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Dissertação de Mestrado sobre CAG (2004)

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  • ii

    ALMEIDA, LEONARDO PINTO DE

    Anlise de Desempenho do Controle

    Automtico de Gerao e do Controle

    Secundrio de Tenso [Rio de Janeiro] 2004

    XVII, 166 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

    M.Sc., Engenharia Eltrica, 2004)

    Tese Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, COPPE

    1. Operao de Sistemas de Potncia

    2. Controle Automtico de Gerao

    3. Controle Secundrio de Tenso

    I. COPPE/UFRJ II. Ttulo ( srie )

  • iii

    Dedico esta tese aos meus pais, Waldir e Snia

    e a minha av, Aurlia

  • iv

    Agradecimentos

    Agradeo acima de tudo a Deus, por estar sempre presente de uma forma ou de

    outra em todo lugar, iluminando e guiando meus passos.

    Agradeo tambm a minha famlia; meu pai Waldir e minha me Snia, a

    quem devo o que sou hoje. Alm de me darem a vida me incentivaram nos

    momentos mais difceis me dando apoio incondicional e pela participao na

    minha formao no s profissional e racional, mas tambm moral. Agradeo

    tambm a minha av Aurlia que sempre me concedeu seu total carinho

    durante toda minha vida.

    Agradeo a todos os meus professores tanto da UFRJ como da COPPE/UFRJ e

    ao meu orientador Professor Glauco Nery Taranto, que contriburam na minha

    formao.

    Aos colegas e amigos do CEPEL aos quais expresso meu muito obrigado pela

    companhia e amizade, especialmente aos amigos Ricardo Henriques, Joo

    Alberto e Ricardo Diniz pelas modificaes feitas nos programas e aos amigos

    Jlio Cezar e Camilo Braga pelas discusses tcnicas.

  • v

    Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    ANLISE DE DESEMPENHO DO CONTROLE AUTOMTICO DE GERAO E

    DO CONTROLE SECUNDRIO DE TENSO

    Leonardo Pinto de Almeida

    Maro/2004

    Orientador: Glauco Nery Taranto

    Programa: Engenharia Eltrica

    Esta tese aborda principalmente o problema do Controle Carga-Frequncia em

    Sistemas Eltricos de Potncia, voltando o seu enfoque para o controle da malha de

    regulao secundria, mais comumente denominado Controle Automtico de Gerao

    (CAG). O objetivo primordial deste tipo de controle de restabelecer a freqncia ao

    seu valor de referncia. No sistema eltrico brasileiro a freqncia de referncia

    fixada em 60 HZ. feita uma reviso dos conceitos bsicos dos controles responsveis

    pela regulao primria e secundria.

    Esta tese tambm trata de assuntos relacionados ao problema de estabilidade de

    tenso, enfocando principalmente o Controle Secundrio de Tenso (CST), controle este

    responsvel pela regulao da tenso ao nvel da transmisso.

    Os controles, tanto o CAG como o CST, so implementados em um programa

    comercial de anlise de transitrios eletromecnicos. As simulaes so realizadas

    utilizando-se dois sistemas, a saber: um sistema teste de pequeno porte e outro real de

    grande porte. Estas simulaes visam fixao dos conceitos e a avaliao do

    comportamento dos controles secundrios de freqncia e tenso.

  • vi

    Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    PERFORMANCE ANALISYS OF AUTOMATIC GENERATION CONTROL AND

    SECONDARY VOLTAGE CONTROL

    Leonardo Pinto de Almeida

    March/2004

    Advisor: Glauco Nery Taranto

    Department: Electrical Engineering

    This thesis mainly approaches the problem of Load-Frequency Control in

    Electric Power Systems, emphasizing the secondary control, more commonly

    denominated as Automatic Generation Control (AGC). The primordial objective of this

    type of control is to restore the frequency to its reference value. In the Brazilian electric

    system the reference frequency is set to 60 HZ. A revision of the basic concepts of the

    primary and secondary controls is made.

    This thesis also deals with matters related to voltage stability problem, focusing

    mainly the Secondary Voltage Control (SVC), which is responsible for the voltage

    regulation at the transmission level.

    The controls, both AGC and SVC, are implemented in a transient stability

    program. The simulations are accomplished using two systems, namely: a small test

    system and a large interconnected one. These simulations intend to the fixation of the

    concepts and the evaluation of the secondary controls behavior of frequency and

    voltage.

  • Sumrio vii

    Sumrio

    Lista de Figuras ...........................................................................................................................................ix Lista de Tabelas.........................................................................................................................................xiv Lista de Smbolos .......................................................................................................................................xv Captulo I Introduo...................................................................................................................................1

    I.1 Consideraes Gerais .....................................................................................................................1 I.2 Estrutura da Tese............................................................................................................................8

    Captulo II Modelagens Especficas .........................................................................................................10 II.1 Modelo de Mquina Sncrona .................................................................................................10 II.2 Modelos de Turbinas ...............................................................................................................15

    II.2.1 Modelo para Turbinas Trmicas .........................................................................................16 II.2.2 Modelo para Turbinas Hidrulicas .....................................................................................18

    Captulo III Controle Carga-Freqncia...................................................................................................21 III.1 Introduo................................................................................................................................21 III.2 Regulao Prpria ...................................................................................................................22 III.3 Regulao Primria .................................................................................................................25

    III.3.1 Reguladores de Velocidade Iscronos ...........................................................................26 III.3.2 Reguladores de Velocidade com Queda de Velocidade.................................................29

    III.4 Regulao Secundria .............................................................................................................35 III.5 Operao em Sistemas Interligados.........................................................................................42

    III.5.1 Operao sem regulao secundria ..............................................................................42 III.5.2 Operao com regulao secundria..............................................................................48

    III.5.2.1 Ajuste do Bias (B) .....................................................................................................50 Captulo IV Controle Coordenado de Tenso ..........................................................................................53

    IV.1 Introduo................................................................................................................................53 IV.2 Nveis Hierrquicos.................................................................................................................54

    IV.2.1 Controle Primrio de Tenso (CPT) ..............................................................................55 IV.2.2 Controle Secundrio de Tenso (CST) ..........................................................................55 IV.2.3 Controle Tercirio de Tenso (CTT) .............................................................................56

    IV.3 Implementao do Controle Secundrio de Tenso (CST) .....................................................57 Captulo V Simulaes .............................................................................................................................60

    V.1 Sistema teste de pequeno porte................................................................................................60 V.1.1 Dados do sistema................................................................................................................61 V.1.2 Sistema sem regulao secundria......................................................................................63 V.1.3 Incluso do CAG ................................................................................................................67

    V.1.3.1 Aumento de 40MW na carga da barra 5 operao em modo TLB.........................70

  • Sumrio viii

    V.1.3.2 Aumento de 40MW na carga da barra 5 operao em modo FF............................73 V.1.3.3 Mudana na referncia de potncia do intercmbio operao em modo TLB .......76 V.1.3.4 Abertura da interligao............................................................................................78 V.1.3.5 Sensibilidade quanto ao ajuste do bias......................................................................84

    V.1.4 Incluso do CAG e do CST ................................................................................................87 V.1.4.1 Chaveamento de um banco de capacitores................................................................90 V.1.4.2 Mudana na referncia de tenso da barra piloto ......................................................93 V.1.4.3 Mudana na referncia de potncia do intercmbio ..................................................94 V.1.4.4 Abertura da interligao............................................................................................96 V.1.4.5 Aumento em rampa no carregamento do sistema .....................................................99

    V.2 Sistema de grande porte ........................................................................................................103 V.2.1 Interligaes Inter-regionais .............................................................................................108

    V.2.1.1 Interligao entre as regies SUL e SUDESTE ......................................................109 V.2.1.2 Interligao entre as regies Norte, Nordeste e Sudeste .........................................111

    V.2.2 Dados do Sistema .............................................................................................................113 V.2.3 Ajuste do ganho do CAG..................................................................................................116

    V.2.3.1 CAG da rea Norte.................................................................................................117 V.2.3.2 CAG da rea Nordeste ...........................................................................................121 V.2.3.3 CAG da rea Sul ....................................................................................................124 V.2.3.4 CAG da rea Sudeste .............................................................................................128

    V.2.4 Degrau de -10% na carga do sistema................................................................................131 V.2.5 Perda da Interligao SE-NE............................................................................................133 V.2.6 Perda das Interligaes N-SE e SE-NE ............................................................................135 V.2.7 Degrau de 600MW na Referncia da Interligao SE-N..................................................137 V.2.8 Rampa de 600MW na Referncia da Interligao SE-N ..................................................139 V.2.9 Perda de uma Unidade Geradora ......................................................................................140 V.2.10 Variao de Carga em Rampa......................................................................................141 V.2.11 Variao da Carga na rea Rio ...................................................................................143

    V.3 Tempo computacional ...........................................................................................................147 Captulo VI Concluso ...........................................................................................................................148

    VI.1 Consideraes Gerais ............................................................................................................148 VI.2 Sugestes para Trabalhos Futuros .........................................................................................150

    Referncias Bibliogrficas........................................................................................................................152 Apndice A .........................................................................................................................................155

    A.1 Dados para Estudo de Fluxo de Potncia ..............................................................................155 A.2 Dados para Estudo de Transitrios Eletromecnicos ............................................................156 A.3 Controlador Definido pelo Usurio do CAG.........................................................................160 A.4 Controlador Definido pelo Usurio do CST..........................................................................164

  • Lista de Figuras ix

    Lista de Figuras

    Figura I.1: Estrutura funcional de um SEP...................................................................................................1 Figura I.2: Integrao EletroEnergtica........................................................................................................3 Figura I.3: Principais malhas de controle associadas a um SEP...................................................................5 Figura II.1: Mquina Sncrona ...................................................................................................................11 Figura II.2: Diagrama de blocos da equao swing....................................................................................14 Figura II.3: Diagrama de blocos da equao swing com desvios de potncia...........................................15 Figura II.4: Percurso do vapor em uma unidade com reaquecimento ........................................................16 Figura II.5: Diagrama esquemtico para uma unidade com reaquecimento...............................................17 Figura II.6: Diagrama de blocos para uma unidade com reaquecimento....................................................17 Figura II.7: Diagrama de blocos reduzido para uma unidade com reaquecimento....................................18 Figura II.8: Diagrama de blocos para uma unidade sem reaquecimento ...................................................18 Figura II.9: Representao esquemtica de uma unidade hidrulica ..........................................................19 Figura II.10: Funo de transferncia para turbinas hidrulicas.................................................................20 Figura II.11: Resposta um degrau unitrio aplicado funo de transferncia de uma turbina hidrulica

    ..........................................................................................................................................................20 Figura III.1: Resultado de uma anlise de fluxo de potncia......................................................................21 Figura III.2: Curva diria de carga .............................................................................................................22 Figura III.3: Curva Carga x Freqncia......................................................................................................23 Figura III.4: Diagrama de blocos com amortecimento ...............................................................................24 Figura III.5: Diagrama de blocos do sistema..............................................................................................24 Figura III.6: Regulador de Velocidade Iscrono ........................................................................................26 Figura III.7: Diagrama de blocos de um regulador de velocidade iscrono ...............................................27 Figura III.8: Reposta no tempo de uma unidade geradora com regulado de velocidade iscrono ............28 Figura III.9: Regulador com queda de velocidade......................................................................................29 Figura III.10: Diagrama de blocos de um regulador de velocidade com queda de velocidade...................30 Figura III.11: Resposta no tempo de uma unidade geradora com regulador de velocidade com estatismo31 Figura III.12: Caracterstica Freqncia x Potncia ..................................................................................32 Figura III.13: Ajuste do parmetro R .........................................................................................................33 Figura III.14: Caracterstica Freqncia x Potncia para R=0...................................................................34 Figura III.15: Diviso de carga por duas unidades geradoras dotadas de reguladores com estatismo .......35 Figura III.16: Dispositivo de variao de velocidade .................................................................................37 Figura III.17: Sinal de Controle Secundrio...............................................................................................37 Figura III.18: Malha de Controle Secundrio.............................................................................................38 Figura III.19: Caracterstica Pf com Regulao Secundria ..............................................................39

  • Lista de Figuras x

    Figura III.20: Diagrama de blocos com regulao primria e secundria ..................................................41 Figura III.21: Diagrama de blocos com regulao primria e secundria e com controle de intercmbio .42 Figura III.22: Representao esquemtica de um sistema com com duas reas interligadas .....................43 Figura III.23: Diagrama de blocos para sistema de duas reas interligadas sem regulao secundria......44 Figura III.24: Sistema com trs reas de controle interligadas...................................................................47 Figura III.25: Diagrama de blocos para sistema de duas reas interligadas com regulao secundria .....48 Figura III.26: Relao TF ..............................................................................................................49 Figura IV.1: Nveis Hierrquicos ...............................................................................................................54 Figura IV.2: Estrutura hierrquica do Controle Coordenado de Tenso ....................................................56 Figura IV.3: Controle de Tenso e Repartio de Potncia Reativa...........................................................58 Figura IV.4: Malha de controle de tenso da barra piloto ..........................................................................58 Figura IV.5: Malha de controle de repartio de reativo............................................................................59 Figura V.1: Sistema Teste de Pequeno Porte..............................................................................................60 Figura V.2: Regulador de Tenso...............................................................................................................63 Figura V.3: Regulador de Velocidade e Turbina........................................................................................63 Figura V.4: Carregamento do Sistema .......................................................................................................64 Figura V.5: Tenso nas barras 4 e 5 ...........................................................................................................64 Figura V.6: Freqncia do Sistema ............................................................................................................65 Figura V.7: Potncia ativa dos geradores ...................................................................................................65 Figura V.8: Potncia reativa dos geradores ................................................................................................66 Figura V.9: Fluxo de potncia na interligao............................................................................................66 Figura V.10: Freqncia do sistema com e sem CAG................................................................................68 Figura V.11: Fluxo de potncia na interligao com e sem CAG ..............................................................68 Figura V.12: Potncia ativa dos geradores .................................................................................................69 Figura V.13: Erro de controle de rea (ECA).............................................................................................69 Figura V.14: Integral do ECA ....................................................................................................................70 Figura V.15: Carregamento do sistema ......................................................................................................70 Figura V.16: Freqncia do sistema ...........................................................................................................71 Figura V.17: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................71 Figura V.18: Potncia ativa dos geradores .................................................................................................71 Figura V.19: Erro de controle de rea ........................................................................................................72 Figura V.20: Integral do ECA ....................................................................................................................72 Figura V.21: Carregamento do sistema ......................................................................................................74 Figura V.22: Freqncia do sistema ...........................................................................................................74 Figura V.23: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................74 Figura V.24: Potncia ativa dos geradores .................................................................................................75 Figura V.25: Erro de controle de rea ........................................................................................................75 Figura V.26: Integral do ECA ....................................................................................................................75 Figura V.27: Carregamento do sistema ......................................................................................................76 Figura V.28: Freqncia do sistema ...........................................................................................................77

  • Lista de Figuras xi

    Figura V.29: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................77 Figura V.30: Potncia ativa dos geradores .................................................................................................77 Figura V.31: Erro de controle de rea ........................................................................................................78 Figura V.32: Integral do ECA ....................................................................................................................78 Figura V.33: Implementao da banda morta.............................................................................................79 Figura V.34: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................79 Figura V.35: Variao de freqncia na rea 1 ..........................................................................................80 Figura V.36: Variao de tenso na barra 4 ...............................................................................................80 Figura V.37: Variao da potncia dos geradores da rea 1.......................................................................81 Figura V.38: ECA da rea 1 .......................................................................................................................81 Figura V.39: Integral do ECA da rea 1 .....................................................................................................82 Figura V.40: Variao de freqncia na rea 2 ..........................................................................................82 Figura V.41: Variao de tenso na barra 5 ...............................................................................................83 Figura V.42: Variao da potncia do gerador da rea 2............................................................................83 Figura V.43: ECA da rea 2 .......................................................................................................................84 Figura V.44: Integral do ECA da rea 2 .....................................................................................................84 Figura V.45: Freqncia do sistema para diferentes valores de Bias da rea 1.........................................85 Figura V.46: Esforo de controle rea 1 para diferentes valores de Bias da rea 1..................................86 Figura V.47: Esforo de controle rea 2 para diferentes valores de Bias da rea 1..................................86 Figura V.48: Carregamento do Sistema .....................................................................................................88 Figura V.49: Freqncia do sistema ...........................................................................................................88 Figura V.50: Tenso na barra 4 ..................................................................................................................89 Figura V.51: Tenso na barra 5 ..................................................................................................................89 Figura V.52: Potncia reativa dos geradores 1 e 2 .....................................................................................90 Figura V.53: Repartio de potncia reativa Q2/Q1...................................................................................90 Figura V.54: Valor do shunt da barra 4 ......................................................................................................91 Figura V.55: Tenso da barra 4 com e sem CST........................................................................................91 Figura V.56: Potncia reativa dos geradores da rea 1 (sem CST) ............................................................92 Figura V.57: Potncia reativa dos geradores da rea 1 (com CST) ............................................................92 Figura V.58: Repartio de potncia reativa Q2/Q1...................................................................................93 Figura V.59: Tenso da barra 4 ..................................................................................................................93 Figura V.60: Tenso da barra 5 ..................................................................................................................94 Figura V.61: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................94 Figura V.62: Tenso da barra 4 com e sem CST........................................................................................95 Figura V.63: Tenso da barra 5 com e sem CST........................................................................................95 Figura V.64: Repartio de potncia reativa Q2/Q1...................................................................................96 Figura V.65: Fluxo de potncia na interligao..........................................................................................97 Figura V.66: Variao de freqncia na rea 1 ..........................................................................................97 Figura V.67: Variao de teso na barra 4 .................................................................................................98 Figura V.68: Repartio de potncia reativa Q2/Q1...................................................................................98

  • Lista de Figuras xii

    Figura V.69: Variao de freqncia na rea 2 ..........................................................................................99 Figura V.70: Variao de teso na barra 5 .................................................................................................99 Figura V.71: Carregamento da barra 4 .....................................................................................................100 Figura V.72: Perfil de tenso na barra 4 ...................................................................................................100 Figura V.73: Perfil de tenso na barra 5 ...................................................................................................101 Figura V.74: Variao de freqncia........................................................................................................101 Figura V.75: Potncia reativa dos geradores ............................................................................................102 Figura V.76: Repartio de potncia reativa Q2/Q1.................................................................................102 Figura V.77: Sistema de Transmisso do Sistema Interligado Nacional ..................................................107 Figura V.78: Subsistemas do Sistema Interligado Nacional.....................................................................108 Figura V.79: Configurao da Interligao Sul/Sudeste e os principais pontos de medio do intercmbio

    ........................................................................................................................................................110 Figura V.80: Configurao da Interligao Norte/Nordeste/Sudeste e os principais pontos de medio do

    intercmbio .....................................................................................................................................112 Figura V.81: Desvio de Freqncia..........................................................................................................117 Figura V.82: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................118 Figura V.83: Erro de Controle de rea ....................................................................................................118 Figura V.84: Desvio de Freqncia..........................................................................................................119 Figura V.85: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................119 Figura V.86: Erro de Controle de rea ....................................................................................................119 Figura V.87: Desvio de Freqncia..........................................................................................................120 Figura V.88: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................120 Figura V.89: Erro de Controle de rea ....................................................................................................120 Figura V.90: Desvio de Freqncia..........................................................................................................121 Figura V.91: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................121 Figura V.92: Erro de Controle de rea ....................................................................................................122 Figura V.93: Desvio de Freqncia..........................................................................................................122 Figura V.94: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................122 Figura V.95: Erro de Controle de rea ....................................................................................................123 Figura V.96: Desvio de Freqncia..........................................................................................................123 Figura V.97: Desvio de Intercmbio ........................................................................................................123 Figura V.98: Erro de Controle de rea ....................................................................................................124 Figura V.99: Desvio de Freqncia..........................................................................................................124 Figura V.100: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................125 Figura V.101: Erro de Controle de rea ..................................................................................................125 Figura V.102: Desvio de Freqncia........................................................................................................125 Figura V.103: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................126 Figura V.104: Erro de Controle de rea ..................................................................................................126 Figura V.105: Desvio de Freqncia........................................................................................................126 Figura V.106: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................127

  • Lista de Figuras xiii

    Figura V.107: Erro de Controle de rea ..................................................................................................127 Figura V.108: Desvio de Freqncia........................................................................................................128 Figura V.109: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................128 Figura V.110: Erro de Controle de rea ..................................................................................................129 Figura V.111: Desvio de Freqncia........................................................................................................129 Figura V.112: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................129 Figura V.113: Erro de Controle de rea ..................................................................................................130 Figura V.114: Desvio de Freqncia........................................................................................................130 Figura V.115: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................130 Figura V.116: Erro de Controle de rea ..................................................................................................131 Figura V.117: Desvio de Freqncia........................................................................................................132 Figura V.118: Desvio de Intercmbio ......................................................................................................132 Figura V.119: Erro de Controle de rea ..................................................................................................133 Figura V.120: Intercmbio entre as reas .................................................................................................134 Figura V.121: Gerao na rea Nordeste..................................................................................................134 Figura V.122: Freqncia em Itumbiara e Luiz Gonzaga ........................................................................135 Figura V.123: Fluxo no intercmbio Norte-Nordeste...............................................................................136 Figura V.124: Freqncia em Tucuru .....................................................................................................136 Figura V.125: Freqncia em Itumbiara...................................................................................................136 Figura V.126: Gerao nas reas Nordeste e Norte..................................................................................137 Figura V.127: Fluxo nos Intercmbios .....................................................................................................138 Figura V.128: Gerao da rea norte........................................................................................................138 Figura V.129: Fluxo nos Intercmbios .....................................................................................................139 Figura V.130: Gerao da rea norte........................................................................................................140 Figura V.131: Gerao da rea norte........................................................................................................140 Figura V.132: Intercmbio da rea norte..................................................................................................141 Figura V.133: Erro de controle da rea norte ...........................................................................................141 Figura V.134: Carregamento do Sistema .................................................................................................142 Figura V.135: Freqncia do Sistema ......................................................................................................142 Figura V.136: Variao de potncia das reas de controle.......................................................................143 Figura V.137: Erro de Controle de rea ..................................................................................................143 Figura V.138: Carregamento da rea Rio................................................................................................144 Figura V.139: Perfil de tenso da barra de Jacarepagu 345kV...............................................................144 Figura V.140: Freqncia do Sistema ......................................................................................................145 Figura V.141: Potncia reativa gerada .....................................................................................................145 Figura V.142: Variao de potncia ativa gerada.....................................................................................146 Figura V.143: Intercmbio lquido da rea sudeste ..................................................................................146

  • Lista de Tabelas xiv

    Lista de Tabelas

    Tabela III.1: Desvio de freqncia e intercmbio para uma variao de carga ..........................................46 Tabela V.1: Dados de linha utilizados no estudo de fluxo de potncia ......................................................61 Tabela V.2: Resultados obtidos no estudo de fluxo de potncia (dados de barra).....................................61 Tabela V.3: Resultados obtidos no estudo de fluxo de potncia (dados de gerao) ................................62 Tabela V.4: Resultados obtidos no estudo de fluxo de potncia (dados de carga) ....................................62 Tabela V.5: Dados dinmicos dos geradores..............................................................................................62 Tabela V.6: Dados do CAG........................................................................................................................67 Tabela V.7: Valores de ganhos para os CSTs.............................................................................................87 Tabela V.8: Modelagem de Carga do SIN................................................................................................105 Tabela V.9: Pontos de medio dos intercmbios considerados (S/SE)...................................................110 Tabela V.10: Pontos de medio dos intercmbios considerados ............................................................112 Tabela V.11: Carga prpria das reas de controle ....................................................................................113 Tabela V.12: Gerao Sincronizada das reas de controle .......................................................................114 Tabela V.13: Valores de bias adotados nas simulaes ...........................................................................115 Tabela V.14: Usinas sob atuao do CAG ...............................................................................................115 Tabela V.15: Intercmbios lquidos de cada rea .....................................................................................116 Tabela V.16: Locais de medio de freqncia........................................................................................116 Tabela V.17: Tempo Computacional Sistema de Pequeno Porte ..........................................................147 Tabela V.18: Tempo Computacional Sistema de Grande Porte ............................................................147

  • Lista de Smbolos xv

    Lista de Smbolos

    AP: Alta Presso

    B: Bias

    BP: Baixa Presso

    CA: Corrente Alternada

    CAG: Controle Automtico de Gerao

    CC: Corrente Contnua

    CCF: Controle Carga-Freqncia

    CCT: Controle Coordenado de Tenso

    CPT: Controle Primrio de Tenso

    CST: Controle Secundrio de Tenso

    CTT: Controle Tercirio de Tenso

    D: Coeficiente de Amortecimento

    fdE : Tenso de campo

    EAT: Extra Alta Tenso

    ECA: Erro de Controle de rea

    ESP: Estabilizador de Sistema de Potncia

    f: Freqncia da Tenso

    FF: Flat Frequency

    FTL: Flat Tie Line Control

    H: Constante de Inrcia

    J: Momento de Inrcia Combinado

    GiIK : Ganho do integrador associado ao gerador i

    GiPK : Ganho proporcional associado ao gerador i

    VIK : Ganho do integrador da malha de controle de tenso

    VPK : Ganho proporcional da malha de controle de tenso

    P: Potncia Eltrica Ativa

    PI: Presso Intermediria

  • Lista de Smbolos xvi

    Q: Potncia Eltrica Reativa

    R: Estatismo

    ar : Resistncia de armadura

    RAT: Regulador Automtico de Tenso

    RAV: Regulador Automtico de Velocidade

    NS : Potncia Eltrica Aparente

    SEP: Sistema Eltrico de Potncia

    SIN: Sistema Interligado Nacional

    t : Tempo

    aT : Torque Acelerante

    mT : Torque Mecnico

    eT : Torque Eltrico

    NT : Torque Nominal Eltrico

    TLB: Tie Line Bias Control

    V: Magnitude da Tenso

    bV : Tenso terminal do gerador

    piloto barraV : Tenso da barra piloto

    TV : Tenso terminal da mquina

    CSTV : Tenso de referncia para a malha de controle de tenso

    shrV : Tenso de referncia para a malha de controle de potncia reativa

    refV : Referncia de tenso para o regulador automtico de tenso

    CSTrefV : Tenso de referncia da barra piloto

    dX : Reatncia de eixo direto

    qX : Reatncia de eixo de quadratura

    'dX : Reatncia transitria de eixo direto

    'qX : Reatncia transitria de eixo de quadratura

    ''dX : Reatncia sub-transitria de eixo de quadratura

    lX : Reatncia de disperso

    : Fator de Participao

  • Lista de Smbolos xvii

    : Caracterstica Natural

    : Posio Angular do Rotor

    m0 : Velocidade Angular Nominal do Rotor em Radianos Mecnicos

    m : Velocidade Angular do Rotor em Radianos Mecnicos

    r : Velocidade Angular do Rotor em Radianos Eltricos

    0 : Velocidade Angular Nominal do Rotor em Radianos Eltricos

    A : Variao da Abertura da Admisso

    F : Variao da Freqncia

    mP : Variao de Potncia Mecnica

    eP : Variao de Potncia Eltrica

    DP : Variao da Carga (parcela variante com a freqncia)

    LP : Variao da Carga (parcela invariante com a freqncia)

    GP : Variao da Gerao

    shrQ : Erro de repartio de potncia reativa

    T : Variao de Intercmbio

    CSTV : Erro de tenso da barra piloto

    : Sinal do Controle Secundrio

  • Captulo I - Introduo 1

    I

    Captulo I

    Introduo

    I.1 Consideraes Gerais

    A funo principal de um Sistema Eltrico de Potncia (SEP) de converter

    formas de energia presentes na natureza em forma de eletricidade, e de

    transport-la at os centros consumidores. Por exemplo, converter e

    transportar at os centros consumidores a energia potencial da gua ou a

    energia liberada na queima de combustveis fsseis. A energia, contudo,

    raramente consumida sob a forma de eletricidade sendo convertida em calor,

    luz ou energia mecnica. A grande vantagem da energia eltrica que

    podemos transport-la e control-la com relativa facilidade e com alto grau de

    eficincia e confiabilidade [Kundur 1994].

    Como descrito em [Falco 2000] de um ponto de vista funcional, os SEPs

    apresentam uma estrutura como mostrado na Figura I.1.

    Gerao DistribuioTransmissoEnergiaPrimriaConsumidores

    Transmisso

    Interligao comoutros Sistemas

    Figura I.1: Estrutura funcional de um SEP

  • Captulo I - Introduo 2

    Seus principais componentes so os subsistemas de:

    Gerao: composto pelas usinas ou centrais geradoras. Estas

    centrais podem ser do tipo hidreltrica, trmica (carvo, leo, gs

    natural, etc...), nuclear ou elica. Ao final de 2002 a capacidade

    de gerao instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN)

    correspondia aproximadamente 73 GW sendo 80% de origem

    hidrulica. Em um sistema hidrotrmico com predominncia

    hidrulica, como o brasileiro, as usinas so construdas onde

    melhor se pode aproveitar as afluncias e os desnveis dos rios,

    geralmente distantes dos centros consumidores. Neste contexto

    grandes blocos de energia precisam ser transmitidos das regies de

    produo para as regies de consumo sendo necessrio

    desenvolver um extenso, e portanto complexo, sistema de

    transmisso.

    Transmisso: constitudo pelas linhas de transmisso e

    equipamentos auxiliares necessrios para transmitir a potncia

    produzida nas centrais geradoras at os centros consumidores. Os

    sistemas de transmisso podem ser em corrente alternada (CA) ou

    em corrente contnua (CC), sendo os ltimos utilizados apenas no

    caso de transmisso de grandes blocos de potncia a distncias

    muito elevadas. Ao final de 2002, a rede de transmisso do SIN

    era formada por mais de 72.000 Km de linhas de transmisso em

    tenses superiores a 230 kV. Formando caminhos alternativos, a

    rede de transmisso permite transportar a energia produzida at os

    consumidores com um maior grau de confiabilidade. Mais ainda,

    as grandes interligaes possibilitam a troca de energia entre

    regies, permitindo obter benefcios a partir da diversidade de

    comportamento das vazes entre rios de diferentes bacias

    hidrogrficas.

    Distribuio: constitudo pelas subestaes e alimentadores

    responsveis pela distribuio da energia eltrica aos

    consumidores industriais, comerciais e residenciais. Em geral,

  • Captulo I - Introduo 3

    incluem tambm uma parte local do sistema de transmisso, em

    tenses mais baixas (geralmente 69 kV e 138 kV), o qual recebe a

    denominao de subtransmisso.

    A Figura I.2 ilustra as principais bacias hidrogrficas utilizadas nos

    aproveitamentos hidreltricos do sistema eltrico brasileiro, assim como as

    grandes distncias a serem percorridas pelas linhas de transmisso em extra

    alta tenso (EAT) para atender a carga dos grandes centros consumidores.

    Figura I.2: Integrao EletroEnergtica

    Um SEP devidamente projetado e operado deve satisfazer os seguintes

    requisitos fundamentais:

  • Captulo I - Introduo 4

    O sistema deve ser capaz de suprir as contnuas mudanas na

    carga. A eletricidade no pode ser armazenada de maneira

    conveniente em grandes quantidades, portanto, uma adequada

    reserva girante de potncia ativa e reativa deve ser mantida e

    apropriadamente controlada.

    O sistema deve suprir energia com o menor custo econmico e

    impacto ecolgico possvel.

    A qualidade no suprimento de energia deve atender um

    desempenho mnimo em relao variao de freqncia,

    variao de tenso e ao nvel de confiabilidade.

    Vrios nveis de controle, com inmeros dispositivos, so utilizados para fazer

    com que os SEPs sejam capazes de atender aos requisitos acima citados. Os

    objetivos destes controles dependem do estado de operao em que se

    encontram os SEPs. Em condies normais, o objetivo dos controles

    basicamente de manter a tenso e a freqncia prximas de seus valores

    nominais da maneira mais eficiente possvel. Quando em condies adversas,

    novos objetivos devem ser alcanados fazendo com que o SEP retorne para sua

    condio normal de operao [Kundur 1994].

    O controle de SEPs facilitado pela aplicao da propriedade de

    desacoplamento entre os pares de variveis: potncia ativa ( P ) freqncia da

    tenso nas barras ( f ) e potncia reativa (Q ) magnitude da tenso nas barras

    (V ). Ou seja, os fluxos de potncia ativa e potncia reativa em um SEP so

    razoavelmente considerados independentes um do outro e influenciados por

    diferentes aes de controle [Kundur 1994]. Embora variaes em P possam

    afetar V e mudanas em Q possam influenciar f , dentro da faixa normal de

    operao estes efeitos cruzados so apenas marginais. Assim, controlando-se o

    torque entregue pelas mquinas primrias aos geradores controla-se

    essencialmente a potncia ativa e conseqentemente a freqncia. Da mesma

    forma, atravs de variaes apropriadas da excitao de campo dos geradores

  • Captulo I - Introduo 5

    controla-se a potncia reativa e conseqentemente a tenso terminal da

    mquina.

    Na Figura I.3 so identificadas as principais malhas de controle associadas a

    um sistema de potncia.

    Sistema Eltrico

    (rede / carga)

    GrupoTurbina - Gerador

    Sistema de Excitao

    Sistema de Regulao Primria( Regulador de Velocidade )

    Controle Secundrio de Tenso

    Sistema de Regulao Secundria( Controle Automtico de Gerao )

    correntede campo

    tensopotnciavelocidade

    potnciamecnica

    velocidade

    potncia

    eltrica

    tenso dereferncia

    potncia dereferncia

    tenso dabarra piloto

    frequncia

    intercmbio

    geraocontroles de umaunidade geradora

    Figura I.3: Principais malhas de controle associadas a um SEP

  • Captulo I - Introduo 6

    O controle do sistema de excitao consiste, basicamente, da atuao do

    regulador automtico de tenso (RAT). Esse controle procura manter a tenso

    terminal da mquina igual ao valor de referncia definido pelos operadores do

    sistema ou por controles de nvel mais elevado. O sistema de excitao,

    atravs de estabilizadores de sistema de potncia (ESP), ainda auxilia no

    amortecimento das oscilaes do rotor da mquina quando da ocorrncia de

    perturbaes no sistema. Esta ltima funo advm do fato de que a tenso de

    campo do gerador afeta significativamente o torque de amortecimento da

    mquina. As constantes de tempo do sistema de excitao so da ordem de

    milisegundos.

    O Controle Secundrio de Tenso (CST) consiste de uma malha de controle

    mais externa que regula a tenso do lado da transmisso atravs de barras

    chamadas barras piloto. Isso feito atravs do ajuste das tenses de referncia

    do RAT. Trata-se de um sistema de controle centralizado e cujas constantes de

    tempo so da ordem de poucos minutos.

    O controle do sistema de regulao primria consiste, basicamente, da atuao

    do regulador automtico de velocidade (RAV). Esse controle monitora a

    velocidade do eixo do conjunto turbina-gerador e controla o torque mecnico

    da turbina de modo a fazer com que a potncia eltrica gerada pela unidade se

    adapte s variaes de carga. As constantes de tempo do controle primrio so

    da ordem de alguns segundos.

    Como a atuao do controle primrio normalmente resulta em desvios de

    freqncia, necessrio que se conte com a atuao de um outro sistema de

    controle para restabelecer a freqncia ao seu valor nominal. Este sistema

    chamado de Sistema de Regulao Secundria ou Controle Automtico de

    Gerao (CAG). No caso de sistemas interligados este controle secundrio tem

    ainda a incumbncia de manter o intercmbio de potncia entre regies

    vizinhas to prximo quanto possvel dos valores previamente programados.

    Atualmente os CAGs so baseados em integrais do erro de controle, definidos

  • Captulo I - Introduo 7

    mais comumente como Erro de Controle de rea (ECA). As empresas que

    operam o CAG so denominadas controladoras de rea e as outras empresas

    controladas. Trata-se de um sistema de controle centralizado e cujas

    constantes de tempo so da ordem de minutos.

    O projeto de um sistema de potncia de grande porte, como o brasileiro, que

    assegure uma operao estvel a um baixo custo um problema bastante

    complexo. Os SEPs so sistemas extremamente no lineares. Para executar as

    tarefas relacionadas ao planejamento e operao dos SEPs os engenheiros

    necessitam de ferramentas computacionais para anlise, simulao e controle.

    Essas ferramentas permitem aos engenheiros a tomada de deciso com relao

    ao planejamento da expanso, melhor estratgia de operao e ao efetivo

    controle do sistema. No Brasil da mesma forma que em diversos pases, o

    sistema projetado para atender o critrio N-1, ou seja, no caso de falta

    temporria de um elemento de gerao ou transmisso, outras fontes ou

    caminhos alternativos de suprimento existem, de forma a permitir a

    continuidade do fornecimento de energia aos centros de consumo.

    Nos estudos convencionais de desempenho dinmico freqncia fundamental

    no so levadas em considerao as variaes lentas que ocorrem com a carga,

    preocupando-se apenas com o comportamento do sistema frente a defeitos de

    rpida durao, como por exemplo, curto-circuito seguido da abertura de

    linhas.

    Esta tese aborda principalmente o problema do Controle Carga-Frequncia

    (CCF) em SEPs, voltando o seu enfoque para o controle da malha de regulao

    secundria, mais comumente denominado Controle Automtico de Gerao

    (CAG). O objetivo primordial deste tipo de controle, como citado

    anteriormente, de restabelecer a freqncia ao seu valor de referncia. No

    Sistema Interligado Nacional a freqncia de referncia fixada em 60 HZ.

  • Captulo I - Introduo 8

    feita uma reviso dos conceitos bsicos dos controles responsveis pela

    regulao primria e secundria. Esta tese tambm trata de assuntos

    relacionados ao problema de estabilidade de tenso, enfocando principalmente

    o Controle Secundrio de Tenso (CST), controle este responsvel pela

    regulao da tenso ao nvel da transmisso. Os controles, tanto do CAG como

    do CST, so implementados em um programa comercial de anlise de

    transitrios eletromecnicos. Um sistema fictcio e outro real so simulados.

    Diversas simulaes dinmicas so efetuadas com o objetivo de fixao dos

    conceitos e validao dos modelos de CAG e CST.

    I.2 Estrutura da Tese

    Esta tese esta organizada da seguinte forma.

    O Captulo I apresenta a introduo deste trabalho.

    O Captulo II apresenta o desenvolvimento das equaes diferenciais que

    descrevem o comportamento dinmico do sistema e suas respectivas funes

    de transferncia. So apresentadas modelagens especficas para mquinas

    sncronas e as funes de transferncia que regem o comportamento das

    turbinas.

    O Captulo III aborda os aspectos tericos do problema de controle carga-

    freqncia. So discutidos os nveis de controle de freqncia e apontadas as

    suas deficincias. O enfoque maior incide sobre a malha de regulao

    secundria e seu comportamento na operao de sistemas interligados. A

    utilizao de bias diferente da caracterstica da rea apresentada.

    O Captulo IV trata de questes relacionadas ao problema de estabilidade de

    tenso, enfocando principalmente o Controle Secundrio de Tenso (CST). A

    implementao de um CST apresentada.

  • Captulo I - Introduo 9

    O Captulo V apresenta as simulaes feitas com dois sistemas: um sistema de

    pequeno porte, sendo utilizado um sistema de 6 barras com duas reas, e um

    sistema de grande porte, sendo utilizado o Sistema Interligado Nacional (SIN).

    Estas simulaes visam avaliar o comportamento dos controles secundrios de

    freqncia e tenso.

    O Captulo VI apresenta as concluses deste trabalho e sugestes para

    trabalhos futuros.

    O programa utilizado para a implementao dos controles e para a realizao

    das simulaes foi o Programa de Anlise de Transitrios Eletromecnicos

    ANATEM do CEPEL [CEPEL 2002]. Foram tambm utilizados os programas

    ANAREDE (Programa de Anlise de Redes) e PlotCEPEL (Programa de

    Visualizao de Grficos), desenvolvidos pelo CEPEL [CEPEL

    2003a][CEPEL 2003b].

  • Captulo II Modelagens Especficas 10

    II

    Captulo II

    Modelagens Especficas

    II.1 Modelo de Mquina Sncrona

    Para estudar um sistema, necessrio que este seja convenientemente descrito

    atravs de equaes matemticas. As equaes diferenciais que descrevem o

    comportamento dinmico do sistema podem ser obtidas atravs de um balano

    de potncia em cada mquina do sistema.

    Seja a mquina sncrona representada na Figura II.1, a segunda Lei de Newton

    em sua forma rotacional fornece:

    am T

    dtd

    J =

    (1)

    Onde:

    J momento de inrcia combinado (gerador-turbina), [ 2mkg ].

    m velocidade angular do rotor em radianos mecnicos, [ srad ].

    aT torque acelerante, [ mN ].

    t tempo, [ s ].

  • Captulo II - Modelagens Especficas 11

    Figura II.1: Mquina Sncrona

    O torque acelerante ( aT ) o torque resultante da diferena entre o torque

    mecnico e o torque eltrico.

    ema TTT = (2)

    Onde:

    mT torque mecnico, [ mN ].

    eT torque eltrico, [ mN ].

    Em regime esta diferena nula e no h acelerao ( 0=aT ). Durante

    perturbaes, contudo, 0aT .

    Definindo-se a constante de inrcia H como:

    mquina da nominal aparente potncianominal velocidade armazenada cintica energiaH = (3)

    Tem-se:

    N

    m

    SJ

    H20

    21

    = (4)

    Onde:

  • Captulo II - Modelagens Especficas 12

    m0 velocidade angular nominal do rotor em radianos mecnicos, [ srad ].

    NS potncia aparente nominal da mquina, [VA ].

    O momento de inrcia J em termos de H fica:

    Nm

    SHJ 20

    2

    = (5)

    Substituindo as Equaes (2) e (5) na Equao (1) tem-se:

    emm

    Nm

    TTdt

    dSH =

    20

    2 (6)

    m

    N

    em

    m

    m

    STT

    dtdH

    00

    2

    =

    (7)

    Notando-se que:

    Nm

    N TS

    =0

    (8)

    rr

    r

    m

    m

    np

    np

    ===000

    (9)

    Onde:

    NT torque nominal da mquina, [ mN ].

    r velocidade angular do rotor em radianos eltricos, [ srad ].

    0 velocidade angular nominal do rotor em radianos eltricos, [ srad ].

  • Captulo II - Modelagens Especficas 13

    r velocidade angular do rotor em radianos eltricos, [ pu ].

    np nmero de par de plos

    Substituindo-se as Equaes (8) e (9) na Equao (7) tem-se:

    emr TT

    dtd

    H =

    2 (10)

    Onde:

    mT torque mecnico, [ pu ].

    eT torque eltrico, [ pu ].

    Ao invs de medir a posio angular em relao a um eixo fixo, mais

    conveniente faz-lo em relao a um eixo de referncia que gira velocidade

    sncrona em relao ao eixo fixo. Seja a posio angular do rotor, em

    radianos eltricos, em relao ao eixo de referncia que gira velocidade

    sncrona, e 0 , a sua posio em t igual a zero, tem-se:

    )( 00 += ttr (11)

    Derivando-se a Equao (11) em relao ao tempo, duas vezes consecutivas,

    obtm-se:

    rsrdtd == (12)

    dtd

    dtd

    dtd rr ==2

    2

    (13)

  • Captulo II - Modelagens Especficas 14

    dtd

    dtd

    dtd rr

    == 002

    2

    (14)

    Substituindo-se dtd r na Equao (10) tem-se:

    em TTdtdH

    =22

    0

    2

    (15)

    A Equao (15) representa a equao de movimento de uma mquina sncrona,

    comumente chamada de equao swing.

    A Figura II.2 mostra o diagrama de blocos das Equaes (10) e (15).

    Hs21

    mT+

    r

    eT

    s0

    Figura II.2: Diagrama de blocos da equao swing

    Em estudos do tipo carga-freqncia comum representar a relao acima em

    termos de potncia mecnica e eltrica ao invs do torque. A relao entre a

    potncia P e o torque T dada por:

    TP r= (16)

    Considerando pequenos desvios em torno do valor nominal, e negligenciando

    os termos de segunda ordem em diante tem-se:

  • Captulo II - Modelagens Especficas 15

    rr

    TTTPPP

    +=+=+=

    0

    0

    0

    (17)

    ( )( )TTPP r ++=+ 000 (18)

    rTTP += 00 (19)

    rememem TTTTPP += )()( 000 (20)

    Como em regime permanente os torques eltricos e mecnicos so iguais

    ( 00 em TT = ), e com a velocidade expressa em pu , 10 = , tem-se:

    emem TTPP = (21)

    O diagrama de blocos da Figura II.2 pode ser reescrito da forma mostrada na

    Figura II.3.

    Hs21+

    r

    eP

    s0 mP

    Figura II.3: Diagrama de blocos da equao swing com desvios de potncia

    II.2 Modelos de Turbinas

    Neste item sero analisadas as funes de transferncia que definem o

    comportamento das turbinas. Uma modelagem rigorosa destas funes de

    transferncia necessitaria de um maior detalhamento das prprias turbinas, o

    que se considera fora do escopo desta tese. Portanto sero apenas apresentados

    os resultados destas modelagens.

  • Captulo II - Modelagens Especficas 16

    II.2.1 Modelo para Turbinas Trmicas

    Uma turbina a vapor consiste basicamente de aletas montadas sobre um eixo,

    projetadas para extrair a energia trmica e de presso do vapor superaquecido,

    originrio da caldeira, e converter esta energia em energia mecnica. O vapor

    admitido na turbina via vlvula de controle, a alta temperatura e presso. Na

    sada, o vapor entregue ao condensador, a baixa presso e baixa temperatura.

    Em geral, as turbinas so compostas por diferentes estgios, em funo do

    nvel da presso do vapor. No caso geral, uma turbina pode ter trs estgios: de

    alta, intermediria e baixa presso (AP, PI e BP respectivamente). Em turbinas

    com reaquecimento, o vapor que sai do estgio de AP levado de volta

    caldeira para ter sua energia trmica aumentada antes de ser introduzido no

    estgio de PI (ou BP). O objetivo aumentar a eficincia da turbina.

    O percurso do vapor em uma unidade com reaquecimento est representado na

    Figura II.4. A Figura II.5 representa o diagrama de blocos relacionando a

    posio das vlvulas de controle de admisso de vapor e a potncia mecnica

    da turbina.

    Vlvula de controlede admisso de vapor

    Turbinade AP

    Reaquecedor

    Reguladorde Velocidade

    Vapor

    Condensador

    Turbinade BP

    Figura II.4: Percurso do vapor em uma unidade com reaquecimento

  • Captulo II - Modelagens Especficas 17

    Vlvulade controlede admisso

    de vapor

    Comando doreg. de veloc.

    Tubulao de entradae cmara

    de vapor (AP)

    APF

    Reaquecedor Cmara devapor de BP

    mP

    Figura II.5: Diagrama esquemtico para uma unidade com reaquecimento

    O comportamento da vlvula de controle afetado pelo fato de que o fluxo de

    vapor na vlvula uma funo no-linear da posio da vlvula, apresentando

    efeito de saturao quando a abertura aumenta. Entre as variaes de fluxo de

    vapor na vlvula e o fluxo de entrada na turbina de AP existe um atraso de

    tempo devido s prprias tubulaes de entrada e cmara de vapor. A turbina

    de AP extrai uma frao ( APF ) da potncia trmica do vapor, transformando-a

    em torque mecnico. O estgio de BP (e PI, se houver), transforma a frao

    restante de potncia trmica em potncia mecnica. Antes de o vapor chegar

    aos estgios de PI e/ou BP, contudo, ele deve retornar caldeira via

    reaquecedor. Este, portanto, introduz um novo atraso no sistema trmico.

    O diagrama de blocos da Figura II.6 apresenta em detalhes as funes de

    transferncia descritas acima.

    CsT+11

    APF

    RsT+11

    A

    APF1

    mP+

    +

    Figura II.6: Diagrama de blocos para uma unidade com reaquecimento

    Reduzindo-se este diagrama de blocos, obtm-se o diagrama de blocos

    mostrado na Figura II.7.

  • Captulo II - Modelagens Especficas 18

    ( )( )( )RC

    RAP

    sTsTTsF++

    +11

    1A mP

    Figura II.7: Diagrama de blocos reduzido para uma unidade com reaquecimento

    O modelo para turbinas de condensao direta, ou seja, sem reaquecimento,

    um caso particular da funo de transferncia de turbinas com reaquecimento,

    onde 1=APF . Para este caso teremos o diagrama de blocos mostrado na

    Figura II.8.

    ( )CsT+11A mP

    Figura II.8: Diagrama de blocos para uma unidade sem reaquecimento

    II.2.2 Modelo para Turbinas Hidrulicas

    A Figura II.9 representa esquematicamente o reservatrio, o conduto forado, o

    distribuidor e a turbina de uma unidade hidrulica. Onde H a altura de gua

    do reservatrio em relao ao nvel do distribuidor, u a velocidade da gua

    no conduto forado e L o comprimento do conduto forado.

  • Captulo II - Modelagens Especficas 19

    Figura II.9: Representao esquemtica de uma unidade hidrulica

    A representao da turbina hidrulica em estudos de estabilidade

    normalmente baseada nas seguintes aproximaes [Kundur 1994]:

    A tubulao do conduto forado inelstica e a gua

    incompressvel.

    A velocidade da gua diretamente proporcional a abertura da

    vlvula e a raiz quadrada da coluna hidrulica lquida.

    A potncia da turbina proporcional ao produto entre altura da

    gua e a vazo.

    As perdas de presso no conduto forado so desprezveis.

    Usando as hipteses acima citadas pode-se desenvolver o modelo da turbina

    apresentado em [Kundur 1994].

    O diagrama de bloco que representa a funo de transferncia desta turbina

    mostrado na Figura II.10.

  • Captulo II - Modelagens Especficas 20

    21

    1

    Ts

    sT

    +

    A mP

    gHuLT =

    Figura II.10: Funo de transferncia para turbinas hidrulicas

    Esta funo de transferncia representa um sistema de fase no mnima, ou

    seja, a variao inicial da potncia oposta variao final. Pode-se observar

    que, caso se aplique um degrau unitrio quela funo de transferncia tem-se:

    sTs

    sTsPm

    1

    21

    1)(

    +

    =

    (22)

    O que passando para o domnio do tempo.

    13)(2

    += t

    Tm etP (23)

    A Equao (23) representada pela curva da Figura II.11.

    Figura II.11: Resposta um degrau unitrio aplicado funo de transferncia de uma turbina hidrulica

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 21

    III

    Captulo III

    Controle Carga-Freqncia

    III.1 Introduo

    Os estudos eltricos de sistemas de potncia que retratam o desempenho em

    regime permanente analisam as condies destes sistemas para uma certa

    condio especfica do mesmo. Isto significa uma fotografia do sistema

    naquele instante. Geralmente so analisadas as condies mais severas de

    carga, como por exemplo, carga pesada e carga mnima. Uma premissa

    adotada para estes estudos considerar a freqncia do sistema constante e

    igual a 60 HZ, no caso do sistema brasileiro. A Figura III.1 ilustra um

    resultado de uma anlise de fluxo de potncia.

    Figura III.1: Resultado de uma anlise de fluxo de potncia

    Mas na realidade o comportamento do sistema eltrico bem diferente. As

    cargas nos diversos barramentos variam a cada instante fazendo com que o

    estado de equilbrio carga-gerao seja sempre alterado. medida que a carga

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 22

    do sistema se altera, necessrio que tambm se altere a potncia mecnica dos

    geradores do sistema, pois a variao de carga suprida inicialmente pela

    energia cintica das massas girantes provocando desvios de velocidade de

    rotao das mquinas e conseqentemente desvios de freqncia.

    A Figura III.2 mostra uma curva da variao da carga diria do sistema

    brasileiro.

    Figura III.2: Curva diria de carga

    Portanto, um SEP deve possuir um sistema de controle adequado no sentido de

    fazer com que o mesmo restabelea um estado de equilbrio apropriado instante

    a instante. O controle da gerao e da freqncia comumente denominado

    Controle Carga-Freqncia (CCF).

    III.2 Regulao Prpria

    Todo sistema de potncia possui uma capacidade inerente de alcanar um novo

    estado de equilbrio carga-gerao [Vieira Filho 1984][Kundur 1994]. Isto se

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 23

    explica pelo fato da carga ser varivel com a freqncia, e portanto, em geral,

    quando a freqncia decai tambm decai o valor absoluto da carga, indicando

    uma tendncia do prprio sistema de se auto-regular, ou seja, de atingir um

    novo estado de equilbrio. Esta propriedade denominada Regulao Prpria

    do sistema.

    A regulao prpria quantificada por meio do parmetro D, chamado de

    Coeficiente de Amortecimento.

    FP

    D D

    = (24)

    Onde:

    DP representa a variao da carga sensvel freqncia.

    F representa a variao da freqncia.

    A Figura III.3 mostra uma curva caracterstica da variao da carga com a

    freqncia.

    Figura III.3: Curva Carga x Freqncia

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 24

    Em um sistema de potncia de grande porte como o brasileiro as variaes de

    carga ( DP ) podem atingir valores considerveis. Por outro lado, valores

    tpicos de D para tais sistemas so relativamente baixos (variando de 1% a

    2%) mostrando que variaes inadmissveis de freqncia podem ser

    alcanadas.

    O diagrama de blocos do sistema incluindo o efeito de amortecimento da carga

    mostrado na Figura III.4.

    Ms1

    D

    MP

    LP DP

    +

    r

    Figura III.4: Diagrama de blocos com amortecimento

    Sendo:

    EDL PPP =+ (25)

    Onde:

    LP representa a variao da carga no sensvel freqncia.

    O diagrama de blocos da Figura III.4 pode ser reduzido como ilustrado na

    Figura III.5.

    DMs +1

    MP

    LP

    +

    r

    Figura III.5: Diagrama de blocos do sistema

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 25

    III.3 Regulao Primria

    Como visto no item anterior, um sistema de potncia tem uma caracterstica

    inerente, que denominamos Regulao Prpria, de alcanar um novo ponto de

    equilbrio quando de um desbalano carga-gerao. Entretanto, esta auto-

    regulao pode levar o sistema a nveis operativos inaceitveis (variaes de

    freqncia de grande porte). Torna-se portanto necessria a atuao de um

    controle que auxilie na conduo do sistema a um novo ponto de equilbrio

    mais favorvel.

    Por esta razo as unidades geradoras so dotadas de mecanismos de regulao

    de velocidade automtica que atuam no sentido de aumentar ou diminuir a

    potncia gerada quando a velocidade (ou freqncia) se afasta da velocidade

    (ou freqncia) de referncia. Este primeiro estgio de controle de velocidade

    em uma unidade geradora denominado Regulao Primria [Vieira Filho

    1984].

    A seguir so apresentados os tipos de reguladores de velocidade existentes.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 26

    III.3.1 Reguladores de Velocidade Iscronos

    Um regulador de velocidade iscrono do tipo indicado na Figura III.6.

    Figura III.6: Regulador de Velocidade Iscrono

    As esferas indicadas giram em sincronismo com a turbina e a fora que se

    exerce sobre elas funo da velocidade de rotao. A cada valor de

    velocidade (ou freqncia) da mquina corresponde uma posio do ponto B.

    Dessa forma, podemos verificar que o fluxo de leo no distribuidor ser uma

    funo da freqncia, sendo que existe somente uma posio dos mbolos do

    distribuidor para a qual o fluxo de leo interrompido, e esta corresponde

    velocidade nominal da turbina (freqncia nominal).

    Supondo-se uma diminuio na freqncia devido a um aumento de carga no

    sistema. A tendncia do ponto B, cuja posio regida pela fora centrfuga

    das esferas, elevar-se, deslocando os mbolos e provocando a abertura da

    parte superior do distribuidor, e como conseqncia uma injeo de leo no

    pisto que far uma abertura maior na admisso da turbina. Este movimento

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 27

    continuar at que se atinja exatamente o valor da freqncia nominal do

    sistema, nica para a qual cessaro as injees de leo no distribuidor.

    A Figura III.7 mostra o diagrama de blocos da funo de transferncia de um

    regulador de velocidade iscrono.

    sKF A

    Figura III.7: Diagrama de blocos de um regulador de velocidade iscrono

    Na Figura III.7, F representa a variao da freqncia do sistema em pu e

    A representa a variao da abertura da admisso em pu .

    Somente em um caso pode-se conceber tal tipo de regulao, sem se introduzir

    danos para a estabilidade do sistema. Este seria o caso simplista de uma nica

    mquina suprindo uma nica carga [Vieira Filho 1984].

    A Figura III.8 mostra a resposta no tempo de uma unidade geradora, dotada de

    um regulador iscrono, quando submetida a um aumento de carga.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 28

    Figura III.8: Reposta no tempo de uma unidade geradora com regulado de velocidade iscrono

    A operao em paralelo de unidades geradoras com controle do tipo iscrono,

    possui uma sria dificuldade, pois praticamente impossvel estabelecer e

    manter valores de referncia idnticos nos diversos controladores de

    velocidade do sistema. A implementao deste tipo de controle promove uma

    disputa entre as unidades no sentido de cada uma buscar estabelecer para o

    sistema a freqncia definida no seu prprio valor de referncia. Como a

    freqncia nica ao longo de todo o sistema, no final deste processo teramos

    um colapso, com algumas unidades tendendo ao seu despacho mximo

    enquanto outras tenderiam ao seu despacho mnimo.

    Portanto, em sistemas de potncia com mais de uma unidade geradora suprindo

    as diversas cargas, este tipo de regulador embora apresente a vantagem de fazer

    com que a freqncia retorne ao seu valor original, traz srios problemas de

    instabilidade e impossibilidade de repartio adequada da carga entre as

    unidades geradoras.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 29

    III.3.2 Reguladores de Velocidade com Queda de Velocidade

    Para que se tenha uma diviso estvel da carga entre duas ou mais unidades

    geradoras operando em paralelo, os reguladores destas unidades devem

    apresentar uma caracterstica de queda de velocidade. A Figura III.9 mostra

    um desenho esquemtico de um regulador de velocidade com queda de

    velocidade.

    Figura III.9: Regulador com queda de velocidade

    Supondo-se uma diminuio na freqncia devido a um aumento de carga no

    sistema, haver como vimos uma tendncia de elevao do ponto B. Haver o

    deslocamento do mbolo no sentido de abrir a vlvula de admisso da turbina.

    O ponto H tender a baixar para uma nova posio H, mostrando tendncia de

    abaixar o ponto E. Quando se retorna posio original, o servomecanismo

    deixa de atuar e o sistema est de novo em equilbrio.

    Esta caracterstica de regulao pode ser obtida adicionando-se um sinal de

    realimentao em paralelo ao integrador da Figura III.7, como mostrado na

    Figura III.10.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 30

    F

    sK A

    R

    Figura III.10: Diagrama de blocos de um regulador de velocidade com queda de velocidade

    Essa malha adicional promove uma reduo no valor de referncia medida

    que a unidade assume carga. Ou seja, medida que a mquina assume carga o

    sistema de controle de velocidade admite uma queda de velocidade.

    Com essa malha de realimentao o regulador de velocidade apresenta uma

    Caracterstica Esttica representada pelo parmetro R , tambm chamado de

    estatismo.

    A funo de transferncia, que converter um F em um A , representada

    pelo diagrama de blocos da Figura III.10, pode ser escrita da seguinte forma:

    KRs

    RFA

    +

    =

    11

    1 (26)

    Onde o parmetro R1 conhecido como Energia de Regulao da Mquina.

    Sendo RKTG 1= , tem-se:

    GsTR

    FA

    +

    =

    11 (27)

    Pode-se demonstrar que o acrscimo provocado na admisso A

    proporcional ao acrscimo na potncia gerada pela mquina P [Vieira Filho

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 31

    1984], e em pu PA = . Portanto a funo de transferncia da Equao (27)

    pode ser reescrita da seguinte forma:

    GsTR

    FP

    +

    =

    11 (28)

    Aplicando-se o teorema do valor final na funo de transferncia acima, pode-

    se determinar o erro em regime permanente deste tipo de regulador.

    RFP

    pr

    1

    ..

    =

    (29)

    A Figura III.11 mostra a resposta no tempo de uma unidade geradora, dotada

    de um regulador com estatismo, quando submetida a um aumento de carga.

    Figura III.11: Resposta no tempo de uma unidade geradora com regulador de velocidade com estatismo

    A Equao (29) pode ser reescrita como:

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 32

    ....1

    prpr FRP = (30)

    ou ainda,

    ( ) 01 00 =+ ffRPP (31)

    Esta ltima equao corresponde equao de uma reta que passa pelo ( )00 , fP conforme indicado na Figura III.12.

    Figura III.12: Caracterstica Freqncia x Potncia

    O estatismo ( R ) definido como a variao da velocidade que se tem ao

    passar-se de carga zero para plena carga, em pu da velocidade nominal

    [Vieira Filho 1984].

    ( ) 100% =n

    cv

    fff

    R (32)

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 33

    O ajuste do parmetro R implica em uma rotao da reta mostrada na Figura

    III.12 em torno do ponto ( )00 , fP , como mostrado na Figura III.13.

    Figura III.13: Ajuste do parmetro R

    No Sistema Interligado Nacional o Operador Nacional do Sistema (ONS)

    determina que todas os reguladores de velocidade operem com estatismo de

    5% [ONS 2003a].

    Cabe ressaltar que para um regulador iscrono, 0=R , a curva Freqncia x

    Potncia seria uma reta, na freqncia nominal, paralela ao eixo das abscissas.

    Isto mostra a no possibilidade de existncia de um ponto de operao para

    mais de uma mquina operando em paralelo. A Figura III.14 mostra esta

    caracterstica.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 34

    Figura III.14: Caracterstica Freqncia x Potncia para R=0

    Se duas ou mais unidades geradoras dotadas de reguladores com estatismo

    esto conectadas a um mesmo sistema de potncia, existir somente um nico

    valor de freqncia para o qual as unidades dividiro o aumento de carga.

    A Figura III.15 apresenta duas unidades geradoras com estatismos 1R e 2R

    (sendo 21 RR > ) respectivamente. Inicialmente o sistema est operando a uma

    freqncia nominal 0f , e cada mquina gerando 1P e 2P . Quando temos um

    aumento de carga dP os reguladores faro com que a potncia mecnica de

    cada gerador aumente at se atingir um novo ponto de equilbrio com um novo

    valor de freqncia. A parcela do aumento de gerao que cada gerador

    absorver, depender do estatismo de cada mquina e pode ser calculado

    atravs das relaes:

    11

    '11 R

    fPPP == (33)

    22

    '22 R

    fPPP == (34)

    fRR

    PPP d

    +==+

    2121

    11 (35)

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 35

    Onde: eqRRR111

    21

    =+

    Figura III.15: Diviso de carga por duas unidades geradoras dotadas de reguladores com estatismo

    A utilizao de reguladores de velocidade com estatismo supera os

    inconvenientes dos reguladores iscronos, ou seja, os problemas de

    estabilidade e de repartio de carga. No entanto, como conseqncia da

    caracterstica esttica do regulador, a freqncia no retorna ao valor nominal

    permanecendo no sistema um erro de freqncia proporcional ao montante de

    desequilbrio de potncia ocorrido.

    desejvel que o sistema seja capaz de manter o seu equilbrio dentro de erros

    de freqncia admissveis. Contornar este inconveniente o objetivo da

    introduo na estrutura do regulador de velocidade de um segundo estgio de

    regulao, que constitui a chamada Regulao Secundria.

    III.4 Regulao Secundria

    Na seo anterior verificou-se que embora a regulao primria propicie o

    atendimento da demanda, atravs da sua repartio entre as diversas unidades

    geradoras do sistema, isto se d s custas de um desvio, em regime permanente,

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 36

    na freqncia do sistema. Variaes de freqncia no sistema poderiam se

    tornar inaceitveis devido a impactos sucessivos de carga. Diversas restries

    operao com subfreqncia podem ser apontadas, abaixo so listadas

    algumas mais importantes de acordo com [Vieira Filho 1984]:

    Aumento na fadiga das unidades geradoras e conseqente perda

    da vida til.

    Cargas crticas controladas por processos sncronos, ou

    processos dependentes de relgios sncronos.

    Carga reativa do sistema tende a aumentar. Com freqncias

    reduzidas, os capacitores conectados ao sistema tendem a

    fornecer menos reativo. A reatncia dos reatores se reduz e

    portanto a solicitao de corrente reativa aumenta neste tipo de

    equipamento.

    necessrio, portanto, a existncia de um controle suplementar que faa a

    freqncia retornar ao seu valor original. Este controle atua na referncia dos

    reguladores de velocidade e constitui a chamada Regulao Secundria.

    Fisicamente, isto corresponde na introduo do seguinte dispositivo na Figura

    III.9.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 37

    Figura III.16: Dispositivo de variao de velocidade

    No diagrama de blocos da Figura III.10 isto equivale introduo do sinal

    como mostrado na Figura III.17.

    F

    A

    R1

    GsT+11+

    Figura III.17: Sinal de Controle Secundrio

    Uma estratgia de controle suplementar deve ter os seguintes requisitos

    segundo a referncia [Vieira Filho 1984]:

    A malha de controle resultante deve ser estvel.

    Aps uma variao de carga, ou gerao, o erro de freqncia

    deve retornar a zero.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 38

    Para atender os requisitos acima mencionados, faz-se necessria uma malha de

    controle que verifique o erro de freqncia do sistema e atue no regulador de

    velocidade de modo a eliminar esse erro. Para realizar essa funo e introduzir

    a possibilidade de ajuste, um controlador integral associado a um ganho iK

    deve ser usado, conforme mostrado na Figura III.18.

    F

    A

    R1

    GsT+11+

    sKi

    F

    Malha de ControleSecundria

    Figura III.18: Malha de Controle Secundrio

    A caracterstica esttica do regulador para esse novo controle permanece com a

    mesma inclinao, ou seja, o mesmo valor de R . No grfico apresentado na

    Figura III.19, a ao do controle secundrio pode ser interpretada como o

    deslocamento vertical da curva Pf , para cima ou para baixo, conforme o

    interesse em modificar a freqncia de referncia do regulador.

    O grfico Pf da Figura III.19 nos mostra o caso de uma nica unidade

    geradora, dotada de um regulador de velocidade com estatismo e um sistema

    de controle secundrio, alimentando uma carga. Inicialmente o sistema est

    operando no ponto 1. Aps uma variao de carga dP a carga passar a 1dP e

    a unidade geradora fornecer 11 dG PP = , porm a uma freqncia mais baixa 1f .

    Portanto, aps a atuao da regulao primria o sistema encontra-se operando

    no ponto 2. O controle secundrio continuar a agir e somente cessar sua

    atuao quando a freqncia voltar ao seu valor original ( )0f . Logo, o novo

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 39

    ponto de operao aps a atuao do controle secundrio corresponder ao

    ponto 3.

    Regulao Primria

    Regulao Secundria

    Figura III.19: Caracterstica Pf com Regulao Secundria

    A descrio anterior tomou como base a presena de uma unidade geradora.

    Porm, o raciocnio desenvolvido pode ser estendido a um sistema de uma

    nica rea de controle com n mquinas.

    Considerando-se como rea de controle a parte de um sistema de potncia na

    qual os grupos de unidades geradoras respondem s variaes de cargas

    contidas nesta parte do sistema. Deste modo pode-se deduzir que [Vieira Filho

    1984]:

    As reas de controle devero, sempre que possvel, ser

    balanceadas em termos de carga e gerao.

    As linhas de interligao entre reas de controle devero,

    sempre que possvel, trabalhar com folgas suficientes para

    garantir intercmbios de auxlio, intercmbios de emergncia e

    intercmbios para otimizao operativa do sistema.

  • Captulo III Controle Carga-Freqncia 40

    As unidades geradoras de uma rea de controle devero ser as

    mais coerentes possveis.

    O estatismo equivalente de uma rea de controle pode ser obtido a partir dos

    estatismos individuais das unidades, ou seja:

    neq RRRR1111

    21

    +++= L (36)

    A ao de controle secundrio deve ser repartida entre as unidades geradoras

    participantes do controle, cada uma recebendo um sinal = ii onde

    o fator de participao e = 1i , em pu . Tais fatores definem o montante que cada mquina tomar, do acrscimo de demanda, aps a regulao

    secundria.

    Uma grandeza muita utilizada nos estudos de anlises de controle automtico

    de gerao o