráter - Ocupação de

Page 68: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

68

social proporcionado

pelo pelo governo a

famílias de baixa

renda

governamental

- Fim social

- Destinado à

população de baixa

renda

lugares desativados –

não é um pagamento

- O benefício exige

pagamento por parte

do beneficiário

Bolsa-Floresta R$ 50,00 pagos a

cada família que

prestar serviços ao

governo

- Periodicidade

- Auxílio financeiro

-Não é governamental

-Não posssui um fim

social e sim político

-Não se trata de uma

ajuda e sim

pagamento em troca

de serviço

Bolsa-Floresta Criação de áreas

protegidas, com “a

presença de escola e

as políticas de

qualificação de

recursos humanos”

-Fundo

governamental

-Fim social

-Trata-se de um

serviço, mas sem

pagamento, sem

auxílio financeiro

-Não é periódico

Bolsa-Gargalhada Artistas do programa

da TV Globo “Toma

Lá, Dá Cá” que nos

fazem rir, que nos

divertem

Periodicidade -Trata-se de pessoas

e do que elas

proporcionam

-Não há fundo

governamental

-Não há investimento

financeiro

Bolsa-Boiola Camisinhas,

lubrificantes (KY) e

pênis de borracha e

uma cartilha

ensinando as

técnicas mais

prazerosas do sexo

anal destinadas à

comunidade gay do

país.

-A verba é decorrente

dos cofres públicos

-É destinado a um

público

marginalizado, que,

de alguma maneira,

encontra dificuldade

de inserção social

-Trata-se de objetos a

serem distribuídos

-Não é periódico

Page 69: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

69

Bolsa-Estupro Salário mínimo pago

pelo governo por 18

anos a mulheres que

foram estupradas e

engravidaram e o

tratamento com

psicólogos pagos

pelo governo para

influenciar essas

mulherem a não

abortarem.

-Pagamento

governamental

-Periodicidade

-Finalidade social

-Tratamento médico

-Não é destinado à

classes desprivilegia-

das.

-Caráter religioso

Quadro 1: Polissemia de bolsa

Constata-se, portanto, que a distinção entre polissemia e homonímia não

fica clara na organização dos dicionários que costumamos usar já que o que o

lexicógrafo classifica como “homônimos” será listado como palavras diferentes,

ao passo que os significados múltiplos duma palavra terão uma única entrada

no dicionário (LYONS, 1979: 431). Porém, o que se observa é uma grande

incoerência, porque os compostos, que de certa maneira mantêm uma relação

com a palavra núcleo da formação, aparecem como verbetes diferentes, ou

seja, um caso de homonímia, e não de polissemia. Todavia, como verificamos

nos estudos de Ferreira (2009), isso não é verdade.

Parece que, pelo fato de os compostos não terem um significado

previsível na língua a partir da soma das suas partes independentes, tende-se

a classificá-los como homônimos. No entanto, os significados das expressões

idiomáticas e/ou lexicalizadas também não são previsíveis, mas tais formações

recebem entrada nos dicionários no verbete da sua palavra núcleo.

Page 70: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

70

3.5 A polissemia nos processos de formação de palavras

Cabe frisar que a polissemia ocorre em todo e qualquer nível da

gramática, embora seja estudada quase sempre no domínio da palavra. E é

sobre essa questão que vamos nos debruçar agora.

A polissemia não é um fenômeno recorrente apenas nos itens lexicais,

estendendo-se a outros níveis de análise da língua, do morfológico ao sintático.

No âmbito da morfologia, destacaremos o caso do morfema derivacional

“-dor”, sufixo formador de agentivos deverbais.

Basílio (2005: 41) definiu os “nomes de agente” formados a partir desse

sufixo como substantivos derivados de verbos com o propósito de designar

seres pela prática ou exercício da ação representada pelo verbo. A autora

ainda afirma que o sufixo “-dor” poderia ser considerado o elemento

morfológico não-marcado na formação de nomes de agente, talvez por ser o

elemento mais geral e produtivo, e apresenta as seguintes acepções, dentre

outras:

Agentes genéricos predador, roedor

Agentes profissionais administrador, cobrador, vendedor

Agentes ocasionais, eventuais competidor, ganhador

Agentes habituais madrugador, trabalhador, cheirador

Agentes típicos sonhador

Quadro 2: Polissemia do sufixo formativo –dor

Page 71: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

71

Assim, a RFP (regra de formação de palavras) [X]V →[[X]v dor]S7 cobre uma

Ag

quantidade muito grande de casos, em que é inegável a polissemia do sufixo

“-dor”. Além disso, tal sufixo também pode gerar formações agentivas

[−humano], referindo-se a instrumentos agentivos: elevador, moedor,

ventilador, refrigerador, liquidificador etc. Assim é que usamos, em Língua

Portuguesa, o mesmo elemento morfológico para indicar agentes humanos e

instrumentos, o que não é nenhum problema, pois, embora haja uma

polissemia virtual para essas formações (uma mesma formação que pode

designar várias entidades), após a palavra já formada, escolhas específicas

são feitas pela comunidade, no uso, de modo que as demais possibilidades de

significado de uma determinada formação são descartadas. Em outras

palavras, na medida em que temos um ato de nomeação, desfazemos a

polissemia do processo e temos uma monossemia.

O ato de nomeação escolhe uma das possibilidades, previstas no léxico

virtual8. O uso e a necessidade comunicativa vão possibilitar a extensão do

significado da palavra já existente e torná-la polissêmica “novamente”.

Para que essa questão seja melhor entendida, vejamos o caso de

elevador. Qualquer falante nativo do português reconhece que a palavra é

formada a partir da RFP exposta anteriormente e nenhum falante nativo

associa esse vocábulo a um agente humano, por exemplo, como alguém que

trabalhou na arquitetura das catedrais góticas, ou que eleva outrem ao andar

de cima, ou ainda, alguém que costuma fazer muitos elogios, que eleva a auto-

7 RFP indica Regra de Formação de Palavras, ou seja, uma regra que é capaz de formar palavras novas na língua. Para maiores esclarecimentos sobre uma RFP, ler Basílio (1980). 8 Léxico virtual é definido por Basilio (2004: 11) como “um conjunto de padrões que determina as construções lexicais possíveis e sua interpretação”.

Page 72: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

72

estima alheia. Mas todas essas hipóteses de sentido estão previstas no léxico

virtual.

Com essa mesma lexia, é possível marcar a diferença entre

conhecimento de mundo e conhecimento linguístico. Ao proferir o enunciado “O

elevador está cheio”, o falante não precisa dizer que se trata de um transporte

elétrico, que funciona com luz, que tem uma determinada lotação, pois isso é

conhecimento enciclopédico. Todavia, a noção de que elevador é algo que

“eleva” é interpretada a partir de aspectos semânticos do verbo e não do

conhecimento de mundo. Nessa palavra temos, então, a combinação do

conhecimento linguístico com o enciclopédico.

Agora, vejamos o caso de roedor. Essa palavra formou-se certamente

para designar “aquele que rói”, cuja classe gramatical é um adjetivo. A

Zoologia, posteriormente, necessitou agrupar os elementos do reino animal em

subgrupos, e um dos subgrupos formados foi “roedor”, para designar, a partir

de uma propriedade em comum dos elementos da classe, ou seja, a partir de

uma extensão metonímica – sem transferência dominial - a espécime de

roedores, ordem de mamíferos terrestres, escavadores, ou arborícolas, ou

semi-aquáticos, cujos dentes incisivos têm crescimento contínuo (HOUAISS,

2001), como o rato, o ouriço e o furão. A ampliação do significado gera,

inclusive, uma mudança na classe gramatical, pois trata-se, nesse momento,

de um substantivo.

Também no âmbito da morfologia, o prefixo “re-” foi analisado por

Andrade (2006), que chegou à seguinte conclusão no que diz respeito às

acepções desse prefixo:

Page 73: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

73

Realizar o ato X de modo diferente ou

com resultado diferente

repensar, reconsiderar

Realizar um ato X que corresponde à

volta a um estado anterior

redemocratizar, reestacionar

Repetir ato X reiniciar, reinaugurar

Realizar ato X com reforço ou

intensificação

reafirmar, ressecar

Realizar ato X causando movimento

contínuo ou iterativo

Rebrilhar, remexer

Realizar ato X causando movimento

reversivo ou contrário

rebater

Quadro 3: Polissemia do prefixo re-

Outro sufixo, o “-eiro”, segundo Marinho (2004), é um dos elementos

formadores em Português que apresentam o maior número de acepções,

dentre as quais umas seriam produtivas e outras não.

Marinho (2004) e Gonçalves & Almeida (2006a, 2006b), ao estudarem

esse sufixo, chegaram aos seguintes sentidos abarcados por este formativo,

dentre outros possíveis:

Page 74: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

74

Agentes profissionais jornaleiro, açougueiro, carteiro,

doceiro

Agentes habituais fofoqueiro, caloteiro, festeiro, rueiro

Árvores frutíferas mamoeiro, cajueiro, coqueiro,

abacateiro

Modal grosseiro, ligeiro

Locativos cinzeiro, açucareiro, baleiro,

galinheiro

Acidente geográfico desfiladeiro, despenhadeiro

Gentílico brasileiro, mineiro

Excesso aguaceiro, barreiro, roupeiro, louceiro

Quadro 4: Polissemia do sufixo formativo -eiro

Observa-se que os sentidos exemplificados podem se dividir em

subgrupos que, por sua vez, podem ser representados como núcleos

prototípicos, em redor dos quais encontramos grupamentos de diferentes itens,

portadores de sentidos variados, representados por grupos radiais, mais

afastados do protótipo – maior representante da categoria.

Além disso, constata-se que nem todos os grupos são igualmente

produtivos. É bastante difícil encontrarmos novas formações nas acepções

modal, gentílico e acidente geográfico, por exemplo, o que já não ocorre em

excesso e agentes profissionais e habituais.

Page 75: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

75

Por fim, destaca-se a observação de Batoréo (no prelo), de que algumas

formações são bastante complexas, sendo necessário redefini-las, como a

acepção “locativo” do sufixo “-eiro”: cinzeiro indica um lugar de depósito,

enquanto baleiro, faqueiro e paliteiro indicam lugar para colocação de objetos

individuais. Acrescentamos que o mesmo acontece com as especificações de

genéricos, profissionais, ocasionais, habituais e típicos atribuídas às formações

de agente a partir do sufixo “-dor” e mais interessante ainda é que, por mais

que haja especificações, essas palavras tornam-se, novamente, polissêmicas,

pois, além de lugar para colocação de objetos, baleiro pode indicar o vendedor

de balas, assim como faqueiro pode se referir ao conjunto de talheres e

paliteiro tem seu uso metafórico, fazendo referência a uma quantidade grande

de prédios altos numa cidade.

As análises apresentadas demonstram tratar-se de diferentes casos de

“-dor”, “re-” e “-eiro”. Comprova-se, assim, a polissemia sistemática nos

processos de formações de palavras em Língua Portuguesa. Basílio (2005: 39)

define polissemia sistemática como a multiplicidade de interpretações possíveis

de caráter pré-determinado numa forma linguística e a considera uma

estratégia valiosa para a utilização de uma determinada construção no

exercício de várias funções interligadas.

Page 76: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

76

3.6 A polissemia na sintaxe

A polissemia também já se faz presente em recentes estudos no nível

sintático da língua. A importância da polissemia na sintaxe pode ser verificada

nos trabalhos de Goldberg (1995, 2006), acerca das Construções Gramaticais,

em que novas construções são instanciadas por links de polissemia.

Construções gramaticais são unidades básicas da língua que constituem

uma relação entre uma contraparte formal e outra de significado, estritamente

previsível e regular na língua, de maneira que não haja outra forma de se

expressar determinado conteúdo.

Goldberg verificou que as construções estabelecem relações umas com

as outras, formando uma rede construcional. Por isso, a autora propôs que as

construções gramaticais mantêm entre si relações de herança. Como herança,

entende-se qualquer característica, seja ela formal ou semântica, que esteja na

construção básica e se transfira para a construção decorrente. Em seus

estudos, identificou quatro tipos de ligação por relação de herança entre as

construções, dentre elas, a ligação por polissemia.

Nascimento (2006) define esse tipo de ligação da seguinte maneira:

estabelece-se uma relação entre um sentido específico de uma construção e

alguma extensão de sentido, que estará presente na construção decorrente.

(NASCIMENTO, 2006: 42). O autor exemplifica com a construção bitransitiva

em Português, cujo sentido básico é “X causa Y receber Z” e propõe a seguinte

sentença: Pedro deu um carro a Marcos. Esse sentido básico pode ser

desdobrado em diversos outros sentidos relacionados, instanciados nos

Page 77: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

77

demais exemplos de Nascimento (2006: 42), conforme sugerido por Goldberg

(1995):

“X causa Y não receber Z”: Pedro recusou o carro a Marcos.

“X pretende causar Y receber Z”: Pedro assou um bolo para Marcos.

“X atua para causar Y receber Z em algum momento futuro”: Pedro legou seus

bens a Marcos.

Com base nos estudos apresentados, procuramos demonstrar o caráter

sine qua non da polissemia na língua e a importância de estudá-la,

principalmente, sob a ótica da categorização com base em protótipos. Nesse

tipo de categorização, são identificadas as propriedades de uma determinada

categoria e é estabelecida uma escala entre as mais e as menos

representativas, possibilitando a descrição das propriedades que envolvem a

categoria, dos elementos que se enquadram na categoria e, conforme já dito,

para os objetivos desta dissertação, dos significados básicos e radiais do item

“cabeça”, uma vez que entendemos essa palavra como polissêmica.

Page 78: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

78

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa lançou mão das seguintes etapas para a sua realização:

1) Definição e levantamento de corpora;

2) Depreensão de “pistas” de análise;

3) Aplicação de testes para comprovação de hipóteses formuladas a partir

da etapa anterior;

4) Definição de procedimentos de análise.

4.1 Definição e levantamento de corpora

Este trabalho, cujo objetivo principal é estudar a polissemia de

expressões em que ocorre o item cabeça, relacionando tal fato à hipótese de

corporificação da conceptualização e, por conseguinte, da língua, teve, como

ponto de partida, a recolha de formações compostas e expressões idiomáticas

das quais o item em questão participa.

Como ressaltamos no capítulo precedente, a preocupação precípua do

estudo é de natureza lexical e, por isso, não será abordado o caráter

processual e online de construção do significado. Interessa-nos determinar a

formação das diversas composições com o item em questão existentes na

língua. O corpus, então, reflete tal preocupação: é formado principalmente a

partir do que podemos chamar de léxico “estabilizado”, ou seja, expressões

Page 79: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

79

dicionarizadas ou aquelas fruto da introspecção do analista. A esses itens se

somaram outros oriundos de pesquisa via ferramenta de busca eletrônica – o

rastreador “Google”.

A pesquisa no “Google” se fez importante, pois, além de atestar a

polissemia do item “cabeça”, permitiu que se verificassem novas acepções, não

dicionarizadas nem constantes do léxico internalizado da analista. Portanto, a

busca foi feita com a legenda “cabeça”’ ou “cabeça de”, para que se pudessem

observar as ocorrências apresentadas e descobrir novas expressões, além de

procurar definições para as formações já conhecidas.

Essa busca foi de grande proveito, pois, além de ter permitido a

constatação de um número astronômico do item pesquisado, descobrimos um

site de dicionário informal, www.dicionarioinformal.com.br, que contribuiu

bastante com expressões novas para completar os nossos dados.

4.2 Depreensão de “pistas” de análise

A pesquisa se valeu tanto de dedução quanto de indução. A observação

inicial dos dados revelou a alta produtividade do item em questão e sugeriu que

talvez essa produtividade devesse ser causada pelo caráter cotidiano da

palavra.

O léxico da linguagem cotidiana reflete os domínios de experiência em

que as pessoas transitam comumente, e essas experiências não são restritas

Page 80: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

80

ao corpo; são também culturais: estudar, ler um livro, ver televisão, assistir a

uma peça teatral, sair para dançar, passear, trabalhar, viajar.

Como a recolha dos dados de “cabeça” trouxe números absolutos

surpreendentes, foram analisadas qualitativamente outras palavras existentes

no léxico diário, para dirimir a dúvida em relação ao fato de a produtividade da

palavra sob exame ser ligada à cotidianidade desse termo.

É lícito supor que os domínios i) da alimentação, ii) do transporte, iii) do

mobiliário doméstico e iv) do lazer controlado pela mídia eletrônica e de

alcance universal proporcionem palavras que a maioria das pessoas em

determinada comunidade usa.

Por isso, dos quatro domínios selecionados, isolamos palavras cujos

referentes são comuns aos brasileiros, principalmente, os de meios urbanos.

Então, para alimentação, selecionamos ‘arroz’ e ‘feijão’; para transporte, ‘carro’

e ‘ônibus’; para mobiliário, ‘cadeira’ e ‘mesa’ e, para lazer, ‘filme’ e ‘novela’.

A pesquisa foi realizada da seguinte forma: usando novamente a

ferramenta eletrônica “Google”, levantamos as 50 primeiras ocorrências

listadas. Analisamos o sentido de cada uma delas nas suas respectivas frases

e contabilizamos as sentenças cuja acepção era a mais básica e outras cujo

sentido era mais abstrato. O resultado dessa pequena amostra indicou que,

para todos os itens analisados, a extensão de sentido se dava em menos de

10% dos casos, já incluídas as expressões cristalizadas como “feijão com

arroz” (aspecto cotidiano, corriqueiro), “arroz de festa” (aquele em que está

presente em todas as situações), “cadeira cativa” (lugar, concreto ou abstrato,

de determinada pessoa), “chá de cadeira” (espera muito longa), “já vi este

Page 81: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

81

filme” (alusão à situação em que se pode prever o final), “isso já virou novela”

(história cujo final já se sabe), “carro-chefe” (melhor produto, produto mais

vendido de uma empresa).

Em ‘carro’, ‘ônibus’ e ‘filme’, praticamente 100% dos casos

apresentaram a sua acepção primária, ou seja, mais básica, aquela encontrada

na maioria das vezes na definição “1” dos dicionários, como: “veículo que se

locomove sobre rodas, para transporte de passageiros ou de cargas”, “veículo

grande, automóvel, usado para o transporte coletivo (urbano, interurbano,

intermunicipal, interestadual etc.) de passageiros, com rota prefixada” e “obra

cinematográfica registrada em filme”, respectivamente.

Cabe ainda ressaltar que ‘filme’, na rubrica cinema, ou seja, no campo

de lazer, já é uma extensão de sentido, formada por metonímia, pois,

originariamente, filme é película de acetato de celulose (primitivamente de

nitrato de celulose) revestida por uma emulsão sensível à luz e destinada a

registrar imagens fotográficas (HOUAISS, 2001) e, em função do material que

se usa para gravação das imagens de um filme, nomeou-se o resultado da

filmagem.

Para ‘novela’, que pertence ao mesmo campo semântico, de lazer,

encontramos um exemplo de extensão de sentido, em que a semântica ativada

é “história”, “vida”, como se pode perceber na frase “Participe da NetNovela!

Envie o seu perfil, sua história e sua experiência. Quem sabe ela não pode

virar um grande personagem...” (www.netnovela.com.br).

Já para ‘arroz’, só encontramos o uso metafórico quando precedido de

determinante, como na frase “Chegou o arroz de festa!” (http://www.viver-na-

Page 82: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

82

alemanha.de/forum/viewtopic.php?f=11&t=8616), em que arroz representa

“pessoa inconveniente, que fica em torno de alguém”.

Apesar de o determinante ser obrigatório nesse caso, não

necessariamente a sua presença indica metaforização, como se pode perceber

em: “Chegou o Arroz Tião João + Vita O lançamento do Tio João +Vita promete

revolucionar o setor de alimentação”

(www.cabecadecuia.com/drops/search/?q...) e “Quando chegou o arroz super

colorido com cenoura, milho e ervilha a Sofia falou: ‘Esse arroz não tem folha e

tem bola verde’” (http://www.kidsinrio.com.br/historia/a-fada-elvira-e-as-

bolinhas-verdes.html).

‘Feijão’ foi encontrado, em extensão metonímica, como comida caseira.

‘Mesa’, como espaço de negociação, que não necessariamente é “na mesa”,

ou denominação de conjunto de pessoas em função executiva, como em ‘mesa

diretora’. ‘Cadeira’, assim como ‘mesa’, expressa, metonimicamente, lugar mais

ou menos concreto, como ‘cadeira do Senado’, ‘cadeira da Academia’. Há

ainda outro uso metonímico de ‘cadeira’: quadril, preferencialmente feminino.

Com base nesses resultados, verificamos que, mesmo havendo

extensão de sentido nas palavras que envolvem o léxico cotidiano, o que se

tem, de fato, é a ocorrência mais ampla desses itens em seu sentido básico e

usos polissêmicos esporádicos.

A conclusão a que chegamos a partir daí foi a de que a presença

constante na realidade em torno do falante não é suficiente para justificar a

quantidade e a multiplicidade de usos, o que confirma a validade da hipótese

Page 83: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

83

de que o elemento favorecedor é a complexidade do domínio do item em

questão e sua relação com os domínios mais básicos da experiência humana.

4.3 Novo teste, novas “pistas” para análise

A análise prévia dos dados, que indicou o caminho para a análise

desenvolvida no próximo capítulo, mostra que a polissemia dos itens deve-se

aos processos de metáfora, metonímia e analogia, autorizados pelas bases

cognitivas (frames e EIs) a que esses itens estão associados, aliados ao

destaque que é dado a esse ou aquele domínio básico.

Se a ativação dos esquemas imagéticos e de elementos dos domínios é

tão fundamental para a construção do sentido de lexias com base em partes do

corpo, então, hipotetizamos que o falante deve construir interpretações para

lexias que neles possam ser relacionadas.

Com esse objetivo, foram feitos testes com falantes nativos do

português. O critério de escolha dos falantes foi bem livre, pois, como estamos

trabalhando com a intuição do falante nativo, e, por se tratar de uma pesquisa

qualitativa, dados como idade, gênero, grau de escolaridade e região não

foram considerados.

A eles foi submetido um questionário com 15 compostos, sendo a

grande maioria inexistente, como cabeça de sorvete, cabeça de prédio, cabeça

de serra, com a cabeça no vento, e três formações existentes que serviram

como distratoras – cabeça-de-bagre, cabeça de relação e cabeça-de-chave -

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84

para que os informantes não estranhassem os dados como um todo e não

desconfiassem do teste, o que poderia provocar uma alteração do resultado.

Foi pedido aos informantes que indicassem o significado das palavras e

ainda que elaborassem uma sentença com as expressões dadas, para que

confirmássemos a possibilidade de sentido atribuída por eles. Segue abaixo o

inquérito com as 15 expressões e, em anexo, as respostas dos 50 informantes.

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Cabeça de prédio

Cabeça forte

Com a cabeça no vento

Cabeça-de-bagre

Cabeça de relação

Cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Cabeça furada

Cabeça de forno

Cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Quadro 5: Teste 2.

Page 85: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

85

A análise desses dados apontou para alguns resultados interessantes.

Além de ratificar algumas intuições da pesquisadora, levanta-se uma nova

questão: para a formação ser interpretada, é possível que o esquema

imagético que cabeça aciona tenha de ser compatível com o frame que o

informante tem do modificador.

Cabeça-de-bagre não apresentou nenhum problema na sua

interpretação. A maioria mostrou conhecer a palavra e seu significado foi bem

definido: “pessoa burra”, “que não pensa”, “que tem besteiras na cabeça”.

Já cabeça-de-chave indicou que os falantes não conhecem bem a

expressão, ou ainda, como essa era a última expressão dada, talvez pelo

esforço que fizeram para atribuir significação às formações precedentes, não

se deram conta de que se tratava de uma expressão recorrente e cristalizada

na língua.

Muitos analisaram essa expressão tendo como ponto de partida o

modificador e seu frame de abrir e fechar, trancar, guardar, desvendar,

abstratizando para segredo, o que gerou os seguintes significados: “quem tem

coisas a contar, revelar, dividir”, “pesquisador, cientista”, “pessoa reservada,

tímida, que não fala muito sobre a sua vida pessoal”, “desvenda qualquer

coisa”, “com muito segredo”, “enigmático, cheio de segredos” e “resolver

problemas”.

Houve também quem interpretasse cabeça-de-chave como a parte da

chave que seguramos, considerando a chave como um corpo e a parte

superior desse corpo, também arredondada na maioria das vezes, a cabeça

desse corpo.

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86

Houve ainda quem entendesse cabeça-de-chave como ferramenta, já

que chave é uma palavra polissêmica em língua portuguesa e pode ter mesmo

esse sentido; e líder, em que a pessoa associou a noção de liderança à

cabeça, mas não soube especificar que se trata de uma liderança determinada,

dentro de uma competição de lutas ou esportes em geral.

Claro que a nossa intenção não era saber se os falantes conheciam

essas palavras que serviram como distratoras, mas sim avaliar se e como o

falante atribui uma interpretação para essas formações, mesmo não as

conhecendo. Isso pôde ser atestado em cabeça-de-chave.

Em cabeça de serra, os resultados não variam muito. Foi quase unânime

a interpretação de cabeça como cume, ponto mais alto, topo, ou seja, posição

superior de uma serra, em que serra pode ser entendida como sinônimo de

montanha. A noção de extremidade da serra – o que mantém o frame de

posição – também foi citada, mas, nesse caso, serra foi entendida como a

ferramenta, e não mais como montanha.

Além disso, houve quem interpretasse serra como montanha, mas

extraiu dela a propriedade de ser fria, gelada. Assim, como modificador de

cabeça, atribuiu à cabeça tal propriedade, gerando a acepção de “frio,

calculista”. A análise mostra bem a composicionalidade do significado da

expressão, pois a noção de cabeça interage com o frio encontrado nas serras.

O item cabeça-de-escola ativou alguns sentidos, também bastante

recorrentes na língua, conforme verificaremos na rede proposta no capítulo

seguinte: o Sprep “de escola” focalizou dentro do frame de cabeça os sentidos

inteligência (“CDF”, “letrado, culto”, “inteligente”, “pessoa sábia”, “estudioso”)

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87

“memória” (“guarda muita informação”, “pessoa que lembra com facilidade dos

assuntos escolares”), liderança (“mestre”, “o chefe da turma”, “o líder”, “diretor”,

“a pessoa que está à frente da instituição de ensino”, “chefia”) e prestígio

(“aluno de destaque”).

Um item que gerou interpretações bastante diferentes foi a expressão

cabeça forte, que ativou respostas como “seguro, auto-confiante, determinado”,

“ser firme, convicto, ou intransigente”, “inteligente”, “que possui idéias bem

definidas, personalidade”, “pessoa decidida”, “aquele que não se deixa

influenciar facilmente”, entre outras similares.

Como na língua existe a expressão cabeça fraca, que significa “pessoa

fraca” (não em seu sentido físico), mas “que segue qualquer um”, “que é

influenciável”, “que não pensa sozinho”, sugere-se que está em ação o

processo de analogia9. Por analogia, entende-se o recurso que permite colocar

dois conceitos em relação.

Outra interpretação que se deu por analogia foi o item cabeça de forno,

em que a grande maioria analisou como “cabeça quente”, colocando tal

expressão, inclusive, como o significado atribuído. Além desse, encontramos:

“pessoa estressada”, “que se irrita à toa”, “que se esquenta à toa”, “que vive

nervoso”, “pessoa que perde a paciência com facilidade”, “pessoa nervosa”,

“explosiva” e assim por diante.

Na verdade, o modificador “forno” é algo que tem mesmo a propriedade

de esquentar. E, culturalmente, em nossa sociedade, esquentada é uma

9 O conceito de analogia está sendo usado em sentido amplo, embora possa ser trabalhado no sentido técnico que este termo assume na Teoria da Mesclagem (FAUCONNIER E TURNER, 2002). Porém, esta não é a proposta adotada neste trabalho.

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88

característica atribuída à pessoa que vive nervosa, irritada, que explode,

também comumente chamada de “cabeça quente”.

Como se verificou, a expressão cabeça de sorvete foi mais difícil de se

interpretar. Alguns informantes responderam que cabeça de sorvete era “bola

do sorvete”, o que mostra que o falante interpretou o sorvete como um todo

(casquinha + sorvete) como um corpo e, a parte superior, no caso, a bola do

sorvete, é a cabeça. Além disso, destaca-se o formato arredondado da bola de

sorvete.

Houve quem atribuísse a essa expressão o significado de “pessoa

calma, que dificilmente se irrita”, “alguém tranquilo”, “pessoa de cabeça fresca”,

“pessoa despreocupada” ou “uma pessoa que tem a cabeça fria, bem tranquilo

e calmo”. Similarmente ao que aconteceu com cabeça de serra, o falante

extraiu do sorvete a propriedade de ser gelado, frio, e, dessa maneira,

analogicamente, interpretou cabeça de sorvete como cabeça fria.

O item cabeça-de-porta foi um dos que gerou maior número de

acepções ou significados distintos. Isso ocorreu porque não há para nenhum

falante a imagem esquemática, por exemplo, que compatibilize ‘cabeça’ com o

frame de porta10.

Esse dado é interessante na medida em que aponta novo fato: na

impossibilidade de transferir propriedades de ‘cabeça’ para ‘porta’, o falante

centra-se no determinante e faz o movimento contrário – elabora um novo

10 Nos termos da Teoria da Mesclagem (FAUCONNIER & TURNER, 2002), isso equivale a dizer que a dificuldade de interpretação reflete, no plano dos mencanismos cognitivos, a dificuldade de encontrar um espaço genérico que viabilize o processo de integração conceptual.

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aspecto a partir dele mesmo para ‘cabeça’. Assim, tivemos as seguintes

interpretações:

a) “pessoa bipolar, ora aberta, ora fechada”, “ às vezes a mente é aberta,

outras vezes fechada”, “aberta sempre a novas idéias” dando destaque à

propriedade de abrir e fechar;

b) “intransigente”, “arrogante”, “cabeça dura, alguém que não muda facilmente

suas opiniões”, “alguém teimoso”, “pessoa turrona”, “inflexível”, “bruto, tosco,

grosseiro”, em que o aspecto duro do material de que as portas normalmente

são feitas é ativado;

c) “pessoa tapada”, cujo enfoque é a propriedade da porta ser plana e oca por

dentro, o que proporciona uma analogia com a expressão cabeça oca, também

ativada em “aquele que não pensa muito e nem é inteligente”, “é o cara que é

desprovido de inteligência”, “pessoa que não pensa”, “pessoa burra”;

d) além de sentidos como “parte”, “superfície” ou “extremidade” superior da

porta, “a parte mais alta”, ativando o frame de parte superior que cabeça tem.

Enfim, o teste apresentado nos trouxe algumas conclusões importantes.

Dentre elas, a constatação de que fenômenos lexicais, sobretudo, envolvem

questões fundamentais de categorização e que, sob a ótica da LC, associa-se

a questões de conceptualização, isto é, de como nós concebemos o mundo e

como isso se reflete em nossa língua.

Os EIs e MCIs são fundamentais para a categorização da realidade e

para o processamento do significado de novos referentes, assim como o

processo de analogia, que busca aporte no conhecimento linguístico, também

considerado pela teoria aqui adotada uma base de conhecimento.

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90

Além disso, por estarem associados a nossa experiência mais básica,

existe uma sobreposição dos EIs em relação aos MCIs ou processos de

analogia. Desse modo, o processo de conceptualização é autorizado pelos EIs

e se ajusta aos MCIs presentes na cultura.

Como era de se esperar, nota-se que o modificador contribui

crucialmente nas formações compostas para o frame de “cabeça” que será

ativado em cada construção.

Por fim, observou-se que os falantes não interpretam a formação lexical

globalmente, isto é, partem do núcleo da formação (cabeça) ou do modificador

(adjetivo ou núcleo do SPrep). Porém, optamos, nesse momento, por apenas

constatar e não aprofundar essa questão, deixando para trabalhos futuros a

verificação, se possível, dos motivos pelos quais isso ocorre.

4.4 Procedimentos de análise

Para proceder ao exame de lexias e expressões formadas com cabeça,

tal como nos propusemos, a análise se organiza sob três diferentes

perspectivas, que estão divididas em três seções, no capítulo a seguir,

organizadas da seguinte forma: a primeira visa a constatar a polissemia do item

cabeça, além dos processos metafóricos e metonímicos que regem as

extensões encontradas. Na seção subsequente, a análise proposta busca

definir o domínio-matriz de cabeça e esquadrinha as expressões idiomáticas e

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enunciados em que cabeça não é núcleo das formações; e, por fim, a terceira

seção destina-se a analisar as palavras compostas e sintagmas paralelos11

para a verificação do ajuste focal provocado pelos modificadores.

Os dados foram separados conforme a proposta de análise devido à

constatação de que, em função da estrutura sintática da formação lexical,

estamos lidando com diferentes fenômenos semânticos, o que já era previsto,

pois, se o que se pretende analisar é a polissemia do item cabeça, espera-se

que essa palavra, enquanto núcleo, forneça maior contribuição para a

interpretabilidade do item lexical e menor proporção quando se encontra em

posição adjunta.

Contudo, também sabemos que, mesmo quando cabeça está em

posição adjunta numa expressão lexicalizada ou em enunciados da língua, não

podemos entender a expressão como um todo sem antes entender como

cabeça contribui para o seu sentido geral.

Passemos, então, à análise.

11 A diferença entre o que é um composto em oposição a formações sintagmáticas paralelas não está bem resolvida entre os morfólogos estudiosos do assunto. Além disso, trata-se de um aspecto de cunho formal, o que não é foco deste trabalho. Portanto, não faremos tal distinção aqui neste trabalho.

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5. ANÁLISE DOS DADOS

O falante do Português se depara, na linguagem cotidiana, com

inúmeros e expressivos usos de formações lexicais constituídas a partir de

nomeações da parte superior do corpo, que vão desde enunciados, como “eu

não estou com cabeça para discutir”, a expressões idiomáticas, como “com a

cabeça nas nuvens”, e palavras compostas, como “cabeça-oca”.

O objetivo desta dissertação, como já foi mencionado, é compreender os

processos subjacentes que possibilitam essas formações, tentando reconhecer

como as palavras podem ter tantos usos variados e expressar sentidos tão

diferentes em cada um deles. Desse modo, este trabalho assume, por um lado,

como propõe Langacker (1987, 1991), Sweetser (1999) e Croft e Cruse (2004),

entre outros, a não negação da composicionalidade, e por outro lado, a

constatação de que tal composicionalidade ultrapassa a soma objetiva dos

significados das partes que compõem uma dada lexia.

São também fundamentais para o tratamento dos dados 1) a ideia de

que os sentidos de uma palavra decorrem dos frames a ela associados, já que,

como vimos, não é possível distinguir significado linguístico de significado

enciclopédico; 2) a noção de polissemia e de motivação para as extensões de

sentido, que se dão por meio de processos cognitivos, mantendo resquícios,

mais ou menos abstratos, das noções do item básico; 3) a noção de ajuste

focal, decorrente de um conjunto de mecanismos responsáveis pela nossa

capacidade de conceptualizar uma mesma situação de diferentes maneiras.

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93

Vimos que os estudos semânticos de palavras e lexias compostas se

inclinam, tradicionalmente, para as características e traços definitórios dos

significados associados a itens linguísticos e que esses aspectos são

relacionados às palavras invariavelmente, pois todo e qualquer falante os

reconhece da mesma maneira.

De modo bem diferente, para a LC, teoria adotada neste trabalho, o ato

de nomear associa-se à categorização, que, por seu turno, está baseada em

experiências sensório-motoras e culturais. Quando associada ao aspecto

sensório-motor, cabeça refere-se à parte superior do corpo, como se percebe

em “cabeça erguida”, “cabeça baixa”, “cabeça-de-nós-todos”; quando usada

para exprimir aspectos considerados relevantes pela comunidade de fala,

pode-se ter, então, referência à nobreza e à liderança, como nas formações

“ele é o cabeça do grupo”, “cabeça coroada”, “cabeça de cartaz”.

A seguir, verificaremos como se dão as extensões polissêmicas por

meio das operações de conceptualização: se por meio de processos

metafóricos ou metonímicos.

5.1. “Cabeça”: frames e extensões polissêmicas

A cabeça é um dos órgãos de maior importância para o ser humano,

cujo corpo é formado por três partes: cabeça, tronco e membros. Tamanha é a

sua relevância, que se pode até imaginar um ser humano sem os membros,

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mas jamais sem a cabeça, pois, se isso acontece, o ser humano estaria,

certamente, morto.

Nesse sentido, percebe-se que a cabeça é um elemento vital para a

sobrevivência humana. Tal afirmação é verificada até mesmo na definição mais

básica do termo, encontrada em dicionários prestigiados: uma das grandes

divisões do corpo humano constituída pelo crânio e pela face e que contém o

cérebro e os órgãos da visão, audição, olfato e paladar (Dicionário Eletrônico

Houaiss da Língua Portuguesa) ou extremidade superior do corpo humano, que

contém órgãos como os que formam o encéfalo, os da visão, os da audição, os

do olfato, a boca etc (Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

Assim, percebe-se o quanto a cabeça está relacionada a um domínio

básico de experiência humana, pois remete à experiência fundamental, ou seja,

primária, mais concreta, e, por isso mesmo, serve para expressar vários

domínios, isto é, os domínios mais abstratos, aos que nela não se baseiam

diretamente.

Parte do corpo que contém o cérebro, sede do pensamento e espaço

onde ocorre o processamento perceptual e motor, a cabeça carrega o órgão

responsável por todas as funções psico-motoras e cognitivas do corpo humano.

E mais, a cabeça comporta os órgãos da visão, do olfato, da audição e do

paladar, órgãos que contribuem fundamentalmente para a maneira como

sentimos e percebemos o mundo e como compreendemos as noções, por

exemplo, de claro e escuro, colorido, feio, bonito, som alto, som baixo,

cheiroso, saboroso, amargo, doce, salgado, entre outras.

Como parte do corpo que contém o cérebro, a palavra cabeça pode ser

usada para designar o próprio cérebro, por uma relação de contiguidade, ou

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95

seja, motivada por uma relação intra-dominial ou metonímica, como se vê em

dor de cabeça e operação de cabeça, por exemplo.

Um pouco diferente é a expressão quebrar a cabeça, no seu sentido

mais concreto, como na sentença “João caiu de bicicleta no chão e quebrou a

cabeça”. Aí, cabeça faz referência à caixa craniana, à parte externa da cabeça

que recobre o cérebro, mas que exclui, por exemplo, o cabelo.

O cérebro, por sua vez, designa o centro do intelecto, da memória, da

compreensão, do controle emocional, da concentração, da inteligência e do

juízo. Por isso, ainda por contiguidade – metonímia - cabeça estendeu-se a

todas essas acepções, podendo, em algumas delas, remeter tanto ao aspecto

apreciativo quanto ao aspecto depreciativo, como se observa nos itens

seguintes:

� memória: de cabeça, apagar da cabeça.

� inteligência: apreciativo: cabeção e cabeçudo

depreciativo: cabeça-de-camarão, cabeça-de-arroz, cabeça-de-bagre,

cabeça-de-boi

� controle emocional, razão: apreciativo: ter cabeça para, estar com

cabeça

depreciativo: sem cabeça, bater cabeça, dar cabeçada, cabeça-inchada

� juízo: depreciativo: perder a cabeça, ter a cabeça fora do lugar, cabeça-

tonta

� concentração: depreciativo: cabeça no ar, cabeça nas nuvens, cabeça-

de-vento, cabeça-leve, cabeça-de-coco

� comportamento: cabeça-dura, duro de cabeça, cabeça feita.

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96

Todas essas acepções nos remetem à racionalidade (ou falta dela).

Assim, constatamos que todas essas metáforas são compreensíveis a partir

da metáfora conceptual RACIONAL É PARA CIMA (LAKOFF, 2002 [1999]:

64).

Lakoff (2002 [1999]: 64-5) ainda explica como a experiência física, nesse

caso, se reflete na cultura:

Em nossa cultura, as pessoas se vêem como tendo o controle sobre os animais, as plantas e seu ambiente físico, e é a capacidade especificamente humana de atividade racional que coloca os seres humanos acima dos outros animais e lhes propicia esse controle. CONTROLE É PARA CIMA fornece uma base para SER HUMANO É PARA CIMA e, portanto, para RACIONAL É PARA CIMA.

Esse tipo de metáfora foi classificada por Lakoff (2002 [1999]) como

orientacional, pois tem a ver com orientações espaciais, como: para cima, para

baixo, dentro, fora, frente, trás, em cima, embaixo, central, periférico, etc. De

acordo com o autor, essas orientações espaciais surgem do fato de termos os

corpos que temos e do fato de eles funcionarem como funcionam no nosso

ambiente físico. As metáforas orientacionais dão a um conceito uma orientação

espacial (LAKOFF, 2002 [1999]: 59). Desse modo, fica fácil entender as

expressões lexicalizadas de cabeça erguida, de cabeça alta (alta, cheio de

orgulho, altivo) e de cabeça baixa (humilhado, envergonhado, submisso), cujas

acepções remetem à posição. Essas posições refletem exatamente a postura

do ser humano ao se sentir orgulhoso (ereto, para cima) ou envergonhado

(arriado, para baixo), e passam a ser a própria definição para o sentimento e/ou

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atitude humanos. Nesse sentido, essas expressões também remetem à

acepção comportamento.

Ainda relacionadas a cérebro, encontram-se expressões como “pôr a

cabeça para funcionar” e “usar a cabeça”, em que a cabeça é concebida como

máquina ou instrumento, já que nela se encontra o cérebro, órgão que

controla todo o corpo humano. Aqui, evidencia-se a integração entre as

operações de conceptualização metonímia e metáfora12, pois, ao mesmo

tempo em que cabeça é usada para retomar cérebro, há a transferência do

domínio biológico (corpo humano) para o tecnológico (máquina).

A essa metáfora subjaz a metáfora conceptual proposta por Lakoff (2002

[1999]: 79): A MENTE É UMA MÁQUINA. Trata-se de uma metáfora ontológica,

ou seja, “formas de conceber eventos, atividades, emoções, idéias etc. como

entidades e substâncias”. Em outras palavras, é uma maneira de lidarmos

racionalmente com as nossas experiências.

Tendo em vista que a cabeça é parte do corpo humano e/ou animal,

frequentemente conceptualizamos, também por uma operação de

contiguidade, em inúmeras lexias compostas ou expressões idiomáticas, a

cabeça como sendo o próprio corpo, ou seja, o corpo como um todo, o ser –

homem, animal ou planta − em que se constata a metonímia conceptual

PARTE PELO TODO, como em: por cabeça, cabeça de gado, cabeça-rapada,

cabeça-chata, cabeça-de-sapo, cabeça-branca, cabeça-de-fogo, cabeça-de-

vidro, cabeça-de-tomate, cabeça-de-frade, cabeça-de-cuia, entre outros. 12 Tal integração costuma ser descrita na teoria adotada pelo conceito de metaftonímia, que diz respeito à compreensão de que a metáfora e a metonímia são mecanismos de conceptualização integrados e não independentes. Essa noção e também o termo foram pioneiramente introduzidos por Goossens (1990, 2000), que identificou muitas vezes haver a existência de metonímia dentro da metáfora e mais raramente metáfora dentro da metonímia. Tal conceito não foi adotado neste trabalho por considerarmos que quando tratamos o processo por metaftonímia, não damos conta das etapas envolvidas na conceptualização, havendo, portanto, uma simplificação da extensão existente.

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98

Ainda, levando-se em conta que cabeça é parte do corpo, mais

especificamente, parte superior do corpo, é bastante comum o uso de cabeça

para expressar a propriedade de estar em lugar acima, em que, ao

conceptualizarmos qualquer corpo e/ou espaço como cabeça, a parte

acima/superior passa a ser a cabeça desse corpo, por uma extensão

metafórica, como se verifica em cabeça-de-área, cabeça-de-negro, cabeça-de-

ponte, cabeça de página, cabeça de um prego, de um martelo, do pênis, de um

furúnculo.

Essa noção de lugar ainda se estende à acepção liderança,

superioridade, mas, por uma extensão não só metonímica, já que mantém a

noção de “posição acima”, como também metafórica, pois passa do domínio

físico para o social, em que o que se leva em conta é a posição de comando,

como se percebe nas formações o cabeça, cabeça-de-casal, cabeça-de-

campo, cabeça-de-chave, cabeça de rede. Ainda mais abstratamente, a noção

de superioridade se estende à nobreza, prestígio, em que, embora se

mantenha o contexto social, não há uma hierarquia em jogo; portanto, não há

um comandante e o aspecto social está meramente relacionado ao prestígio, à

popularidade, a exemplo de cabeça coroada, cabeça de cartaz e cabeça de

lista.

Lakoff (2002 [1999]:63) também constatou a metáfora conceptual que

está por trás dessa extensão metafórica: STATUS SUPERIOR É PARA CIMA.

Para compreendermos essa metáfora, pensemos em nossa estrutura física:

quando nos movimentamos, nossos olhos normalmente seguem a direção para

a qual nos movemos – em geral, para frente. Quando um objeto se aproxima

de uma pessoa ou vice-versa, o objeto parece aumentar de tamanho. O chão,

Page 99: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

99

por sua vez, é percebido como um elemento fixo. Então, o topo do objeto

parece se mover para cima no campo de visão da pessoa.

Identificamos o uso metafórico de cabeça como um recipiente, pois, se

a cabeça é o espaço do processamento perceptual e motor, ou ainda, se é o

lugar acima, perde-se a referência do processamento perceptual e motor e

mantém-se a noção de espaço, perdendo-se também a referência de acima,

mas mantendo-se a propriedade lugar, o que faz com que cabeça seja

entendida também como um lugar, um espaço, ou seja, um receptáculo, onde

podemos colocar algo dentro. Por isso, temos formações como botar, meter na

cabeça.

Por fim, por sua forma arredondada, que estabelece destaque em

relação ao resto do corpo, o termo cabeça é comumente usado na língua para

expressar o formato arredondado: cabeça-de-prego (acne), cabeça-de-bonzo,

cabeça de alho. Sendo o formato uma propriedade de cabeça e a nomeação,

referência a algo que não possui cabeça (prego, bonzo, alho) tem-se,

novamente, a integração entre a metonímia e a metáfora.

A partir das extensões de sentido arroladas, propomos a seguinte rede

polissêmica para o item cabeça:

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Parte superior do corpo humano/ animal

Cérebro Lugar Acima

Ser (pessoa/ animal/ planta)

Memória Inteligên-cia

Aprecia- tivo

Deprecia-tivo

Controle Emocio-

nal Razão

Apreciativo

Deprecia-tivo

Juízo

Deprecia-tivo

Concen-tração

Deprecia-tivo

Lideran-ça

Superioridade

Recipi-ente

Comporta-mento

Máquina

Prestígio Nobreza

Caixa Craniana

Formato Arredon-dado

Figura 2: Rede polissêmica de cabeça

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101

A figura 2 retrata a polissemia a que chegamos do item “cabeça” após a

análise dos dados encontrados. A rede apresenta em destaque, de vermelho, o

sentido prototípico de cabeça. Em azul, encontram-se os sentidos que a ele se

ligam diretamente e, em amarelo, os sentidos mais radiais, que, embora não

estejam ligados ao protótipo de forma direta, mantêm alguma de suas

propriedades.

5.2. Domínio-matriz de cabeça e relação com outros domínios

O exame da polissemia de cabeça e a rede dele derivada não são

suficientes para explicar, do ponto de vista cognitivo, como tal proliferação

polissêmica se dá. Embora a rede explicite e constate, com exemplos, as

possibilidades de referência da palavra cabeça em Português, não é suficiente

para explicar os processos em que se baseiam tais extensões.

Por estarmos trabalhando com uma semântica baseada em frames

(FILLMORE, 1982) ou domínios (LANGACKER, 1987), passamos à análise de

cabeça sob esse aspecto.

Como visto no capítulo teórico, a estrutura do domínio pressuposta por

um conceito pode ser extremante complexa. A análise do domínio-matriz de

cabeça confirma tal complexidade.

Define-se a palavra cabeça como uma parte do corpo. Portanto, seu

domínio básico é o corpo. O corpo em si é um domínio que pressupõe o

domínio forma, o que constitui um domínio básico da experiência humana.

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Além disso, corpo também é relacionado à noção de ser humano e suas

capacidades, e, a partir de ser humano, espraia-se a todo e qualquer ser e/ou

objeto que possa ser compreendido como tal.

O domínio ser humano, por seu turno, pressupõe as seguintes

atividades: social, física e mental. E, além disso, associa-se também ao

domínio básico sensação, já que o corpo humano (vivo) está submetido a

condições como as de temperatura (quente e frio), sensações ainda mais

internas, como tristeza, alegria, euforia, dor, saudade etc.

A atividade mental pressupõe a noção de pensamento – um domínio

básico da experiência humana, que rege a nossa cognição.

A atividade social relaciona-se ao domínio posse, já que o ser que vive

em determinada sociedade adquire bens, sejam estes materiais, como imóveis,

veículos, jóias, objetos de um modo geral, ou bens de direito, como educação,

saúde e lazer, entre outros.

Sendo a atividade física desenvolvida dentro de um determinado tempo,

exigindo uma determinada força e, ainda, certos movimentos, os domínios de

tempo e força ou movimento (todos domínios básicos) são também

envolvidos no domínio-matriz de cabeça, uma vez que cabeça envolve ser

humano e o ser humano pratica atividades físicas, que envolvem tais

instâncias.

Uma vez que ser humano é um domínio de cabeça, pressupõe-se

também o domínio de seres vivos que, por sua vez, são objetos físicos

dotados de vida. Objetos físicos possuem existência material e são entidades

de espaço. E, por experienciarmos os objetos físicos – assim como a nós

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103

mesmos – como entidades separadas do resto do mundo, acessamos o

domínio contêiner, com um lado de dentro e um lado de fora.

A seguir, apresentaremos o esquema do domínio-matriz de cabeça,

seguindo rigorosamente o apresentado em Croft & Cruse (2004), a respeito da

letra “T”.

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Cabeça

Corpo

FORMA

Ser humano

Atividade social SENSAÇÃO Atividade mental

Posse

Atividade física PENSAMENTO

TEMPO FORÇA MOVIMENTO

Seres vivos

VIDA ESPAÇO

Contêiner

Figura 3: Esquema do domínio-matriz de “cabeça”

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105

A análise das expressões idiomáticas formadas com cabeça exprime

bem como esse item, pertencente a um domínio básico, trabalha com diversos

outros domínios básicos, ou seja, se manifesta em expressões que têm a ver

com os domínios básicos, que estão escritos, no esquema acima, em caixa

alta.

Expressões como andar a cabeça à roda, andar com a cabeça ao léu,

assentar a cabeça, entrar de cabeça, fazer a cabeça, levantar a cabeça, subir à

cabeça, virar a cabeça, virar a cabeça de e perder a cabeça estão diretamente

relacionadas ao domínio de movimento. Não se trata aqui de associar o

significado da expressão com o significado de movimento, mas sim de

entender porque o item cabeça pode se relacionar a itens que indicam

movimento para formar uma expressão – andar, virar, entrar, fazer, levantar,

assentar, subir, perder - já que movimento faz parte do seu domínio-matriz.

A mesma relação acontece entre o domínio força e expressões como:

atirar-se de cabeça, bater cabeça, cortar a cabeça de, dar com a cabeça nas

paredes, dar na cabeça, enterrar a cabeça do boi, meter de cabeça, meter na

cabeça, meter na cabeça de, pôr a cabeça em água, pôr a cabeça para

funcionar, pôr minhoca na cabeça, pôr na cabeça, quebrar a cabeça, tomar na

cabeça e usar a cabeça.

Outra presença constante verificada nas expressões avaliadas é a

existência dos domínios espaço/contêiner no domínio-matriz de cabeça: estar

com a cabeça fora do lugar, estar com cabeça, estar sem cabeça, abrir a

cabeça, botar chifre em cabeça de cavalo, botar na cabeça, levar na cabeça,

meter na cabeça, meter na cabeça de, pôr minhoca na cabeça, pôr na cabeça.

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106

Verifica-se que algumas expressões ativam mais de um domínio básico,

como as citadas acima: meter na cabeça, meter na cabeça de, pôr minhoca na

cabeça, pôr na cabeça, que se associam ao domínio força e espaço/contêiner.

Com esses exemplos, verifica-se que a complexidade do domínio-matriz de

cabeça não somente poder relacionar-se a vários outros domínios, mas

também à possibilidade desses domínios serem acessados simultaneamente.

O domínio básico pensamento pode ser ativado nas expressões querer

a cabeça de e saber onde tem a cabeça; sensação, em esfriar a cabeça e

esquentar a cabeça; posse, em ter a cabeça no lugar, ter a cabeça a prêmio,

ter cabeça, tronco e membros, ter macaquinhos na cabeça, e tempo, em

passar pela cabeça.

5.3 Ajuste focal: o processo de modificação adjetival e os compostos

Com base nos estudos de Langacker (1987, 1991) sobre ajuste focal e

também de Sweetser (1999), sobre modificação adjetival, tentaremos mostrar

como o modificador ajusta um aspecto do nome ao qual se refere, ativando um

dos frames/domínios a ele relacionados. Assim, é possível justificar o sentido

ativado do nome em questão – no caso, cabeça – a partir da possibilidade de

combinação entre o nome e o seu modificador, que, conforme os dados

recolhidos, apresenta-se sob forma de adjetivo ou SPrep.

A observação dos SNs em que cabeça é núcleo mostra o processo de

ajuste focal para a construção do sentido. Entretanto, verifica-se diferença

quando o SN é composto por cabeça + adjetivo ou quando é composto por

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107

cabeça+ SPrep. Isso justifica a separação dos compostos em dois grandes

grupos − os X adjs e os X SPrep.

No primeiro caso, tem-se o nome cabeça atualizado em termos do

domínio CABEÇA, ou seja, a construção cabeça + adjetivo implica,

necessariamente, que o significado ativado seja decorrente do frame de

cabeça e associe-se a propriedades de cabeça, embora seja o modificador que

vai indicar o MCI a ser acessado. Sendo assim, o significado da construção

lexical é dado, em sua maior parte, pelo item núcleo.

Para tratar dessa questão no âmbito da composição, Croft & Cruse

(2004) observam o ajuste de MCI na palavra stepmother (madrasta), em inglês.

Os autores destacam que em stepmother o domínio acessado é o de mãe;

todavia, o modificador step faz com que o domínio mãe não seja acessado na

sua totalidade, excluindo, por exemplo, a questão biológica, como “quem deu a

luz” e quem “amamentou”. Por outro lado, ativa o MCI de “esposa do pai”, de

“quem cuida” e de “quem orienta”, entre outros. Nesse caso o ajuste se dá

entre o aspecto do domínio adequado ao adjetivo que, por sua vez, empresta

ao significado do núcleo propriedades.

É o que se vê, por exemplo, em cabeça-dura, em que se reconhece o

aspecto físico e externo da cabeça – duro – como algo de difícil acesso,

resistente a choque, a pressões e, por extensão metafórica, algo difícil de

enfrentar, como se verifica em expressões como “trabalho duro”. Assim, ao

juntar-se com o núcleo cabeça, focaliza a dificuldade de aceitação, de

enfrentamento, de entendimento, fazendo com que cabeça-dura seja alguém

em cuja cabeça seja difícil de outras ideias entrarem, seja uma pessoa

teimosa, ligando-se ao frame de comportamento.

Page 108: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

108

O adjetivo tonta, em cabeça-tonta, indica que o referente ao qual ele se

liga tem tonteira ou vertigem, ficando, desse modo, atordoado. Então, um

referente cabeça-tonta é aquele que está atordoado, fora do seu juízo normal,

sem juízo.

O mesmo ocorre em cabeça-oca, em que o adjetivo oca indica a

propriedade de cabeça a ser considerada, contribuindo para um refinamento da

interpretabilidade do item. Além disso, por ser usado para falar de uma pessoa,

tem-se também a metonímia.

Em cabeça-chata, apelido que os nordestinos recebem, especialmente

os cearenses, chato refere-se a uma face plana, uniforme ou sem relevo.

Nesse caso, trata-se de uma cabeça que foge ao formato comum,

arredondado. Assim, o modificador, ao se juntar ao núcleo cabeça, passa a

designar, por metonímia, o próprio ser, que possui a propriedade de ter a

cabeça chata.

Os modificadores, quando em forma de SPrep, também fazem o ajuste

da referência no conjunto de propriedades da categoria, mas há a ativação de

dois domínios diferentes: o de cabeça e o do substantivo regido pela

preposição. Desse modo, o nome, regido de preposição, indica um novo

domínio, que pode estar nomeado concreta ou figurativamente.

Em cabeça-de-vento, o modificador de vento é tomado como falta de

concentração, pois percebemos, metonimicamente, a ação do vento sobre as

coisas, que, ao passar, desarruma e põe tudo para voar. Assim, cabeça-de-

vento elabora uma zona ativa em cabeça, como se a cabeça ou as ideias na

cabeça estivessem voando, soltas, não concentradas.

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109

Em cabeça-de-camarão também acontece uma metonímia, pois a

referência tomada em “camarão” é o fato de este animal ter fezes na cabeça.

Fezes são conceptualizadas em nossa cultura como algo negativo. O frame de

cabeça que está sendo focalizado nesta formação é a inteligência, ou melhor,

falta de inteligência, já que, cabeça-de-camarão designa alguém que tem fezes

na cabeça. Porém, mais uma vez, encontra-se a integração entre a metonímia

e a metáfora, já que essa formação também traz a analogia entre uma pessoa

e o camarão.

Em cabeça-de-área, o sintagma preposicional de área, sendo um

espaço horizontal, faz com que cabeça também tome essa dimensão horizontal

e, então, refere-se à posição à frente, pois se trata de uma posição pré-

determinada para o jogador que irá ocupá-la. Se tal posição fosse transformada

em vertical, corresponderia à posição superior. Essa noção se explica tendo

como base a metáfora conceptual STATUS SUPERIOR É PARA CIMA e a

explicação que segue de como a nossa base física interfere para isso foi

exposta na seção 5.1 deste capítulo.

Já em cabeça-de-campo, embora o modificador campo também seja

tomado como um espaço horizontal, campo associa-se ao local onde ocorre

uma vaquejada, ou seja, ao lugar onde se encontram os vaqueiros para uma

competição. Os vaqueiros não possuem uma posição fixa fisicamente, porém

possuem uma posição se levarmos em conta que se trata de uma competição

e que um dentre eles é o comandante da vaquejada. Sendo assim, nomeamos

o vaqueiro que está comandando a vaquejada de cabeça-de-campo.

O mesmo se dá com cabeça-de-chave, em que, se levarmos em conta

que se trata de uma competição, há uma posição para cada um dos

Page 110: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

110

competidores. Sendo assim, o lutador que está numa posição acima no

ranking, liderando a competição e com mais chance de ganhá-la é o cabeça-

de-chave.

Um pouco diferente ocorre com a construção cabeça-de-lista pois o

modificador de lista faz referência a uma enumeração/relação de nomes de

pessoas candidatas em um processo eleitoral. Dessa forma, o frame de cabeça

ativado é, novamente, o de posição, só que não em seu aspecto físico nem de

comando, mas sim concernente ao prestígio social que possui em relação à

comunidade/população votante. Por essa razão, a zona ativa perfilada pelo

modificador “de lista”, dentro do frame de cabeça, é a nobreza, o prestígio.

Com as análises apresentadas neste capítulo, finalmente esperamos ter

comprovado: 1) a hipótese de corporificação da mente 2) o papel das

metáforas e metonímias que instanciam os diversos sentidos de cabeça em

língua portuguesa; 3) a necessidade de nos inclinarmos mais detidamente

sobre o frame das palavras e suas possibilidades de sentido, a fim de explicar

as condições necessárias de interação entre o significado do item lexical, neste

caso, cabeça e as formações em que se insere; e 4) o significado das palavras,

expressões e enunciados linguísticos é composicional, conforme perspectiva

adotada neste trabalho.

Page 111: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

111

6. PALAVRAS FINAIS

Esta dissertação procurou investigar a polissemia e a produtividade da

palavra cabeça em língua portuguesa brasileira, à luz da Linguística Cognitiva.

Dessa maneira, esperamos, antes de mais nada, que este estudo tenha

ajudado a confirmar a Hipótese de Corporificação da Língua e a necessidade

de se estudarem os diversos sentidos de um único item lexical em suas

combinações e diferentes ocorrências levando em conta não só suas

extensões polissêmicas (metafóricas e metonímicas), mas também, deve-se

estudar o seu domínio ou frame, ou quando for o caso, seu domínio-matriz,

como na palavra cabeça. Extensões polissêmicas, por sua vez, devem ser

descritas sob a categorização com base em protótipos.

Concluímos que as bases de conhecimento – EIs, frames e MCIs –

contribuem de maneira crucial para a categorização da realidade e

conceptualização de novos referentes. Em especial, destacamos a atuação

maior dos EIs em relação aos MCIs, visto que os EIs são determinantes para a

conceptualização, por estarem relacionados às nossas experiências mais

básicas.

Observamos, ainda, que o fato de lidarmos constantemente com

entidades e de usarmos rotineiramente palavras que se ligam à experiência

cotidiana são insuficientes para explicar a polissemia, pois, embora esta seja,

em princípio, uma propriedade intrínseca de todos os elementos lexicais, vimos

que quanto mais um item relacionar-se a domínios básicos, mais estará apto a

extensões de sentido.

Page 112: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

112

Ademais, acreditamos que uma contribuição importante deste trabalho

tenha sido a tentativa de seguir, para uma descrição do português, a sugestão

de Sweetser (1999), de que o significado das expressões se dá

composicionalmente, sendo essa composicionalidade resultado da interação

existente entre o núcleo e os seus modificadores, e não um processo de soma

dos traços de significados presentes nos elementos que formam tal

composição.

Na verdade, o modificador, que, neste trabalho, se manifestou em forma

de adjetivo ou SPrep, atua de maneira a focalizar determinado aspecto dentro

do frame do elemento determinado − cabeça, “trabalhando” esses aspectos.

Além disso, quando os modificadores ocorrem sob forma de SPrep, pode haver

a ativação também do domínio do substantivo regido pela preposição.

Ainda há muito que pesquisar sobre a análise das formações lexicais

que incluem a palavra cabeça. Claro que a proposta apresentada aqui não

pretende esgotar a questão, e, por isso mesmo, dá margem ao

desenvolvimento de trabalhos futuros.

Um tema que pode ser revisto e, por conseguinte, gerar novos estudos

é o tratamento da composição como um fenômeno produtivo que forma

padrões em língua portuguesa, sendo uma unidade básica na língua, que

poderá ser descrita em termos de Construções Gramaticais.

Outra proposta de trabalho em aberto é a possibilidade de verificação

(ou não) das motivações para que o falante interprete as formações lexicais

analisadas no teste 2, descrito na metodologia, partindo de cabeça ou do

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113

elemento à direita, ou seja, qual desses itens servirá de base para as

extensões metafóricas ou metonímicas.

Além disso, pretendemos, mais adiante, prever se há regularidades em

termos de ocorrências com determinados verbos, ou seja, se as formações de

enunciados com cabeça podem ser agrupadas em termos de domínios

diferentes, se levarmos em conta os domínios semânticos ativados e as

estruturas sintáticas projetadas pelos verbos que compõem tais enunciados.

Ainda almejamos estudar as formações derivadas de cabeça, por

sufixação, como cabeceira, cabecel, cabeçote, cabeçal, e analisar tanto as

acepções quanto os domínios ativados de cabeça nessas palavras, e também

a noção de ajuste focal que pode ser propiciada pelo sufixo acrescido à base.

Por fim, ainda lançamos mão da possibilidade de desenvolvermos uma

rede semântica de cabeça a partir do tipo de formação morfossintática em que

o item lexical está inserido, sugerindo, mais uma vez, um estudo que leve em

conta os aspectos formais e semânticos inter-relacionados.

Resumindo, continuaremos quebrando a cabeça!

Page 114: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

114

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 120: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

120

ANEXOS

Anexo 1: Glossário – Corpora em ordem alfabética .................................... 121

Anexo 2: Corpora por tipo de formação morfossintática .............................. 128

Anexo 3: Corpora por fonte .......................................................................... 135

Anexo 4: Teste 2 - Respostas dos informantes ........................................... 140

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121

GLOSSÁRIO CORPORA

(em ordem alfabética) abrir a cabeça - tornar-se suscetível a idéias novas ou sensatas; alargar a

consciência

andar a cabeça à roda - estar tonto, sentir vertigem

andar com a cabeça ao léu - estar com a cabeça descoberta

assentar a cabeça - tornar-se sensato

atirar-se de cabeça – entregar-se totalmente a algo ou alguém

bater cabeça - dar cabeçada, agir impensadamente, desatinar

botar chifre em cabeça de cavalo - procurar significados ou imaginar problemas

que não existem

botar na cabeça - tomar uma decisão

cabeça ao mar - aproado em direção ao mar (diz-se de navio)

cabeça com cabeça - na mesma linha, emparelhado

cabeça coroada - membro da nobreza; pessoa com grande prestígio social,

político ou intelectual

cabeça cortadora - agulha de corte

cabeça d’água – fenômeno que se dá, quando, com as primeiras chuvas no alto

sertão, formam-se enxurradas que seguem pelos leitos dos rios até então secos;

aumento rápido e repentino do nível de um rio corrente ou cheio, devido a chuvas

nas cabeceiras ou em trechos mais altos de seu percurso.

cabeça da agulha – parte da agulha por onde passamos a linha.

cabeça da medida - canhoto (rubrica: artes gráficas)

cabeça de área – posição recuada no meio-campo, à frente dos zagueiros e da

grande área

cabeça de bater sola - cabeça-chata

cabeça de cartaz - o artista que graças à sua popularidade serve como chamariz

de público para um espetáculo

cabeça de clichê - título que se coloca acima de foto ou ilustração em uma

chamada ou matéria jornalística

cabeça de cobra - Careca, desprovido de cabelo, o popular kojac.

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122

cabeça de comarca - cidade onde está situado o foro nas comarcas compostas

de várias cidades

cabeça de cor - dispositivo, instalado na extremidade de um ampliador, que

altera a cor de uma reprodução fotográfica por meio de filtros

cabeça de cotonete - Apelido referenciado a uma pessoa que tem cabelo branco

envelhecido com o tempo.

cabeça de distrito - sede de um distrito

cabeça de escrita – cabeça de leitura de um disco rígido

cabeça de gelo - expressão usada para acalmar pessoas que estão com a

cabeça quente por algum motivo

cabeça de giz - guarda de trânsito (por usar capacete branco)

cabeça de gravação - cabeça magnética usada para gravar sinais em uma fita

cabeça de guidão - chato, mala sem alça, mané

cabeça de impressão – cartucho para impressora

cabeça de leitura – cabeça de gravação

cabeça de lista - o candidato que está em primeiro lugar numa lista que vá a

eleições

cabeça de melão - cabeça nas nuvens, cabeça-no-ar, pessoa distraída

cabeça de minhoca - Não tem nada de relevante dentro da cabeça. Só fala

besteira e bobagens

cabeça de página - cabeçalho, o alto de uma página impressa

cabeça de proa - carranca ('cabeça') (Rubrica: etnografia)

cabeça de rede - emissora responsável pela transmissão de um programa ou

programação em rede, ou que controla uma rede

cabeça de teta - Pessoa que não pensa no que faz, inconseqüente, tresloucada.

cabeça de tripé - dispositivo basculante que se adapta à parte superior de um

tripé de modo a permitir movimentos variados da câmera sobre seu eixo

cabeça do arreio - parte superior e dianteira de uma sela, onde se segura para

montar

cabeça do leme - parte superior da madre do leme

cabeça do molde - parte superior do molde da linotipo, que se embute nas guias

da sapata, situando-se entre essas duas peças os alinhadores ou medidas que

determinam o comprimento da linha e o corpo a ser composto

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123

cabeça do pênis – glande do pênis

cabeça do prego – parte superior, arredondada e mais achatada do prego

cabeça feita - pessoa decidida, com opinião própria

cabeça fraca – pessoa influenciável, que se deixa convencer

cabeça fria - tranquilidade espiritual, serenidade, equilíbrio

cabeça gravadora - agulha de corte

cabeça magnética - num gravador, dispositivo que lê ou apaga sinais

magnéticos na fita

cabeça nas nuvens - distarído, cabeça-no-ar, cabeça-leve

cabeça oca - pessoa sem ideia, bobão, com a cabeça vazia

cabeça quente - nervoso

cabeça tabulada - abertura de um conjunto de informações recebidas de várias

agências de notícias, na qual são mencionadas as diversas cidades de origem

Cabeça-amarga – peixe

cabeça-branca – ave

cabeça-chata – apelido que recebem os nordestinos, especialmente os

cearences

cabeça-de-alho-chocho - uma pessoa distraída, esquecida, ou que nesse

momento não foi particularmente inteligente no que disse ou fez

Cabeça-de-arroz – indivíduo vazio, frívolo

cabeça-de-bagre – jogador medíocre ou ruim; pessoa burra

cabeça-de-boi – pessoa estúpida, burra

Cabeça-de-bonzo – sopa em que se cozinha em banho-maria na casca de uma

abóbora-camalenga

cabeça-de-burro – peixe

cabeça-de-camarão – pessoa burra

cabeça-de-campo – vaqueiro que comanda a vaquejada

cabeça-de-carneiro – calcário de aspecto peculiar, encontrado em depósitos

submersos dos quais extraído para obtenção de cal.

cabeça-de-casal – o que tem posse e a administração dos bens do falecido até a

partilha

cabeça-de-chave – em cada uma das chaves de um torneio, o jogador ou a

equipe que tem mais chances de se classificar para a etapa seguinte

Page 124: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

124

cabeça-de-coco – indivíduo desatento, avoado

Cabeça-de-cuia - ser imaginário com cabeça em forma de cuia que vive dentro

do rio Parnaíba, afoga pessoas que nele se banham na época das cheias e

devora as cada sete anos uma moça chamada Maria

cabeça-de-cutia – planta

cabeça-de-destrinça – cabecel

cabeça-de-ferro – peixe

Cabeça-de-fogo – ave

Cabeça-de-frade – planta

Cabeça-de-galo – pirão bem temperado no qual são geralmente diluídos ovos,

que ficam cozidos e integrados à papa

Cabeça-de-jacaré – arenito (pedra)

Cabeça-de-leão – peixe

Cabeça-de-martelo – ave

Cabeça-de-medusa – dilatação das veias da parede anterior do abdome,

formando uma rede na região periumbilical por obstrução ou hipertensão da veia

da porta (como na cirrose hepática); Algo ou alguém que impressiona, espanta

ou amedronta por sua feiúra.

Cabeça-de-monge – planta

Cabeça-de-negro – artefato explosivo em pequeno pacote, geralmente de papel

resistente, cheio de pólvora e amarrado dos dois lados, com uma cabeça de

fósforo em um dos lados para ser riscada e transmitir fogo à pólvora, que explode

com grande estrondo; bomba.

Cabeça-de-nós-todos – cabeça (humana) muito grande

Cabeça-de-onça – planta

Cabeça-de-ouro – ave

Cabeça-de-padre – planta

Cabeça-de-pedra – ave

Cabeça-de-ponte – posição fortificada mais ou menos provisória, que a

vanguarda de um exército invasor estabelece para além de um obstáculo natual,

geralmente em território inimigo, para garantir o acesso de tropas, armamentos e

provisões à frente de combate. Posição semelhante, mantida por um exército

para possibilitar eventuais travessias ou desembarques ulteriores, em caso de

Page 125: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

125

ofensiva.

Cabeça-de-porco – cortiço. Prédio de muitos apartamentos pequenos.

Cabeça-de-prata - ave

Cabeça-de-prego – acne

Cabeça-de-preguiça – planta

Cabeça-de-sapo – animal

Cabeça-de-tomate – peixe

Cabeça-de-urubu – planta

Cabeça-de-velha – ave

Cabeça-de-velho – ave

Cabeça-de-vento – pessoa que não age com atenção, bom senso, prudência ou

responsabilidade

Cabeça-de-vidro – inseto

cabeça-do-martelo – parte superior do martelo, que usamos para martelar.

Cabeça-do-prazo – inseto

Cabeça-dura – indivíduo que não tem capacidade de entender ou de aprender;

pessoa estúpida, sem inteligência ou sem instrução. Indivíduo teimoso, insistente

ou obstinado; pessoa que não se deixa convencer ou que não aceita opiniões,

argumentos, conselhos ou advertências de outrem

Cabeça-dura-focinho-de-rato – peixe

Cabeça-dura-prego – peixe

Cabeça-dura-relógio – peixe

Cabeça-encarnada – ave

Cabeça-inchada – paixão ou amor por alguém. Atribulação na relação amorosa.

Dor-de-cotovelo. Decepção causada por derrota, especialmente relacionada com

esportes

Cabeça-leve – cabeça-de-vento

Cabeça-no-ar – cabeça-de-vento

Cabeça-preta – ave

Cabeça-rapada – padre católico

Cabeça-seca – ave

Cabeça-tonta – pessoa que não tem juízo ou bom senso, leviana, estouvada

Cabeça-vermelha – ave

Page 126: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

126

cortar a cabeça de - matar, executar

dar cabo da cabeça – preocupar, afligir

dar com a cabeça nas paredes – cometer desatinos

dar de comer à cabeça- no candomblé e seitas afins, submeter-se ao bori

dar na cabeça - tomar uma decisão inesperada, surpreendente

de cabeça alta - cabeça erguida

de cabeça baixa - cheio de vergonha, submisso, humilhado

de cabeça erguida/levantada - cheio de orgulho, altivo, de cabeça alta

enterrar a cabeça do boi - prolongar as comemorações de Natal até o primeiro

domingo seguinte à festa

entrar de cabeça - dar-se inteiramente a, pôr-se a serviço de

esfriar a cabeça - relaxar

esquentar a cabeça - ficar preocupado, afligir-se

estar à cabeça de – participar, estar à frente de, liderar

estar com a cabeça fora do lugar – desajuizado

estar com cabeça - estar pronto, preparado, concentrado para realizar algo.

estar sem cabeça - estar sem condições de pensar, de raciocinar

fazer a cabeça - convencer, levar alguém a mudar um ponto de vista

levantar a cabeça - recuperar-se moral e/ou financeiramente

levar na cabeça - sair-se mal num empreendimento, ter prejuízo, tomar na

cabeça

meter de cabeça - dar corcovos, pinotes, corcovear

meter na cabeça - convencer-se teimosamente, resolver, cismar

meter na cabeça de - inculcar em alguém uma idéia, uma vontade etc.

passar pela cabeça - pensar

perder a cabeça – perder a calma, agir irrefletidamente, sair do auto controle

pôr a cabeça em água - cansar, extinguir a paciência

pôr a cabeça pra funcionar - pensar de forma inteligente, chegar a uma

conclusão esperada

pôr minhoca na cabeça - criar ou refletir sobre problemas inexistentes

pôr na cabeça - cismar

quebrar a cabeça - Aplicar-se com esmero e dedicação para dar solução a um

problema; pensar muito sobre um tema

Page 127: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

127

querer a cabeça de - querer a captura e/ou morte de alguém; exigir a demissão

de alguém.

saber onde tem a cabeça - ter juízo e maturidade, ser equilibrado; ter a cabeça

no lugar

sem pés nem cabeça – confuso, sem sentido

subir à cabeça - sentir-se muito importante, poderoso, glorificado.

ter a cabeça a prêmio - ser objeto de recompensa em caso de captura ou de

indicação de pista que auxilie a captura

ter a cabeça no lugar - saber onde tem a cabeça

ter cabeça para - ser apto ou hábil para; ter disposição ou paciência para.

ter cabeça, tronco e membros - algo que tem uma ordem sequencial

ter macaquinhos na cabeça - significa estar com ideias inadequadas em

relação aos assuntos a ser tratados

tomar na cabeça - levar na cabeça

usar a cabeça - proceder com habilidade e inteligência

virar a cabeça - modificar para pior a forma de comportamento, perder o juízo

virar a cabeça de - influenciar alguém a virar a cabeça

Page 128: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

128

CORPORA (por tipo de formação morfossintática)

Cabeça + Adjetivo

1. Cabeça-amarga – peixe

2. cabeça-branca – ave

3. cabeça-chata – apelido que recebem os nordestinos, especialmente os cearences

4. Cabeça-dura – indivíduo que não tem capacidade de entender ou de aprender; pessoa estúpida, sem inteligência ou sem instrução. Indivíduo teimoso, insistente ou obstinado; pessoa que não se deixa convencer ou que não aceita opiniões, argumentos, conselhos ou advertências de outrem

5. Cabeça-dura-focinho-de-rato – peixe

6. Cabeça-dura-prego – peixe

7. Cabeça-dura-relógio – peixe

8. Cabeça-encarnada – ave

9. Cabeça-inchada – paixão ou amor por alguém. Atribulação na relação amorosa. Dor-de-cotovelo. Decepção causada por derrota, especialmente relacionada com esportes

10. Cabeça-leve – cabeça-de-vento

11. Cabeça-preta – ave

12. Cabeça-rapada – padre católico

13. Cabeça-seca – ave

14. Cabeça-tonta – pessoa que não tem juízo ou bom senso, leviana, estouvada

15. Cabeça-vermelha – ave

16. cabeça coroada - membro da nobreza; pessoa com grande prestígio social, político ou intelectual

17. cabeça cortadora - agulha de corte

18. cabeça fraca – pessoa influenciável, que se deixa convencer

19. cabeça feita - pessoa decidida, com opinião própria

20. cabeça fria - tranquilidade espiritual, serenidade, equilíbrio

21. cabeça gravadora - agulha de corte

22. cabeça magnética - num gravador, dispositivo que lê ou apaga sinais magnéticos na fita

23. cabeça oca - pessoa sem ideia, bobão, com a cabeça vazia

Page 129: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

129

24. cabeça quente - nervoso

25. cabeça tabulada - abertura de um conjunto de informações recebidas de várias agências de notícias, na qual são mencionadas as diversas cidades de origem

26. de cabeça alta - cabeça erguida

27. de cabeça baixa - cheio de vergonha, submisso, humilhado

28. de cabeça erguida/levantada - cheio de orgulho, altivo, de cabeça alta

Cabeça + SPrep

29. cabeça d’água – fenômeno que se dá, quando, com as primeiras chuvas no alto sertão, formam-se enxurradas que seguem pelos leitos dos rios até então secos; aumento rápido e repentino do nível de um rio corrente ou cheio, devido a chuvas nas cabeceiras ou em trechos mais altos de seu percurso.

30. cabeça da agulha – parte da agulha por onde passamos a linha.

31. cabeça da medida - canhoto (rubrica: artes gráficas)

32. cabeça de área – posição recuada no meio-campo, à frente dos zagueiros e da grande área

33. Cabeça-de-arroz – indivíduo vazio, frívolo

34. cabeça-de-bagre – jogador medíocre ou ruim; pessoa burra

35. cabeça-de-boi – pessoa estúpida, burra

36. Cabeça-de-bonzo – sopa em que se cozinha em banho-maria na casca de uma abóbora-camalenga

37. cabeça-de-burro – peixe

38. cabeça-de-camarão – pessoa burra

39. cabeça-de-campo – vaqueiro que comanda a vaquejada

40. cabeça-de-carneiro – calcário de aspecto peculiar, encontrado em depósitos submersos dos quais extraído para obtenção de cal.

41. cabeça-de-casal – o que tem posse e a administração dos bens do falecido até a partilha

42. cabeça-de-chave – em cada uma das chaves de um torneio, o jogador ou a equipe que tem mais chances de se classificar para a etapa seguinte

43. cabeça-de-coco – indivíduo desatento, avoado

44. Cabeça-de-cuia - ser imaginário com cabeça em forma de cuia que vive dentro do rio Parnaíba, afoga pessoas que nele se banham na época

Page 130: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

130

das cheias e devora as cada sete anos uma moça chamada Maria

45. cabeça-de-cutia – planta

46. cabeça-de-destrinça – cabecel

47. cabeça-de-ferro – peixe

48. Cabeça-de-fogo – ave

49. Cabeça-de-frade – planta

50. Cabeça-de-galo – pirão bem temperado no qual são geralmente diluídos ovos, que ficam cozidos e integrados à papa

51. Cabeça-de-jacaré – arenito (pedra)

52. Cabeça-de-leão – peixe

53. Cabeça-de-martelo – ave

54. Cabeça-de-medusa – dilatação das veias da parede anterior do abdome, formando uma rede na região periumbilical por obstrução ou hipertensão da veia da porta (como na cirrose hepática); Algo ou alguém que impressiona, espanta ou amedronta por sua feiúra.

55. Cabeça-de-monge – planta

56. Cabeça-de-negro – artefato explosivo em pequeno pacote, geralmente de papel resistente, cheio de pólvora e amarrado dos dois lados, com uma cabeça de fósforo em um dos lados para ser riscada e transmitir fogo à pólvora, que explode com grande estrondo; bomba.

57. Cabeça-de-nós-todos – cabeça (humana) muito grande

58. Cabeça-de-onça – planta

59. Cabeça-de-ouro – ave

60. Cabeça-de-padre – planta

61. Cabeça-de-pedra – ave

62. Cabeça-de-ponte – posição fortificada mais ou menos provisória, que a vanguarda de um exército invasor estabelece para além de um obstáculo natual, geralmente em território inimigo, para garantir o acesso de tropas, armamentos e provisões à frente de combate. Posição semelhante, mantida por um exército para possibilitar eventuais travessias ou desembarques ulteriores, em caso de ofensiva.

63. Cabeça-de-porco – cortiço. Prédio de muitos apartamentos pequenos.

64. Cabeça-de-prata - ave

65. Cabeça-de-prego – acne

66. Cabeça-de-preguiça – planta

67. Cabeça-de-sapo – animal

68. Cabeça-de-tomate – peixe

Page 131: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

131

69. Cabeça-de-urubu – planta

70. Cabeça-de-velha – ave

71. Cabeça-de-velho – ave

72. Cabeça-de-vento – pessoa que não age com atenção, bom senso, prudência ou responsabilidade

73. Cabeça-de-vidro – inseto

74. Cabeça-do-prazo – inseto

75. Cabeça-no-ar – cabeça-de-vento

76. cabeça ao mar - aproado em direção ao mar (diz-se de navio)

77. cabeça com cabeça - na mesma linha, emparelhado

78. cabeça de cartaz - o artista que graças à sua popularidade serve como chamariz de público para um espetáculo

79. cabeça-de-alho-chocho - uma pessoa distraída, esquecida, ou que nesse momento não foi particularmente inteligente no que disse ou fez

80. cabeça de bater sola - cabeça-chata

81. cabeça de clichê - título que se coloca acima de foto ou ilustração em uma chamada ou matéria jornalística

82. cabeça de cobra - Careca, desprovido de cabelo, o popular kojac.

83. cabeça de comarca - cidade onde está situado o foro nas comarcas compostas de várias cidades

84. cabeça de cor - dispositivo, instalado na extremidade de um ampliador, que altera a cor de uma reprodução fotográfica por meio de filtros

85. cabeça de cotonete - Apelido referenciado a uma pessoa que tem cabelo branco envelhecido com o tempo.

86. cabeça de distrito - sede de um distrito

87. cabeça de escrita – cabeça de leitura de um disco rígido

88. cabeça de gelo - expressão usada para acalmar pessoas que estão com a cabeça quente por algum motivo

89. cabeça de giz - guarda de trânsito (por usar capacete branco)

90. cabeça de gravação - cabeça magnética usada para gravar sinais em uma fita

91. cabeça de guidão - chato, mala sem alça, mané

92. cabeça de impressão – cartucho para impressora

93. cabeça de leitura – cabeça de gravação

94. cabeça de lista - o candidato que está em primeiro lugar numa lista que vá a eleições

95. cabeça de melão - cabeça nas nuvens, cabeça-no-ar, pessoa distraída

Page 132: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

132

96. cabeça de minhoca - Não tem nada de relevante dentro da cabeça. Só fala besteira e bobagens

97. cabeça de página - cabeçalho, o alto de uma página impressa

98. cabeça de proa - carranca ('cabeça') (Rubrica: etnografia)

99. cabeça de rede - emissora responsável pela transmissão de um programa ou programação em rede, ou que controla uma rede

100. cabeça de teta - Pessoa que não pensa no que faz, inconseqüente, tresloucada.

101. cabeça de tripé - dispositivo basculante que se adapta à parte superior de um tripé de modo a permitir movimentos variados da câmera sobre seu eixo

102. cabeça do arreio - parte superior e dianteira de uma sela, onde se segura para montar

103. cabeça do leme - parte superior da madre do leme

104. cabeça do molde - parte superior do molde da linotipo, que se embute nas guias da sapata, situando-se entre essas duas peças os alinhadores ou medidas que determinam o comprimento da linha e o corpo a ser composto

105. cabeça-do-martelo – parte superior do martelo, que usamos para martelar.

106. cabeça do pênis – glande do pênis

107. cabeça do prego – parte superior, arredondada e mais achatada do prego

108. cabeça nas nuvens - distarído, cabeça-no-ar, cabeça-leve

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS / LEXICALIZADAS

109. abrir a cabeça - tornar-se suscetível a idéias novas ou sensatas; alargar a consciência

110. andar a cabeça à roda - estar tonto, sentir vertigem

111. andar com a cabeça ao léu -estar com a cabeça descoberta

112. assentar a cabeça - tornar-se sensato

113. atirar-se de cabeça – entregar-se totalmente a algo ou alguém

114. botar chifre em cabeça de cavalo - procurar significados ou imaginar problemas que não existem

115. bater cabeça - dar cabeçada, agir impensadamente, desatinar

116. botar na cabeça - tomar uma decisão

Page 133: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

133

117. cortar a cabeça de - matar, executar

118. dar cabo da cabeça – preocupar, afligir

119. dar com a cabeça nas paredes – cometer desatinos

120. dar de comer à cabeça- no candomblé e seitas afins, submeter-se ao bori

121. dar na cabeça - tomar uma decisão inesperada, surpreendente

122. enterrar a cabeça do boi - prolongar as comemorações de Natal até o primeiro domingo seguinte à festa

123. entrar de cabeça - dar-se inteiramente a, pôr-se a serviço de

124. esfriar a cabeça - relaxar

125. esquentar a cabeça - ficar preocupado, afligir-se

126. estar à cabeça de – participar, estar à frente de, liderar

127. estar com a cabeça fora do lugar – desajuizado

128. estar com cabeça - estar pronto, preparado, concentrado para realizar algo.

129. estar sem cabeça - estar sem condições de pensar, de raciocinar

130. fazer a cabeça - convencer, levar alguém a mudar um ponto de vista

131. levantar a cabeça - recuperar-se moral e/ou financeiramente

132. levar na cabeça - sair-se mal num empreendimento, ter prejuízo, tomar na cabeça

133. meter de cabeça - dar corcovos, pinotes, corcovear

134. meter na cabeça -convencer-se teimosamente, resolver, cismar

135. meter na cabeça de - inculcar em alguém uma idéia, uma vontade etc.

136. passar pela cabeça - pensar

137. perder a cabeça – perder a calma, agir irrefletidamente, sair do auto controle

138. pôr a cabeça em água - cansar, extinguir a paciência

139. pôr a cabeça pra funcionar - pensar de forma inteligente, chegar a uma conclusão esperada

140. pôr minhoca na cabeça - criar ou refletir sobre problemas inexistentes

141. pôr na cabeça - cismar

142. quebrar a cabeça - Aplicar-se com esmero e dedicação para dar solução a um problema; pensar muito sobre um tema

143. querer a cabeça de - querer a captura e/ou morte de alguém;

Page 134: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

134

exigir a demissão de alguém.

144. saber onde tem a cabeça - ter juízo e maturidade, ser equilibrado; ter a cabeça no lugar

145. sem pés nem cabeça – confuso, sem sentido

146. subir à cabeça - sentir-se muito importante, poderoso, glorificado.

147. ter a cabeça no lugar - saber onde tem a cabeça

148. ter a cabeça a prêmio - ser objeto de recompensa em caso de captura ou de indicação de pista que auxilie a captura

149. ter cabeça para - ser apto ou hábil para; ter disposição ou paciência para.

150. ter cabeça, tronco e membros - algo que tem uma ordem sequencial

151. ter macaquinhos na cabeça - significa estar com ideias inadequadas em relação aos assuntos a ser tratados

152. tomar na cabeça - levar na cabeça

153. usar a cabeça - proceder com habilidade e inteligência

154. virar a cabeça - modificar para pior a forma de comportamento, perder o juízo

155. virar a cabeça de - influenciar alguém a virar a cabeça

Page 135: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

135

CORPORA (por fonte)

HOUASSIS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0. Instituto Antonio Houaiss. Dezembro de 2001. CD-ROM. Produzido por Editora Objetiva.

1. Cabeça ao mar 2. Cabeça cortadora 3. cabeça d’água 4. cabeça de área 5. Cabeça-amarga 6. cabeça-branca 7. cabeça-chata 8. Cabeça-de-arroz 9. cabeça-de-bagre 10. cabeça-de-boi 11. Cabeça-de-bonzo 12. cabeça-de-burro 13. cabeça-de-camarão 14. cabeça-de-campo 15. cabeça-de-carneiro 16. cabeça-de-casal 17. cabeça-de-chave 18. cabeça-de-coco 19. Cabeça de comarca 20. Cabeça-de-cuia 21. cabeça-de-cutia 22. cabeça-de-destrinça 23. cabeça-de-ferro 24. Cabeça-de-fogo 25. Cabeça-de-frade 26. Cabeça-de-galo 27. Cabeça-de-jacaré 28. Cabeça-de-leão 29. Cabeça-de-martelo 30. Cabeça-de-medusa 31. Cabeça-de-monge 32. Cabeça-de-negro 33. Cabeça-de-nós-todos 34. Cabeça-de-onça 35. Cabeça-de-ouro 36. Cabeça-de-padre

Page 136: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

136

37. Cabeça-de-pedra 38. Cabeça-de-ponte 39. Cabeça-de-porco 40. Cabeça-de-prata 41. Cabeça-de-prego 42. Cabeça-de-preguiça 43. Cabeça-de-sapo 44. Cabeça-desmiolada 45. Cabeça-de-tomate 46. Cabeça-de-urubu 47. Cabeça-de-velha 48. Cabeça-de-velho 49. Cabeça-de-vento 50. Cabeça-de-vidro 51. Cabeça-do-prazo 52. Cabeça-dura 53. Cabeça-dura-focinho-de-rato 54. Cabeça-dura-prego 55. Cabeça-dura-relógio 56. Cabeça-encarnada 57. Cabeça-inchada 58. Cabeça-leve 59. Cabeça-no-ar 60. Cabeça-pitanga 61. Cabeça-preta 62. Cabeça-rapada 63. Cabeça-seca 64. Cabeça-tonta 65. Cabeça-vermelha 66. Cabeça de distrito 67. Cabeça de giz 68. Cabeça de gravação 69. Cabeça de página 70. Cabeça de proa 71. Cabeça de rede 72. Cabeça do arreio 73. Cabeça do leme 74. Cabeça do molde 75. Cabeça gravadora 76. Cabeça magnética 77. Cabeça tabulada

Page 137: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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www.google.com.br

1. andar com a cabeça à roda 2. cabeça com cabeça 3. cabeça de bater sola 4. cabeça de cartaz 5. Cabeça de clichê 6. cabeça de cobra 7. Cabeça de cor 8. Cabeça de cotonete 9. cabeça de escrita 10. Cabeça de gelo 11. Cabeça de guidão 12. cabeça de impressão 13. cabeça de leitura 14. cabeça de lista 15. cabeça de medida 16. Cabeça de melão 17. Cabeça de minhoca 18. cabeça do prego 19. Cabeça de teta 20. Cabeça de tripé 21. cabeça-de-alho-chocho 22. cada cabeça sua sentença 23. dar cabo da cabeça 24. dar com a cabeça nas paredes 25. Dar de comer à cabeça 26. de cabeça levantada 27. Enterrar a cabeça do boi 28. estar à cabeça de 29. meter na cabeça 30. passar pela cabeça 31. perder a cabeça 32. pôr a cabeça em água 33. Ter a cabeça a prêmio 34. Ter cabeça, tronco e membros 35. Ter macaquinhos na cabeça

Page 138: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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Introspecção:

1. abrir a cabeça 2. andar com a cabeça ao léu 3. assentar a cabeça 4. atirar-se de cabeça 5. Bater cabeça 6. botar chifre em cabeça de cavalo 7. botar na cabeça 8. cabeça baixa 9. cabeça da agulha 10. Cabeça do pênis 11. cabeça erguida 12. cabeça feita 13. Cabeça fraca 14. cabeça nas nuvens 15. cabeça oca 16. cabeça quente 17. cortar a cabeça 18. dar na cabeça 19. Entrar de cabeça 20. esfriar a cabeça 21. esquentar a cabeça 22. estar com a cabeça fora do lugar 23. estar com cabeça 24. estar sem cabeça 25. fazer a cabeça 26. Levantar a cabeça 27. levar na cabeça 28. meter de cabeça 29. Meter na cabeça de 30. pôr a cabeça pra funcionar 31. pôr minhoca na cabeça 32. pôr na cabeça 33. quebrar a cabeça 34. querer a cabeça de 35. saber onde tem a cabeça 36. Sem pés nem cabeça 37. subir à cabeça 38. Ter a cabeça no lugar 39. ter cabeça para

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139

40. tomar na cabeça 41. usar a cabeça 42. virar a cabeça 43. virar a cabeça de

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140

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Superior Idade: 35 anos Sexo: feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto mais alto da serra. Eu cheguei na cabeça da serra escalando.

Cabeça de sorvete

Última bola do sorvete. A cabeça do meu sorvete sempre cai.

Cabeça de prédio

Cobertura A cabeça do prédio é sempre mais cara.

Cabeça forte

Pessoa que tem suas própias concepções de proceder.

Pôxa você tem uma cabeça forte!

Com a cabeça no vento

Cabeça fora do automóvel. Adoro ficar com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa sem juízo. Você tem uma cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

A pessoa forte emocionalmente em uma relação.

Ele é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabo de vassoura. Você tem uma cabeça-de-pau para segurar a porta?

Partir da cabeça

Começar pela cabeça. A brincadeira vai começar a partir da cabeça.

Cabeça furada

Pessoa que esquece alguma coisa.

Minha cabeça está furada.

Cabeça de forno

Pessoa que se irrita facilmente. O cabeça de forno do meu vizinho mandou baixar o som.

Cabeça-de-escola

Líder Ele é o cabeça da escola.

Cabeça de porta

Umbral A cabeça da porta está solta.

Cabeça de rio

Nascente do rio. A cabeça do Rio Tietê é limpíssima.

Cabeça-de-chave

Favoritos de um campeonato. A Fifa anunciou quais serão os oito cabeças de chave.

Page 141: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

141

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior completo Idade: 21 Sexo: Masculino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Alto de uma montanha Meu primo escalou até a cabeça da serra semana passada.

Cabeça de sorvete

Pessoa burra Mariquinha é uma cabeça de sorvete. Está sempre perdoando as traições do marido.

Cabeça de prédio

Síndico Seu Osmar foi eleito para cabeça de prédio.

Cabeça forte

Inteligência, talento Joãozinho tem cabeça-forte para música.

Com a cabeça no vento

Andar desligado Jacobino anda com a cabela no vento depois que conheceu aquela mulher.

Cabeça-de-bagre

Lugar ruim O restaurante da esquina é uma cabeça-de-bagre! A comida é horrível!

Cabeça de relação

? ?

Cabeça-de-pau

Pessoa burra Maria é uma cabeça-de-pau! Só tira nota baixa.

Partir da cabeça

Ter idéia A idéia partiu da cabeça do Joãozinho.

Cabeça furada

Pessoa esquecida Joana é uma cabeça furada que só vendo! Pedi para comprar banana e me trouxe peixe.

Cabeça de forno

Câmara de vedação O técnico trabalhou para solucionar o problema na cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Mestre Fulano foi meu cabeça-de-escola no ensino médio.

Cabeça de porta

Pessoa turrona, teimosa Hélter é um cabeça de porta! Ninguém consegue convencê-lo de que está errado.

Cabeça de rio

Nascente de rio A cabeça de rio está poluída.

Cabeça-de-chave

Principal time dentro de um grupo no futebol

A seleção brasileira é cabeça-de-chave do grupo G.

Page 142: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

142

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Mestrado Idade: 31 anos Sexo: feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

O ponto mais alto da serra Ele escalou até a cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Pessoa que tem ‘cabeça fraca’, mole

Francisco é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

A parte alta do prédio Ele subiu até a cabeça do prédio para se jogar

Cabeça forte

Pessoa que não titubeia ou que lembra bem das coisas

Mariana tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Delirando, pensando bobagem Ela se deixou ficar com a cabeça no vento após a conversa.

Cabeça-de-bagre

Cabeça fraca Mateus é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Quem manda na relação O marido gosta de ocupar a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça dura Beatriz é uma cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Partir do próprio pensamento A ideia do evento partiu da cabeça de João.

Cabeça furada

Cabeça oca, vazia Hoje o Sandro está com a cabeça furada

Cabeça de forno

A parte mais funda do forno. O pudim deve ser colocado bem na cabeça do forno, para assar bem.

Cabeça-de-escola

O chefe da turma, o líder Paulo é um cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

A parte de cima da porta Rafael pintou a cabeça da porta.

Cabeça de rio

Onde nasce o rio, fonte Na cabeça do rio a água é ferruginosa.

Cabeça-de-chave

Pode estar relacionado a futebol, ao time que é lider da chave no campeonato

Esperamos que a seleção brasileira seja a cabeça-de-chave na Copa do Mundo.

Page 143: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

143

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: pós-graduada (especialista) Idade: 39 Sexo: fem.

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase

Cabeça da serra

topo Estávamos na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Bola (no sorvete de casquinha) Tomei 1 cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Topo, alto Os operários estão na cabeça do prédio

Cabeça forte

Sensato, equilibrado Ele tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Aéreo, distante Está com a cabeça no vento?

Cabeça-de-bagre

Sem inteligência, ignorante Esse menino é um cabeça de bagre.

Cabeça de relação

Chefe, dominador Ela é a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Intransigente (cabeça-dura), teimoso

Ela é muito cabeça-de-pau, muito teimosa.

Partir da cabeça

Pensado, raciocinado, elaborado.

Isso partiu da minha cabeça.

Cabeça furada

Cabeça-oca, sem inteligência Ela só faz besteira. É uma cabeça furada.

Cabeça de forno

Cabeça quente, explosivo, nervoso

Acalme-se. Você está com cabeça de forno: quente!

Cabeça-de-escola

Letrado, culto Esse menino é cabeça-de-escola, sabe tudo.

Cabeça de porta

Cabeça dura, inflexível, intransigente

Ela é muito cabeça de porta. Não volta atrás de jeito nenhum.

Cabeça de rio

nascente Nadaram desde a cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

principal O Brasil é cabeça-de-chave do grupo F.

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino superior Idade: 24 Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Não sei

Cabeça de sorvete

Uma pessoa que tem a cabeça fria, bem tranquilo e calmo

Nada atrapalha Fernanda, ela tem cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Um cara que pensa alto Ele tem cabeça de prédio, tem ambição

Cabeça forte

Não sei

Com a cabeça no vento

Uma pessoa desligada Sou uma cabeça de vento.

Cabeça-de-bagre

Uma pessoa burra Ele é um cabeça de bagre

Cabeça de relação

Não sei

Cabeça-de-pau

Não sei

Partir da cabeça

Não sei

Cabeça furada

Uma pessoa que não tem nada de bom na cabeça.

Carla tem a cabeça furada, nada ela tem na cabeça.

Cabeça de forno

O cara que se aborrece com qualquer coisa.

Cara! Vivi tem a cabeça de forno, se aborrece com tudo e todos!

Cabeça-de-escola

Não sei

Cabeça de porta

É o cara que é desprovido de inteligência

João é um cabeça de porta, muito burro!

Cabeça de rio

Onde nasce o rio. Aqui é a cabeça do rio, onde ele nasce.

Cabeça-de-chave

Uma ferramenta. Pegue a cabeça-de-chave para mim, Carla.

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145

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Cursando o 3° grau Idade: 21 anos Sexo: feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cume, ápice da serra Não acreditei quando vi aquela casinha na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Bola de sorvete Nina derrubou a cabeça do sorvete no chão.

Cabeça de prédio

Cobertura do prédio Meu rimão mora na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Aquele que não se deixa influenciar facilmente

Renata é uma menina que tem a cebeça forte.

Com a cabeça no vento

distraído Paula só anda com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Estúpido, idiota Sérgio é o maior cabeça d ebagre que já conheci.

Cabeça de relação

Aquele que manda na relação Beto é o cabeça da relação; Carol faz tudo o que ele manda.

Cabeça-de-pau

“cabeça dura”, inflexível Zeca disse que não vai voltar atrás em sua decisão. Ele é um cabeça-de-pau mesmo.

Partir da cabeça

Partir de cima Para eliminarmos nossos concorrentes, temos que partir da cabeça.

Cabeça furada

Aquele que esquece as coisas facilmente

Gustavo não me ligou no dia do meu aniversário. Ele sempre foi teve a cabeça furada mesmo...

Cabeça de forno

Aquele que se estressa com facilidade.

Marcos é um cabeça de forno; vive arranjando confusão.

Cabeça-de-escola

“CDF”, pessoa muito dedicada aos estudos

Ricardo é um cabeça-de-escola; ele tira 10 em tudo!

Cabeça de porta

Burro, cabeça vazia Pedrinho não cosegue aprender matemática; ele tem a cebeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente do rio A cabeça desse rio fica lá em Minas Gerais.

Cabeça-de-chave

Pessoa reservada, tímida, que não fala muito sobre sua vida pessoal

Maria é uma cabeça-de-chave, ninguém consegue advinhar seus pensamentos.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior incompleto Idade: 20 Sexo: Masculino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Tonto Ele é um cabeça de sorvete mesmo, um bobão.

Cabeça de prédio

Cabeça enorme João tem uma cabeça de prédio, uma cabeça enorme.

Cabeça forte

Que tem juízo Ele tem uma cabeça forte, com bons pensamentos.

Com a cabeça no vento

Desligado do mundo Ele nao presta atenção em nada; vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Bobo Aquele menino é um cabeça-de-bagre mesmo.

Cabeça de relação

Quem manda na relação. Entre ele e ela, ele é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Teimoso Aquele rapaz é teimoso demais, tem uma cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Cabeça furada

Cabeça de forno

Vive nervoso, de cabeça quente.

João sempre irritado, parece cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Principais times ou jogadores. Rafael Nadal será cabeçade-chave no Aberto dos EUA.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior incompleto Idade: 19 anos Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Pessoa calma; que dificilmente se irrita

Ainda que a contrarie, ela não se irritará pois tem a cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Cabeça forte

Personalidade forte; não é facilmente influenciável

Não adianta tentar convencê-lo a mentir pois ele tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa despreocupada A juventudade vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa desprovida de inteligência; boba; tola

Com essa atitude, Marcela comprovou ser uma cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Aquele que comanda a relação Carlos é o cabeça da sua relação com Ana.

Cabeça-de-pau

Pessoa teimosa; certa de si Mostrar-lhe que está enganado não adiantará pois ele é um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Pensar/agir racional e não emocionalmente

Abandonar a família e mudar de país a trabalho foi uma atitude que partiu da cabeça dele.

Cabeça furada

Aquele que esquece fácil e constantemente das coisas

É inútil perguntar como foi a discurssão ao João porque ele tem a cabeça furada.

Cabeça de forno

Pessoa nervosa ou que se irrita facilmente

Ela é cabeça de forno: ao discordar da filha, logo começou a gritar.

Cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Aquele que não pensa muito nem é inteligente

Ao romper o noivado daquela maneira, Lucas agiu como um cabeça de porta.

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Principal time ou jogador dentro de um grupo

A Seleção Brasileira é a cabeça-de-chave do grupo 6.

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Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Mestre em LP Idade: 29 anos Sexo: feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase

Cabeça da serra

Topo, parte mais alta da serra. A cidade fica na cabeça da serra da Mantiqueira.

Cabeça de sorvete ?

Cabeça de prédio

Síndico O Seu João é o cabeça do meu prédio.

Cabeça forte

Pessoa decidida, que sabe o que quer.

João é cabeça forte, não se deixa levar pela opinião dos outros.

Com a cabeça no vento

Denota esquecimento. Eu ando com a cabeça no vento, perdi vários compromissos essa semana.

Cabeça-de-bagre

Idiota João é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Pessoa que tem o controle intelectual em uma dada relação.

Maria é o cabeça da relação, João faz tudo o que ela quer.

Cabeça-de-pau

Pessoa teimosa João precisa aprender a dialogar, não pode ser um cabeça-de-pau pra sempre.

Partir da cabeça

Advir Essa confusão partiu da cabeça da Maria.

Cabeça furada

Pessoa com problema de memória. João é uma cabeça furada.

Cabeça de forno

?

Cabeça-de-escola

?

Cabeça de porta

?

Cabeça de rio

Nascente de rio. A cabeça do Rio Tietê fica em Salesópolis.

Cabeça-de-chave

Numa competição esportiva, a equipe mais forte de um dado grupo.

O Brasil é o cabeça-de-chave do grupo D na Copa do Mundo da África do Sul.

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 34 Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Parte mais alta da serra Maria mora na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Xingamento infantil espontâneo Joãozinho é um cabeça de sorvete!

Cabeça de prédio

Cobertura de um prédio Fulano mora na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Pessoa resistente emocionalmente, segundo linguagem popular

Fulano sofreu muito, mas por ter uma cabeça forte, resistiu a tudo.

Com a cabeça no vento

Pessoa avoada Ela vive com a cabeça no vento!

Cabeça-de-bagre

Pessoa boba, idiota Ele é um cabeça-de-bagre, nunca entende as piadas!

Cabeça de relação

Pessoa principal ou que se destaca em algum tipo de relação, seja pessoal ou profissional.

Ele é o cabeça da relação entre as empresas.

Cabeça-de-pau

Pessoa teimosa Ele é um cabeça-de-pau, não adianta insistir!

Partir da cabeça

Ato primordial para qualquer atitude diante de alguma situação de mudança ou dificuldade a ser superada

Ela tenta emagrecer, mas sem partir da cabeça não vai conseguir.

Cabeça furada

Que não compreende facilmente Ele é uma cabeça furada, não entende nada!

Cabeça de forno

Pessoa impaciente, dita de “cabeça quente”

Ela é mesmo uma cabeça de forno, sempre sem paciência

Cabeça-de-escola

Indivíduo estudioso Ela tem uma cabeça-de-escola, está sempre querendo aprender.

Cabeça de porta

Pessoa “tapada” João é um cabeça de porta, explico e ele não entende!

Cabeça de rio

Nascente de um rio A casa fica próxima à cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

Jogador ou time principal em um grupo de competição esportiva

Federer é o cabeça-de-chave do grupo A em Wimbledon.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Pós-graduanda. Idade: 29 anos. Sexo: Feminino.

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

A extremidade superior da serra. Os alpinistas chegaram à cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Aquele que tem miolos moles, ideias inusitadas.

Seu primo é bem cabeça se sorvete, hein?

Cabeça de prédio

Pessoa inteligente, talentosa, que pensa alto.

O cabeça do nosso prédio será o novo síndico.

Cabeça forte

Personalidade forte, que não se deixa influenciar.

A cabeça de minha irmã é forte!

Com a cabeça no vento

Distraído, desatento. Depois que se apaixonou, anda com a cabeça no vento...

Cabeça-de-bagre

Alguém que costuma tirar certas conclusões descabidas.

O cabeça-de-bagre do meu primo só fala besteira!

Cabeça de relação

É a pessoa que pensa com mais discernimento na relação.

Naquele casamento, João é certamente o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Pessoa que não tem vergonha de nada ou de ninguém.

Ô carinha cabeça-de-pau esse, hein?

Partir da cabeça

Praticar a ação de refletir bastante. Esse problema é mesmo de partir a cabeça.

Cabeça furada

Alguém esquecido. Ô, cabecinha furada!

Cabeça de forno

Pessoa com cabeça quente, explosiva, esquentada.

Qualquer coisa deixa minha mãe nervosa com essa cabeça de forno

que ela tem... Cabeça-de-escola

Líder, chefe de um grupo. Pedrinho é o cabeça-de-escola mais conhecido da região.

Cabeça de porta

Cabeça dura, alguém que não muda facilmente suas opiniões.

Aquele cara é um cabeça de porta, mesmo!

Cabeça de rio

Local onde nasce um rio. Eles namoravam próximo à cabeça daquele rio.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: universitária Idade: 52 anos Sexo: feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

o ponto mais alto da serra Espero, um dia, ter forças para escalar até a “cabeça da serra”.

Cabeça de sorvete

uma expressão inédita para quem é esquecido?

Depois de uma certa idade, passamos a ter “cabeça de sorvete”.

Cabeça de prédio

cobertura de um prédio Ela mora pertinho do céu, lá na “cabeça do prédio”.

Cabeça forte

pessoa que demonstra segurança

Ela não se influencia por ninguém, tem “cabeça forte”.

Com a cabeça no vento

distraído momentaneamente Não prestei atenção no que ela disse, estava “com a cabeça no vento”.

Cabeça-de-bagre

jogador ruim Nesse time, só tem “cabeças-de-bagre”.

Cabeça de relação

o item que tem prioridade em uma relação (lista) qualquer

Comida está sempre na “cabeça de relação” de compras dos menos favorecidos.

Cabeça-de-pau

cabeça dura Fulano é um “cabeça-de-pau”, não aceita opinião de ninguém

Partir da cabeça

partir do início do corpo A partir da cabeça, é preciso mantermos o corpo saudável.

Cabeça furada

pirado De tanto se drogar, ele ficou com a “cabeça furada”.

Cabeça de forno

esquentado Maria não leva desaforo pra casa... Êta “cabeça de forno”!

Cabeça-de-escola

não sei. Talvez se fosse “cabeça da escola”, diria que é um líder.

Cabeça de porta

superfície superior da porta Olha! Há uma rachadura enorme na “cabeça da porta”.

Cabeça de rio

nascente do rio A poluição do Tietê só não chegou à “cabeça do rio”.

Cabeça-de-chave

o melhor de uma chave, em geral, nos torneios esportivos

O Brasil é “cabeça-de-chave” do grupo A e a Argentina, do B.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Mestre Idade: 37 anos Sexo: Masculino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto proeminente da serra. A cabeça da serra desabou, causando mortes.

Cabeça de sorvete

Bola de sorvete. A cabeça do sorvete era de limão.

Cabeça de prédio

A parte do prédio que está acima do gabarito médio do quarteirão.

Eu moro na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Pessoa que funcionaria bem como aríete.

Arromba essa porta, você que tem cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Nefelibata. Fulano está com a cabeça no vento, é um cabeça-de-vento!

Cabeça-de-bagre

Incompetente no futebol Esse cabeça de bagre errou um lance inacreditável!

Cabeça de relação

Chefe de família Afinal, quem é o cabeça dessa relação?

Cabeça-de-pau

Cara de pau Mas que cabeça de pau ele teve pra me dizer aquilo!

Partir da cabeça

Ser invenção própria Aquela música partiu da cabeça mesmo.

Cabeça furada

Pessoa que perde o chapéu em qualquer lugar

Devo ter a cabeça furada, não sei onde coloquei meu quepe.

Cabeça de forno

Suicida em potencial. Zé Gil é um cabeça de forno, não deixe ele triste.

Cabeça-de-escola

Diretor. Afinal, quem é o cabeça dessa escola?

Cabeça de porta

Pessoa surda. Você é mais surdo que uma cabeça de porta!

Cabeça de rio

A foz do rio? Epaminondas naufragou na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

A parte da chave que se segura Essa chave perdeu a cabeça!

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Graduação em Administração de Empresas Idade: 33 Anos

Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

No topo da serra. Estamos à 1km da cabeça da serra da Mantiqueira.

Cabeça de sorvete Cabeça de prédio

Acredito ser a pessoa que esta a frente num prédio, como síndico, a pessoa responsável.

O cabeça de prédio reuniu todos os moradores deste condomínio.

Cabeça forte

Acredito ser a pessoa de alta hierarquia / tem poder de decisão.

Paulo, cabeça forte do setor financeiro, investiu em ações de alto risco este mês.

Com a cabeça no vento

Acho que é a pessoa que é voada e distraída.

A menina perdeu a data de inscrição para o concurso da prefeitura, ela estava com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Acho que é a pessoa que não pensa, não mede as coisas que faz.

Aquele rapaz jogou pedra por cima do muro e quebrou a vidraça. Que cabeça-de-bagre!

Cabeça de relação Cabeça-de-pau

Acho que é a pessoa que tem a cabeça dura .

José parace que tem a cabeça-de-pau, bateu a cabeça na parede e nem sentiu dor.

Partir da cabeça

Algo a iniciar do topo (de cima para baixo).

Esta estátua foi esculpida a partir da cabeça.

Cabeça furada

Algo, objeto e/ou material com furo no meio.

O parafuro cabeça furada esta em falta no estoque.

Cabeça de forno Cabeça-de-escola

A pessoa que esta a frente na instituição de ensino.

O cabeça- de- escola sugeriu que estudássemos muito para esta avaliação.

Cabeça de porta Cabeça de rio Cabeça-de-chave

Acho que é a parte superior do objeto “chave”.

A cabeça-de-chave quebrou quando foi forçada ao abrir a porta.

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“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Nível superior Idade: 35 Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Que só faz besteiras. Sujou tudo, seu cabeça de sorvete!

Cabeça de prédio

Cabeça forte

Que é difícil intransigente. É difícil conversar com você. Você é cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Que vive no mundo da lua. Em que está pensando? Está com a cabeça no vento...

Cabeça-de-bagre

Pessoa que não tem noção das coisas. Faz tudo sem pensar nas conseqüências.

Olha o que ela fez! É uma cabeça-de-bagre!

Cabeça de relação

É a pessoa que comanda uma relação.

Ele é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Cabeça furada

Que não tem idéias ou preguiça para pensar.

Você é um cabeça furada, não consegue pensar em nada.

Cabeça de forno

Cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Líder de um grupo. Você foi o escolhido como o nosso cabeça-de-chave.

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Letras – Doutorado Idade: 45 Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Topo da serra Cheguei à cabeça da serra antes de escurecer.

Cabeça de sorvete

Bola de sorvete Gostaria de duas cabeças de sorvete de creme.

Cabeça de prédio

Síndico Qq reclamação deve ser dirigida ao cabeça de prédio.

Cabeça forte

Personalidade forte Vc precisa de falar com jeito, já que ele tem cabeça forte!

Com a cabeça no vento

Distraído Preste atenção ao trânsito! Está com a cabeça no vento?

Cabeça-de-bagre

Cabeça vazia Pensando desse jeito vc parece um cabeça-de-bagre: oco!

Cabeça de relação

Dominante José sempre foi o cabeça de relação enquanto estava casado com Júlia.

Cabeça-de-pau

Cabeça dura Ele é mesmo um cabeça-de-pau, não? Não concorda com nada...

Partir da cabeça

Do alto para baixo Vc deve partir da cabeça ao preencher o formulário e não ao contrário!

Cabeça furada

Esquecido Acho que o Gui tem cabeça furada! Não se lembra de coisa alguma nunca!

Cabeça de forno

Esquentado Cabeça de forno tem a Fátima! Com tudo ela se aborrece!

Cabeça-de-escola

Mandona Ela é a própria cabeça-de-escola: gosta de dar ordem para todos!

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Nascente Cuidado com a cabeça de rio, pq quando chove por lá é enxurrada na certa!

Cabeça-de-chave

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Terceiro grau completo. Idade: 24 anos. Sexo: Feminino.

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Pico mais alto de um conjunto de montanhas.

Existe uma nascente na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Pessoa idiota. Aquele cara é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Síndico. Todo síndico é cabeça de prédio.

Cabeça forte

Pessoa que não se deixa levar. Ele tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Distraído. Eu estou com a cabeça no vento hoje.

Cabeça-de-bagre

Pessoa estúpida. Ele é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Pessoa que domina a relação. Ela é a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Ponta de um pedaço de madeira.

Aquele galho está com a cabeça-de-pau quebrada.

Partir da cabeça

O que se origina da mente. Aquela idéia partiu da minha cabeça.

Cabeça furada

Crânio com buracos. Aquela cabeça está furada.

Cabeça de forno

Local onde sai a chama do forno.

O fogão está com a cabeça do forno entupida.

Cabeça-de-escola

Diretor. Maurício é um cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Pessoa burra. Ele é um cabeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente. Ali fica a cabeça de rio que eu lhe falei.

Cabeça-de-chave

Equipe ou pessoa que lidera um grupo em determinada competição.

O Brasil é cabeça-de-chave do grupo G na Copa de 2010.

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PESQUISA

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Mestrado Idade: 24 anos Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Início de uma montanha Cheguei com o carro na cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Bola de sorvete que compõe a casquinha

Que pena, minha cabeça de sorvete caiu no chão!

Cabeça de prédio

Topo do prédio Tem um para-raio na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Pessoa decidida Fulano não se deixa influenciar, tem uma cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa desligada Fulano está com a cabeça no vento hoje.

Cabeça-de-bagre

Pessoa tola Você é mesmo um cabeça-de-bagre, hein!

Cabeça de relação

Pessoa mais sensata da relação

O rapaz é o cabeça da relação

Cabeça-de-pau

Pessoa cabeça-dura, teimosa Você é um cabeça-de-pau para não enxergar o que está na sua frente.

Partir da cabeça

Mesmo que quebrar a cabeça para resolver algo.

Esse questionário impossível partiu minha cabeça!

Cabeça furada

Pessoa distraída Você está com a cabeça furada?

Cabeça de forno

Igual a boca do forno O bolo está na cabeça do forno

Cabeça-de-escola

Pessoa que lembra com facilidade os assuntos escolares

Fulano ainda tem cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Parte final da porta Vou colocar um peso na cabeça da porta para ela não bater

Cabeça de rio

Início do rio Quando chove na cabeça do rio, há maior chance de tromba d’água lá embaixo.

Cabeça-de-chave

Pessoa importante dentro de um grupo

Sua presença é fundamental, você é o cabeça-de-chave do grupo!

Page 158: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

158

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 24 Sexo: Masculino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Extremidade da lâmina de uma serra.

Me cortei na cabela da serra.

Cabeça de sorvete

A extremidade que fica acima do sorvete.

A cabeça do meu sorvete foi feita com cereja e calda de morango.

Cabeça de prédio

Topo do prédio. O heliporto fica na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Pessoa bem orientada, que não se deixa levar pelo pensamento dos outros

A cabeça forte dele não permitiu que ele experimentasse drogas.

Com a cabeça no vento

Pessoa dispersa, distraída, com o pensamento distante.

Carlos não sabe de nada, pois vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa com pensamentos idiotas, ideias malucas; pessoa inconsequente.

Paulo é um cabeça-de-bagre! Atirou uma flecha em uma maçã acima da cabeça da irmã.

Cabeça de relação

Aquele que sabe administrar uma relação; aquele que sabe lidar com os outros

José é o cabeça das relações da empresa, pois sabe lidar com todos.

Cabeça-de-pau

Pessoa egocêntrica, com dificuldades de ver o ponto de vista de outra pessoa.

Ela é uma cabeça-de-pau que não consegue ver que está errada.

Partir da cabeça

Ter uma ideia. A ideia para escrever o livro partiu da cabeça do autor.

Cabeça furada

Pessoa que aceita qualquer ideia, sem ter opinião própria.

Pedro tem a cabeça furada. Nem sabe o que é ser de esquerda e se diz esquerdista.

Cabeça de forno

Pessoa que perde a paciência facilmente; intolerante

A cabeça de forno dele fez com que ele se irritasse.

Cabeça-de-escola

Pessoa inteligente, bem informada, culta.

O cabeça-de-escola soube tomar a decisão correta.

Cabeça de porta

Extremidade superior da porta. Pendurei o enfeite na cabeça da porta.

Cabeça de rio

Local onde nasce o Rio. A cabeça do rio fica no alto daquela montanha.

Cabeça-de-chave

Pessoa com ideias libertárias, esclarecedoras.

Minha cabeça-de-chave me fez perceber melhor a situação.

Page 159: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

159

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Pós-graduação Idade: 26 Sexo: Masculino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Frio, calculista O cabeça da serra parece nunca gostar de ninguém.

Cabeça de sorvete

Sentimentalista Apaixonada de novo, a cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Líder Ele é o cabeça de prédio do time, todos o respeitam.

Cabeça forte

Ser firme, convicto ou intransigente

Ele é um cabeça forte, não aceita nada do que lhe dizem

Com a cabeça no vento

Desligado, desatento Com a cabeça no vento, esqueceu da data da prova

Cabeça-de-bagre

Inconseqüente, irresponsável O cabeça-de-bagre fez besteira de novo

Cabeça de relação

Ser líder, ter a palavra final em algum relacionamento

Ele é o cabeça de relação do casal

Cabeça-de-pau

Desinibido, descarado Com toda a cabeça de pau dele, conseguiu entrar na festa

Partir da cabeça

Burro, imaturo È de partir da cabeça como ele não consegue fazer nada

Cabeça furada

Bobo, trouxa, ingênuo O cabeça furada se deixou enganar outra vez

Cabeça de forno

Irritadiço, pavio curto O cabeça de forno brigou de novo na rua

Cabeça-de-escola

Inteligente, esperto O cabeça-de-escola tirou as melhores notas da turma

Cabeça de porta

Intransigente, arrogante Com aquela cabeça de porta, ele não ouve ninguém

Cabeça de rio

Calmo, relaxado Com sua cabeça de rio, conseguiu se manter calmo toda a sessão.

Cabeça-de-chave

Líder de algum grupo esportivo O Brasil é o cabeça-de-chave de seu grupo na Copa 2010

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: 2º Grau Técnico (Eletrônica) Idade: 33 anos Sexo: Masc.

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Local muito alto Subi nesse prédio até a cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Alguém tranquilo Mesmo endividado ele sempre mantém sua cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Alguém que pensa alto Você deveria ter seus pés no chão, seu cabeça de prédio.

Cabeça forte

Alguém centrado e racional Nesse momento de desespero ele manteve a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Alguém distraído Oh rapaz, parece estar com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Alguém de opinião não tão importante

Sai daqui seu cabeça-de-bagre, ninguém te perguntou nada.

Cabeça de relação

Alguém que se dá bem com todos

Todos gostam muito desse cabeça de relação

Cabeça-de-pau

Alguém desinibido Deixa de ser cabeça-de-pau, eu nem te convidei.

Partir da cabeça

Começar pelas extremidades A corrida vai partir da cabeça dessa avenida.

Cabeça furada

Alguém com dificuldade de aprender

Esse cabeça furada ficou em Química outra vez.

Cabeça de forno

Alguém muito preocupado Não esquenta, deixa de ser cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Alguém muito estudioso Esse cabeça-de-escola não para de estudar.

Cabeça de porta

Alguém teimoso Deixa de ser cabeça de porta, você está totalmente errado.

Cabeça de rio

Alguém despreocupado Aquele cabeça de rio, mesmo perdendo aquela grana tá feliz.

Cabeça-de-chave

Alguém representa um grupo Nossa equipe é a cabeça-de-chave do grupo B.

Page 161: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

161

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Licenciatura em Letras Idade: 31 Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

O ponto mais alto na serra. Ele perdeu a direção do automóvel na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Cabeça de prédio

Lugar mais alto do prédio. Sergio mora na cabeça do prédio Florescer.

Cabeça forte

Resistente. A malabarista possui uma cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Desligado, desatento. Felipe só anda com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa boba, sem conteúdo. Beto só fala besteiras, é um cabeça-de-bagre mesmo!

Cabeça de relação

Pessoa que manda na relação, que toma as decisões.

No casamento de Sonia, ela é a cabeça de relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça oca, vazia Luiz é um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Ter origem na cabeça. A dor partiu da cabeça do rapaz e se espalhou pelo corpo.

Cabeça furada

Pessoa que não guarda informações.

José esqueceu o dia da prova, que cabeça furada ele tem!

Cabeça de forno

Pessoa nervosa, “esquentada” Bia brigou novamente com Ricardo, por isso sua mãe diz que ela é uma cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Pessoa que exerce liderança. Marcela é a cabeça-de-escola em sua turma.

Cabeça de porta

Pessoa que não pensa. Sem dúvida, ele é um cabeça de porta!

Cabeça de rio

Nascente do rio. Rui foi pescar perto da cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Time mais forte de um grupo em competições esportivas.

O Brasil será cabeça-de-chave do seu grupo na Copa de 2010.

Page 162: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior cursando Idade: 18 anos Sexo: Feminino

Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Que corta palavras, frases, momentos.

Eu estava conversando com ela, até voê chegar e atrapalhar.

Cabeça de sorvete

Que se encanta por algo facilmente, rapidamente.

Mas ontem você nao gostava dela? É um cabeça de sorvete!

Cabeça de prédio

Que tem a cabeça interligada com a dos outros.

Só vou se ela for.

Cabeça forte

Que possui idéias bem definidas, personalidade.

Ele vai conseguir tudo que deseja, tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa esquecida, desatenta. Tá prestando atenção? Parece que está com a cabeça no vento

Cabeça-de-bagre

Que não tem opnião, que não pensa.

A gente tinha combinado uma coisa, mas ele desmarcou. É um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Que responde pelos outros, líder.

No nosso relacionamento, eu que sou a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Pessoa oca, com poucos sentimentos.

Ele não se emociona. Parece que tem a cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Que segue sua intuição. Essa idéia partiu da minha cabeça.

Cabeça furada

Que não têm idéias muito definidas.

Ele não tem responsabilidades, tem a cabeça furada.

Cabeça de forno

Que não tem paciência, pessoas estressada, pavio curto.

Com essa cabeça de forno você não vai resolver nada.

Cabeça-de-escola

Aquele que sabe de tudo, que parece aprender tudo.

Pare de estudar um pouco seu cabeça-de-escola!

Cabeça de porta

Pessoa bipolar, ora aberta, ora fechada.

Ela não quer papo hoje, é uma cabeça-de-porta.

Cabeça de rio

Que se pode lidar facilmente, com quem as coisas fluem.

Ele é muito tranquilo. Felizmente é um cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Que tem coisas a contar, revelar, dividir.

Eu sei que ele têm coisas a dizer, é um cabeça-de-chave.

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior incompleto Idade: 21 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Extremidade de uma serra A cabeça da serra está cega.

Cabeça de sorvete

Sinônimo de cabeça fresca Crianças tem facilidade de aprendizagem pois tem cabeça de sorvete, fresca.

Cabeça de prédio

Cabeça grande Jairo tem cabeça de prédio, nunca vi uma cabeça tão grande.

Cabeça forte

Pessoa de personalidade Rafael tem cabeça forte, não vai escutar.

Com a cabeça no vento

Para fora da janela do carro Luiz, por que você está com a cabeça no vento?

Cabeça-de-bagre

Pessoa burra, memória fraca Você é um cabeça-de- bagre

Cabeça de relação

Uma peça da moto A cabeça da relação da minha moto quebrou.

Cabeça-de-pau

Cabeça resistente Pablo bateu com a cabeça e não aconteceu nada, ele tem cabeça-de-pau mesmo.

Partir da cabeça

Desde o início Você tem que partir da cabeça da avenida.

Cabeça furada

Não escuta as orientações Preste atenção, seu cabeça furada

Cabeça de forno

Pessoa que esquenta muito a cabeça

Relaxa, você é muito cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Pessoa culta Seu cabeça-de-escola, sabe tudo.

Cabeça de porta

Pessoa que seleciona o que escuta

Você só aprende o que quer, cabeça de porta.

Cabeça de rio

Início do rio A cabeça do rio é onde nasce o mesmo.

Cabeça-de-chave

Desvenda qualquer coisa Chama o cabeça-de-chave para nos ajudar.

Page 164: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 34 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto mais alto de uma montanha

Na cabeça da Serra da Mantiqueira está o Dedo de Deus.

Cabeça de sorvete

Pessoa boba Maria Tereza é muito boba, uma cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Administrador do condomínio O cabeça de prédio administra muito bem o condomínio.

Cabeça forte

Aquele que transmite autoconfiança

Vania é cabeça forte mesmo, doente, não se deixou abater.

Com a cabeça no vento

Pessoa desligada Amanda só vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Ignorante Ela é uma cabeça-de-bagre, só faz besteira.

Cabeça de relação

Tomar iniciativa, as decisões Hoje em dia o homem é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Chato, desagradável Meu chefe às vezes é um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Ser o dono da ideia Aquela foi uma ideia genial, partir da cabeça de João.

Cabeça furada

Esquecimento Leonardo é um cabeça furada, esquece tudo.

Cabeça de forno

Pavio curto, sem paciência Monica é uma cabeça de forno, não tem paciência com nada.

Cabeça-de-escola

Pessoa sábia, inteligente Henrique é o maior cabeça-de-escola da clínica.

Cabeça de porta

Pessoa teimosa Paulo é um cabeça de porta, nunca está errado.

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Com muito segredo Ainda vou descobrir o que essa cabeça-de-chave faz à noite.

Page 165: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 29 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto mais alto da serra Chegamos na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Memória fraca, esquecida José é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Consciência pesada Faça bobagem e fique com cabeça de prédio.

Cabeça forte

Que não segue o pensamento dos outros

Seja cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pensando em algo Ele está com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa desligada, distraída João, seu cabeça de bagre!

Cabeça de relação

Só pensa em namorar Maria é uma cabeça de relação.

Cabeça-de-pau

Não pensa antes de fazer algo Não seja cabeça-de-pau!

Partir da cabeça

Sair do ponto mais alto Vamos partir da cabeça.

Cabeça furada

Que esquece muito rápido Henrique é um cabeça furada.

Cabeça de forno

Estourado Vai ficar com cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Inteligente Você é cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Ignorante Ele é um cliente cabeça de porta.

Cabeça de rio

Esquece tudo Maria é um cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Resolver problemas João é um cabeça-de-chave.

Page 166: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 31 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Vive nas nuvens Ana tem uma cabeça de serra.

Cabeça de sorvete

Pessoa de cabeça fresca Ele esquece tudo! É realmente um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Cobertura Lucas mora na cabeça daquele prédio.

Cabeça forte

Alguém com autoridade Naquela família, ele é o cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa distraída Depois que começou a namorar, ele vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Alguém com pouquíssima inteligência

Você é um cabeça de bagre!

Cabeça de relação

Quem manda na relação João é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça dura Ele é um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Pensando com razão A partir de agora minhas decisões vão partir da cabeça.

Cabeça furada

Alguém que não retém informação

É tão esquecido que só pode estar com a cabeça furada!

Cabeça de forno

Cabeça quente Maria vive de cabeça quente. Ela é uma cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Direção de escola Esta é uma decisão para a cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Cabeça dura Pedro é um cabeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente do Rio Caminhamos até a cabeça do Rio.

Cabeça-de-chave

Principal do grupo Nesse jogo, Paulo é o cabeça-de-chave.

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Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 54 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Humor inconstante

Cabeça de sorvete

Não se esquenta com nada

Cabeça de prédio

Só pensa alto

Cabeça forte

Forte personalidade

Com a cabeça no vento

Não presta atenção em nada

Cabeça-de-bagre

Não diz nada que sirva

Cabeça de relação

Vem à frente, está no comando

Cabeça-de-pau

Não tem vergonha, sem vergonha

Partir da cabeça

Não age pelo coração

Cabeça furada

Não se pode contar

Cabeça de forno

Se preocupa com tudo

Cabeça-de-escola

Guarda muita informação

Cabeça de porta

Às vezes a mente é aberta outras vezes fechada

Cabeça de rio

É levado pelos outros

Cabeça-de-chave

Mente aberta

Page 168: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Idade: 25 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Pensar alto

Cabeça de sorvete

Cabeça fresca

Cabeça de prédio

Pensar organizado

Cabeça forte

Lula

Com a cabeça no vento

Despreocupado

Cabeça-de-bagre

Ignorante

Cabeça de relação

Chefe

Cabeça-de-pau

Fósforo

Partir da cabeça

Pensamento

Cabeça furada

Esquecida

Cabeça de forno

Esquenta à toa

Cabeça-de-escola

Estudiosa

Cabeça de porta

Aberta sempre a novas ideias

Cabeça de rio

Não guarda rancor

Cabeça-de-chave

Solução dos problemas

Page 169: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

169

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 55 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Topo da serra O rio começa lá na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Cabeça de prédio

Último andar ou cobertura Eu moro na cabeça do prédio, lá na cobertura.

Cabeça forte

Inteligente Pedro é inteligente, é um cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Distraído O Zé é distraído, anda com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Burro, idiota João não sabe nada, é um cabeça de bagre.

Cabeça de relação

Pessoa que comanda Ele é o cabeça de relação, ele é quem comanda.

Cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Cabeça furada

Cabeça oca Ele parece que tem a cabeça furada, tem a cabeça oca.

Cabeça de forno

Pessoa estourada, cabeça quente

Ele parece que tem a cabeça de forno, se esquenta a toa.

Cabeça-de-escola

Diretora Ela é a cabeça da escola, é a diretora.

Cabeça de porta

A parte mais alta Pode colocar o enfeite na cabeça da porta.

Cabeça de rio

Nascente A cabeça do rio está poluída.

Cabeça-de-chave

O primeiro de um grupo Ele é o cabeça de chave do nosso grupo.

Page 170: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 25 anos Sexo: F

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Encrenqueiro, valentia

Cabeça de sorvete

Ingênuo, inocência, candura

Cabeça de prédio

Administrador do prédio

Cabeça forte

Determinado

Com a cabeça no vento

Distraído

Cabeça-de-bagre

Idiota, tolo, ignorante

Cabeça de relação

Líder

Cabeça-de-pau

Inconveniente, indiscreto

Partir da cabeça

Criativo

Cabeça furada

Cômico, burlesco

Cabeça de forno

Irritadiço, impaciente

Cabeça-de-escola

Inteligente, esforçado

Cabeça de porta

Bruto, tosco, grosseiro

Cabeça de rio

Frio, amargo, intransigente

Cabeça-de-chave

Pesquisador, cientista

Page 171: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 23 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Parte mais alta da serra A bandeira do Brasil está na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Gíria inventada para zombar de uma pessoa

Cara, o Sandro é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Pessoa encarregada de resolver os problemas do prédio

Chamem o cabeça do prédio para resolver isso.

Cabeça forte

Pessoa centrada, racional João é muito centrado, possui uma cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pensamento distante Tatiana vive com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Jogador ruim de bola Amaral é um tremendo cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Pessoa que possui o controle da relação

Podemos notar que ela é a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Pessoa teimosa, inflexível Incrível como a Natália é cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Zona inicial de algum movimento ou lugar

Vamos partir da cabeça para fazer o exame.

Cabeça furada

Pessoa avoada, desligada Pedro é muito desligado, ele é um cabeça furada!

Cabeça de forno

Pessoa que possui uma cabeça semelhante a um forno

Você já viu o Bruno? Sua cabeça parece um forno.

Cabeça-de-escola

Aluno de destaque Fernanda é um cabeça-de-escola, destaca-se em tudo o que faz.

Cabeça de porta

Pessoa que possui uma cabeça de formato retangular

O Carlos é cabeça de porta: retangular e dura!

Cabeça de rio

Pessoa que vive com a cabeça molhada

Helena vive com a cabeça molhada, por isso chamam-na de cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Ranqueamento feito para ordenar tanto times quanto jogadores

Barcelona é o cabeça de chave número 1.

Page 172: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 23 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

O topo de uma serra Ao final da trilha chegaremos à cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Uma pessoa que não se preocupa com nada.

João não está preocupado pois é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Cabeça forte

Pessoa que tem personalidade. João não escuta os outros, tem cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa que não presta atenção João não consegue se concentrar está sempre com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa que se esquece das coisas

João não se lembra de nada, é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Cabeça furada

Cabeça de forno

Pessoa que se irrita com facilidade

João é um cabeça de forno está sempre irritado.

Cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Cabeça-de-chave

Colocação do time de futebol em um campeonato

Vasco é cabeça-de-chave do grupo A.

Page 173: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

173

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: 7 série Idade: 52 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça que vive perto da nuvem

Cabeça de sorvete

Cabeça fria

Cabeça de prédio

Cabeça que sobe alto

Cabeça forte

Cabeça muito positiva

Com a cabeça no vento

Só fala besteira

Cabeça-de-bagre

Cabeça podre

Cabeça de relação

Cabeça

Cabeça-de-pau

Cabeça dura

Partir da cabeça

Ideia

Cabeça furada

Cabeça vazia

Cabeça de forno

Cabeça quente

Cabeça-de-escola

Cabeça inteligente

Cabeça de porta

Cabeça fechada

Cabeça de rio

Cabeça viajando

Cabeça-de-chave

Cabeça fechada

Page 174: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

174

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Pós-graduação Idade: 27 anos Sexo: Masculiino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Extremidade de um pico Havia muita neblina na região da cabeça da serra

Cabeça de sorvete

Pessoa de pouco juízo Tenha mais atenção ao trabalho, seu cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Cobertuta, terraço A umidade tinha origem na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Um líder Fulano é o cabeça forte do grupo.

Com a cabeça no vento

Sem atenção Vc vai fazer a atividade ou vai ficar com a cabeça no vento?

Cabeça-de-bagre

Teimoso Você não me entende, é um cabeça de bagre.

Cabeça de relação

Pessoa centro da relação A mulher era a cabeça de relação daquele casal

Cabeça-de-pau

Pessoa de pouco juízo O rapaz não tinha jeito, era mesmo um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Busca de ideias Tivemos que partir da cabeça para achar uma solução.

Cabeça furada

Sem juízo Fulano é um cabeça furada

Cabeça de forno

Uma pessoa que se irrita facilmente

A confusão começou por causa de um cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Diretor / administrador A professora assumiu a função de cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Parte superior da porta

Cabeça de rio

Nascente de um curso d’água No momento da tragédia chovia muito na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

Time que lidera um grupo no campeonato

O Flamengo é o cabeça de chave do grupo A.

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175

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 55 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Alto da serra Ele saltou da cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Ponta do sorvete Chupe a cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Telhado A cabeça de prédio quebrou.

Cabeça forte

Com a cabeça no vento

Estar no mundo da lua Lia está com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Não pensa Maria tem cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Lider João é o cabeça de relação.

Cabeça-de-pau

Pidão Você é cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Ter ideia Vai partir da cabeça dela.

Cabeça furada

Cabeça oca Estou com a cabeça furada.

Cabeça de forno

Parte que acende A cabeça de forno está com defeito.

Cabeça-de-escola

Chefia a escola Norma é a cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Cabeça de rio

Nascente do rio Caí na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

Parte da chave a qual seguramos

Segure a cabeça-de-chave.

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176

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 46 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto mais alto Tenho uma casa na cabeça da serra de Petrópolis.

Cabeça de sorvete

Tranquila Sueli parece ter cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Pensar alto Rafael tem cabeça de prédio.

Cabeça forte

Equilibrada A cabeça forte de Márcia me tranquiliza.

Com a cabeça no vento

Desligada Às vezes, fico com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pouca inteligência Os cabeças de bagre não vão longe.

Cabeça de relação

Comunicativa Aparecida é cabeça de relação, se dá bem com todos.

Cabeça-de-pau

Teimosa Para vivermos bem, não podemos ter cabeça de pau.

Partir da cabeça

Pensar com a razão As decisões precisam partir da cabeça.

Cabeça furada

Esquecida Minha cabeça furada traz problemas.

Cabeça de forno

Estressada Vania tem cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Estudiosa Paloma é cabeça de escola, estuda muito.

Cabeça de porta

Burra Todos os homens tem cabeça de porta.

Cabeça de rio

Não guarda mágoas

Cabeça-de-chave

Tem solução para tudo A OP tem cabeça de chave.

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177

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 28 anos Sexo: Masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Pico da serra A antena está na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Pessoa tranquila Telma é cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Topo do prédio O gato está na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Pessoa de ideia forte João é cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Pessoa esquecida Joelma está com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa burra Raul é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Pessoa lider Jorge é cabeça de relação.

Cabeça-de-pau

Pessoa teimosa Edu é um cabeça-de-pau

Partir da cabeça

Algo pensado com a razão Essa ideia partiu da cabeça.

Cabeça furada

Pessoa esquecida Juan é um cabeça furada.

Cabeça de forno

Pessoa estressada Cida tem cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Direção da escola Sandra é um cabeça de porta.

Cabeça de porta

Pessoa esquecida Sandro é cabeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente do rio A planta está situada na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

O principal elemento de um determinado grupo

O Brasil é a cabeça-de-chave na copa.

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Idade: 35 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Pico da serra (topo) Estou subindo até a cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Cabeça fresca Hoje estão tão cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Cobertura Vou subir até a cabeça de prédio.

Cabeça forte

Líder João é o cabeça forte da empresa.

Com a cabeça no vento

Distraído Estou com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pouco inteligente Tenho alguns colegas um pouco cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Cabeça mais centrada Sou a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Teimoso Meu avô é muito cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Saiu da cabeça O planejamento da empresa partiu da cabeça de Jonas.

Cabeça furada

Esquecido Estou muito cabeça furada ultimamente.

Cabeça de forno

Cabeça quente Maria é muito cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Direção Suely é nossa cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Cabeça dura Sou tão cabeça de porta.

Cabeça de rio

Pouco juízo Joyce é uma cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Principal da competição O Brasil é o cabeça-de-chave do seu grupo.

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179

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 24 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cume da montanha Em Ilha Grande a cabeça de serra tem a forma de bico de papagaio.

Cabeça de sorvete

Bobo, desajeitado Presta atenção, seu cabeça de sorvete!

Cabeça de prédio

Administrador, aquele que comanda, coordena

O cabeça de prédio convoca condôminos para assunto oficial.

Cabeça forte

Seguro, auto-confiante, determinado

Só um cabeça forte consegue se livrar das drogas.

Com a cabeça no vento

Desligado Ultimamente estou com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Burro, ignorante, idiota Homens quando criança costumam ser cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Tomador de decisão, líder Hoje em dia, nos casamentos, quem é cabeça de relação são as mulheres.

Cabeça-de-pau

Inconveniente, sem noção, fala demais

Lá vem aquele cabeça de pau outra vez encher o saco.

Partir da cabeça

Início Vou partir da cabeça, o estudo do corpo humano

Cabeça furada

Esquecido Aquele cabeça furada só não esquece a cabeça pq está presa no corpo.

Cabeça de forno

Esquentado, estourado Deixa de ser cabeça de forno, relaxa um pouco.

Cabeça-de-escola

Inteligente Quando a cabeça de escola chegar resolveremos todos os problemas de matemática.

Cabeça de porta

Turrão, cismado Este cara é um cabeça de porta, nunca muda de opinião.

Cabeça de rio

Agitado, eufórico Pare de se mexer, cabeça de rio!

Cabeça-de-chave

Enigmático, cheio de segredos Nunca descubro o que este cabeça-de-chave está escondendo.

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PESQUISA

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 46 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Cabeça nas nuvens Ele tem cabeça de serra.

Cabeça de sorvete

Cabeça fresca Você é um cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Que pensa alto Ele tem cabeça de prédio.

Cabeça forte

Que tem opinião rápida Ele é cabeça forte.

Com a cabeça no vento Cabeça vazia Você tem cabeça de vento. Cabeça-de-bagre

Burro Você parece um cabeça de bagre.

Cabeça de relação Aquele que segura a relação Ele é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça dura Ele é um cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Quebrar a cabeça Ele partiu a cabeça pensando naquilo.

Cabeça furada

Cabeça oca Sua cabeça é furada?

Cabeça de forno

Cabeça quente Ele parece que tem cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Cabeça que estuda Você tem cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Cabeça dura Ele é um cabeça de porta.

Cabeça de rio

Cabeça que se deixa levar Ele é um cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Aquele que está à frente Ele é o cabeça-de-chave daquele grupo.

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PESQUISA

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 28 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponta da serra Se feriu com a cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Polpa de sorvete Se sujou com a cabeça do sorvete.

Cabeça de prédio

Síndico O cabeça de prédio expediu multas aos condôminos.

Cabeça forte

Centrado, responsável Você tem cabeça forte.

Com a cabeça no vento Sonhador Você está com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Bobo Você é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação Líder Discutimos com a cabeça de relação.

Cabeça-de-pau

Sem vergonha Ele é muito cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Partir do alto de algo Ele começo a andar a partir da cabeça.

Cabeça furada

Aquele que não tem boas ideias Ele é um cabeça furada.

Cabeça de forno

Pessoa nervosa Você é muito cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Líder de grupo Júlia é a cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Alto da porta A cabeça de porta está suja.

Cabeça de rio

Nascente do Rio A cabeça do Rio é despoluída.

Cabeça-de-chave

Líder do grupo O Brasil é o cabeça de chave da Copa.

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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Superior Completo Idade: 27 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Que pensa alto, que sonha, que vive nas nuvens

Às vezes é bom ter cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Que não esquenta para nada, que não se preocupa.

Quem tem cabeça de sorvete vive mais.

Cabeça de prédio

Que pensa alto, que vive nas nuvens.

Às vezes é bom ter cabeça de prédio.

Cabeça forte

O que lidera Ter cabeça forte é uma dádiva.

Com a cabeça no vento Que nada pensa, mente vazia A grande maioria dos adolescentes é cabeça de vento.

Cabeça-de-bagre

Que não consegue entender nada, burro

O cabeça-de-bagre não existe, ninguém é tão burro assim.

Cabeça de relação Que tem bom dissernimento e integração

No departamento pessoal só tem cabeça de relação

Cabeça-de-pau

Que tem cabeça dura, irredutível, teimoso

Muitos idosos ficam com cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

O que pensa sempre com razão Como eu queria tomar todas as minhas decisões a partir da cabeça.

Cabeça furada

que se acaba de falar com ele, e ele já se esquece

Tem dias que eu estou com a cabeça furada.

Cabeça de forno

Que se esquenta à toa, estressado demais

Determinadas turmas me deixam com a cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

O diretor O cabeça-de-escola trabalha muito.

Cabeça de porta

Teimoso, difícil de convencer Muitos idosos ficam com cabeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente do rio A árvore está na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

O principal, o essencial O respeito é um sentimento cabeça-de-chave para uma boa relação.

Page 183: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 20 anos Sexo: masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Com seu “eu” acima dos outros Reflita! Não seja o cabeça da serra no curso.

Cabeça de sorvete

Pessoa que é frágil ao calor Cuidado! Nesse calor sua cabeça de sorvete pode derreter.

Cabeça de prédio

Pessoa com uma bela visão Uma casa, um carro e uma empresa. No futuro você vai conseguir, cabeça de prédio.

Cabeça forte

Pessoa teimosa e determinada Eu irei conseguir, eu sou cabeça forte.

Com a cabeça no vento Pessoa que se orienta com o acaso

Acorda! Você parece que está com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Só pensa besteira Não é assim que se pensa, seu cabeça-de-bagre!

Cabeça de relação Pessoa controladora Pare com esses ciúmes, você acha que é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Pessoa que bate a cabeça Estou com traumatismo craniano, estou quebrado como uma cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Uma ideia Ia ser o método x, mas a partir da cabeça, a ideia será o método y.

Cabeça furada

Pessoa sem palavra ou responsabilidade

Não deixe ele resolver isso, ele é um cabeça furada.

Cabeça de forno

Pessoa que esquenta a cabeça a médio prazo

Não abuse da paciência dele pois quando esquenta a cabeça de forno, sai correndo.

Cabeça-de-escola

Diretora do colégio Eu sou a cabeça da esola, ensino os que ensinam.

Cabeça de porta

Pessoa com a face aberta ou fechada

Tomara que você esteja com a chave certa para conquistar a cabeça da porta.

Cabeça de rio

Pessoa que pode ser poluída ou não

Para de influenciar aquela criança, ela está na idade cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Pessoa que é muito boa no que faz

Ele é o cabeça de chave que vai abrir a porta do sucesso.

Page 184: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Idade: 22 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

É o ponto alto da serra Aquela menina irá na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

É uma bola de sorvete que está por cima.

Olha como está gostosa aquela cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Pessoa que tem várias personalidades

Aquela cabeça de prédio é linda.

Cabeça forte

Pessoa que é decidida Mas como aquela menina tem cabeça forte.

Com a cabeça no vento Pessoa que está distraída quando você fala com ela

O João tem uma cabeça de vento.

Cabeça-de-bagre

É uma pessoa burra, que só tem merda na cabeça

Quem falou que a Sandra tem cabeça-de-bagre?

Cabeça de relação Pessoa que adora se relacionar com outras

Um homem adora mulheres que tem cabeça de relação

Cabeça-de-pau

Pessoa que tem cabeça oca A professora fala que todos os alunos tem cabeça de pau.

Partir da cabeça

É onde comanda as funções todas do corpo

A melhor parte do corpo é a partir da cabeça

Cabeça furada

Pessoa que deixa escapar coisas, fofocas

A família toda tem cabeça furada.

Cabeça de forno

É cabeça que se esquenta à toa

Márcio tem uma cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Pessoa inteligente Maria tem uma excelente cabeça de escola.

Cabeça de porta

Pessoa teimosa A Valéria tem uma grande cabeça de porta.

Cabeça de rio

É o começo de um rio Olha como é linda aquela cabeça de rio.

Cabeça-de-chave

Pessoas que passam direto de fase para outra

Todos nós temos um pouco de cabeça de chave.

Page 185: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Superior Idade: 39 anos Sexo: masculino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Pessoa que deseja criar alguma coisa

João ficou com a cabeça de serra até inventar sua máquina.

Cabeça de sorvete

Pessoa despreocupada Sou um cabeça de sorvete, não ligo para nada.

Cabeça de prédio

Ponto mais alto dom prédio A mulher pulou da cabeça do prédio

Cabeça forte

Cabeça resistente Pedro tem a cabeça forte. Bateu com a testa na parede e não se machucou.

Com a cabeça no vento Cabeça ventilada Fiquei com a cabeça na janela aberta, com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa idiota Zefinha é uma cabeça-de-bagre, não adianta falar, ela nada entende.

Cabeça de relação Pessoa que toma todas as decisões de uma relação

João é cabeça de relação, está sempre à frente de tudo.

Cabeça-de-pau

Indivíduo cabeça dura João é um cabeça de pau, não adianta falar que ele não entende.

Partir da cabeça

Medida A altura de Zefa é 1,70m a partir da cabeça aos pés.

Cabeça furada

Agulha Passe a linha pela cabeça furada da agulha.

Cabeça de forno

Entrada do forno Botei o bolo na cabeça de forno e esperei até ficar pronto

Cabeça-de-escola

Administrador de uma escola Dora, a diretora, é uma cabeça-de-escola.

Cabeça de porta

Porta prncipal Falei para a empregada para quando chegar as compras não entrar pela cabeça de porta.

Cabeça de rio

Nascente O melhor lugar para nadar é na cabeça do rio, pois não há correnteza.

Cabeça-de-chave

Chave mestra Sua cabeça de chave abre todas as portas.

Page 186: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

1. você diga o que você acha que significa;

2. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Ensino Médio Idade: 17 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto mais alto de determinada serra

O carro ficou estacionado na cabeça da serra.

Cabeça de sorvete

Bola de sorvete A cabeça de sorvete está derretendo

Cabeça de prédio

Ponto mais elevado de um prédio

João se encontrava na cabeça do prédio.

Cabeça forte

Indivíduo que dificilmente é manipulado.

Pedro é uma cabeça forte.

Com a cabeça no vento Indivíduo desligado, distraído Pedro vice com a cabeça no vento.

Cabeça-de-bagre

Pessoa boba, idiota Pedro é de fato um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação Pessoa que controla determinada relação

Maria é a cabeça de relação entre ela e Pedro.

Cabeça-de-pau

Indivíduo intransigente Maria é cabeça-de-pau, não aceita outras opiniões.

Partir da cabeça

Ponto de referência Aquilo foi medido a partir da cabeça dela.

Cabeça furada

Pessoa distraída, boba, esquecida

Pedro é um cabeça furada, não grava o nome de ninguém.

Cabeça de forno

Pessoa estressada, que se irrita facilmente

Pedro é muito cabeça de forno, se irrita facilmente.

Cabeça-de-escola

Diretora de uma escola Maria é cabeça-de-escola

Cabeça de porta

Ponto mais alto de uma porta Não consigo alcançar a cabeça da porta.

Cabeça de rio

Nascente de um rio Não se deve poluir as cabeças de rios.

Cabeça-de-chave

Principais numa competição O Brasil é o cabeça-de-chave do seu grupo na Copa do Mundo.

Page 187: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

3. você diga o que você acha que significa;

4. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: superior Idade: 55 anos Sexo: feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

início da serra O acidente ocorreu na cabeça da serra

Cabeça de sorvete

A parte do sorvete acima do biscoito.

Ah! A cabeça do meu sorvete caiu no chão!

Cabeça de prédio

A parte considerada mais importante do prédio.

Aqui a cabeça de prédio é a sala de controle da luz, água e gás .

Cabeça forte

Aquele que possui personalidade forte , preparado para enfrentar problemas.

Ele receberá bem a notícia, tem uma cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Distraído, desatento Que droga! Você vive com a cabeça no vento!

Cabeça-de-bagre

Pouco inteligente Você fez tudo errado. É um cabeça-de-bagre!

Cabeça de relação

Pessoa que comanda ou lidera, que tem posição de destaque

Ele é o cabeça daquela empresa.

Cabeça-de-pau

Teimoso, intransigente É difícil dialogar com você, pois é um cabeça- de- pau!

Partir da cabeça

Partir do início da questão, da sua causa.

Eles brigaram. Que pena! Vou averiguar a partir cabeça da briga.

Cabeça furada

Que possui um curto raciocínio. Ele não percebeu que, colocando o copo ali, ele cairia e se quebraria? É um cabeça furada.

Cabeça de forno

Que se irrita com facilidade Ele se aborrece por qualquer coisa, pois é um cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Aquele, geralmente professor, que tem a atenção e admiração dos alunos centradas nele.

A turma já escolheu o seu cabeça-de-escola. Será o Jorge, pois todos se identificaram muito com ele.

Cabeça de porta

Sem capacidade de raciocínio Você foi incapaz de perceber que precisava fechar as janelas, devido à chuva intensa, seu cabeça de porta?

Cabeça de rio

Nascente de um rio. A cabeça do Amazonas fica nos Andes, no sul do Peru.

Cabeça-de-chave

Expressão usada em meios esportivos. É o primeiro de cada grupo dentre os que disputarão um torneio.

O Brasil é o cabeça-de-chave do grupo C.

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188

PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

5. você diga o que você acha que significa;

6. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Nível Técnico Idade: 32 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto alto de uma serra Na cabeça da serra faz muito frio.

Cabeça de sorvete

A ponta do sorvete Na cabeça do sorvete tem muita calda.

Cabeça de prédio

A parte mais alta do prédio. Na cabeça do prédio fica o play.

Cabeça forte

Mentalidade forte. O rapaz tem a cabeça forte.

Com a cabeça no vento

Quem não se liga em nada. O menino tem uma cabeça de vento.

Cabeça-de-bagre

Cabeça de um peixe. A Cabeça do bagre é feia.

Cabeça de relação

Quem comanda uma relação. A mulher é a cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça da madeira A cabeça-de-pau é melhor de se trabalhar.

Partir da cabeça

Cabeça aberta O menino caiu e partiu a cabeça.

Cabeça furada

Cabeça com machcado O rapaz sofreu um acidente e ficou com a cabeça furada.

Cabeça de forno

Cabeça quente. A moça tem uma cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Cabeça inteligente para os estudos.

Aquele grupo forma uma cabeça –de- escola.

Cabeça de porta

Cabeça teimosa. Minha amiga tem uma cabeça de porta, pois é muito teimosa.

Cabeça de rio

Ponto de inicio do rio. Está tendo uma tromba d’água na cabeça do rio.

Cabeça-de-chave

Onde segura a chave Segure a cabeça-da-chave pois não conseguirá coloca-la no lugar.

Page 189: Dissertação de Mestrado - FERREIRA, Rosângela Gomes

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PESQUISA

Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,

você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item

“cabeça”, e pedimos que:

7. você diga o que você acha que significa;

8. você construa uma frase com tal expressão.

Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:

Formação escolar: Terceiro grau Idade: 56 anos Sexo: Feminino

Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!

Significado Frase Cabeça da serra

Ponto alto de uma serra Na cabeça da serra o gado pasta tranquilo.

Cabeça de sorvete

Cabeça “fria” Calma! Mantenha sua cabeça de sorvete.

Cabeça de prédio

Síndico O cabeça de prédio tomou a atitude.

Cabeça forte

Pessoa corajosa Só os corajosos têm caeça forte.

Com a cabeça no vento

Distraído Atenção ao atravessar! Está com a cabeça no vento?

Cabeça-de-bagre

Cabeça-oca André é um cabeça-de-bagre.

Cabeça de relação

Aquele que manda O marido dela é o cabeça da relação.

Cabeça-de-pau

Cabeça dura Não dá para aprender com sua cabeça-de-pau.

Partir da cabeça

Uma idéia Boas idéias são a partir da cabeça.

Cabeça furada

Cabeça oca Ele não consegue aprender com essa cabeça oca.

Cabeça de forno

Cabeça quente. Trabalhou tanto que ficou um cabeça de forno.

Cabeça-de-escola

Inteligente Os cabeça-de-escola tiraram dez.

Cabeça de porta

Burro

Cabeça de rio

Nascente A cabeça do rio é logo acima.

Cabeça-de-chave

O principal O técnico é o cabeça-de-chave.