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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA - PPGTE DISSERTAÇÃO ESTRUTURAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE INCUBADORAS TECNOLÓGICAS CRISTIANE STAINSACK CURITIBA MARÇO DE 2003

dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

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Page 1: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA - PPGTE

DISSERTAÇÃO

ESTRUTURAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

CRISTIANE STAINSACK

CURITIBA MARÇO DE 2003

Page 2: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA - PPGTE

ESTRUTURAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

Cristiane Stainsack

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia, área de concentração: Inovação Tecnológica. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto.

CURITIBA 2003

Page 3: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

S782e Stainsack, Cristiane Estruturação, organização e gestão de incubadoras tecnológicas / Cristiane Stainsack. – Curitiba : CEFET-PR, 2003. 113 f. : il. ; 30 cm Orientador : Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto Dissertação (Mestrado) – CEFET-PR. Curso de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2003. Bibliografia : f. 109-13

1. Incubadoras de empresas. 2. Inovações tecnológicas. 3. Planejamento Regional. 4. Entrepreneurship. I. Iarozinski Neto, Alfredo, orient. II. Centro

Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Curso de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título. CDD : 658.04 CDU : 658

Page 4: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

CRISTIANE STAINSACK

ESTRUTURAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia, área de concentração: Inovação Tecnológica. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Iarozinski Neto.

CURITIBA 2003

Page 5: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a comunidade tecnológica, em

especial, aos gerentes de incubadoras que lutam

pelo sucesso das pequenas empresas de base

tecnológica brasileiras. Aos profissionais e amigos,

Gina Paladino, Rubens Eduardo Novicki e Domingos

Portilho Filho que me apoiaram no início da minha

vida profissional e me conduziram ao tema de

incubadoras de empresas que hoje é a minha

grande especialidade e minha paixão.

ii

Page 6: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

AGRADECIMENTOS

Ao orientador Prof. Alfredo Iarozinski Neto pelo apoio

e dedicação;

A INTEC, especialmente a Paulo Ferrazza pelo

incentivo, Kelly Tamura e Rosi Mouro pela ajuda no

trabalho;

Aos professores Maria Wilma Nadal, Carlos Artur

Passos e Herivelto Moreira;

A Ubiratan de Lara do IEL/PR pelo apoio

incondicional;

A minha amiga Ana Paula Ehlert e Claudia Schittini

pela ajuda na revisão do trabalho;

Aos amigos, pelas palavras de incentivo.

iii

Page 7: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. vi LISTA DE QUADROS.......................................................................................... vii LISTA DE ABREVIATURAS E LISTA DE SIGLAS............................................ viii RESUMO................................................................................................................ x ABSTRACT........................................................................................................... xi 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 1.1 A IMPORTÂNCIA DAS INCUBADORAS.......................................................... 1

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................... 3

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 5

1.3.1 Objetivo Geral................................................................................................ 5 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 5 1.4 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 6 1.5 METODOLOGIA............................................................................................... 7

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................... 7

2 INCUBADORAS E EMPREENDEDORISMO...................................................... 9 2.1 INCUBADORAS TECNOLÓGICAS.................................................................. 9

2.1.1 SITUAÇÃO ATUAL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS ....................... 17

2.2 ABORDAGEM CONCEITUAL ........................................................................ 21

2.3 GESTÃO DE INCUBADORAS ....................................................................... 25

2.4 INCUBADORAS E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E ECONÔMICO26

2.5 EMPREENDEDORISMO ............................................................................... 29

3 MODELOS DE REFERÊNCIA PARA ORGANIZAÇÃO DE INCUBADORAS . 37 3.1 MODELO DE REFERÊNCIA BASEADO EM BOLTON.................................. 38

3.2. MODELO DE REFERÊNCIA BASEADO EM SMILOR/GILL ........................ 46

3.3. MODELO DE REFERÊNCIA BASEADO EM RICE/MATTEWS ................... 59

3.4.MODELO GERAL: PRINCIPAIS FATORES DE ORGANIZAÇÃO DE

INCUBADORAS ................................................................................................. 70

iv

Page 8: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

4 ANÁLISE DOS MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DE INCUBADORAS DE EMPRESAS EM ALGUNS PAÍSES..................................................................... 75 4.1 A EXPERIÊNCIA DE INCUBADORAS DE EMPRESAS ............................... 76

4.2 A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS NOS ESTADOS

UNIDOS ............................................................................................................... 79

4.2.1 O CASO DE AUSTIN: AUSTIN TECHNOLOGY INCUBATOR (ATI)........... 81

4.3 A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS NA FRANÇA ....... 84

4.3.1 O CASO DE MONTPELLIER: CENTRE EUROPÉEN D’ENTREPRISES ET

D’INOVATION (CAP ALPHA) ............................................................................... 86

4.4 A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS NO BRASIL ......... 89

4.4.1 O CASO DE CURITIBA: INCUBADORA TECNOLÓGICA DE CURITIBA

(INTEC) ............................................................................................................... 92

4.5. ANÁLISE DAS INCUBADORAS APRESENTADAS EM RELAÇÃO AOS

FATORES CRÍTICOS PARA O SUCESSO ........................................................ 98

5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 104 5.1 QUANTO AS CONTRIBUIÇÕES.................................................................. 107

5.2 QUANTO AS LIMITAÇÕES.......................................................................... 108

5.3 QUANTO AS RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS........... 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 109

v

Page 9: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - PANORAMA 2002: INCUBADORAS EM OPERAÇÃO..................... 16

FIGURA 2 - PANORAMA 2002: ANÁLISE DE EVOLUÇÃO DAS INCUBADORAS -

CLASSIFICAÇÃO DAS INCUBADORAS ............................................................. 19

FIGURA 3 - O SUPORTE DE INFRA-ESTRUTURA ............................................ 39

FIGURA 4 - O AMBIENTE OPERACIONAL......................................................... 42

FIGURA 5 - ENTRADAS E SAÍDAS DA INCUBADORA DE EMPRESAS ........... 47

FIGURA 6 - FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA O DESENVOLVIMENTO

DE INCUBADORAS DE EMPRESAS .................................................................. 48

FIGURA 7 - O PROCESSO DE INCUBAÇÃO...................................................... 62

FIGURA 8 – DEZ FATORES RECOMENDÁVEIS PARA O SUCESSO DE UMA

INCUBADORA TECNOLÓGICA........................................................................... 71

vi

Page 10: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - MODELO GERAL: PRINCIPAIS FATORES DE ORGANIZAÇÃO DE

INCUBADORAS ................................................................................................... 70

QUADRO 2 - ANÁLISE DAS INCUBADORAS APRESENTADAS EM RELAÇÃO

AOS FATORES CRÍTICOS PARA O SUCESSO ............................................... 100

vii

Page 11: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Pomotoras de

Empreendimentos de Tecnologias Avançadas

ANVAR - Agence Nationale pour la Valorisation de la Recherche ATI - Austin Technology Incubator BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento CAP ALPHA - Centre Européen d’Entreprise et Inovation CEI - Centres d’Entreprises et d’Inovations CEEI - Centre Européen d’Entrepises et d’Innovation CEFET/PR - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná CITPAR - Centro de Integração de Tecnologia do Paraná CNI - Confederação Nacional da Indústria CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico COMINT - Comissão de Integração Universidade/Indústria CT-ENERG - Fundo Nacional de Energia CT-PETRO - Fundo Nacional de Petróleo e Gás Natural ELAN - Associação de Diretores de Pépinières FFBI - Fédération Française des Bio Incubateurs FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná FIESC - Federação das Indústrias de Santa Catarina FTEI - France Technopole Entreprise Innovation GAMENET - Rede Paranaense de Jogos de Entretenimento GE - General Electric GEM - Global Entrepreneurship Monitor HP - Hewlett Packard IASP - International Association of Sciense Parks IBQP/PR - Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná IBM - Internacional Business Machine IC2 - Innovation, Crativity, Capital IEL - Instituto Euvaldo Lodi INTEC - Incubadora Tecnológica de Curitiba MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia MIT - Massachutes Institute of Technology MRT - Ministère de L’Education Nationale, de la Recherche et de la

Technologie NBIA - National Business Incubation Association NCIAA - National College Inventors and Innovators Alliance OECD - Organization for Economic Cooperation and Development PARQTEC - Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos PATME - Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas

Empresas viii

Page 12: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

PUC/PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná REPARTE - Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas SETI - Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

do Paraná SOFTEX 2000

- Programa Brasileiro de Software para Exportação

TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná

ix

Page 13: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

RESUMO

Este trabalho parte da análise dos modelos de organização e funcionamento de

incubadoras tecnológicas, das proposições teóricas existentes na literatura e

experiências de três países: Estados Unidos, França e Brasil. O propósito deste

estudo foi destacar os fatores necessários para estruturação, organização e

gestão de incubadoras, identificar as características distintas no processo de

incubação e sua interação ao ambiente. A partir de modelos de referência

encontrados na literatura e o estudo de incubadoras em diferentes países,

procurou-se mostrar a importância de adotar estes fatores, considerados críticos

para o sucesso, afim de servir como referência à novas iniciativas ou melhorar as

já existentes.

Palavras chaves: desenvolvimento regional, empreendedorismo, incubadoras

tecnológicas, melhores práticas de incubação de empresas.

x

Page 14: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

ABSTRACT This work is based upon the analysis of the organization and operation of

technology based incubators, as well as on theoretical proposals available in the

specialized literature on this subject, and on the experience gained by the author in

three countries: USA, France and Brazil. The objective of this study is to put into

perspective, the main factors influencing the structure, organization and

management of the incubation process and its interaction with the external

environment.

Starting from the benchmark models available in the literature and taking into

account the studies made at incubators in several countries, the author intends to

demonstrate the importance of adopting these factors, as critical factors for the

success of these initiatives, as well as reference for improving the current and

future initiatives.

Keywords: regional development, entrepreneurship, technology based incubators,

best practices for company incubation.

xi

Page 15: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 A IMPORTÂNCIA DAS INCUBADORAS

O movimento de incubadoras no Brasil, iniciado na década de 80, tem sido

crescente e, em 2002 atingiu a marca de 183 incubadoras de empresas em operação no

Brasil. A evolução registrada entre 2000 e 2001, mostra uma taxa média anual de

crescimento na ordem de 11% em relação aos anos anteriores, segundo a Associação

Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas -

ANPROTEC. É necessário diante deste quadro que as incubadoras, sejam planejadas e

estruturadas adequadamente para garantir condições favoráveis a consolidação dos

empreendimentos atendidos. Como ressalta DORNELAS (2001, p.1):

Quando um movimento como este cresce tão rapidamente, faz-se necessário adotar medidas de controle, acompanhamento e avaliação das ações empreendidas, com o intuito de se nortear as atividades de cada incubadora em particular, rumo a um objetivo comum de criação de empresas competitivas. Não se pode correr o risco de apenas promover a criação de um grande número de incubadoras de empresas sem a indução de ações que efetivamente garantam o sucesso dessas incubadoras e das empresas incubadas.

As incubadoras de empresas no Brasil e outros países vem conquistando

anualmente uma elevada taxa de crescimento e uma grande importância no contexto

do desenvolvimento econômico e regional onde estão inseridas. Hoje existem

incubadoras espalhadas pelo mundo todo com diferentes particularidades e objetivos.

Segundo o Professor Rustam Lalkaka, em apresentação na Conferência Mundial de

Incubadoras realizada no Rio de Janeiro em 2001, existem hoje mais de 3.000 incubadoras de empresas, sendo que 900 destas estão em operação nos Estados

Unidos.

A experiência acumulada das incubadoras espalhadas pelo mundo pode ser útil

para a gestão das incubadoras brasileiras. Deste modo, é recomendável conhecer e

analisar algumas experiências internacionais, algumas pioneiras e bem sucedidas, que

Page 16: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

2

utilizam as incubadoras, pólos e parques tecnológicos como importante instrumento de

desenvolvimento tecnológico, social e econômico.

No ano de 2000 na reunião de trabalho para definição de propostas ao fomento

dos processos de incubação de empresas de base tecnológica realizada pela Diretoria

de Programas Temáticos e Setoriais do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico – CNPq, em Brasília, vários pontos foram apontados, entre

eles (CNPq 2000, p. 7-8):

• = Para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, o apoio a projetos

relacionados a ciências exatas, a ciências sociais ou a outros campos devem ser

considerados como parte de cadeias produtivas, integrando desde a pesquisa

básica até o fornecimento de bens e serviços ao mercado.

• = As incubadoras de empresas de base tecnológica tendem a ser

multidisciplinares. Essa situação favorece uma intensa sinergia das empresas

incubadas, propiciada pela complementaridade das diversas disciplinas

presentes, além de contribuir para a viabilidade econômica da incubadora.

• = As incubadoras induzem ações positivas para as suas gestoras ou instituições

em que se encontram, como nas universidades que passam a ofertar disciplinas

de empreendedorismo nos seus cursos a partir da motivação trazida por suas

incubadoras.

• = As incubadoras tendem a contribuir de forma significativa para o

desenvolvimento regional inovador, como “parques tecnológicos”, “pólos de

desenvolvimento integrado” e “transformações tecnopolitanas”.

• = O processo de incubação de empresas passa a ser cada vez mais profissional

criando-se mecanismos de gestão, controle e avaliação. Tende a agregar e

articular os diversos aspectos e atividades subjacentes à criação e

desenvolvimento de empresas e aos desdobramentos dos processo de

incubação, considerando instituições e sistemas regionais de inovação em que

se situam.

Page 17: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

3

• = O êxito do movimento de incubadoras de empresas de base tecnológica inspirou

a estruturação de mecanismos ou ambientes semelhantes, como “incubadoras

de empresas de base tradicional” e ”condomínios de empresas”. Porém, o uso

indiscriminado do termo “incubadora de empresas” pode enfraquecer a

visibilidade dos objetivos maiores da incubadora de empresas de base

tecnológica, em especial a busca de inovação com alto potencial de

crescimento. O enfraquecimento do conceito da incubação de empresas de base

tecnológica pode prejudicar significativamente o movimento como um todo.

Sendo assim, a proposição de modelos que facilitem e orientem a estruturação,

organização e gestão de uma incubadora tecnológica, tendo como base modelos

teóricos e práticas de sucesso, podem favorecer de maneira considerável no sucesso

da incubadora e de suas empresas.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

No final de 1999 e início de 2000, o CNPq realizou um estudo visando avaliar o

desempenho das 23 incubadoras beneficiadas por editais e identificar e equacionar os

problemas enfrentados por essas incubadoras. Foi observando que a maioria dos

problemas ocorrem, em especial pelos seguintes motivos:

• = dificuldade de inserção das incubadoras na estrutura e na cultura das instituições de

ensino e pesquisa às quais estão vinculadas;

• = falta de uma articulação adequada das agências de fomento no país;

• = gerências mais orientadas para aspectos administrativos que para a prospecção de

oportunidades e sua transformação em empreendimentos na incubadora.

Em sua conclusão, o estudo recomendou o aperfeiçoamento dos processos de

incubação de empresas de base tecnológica no país no âmbito dos sistemas regionais

de inovação em que se inserem tais processos.

A inexistência de um conjunto de elementos favoráveis a sustentação de uma

incubadora de empresa dentro de uma visão sistêmica, que garante o desenvolvimento

Page 18: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

4

e a consolidação empresarial dos empreendimentos atendidos, mostra que algumas

incubadoras ainda trabalham com uma estrutura ineficiente e adotam estratégias que

não valorizam seu papel de agente indutor de desenvolvimento econômico. Algumas

destas iniciativas ainda se baseiam em imediatismo político ou pelas influências de

incubadoras existentes. A pesquisa voltada às incubadoras, pólos e parques ainda é

restrita pela ausência de publicações científicas nesta área, principalmente às

nacionais. Muitas instituições de ensino, pesquisa, órgãos governamentais e iniciativa

privada desconhecem a relação que a incubadora tem com outros agentes que

promovem o desenvolvimento local. A partir de sua implementação, muitas incubadoras

enfrentam problemas que podem ser resolvidos através de um planejamento

adequado, do apoio político, financeiro e articulação com outros agentes de inovação.

Dificuldades como a inexistência de investimento baseado em capital de risco, baixa

demanda qualificada de projetos nas incubadoras brasileiras e a falha na formação

gerencial dos empreendedores refletem a pouca sinergia no ambiente no qual as

incubadoras estão inseridas.

A partir da revisão bibliográfica e uma análise da experiência brasileira e de

outros dois países, foi realizado um estudo exploratório visando colocar em evidência

os principais fatores que contribuem para o sucesso de uma incubadora.

Perguntas de Pesquisa • = Considerando os modelos teóricos de organização e gestão de incubadoras de

empresas, quais os fatores que têm maior relevância?

• = Como estes fatores influenciam na organização e gestão de incubadoras

tecnológicas?

• = A experiência prática de funcionamento das incubadoras pode contribuir ao

processo de proposição de um modelo de organização de incubadoras?

1.3 OBJETIVOS

Page 19: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

5

Analisando a experiência norte-americana, francesa e brasileira, foram

apontados os principais fatores de sucesso destes empreendimentos, com base em um

modelo de referência. Foram destacados os pontos fortes de cada incubadora

considerando as características sociais, políticas e culturais do ambiente em que estão

inseridas.

A partir da descrição e análise dos modelos de referência existentes, são

estudados fatores como localização da incubadora, infra-estrutura oferecida,

organização gerencial, perfil, demanda dos empreendimentos atendidos e

financiamento para as incubadoras e para as empresas de base tecnológica

beneficiadas neste processo.

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é estudar modelos teóricos de organização e

gestão de incubadoras tecnológicas analisando os fatores críticos de sucesso a partir

do estudo de três casos.

1.3.2 Objetivos específicos

• = Apresentar os principais elementos para a estruturação e gestão de incubadoras

tecnológicas a partir de modelos de referência encontrados na literatura;

• = Apresentar as diferenças de modelos de funcionamento das incubadoras

estudadas;

• = Verificar o grau de importância dos fatores levantados no funcionamento prático das

incubadoras;

• = Descrever e analisar incubadoras tecnológicas apontadas no trabalho.

1.4 JUSTIFICATIVA

Page 20: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

6

Com o crescente movimento de incubadoras de empresas no Brasil, é

necessário conhecer e utilizar diversos mecanismos de fomento, financiamento e de

infra-estrutura para viabilizar condições necessárias e favoráveis ao suporte de

empresas de base tecnológica inseridas em mecanismos como incubadoras, parques e

pólos tecnológicos.

No presente trabalho, o estudo de casos internacionais e a apresentação de

fatores críticos para o sucesso de uma incubadora, bem como a sua contextualização

num ambiente sistêmico e integrado, confirmam que as incubadoras contribuem para o

desenvolvimento econômico e tecnológico de uma região.

A restrição de referências bibliográficas nacionais sobre modelos de estruturação

e funcionamento de incubadoras de empresas de base tecnológica, sinaliza que é

necessário buscar modelos a partir de experiências bem sucedidas considerando as

melhores práticas e elementos nos quais fundamentam o processo de incubação de

empresas.

Segundo DORNELAS (2001, p.2), analisando o rápido crescimento das

incubadoras de empresas no Brasil, percebe-se que a maioria das incubadoras estão

sendo criadas sem alguns critérios básicos. Predomina-se em alguns casos, fatores

políticos, na qual julga-se que o principal objetivo da incubadora é de promover a

criação de empregos. Isto pode levar ao fracasso, pois a incubadora deve gerar

empresas competitivas que consequentemente criam empregos.

...Na verdade, grande parte dessas incubadoras são condomínios de empresas convencionais, onde as despesas comuns são divididas entre as empresas participantes, o que diverge do conceito de incubadora de empresas, que é mais amplo. Isso pode, a médio ou longo prazo, trazer graves conseqüências para o desenvolvimento econômico regional, provocando um certo descrédito ao movimento de criação de incubadoras de empresas e, em conseqüência disso, trazer prejuízos às empresas nascentes e seus empreendedores, que não encontrarão as facilidades e incentivos necessários para impulsionar seu negócio. (DORNELAS, 2001, p. 2).

Com esta preocupação, o presente trabalho apresentará diversos fatores nos

quais uma incubadora de empresas deve ter para evitar amadorismo e despreparo

gerencial e organizacional. Tendo como base modelos teóricos existentes e exemplos

Page 21: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

7

bem sucedidos de incubadoras tecnológicas, procura-se mostrar que a estrutura

operacional e de gestão da incubadora é importante, porém, não podemos deixar de

mencionar elementos externos que também interferem no desempenho da mesma.

1.5 METODOLOGIA

A metodologia baseia-se em uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório a

partir de estudos de casos. Esta dissertação é argumentativa pelo fato de buscar vários

modelos de referência para analisar e apresentar contribuições ao sistema encontrado

nas incubadoras brasileiras. A pesquisa fundamenta-se em observação individual e

assistemática (sem planejamento e controle previamente elaborados).

A pesquisa se orienta também na sistemografia que é uma modelização dos

sistemas complexos ou seja, o objeto de estudo é observado a partir de experiências

reais e práticas na qual extrai-se modelos de referência a partir da análise do

observador. Diante disso, são assimilados fatores e elementos que podem contribuir

para um processo de construção de um modelo, neste caso passar a agregar melhorias

ou orientações dirigidas ao objeto de estudo. Como uma fotografia, os fenômenos são

observados pelo pesquisador e a partir da captura de conhecimento estes são

interpretados conforme a ótica do observador. (LE MOIGNE, 1990).

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A partir da fundamentação teórica, no segundo capítulo, procura-se dar uma

visão conceitual sobre incubadoras, sua origem e seu posicionamento em relação aos

parques e pólos tecnológicos, bem como, uma rápida visão da evolução do processo

de incubação. O tema gestão de incubadoras é abordado neste capítulo, bem como as

incubadoras e a relação com o desenvolvimento regional. Será apresentado o cenário

do empreendedorismo no Brasil e no mundo e sua importância no processo de

formação de empresas.

Page 22: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

8

No terceiro capítulo foi feito um estudo da bibliografia existente com o objetivo de

levantar modelos de organização e gestão que sirvam de referência para análise dos

casos. A partir do estudo de três autores, os quais apontam os principais fatores

utilizados na estruturação, organização e gestão de algumas incubadoras, será

proposto fatores para organização de incubadoras tecnológicas.

No quarto capítulo, foi feito um relato de visitas realizadas no período de 1999 e

2002 e observações “in loco” das experiências estrangeiras de incubadoras nas

cidades de Austin - ATI (Estados Unidos), Montpellier - CAP ALPHA (França) e a

experiência de Curitiba - INTEC (Brasil). No mesmo capítulo será apresentado um

quadro de análise das incubadoras apresentadas em relação aos fatores críticos de

sucesso levantados no capítulo anterior.

No último capítulo serão apontadas as conclusões quanto aos seus objetivos,

contribuições, limitações e recomendações para futuros trabalhos. No final deste

trabalho serão citadas as referências bibliográficas.

CAPÍTULO 2 INCUBADORAS E EMPREENDEDORISMO

Neste capítulo serão apresentadas algumas referências históricas, conceituais,

terminologias utilizadas e a situação atual das incubadoras de empresas de base

Page 23: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

9

tecnológica no Brasil e no mundo. Serão abordadas as características do seu gestor e

a contribuição das incubadoras para o desenvolvimento tecnológico e econômico. Pela

forte relação e influência neste processo será abordado neste capítulo o tema

empreendedorismo, as características de um ambiente empreendedor e as suas

relações.

2.1 INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

As incubadoras tecnológicas constituem parte integrante dos pólos e parques

tecnológicos e geralmente apresentam como objetivo prestar apoio a novos

empreendedores, normalmente de maneira subsidiada, instalações físicas,

fornecimento de serviços técnicos e administrativos às empresas nascentes, por

determinado período de tempo.

O modelo institucional básico dos pólos e parques tecnológicos, mundialmente

difundidos, teve sua origem na experiência americana da região hoje conhecida como

“Vale do Silício” na Califórnia e “Route 128” em Massachusetts, e estão estreitamente

vinculados ao desenvolvimento da microeletrônica e informática, no período pós-guerra.

Estes aglomerados de empresas de base tecnológica surgiram próximas às

Universidades de Harvard e Standford e do Massachutes Institute of Technology (MIT)

como resultado de uma série de ações conjuntas empreendidas pelo governo

americano, instituições acadêmicas e a indústria local que, durante o período da guerra

fria, propiciou o desenvolvimento de produtos e processos inovadores nas áreas de

microeletrônica e informática e, consequentemente, a consolidação de empresas de

relevância mundial, como Internacional Business Machine (IBM), Hewlett Packard (HP),

General Electric (GE), entre outras.

Esta experiência, considerada paradigmática, difundiu-se amplamente,

primeiramente na Europa e posteriormente para os demais continentes, dada a crença

de que tais arranjos institucionais e locacionais poderiam alavancar o desenvolvimento

econômico de países ou regiões em desenvolvimento, ou mesmo, reverter o quadro

declinante de alguns setores industriais.

Page 24: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

10

Para DIAS e CARVALHO (2002, p.13), os programas de incubação de empresas

nasceram nos Estados Unidos, da expansão de três movimentos, que se

desenvolveram simultaneamente – o de condomínios de empresas, o de programas de

empreendedorismo e o de investimentos em novas empresas de tecnologia. No final da

década de 1950, uma das maiores indústrias do estado de Nova Iorque fechou as

portas, deixando um galpão de 80 mil metros quadrados e uma taxa de 20% de

desemprego na região. Com o intuito de reverter o quadro negativo que se formava,

uma importante família da região, a família Mancuso, resolveu adquirir a área deixada

pela empresa para arrendá-la a uma outra empresa que pudesse empregar a

população e reacender o mercado regional. Entretanto, em 1959, a família desistiu da

idéia de arrendar o prédio para uma grande empresa e decidiu, ao invés, dividi-lo para

que várias empresas de menor porte pudessem ali residir. Josefh Mancuso, o líder do

projeto, adicionou ao “condomínio” um pequeno rol de serviços que poderiam ser

acessados de forma compartilhada pelas empresas ocupantes do prédio. Dentre as

primeiras empresas que Mancuso hospedou estava um aviário, que acabou conferindo

ao prédio o apelido de incubadora.

No MANUAL para implantação...(2002, p.15), diz que o êxito da região hoje

conhecida como Vale do Silício, na Califórnia, foi significativo para a concepção de

incubadoras de empresas. Isto se deve à iniciativa como da Universidade de Standford,

que na década de 50 já criava um Parque Industrial e, posteriormente, um Parque

Tecnológico (Standford Research Park). Estes tinham como objetivo promover a

transferência da tecnologia desenvolvida na universidade às empresas e a criação de

novas empresas intensivas em tecnologia, sobretudo do setor eletrônico. O grande

sucesso obtido com essa experiência estimulou a reprodução de iniciativas

semelhantes em outras localidades, dentro e fora dos Estados Unidos. É interessante

saber que, em 1937, mesmo antes da instalação do Parque, a Universidade apoiou os

fundadores da Hewlett Packard, que eram alunos recém-graduados. Receberam auxílio

para abrir uma empresa de equipamento eletrônico, receberam bolsas e tiveram

acesso ao laboratório de Radiocomunicações da Universidade.

Page 25: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

11

Segundo a associação norte-americana de incubadoras (National Business

Incubation Association - NBIA) as incubadoras empresariais tornaram-se conhecidas na

década de 70, mas a iniciativa mais antiga de processo de incubação começou na

Batavia, Nova York, em 1959 devido a três acontecimentos simultâneos. O primeiro

deles foi a ocupação de prédios abandonados por pequenas empresas em distritos

industriais. O segundo motivo foi o surgimento da Fundação Nacional de Ciência que

promovia o empreendedorismo e a inovação da maioria das universidades americanas.

E o terceiro fator por diversas iniciativas de empreendedores de sucesso ou grupo de

investidores que procuravam investir em novas empresas num ambiente promissor de

inovação tecnológica e de comercialização (NBIA, 2001, p.2). Os dados sobre

incubadoras nos Estados Unidos, onde existem há muito mais tempo, indicam mais de

800 incubadoras que abrigam aproximadamente 11.500 empresas.

De acordo com o MANUAL para implantação...(2002, p.15), a estrutura que as

incubadoras apresentam atualmente, no entanto, configurou-se na década de 70 nos

Estados Unidos. No início dos anos 80, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental,

governos locais, universidades e instituições financeiras se reuniram para promover o

processo de industrialização de regiões pouco desenvolvidas ou em fase de declínio,

decorrente da recessão dos anos 70 e 80. A motivação era de natureza econômica e

social, visando a criação de postos de trabalho, geração de renda e de

desenvolvimento econômico. Foram concebidas, portanto, dentro de um contexto de

políticas governamentais que tinham o objetivo de promover o desenvolvimento

regional. Assim, além de focalizarem setores de alta tecnologia, privilegiaram também

setores tradicionais da economia, não intensivos em conhecimento, com o objetivo de

aprimorar processos de produção e de inovar produtos. A criação de incubadoras

vinculadas a universidades e/ou dentro de parques tecnológicos foi, assim,

acompanhada do surgimento de incubadoras sem ligações formais com instituições de

ensino e pesquisa. No mundo inteiro incubadoras de empresas foram surgindo

principalmente em países em desenvolvimento, a exemplo da China, Índia, México,

Argentina, Turquia e Polônia, entre outros. “Na Europa, as incubadoras surgiram

inicialmente na Inglaterra, a partir do fechamento de uma subsidiária da British Steel

Page 26: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

12

Corporation, que estimulou a criação de pequenas empresas em áreas relacionadas

com a produção do aço, preconizando uma terceirização, e também em decorrência do

reaproveitamento de prédios subtilizados”. (MANUAL para a implantação..., 2002 p.15-

16).

Segundo a OECD (Organization for Economic Cooperation and Development)

em pesquisa realizada em 1997, existem mais de 50 incubadoras na Austrália e

aproximadamente 200 incubadoras na França e 200 incubadoras na Alemanha.

De acordo com LEMOS (1988, p.3-4), o Estado foi o principal agente indutor na

criação de pequenas empresas na França. O motivo relevante foi a existência de uma

série de barreiras que dificultava a criação de novos empreendimentos. A partir da

segunda metade dos anos 70, estabeleceu-se uma política que foi executada por meio

de diversas ações, destacando-se: a proliferação de cursos para a criação de

empresas nas universidades, agilização do processo para criação da empresa,

concessão de incentivos fiscais para empresas que se implantassem em regiões

debilitadas, implantação da licença reversível para funcionários de estatais e

instituições acadêmicas que desejassem criar suas empresas, criação de uma agência

nacional para fomentar a criação de empresas. Nesta mesma época, também com o

apoio do governo francês, foram criadas “tecnópoles” para viabilizar o aumento no

número de empresas de base tecnológica, dos quais destaca-se “Sophia-Antipolis”.

Na França o termo “Incubateur” é aplicado às estruturas que apoiam

empreendedores antes da criação de uma empresa, como as chamadas pré-

incubadoras no Brasil. O termo “pépinière” também é muito empregado neste país, mas

para estruturas de apoio a empresas depois de sua criação (representa as chamadas

incubadoras de empresas). Para os franceses nos Estados Unidos o termo “Incubator”

que designa pépinières pode ser traduzido por “Innovation Center”, porém de um modo

geral o termo “Incubator” corresponde a uma estrutura de apoio às empresas já

constituídas ou não. (ALBERT et al., 2002, p.8).

A primeira incubadora foi criada na “Ecoles des Mines” é uma das primeiras

experiências de “pépinières d’entreprises” no país ocorreu em 1995 em Evry. Foi criado

Page 27: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

13

em 1989 a ELAN (Associação de Diretores de Incubadoras) e a FRANCE CEEI em

1995 que é a rede das CEEI (Centre Européen d’Entrepises et d’Innovation), um braço

da rede européia EBN (European Business Centres Network), a qual contribuiu para a

profissionalização e padronização das incubadoras. Existe ainda, a France Incubation

que é a rede das incubadoras públicas mantidas pelo M.R.T. (Ministère de L’Education

Nationale, de la Recherche et de la Technologie) Ministério Francês da Pesquisa e

Tecnologia, a FFBI (Fédération Française des Bio Incubateurs) que é a rede que

congrega as incubadoras de biotecnologia, a FTEI (France Technopole Entreprise

Innovation) que abrange a Rede das CEI (Centres d’Entreprises et d’Inovations) e a

rede das tecnópoles francesas e finalmente, as redes regionais de “pépinières”.

Como afirma PALUDO e ALMEIDA (2001), a descentralização administrativa e

econômica (em Paris) a partir dos anos 60 contribuiu para o processo de

desenvolvimento tecnológico na França que tiveram origem ou foram acelerados pela

crise econômica dos anos 80. Neste sentido, existe forte comprometimento da

comunidade local e regional, traduzido na participação dos diversos níveis de governo

regional (província, região, distrito e cidade), da academia e da iniciativa privada

(empresas produtivas e financeiras) com o processo. Geralmente, as ações e

atividades em prol do desenvolvimento são conduzidas por uma entidade sem fins

lucrativos, de pequeno porte (até 10 pessoas), representativa dos interesses dos atores

acima, e custeada pela região metropolitana (distrito). O principal papel dessa entidade

é de “animador”, da propagação do espírito de tecnópole, do estímulo à inovação e ao

empreendedorismo, do relacionamento e da colaboração, da oferta de

treinamento/consultoria e informação, da viabilização de recursos para novas

empresas, da realização de projetos estratégicos e de viabilização de infra-estrutura.

Também observa-se que nas comunidades locais, com maior ou menor importância,

sempre existe um líder, em geral político, que inicia o processo.

Na Alemanha os parques surgiram somente na década de 80 e a primeira

incubadora foi a Berliner Innovation – und Grunderzentrum-BIG em Berlim, promovida

principalmente pela Technische Universitat de Berlim e governo local. Através de

Page 28: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

14

registros no final de 1988 identificou-se na Alemanha 68 parques com 1.270 empresas

e 9.100 oportunidades de trabalho.

Na Espanha e Itália somente na década de 80 começaram a criação de pólos

nos principais centros econômicos. Na Itália o processo de incubação de empresas

teve início com os centros de inovação em Trieste em 1989.

Na Holanda não houve apoio do governo no desenvolvimento de parques, mas

devido à competitividade de mercado procurou mudar esta consciência com o parque

da Universidade de Twente.

O Reino Unido começou com o desenvolvimento dos parques nos anos de 1971

com a Universidade Heriot Watt em Edimburgo (Escócia), sendo a primeira cidade

européia a ter implantado um parque científico/tecnológico, denominado Heriot-Watt

Science Park e logo em seguida, na Universidade de Cambridge. Em 1999 foram

levantados 39 parques em operação, e mais de 100 incubadoras de empresas.

Para LEMOS (1988, p.4), o governo inglês instituiu mecanismos com vistas a

fomentar a criação de pequenas empresas em geral, implantando em diversas

universidades programas de formação de novos empreendedores. Também criou os

“Small Firms Centers”, destinados a dar apoio e consultoria às pessoas interessadas

em criar um negócio e estimulou as “Enterprises Agencies” (vinculadas à iniciativa

privada) a apoiar novas iniciativas empresariais. Para estimular as empresas de base

tecnológica, o governo inglês apoiou a instalação e consolidação dos parques

científicos (“Science Parks”) junto aos campi das universidades, dotados de

instalações planejadas para abrigar essas empresas. Os parques científicos são

construídos com recursos do governo municipal e de grandes empresas privadas,

contando com o apoio da universidade.

No Japão as incubadoras de empresas surgiram na década dos anos 80 por

iniciativa do Ministério de Assuntos Internacionais e da Indústria (MITI) que resolveu

desenvolver formas de aplicação das chamadas “tecnópoles” criando centros de

pesquisa e instituições de apoio às incubadoras. (NEERMANN, 2001, p.18).

Existe um crescimento significativo no número de incubadoras neste país,

atualmente em torno de 203 incubadoras. Há um plano de expansão de mais 300

Page 29: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

15

incubadoras até 2010 e a formação de 500 gerentes especializados na área. (ALBERT,

2002, p. 11).

Na China, o governo teve um papel fundamental na criação de zonas de

desenvolvimento de novas ou altas tecnologias. Em 1985 foi criado o Parque Científico

e Industrial de Shenzhen e de Shanghai Caohejing Hi-Tech Park que serviram de

modelo para o programa nacional. A primeira incubadora instituída na China ocorreu

em 1987 e atualmente mais de 100 incubadoras estão em operação.

Nas incubadoras asiáticas encontramos uma concentração muito grande de

empresas que, na maioria das vezes, estão instaladas em áreas destinadas aos

parques tecnológicos. As incubadoras recebem empresas com uma linha de produção

relativamente grande, portanto, os espaços oferecidos às empresas são maiores que

habitualmente encontramos nas incubadoras espalhadas pelos Estados Unidos ou no

Brasil. Ao mesmo tempo, é menor a concentração de empresas de base tecnológica e

que por sua vez, apresentam um número grande de empregados.

No Brasil, a primeira incubadora foi instalada em 1985, na cidade de São Carlos,

com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -

CNPq. A seguir Florianópolis, Curitiba, Campina Grande e Distrito Federal também

estabeleceram incubadoras. Em 1987, foi criada a Associação Nacional de Entidades

Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas - ANPROTEC que iniciou

a articulação do movimento de criação de incubadoras de empresas no Brasil, afiliando

incubadoras de empresas ou suas instituições gestoras. Há, atualmente, segundo essa

Associação cerca de 183 incubadoras, como mostra figura 1; aproximadamente 1.300

empresas incubadas; cerca de 7.300 pessoas trabalhando em empresas dentro das

incubadoras do país, entre sócios e empregados.

No Brasil, a exemplo do que ocorre na Europa e nos Estados Unidos, coexistem

incubadoras exclusivamente de base tecnológica, incubadoras tradicionais e

incubadoras mistas.

135

150

183

140

160

180

200

Page 30: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

16

Figura 1 - Panorama 2002: Incubadoras em operação Fonte: ANPROTEC. Pesquisa 2002.ppt. Panorama das Incubadoras/Pesquisa 2002. Power Point. Disponível em: <http://www.anprotec.org.br> Acesso em outubro de 2002. 2.1.1 SITUAÇÃO ATUAL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS

Segundo o Presidente da IASP (International Association of Science Parks), Luis

Sanz, na apresentação do Levantamento da IASP Jan-July 2000, existem 200 parques

científicos/tecnológicos e incubadoras, membros desta associação abrangendo 42

países e totalizando em torno de 30.000 empresas. Do panorama apresentado 68%

dos parques estão localizados dentro de um campus universitário, 32% fora desta

Page 31: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

17

condição e 83% dos parques possuem incubadoras. Das empresas que residem nos

parques científicos e tecnológicos 47% são de serviços avançados, 19% são

instituições de pesquisa, 13% são indústrias e 21% de outros ramos de atividade. Na

Europa, América Latina e Ásia prevalece em 44%, 79% e 44% respectivamente do

universo pesquisado os serviços avançados, e na América do Norte 52% dos parques

apresentam na sua maioria institutos de pesquisa ou seja 52% do universo pesquisado.

A Ásia lidera no número de postos de trabalho gerado dentro dos parques e

incubadoras. Na média anual os parques e incubadoras que apresentam maior

orçamento para a administração destes empreendimentos são a Europa, seguida da

América do Norte, América Latina e Ásia.

Uma das fortes características da economia norte-americana é o mecanismo de

capital de risco. Muitas incubadoras americanas recebem demanda de investidores

atraídos pela presença de empresas inovadoras que desenvolvem produtos, processos

e serviços de alta tecnologia.

No relatório anual da associação norte-americana – NBIA (2001, p. 1), realizado

em 1998 que trabalhou com um universo de 587 incubadoras associadas, levantou-se

que as incubadoras americanas criaram em torno de 19.000 empresas que ainda estão

no mercado, e geraram mais de 245.000 empregos naquele ano. No levantamento de

1997 foi constatado também, que nas incubadoras a média de empreendimentos é de

20 empreendimentos.

As incubadoras norte-americanas tem apresentado um impacto positivo na

economia americana. De acordo com um estudo apresentado em 1997 pela NBIA, 87%

das empresas graduadas nos EUA ainda estão no mercado demonstrando que as

incubadoras reduzem o risco de pequenas empresas falirem.

Segundo a NBIA (2001, p.2) de cada US$1 aplicado em uma incubadora com

recursos públicos anualmente, há um retorno de aproximadamente de US$45.00 das

empresas graduadas por meio de impostos locais. Das empresas graduadas nos EUA,

84% continuam investindo na comunidade e provendo retorno para seus investidores.

O suporte público nas incubadoras gera empregos que custam US$1.100,00

para o governo e em outras áreas públicas de suporte, os custos por emprego gerado

Page 32: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

18

pode alcançar em média US$10.000,00 por emprego criado. A NBIA estima que as

incubadoras norte-americanas criaram por meio de suas empresas em torno de

500.000 empregos desde 1980. De cada 50 empregos criados nas incubadoras mais

25 são absorvidos na própria comunidade.

Estima-se que 75% das incubadoras americanas são sem fins lucrativos e 25%

almejam lucro.

Quanto aos promotores das incubadoras americanas, 51% das incubadoras são

promovidas pelo governo e não visam lucro e 27% são vinculadas ou tem uma forte

relação com universidades e escolas, nas quais muitas vezes, viabilizam as pesquisas

realizadas em negócios e promovem a geração de empreendimentos. Outro dado

aponta que 16% das incubadoras são híbridas, ou seja, são constituídas por iniciativas

conjuntas do governo, instituições sem fins lucrativos e organizações privadas. Estes

parceiros promovem as incubadoras no acesso a recursos e fundos do governo,

especialistas e financiamento do setor privado. As incubadoras mantidas por grupo de

investimentos, 8 % são privadas e visam lucro. O principal interesse é econômico, pois

é esperado das empresas incubadas retorno do investimento, aplicação de novas

tecnologias, transferência de tecnologia e valor agregado no desenvolvimento

comercial e industrial do estado da arte. Também há uma parcela de 5% de

incubadoras mantidas por promotores não convencionais como igrejas, câmaras de

comércio, distritos portuários e outros. (NBIA, 2001, p.1)

Alguns países da América Latina têm demonstrado grandes avanços

econômicos e tecnológicos principalmente o Brasil, que tem atraído investimentos

estrangeiros. Na área de incubadoras de empresas o Brasil tem se destacado pelo

crescimento contínuo do número de incubadoras. Segundo a Anprotec (2002), o

número de incubadoras chega a 183 sendo que 57% são de base tecnológica,

conforme figura 2. Estes dados refletem resultados significativos na economia brasileira

como mais de 10.000 empregos gerados pelo movimento de incubadoras de empresas

no Brasil.

Page 33: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

19

Figura 2 - Análise de evolução das incubadoras: Classificação das incubadoras Fonte: ANPROTEC. Pesquisa 2002.ppt. Panorama das Incubadoras/Pesquisa 2002. Power Point. Disponível em: <http://www.anprotec.org.br> Acesso em outubro de 2002.

Este panorama confirma que as incubadoras são um importante instrumento de

desenvolvimento regional. Analisando o caso do Estado do Paraná, particularmente as

incubadoras da sua capital é evidente que sob alguns parâmetros, elas têm trazido

resultados satisfatórios que contribuem para a economia e, são consideradas

empreendimentos indutores para o desenvolvimento tecnológico e social.

Como mostra a pesquisa do Instituto PROINTER, sociedade civil que busca

facilitar a interação entre universidades, governo e a iniciativa privada, divulgou os

resultados da pesquisa “Avaliação dos investimentos em incubadoras de empresas no

estado do Paraná”. O estudo, feito com apoio técnico do IBQP-PR (Instituto Brasileiro

da Qualidade e da Produtividade no Paraná) e financiado pelo IEL-PR (Instituto

Euvaldo Lodi do Paraná), foi realizado durante o segundo semestre de 2001 e o

primeiro de 2002, tendo como universo de pesquisa 9 incubadoras e 101 empresas

14 %

1 8 %

1 4 %14%

2 2 %

2 3 %

31 %

29%

64 %5 9 %

55 %

57%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

M ista

Tradicional

Tecnológica

2002200120001999

Page 34: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

20

residentes e graduadas (81% do total) existentes em dezembro de 2000 (data base da

pesquisa).

A pesquisa apontou que 87% das empresas consideram importante o programa

de incubação para o sucesso dos seus empreendimentos, avaliando positivamente os

serviços prestados pelas incubadoras. As principais reivindicações dos empresários

são por um maior apoio para a capitalização e gerenciamento contábil e financeiro de

suas empresas. A pesquisa mostrou também que a principal fonte de financiamento

das empresas, na data base da pesquisa, são os recursos pessoais dos empresários.

No entanto, cabe ressaltar que, de acordo com essa mesma pesquisa, essa situação

tem se alterado nos últimos dois anos.

Com relação especificamente as incubadoras, a pesquisa revelou ainda que:

• = Para cada R$ 1,00 gasto nas incubadoras até o ano de 2000, as empresas

incubadas geraram R$ 4,60 em impostos sobre a produção e circulação;

• = Para cada emprego gerado na incubadora, as empresas incubadas criaram 6,5

empregos diretos;

• = Para cada emprego gerado pelas empresas, pode-se estimar que outros 3,7

empregos indiretos estão sendo criados na economia brasileira.

(OSORIO, 2001, p. 12)

2.2 ABORDAGEM CONCEITUAL

Segundo a Anprotec (2001), uma incubadora de empresas é um ambiente

flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o surgimento e

crescimento de novos empreendimentos. Além da assessoria na gestão técnica e

empresarial, a incubadora oferece infra-estrutura como espaço físico, salas de reunião,

Page 35: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

21

telefone, fax, acesso à Internet, suporte em informática, entre outros. E, serviços

compartilhados necessários para o desenvolvimento do novo negócio.

Segundo Medeiros (1992, p.41): Identificados os espaços físicos apropriados – de preferência prédios já existentes ou galpões adaptados – a entidade gestora da incubadora deve facilitar o acesso aos recursos humanos, aos laboratórios e às tecnologias modernas disponíveis nas instituições de ensino e pesquisa. Essa infra-estrutura vai ser utilizada pelas empresas tanto em seu processo produtivo, como nas áreas administrativa, financeira, de marketing, de comercialização e de divulgação.

Para a NBIA (2001) incubadora de empresas é uma ferramenta para o

desenvolvimento econômico criada para acelerar o crescimento e o sucesso de

empresas empreendedoras por meio de suporte empresarial e serviços. Uma

incubadora de empresas tem como objetivo principal produzir empresas de sucesso na

qual deixem o programa financeiramente viável e consolidado.

Desta forma, as incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais,

universidades, associações empresariais e fundações, são catalizadoras do processo

de desenvolvimento e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado

competitivo. Com base na utilização do conhecimento profissional e prático, os

principais objetivos de uma incubadora de empresas estão na produção de empresas

de sucesso e na criação de uma cultura empreendedora.

Vale destacar que o papel do Estado exerce uma forte influência no processo de

criação e implantação de incubadoras de empresas que vai desde a infra-estrutura

básica até construção de parques tecnológicos. É importante ressaltar que o Estado

pode incentivar a criação de um ambiente facilitador e de apoio à promoção de

instituições baseadas em tecnologia, como um alicerce do crescimento econômico.

Hoje existem incubadoras de diversas naturezas, atuando em setores

específicos e atendendo a diferentes demandas. Há tipos de incubadoras já

consagradas, como as de base tecnológica, as tradicionais e as mistas. Podemos

encontrar também, as incubadoras especializadas ou com nomenclaturas, como é o

caso de incubadora setorial, agro-industrial, de biotecnologia, social, cultural, de

Page 36: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

22

cooperativa, de artes, Internet e incubação à distância. Existem ainda, as chamadas

“pré-incubadoras” as quais apresentam um conjunto de atividades que visa estimular o

empreendedorismo e preparar os projetos que tenham potencial de negócios, que

recebem incentivos durante um curto período. Estas são denominadas hotel de

projetos, hotel de idéias, hotel tecnológico entre outras.

Segundo ALBERT et al. (2002, p.16), as incubadoras se classificam conforme

seus promotores em: incubadoras de desenvolvimento local, incubadoras ligadas a

instituições acadêmicas e científicas, incubadoras vinculadas a empresas e

incubadoras criadas por investidores privados ou empreendedores.

Para LALKAKA e BISHOP JR (1997, p.63), os parques tecnológicos e as

incubadoras, assim como outros mecanismos de apoio ao desenvolvimento de novas

empresas estão, geralmente, baseados no desejo de utilizar recursos da comunidade,

os sistemas educacionais e de pesquisa para o crescimento econômico crescente e a

vitalidade da área. Enquanto que um empreendedor de um parque tecnológico pode

usar a proximidade da universidade e a capacidade para comercializar os avanços

científicos lá existentes, o patrocinador da incubadora pode encontrar um atrativo

similar nos estudantes, no corpo docente e nas instalações em si, ao invés de se

basear no conhecimento que eles desenvolveram em forma de patentes e de arte

tecnológica.

O parque tecnológico fornece a justificativa para o investimento público. A incubadora é vista como uma atração para a indústria e uma fonte de crescimento de empresas que serão capazes, no futuro, de se desenvolverem e crescerem fora da incubadora e dentro do parque. O parque também fornece acesso à instituições afiliadas, dentre elas um grupo de grandes instituições de pesquisa médica, serviços e ensino, instalações terciárias relacionadas, grupos de pesquisa, laboratórios, bibliotecas e técnicos que não estariam de outra forma disponíveis. (LALKAKA, 1997, p. 82-83)

Para compreender o processo de apoio a uma empresa de base tecnológica ou

tradicional e a inserção deste mecanismo num ambiente inovador de cooperação é

Page 37: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

23

necessário conhecer outros instrumentos que são os pólos, tecnópoles e os parques

científicos ou tecnológicos.

Segundo LUNARDI (1997, p.15), do ponto de vista teórico, percebe-se

claramente uma hierarquia composta por quatro níveis em ordem decrescente que são

tecnópoles que podem conter um ou mais pólos, que por sua vez abrigam um ou mais

parques que possuem, cada qual, uma incubadora de empresas.

Entretanto, esta hierarquia não constitui uma regra ou condição necessária para

os planejadores pois, dependendo da área de atuação, da região, das disponibilidades

locacionais, físicas e financeiras e da vontade política local, estes “habitats de

inovação”, assim definidos por SPOLIDORO (1998), podem ser concebidos,

planejados, e desenhados de diferentes formas.

O termo Technopolis vem de “techno” que refere-se a tecnologia e “polis” de

origem grega e que signigica estado ou cidade, na qual reflete o equilíbrio entre o setor

público e privado. “A tecnópolis moderna é uma interação entre a comercialização da

tecnologia com os setores públicos e privados para promover o desenvolvimento da

economia e a diversificação da tecnologia. A ligação entre a tecnologia e o

desenvolvimento econômico num novo tipo de cidade-estado é um fenômeno

emergente mundial.” (SMILOR et al.,1988, p. 50. Trad. pela autora do trabalho).

Os parques tecnológicos, por definição, enfocam, o desenvolvimento intensivo

em tecnologia. Como tal, o relacionamento com uma universidade é um aspecto

primordial de seus negócios e operações. Uma universidade local fornece acesso

potencial ao corpo docente, funcionários, estudantes, bibliotecas, laboratórios, assim

como à infra-estrutura tecnológica e a reputação da universidade. Tais operações são

caracterizadas por arrendatários grandes e amadurecidos que podem assumir os

compromissos substanciais necessários para tirar vantagem do potencial. (LALKAKA,

1997, p.66)

De acordo com LUNARDI (1997, p.17), parque tecnológico está localizado num

loteamento apropriadamente urbanizado e possui três características básicas:

• = Estar vinculada a instituições de ensino e pesquisa;

Page 38: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

24

• = Favorecer a formação e crescimento de empresas de base tecnológica e outras

organizações que também se situam no mesmo ambiente;

• = Ser coordenada por uma entidade que desempenha as funções de gestor do

Parque e que estimule a transferência de tecnologia e a promoção de ações

voltadas ao aumento da capacitação das empresas e dos demais

empreendimentos que residem no local.

É recomendável que as empresas estejam reunidas num mesmo local, dentro da

propriedade de um campus universitário, ao lado deste ou em área próxima num raio

inferior a 5 Km.

Segundo LALKAKA (1997, p.71) um parque tecnológico enfoca os aspectos

imobiliários, realçados pelo apoio técnico, uma incubadora se concentra no processo

de desenvolvimento de pequenas empresas. Para as empresas em estágio preliminar o

fornecimento de espaço físico e diversos tradicionais de escritório, como recepção,

secretaria, fotocópia, instalações para conferências, entre outros são básicos para a

estruturação da incubada. No limite do pacote de serviços estão os financiamentos a

novas empresas e uma ampla gama de apoio profissional ao desenvolvimento

empresarial.

2.3 GESTÃO DE INCUBADORAS

Para alcançar seus objetivos o processo de gestão das incubadoras envolve a

utilização de pessoas, recursos físicos e financeiros. A estrutura administrativa de uma

incubadora consiste, geralmente, de uma gerência, pessoal administrativo e

operacional. A função da gerência não se limita em executar atividades de apoio, mas

em coordenar a instituição no sentido de alcançar uma eficaz integração com as

empresas incubadas e demais parceiros.

Page 39: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

25

Segundo ALBERT et al. (2002, p.32-33), as melhores incubadoras são aquelas

que mantém forte ligação com o ambiente que o cerca, apresenta uma equipe

gerencial experiente e uma política de propriedade intelectual bem definida e

independente. Como exemplo, um diretor de uma incubadora ligada ao meio científico

exige um profissional com competência científica, um bom conhecimento da cultura

acadêmica, um perfil empreendedor e ter capacidade de gerenciar redes múltiplas e de

relações complexas.

De acordo com STAINSACK (1998, p.62-63) a relação entre o gerente da

incubadora com o empreendedor envolve principalmente confiança entre ambas as

partes. O gerente deve demostrar comprometimento com seu trabalho. Neste caso, ele

se torna cúmplice frente ao sucesso dos empreendimentos que acompanha. No perfil

do gerente para uma Incubadora, a postura de liderança é fundamental, frente todas as

atividades que está disposto a coordenar. Além de favorecer uma relação de amizade e

cumplicidade, o gerente deve ter voz ativa frente aos problemas e reivindicações que

surgirem. Em um ambiente em que se tem diferentes empreendimentos deve-se criar

normas e procedimentos claros, para que a postura de autoridade, deste gerente, seja

calcada por regras claras e que já foram aprovadas antecipadamente pela diretoria ou

conselho da incubadora.

Para LALKAKA (1997, p.71), do ponto de vista operacional, os desafios

enfrentados pela gerência de incubadoras são substanciais. Uma incubadora

disponibiliza um espaço determinado para uma infinidade de pequenas empresas com

pequena ou nenhuma condição para atender as suas obrigações financeiras. Ao

mesmo tempo esforça-se para otimizar ao máximo seus recursos visando o

desenvolvimento das empresas atendidas. Enquanto que em desenvolvimento

imobiliário tradicional, os arrendatários dão prioridade aos seus objetivos financeiros,

minimizando os serviços oferecidos e estabelecendo contratos a longo prazo. Desta

forma, a incubadora caracteriza-se como um hotel para empresas pelo fato de oferecer

amplos serviços à comunidade e flexibilidade no contrato relacionado ao uso da

propriedade física e do tempo de “locação”.

Page 40: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

26

Do ponto de vista do gerente da incubadora, este deve proporcionar em sua

operação uma posição de equilíbrio em menos de cinco anos. Ele deve ser ativo e

entusiasmado pelo seu trabalho, aconselhando e orientando os empresários.

Portanto, o gerente não deve restringir-se somente aos aspectos operacionais e

administrativos da instituição. Este deve atuar no sentido de buscar os recursos que as

empresas necessitam junto as suas fontes, deve promover à integração das empresas

e dos parceiros e promotores da incubadora. Deve ser capaz de identificar as

dificuldades empresarias das empresas incubadas e buscar as fontes de assessoria.

Para finalizar o gerente tem uma importante tarefa de atuar na divulgação da

incubadora, seus objetivos e projetos desenvolvidos afim de promover às suas

empresas.

2.4 INCUBADORAS E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E ECONÔMICO

No contexto do desenvolvimento tecnológico e econômico, as incubadoras

existem para apoiar a transformação de empresários potenciais em empresas

crescentes e lucrativas. Ao reduzir os riscos durante o período inicial de formação da

empresa, as incubadoras tecnológicas podem contribuir para a revitalização regional e

o crescimento econômico por meio de novas empresas e da criação de empregos

associada. Podemos verificar exemplos sucedidos como na região do Vale do Silício

nos Estados Unidos ou em regiões onde as incubadoras aproveitaram espaços

abandonados e criaram mecanismos e apoios aos empreendedores oriundos de

universidades ou centros de pesquisa. Para MALECKI (1997, p. 166) a condição mais

importante para o desenvolvimento tecnológico é apresentar uma infra-estrutura

tecnológica e uma rede de empreendedores que são incentivados a criarem novas,

recebendo suporte para a sua sobrevivência inicial.

De acordo com LALKAKA (1997, p. 71), a incubadora oferece promessa de

apoio substancial, com taxas de sobrevivência de 80 % para suas empresas, enquanto

que essa taxa varia 20 a 30% para pequenas empresas em geral. Essa promessa é

comprovada não somente pelas empresas que sobrevivem, mas por aqueles que

Page 41: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

27

florescem. Tais empresas estimulam o crescimento tanto de fornecedores quanto de

clientes. Efeitos terciários significativos podem resultar da ação da incubadora como

um agente catalisador no lançamento de uma onda de crescimento econômico puxado

pelo empresariado.

Pelos resultados positivos que são conhecidos, existe certeza nas evidências de

que incubadoras contribuem para o desenvolvimento econômico local. Elas podem

gerar talentos e empregos para a comunidade. A partir da concepção de incubadoras,

que é relativamente nova, muitas empresas bem sucedidas graduaram-se em

incubadoras. De 30 empresas que passaram pelo processo de incubação nos Estados

Unidos, 20% se instalaram nas proximidades da incubadora, 60% na mesma cidade e

20% no mesmo Estado. (NBIA, 2001).

Com o crescente movimento de incubadoras tecnológicas no país e no mundo

percebe-se que a incubadora contribui diretamente no desenvolvimento tecnológico e

econômico da região na qual está inserida. As incubadoras têm penetração em várias

camadas da sociedade e participam ativamente do sistema de desenvolvimento

econômico. O resultado positivo de uma incubadora é o nível e intensidade de

relacionamento com outros atores do sistema. Quanto mais a incubadora estabelece

vínculos e trabalhos conjuntos, mais forte e atrativa é a sua imagem perante à

comunidade.

Para a OECD (Organization for Economic and Development) que reúne os

países economicamente mais dinâmicos, a criação, o papel e o desempenho das

pequenas empresas é uma questão que requer atenção dos governos, onde as

pequenas e médias empresas (PMEs) correspondem cerca de 95% do total de

empresas e são responsáveis por 60 a 70% dos empregos. (EMPRESAS

graduadas...2001, p. 8).

Grande parte destas empresas estão em ambientes como as incubadoras e

parques tecnológicos. Elas assumem um papel importante no desenvolvimento e na

difusão das inovações, na criação de empregos que requerem competências e

qualificações novas. A capacidade de inovação das PMEs depende das interações que

elas mantêm com outras empresas. As redes de parceria e cooperação são estruturas

Page 42: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

28

organizacionais indispensáveis para a capacitação e orientação do processo de

inovação destas empresas. As pequenas empresas de base tecnológica são

importantes agentes difusores de novas tecnologias, pois são criadas por

empreendedores que detém novos conhecimentos e querem valorizá-las em termos

econômicos. Atualmente estruturas como incubadoras oferecem acesso a rede de

serviços e parcerias que permite as empresas incubadas agregar valor aos seus

produtos e serviços.

As incubadoras de empresas destacam-se em todo mundo por contribuírem no

processo de fortalecimento da cultura empreendedora das comunidades locais. Elas

favorecem o aumento da capacidade de sobrevivência de pequenas empresas recém

criadas, comercialização de resultados de pesquisa, fortalecimento das competência

para empreender e relação política em favor do desenvolvimento das PMEs. Também

promovem a transferência de tecnologia incentivando a instalação de empresas

inovadoras nas proximidades de centros de pesquisa e instituições de ensino. Desta

forma as incubadoras assumem uma posição na busca de uma política de

desenvolvimento local, instalando-se em espaços urbanos geralmente próximos a

instituições que favorecem o desenvolvimento econômico e industrial da região.

Segundo a publicação EMPRESAS graduadas...(2001, p. 14 e 87), no Brasil os

estudos sobre pequenas empresas e incubadoras tem crescido nos últimos anos, mas

nota-se a escassez de trabalhos que possam aprofundar a análise da riqueza e

variedade das experiências brasileiras em termos de criação de empresas de base

tecnológica. Também observa-se a ausência quase absoluta de estudos sobre a

questão do emprego nas pequenas empresas incubadas ou graduadas.

Consequentemente, é difícil avaliar seguramente os resultados que as incubadoras

tecnológicas trouxeram ao país desde a criação da primeira incubadora. Outras

informações relevantes identificadas no estudo são que grande parte das incubadoras

graduadas em incubadoras brasileiras são as empresas exportadoras. Este ponto

negativo se deve principalmente pelas dificuldades para a capitalização dessas

empresas. Porém, esta pesquisa identificou que uma das maiores contribuições que

Page 43: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

29

esse grupo de empresas introduz na sociedade é uma nova cultura empresarial que

valoriza aspectos como:

• = capacitação (grande parte dos empreendedores são pós-graduados);

• = valorização da relação com universidades e institutos de pesquisa;

• = desenvolvimento de atividades sistemáticas de inovação, com investimentos

elevados em pesquisa e desenvolvimento;

• = preocupação com a busca de informações e com a proteção da tecnologia por meio

do sistema de patentes;

• = Investimento em média de 6% do faturamento em treinamento;

• = Cerca de 30% das empresas oferecem participação nos lucros para os funcionários;

• = Consideram importante a elaboração e revisão periódica do plano de negócios.

2.5 EMPREENDEDORISMO

Em 2001, o Brasil fez parte do projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM)

uma iniciativa de maior abrangência no estudo de empreendedorismo com a

participação de 29 países no seu terceiro ano de realização. O GEM foi criado em

1987 como uma iniciativa conjunta entre o Babson College nos Estados Unidos e a

London Business School na Inglaterra. Um dos seus principais objetivos foi o de reunir

alguns dos melhores especialistas em termos mundiais (professores e pesquisadores)

para num esforço conjunto, explorar e compreender o fenômeno do empreendedorismo

e seu papel no processo de desenvolvimento e crescimento econômico dos países.

O projeto levantou em 2001 dados sobre a atividade empreendedora de um

contingente de 2,5 bilhões de pessoas, que representam mais de 60% da população

mundial.

A parcela da população apta ou disponível nestes países para exercer alguma

atividade profissional com idade entre 20 e 64 anos representa cerca de 1,4 bilhões de

pessoas. O relatório GEM Internacional revela, que desse contingente, um pouco

menos de 10%, representando um número próximo a 150 milhões de pessoas,

estavam envolvidos com a criação ou administração de algum tipo de atividade

Page 44: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

30

empreendedora. O estudo, revela também que o nível de atividade apresenta uma

variação significativa de país a país, como mostram os dados da Bélgica e do Japão

com 5%, e o caso do México que apresentou um nível de atividade empreendedora de

18%. O Brasil aparece em 2001 entre os cinco países, mais empreendedores, com

14,2% de sua população adulta iniciando ou administrando uma nova empresa. De

uma outra forma este resultado indica que 14 em cada 100 adultos estavam criando ou

administrando uma nova empresa à época da pesquisa.

(GEM 2001, p.1-2).

No Brasil a pesquisa foi coordenada e executada pelo Instituto Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Paraná - IBQP/PR. O GEM apresentou duas medidas de

empreendedorismo: as taxas de empreendedorismo por oportunidade ou por

necessidade. Na maioria dos países estudados há uma predominância de

empreendedorismo por oportunidade, como por exemplo, Nova Zelândia, Austrália e

Estados Unidos. As maiores taxas de empreendedorismo por necessidade aparecem

em países em desenvolvimento como a Índia, México e o Brasil, onde a decisão de

empreender, para um segmento importante da população, aparece associada a

estratégias de sobrevivência familiar. Dentre 13 principais setores indicados pelos

especialistas como apresentando perspectivas de negócio pode-se citar software,

biotecnologia, tecnologia da informação, telecomunicações, agroindústria e outros, e foi

constatado que a maioria dos empreendimentos pesquisados são de pequeno porte,

atuando em diversas áreas tradicionais de baixa intensidade em tecnologia e capital,

mas que tem sua relevância principalmente da ótica ocupacional. Dos 78 especialistas

entrevistados no Brasil, três principais condições necessárias ao estímulo e apoio ao

empreendedorismo no país foram apontadas como:

• = a cultura favorável que fundamenta os valores, as crenças e as ações de uma

sociedade;

• = a condição relacionada às políticas adequadas percebidas como falhas ou

ausentes;

• = a disponibilidade de recursos financeiros, que sem uma adequada rede de suporte

para sustentar as demandas típicas dos processos de criação e inovação,

Page 45: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

31

dificilmente terá o país o tipo de empreendedor necessário ao crescimento

econômico e a competitividade tecnológica.

Os maiores problemas apontados pelos especialistas no estímulo ao

empreendedorismo referem-se, conforme apontado pela pesquisa GEM, “...à

dificuldade de acesso às linhas de crédito (capital de risco, financiamento, capital a

fundo perdido), o excesso de regulamentações, leis e tributos que trazem uma

sobrecarga aos empreendimentos, principalmente nas fases iniciais de criação e

desenvolvimento do negócio, e a capacitação gerencial consequentemente de um

sistema educacional inadequado e pouco voltado à criação de uma cultura

empreendedora”. (GEM 2001, p. 43)

De maneira geral, as ações que mais contribuíram para o empreendedorismo no

Brasil foram, em primeiro lugar, as incubadoras e parques tecnológicos que

favoreceram o surgimento de novas empresas e ao desenvolvimento da base

tecnológica do país. Tiveram apoio do Programa de Incubadoras de Empresas

promovido pelo MCT, SEBRAE e IEL; do Programa Genesis, concebido para a geração

de novos empreendimentos em software, informação e serviços, criado em 1995 pelo

Programa Brasileiro de Software para Exportação (SOFTEX 2000) e de outras

iniciativas sendo tomadas no âmbito federal, dos estados e municípios envolvendo as

universidades, centros de pesquisa, associações e outras instituições públicas e

privadas. Outras ações que contribuíram para o empreendedorismo foram os

programas e cursos sobre o tema e algumas ações independentes.

Segundo o relatório GEM 2001, as condições estruturais para empreender

referem-se ao suporte financeiro, políticas e programas de governo, educação e

treinamento, pesquisa e transferência de tecnologia, infra-estrutura comercial e

profissional, abertura do mercado interno e normas sociais e culturais.

O estudo (Relatório GEM 2001, p. 45-46) também afirma que o empreendedor

brasileiro encontra dificuldades para criar e implantar um negócio. O Brasil fica numa

posição bastante inferior de outros países como Holanda, Alemanha, Estados Unidos,

Finlândia, Reino Unido ou Nova Zelândia, fica evidente que o país ainda é incipiente

Page 46: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

32

na questão do acesso ao capital tanto para giro como para investimento. Segundo os

especialistas a intenção e a capacidade do empreendedor em criar e manter um

negócio no Brasil e que exija investimentos mais elevados são afetados pelos

seguintes problemas:

• = a instabilidade do mercado de capitais,

• = a falta de tradição de investimentos em projetos de alto risco,

• = a falta de regulamentação mais adequada em consonância com a prática

internacional e que proteja as partes envolvidas,

• = o custo de capital, mantido em patamares incompatíveis com a capacidade de

retorno de novos empreendimentos

Verifica-se a quase ausência do capitalista de risco (venture capitalist), ou do

investidor pessoa física (angel), disposto a apostar em algum projeto que possa se

apresentar como alternativa de melhor rentabilidade. Estas opções, que em países

como os EUA constituem-se em fontes importantes para a criação de novas empresas,

são fatores que receberam avaliação mais negativa por parte dos especialistas, sendo

um dos aspectos considerados críticos quando apontam a falta de cultura

empreendedora no país.

Para AGUIAR (2001, p.B09) o Brasil é o terceiro país na posição do ranking dos

países mais atrativos para investir, segundo executivos de todo o mundo ouvidos por

uma consultoria internacional. O Brasil também passou a ocupar o primeiro lugar na

preferência dos novos investidores. Um terço dos empresários incluídos neste grupo

disseram que poderiam investir no país. “O mercado imenso, o aumento da classe

média, a estabilidade política e a legislação favorável a investidores foram as razões

citadas pelos executivos em favor do país.” Os EUA ocupam a liderança do mesmo

ranking. Em segundo lugar está a China. Com a mudança de posição do Brasil, o Reino

Unido caiu para a quarta posição.

De acordo com AGUIAR ( 2001, p.B09) que analisou os dados apresentados

GEM, para cada oito brasileiros entre 18 e 64 anos, existe um empreendedor. O índice

nacional supera o de países como os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá. A

explicação para esse fato surpreendente, de acordo com os pesquisadores, encontra-

Page 47: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

33

se no estado da economia brasileira. Lançar-se num negócio próprio não reflete

necessariamente uma vocação empresarial nata. Os brasileiros, em boa parte, viram

empreendedores porque estão desempregados e precisam encontrar uma atividade

remunerada – e essa variável aumenta a concentração de empreendedores no Brasil,

jogando-o para o primeiro lugar. Nos Estados Unidos, a situação é outra. A maior parte

dos que montam um negócio decidiu fazê-lo sem a pressão do desemprego. Ao fazer

isso, costumam abrir empresas capazes de desenvolver tecnologias próprias.

De acordo com STAINSACK (1997, p.167), o êxito dos programas de

empreendedorismo no Brasil pode levar a um crescimento a médio prazo, da demanda

de projetos passíveis de incubação, seja em incubadoras de empresas de base

tecnológica ou não. Diversas incubadoras brasileiras enfrentam o problema da baixa

demanda qualificada, sendo a proporção do número de candidatos qualificados por

vaga muito abaixo se comparado às incubadoras americanas ou européias. No Brasil

há pesquisas que indicam o índice de mortalidade das micro-empresas nascentes de

80% nos primeiros anos de vida, com a prática do ensino de empreendedorismo e a

profissionalização das incubadoras este percentual tende a diminuir.

Para BRUNO e TYEBJEE (1982)1, citado por MALECKI (1997, p.165), existem

12 fatores críticos de sucesso definidos porque caracterizam um ambiente

empreendedor:

1. Disponibilidade de capital de risco;

2. Presença de empreendedores experientes;

3. Habilidades técnicas como força de trabalho;

4. Acessibilidade com fornecedores;

5. Acessibilidade com clientes e novos mercados;

6. Políticas governamentais favoráveis;

7. Proximidade com universidades;

8. Disponibilidade de terreno e facilidades;

9. Acessibilidade com transporte;

10. População receptiva;

11. Disponibilidade de suporte de serviços; e

Page 48: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

34

12. Qualidade de vida.

Recentemente pesquisas têm mostrado que existe uma relação muito próxima

entre empreendedorismo e desenvolvimento local e regional. O desenvolvimento

inovativo com a rede local de empresas e a existência de suporte para as empresas e

de oportunidades para os empreendedores, promove novos negócios e identifica novos

mercados. A importância das redes, da informação de mercado e da identificação de

nichos de inovação nas indústrias de alta tecnologia e nos setores tradicionais, resulta

em vantagens necessárias para o sucesso, com um alto valor agregado.

Os tipos de relações dependem do ambiente local, dos tipos das empresas e

das características da região. Como exemplo, as políticas públicas bem como as

privadas, trabalham melhor quando elas são elaboradas conforme as condições locais.

É difícil seguir um modelo de desenvolvimento empreendedor, depende da cultura,

tradição, capacidades e das redes formadas. (MALECKI, 1997, p.190)

1 BRUNO A. V., TYEBJEE T. T. The Environment for Entrepreneurship. In Kent C.

Cliffs, NJ, Prentice-Hall: 288-307, 1982.

Segundo ROMERA (1999, p.66), a geração de novas empresas não é um

processo mecânico. Não basta existir uma infra-estrutura adequada a tal fim, como

centros de pesquisa e desenvolvimento, incubadoras de empresas, capital de risco,

etc.; falta algo mais ou melhor, alguém ou um grupo de pessoas empreendedoras que

sejam capazes de identificar uma oportunidade de uma determinada idéia ou

tecnologia, que tenha vocação e capacidade de risco necessário para transformar em

um empreendimento.

Page 49: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

35

O sucesso para o desenvolvimento do empreendedor requer uma sinergia entre

o talento, tecnologia, capital e conhecimento. A nova incubadora procura integrar estes

elementos para aumentar as chances de sucesso dos novos empreendimentos. As

incubadoras dispõem de uma estrutura favorável para potencializar estes elementos.

Existem diversas possibilidades de suportes para o empreendedor que podem

ser encontrados nas universidades, corporações, laboratórios de pesquisa,

organizações do setor público, investidores e a própria comunidade. Todos estes atores

fazem parte de um processo dinâmico que precisa ser alimentado. O “combustível” do

processo empreendedor é o capital, catalizador deste sistema. (SMILOR, 1986, p.15).

Neste capítulo foi apresentado a origem e conceitos das incubadoras de

empresas, bem como, uma síntese do panorama das mesmas no mundo. Também foi

citada a importância do empreendedorismo neste processo e correlação com às

tecnópoles e os parques tecnológicos.

A incubadora depende de empreendedores que por sua vez busca apoio para o

crescimento dos seus negócios. Para isso o papel das incubadoras e parques

tecnológicos é de promover o desenvolvimento empresarial e tecnológico utilizando os

diversos “ativos tecnológicos” que estão ao seu alcance. Neste contexto, a viabilidade

de sustentação da incubadora e das empresas atendidas ocorre de maneira

espontânea.

O conteúdo aqui abordado dará subsídios para os próximos capítulos e reforça

vários temas relacionados com a organização e estrutura que uma incubadora de base

tecnológica deve apresentar.

Page 50: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

36

CAPÍTULO 3 - MODELOS DE REFERÊNCIA PARA ORGANIZAÇÃO DE INCUBADORAS

Neste capítulo são apresentadas as melhores práticas de organização de

incubadoras baseadas nos modelos de Bolton, Smilor e Gill, Rice e Mattews.

Os autores foram escolhidos pelo número de trabalhos publicados e

reconhecimento internacional sobre o tema.

William Bolton é um especialista internacional em geração e crescimento de

novos negócios. É diretor de uma organização para desenvolvimento de empresas na

Inglaterra. Foi um dos fundadores e primeiro diretor da “St John’s Innovation Park” em

Page 51: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

37

Cambridge (Inglaterra). É consultor de renome internacional em parques científicos e

tecnológicos. Presidente de um programa da UNITWIN/UNESCO de inovação e

transferência de tecnologia.

O autor Raymond W. Smilor é diretor do Instituto IC2 (Inovação, Criatividade e

Capital) vinculado a Universidade do Texas e professor vinculado ao Departamento de

Marketing no “College of Business Administration” da mesma universidade em Austin,

Texas. Consultor e pesquisador nas áreas de estratégia de marketing, transferência de

tecnologia, empreendedorismo e áreas afins. Seu colaborador Michael Doud Gill Jr. é

sócio de uma empresa de capital de risco e pesquisador da IC2, também em Austin,

Texas. É pesquisador e escritor sobre o tema capital de risco.

O Autor Mark P. Rice é diretor do Centro de Empreendedorismo e Novas

Tecnologias do Instituto Americano “Rensselaer Polytechnic” (RPI). Este Centro tem

vínculo com a “Lally School of Management & Technology” e do Programa de

Incubadoras RPI. Foi Diretor da NBIA (National Business Incubation Association).

A autora Jana B. Matthews é pesquisadora e professora do Programa de suporte

a empreendedores da “Center for Entrepreneurial Leadership Inc.” e do “Ewing Marion

Kauffman Foundation” nos Estados Unidos. Consultora em desenvolvimento

econômico, realizou diversas pesquisas em incubadoras e parques tecnológicos.

3.1 MODELO DE REFERÊNCIA BASEADO EM BOLTON

Segundo William Bolton para uma região gerar ou promover o crescimento de

novas empresas é fundamental desenvolver tecnologias de base que fazem parte do

processo empresarial. Para isso é necessário dispor de uma infra-estrutura e um

ambiente operacional adequado.

Bolton coloca a importância do paradigma empresarial no qual pode-se

interpretar que o desenvolvimento de uma economia próspera depende da promoção

de um ambiente no qual as características humanas: iniciativa e criatividade, possam

florescer, mas gerando resultados dentro de escalas de tempo específicas.

Page 52: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

38

O processo de geração e crescimento de novos negócios requer um suporte de

infra-estrutura que deve oferecer facilidades e recursos, conforme figura 3. Podendo,

segundo o autor, ser dividido em suporte primário e secundário. O primário inclui

facilidades operacionais e recursos financeiros, e o secundário local ou espaço físico,

recursos gerenciais e rede de negócios.

Page 53: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

39

Figura 3 - O Suporte de Infra-estrutura Fonte: BOLTON (1997, p.10). Trad. pela autora do presente trabalho. • = Infra-estrutura primária

Abrange recursos operacionais e suporte financeiro. Inclui a universidade,

governo e corporações como laboratórios de pesquisa que são a fonte geradora de

idéias e profissionais ou empreendedores que iniciam um negócio. Mais

especificamente, oferece apoios e recursos oriundos de uma escola empreendedora,

unidades de geração e transferência de idéias em negócios.

Compreende órgãos de apoio como laboratórios, incubadoras, centros

empresariais e de inovação, parques científicos e tecnológicos os quais proporcionam o

Page 54: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

40

crescimento de negócios em vários estágios. No suporte financeiro o apoio pode ser

dividido em dois aspectos: um deles é o suporte financeiro por meio de recursos

encontrados em incubadoras e parques tecnológicos e outro, é o suporte financeiro

promovido por empresas ou investidores.

• = Infra-estrutura secundária

A infra-estrutura secundária compreende a comodidade local, recursos

administrativos e de gestão, facilidades operacionais e rede de negócios.

Para Bolton a incubadora deve ter as seguintes características:

a) O local deve ser atrativo

A qualidade das instalações e localização é muito importante para quem está

iniciando um negócio. A formação da equipe numa empresa emergente é a base do

negócio, mas exige também, ter boas condições e facilidades para o desenvolvimento

do empreendimento, como telecomunicações avançadas, sistemas de transporte,

escolas, alojamentos e lojas. Por exemplo, uma empresa que opera internacionalmente

(ou somente abrangência nacional) necessitará de um padrão mínimo de infra-estrutura

de comunicação. Pequenas coisas, como conexão telefônica e de internet, podem ser

um importante recurso para uma empresa que está iniciando.

b) Possuir recursos administrativos e de gestão

Os recursos administrativos e de gestão são importantes elementos para

empresa poder operar, a assistência profissional em consultoria gerencial e marketing

podem ser fundamentais. Apoios como treinamentos especializados, recrutamento de

profissionais que auxiliarão às empresas, bem como fornecedores e sub-contrados

fazem parte do leque de serviços que se pode ofertar reduzindo assim,

consideravelmente os custos de uma empresa nascente.

Page 55: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

41

c) Oferecer rede de negócios

A rede de negócios é um importante apoio que pode ser oferecido à empresa

sem ônus para a incubadora. Pessoas com elevado grau de instrução ou formação

técnica (os empreendedores) geralmente encontram dificuldades em estabelecer

contatos, além do mais, as câmaras de comércio e indústria tendem a servir um amplo

grupo representativo, no qual às empresas de base tecnológica são a minoria. Em

resposta a isto, é necessário estabelecer redes de contatos informais como por

exemplo com consultores, clientes potenciais e fornecedores.

A contribuição mais valiosa na manutenção de redes de contato são os apoios

pessoais para resolver problemas práticos. A gerência de uma incubadora ou parque

científico tem um importante papel para introduzir uma nova empresa numa rede de

interesses. Por esta razão é essencial que a direção da incubadora ou do parque

tecnológico seja experiente e pró-ativa nesta ação.

d) Apresentar suporte direto

O suporte direto refere-se a preparação do empreendedor ao acesso de fundos

de capital de risco ou capital para iniciar um negócio. Apoio à inserção da empresa em

programas vinculados à agências de fomento do governo local ou federal.

e) Apresentar recursos operacionais

Os recursos operacionais e de suporte podem ser encontradas por exemplo, nas

universidades (por meio dos pesquisadores e corpo docente, dos laboratórios e da

promoção de educação continuada), nas incubadoras de empresas, corporações e

laboratórios do governo, parques científicos e tecnológicos.

• = Ambiente Operacional

O ambiente operacional, conforme figura 4, inclui elementos básicos nos quais a

empresa emergente pode ser facilmente influenciada. Estes são identificados como a

situação do mercado, o fator econômico, a estrutura legal, as circunstâncias políticas e

o ambiente cultural.

Page 56: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

42

Figura 4 - O Ambiente Operacional Fonte: BOLTON (1997, p.13). Trad. pela autora do presente trabalho. a) Situação de mercado

A situação de mercado envolve vários aspectos, um deles por exemplo, mostra

as dificuldades das empresas de base tecnológica em entrar no mercado local,

regional, nacional e global. Geralmente estas EBT’s2 precisam criar seu mercado ou se

inserir no mercado tradicional.

2 Segundo GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.47), EBT’s são empresas de base

tecnológicas.

b) Fatores econômicos

Page 57: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

43

As empresas precisam entender os fatores econômicos e sua influência no

negócio. As novas empresas devem aprender a conviver com a inflação, taxa de juros,

regras para obter empréstimos e o clima econômico em geral. São inerentes a situação

econômica, a viabilidade de capital, a normas de governo e a políticas regionais. Um

dos mais sérios problemas enfrentados pelas empresas emergentes na América Latina

são as garantias e exigências bancárias solicitadas ao empreendedor antes de um

empréstimo financeiro.

c) Estrutura legal

A estrutura legal pode ser uma salvaguarda como pode ser uma restrição. A

posição da propriedade intelectual nas universidades é um importante exemplo, as

restrições geralmente são muitas e existe pouco incentivo da instituição acadêmica em

licenciar e explorar a tecnologia à empresas emergentes. Outros aspectos são as leis

trabalhistas que exercem certa influência no negócio e a na própria natureza jurídica da

empresa.

d) Circunstâncias políticas

As circunstâncias políticas incluem fatores como a política de estabilidade da

região ou do país e a política regional ou nacional. Para regiões que apresentam alto

número de desempregados é conveniente que se formulem políticas governamentais

que incentivem e beneficiem empreendedores e empresas emergentes da região

estimulando à geração de emprego e renda. Este é um fator externo, uma forma de

controle das empresas que por sua vez, precisa ser considerado.

e) Ambiente cultural

É importante proporcionar um ambiente de cultura para o empreendedorismo e

para a criação de empresas, devido a oportunidades comerciais que surgem e muitas

vezes não são exploradas. Este ambiente permite reforçar e expandir as redes

informais de relacionamento.

Page 58: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

44

Onde o paradigma empresarial é bem resolvido, sua visão e foco bem definidos,

estes começam a influenciar na cultura da região, nas atitudes e na dinâmica de

geração de negócios e empregos.

No Brasil, algumas incubadoras foram planejadas segundo o paradigma ou

modelo empresarial sugerido por Wiliam Bolton como mostra SALOMÃO (1993, p. 10):

O processo de criação de empresas vem do nascimento de uma idéia e vai para o uso dessa idéia para a sociedade (na forma de produto ou serviço), percorrendo um caminho determinado. Esse caminho é formado por referências que podem ser reconhecidas como as diversas organizações (elementos) necessários para a consolidação da idéia, tais como: universidades, centros de pesquisa, grandes indústrias, bancos e governo.

Para NEERMAN (2001, p.39) este paradigma busca identificar os elementos

envolvidos, organizando e apoiando-os de modo estratégico para promover um

ambiente dentro do qual o nível de energia, empenho, possa ser elevado a um ponto

onde atividades empreendedoras tornam-se autogeradoras.

Segundo a publicação PLANEJAMENTO e implantação...(2002, p.39-41), Bolton

identificou quatro grupos ou módulos responsáveis pelo surgimento de novas

empresas, os quais denominou de grupos viabilizadores e os classificou como: grupo

fonte, grupo suporte, grupo mercado e grupo ambiente que estarão atuando em todas

as fases do empreendimento, ou seja, na sua idealização, concepção, formação e

maturação.

• = Grupo fonte: Constituído por todos os elementos que possam apresentar potencial

de idéias de negócios viáveis. São universidades, centros públicos ou privados de

pesquisa e tecnologia, grandes empresas que desenvolvem pesquisas tecnológicas,

inventores, etc. Esse grupo pode operar de maneira espontânea ou induzida como

formas de atuação, a transferência de tecnologia, os processos educacionais e a

geração de novas empresas oriundas de laboratórios e resultantes de pesquisa

acadêmica ou industrial.

Page 59: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

45

• = Grupo mercado: Constituído por clientes, parceiros e concorrentes. Os elementos

de mercado constituem a razão de ser da empresa, ou seja, representa a

sobrevivência da empresa num ambiente competitivo, superando seus concorrentes

e desenvolvendo cada vez mais parcerias, quer sejam comerciais ou tecnológicas.

• = Grupo ambiente: Reúne todos os elementos e as condições ambientais que influem

na vida da empresa. Incluem-se neste grupo os aspectos de empreendedorismo,

relacionamento da incubadora com instituições de ensino, políticas de

desenvolvimento e outras. Também estão presentes neste grupo as questões de

caráter econômico (inflação, taxas de juros, política monetária, sistema tributário,

etc.), questões ligadas à legislação (incluindo salários, procedimentos de

importação, lei da propriedade intelectual e industrial) e aspectos culturais.

• = Grupo Suporte: constituído por elementos que apóiam o desenvolvimento e

consolidação do empreendimento. Incluem as instalações específicas de

empreendimentos como incubadoras empresariais e parques tecnológicos. Fazem

parte do grupo suporte, a infra-estrutura de transporte, telecomunicações, hotelaria,

saneamento, o suporte financeiro, na forma de “seed money”3, capital de risco,

empréstimos, programas de fomento financeiro, fornecedores tanto de matéria-

prima quanto de serviços ou outro item qualquer.

Para MEDEIROS (1993, p.32), baseado no paradigma ou modelo empresarial de

Bolton, pode-se visualizar o processo de incubação como um sistema composto de

cinco subsistemas com identidade própria mas inter-relacionadas que são empresa,

incubadora, fonte, ambiente e mercado. Cada um destes subsistemas vai se

transformando na medida que sofre influência dos outros, promovendo assim, uma

troca produtiva entre eles, evitando-se o isolamento do empresário. 3 Segundo GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002,p.91), Seed-money são recursos

investidos no estágio pré-operacional da empresa para elaboração de plano de negócios, construção de protótipo, desenvolvimento de pesquisa de mercado, e contratação de executivos.

Page 60: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

46

3.2. MODELO DE REFERÊNCIA BASEADO EM SMILOR E GILL

Na sua própria concepção, as incubadoras ajudam uma empresa a crescer,

interligando o talento, tecnologia, capital e conhecimento que são a sustentação de um

empreendimento promissor. Inicialmente as incubadoras davam apenas o espaço

físico, como um dos principais apoios que a incubadora poderia oferecer e o foco

principal era o desenvolvimento de empresas. O sucesso das empresas residentes era

identificado com a sua expansão e sua capacidade de crescimento que apresentavam

sem o apoio direto da incubadora. Atualmente as incubadoras são consideradas como

uma das iniciativas mais inerentes do desenvolvimento econômico. Estas procuram

potencializar o talento empreendedor, provendo serviços e suportes para complementar

o perfil empresarial adequado e atuar num mercado competitivo e finalmente,

proporcionar a integração com a comunidade. A incubadora na visão de Smilor e Gill,

pode ser um elo entre o empreendedor e o mercado, na comercialização do produto

ou do serviço oferecido, especialmente aquele orientado à tecnologia, como mostra a

figura 5.

Page 61: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

47

Figura 5 - Entradas e Saídas da Incubadora de empresas Fonte: SMILOR e GILL (1986, p.19). Trad. pela autora do presente trabalho.

SMILOR e GILL (1986, p.24), como mostra a figura 6, apresentam dez fatores

críticos para o desenvolvimento de incubadora de empresas, são eles:

1. Especialista local em administração de negócios;

2. Acesso a financiamento e investimento;

3. Suporte e assessoria financeiros;

4. Suporte da comunidade;

5. Rede de empreendedorismo;

6. Ensino de empreendedorismo;

7. Percepção do sucesso;

8. Processo de seleção das empresas incubadas;

Page 62: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

48

9. Vínculo com a universidade;

10. Programas de metas com procedimentos e políticas claras.

Figura 6 - Fatores críticos de sucesso para o desenvolvimento de incubadoras de empresas Fonte: SMILOR e GILL (1986, p.24). Trad. pela autora do presente trabalho.

1) Especialista local em administração de negócios

As empresas emergentes necessitam de especialistas em negócios. Muitas

vezes elas apresentam talento, idéias e capital para começar um empreendimento,

porém falta, em vários estágios, o conhecimento gerencial e mercadológico para

transformar estas vantagens em negócios viáveis.

Alguns serviços de consultoria oferecidos em incubadoras ou parques são

considerados fundamentais para empresas incubadas como, por exemplo, plano de

negócios, marketing, contabilidade, finanças e gestão.

Segundo SMILOR (1986, p. 25), o conhecimento em marketing é essencial para

diferenciar o produto no mercado, aumentar as suas vendas e estabelecer credibilidade

Page 63: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

49

da empresa. O marketing deve orientar para os diversos problemas que as empresas

de base tecnológica enfrentam como:

• = A obsolescência tecnológica;

• = A hesitação do mercado em comprar tecnologias de última geração;

• = A incerteza de atingir o mercado ideal e de descobrir a forma de multiplicar a

aplicabilidade do produto para diversas áreas;

• = A necessidade de educar o potencial usuário no uso de seu produto ou serviço;

• = As dificuldades em identificar a demanda de mercado para produtos inovadores, no

qual os consumidores são poucos ou o mercado é fragmentado.

O conhecimento em gestão determina como as empresas emergentes podem

responder às mudanças do mercado e, especialmente, como efetivar o seu

crescimento. Gestão de pessoal, gestão financeira e de suporte tecnológico demandam

habilidades que os empreendedores freqüentemente devem aprender e adquirir

experiências.

Para garantir um melhor entendimento da empresa e onde quer chegar, o plano

de negócios para as empresas emergentes é um instrumento importante de

planejamento que deve ser elaborado antes mesmo do desenvolvimento do produto.

Elas precisam planejar seus produtos, traçar diretrizes gerais e prever futuras

necessidades para a empresa. O plano não contempla somente metas de crescimento

da empresa mas, objetivos a longo prazo e eventuais investimentos.

Ainda tratando em administração de negócios, a função contábil é a chave do

controle financeiro da empresa, que na maioria das vezes é ausente nas empresas

emergentes. É importante que as incubadas conheçam seu fluxo de caixa e saibam

determinar como é seu quadro financeiro e quanto tempo elas sobreviverão

financeiramente.

Para que a empresa incubada se consolide é indicado que as incubadoras

tecnológicas mantenham em sua estrutura especialistas em gestão de negócios. A

competência da incubadora, neste apoio, deve ser avaliada internamente e pode ser

medida pelas empresa incubadas através de diversos fatores como:

Page 64: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

50

• = A representatividade do diretor ou do presidente de uma incubadora que deverá ter

experiência e conhecimento em gestão e marketing;

• = A presença de um conselho administrativo que conta como representantes diversos

profissionais de áreas distintas e que podem passar sua experiência às empresas

incubadas;

• = A presença de um conselho consultivo que pode aproximar e relacionar

profissionais competentes das empresas incubadas;

• = A formação de uma rede de consultores para oferecer apoio aos incubados a um

custo relativamente baixo.

2) Acesso a financiamento e investimento

Capital é fundamental para as empresas emergentes. Consequentemente o

acesso a investimentos ou financiamentos, compreende o segundo item dos serviços

considerados prioritários que a incubadora deve oferecer às empresas incubadas.

Esse acesso inclui a avaliação da melhor opção de financiamento, garantia e

concessão de subsídios e a introdução ao capital de risco institucional ou de

capitalistas privados.

Com o alcance das alternativas financeiras complexas no mercado de hoje, as

empresas precisam de assistência para entender as alternativas encontradas e receber

orientação das quais são as melhores. A habilidade para distinguir e avaliar as

melhores formas de capitalização é importante para projetar e desenvolver um novo

negócio. Existem algumas alternativas financeiras como investimentos bancários,

desenvolvimento de parcerias, investidores privados e outros. Estas podem apresentar

vantagens e desvantagens e precisam ser identificadas e avaliadas. Este processo não

envolve somente a compreensão da técnica financeira e das dimensões financeiras

mas, habilidades para compreender as atitudes, perspectivas e viabilidade do negócio

que irá prover fundos.

Muitas empresas emergentes financiadas apresentam um desenvolvimento

rápido, consequentemente, houve um aumento no número de incubadoras que

promovem o acesso à capitalização por meio de investidor individual, institucional ou

Page 65: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

51

de agências que facilitam na concessão de empréstimos e de garantias. Este acesso,

pode ser na indicação da melhor oportunidade financeira sendo que, a maioria dos

recursos financeiros oriundos de empréstimos provém de mecanismos tradicionais,

como fundos bancários, e raramente por programas específicos de apoio à pesquisa

tecnológica voltada à pequena empresa ou por investidores existentes na comunidade.

Muitas incubadoras acreditam que o essencial para às empresas incubadas é

buscar a indústria de capital de risco. Este apoio é importante, mas somente depois

que a empresa se consolida como um investimento viável. Poucas empresas de capital

de risco estão interessadas em investir em empresas emergentes porque estas

requerem acordos e um acompanhamento mais intenso para ajudá-las. Precisam de

uma visão otimista para não falir, necessitam aumentar a equipe, capacitar-se

gerencialmente e ter experiência em marketing. As empresas de capital de risco

preferem fazer investimentos em empresas já desenvolvidas e estruturadas.

Algumas empresas de capital de risco aplicam uma quantia pequena de capital,

para a estruturação e desenvolvimento dos negócios. Mas, muitos capitalistas de risco,

preferem esperar uma empresa que apresente antecedentes, com uma gestão definida

e demonstrando competência de mercado antes de investir. Consequentemente, uma

incubadora pode oferecer uma importante ligação com a comunidade de capital de

risco, focando o mercado das empresas incubadas, preparando-as para o mercado e

especialmente, educando e preparando o empreendedor para o capital de risco.

As incubadoras podem ser facilitadoras no acesso ao capital de fomento às

novas empresas. Algumas experiências mostram que existem alguns mecanismos de

relação com a comunidade no qual são captados recursos financeiros para a

incubadora e para as empresas incubadas. Em alguns casos o governo estadual ou

federal apoia financeiramente os novos negócios das incubadoras por meio de

programas específicos.

3) Suporte e assessoria financeiros

Um tipo de suporte, financiamento essencial que as incubadoras oferecem às

empresas incubadas, vem por meio dos serviços internos que oferece. Estes serviços

Page 66: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

52

incluem apoio de secretaria, apoio administrativo, assessoria técnica e outras

facilidades. As empresas incubadas pagam por estes serviços, porém, a incubadora

pode subsidiar ou cobrar um valor baixo, favorável com o estágio de desenvolvimento

que a empresa se encontra.

Os serviços que podem ser oferecidos às empresas podem ser de caráter

administrativo ou operacional como secretaria, atendimento, correio, fax, telefone,

limpeza, manutenção, reprografia e rede de comunicação.

Existem também outros serviços fundamentais que incubadoras apresentam na

forma de subsídios que podem ser de natureza técnica (como assessoria de design,

assessoramento técnico-científico, consultas especializadas, normalização e

certificação, pesquisa bibliográfica e informação científica, utilização e empréstimos de

equipamentos de laboratórios especializados).

Outro apoio de grande valia, que o autor não descreve diretamente, é a busca de

recursos financeiros via programas de fomento ou financiamento. A orientação

empresarial e de elaboração de projetos, apoio para participação em feiras e outros

eventos, busca de investidores, apoio para cooperação com universidade/centro de

pesquisa e outros.

Desta forma a incubadora ajuda a empresa a economizar recursos e a gerenciar

de forma saudável seu fluxo diário financeiro visto que, na maioria das vezes, é

bastante reduzido para empresas em estágio inicial de desenvolvimento.

4) Suporte da comunidade

Um dos importantes papéis da comunidade é aceitar e apoiar o desenvolvimento

da incubadora visto que, é relevante para o crescimento e afirmação da incubadora de

empresas. Ela deve refletir o esforço feito por sua comunidade para a diversificação da

economia, criação de empregos, incentivo ao empreendedorismo, etc., viabilizando

assim, a economia local a longo prazo.

A incubadora deve promover e oferecer apoios e serviços à comunidade em

geral, seja por meio de palestras dirigidas, de visitas técnicas ou de programas

específicos.

Page 67: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

53

As incubadoras passam a ganhar o apoio financeiro, moral e de relações com a

comunidade que está inserida. Este apoio pode ser individual, privado, oriundo do

governo municipal, de conselhos industrias privados, universidades e/ou câmaras de

comércio. Este suporte, também é garantido, com apoio de profissionais da

comunidade que oferecem orientação empresarial às empresas na forma de

aconselhamento.

Uma incubadora deveria ser um dos elementos do plano de desenvolvimento

econômico local na eminência dos resultados que pode gerar.

5) Rede de empreendedorismo

Empreendedorismo é um processo dinâmico. Quanto mais forte e complexa a

rede de relacionamento mais o empreendedor tem acesso às oportunidades, de

grandes chances para resolver problemas inesperados e uma projeção de sucesso

num novo negócio.

Uma rede estabelecida de empreendedorismo garante um potencial de

relacionamentos que podem promover e sustentar novos negócios numa incubadora.

Neste sentido, é necessário uma aproximação com a universidade que pode oferecer

por exemplo, laboratórios no suporte ao desenvolvimento de novas tecnologias e

viabilizar a educação continuada dos empreendedores.

Muitas companhias de grande porte podem dar credibilidade às empresas

emergentes, na forma de clientes ou como geradoras de spin-off’s4. Empresas

emergentes podem estabelecer importantes relações com fornecedores e clientes.

Através de uma rede são identificados alguns benefícios como aconselhamento de

profissionais (contadores, advogados, investidores, entre outros).

4 Segundo GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.92), Spin-off é uma empresa oriunda de

laboratório e resultante de pesquisa acadêmica ou industrial. O Estado e o governo local também provêm de incentivos, benefícios e acesso a

contatos importantes, para grupos de empreendedores que apresentam negócios

emergentes. Também, uma rede de empreendedorismo garante contatos individuais e

de consultores, por meio de workshops e programas de educação voltados a negócios

Page 68: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

54

e, finalmente, programas sociais para melhorar a qualidade de vida. Quanto mais

relacionado com os vários agentes da rede de empreendedorismo, maiores são as

chances de o empreendedor aproveitar as oportunidades e atingir o sucesso.

6) Ensino de empreendedorismo

Se as empresas incubadas são bem sucedidas no ambiente hipercompetitivo5,

provavelmente elas apresentam uma situação independente e promissora. Em alguns

casos, as empresas graduadas deixam o ambiente seguro da incubadora e mostram

dificuldades após sua saída, neste caso, o processo de graduação torna-se difícil.

Um problema persistente que algumas incubadoras encontram é a relutância das

empresas incubadas em se graduar ou de se mudar daquele ambiente favorável,

(ambiente protetor que a incubadora apresenta). As necessidades que as empresas

incubadas apresentam na continuidade de algum tipo de suporte após sua saída,

reforça a hipótese que após a graduação o apoio empresarial é fundamental para sua

consolidação. Muitas incubadoras para solucionar o problema de dependência da

empresa oferecem uma educação empreendedora que prepara o empresário para os

negócios fora deste ambiente protetor, desenvolvendo habilidades que os

empreendedores podem aplicar internamente no seu empreendimento.

5 Ambiente Hipercompetitivo: Quando ocorre competição intensiva no mercado entre

países, estados e comunidades, bem como entre as pequenas e grandes empresas. A habilidade de introduzir rapidamente novos tecnologias ou serviços no mercado é uma situação que exige um esforço expressivo das empresas emergentes. (SMILOR,1986, p.15)

Na incubadora um treinamento especializado para os empreendedores pode ser

realizado por meio de um programa formal e estruturado, baseado em conhecimentos

teóricos, como também, pode ser através de um processo informal de interação,

discussão e troca de informações. Os treinamentos podem apresentar uma variedade

Page 69: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

55

de assuntos como planejamento, desenvolvimento de produtos, técnicas de marketing,

habilidades gerenciais, práticas contábeis e outros.

Os programas de capacitação podem ser desenvolvidos pela própria incubadora

na forma de educação continuada provida por consultores, acadêmicos e baseada em

experiências práticas, sendo que parte do processo educacional também ocorre pela

interação. A oportunidade de encontrar e falar com outros empreendedores que

passam pela mesma experiência, problemas similares ou situações de negócio

similares, é uma valiosa aprendizagem que a incubadora pode prover.

7) A percepção do sucesso

Um importante e intangível elemento que a incubadora desenvolve é a

necessidade de criar a percepção de sucesso. Esta condição pode caracterizar a

incubadora como um elemento importante da comunidade. E também pode posicionar

a empresa incubada no mercado. Se a incubadora é percebida como sucedida, ela

pode atrair recursos mais facilmente, fortalecer as novas empresas e ajudá-las a terem

credibilidade. Existem diversos caminhos para estabelecer uma percepção de sucesso

da incubadora que são:

• = Instalações novas e modernas;

• = parcerias como instituições importantes, públicas ou privadas, em diversas áreas do

conhecimento;

• = Gerência experiente e capaz;

• = Diretoria competente e comprometida com o sucesso da incubadora;

• = Conselho consultivo composto por notáveis em suas áreas de atuação;

• = Um grupo de empresas incubadas promissoras;

• = Sucesso das empresas graduadas;

Além dos itens acima citados, DORNELAS (2002, p.29) complementa neste

mesmo assunto com: presença constante na mídia, sendo citada como exemplo de

sucesso; tempo médio para graduação de empresas incubadas dentro dos padrões das

melhores incubadoras (dois a três anos); taxa reduzida de mortalidade de empresas

Page 70: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

56

incubadas; estágio de desenvolvimento compatível com o tempo de existência da

incubadora, etc.

8) O processo de seleção das empresas

Se uma incubadora procura o crescimento das empresas, ela deve ter um

processo de seleção criterioso que avalie realmente o potencial da empresa. Os

critérios para o processo de seleção são muito importantes e podem variar conforme a

missão e os objetivos da incubadora sendo, um fator crítico para o sucesso. A maioria

dos critérios incluem:

• = Potencial de crescimento;

• = A capacidade de criar empregos;

• = Foco do negócio;

• = A capacidade de pagar suas despesas;

• = Um plano de negócios;

• = Análise de mercado;

• = A estabilidade do fluxo de caixa;

Existem diversos critérios que podem ser avaliados neste processo, há

referências que determinam se a empresa é promissora ou se ela precisará de

recursos adicionais. Muitas incubadoras incluem no seu processo de seleção

entrevistas antes do ingresso de uma empresa. Usualmente, a gerência da incubadora

ou um comitê de avaliação são envolvidos no processo de seleção e em alguns casos,

a diretoria também participa.

Para STAINSACK (1998, p.61) que complementa as colocações de SMILOR

sobre o processo de seleção das empresas, diz que o sucesso da incubadora está

diretamente ligado com o sucesso das empresas. Isto se reflete na maioria das vezes o

desempenho dos gestores da incubadora e dos apoios que esta oferece. É claro que o

fator relevante para o sucesso das empresas, bem como da incubadora, está

relacionado com o processo de seleção. Os empreendimentos bem selecionados

geram uma expectativa muito maior de que esta sairá no mercado, após o período de

incubação, fortalecida e com grandes chances de sucesso. As empresas que

Page 71: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

57

realmente demonstram grande potencial sempre procuram crescer e se desenvolver

independentemente da ajuda de uma incubadora. É claro que a incubadora, no sentido

clássico da palavra, permite acelerar este crescimento, pois abre oportunidades e todos

os apoios e facilidades, que certamente, são inexistentes para uma empresa que se

desenvolve fora deste ambiente.

Portanto, a seleção deste empreendimento é a chave do sucesso da incubadora.

Esta deve criar mecanismos que permitam selecionar da melhor maneira os bons

candidatos à incubação, quer seja por projeto, plano de negócios, entrevista ou a

combinação destes fatores.

9) Vínculo com universidades

Mais de 80 % das incubadoras têm algum tipo de ligação com uma universidade,

estes vínculos são desenvolvidos por ser um relacionamento mutuamente benéfico.

As ligações são formais ou informais. A incubadora pode ser parte de uma

universidade ou de uma instituição de ensino em geral. As facilidades oferecidas às

empresas podem ser encontradas no campus e, muitas vezes, faz com que a

incubadora seja indutora ou executora das regras e regulamentos do sistema

universitário. Através de uma ligação informal, a incubadora pode estar no campus mas

opera como uma entidade independente, que arrenda um espaço da universidade. As

incubadoras têm desenvolvido outros tipos de ligação com as universidades que

incluem formação dos professores universitários como gerentes ou aconselhadores e

também, acolher empreendedores da universidade nas empresas incubadas.

Existem muitos benefícios diretos e indiretos com a universidade. A incubadora

oferece um mecanismo de comercialização das pesquisas universitárias. Ela ajuda a

universidade a satisfazer uma emergência obrigatória que é contribuir para o

desenvolvimento econômico. Ainda, proporciona uma oportunidade para o corpo

docente da universidade e seus estudantes realizarem pesquisas em desenvolvimento

de negócios, especialmente estudos de caso.

Para reforçar as colocações de Smilor, STAINSACK (1998, p.58), cita que para

fazer com que a incubadora torne-se mais conhecida e respeitada faz-se a

Page 72: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

58

necessidade de divulgação intensa às instituições de ensino e de pesquisa. Uma das

estratégias é proferir palestras a alunos de áreas afins da incubadora, principalmente a

alunos de último ano de graduação ou que estejam desenvolvendo projetos

acadêmicos que exigem trabalhos práticos. Em alguns casos, empresários de sucesso

que passaram por uma incubadora, tiveram seus produtos originados em laboratórios

de universidades. A aproximação com o meio acadêmico é oportuna, com a ajuda da

incubadora professores e alunos, podem concretizar uma idéia em um negócio viável.

10) Programas de metas com procedimentos e políticas claras

O desenvolvimento rápido de uma empresa numa incubadora se deve a

química entre o gerenciamento da incubadora e os empreendedores das empresas

incubadas. As empresas precisam saber qual será a expectativa delas, o que a

incubadora pode oferecer, como serão avaliadas e, como será o procedimento diário e

a política geral de operação da incubadora. Todas as empresas emergentes

apresentam problemas e incertezas, para minimizar as dificuldades, o mais importante

no gerenciamento da incubadora é comunicar aos empreendedores sobre os incentivos

e direcionamentos para melhorar sua performance.

O relacionamento entre a incubadora e as empresas pode ser sentido

especialmente se as expectativas de cada parte forem diferentes ou se há equívocos

no que cada um pode contribuir. Quando existe um direcionamento com programas

concisos, procedimentos e políticas claras, é grande a probabilidade das expectativas

de ambos serem atendidas, o desentendimento pode ser minimizado e cada um será

beneficiado nesta relação.

Analisando também Smilor e Gill, DORNELAS ( 2002, p.30-31) afirma que um

programa de metas com procedimentos e políticas claras é essencial para qualquer tipo

de negócio. Como uma incubadora de empresas depende de vários outros agentes,

deve possuir uma maneira de prestar contas a estes e ser avaliada em função do

cumprimento das metas estabelecidas para seu negócio. As empresas incubadas, por

outro lado, precisam saber como serão avaliadas, o que podem e não podem fazer,

seus direitos e deveres e como proceder. Tudo isso deve ser muito bem especificado e

Page 73: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

59

devidamente documentado desde a seleção até sua graduação na incubadora, a fim de

evitar problemas durante o processo de seleção.

3.3 MODELO DE RICE E MATTHEWS

Rice e Matthews se baseiam na apresentação de três princípios de sucesso de

uma incubadora de empresas e apontam dez melhores práticas para seguir. Os

princípios compreendem: foco na energia e nos recursos para desenvolver as

empresas incubadas; gerenciamento da incubadora como negócio, minimizando os

recursos gastos no orçamento para desenvolver a auto-sustentabilidade6 eficiente para

a sua operacionalização; desenvolvimento de uma sofisticada variedade de serviços e

programas, que podem ser fundamentais para as empresas, dependendo de suas

necessidades e estágio de desenvolvimento.

As melhores práticas e princípios de uma incubadora de empresas, segundo

Rice e Mattews, são descritas a seguir:

Prática Número 1 - Comprometimento com os princípios básicos do negócio da

incubadora de empresas.

Nesta primeira prática são considerados três princípios:

I. Focar os serviços e os recursos da incubadora no desenvolvimento das

empresas;

6 Segundo GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.27), Auto-sustentabilidade é a

capacidade da empresa de manter-se no mercado competitivo.

Muitas incubadoras de empresas nos Estados Unidos foram criadas com

objetivos focados na criação de empregos, revitalização da economia local,

comercialização de produtos desenvolvidos nas universidades etc., sempre com

missões mal compreendidas.

Todos esses objetivos não devem ser considerados como a finalidade de uma

incubadora mas como conseqüência do desenvolvimento de empresas de sucesso.

Quando uma incubadora de empresas é criada com essa missão, todos os demais

Page 74: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

60

objetivos serão atingidos ao se cumprir sua missão de negócios. Por outro lado,

quando se criam incubadoras em regiões de precário desenvolvimento econômico, às

vezes com finalidades políticas de criação de empregos e tentativa de revitalizar a

economia local, mas sem uma análise dos princípios básicos para sua criação, essas

incubadoras dificilmente atingem o sucesso.

II. Gerenciar a incubadora de empresas como um negócio, isto é, otimizar a

utilização dos recursos disponíveis em busca da auto-sustentabilidade.

Por serem instituições sem fins lucrativos, muitas incubadoras, em geral, são

gerenciadas sem muito rigor e em recursos mal administrados. Já que os recursos

disponíveis para uma incubadora normalmente são escassos, toda incubadora de

empresas deveria ser muito bem administrada; para isso, há necessidade de se

constituir uma equipe gerencial competente que desenvolva e atualize constantemente

seu plano de negócios, garantindo os melhores serviços aos incubados.

III. Desenvolver uma rede de serviços e programas que encaminhem as empresas

incubadas, em função de suas necessidades de desenvolvimento.

A incubadora de empresas deve desenvolver programas diferenciados que

atendam às necessidades de suas empresas incubadas. Não basta apresentar serviços

básicos e genéricos, deve-se ouvir e entender o que cada empresa incubada precisa e

buscar as melhores formas de atendê-las. Muitas empresas incubadas atuam em

mercados definidos e, às vezes, necessitam de consultorias, cursos e treinamentos

específicos para atuarem em seu mercado.

Esses três princípios básicos identificados por RICE e MATTEWS (1995, p.2)

são condições básicas para o desenvolvimento de qualquer incubadora de empresas.

Com base nesses três princípios, foram identificadas pelos mesmos autores, as dez

melhores práticas de incubadoras de sucesso. Os dois princípios iniciais identificam a

Page 75: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

61

missão da incubadora e como ela deve ser gerenciada. O terceiro resume o que a

incubadora faz e como ela deve ajudar as empresas incubadas a atingirem o sucesso.

As dez melhores práticas descrevem sugestões específicas ou detalhamento dos três

princípios básicos.

Prática Número 2 - Coletar e avaliar as informações chaves para decidir se a

incubadora tem viabilidade.

Para que esta prática ocorra, é necessário elaborar um estudo de viabilidade da

incubadora para justificar sua existência e permitir que os promotores entendam a

importância da incubadora dentro da comunidade e os serviços que proporciona para o

mercado, como mostra a figura 7.

Para os promotores e parceiros deve-se considerar dez fatores para a

viabilidade de uma incubadora:

I. A identificação e conhecimento do mercado;

II. A vocação dos promotores e dos líderes da comunidade onde a incubadora está

inserida e seus mantenedores;

III. Identificação dos obstáculos e problemas;

IV. Criação de times de ganhadores (pessoas competentes e comprometidas com o

processo da incubadora podendo ser os mantenedores, promotores, parceiros e a

própria equipe de colaboradores);

V. Especificação dos recursos necessários para o sucesso de empresas nascentes;

VI. Definição das exigências (requisitos) e características do presidente da incubadora

(tem que ter liderança empreendedora);

VII. A aprendizagem da experiência de outras incubadoras;

VIII. Elaboração de um documento descrevendo os termos e as condições de

viabilidade da incubadora;

IX. Perguntas e respostas da razão de existir ou não da incubadora;

X. Desenvolvimento de um plano de negócios (revisão e questionamento da razão de

ser da incubadora e questionamento constante sobre as finanças, marketing, seus

produtos e serviços oferecidos).

Page 76: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

62

O PROGRAMA DE INCUBADORA

A COMUNIDADE

A COMUNIDADE

ENTRADA DE UMA EMPRESA INCUBADA

ConselheirosENTRADA DA COMUNIDADE NA INCUBADORA

Contato com uma Rede de Conhecimento

Rede de capitalização

Educação, treinamento eprogramas de informação

Serviços gerenciais

Disponibilização de espaços

EMPRESA RESIDENTE

EMPRESA RESIDENTE

EMPRESA RESIDENTE

EMPRESA RESIDENTE

EMPRESA RESIDENTE

Empreendedores

Capital de risco

Patrocinadores

SAÍDA DA COMUNIDADE NA INCUBADORA

Crescimento rápido de empresas estrelas

Micro e pequenasempresas

Empresários talentosos e empresas spin-off

Rede de apoio(aconselhamento e suporte empresarial)

Figura 7 - O processo de incubação Fonte: RICE e MATTHEWS (1995, p.12). Trad. pela autora do presente trabalho.

Prática Número 3 - Estruturar um programa de desenvolvimento para a incubadora ser

financeiramente viável e buscar a sua auto-sustentabilidade.

A dinâmica financeira das incubadoras compreende recursos de uso e fontes,

receitas e, subsídios versus investimento, trajetória apresentada para a busca da auto-

sustentabilidade. Para a incubadora apresentar “melhores práticas” ela não deve adotar

um modelo ou uma combinação delas, mas sim, adaptá-las à sua realidade, atendendo

as expectativas externas e relacionando-se com o meio que o cerca.

Page 77: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

63

O desenvolvimento de modelos financeiros refletem adequadamente as

características operacionais da incubadora e o ambiente de negócios no qual ela se

insere. A adoção de um modelo deve incluir todas as despesas de operação e de

capital, bem como suas receitas.

Definição de uma trajetória para a auto-sustentabilidade, na qual é interessante

realizar um estudo de viabilidade e definir investimentos necessários para a

consolidação das empresas. Reconhecimento de oportunidades para geração de

receitas, levando em conta a fonte de receitas das empresas incubadas (pelo espaço

físico cobrados e facilidades oferecidas) e o custo de operação da incubadora.

Recomenda-se que a incubadora defina um programa de ações e serviços que

possam ser ofertados tanto às empresas incubadas como para comunidade,

possibilitando a geração de receita. É possível garantir um comprometimento ainda

maior dos patrocinadores que sustentam a incubadora, desenvolvendo um modelo

financeiro com o objetivo de alcançar a sua auto-sustentabilidade.

Prática Número 4 - Estruturar a organização da incubadora de empresas para

minimizar os trabalhos internos e maximizar o apoio dos incubados.

Nesta prática a incubadora deve ser operada como se fosse uma empresa. A

diretoria da incubadora deveria criar valor adicionado além da sua governança e

maximizar o comprometimento dos recursos para o crescimento das empresas. O

papel e as responsabilidades da diretoria implicam no desenvolvimento e atualização

de um plano estratégico para a incubadora com termos de desenvolvimento a longo

prazo da incubadora; a definição de políticas de operação para a equipe da incubadora

e o papel da presidência. No entanto, a definição clara do papel e das

responsabilidades da direção são essenciais para a boa gestão da incubadora. O

gerente deve ser um líder, administrando as relações externas e realizando marketing

da incubadora com a rede de consultores, conselheiros, comunidade científica e local.

Prática Número 5 - Engajamento dos mantenedores em ajudar as empresas e dar

suporte às operações da incubadora

Page 78: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

64

A direção da incubadora tem a função de divulgar e de manter um

relacionamento sólido com a sua rede de promotores, representantes do governo,

banqueiros, professores, estudantes, consultores, advogados, contadores e outros.

Sem dúvida a rede de stakeholders7 oferece acesso a recursos e conhecimento que

freqüentemente os empreendedores necessitam. Diante de centenas de redes de

mantenedores ou promotores, o contato com uma delas poderá ter um significativo

impacto no crescimento particular da empresa.

Uma das vantagens na liderança de uma incubadora é maximizar os benefícios

existentes, trabalhando ativamente com os diversos promotores, promovê-los como

parceiros e aproveitando as redes de contatos que estes mantém, minimizando assim

seus custos internos.

Prática Número 6 - Recrutar uma equipe gerencial competente e experiente, que

administre a incubadora como um negócio e que tenha a capacidade de ajudar as

empresas incubadas a crescerem.

A missão principal de uma incubadora é ajudar empreendedores a iniciar ou a

promover o crescimento de um negócio. A incubadora age como uma facilitadora e

prove mecanismos nos quais a direção da incubadora, sua equipe, membros do

conselho e outros mantenedores possam alcançar sua missão. 7 De acordo com o GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.92), Stakeholder é o agente

que apóia ou se relaciona operacionalmente com a empresa: empregados, clientes,

fornecedores, acionistas, comunidade, agências governamentais.

A principal característica da direção da incubadora é ser empreendedora, líder e

apresentar uma excelente capacidade de comunicação diante da rede de

relacionamentos da incubadora. A escolha de uma equipe qualificada e comprometida

com a missão e os objetivos da incubadoras são importantes para o seu sucesso. Os

autores reforçam que estes profissionais devem bem atender as empresas e a

comunidade, a escolha de uma competente secretária ou recepcionista podem ser um

ponto crítico para o sucesso da incubadora.

É recomendável que a incubadoras mantenham uma ligação com a universidade

local auxiliando os estudantes a participarem dos projetos desenvolvidos pela

Page 79: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

65

incubadora ou pelas empresas atendidas. Esta oportunidade permite dar aos alunos

uma experiência educacional, trabalhando com uma empresa empreendedora e

acompanhar o desenvolvimento de novos produtos. Um dos melhores exemplos de

incubadoras de empresas são aquelas que apresentam estrutura e equipe de apoio

que buscam constantemente mecanismos para que a incubadora funcione como um

negócio auto-sustentável, focada em servir seus clientes e ajudá-los a crescerem.

Prática Número 7 - Escolher um local adequado para os serviços a serem prestados e

que possibilite geração de receita para a incubadora.

Para realizar o processo de incubação não é necessário uma estrutura física,

existem diversos apoios e serviço que podem ser oferecidos às empresas à distância

ou por programas oferecidos em diferentes organizações. A NBIA reforça o conceito de

incubadoras “sem muros”, ou seja, atualmente é possível dar assessoria e acompanhar

empresas à distância ou “virtualmente” como algumas incubadoras denominam.

Todavia, a maioria dos empreendedores afirmam que uma incubadora por meio do sua

infra-estrutura física comum é possível compartilhar experiências com outros

empreendedores, permite aprendizagem técnica e empresarial na convivência com

outras empresas e pode-se dividir seus “altos e baixos”, recursos e possibilidades de

negócios.

A melhor prática para incubadoras é acolher empresas em diferentes estágios de

desenvolvimento, apresentando assim, espaços de diferentes tamanhos que devem ser

destinados por exemplo, a empresas nascentes ou não. Ao mesmo tempo, a

incubadora deve apresentar uma estrutura que possa ser flexível e favorável ao

crescimento das empresas atendidas. Em função disso, o deslocamento das empresas

a espaços maiores dentro da incubadora pode ser considerado como um fator positivo

de aumento da receita da própria incubadora.

As áreas comuns normalmente não são rentáveis à incubadora, porém, têm a

função de promover com este espaço a interação entre as empresas incubadas. Áreas

destinadas ao estacionamento e a segurança do prédio também são atrativos que os

empreendedores buscam.

Page 80: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

66

Alguns cuidados são necessários para que a incubadora evite problemas futuros

e interfira na própria infra-estrutura como riscos ambientais, principalmente quando se

trata de incubadoras de áreas químicas, biológicas e outras. Facilidades e

equipamentos desnecessários a empresas incubadas, manutenções dispendiosas e

custos altos, como de energia elétrica, podem interferir diretamente no desempenho da

incubadora e consequentemente dificultar a sua auto-sustentabilidade. Para isso é

necessário identificar todos os custos e despesas da incubadora e projetar num

orçamento anual. Portanto, a incubadora deve apresentar uma estrutura adequada ao

empreendedor para garantir receitas suficientes ao apoio de novos negócios.

Prática Número 8 - Recrutar e selecionar empresas que tenham potencial de

crescimento e condições de honrar os compromissos assumidos com a incubadora.

Para atrair empreendedores, a incubadora, antes de tudo, deve apresentar uma

área de marketing atuante. Um dos fortes atrativos da incubadora é seu

reconhecimento perante a comunidade, ser reconhecida como um poderoso

mecanismo de apoio a novos negócios e a garantia de sucesso a um empreendimento

a ser atendido. A incubadora antes de promover-se deve primeiramente, identificar as

reais necessidades dos seus clientes (por exemplo, as empresas nascentes) e em

seguida designar um “menu” de serviços que possam ser oferecidos com qualidade.

Algumas das melhores práticas em incubadoras mostram que algumas delas buscam

empresas âncoras dentro da própria estrutura, as quais podem oferecer serviços

diversificados.

A incubadora poderá atrair potenciais incubados por meio de palestras,

seminários e material promocional para públicos dirigidos como organizações de

desenvolvimento econômico, empresas, universidades e comunidade em geral. A mídia

é outro importante meio de divulgação no qual um jornalista é um importante

interlocutor. É essencial que a incubadora tenha disponível material promocional

impresso ou eletrônico.

As melhores práticas de processo de seleção em incubadoras mostram que a

admissão de uma empresa passa por diversos estágios. O primeiro deles é o contato

Page 81: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

67

com o empreendedor, o segundo é a preparação do plano de negócios ou documento

exigido pela incubadora. Geralmente nesta etapa o empreendedor recebe auxílio da

própria equipe da incubadora ou de consultores externos contratados para este fim.

Como critérios de admissão são geralmente exigidos, a capacidade do empreendedor

em pagar pelo espaço e serviço recebidos, seu potencial de crescimento, tipo de

negócio e a aprovação do comitê avaliador.

Geralmente, os fatores críticos de sucesso que são verificados no plano de

negócios durante a seleção das empresas incubadas são: (1) a equipe

(empreendedores), (2) o produto ou serviço, (3) o mercado e (4) capacidade financeira

relacionada com o potencial de crescimento da empresa.

Prática Número 9 - Fornecer serviços “personalizados” aos incubados, visando atender

às necessidades específicas de cada empresa incubada.

O desenvolvimento de um conjunto de programas e serviços é muito importante

para a incubadora, para isso, é necessário seguir algumas etapas para promover o

crescimento das empresas atendidas que são:

• = compreensão das deficiências comuns das empresas incubadas que podem estar

relacionadas aos produtos e serviços que trabalham e problemas como fluxo de

caixa da empresa, desconhecimento da área de marketing e vendas e dificuldades

entre o time de empreendedores;

• = segmentação das empresas: identificação do estágio de desenvolvimento da

empresa e adoção de um mecanismo de acompanhamento para verificar sua

evolução;

• = desenvolvimento de um portfólio8 completo de mecanismos de assistência às

empresas incluindo a oferta de uma rede de negócios, infra-estrutura física,

assessorias especializadas, acesso a investimento financeiro, programas de

treinamento e credibilidade às empresas;

• = oferta de assistência “personalizada” às empresas: a direção da incubadora tem três

importantes funções na incubadora que são de promover o aconselhamento

Page 82: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

68

empresarial, de conectar os empreendedores a consultores e especialistas das

áreas às quais não dominam e criar um ambiente de negócios. A diretoria da

incubadora tem que ser pró-ativa e buscar recursos, facilidades e oportunidades

que ajudem às empresas a se desenvolverem e crescerem financeiramente.

• = incentivo às empresas a graduação: a direção da incubadora deve direcionar

esforços para que a empresa se estruture rapidamente e busque parcerias

comerciais e financeiras para a sua consolidação, desta maneira a incubadora

poderá atrair outros empreendedores ao processo de incubação.

Prática Número 10 - Implementar sistema de avaliação contínua na incubadora de

empresas que acompanhe seu progresso nos vários estágios de desenvolvimento do

programa, não perdendo o foco de atender às necessidades dos incubados.

Existem algumas metodologias e estudos para padronização desta prática

porém, a incubadora deve estabelecer um programa próprio baseado em melhores

práticas.

8 Segundo o GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.83), portfólio é o conjunto dos

investimentos feitos por um mesmo indivíduo ou organização.

O plano de negócios e o modelo financeiro definem como será o processo de

auto-sustentação da incubadora. A escolha de uma direção qualificada e

empreendedora garante também um bom desempenho da incubadora.

Atualmente cinco tendências são identificadas na “indústria” de incubação de

empresas, projetadas para os próximos cinco anos, que são: (1) os serviços que a

incubadora pode oferecer para as empresas externas; (2) a junção da incubadora com

centros de pesquisa e de conhecimento; (3) os centro de inovação; (4) as incubadoras

virtuais; (5) sistema de suporte ao empreendedorismo.

A principal missão de uma incubadora é o desenvolvimento de empresas. A

melhor prática de incubadora é gerenciá-la como um negócio. Maximizar recursos para

o desenvolvimento das empresas e minimizar custos com despesas em geral e funções

administrativas. Diferenciar programas e serviços que são oferecidos às empresas de

Page 83: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

69

acordo com as necessidades individuais e seus diferentes estágios de

desenvolvimento.

3.4 MODELO GERAL: PRINCIPAIS FATORES DE ORGANIZAÇÃO DE

NCUBADORAS

No quadro 1 apresentamos dez fatores necessários que uma incubadora de

empresas deve adotar para a ter sucesso. Estes itens foram identificados a partir dos

autores estudados (Bolton, Smilor/Gill e Rice/Mattews) e estão relacionados pelos

modelos de referência ou melhores práticas apontados pelos mesmos. Fatores necessários Bolton Smilor e Gill Rice e Mattews

Aspectos identificados I.Localização e Infra-estrutura física

Qualidade das instalações e localização adequada.

A localização e as instalações devem ser novas e modernas.

Qualidade das instalações e localização adequada.

Page 84: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

70

II. Planejamento e gestão Possuir recursos administrativos e de gestão.

Especialista local em administração de negócios; Programas de metas com procedimentos e políticas claras.

Comprometimento com os princípios básicos da incubadora; Estudo da viabilidade da incubadora; Organização e gestão da incubadora; Sistema de avaliação da incubadora.

III.Oferta de serviços especializados

Apoio ao acesso a fundos de capital inicial ou de risco.

Suporte e assessoria financeiro.

Serviços personalizados.

IV.Rede de relacionamento (network)

Oferecer rede de negócios.

Rede de empreendedorismo; Vínculo com a universidade.

Engajamento dos mantenedores.

V.Empreeendedorismo Ambiente cultural. Ensino de empreendedorismo.

Seleção das empresas.

VI.Marketing da incubadora Caminho para a percepção do sucesso.

Apresentar uma área de marketing atuante.

VII.Processo de seleção das empresas

Fator crítico para o sucesso de uma incubadora.

O processo de seleção envolve diversas etapas.

VIII.Capitalização da incubadora

Elemento de apoio ao desenvolvimento e consolidação de empreendimentos.

Acesso a capital e investimento.

Programa de desenvolvimento para a auto-sustentabilidade.

IX.Equipe da incubadora Oferecer rede de negócios.

Gerente experiente, capaz e diretoria competente, comprometida com o sucesso da incubadora.

Equipe gerencial competente e experiente.

X.Influências políticas e econômicas

Situação de mercado; Fatores econômicos; Circunstâncias políticas; Estrutura legal.

A incubadora como um dos elementos do plano de desenvolvimento local.

Quadro 1 - Modelo geral: principais fatores de organização de incubadoras

Page 85: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

71

Os fatores apresentados no modelo geral são apontados na maioria dos

modelos como elementos importantes para estruturação, organização e gestão de

uma incubadora tecnológica, conforme figura 8. Estes fatores também foram

observados nas visitas realizadas em incubadoras como os mais relevantes no

processo de incubação.

Figura 8 - Dez fatores recomendáveis para o sucesso de uma incubadora tecnológica

No primeiro fator localização e infra-estrutura, tanto para Bolton quanto para Rice

e Mattews é importante, principalmente, a qualidade das instalações e localização

adequada às necessidades das empresas. Porém, para Smilor e Gill, o qual apontam

Page 86: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

72

no sétimo item entre os dez fatores críticos para o sucesso de incubadora, a

localização e as instalações devem ser novas e modernas para levar a percepção de

sucesso da incubadora.

No segundo fator, planejamento e gestão de incubadoras, Bolton coloca de um

modo geral nas características que uma incubadora deve ter, em “possuir recursos

administrativos e de gestão” para oferecer assistência às empresas de diversas

maneiras. Os autores Smilor e Gill contemplam este fator nos itens um e dez do seu

modelo, no qual mencionam a figura de um especialista em negócios como relevante

para uma incubadora, e que a mesma adote programas de metas com procedimentos e

políticas claras para seu próprio desenvolvimento e ascensão. Rice e Mattews

mostram nas práticas um, dois, quatro e dez a importância do planejamento e gestão

de maneira estruturada.

Na oferta de serviços especializados, terceiro fator proposto no modelo geral,

Bolton coloca nas características do seu modelo “suporte direto” e “recursos

operacionais”, o apoio ao acesso a fundos de capital de risco ou de capital inicial e

facilidades operacionais como as mais interessantes em se tratando de serviço a

oferecer aos empresários. Smilor e Gill também colocam o serviço de suporte e

assessoria financeira (item três do modelo) como essencial para às empresas

incubadas. Enquanto que Rice e Mattews, na prática nove, colocam que é necessário

definir um conjunto de programas e serviços que atendam de maneira “personalizada”

as demandas de cada empresa.

No quarto fator, rede de relacionamento (network), todos os autores consideram

essencial para uma incubadora de empresas. William Bolton confirma na característica

“oferecer rede de negócios”. Para Smilor e Gill este fator é identificado nos itens cinco e

nove que abrangem uma rede de empreendedorismo e o vínculo que a incubadora

deve ter com universidades. Para Rice e Mattews que colocam na prática número

cinco, a importância de criar e manter um rede sólida de cooperação com seus

promotores, parceiros e instituições envolvidas com a incubadora.

No sexto fator do modelo geral, marketing da incubadora, o autor Bolton não

explora em seu modelo este assunto. Os autores Smilor e Gill mencionam o marketing

Page 87: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

73

indiretamente no item sete, como um caminho para percepção do sucesso da

incubadora. No modelo de Rice e Mattews, é colocado este fator na prática de número

oito, no qual afirmam que para atrair empreendedores a incubadora deve apresentar

uma área de marketing atuante, principalmente para atrair boas empresas.

Em processo de seleção das empresas, sétimo fator proposto, Bolton também

não faz referência direta a este tema. Enquanto que Smilor e Gill o destacam no item

oito do seu modelo, colocando que é um fator crítico para o sucesso de uma

incubadora. Com a mesma relevância, Rice e Mattews tratam do assunto na prática

número oito, discorrendo sobre as diversas etapas existentes no processo de seleção

de empresas.

No fator oitavo, capitalização da incubadora, esta pode ser vista de duas

maneiras: a capitalização da incubadora para o seu funcionamento e auto-

sustentabilidade e, a capitalização das empresas incubadas, assunto o qual os autores

destacam como importante para a consolidação dos empreendimentos que são

incubados. Bolton trata do assunto inserido no “grupo suporte”, ou seja, como um

elemento de apoio ao desenvolvimento e consolidação dos empreendimentos

incubados mas, não cita formas sobre a capitalização da incubadora ou formas para a

sua manutenção e investimento. Para Smilor e Gill, tratam deste fator no item dois do

seu modelo, em acesso a financiamento e investimento, afirmando que capital é

fundamental para as empresas emergentes, sendo que a incubadora deve ser

facilitadora neste processo. Para Rice e Mattews, que apontam o assunto na prática de

número três, são os únicos que abordam diretamente, colocando que deve-se

estruturar um programa de desenvolvimento para a incubadora ser financeiramente

viável e buscar a auto-sustentabilidade. Estes reforçam que a incubadora deve gerar

receitas e buscar apoio financeiro dos seus promotores.

No nono fator, Bolton não faz referência de como a equipe da incubadora deve

ser formada, apenas cita na característica “oferecer rede de negócios” que a gerência

de uma incubadora ou parque tem um importante papel para introduzir uma nova

empresa em uma rede de interesses. Smilor e Gill discorrem sobre este fator no item

um e sete do seu modelo, no qual apontam por exemplo, que a incubadora deve ter um

Page 88: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

74

gerente experiente, capaz e uma diretoria competente, comprometida com o sucesso

da incubadora. Para Rice e Mattews destacam a equipe da incubadora na prática

número seis do seu modelo, em que dizem “recrutar equipe gerencial competente e

experiente, que administre a incubadora como um negócio e que tenha a capacidade

de ajudar as empresas incubadas a crescerem”. A equipe deve ser qualificada e

comprometida com a missão e os objetivos da incubadora.

No último fator do modelo geral, influências políticas e econômicas, Bolton

comenta em várias características descritas no seu modelo como: em situação de

mercado, fatores econômicos, circunstâncias políticas e estrutura legal. De acordo com

Smilor e Gill este assunto está relacionado no item descrito “suporte da comunidade”

no qual mencionam que a incubadora deve ser um dos elementos do plano de

desenvolvimento econômico local, portanto, deverá sofrer influências políticas e

econômicas. No modelo de Rice e Mattews não é citado diretamente como as

influências políticas e econômicas podem afetar uma incubadora.

Desta forma podemos observar algumas diferenças no posicionamento dos

autores estudados, porém, a partir dos fatores levantados será realizado uma análise

da aplicação destes em incubadoras já consolidadas, conforme veremos no próximo

capítulo.

Page 89: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

75

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DE INCUBADORAS DE EMPRESAS EM ALGUNS PAÍSES

Neste capítulo serão apresentados casos de incubadoras em três países

visitados pela autora do trabalho em missões técnicas à incubadoras de empresas e

parques tecnológicos no período de 1999 a 2002. As visitas foram realizadas com

apoio financeiro e institucional do IEL/PR, SEBRAE e TECPAR. Foram visitadas nos

Estados Unidos a Austin Technology Incubator (ATI) em Austin (Texas), UB Foundation

Incubator em Buffalo (Nova York), International Business Incubator (IBI), San Jose Arts

Incubator e Software Business Cluster and Environmental Business Cluster em San

Jose (Califórnia); The Women’s Techology Cluster e Panasonic - Digital Concepts

Center em São Francisco (Califórnia). Na França o Centre Européen d’Entreprise et

d’Inovation (CAP ALPHA) e Montpellier Agglomération em Montpellier, Incubateur Nord-

Pas de Calais e Ruche Technologie du Nord em Lille, Pépiniére d’Entreprises

Technologiques et Innovantes de Cergy-Pontoise (Neuvitec) em Cergy-Pontoise e

Communauté Urbaine de Lyon em Lyon. No Brasil a Incubadora Tecnológica de

Curitiba (INTEC) em Curitiba, Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias

Avançadas (CELTA/CERTI) em Florianópolis, Incubadora de Empresas da

COPPE/UFRJ e Instituto Genesis - Incubadora da PUC/RJ no Rio de Janeiro,

Incubadora de Empresas do Centro Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/Unb)

em Brasília, e outras.

Como nestes países foram conhecidas mais de uma iniciativa local, o nível das

informações apuradas foi geral, cabendo apenas à experiência brasileira um estudo

mais detalhado.

Ao final deste capítulo será apresentado um quadro de análise das incubadoras

estudadas em relação ao fatores identificados no capítulo anterior.

Page 90: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

76

4.1. A EXPERIÊNCIA DE INCUBADORAS DE EMPRESAS

Diversos países apresentam instrumentos favoráveis ao crescimento econômico

e social. Um deles é a presença de incubadoras de empresas que contribuem para o

desenvolvimento de uma região. A partir da análise de três incubadoras, podemos

perceber algumas diferenças devido influências econômicas, políticas, sociais e

culturais que interferem no desempenho das mesmas.

Neste capítulo são apresentados alguns fatores que beneficiam e determinam a

eficiência das incubadoras perante à sociedade. Neste enfoque, serão observados os

fatores que foram levantados no quadro de identificação dos principais fatores de

organização de incubadoras. Por meio de estudos de caso, visitas “in loco”, pesquisas

documentais e bibliográficas são citadas experiências como a de “Austin Technology

Incubator” - ATI, o “Centre Européen d’Entreprises et d’Inovation” – CAP ALPHA

(Centro Europeu de Empresas de Inovação) e a Incubadora Tecnológica de Curitiba -

INTEC.

As incubadoras apontadas neste trabalho foram escolhidas como exemplo, pois

apresentam algumas diferenças e originalidades, principalmente quanto a sua

estruturação e no seu posicionamento frente a situação política e econômica do país

em que se encontram. Estas são consideradas exemplos de sucesso pelas respectivas

associações de incubadoras no seu país de origem.

Diversos fatores são observados, algumas diferenças e semelhanças são

mostradas, como por exemplo, ao acesso a capital de risco e a geração de empresas

oriundas de universidades ou institutos de pesquisa, a inserção da incubadora dentro

de um sistema econômico local, o empreendedorismo e outros.

Na estrutura de uma incubadora é fundamental que esta apresente apoios e

serviços que promovam o desenvolvimento tecnológico e empresarial do novo negócio.

Muitas vezes a incubadora não tem recursos para manter serviços atrativos aos

empreendedores, nesta condição é fundamental que a direção da mesma construa

uma rede de contatos para buscar apoio nas mais diversas instituições de fomento.

Page 91: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

77

Como mostra este trabalho, algumas incubadoras mantém uma forte relação

com a comunidade universitária e empresarial, com isso os apoios encontrados podem

ser de caráter financeiro, mercadológico e de interação universidade-empresa.

No caso europeu, as incubadoras e parques tecnológicos participam de forma

direta em programas do governo local, no qual são destinados recursos para a

capacitação dos empreendedores, infra-estrutura das incubadoras e financiamentos

para as empresas atendidas na forma de capital inicial. Em visitas realizadas

anteriormente foi observado, por exemplo, em Acheen (Alemanha) e Guildford

(Inglaterra) que o governo tem participação acionária nas empresas ou viabilizam

empréstimos facilitando questões como garantias reais e taxas de juros. Outro fator

interessante nas incubadoras européias é a forte interação universidade-empresa. Na

maioria dos casos, as empresas incubadas são frutos da transferência de tecnologia de

pesquisas realizadas na universidade, como no caso da França, na Université de

Tecnologie de Compiègne (UTC), que mantém um Hotel de Projetos e na Inglaterra, a

Surrey Technology Centre, incubadora ligada à Universidade de Surrey (Guildford) que

acolhe em sua maioria empresas oriundas desta instituição de ensino. A participação

de professores e pesquisadores associados com empreendedores é comum nos

empreendimentos encontrados nestas incubadoras. Com isso, existe uma grande

preocupação com a propriedade industrial e intelectual.

A característica da economia européia é a grande sinergia entre o setor

produtivo e o setor acadêmico. É grande a interação entre universidade e indústria, isto

pode ser constatado devido à grande quantidade de empresas geradas nas

instituições de ensino, fruto de pesquisas acadêmicas como na exploração e

transferência de tecnologia. Muitas incubadoras de empresas estão dentro do ambiente

universitário, no qual recebem toda a infra-estrutura adequada para a maturação dos

empreendimentos por ela gerados. Países, como a Inglaterra, Alemanha e Holanda,

apresentam significativos investimentos por parte do governo, principalmente local,

para o suporte de empresas de tecnologia emergentes. Este apoio pode ser percebido

como aporte de capital inicial ou mesmo de participação acionária na empresa

investida.

Page 92: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

78

Nos Estados Unidos, pela sua tradição em mercado de capitais e poupança

interna, as incubadoras são vistas como um atrativo para investidores, principalmente

de capital de risco. Este fato se deve pela maioria das empresas desenvolverem

produtos inovadores e geralmente com alta tecnologia envolvida.

Para ALBERT et al. (2002, p.62), o capital de risco nasceu nos Estados Unidos

depois da última guerra mundial. Desde 1997 a indústria de capital de risco foi

reconhecida pelo seu desenvolvimento extraordinário neste país e depois, pelo resto do

mundo. Estima-se que existam em torno de 1.100 sociedades de capital de risco

espalhadas pelo mundo e destas, 700 estão nos Estados Unidos e 400 na Europa e

Ásia.

Atualmente a maioria das incubadoras americanas apresentam um leque

diversificado de apoios e serviços para os empreendedores, estimulam a criação de

incubadoras setoriais para facilitar seu gerenciamento e atender melhor seus clientes.

Podemos encontrar incubadoras de diversos segmentos da economia, como a San

Jose Arts Incubator em San Jose (Califórnia) que acolhe companhias de dança, teatro

e música; The Women’s Techology Cluster uma incubadora dirigida à mulheres

empreendedoras em São Francisco (Califórnia); a Panasonic - Digital Concepts Center

que foi instituída especialmente para desenvolver e investir em empresas emergentes

da área de novas tecnologias voltadas à televisão digital, internet, e comunicação e que

abriga a Panasonic Internet Incubator, a Panasonic Venture Capital e a Panasonic

Global Network, também em São Francisco. Como estas, podemos encontrar centenas

de incubadoras temáticas. Nestes casos a concentração de empresas de um

determinado setor em um ambiente favorável, na forma de cluster9 ou mesmo de

incubadoras, favorece consideravelmente no fortalecimento do setor e na busca de

apoio para uma determinada cadeia produtiva.

9 Para o GLOSSÁRIO (ANPROTEC, 2002, p.37): Cluster é um pólo produtivo

consolidado pela interação entre empresas de determinado setor econômico que apresentam possibilidade de crescimento contínuo superior àquele das aglomerações econômicas comuns.

Page 93: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

79

A preocupação em dar suporte internacional às empresas incubadas também é

um diferencial que as incubadoras americanas estão buscando para apoiar na

comercialização, exportação, contratos internacionais e localização de produtos. Muitas

incubadoras passam a ser chamadas de incubadoras internacionais para atrair

empreendimentos de diversos países, como é o caso da International Business

Incubator (IBI) em San Jose na Califórnia que concentra empresas européias, asiáticas

e latino-americanas, buscando globalizá-las e atingir principalmente o mercado

americano que é altamente competitivo.

Segundo ALBERT et al. (2002, p.16), as incubadoras respondem a diferentes

modelos e situações variadas na qual podemos identificar incubadoras generalistas em

zonas de reconversão ou rurais, incubadoras high tech (próxima de um campus

universitário), incubadoras reservadas a atividades ou tecnologias específicas (como as

culturais e de biotecnologia), as incubadoras complementares à atividade de uma

empresa (como da Coca-Cola em Atlanta e da Panasonic em São Francisco), as

incubadoras reservadas a categorias de pessoas (no caso a de mulheres - The

Women’s Techology Cluster), as incubadoras vinculadas a associações com fins não

lucrativos, as incubadoras que recebem companhias estrangeiras, as incubadoras

implantadas por grupos estrangeiros (como é o caso da Associação Japonesa JETRO

que administra uma incubadora nos Estados Unidos para acolher exclusivamente

empresas emergentes japonesas, facilitando o ingresso destas no exterior).

4.2. A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS NOS ESTADOS UNIDOS

A origem de numerosos programas de apoio a criação das incubadoras norte-

americanas surgiram de fundos federais que financiavam essencialmente os

investimentos dos primeiros anos. Logo após, foram substituídos por incentivos ou

financiamentos públicos locais ou do estado. Houve um complemento progressivo de

associações privadas, de fundações e de empresas.

De acordo com ALBERT et al. (2002, p.22), é cada vez mais intensa a criação de

incubadoras por uma associação privada, que seja beneficiada por fundos públicos

Page 94: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

80

locais (cidades ou estados) e de donativos particulares. Estas associações são

administradas independentemente como empresas e consideram os órgãos públicos,

que os subvencionam, como clientes. Os Estados Unidos são, seguramente, o país que

apresenta iniciativas mais originais para criar incubadoras especializadas, dedicadas a

setores públicos ou a determinadas áreas e profissões.

A maioria das incubadoras são generalistas ou mistas, mesmo sendo associadas

a universidades, como ocorre nas pequenas cidades americanas. A NBIA mostrou

numa pesquisa realizada em 1997 que 9% das incubadoras tinham uma orientação

privilegiada, seja em população visada (pessoas em dificuldades) ou por setores

específicos de atividade. Por outro lado, os fundos federais privilegiam o financiamento

de incubadoras que atingem populações menos favorecidas.

Observando algumas incubadoras norte-americanas percebe-se claramente que

o surgimento de novas empresas ocorre, na maioria das vezes, por circunstâncias de

oportunidade de mercado, identificadas a partir da interação entre indústrias locais

empresas e instituições de ensino.

Segundo ALBERT et al. (2002, p.41), é freqüente nos Estados Unidos a criação

de empresas a partir de pesquisas científicas. O conhecimento de empreendedorismo

é praticado dentro das instituições de ensino. As universidades de Stanford, Harvard

Business Scool e Georgia Tech apresentam diversos programas de formação de

empreendedores. Os financiamentos públicos estão em expansão, a exemplo da

National College Inventors and Innovators Alliance (NCIAA) que destinou dois milhões

de dólares para financiar programas de empreendedorismo e de incubadoras dentro

das universidades tecnológicas. Há um projeto de lei que tramita no congresso

americano e que tem como proposta atribuir 20 milhões de dólares para o

desenvolvimento de incubadoras universitárias. Neste contexto, os Estados Unidos

intensificaram sua política de incentivo à criação de empresas a partir dos resultados

das universidades nas quais privilegia às grandes regiões high tech, a pesquisa

científica, a inovação e o capital de risco.

Page 95: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

81

4.2.1 O CASO DE AUSTIN: AUSTIN TECHNOLOGY INCUBATOR (ATI)

A ATI foi fundada em 1989, é uma incubadora sem fins lucrativos, sendo um

programa do Instituto IC2 (Inovação, Criatividade e Capital) vinculado à Universidade

do Texas.

A missão da Incubadora é de promover a formação empresarial, consultoria em

negócios, e proporcionar espaço para instalação de empresas de base tecnológica na

região de Austin.

Inicialmente a ATI foi construída com 4.000 m2 próxima a Universidade do

Texas. Hoje ocupa uma área de 40.000 m2 ao redor da mesma instituição de ensino.

As empresas residentes contam com apoio de espaço físico, mobiliário, acesso à rede

de comunicação, equipamentos de telecomunicações e salas de apoio; compartilham

salas de reunião, serviços operacionais e recepcionista.

A Incubadora de Austin apresenta diversos procedimentos internos detalhados e

registrados que facilitam o seu controle, o acompanhamento e avaliação das empresas

atendidas.

Quanto aos serviços especializados, foi observado que ela oferece

principalmente, apoio em gestão e negócios com o objetivo que as empresas atendidas

busquem o mercado global. Devido a relação com investidores de capital de risco, a

incubadora auxilia na elaboração ou aperfeiçoamento do plano de negócios das

empresas. Outra facilidade que a ATI disponibiliza é a oferta à empresa de um

padrinho ou conselheiro para o empreendedor. O relacionamento inicia-se com

aconselhamento que pode resultar numa associação ou parceria com um dos diretores

da empresa. Apesar da Incubadora ter conhecimento em rede de relacionamento ou de

negócios, mais de 100 profissionais locais oferecem serviços e descontos nos seus

produtos e serviços para a ATI e suas empresas.

Apresenta na sua estrutura a Global Business Accelerator (GBA) que visa

projetar empresas emergentes no mercado global atendendo às empresas de Austin,

especialmente as graduadas. Oferece orientações sobre o mercado internacional,

logística, procedimentos para exportação ou parcerias estrangeiras, etc. Suas

Page 96: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

82

atividades são direcionadas às empresas de tecnologia da informação, software e

multimídia, biotecnologia, indústria médica, automação, robótica e telecomunicações.

A ATI mantém envolvimento com os conselhos municipais, no qual permite o

desenvolvimento industrial e a revitalização da economia municipal. Apresenta um

forte relacionamento com a Câmara de Comércio de Austin e o governo municipal. A

Incubadora mantém vínculos com investidores de risco e estabelece parcerias com

Canadá, Brasil, Japão, Austrália, Inglaterra, Alemanha, China e Israel. Ela permite às

empresas incubadas acesso a líderes da comunidade “high-tech” de Austin e

aconselhadores (que são profissionais ligados a negócios ou às organizações

estratégicas), que garantem aproximação com investidores de capital de risco,

investidores que apóiam novos negócios e outros fundos. Como a incubadora é um

forte atrativo para investidores, devido a credibilidade de suas empresas, existe uma

empresa de capital de risco instalada na própria incubadora que é a "The Capital

Network”. Neste caso, as empresas residentes têm a oportunidade de receber

investimentos e de negociar ou receber orientação diretamente com membros desta

empresa. Os empresários das empresas residentes apresentam um simulado do seu

plano de negócios para líderes de negócios em tecnologia, então eles, podem

apresentar estratégias e sugestões antes de lançar as idéias para um capitalista de

risco.

Em se tratando de empreendedorismo, a incubadora acolhe empreendimentos

oriundos da universidade do Texas por meio dos seus alunos, professores e

pesquisadores. O IC2 mantém programas de capacitação e treinamento em

empreendedorismo.

Foi observado que na área de marketing apresenta uma equipe especializada

dar suporte à ATI e empresas. Devido sua rede de relacionamento apresenta uma

grande inserção na mídia local e nacional.

A Incubadora de Austin apresenta um rigoroso processo de seleção para a

entrada de empresas. Os requisitos básicos para serem aprovados são uma equipe

gerencial forte, o potencial de geração de empregos, recursos financeiros e o produto a

ser desenvolvido (que deverá ter um tempo rápido de entrada no mercado). Os

Page 97: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

83

candidatos devem apresentar um plano de negócios de um produto ou serviço de base

tecnológica onde são avaliados o plano de marketing, os aspectos financeiro e

tecnológico a ser desenvolvido. As empresas incubadas recebem apoio para detalhar

seu plano de negócios, principalmente nos aspectos de desenvolvimento de produtos

ou serviços de base tecnológica, cronograma de execução, equipe e atribuições,

análise, identificação e projeção do mercado potencial. Por meio deste suporte são

levantadas questões para a definição do retorno do investimento e do potencial de

criação de postos de trabalho. A partir deste trabalho é realizado uma avaliação para

aceitação do empreendimento.

A Incubadora Tecnológica de Austin (ATI) é mantida com recursos do governo e

da Universidade do Texas. Além disso têm receitas oriundas das empresas incubadas

por meio dos serviços prestados.

Foi observado durante a visita realizada a incubadora que a sua equipe

estabelece contatos, busca conselheiros, recruta profissionais e estudantes da

Universidade do Texas, obtém ajuda para pesquisa de mercado e nas relações

públicas. A equipe é diversificada e mantém colaboradores nas áreas estratégicas, de

infra-estrutura, financeira, recursos humanos, marketing e comunicação e também de

relacionamento.

Segundo a ATI (2002) a incubadora apresenta mais de 65 empresas graduadas

e 24 empresas incubadas que criaram mais de 2.820 empregos e 1,2 bilhões de

dólares em faturamento de 1989 a 2001.

Em um levantamento realizado pela incubadora em 1999, apresentou uma taxa

de sobrevivência de 94% e levantaram mais de 180 milhões de dólares em

recebimento de recursos para iniciar um negócio e de investimento de risco. (FISCAL

NOTES, 1999, p.12)).

A Incubadora Tecnológica de Austin foi premida em 1994 pela NBIA na categoria

incubadora do ano e duas de suas empresas como melhor empresa graduada (1996) e

cliente do ano (1999).

Page 98: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

84

4.3 A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESA NA FRANÇA

A experiência francesa apresenta o mecanismo de tecnópoles como um forte

elemento de desenvolvimento econômico e regional. Existem 42 tecnópoles regionais,

fortemente articuladas em rede que trabalham em sintonia com as incubadoras de

empresas e com os CEEIS - Centros Europeus de Empresas e Inovação, fomentando o

surgimento de empresas inovadoras ou a inovação em empresas tradicionais, com

recursos da Comunidade Européia.

O modelo francês de incubação de empresas, fortemente apoiado pelo governo,

em 1985 foi criada a primeira incubadora de empresas para atender inicialmente

demandas específicas de imobiliário, no caso, a instalação de novas empresas em uma

pequena cidade da França. Progressivamente esta iniciativa se dotou de serviços

suplementares transformando-se em seguida em um Centro de Empresas de Inovação

(CEI) de referência. Entretanto, sugiram dificuldades por causa do grande número de

pépinière no começo dos anos 90. A coletividade local tinha uma esperança exagerada

nesta iniciativa, pois acreditavam que surgiriam espontaneamente empreendedores.

Paralelamente duas associações foram criadas: ELAN, Associação de Diretores

de Incubadoras em 1989 e France CEEI em 1995, a rede dos CEEI - Centre Européen

d’Entreprise et d’Innovation (Centro Europeu de empresas e de Inovação) - ramo

francês da Rede Européia EBN - European Business Centres Network – as quais

contribuíram para estabelecer normas para a profissionalização e melhoria de padrões.

Entre o último decênio, as pépinières que sobreviveram evoluíram diante dos modelos:

• = Hotel de empresas generalistas oferecendo poucos serviços;

• = Pépinières com serviços completos com um papel efetivo e geralmente eficaz no

acompanhamento das empresas. Um certo número de incubadoras mantém

profissionais reconhecidos e experientes e que se beneficiam de um apoio estável

de promotores locais que os financiam.

Atualmente a França se diferencia dos modelos de incubação de empresas pela

existência de inúmeras associações ligadas à incubadora.

Page 99: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

85

Um dos fatores que contribuíram para o incentivo ao empreendedorismo e a

implantação de incubadoras de empresas foi a lei instituída em 1999, sobre inovação e

pesquisa que tem como principal objetivo incentivar à criação de empresas por

pesquisadores. No mesmo ano foi instituído um projeto nacional pelo ministério da

pesquisa que previa inicialmente a criação de incubadoras de empresas inovantes

ligadas a instituições públicas de pesquisa. Foi instituído também um concurso nacional

para a apoiar a criação de empresas inovantes com um orçamento dotado de 30,5

milhões de Euros por ano. (ALBERT et al., 2002, p.45).

No caso da França as incubadoras de empresas fazem parte das tecnópoles e

estão incluídas na planejamento político da região que se encontra. De acordo com

PALUDO e ALMEIDA (2001), as tecnópoles francesas surgiram por indução de um

processo comunitário muito bem articulado, a partir de iniciativas dos governos locais e

foram construídas sobre atributos de vantagem comparativa pré-existente em cada

região. Geralmente as tecnópoles francesas apresentam as seguintes características: a

construção da tecnópole se dá através da valorização e complementação dos ativos

pré-existentes (conhecimento acadêmico e base industrial, por exemplo). O grau de

sucesso nos resultados parece ter relação direta com a qualidade e importância destes

ativos iniciais, como no caso de Montpellier, com forte e tradicional base acadêmica. Os

processos envolvidos têm como foco a criação de empresas inovadoras baseadas nas

competências tecnológicas locais e a criação dessas empresas é facilitada por forte

campanha do empreendedorismo e pela proximidade entre espaços empresariais e às

universidades. A qualidade de vida e o turismo são vistos como fatores importantes ao

desenvolvimento de uma tecnópole e existe uma orientação internacional na tecnópole

(exportação, cooperação internacional, importação e exportação de talentos. A

tecnópole é construída sobre os valores e características locais, que são ressaltados e

expandidos, a exemplo de Montpellier onde prevalece o meio ambiente e turismo.

Page 100: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

86

4.3.1 O CASO DE MONTPELLIER: CENTRE EUROPÉEN D’ENTREPRISE ET

D’INOVATION (CAP ALPHA)

O Cap Alpha é uma incubadora de empresas de base tecnológica que foi criada

para impulsionar atividades emergentes da região e garantir o sucesso de novas

gerações de empreeendedores, viabilizando economicamente novos

empreendimentos. Mais de 300 empresas inovadoras foram atendidas por Cap Alpha

em 14 anos de existência.

Em 1987, o distrito de Montpellier criou o Centro Europeu de Empresas e de

Inovação (C.E.E.I.) - Cap Alpha. Em 1988, o Centro foi considerado pela Comissão

Européia como um Centro de Inovação e de Negócios, o que garantiu um

reconhecimento profissional do projeto. O Cap Alpha acompanha projetos inovadores

de desenvolvimento nacional e internacional, contribuindo fortemente na estruturação

do tecido econômico e na dinamização do ambiente local.

Os principais objetivos do Cap Alpha são:

• = Oferecer suporte à criação de empresas de alta tecnologia;

• = Dar suporte a projetos e empreendimentos em fase de criação e otimização

aumentando as chances de sucessso e redução dos riscos;

• = Dar aos novos empreendimentos acesso a uma rede de negócios;

• = Ser o centro regional de criação de empresas inovadoras.

Sua infra-estrutura apresenta uma área de 3.500 m2 sendo que 1.250 m2 são

disponibilizados para às empresas, com 24 áreas e sala com espaço modular de 520

m2. Oferece também, salas de reunião, laboratório de multimídia, salas com rede de

comunicação, biblioteca e serviços operacionais como telefone, fax, reprografia, correio

e outros.

O Centro apresenta um sistema informatizado de apoio a novos

empreendedores e de apoio as empresas incubadas ou não. Oferece serviços como

treinamento especializado, elaboração e acompanhamento do plano de negócios da

empresa, aconselhamento de especialistas, rede de relacionamento, busca de

financiamento e monitoramento do negócio. Os treinamentos oferecidos, geralmente,

Page 101: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

87

são direcionados às áreas de marketing, de comunicação e de gestão. Uma das

atividades do Centro, é aproximar as empresas atendidas de potenciais parceiros

regionais, nacionais e internacionais bem como, das universidades e centros de

pesquisas para estabelecer alguma forma de relação.

Devido ao apoio que recebe da Montpellier Agglomération (entidade municipal

que promove o desenvolvimento industrial do distrito de Montpellier), a incubadora

mantém contato com as universidades locais, governo e iniciativa privada (bancos e

indústrias) para promover o desenvolvimento das empresas. Também a abertura ao

comércio internacional é favorável pela ajuda que recebe da Comunidade Européia.

Participa da rede regional e nacional de incubadoras.

Promove o empreendedorismo na região por meio de treinamentos e

consultorias empresariais porém, não foi observado nenhum programa específico de

empreendedorismo com instituições de ensino. Incentivam a participação dos

empreendedores locais incubados ou não a participarem do concurso nacional de

criação de empresas de tecnologias inovadoras. Este concurso contempla os projetos

que apresentam viabilidade de negócios e a criação de uma empresa de base

tecnológica, cujo o premiação é um montante financeiro para iniciar o empreendimento.

O Cap Alpha mantém ainda, um site para apoiar empreendedores que querem

constituir um negócio. Este site (www.creer-une-entreprise.com) apresenta informações

sobre mercado, estrutura jurídica de empresas, plano de negócios e outras informações

pertinentes a implantação de um empreendimento.

O processo de seleção do Centro é por meio da avaliação do plano de negócios

do candidato, conforme modelo adotado pela incubadora. São analisados

principalmente o grau de inovação, a vantagem competitiva do projeto (com objetivos

de crescimento nacional e internacional) e os empreendedores envolvidos. Esta

incubadora elaborou um programa de computador para elaboração e apresentação de

plano de negócios. É recomendado a sua utilização pelo ANVAR (Agência Nacional de

Valorização à Pesquisa) e pela sociedade de capital de Risco de Montpellier, para as

novas empresas. O orçamento anual do Centro é em torno de 1.230.000 Euros sendo

que 50% vem da “Agglomération de Montpellier” e 50 % dos serviços prestados.

Page 102: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

88

O Cap Alpha está inserido na estrutura da Montpellier Mediterranée Technopole

recebe apoio do Distrito de Montpellier por meio da Montpellier Agglomération. O

conceito tecnópolis em Montpellier foi criado em 1985, através de uma forte vontade

política do prefeito da época que durante os seus 15 anos à frente da Prefeitura,

buscou condições para sua implementação e sempre apoiou a equipe encarregada da

política de desenvolvimento econômico e social da Região Metropolitana.

Segundo Robert LAPLACE10, diretor da Montpellier Mediterranée Technopole, a

região Metropolitana de Montpellier acolhe hoje, mais de 1.000 pessoas novas por mês,

tornando-se uma das regiões mais atrativas da França e em menos de 30 anos,

Montpellier evoluiu da 25ª para 8ª cidade mais importante do país (informação verbal).

As empresa são atraídas para o Cap Alpha devido a estrutura da Montpellier

Méditerranné Technopole, no qual promove:

• = Organização de eventos para o crescimento no volume de negócios e no alcance de

sócios capitalistas, geralmente, por meio do “Montpellier Venture Capital”.

• = Abertura para o mercado internacional;

• = Oferecimento de informações personalizadas e;

• = Oferecimento de informações e seminários com propostas e técnicas inovadoras.

A Tecnopole abriga hoje empresas internacionais como a Dell, Sanofi, Pixtech,

Genesys, 3Com, IBM, DMS e outras que contribuem para o desenvolvimento da região.

De acordo com o relatório Montpellier...(2001, p.26), a imagem dinânica da

“Agglomerátion de Montpellier” associada com outros atores, incentiva empresas a criar

ou desenvolver suas atividades em Montpellier pelo contexto favorável que apresenta.

A cada ano mais empresas de base tecnológica com forte potencial de

desenvolvimento se instalam na região. Isto demonstra a influência do conhecimento e

do ambiente propício à recepção de instituições inovantes, na maioria das vezes, de

setores de alta tecnologia como Anvar (Agence Nationale pour la Valorisation de la

Recherche), Sociedade de Financiamento Regional, universidades, centros de

pesquisa e outros. (Trad. pela autora).

10 Comunicação pessoal do autor (21 de fevereiro de 2002).

Page 103: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

89

Segundo o relatório MONTPELLIER...(2001, p.8) desde 1987, o Cap Alpha

acompanhou 315 empresas, sendo que 210 empresas continuam suas atividades e

geram aproximadamente 7.000 empregos diretos e indiretos. Um dos resultados

positivos apresentados são que a taxa de sobrevivência das empresas atendidas pelo

Centro após cinco anos a partir de sua criação é de 88%, sendo que a média nacional

é de 41%. O faturamento anual de 200 empresas atendidas pelo Centro (que pode ser

incubadas ou não) foi de 218 milhões de Euros e de 1.470 empregos criados em 2001.

As empresas atendidas pelo Cap Alpha são principalmente do setor de

tecnologia da informação, medicina, agro-indústria e meio ambiente.

Esta incubadora contribui fortemente para a criação de empresas o que

representa 74 empresas por cada 10.000 habitantes (taxa nacional de 44 por 10.000).

Mais de quatro empregos são criados a cada ano por uma empresa graduada pelo Cap

Alpha (na França geralmente são dois empregos criados por empresa). A taxa de

sobrevivência das empresas atendidas pelo Centro é notadamente superior a média

regional e nacional. (MONTPELLIER..., 2001, p.25, trad. pela autora do presente

trabalho).

4.4 A EXPERIÊNCIA DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS NO BRASIL

Como citado anteriormente, as incubadoras de empresas no Brasil tiveram início

em 1984 por iniciativa do CNPq a qual apoiou a criação de cinco fundações

tecnológicas: Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS)

e Florianópolis (SC). Estas fundações tinham por finalidade promover a transferência

de tecnologia das universidades para o setor produtivo. “Após a instalação da

Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec), em dezembro de 1984,

começou a funcionar a primeira incubadora do Brasil, a mais antiga da América Latina,

com quatro empresas instaladas, sendo que nessa década quatro incubadoras foram

constituídas no país”. (PLANEJAMENTO e implantação ...2002, p.24).

Page 104: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

90

A ANPROTEC lidera, há 15 anos, o movimento de incubadoras no Brasil e tem

hoje aproximadamente 200 associados em todo país (incluindo pessoas físicas e

instituições que ainda não tem incubadora de empresas). A entidade é membro do

Conselho Deliberativo Nacional do SEBRAE e é responsável pela articulação e

desenvolvimento do movimento de incubadoras de empresas, pólos e parques

tecnológicos em âmbito nacional.

A participação das incubadoras em novos negócios em setores tradicionais da

economia tem sido crescente nos últimos quatro anos, alcançando em média a marca

de 30% ao ano. As incubadoras de empresas de base tecnológica ainda são a maioria

das incubadoras em operação.

Segunda a ANPROTEC em 2001, atingiu-se o número de 150 incubadoras em

funcionamento no país. A região Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, é

responsável por 67% do crescimento anual. Apesar destas estarem espalhadas por 15

unidades federativas brasileiras, a concentração nas regiões Sul e Sudeste aumentou

no último ano, representando 83% do total.

No Brasil podemos classificar as incubadoras como 11tecnológicas, 12tradicionais

e 13mistas.

11 Segundo GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.61), Incubadora de empresa de base

tecnológica é a organização que abriga empresas cujos produtos, processos ou serviços resultam de pesquisa científica, para a qual a tecnologia representa alto valor agregado. Abriga empreendimentos nas áreas de informática, biotecnologia, química, mecânica de precisão e novos materiais. Distingui-se por abrigar exclusivamente empreendimentos oriundos de pesquisa científica.

12 Para o GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.61), Incubadora de empresas de setores tradicionais é a organização que abriga empreendimentos ligados aos setores da economia que detém tecnologias largamente difundidas e que queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços, por meio do incremento em seu nível tecnológico. Esses empreendimentos devem estar comprometido com a absorção e o desenvolvimento de novas tecnologias.

13 De acordo com o GLOSSÁRIO...(ANPROTEC, 2002, p.61), Incubadora mista é a organização que abriga ao mesmo tempo empresas de base tecnológica e de setores tradicionais.

Page 105: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

91

No panorama das Incubadoras de Empresas no Brasil 2002 a Associação

informou que existem 183 incubadoras em operação, que abrigam 1.300 empresas

incubadas e graduaram mais de 480 empresas. Esses empreendimentos implantados,

em sua maioria por jovens empreendedores, empregam mais de 7.300 colaboradores.

O perfil dessas incubadoras é também importante: 57% são incubadoras que apoiam

empreendimentos de base tecnológica e 29% empreendimentos em áreas tradicionais

da economia nacional.

Em se tratando de parques tecnológicos existem atualmente 21 no Brasil sendo

que a maioria está em projeto ou em implantação.

Cerca de 72% das incubadoras de empresas brasileiras mantém vínculos

formais com universidades ou centros de pesquisas, o que fortalece a dimensão

cultural deste movimento. A maioria das incubadoras está vinculada a instituições de

direito privado, sem fins lucrativos e são multi-setorias. Entre as incubadoras setoriais,

concentram-se na área de software/informática, eletro-eletrônica e automação.

O estabelecimento de amplas parcerias entre incubadoras e órgãos de apoio

aos mecanismos de investimentos e para o custeio das atividades tem sido vital no

processo de fortalecimento do movimento de incubadoras no país.

Os Sistemas SEBRAE, CNI/IEL/Federação das Indústrias, ao lado das próprias

universidades e prefeituras municipais têm exercido um papel de destaque entre as

entidades parceiras.

Conforme a pesquisa anual da ANPROTEC os objetivos das incubadoras, assim

como sua hierarquização por grau de importância têm se mantido praticamente

inalterados nos últimos anos. O incentivo ao empreendedorismo, o desenvolvimento

econômico regional, a geração de empregos e o desenvolvimento tecnológico

destacam-se como objetivos centrais na trajetória de atuação dos dirigentes das

incubadoras. (ANPROTEC, 2002). Os principais critérios de seleção das empresas

utilizados pelas incubadoras, por ordem de importância são a viabilidade econômica do

projeto apresentado, a aplicação de novas tecnologias, o perfil dos empreendedores e

o potencial para rápido crescimento.

Page 106: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

92

Em média, as incubadoras tem capacidade de abrigar 10 empresas e no

máximo 119 empresas, sendo que maioria têm área construída de até 500 m2. A última

pesquisa da associação mostra que 40% de 125 incubadoras entrevistadas mantém

uma taxa de ocupação média nos últimos 12 meses de 100%.

No Panorama 2001 da ANPROTEC mostra que dos serviços e/ou infra-estrutura

mais oferecidos às empresas são orientação empresarial, sala de reunião, secretaria,

apoio para cooperação com universidades e centros de pesquisa e consultoria em

marketing. Na mesma pesquisa foi apurado que cerca de 700 pessoas trabalham na

administração das incubadoras, em funções de direção, gerência e assessoria. Nota-

se uma diferença significativa entre o tamanho técnico das incubadoras tradicionais e

tecnológicas. Enquanto que nas tecnológicas trabalham em média 6,4 pessoas, nas

tradicionais a administração emprega em média 2,5 pessoas. No panorama de 2002 a

Associação apurou que a maioria das pessoas que trabalha na incubadora tem como

área de formação Administração, 36% do total de 107 incubadoras e em segundo lugar

a área de engenharia com 19%.

Os dados apresentados pelas incubadoras brasileiras sobre o seu custo

operacional anual é de até 80 mil reais em 40% de um universo de 129 incubadoras e,

25% de 81 mil a 150 mil reais.

4.4.1 O CASO DE CURITIBA: INCUBADORA TECNOLÓGICA DE CURITIBA (INTEC)

Primeira incubadora de base tecnológica do Paraná e quinta do Brasil, a

Incubadora Tecnológica de Curitiba – INTEC, tem um importante papel no apoio à

criação de empresas de sucesso e na expansão da cultura empreendedora no Estado.

Criada em 1989, através de um convênio de colaboração técnica e institucional entre

várias instituições (SEBRAE/PR, CEFET/PR, TECPAR, FIEP/IEL, PUC/PR, CITPAR e

SETI).

A incubadora, no entanto, iniciou de fato suas operações em 03/01/1990,

quando foi assinado o contrato com a primeira empresa incubada, a Bematech que

hoje é líder nacional no segmento de mini-impressoras fiscais.

Page 107: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

93

A Missão da INTEC é apoiar o desenvolvimento de empreendimentos de base

tecnológica e inovadores no Paraná, fornecendo suporte para a sua viabilização de

forma efetiva e segura. Abriga empreendimentos nas áreas de eletro-eletrônica,

informática, novos materiais, metal-mecânica, engenharia biomédica, biotecnologia,

alimentos, design, tecnologia da informação e gestão ambiental, oferecendo apoio

operacional, técnico e gerencial. A incubadora possui atualmente dez empresas

incubadas, duas parceiras internas e mais três projetos em análise.

Em 1994, a INTEC, com o apoio da Fundação Banco do Brasil, inaugurou as

instalações que ocupa atualmente. Um prédio de 1.500 m2 com capacidade para

abrigar 10 empresas simultaneamente, localizado no Instituto de Tecnologia do Paraná

- TECPAR (instituição gestora da INTEC). Concebida anteriormente para abrigar dez

empreendimentos, a incubadora, no final de 2001, ampliou suas instalações dedicadas

às empresas, passando a abrigar 14 empreendimentos de base tecnológica. As salas

destinadas às empresas variam entre 25 a 65 m2 e também salas da administração da

incubadora, salas de apoio, sala de reunião, secretária, e espaço para exposição de

produtos. A incubadora permite que às empresas incubadas possam utilizar as

dependências do TECPAR como laboratórios, salas de treinamento, auditório,

refeitório, entre outos. Também compartilha o sistema de comunicação e de serviços.

A INTEC tem um plano de negócios que apresenta diversos objetivos

direcionado às áreas de marketing, apoio às empresas e de sustentabilidade

financeira para a mesma. Apresenta uma equipe pequena que corresponde a

diretoria, gerência, assessoria em projetos e de comunicação, além de pessoal de

apoio administrativo.

A boa gestão da INTEC tem sido estímulo e referência para a criação de outras

iniciativas, colaborando para a criação e gerenciamento de incubadoras no Paraná e

outros estados.

Tanto às empresas residentes quanto às associadas permanecem ligadas à

incubadora por dois anos. Durante esse período, e dependendo do programa em

questão (interno ou externo), podem usufruir dos seguintes serviços oferecidos pela

INTEC: apoio operacional (secretaria, telefone/fax/internet, correio, limpeza,

Page 108: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

94

manutenção, reprografia e encadernação); apoio técnico (assessoramento técnico e

científico, assessoria em design, consultorias e cursos especializados, orientação em

normatização, informação científica e tecnológica, utilização ou empréstimo de

equipamentos de laboratórios especializados); apoio gerencial (apoio para participação

em feiras e eventos, cursos e treinamentos, orientação na elaboração de projetos,

mobilização de recursos humanos, orientação em comercialização e marketing,

orientação jurídica e em qualidade, orientação para registro e legalização da empresa).

A incubadora apresenta um bom relacionamento com o governo local e com

instituições de ensino. Participa de programas de governo direcionado a área de

ciência e tecnologia e de iniciativas na área de empreendedorismo. É membro da

COMINT (Comissão de Integração Universidade/Indústria) que é um órgão de apoio do

Instituto Euvaldo Lodi do Paraná (FIEP/IEL-PR). Este tem como finalidade interagir as

ações entre a universidade e as empresas do setor industrial, visando o

desenvolvimento tecnológico e de recursos humanos, interagindo-os e aperfeiçoando-

os. A direção da INTEC participa do Fórum de Ciência e Tecnologia do Paraná

promovida pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI).

No campo institucional a INTEC teve um papel fundamental na criação em 2000,

da REPARTE (Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos) que

contribui para o fortalecimento, aperfeiçoamento e expansão dessas instituições e da

Rede GAMENET-PR (Rede Paranaense de Jogos de Entretenimento), criada em 2001

e que visa estimular o surgimento e desenvolvimento de empresas paranaenses na

área de entretenimento eletrônico, promovendo sua consolidação no mercado nacional

e internacional. Atualmente o Paraná é o estado brasileiro com maior número de

empresas desenvolvedoras de jogos para computador do país. A GAMENET surgiu por

iniciativa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), com apoio do

Programa W-Class (Programa Paraná Classe Mundial em Tecnologia da Informação e

Comunicação), e tem sua coordenação instalada na INTEC.

A INTEC apoia e participa de eventos e atividades em conjunto com a

ANPROTEC. Incentiva suas empresas a participarem de programas federais e

estaduais seja para obtenção de recurso, apoio, ou consultoria. A incubadora tem

Page 109: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

95

parcerias com incubadoras de diversos estados e mantém cooperação regional, e

internacional. No exterior têm contatos com incubadoras na Argentina, Estados Unidos,

Espanha e França.

A INTEC mantém um programa de sensibilização da cultura empreendedora,

buscando disseminar a cultura empreendedora no estado e obter novos projetos para

incubação. Realiza palestras em universidades, centros de ensino e entidades

interessadas no assunto. Estimula programas de empreendedorismo nas instituições

acadêmicas do Paraná como:

(a) Programa Jovem Empreendedor do CEFET/PR: A INTEC participou na elaboração

e implantação deste Programa, é uma ação conjunta entre o CEFET/PR, a FIEP-

IEL/PR, o SEBRAE/PR e a INTEC/TECPAR que tem como objetivo principal

estimular estudantes do Centro a formarem empresas a partir da profissão

escolhida.

(b) Workshop Paranaense de Empreendedorismo: Juntamente com a PUC/PR, a

INTEC realizou em 1997 em Curitiba, o I Workshop Paranaense de

Empreendedorismo. Hoje o evento se encontra em sua 6.° edição em diversos

municípios paranaenses, sempre contando com a participação ativa da INTEC.

(c) Hotel Tecnológico do CEFET/PR: É uma pré-incubadora de empresas voltada aos

alunos e egressos da instituição, o Hotel Tecnológico apoia jovens

empreendedores interessados em desenvolver seus próprios projetos e criar

empresas de serviços ou produtos tecnológicos a partir da profissão escolhida. A

iniciativa faz parte do programa “Jovem Empreendedor”, programa formado por um

conjunto de ações, cujo objetivo é desenvolver a cultura empreendedora no

CEFET-PR. Atualmente, o Hotel conta com nove empresas incubadas (de áreas

diversas como design, urbanismo, informática e eletrônica), oferecendo suporte

administrativo, técnico, gerencial e mercadológico. Para ingressar na incubadora, o

candidato deve apresentar um plano de negócios em um dos seus processos

seletivos. O projeto é submetido a uma banca formada por professores do

CEFET/PR e consultores do SEBRAE/PR e da INTEC.

Page 110: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

96

Para alcançar os resultados apresentados até hoje, a INTEC elaborou um plano

de marketing, executando as seguintes ações e atividades como:

• = Contratação de um Assessor de Comunicação;

• = Manutenção de uma rede informal de jornalistas continuamente informados sobre

as atividades da INTEC;

• = Distribuição de material de divulgação da incubadora e das empresas na

participação de eventos nacionais e internacionais;

• = Promoção de palestras dirigidas em instituições de ensino, fundações, entidades

tecnológicas, e outros;

• = Estímulo e orientação aos alunos de graduação e pós-graduação a realizarem

monografias, dissertações e teses sobre assuntos relacionados às áreas de atuação

da INTEC e que possam a vir a se tornar um empreendimento;

• = Divulgação do INFOINTEC, informativo mensal dirigido a centenas de entidades;

• = Divulgação da incubadora na Internet, mantendo um site atualizado;

• = Participação da INTEC em fóruns, entidades e eventos nacionais e internacionais

da área;

• = Premiação de empresas e produtos desenvolvidos pelas residentes e graduadas em

concursos da área;

• = Veiculação da incubadora e suas empresas na mídia nacional e estadual e em

publicações especializadas.

A INTEC também apresenta um programa original e pioneiro que é o programa

“INCUBATOUR”, na qual realiza visitas programadas de acadêmicos e professores de

universidades e escolas técnicas, entidades e grupos interessados no assunto, à

INTEC.

O processo de seleção de candidatos a uma vaga na incubadora ocorre

primeiramente por meio de entrevista. Caso a proposta de incubação seja inovadora e

apresente viabilidade econômica e mercadológica, é necessário a preparação de um

projeto seguindo um modelo adotado pela INTEC. O projeto é avaliado por consultores

especializados e apresentado a comissão de acompanhamento da Incubadora. É

avaliado o grau de inovação tecnológica do produto, o mercado que a empresa

Page 111: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

97

pretende atuar e o perfil do empreendedor. Após esta fase, o candidato deve constituir

a empresa (caso não tenha) e assinar um contrato de incubação por seis meses,

podendo ser prorrogado por mais 18. Nesta primeira fase é obrigatório que a empresa

elabore seu plano de negócios com apoio da incubadora.

Seu orçamento anual é cerca de R$ 320 mil e suas fontes de recursos são

TECPAR (50%), SEBRAE (20%), IEL/PR (20%) e outros (10%). Nos últimos 12 meses

a INTEC junto a suas empresas foi aprovada nos seguintes programas nacionais:

Plano Nacional de Ciência e Tecnologia do Setor de Petróleo e Gás Natural (CT-

PETRO), Fundo Setorial de Energia (CT-ENERG), Programa Alfa/PR e Programa de

Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas (PATME). Por meio da execução do

seu plano de negócios a incubadora espera aumentar suas receitas implantando

atividades que possam atender a comunidade empresarial externa.

A Incubadora mantém dez pessoas no seu quadro organizacional (seis em

tempo integral e quatro em tempo parcial) que foram cedidos por seus mantenedores.

A equipe da incubadora participa de diversos programas de visitas técnicas,

conferências e seminários na área de incubadoras de empresas e parques tecnológicos

no Brasil e no exterior, na busca constante da sua melhoria e capacitação profissional.

Promove palestras técnicas, treinamentos gerenciais e consultorias especializadas

proferidas por profissionais, consultores externos e depoimentos de diretores das

empresas graduadas na Incubadora.

Como a INTEC é uma incubadora vinculada a uma empresa pública (TECPAR),

seu orçamento é limitado e sofre alterações quando há mudanças no governo. Não

existem isenções de tributos ou políticas favoráveis às empresas instaladas na

incubadora.

Como resultados, a INTEC é a incubadora que mais graduou empresas no

estado, 20 ao total, sendo que 16 estão em plena atividade.

As empresas que passaram pela incubadora já lançaram no mercado 140 novos

produtos, faturando em 2001 aproximadamente R$ 120 milhões, gerando em torno de

R$ 2 milhões de recolhimento de impostos para o estado. Estima-se que em 2002,

somente o faturamento das empresas residentes chegue a R$ 1 milhão. Em 13 anos as

Page 112: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

98

empresas graduadas criaram 400 empregos diretos e 1600 indiretos. O número de

empregos nas empresas residentes é de 50 colaboradores. Em 2001, a INTEC recebeu

o prêmio de Incubadora Tecnológica do Ano da ANPROTEC.

Podemos observar que as três incubadoras descritas apresentam propostas

semelhantes para o desenvolvimento e consolidação de empresas de base tecnológica,

porém alguns fatores e resultados são distintos, como no caso, o resultado econômico.

Esta questão mostra, que apesar do faturamento anual total das empresas atendidas

pela INTEC seja bem menor que o caso da ATI e do CAP-ALPHA, a mesma trouxe

resultados positivos para a economia do Estado.

4.5 ANÁLISE DAS INCUBADORAS APRESENTADAS EM RELAÇÃO AOS FATORES

CRÍTICOS PARA O SUCESSO

Analisando as experiências apresentadas podemos observar que os fatores

ambientais exercem forte influência na estruturação e organização de incubadoras de

base tecnológica, como explorado por Bolton.

Os fatores críticos para o sucesso ou que favorecem a organização de uma

incubadora mostrados pelos três autores, foram em grande parte identificados nas

incubadoras estudadas e as mesmas são consideradas modelos nos respectivos

países, como mostra no quadro 2. Desta forma confirma-se a importância da aplicação

destes fatores em incubadoras de empresas que estão em fase de estruturação ou

desenvolvimento.

Alguns fatores são mais evidentes nos três países, como por exemplo, nos

Estados Unidos o qual a própria economia favorece condições necessárias ao capital

de risco, à comercialização tecnológica e à participação da iniciativa privada nas

incubadoras de empresas.

Nas incubadoras apontadas no trabalho, a elaboração de plano de negócios por

empresas é considerado um dos principais instrumentos de avaliação do

empreendimento na busca de apoio financeiro ou não.

Page 113: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

99

Na Europa podemos perceber que existe uma grande oferta de projetos

oriundos de universidade e centros de pesquisa que se transformam em negócios

rentáveis. O governo é um dos principais agentes financeiros destes empreendimentos.

Apesar do Brasil ser apontado pela pesquisa do GEM como um país que

apresenta um grande número de empreendedores por necessidade e não por

oportunidade, existe um forte apoio a criação de incubadoras e incentivo à programas

de empreendedorismo. As principais dificuldades que o país apresenta no processo de

formação de incubadoras e empreendimentos de base tecnológica são: a captação de

recursos a pouca interação entre universidade e empresa; a pouca exploração de

transferência de tecnologia; dificuldade e desconhecimento de propriedade industrial e

intelectual; poucas iniciativas de aporte de capital de risco em empresas emergentes;

pouca cooperação com agentes internacionais, despreparo dos vários agentes frente a

oportunidades internacionais e desconhecimento de programas internacionais, pouca

divulgação dos trabalhos e atividades das incubadoras no meio internacional.

Mesmo passando pelas dificuldades citadas muitas incubadoras brasileiras

apresentam bons resultados. Um dos exemplos sucedidos de investimento externo em

incubadora, ocorre por meio da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa

Catarina) na qual garantiu recursos financeiros do BID (Banco Interamericano de

Desenvolvimento) para implantação de estruturação de incubadoras no Estado. A

própria INTEC, apresentada neste trabalho apresenta resultados satisfatórios a partir

da melhoria em seu gerenciamento e redes de contatos estabelecidas.

Sendo assim, é importante na criação de uma incubadora de empresas que a

mesma esteja inserida num ambiente de inovação, com apoio político e utilizando um

plano estratégico definido.

Page 114: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

Quadro 2 – Análise das incubadoras apresentadas em relação aos fatores críticos para o sucesso

ATI CAP ALPHA INTEC Fatores críticos para o sucesso Aspectos identificados

I.Localização e Infra-estrutura física

Representa um fator atrativo para os empreendedores oriundos da Universidade do Texas e situa-se dentro do Campus. Apresentam infra-estrutura adequada principalmente na rede de comunicação interna e externa e amplas instalações físicas.

Está localizado próximo a uma das principais universidades do distrito de Montpellier. Ocupa uma grande área e apresenta salas com espaços modulares, que podem ser adequados às necessidades dos empreendedores.

É a maior incubadora do Estado, instalada em prédio próprio dentro do campus do Instituto de Tecnologia do Paraná na cidade industrial de Curitiba. Apresenta algumas dificuldades na rede de comunicação.

II. Planejamento e gestão

A incubadora é administrada como um negócio, seguem um planejamento anual e buscam mecanismos para a auto-sustentabilidade. O plano de negócios da empresa é periodicamente avaliado e atualizado, pois existem muitas oportunidades com investidores de risco e parcerias comerciais e o plano é o principal documento de negociação.

A incubadora ainda está se estruturando. É acompanhada pela Montpellier Agglomération (entidade municipal que promove o desenvolvimento industrial do distrito de Montpellier). Apresenta alguns procedimentos administrativos informatizado, como no processo de seleção das empresas.

Adotou o plano de negócios como um meio de planejamento e de busca de investimentos. Depende muito do Instituto nas ações que envolvem recursos financeiros, manutenção e mudanças estratégicas.

III.Oferta de serviços especializados

É abrangente a oferta de apoios e serviços às incubadas. A ATI apoia na busca de investidores e na comercialização tecnológica. Mantém uma diretoria de relações internacionais para incentivar a exportação das empresas incubadas e na busca de novas empresas internacionais que queiram se instalar na incubadora.

Apresentam uma variedade de serviços técnicos e administrativos. Prestam assessoria em propriedade industrial e comércio internacional.

Mantém suporte técnico e laboratorial dentro dos laboratórios do Tecpar e oferece as empresas apoio de marketing, plano de negócios, assessoria jurídica, entre outros. Oferece assessoria em design (tanto em design gráfico como de produto). Este apoio foi pioneiro entre as incubadoras brasileiras.

Page 115: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

ATI CAP ALPHA INTEC Fatores críticos para o sucesso Aspectos identificados

IV.Rede de relacionamento (network)

É um dos fatores mais bem explorados pelos norte-americanos. A incubadora mantém forte relação com as instituições acadêmicas, iniciativa privada e governo.

Trabalha fortemente com redes de incubadoras e em consonância com o plano de desenvolvimento local.

É um dos fatores que a INTEC ainda está se fortalecendo. Mantém vários programas e projetos em conjunto com as instituições de ensino e programas do governo, porém, é pouca a interação com a iniciativa privada. Participa ativamente da Reparte.

V.Empreeendedorismo

São estimulados o surgimento de vários empreendimentos a partir de projetos oriundos da universidade do Texas. Participam de inúmeras pesquisas e publicações referentes ao tema. A universidade a qual estão vinculados mantém um programa de empreendedorismo nos diversos cursos ofertados pela instituição. Mantém uma rede de consultores e pesquisadores sobre o tema vinculados ao IC2.

O empreendedorismo é um processo recente neste país, principalmente em se tratando da disseminação empreendedora dentro das instituições de ensino e pesquisa. Com a lei de inovação de 1999 e a criação de um concurso nacional para inventores, ambas criadas pelo governo, passou-se a ter incentivos ao surgimento de empreendimentos e a disseminação da cultura empreendedora. Neste caso, o CAP ALPHA acolheu os empreendedores beneficiados neste processo e orientou candidatos na participação do concurso nacional.

A INTEC incentiva o empreendedorismo dentro das instituições de ensino realizando palestras e exposições sobre o tema. Mantém a muitos anos o programa “Incubatour” de visitas de estudantes à incubadora com o propósito de incentivar a geração de novos negócios. Foi pioneira na organização do workshop paranaense de empreendedorismo. Apoia programas de como o “Jovem Empreendedor” no CEFET/PR e redes locais como a Reparte e a Gamenet.

Page 116: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

ATI CAP ALPHA INTEC Fatores críticos para o sucesso Aspectos identificados

VI.Marketing da incubadora

Para a ATI este fator é considerado fundamental para a conquista de investimentos na incubadora e atrair empreendimentos de sucesso. Mantém uma equipe exclusiva nesta área e consultores do IC2 que auxiliam as empresas incubadas. Como a universidade mantém uma forte cooperação com o setor produtivo, as empresas estão mais favoráveis ao conhecimento do mercado em que atuam e as tendências tecnológicas.

Apresenta material promocional que inclui folders, boletins e página na internet, porém não foi observado outras atividades direcionadas a esta área.

Tem em seu quadro pessoal um profissional da área de marketing e de comunicação. A incubadora possui um plano de marketing e material promocional diversificado sobre a INTEC. Oferece às empresas incubadas capacitação em marketing e assessoria nesta área por meio de consultores contratados.

VII.Processo de seleção das empresas

São extremamente exigentes no processo de seleção. Os candidatos são avaliados, principalmente, quanto a inovação tecnológica e a viabilidade mercadológica por meio de um plano de negócios.

O Cap Alpha, apresenta um modelo de plano de negócios por meio de um software específico. Os candidatos pré-selecionados elaboram o plano seguindo as instruções que são informadas no programa. Os planos são encaminhados a um comitê de avaliação que é formado pelos promotores e outras instituições vinculadas ao Cap Alpha.

O processo de seleção ocorre continuamente e primeiramente o candidato passa por uma entrevista para diagnosticar a viabilidade do negócio. Em seguida é elaborado um projeto seguindo um roteiro de apresentação de projetos adotado pela incubadora. Em alguns casos, a equipe da INTEC orienta o candidato quanto ao preenchimento. Em seguida o projeto é encaminhado para um consultor “ad-hoc” que verifica a inovação apresentada, e a viabilidade econômica e mercadológica. Na última etapa é informado a comissão de acompanhamento da incubadora a sua aprovação.

Page 117: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

ATI CAP ALPHA INTEC Fatores críticos para o sucesso Aspectos identificados

VIII.Capitalização da incubadora

São recebidos investimentos da comunidade local, empresas privadas, governo e serviços prestados a empresas incubadas ou não. A forte relação com “angels” ou investidores de risco favorece na aquisição de recursos em prol da incubadora.

É mantida principalmente pela comunidade européia e governo local.

É mantida pelo governo estadual através do TECPAR e alguns promotores como IEL/PR, CEFET/PR e SEBRAE. Recebe investimentos de programas de governo por meio dos fundos setorias no qual algumas empresas incubadas foram contempladas .

IX.Equipe da incubadora

Mantém um quadro de pessoal de competências complementares como marketing, finanças, gestão, comunicação e cooperação internacional. Trabalham constantemente com profissionais de carreira que são aconselhadores das empresas.

Não observado.

Apresenta um quadro pequeno de colaboradores de diferentes competências mantidos principalmente pelos promotores.

X.Influências políticas e econômicas

Existem incentivos e políticas que favorecem o surgimento de empresas emergentes. Atualmente a ATI procura trabalhar direcionada ao mercado global.

Com o apoio do governo foi possível a criação de empreendimentos e o estímulo ao empreendedorismo. A incubadora está inserida num um contexto de desenvolvimento regional. Recebe apoio da comunidade européia.

Como a incubadora é ligada a um instituto do governo, a alteração do quadro político afeta o quadro de pessoal da INTEC e alguns direcionamentos.

Page 118: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

104

5. CONCLUSÕES:

Um programa de incubação de empresas incentiva o empreendedorismo e

acelera o desenvolvimento de empresas inovadoras por meio de suporte, serviços e

rede de contatos. As empresas geradas em uma incubadora apresentam potencial na

geração de empregos, favorecem a comercialização de novas tecnologias e revitalizam

o meio promovendo o desenvolvimento econômico e tecnológico.

Neste trabalho foi realizado um estudo de modelos teóricos de organização e

gestão de incubadoras tecnológicas analisando os fatores críticos de sucesso

relacionado com as incubadoras de “Austin Technology Incubator” - ATI, o “Centre

Européen d’Entreprises et d’Inovation” – CAP ALPHA (Centro Europeu de Empresas de

Inovação) e a Incubadora Tecnológica de Curitiba - INTEC. Este estudo poderá

orientar profissionais envolvidos com incubadoras tecnológicas e servir como

direcionador para estabelecer indicadores de desempenho pelos gerentes de

incubadoras ou promotores auxiliando assim, na tomada de decisões futuras.

Podemos afirmar que as incubadoras apontadas nesta pesquisa apresentam

algumas diferenças em virtude, principalmente, das condições econômicas, financeiras,

tecnológicas, geo-políticas e sócio-culturais. Elas serviram de referência para análise

dos três modelos teóricos descritos. Foi feito um cruzamento de informações para

verificar se as incubadoras adotam fatores considerados críticos para o sucesso. Com

isso, percebemos que os fatores identificados no modelo geral servem para facilitar no

cumprimento da sua missão e direcionar as ações e atividades para atingir seus

objetivos.

No trabalho foram apontados dez fatores como recomendáveis para o sucesso

de uma incubadora, conforme figura 8, como localização e infra-estrutura física,

planejamento e gestão, oferta de serviços especializados, rede de relacionamento,

empreendedorismo, marketing da incubadora, processo de seleção de empresas,

capitalização da incubadora, equipe da incubadora e, finalmente, influências políticas e

econômicas.

Page 119: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

105

Porém, podemos dizer que as características e condições locais podem

determinar quais os fatores são mais importantes. Por exemplo, no estudo dos Estados

Unidos foram observados os fatores marketing e capitalização como predominantes, o

que pode ser explicado pelas próprias razões culturais do país.

Nos três modelos estudados, existem alguns fatores que foram considerados

importantes por algumas incubadoras visitadas, como por exemplo, o marketing. Porém

para alguns autores estudados o tema não tem relevância, como no caso de Bolton

que sequer o cita. Portanto, a experiência prática de funcionamento das incubadoras

pode contribuir ao processo de proposição de um modelo de organização de

incubadoras. No caso da INTEC, a implementação de um plano de marketing foi

fundamental para atrair novos projetos qualificados à incubação.

Quase todos os fatores levantados no estudo foram identificados na incubadora

de Austin pela própria dinâmica mostrada na promoção e geração de negócios. Pelas

informações obtidas através de leitura e observação sobre as incubadoras

tecnológicas, verificamos que nos Estados Unidos elas estão fortemente estruturadas

como um ambiente de negócios. Percebe-se também, uma forte atuação em capital de

risco e na análise dos planos de negócios como instrumento de avaliação para possível

investimento nos empreendimentos atendidos.

Na França, observou-se que as incubadoras fazem parte de uma política

governamental e estão inseridas em ambientes favoráveis ao desenvolvimento

tecnológico. É notável o trabalho realizado nas incubadoras francesas por meio das

redes locais ou regionais, otimizando assim, a estrutura organizacional e operacional

das mesmas. Apesar dos bons resultados mostrados pelo Cap Alpha, a experiência de

incubadoras de base tecnológica ainda é jovem e atualmente está fortalecendo-se cada

vez mais, principalmente, pelas redes já formadas.

Comparando-se com o modelo brasileiro de gestão de Incubadoras, as

européias são conceituadas como provedoras de negócios, auto-sustentáveis e mais

flexíveis às condições de seleção e avaliação das empresas, devido principalmente, a

grande incidência de empresa geradas nas universidades, centro de pesquisa e

grandes empresas. No Brasil ainda falta essa visão estratégica e de negócios na

Page 120: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

106

gestão de uma incubadora, verificando-se a presença desta ótica apenas nas

incubadoras mais antigas e já consolidadas.

No Brasil o incentivo ao empreendedorismo, desenvolvimento tecnológico e

econômico são os principais indutores do processo de incubação de empresas. Muitas

incubadoras distribuídas no país foram implantadas e adaptadas à realidade local,

porém, a base conceitual originou-se de visitas técnicas às experiências americanas e

européias e ainda, por fontes bibliográficas estrangeiras. Podemos considerar que o

Brasil apresenta um modelo original de incubação no qual promove a integração de

várias instituições ligadas à ciência e tecnologia e, que principalmente, trabalha com

um volume limitado de recursos financeiros. Por outro lado, é necessário intensificar a

rede de relacionamentos com a iniciativa privada.

Percebemos que vários dos fatores identificados neste estudo são praticados no

Brasil. Isto justifica o forte trabalho de sensibilização e capacitação realizado por

entidades, como a Anprotec, Sebrae, IEL, Cnpq e outros. Atualmente podemos dizer

que o Brasil na área de incubadoras tecnológicas é um referencial para outros países

que passam pelo processo de implantação de incubadoras de empresas. A

conscientização das instituições de ensino sobre a importância do empreendedorismo é

uma questão fundamental para a formação de empresas de base tecnológica.

Experiências reconhecidas, especialmente na região sudeste do país, de apoio

financeiro às empresas mostram que o capital de risco no Brasil está sendo

implantando com bons resultados. O aumento no número de publicações nacionais

sobre o assunto, da mesma maneira, é um indicador do desempenho favorável do

processo. Apesar destes êxitos, problemas, como dependência financeira de

instituições gestoras ou de fomento, quadro gerencial incompleto e dificuldades na

promoção das empresas no mercado nacional e internacional, ainda afetam o

desempenho das incubadoras tecnológicas brasileiras. Para as incubadoras em regiões

mais pobres do Brasil, a prática na formação de redes de incubadoras pode favorecer

um número maior de empresas com menos recursos, como pudemos observar de

modo geral na França.

O apoio do governo é fundamental para as incubadoras tecnológicas,

Page 121: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

107

principalmente na interferência do processo educacional e institucional, pois as

instituições de ensino podem contribuir no progresso da comunidade e no

desenvolvimento tecnológico. Nesta conjuntura, a formação de novas empresas

propicia a geração de empregos, o crescimento econômico regional, a atração de

investimentos estrangeiros e a qualidade de vida através de produtos e serviços

competitivos no mercado mundial.

Sendo assim, é importante na criação de uma incubadora de empresas que

a mesma esteja inserida num ambiente de inovação com apoio político e tenha

definido um plano estratégico. O maior desafio frente à modernização, a

otimização da estruturação e gerenciamento de incubadoras, parques e pólos

tecnológicos é a busca das parcerias de vários setores da sociedade. A

otimização dos recursos financeiros, o impacto ambiental e estrutural na formação

destes mecanismos é vital para o alcance do sucesso.

5.1 QUANTO AS CONTRIBUIÇÕES

Este trabalho apresentou os principais elementos para a estruturação de

incubadoras tecnológicas a partir da análise de modelos de referência de autores

especializados no tema e práticas bem sucedidas de incubadoras tecnológicas. Estes

elementos identificados, chamados de fatores de organização e gestão; já citados no

início da conclusão; podem contribuir na estruturação, implantação e gestão de uma

incubadora de base tecnológica. Nas experiências e bibliografia estudadas eles foram

identificados como pontos preponderantes para o êxito dos empreendimentos.

Percebe-se que estes fatores são complementares, pois envolvem todo o processo de

funcionamento e consolidação de incubadoras tecnológicas.

O estudo também apresenta uma ampla revisão bibliográfica sobre o tema,

gerando mais conhecimento na área de organização e gestão de incubadoras.

5.2 QUANTO AS LIMITAÇÕES

Page 122: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

108

A presente dissertação limita-se a estudar incubadoras de base tecnológica, e

somente àquelas caracterizadas pelo espaço físico destinado aos empresários. Foram

analisados somente três países em função do tempo de observação disponível para as

visitas realizadas e limitação de recursos. Portanto, alguns fatores levantados neste

estudo não puderam ser observados com mais detalhamento.

5.3. QUANTO AS RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

O tema Incubadoras de Empresas é assunto que tem despertado muito

interesse de pesquisadores e estudantes por ser amplo e envolver várias áreas de

competência.

Um trabalho que ainda foi pouco explorado é o estudo sobre o impacto

econômico e tecnológico gerado pelas empresas graduadas em incubadoras

tecnológicas a determinada região. Foram feitas algumas tentativas, mas existem

dificuldades na obtenção de dados principalmente quantitativos destas empresas.

Como este estudo foi voltado às incubadoras tecnológicas, se faz necessário um

levantamento sobre uma proposta de modelos de organização e gestão para

incubadoras empresarias, sociais e culturais. O estudo pode ser um desafio diante das

diferenças e particularidades que estas apresentam.

Uma outra vertente seria uma avaliação sobre a importância dos fatores

identificados neste trabalho para as incubadoras empresariais, sociais, culturais, e

outras voltadas a segmentos específicos de mercado.

O estudo de caso sobre as diferenças das incubadoras localizadas em regiões

distintas do Brasil também apresenta-se como um tema interessante para uma nova

avaliação, que poderá servir não apenas como trabalho acadêmico, mas sim como

referência para estruturação e gestão destas iniciativas.

Como foi observado o universo das incubadoras norte-americanas, européias e

brasileiras seria interessante avaliar os modelos das incubadoras de outros países,

como por exemplo, as asiáticas que são conhecidas pelas grandes estruturas e que

favorecem a geração de emprego e renda.

Page 123: dissertação estruturação, organização e gestão de incubadoras

109

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