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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS CASCAVEL
CCET - CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PGEAGRI – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA A GRÍCOLA
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO E BIOQUÍMICO DE SEMENTES E GRÃOS DE
FEIJÃO DURANTE O ARMAZENAMENTO
FLÁVIA DANIELI RECH CASSOL
CASCAVEL - PR
FEVEREIRO – 2013
FLÁVIA DANIELI RECH CASSOL
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO E BIOQUÍMICO DE SEMENTES E GRÃOS DE
FEIJÃO DURANTE O ARMAZENAMENTO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Agrícola, área de concentração: Sistemas Biológicos e Agroindustriais – SBA.
Orientadora: Dra. Andréa Maria Teixeira Fortes
CASCAVEL - PR
FEVEREIRO – 2013
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação ( CIP) Biblioteca Central do Campus de Cascavel – Unioeste
Ficha catalográfica elaborada por Jeanine da Silva B arros CRB-9/1362
C338c
Cassol, Flávia Danieli Rech
Comportamento fisiológico e bioquímico de sementes e grãos de feijão durante o armazenamento. / Flávia Danieli Rech Cassol.— Cascavel, PR: UNIOESTE, 2013.
54 p. Orientadora: Profa. Dra. Andréa Maria Teixeira Fortes
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Bibliografia. 1. Feijão (Armazenamento). 2. Phaseolus vulgaris L. I. Universidade
Estadual do Oeste do Paraná. II. Título.
CDD 21.ed. 635.652
Revisor de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Normas de Monografia (dissertação) – Dhandara Soares de Lima. Revisões realizadas em 03 de maio de 2013.
ii
BIOGRAFIA
Flávia Danieli Rech Cassol, natural de Toledo – Paraná – Brasil, nascida no dia 29 de abril 1980, formou-se com grau de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Paranaense (UNIPAR) em dezembro de 2005. Durante a graduação participou de projeto de iniciação científica, desenvolvendo trabalhos no laboratório de Bioquímica da Universidade Paranaense (UNIPAR); e realizou monitoria voluntária da disciplina de Genética, na mesma instituição. Entre os anos de 2006 e 2012, contratada pela Secretaria Estadual de Educação, lecionou as disciplinas de Biologia e Ciências em escolas estaduais, predominando a atuação no ensino médio. Em 2007, iniciou Especialização em Controle de Qualidade de Alimentos pela Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE), concluído em 2008. Em 2010, iniciou Especialização em Educação do Campo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), concluído em 2011. No ano de 2011, ingressou no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia Agrícola – Área de Engenharia de Sistemas Agroindustriais pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, sendo bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
iii
“O importante para uma pessoa não são os seus sucessos, mas sim quanto os deseja.”
Khalil Gibran
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo Dom da minha vida, por me dar força e discernimento para enfrentar os
desafios encontrados, permitindo com que cada vitória ou derrota, contribuísse para
aumentar minha experiência e assim me tornar uma pessoa melhor;
À Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus de Cascavel, em especial ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, pela oportunidade e a disponibilidade
de sua estrutura para a realização deste curso;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão de bolsa de estudos durante a realização deste curso de pós-graduação;
À minha orientadora, Dra. Andréa Maria Teixeira Fortes, pela orientação e a
confiança, por todo o empenho, a sabedoria, a compreensão e, acima de tudo, a exigência.
Seu espírito crítico foi fundamental para que este trabalho fosse efetuado com sucesso;
À Dra. Silvia Renata Machado Coelho, pela orientação, a paciência e as sugestões
que contribuíram para a realização desta pesquisa;
À Dra. Lúcia Helena Pereira Nóbrega, por aceitar participar de minha banca de
qualificação, contribuindo significativamente com críticas e sugestões importantes para a
realização deste trabalho;
Aos professores da pós-graduação, pela contribuição durante a realização dos
créditos;
Aos Professores Dr. Dirk Cláudio Ahrens e Dra. Silvia Renata Machado Coelho,
membros da Banca Examinadora, por terem aceitado o convite, dispondo de seu tempo e
conhecimento para analisar este trabalho;
Ao meu marido, Marcos, minha filha, Bárbara e meu filho, Matheus, por entenderem
minha ausência, por suportarem meus períodos de estresse e minha falta de atenção; vocês
demonstraram muita compreensão, apoio, carinho e amor, estiveram sempre ao meu lado,
amos muito vocês;
Sou muito grata a todos os meus familiares pelo incentivo recebido ao longo destes
anos. Aos meus pais, Mario e Irene, obrigada pelo amor, a alegria, a atenção e o incentivo
ao longo da vida;
Às minhas grandes colegas do laboratório de Fisiologia Vegetal, pelo auxílio no
experimento, pelas análises em laboratório, conselhos e incentivos: Ariane, Camila, Daiane,
Daniella, Fernanda, Lorena, Nayara, Natália, Thaís e Vanessa. Obrigada pela paciência, a
confiança e o companheirismo;
À Ivone Granatta Wichocki, técnica do laboratório de Fisiologia Vegetal, por sua
dedicação, o companheirismo e, acima de tudo, sua amizade sincera; sem você nosso
v
laboratório não seria o mesmo, obrigada Ivone. Também ao Edison B. Cunha, técnico do
laboratório de Saneamento Ambiental, por colaborar com minha pesquisa;
Aos amigos que me ajudaram nas análises e na estatística: Joseli, Fábio, Vanderlei;
obrigada pela ajuda fundamental para elaboração desta pesquisa;
Ao senhor Airton Cittolin, representante das Sementes Cittolin, pela gentileza e a
provisão das sementes e dos grãos de feijão utilizados nesta dissertação;
Ao SIMEPAR, por conceder dados de temperatura, umidade relativa e precipitação;
Aos Amigos, que embora acreditando que eu utilizasse os estudos como álibi para
dar razão ao prazer do isolamento, sempre insistiram em manter um saudável contato;
O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para
a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente.
vi
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO E BIOQUÍMICO DE SEMENTES E GRÃOS DE FEIJÃO DURANTE O ARMAZENAMENTO
RESUMO
O feijão é um dos alimentos mais utilizados para suprir as necessidades energéticas da dieta dos brasileiros. Assim, é necessário que os agricultores utilizem sementes de alto potencial fisiológico, capazes de aumentar a produtividade da cultura. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica e as mudanças bioquímicas ocorridas em feijões armazenados por 360 dias. As análises foram realizadas nos tempos 0, 30, 90, 180, 270 e 360 dias após o recebimento dos lotes de sementes (S1 e S2) e dos grãos (G1 e G2) da cultivar BRS Esplendor vindas de dois produtores. Foram realizados os teste de germinação, de envelhecimento acelerado, de frio, além de índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento médio da parte aérea (CMPA) e da raiz (CMR), condutividade elétrica e do lixiviado da condutividade elétrica foram quantificados os teores de açúcares e aminoácidos, além dos íons Ca, K, Mg, Mn, Fe e Zn. O delineamento foi inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas no tempo e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. A porcentagem de germinação não foi afetada para S2, enquanto que nas S1 e G1 a queda foi significativa. Os grãos do campo 1 sofreram maior influência sobre estresse de calor e frio, tendo seu vigor diminuído de 91 para 50% e de 93 para 76%, respectivamente, após 360 dias. O IVG dos testes realizados apresentaram queda durante o experimento. O CMPA e o CMR das amostras apresentaram variações ao longo do experimento, sendo que G1 apresentou as menores médias. No teste de condutividade elétrica maior perda de solutos ocorreu aos 90 dias de avaliação. Até os 180 dias de armazenamento, G1 apresentou maior quantidade de aminoácidos e aos 360 dias S1, o maior valor. Maiores quantidade de açúcares solúveis foram evidenciadas nas amostras do campo 1. A quantidade dos íons cálcio, manganês, ferro e zinco encontrados nas amostras foram muito pequenas. As quantidades de potássio diminuíram até os 360 dias de armazenamento, quando G1 apresentou o maior valor. Após 90 dias, as quantidades de magnésio das amostras aumentaram consideravelmente. Os grãos do campo 1 apresentaram menor qualidade fisiológica. Os testes de envelhecimento acelerado, frio e IVG evidenciaram a queda do vigor da cultivar BRS Esplendor, enquanto que o teste de condutividade elétrica não foi sensível para detectar esta diminuição. Este teste não apresentou relação com a quantificação dos íons investigados. A quantidade e o comportamento dos aminoácidos, açúcares e dos íons estudados não permitiram relacionar estas variáveis com a queda do vigor das amostras de feijão. O período de armazenamento influenciou a qualidade fisiológica dos feijões testados. PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus vulgaris L., germinação, vigor, condutividade elétrica e lixiviação de eletrólitos
vii
PHYSIOLOGICAL AND BIOCHEMICAL BEHAVIOR OF BEAN SEED S AND GRAINS DURING STORAGE
ABSTRACT
Beans are one of the foods used to supply the energy needs of the Brazilian diet, so it is necessary that farmers use high seed physiological potential, capable of increasing crop productivity. Thus, the aim of this study was to evaluate the physiological and biochemical changes occurring in beans stored for 360 days. Analyses were performed at 0, 30, 90, 180, 270, and 360 days after receiving the seeds (S1 and S2) and grains (G1 and G2) of BRS Radiance, coming from two producers. Tests of germination, accelerated aging, cold, and index of germination speed (IVG), average length of shoot (CMPA) and of root (CMR), electrical conductivity and the electrical conductivity of the leachate were quantified in levels of sugars and amino acids, in addition to Ca, K, Mg, Mn, Fe, and Zn. The experimental design was completely randomized split-plot in time and the means were compared by the Tukey test at 5% probability. Seed germination was not affected in S2, while S1 and G1 showed a significant fall. The grains from field 1 had a greater influence on heat, stress, and cold, with its vigor decreasing from 91 to 50% and from 93 to 76%, respectively, after 360 days. The IVG tests presented decreased during the experiment. The CMPA and CMR samples showed variations during the experiment, and G1 had the lowest means. In electrical conductivity greater loss of solutes occurred at 90 days of evaluation. Up to 180 days of storage, G1 presented higher amount of amino acids and at 360 days the greatest value S1. Larger amount of soluble sugars were found in samples from field 1. The amount of calcium ions, manganese, iron, and zinc found in the samples were very small. The amounts of potassium decreased until 360 days of storage, and G1 showed the highest value. After 90 days the amounts of magnesium of the samples increased considerably. The grains from field 1 had lower physiological quality. The tests of accelerated aging, cold, and IVG showed a drop in vigor of the Splendor BRS, whereas the electrical conductivity test was not sensitive enough to detect this decrease. This test did not present association with the quantification of the ions investigated. The amount and behavior of amino acids, sugars the ions studied in this work, failed to relate these variables to the decrease in vigor of the bean samples. The storage period influenced the physiological quality of the beans tested. KEYWORDS: Phaseolus vulgaris L., germination, vigor, electrical conductivity and electrolyte leakage
7
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. IX
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. XI
1 ARTIGOS ............................................................................................................ 11
1.1 ARTIGO I Comportamento fisiológico de sementes e grãos de feijão durante o
armazenamento - Acta Physiologiae Plantarum – B1.......................................................11
1.2 ARTIGO II Comportamento bioquímico de sementes e grãos e feijão durante o
armazenamento - Acta Physiologiae Plantarum – B1.............................................................31
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................49
3 ANEXOS ............................................................................................................. 50
3.1 ANEXO I ............................................................................................................. 50
ix
LISTA DE TABELAS
ARTIGO I Comportamento fisiológico de sementes e grãos de feijão durante o
armazenamento.
TABELA 1 Resumo da análise de variância para massa de cem sementes e teor de água
dos feijões armazenados em condições naturais, por 360
dias.........................................................................................................................18
TABELA 2 Resumo da análise de variância para teste de germinação, índice de velocidade
de emergência (IVG), comprimento médio de raiz (CMR), comprimento médio
de parte aérea (CMPA), teste de envelhecimento acelerado e teste de frio de
feijões armazenados em condições naturais, por 360 dias...................................20
TABELA 3 Porcentagem de germinação de sementes e grãos, da variedade BRS
Esplendor, durante os períodos de armazenamento...........................................21
TABELA 4 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte
aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) após o teste de germinação
de sementes e grãos, da variedade BRS
Esplendor...............................................................................................................24
TABELA 5 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte
aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) após o teste de
envelhecimento acelerado (24 h) de sementes e grãos, da variedade BRS
Esplendor...............................................................................................................25
TABELA 6 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte
aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) após o teste de frio de
sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor...................................................25
ARTIGO II Comportamento bioquímico de sementes e grãos e feijão durante o
armazenamento.
TABELA 1 Resumo da análise de variância para condutividade elétrica (CE), aminoácidos
(Aa), açúcares, cálcio, manganês, ferro, zinco, potássio e magnésio, de feijões
armazenados em condições naturais, por 360 dias...............................................39
TABELA 2 Condutvidade elétrica de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor,
durante os períodos de armazenamento................................................................39
x
TABELA 3 Quantidade de aminoácidos de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor,
durante os períodos de armazenamento................................................................40
TABELA 4 Quantidade dos íons cálcio, manganês, ferro, zinco e magnésio mensurados na
solução de embebição do teste de condutividade elétrica, de sementes e grãos de
feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de
armazenamento......................................................................................................42
xi
LISTA DE FIGURAS ARTIGO I Comportamento fisiológico de sementes e grãos de feijão durante o
armazenamento.
FIGURA 1 Fluxograma das etapas de beneficiamento ás quais os feijões foram submetidos
na unidade armazenadora......................................................................................15
FIGURA 2 Dados meteorológicos diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e
temperatura máxima e mínima (ºC) do período de colheita dos
feijões.....................................................................................................................16
FIGURA 3 Dados meteorológicos diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e
temperatura máxima e mínima (ºC) do período
experimental...........................................................................................................16
FIGURA 4 Dados do teor de água de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor,
durante os períodos de
armazenamento......................................................................................................19
FIGURA 5 Vigor pelo teste de envelhecimento acelerado de 24 h, de sementes e grãos, da
variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento....................22
FIGURA 6 Vigor pelo teste de frio, de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor,
durante os períodos de armazenamento...............................................................23
ARTIGO II Comportamento bioquímico de sementes e grãos de feijão durante o
armazenamento.
FIGURA 1 Fluxograma das etapas de beneficiamento ás quais os feijões foram submetidos
na unidade armazenadora......................................................................................36
FIGURA 2 Dados meteorológicos diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e
temperatura máxima e mínima (ºC) do período de colheita dos
feijões.....................................................................................................................37
FIGURA 3 Dados meteorológicos diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e
temperatura máxima e mínima (ºC) do período
experimental...........................................................................................................37
xii
FIGURA 4 Dados do teor de açúcares solúveis de sementes e grãos, da variedade BRS
Esplendor, durante os períodos de armazenamento.............................................41
FIGURA 5 Dados da quantidade do íon potássio de sementes e grãos, da variedade BRS
Esplendor, durante os períodos de armazenamento.............................................44
11
1. ARTIGOS
1.1 Artigo I
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES E GRÃOS DE FE IJÃO DURANTE
O ARMAZENAMENTO
A formatação de citação, referências,
tabelas e figuras do artigo I segue as
instruções da revista internacional
Acta Physiologiae Plantarum, que
consta em anexo 3.1.
12
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES E GRÃOS DE FE IJÃO DURANTE O
ARMAZENAMENTO
Flávia Danieli Rech Cassol1, Andréa Maria Teixeira Fortes1
¹UNIOESTE/PGEAGRI – Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Laboratório de Fisiologia Vegetal, Universitária 2069, Caixa Postal 711, CEP 85819-110, Cascavel, Paraná, Brasil. *Autor para correspondência <[email protected] >
RESUMO: O feijão é um dos alimentos mais utilizados para suprir as necessidades energéticas da dieta dos brasileiros, sendo necessário que os agricultores utilizem sementes de alto potencial fisiológico. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica de feijões armazenados por 360 dias. As análises foram realizadas nos tempos 0, 30, 90, 180, 270 e 360 dias após a recepção dos lotes de sementes (S1 e S2) e grãos (G1 e G2) da cultivar BRS Esplendor. Foram realizados os testes de germinação, envelhecimento acelerado, frio, condutividade elétrica, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento médio da parte aérea (CMPA) e raiz (CMR). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em parcelas subdivididas no tempo e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. A porcentagem de germinação não foi afetada para S2, enquanto que para S1 e G1 a queda foi significativa. O vigor dos grãos do campo 1 declinou de 91 para 50% e de 93 para 76%, pelos testes de envelhecimento acelerado e a frio, respectivamente, após 360 dias. O IVG dos testes realizados apresentou queda durante o experimento. Os CMPA e CMR dos feijões apresentaram variações ao longo do experimento, sendo que G1 apresentou as menores médias. Os grãos do campo 1 apresentaram menor qualidade fisiológica. Os testes de envelhecimento acelerado e frio, através do parâmetro IVG, evidenciaram a queda do vigor da cultivar BRS Esplendor. O período de armazenamento influenciou a qualidade fisiológica dos feijões testados. Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., germinação e vigor
PHYSIOLOGICAL BEHAVIOUR OF BEAN SEEDS AND GRAINS DU RING STORAGE
ABSTRACT: Beans are one of the foods used to supply the energy needs of the Brazilian diet, requiring farmers to use high seed physiological potential. The aim of this study was to evaluate the physiological quality of beans stored for 360 days. Analyses were performed on at 0, 30, 90, 180, 270, and 360 days after receiving the seeds (S1 and S2) and grains (G1 and G2) of BRS Splendor. Tests were of germination, accelerated aging, cold, electrical conductivity, speed of germination (IVG), average length of shoots (CMPA), and root (CMR) were performed. The experimental design was completely randomized split-plot in time and the means were compared by Tukey test at 5% probability. Seed germination was not affected to in S2, while the drop in S1 and G1 was significant. The vigor of grains from field 1 declined from 91 to 50% and from 93% to 76% by accelerated aging and cold, respectively, after 360 days. The IVG tests decreased during the experiment. The CMPA and CMR beans showed variations during the experiment, and G1 had the lowest means. The grains from field 1 had lower physiological quality. The accelerated aging and cold, through the IVG parameter, showed decrease in vigor of the Splendor BRS. The storage period influenced the physiological quality of the beans tested. Keywords: Phaseolus vulgaris L., germination and vigor.
13
INTRODUÇÃO
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos alimentos mais utilizados para suprir as
necessidades energéticas da dieta dos brasileiros, além de contribuir com o quadro das
principais exportações agrícolas, em virtude da extensão da área cultivada e do valor da
produção (Toledo et al. 2009). O Brasil é o maior produtor dessa leguminosa com produção
de aproximadamente 3.500,4 mil toneladas e produtividade de 907 kg ha-1 na safra
2011/2012 (CONAB 2012), sendo que seu potencial genético é de 5000 kg ha-1 (Menten et
al. 2006).
A baixa produtividade do feijão, quando comparada a outros países produtores, pode
estar relacionada à baixa taxa de sementes certificadas utilizadas no plantio (Marcos Filho
2005). Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a semente é uma estrutura viva que, ao ser
levada a campo, tem o objetivo de garantir a reprodução e a permanência da espécie,
enquanto que os grãos são produzidos a campo e destinados ao consumo como alimento.
Em um campo utilizado para reprodução de sementes, o contorno de três metros ao redor
da área (bordadura) somente pode ser comercializado para o consumo (Brasil 2011).
A formação de sementes vigorosas está diretamente relacionada ao processo de
maturação. Em condições normais de desenvolvimento, se obtêm produtos uniformes, com
reservas energéticas ideais ao processo de germinação, apresentando alto potencial de
conservação (Marcos Filho 2005). Após a maturidade fisiológica, quando a qualidade é
máxima, sob condições climáticas adversas, há redução na qualidade fisiológica das
sementes (Ahrens e Peske 1994; Botelho et al. 2010).
Em busca de maior rendimento, os produtores de feijão estão buscando cultivares
que apresentem rápida germinação e alto vigor, desta forma ocorre um estabelecimento
rápido e homogêneo do estande, diminuindo a incidência de plantas invasoras e
promovendo o aumento da produtividade (Maia et al. 2011), visto que sementes de elevada
qualidade fisiológica apresentam alta pureza física e varietal que influenciam a capacidade
de gerar uma planta perfeita e vigorosa (Marcos Filho 2005; Binotti et al. 2008; Casaroli et
al. 2009; Maia et al. 2011).
Sendo assim, a avaliação do potencial fisiológico, realizado nos programas de
controle de qualidade, é um fator muito importante e visa garantir que as sementes
apresentem o vigor necessário que permita uma relação direta com o estabelecimento da
cultura (Coimbra et al. 2009; Queiroga e Duran 2010), sob uma ampla faixa de condições
ambientais, através de testes confiáveis, reproduzíveis e rápidos (Binotti et al. 2008).
O teste de germinação é o método aplicado e recomendado para determinação do
potencial fisiológico das sementes, embora se reconheçam as suas limitações, por ser
conduzido em condições ambientais ótimas (Marcos Filho 2005). No campo, raramente as
14
condições ideais são atingidas; logo, a porcentagem de emergência pode ser bem inferior à
encontrada na condução deste teste (Carvalho e Nakagawa 2000).
Junto com o teste de germinação, segundo Nakagawa (1999), podem ser realizadas
avaliações das plântulas, tais como a velocidade de germinação, a primeira contagem de
germinação e o crescimento de plântulas (comprimento e peso da plântula). O resultado
destas avaliações exprime o vigor das sementes avaliadas.
Segundo Tunes et al. (2011), o vigor é um conjunto de atributos que proporcionam às
sementes potencial para germinar, emergir realizadas e estabelecer um estande de
plântulas normais sob condições ambientais diversas. Para Soares et al. (2010), os testes
de envelhecimento acelerado e frio são considerados importantes testes de vigor.
O teste de envelhecimento acelerado avalia o comportamento das sementes sob
condições de estresse. Sua realização ocorre em condições de umidade alta (± 100%) e
temperatura elevada, entre 40 e 45 oC, considerando estes os fatores ambientais mais
relacionados ao aumento da taxa de deterioração das mesmas (Marcos Filho 2005; Binotti
et al. 2008).
O teste frio visa estimar o comportamento dos lotes de sementes submetidos à
queda da temperatura, juntamente com a alta disponibilidade de água na época do plantio.
A sobrevivência das mesmas, nestas condições, expressa de forma direta seu vigor, porém
percebe-se que, na prática, nem sempre ocorre confirmação desse resultado (Marcos Filho
2005).
Desse modo avaliações rápidas permitem maior agilidade nos resultados e, assim,
as decisões relativas a produção, armazenamento e comercialização podem ser tomadas
com mais eficiência (Fessel et al. 2010; Bittencourt et al. 2012). De modo a maximizar a
longevidade das sementes, porém, se relata ainda a influência de diversos fatores, como os
físicos, químicos, moleculares e genéticos em sua conservação (Rajjou e Debeaujon 2008).
Em regiões tropicais, a manutenção fisiológica pode ser limitada e afetada pelo vigor
da planta mãe e condições climáticas durante a maturação, bem como pela qualidade inicial
da semente, por danos mecânicos, condições apropriadas de secagem, ação de
microrganismos e insetos, tipos de embalagem, umidade relativa do ar, temperatura e
duração do armazenamento (Carvalho e Nakagawa 2000).
O envelhecimento da semente resulta no declínio do potencial fisiológico, ocorre a
diminuição da capacidade de germinação e aumenta a sensibilidade aos estresses
ambientais (Marcos Filho 2005). Estes fatores podem ser retardados por processos
adequados de armazenamento (Carvalho e Nakagawa 2000; Palabiyik e Peksen 2008;
Cardoso et al. 2012).
Segundo Resende et al. (2008), habitualmente a armazenamento do feijão ocorre em
condições impróprias, e a falta de monitoramento do teor de água pode resultar em perdas
qualitativas e quantitativas. O armazenamento das sementes pode ocorrer em tempos
15
distintos. Períodos curtos mantêm o vigor e a qualidade fisiológica das mesmas, enquanto
os longos acarretam em degeneração e depreciação do produto, tornando-o muitas vezes
inviáveis para consumo e plantio (Lin 1988).
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento fisiológico de sementes
e grãos de feijões da cultivar BRS Esplendor, armazenados sob condições ambientais não
controladas, por 360 dias.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus
de Cascavel – Pr. A cultivar avaliada foi a BRS Esplendor (Phaseolus vulgaris L., grupo
preto), provenientes da segunda safra (da seca) de 2011, de duas propriedades rurais
(campo 1 e 2) do município de Cascavel, coordenadas geográficas de 24° 53’ 49.9’’ S de
latitude e 53° 31’ 36.1’’ W de longitude e 24° 49’ 36.0’’ S de latitude e 53° 32’ 29.1’’ W de
longitude, respectivamente, na região oeste do Paraná.
Os campos estavam sendo utilizados para reprodução de sementes e, conforme
estabelecido pelo Ministério da Agricultura (Brasil 2011), o contorno de três metros ao redor
da área (bordadura), somente pode ser comercializado para o consumo (grão). Assim, os
feijões foram classificados como: sementes do campo 1 (S1), sementes do campo 2 (S2),
grãos do campo 1 (G1) e grãos do campo 2 (G2).
Fig. 1 Fluxograma das etapas de beneficiamento às quais os feijões foram submetidos na unidade armazenadora.
Na unidade de beneficiamento e armazenamento, os feijões foram submetidos ás
etapas apresentadas na Figura 1. Em sequência, as amostras foram separadas e
armazenadas no laboratório, em sacos de papel kraft sob condições ambientais não
controladas por 360 dias.
Em
bala
gem
Cla
ssifi
caçã
o co
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étric
a
Mes
a de
nsim
étric
a
Mes
a de
ar
e pe
neira
Sec
agem
Pré
-lim
peza
Rec
epçã
o
16
As avaliações ocorreram ao recebimento das amostras (agosto/2011), aos 30 dias
(setembro/2011), aos 90 (novembro/2011), aos 180 (fevereiro/2012), aos 270 (maio/2012) e
aos 360 dias (julho/2012) de armazenamento. Os dados meteorológicos de precipitação,
umidade relativa e temperatura máxima e mínima do período de colheita e armazenamento
foram fornecidos pelo SIMEPAR (Sistema Meteorológico do Paraná) e estão apresentados
nas Figuras 2 e 3.
Para determinar a qualidade fisiológica das amostras foram realizadas as seguintes
avaliações:
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
10/06/11 15/06/11 20/06/11 25/06/11 30/06/11 05/07/11
Dad
os m
eter
eoló
gico
s
Período de colheita
Precipitação(mm) Temperatura Máxima (°C)
Temperatura Minima (°C) UR média (%)
Campo 2 Campo 1
Fig. 2 Dados diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e temperatura máxima e mínima (ºC) do período de colheita dos feijões (SIMEPAR, 2011)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
01/08/11 01/11/11 01/02/12 01/05/12 01/08/12
Dad
os m
eter
eoló
gico
s
Período de armazenamento
Precipitação (mm) Temperatura máxima (°C)
Temperatura mínima (°C) UR média (%)
Fig. 3 Dados diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e temperatura máximae mínima (ºC) durante o período experimental (SIMEPAR, 2012)
17
Massa de 100 sementes: realizada conforme metodologia indicada nas Regras para
Análise de Sementes (RAS) (Brasil 2009), em que as amostras foram pesadas em balança
de precisão de 0,001 g, e os resultados expressos em gramas;
Teor de água: determinado pelo método padrão da estufa, de acordo com a RAS
(Brasil 2009). As amostras foram mantidas em estufa a 105 ±3 ºC por 24 horas. Em seguida,
permaneceram em dessecador por 20 minutos e pesadas novamente, para determinação do
teor de água expressos em porcentagem. O teor de água também foi determinado após o
teste de envelhecimento acelerado, como recomendado por Marcos Filho (2005);
Teste de germinação: foi realizado em triplicata de 50 feijões por repetição, o papel
de germinação foi utilizado como substrato, umedecido com água destilada equivalente a
2,5 vezes seu peso. Duas folhas foram utilizadas como base para a distribuição das
sementes e uma folha como cobertura; em seguida, os rolos formados foram
acondicionados em sacos de polietileno para manter a umidade e permaneceram em
câmara de germinação a 25 ±1 ºC, por sete dias (Brasil 2009). Foram considerados
germinados os feijões com no mínimo 2 mm de raiz primária;
Índice de velocidade de germinação (IVG): Realizado junto com o teste de
germinação. As contagens dos feijões germinados ocorreram diariamente, até a
estabilização do número de plântulas, conforme metodologia descrita em Nakagawa (1999)
e o IVG foram calculados segundo fórmula proposta por Maguire (1962);
Comprimento médio de raiz (CMR) e comprimento médio de parte aérea (CMPA): No
último dia de avaliação do teste de germinação, foram retiradas cinco plântulas normais de
cada replicata; destas, foram medidas a raiz e a parte aérea, e o cálculo do valor médio por
repetição foi expresso em centímetros;
Envelhecimento acelerado: Foi realizado pelo método descrito por Marcos Filho
(1999), com quatro replicatas de 50 unidades por amostra, os feijões foram distribuídos em
camada única, sobre a tela de inox, e colocadas em caixas plásticas (gerbox), contendo 40
mL de água destilada no fundo e mantidas à temperatura de 42 ºC, por 24 horas, em
câmara de germinação. Decorrido este período, foram avaliadas conforme o teste de
germinação;
Teste a frio: Realizado com quatro amostras de 50 unidades pelo método descrito
por Barros et al. (1999), o experimento foi montado conforme o teste de germinação e os
rolos foram mantidos à temperatura de 10 oC por três dias, período indicado por Miguel e
Cícero (1999) para feijão. Decorrido este tempo foi elevada a temperatura da câmara de
germinação para 25 oC e procederam-se as avaliações conforme o teste de germinação.
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) em
esquema de parcelas subdivididas no tempo, com quatro repetições. Os dados
considerados anormais foram transformados por √x+0,5, e os valores expressos em
18
porcentagem foram transformados por arco seno √x/100 (Banzatto e Kronka 1995; Brasil
2009).
Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, pelo programa R, versão
2.15.1 (R Development Core Team 2011) e a análise da regressão foi testada e realizada
pelo software Sisvar®, versão 5.3 (Ferreira 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação da Massa e do Teor de Água
Os valores médios encontrados para a variável massa de 100 sementes não
apresentaram interação com o período de armazenamento (Tabela 1). Os feijões e os
períodos de armazenamento foram estatisticamente iguais durante o experimento. Os
valores variaram entre 18,8 e 20,6 g para S1; 20,4 e 22,3 g para S2; 20,9 e 22,9 g para G1;
e 20,4 e 21,9 g para G2.
Tabela 1 Resumo da análise de variância para massa de cem sementes e teor de água dos feijões armazenados em condições naturais, por 360 dias. Cascavel, PR-2012
Quadrados médios F.V. G.L Massa Teor de água
Feijões (F) 3 0,6271ns 0,02768*
Armazenamento (A) 5 0,2273ns 0,83803* F X A 15 0,2053 ns 0,01210* Erro 1 12 0,2558 0,00187 Erro 2 60 0,2432 0,00416
CV 1(%) 10,8057 1,164525 CV 2(%) 10,53488 1,736737 * significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns não significativo pelo teste F.
Resultados semelhantes foram encontrados por Avaci et al. (2010), que não
verificaram diferença estatística desta variável, após 30 dias de armazenamento e por
Cassol et al. (2012), que não observaram influência do período de armazenamento de 90
dias com os lotes de feijão pesquisados.
A análise de variância para a umidade indica que houve interação significativa entre
os feijões e o armazenamento (Tabela 1). Na Figura 4 está apresentado o modelo de
regressão, significativa a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, do teor de água dos
feijões estudados. Observa-se diminuição desta variável até os 90 dias de avaliação, fato
também observado por Rigueira et al. (2009) após 120 dias de armazenamento de feijão da
19
cultivar “vermelhinho” e por Resende et al. (2008), depois de armazenar por 112 dias a
mesma cultivar.
Após os 180 dias de armazenamento ocorreu a hidratação das sementes e dos
grãos, igualando-se estatisticamente até o final do estudo, quando apresentaram, em média,
16% de teor de água. Segundo Marcos Filho (2005), o comportamento fisiológico da
semente é influenciado pelo vapor d’água do ar atmosférico e, assim, o teor de água
aumenta com a elevação da umidade relativa e vice versa. Foram evidenciadas oscilações
dessa variável entre os períodos, indicando essa capacidade de troca de vapor d’água para
atingir o equilíbrio higroscópico.
Fig. 4 Dados do teor de água de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
Essa variação no teor de água foi observado por Santos et al. (2005) para as
variedades de feijão TPS Bonito, TPS Nobre, Macotaço, IAPAR 44 e TPS Bionobre
estocadas em condições naturais; por Cassol et al. (2012) para a cultivar IPR Tangará
armazenadas por 90 dias, nas mesmas condições ambientais; e por Avaci et al. (2010) nas
variedade Uirapuru e Rio Vermelho, submetidas à aceleração do envelhecimento por 30
dias.
As condições ambientais e da composição química das sementes influenciam a
absorção ou perda de água das mesmas para alcançar o equilíbrio higroscópico. Durante
esse processo, a água desloca-se pelos grãos conforme a diferença da pressão de vapor
d’água e temperatura existente entre eles e a atmosfera (Santos et al. 2005; Elias et al.
2008). Neste estudo, foi observada a oscilação dos teores de água em relação às
modificações da umidade relativa do período de armazenamento.
Avaliação da Germinação
S1 y = 0,6108x2 - 4,0689x + 18,17 R² = 0,9529S2 y = 0,6663x2 - 4,3372x + 18,132 R² = 0,9488G1 y = 0,5544x2 - 3,7719x + 18,325 R² = 0,9367G2 y = 0,5741x2 - 4,0909x + 19,154 R² = 0,8752
10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
16,0
17,0
0 90 180 270 360
Teo
r de
Águ
a (%
)
Períodos de Armazenamento (dias)
S1
S2
G1
G2
20
Na tabela 2 está apresentado o resumo da ANOVA. Observa-se que a interação não
foi significativa para o IVG do teste de germinação e frio, porcentagem de vigor dos testes
de envelhecimento acelerado e frio, bem como para o comprimento médio de raiz das
plântulas submetidas ao teste de frio.
Tabela 2 Resumo da análise de variância para teste de germinação, índice de velocidade de emergência (IVG), comprimento médio de raiz (CMR), comprimento médio de parte aérea (CMPA), teste de envelhecimento acelerado e teste de frio de feijões armazenados em condições naturais, por 360 dias. Cascavel, PR-2012 Quadrados médios Teste de Germinação
F.V.
G.L
% Germinação
IVG
Comprimento médio Raiz Parte aérea
Feijões(F) 3 0,476* 1,409* 0,163* 0,030 ns Armazenamento
(A) 5 0,120* 10,714* 0,499* 0,089*
F X A 15 0,010* 0,041ns 0,054* 0,042* Erro 1 12 0,003 0,017 0,033 0,026 Erro 2 60 0,004 0,023 0,024 0,013
CV 1(%) 4,47 2,07 5,35 4,89 CV 2(%) 4,83 2,38 4,53 3,48
Teste de Envelhecimento acelerado
F.V.
G.L
% Germinação
IVG Comprimento médio Raiz Parte aérea
Feijões(F) 3 0,646* 3,306* 0,494* 0,185* Armazenamento
(A) 5 0,521* 8,118* 1,591* 0,141*
F X A 15 0,006ns 0,182* 0,057* 0,028* Erro 1 12 0,005 0,148 0,035 0,016 Erro 2 60 0,005 0,091 0,025 0,013
CV 1(%) 5,45 6,23 5,72 3,98 CV 2(%) 5,85 4,90 4,89 3,55
Teste de Frio
F.V.
G.L
% Germinação
IVG Comprimento médio Raiz Parte aérea
Feijões(F) 3 0,629* 2,976* 14,506* 0,123* Armazenamento
(A) 5 0,121* 12,508* 11,291* 0,172*
F X A 15 0,006ns 0,288ns 1,221ns 0,050* Erro 1 12 0,005 0,253 1,538 0,023 Erro 2 60 0,004 0,238 1,197 0,027
CV 1(%) 5,07 8,29 12,18 4,81 CV 2(%) 4,40 8,05 10,75 5,19
* significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns não-significativo pelo teste F.
A análise inicial, pelo teste de germinação, indicou menor qualidade dos grãos do
campo 1 (Tabela 3), fato observado até o fim do experimento quando apresentaram 74% de
germinação.
A partir do segundo período de avaliação (90 dias) foram evidenciadas diferenças no
potencial germinativo dos feijões e as do campo 1 inferiores. Aos 360 dias de
21
armazenamento foi possível classificar a diferença fisiológica entre os feijões. As sementes
e grãos do campo 2 mantiveram alto percentual de germinação.
Resultados semelhantes foram constatados por Fessel et al. (2010), com redução na
germinação de sementes de soja, armazenadas por seis meses. Almeida et al. (2010)
verificaram queda linear na germinação de algodão, amendoim, soja, girassol e mamona,
com o aumento do armazenamento em condições ambientais. Também Silva et al. (2010)
observaram decréscimo da germinação e vigor de sementes de arroz, milho e feijão durante
o armazenamento.
Tabela 3 Porcentagem de germinação de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
Feijões
% Germinação
Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360
S1 99aA 98abAB 96bAB 95bBC 87bCD 86cD
S2 100aA 100aA 100aA 100aA 96aA 99aA
G1 94bA 95bA 92bAB 89bAB 85bBC 74dC
G2 100aA 100aA 100aA 100aA 99aA 93bB
Médias seguidas de letras minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
Na figura 1 estão apresentados os dados meteorológicos da época da colheita dos
feijões. Observa-se que o campo 2 foi favorecido pela baixa precipitação e a umidade
relativa do ar de aproximadamente 70%, enquanto que a retirada dos feijões do campo 1
ocorreu após período de chuva com alta umidade relativa do ar (±90%), interferindo na
umidade inicial e na qualidade dos grãos e sementes.
A diferença observada entre os dois campos pode ter sido influenciada pelas
condições ambientais ocorridas durante a época de colheita. No campo, as sementes são
influenciadas pelo ambiente, ficando suscetíveis a condições adversas (Coimbra et al.
2009). A semelhança entre grãos e sementes do mesmo local é explicada pela bordadura
do campo destinado à produção de sementes ter sido destinada ao consumo (grão),
conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura (Brasil 2011).
A redução da germinação de feijão, durante o armazenamento, já foi relatada por
diversos pesquisadores para as variedades: PS Bonito, TPS Nobre, Macotaço, IAPAR 44 e
TPS Bionobre (Santos et al. 2005); Corujinha e Emepa 1 (Almeida et al. 2009); 94 linhagens
de Phaseolus vulgaris L. (Maia et al. 2011); IPR Tangará (Cassol et al. 2012) e IPR-TIZIU
(Silva et al. 2012) e está relacionada com o envelhecimento e a queda de seu potencial
fisiológico.
Após atingir a máxima qualidade fisiológica, nos feijões e outras espécies,
naturalmente se inicia um processo contínuo e irreversível de deterioração. Este pode ser
22
retardado por processos adequados de armazenamento (Carvalho e Nakagawa 2000;
Palabiyik e Peksen 2008), a longevidade das sementes varia dentro de sua espécie e entre
as espécies, conforme o genótipo e as condições ambientais de produção (Almeida et al.
2004).
Avaliação do Vigor: Envelhecimento Acelerado
Na figura 5 está apresentado o modelo de regressão, significativa a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey, do vigor dos feijões após exposição ao teste de
envelhecimento acelerado. Embora a queda no potencial germinativo tenha sido observada
em todos os feijões, os do campo 2 apresentaram melhor qualidade. Os grãos do campo 1
sofreram maior influência sobre estresse de calor, tendo sua germinação diminuída de 91%
para 50%, indicando sua qualidade inferior.
Até os 90 dias de armazenamento, após o estresse sofrido, o vigor dos feijões foi
mantido; porém, depois de 270 dias ocorreu acentuada queda dessa variável, indicando
diminuição do vigor das mesmas.
Fig. 5 Vigor pelo teste de envelhecimento acelerado de 24 horas, de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
Silva et al. (2012), utilizando o mesmo teste para feijões, verificaram queda
significativa no vigor após um ano de experimento, talvez em função de um maior tempo de
exposição ao teste (42 °C por 72 horas). Mas Cassol et al. (2012), após 6 e 12 horas de
estresse pelo teste de EA, que a 42 °C conseguiram diferenciar os lotes sem ter havido
interferência do tempo armazenamento.
S1 y = -0,0004x2 + 0,0571x + 94,806 R² = 0,9775S2 y = -0,0003x2 + 0,0556x + 98,757 R² = 0,9779G1 y = -0,0004x2 + 0,0505x + 88,759 R² = 0,9461G2 y = -0,0003x2 + 0,0679x + 98,082 R² = 0,8773
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0 90 180 270 360 450
% d
e V
igor
Períodos de Armazenamento (dias)
S1
S2
G1
G2
23
Binotti et al. (2008) evidenciaram queda no vigor do feijão, mais expressiva depois de
72 horas de exposição ao calor. Também Avaci et al. (2010) visualizaram declínio no vigor e
constataram que, com 15 e 30 dias de envelhecimento acelerado a 40 °C e 76% de UR, o
vigor era nulo. Assim como Bertolin et al. (2011), verificaram declínio do vigor e aumento da
taxa de deterioração em função do aumento de exposição ao teste.
Os teores de água dos feijões após a exposição ao teste de envelhecimento
acelerado permaneceram em torno de 24% para T0 e T1, 22% para T2, T3 e T4 e 23% para
T5. A semelhança entre os feijões é desejável, pois comprovam as condições uniformes de
execução do teste (Marcos Filho 1999). Resultados semelhantes foram também observados
por Toledo et al. (2009) em feijões da cultivar Pérola, por Bertolin et al. (2011) que
verificaram diferenças inferiores a 4% entre as amostras testadas de sementes de feijão e
também por Bittencourt et al. (2012) entre os lotes de milho estudados.
Avaliação do Vigor: Teste a frio
Conforme apresentado na Figura 6, quando submetidas ao estresse de frio, os
feijões do campo 1 apresentaram-se mais sensíveis, modelo de regressão significativo a 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey; nos grãos, dos 93% iniciais foram para 76% de vigor
final. Não houve diferença estatística no vigor até os 180 dias de armazenamento. Após
esse período, ocorreu queda desta variável.
Fig. 6 Vigor pelo teste de frio, de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
S1 y = -0,0001x2 - 0,0041x + 97,297 R² = 0,9286S2 y = -3E-06x2 - 0,008x + 100,05 R² = 0,6061G1 y = -0,0001x2 + 0,0083x + 91,563 R² = 0,9517G2 y = -7E-05x2 + 0,014x + 99,284 R² = 0,961
70
75
80
85
90
95
100
0 90 180 270 360
% d
e V
igor
Períodos de Armazenamento (dias)
S1
S2
G1
G2
24
Os resultados do presente trabalho confirmam os de Fessel et al. (2006), que
observaram que o vigor de sementes de milho submetido ao estresse de frio diminuiu após
o quarto mês de armazenamento. Também Fessel et al. (2010), utilizando o mesmo teste
para sementes de soja, detectaram diferença de vigor inicial entre os lotes estudados e que,
após três meses de armazenamento, os lotes de baixo vigor apresentaram acentuada
redução dessa variável, enquanto que, nas mais vigorosas, esta queda foi gradativa. Assim
como Guiscem et al. (2010), avaliando o vigor de sementes de feijão-frade, pelo teste de frio
sem solo, conseguiram identificar diferentes níveis de vigor entre os materiais estudados.
Avaliação do Vigor: Índice de Velocidade de Germinação, Comprimento médio de Parte
Aérea e Comprimento médio de Raiz
Conforme apresentado na Tabela 4, quando avaliado junto com o teste de
germinação, o índice de velocidade de germinação (IVG) apresentou semelhança até os 180
dias de armazenamento, seguida de queda significativa após este período. Os feijões do
campo 2 apresentaram maiores valores, enquanto o IVG dos grãos do campo 1 foram
inferiores durante todo o experimento.
Tabela 4 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) junto com o teste de germinação de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor. Cascavel, PR-2012 Feijões
IVG – Germinação Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 47,41bA 47,03bA 46,47bA 45,30bA 38,76bB 22,16bC S2 48,15aA 48,30aA 48,69aA 48,25aA 44,64aB 25,00aC G1 41,11cA 43,07cA 42,41cA 39,53cA 38,46cB 18,94cC G2 48,02aA 47,89aA 47,92aA 47,45aA 46,68aB 23,59aC
CMPA (cm) – Germinação S1 11,59aA 11,19aA 10,38aA 10,55aA 10,79abA 10,66aA S2 10,47abAB 11,10aA 10,88aA 9,28aB 11,17abA 11,03aA G1 11,38abA 10,90aA 10,28aAB 10,27aAB 10,09bAB 8,82bB G2 9,88bB 11,59aA 11,00aAB 9,80aB 11,87aA 9,77abB
CMR (cm)– Germinação S1 10,55bBC 13,02aA 11,86aAB 10,96aAB 10,61aBC 8,56bcC S2 12,73aA 12,75aA 12,75aA 11,48aAB 9,61aB 10,66aAB G1 12,22abA 11,54aA 11,53aA 10,46aA 10,41aA 7,77cB G2 11,48abAB 13,02aA 12,10aAB 12,41aAB 11,28aAB 10,37abB
Médias seguidas de letra, minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
O IVG dos feijões submetidas ao estresse de calor (Tabela 5) sofreu interação ao
longo do experimento, sendo G1 a amostra mais influenciada pelo armazenamento. Os
valores desta variável foram estáveis até os 90 dias de armazenamento. Após este período,
S2 e G2 tiveram os maiores índices, seguidos do S1 e G1, indicando a relação direta com o
vigor dos feijões.
25
Tabela 5 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) após o teste de envelhecimento acelerado (24 h) de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor. Cascavel, PR-2012 Feijões
IVG – Envelhecimento acelerado Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 46,24aA 45,69aA 45,45abA 33,79abB 25,15bC 22,49bC S2 49,11aA 48,16aA 48,65aA 36,58abB 33,47aB 33,13aB G1 41,72aA 40,22aA 40,11bA 30,21abB 25,81bBC 20,73bC G2 48,23aA 48,09aAB 47,80abAB 39,82aBC 37,76aC 32,73aC
CMPA (cm) – Envelhecimento acelerado S1 10,69aA 10,65aA 10,03aA 9,74aA 10,06aA 9,49aA S2 10,37aAB 11,38aA 11,23aA 9,38aB 11,06aA 10,56aAB G1 9,86aAB 10,04aAB 10,43aA 8,84aB 9,62aAB 7,39bC G2 10,70aA 10,89aA 10,43aA 10,11aA 10,35aA 9,63aA
CMR (cm) – Envelhecimento acelerado S1 11,57aAB 12,57aA 10,44aAB 10,32abAB 9,98aB 6,23bC S2 12,34aA 12,86aA 11,39aAB 11,54aAB 9,90aBC 8,23aC G1 10,41aAB 11,88aA 11,34aA 8,67bBC 7,63bC 5,12bD G2 11,69aA 12,52aA 12,30aA 10,51abA 10,56aA 8,25aB
Médias seguidas de letra, minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
Durante o estudo não foi observada interação entre os fatores no IVG após o teste
de frio (Tabela 2). Observa-se na Tabela 6 que os grão do campo 1 apresentaram os
menores valores, diferindo estatisticamente das demais. No período de avaliação foram
constatadas oscilações até os 270 dias, ocorrendo na última análise queda no IVG de todos
os feijões.
Tabela 6 Índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento médio de parte aérea (CMPA) e comprimento médio de raiz (CMR) após o teste de frio de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor. Cascavel, PR-2012 Feijões
IVG – Teste de frio Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 40,04aB 46,18aA 45,49aA 40,21aB 40,62aA 18,87aC S2 32,18aB 49,49aA 49,17aA 35,63aB 45,42aA 23,20aC G1 23,09bB 42,05bA 43,47bA 24,14bB 35,97bA 17,50bC G2 36,94aB 49,08aA 49,39aA 35,43aB 46,95aA 22,75aC
CMPA (cm) – Teste de frio S1 10,05aA 9,89aA 10,52aA 8,79aA 9,92aA 9,34abA S2 7,52bB 10,43aA 10,54aA 8,57aAB 9,63aA 9,33abAB G1 9,50abAB 10,36aA 9,43aAB 8,56aAB 8,07bB 8,03bB G2 9,54aA 10,57aA 9,70aA 8,70aA 9,30abA 10,61ª
CMR (cm) – Teste de frio S1 10,20aB 11,26aA 11,41aA 9,81aAB 10,84aAB 9,46aB S2 9,64aB 11,67aA 11,53aA 10,72aAB 11,03aAB 9,47aB G1 7,75bB 10,94bA 10,20bA 9,51bAB 8,31bAB 7,40bB G2 10,55aB 10,91aA 11,19aA 10,30aAB 10,27aAB 9,92aB
Médias seguidas de letras minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
O IVG dos testes realizados apresentaram queda durante o experimento, indicando a
diminuição do vigor dos feijões com o armazenamento, corroborando com o estudo
realizado por Cardoso et al. (2012) em sementes de crambe, cujo IVG (a partir do teste de
26
germinação) declinou com o armazenamento em embalagem convencional. Marcos Filho
(2005) comenta que o envelhecimento da semente resulta no declínio do potencial
fisiológico: ocorre a diminuição da capacidade de germinação e aumenta a sensibilidade aos
estresses ambientais.
O comprimento médio de parte aérea (CMPA) das plântulas, dos feijões estudados
sofreu interação ao longo do armazenamento para os testes de germinação, envelhecimento
acelerado e frio. Nas Tabelas 4, 5 e 6 estão apresentados os valores médios do CMPA dos
referidos testes.
Junto ao teste de germinação, o CMPA dos grãos do campo 1 diminuiu, enquanto os
demais feijões apresentaram oscilações no decorrer do experimento. Os grãos do campo 2
sofreram maior variação durante o armazenamento, e S1 não apresentou variação.
Entre os feijões submetidos ao teste de envelhecimento acelerado, a G1 apresentou
menor CMPA, diferindo estatisticamente das demais, no último período de avaliação. O
tempo de armazenamento influenciou S2 e G1, os valores dessa variável oscilaram entre as
avaliações. Tais resultados foram obtidos com sementes e grãos, postos em câmara de
gerbox por 24 a 42 °C, com alta umidade relativa antes do CMPA.
Para o teste de frio foi observada oscilação do CMPA entre os feijões durante o
estudo, ocorrendo semelhança estatística entre os valores. O período de armazenamento
não interferiu o comportamento de S1 e G2, enquanto que S2 e G1 apresentaram variação
entre os períodos testados. Tais resultados foram encontrados em função das sementes e
grãos terem sido submetidas anteriormente ao teste de frio.
Plântulas com maior comprimento de parte aérea e da raiz oriundas de sementes
vigorosas foram observadas em sementes de soja por Vanzolini e Carvalho (2002), ao
avaliarem o efeito de lotes de diferente vigor na emergência em campo e por Henning et al.
(2010), ao avaliarem a composição química e a mobilização de reserva em sementes de
baixo e alto vigor. Tais afirmações são confirmadas com os resultados do IVG apresentados
no presente trabalho junto ao teste de germinação e após o envelhecimento acelerado.
Junto ao teste de germinação, o CMR de G1 diminuiu (Tabela 4), enquanto que as
demais apresentaram variações ao longo do experimento; porém, observa-se semelhança
estatística entre as sementes e grãos. Todas elas sofreram influência do armazenamento,
provocando comprimentos variados entre os períodos. Santos et al. (2005) observaram
diminuição desse parâmetro, em média 40-50%, em seu estudo, ao avaliarem o CMR em
germinador. Enquanto, nos estudos de Cassol et al. (2012), o comprimento médio de raiz
apresentou diferença entre os lotes e aos 90 dias de armazenamento seu aumento foi
observado para teste de germinação e envelhecimento acelerado de 6 e 12 horas, sendo
que este último sofreu interação da época de armazenamento.
Os feijões apresentaram-se estatisticamente iguais até os 90 dias e, aos 360 dias de
armazenamento, houve diferença estatística entre os feijões submetidos ao estresse de
27
calor para o CMR (Tabela 5), S1 e G1 se mostraram inferiores às demais. Na última
avaliação foram observados os menores comprimentos das raízes, indicando a influência do
armazenamento na diminuição do vigor dos feijões após o envelhecimento acelerado.
Analisando o CMR após a realização do teste de frio, observa-se (Tabela 6) que os
grãos do campo 1 apresentaram os menores valores, diferindo dos demais, durante todo o
experimento. Entre os períodos de armazenamento foi observada oscilação semelhante da
variável para os feijões, não estabelecendo indicativo da perda de vigor sob o estresse
sofrido.
Concluindo, no decorrer da pesquisa foi possível verificar que os grãos e sementes
do campo 1 apresentaram menor qualidade fisiológica inicial, mantida em todos os períodos
avaliados, enquanto os feijões do campo 2 mantiveram alta germinação. Apesar de não
poderem ser comercializados para o plantio, os grãos do campo 2 apresentaram alta
qualidade fisiológica e vigor.
Os testes de envelhecimento acelerado, frio e IVG evidenciaram a queda do vigor da
cultivar BRS Esplendor, durante os 360 dias de armazenamento, independente do campo de
origem.
O período de armazenamento, de 360 dias em condições naturais, influenciou o
comportamento fisiológico das sementes e dos grãos testados. Os testes de envelhecimento
acelerado, frio e IVG foram os mais sensíveis na detecção da diminuição do vigor, mais
evidente nos feijões do campo 1 que apresentavam menor qualidade fisiológica inicial.
Agradecimentos
Aos Laboratórios de Fisiologia Vegetal do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
(CCBS) e Laboratório de Controle de Qualidade de Produtos Agrícolas (LACON), do Centro
de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET).
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31
1.2 Artigo II
COMPORTAMENTO BIOQUÍMICO DE SEMENTES E GRÃOS DE FEIJÃO DURANTE
O ARMAZENAMENTO
A formatação de citação, referências,
tabelas e figuras do artigo II segue as
instruções da revista internacional
Acta Physiologiae Plantarum, que
consta em anexo 3.1.
32
COMPORTAMENTO BIOQUÍMICO DE SEMENTES E GRÃOS DE FEI JÃO DURANTE O
ARMAZENAMENTO
Flávia Danieli Rech Cassol1, Andréa Maria Teixeira Fortes1
¹UNIOESTE/PGEAGRI – Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Laboratório de Fisiologia Vegetal, Universitária 2069, Caixa Postal 711, CEP 85819-110, Cascavel, Paraná, Brasil. *Autor para correspondência < [email protected]>
RESUMO: O desenvolvimento de pesquisas sobre o vigor proporciona maior conhecimento sobre o comportamento fisiológico das sementes ao longo do armazenamento. O objetivo deste trabalho foi avaliar as mudanças bioquímicas ocorridas em feijões armazenados por 360 dias. As análises foram realizadas nos tempos 0, 30, 90, 180, 270 e 360 dias após o recebimento dos lotes de sementes (S1 e S2) e grãos (G1 e G2) da cultivar BRS Esplendor. Foram realizados os teste condutividade elétrica, e do lixiviado da condutividade elétrica foram quantificados os teores de açúcares e aminoácidos e os íons Ca, K, Mg, Mn, Fe e Zn. O delineamento foi inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas no tempo e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. O teste de condutividade elétrica apresentou maior perda de solutos aos 90 dias de armazenamento. Até os 180 dias de armazenamento, G1 apresentou maior quantidade de aminoácidos e aos 360 dias S1 lixiviou mais este composto. Maiores quantidade de açúcares solúveis foram evidenciadas nos feijões do campo 1. A quantidade dos íons cálcio, manganês, ferro e zinco encontrados nos feijões foram pequenas. As quantidades de potássio diminuíram até os 360 dias de armazenamento. Após 90 dias, as quantidades de magnésio aumentaram consideravelmente. O teste de condutividade elétrica não apresentou relação com a quantificação dos íons investigados. A quantidade e o comportamento dos aminoácidos, açúcares e dos íons estudados não permitiram a relação destas variáveis com a queda do vigor dos feijões. Palavras-chave: Vigor, condutividade elétrica e lixiviação de eletrólitos.
BIOCHEMICAL BEHAVIOR OF SEEDS AND GRAINS OF BEANS S TORAGE DURING
STORAGE
ABSTRACT: The development of research on vigor provides greater insight into the physiological behavior of the seeds during storage. The aim of this study was to evaluate the biochemical changes occurring in beans stored for 360 days. Analyses were performed at 0, 30, 90, 180, 270, and 360 days after receiving the seeds (S1 and S2) and grains (G1 and G2) of BRS Splendor. The following tests were conducted: electrical conductivity, and electrical conductivity of the leachate; levels of sugars and amino acids, and ions Ca, K, Mg, Mn, Fe, and Zn were quantified. The experimental design was completely randomized split-plot in time and the means were compared by Tukey test at 5% probability. The electrical conductivity showed greater loss of solutes at 90 days of storage. Up to 180 days of storage, G1 presented higher amount of amino acids, and at 360 days S1 leached over this compound. Larger amount of soluble sugars were found in beans from field 1. The amount of calcium ions, manganese, iron, and zinc found in beans was small. The quantities of potassium decreased at 360 days of storage. After 90 days, the amounts of magnesium increased significantly. The electrical conductivity test did not present correlation to the quantification of the ions investigated. The amount and behavior of amino acids, sugars the
33
studied ions did not present any relationship between these variables with the decrease in vigor. Key words: Vigor, electrical conductivity and electrolyte leakage.
INTRODUÇÃO
A crescente demanda por alimentos estabelece a necessidade do melhor
aproveitamento das áreas cultiváveis, promovendo a expansão da produção agrícola. Neste
sentido, estudos que visem melhorar o rendimento, a estabilidade, além de outras
características agronômicas e tecnológicas interessantes aos agricultores estão em
desenvolvimento (Gomes Junior e Sá 2010).
A semente é uma estrutura que tem como objetivo a reprodução e a permanência da
espécie. Estas, quando levadas a campo, produzem os grãos que são exclusivamente
destinados ao consumo como alimento (Carvalho e Nakagawa 2000). Nos campos
destinados à reprodução de sementes, a bordadura (contorno de três metros ao redor da
área) deve ser comercializada exclusivamente como grão (Brasil 2011).
Um dos grãos mais consumidos pelos brasileiros é o feijão (Phaseolus vulgaris L.),
que combinado com o arroz garante uma dieta equilibrada, rica em proteínas, com elevado
teor de carboidratos, minerais, fibras, vitaminas e aminoácidos (Bassinello 2008; Elias et al.
2008; Rigueira et al. 2009). Assim, aumentar a produtividade do feijoeiro é desejável, e, para
isto, é necessária a utilização de sementes certificadas. Estas apresentam qualidade
fisiológica superior que, em campo, influenciam a capacidade de gerar uma planta perfeita e
vigorosa (Marcos Filho 2005; Binotti et al. 2008; Casaroli et al. 2009; Maia et al. 2011). No
entanto, sabe-se que, no campo, as sementes são influenciadas pelo ambiente, ficando
suscetíveis a condições adversas (Coimbra et al. 2009).
Segundo Marcos Filho (2005), o processo de maturação influencia diretamente na
formação de sementes com elevado vigor, sendo que produtos uniformes, com reservas
energéticas ideais a germinação, são obtidos nas condições normais de desenvolvimento da
cultura. Após atingir a maturidade fisiológica, naturalmente se inicia um processo contínuo e
irreversível de deterioração de origem bioquímica, fisiológica e física, que pode ser
retardado pelo adequado armazenamento (Carvalho e Nakagawa 2000; Palabiyik e Peksen
2008; Rajjou e Debeaujon 2008; Cardoso et al. 2012).
O armazenamento provoca mudanças estruturais e fisiológicas nas sementes,
especialmente nos cotilédones (Bertoldo et al. 2009, 2010). Em locais com alta temperatura
e umidade ocasionam o hard-to-cook (HTC) (perda das propriedades de cocção) e o
hardshell (desenvolvimento de casca dura). O HTC causa insolubilização de proteínas e
34
perda dos conteúdos intracelulares para a água de embebição, diminuindo a qualidade dos
grãos (Barbosa 2010; Batista 2010; Bertoldo et al. 2010).
O defeito hard-to-cook que provoca, nos cotilédones e dentro das células, alterações
químicas e físicas que resultam no aumento da estabilidade da lamela média. O hardshell
dificulta a absorção de água, fato associado à baixa permeabilidade da casca, levando ao
hard-to-cook (Bertoldo et al. 2009). De acordo com Liu (1995), o HTC junto com a
embebição provoca deterioração da membrana plasmática, desnaturação de proteínas e
lixiviação e redistribuição de íons.
O armazenamento em condições ambientais sugere perda de viabilidade de
sementes (Castelion et al. 2010). Entre os produtos armazenados de forma imprópria está o
feijão, especialmente pela falta de monitoramento da temperatura e do teor de água,
ocasionando perdas qualitativas e quantitativas, prejudicando seu potencial fisiológico
(Resende et al. 2008).
O aumento no teor de água pode incentivar o processo respiratório, a mobilização de
reservas e a liberação de energia, estimulando a deterioração. As alterações provocadas
pela deterioração modificam a composição química das sementes e a alta precipitação pode
provocar redução na quantidade de proteínas e no aumento nos teores de fósforo, cálcio e
magnésio, íons menos solúveis em água (Marcos Filho 2005).
De modo a minimizar a deterioração, é importante a tomada eficiente das decisões
sobre a produção, o armazenamento e a comercialização, e a realização de testes rápidos
permite maior agilidade nos resultados e assim na ação (Marcos Filho 2005; Fessel et al.
2010; Bittencourt et al. 2012). Porém, faz-se necessário o aprimoramento de testes que
avaliem de forma rápida e precisa o potencial fisiológico de sementes (Costa et al. 2007).
Os programas de controle de qualidade buscam avaliar o potencial fisiológico das
sementes, de modo a estabelecer uma relação direta entre o vigor das mesmas e o
estabelecimento da cultura, sendo eles considerados muito importantes para o
desenvolvimento da agricultura (Coimbra et al. 2009; Queiroga e Duran 2010). Neste
sentido, a utilização de testes sensíveis às alterações bioquímicas ocorridas durante o
envelhecimento das sementes se torna importante para a estimativa da viabilidade e
potencial de armazenamento (Carvalho e Nakagawa 2000; Costa et al. 2007).
Entre os testes mais rápidos estão os relacionados à degradação do sistema de
membranas e à diminuição das taxas respiratórias e biossintéticas, como o de condutividade
elétrica. Sementes vigorosas apresentam maior capacidade de reorganização e reparação
dos danos nas membranas celulares. Logo, durante a embebição, a lixiviação eletrolítica é
menor, resultando em valores mais baixos de condutividade elétrica (Marcos Filho 2005;
Binotti et al. 2008; Costa et al. 2008). Esta desestruturação do sistema de membranas
celulares indica o início do processo de deterioração da semente (Santos et al. 2005; Costa
et al. 2007; Palabiyik e Peksen 2008).
35
O lixiviado do teste de condutividade elétrica é composto principalmente por
açúcares, aminoácidos e íons inorgânicos como potássio (K+), cálcio (Ca+2), magnésio
(Mg+2), sódio (Na+) e manganês (Mn+2). Concentrações elevadas são indicativos de perda de
germinação e vigor (Marcos Filho 2005; Binotti et al. 2008). Entre os eletrólitos mais
estudados para tentar estabelecer a correlação com a qualidade fisiológica das sementes
estão o cálcio, o magnésio e o potássio, pesquisados por vários autores (Vanzolini e
Nakagawa 2003; Fessel et al. 2006; Costa et al. 2007; Binotti et al. 2008; Costa et al. 2008;
Fessel et al. 2010; Silva et al. 2012).
O processo da germinação tem início com a embebição, a qual é fundamental para a
hidrólise de substâncias de reserva da semente. Durante a hidratação rápida pode ocorrer
grande liberação de solutos e macromoléculas, como açúcares, ácidos orgânicos,
aminoácidos e íons e a inversão do processo de síntese para a capacidade de hidrólise,
principalmente dos carboidratos, lipídios e proteínas. As células são sensíveis à hidratação,
podendo sofrer danos maiores quando a entrada de água for rápida (Marcos Filho 2005), em
função da deterioração das membranas celulares.
De acordo com Marcos Filho (2005), o cálcio é importante para o desenvolvimento
de parede celular. O potássio promove o metabolismo normal de proteínas e a atividade
enzimática; é também o íon em maior quantidade nas sementes. Segundo Ribeiro et al.
(2008), a quantidade de zinco pode variar nas sementes conforme o tipo de solo, genótipo e
ambiente da cultura. Ele é responsável pela permeabilidade das membranas, síntese de
proteínas e amido, absorção iônica, respiração celular e controle hormonal. Logo, é proposto
seu envolvimento na qualidade fisiológica de grãos e sementes (Teixeira et al. 2005).
Diante da necessidade de informações sobre os testes rápidos de vigor e sua
relação com a longevidade das sementes, objetivou-se neste deste trabalho avaliar o
comportamento bioquímico ocorrido em grãos e sementes de feijões, relacionando-os com a
qualidade fisiológica e a longevidade, durante o armazenamento em condições naturais, por
360 dias.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus
de Cascavel – Pr. A cultivar avaliada foi a BRS Esplendor (Phaseolus vulgaris L. grupo
preto), provenientes da segunda safra (da seca) de 2011, de duas propriedades rurais
(campo 1 e 2) do município de Cascavel, coordenadas geográficas de 24° 53’ 49.9’’ S de
latitude e 53° 31’ 36.1’’ W de longitude e 24° 49’ 36.0’’ S de latitude e 53° 32’ 29.1’’ W de
longitude, respectivamente, na região oeste do Paraná.
36
Os campos estavam sendo utilizados para reprodução de sementes e, conforme
estabelecido pelo Ministério da Agricultura (Brasil 2011), o contorno de três metros ao redor
da área (bordadura), somente pode ser comercializado para o consumo (grão). Assim, os
feijões foram classificados como: sementes do campo 1 (S1), sementes do campo 2 (S2),
grãos do campo 1 (G1) e grãos do campo 2 (G2).
Fig. 1 Fluxograma das etapas de beneficiamento às quais os feijões foram submetidos na unidade armazenadora.
Na unidade de beneficiamento e armazenamento os feijões foram submetidos às
etapas apresentadas na Figura 1. Em sequência, as amostras foram separadas e
armazenadas no laboratório, em sacos de papel kraft sob condições ambientais não
controladas por 360 dias.
As avaliações ocorreram ao recebimento das amostras (agosto/2011), aos 30
(setembro/2011), aos 90 (novembro/2011), aos 180 (fevereiro/2012), aos 270 (maio/2012) e
aos 360 dias (julho/2012) de armazenamento. Os dados meteorológicos de precipitação,
umidade relativa e temperatura máxima e mínima do período de colheita e armazenamento
foram fornecidos pelo SIMEPAR (Sistema Meteorológico do Paraná) e estão apresentados
nas Figuras 2 e 3.
Em
bala
gem
Cla
ssifi
caçã
o co
lorim
étric
a
Mes
a de
nsim
étric
a
Mes
a de
ar
e pe
neira
Sec
agem
Pré
-lim
peza
Rec
epçã
o
37
A colheita o campo 2 foi favorecido pela baixa precipitação e pela umidade relativa
do ar de aproximadamente 70%, enquanto a retirada dos feijões do campo 1 ocorreu após
período de chuva com alta umidade relativa do ar (±90%), interferindo na umidade inicial e
na qualidade dos grãos e sementes.
Para determinar a qualidade bioquímica das amostras foram realizadas as seguintes
avaliações:
Condutividade elétrica: quatro amostras de 50 feijões foram pesadas e colocadas
para embeber em um recipiente contendo 75 mL de água deionizada, e mantidas em
germinador, regulado à temperatura de 25 ºC, durante 24 horas. Decorrido este período, foi
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
10/06/11 15/06/11 20/06/11 25/06/11 30/06/11 05/07/11
Dad
os m
eter
eoló
gico
s
Período de colheita
Precipitação(mm) Temperatura Máxima (°C)
Temperatura Minima (°C) UR média (%)
Campo 2 Campo 1
Fig. 2 Dados diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e temperatura máxima e mínima (ºC) do período de colheita dos feijões (SIMEPAR, 2011)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
01/08/11 01/11/11 01/02/12 01/05/12 01/08/12
Dad
os m
eter
eoló
gico
s
Período de armazenamento
Precipitação (mm) Temperatura máxima (°C)
Temperatura mínima (°C) UR média (%)
Fig. 3 Dados diários de precipitação (mm), umidade relativa (%) e temperatura máximae mínima (ºC) durante o período experimental (SIMEPAR, 2012)
38
realizada a leitura da condutividade elétrica da solução de embebição, em condutivímetro.
Os resultados foram expressos em µS cm-1 g-1 (Vieira e Krzyzanowski 1999).
Quantificação de aminoácidos solúveis: da solução de embebição da condutividade
elétrica foi determinada a quantidade de aminoácidos. Foi retirado 1 mL do lixiviado, e a este
foram adicionados 500 µL de tampão citrato, 200 µL de solução de ninhidrina 5% em metil
glicol e 1 mL de solução de KCN 0,2 mM. A mistura foi levada ao banho-maria a 100 °C por
15 minutos, depois colocada em água corrente por 10 minutos e, então, foi acrescentado 1
mL de álcool etílico 60%. Foi realizada a leitura em espectrofotômetro a 570 nm (Yemm e
Cocking 1955). A curva padrão de glicina foi utilizada para comparação dos resultados.
Quantificação de açúcares solúveis: foi realizada conforme método descrito por
Dubois (1956). Em 0,5 mL da água de lixiviados da condutividade elétrica foram adicionados
0,5 mL de solução aquosa de fenol a 5% e 2,5 mL de ácido sulfúrico concentrado. A mistura
foi agitada e deixada em repouso por 15 minutos. Com as amostras frias, a leitura foi
realizada em espectrofotômetro a 490 nm. Os resultados foram comparados com curva
padrão de glicose.
Determinação de íons: os íons Ca, K, Mg, Mn, Fe e Zn foram determinados da água
de embebição da condutividade elétrica por leitura direta em Espectrofotometria de
Absorção Atômica, modalidade chama – EAA/chama (Binotti et al. 2008).
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) em
esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. Os dados considerados
anormais foram transformados por √x+0,5 (Banzatto e Kronka 1995).
Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, pelo programa R, versão
2.15.1 (R Development Core Team 2011). A análise da regressão foi testada e realizada
pelo software Sisvar®, versão 5.3 (Ferreira 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As condições ambientais e a composição química das sementes influenciam a
absorção ou perda de água das mesmas para alcançar o equilíbrio higroscópico durante o
armazenamento (Santos et al. 2005; Elias et al. 2008). Neste estudo, foi observado aumento
da umidade relativa (± 92%) nos últimos dias do armazenamento (Figura 3), o que contribuiu
para a adsorção de água dos feijões analisadas.
Na Tabela 1 está apresentado o resumo da ANOVA para as variáveis analisadas.
Verifica-se que a interação foi significativa para os teores de aminoácidos, cálcio,
manganês, zinco e magnésio. Não houve interação entre os fatores para a condutividade
39
elétrica, a quantidade de açúcar e potássio. Também não foi identificado efeito da amostra
para os valores de ferro e potássio.
Tabela 1 Resumo da análise de variância para condutividade elétrica (CE), aminoácidos (Aa), açúcares, cálcio, manganês, ferro, zinco, potássio e magnésio, de feijões armazenados em condições naturais, por 360 dias. Cascavel, PR-2012 Quadrados médios
F.V. G.L CE Aa Açúcar Ca Mn Fe Zn K Mg Feijões (F) 3 2098,1* 206,6* 92,5* 0,1* 0,0* 0,0ns 0,1* 121,6 ns 0,24*
Armazenamento (A)
5 1156,8* 201,8* 243,7* 1,5* 0,0* 0,0* 0,1* 753,4* 1733,8*
F X A 15 67,2ns 21,4* 3,9 ns 0,0* 0,0* 0,0* 0,0* 34,8 ns 0,4* Erro 1 12 52,4 2,5 2,5 0,0 0,0 0,0 0,0 37,1 0,1 Erro 2 60 71,5 3,5 3,7 0,0 0,0 0,0 0,0 32,7 0,1
CV 1(%) 7,38 4,72 9,69 6,38 1,08 3,75 9,30 26,46 2,51 CV 2(%) 8,62 6,23 12,09 4,74 1,12 2,64 6,21 24,81 2,68 * significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns não significativo pelo teste F.
Condutividade Elétrica
Analisando os dados da Tabela 2, verifica-se a oscilação da perda de solutos entre
os períodos. Aos 90 dias de armazenamento foi observada a maior lixiviação, e a quarta
análise (aos 180 dias) indicou a menor saída de íons. Os mais vigorosos foram os feijões do
campo 2, enquanto os do campo 1 mostraram-se inferiores pela maior quantidade de
solutos lixiviados.
Tabela 2 Condutividade elétrica de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR Feijões
Condutividade Elétrica (µS.cm-1g-1) Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 104,72aAB 98,19aCD 113,28aA 91,69aD 110,34aBC 106,67aAB
S2 98,01bAB 82,13bCD 100,39bA 79,18bD 86,55bBC 91,70bAB
G1 118,06aAB 102,30aCD 118,23aA 92,68aD 101,45aBC 114,89aAB
G2 92,79bAB 81,96bCD 98,77bA 79,22bD 86,97bBC 103,31bAB
Médias seguidas de letra, minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
Porém, a variação dos valores da condutividade elétrica ao longo do experimento
indica que este teste não foi sensível para detectar a diminuição do vigor dos feijões,
corroborando com o estudo de Silva et al. (2012) para feijões de alto vigor, que
apresentaram oscilações entre 70 e 150 µS cm-1 g-1; com o de Fessel et al. (2010) para
sementes de soja armazenadas nas temperaturas de 10 e 20 °C; e o de Soares et al. (2010),
que testou metodologias de vigor em sementes sorgo.
40
Contudo, o teste foi eficaz para diferenciar o vigor dos feijões testados por Santos et
al. (2005) e os lotes estudados por Cassol et al. (2012) durante o armazenamento de 8
meses e 3 meses, respectivamente. A mesma eficiência do teste foi comprovada para
avaliação da qualidade fisiológica de sementes de milho doce (Coimbra et al. 2009) e
girassol (Braz e Rosseto 2009).
Este teste está baseado no nível de integridade das membranas celulares e é
inversamente associado ao vigor. Sementes vigorosas apresentam maior capacidade de
reorganização e reparação dos danos nas membranas, logo, durante a embebição a
lixiviação eletrolítica é menor, resultando em valores mais baixos de condutividade elétrica
(Marcos Filho 2005; Binotti et al. 2008). Essa desestruturação do sistema de membranas
celulares indica o início do processo de deterioração da semente (Santos et al. 2005;
Palabiyik e Peksen 2008).
Rigueira et al. (2009), após 120 dias de estocagem de feijão da cultivar
“vermelhinho”, observaram aumento da lixiviação de solutos, considerando essa variação
como indicativo da degradação do sistema de membranas. Em concordância, Palabiyik e
Peksen (2008) verificaram a duplicação desta variável após 44 meses de armazenamento
de feijão a 4 oC. Tais resultados são parcialmente confirmados no presente trabalho,
provavelmente em função de diferenças metodológicas em que foi realizado o experimento.
Quantificação de Aminoácidos e Açúcares
Tabela 3 Quantidade de aminoácidos de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012 Feijões
Aminoácidos (µg g-1) Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 1814,44aA 1303,48bB 1374,85bAB 1525,43bAB 1458,86aAB 1778,46aAB S2 1051,53bA 958,52bA 1263,96bA 948,87cA 956,31bA 1129,68bA G1 2310,56aA 1887,07aAB 1918,64aAB 2208,34aA 1491,03aBC 1185,21bC G2 1017,39bBC 1033,27bBC 1145,34bAB 1539,20bA 698,93bC 1379,92abAB
Médias seguidas de letra, minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
Analisando os resultados da Tabela 3, observa-se que a maior quantidade de
aminoácidos solúveis foi evidenciada nos feijões do campo 1, sendo mais expressiva em G1
até os 180 dias de armazenamento, confirmando a sua qualidade inferior aos materiais do
campo 2.
Os feijões apresentaram comportamento semelhante ao longo do experimento, com
oscilações de queda e elevação do teor de aminoácidos. Estes resultados são parcialmente
confirmados por Marcos Filho (2005), quando sugere que durante a deterioração das
sementes ocorre acréscimo desta variável, o que não foi confirmado neste experimento.
41
Caracterizando inicialmente feijões da cultivar Pérola, Binotti et al. (2008)
encontraram quantidades superiores de aminoácidos solúveis na solução de embebição do
teste de condutividade elétrica, cerca de 4mg g -1.
Na figura 4 está apresentado o modelo de regressão, significativa a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey. Verifica-se que a maior quantidade de açúcares solúveis
foi evidenciada estatisticamente nos feijões do campo 1, e as menores médias observadas
para G2.
Durante o experimento foi verificada a semelhança dos resultados entre os feijões
estudados. Estes apresentaram diminuição aos 30 dias, seguida de aumento até os 180
dias e nova queda da quantidade de açúcares, apresentando, aos 360 dias, S1 o maior e
G2 o menor valor desta variável, 9209,74 e 4870,79 µg g-1, respectivamente.
Estes resultados confirmam os obtidos por Henning et al. (2010), que verificaram que
sementes vigorosas apresentam maiores quantidades de açúcares solúveis. Mas, Marcos
Filho (2005) afirma que, durante a deterioração das sementes, a diminuição da quantidade
de açúcares solúveis é verificada. No entanto, Binnotti et al. (2008), na análise inicial,
encontraram quantidades menores (± 0,8 mg g-1) de açúcares solúveis no lixiviado do teste
de condutividade elétrica, em feijão da cultivar Pérola.
Fig. 4 Dados do teor de açúcares solúveis de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
Determinação de Íons
Observa-se (Tabela 1) que ocorreu interação entre os feijões e o período de
armazenamento para os íons cálcio, manganês, ferro, zinco e magnésio, fato não verificado
para o potássio.
S1 y = -0,3855x2 + 161,46x + 1461,8 R² = 0,9057S2 y = -0,2735x2 + 110,67x + 1368,3 R² = 0,7839G1 y = -0,3455x2 + 141,87x + 1289 R² = 0,9072G2 y = -0,2495x2 + 105,23x - 292,52 R² = 0,909
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
0 90 180 270 360
Açú
care
s S
olúv
eis
(µg
g-1 )
Períodos de Armazenamento (dias)
S1
S2
G1
G2
42
Os feijões apresentaram comportamento semelhante ao longo da pesquisa para a
quantidade de cálcio (Tabela 4), com aumento aos 30 dias, seguida de queda até os 270
dias e novamente elevação aos 360 dias de armazenamento. Os valores encontrados neste
estudo são inferiores aos encontrados por Mesquita et al. (2007) (0,30 a 2,8 g kg-1) ao
avaliarem linhagens diferentes de feijão, e por Pereira et al. (2011) (0,25 a 0,95 g kg-1) ao
caracterizar genótipos de feijão crioulo, e superior à descrita por Binotti et al. (2008), de
aproximadamente 0,012 mg g-1, na análise inicial de seu experimento com feijão da cultivar
Pérola.
Tabela 4 Quantidade dos íons cálcio, manganês, ferro, zinco e magnésio mensurados na solução de embebição do teste de condutividade elétrica, das amostras de sementes e grãos de feijão, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012 Feijões
Cálcio (µg g-1) Períodos de armazenamento (dias)
0 30 90 180 270 360 S1 47,614abAB 51,624abA 49,350aAB 39,581aBC 23,478aD 29,250abC S2 48,022abA 54,378aA 48,704aA 35,136aB 25,256aC 29,686abB G1 39,244bBC 40,661bAB 51,783aA 32,642aCD 20,586aE 25,670DE G2 51,987aA 48,285abA 48,296aA 33,172aBC 26,723aC 33,534aB
Manganês (µg g-1) S1 0,290aABC 0,240bABC 0,415aA 0,154aBC 0,112aC 0,279aAB S2 0,237aA 0,057cBC 0,214bAB 0,000aC 0,133aABC 0,031bcC G1 0,358aA 0,473aA 0,149bB 0,002aB 0,123aB 0,144abB G2 0,301aA 0,315bA 0,245abA 0,000aB 0,000aB 0,000cB
Ferro (µg g-1) S1 0,791aA 0,983aA 0,735aA 1,029aA 0,835aA 0,000bB S2 0,574aAB 0,457bABC 0,202bBC 0,528aAB 0,784aA 0,034bC G1 0,670aAB 0,798abA 0,357abB 0,481aAB 0,788aA 0,553aAB G2 0,768aAB 0,889aA 0,151bC 0,062bC 0,840aA 0,309abBC
Zinco (µg g-1) S1 8,711aA 6,135bAB 5,551aB 5,316aB 4,215aB 4,292bB S2 7,959aA 5,001bB 5,962aB 3,682aB 3,194aB 3,530bB G1 8,486aA 7,902aA 6,067aABC 5,292aBC 4,396aC 6,751aAB G2 8,238aA 6,327abAB 4,794aBC 3,657aC 3,302aC 7,667aA
Magnésio (µg g-1) S1 9,968aD 9,583aD 10,244aD 497,667bC 2571,638aB 4574,044aA S2 9,143aD 8,828aD 9,404aD 491,462bC 2416,378aB 4414,543aA G1 8,985aD 8,631aD 9,271aD 618,063aC 2203,513aB 4192,276aA G2 9,280aD 8,789aD 9,445aD 616,374aC 2383,182aB 4372,079aA
Médias seguidas de letra, minúsculas: comparação entre colunas e maiúsculas: comparação entre linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (5% de significância).
Segundo Costa et al. (2008), o raio atômico do cálcio é maior do que o raio do
potássio e do magnésio, podendo este ter dificultado a transposição deste íon através da
membrana plasmática, de modo que não detectaram a presença de cálcio em seu
experimento com sementes de ervilha.
Havendo interferência do raio atômico com a transposição dos íons pela membrana
plasmática, este pode ter sido o motivo dos valores de cálcio, manganês, ferro e zinco
quantificados, visto que eles apresentam os maiores raios entre os íons estudados no
presente trabalho.
43
Analisando dois lotes de sementes, Vanzolini e Nakagawa (2003) não conseguiram
estabelecer a relação entre a lixiviação de cálcio e o potencial fisiológico de amendoim.
Entre lotes de sementes de cebola, foi observada queda desta variável durante o estudo de
Costa et al. (2007). Resultados similares foram obtidos neste trabalho, não sendo possível a
utilização desta variável (Ca++) como teste de vigor – enquanto o aumento da quantidade de
cálcio durante o armazenamento foi observado por Fessel et al. (2006) para milho, por
Fessel et al. (2010) para sementes de soja de alto e baixo vigor e por Silva et al. (2012) em
lotes de feijão com menor qualidade fisiológica.
As quantidades de manganês e ferro (Tabela 4) dos feijões variaram durante o
experimento, não sendo mais observada a presença do primeiro íon em G2 a partir dos 180
dias de armazenamento, enquanto o ferro não foi mais quantificado em S1 na última análise
– resultados inferiores aos encontrados por Pereira et al. (2011) ao avaliar feijões crioulos
em dois anos de cultivo, que encontraram variação de ferro de 62 a 161,7 mg kg-1. Também
Mesquita et al. (2007) obtiveram maior quantidade deste íon, entre 71,37 a 126,9 mg kg-1 ao
investigarem linhagens diferentes de feijão.
Houve diminuição da quantidade de zinco (Tabela 4), até os 270 dias de
armazenamento, com pequeno aumento na última análise, quando G1 e G2 apresentaram
os maiores valores, diferindo estatisticamente de S1 e S2. Valores superiores foram
encontrados por Pereira et al. (2011) entre 32 a 68 mg kg-1, ao avaliar, em dois anos de
cultivo, sementes de feijão crioulo, enquanto Binotti et al. (2008) não verificaram a presença
dos íons manganês, ferro e zinco na água da condutividade elétrica de seu experimento
com feijão.
Até os 90 dias de armazenamento o magnésio foi encontrado em pequena
quantidade na água de embebição dos feijões (Tabela 4); porém, após este período, sua
concentração aumentou, especialmente a partir da quarta avaliação (180 dias). Entre as
sementes e os grãos foi verificada diferença estatística aos 180 dias de armazenamento,
quando os grãos lixiviaram as maiores quantidades do íon avaliado. Os valores estão em
maior quantidade do que os encontrados por Pereira et al. (2011), entre 0,89 a 2,79 mg kg-1,
ao caracterizar sementes de feijão crioulo.
Estes resultados discordam dos obtidos por Costa et al. (2008) em sementes de
ervilha submetidas a pré-hidratação, em que foi possível diferenciar lotes inferiores por este
parâmetro. Porém, Vanzolini e Nakagawa (2003), analisando o mesmo teste para sementes
de amendoim, não conseguiram diferenciar a quantidade de Mg2+ nos lotes testados,
enquanto Costa et al. (2007), estudando a relação entre a lixiviação de magnésio e o
potencial fisiológico de lotes de sementes de cebola, observaram queda desta variável
durante o estudo.
O aumento do Mg2+ no período de armazenamento, verificado neste trabalho, foi
confirmado por Fessel et al. (2006) para milho em temperaturas mais altas, por Fessel et al.
44
(2010) para soja armazenadas nas condições anteriores e por Silva et al. (2012) para
sementes de feijão de lotes com qualidade fisiológica inferior.
As quantidades de potássio (Figura 5), dos feijões apresentaram comportamento
semelhante ao longo da pesquisa, com queda até os 90 dias, seguida de discreto aumento
até os 360 dias de armazenamento, quando G1 apresentou valor de 2982,28 µg g-1. Mas, de
acordo com Custódio e Marcos Filho (1997) apud Marcos Filho (2005, p.473), a liberação do
potássio está diretamente relacionada à permeabilidade das membranas celulares.
Esta maior permeabilidade, via de regra, está relacionada com uma maior
deterioração. Kikuti et al. (2008) e Binotti al. (2008) encontraram uma relação positiva entre
a maior quantidade de K+ lixiviado com uma menor qualidade fisiológica de sementes de
amendoim e de feijão, respectivamente. O potássio foi relatado por diversos autores como o
íon mais lixiviado nas sementes (Vanzolini e Nakagawa 2003; Marcos Filho 2005; Fessel et
al. 2006; Costa et al. 2007; Costa et al. 2008; Fessel et al. 2010; Silva et al. 2012).
Fig. 5 Dados da quantidade do íon potássio das amostras de sementes e grãos, da variedade BRS Esplendor, durante os períodos de armazenamento. Cascavel, PR-2012
Os resultados foram superiores aos encontrados por Binotti et al. (2008), para a
cultivar Pérola (0,17 mg g-1) e para sementes de feijão crioulo caracterizadas por Pereira et
al. (2011) (10,92 a 20,21 mg kg-1), em dois anos de cultivo. O aumento da concentração do
íon potássio na solução de embebição do teste de condutividade elétrica, se relaciona
inversamente ao potencial germinativo e ao vigor das sementes, podendo ser utilizado para
determinação indireta e rápida de vigor (Binotti et al. 2008).
Enquanto Fessel et al. (2006) observaram que a diminuição do vigor das sementes
de milho foi diretamente proporcional à perda do potássio pela membrana danificada,
corroborando com os resultados de Vanzolini e Nakagawa (2003) para amendoim, Costa et
S1 y = 503,87x2 - 4612,1x + 12715 R² = 0,9166S2 y = 638,02x2 - 5581,6x + 13417 R² = 0,8743G1 y = 593,06x2 - 5897,5x + 17021 R² = 0,8406G2 y = 406,42x2 - 3980,6x + 11894 R² = 0,7604
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 90 180 270 360
Pot
ássi
o (µ
g g-
1 )
Período de Armazenamento (dias)
S1
S2
G1
G2
45
al. (2008) para sementes de ervilha, Fessel et al. (2010) para soja de alto e baixo vigor e
Silva et al. (2012) para feijão de baixo vigor armazenado.
Relacionando os resultados com o teste de germinação (Cassol 2012, dados não
publicados), foi observado que os feijões do campo 1 demonstraram, aos 360 dias de
armazenamento, menor potencial germinativo. Ao mesmo tempo, apresentaram maiores
quantidade de potássio lixiviado no teste de condutividade elétrica; porém, esta relação não
apresentou a mesma tendência durante o experimento, não sendo possível associar a
quantidade deste íon com a perda de vigor dos feijões. Assim, observa-se que a relação
entre a perda de qualidade de grãos e sementes armazenados com o seu comportamento
bioquímico ainda não está bem estabelecido, sendo necessária a realização de estudos
mais aprofundados nesta área.
Ao longo da pesquisa pode-se concluir que foi possível verificar que a variação dos
valores da condutividade elétrica não apresentou relação correspondente com a
quantificação dos íons investigados, indicando que este teste não foi sensível para detectar
a diminuição do vigor dos feijões, de modo que a quantidade e o comportamento dos
aminoácidos solúveis, açúcares solúveis e dos íons cálcio, manganês, ferro, zinco, potássio
e magnésio, durante o armazenamento, não permitiu a correlação destas variáveis com a
queda do vigor dos feijões.
As sementes e os grãos de feijão avaliados apresentaram modificação na
composição bioquímica, durante o armazenamento de 360 dias em condições naturais.
Porém, o comportamento das variáveis investigadas não permitiu relacioná-las com a
qualidade fisiológica e a longevidade da variedade BRS Esplendor.
Agradecimentos
Aos Laboratórios de Fisiologia Vegetal do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
(CCBS), Laboratório de Controle de Qualidade de Produtos Agrícolas (LACON) e
Laboratório de Análises de Avançadas Agroambientais (LAAA), do Centro de Ciências
Exatas e Tecnológicas (CCET).
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49
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O período de armazenamento, de 360 dias em condições ambientais não
controladas, influenciou o comportamento fisiológico e a composição bioquímica das
sementes e grãos da variedade BRS Esplendor.
A diminuição do vigor foi mais evidente nas sementes e grãos do campo 1, detectada
pelos testes de envelhecimento acelerado, frio e IVG.
O comportamento bioquímico não permitiu relacionar as variáveis com a qualidade
fisiológica e a longevidade dos feijões.
50
3 ANEXOS
3.1 ANEXO I Normas para submissão da Revista Acta Physiologiae Plantarum (ISSN: 0137-5881 Print
version; ISSN: 1861-1664 eletronic version) aplicadas na elaboração dos artigos I e II.
Acta Physiologiae Plantarum é uma revista internacional criada em 1978 que publica
artigos revisados aos pares em todos os aspectos da fisiologia da planta. Os artigos
englobam todos esses campos de pesquisa em vários níveis de organização biológica,
desde aspectos moleculares relevantes e biologia celular até a bioquímica. Sob a editorial-
chefe de Przemyslaw Wojtaszek, a revista é publicada pelo Instituto Franciszek Górski de
Fisiologia Vegetal, Ciências Acadêmicas Polonesas, Kraków, em cooperação com a
Universidade de Ciências Vivas de Warsaw (SGGW) – Departamento de Fisiologia Vegetal.
Instruções Gerais
Referências: Cite referências no texto por nome e ano entre parênteses. Alguns exemplos:
• No final da frase (Thompson 1990).
• Citado no meio do texto by Becker and Seligman (1996).
• Várias citações (Abbott 1991; Barakat et al. 1995; Kelso and Smith 1998; Medvec
et al. 1999).
A lista de referências deve incluir apenas obras que são citados no texto e que
tenham sido publicados ou aceites para publicação. Comunicações pessoais e trabalhos
inéditos só devem ser mencionadas no texto. Não use notas de rodapé ou notas de fim
como um substituto para uma lista de referência. Entradas da lista de referência deve ser
alfabetizados pelos sobrenomes do primeiro autor de cada trabalho.
Artigo Científico:
Gamelin FX, Baquet G, Berthoin S, Thevenet D, Nourry C, Nottin S, L Bosquet (2009)
Efeito do treinamento de alta intensidade intermitente sobre a variabilidade da
freqüência cardíaca em crianças pré-púberes. Eur J Appl Physiol 105:731-738.
Smith J, M Jones Jr, Houghton L et al (1999) Futuro do seguro de saúde. N Engl J Med
965:325-329
Livro:
Sul J, B Blass (2001) O futuro da genômica modernos. Blackwell, London
51
Capítulo de livro:
Brown B, Aaron M (2001) A política da natureza. Em: Smith J (ed) O aumento da
genômica modernos, EDN 3. Wiley, New York, pp 230-257
Documento on-line:
Cartwright J (2007) Grandes estrelas têm tempo também. IOP Publishing
PhysicsWeb.http://physicsweb.org/articles/news/11/6/16/1. Acessado em 26 de junho
de 2007
Dissertação:
Trent JW (1975) falha aguda experimental renal. Dissertação, Universidade da
Califórnia
Figuras e gráficos: Para melhor qualidade final do produto, é altamente
recomendado que você submeta todas as suas figuras – fotografias, gráficos, etc – em
um formato eletrônico. Sua arte será então produzida em maior padrão e qualidade. O
artigo publicado refletirá diretamente na qualidade da obra fornecida.
Os gráficos devem ser em preto e branco sem sombreamentos. Não utilize linhas
tênues e/ou rótulos e verifique se todas as linhas que estão na figura são legitimas no
tamanho final. Todas as linhas devem ter no mínimo 0.1 mm (0.3 pt) de largura. É
melhor utilizar as fontes Helvetica or Arial (fontes sans serif). Manter o tamanho das
suas fontes entre 8 e 12. A variação de tamanho dentro de uma ilustração deve ser
mínima. Por exemplo, não utilizar o tamanho 8 em um eixo e 20 em outro eixo. Evite
efeitos como sombreamento, etc e não inclua títulos ou legendas nas ilustrações.
Todas as figuras devem ser numeradas com números Arábicos, devem sempre
ser citadas no texto em ordem numérica consecutiva e figuras em partes devem ser
denotadas em letras minúsculas (a, b, c, etc).
Cada figura deve conter uma legenda de descrição concisa explicando o que a
figura retrata. Incluir as legendas no arquivo de texto do manuscrito e não no arquivo
da figura. Legendas começam com o termo Fig. em negrito, seguido do número da
figura, também em negrito. Nenhuma pontuação deve ser inclusa depois do número e
nenhuma pontuação deve ser colocada no final da legenda. Identifique todos os
elementos encontrados nas figuras.
Ao preparar suas figuras, as figuras devem caber na largura da coluna. Para a maioria
dos jornais, as figuras devem ser de 39 mm, 84 mm, 129 mm ou 174 mm de largura e
não maior que 234 mm.