Dissertacao Maria Manuela

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  • MARIA MANUELA MOTA DOS SANTOS

    GESTO DA QUALIDADE NO CONTROLE METROLGICO DOS PRODUTOS PR-MEDIDOS

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistema de Gesto pela Qualidade Total da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do Grau Mestre em Sistema de Gesto pela Qualidade Total.

    Orientadora:

    Professora Stella Regina Reis da Costa. D.Sc.

    Niteri 2006

  • MARIA MANUELA MOTA DOS SANTOS

    GESTO DA QUALIDADE NO CONTROLE METROLGICO DOS PRODUTOS

    PR-MEDIDOS

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistema de Gesto pela Qualidade Total da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do Grau Mestre em Sistema de Gesto pela Qualidade Total.

    Aprovado em de de 2006

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. Stella Regina Reis da Costa, D.Sc. Universidade Federal Fluminense UFF

    Jos Rodrigues de Farias Filho, D.Sc Universidade Federal Fluminense UFF

    Roberto Peixoto Nogueira D.Sc Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro PUC-Rio

  • Dedico este trabalho

    As pessoas que eu mais amo e que so o estmulo para tudo na minha vida:

    Meus pas Manuel e Serafina

    Minha irm Isaura

    Meus filhos Rafael e Gustavo

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Marco Nabuco, com seu estmulo, foi o responsvel pela entrada no Mestrado.

    Ao Roberto Guimares pela oportunidade e apoio em desenvolver o tema.

    A Stella Regina, mais do que orientadora, uma terapeuta, que me impulsionou e me

    fez acreditar que escreveria a Dissertao.

    As minhas parceiras de dissertao, Suzana e Luciana, com a imprescindvel e

    necessria colaborao e grande dedicao.

    Dimep, pelo apoio e colaborao recebido durante todo o perodo de elaborao

    da dissertao e principalmente a participao do Marcio e Fabiana.

    Ao Joo Francisco Neves pela grande contribuio.

    Aos amigos da RBMLQ-Inmetro que colaboraram com suas experincias: Getlio

    RS, Paulo Lopes SP, Alexandre e Srgio Brum SC.

    Ao Diniz por seu apoio e contribuio

    Aos amigos Reikianos que me ajudaram a conter a angustia e ansiedade

    E ressaltar a importncia que teve a convivncia fraterna e a cumplicidade da minha

    turma de mestrado. Ter convivido e dividido alegrias e ansiedades e ter recebido

    muito apoio de Raul, Roque, Malta, Adauto, Silvio e Marcio.

    Ao Inmetro, o qual visto a camisa.

  • RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo elaborar proposta, abordando uma nova viso,

    para o Controle Metrolgico de Produtos Pr-Medidos a ser implantado pelo

    INMETRO. O estudo contm requisitos para uma estrutura que assegure, de forma

    preventiva a conformidade da quantidade declarada nos produtos pr-medidos, e foi

    desenvolvido atravs das analises dos relatrios de fiscalizao da Rede Brasileira

    de Metrologia Legal e Qualidade - Inmetro, da coleta de dados por meio de

    pesquisas de campo, atravs de estudos bibliogrficos. e da experincia da autora

    no tema . Como resultado, prope-se um novo sistema de controle metrolgico para

    a verificao da conformidade da indicao quantitativa dos produtos pr-medidos

    na fbrica. Esse sistema proporciona o reconhecimento do processo de controle

    metrolgico de um produto, formalizado pela autorizao do uso do registro de

    controle metrolgico, atravs da edio de regulamento especfico, contendo um

    roteiro para verificao metrolgica e os critrios para a concesso deste registro.

    Conclui-se que esse novo sistema de controle metrolgico poder promover aes

    preventivas, voltadas para os processos de produo, e um ganho social e tcnico

    para o consumidor, o comerciante, o fabricante e o Inmetro.

    Palavras-chave: Produtos pr-medidos, Controle metrolgico, Metrologia legal

  • ABSTRACT

    The aim of this work is elaborate a propose, under a new point of view, for

    metrological control of prepackaged products to be implanted by Inmetro. The

    studies contain conditions for a structure that assure, in a preventive way, the

    quantitative indication's conformity, informed at prepackaged products, and was

    developed using analyses of fiscalization reports made by RBMLQ-Inmetro, data

    collection in field researches, bibliographics studies and the author's experience in

    the area. As a result, it was proposed a new system for metrological control of

    prepackaged products in factory with a purpose of verifying the quantitative

    indication's conformity. This system provides the recognition of the metrological

    control's process, formalized by an authorization for use a metrological control

    register, though the specific rule publication, which contains a route for metrological

    verification and the standards for concession of the register. It follows that this new

    system of metrological control can promove prevent actions turned for the production

    processes and a social and technical gain for consumers, merchantes, manufactures

    and Inmetro.

    Key works: Prepackaged products, metrology control, Legal Metrology

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 - Campo de autuao da Dimep 30

    Figura 02 Estrutura de elaborao de um Regulamento Tcnico

    Metrolgico 31

    Figura 03 Dados Mercosul 36

    Figura 04 Mapa da RBMLQ-Inmetro 39

    Figura 05 Estrutura do Controle Metrolgico 40

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 01 Relao de Normas Inmetro Especificas sobre

    produtos pr-medidos 32

    Quadro 02 - Grupo Mercado Comum (GMC) 37

    Quadro 03 Evoluo da Qualidade 43

    Quadro 04 - fases da pesquisa 49

    Quadro 05 - Requisitos de instrumentos de medio 71

    Quadro 06 - Itens da identificao do controle de embalagem ou

    rotulagem 72

    Quadro 07 requisitos sobre controle de processo produtivos 74

    Quadro 08 requisitos da metodologia e identificao do controle

    metrolgico. 76

    Quadro 09 - Laudo de exame quantitativo de produtos pr-

    medidos 84

    Quadro 10 - Planilha para Avaliao metrolgica 86

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 - Relatrio do Sistema de Tolerncia e Amostragem da

    RBMLQ-Inmetro 41

    Tabela 02 Resultado de 3 anos de fiscalizao pela RBMLQ-

    Inmetro 42

    Tabela 03 Lote da Portaria Inmetro n 074/1995 53

    Tabela 04 Lote da Portaria Inmetro n 96/2000 53

    Tabela 05 - Produtos coletados em 2004. 56

    Tabela 06 Total de 3 produtos coletados em 2004 57

    Tabela 07 - Resultado da Fiscalizao da RBMLQ-Inmetro 59

    Tabela 08 - Nmero de amostras verificadas pela RBMLQ-Inmetro 80

    Tabela 09 - nmero de amostras nos Estados em 2004 80

    Tabela 10 Tolerncias Individuais admissveis para massa e

    volume 82

    Tabela 11 Critrio da Mdia 82

    Tabela 12 Critrio Individual 82

  • LISTA DE SIGLAS

    ABHIPEC Associao Brasileira das Indstrias de Higiene Pessoal e

    Cosmticos

    ABIA Associao Brasileira das Indstrias Alimentcias

    ABIPLA Associao Brasileira das Indstrias de Limpeza e Afins

    APPCC Anlise de Perigos e Partes Criticas de Controle

    CAINT Coordenao Geral de Articulao Internacional

    CEP Controle Estatstico de Processo

    CGPM Conferncia Geral de Pesos e Medidas

    CIPM Comit Internacional de Pesos e Medidas

    Conmetro Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    CPE Control de Productos Envasados

    CT Comit Internacional

    DIMEL Diretoria de Metrologia Legal

    DIMEP Diviso de Mercadorias Pr-Medidas

    ECO Conferncia Mundial e Desenvolvimento para o Meio Ambiente

    GMC Grupo Mercado Comum

    Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

    INT Instituto Nacional de Tecnologia

    IPEMS Instituto de Pesos e Medidas

    ISO Internantional Organization for Standardization

    LICE Limite inferior de controle externo

    LICI Limite inferior de controle interno

    LM Linha da mdia da populao ou da amostra

    LSCE Limite superior de controle Externo

    LSCI Limite superior de controle Interno

    LTCI Limite de tolerncia de controle inferior

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento Indstria e Comrcio

  • MERCOSUL Mercado Comum do Sul

    MTIC Ministrio do Trabalho e Comrcio

    NIE Norma Inmetro Especifica

    OIML Organizao Internacional de Metrologia Legal

    R 87 Recomendao 87

    RBML Rede Nacional de Metrologia Legal

    RBMLQ-Inmetro Rede Brasileira de Metrologia Lega e Qualidade

    RCM Registro do Controle Metrolgico de Produtos Pr-Medidos

    RTM Regulamento Tcnico Metrolgico

    RVMPPF Roteiro de Verificao Metrolgica de Produtos Pr-Medidos na

    Fbrica

    SAC Servio de Atendimento ao Consumidor

    SENCAMER Servicio Autnomo Nacional de Normalizacin, Calidad,

    Metrologia y Reglamentos Tcnicos

    SGT Subgrupo de trabalho

    SI Sistema Internacional de Unidades

    Sinmetro Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    SISBATEC Sistema de Informao sobre barreiras tcnicas exportaes

    brasileiras.

    TQC Controle da Qualidade Total

    TQM Gesto da Qualidade Total

    USA Estados Unidos da Amrica

    VIM Vocabulrio Internacional de Metrologia

  • SUMRIO 1 INTRODUO 141.1 OBJETIVO GERAL 16

    1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 16

    1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA 17

    1.4 DELIMITAO DO ESTUDO 17

    1.5 ORGANIZAO DO TRABALHO 18

    2 REFERENCIAL TERICO 192.1 HISTRIA DO INMETRO 19

    2.1.1 Incio das medidas 192.1.2 Legislao metrolgica brasileira 202.1.3 Criao do Inmetro 212.2 METROLOGIA 23

    2.2.1 Metrologia legal 242.2.1.1 Metrologia Legal - Pr-Medidos 25

    2.2.2 Controle metrolgico 262.2.3 Diretoria de Metrologia Legal 272.2.4 Histria da regulamentao de pr- medidos 282.2.5 Atividade da Diviso De Mercadorias Pr-Medidas

    Dimep 292.3 ORGANIZAO INTERNACIONAL DE METROLOGIA

    LEGAL OIML 33

    2.4 MERCOSUL 35

    2.4.1 Estrutura Institucional do MERCOSUL 372.5 REDE BRASILEIRA DE METROLOGIA LEGAL E

    QUALIDADE INMETRO 38

    2.5.1 Atividade da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade no mbito dos Pr-Medidos 38

    2.6 CONTROLE ESTATSTICO DE PROCESSO CEP 42

    2.6.1 Breve Histrico 422.6.2 Conceitos Bsicos 44

  • 2.6.3 CEP e Qualidade 453 METODOLOGIA 473.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA 47

    3.2 COLETA E ANLISE DE DADOS 48

    3.3 LIMITAES DA PESQUISA 48

    3.4 FASES DA PESQUISA 49

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 524.1 PRTICA ATUAL DO CONTROLE METROLGICO 52

    4.1.1 Processo de autuao 574.1.2 Custo do processo na rede brasileira de metrologia legal

    e qualidade 584.1.3 Custo da Indstria na Participao do Processo 604.1.4 Pesquisa de campo 604.2 PRTICA PROPOSTA PARA O CONTROLE

    METROLGICO DE PR-MEDIDOS EM FBRICA 68

    4.2.1 Roteiro de verificao metrolgica 704.3 APLICAO DO ROTEIRO 78

    4.3.1 Empresa Alimentcia A 804.3.1.1 Produtos analisados 81

    5 PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO CONTROLE METROLGICO DE UMA EMPRESA PELO INMETRO 88

    5.1 OBJETIVO E CAMPO DE APLICAO 88

    5.2 TERMINOLOGIA 88

    5.3 REQUISITOS E CONDIES GERAIS 89

    5.4 DAS VERIFICAES PARA RECONHECIMENTO E

    AUTORIZAO DE USO DO REGISTRO 91

    6 CONCLUSO 936.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS 94

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS 95 ANEXOS 99

  • 14

    1 INTRODUO

    O surgimento das grandes redes de supermercados, na dcada de 70,

    marcou o incio da massificao de produtos comercializados em

    acondicionamentos prprios, nos quais a clareza da indicao da quantidade contida

    em cada produto assumia importncia primordial.

    No Brasil, a legalizao da metrologia de responsabilidade do Instituto

    Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) que, dentre

    outras atividades na rea de pesos e medidas, fiscaliza, diretamente ou atravs dos

    Institutos Estaduais de Pesos e Medidas (rgos metrolgicos), a indicao

    quantitativa de produtos pr-medidos.

    Por definio do Regulamento Tcnico Metrolgico (RTM), aprovado pela

    Portaria Inmetro n 074/1995, produto pr-medido todo aquele embalado e/ou

    mensurado sem a presena do consumidor e em condies de comercializao.

    De acordo com a Resoluo n 11/1988 do Conselho Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial (CONMETRO), todo produto pr-medido,

    acondicionado ou no, deve trazer a indicao da quantidade lquida ou da

    quantidade mnima expressa em unidades legais definidas pelo Inmetro.

    Entre os anos de 1970 e 1975, a fiscalizao dos produtos pr-medidos

    realizada pelos rgos metrolgicos era diretamente nas fbricas. O metrologista,

    fiscal metrolgico, visitava a empresa acondicionadora, apresentava-se ao gerente,

    solicitando a este o encaminhamento e acompanhamento at a linha de produo.

    Coletava o produto acabado no estoque. Solicitava um local apropriado para realizar

    o exame metrolgico, o que nem sempre era possvel encontrar na empresa

    visitada, na maioria dos casos pelas precrias condies de instalaes e

    acomodaes oferecidas pelo acondicionador, no favorecendo a instalao de

    equipamentos com resoluo que garantisse segurana realizao do exame. por

    outro lado, tanto o transporte desses equipamentos, que na maioria das vezes era

    inadequado, bem como a falta de colaborao do fiscalizado, constituam-se em

    entraves aos exames.

    Naquela modalidade de verificao, o rendimento era muito baixo, pois a

    forma de anotao dos resultados das pesagens, a forma de efetuar os clculos e os

  • 15

    equipamentos utilizados para tais fins, permitia ao metrologista fazer, no mximo,

    trs exames por dia.

    A partir de 1975, com o investimento em laboratrios prprios e a introduo

    do pr-exame nos pontos de venda, que rastreava os produtos, inibindo as coletas

    desnecessrias e imprprias, houve um salto significativo na realizao dos exames,

    uma reduo dos custos, com destaque para a melhoria nas condies de

    realizao dos exames. Investiu-se na cultura da qualidade e nas boas prticas

    laboratoriais, redundando na otimizao do uso dos laboratrios, obtendo-se

    rendimento e qualificao adequados ao servio de pr-medidos e uma proteo

    mais eficaz aos consumidores, proporcionada pelos rgos metrolgicos.

    Em 1990, com o advento do Tratado de Assuno, foi criado o MERCOSUL.

    Houve, ento, a necessidade de harmonizao dos regulamentos dos quatro pases

    (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Na rea de metrologia legal no foi diferente:

    tomando-se como base os regulamentos internacionais, principalmente as

    Recomendaes da Organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML), criou-se

    uma legislao de pr-medidos que atende aos preceitos bsicos dos quatro pases.

    A primeira etapa da harmonizao foi padronizar quantitativamente

    determinados produtos, para no haver barreiras tcnicas, e a segunda etapa foi

    elaborar a metodologia do controle metrolgico.

    O controle metrolgico adotado para os produtos pr-medidos,

    comercializados em massa e volume com quantidades nominais iguais, foi baseado

    na Recomendao 87 da OIML, que aperfeioava e modificava radicalmente a

    metodologia, pois utilizava amostras estatisticamente representativas dos lotes

    encontrados no mercado.

    No ano de transio das metodologias, o ndice de irregularidade aumentou

    significativamente porque as empresas no estavam preparadas para um controle

    estatstico que usava ferramentas do seu sistema de produo. Com a continuidade

    das verificaes, realizadas pela Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade

    (RBMLQ-inmetro) e as adaptaes da legislao s caractersticas intrnsecas de

    determinados produtos, os rgos metrolgicos e as empresas foram se adequando

    ao novo sistema e o ndice de irregularidade baixou.

    Atualmente, pode-se constatar um grande nmero de empresas que utiliza

    sistema de qualidade no controle metrolgico, visando ao atendimento a seus

    consumidores, bem como a qualificao de seus produtos no mercado.

  • 16

    Para assegurar a confiabilidade metrolgica dos produtos pr-medidos, o

    Inmetro utiliza a estrutura da RBMLQ-Inmetro para proceder fiscalizao nos

    pontos de venda ao consumidor. Nesse modelo adotado, incide-se uma srie de

    custos significativos, tanto para os rgos metrolgicos, como para a indstria.

    Percebe-se, ainda, que grande parte dos produtos fiscalizados no apresenta

    irregularidades quanto indicao quantitativa.

    Nesse modelo, a verificao metrolgica ocorre no final da cadeia, ou seja,

    nos pontos de venda ao consumidor, sendo, portanto, uma ao mais punitiva do

    que efetivamente corretiva.

    Diante desses fatos, torna-se relevante buscar meios necessrios

    implantao de novas formas de assegurar o controle metrolgico dos produtos em

    questo, com maior nfase em aes preventivas voltadas aos processos de

    produo, visando ainda reduo dos custos desse controle.

    Em face dessas consideraes, surge a seguinte questo de pesquisa:

    possvel desenvolver um mecanismo que assegure a conformidade metrolgica dos

    produtos pr-medidos antes de sua exposio para a venda ao consumidor?

    1.1 OBJETIVO GERAL

    Este trabalho objetiva elaborar requisitos para uma estrutura que assegure, de

    forma preventiva, a conformidade metrolgica de produtos pr-medidos.

    1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Para alcanar o objetivo geral deste trabalho, deve ser estruturado um

    procedimento metodolgico em torno dos seguintes objetivos especficos:

    Conhecer os princpios bsicos aplicveis metrologia legal, no que diz respeito aos produtos pr-medidos.

    Conhecer processos de produo e acondicionamento de produtos pr-medidos. Identificar e propor requisitos necessrios estruturao e implantao de um

  • 17

    sistema de controle metrolgico nas empresas produtoras.

    Realizar a implementao prtica do sistema de controle metrolgico proposto, para verificao de sua consistncia e aplicabilidade.

    Identificar e elaborar o instrumento legal para a realizao efetiva do sistema de controle metrolgico proposto.

    1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

    medida que a tecnologia progride, tornam-se necessrias a reviso, a

    elaborao ou a implantao de novas regulamentaes e metodologias, a fim de

    atender ao exigido para que o controle metrolgico dos produtos pr-medidos

    alcancem o nvel de qualidade pretendido pelo Inmetro e pelo consumidor.

    De acordo com os resultados da fiscalizao da RBMLQ-Inmetro, nos ltimos

    anos, constatou-se que mais de 60% dos produtos pr-medidos examinados em

    laboratrio no apresentaram irregularidades quanto a sua indicao quantitativa.

    So produtos de empresas que implantaram algum tipo de controle de qualidade em

    seus processos de produo.

    Nesse sentido, a evoluo do processo de controle metrolgico nas empresas

    impulsionou o Inmetro a promover melhorias internas, a fim de atingir o objetivo de

    implantar o controle metrolgico em fbrica, de forma a minimizar a incidncia da

    fiscalizao de produtos conformes no mercado.

    Diante desses fatos, justifica-se a realizao de esforos para buscar meios

    necessrios implantao dessas novas formas de assegurar o controle

    metrolgico dos produtos pr-medidos, com maior nfase em aes preventivas

    voltadas aos processos de produo.

    1.4 DELIMITAO DO ESTUDO

    Alguns elementos devem ser considerados como fatores limitantes desta

    pesquisa, como por exemplo, o fato dos estudos de fundamentao terica

  • 18

    enfatizarem a realidade histrica da legislao metrolgica do Brasil, no que diz

    respeito apenas aos produtos pr-medidos.

    Outros fatores que limitaram este trabalho foram a quantidade e a diversidade

    de empresas que participaram tanto da pesquisa de campo, que serviu para a coleta

    de informaes na indstria, como para a implementao prtica da ferramenta

    utilizada para verificar a aplicabilidade do modelo proposto.

    1.5 ORGANIZAO DO TRABALHO

    Nos captulos que seguem, sero abordados aspectos considerados

    importantes para este trabalho.

    O captulo 1 apresenta uma introduo com a definio do problema de

    pesquisa, a justificativa, os objetivos a serem alcanados com a pesquisa, bem

    como a delimitao do estudo.

    O captulo 2 descreve os fundamentos tericos e a evoluo dos aspectos

    importantes metrologia legal, no contexto dos produtos pr-medidos.

    O captulo 3 mostra a metodologia adotada nas fases da pesquisa.

    O captulo 4 apresenta a descrio dos resultados obtidos com a pesquisa,

    prope um modelo de procedimento na implantao do sistema de controle

    metrolgico na fbrica, e o registro do controle metrolgico do produto pr-medido.

    O captulo 5 evidencia a concluso, com a finalidade de garantir a

    credibilidade metrolgica nos controles quantitativos dos produtos pr-medidos.

  • 19

    2 REFERENCIAL TERICO

    Para o entendimento da necessidade da gesto da qualidade no controle

    metrolgico dos produtos pr-medidos so necessrios alguns conceitos,

    apresentados a seguir:

    2.1 HISTRIA DO INMETRO

    2.1.1 Incio das medidas

    Os padres de medida, inicialmente, baseavam-se nas propores naturais

    do corpo humano e os Hebreus foram os primeiros a se rebelarem contra essas

    medidas, devido a sua pouca preciso, mas foi no Egito que nasceram os sistemas

    de pesos e medidas (TAVARES, p. 1964).

    Na Idade Mdia, acentua-se ainda mais a diversificao dos sistemas de

    medidas no continente europeu, completamente descentralizados.

    A histria prosseguia em sua marcha e, com a expanso do comrcio

    internacional, crescia a dificuldade em lidar com inmeras unidades de medidas, em

    que eram expressas as mercadorias comercializadas entre os continentes (DIAS, p.

    1998).

    Multiplicavam-se as relaes comerciais. Era necessrio muito mais rigor e

    preciso para regular as mltiplas relaes de uma sociedade, de modo a se

    industrializar e se tornar complexa.

    Novamente, veramos um sistema de medidas e pesos se derramando

    inexoravelmente pelo mundo todo.

    Era o Sistema Mtrico Decimal, criado em Paris, s que, diferentemente da

    Antigidade, esse novo sistema que se alastrava unia, ao invs de desorganizar,

    simplificava e viabilizava milhares de trocas e mesmo avanos tcnicos e cientficos.

    Era a base slida, por onde passaria o desenvolvimento da sociedade

    industrial, no campo do desenvolvimento cientifico e do desenvolvimento do

  • 20

    mercado.

    O seu maior legado foi a possibilidade da uniformizao, em nveis mundiais,

    traduzido no Sistema Internacional da Unidades SI, a possibilidade concreta da

    extrema simplificao das relaes, na complexa sociedade industrial.

    Os antigos padres permaneciam sendo usados, extinguindo-se somente

    aps a lei de 4 de julho de 1837, que tornava obrigatria a substituio pelo Sistema

    Mtrico Decimal, a partir de 1 de Janeiro de 1840.

    Em 26 de junho de 1862, D. Pedro II promulgava a Lei Imperial 1157 e, com

    ela, adotava oficialmente o Sistema Mtrico Decimal em todo territrio nacional.

    Com a Lei, o Brasil tornar-se-ia uma das primeiras naes a adotar o novo

    sistema, que seria paulatinamente adotado em todo o mundo, favorecendo

    grandemente o processo de metrificao do nosso pas, em face das economias

    concorrentes.

    Em 1870, o Imperador Napoleo III convocou, em Paris, a reunio de uma

    comisso internacional, destinada a promover os meios de universalizar o

    Sistema.

    Em 1875, o Brasil se fez representar na Conveno do Metro, reunida na

    Frana, na qual foi aprovada a criao do Bureau Internacional des Poids et

    Mesures -BIPM, com sede em Paris, funcionando sob a direo de um Comit

    Internacional de Pesos e Medidas - CIPM, e subordinado a uma Conferncia

    Geral de Pesos e Medidas CGPM (MACHADO, 1984).

    2.1.2 Legislao metrolgica brasileira

    A instituio da legislao brasileira, atravs do Decreto-lei 592 de 1938,

    que teve alguns de seus dispositivos alterados e regulamentados pelo Decreto-lei

    4257 de 1939, outorgou ao Instituto Nacional de Tecnologia INT, a atribuio de

    rgo executor e fiscalizador das atividades metrolgicas, atravs de sua Diviso

    de Metrologia. O Decreto-lei 592 criou ainda a Comisso de Metrologia, que

    organizou o legislativo, com um volume expressivo de portarias, resolues,

    decretos e decretos-lei.

    Os dispositivos criados com a lei objetivaram, basicamente, a efetivao da

  • 21

    uniformizao das unidade de medida em territrio nacional, como forma de

    impulsionar e proteger produtores e consumidores e criar o controle estatal para

    elevar a qualidade do produto brasileiro.

    A Diviso de Metrolgica e a Comisso de Metrologia foram responsveis

    pelo movimento metrolgico brasileiro, at 1961, quando foi criado o Instituto

    Nacional de Pesos e Medidas INPM (MACHADO, 1984).

    Com a extino da Comisso de Metrologia, as atividades metrolgicas do

    INT foram encampadas pelo INPM, incluindo os equipamentos metrolgicos.

    No perodo de atividade do INPM, o Decreto-lei n 240 de 1967 formulou a

    Poltica Nacional de Metrologia e criou o Sistema Nacional de Metrologia.

    O decreto lei define que os aspectos referentes a metrologia legal seriam

    controlados pelo prprio INPM, com ampliao nacional, dando origem Rede

    Nacional de Metrologia Legal RNML (hoje Rede Brasileira de Metrologia Legal e

    Qualidade - Inmetro RBMLQ-Inmetro). J os aspectos cientficos seriam

    desenvolvidos em cooperao com instituies internacionais congneres

    (INMETRO...,2005).

    A ampliao da RNML e a modernizao legislativa traduzem as

    conquistas mais significativas do movimento brasileiro, durante o perodo de

    atuao do INPM, com a introduo, em todo o territrio nacional, do Sistema

    Internacional de Unidades SI.

    2.1.3 Criao do Inmetro

    A diversificao e a expanso dos servios do INPM, em nvel nacional,

    gerou a necessidade de ampliar os seus objetivos e funes. Ento, em 11 de

    dezembro de 1973, atravs da Lei 5966, foi extinto o INPM e criado o Sistema

    Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial Sinmetro, com a

    finalidade de formular e executar a poltica nacional de metrologia, normalizao

    industrial e certificao da qualidade de produtos industriais

    (INSTITUTO...,2005a).

    O Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

  • 22

    Conmetro, a cpula do novo sistema, com a atribuio de coordenar e

    supervisionar a poltica nacional de metrologia, normalizao e qualidade

    industrial, prevendo, no campo da metrologia, mecanismos de consultas que

    harmonizem os interesses pblicos das empresas industriais e do consumidor, na

    uniformidade das unidades de medida (DIAS, p. 1998).

    O Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

    Inmetro, criado como autarquia federal, vinculada ao Ministrio da Indstria e do

    Comrcio, com personalidade jurdica e patrimnio prprios, o rgo executor

    central do Sistema, podendo, mediante autorizao do Conmetro, credenciar

    entidades pblicas ou privadas para a execuo de atividades de sua

    competncia, exceto as de metrologia legal (DIAS,p. 1998).

    No mbito institucional, o Inmetro objetiva fortalecer as empresas

    nacionais, aumentando sua produtividade, por meio da adoo de mecanismos

    destinados melhoria da qualidade de produtos e servios.

    Sua misso promover a qualidade de vida do cidado e a competitividade

    da economia, atravs da metrologia e da qualidade, como se destacam, de

    acordo com o Inmetro (INSTITUTO...,2005a), a seguir, as competncias e

    atribuies:

    Executar as polticas nacionais de metrologia e da qualidade; Verificar a observncia das normas tcnicas e legais, no que se refere

    s unidades de medida, mtodos de medio, medidas materializadas,

    instrumentos de medio e produtos pr-medidos;

    Manter e conservar os padres das unidades de medida, assim como implantar e manter a cadeia de rastreabilidade dos padres das

    unidades de medida no Pas, de forma a torn-las harmnicas

    internamente e compatveis no plano internacional, visando, no nvel

    primrio, a sua aceitao universal e, em nvel secundrio, a sua

    utilizao como suporte ao setor produtivo, com vistas qualidade de

    bens e servios;

    Fortalecer a participao do Pas nas atividades internacionais, relacionadas com metrologia e qualidade, alm de promover o

    intercmbio com entidades e organismos estrangeiros e internacionais;

  • 23

    Prestar suporte tcnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial Conmetro, bem

    assim aos seus comits de assessoramento, atuando como sua

    Secretaria Executiva;

    Fomentar a utilizao da tcnica de gesto da qualidade nas empresas brasileiras;

    Planejar e executar as atividades de acreditao (credenciamento) de laboratrios de calibrao e de ensaios, de provedores de ensaios de

    proficincia de certificao, de inspeo, de treinamento e de outros,

    necessrios ao desenvolvimento da infra-estrutura de servios

    tecnolgicos no Pas; e

    Coordenar, no mbito do Sinmetro, a certificao compulsria e voluntria de produtos, de processos, de servios e a certificao

    voluntria de pessoal.

    2.2 METROLOGIA

    Existe um consenso internacional sobre o entendimento de metrologia, j

    que a denominao integrou o vocabulrio internacional de Termos Fundamentais

    e Gerais de Metrologia, conhecido como Vocabulrio Internacional de Metrologia

    (VIM) que assim a define: Metrologia: cincia da medio que abrange todos os

    aspectos tericos e prticos relativos s medies, qualquer que seja o grau de

    incerteza, em qualquer campo da cincia ou da tecnologia (VOCABULRIO...,

    1995).

    Sua aplicao d suporte qualidade em processos e produtos

    manufaturados. Ela tem papel chave na adoo de avanos tecnolgicos e

    cientficos, no projeto de eficiente fabricao de produtos que atendam s

    necessidades do mercado e na deteco e preveno de no-conformidades. Ela

    fornece suporte fundamental em testes de segurana e sade, no monitoramento

    de condies ambientais, no processo de produo de alimentos e na eqitativa

    execuo de leis. Ela tambm fornece a base para negociao justa, dentro de

  • 24

    uma economia domstica, e para o comrcio internacional no mercado global

    (ORGANIZAO..., 2004b).

    Pela relevncia econmica que lhe atribuda, identificam-na como

    cincia da competitividade, tendo at mesmo sido denominada cincia da

    diplomacia pelo fato de toda e qualquer resoluo metrolgica emanada do

    Comit Internacional de Pesos e Medidas resultar de acordo diplomtico entre

    pases, por ocasio das Conferncias Gerais de Pesos e Medidas, frum

    soberano da metrologia de mais alta exatido.

    Pela relevncia no desenvolvimento da competitividade industrial, ainda

    conceituada como a base tcnica para a qualidade, tendo cunhado ttulos

    tcnico- cientficos como Metrologia: a fora oculta da qualidade (FROTA, 1995).

    A metrologia tornou-se uma grande ferramenta para conciliar a indstria aos

    exigentes mercados nacionais e internacionais.

    2.2.1 Metrologia legal

    A Organizao Internacional de Metrologia Legal OIML descreve o termo

    Metrologia Legal como: Parte da metrologia que trata das unidades de medida, mtodos de medio e instrumentos de medio em relao s exigncias tcnicas e legais obrigatrias, as quais tm o objetivo de assegurar uma garantia pblica do ponto de vista da segurana e da exatido das medies. Metrologia Legal aplica-se a partes em negociao, porm, tambm se aplica a proteo de indivduos e da sociedade como um todo (ORGANIZAO..., 2004b).

    Metrologia Legal geralmente inclui dispositivos relacionados unidades de

    medidas, resultados de medio (ex.: pr-medidos) e ao instrumento de

    medio.

    A compra e venda de mercadorias ou servios incluem a pesagem ou

    medio de produtos, bem como produtos pr-medidos com um peso, nmero ou

    quantidade de declarao de volume e medio de servios. Enquanto essas

    funes so de naturezas distintas, uma caracterstica comum que a

    conformidade com a lei depende de resultados de medio. Por essa razo, o

  • 25

    processo de medio da direta preocupao do governo. Fornecer as leis e

    regulamentos, controlar medies atravs de superviso do mercado e

    desenvolver e manter a infra-estrutura que possa dar suporte acurcia dessas

    medies essencial no preenchimento do papel do governo (ORGANIZAO...,

    2004b).

    No Brasil as atividade da Metrologia Legal so do Inmetro, que tambm

    colabora para uniformidade da sua aplicao no mundo, pela sua ativa

    participao no Mercosul e na OIML" (INSTITUTO..., 2005a).

    2.2.1.1 Metrologia Legal - Pr-Medidos

    A partir dos anos 70, foram sendo consolidados, no pas, grandes

    comrcios, chamados supermercados, que comercializavam mercadorias

    embaladas, com a quantidade pr-determinada e declarada nas suas embalagens

    ou rtulos.

    Essa tendncia cresceu, no sentido de minimizar a quantificao na

    presena do consumidor, alm de ser mais prtica e higinica.

    Esse crescimento objetivou o estudo e a definio dos produtos pr-

    medidos:

    Todo o produto embalado e medido sem a presena do consumidor e em

    condies de comercializao.

    Essa definio est no item 2 da Portaria Inmetro n 157 de 19 de agosto

    de 2002, que estabelece a forma de expressar a indicao quantitativa do

    contedo lquido dos produtos pr-medidos.

    O Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

    Conmetro, atravs da Resoluo n 11 de 12 de outubro de 1988, aprovou o

    regulamento metrolgico que, no capitulo V do item 14, estabelece:

    As mercadorias pr-medidas acondicionadas ou no, sem a presena do comprador, devero trazer, de modo bem visvel e inequvoco, a indicao da quantidade lquida ou da quantidade mnima expressa em unidades legais, ou nos casos definidos pelo Inmetro, o nmero de unidades contidos no acondicionamento.(CONSELHO..., 1988)

  • 26

    Nenhuma mercadoria pr-medida pode ser comercializada sem a indicao

    do contedo lquido nominal acompanhada da unidade de medida no seu rtulo

    ou embalagem.

    2.2.2 Controle metrolgico

    A execuo do controle metrolgico, em todo o territrio brasileiro,

    delegada aos rgos estaduais ou municipais (IPEMs), agncias regionais,

    superintendncias e coordenadorias do Inmetro, que compem a Rede Brasileira

    de Metrologia Legal e Qualidade RBMLQ Inmetro (atualmente formada por 26

    rgos metrolgicos).

    O Controle metrolgico designa as verificaes compulsrias, efetuadas

    pelo Estado, sobre instrumentos de medio e pr-medidos.

    O objetivo fundamental estabelecido legalmente no campo econmico

    proteger o consumidor, na condio de comprador e usurio de produtos e

    servios medidos, e o vendedor, na condio de fornecedor desses produtos e

    servios.

    Portanto, tarefa do controle metrolgico estabelecer adequadas

    transparncias e confiana entre as partes, com base em ensaios imparciais

    (MENEZES, 2004).

    No campo legal, o programa de expanso do controle metrolgico vem

    abrindo novas percepes sobre seu significado social. A Organizao

    Internacional de Metrologia Legal OIML continua recomendando ateno na

    evoluo das prticas comerciais, mas investe no controle metrolgico dos

    instrumentos de medio, para as reas de sade, segurana em ambiente de

    trabalho e proteo ao meio ambiente.

    possvel medir o quanto a metrologia pode dar de retorno financeiro a um

    processo produtivo. Contudo, deve-se procurar a relao custo/benefcio, ao se

    implantar um controle metrolgico. So custos e benefcios difceis de apurar, pois

    esto envolvidos custos e benefcios diretos e indiretos. Os custos diretos so

    facilmente identificveis, j os custos indiretos so mais difceis de apurar, pois

  • 27

    no so passveis de fcil identificao. Como medir financeiramente a confiana

    gerada no consumidor pela entrega de produtos mais confiveis? A deciso de se

    implantar um controle metrolgico est muito condicionada ao ambiente em que a

    organizao opera.

    bom considerar que a implantao de um controle metrolgico tem sido

    uma questo de sobrevivncia de uma organizao, visto um ambiente cada vez

    mais exigente (PRADO FILHO, 2003).

    Deve ser considerada, ainda, na implantao de um controle metrolgico, a

    metrologia que abrange outros aspectos e condies, que interferem nos

    resultados obtidos quando se ensaia um produto e, portanto, na sua aceitao.

    Cada medio sempre tem associada uma incerteza, da prpria calibrao

    dos instrumentos utilizados na medio e, por conseqncia, do padro utilizado

    nesse processo de calibrao.

    S possvel ter certeza que se mediu um valor real quando o instrumento

    utilizado for calibrado por padres confiveis, e o mtodo de medio

    devidamente calibrado para poder assegurar o valor real do produto pesado.

    Percebe-se, assim, que os aspectos metrolgicos podem se constituir em

    entraves ao acesso a determinados mercados (BRASIL, 2002).

    2.2.3 Diretoria de Metrologia Legal

    A Diretoria de Metrologia Legal DIMEL a unidade organizacional do

    Inmetro qual compete orientar, planejar, dirigir, coordenar, controlar e promover

    a execuo de atividades ou, no mbito da metrologia legal, propor projetos de

    regulamentos tcnicos e especificamente: I. Propor programas de formao e aperfeioamento de recursos

    humanos em metrologia legal; II. Especificar os requisitos que os modelos de medidas materializadas

    e instrumentos de medio devero preencher, examinado-os, definindo-os e aprovando-os;

    III. Enunciar os requisitos e especificaes que os produtos pr-medidos devero satisfazer;

    IV. Aprovar e supervisionar a programao das atividades a serem desenvolvidas por rgos executores das atividades operacionais de metrologia;

    V. Estabelecer as especificaes de equipamentos, padres e

  • 28

    instalaes a serem utilizados pelos rgos executores das atividades operacionais de metrologia; e

    VI. Participar dos foros internacionais e regionais relacionados s atividades de metrologia legal. (INSTITUTO..., 2003a)

    No desempenho de sua misso institucional, a a dispe da Diviso de

    Mercadorias Pr-Medidas, qual compete executar as atividades de

    regulamentao, anlise e controle de produtos pr-medidos e especialmente:

    I - Participar dos programas de elaborao de regulamentos, normas e procedimentos de verificao de produtos pr-medidos;

    II - Participar dos programas de treinamento de recursos humanos na rea de produtos pr-medidos;

    III - Especificar os padres, equipamentos e instalaes necessrios ao controle de produtos pr-medidos;

    IV - Estudar e propor a apresentao de indicao quantitativa nas embalagens de produtos pr-medidos;

    V - Pesquisar, elaborar e propor a adoo de mtodos de controle dos produtos pr-medidos;

    VI - Colaborar nas auditorias dos servios delegados no campo dos produtos pr-medidos; e

    VII - Emitir pareceres e relatrios tcnicos no campo dos produtos pr-medidos. (INSTITUTO..., 2003a)

    2.2.4 Histria da regulamentao de pr- medidos

    A regulamentao do Decretolei n 592 de 1938 estabelecia, entre outras

    coisas, que o Ministrio do Trabalho e Comrcio/MTIC, em acordo com o INT,

    determinaria as condies para a definio de fraude, fixando tipos de tolerncias

    e erros de mensurao segundo o grau do desenvolvimento do aparelhamento

    metrolgico na regio e os padres para indicao externa da quantidade

    contida em invlucros lacrados de qualquer mercadoria (DIAS, 1998).

    A primeira portaria destinada proteo do consumidor foi a de n 51, de 6

    de dezembro de 1951, estabelecendo a data de 1 de julho de 1952 para a

    entrada em vigor do art. 39 do decreto n 4257, que obrigava a indicao da

    quantidade de produto comercializado em embalagem lacrada (DIAS, 1998). As

    medidas mtricas eram exigidas nas embalagens mas toleradas a utilizao das

    medidas prticas como colher, xcara etc.

  • 29

    No ano de 1971, foram elaboradas pelo INPM (Instituto Nacional de Pesos

    e Medidas) normas, discriminando os produtos e o modo de comercializao de

    produtos acondicionados.

    As transaes comerciais foram acompanhadas pelas primeiras medidas

    legais para defesa do consumidor, como a padronizao de embalagens.

    A criao de 39 portarias tcnicas, editadas em 1962 e 1973, j revelava

    uma crescente preocupao com a regulamentao de produtos e embalagens

    empregados pelo comrcio. Nesse perodo, 15% das portarias fixavam normas

    para o contedo dos produtos e 26% tratavam de normas para embalagens e

    apresentao aos consumidores, como proibio de carimbos em rtulos ou

    envoltrios, para evitar fraudes na quantidade, e a padronizao da quantidade

    para a venda dos cereais e outros gros alimentcios.

    A atividade de verificao de mercadorias pr-medidas sofreu rpida

    expanso, com a consolidao do supermercado como principal instrumento de

    comercializao de gneros no varejo (DIAS, 1998).

    A globalizao do comrcio tornou os produtos pr-medidos

    abundantemente disponveis em todo o lugar. O vinho australiano engarrafado

    para a venda na Frana, o vinho francs engarrafado para a venda na Austrlia,

    as sardinhas portuguesas enlatadas para a venda nos Estados Unidos da

    Amrica (USA), os condimentos rabes caros e o ch indiano embalados para a

    venda na Europa, o arroz de thai ensacado para a venda na China. O controle

    metrolgico compulsrio das mquinas automticas de pr-medidos introduziu

    uma nova dimenso avaliao de conformidade da metrologia legal. (KNUST,

    1998)

    2.2.5 Atividade da Diviso De Mercadorias Pr-Medidas Dimep

    A Dimep desenvolve estudos sobre diversos produtos, a fim de emitir

    Regulamento Tcnico Metrolgico, cuja necessidade de elaborao pode ser

    emanada dos parceiros, conforme Figuras 1 e 2.

  • 30

    Figura 01 - Campo de autuao da Dimep Fonte: Figura retirada da palestra ministrada por Roberto Guimares no Inmetro

    RBMLQ-Inmetro RGOS DELEGADOS

    CONSUMIDOR

    DIMEP

    MINISTRIO DA SADE, DA

    AGRICULTURA E OUTROS

    OIML

    MERCOSUL INDSTRIAS

  • 31

    Figura 2 Estrutura de elaborao de um Regulamento Tcnico Metrolgico Fonte: Figura retirada da palestra ministrada por Roberto Guimares no Inmetro

    Paralelamente aos estudos dos Regulamentos Tcnicos Metrolgicos, so

    desenvolvidas metodologias de ensaios, que so transformadas em Normas

    Inmetro, especficas, conforme Quadro 01.

  • 32

    Documentos Normas n

    Ttulo

    NIE DIMEL -022 Determinao de massa especifica de bebidas gaseificadas pr-medidas de contedo nominal igual.

    NIE DIMEL -023 Pr-exame de produtos comercializados em unidade de massaou volume de contedo nominal igual.

    NIE DIMEL -024 Coleta de produtos pr-medidos para exame de verificao quantitativa.

    NIE DIMEL -025 Verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos comercializados em unidade de massa e contedo nominal igual.

    NIE DIMEL -026 Verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos comercializados em unidade de volume e contedo nominaligual.

    NIE DIMEL -038 Determinao por processo indireto do contedo efetivo deproduto, cuja indicao quantitativa seja efetuada em nmero deunidades.

    NIE DIMEL - 039 Determinao de massa especifica utilizando o picnmetro.

    NIE DIMEL -040 Verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos comercializados em nmero de unidades e contedo nominaligual.

    NIE DIMEL -041 Verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos comercializados em unidade de comprimento e contedonominal igual.

    NIE DIMEL -042 Verificao metrolgica dos produtos sabo e sabonete embarra. NIE-DIMEL - 068 Destino Final de Produtos Pr-Medidos.

    NIE-DIMEL 069 Determinao de massa e do peso da embalagem, do produtotinta para impressora acondicionada em cartucho. NIE-DIMEL -070 Determinao do peso das embalagens do produto bala.

    NIE DIMEL -071 Procedimento para Apreenso, Interdio e Desinterdio deProdutos Pr-Medidos. Quadro 01 Relao de Normas Inmetro Especificas sobre produtos pr-medidos Fonte: Inmetro Dimep)

    Quando os RTM e NIE so aprovados e publicados no Dirio Oficial, so

    realizados encontros tcnicos com todos os representantes da Rede Brasileira de

    Metrologia Legal e Qualidade Inmetro, para treinamento e orientao dos novos

    procedimentos de ensaios e verificaes, como tambm so realizadas palestras,

    orientando a indstria quanto s novas exigncias metrolgicas.

    Na elaborao de RTM, alm das recomendaes da OIML, so

    consideradas tambm as normas tcnicas, que adotaram normas internacionais,

    por serem importantes instrumentos de eliminao de Barreiras Tcnicas.

    Um regulamento tcnico um documento que estabelece requisitos

    tcnicos aplicveis a um produto. Esses requisitos tcnicos podem incluir o

  • 33

    estabelecimento de regras aplicveis no s ao produto, mas tambm aos seus

    processos ou mtodos de produo, ou ainda, regras para a demonstrao da

    conformidade dos produtos ao regulamento, a terminologia aplicvel e regras para

    embalagens, marcao ou etiquetagem (MDIC 2002).

    2.3 ORGANIZAO INTERNACIONAL DE METROLOGIA LEGAL OIML

    A organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML) uma organizao

    de acordo intergovernamental, composta de estados-membros, os quais fazem

    parte da conveno e participam ativamente em atividades tcnicas, com direito a

    voto, nos comits para aprovao das Recomendaes e de membros

    correspondentes, pases que participam das conferncias, como observadores, e

    tem simplesmente voz consultiva. A OIML possui, como estados-membros, 60

    pases e como membros correspondentes 43 pases.

    Os estados-membros recebem as correspondncias, expressam seus

    pontos de vista nos projetos elaborados e participam das reunies dos grupos de

    trabalho e das conferncias e comits ,com direito a voto.

    Os membros correspondentes so informados dos projetos apenas na sua

    fase final, quando os documentos esto em fase de aprovao.

    A OIML foi criada em 1955, a fim de promover a harmonizao global dos

    regulamentos e controles metrolgicos aplicados pelos servios nacionais de

    metrologia, ou pelos rgos relacionados, de seus Estados-Membros.

    A organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML) emite

    Recomendaes Internacionais (OIML R), que so regulamentos-modelo, que

    estabelecem as caractersticas metrolgicas exigidas de certos instrumentos de

    medio e que especificam mtodos e equipamentos para checar suas

    conformidades. Os estados-membros da OIML devero implementar essas

    Recomendaes, inclusive o Brasil, como estado-membro (ORGANIZAO...,

    2004a).

  • 34

    Essas recomendaes so sancionadas pela Conferncia Internacional de

    Metrologia Legal (OIML), realizada a cada 4 anos, aps exaustivo trabalho de

    consulta aos estados-membros e s demais instituies internacionais envolvidas.

    A metodologia adotada em nveis internacionais compreende as seguintes

    etapas:

    Primeiro, criado um comit internacional de metrologia legal, composto

    de representantes da indstria, de consumidores e de membros da OIML. A partir

    da, elabora-se a minuta de Recomendao/Documento a ser avalizada pelo

    comit que julga e encaminha consulta pblica. Nessa etapa, os estados-

    membros se manifestam atravs de criticas, sugestes e opinies. O CT (Comit

    Internacional) harmoniza as possveis sugestes e encaminha OIML, para

    sano na Conferncia Internacional de Metrologia Legal. Aps a sano, so

    realizados seminrios e encontros tcnicos para divulgar a nova Recomendao

    (ORGANIZAO..., 2004a).

    Atualmente, a OIML tem, aprovadas, 136 Recomendaes, nos vrios

    campos da metrologia, das quais 2 regulamentam no mbito dos produtos pr-

    medidos: OIML R79 REQUISITOS PARA A ROTULAGEM DE PRODUTOS PR-

    MEDIDOS

    Essa recomendao estabelece os requisitos relativos rotulagem dos produtos

    pr-medidos com contedo declarado constante.

    OIML R 87 QUANTIDADE DE PRODUTOS EM PR-MEDIDOS

    Essa Recomendao especifica os requisitos de Metrologia Legal para produtos

    pr-medidos (tambm chamados de mercadorias pr-medidas), rotulados com

    quantidades nominais constantes, pr-determinadas pelo peso, volume, dimenso

    linear, rea, ou nmero de unidades; e planos de amostragem e procedimentos

    para uso, por fiscais de metrologia legal, na verificao da quantidade de produto

    em pr-medidos.

  • 35

    2.4 MERCOSUL

    A Repblica Argentina, a Repblica Federativa do Brasil, a Repblica do

    Paraguai e a Repblica Oriental do Uruguai assinaram, em 26 de maro de 1991,

    o Tratado de Assuno, criando o Mercado Comum do Sul, MERCOSUL, que

    constitui o projeto internacional mais relevante, com o qual esto comprometidos

    esses pases.

    Os quatros Estados-Partes do MERCOSUL compartilham uma comunho

    de valores, que encontra expresso nas sociedades democrticas, pluralistas,

    defensoras das liberdades fundamentais, dos direitos humanos, da proteo do

    meio ambiente e do desenvolvimento sustentvel, incluindo seu compromisso

    com a consolidao da democracia, a segurana jurdica, o combate pobreza e

    o desenvolvimento econmico e social com eqidade.

    Com essa base fundamental de concordncia, os scios buscaram a

    ampliao das dimenses dos respectivos mercados nacionais, atravs da

    integrao, a qual constitui uma condio fundamental para acelerar seus

    processos de desenvolvimento econmico, com justia social.

    Assim, o objetivo primordial do Tratado de Assuno a integrao dos

    quatros Estados-Partes, por meio da livre circulao de bens, servios e fatores

    produtivos, do estabelecimento de uma tarifa externa comum, da adoo de uma

    poltica comercial comum, da coordenao de polticas macroeconmicas e

    setoriais e da harmonizao de legislaes nas rea pertinentes, para alcanar o

    fortalecimento do processo de integrao (CAINT 2004)

    Os produtos pr-medidos circularo no bloco Mercosul, Figura 03, com as

    mesmas exigncias metrolgicas.

  • 36

    Figura 03 Dados Mercosul Fonte: Inmetro/ CAINT (2004)

  • 37

    2.4.1 Estrutura Institucional do MERCOSUL

    Na estrutura institucional no Mercosul, o Grupo Mercado Comum est

    constitudo de 15 subgrupos e outros comits, conforme mostrado no Quadro 02. No SGT-3 - Regulamentos Tcnicos e Avaliao da Conformidade, est

    includa a comisso de Metrologia Legal Pr-Medidos, cujo objetivo a

    harmonizao de todas as assimetrias das legislaes referentes a esse tipo de

    produto, para que possa haver um comrcio comum, sem barreiras tcnicas ou

    concorrncia desleal, entres as indstrias dos quatros pases, assegurando-se

    tambm a proteo ao consumidor (INSTITUTO..., 1993). Subgrupo de Trabalho n 1 Comunicaes (SGT n 1) Subgrupo de Trabalho n 2 Aspectos Institucionais (SGT n 2) Subgrupo de Trabalho n 3 Regulamentos Tcnicos e Avaliao da

    Conformidade (SGT n 3)

    Subgrupo de Trabalho n 4 Assuntos Financeiros (SGT n4) Subgrupo de Trabalho n 5 Transporte (SGT n 5) Subgrupo de Trabalho n 6 Meio Ambiente (SGT n 6) Subgrupo de Trabalho n 7 Indstria (SGT n 7) Subgrupo de Trabalho n 8 Agricultura (SGT n 8) Subgrupo de Trabalho n 9 Energia (SGT n 9) Subgrupo de Trabalho n 10 Relaes Laborais, Empregos e Seguridade Social

    (SGT n 10)

    Subgrupo de Trabalho n 11 Sade (SGT n 11) Subgrupo de Trabalho n 12 Investimentos (SGT n 12) Subgrupo de Trabalho n 13 Comrcio Eletrnico (SGT n 13) Subgrupo de Trabalho n 14 Acompanhamento da Conjuntura Econmica e

    Comercial (SGT n 14)

    Subgrupo de Trabalho n 15 Minerao (SGT n 15) Quadro 02 - Grupo Mercado Comum (GMC) Fonte: MERCADO... (2005)

  • 38

    2.5 REDE BRASILEIRA DE METROLOGIA LEGAL E QUALIDADE INMETRO

    Motivado pela grande extenso territorial, o Inmetro optou por um modelo

    descentralizado, delegando a execuo do controle metrolgico aos rgos

    Metrolgicos Estaduais conhecidos por IPEMs, Institutos de Pesos e Medidas,

    que fazem parte da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade.

    A Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade o brao executivo da

    Diretoria de Metrologia Legal em todo o territrio brasileiro, executando as

    verificaes e inspees relativas aos instrumentos de medio e s medidas

    materializadas regulamentadas, alm do controle da exatido das indicaes

    quantitativas dos produtos pr-medidos, de acordo com a legislao em vigor.

    A Rede composta por 26 rgos metrolgicos regionais, sendo 23 da

    estrutura dos governos estaduais, 1 da esfera municipal e 2 administrados pelo

    prprio Inmetro. Essa estrutura vem garantindo a execuo das atividades em

    todos os pontos do territrio nacional (INSTITUTO..., 2003a).

    2.5.1 Atividade da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade no mbito dos Pr-Medidos

    Dimep compete especificar os padres, equipamentos e instalaes

    necessrios ao controle metrolgico dos produtos pr-medidos, que so

    verificados conforme Regulamento Tcnico Metrolgico pelos rgos delegados

    atravs dos 63 laboratrios de pr-medidos, em todo o territrio nacional,

    conforme Figura 04.

  • 39

    Figura 04 Mapa da RBMLQ-Inmetro Fonte: Inmetro/Dimep 2005

    O Controle Metrolgico realizado atravs da fiscalizao, que pode ser

    efetuada na fbrica, no depsito ou no mercado (ponto de venda), seguindo a

    orientao dos Regulamentos Tcnicos Metrolgicos RTM, conforme mostra a

    Figura 05.

  • 40

    Figura 05 Estrutura do Controle Metrolgico Fonte: Palestra ministrada por tcnicos da Dimep a RBMLQ-Inmetro (2004)

    No mercado ou ponto de venda, faz-se o pr-exame, que consiste na

    pesagem de 5 unidades de cada produto exposto, comercializado em unidade de

    massa ou volume, de contedo nominal igual, calculando-se a mdia e

    comparando-se com a indicao declarada, descontando-se o peso estimado da

    embalagem, conforme NIE-DIMEL n 23, com vistas identificao daqueles que

    apresentam maior probabilidade de erro quantitativo, para coleta e posterior

    exame, conforme legislao metrolgica especfica.

    Mensalmente, a Dimep elabora um relatrio com o resultado de todos os

    exames realizados pela RBMLQ-Inmetro, com divulgao anual.

    A Tabela 01 mostra o resultado de pr-exames realizados nos ltimos 4

    anos e tambm a quantidade de produtos que foram coletados para exame final,

    no mercado, com probabilidade de erro quantitativo.

  • 41

    Tabela 01 - Relatrio do Sistema de Tolerncia e Amostragem da RBMLQ-Inmetro

    Cesta Bsica 2002 2003 2004 2005

    Produtos Pr - Exames Exames

    Finais Pr -

    ExamesExame Finais

    Pr -Exames

    Exames Finais

    Pr- Exames

    Exames Finais

    Acar 35.384 1.669 27.621 1.390 25.605 1.178 30.816 1.266 Arroz 74.512 2.726 68.113 2.577 62.608 2.226 77.482 2.334 Biscoitos 82.644 4.082 77.418 3.203 69.835 2.535 79.793 3.066 Caf 45.551 1.298 38.775 1.170 32.241 833 42.486 1.067 Farinha 33.724 1.024 33.717 1.149 30.348 945 38.856 1.020 Feijo 52.067 2.820 48.951 2.360 42.143 1.821 47.806 1.865 GLP 1.478 2.447 801 1.412 720 930 809 764 Leite 23.238 723 17.985 712 15.921 547 19.098 542 Macarro 61.380 1.949 54.889 1.455 46.239 1.114 59.940 1.165 Manteiga/Margarina 19.866 277 10.736 208 10.201 216 17.019 302 leo de Soja 7.782 348 6.084 364 4.356 284 5.962 295 Po Francs 11.315 10.139 9.886 12.202 10.158 13.359 7.240 14.557 Sal 20.078 685 16.968 608 13.480 352 16.495 342 Subtotal 469.119 30.187 411.944 28.810 363.855 26.340 443.802 28.585

    Outros Produtos 2002 2003 2004 2005

    Produtos Pr - Exames Exames

    Finais Pr -

    ExamesExame Finais

    Pr -Exames

    Exames Finais

    Pr- Exames

    Exames Finais

    Azeite/ leos Comestveis 6.122 584 5.643 547 4.838 394 5.800 492

    Bebidas em Geral 27.000 2.846 31.681 2.569 30.077 2.472 27.392 2.489 Carnes e Derivados 55.070 4.285 47.031 3.950 37.182 3.249 30.535 2.899 Cereais e Gros Alimentcios 69.442 1.596 57.033 1.397 49.890 1.286 50.601 1.189

    Condimentos e Temperos 40.697 2.249 40.084 2.013 37.822 2.131 37.263 1.804

    Demais Produtos 160.799 13.112 158.740 13.853 138.374 14.078 203.973 18.155 Doces /Sorvetes e Similares 65.835 4.407 59.200 3.807 53.638 4.044 50.400 3.257

    Frios Div. Em Supermercados 41.746 932 24.307 883 18.872 657 17.138 626

    Materiais de Construo 10.582 663 5.635 452 5.492 323 10.152 589

    Pes e Bolos 40.658 1.303 30.537 1.466 40.786 1.641 29.756 1.914 Pescados e derivados 14.452 670 8.454 715 6.546 606 8.262 785

    Prod. Cermicos 720 289 356 522 112 151 497 462 Prod. de Higiene Pessoal 13.414 3.485 12.621 3.098 15.192 2.988 13.507 3.009

    Produtos de Limpeza 23.642 3.156 25.694 3.049 24.471 2.494 27.442 3.050

    Produtos Farmacuticos 779 515 1.419 410 1.314 415 803 471

    Produtos Txteis 1.938 152 643 123 415 224 258 195 Queijos e Derivados 32.254 1.403 24.816 1.498 21.169 1.322 18.617 1.438

    Sabes e Sabonete 9.089 689 7.915 658 6.239 530 7.110 267 Subtotal 614.239 42.336 542 41.010 492.429 39.005 539.506 43.091 Total 1.083.358 72.523 953.753 69.820 856.284 65.345 983.308 71.676 Fonte: Dimep-Inmetro (2006)

  • 42

    Todos os produtos comercializados em massa ou volume, com contedo

    nominal igual, que so identificados no pr-exame, com probabilidade de erro

    quantitativo superior ao tolerado, so coletados de acordo com as Portarias do

    Inmetro n 074, de 25 de maio de 1995 (que aprova o Regulamento Tcnico

    Metrolgico que estabelece os critrios para a verificao do contedo lquido de

    produtos pr-medidos com contedo nominal igual, e comercializados nas

    grandezas de massa e volume) e n 96, de 07 de abril de 2000 (que aprova o

    Regulamento Tcnico Metrolgico, estabelecendo critrios sobre o controle de

    produtos pr-medidos, comercializados em unidade de massa e volume, de

    contedo nominal igual de lotes de 5 a 49 unidades, no ponto de venda) e levado

    para o laboratrio do rgo delegado para serem agendados os seus exames.

    Na Tabela 02 temos a relao entre os produtos verificados no pr-exame

    e os que so levados para exame final. No exemplo do ano de 2004, dos 856.284

    produtos verificados no mercado, 65.345 eram lotes suspeitos de no

    conformidade, mas somente 20.378 foram reprovados ou seja 31,19%.

    Tabela 02 Resultado de 3 anos de fiscalizao pela RBMLQ-Inmetro

    Ano Pr - Exame Exame Final Reprovados

    Reprovados no exame final

    (%) 2002 1.083.358 72.523 26121 36,02 2003 953.753 69.820 25347 36,30 2004 856.284 65.345 20378 31,19

    Fonte: Relatrios da RBMLQ encaminhados a Dimep (2005)

    2.6 CONTROLE ESTATSTICO DE PROCESSO CEP

    2.6.1 Breve Histrico

    Avaliar os resultados das aes, com o objetivo de verificar se esses

    resultados esto em conformidade com as expectativas, faz parte da natureza do

    homem. Assim, no sentido lato, pode-se dizer que o controle da qualidade

  • 43

    remonta aos primrdios da civilizao humana.

    A perfeio das obras remanescentes das civilizaes grega, romana,

    egpcia, chinesa, e outras, sob a forma de templos, termas, pirmides, muralhas,

    etc., corrobora essa assertiva e nos permite assegurar que alguma forma de

    controle devia ser por eles empregada. Entretanto, a aplicao de conceitos e

    ferramentas estatsticos no controle da qualidade, inicialmente sob a forma de

    inspees e posteriormente sob a forma de controle de processo, relativamente

    recente na nossa histria. O quadro 03 mostra, de forma muito resumida, os

    passos da qualidade e, consequentemente, do controle da qualidade nos anos

    mais recentes (BANKS, 1989).

    Sculo XX At 1920 O foco da qualidade esteve orientado para o produto acabado; iniciam-se os processos de

    inspeo de produtos acabados, sem ferramentas estatsticas de apoio. Dcada de 20 Incio do desenvolvimento de tcnicas e ferramentas estatsticas para o controle dos produtos (inspeo); criao, em 1924, do Inspection Engineering Departament of Western Electrics Bell Telephone Laboratories. A primeira carta de controle da qual se tem registro foi desenvolvida por Shewhart em 1924 e ficou conhecida como Carta de Controle de Shewhart. Dcada de 30 Reconhecimento, nos meios acadmicos e cientficos, da importncia das tcnicas e das ferramentas estatsticas desenvolvidas para o controle da qualidade (inspeo); Dcada de 40 Consolidao do uso (aplicao prtica nas inspees) das tcnicas e das ferramentas estatsticas para o controle da qualidade; Dcada de 50 O foco da qualidade se orienta para o processo; Desenvolvimento dos conceitos e das ferramentas estatsticas relativas a Controle Estatstico do Processo; Dcadas de 70 e 60 - O Japo desenvolve seu processo de Industrializao e aplica os conceitos de TQC e TQM; Dcada de 60 - Estabelecimento de novos padres para o controle de qualidade e desenvolvimento dos conceitos de Controle da Qualidade Total (TQC); Dcada de 70 O foco da qualidade muda de controle para gesto; Desenvolvimento dos conceitos de Gesto da Qualidade Total (TQM); Dcada de 80 O foco da qualidade orienta-se para o cliente no sentido restrito1; Aprovao da ISO 9000; Dcada de 90 O foco da qualidade ampliado para contemplar o cliente, tanto no sentido amplo (lato) quanto no sentido restrito1, tendo como paradigma as questes ambientais (meio ambiente fsico); Realizao da ECO 92, em que so aprovados protocolos orientados para a gesto ambiental; Aprovao da ISO 14000, que viabiliza a implantao dos protocolos voltados para gesto ambiental da ECO 92; O Protocolo de Kioto estabelece limites de tempo para aplicao prtica dos conceitos de tecnologia ambientalmente correta.

    Sculo XXI Primeira dcada Aplicao prtica dos conceitos de tecnologia ambientalmente correta; Incio dos primeiros movimentos, no sentido de ampliar o foco da qualidade, de forma a contemplar o cliente, tanto no sentido amplo (lato), quanto no sentido restrito1, tendo como paradigma as questes ambientais amplas (ambientes fsicos, emocionais e culturais).

    Quadro 03 Evoluo da Qualidade Fonte: Banks (1998)

    1 Cliente restrito (cliente strito senso) Cliente que est em relao direta com o produto ou servio.

    Exemplos: o hospede de um hotel, a pessoa que comprou um litro de leo, um vinho.: Cliente amplo (cliente lato senso) Membro da sociedade que, de alguma forma, afetado pelas condies ambientais ampla (fsica, emocional ou cultural) restaurantes das atividades da empresas.

  • 44

    2.6.2 Conceitos Bsicos

    Segundo Samohyl (2005), Walter Shewhart foi o pioneiro a utilizar o CEP

    nas fbricas dos Estados Unidos, na dcada de 30. Hoje, quase todas as fbricas

    no mundo aplicam as ferramentas simples do CEP para melhoria dos processos

    industriais.

    O objetivo do CEP, segundo Samohyl (2005), melhorar o processo de produo,

    com menos variabilidade, o que proporciona nveis melhores de qualidade nos

    resultados da produo. Como exemplo, existe uma fbrica de cerveja, na qual o

    operador tenha que verificar o nvel de enchimento de um lote de garrafas de

    50.000 unidades. Depois de inspecionar apenas 100 garrafas, muito provvel

    que o operador j no pense mais no preenchimento do nvel, mas sim no

    prximo jogo de futebol e na oportunidade de tomar uma cerveja. No final, a

    inspeo de 100% do lote tem custos elevados e resultados pssimos. A seleo

    de uma amostra (menor que a populao) diminui os custos e representa melhor

    as caractersticas da populao. A amostragem tambm necessria quando os

    ensaios so destrutivos.

    Uma segunda razo para a aplicao do CEP a reduo dos custos e a

    melhoria na linha de produo, com a queda de produtos defeituosos. No entanto,

    Samohyl (2005) no considera o CEP nenhum milagre e, conseqentemente,

    deve ser abordado pela empresa como um projeto de investimento, no qual os

    custos devem ser contabilizados e os benefcios previstos e medidos.

    Para controlar e estabilizar os processos de uma empresa necessrio

    utilizar as ferramentas do CEP em amostras pequenas do lote. Assim, facilmente,

    as causas das irregularidades so identificadas. Cada vez que uma causa

    identificada e documentada para anlise e, portanto, eliminao, o processo de

    produo estabilizado e a qualidade garantida e melhorada.

    Para diminuir irregularidades, necessrio investimento em novas e

    melhores mquinas, melhor matria prima, treinamento intensivo e ambiente de

    trabalho mais confortvel.

  • 45

    2.6.3 CEP e Qualidade

    Controle da qualidade um conjunto de aes ou medidas, desenvolvidas

    com o objetivo de assegurar que os servios ou produtos gerados atendam aos

    requisitos segundo os quais foram especificados. A ISO 9000/2000 define

    Controle da Qualidade como um conjunto de tcnicas e atividades operacionais

    usadas para atender aos requisitos para a qualidade. Variabilidades em

    requisitos ou parmetros especificados para produtos e servios so inerentes a

    todos os processos. Para os propsitos metrolgicos, processo pode ser definido

    como um conjunto de aes, mtodos, procedimentos, medidas, etc., que

    converte matrias-primas e insumos em produtos ou servios.

    Essas variabilidades so consideradas normais, quando so resultantes de

    causas comuns, intrnsecas ao processo, que ocorrem aleatoriamente. As

    variabilidades no comuns so resultantes de causas especiais ou incomuns. Se

    um processo est sendo afetado por causas especiais de variabilidade, esse

    processo no previsvel. Para a grande maioria dos processos, essas causas

    podem ser identificadas e eliminadas, especialmente quando se conhece o

    momento em que ocorrem. O Controle Estatstico de Processo (CEP) uma

    ferramenta que aplica tcnicas estatsticas ao monitoramento de processos, tendo

    seu foco nas variabilidades anormais, causadas pelas chamadas causas

    especiais ou incomuns, e seu objetivo primrio conseguir que o processo

    funcione sempre sob controle estatstico (repetindo sua variabilidade inerente),

    por meio da eliminao de todas as causas especiais de variao. Um processo

    sob controle produz com qualidade consistente ou de maneira previsvel. Uma vez

    sob controle, a capacidade do processo, isto , sua comparao com as

    especificaes, pode ser determinada (NEVES, 2005).

    Para o propsito metrolgico, a aplicao do CEP pode ser resumida em

    dois tipos de ao:

    Aplicao de tcnicas matemticas na anlise dos dados de controle quantitativo e

  • 46

    Sistematizao desses dados, de modo a facilitar a sua anlise, auxiliando os responsveis na tomada de decises.

    Os conceitos apresentados neste captulo mostram o alicerce da

    metrologia, para o desenvolvimento da proposta de implantao de gesto a

    qualidade no controle dos produtos pr-medidos, na fbrica, pela Diviso de

    Mercadorias Pr-Medidas do Inmetro. Nos prximos captulos, sero destacados

    os mtodos e as metodologias para a formulao de uma proposta de controle

    dos produtos pr-medidos pelo Inmetro e pela RBMLQ-Inmetro.

  • 47

    3 METODOLOGIA

    Este captulo trata dos procedimentos que sero utilizados para elaborao

    da pesquisa.

    A presente dissertao tem o intuito de prescrever a atividade do controle

    metrolgico de produto pr-medido para as empresas, conforme os regulamentos

    tcnicos metrolgicos vigentes e as recomendaes internacionais.

    3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA

    Segundo Vergara (1997), existem vrias formas de classificar uma pesquisa.

    Quanto aos fins, este trabalho pode ser classificado como pesquisa aplicada, pois

    objetiva resolver um problema concreto com a proposta de uma nova viso para o

    controle metrolgico de produtos pr-medidos, atravs de aplicao prtica.

    Quanto aos meios de investigao, classifica-se como pesquisa-ao, por

    ser de natureza prtica e diretamente relevante a uma atuao real no mundo do

    trabalho.

    O problema dessa pesquisa eminentemente prtico e seus resultados e

    concluses podem auxiliar as empresas a desenvolverem prticas que

    contribuam para o alcance de vantagem competitiva sustentvel.

    Por ser de natureza emprica, e estar apoiada em observaes reais de

    comportamento, com a aplicao de questionrios e roteiro de verificao

    metrolgica, esta pesquisa se classifica como pesquisa de campo.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, classificao

    apontada por Gil (1991), esta pesquisa pode ser considerada como qualitativa,

    pois envolve a interpretao de dados e a atribuio de significados, sendo a

    pesquisadora o instrumento-chave.

  • 48

    3.2 COLETA E ANLISE DE DADOS

    Neste estudo, a coleta e a anlise dos dados foram baseadas num

    levantamento, no qual foram identificados, e obtidos, relatrios das atividades dos

    laboratrios de produtos pr-medidos da RBMLQ-Inmetro.

    Um dos benefcios desta dissertao viabilizar um mecanismo para

    aumentar a capacidade de exames de produtos pr-medidos nos laboratrios da

    RBMLQ INMETRO, que no cumprem com os regulamentos tcnicos

    metrolgicos vigentes.

    3.3 LIMITAES DA PESQUISA

    A pesquisa pretende demonstrar as principais fases necessrias

    implantao de uma nova metodologia de verificao do controle metrolgico, a

    ser utilizado pelo Inmetro e pela RBMLQ-Inmetro, que estimule a verificao de

    mais produtos no mercado, bem como reduo de custos desse controle para

    algumas empresas. Assim sendo, encaminhou-se um questionrio com 26

    perguntas referentes a dados da empresa, do controle metrolgico e da reao

    fiscalizao da RBMLQ-Inmetro, a ser distribudo a 15 empresas.

    Foram selecionadas empresas dos ramos de alimentos, cosmticos e de

    limpeza, com vnculo s:

    - Associao Brasileira das Indstrias Alimentcias ABIA; - Associao Brasileira das Indstrias de Higiene Pessoal e Cosmticos

    ABHIPEC;

    - Associao Brasileira das Indstrias de Limpeza e Afins- ABIPLA. Certamente que se esperava o maior nmero de respostas possvel, mas

    surgiram algumas dificuldades na participao das empresas, o que resultou na

    resposta de apenas 5 empresas.

    Ao receberem o questionrio, as empresas se mostraram interessadas na

    proposta da nova forma de controle metrolgico. Entretanto, por no estar ainda

  • 49

    totalmente definida a questo legal da adeso das empresas a esse novo

    sistema, e quais so as reais vantagens, alguns gerentes no se sentiram

    vontade para expor dados referentes a sua produo, o que limitou a pesquisa.

    3.4 FASES DA PESQUISA

    O processo de pesquisa, que foi utilizado ao longo do desenvolvimento da

    dissertao, as fases da pesquisa e a metodologia so descritas a seguir,

    conforme quadro 04.

    1 Fase Levantamento do Problema

    2 Fase

    Levantamento de dados das empresas

    3 Fase

    Estudo da identificao do modelo

    4 Fase

    Levantamento e consolidao de dados

    5 Fase

    Escolha da empresa ensaiada

    6 Fase

    Aplicao da metodologia

    7 Fase

    Avaliao dos resultados Quadro 04 - Fases da pesquisa

    Na primeira fase da pesquisa, pretendeu-se resolver o problema quanto s dificuldades e custos atualmente encontrados para a

    execuo do controle metrolgico, referente aos produtos pr-medidos,

    visando a identificar os principais objetivos e questes a serem

    respondidos, com base em documentos e relatrios elaborados pelo

    Inmetro e pela RBMLQ-Inmetro.

  • 50

    Na segunda fase da pesquisa, elaborou-se um questionrio para ser respondido pelas empresas, visando a captar a sua percepo quanto

    atuao da fiscalizao da RBMLQ-Inmetro ao seu produto e demais

    aspectos relacionados situao- problema que se quer resolver.

    Na terceira fase da pesquisa, realizou-se uma busca das metodologias de controle metrolgico, que seguem as recomendaes da OIML,

    identificando-se a da Venezuela como a mais prxima com a desejada,

    a ser implantada pelo Inmetro.

    Na quarta fase da pesquisa, elaborou-se um Roteiro de Verificao Metrolgica de Produtos Pr-medidos, em Fbrica, com requisitos

    mnimos para assegurar um controle metrolgico na empresa, que

    possa ser reconhecido pelo Inmetro. Esses requisitos se basearam em

    levantamento e consolidao de dados, oriundos de estudos, nos itens

    do Manual de Boas Prticas de Fabricao da Anvisa, no questionrio

    sobre os dados das empresas e na experincia proveniente de visitas a

    vrias fbricas, durante a elaborao dos RTM de produtos pr-

    medidos.

    A quinta fase da pesquisa teve como propsito escolher a empresa que tivesse perfil mais adequado avaliao do roteiro de verificao

    metrolgico de produtos pr-medidos, em fbrica, porque vrias

    mostraram interesse em dispor das suas unidades fabris para a

    verificao in loco do processo de controle metrolgico, a fim de

    ratificar ou retificar os requisitos listados como imprescindveis e

    necessrios.

    A sexta fase da pesquisa se refere aplicao do roteiro de verificao na empresa escolhida e anlise dos dados obtidos. Tambm se

    procedeu confrontao do modelo proposto com os resultados

    obtidos.

    A stima e ltima fase da pesquisa teve como propsito conclusivo a demonstrao dos resultados e a apresentao da importncia da

    implantao de um sistema de gesto de verificao do controle

    metrolgico, em fbrica, que contribuir para a melhoria da qualidade

    do controle metrolgico da empresa, bem como para uma significativa

  • 51

    reduo de custos, e para o seu acompanhamento perante as

    atividades fiscalizadoras de produtos pr-medidos da RBMLQ-Inmetro.

    No prximo captulo, apresenta-se a metodologia aqui descrita, na prtica,

    sendo o processo de utilizao do roteiro de verificao de produtos pr-medidos

    em fbrica, para ser adotado pelo Inmetro, como proposta de melhoria na

    atividade de fiscalizao de produtos pr-medidos, realizada pela RBMLQ-

    Inmetro.

  • 52

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 4.1 PRTICA ATUAL DO CONTROLE METROLGICO

    Sero apresentados, neste captulo, alguns dados que comprovam a

    necessidade de aumentar a eficincia no atual sistema de controle dos produtos

    pr-medidos nos laboratrios da RBMLQ-Inmetro.

    Consciente da importncia desse problema, o Inmetro, atravs da Diretoria

    de Metrologia Legal, deve proporcionar meios tcnicos para a melhoria continua

    da qualidade da verificao do controle metrolgico dos produtos pr-medidos.

    A verificao da conformidade dos produtos pr-medidos com os

    Regulamentos Tcnicos Metrolgicos realizada, diariamente, pelos 63

    laboratrios espalhados pelo Brasil, na Rede Brasileira de Metrologia Legal e

    Qualidade Inmetro.

    A programao da fiscalizao elaborada por cada rgo

    individualmente, mas existem algumas regras comuns coordenadas e

    subordinadas Diviso de Mercadorias Pr-Medidas DIMEP.

    Os produtos mais comercializados, considerados dentro da cesta bsica, e

    que tm os seus contedos nominais padronizados, inclusive no mbito do

    Mercosul, so fiscalizados diariamente. Produtos sazonais, como material escolar,

    natalinos, de pscoa e produtos denunciados por irregularidades, dentro do prazo

    limite de seus eventos, e os demais produtos, seguem uma rotina normal de

    fiscalizao.

    Todos os metrologistas da equipe de fiscalizao de rua, dos 63

    laboratrios de produtos pr-medidos dos rgos conveniados com o Inmetro, vo

    todos os dias para os pontos de venda (comrcio) de pr-medidos verificar,

    atravs do pr-exame, se o produto deve ser coletado para verificao em

    laboratrio.

    No ponto de venda so examinadas, tambm, as embalagens para verificao

    da conformidade com as exigncias da Portaria Inmetro n 157/2002, que regulamenta

    as inscries da indicao quantitativa nas embalagens dos produtos.

  • 53

    Na realizao do pr-exame dos produtos comercializados na unidade de

    massa e volume, so retiradas, aleatoriamente, 5 unidades do lote exposto

    comercializao, devendo ter o metrologista o cuidado de selecion-las, de modo

    que cada uma tenha as mesmas caractersticas, tais como, mesmo valor nominal,

    mesma especificao de produto e mesmo tipo de embalagem.

    As 5 unidades so pesadas e, da sua mdia, descontado o peso estimado

    da embalagem. O peso estimado determinado no laboratrio e colocado numa

    tabela, que o metrologista utiliza no ponto de venda. Se o produto for

    comercializado em unidade legal de volume, ser consultada, tambm, uma

    tabela de massa especfica.

    Constatado que o contedo efetivo mdio inferior ao valor nominal

    declarado na embalagem, o produto dever ser coletado para exame final no

    laboratrio. (NIE-DIMEL 023)

    A coleta do produto pode ser realizada na fbrica, no depsito ou no ponto

    de venda.

    No ponto de venda, o metrologista deve verificar a quantidade de produto

    existente no estabelecimento, para formao do lote, conforme Tabela 03 ou

    Tabela 04.

    Tabela 03 Lote da Portaria Inmetro n 074/1995

    Faixa Tamanho do Lote Tamanho da Amostra 1 50 a 149 20 2 150 a 4000 32 3 4001 a 10.000 80

    Fonte: Instituto... (1995)

    Tabela 04 Lote da Portaria Inmetro n 96/2000

    Tamanho do Lote Tamanho da Amostra 5 a 13 Todas

    14 a 49 14 Fonte: Instituto... (2000a)

    As amostras so retiradas aleatoriamente, e lavrado um formulrio de

    termo de coleta, com a especificao do produto retirado e a quantidade, para

    que o comerciante solicite ao fabricante a reposio de toda a mercadoria

    coletada para exame.

  • 54

    As amostras sero transportadas para o laboratrio, em condies

    adequadas, preservando as caractersticas de comercializao do produto.

    Na verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos,

    comercializados em unidades de massa e contedo nominal igual, a amostra

    identificada e determinado o peso bruto (produto mais embalagem) de cada

    unidade.

    O peso da embalagem pode ser calculado pela mdia de 6 embalagens ou

    pesagem individual de toda a amostra, sendo assim realizado um exame

    destrutivo.

    Obtm-se o contedo efetivo do produto, subtraindo-se o peso da

    embalagem do peso bruto e, de acordo com os Regulamentos Tcnicos

    Metrolgicos RTM, aprovados pelas Portarias Inmetro n 074/1995 e 096/2000,

    so aplicados os critrios de aceitao individual e o critrio de aceitao da

    mdia.

    O lote ser considerado aprovado, se atender concomitantemente ao

    critrio de aceitao individual e ao critrio de aceitao da mdia. (NIE-DIMEL

    025)

    A verificao quantitativa dos produtos lquidos ou pastosos deve ser

    realizada, sempre que possvel, com o produto a uma temperatura de 20C a

    25C.

    A determinao do contedo efetivo do produto pode ser atravs do

    mtodo direto, utilizando proveta graduada ou balo volumtrico, ou por mtodo

    indireto, determinando a massa especifica, utilizando o picnmetro ou densmetro

    (NIE-DIMEL 039) e, de acordo com os Regulamento Tcnico Metrolgico

    RTM, aprovados pelas Portarias Inmetro n 74/1995 e n 96/2000, so aplicados

    os critrios de aceitao individual e da mdia.

    O lote ser considerado aprovado, se atender concomitantemente ao

    Critrio de Aceitao Individual e ao Critrio de Aceitao da Mdia (NIE-DIMEL

    026).

    Na verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos,

    comercializados em unidade de comprimento e contedo nominal igual, a unidade

    de amostra deve ser estendida, naturalmente, sobre uma superfcie plana

    horizontal, seguindo uma reta.

  • 55

    O contedo efetivo de cada unidade de amostra do produto em exame

    determinado, comparando-a com uma medida de comprimento graduada e

    padro, de acordo com os Regulamentos Tcnicos Metrolgicos RTM,

    aprovados pelas Portarias Inmetro n 01/1998 Tolerncia e Amostragem para

    produtos pr-medidos com contedo nominal igual, comercializados em

    comprimento ou em nmero de unidades, para lotes a partir de 50 unidades de

    produtos, e n 166/2003 Tolerncia e Amostragem, para produtos pr-medidos

    com contedo nominal igual, comercializados em comprimento ou em nmero de

    unidades, para lotes de 5 a 49 unidades de produtos.

    O lote ser considerado aprovado, se atender concomitantemente ao

    Critrio de Aceitao Individual e ao Critrio de Aceitao da Mdia (NIE DIMEL 041).

    A verificao do contedo efetivo de produtos pr-medidos,

    comercializados em nmero de unidades de contedo nominal igual, pode ser

    realizada pelo mtodo indireto, pesando o contedo de cada unidade de amostra,

    conforme NIE-DIMEL 038, ou pelo mtodo direto, contando as unidades sobre

    uma bancada em conformidade com os RTM aprovados pelas Portarias Inmetro

    n 001/1998 e n 166/2003.

    O lote ser considerado aprovado, se atender concomitantemente ao

    Critrio de Aceitao Individual e ao Critrio de Aceitao da Mdia (NIE DIMEL 040).

    Todos os produtos so coletados nos estabelecimentos comerciais, para

    exame nos laboratrios, atravs de um formulrio denominado termo de coleta,

    preenchido no local da retirada do produto, especificando a razo social do local

    da coleta, a razo social do responsvel pela marca, o lote, a quantidade de

    unidades retiradas, a marca, o tipo, a quantidade nominal, o tipo da embalagem, a

    data da retirada e nome completo do responsvel pela coleta.

    Com esse documento, o comerciante solicita a devoluo da mercadoria

    retirada, na mesma quantidade e nas mesmas condies da mercadoria que

    existia no estabelecimento.

    Um estabelecimento de grande porte tem mais agilidade para negociar

    essa reposio, mas os pequenos e mdios estabelecimentos comerciais, por

    muita vezes, no adquirem os produtos diretamente do responsvel pela marca.

  • 56

    Compram de depsitos ou de terceiros e, com isto, dificultam a reposio,

    ficando, muitas vezes, com prejuzo em relao aos produtos coletados.

    Em levantamento elaborado pela Diviso de Mercadorias Pr-Medidas,

    com base no ano de 2004, analisamos a quantidade de amostras de trs produtos

    da cesta bsica, que foram retirados do comrcio e examinados nos laboratrio

    da RBMLQ-Inmetro, conforme especifica a Tabela 05.

    Tabela 05 - Produtos coletados em 2004. Estado Arroz Feijo Acar

    AC 1 2 AL 17 24 16 AM 20 18 8 AP 2 BA 90 66 30 CE 46 24 56 DF 103 67 72 ES 158 188 133 GO 74 97 142 MA 51 31 36 MG 160 163 134 MS 65 38 12 MT 113 41 19 PA 51 31 12 PB 3 1 PE 21 76 49 PI 62 27 24 PR 109 122 72 RJ 101 121 51 RN 8 17 19 RO 46 38 3 RS 464 240 124 SC 187 119 35 SE 22 20 4 SP 222 223 110 TO 38 27 15

    Total 2.231 1.821 1.179 Fonte: Inmetro/RBMLQ

    No total de exames realizados esto todas as marcas comercializadas, nacionais

    e regionais.

    Os lotes desses produtos so sempre os de maior quantidade nos

    estabelecimentos comerciais e podem variar em lotes de amostras de 14 a 80 unidades.

  • 57

    Se considerarmos a menor amostra de 14 unidades, teremos a quantidade

    de unidades de cada produto, que foi coletada para exame, conforme Tabela 06.

    Tabela 06 Total de 3 produtos coletados em 2004

    Arroz Feijo Acar

    31.234

    25.494

    16.506

    Total 73.234 Fonte: Inmetro/RBMLQ

    Considerando o universo de produtos pr-medidos comercializados e

    fiscalizados no mbito nacional e regional, constata-se a existncia de um trmite

    de produtos oneroso ao comerciante e ao fabricante, refletindo na oferta e no

    custo ao consumidor.

    Todos os exames ou procedimentos, referentes aos produtos coletados,

    conforme determinao legal, Lei n 9784/1999, art. 26 e Resoluo Conmetro n

    11/1988 item 36 , obrigam o rgo fiscalizador a comunicar e convidar o

    representante legal para presenciar os exames, comunicando-lhes a data, a hora

    e o local onde sero realizados os exames e todos os demais procedimentos

    estabelecidos nos artigos 26 e 27 da Lei n 9784/1999.

    4.1.1 Processo de autuao

    Quando o produto atende regulamentao metrolgica, a indstria recebe

    o documento (laudo de exame quantitativo de produtos pr-medidos), com todos

    os dados tcnicos metrolgicos referentes ao produto, com o respectivo resultado

    de aprovado.

    Quando o produto no atende ao RTM, a indstria recebe o laudo de

    exame, com o resultado de reprovado, acompanhado de outro documento (Auto

    de Infrao), com a descrio dos fatos, relatando os itens no atendidos na

    regulamentao metrolgica, e o conseqente enquadramento no tipo legal

  • 58

    especifico para o produto em exame.

    Se a irregularidade apresentada pelo produto for grave causando srios

    prejuzos ao consumidor, como falta da indicao quantitativa na embalagem, ou

    fora dos valores padronizados, alm da autuao e do processo administrativo, o

    lote do produto que restou no estabelecimento comercial ser apreendido, com a

    emisso de documento especifico e a proibio de sua comercializao.

    A indstria tem 15 dias, aps o recebimento de notificao de autuao,

    para apresentar defesa ao rgo autuante ou ao responsvel pela apreenso do

    produto.

    No caso de que defesa apresentada seja considerada improcedente pelo

    departamento jurdico de primeira instncia, a indstria ainda tem o direito de

    interpor, no prazo de 15 dias aps o recebimento da notificao de imputao de

    penalidade, recurso da deciso de primeira instncia, que aplicou a penalidade, a

    fim de que seja reexaminado o procedimento administrativo.

    Os processos analisados no Inmetro, seg