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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA ACADÊMICA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL (MESTRADO) UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE ARGAMASSA SEM FUNÇÃO ESTRUTURAL PAULO ROBERTO FREIRE DE PAULA RECIFE/2010

Dissertacao Paulo Freire

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utilização dos resíduos da construção civil na produção de bloco de argamassa

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  • UNIVERSIDADE CATLICA DE PERNAMBUCOPR-REITORIA ACADMICA

    COORDENAO DE PS-GRADUAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL(MESTRADO)

    UTILIZAO DOS RESDUOS DA CONSTRUOCIVIL NA PRODUO DE BLOCOS DE ARGAMASSA

    SEM FUNO ESTRUTURAL

    PAULOROBERTOFREIRE DE PAULA

    RECIFE/2010

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    PAULOROBERTOFREIRE DE PAULA

    UTILIZAODOS RESDUOSDA CONSTRUOCIVIL NAPRODUODE BLOCOS DE ARGAMASSA

    SEM FUNOESTRUTURAL

    Dissertao apresentada Universidade Catlica dePernambuco, como parte dos requisitos para a obteno dottulo de Mestre em Engenharia Civil.rea de Concentrao: Tecnologia das ConstruesOrientador: Prof. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira

    RECIFE/2010

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    ... Onde quer que haja mulheres e homens.H sempre o que fazer, h sempre o que ensinar,h sempre o que aprender.(Paulo Freire)

  • vAGRADECIMENTOS

    A Deus, por est sempre presente em minha vida. minha esposa Alma, que com seu companheirismo vibra comigo cada momento do meucrescimento. A quem dedico todo este trabalho.s minhas filhas, Ana Carolina, Camila e Paula Daniele, razo de todas as minhas buscas econquistas, obrigado pela fora, por existirem na minha vida.A minha filha Ana Carolina, pelo empenho e desempenho para estrutura deste trabalho.Obrigado filha pela pacincia! minha me Terezinha Freire exemplo de luta e coragem. Obrigado me.Ao meu neto querido, Nicolas Freire, anjo que ilumina todos os meus dias.Ao meu tio Milton Freire sempre presente na realizao das minhas conquistas.A toda minha famlia, que sempre estiveram presentes acreditando no meu trabalho.Ao meu orientador Prof. Dr. Silvio Romero pela intensa dedicao. Um exemplo decompetncia.Aos meus amigos Prof. Dr. Francisco Gaudncio Freires e Prof. MSc. Francisco Alves,grandes companheiros, pela intensa colaborao para a produo deste trabalho.Ao prof. Dr. Joaquim Teodoro, pelas brilhantes colocaes para o encaminhamento final destetrabalho.Aos Prof. MSc Anderson Barbosa e Prof. MSc. Marconi Oliveira de Almeida da UNIVASFpelas orientaes e colaborao dispensadas neste trabalhoAos meus colegas de turma, pelo companheirismo.Ao IF Serto Pernambucano pelo incentivo.Aos tcnicos do laboratrio de matrias de construo da UNIVASF, Charles, Lais e Slviopela intensa dedicao dispensada durante a realizao do trabalho.Aos rgos Municipais da cidade de Petrolina, pelo fornecimento dos dados que auxiliou estetrabalho. CTR Petrolina na pessoa do Sr. Medeiros, que sempre se mostrou colaborador nasinformaes de dados para a realizao deste trabalho.

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    RESUMO

    Diante da iminente escassez de recursos naturais disponveis e dos problemas ambientaisdecorrentes das inadequadas deposies irregulares de resduos nos centros urbanos, opresente trabalho busca analisar as caractersticas fsicas de blocos e agregados de resduos deconstruo e demolio RCD proveniente da indstria da construo e demolio domunicpio de Petrolina-PE.A construo civil como qualquer outro setor produtivo gerador de resduos devido aosdesperdcios e demolio aps o uso ou catstrofes. Uma das aplicaes para o resduo como agregado alternativo, em substituio total ou parcial ao natural, usados para a produode blocos. O emprego desses resduos como agregados para argamassas e concretos noestruturais tem bastantes estudos difundidos na literatura brasileira e no mundo inteiro. Nestetrabalho, analisada a viabilidade na confeco de blocos com uso de agregados midosreciclados para uso em alvenaria de vedao e o desempenho do mesmo diante de blocos comagregados naturais, confeccionados no municpio de Petrolina-PE, utilizando-se um traopadro 1:6 (cimento: agregado mido). Os resultados indicaram que a substituio de 25; 50;75; e 100% da areia natural por agregados midos reciclados no afeta significativamente aspropriedades mecnicas dos blocos, cujos valores de resistncia chegaram a 3,67 MPa, 2,63MPa, 2,44 MPa e 2,03 MPa respectivamente . Por outro lado, essa substituio apresentaelevada porosidade, requerendo estudos mais aprofundados com o intuito de minimizar esseefeito para que se possa obter uma maior durabilidade das edificaes construdas com essacomposio.

    Palavras-Chave: resduos, blocos, vedao.

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    ABSTRACT

    Given the imminent shortage of available natural resources and environmental problemsarising from inadequate irregular deposition of waste in urban centers, this paper seeks toanalyze the physical characteristics of blocks and aggregates, construction waste anddemolition RCD from industry of construction and demolition of municipality of Petrolina-PE.The construction as any other productive sector is to produce waste due to waste and thedemolition after use or disasters. One application for the residue is added as an alternative toreplace all or part of natural, used for the production of blocks. The use of waste as aggregatesfor mortar and concrete do not have enough structural studies disseminated in the Brazilianand worldwide. In this work, we analyzed the feasibility of making the blocks with the use ofrecycled fine aggregate for use in masonry sealing and performance in the face of blocks withnatural aggregates, manufactured in the municipality of Petrolina, using a dash pattern 1: 6(cement: aggregate kid). The results indicated that replacing 25; 50; 75; and 100% of naturalsand by recycled fine aggregate did not significantly affect the mechanical properties ofblocks, whose resistance values reached 3,67 MPa, 2,63 MPa, 2,44 MPa e 2,03 MParespectively. On the other hand, such replacement presents high porosity, requiring moredetailed studies in order to minimize this effect for which to obtain greater durability ofbuildings constructed with that composition.

    Keywords: residue, blocks, seal.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1: Distribuio percentual da procedncia do RCC gerado na regio dePetrolina - PE.............................................................................................................. 46Figura 2.2: Localizao de Petrolina na Bacia do So Francisco............................... 51Figura 2.3: Vista panormica do Raso da Catarina.................................................... 56Figura 2.4: Esquema do Raso da Catarina................................................................. 57Figura 2.5: Lay-out da Usina de Beneficiamento de RCD de Petrolina..................... 62Figura 2.6: Vista Panormica da fachada oeste da UBE............................................ 63Figura 2.7: Vista Panormica da fachada sul da UBE................................................ 63Figura 2.8: Vista Panormica da fachada leste da UBE............................................. 64Figura 2.9: Vista Panormica da fachada norte da UBE............................................ 64Figura 2.10: Vista Panormica da guarita de controle, rampa de acesso e plat deabastecimento............................................................................................................. 65

    Figura 2.11: Vista Panormica superior leste do alimentador vibratrio, britador deimpacto, transportados de correia fixo, im e estrutura metlica de sustentao....... 65

    Figura 3.1: Fluxograma: Parte experimental do trabalho........................................... 73Figura 3.2: Entulhos dos RCD na usina de reciclagem: a) triagem dos RCD;b) retirada de materiais contaminantes...................................................................... 74Figura 3.3: Triagem e segregao de RCD na usina de Petrolina-PE: a) triagem doRCD; b) segregao do RCD.................................................................................... 75Figura 3.4: Quarteamento dos RCD usados para obteno das amostras.................. 75

    Figura 3.5: Amostra de agregados reciclados e agregados naturais: a) agregadoreciclado; b) agragado natural..................................................................................... 77

    Figura 3.6: Peneiramento e pesagem das amostras: a) peneiramento da amostra doAMR; b) pesagem da amostra do AMR..................................................................... 78

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    Figura 3.7: Tara e pesagem do material: a) ensaio de massa unitria; b) pesagemdo material.................................................................................................................. 79

    Figura3.8: Processo de vcuo e pesagem da amostra: a) picnmetro e bomba devcuo; b) pesagem da massa + gua + recipiente....................................................... 80

    Figura 3.9: Prensa Hidrulica..................................................................................... 81Figura 3.10: Armazenamento dos materiais reciclados............................................. 83Figura 3.11: Capeamento dos blocos de argamassa. a) preparao da pasta decimento; b) blocos de argamassa capeados................................................................ 84Figura 3.12: Fluxograma de ruptura dos blocos......................................................... 85Figura 4.1: Composio dos RCD utilizado como insumo na fabricao de blocos.. 87Figura 4.2: Curva granulomtrica geral dos agregados utilizados na fundio dosblocos.......................................................................................................................... 90

    Figura 4.3: Curva granulomtrica do agregado mido reciclado............................... 91Figura 4.4: Curva caracterstica de absoro de gua nos blocos de argamassa........

    Figura 4.5: Fissura em blocos aps ruptura compresso axial: a) aspecto defissura em blocos com 100% de AMR; b) aspecto de fissura em blocos com 100%de AMN......................................................................................................................

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    Figura 4.6: Grfico caracterstico da resistncia compresso simples..................... 105

  • xLISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1: Estimativa de gerao de resduos da CC em diferentes pases.................36Quadro 2.2: Estimativa da quantidade de entulhos produzidos no pas ..........................37Quadro 2.3: ndices de perdas (%) nos processos construtivos.......................................38Quadro 2.4: Participaes dos RCD urbanos e taxa de gerao em cidades brasileiras .39Quadro 2.5: Participaes dos RCD urbanos e taxa de gerao no exterior ...................39Quadro 2.6: Estimativa da quantidade do entulho produzido no Pas e no exterior........40Quadro 2.7: Composies dos resduos de construo e/ou demolio (%) em diversaslocalidades .......................................................................................................................43Quadro 2.8: Componentes do entulho percentual (%) em relao ao tipo de obra em quefoi gerado.........................................................................................................................44Quadro 2.9: Resumo do quantitativo de RCD em Petrolina ...........................................45Quadro 2.10: Composio mdia da frao ptrea do entulho (em %)...........................47Quadro 2.11: Reduo do impacto ambiental (%) da reciclagem de resduos na produoem alguns materiais de construo civil, exceto transporte ............................................48Quadro 2.12: Mdia de entrada de resduos no aterro no ano de 2007 ...........................54Quadro 2.13: Mdia de entrada de resduos no aterro no ano de 2008 ...........................55Quadro 2.14: Produtos obtidos a partir do RCD e utilizaes na pavimentao.............66Quadro 3.1: Ensaios de caracterizao do agregado .......................................................77Quadro 4.1: Composio da frao ptrea do RCD na amostra......................................87Quadro 4.2: Composio granulomtrica do agregado mido reciclado (AMR)............88Quadro 4.3: Composio granulomtrica do agregado p-de-pedra...............................89Quadro 4.4: Composio granulomtrica do agregado mido natural-areia...................89Quadro 4.5: Caracterizao fsica dos agregados............................................................92Quadro 4.6: Caracterizao fsica dos agregados usados na fabricao de blocos emPetrolina...........................................................................................................................92Quadro 4.7: Massa especfica e unitria do agregado mido reciclado e natural no estadosolto .................................................................................................................................94Quadro 4.8: Teor de material pulverulento da areia natura e agregado reciclado..........95

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    Quadro 4.9: Resultados do ensaio de absoro dos agregados mido e grado reciclados.........................................................................................................................................96Quadro 4.10: Resultados mdios de absoro de gua nos blocos..................................98Quadro 4.11: Requisitos para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto semfuno estrutural ..............................................................................................................99Quadro 4.12: Requisitos para resistncia caracterstica compresso..........................101Quadro 4.13: Tamanho da amostra de blocos para ensaio de resistncia compresso.......................................................................................................................................103Quadro 4.14: Resultados das mdias dos ensaios de resistncia compresso simplesnos blocos em MPa........................................................................................................104Quadro 4.15: Composio mdia da frao ptrea do entulho (%)...............................106Quadro 4.16: Caractersticas fsicas do cimento utilizado na confeco dos blocos ....107

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    LISTA DE TABELASTabela 3.1: Requisitos para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto sem funoestrutural.................................................................................................................................76

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    LISTA DE SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasAMN Agregado Mido NaturalAMR Agregado Mido RecicladoARC Agregado Reciclado de ConcretoARM Agregado Reciclado MistoCBR ndice de Suporte Califrnia de SolosCC Construo CivilCONAMA Conselho Nacional do Meio AmbienteCPRH Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos HdricosCTR Petrolina Central de tratamento de resduos de PetrolinaESALQ Escola Superior de Agricultura Luiz de QueirozEUA Estados Unidos da Amricahab habitanteIPEF Instituto de Pesquisas FlorestaisKg QuilogramaLABMATEC Laboratrio de materiais e tcnicas construtivasNBR Norma BrasileiraNM Norma MercosulRCC Resduo de construo civilRCD Resduo de construo e demoliot toneladat/h tonelada por horaUBE Unidade de Beneficiamento de EntulhoUNIVASF Universidade Federal do Vale do So Francisco URRCC Usina de Reciclagem de Resduos da Construo CivilUSP Universidade de So Paulom - micro metro

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    SumrioResumo ............................................................................................................................ viAbstract........................................................................................................................... viiLista de Figuras ............................................................................................................. viiiLista de Quadros ................................................................................................................xLista de Tabelas .............................................................................................................. xiiLista de Siglas................................................................................................................ xiiiCaptulo I .........................................................................................................................171.1. Consideraes Gerais ..............................................................................................171.2. Justificativa...............................................................................................................201.3. Objetivos...................................................................................................................211.3.1. Geral ..................................................................................................................211.3.2. Especfico ..........................................................................................................21

    1.4. Estrutura da Dissertao ...........................................................................................21Captulo II Reviso da Literatura .................................................................................232.1. Resduos de Construo e Demolio ......................................................................232.2. Gerenciamento de resduos slidos da Construo Civil .........................................252.3. Reciclagem na construo Civil ...............................................................................282.4. Reciclagem de resduos da construo e demolio.................................................302.4.1. Possibilidades de reaproveitamento dos RCD...................................................31

    2.5. Aplicao de alguns resduos como agregado na construo civil...........................312.6. Consumo de matria prima no renovvel na construo civil ................................342.7. Gerao de resduos na construo civil...................................................................352.8. Caractersticas dos resduos da construo civil ......................................................412.8.1. Composio .......................................................................................................412.8.2. Composio dos RCD em Petrolina-PE ............................................................452.8.3. Composio mdia da frao ptrea dos RCD..................................................46

    2.9. A Reciclagem dos Resduos na Construo Civil ....................................................472.9.1. Histrico ............................................................................................................472.9.2. Experincias de reciclagem ...............................................................................48

    2.10. Caractersticas do municpio de Petrolina-PE ........................................................50

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    2.10.1. Gesto dos resduos slidos do municpio.......................................................522.10.2. Servios de limpeza urbana .............................................................................532.10.3. Resduos gerados na C.T.R de Petrolina .........................................................54

    2.11. Caracterizao da rea de implantao da usina de reciclagem de Petrolina.........552.11.1. Lay-out e equipamentos da usina de reciclagem de Petrolina.........................582.11.2. Implantao da usina de reciclagem de Petrolina-PE......................................62

    2.12. Possibilidades de utilizao do entulho reciclado ..................................................662.12.1. Utilizao em pavimentos ...............................................................................662.12.2. Utilizao como agregado para concreto.........................................................682.12.3. Utilizao como agregado em argamassas ......................................................692.12.4. Utilizao como agregado em tijolos de solo estabilizado com cimento ........702.12.5. Utilizao como agregado na produo de blocos ..........................................71

    3. Captulo III Materiais e Mtodos..............................................................................723.1. Experimento da reciclagem de RCD para uso como agregados na fabricao deblocos de argamassa para alvenaria sem funo estrutural .............................................723.2. Coleta seletiva dos resduos......................................................................................733.3. Segregao dos materiais..........................................................................................743.4. Quarteamento e homogeneizao dos materiais.......................................................743.5. Requisitos segundo a ABNT NBR 15116/2004 para uso de agregados reciclados .753.6. Caracterizao do RCD ............................................................................................763.7. Ensaio de caracterizao dos RCD reciclados..........................................................773.7.1. Ensaio de composio granulomtrica no agregado mido reciclado...............783.7.2. Ensaio de material pulverulento do agregado mido natural- areia ..................783.7.3. Ensaio de massa unitria no estado solto do agregado mido reciclado ...........793.7.4. Ensaio de massa especfica do agregado mido reciclado ................................793.7.5. Ensaio de absoro dos agregados reciclados ...................................................803.7.6. Ensaio de absoro dos blocos ..........................................................................803.7.7. Ensaio de resistncia compresso simples......................................................81

    3.8. Materiais usados na fabricao de blocos sem funo estrutural .............................823.9. Processo de fabricao dos blocos............................................................................833.10. Fluxograma de ruptura dos blocos .........................................................................844. Captulo IV Resultados e Discusses .......................................................................864.1. Composio da frao ptrea do RCD na amostra ...................................................864.2. Composio gravimtrica dos RCD utilizados na fabricao de blocos ..................87

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    4.3. Ensaio de composio granulomtrica no agregado mido reciclado (AMR).........884.4. Ensaio de massa unitria no estado solto do agregado mido reciclado ..................934.5. Ensaio de massa especfica do agregado mido reciclado e natural ........................934.6. Ensaio de material pulverulento do agregado mido natural e reciclado.................944.7. Ensaio de absoro dos blocos .................................................................................954.8. Ensaio de resistncia compresso simples com blocos de RCD .........................1004.8.1. Grfico de resistncia compresso.................................................................103

    4.9. Composio mdia dos resduos de construo e demolio .................................1054.10. Caractersticas do cimento utilizado na fabricao dos blocos com agregadosreciclados .......................................................................................................................1065. Captulo V Concluses e Sugestes .......................................................................1085.1. Concluses..........................................................................................................1085.2. Sugestes para trabalhos futuros.........................................................................110

    6. Referncias Bibliogrficas.........................................................................................111Anexos...........................................................................................................................120Apndices ......................................................................................................................128

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    CAPTULO I INTRODUO

    1.1. Consideraes Gerais

    Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas administraes municipais, estaduaise mesmo no mbito federal, refere-se ao destino dos resduos slidos gerados pelas indstrias,resduos domsticos e, principalmente, resduos gerados pela demolio e construo de obrasde construo civil.

    Segundo JOHN (2000),; ANGULO (2005), os resduos de construo e demolio(RCD), tanto no Brasil como no exterior, representam de 13 a 67% em massa dos resduosslidos urbanos (RSU), cerca de 2 a 3 vezes a massa de resduo urbano, estimado para ummontante de 68,5 milhes de toneladas por ano. Praticamente todos os pases no mundoinvestem num sistema formal de gerenciamento para reduzir a deposio ilegal e sistemtica,causando assoreamento de rios, entupimento de bueiros, degradao de reas e esgotamentode reas de aterros, alm de altos custos scio-econmicos, especialmente em cidades demdio e grande porte (ANGULO, 2005).

    Estes resduos representam srios problemas para essas entidades federativas quandodispostos irregularmente.

    Em Petrolina/PE, um diagnstico apresentado por SANTOS (2008) permitiuquantificar no perodo de outubro a novembro do ano de 2007 aproximadamente 714

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    toneladas de resduo de construo e demolio em 11 pontos da regio urbana do municpiode Petrolina/PE que serviam de despejos no oficiais, considerados assim pontos de deposioirregular. Os locais de descartes (bota-foras) e as inmeras deposies irregulares dessesresduos culminavam por degradar o ambiente implicando numa imagem pouco agradvel cidade.

    Tomando por base o exemplo de algumas cidades brasileiras tais como BeloHorizonte, So Paulo e So Carlos, a Prefeitura Municipal de Petrolina/PE, atravs doMinistrio da Cincia e Tecnologia (MCT) instalou a primeira usina de beneficiamento deresduos de construo e demolio do estado de Pernambuco, objetivando disciplinar eminimizar o impacto ambiental causado por essas deposies irregulares.

    A implantao da gesto sustentvel do entulho se d de forma a facilitar o descartecorreto atravs da instalao de pontos de despejos voluntrios de pequenos e grandesvolumes de resduos, seleo da frao ptrea dos resduos de construo e demolio, bemcomo gerar fonte de ocupao e renda aos catadores locais.

    A busca por uma gesto sustentvel do entulho requer tambm um ordenamentovisando disciplinar os envolvidos no processo de gerao e fluxos deste resduo e anecessidade da implantao de um plano de destinao e conseqentemente agregao devalor a esses resduos para obras privadas atentando assim para a garantia de compra por partedas entidades municipais envolvidas.

    De acordo com a resoluo n 307 do CONAMA (Conselho Nacional do meioAmbiente) criada em 2002, todos os municpios devem dar uma destinao ambientalmentecorreta aos resduos de construo e demolio. Dentre as vrias diretrizes estabelecidas,destacam-se as seguintes: os geradores devero ter como objetivo prioritrio, a no gerao deresduos e, secundariamente, a reduo, a reutilizao, a reciclagem e a destinao final.Desde julho de 2004, os resduos da construo civil no podem ser dispostos em aterros de

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    resduos domiciliares, em reas de bota fora, em encostas, corpos dgua, lotes vagos ereas protegidas por lei. Devero constar no Programa Municipal de Gerenciamento deResduos da Construo Civil, com obrigatoriedade de elaborao pelos municpios e DistritoFederal, o incentivo e a reinsero dos resduos reutilizveis ou reciclados no ciclo produtivo.

    Segundo o CONAMA n 307 (2002), os resduos de construo esto classificados em:Classe A, B, C e D, sendo os resduos da classe A, com potencial emprego na fabricao deconcretos, argamassas e elementos de alvenaria.

    Estudos desenvolvidos com concretos sem e com resduos de construo beneficiados,onde se substitui os agregados naturais pelos agregados reciclados tm constatado que:1- durante a produo dos concretos h uma diminuio da fluidez das misturas de acordocom o teor crescente de resduo empregado no concreto;2- o rejeito de construo civil usado como agregado apresenta uma absoro de gua bemsuperior do agregado tradicional, devido tanto sua grande porosidade como a maiorquantidade de finos existentes neste resduo;3- em concretos secos, empregados na moldagem de blocos, o grau de compacidade umavarivel importante nas propriedades de resistncia e de absoro dos blocos, mais que aprpria relao gua/cimento;4- na fabricao de blocos de concreto a composio da amostra de agregado recicladoempregada afeta diretamente as propriedades mecnicas dos concretos;5- a confiabilidade tcnica de blocos de vedao produzidos a partir de entulhos da construocivil tem contribudo para a reciclagem destes resduos e para a produo de componentesutilizveis em obras urbanas, tais como blocos de pavimentos intertravados;

    Diante do exposto, a pergunta central desta investigao :Como viabilizar a fabricao de blocos de argamassa de resduos de construo para

    alvenaria sem funo estrutural?

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    1.2. Justificativa

    A importncia terica do presente trabalho deve-se ao fato de justificar as profundasmudanas por que vem passando a construo civil brasileira ante a Resoluo n 307 doCONAMA (2002), na tentativa de ajustar-se ambiental e socialmente correta, agregandovalores econmicos a produtos que outrora eram encontrados sem um destino adequado.

    Nos ltimos tempos, a construo civil tem demonstrado avanos no que se refere reduo de desperdcios, com implantao de planos de gerenciamentos de gesto dequalidade, aproveitamento quase que na sua totalidade dos resduos gerados em obras,minimizando assim o impacto ambiental e contribuindo para a reduo do uso de matria-prima natural, gerando com isso economia de energia.

    A presente pesquisa subsidiar o municpio de Petrolina e demais regiescircunvizinhas, uma vez que posto em prtica, estabelecero diretrizes aos rgos Pblicos,tomadores de deciso, na adoo de leis e planos de gerenciamentos voltados reutilizaodos resduos da Construo reciclados, contribuindo para uma poltica de busca deentendimento entre homem e natureza.

    O aproveitamento do RCD reciclado deve configurar uma das prticas da indstria daConstruo Civil na construo de novas habitaes com o intuito de minimizar o usoindiscriminado de recursos naturais e a conseqente escassez desse produto. Uma vez adotadatal prtica, ascender significativamente para a reduo dos nveis de impacto ambiental econsumo de energia na cadeia produtiva dos subprodutos da construo civil.

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    1.3 Objetivos

    1.3.1. Objetivo Geral

    O presente trabalho tem por objetivo avaliar, do ponto de vista tcnico, a viabilidadeda confeco de blocos de argamassa sem funo estrutural, fabricados com resduos deconstruo.

    1.3.2. Objetivos Especficos

    Avaliar a composio granulomtrica dos resduos de construo e demolio apsbeneficiamento.

    Avaliar a substituio dos agregados naturais por agregados reciclados nacaracterizao e propriedades dos blocos.

    Avaliar a adequao dos blocos norma tcnica da ABNT 6136 de 2007 e 15116 de2004.

    1.4. Estrutura da Dissertao

    Esta dissertao est dividida em 05 (cinco) captulos a seguir discriminados:

    No Captulo I, abordam-se as consideraes gerais sobre os RCD, a identificao do problemaque envolve a pesquisa e os objetivos gerais e especficos que regem a mesma.

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    No Captulo II, apresenta-se um histrico dos Resduos de Construo e Demolio-RCD noBrasil e no mundo, do volume gerado em algumas cidades do mundo, em algumas cidadesbrasileiras, das normas que estabelecem a sua utilizao, bem como informaes de possveistipos de reaproveitamentos dos materiais a partir do entulho triturado na usina de reciclagemno municpio de Petrolina. Ainda neste captulo, aborda-se a legislao ambiental no Brasil,focando a Resoluo 307 do CONAMA, sua evoluo e seu impacto no Brasil, nas prefeiturase no mercado de Resduos da Construo. Tambm so apresentadas as instalaes da usinade reciclagem de Petrolina-PE, localizao geogrfica do municpio e da usina, panorama dereaproveitamento dos RCD processados, aplicaes diversas desses resduos.

    O Captulo III trata dos materiais e mtodos utilizados, verificando o campo de atuao dapesquisa, aplicao das normas tcnicas da ABNT NBR, a natureza da pesquisa, bem como otratamento dos dados, definio dos ensaios de laboratrio e a anlise de dados levantadospelo estudo.

    O Captulo IV apresenta os resultados obtidos da pesquisa e os interpreta para as condiesem que se possa fazer uso adequado nas obras de engenharia.

    O Captulo V apresenta as concluses obtidas na pesquisa para o emprego dos blocos emobras de engenharia, alm de sugestes de temas de pesquisa para futuros trabalhosacadmicos.

    Por fim, so apresentadas as referncias bibliogrficas que foram utilizadas para fornecersubsdios ao trabalho do pesquisador.

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    CAPTULO II - REVISOBIBLIOGRFICA

    2.1. Resduos de Construo e Demolio

    Segundo a norma tcnica ABNT NBR 10004:2004, Resduos Slidos-Classificao, os resduos nos estados slidos e semi - slidos, so os que resultam deatividades da comunidade de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial,agrcola, de servios e de varrio alm de certos efluentes com caractersticas inviveispara lanamento na rede pblica ou outros corpos de gua. Tais resduos so divididosem 03 classes: Classe I ou perigosos: so aqueles que, isoladamente ou por mistura, em funo desuas caractersticas de toxicidade, inflamabilidade, corrosidade, reatividade,radioatividade e patogenicidade em geral, podem apresentar riscos sade pblica (comaumento de mortalidade ou de morbidade) ou efeitos adversos ao meio ambiente, semanuseados ou dispostos sem os devidos cuidados. Classe IIa ou no inertes: so aqueles que no se enquadram na classe I ou na IIb.Classe IIb ou inertes: so aqueles que no se solubilizam ou que no tem nenhum deseus componentes solubilizados em concentraes superiores aos padres depotabilidade de gua, quando submetidos a um teste padro de solubilizao conforme

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    NBR 10006:2004 Procedimento para obteno de extrato solubilizado de resduosslidos.

    Os Resduos perigosos podem ser definidos simplesmente como sendo umasubstncia perigosa, descartada, abandonada, negligenciada, despejada ou designadacomo um material residual, ou uma forte interao com outras substncias para se tornarperigosa. Estes resduos de forma simples podem ser definidos como sendo o materialdescartado em lugar indevido podendo causar prejuzos aos seres vivos do local e seusarredores.

    Trs abordagens bsicas so necessrias para definio dos resduos perigosos:a) descrio qualitativa da origem, tipo e constituintes;b) classificao das principais caractersticas baseadas nos processos testados;c) concentrao de substncias especficas perigosas.

    Alm disso, podem tambm ser classificados de acordo com sua origem. Nessecaso, o resduo ps-consumo so aqueles resultantes do consumo de um bem, gerado deforma difusa no ambiente construdo e normalmente confundido com o resduo slidodo municpio.

    Segundo CARNEIRO et al. (2000), o fato de haver uma grande variedade dematria prima, de tcnicas e metodologias empregadas na construo civil, ascaractersticas dos entulhos gerados so afetados em especial na sua composio equantidade condicionando assim, as caractersticas dos materiais realidade da regio.

    Para MANAHAN (2001), a eficcia de uma gesto de resduo dada pelareduo da quantidade e do perigo dos resduos e que para administr-lo beneficamentedeve-se atentar para os seguintes procedimentos:a) o primeiro passo, no produzi-los;b) se produzi-los, reduzir as parcelas mnimas;

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    c) procurar meios de recicl-los;d) se produzi-los de forma no reciclvel, trat-los de preferncia para que no os torneperigosos;e) se no for possvel torn-los no perigosos, acomod-los de modo seguro;f) uma vez acomodados, monitor-los de modo a no produzir efeitos adversos.

    Segundo OLIVEIRA (2003), os resduos de construo e demolio podemconter materiais de pintura ou substncias de tratamento de superfcies, que podemcontaminar o solo por percolao.

    Para KARTAM et al. (2004) esses resduos podem ser classificados em:Material de escavao, sobras de materiais de construo de estradas e sobras demateriais de obras de construo, renovao e demolio de edifcios.

    O tratamento desses resduos segundo JOHN (2007), depende do sistema decoleta, que pode vir a ser dispendioso, portanto, o sucesso da reciclagem do resduo ps-consumo vivel quando o valor agregado ao produto elevado, a exemplo das latas dealumnio e o pouco sucesso da reciclagem das embalagens Tetrapack. Por outro lado osresduos industriais so aqueles gerados de forma concentrada, facilitando suarecuperao.

    2.2. Gerenciamento de Resduos Slidos da Construo Civil

    CARNEIRO et al. (2006), afirma que o gerenciamento de resduos estintimamente associado ao desperdcio de mo-de-obra e materiais na fase de execuodos empreendimentos e que somente um projeto de gerenciamento de resduos deconstruo civil contribui com uma das ferramentas que pode minimizar na reduodesses resduos. Em primeiro momento, a implantao do Projeto poderia ser visto

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    como um obstculo, mas assim que os primeiros resultados forem obtidos, poderoadvir notrios benefcios.

    Em pesquisa realizada por SCHNEIDER & PHILIPPI (2004), pode-se observarque so as empresas construtoras de pequeno porte os responsveis pela gerao degrande quantidade de entulho, que para diminuir custos com a deposio regular,transfere para a sociedade toda a responsabilidade. Para evitar, devem ser realizadasvrias polticas de aproveitamento de resduos que conferem:

    Limitaes de componentes perigosos em materiais de construo; Incentivo durabilidade de materiais de construo; Incentivo ao uso de materiais de construo reciclados ou reciclveis; Cobrana de preos elevados para a deposio de resduos em aterros; Triagem obrigatria de resduos em obras; Demolio controlada; entre outros.

    Ao longo dos anos, houve um aumento de interesse no meio ambiente e nasustentabilidade que a partir da, iniciou-se uma gama de eventos para tratar o assunto eum avano na diminuio dos impactos ambientais. So eles: a Conferncia das NaesUnidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972; o documentoNosso Futuro Comum, elaborado em 1987; a Conferncia das Naes Unidas sobre oMeio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992 (Eco-92); e a Agenda21, com definies e metas a serem alcanadas nas prximas dcadas (CAMARGO,2003). Recentemente, mais um salto em diretriz busca da sustentabilidade do planeta,aconteceu entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, a Conferncia climtica deCopenhagem, capital da Dinamarca, COP 15, cujo principal objetivo foi estabelecer otratado que substituir o Protocolo de Quioto, vigente de 2008 a 2012.

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    No Brasil, foi o bairro Higienpolis no ano de 1998, em So Paulo, que iniciouuma poltica de interesse pelo meio ambiente devido ao comprometimento da paisagemurbana e o trfego de pedestres e de veculos que promove a multiplicao de vetores dedoenas (SCHNEIDER & PHILIPPI, 2004).

    A sustentabilidade na construo uma responsabilidade dos empresrios e dasociedade e deve ser levada em conta desde a construo at o planejamento dequalidade de vida dos moradores. Para isto, necessria a utilizao de recursossustentveis para a construo de novos empreendimentos.

    Segundo MARCONDES & CARDOSO (2005), a cadeia produtiva daconstruo civil est dividida em: desenvolvimento dos fornecedores, que consiste nautilizao racional dos recursos e na minimizao das perdas existentes nos processosde extrao desses recursos e da entrega na obra e no o processo produtivo, situada nagesto de perda de materiais e na segregao dos resduos. Em geral, deve haver umabusca constante sustentabilidade.

    Apesar das iniciativas privadas, no Brasil, a maioria dos representantes deempresas construtoras no conhece os seus deveres como geradores de resduos deconstruo civil. E dentre os que conhecem, existem aqueles que no do a devidaimportncia ao caso. O exemplo, a baixa taxa de reaproveitamento desses resduos noscanteiros de obra, que para o governo, a gesto de resduos slidos da construo civil de extrema importncia para a sustentabilidade de uma cidade ou de uma regio.

    A perda dos resduos da construo civil est diretamente relacionada com oconsumo em excesso dos recursos naturais. Segundo PINTO (1999), dependo da aotecnolgica empreendida pelo construtor durante o processo construtivo, essas perdasesto situadas entre 20% e 30% da massa total.

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    Algumas pesquisas realizadas por SCHNEIDER (2003), SANTOS (2008),verificaram que o planejamento para a minimizao dos RCD e a especificao dosmateriais quanto a sua durabilidade e uma provvel reciclabilidade deve acontecer j noincio da obra, em especial, seguindo as orientaes para o maior uso de materiaisreciclados. Como o caso da Alemanha, Coria e Japo que introduziram instrumentosregulatrios com leis de recomendaes para este fim.

    Segundo PALIARI et al. (2002), a reduo das perdas de materiais vem trazerbenefcios na reduo dos recursos naturais e na reduo de entulhos lanados emdiversas reas urbanas.

    2.3. Reciclagem na construo civil

    Alguns conceitos de aproveitamento de resduos so importantes para entendermelhor a reciclagem. Dentre esses processos, pode-se considerar:a) Recuperao - que pode ser definida como a retirada do resduo de seu circuitotradicional de coleta e tratamento, a exemplo, a recuperao de PET, papis, dossistemas tradicionais de coleta, ou ainda de lodos de tratamento de efluentes destinados eliminao em aterros controlados.b) Valorizao - quando se pretende agregar um valor financeiro a um determinadoresduo, por exemplo, vidros, na produo de silicatos e vitrocermicos.c) Reciclagem - tem por objetivo introduzir o resduo no seu ciclo de produo emsubstituio total ou parcial de uma matria prima.

    Sob o ponto de vista da sustentabilidade, a reciclagem de resduo, apresentavantagens potenciais. Contudo ela s vlida aps a anlise do ciclo de vida. Sendonecessrio que o novo material a partir do resduo no venha a contaminar as

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    construes que usam tais resduos, seja pela contaminao da gua, radiao ouvolatilizao de fraes orgnicas (EPA, 1998, citado por JOHN, 2000, p.30).

    Os dois setores que melhor vm desenvolvendo programas de reciclagens so aindstria cimenteira e o setor siderrgico que recicla pelo menos 6 milhes de toneladasde sucata, evitando a gerao de 2,3 milhes de toneladas de resduos e de cerca de 11milhes de toneladas de CO2, onde parte do ao utilizada no concreto armadoproduzido no Brasil (JOHN 2000).

    A vida til de um produto, segundo JOHN (2000), sempre limitada, aps aqual o produto se transforma em resduo. Segundo ele, mesmo os produtos durveis tmvida til finita, tendo em vista que todo processo de transformao de energia d-se apartir de uma forma mais nobre para uma menos nobre, deixando os produtos em algummomento, transformarem-se em ps-consumo. Alguns destes produtos acabam setornando resduos por no se enquadrarem de acordo com o especificado. Para isso,segundo o autor, a reciclagem condio para o desenvolvimento sustentvel, pois elaque permite fechar o ciclo.

    Os primeiros estudos no Brasil de resduos aplicados construo civil bemcomo sua reciclagem, segundo ANGULO (2000), deve-se a PINTO (1999) eCINCOTTO (1983).

    Segundo LEVY (2001), na Alemanha, cerca de 85% do entulho da segundagrande guerra havia sido removido e em 1960 todo o entulho havia sido recicladoficando ento caracterizado como o incio do desenvolvimento das tcnicas dereciclagem de RCD. Ainda neste pas, segundo o autor, existe cerca de 1600 aterrospara resduos de construes e demolies.

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    Na Holanda, segundo DORSTHOST (2003), atualmente 95% de todo RCDproduzido reutilizado ou reciclado e, desde o ano 2000, proibido enviar resduo compossibilidade de reutilizao para aterros sanitrios.

    CROWTHER (2003), afirma ser a Austrlia, um dos pases a contribuir comuma das mais altas taxas de gerao de resduos no mundo. So aproximadamente 14milhes de toneladas por ano. Desses, segundo o autor, 16 a 40% provm da indstriada construo.

    Para SCHNEIDER e PHILIPPI (2004), pases como os da Unio Europia, osEUA e os Pases Baixos, a reciclagem dos resduos uma realidade bastante freqente.A taxa de resduos aproveitados na construo civil nesses lugares pode chegar a 90%

    2.4. Reciclagem de resduos de construo e demolio

    Vrios so os benefcios trazidos pela reciclagem dos entulhos dos RCD, emespecial para a populao e o meio ambiente, que segundo (EPA, 1998, citado porJOHN, 2000), na escala social, pode-se observar a reduo nos custos de construo emespecial de casas populares e na gerao de empregos aumentando a competitividade daeconomia do pas.

    Outra vantagem est na reduo por parte do poder pblico em baratear o preodos produtos reciclados alm de obter vantagens econmicas em despesas com aremediao das reas de deposio irregular.

    Para KARTAM et al. (2004), muito embora as vantagens da reciclagem dosmateriais de construo estejam alcanando o mercado brasileiro, existem dificuldadesdesta introduo. Segundo o autor, um deles so os produtos oriundos de RCDreciclado, aparecem sem apreciao, devendo passar por etapas de desenvolvimento ecrescimento at atingir uma maturidade de mercado. Outro problema enfrentado para a

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    adoo dos produtos reciclados, esta na limitao de um incentivo fiscal e de umavalorizao dos resduos, ou seja, de uma minimizao nos preos desses produtos emrelao aos confeccionados com os recursos naturais.

    2.4.1. Possibilidades de reaproveitamento dos RCD

    Vrias so as possibilidades de reaproveitamento dos resduos de construo ede demolio que segundo ROCHA et al. (2003), deve-se considerar as caractersticassocioeconmico e cultural de cada regio. Um dos mais importantes tipos dereaproveitamento dos RCD est o aterramento, que mesmo aplicado sem nenhumbeneficiamento, um dos mais utilizados. Em seguida, esta a utilizao do material nascamadas de base e sub-base de pavimentaes, que segundo PINTO (1999), apresentatima capacidade de suporte com uma menor utilizao de agregados natural. Asespecificaes de uso e possibilidades desses materiais esto na NBR 15116: 2004 Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil - utilizao em pavimentose preparos de concreto sem funo estrutural-Requisitos.

    2.5. Aplicao de alguns resduos como agregado na construo civil

    O avano nas pesquisas sobre aplicao de resduos slidos de diversas origens,como agregado na construo civil vem ganhando impulso nos ltimos anos. A seguir,alguns exemplos deste desenvolvimento.

    AGOPYAN et al. (2003),; desenvolveram um compsito com argamassa deaglomerantes alternativos (escria granulada de alto forno e cinza de casca de arroz) efibras de coco, que apontaram para a possibilidade de construo de painis commateriais reforados com fibras vegetais. Os ensaios demonstraram que um aumento de

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    fibras eleva a resistncia ao impacto e o teor de ar incorporado reduz levemente aresistncia trao, flexo e compresso, contudo a forma de ruptura passa de frgil adctil, precedida de fissurao generalizada.

    NOLASCO (1993) avaliou a possibilidade de utilizao de resduos da indstriade papel na produo de materiais para a construo civil. A sua anlise permitiuconcluir a viabilidade de utilizao do resduo em sua forma in natura como agregadoem vrias situaes:

    No enchimento de blocos vazados cermicos e de concreto melhorando ascaractersticas termo-acsticas destes componentes. Podendo ser utilizado emlajes com a finalidade de caixo perdido, em se tratando de um agregado leve;com funo de absorver o rudo em edificaes de mltiplos pavimentos etc.

    Na forma de compsito resduo + cimento que sugerem algumas possibilidadesde aplicao tais como forro, divisrias etc. Tendo em vista o comportamentoplstico resultante da presena de fibras, as tenses mximas observadas, odesempenho termo-acstico e as propriedades em relao perda de massa epropagao superficial de chama.

    Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Cincias Florestais e pelo IPEF -Instituto de Pesquisas Florestais da ESALQ Escola Superior de AgriculturaLuiz de Queiroz, da USP em Piracicaba, identifica a utilizao de resduos dafabricao de papel na produo de blocos cermicos com melhor acabamento emaior resistncia ao impacto. O processo de fabricao destes blocos com oresduo o mesmo utilizado na fabricao de blocos convencionais. Alm dosbons resultados tecnolgicos destes blocos a utilizao de tais resduos resolve oproblema de disposio, reduzindo os custos e riscos ambientais para asindstrias de papel. Segundo NOLASCO (1993), a utilizao deste resduo

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    permite a reduo do tempo de queima e consequentemente o consumo deenergia.CHAMIE (1994) analisou o encapsulamento de resduos galvnicos em matriz

    cimentcia e demonstraram a eficincia deste processo que permitiu a reclassificaodestes resduos de classe I para classe II segundo a ABNT NBR 10004:2004 Resduosslidos-Classificao - No entanto para utilizao como argamassa, esteencapsulamento no foi to eficiente, pois apresentou no melhor dos traos uma quedade resistncia ao longo do tempo.

    PABLOS (1995) demonstrou a possibilidade de se confeccionar tijolos e blocosvazados atravs da utilizao do resduo slido gerado pelo descarte das areias defundio aglomeradas com argila sob o aspecto qumico, o processo de encapsulamentopermitiu uma estabilizao do resduo. No entanto, segundo o autor, as propriedadesfsicas e mecnicas dos produtos obtidos apresentavam devido a presena de certassubstncias qumicas resultados razoavelmente satisfatrios, necessitando de maisestudos para analisar o comportamento destes produtos ao longo do tempo,

    SAVASTANO Jr et al. (1997), analisaram a viabilidade de aproveitamento devrios resduos e subprodutos da extrao e processamento de fibras vegetais para usocomo reforo de matrizes cimentcias para a construo civil. Estes resduos prestam-seao reforo de pastas cimentcias. Entre os resduos com potencial de aproveitamento,destacam-se os resduos do sisal, do coco e rejeito de celulose de eucalipto, alm deresduos do algodo.

    CHERIAF et al. (2000), estudaram a aplicao de lodo da indstria txtil e cinzapesada de termoeltrica, atravs da solidificao com cimento Portland. O processoalm da estabilizao qumica apresentou desempenho interessante destes resduos naconstruo civil, alm das cinzas pesadas geradas nas termoeltricas poderem ser

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    utilizadas como elemento de solidificao do lodo txtil. Estudos de utilizao deescria de aciaria em concreto foram estudados neste mesmo ano por MASUERO et al.(2000), quando observou que a adio de 20% desde resduo torna o concreto comqualidade superior ao concreto convencional.

    A experincia apresentada por ARTHUR (2001) teve bastante aceitao, quandoanalisou a utilizao de resduo slido gerado pelo descarte das areias de fundiofenlicas como componente do compsito solo - cimento. Com exceo do fenol que,apesar de uma enorme diminuio do solubilizado, ainda no pode enquadrar-se naquantidade mnima exigida pela legislao, os resultados fsico-mecnicos foram muitosatisfatrios na maioria das substancias qumicas.

    BATTISTELLE (2002) estudou a viabilidade tcnica do emprego de resduogerado na indstria de celulose e papel em tijolos de adobe. Abrindo grandesoportunidades para as construes de casas populares, permitindo uma economia de at11 kg de cimento por m3. Tendo em vista ser este produto de baixo custo e de fcilproduo, alm de contribuir com a diminuio do impacto ambiental.

    Ainda em 2002, iniciou-se a utilizao de escrias de alumnio na produo deconcretos celulares altoclavados ou moldados em bloco (tijolos de concreto, painis depr-moldado, contra piso e outros tipos de revestimento). A escria atua como agenteexpansor que incorpora porosidade massa, possibilitando uma economia de at 30%de reduo de areia, cimento e cal (ARAJO, 2002).

    2.6. Consumo de matria-prima no renovvel na construo civil.

    A utilizao dos recursos naturais vem crescendo na mesma medida em quecresce a populao e a economia dos pases.

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    Segundo JOHN (2000), alguns dados a respeito foram apresentados: no mundo oconsumo de materiais em 1995 foi de 9,5 bilhes de toneladas, um pouco mais de 1,6t/hab.ano (MATOS & WAGNER, 1999); Ainda segundo o autor, os Estados Unidos daAmrica atingiram um consumo de 2,8 bilhes de toneladas de materiais em 1995 ou 10t/hab.ano. Para atender a esta oferta de materiais necessrio uma extrao enorme dematrias primas natural a tal ponto que se estima que paises industrializados comoAlemanha, Japo e Estados Unidos consomem entre 45 e 85 t/hab.ano de matriasprimas naturais, sem incluir gua e o ar. Enquanto que o Japo em 1995 estima o seuconsumo de materiais em 2,6 bilhes de toneladas ou 18,7 t/hab.ano; (KASAI, 1998).

    No Brasil, baseado na produo de cimento portland, e acrescentando o volumede agregados das pavimentaes e perdas, o consumo de 35milhes de t/ano com umconsumo anual de 210 milhes de toneladas de agregados somente na produo deconcretos e argamassas (trao mdio de 1:6).

    2.7. Gerao de resduos na construo civil

    Segundo JONH (2000), as estimativas da gerao dos resduos em diferentespases conforme apresenta o Quadro 2.1, refletem a taxa de perda de materiais deconstruo e na importncia relativa das atividades de construo, manuteno edemolio em cada economia em diferentes pases.

    Para SOUZA et al. (2004), a gerao desses resduos est intimamente ligadacom a parcela do excesso de consumo de materiais nos canteiros de obra. Segundo oautor, esse desperdcio de material entendido como a percentagem entre a quantidadede material teoricamente necessrio e a quantidade de material realmente utilizado.

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    Quadro 2.1 Estimativa de gerao de resduos da C.C. em diferentes pases (JOHN 2000).Pas Quant. Anual Fonte OBS

    MT/ Ano KG/ HabSucia 1,2-6 136-680 EU(1999) ??, 1996Holanda 12,8-20,2 820-1300 Lauritzen(1998); EU(1999)EUA 136-171 463-584 EPA(1998) 1996Reino Unido 50-70 880-1120 Lauritzen(1998) 1995, 1996Blgica 7,5-34,7 735-3359 Lauritzen(1998); EU(1999)Dinamarca 2,3-10,7 440-2010 Lauritzen(1998); EU(1999)Itlia 35-40 600-690 Lauritzen(1998); EU(1999)Alemanha 79-300 963-3658 Lauritzen(1998); EU(1999) ?; 1994-1996Japo 99 785 Kasai(1998) 1995Portugal 3,2 325 EU(1999) Excluir SolosBrasil Na 230-760 Pinto(1999) Algumas Cidades

    Apenas

    No Brasil segundo PINTO (1990), a gerao desses resduos estudadas em 10cidades variou de 230 a 760 kg/hab.ano representando de 41% a 70% do resduo slidodo municpio. Diferentemente dos EUA, onde a gerao estimada de entulho inferior do resduo municipal, ou seja, 463 kg/hab.ano de RCD (EPA, 1998) contra 720kg/hab.ano de resduo municipal (EPA, 1996). Que segundo (HENDRICKSON;HARVOATH, 2000), esta disparidade atribuda a uma menor gerao de resduos nasatividades de construo, ou mesmo ao menor peso da construo na economia norteamericana.

    No Quadro 2.2 podem ser observadas algumas estimativas da quantidade deentulho produzido em algumas cidades brasileiras.

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    Quadro. 2.2 Estimativa da quantidade do entulho produzido no pas.Local Gerador Gerao Estimada (t/dia)So Paulo (1) 12400Rio de Janeiro (1) 900Braslia (1) 2833Belo Horizonte (1) 3400Porto Alegre (1) 1933Salvador (4) 1453Recife (1) 600Curitiba (1) 2467Fortaleza (1) 1667Campinas (2) 1800Jundia (2) 712Ribeiro Preto (2) 1043Santo Andr (2) 1013Uberlndia (3) 958Guarulhos (3) 1308Fontes:(1) ZORDAN (2003);(1) PINTO (1999);(1) PIRACICABA (2001);(1) XAVIER E ROCHA (2001)

    Segundo ZORDAN (2003), a principal causa do entulho gerado acontecedurante o processo construtivo e embora nem toda perda se transforme efetivamente emresduo, este desperdcio corresponde em mdia a 50% do total. Nas obras de reformas,o desperdcio vem da falta de uma cultura de reutilizao e reciclagem dos materiais.

    No Quadro 2.3, PINTO (1999), apresenta a perda de materiais em processosconstrutivos convencionais, pesquisadas em doze estados brasileiros e identifica que omodelo de estimativa de gerao de resduos de construo e demolio na rea urbanaesta baseado segundo o autor, em trs critrios de informaes:a) estimativa de rea construda, baseada nos registros municipais de construo:Baseia-se na massa estimada para as edificaes, ou seja, 1200 Kg/m2; perda mdia demateriais nos processos construtivos de 25%; percentual de perda de materiais removido

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    como entulho de 50%, possibilitando assim estimar a taxa de gerao de resduos deconstruo na ordem de 150 kg/m2 de construo;b) estimativa da gerao de RCD a partir de ao dos coletores: baseada nasinformaes dos coletores; origem dos resduos;c) coleta pela administrao pblica: baseada no monitoramento de descargas nas reasutilizadas como destino do RCD.

    Quadro. 2.3 ndices de perdas percentuais nos processos construtivos.Materiais PINTO (1) SOIBELMAN (2) SOUZA et al. (3)

    Concreto Usinado 1,5 13 9Ao 26 19 11

    Blocos e Tijolos 13 52 13Cimento 33 83 56

    Cal 102 - 36Areia 39 44 44

    FONTES:(1) Valores de uma obra (PINTO, 1999)(2) Mdia de 5 obras (SOILBELMAN, 1993)(3) Mediana de diversos canteiros (SOUZA, et al.; 1998)

    A participao dos RCD nos resduos slidos urbanos e a taxa de gerao dessesresduos bem como a estimativa da quantidade de entulhos de diversas cidades do Brasile no exterior, esto representadas nos Quadros 2.4, 2.5 e 2.6 respectivamente.

  • 39

    Quadro. 2.4 Participaes dos RCD urbanos e taxa de gerao em cidades brasileirasLocalidades Participao dos RCD na

    Massa Total de RSUTaxa de Gerao(t/ habitante/ ano)

    Piracicaba (2) 67% 0,59Santo Andr - SP (1) 54% 0,51

    So Jos do Rio Preto SP (1) 58% 0,66So Jos dos Campos SP (1) 67% 0,47

    Ribeiro Preto SP (1) 70% 0,71Jundia SP (1) 62% 0,76

    Vitria da Conquista BA (1) 61% 0,40Belo Horizonte MG (1) 54% 0,34

    Campinas SP (1) 64% 0,62Fonte: PINTO (1999)

    Quadro. 2.5 - Participaes dos RCD urbanos e taxa de gerao no exteriorLocalidades Participao dos RCD na

    Massa Total de RSUTaxa de Gerao(t/ habitante/ ano)

    Europa Ocidental (1) ~ 66% 0,7 a 1,0Sua (1) ~ 45% ~ 0,45

    Alemanha (1) >60% -Regio Bruxelas Blgica (1) >66% -

    EUA (1) 39% -Vermont State (E.U.A) (1) 48% -

    Japo (1) - ~ 0,68Hong Kong (1) - ~ 1,50

    Fonte: PINTO (1999)

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    Quadro 2.6 - Estimativa da quantidade do entulho produzido no pas e no exterior

    Local Gerador Gerao Estimada(t/ms)

    So Paulo 372.000Rio de Janeiro 27.000Braslia 85.000Belo Horizonte 102.000Porto Alegre 58.000Salvador 44.000Recife 15.000 (1)Curitiba 74.000Fortaleza 50.000Florianpolis 33.000Europa 16.000 a 25.000Reino Unido 6.000Japo 7.000

    Fonte: ZORDAN (2001)(1) Relatrio da 1 Reunio do Frum Pernambucano de Construo Sustentvel em 02/04/2008

    Em Recife-PE, segundo SILVA (2003), estima-se que 30 a 35% dos resduosgerados so de novas construes, enquanto que percentuais de 65% a 70% provm deobras de demolio de antigas construes. Em geral so os edifcios de mltiplospavimentos que se destacam como principais fontes de gerao de resduos deconstruo e demolio na cidade do Recife, contribuindo com um total mdio de 57%de todo resduo coletado (CARNEIRO, 2005).

    Em Petrolina PE, segundo PINHEIRO (2006), so as obras de demolies que sedestacam com valores da ordem de 48,67%, 30,83% procede de limpeza de terrenos emovimentaes de terra, 15,08% de perdas em processos construtivos e os demais5,42% tem procedncia ignorada.

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    2.8. Caractersticas dos resduos da construo civil

    O agregado reciclado mido um material predominantemente arenoso, compartculas finas no plsticas e uma das diferenas marcantes entre o agregado recicladoe o agregado convencional a alta absoro de gua do primeiro (CARNEIRO et al.,2000).

    Ainda segundo a autora, a maioria dos resduos de construo so inertes. Noentanto pode acontecer que a matria prima utilizada altere a classificao de certosconcretos produzidos com escrias de alto teor de metais pesados e quando recicladospodem gerar agregados prejudiciais ao meio ambiente e sade dos trabalhadores eusurios.

    Segundo ZORDAN (2003), o RCD se apresenta na forma slida, comcaractersticas fsicas variadas, podendo apresentar - se tanto em dimenses egeometrias j conhecidas dos materiais de construo Os resduos da construo civilso aqueles gerados em construes ou em formatos e dimenses irregulares.

    2.8.1. Composio

    O RCD apresenta em sua composio vrios materiais que em separado, soreconhecidos pela NBR 10004 - Resduos slidos - classificao (ABNT, 1987) comoinertes (rochas, tijolos, vidros, alguns plsticos etc.). No entanto, at o momento, noesto disponveis anlises sobre a solubilidade do resduo que o enquadraria comoResduo de classe IIa no inerte (ZORDAN, 2003).

    De acordo com as estatsticas realizadas no Brasil, o entulho gerado nas obrasbrasileiras, composto por 64% de argamassas, 30% de tijolos e blocos como

  • 42

    componentes de vedao e 6% para os demais materiais (plsticos, metais, concretos, areiase rochas). Variando de acordo com o tipo de obra em que originado, dos aspectoseconmicos da regio e do processo construtivo adotado (CORCUERA &CAVALCANTI 2003). Conforme identifica o Quadro 2.7 e 2.8 de composio emdiversas localidades Brasileiras e em relao ao tipo de obra por PINTO (1999) eCARNEIRO et al. (2001).

  • 43

    Composio Percentual(discriminao conforme

    as fontes)

    Composio dosRCD em obras

    brasileiras tpicas

    Composiotpica dos RCDem Hong Kong

    Composiotpica dos RCDna Blgica

    Composiotpica dos RCDem Toronto

    Argamassas 64,0 - - -Asfalto - 2,2 - -Concreto - - 10,2 -Concreto 4,2 31,2 38,2 -Alvenaria - - 45,2 -Madeira 0,1 7,9 2,1 34,8

    Entulho, agreg. e Cerm. - - - 24,1Entulho - 7,7 - -

    Componente Cermico 11,1 - 2,9 -Blocos de Concreto 0,1 0,8 - -

    Tijolos 18,0 5,2 - -Ladrilhos de Concreto 0,4 - - -

    Pedra 1,4 11,5 - -Areia - 3,2 - -

    Cimento Amianto 0,4 - - -Gesso - - 0,2 -Metais - 3,3 0,2 7,7Vidro - 0,3 - 2,8

    Papel Carto - - - 4,3Papel - - - 3,5

    Papel e Orgnico 0,2 - - -Outros Orgnicos - 1,7 - 0,6

    Plstico - - 0,4 2,5Tubos Plsticos - 0,6 - -Acessrios - 0,1 - -Txteis - - - 0,7

    Borracha e Couro - - - 0,5Finos - - - 1,9

    Outros mat. de construo - - - 16,6Solo 0,1 - - -

    Lixo, solo e barro - 23,8 - -Bambu e rvores - 0,4 - -

    Sucata - 0,1 - -Outros - - 0,6 -TOTAL 100 100 100 100

    Quadro 2.7-Composies dos resduos de construo e/ou demolio (%) em diversas localidades.

    Fonte: PINTO (1999)

  • 44

    Quadro 2.8 - Componente do Entulho (%) em relao ao tipo de obra em que foi gerado.ComponentesPresentes (%)

    TrabalhosRodovirios

    Escavaes Sobras deDemolio

    ObrasDiversas

    Sobras deLimpeza

    Concreto 48,0 6,1 54,3 17,5 18,4Tijolos - 0,3 6,3 12,0 5,0Areia 4,6 9,6 1,4 3,3 1,7Solo, Poeira, Lama 16,8 48,9 11,9 16,1 30,5Rocha 7,0 32,5 11,4 23,1 23,99Asfalto 23,5 - 1,6 - 0,1Metais - 0,5 3,4 6,1 4,4Madeiras deconstruo

    0,1 1,1 7,2 18,3 10,5

    Papel e MatriaOrgnica

    - 1,0 1,6 2,7 3,5

    Outros - - 0,9 0,9 2,0Fonte: CARNEIRO et al. (2001)

    Atravs de anlises qumicas e difratomtricas, OLIVEIRA et al. (2001),constataram que o resduo de concreto no pode ser considerado um material inerte,alm do que, o material descartado em locais inadequados pode provocar acontaminao de guas e conseqentemente a sua mineralizao. Os resultados peloautor sugerem a reclassificao do resduo de concreto de classe III resduos Inertes,para a classe II resduos no inertes de acordo com a NBR 10004 (ABNT, 1987).

    Nas obras de demolies, segundo MORAIS (2006), so os tijolos e concretosque se apresentam com maior representatividade na composio dos resduos. Enquantoque a gerao dos RCD, originadas de novas construes, esto nas perdas fsicasresultantes do processo construtivo desde a fundao, a elevao das alvenarias, nosrevestimentos e acabamentos das edificaes.

    SILVA et al. (2007), diagnosticaram na cidade do Recife que os materiaiscermicos das novas construes na fase de acabamento apresentam o maior ndice nacomposio dos materiais chegando a uma mdia de 4,11% durante sua aplicao.

  • 45

    Material Presente observado Percentual de material por amostra (%)

    Cermica 45,5Argamassa 23,6Concreto 14,1Areia 8,0Madeira 2,0Plstico 0,5Gesso 6,3

    Segundo SIQUEIRA et al. (2008), a cada 1,0 m de tijolos assentados so desperdiados03 tijolos. Representando um ndice de perda mdio de 13,91% na cidade. Para Oliveiraet al. (2008), 10% de todo o material utilizado em uma obra transforma-se em resduo,um percentual significativo do custo total de uma obra. Segundo o autor, a gerao deresduos tambm influenciada pela forma como se constroem as edificaes e como sefaz a gesto dos resduos de construo e demolio.

    2.8.2. Composio dos RCD em Petrolina PE

    Em Petrolina, SANTOS (2008), numa pesquisa realizada em 11 pontos dedeposio irregular de RCD no municpio, observou que os materiais cermicosrepresentam 45,5% na composio de todo o material observado, seguido dasargamassas com 23,6%, do concreto com 14,1% e da areia com 8,0%. A distribuiopercentual e a composio gravimtrica desses resduos esto representados no Quadro2.9 e na Figura 2.1 respectivamente.

    Quadro 2.9 Resumo do quantitativo de RCD em Petrolina

    Fonte: SANTOS (2008)

  • 46

    Composio do RCD em Pe trolina (%)0,52

    814,1

    6,3

    45,5

    23,6

    ce r micos a rga ma ssa concreto a re iama de ira pl sticos ge sso

    Figura 2.1-Distribuio percentual da procedncia do RCC gerado na regio de Petrolina-PE.Fonte: SANTOS (2008)

    2.8.3. Composio mdia da Frao Ptrea dos RCD

    No Quadro 2.10, segundo levantamento realizado por autores como FONSECA(2002), FARIAS et al. (2006), SANTOS (2008) e o autor da pesquisa (2010) no que dizrespeito composio mdia da frao ptrea dos entulhos em percentual apresentados,demonstra certa tendncia regional quando se trata de descartes de determinados tiposde materiais de construo e demolio conforme podem ser observados os percentuaisde concretos, argamassas e materiais cermicos, sendo estes considerados materiaisbsicos na composio de um RCD.

  • 47

    Quadro 2.10 - Composio mdia da frao ptrea do entulho (em %).

    Composio MdiaDo entulho (em%) Fonseca, (2002) Farias et al, (2006)

    Santos (2008)Petrolina/PE

    O Autor (2010)Petrolina/PE

    Argamassas 40,60% 39,41% 23,60% 37,4%Concreto 12,50% 6,17% 14,10% 21,1%Material Cermico 25,70% 49,38% 45,5% 23,3%Pedras 20,30% 4,73% - 17,7%Outros 0,90% 0,31% 16,8% 0,5%TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

    2.9. A Reciclagem dos Resduos na construo civil.

    2.9.1. Histrico

    Por ser a indstria da construo civil um dos setores mais fortes da economia euma grande consumidora de matrias primas, termina por provocar vrios impactosambientais. Seja pela produo de resduos ou outras formas de poluio (JOHN, 2000).Segundo o autor, a reduo desses impactos pode vir atravs de aes que algunsgovernos municipais vm agindo ativamente na reciclagem de resduos de construo edemolio, alterando sua cadeia produtiva em busca do desenvolvimento sustentvel. Areduo do impacto ambiental atravs da reciclagem de certos materiais de construopode ser verificada pelo Quadro 2.11.

  • 48

    Quadro 2.11 - Reduo do impacto ambiental (%) da reciclagem de resduos na produo em algunsmateriais de construo civil, exceto transporte.

    ImpactoAmbiental

    Alumnio Ao Vidro Adio de escria ao cimento (%)

    20 30 50Energia 97 74 6 88 82 71Matria prima 90 54 20 30 50gua 40 50Poluio do ar 86 22 20 * 30 * 50 *Res. EmGeral 105 54Res. Minerais 97 79*Considera-se a reduo de poluentes no processo de clinquerizao como CO2Fonte: JOHN (2000)

    Neste aspecto, o setor de construo civil permite diversas possibilidades dereciclagem, tendo em vista os diferentes ramos da cadeia produtiva est presente emtoda regio, passando a ser a reciclagem desses resduos garantia de uma maior ofertade produtos alternativos para uma mesma funo em diversas regies.

    2.9.2. Experincias de reciclagem

    O processo de reciclagem de RCD iniciou-se na Europa e chega a atingir cercade 90% de material reciclado, onde as fraes de material reciclado provm de resduosde construo. Segundo HENDRICKS (2000), a certificao do produto reciclado emalguns pases j motivo de discusso.

    Segundo CORCUERA & CAVALCANTI (2003), as experincias de reciclagemde entulho foram iniciadas aps a segunda guerra mundial na Europa. Os pases emcrise financeira e com escassez de matrias primas, moem os entulhos para a utilizaona reconstruo de suas cidades e lanam mo de britadeiras utilizadas em pedreiras.Em pases como a Holanda, 70% dos RCC so reciclados e na Alemanha 30%.Copenhague na Dinamarca recicla cerca de 25% do entulho de demolio, pois o pas

  • 49

    tem escassez de material granulado, existindo uma sobretaxa de 10% sobre o consumodos agregados naturais, favorecendo a reciclagem pelas prprias mineradoras.(TENRIO; ESPINOSA, 2004).

    No Brasil, os rgos municipais e estaduais j discutem a reciclagem ereutilizao dos materiais. Segundo OLIVEIRA et al. (2007), apesar do pequenonmero de estudos realizados no Brasil em RCD utilizados em dosagens estruturais, osresduos de construo se comparado com outros resduos apresentam grande potencialde reciclabilidade.

    Desde 1991, com a inaugurao da primeira usina de reciclagem em Itainga,localizada na zona sul de So Paulo, os municpios vm construindo outras unidades deinstalaes de reciclagem, como as de Londrina no Paran e as de Belo Horizonte emMinas Gerais (ZORDAN, 1997 citado por SANTOS, 2007). J em novembro de 1995foi inaugurada a primeira usina de reciclagem de Belo Horizonte no Bairro Estoril(CHENNA, 2001).

    Na capital Pernambucana existem propostas para a utilizao dos materiaisreciclveis, um deles o estudo da interao solo-concreto convencional com oagregado reciclado em obras de conteno (FERREIRA et al. 2006), Um outro,elaborado por OLIVEIRA et al. (2007), avaliou a resistncia compresso do concretocom uso de agregado de RCD, onde fora observado atravs de ensaios uma menorresistncia compresso e um maior consumo de cimento, acarretando um maior custopara a produo do concreto.

    Segundo SILVA et al. (2008), a utilizao de RCD reciclado como agregadomido em obras de melhoramento apresenta grande potencialidade de uso em estacas decompactao de areia e brita. Em funo da similaridade encontrada entre as amostras

  • 50

    de RCD e o p de pedra. Tal uso alm de contribuir para a preservao do meioambiente tende a provocar uma reduo nos custos das obras de melhoramento do solo.

    O aproveitamento desses resduos trar grande benefcio ao meio ambiente econtribuir para resolver um dos problemas urbanos, que a destinao final dos RCD(SILVA et al., 2008).

    Uma das mais recentes instalaes de usina de reciclagem para beneficiamentode RCD no Brasil em 2007 est situada no bairro da mangabeira, na cidade de JooPessoa no Estado da Paraba e outra no bairro Jos e Maria do municpio de Petrolinano estado de Pernambuco em 2008. (SANTOS, 2008).

    2.10. Caractersticas do municpio de Petrolina

    O Municpio de Petrolina localiza-se na Bacia do Rio So Francisco (RegioSubmdio So Francisco), situa-se a 714 Km de Recife, est inserido na Mesorregio doSo Francisco e Microrregio de Petrolina, Estado de Pernambuco. Ocupa 4.585 Km2

    de superfcie territorial, sendo que 87,69 Km2 (1,91% do total) so de rea urbana,enquanto 4.497 Km2 (98,09% do total) so de rea rural. Figura 2.2.

  • 51

    Figura 2.2 Localizao de Petrolina na Bacia do So FranciscoFonte: Secretaria executiva do Ministrio dos Transportes

    Por possuir grande extenso territorial a rea rural apresenta-se em trsconfiguraes:

    rea de sequeiro (caatinga), a agricultura depende do perodo de chuvaspredominando assim, a criao de pequenos animais;

    rea ribeirinha (margens do rio So Francisco), utilizada pelo lazer e turismo,alm da pesca artesanal e cultivo de hortifrutigranjeiros;

    rea Irrigada (projetos de irrigao) caracteriza-se pelo uso de tecnologia deproduo e irrigao para o cultivo de hortalias e principalmente de frutas.Dispe das rodovias federais BR-122, BR-428, BR-116 e BR-232 e da estadual

    PE-360, como vias de acesso.

  • 52

    Petrolina localiza-se pelas coordenadas geogrficas:Latitude (Sul): 092355Longitude (Oeste): 403003Altitude mdia: 376 metros

    E pelos limites municipais:Norte: Municpio de DormentesSul: Municpio de Juazeiro (BA)Leste: Municpio de Lagoa GrandeOeste: Municpio de Casa Nova (BA) e Afrnio (PE).

    2.10.1. Gesto dos resduos slidos do municpio

    A gesto dos resduos slidos no municpio feita pela Secretaria de Infra-estrutura e pela Secretaria de Servios Pblicos.

    A estrutura da Secretaria de Infra-estrutura, que a encarregada de efetuar afiscalizao no que tange a limpeza pblica, formada por uma assessoria duasdiretorias e trs gerncias. J a Secretaria de Servios Pblicos estruturada por umaassessoria, duas diretorias e uma gerncia, que por meio desse quadro exerce as funesoperacionais na questo da gerncia do aterro remediado e dos resduos slidos nomunicpio.

    A Secretaria de Servios Pblicos responsvel pelo controle dos resduosdomiciliar, industrial, sade e RCC, porm em relao aos resduos industriais h umafragilidade relevante, pois a referida secretaria no detm informaes a respeito dovolume e destino final dos mesmos, sabe-se apenas que algumas indstrias fazem odepsito irregular no aterro da cidade.

  • 53

    No tocante aos resduos de sade dos centros mdicos do Municpio, estes sotratados pela unidade de tratamento da empresa contratada, instalada na cidade, osresduos da rede particular so de inteira responsabilidade dos geradores, que soatendidos pela mesma empresa. Dessa forma o municpio no detm informaes emrelao a volumes coletados e tratados deste setor, como tambm no efetuafiscalizaes ficando por sua vez a cargo do rgo ambiental competente, CPRH.

    Dois modelos de gesto diferenciados so administrados pela Secretaria deServios Pblicos: Os servios de limpeza pblica esto terceirizados, sendo realizadospor empresa contratada, que responsvel pelas atividades de limpeza Pblica. J adestinao final vem sendo executada desde dezembro de 2006 pela empresa CTR-Petrolina em regime de concesso por um perodo de 20 anos.

    22..1100..22.. SSeerrvviioo ddee lliimmppeezzaa uurrbbaannaa

    A coleta de resduos municipais atende mais de 90% da populao do municpio,com um efetivo envolvido nessas atividades de 11 funcionrios, tendo em vista que osequipamentos que so alugados so disponibilizados com o respectivo operador pelaempresa de aluguel.

    A fiscalizao dos servios, de responsabilidade da Secretaria de Infra-estrutura, feita por meio de 16 fiscais motorizados (motos) que se dividem em setores, ficandocada um responsvel por 1 setor, ou seja a cidade dividida em 16 setores, onde sopercorridos diariamente pelos fiscais e supervisionados pela supervisora que escolhealeatoriamente os setores para aferir os trabalhos executados pela fiscalizao.

    A sistemtica de fiscalizao est relacionada diretamente com os roteiros decoleta, onde os fiscais percorrem todo o roteiro de acordo com a programao diria.

  • 54

    A construtora contratada responsvel pela coleta domiciliar atende inclusive asreas de difcil acesso, que na cidade so representadas pelas ruas no pavimentadas,onde o acesso dos caminhes compactadores prejudicado pela prpria estrutura dosolo. Nesses locais, a coleta efetuada por tratores de pneu e carroa.

    22..1100..33.. RReessdduuooss GGeerraaddooss nnaa CCTTRR PPeettrroolliinnaa

    A demanda de servios, representada pelo aumento da gerao de resduosslidos de Petrolina, cresceu drasticamente nas ltimas dcadas, atrelada ao crescimentopopulacional do municpio, que exibe as maiores taxas de crescimento do estado dePernambuco.

    Nos ltimos 30 anos a populao urbana de Petrolina foi quadruplicada econseqentemente a produo de resduos slidos aumentou proporcionalmente. OsQuadros 2.12 e 2.13 a seguir, apresenta os valores mdios de resduos que esto sendopesados na rea de Remediao Ambiental da CTR-Petrolina.

    Quadro 2.12 - Mdia de entrada de resduos no aterro no ano de 2007.Ms Domiciliar (ton) Entulho (ton)

    Ano 2007Janeiro 4.519,32 516,70Fevereiro 3.893,10 369,90Maro 3.969,75 883,81Abril 3.424,60 326,54Maio 3.583,36 336,15Junho 3.451,07 529,64Julho 3.465,84 808,68Agosto 3.683,75 640,37Setembro 3.261,59 535,68Outubro 3.724,41 655,42Novembro 3.729,54 984,09Fonte: CTR Petrolina

  • 55

    Quadro 2.13 - Mdia de entrada de resduos no aterro no ano de 2008.Ms Domiciliar (ton) Entulho (ton)

    Ano 2008Janeiro 3.661,07 70,26Fevereiro 3.512,72 52,60Maro 3.665,91 280,83Abril 3.968,29 306,13Maio 3.614,45 787,75Total 18.422,44 1.497,57Fonte: CTR Petrolina

    2.11. Caracterizao da rea de implantao da usina de reciclagem de Petrolina.

    Raso da Catarina, lixo, so alguns dos qualificativos com que se conhecia atdezembro de 2006 uma rea de 22,0 hectares e 2.081m de permetro, inserida no ncleourbano da cidade de Petrolina no Bairro Jos e Maria, o lixo municipal.

    Nesse local, a degradao ambiental decorrente da destinao final inadequadade resduos slidos chegou a nveis intolerveis. O passivo ambiental hoje existente oresultado de uma seqncia de agresses ao meio ambiente que comearam a mais de30 anos atrs, quando uma rea de 22 hectares ento ocupada com vegetao decaatinga, foi desmatada e comeou a ser explorada como extrao de material de aterro(escasso na regio).

  • 56

    Figura 2.3 Vista panormica do Raso da CatarinaFonte: CTR Petrolina-2006

    Estima-se que mais de 700.000 m foram retirados do local, formando umadepresso que segundo as prospeces realizadas pode atingir mais de 10,0m deprofundidade no seu ponto mximo, e desde h 20 anos recebe o lixo da cidade dePetrolina sem nenhum tipo de controle tecnolgico.

    A conformao geomtrica do local pode ser assimilada de um retngulo dedimenses mdias 550,0 x 360,0m, ainda no lado oeste pode ser verificada umasalincia com formato de nariz com comprimento de aproximadamente 215,0m, o quefornece ao local uma dimenso mxima de 780,0m no eixo oeste leste. A topografiarealizada no local permite visualizar uma rea enganosamente plana, que decrescesuavemente passando da cota 375,0m no extremo noroeste (ponta do nariz), cota373,0m na borda sudoeste do recinto. Aps dita borda, o declnio da topografia se

  • 57

    incrementa e o terreno desce com uma declividade maior at a cota 360,0maproximadamente, quando encontra o canal de drenagem Antnio Cassimiro.

    Como pode ser observado na Figura 2.3, a ocupao urbana est assentada noentorno do lixo, sendo a principal receptora dos impactos ambientais decorrentes dadegradao da rea. A situao de interao mais crtica est do lado leste da rea, ondeuma comunidade de baixa renda, de antigos catadores do lixo, invadiu os terrenos econstruiu as moradias muito prximas da borda da escavao que contorna o lixo.

    Dentro dos 22 hectares que conformam o recinto, a superfcie do terrenoapresenta de forma geral 2 aspectos bem diferenciados: reas alagadas que ocupavamaproximadamente 50% do local e reas de terra firme conformadas, ora por solo, ora porresduos slidos ou inclusive a mistura de ambos. A Figura 2.4 a seguir apresenta umesquema do Raso da Catarina, com suas duas reas alagadas denominadas Lagoas 1 e2, as reas no alagadas e finalmente o setor de implantao da Usina de Reciclagem deResduos da Construo Civil - URRCC.

    Lagoa N 14.60 ha

    Lagoa N 24.90 ha

    Setor deimplantaoda usina

    Figura 2.4 Esquema do Raso da CatarinaFonte CTR Petrolina

  • 58

    2.11.1. Lay-out e equipamentos da Usina de Reciclagem de Petrolina.

    Segundo dados da CTR Petrolina, a usina de reciclagem de resduos daconstruo civil foi implantada com as seguintes unidades:

    AAlliimmeennttaaddoorr vviibbrraattrriioo,Completo, com capacidade de 30 m3/h, motor eltrico blindado trifsico, polias e

    correias em V, mesa vibratria com grelha pr-classificadora e apoios em molasespirais, caixa vibratria, tremonha de carga com capacidade de 3 m3 e chassis.

    TTrraannssppoorrttaaddoorr ddee ccoorrrreeiiaa ffiixxoo,,

    CCompleto, largura 16", comprimento 11,0 m, capacidade de transporte de 30m3/h, motor eltrico blindado trifsico, redutor de velocidade, polias e correias em V,correia de duas lonas e revestimento resistente abraso, tambores de trao e retorno,roletes de carga e retorno com rolamentos blindados, selados por labirintos, duplavedao contra p, assentados em cavaletes de carga em V e cavaletes de retornoparalelos, esticador, limpadores auto regulveis, cavaletes de apoio para transportador etremonha de carga com vedao em borracha.

    BBrriittaaddoorr ddee iimmppaaccttoo,,Completo, com capacidade de 20 t/h, em circuito aberto, com 95% de produtos

    passantes em peneira de 60 mm, produo contnua, alimentao de material de 300min, motor eltrico blindado trifsico, polias e correias em V, Carter de proteo domovimento, carcaa sobre chassis metlico, rotor horizontal apoiado em mancais derolamentos auto-compensador, barras de impacto, placas de impacto e peas de desgasteem liga resistente abraso, revestimento interno substituvel, sistema de acesso parafacilitar troca de elementos e manuteno interna, sistema de regulagem de placas de

  • 59

    impacto por molas, para permitir variao de granulometria produzida e sistema desegurana.

    CCaallhhaa mmeettlliiccaa,,

    Em chapa de ao, enrijecida por cantoneiras, completa com sistema de acessopara limpeza/ manuteno, vedao contra p, sistema "by-pass" para recolhimento depinos do AV.

    TTrraannssppoorrttaaddoorr ddee ccoorrrreeiiaa ffiixxoo,,Completo, largura 20", comprimento 6,0 m, capacidade de transporte de 40 m/h,

    motor eltrico blindado trifsico, redutor de velocidade, polias e correias em V, correiade duas lonas e revestimento resistente abraso, tambores de trao e retorno, roletesde impacto, revestidos com anis anti-choque, carga e retomo com rolamentosblindados, selados por labirintos, dupla vedao contra p, assentados em cavaletes decarga em V e cavaletes de retomo paralelos, esticador, limpadores auto regulveis,cavaletes de apoio para transportador e im permanente, e tremonha de carga comvedao em borracha.

    TTrraannssppoorrttaaddoorr ddee ccoorrrreeiiaa mmvveell,,Tipo mvel, radial, giro mnimo de 180', completo, com largura 16",

    comprimento 14,0 m, capacidade de transporte de 30 m3 /h, para leira de estoque at 4,5m, motor eltrico blindado trifsico, redutor de velocidade, polias e correias em V,correia de duas lonas e revestimento resistente abraso, tambores de trao e retorno,roletes de carga e retorno com rolamentos blindados, selados por labirintos, duplavedao contra p, assentados em cavaletes de carga em V e cavaletes de retomoparalelos, esticador, limpador auto regulveis, cavaletes de apoio em V, com rodas

  • 60

    giratrias, rolamentos de apoio na parte traseira e tremonha de carga com vedao emborracha.

    IImm ppeerrmmaanneennttee,,Tipo suspenso, de limpeza manual, completo, com carcaa de alta

    permeabilidade magntica com proteo contra corroso, face magntica em aoinoxidvel AISI 304, circuito magntico com m permanente de Ferrite de Estrncioanisotrpico, de alta energia, e suportes em olhais de sustentao e cabos de ao.

    QQuuaaddrroo eellttrriiccoo,,De comando e proteo dos motores, completo, com caixa metlica de

    alojamento estanque, proteo contra particulado, contatores, rels bimetlicos desobrecarga e falta de fase, fusveis, rgua de bornes, sistema de aterramento eenergizao por concessionria, indicao por sinaleiros visuais, botoeiras de comandoliga / desliga, comando distncia de emergncia e liga/desliga para AV e PVA,sistema de intertravamento e enfiao do quadro aos motores; partida compensada paramotores acima de 40 CV.

    SSiisstteemmaa aannttii--pp,,Para controle ambiental completo, presso regulvel, conjunto moto-bomba com

    nebulizador spray, motor eltrico blindado trifsico, mangueiras flexveis,microaspersores e gatilho de acionamento, para operao mnima de 8 horas,ininterruptas, sem perda de eficincia, em todos os pontos de fuga de particulado.

    SSiisstteemmaa aannttii--rruuddoo,,Para controle ambiental, completo, com manta de borracha antichoque/rudo,

    instaladas em tremonhas de carga, bicas de transferncia, calha metlica, peneira

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    vibratria e bicas de distribuio e revestimento externo do BI, com placas de laminadoasfltico, protegido com filme de polietileno de espessura mnima 3,0 mm.

    EEssttrruuttuurraa mmeettlliiccaa ddee ssuusstteennttaaoo,,Tipo desmontvel, para conjunto AV / BI, completa com contra vento,

    plataformas para operao, inspeo e manuteno, guarda-corpo de segurana eescadas de acesso.

    BBiiccaass ddee ttrraannssffeerrnncciiaa,,Em chapa de ao, completas com sistema de acesso para limpeza/manuteno,

    instaladas nos seguintes pontos: AV BI, TU TCM, TCM PVA e IP descarga.

    PPeenneeiirraa vviibbrraattrriiaa aappooiiaaddaa,,Completa, com capacidade de 25 m/h, rea de peneiramento 2,5 m, motor

    eltrico blindado trifsico, polias e correias em V, 3 (trs) decks para telas com malhasde aberturas 22, 0, 9,52 e 4,8 mm, eixo excntrico montado em mancais com rolamentosauto-compensadores e proteo anti-p por labirinto e tampas; contra-peso deregulagem de amplitude; lubrificao graxa, chassis com apoios para 4 molashelicoidais e bicas de distribuio.

    PPllaattaaffoorrmmaa mmeettlliiccaa,,Para operao, inspeo e manuteno do conjunto PVA, completa com guarda-

    corpo de segurana e escada de acesso.

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    C L2

    C L3PEN

    EIRAM

    ENTO

    2.11.2. Implantao da Usina de Reciclagem de Petrolina

    A Usina de Beneficiamento de Entulho (UBE) comeou a ser implantada nosprimeiros meses de 2008, e em outubro do mesmo ano, estava parcialmente finalizada,restando apenas o acabamento da obra civil e ajustes na montagem mecnica.

    O lay-out da usina de reciclagem est representada na Figura 2.5.

    B

    PEDRISCO :4,8 < 25 mm

    BICA CORRIDASELECIONADA

    IH F

    BRITAGEM

    INCL ~15A C E G

    P1

    BB

    BICA CORRIDA COMMAIORTEOR DE TERRA

    A seqncia fotogrfica representada pelas Figuras 2.6 a 2.11 ilustra a situaoda unidade de beneficiamento em outubro de 2008.

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    Figura 2.6 Vista panormica da fachada oeste da UBEFonte: CTR Petrolina

    Figura 2.7 Vista panormica da fachada sul da UBEFonte: CTR Petrolina

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    Figura 2.8 Vista panormica da fachada leste da UBEFonte CTR Petrolina

    Figura 2.9 Vista panormica da fachada norte da UBEFonte CTR Petrolina

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    Figura 2.10 Vista panormica da guarita de controle, rampa de acesso e plat deabastecimento.Fonte: CTR Petrolina

    Figura 2.11 - Vista panormica superior leste do alimentador vibratrio, britador de impacto,transportador de correia fixo, im e estrutura metlica de sustentao.Fonte: CTR Petrolina

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    2.12. Possibilidades de Utilizao do entulho reciclado

    Na construo civil, so vrias as possibilidades de utilizao do RCD reciclado.Apesar de determinadas limitaes especialmente estruturais, o produto oriundo

    de RCD reciclado apresenta muitas vantagens (CORCUERA & CAVALCANTI, 2003).Os materiais reciclados so utilizados na construo de sub-base, base asfltica,argamassas e concretos utilizados na construo civil, alm da confeco de blocos,tubos de concretos e lajotas com idntica qualidade aos confeccionados com agregadosnaturais.

    2.12.1. Utilizao em Pavimentos

    Uma das formas de utilizao do RCD reciclado so na pavimentao comobase, sub-base ou pavimento primrio na forma de brita corrida, ou ainda em misturasde resduos com solo. na construo de estradas que vrios pases da Europa utilizamos resduos reciclados, muito embora se faa necessrio alguns critrios de seleo eclassificao como os observados no Quadro 2.12 (VAZQUES, 2001).

    Quadro 2.14 Produtos obtidos a partir do RCD e utilizaes na pavimentaoMaterialObtido

    Principal Componente Componente Secundrio Aplicao

    ConcretoTriturado

    80% concreto com umadensidade seca maior que 2,1 t/m3

    10% pedra, cermica 5% Aglomerado asfltico

    Sub-bases emqualquer tipode estrada

    CermicaTriturada

    85% do material mineral deveter densidade seca menor que 1,6t/m3

    15% de outros materiaisminerais 10% aglomerado asfltico

    Sub-bases paratrficos nopesados.

    MaterialResidual Misto

    Triturado

    50% concreto com densidadeseca maior que 2,1 t/m3 50% material mineral comdensidade seca menor que 1,6 t/m3

    10% de outros materiaisminerais de mistura asfltica

    Sub-bases paraqualquer tipode estradas

    Fonte: VAZQUES (2001)

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    Segundo ZORDAN (2003), as vantagens da utilizao desses resduos devem-seao fato de que: as formas de reciclagem exigiram uma menor tecnologia, o que pode baratear o custodo processo; permite a utilizao de todos os componentes minerais do entulho (tijolos,argamassas, materiais cermic