100
UNIVERSIDADE PAULISTA DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS: um estudo de canais do mercado de tecnologia no Brasil Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista UNIP para a obtenção do título de Mestre em Administração. PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES SÃO PAULO 2016

Dissertação - unip.br · PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS: um estudo de canais do mercado de

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE PAULISTA

DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS

E SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS:

um estudo de canais do mercado de

tecnologia no Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Administração.

PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES

SÃO PAULO

2016

PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES

DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS

E SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS:

um estudo de canais do mercado de

tecnologia no Brasil

Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Administração apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP

Orientador: Prof. Dr. Renato Telles

PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES

SÃO PAULO

2016

FICHA CATALOGRÁFICA

TAVARES, PAULO HENRIQUE GILBERTI. DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS: um estudo de canais do mercado de tecnologia no Brasil / PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES. - 2015. 98 f. : il. color. Dissertação (mestrado) – apresentado ao Instituto de Ciência Sociais e Comunicação da Universidade Paulista, SÃO PAULO, 2015. Área de Concentração: Redes de Negócios. Orientador: Prof. Dr. Renato Telles. 1. Redes de Negócios. 2. Sistemas Complexos Adaptativos. 3. RELQUAL. 4. Relações Interorganizacionais. 5. Canais de Distribuição. I. Telles, Renato (orientador). II. Título.

PAULO HENRIQUE GILBERTI TAVARES

DINÂMICA DE REDES INTERORGANIZACIONAIS E SISTEMAS

COMPLEXOS ADAPTATIVOS: um estudo de canais do mercado de

tecnologia no Brasil

Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Administração apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP

Orientador: Prof. Dr. Renato Telles

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. Dra. Lucilaine Pascucci - UFES

_______________________/__/___

Prof. Dr. Márcio Machado

_______________________/__/___

Prof. Dr. Renato Telles

SÃO PAULO

2015

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha esposa Renata e aos meus filhos João e Felipe.

RESUMO

O presente trabalho focaliza a dinâmica das relações interorganizacionais em canais

do mercado de tecnologia no Brasil, tendo como principal objetivo o

desenvolvimento de compreensão sobre sua capacidade adaptativa ou alostática em

termos de estrutura e interações frente a diferentes contextos competitivos. O marco

teórico para a abordagem do domínio objetivo adotado tem, como plataforma, a

perspectiva conceitual de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos,

particularmente considerando manifestações de categorias sociais subjacentes às

relações construídas entre os atores organizacionais. A dinâmica das interações e a

capacidade adaptativa observadas nas redes de negócios sinalizam um potencial

sistema complexo adaptativo, evidenciado, sobretudo, pelo fato de que o

comportamento da rede emerge como resultante das ações de cada um de seus

elementos. A utilização do instrumento RELQUAL para o desenvolvimento de uma

das bases instrumentais de coleta de dados foi determinante para as conclusões do

trabalho, uma vez que o modelo se mostrou robusto e efetivo para a investigação do

relacionamento entre empresas e sua capacidade de integração e recomposição da

arquitetura de interação, como resposta adaptativa ou proativa a condicionantes

ambientais internos e externos, fornecendo uma potencial fonte de competitividade

para a rede.

Palavras-Chave: Redes de negócio. Sistemas complexos adaptativos. Canais e

distribuição. Instrumento RELQUAL.

ABSTRACT

This document is focused in the dynamic of the inter-organizational relationship

present in the distribution channels of the Brazilian technology market, and the main

objective is to develop the comprehension of its adaptive or allostatic ability, related

to its structure and interaction with different competitive scenarios. The theoretical

framework used to study the phenomena is based on the conceptual platform of

Business Networks and the Complex Adaptive Systems perspective, considering the

presence of social categories underneath the relations built between the

organizational actors. The dynamic of the interaction and the adaptability, observed

in the business networks, show a potential complex adaptive system, which can be

perceived mainly through the emergence of the network’s behavior from the

individual actions of its elements. The use of the RELQUAL model to develop one of

the research instrumental platform was key to the results that were achieved, once it

has been robust and effective to investigate the relationship between organizations

and its ability to integrate and rebuild the interaction structure present in these

relationship, as an adaptive or proactive response to the influence of the internal and

external environment, bringing a potential source of competitiveness to the network.

Keywords: Business Networks. Complex Adaptive Systems. Marketing Channels.

RELQUAL.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Conceitos sobre Sistemas Complexos Adaptativos ......................... 25

Quadro 2 - Paradigmas de estudo de redes de negócios .................................... 28

Quadro 3 - Propriedades de Redes de Negócios ................................................. 32

Quadro 4 - Principais conceitos estruturais de rede ........................................... 39

Quadro 5 - Fases do desenvolvimento da confiança em relações

interorganizacionais ............................................................................................... 40

Quadro 6 - Conceitos de poder em artigos brasileiros sobre redes ................... 42

Quadro 7 - Definições de capital social ................................................................. 42

Quadro 8 - Autores e variáveis de qualidade do relacionamento (RELQUAL) .. 47

Quadro 9 - Variáveis conceituais de Sistemas Complexos Adaptativos ........... 50

Quadro 10 - Variáveis conceituais utilizadas na pesquisa de redes .................. 51

Quadro 11 - Lista de distribuidores que participaram da pesquisa .................... 57

Quadro 12 - Lista de instaladores que participaram da pesquisa ...................... 57

Quadro 13 - Dimensões utilizadas no RELQUAL e respectivos autores ............ 61

Quadro 14 – Detalhamento de correlações entre variáveis de pesquisa ........... 73

Quadro 15 - Empresas relacionadas aos programas de canais estudados ....... 75

Quadro 16 - Itens analisados e definição .............................................................. 76

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Lista de fabricantes que participaram da pesquisa ............................ 57

Tabela 2 - Tabela de dados secundários ............................................................... 63

Tabela 3 - Frequência dos resultados ................................................................... 67

Tabela 4 - Estatística Descritiva ............................................................................. 69

Tabela 5 - Matriz de Análise Fatorial Rotacionada ............................................... 70

Tabela 6 - Matriz de Análise de Correlação ........................................................... 72

Tabela 7 - Índices de Confiabilidade ...................................................................... 74

Tabela 8 - Análise de Programas de Canais ......................................................... 77

Tabela 9 - Atribuição de notas de 0 a 10 para palavras-chave ............................ 81

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Perfil dos Respondentes - Cargo ........................................................ 65

Gráfico 2 - Respostas X Valor da Escala para cada variável ............................... 68

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Topologias de redes .............................................................................. 35

Figura 2 - Quadro conceitual sobre tipos de redes .............................................. 37

Figura 3 - Diagrama de Dimensões e Variáveis do constructo RELQUAL ......... 45

Figura 4 - Representação da escala para RELQUAL ............................................ 46

Figura 5 - Modelo de pesquisa ............................................................................... 49

Figura 6 – Desenho de pesquisa ............................................................................ 54

Figura 7 - Diagrama de fluxo das transações comerciais no canal .................... 56

Figura 8 - Diagrama com Dimensões e Variáveis do Questionário .................... 61

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 Objetivos do trabalho ..................................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 19

2.1 Sistemas complexos adaptativos (SCA) ....................................................... 19

2.1.1 Teoria Geral dos Sistemas ............................................................................. 19

2.1.2 Teoria da Complexidade ................................................................................. 20

2.1.3 Dinâmica de Sistemas .................................................................................... 21

2.1.4 Sistemas Complexos Adaptativos (SCA) ........................................................ 22

2.1.5 Conclusão ....................................................................................................... 25

2.2 Redes de Negócios ......................................................................................... 26

2.2.1 Paradigmas de Estudo das Redes de Negócios ............................................. 27

2.2.1.1 Paradigma Social .................................................................................................................... 27

2.2.1.2 Paradigma Racional Econômico ............................................................................................. 30

2.2.1.3 Paradigma da sociedade em rede ......................................................................................... 31

2.2.2 Conceitos Estruturais em Redes .................................................................... 31

2.2.2.1 Densidade .............................................................................................................................. 33

2.2.2.2 Centralidade........................................................................................................................... 33

2.2.2.3 Laços ...................................................................................................................................... 34

2.2.2.4 Evolução ................................................................................................................................. 34

2.2.2.5 Topologia ............................................................................................................................... 35

2.2.2.6 Efeito enxame (Swarming) .................................................................................................... 36

2.2.2.7 Redes Verticais e Horizontais ................................................................................................ 37

2.2.2.8 Governança ............................................................................................................................ 38

2.2.3 Características Relacionais das Redes de Negócios ..................................... 39

2.2.3.1 Interdependência................................................................................................................... 40

2.2.3.2 Confiança ............................................................................................................................... 40

2.2.3.3 Comprometimento ................................................................................................................ 41

2.2.3.4 Processo de Fidelização ......................................................................................................... 41

2.2.3.5 Poder ...................................................................................................................................... 41

2.2.3.6 Capital Social .......................................................................................................................... 42

2.2.4 Redes de Negócios e Estratégia Organizacional ............................................ 42

2.2.5 Conclusão ....................................................................................................... 44

2.3 O constructo RELQUAL (Relationship Quality) ........................................... 44

3 CONVERGÊNCIA TEÓRICA ................................................................................ 49

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................... 53

4.1 Caracterização da Pesquisa........................................................................... 53

4.2 Projeto de pesquisa ........................................................................................ 54

4.2.1 Questões e proposições ................................................................................. 55

4.2.2 Empresas componentes da Amostra .............................................................. 55

4.3 Instrumentos de Pesquisa ............................................................................. 58

4.3.1 Entrevistas ...................................................................................................... 58

4.3.2 Questionários (Surveys) ................................................................................. 58

4.3.3 Levantamento de Dados Secundários ............................................................ 62

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................... 65

5.1 Análise dos Dados .......................................................................................... 65

5.1.1 Estatística Descritiva....................................................................................... 66

5.1.2 Estudos dos fatores determinantes de Redes de Negócios e Sistemas

Complexos Adaptativos ............................................................................................. 69

5.1.3 Investigação de correlações entre propriedades dos Sistemas Complexos

Adaptativos e características de Redes de Negócios ............................................... 71

5.1.4 Confiabilidade dos Constructos ...................................................................... 73

5.1.5 Limitações do Estudo...................................................................................... 74

5.2 Análise de Dados Secundários ...................................................................... 74

5.3 Entrevistas....................................................................................................... 78

5.4 Discussão dos Resultados ............................................................................ 81

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88

APÊNDICE A ............................................................................................................ 96

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

13

1 INTRODUÇÃO

No cenário econômico atual, o aumento de competitividade é crucial para a

sobrevivência das organizações. Baseado nessa premissa, é necessário que as

empresas busquem alternativas para se adaptarem e fazerem frente a esse cenário.

No Brasil, assim como em outros países, a relação entre organizações vem se

modificando, buscando o caminho da cooperação mútua, como resultado da

compreensão de seu imbricamento social e consequente oportunidade de aumentar

sua competitividade. Por meio dessas relações de cooperação, observa-se a

formação de uma estrutura maior e mais complexa, identificada como rede de

negócios.

Existem importantes trabalhos que mostram as organizações e suas relações

com os ambientes internos e externos a elas, aqui incluindo temas como a análise

da indústria de Porter, a teoria baseada em recursos, teoria dos custos de transação,

entre outros, que levam em conta as relações de troca e as estratégias competitivas.

Entretanto, é crescente a atenção que pesquisadores vêm dando às organizações

que se agrupam em redes, voltadas ao compartilhamento de recursos e cooperação

coletiva, eclodindo no aumento da competitividade em sua indústria. Nesse sentido,

a perspectiva paradigmática de Redes de Negócios oferece um arcabouço teórico

mais adequado para o estudo do fenômeno, abordando os aspectos estruturais,

econômicos e sociais das relações interorganizacionais.

Uma rede de negócios pode envolver empresas geograficamente próximas

(clusters) ou empresas de uma mesma cadeia de fornecimento ou distribuição

(redes verticais), embora ambos os tipos de agrupamentos não se limitem a essas

características (ZACCARELLI et al., 2008).

Na contraposição de correntes eminentemente racionais e econômicas, a

investigação de categorias sociais nas relações interorganizacionais tem suas raízes

em autores que estudam como as relações sociais afetam o comportamento das

organizações, associando redes de negócios a estrutura e operação, capazes de

regular as complexas relações de interdependência e cooperação entre empresas

(GRANOVETTER, 1985; GRANDORI & SODA, 1995). As redes de negócios podem,

ainda, ser caracterizadas como uma perspectiva de estudo das organizações

(NOHRIA & ECCLES, 1992), reunindo elementos conceituais sobre as

características relacionais e estruturais das redes de negócios (TICHY et al., 1979),

14

Na literatura existe ainda a perspectiva estratégica das redes de negócios,

que estabelece, sobretudo, a harmonização das relações sociais entre organizações

com as estratégias empresariais, potencializando as capacidades e recursos, de

modo a otimizar as operações do grupo (TODEVA, 2000; GULATI et al., 2000;

JARILLO, 1988).

Sistemas complexos adaptativos, por outro lado, compreendem um

arcabouço conceitual capaz de promover a análise das redes de negócios com uma

abordagem sistêmica, cujo comportamento não linear é resultado de múltiplos

influenciadores, aos quais as organizações juntas buscam se adaptar. Por se tratar

de uma teoria advinda de diferentes áreas da ciência, os autores encontram

evidências científicas em ambientes distintos, como sistemas biológicos, mecânicos,

sociais ou econômicos (AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL,

2009). O paralelismo conceitual entre redes de negócios e sistemas complexos

adaptativos pode ser observado em Zaccarelli et al (2008), que estabelece relação

entre os dois conjuntos de conhecimento, realizando extensa análise de redes de

negócios com fundamentos baseados na capacidade adaptativa do sistema. Em

Anderson(2008) e Stacey (1996), organizações são investigadas sob a lente dos

sistemas complexos adaptativos, trazendo outras perspectivas de análise de

processos, comportamento e estratégias.

Será utilizado, para fins de investigação acadêmica, um instrumento de

pesquisa desenvolvido para o estudo da qualidade de relacionamentos entre

empresas. O RELQUAL, caracterizado como um constructo de alta ordem, foi

utilizado em pesquisas científicas inicialmente em Lages et al (2005), cuja

publicação seminal foi direcionada ao estudo das relações entre importadores e

exportadores. Outros autores aplicaram o referido instrumento em pesquisas de

diferentes modelos de relacionamentos interorganizacionais (MYSEN & SVENSSON,

2010; PAYAN et al., 2010a; SOSA VARELA et al., 2012), tornando o RELQUAL um

constructo relevante e potencialmente adequado para o desenvolvimento de

instrumento para o estudo de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos.

A compreensão de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos

revela importante relação teórica, pressuposto que embasou este trabalho. Da

concepção do agrupamento formado por empresas inter-relacionadas surgem

elementos que sua capacidade adaptativa oferecem importante espaço a ser

investigado nas relações interorganizacionais, cujos resultados potencialmente

15

forneceriam avanços para o conhecimento nas ciências sociais. É nesse

entendimento que este trabalho questiona, investiga e elabora proposições, com

base no levantamento de informações da literatura acadêmica e na aplicação de

métodos científicos de pesquisa.

O presente estudo será realizado entre as empresas da indústria de

tecnologia, mais especificamente no mercado de Data Centers, designação atribuída

aos centros de dados, também conhecidos como CPDs (Centro de Processamento

de Dados). Os Data Centers são estruturas de alta tecnologia, alta concentração de

equipamentos de comunicação de dados e capacidade ininterrupta de

armazenamento de informações. Sua importância no mercado de tecnologia

cresceu rapidamente nos últimos dez anos, devido à maior acessibilidade aos

dispositivos digitais e consequente aumento de informações geradas e transmitidas

mundialmente, por indivíduos ou corporações globais.

As relações entre as organizações dessa indústria apresentam características

que transcendem as transações comerciais, com ostensiva presença de categorias

sociais, resultando em uma rede de negócios de natureza dinâmica e adaptativa. A

observação crítica de processos de gestão de relacionamentos entre organizações

despertou o interesse na investigação dos fenômenos que ocorrem em canais do

mercado de tecnologia da informação, associados à fabricação, comercialização e

implementação de sistemas de infraestrutura de comunicação de dados.

Algumas características do comportamento dos canais, neste mercado,

despertam a indagação científica. Entre elas estão (1) constante interação entre as

empresas da cadeia, (2) existência de troca de informação relevante e não

contratual, (3) formalização de regras para cada marca ou fabricante, (4) sistema

tácito de disciplina e punição e (5) capacidade de se adaptar a problemas e

mudanças de forma sistêmica. Partindo da observação desse comportamento, é

possível fazer uma analogia com redes de negócio (1, 2, 3 e 4) e com sistemas

complexos adaptativos (1, 2, e 5).

O presente trabalho propõe o estudo de tais efeitos, com foco na qualidade

dos relacionamentos interorganizacionais e na capacidade dinâmica de adaptação

do sistema, formado pelas redes de negócios. As questões de pesquisa propostas

são:

A utilização do instrumento RELQUAL é adequada e compatível à

captura de informações relevantes ao estudo de redes de negócios?

16

As redes de negócios constituem potencialmente um sistema complexo

adaptativo?

1.1 Objetivos do trabalho

O presente trabalho pode ser entendido como orientado para a compreensão

de mecanismos de natureza dinâmica presentes em redes verticais, que manifestam

capacidade adaptativa intempestiva resultante de articulações interorganizacionais.

Para tanto foi desenvolvida uma investigação de potenciais relações ou condições

de contexto, envolvendo variáveis ou fatores associados a presença de capital social,

a partir de uma abordagem baseada na concepção de redes de negócios e sistemas

complexos adaptativos.

O objetivo geral é, portanto, entender como as relações entre as empresas,

organizadas em rede, oferecem uma capacidade adaptativa em um mercado

importante e em constante mutação, e como o sistema resultante pode ser

classificado como um sistema complexo adaptativo.

Por meio da investigação empírica das relações entre organizações, tendo

como base teórica as redes de negócios e sistemas complexos adaptativos, os

objetivos específicos são propostos neste trabalho são:

(1) Levantamento e análise comparativa de instrumentos formais e informais de

acreditação, remetendo a presença de condições objetivas de construção de

capital social interorganizacional;

(2) Inventário conceitual de sistemas complexos adaptativos e sua potencial

relação com capacidade evolutiva e dinâmicas adaptativas de redes de

negócios;

(3) Exploração investigativa das redes de negócios, segundo arcabouço teórico

de sistemas complexos adaptativos, relacionados a seus fundamentos,

conceitos e comunalidades;

17

(4) Análise estatística da qualidade dos relacionamentos interorganizacionais

presentes nas redes de negócios, na forma de discussão de resultados da

pesquisa proposta nas redes de negócios.

A observação do comportamento das organizações no enfrentamento da

competitividade revela a crescente exposição dos gestores a modelos inovadores de

gestão. A busca pela otimização no uso de recursos e a inconstância do ambiente

externo dão origem a modelos de negócios baseados na colaboração e na

cooperação entre organizações. É nesse sentido que se propõe um estudo teórico,

por meio de investigação empírica das relações interorganizacionais, baseada

sobretudo em conceitos de Sistemas Complexos Adaptativos, como mecanismos de

adaptação, emergência e evolução do sistema, e conceitos de Redes de Negócios,

como manifestações de vínculos sociais e estruturais entre as empresas.

Justifica-se, portanto, o estudo das redes interorganizacionais, uma vez que

representam a materialização de uma estrutura de relacionamento existente, e que

ganha importância à medida que se torna a arena onde ocorrem o compartilhamento

de recursos, troca de informações e, sobretudo, manifestação de categorias sociais,

resultando na diminuição do oportunismo e dos riscos associados ao negócio.

O trabalho está dividido em 5 capítulos, os quais seguem uma sequência

lógica, descrevendo (1) delineamento da investigação, (2) revisão da literatura e

marco teórico, (3) percurso metodológico, (4) apresentação de resultados e

tratamento de dados e (5) cotejamento entre resultados e plataforma conceitual,

conduzindo às indicações e/ou conclusões da pesquisa.

18

CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sistemas complexos adaptativos (SCA)

Sistemas Complexos Adaptativos (SCA) tem seu estudo originado na Teoria

Geral dos Sistemas, publicada pelo biólogo Ludwig Von Bertalanffy, no início do

século XIX. Com o enfoque sistêmico, era possível estabelecer uma visão do

problema como um todo, levando em conta a relação entre os elementos que o

compunha e sua sinergia (DOMINICI & LEVANTI, 2011). O SCA foi, ainda,

influenciado pelas teorias da Complexidade e da Dinâmica de Sistemas.

Não existe uma definição única sobre sistemas complexos, mas Johnson

(2009a, p.13) sugere 8 propriedades que um sistema deve ter para que seja

considerado complexo:

(1) O sistema deve conter objetos ou agentes que interagem entre si;

(2) O comportamento desses objetos é influenciado pelo feedback recebido

ou pela memória;

(3) Os objetos adaptam sua estratégia de acordo com seu histórico;

(4) Tipicamente o sistema é aberto, ou seja, interage com o ambiente;

(5) O sistema está em constante atividade. Seu comportamento faz com que

ele pareça estar vivo;

(6) O sistema gera respostas emergentes, que podem ser inéditas ou

extremas;

(7) Todas as respostas que emergem do sistema são geradas por seus

elementos interconectados;

(8) O sistema possui comportamento ordenado e desordenado, de maneira

imprevisível.

2.1.1 Teoria Geral dos Sistemas

A Teoria Geral dos Sistemas foi publicada em 1940, por Ludwig von

Bertalanffy, e propôs uma abordagem científica multidisciplinar, aplicável em

qualquer área da ciência, em uma época em que a academia buscava maneiras de

estudar fenômenos de forma mais completa, o que não era possível por meio das

abordagens reducionista e analítica, que observavam o objeto de estudo como

20

partes isoladas. O pensamento sistêmico já vinha sendo utilizado em algumas áreas,

como a psicologia, como estrutura para a análise holística do paciente (FLOOD &

CARSON, 1992, p.3; YOLLES & MAURICE, 2004).

Um Sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados. Assim, um sistema é uma entidade composta de, pelo menos, dois elementos e uma relação que existe entre cada um destes dois elementos e um outro elemento do conjunto. Cada elemento do sistema está conectado a todos os outros elementos, direta ou indiretamente. Além disso, nenhum subconjunto está desconectado de qualquer outro subconjunto (ACKOFF, 1971).

Segundo Flood e Carson, o pensamento sistêmico teve um importante papel

na formalização da Teoria Geral dos Sistemas e sua utilização em outras disciplinas

como metodologia de resolução de problemas. Somando-se à colaboração de Ackoff

(1971), Flood e Carson (1992) elencam os principais conceitos da TGS, observados

na Imagem 01, e sua relação com a teoria.

Em Von Bertalanffy (1950), a segunda lei da termodinâmica é questionada,

quando aplicada a sistemas abertos. Segundo a lei, a entropia é sempre positiva, e

leva ao equilíbrio do sistema, porém em sistemas abertos é possível a diminuição da

entropia, pois existe relacionamento com elementos externos ao sistema. Isso pode

fazer com que haja importação de energia. Os sistemas abertos em organismos

vivos se baseiam na irreversibilidade das reações químicas, onde se busca a

estabilidade, diferente dos sistemas fechados que buscam o equilíbrio. “Sistemas

vivos são sistemas abertos, que mantém trocas de materiais com o ambiente,

construindo e destruindo seus componentes” (VON BERTALANFFY, 1950, p. 20).

Para que seja possível descrever um fenômeno como um todo, e com

características adaptativas, são necessários quatro fatores fundamentais. O

fenômeno (1) deve ser visto como um sistema, de onde se observe propriedades

emergentes. O sistema deve conter (2) subsistemas, de modo a ser possível

estruturá-lo em (3) camadas hierárquicas. Deve ter, ainda, (4) capacidade de

comunicação e controle, para que o sistema seja adaptativo e evolutivo.

2.1.2 Teoria da Complexidade

A Teoria da Complexidade é relativamente recente e consiste em pensar

sobre sistemas compostos por elementos que interagem entre si. Diferente de

21

teorias mecanicistas, que assumem um modelo de organização centralizado, ela

representa a ideia de que a ordem do sistema emerge da interação entre seus

elementos (BENBYA & MCKELVEY, 2006a). A Teoria da Complexidade é aplicada

em muitas áreas da ciência, como educação, ciências sociais, psicologia, economia

e políticas públicas. Um de seus principais expoentes é Edgard Morin, que estudou o

sistema educacional e identificou sua não linearidade e imprevisibilidade. Morin

critica o reducionismo científico e postula que os fenômenos não podem ser

estudados isoladamente, longe do observador e de seu ambiente (MORIN, 1992;

MORIN, 2011).

Não existe, no entanto, unanimidade em relação à definição de Complexidade.

Cada disciplina científica possui uma definição distinta, ainda que estas sejam

convergentes em importantes aspectos (AYDINOGLU, 2013). Segundo Mitleton-

Kelly (2003), é possível resumir 5 principais áreas de estudo da Teoria da

Complexidade: (1) Sistemas Complexos Adaptativos, (2) Estruturas Dissipativas, (3)

Autopoiesis, (4) Teoria do Caos e (5) Dependência de Trajetória (path dependence).

2.1.3 Dinâmica de Sistemas

Sistemas dinâmicos são sistemas que mudam em relação ao tempo, e podem

ser lineares e não lineares. Ainda que a não linearidade esteja presente mais

intensamente nos modelos dinâmicos, a linearidade não o descaracteriza (WARREN

et al., 1998).

A Dinâmica de Sistemas possibilita estudar e prever resultados e

comportamentos de um sistema, com notável probabilidade de acerto. Sua utilização

em sistemas de apoio à decisão e em análises de competitividade de negócios é

reconhecidamente efetiva (QI et al., 2009). Desde que foi publicada por Von

Bertalanfy, a Teoria Geral dos Sistemas só começou a ser estudada para análise de

negócios com a evolução da tecnologia, dando origem ao estudo de suas

características dinâmicas e não lineares (FORRESTER; 1968).

Na Dinâmica de Sistemas, utiliza-se o conceito de feedback de processos,

que integra variáveis em um sistema único. Essa modelagem é ainda utilizada em

análises socioeconômicas e gerenciais, oferecendo um modelo quantitativo para

melhorar o desenvolvimento da estrutura organizacional (LIN et al., 2006). Segundo

Roberts (1978 apud LIN et al., 2006), a modelagem da Dinâmica de Sistemas deve,

22

antes de tudo, reconhecer o problema existente, entendê-lo e desenvolver um

modelo computacional que o simule. Com isso é possível entender as

consequências e resultados dos processos e definir a melhor organização do

sistema todo.

A modelagem proposta na Dinâmica de Sistemas leva a um conceito que

engloba, ainda, os fatores exógenos ao sistema, buscando uma situação de

equilíbrio dinâmico com o ambiente externo, o que garante o efeito adaptativo do

sistema. A troca de fluxos entre sistemas internos e externos, bem como entre os

subsistemas internos caracteriza um modelo de auto-organização, típico de sistemas

abertos, onde a adaptação ao meio e a capacidade de se reestruturar

dinamicamente são traduzidas em ganho de competitividade de uma organização ou

de uma rede de negócios (ZACCARELLI et al., 2008; LIN et al., 2006; FORRESTER,

1968).

2.1.4 Sistemas Complexos Adaptativos (SCA)

Sistemas complexos adaptativos são formados por uma rede de componentes

que, por ser desprovida de um controle central e ter regras simples de operação, dá

origem a um comportamento coletivo complexo, com processamento sofisticado de

informações e adaptação por meio do aprendizado ou do processo evolutivo

(MITCHELL, 2009).

Os Sistemas Complexos Adaptativos (SCA) estabelecem relações não

lineares e adaptativas, o que o distingue da Teoria do Caos, por se contrapor à

entropia típica dos sistemas fechados, e das metodologias reducionistas, por ter uma

característica holística em sua abordagem (AYDINOGLU, 2013). Também se opõe a

perspectiva Newtoniana, que busca entender o todo por meio do estudo das partes,

o que não se aplica, por exemplo, aos estudos do comportamento humano. Em um

SCA são estudados os padrões de relacionamento entre as partes do sistema, como

o sistema é suportado por seus agentes, como eles se auto-organizam e como os

resultados emergem da interação destes agentes (ZIMMERMAN, 2009).

Segundo HOLLAND & MILLER (1991), sistemas econômicos podem ser

considerados complexos por apresentarem (1) rede de agentes que interagem entre

si, (2) comportamento dinâmico que emerge das ações individuais de seus agentes

e (3) comportamento sistêmico que pode ser descrito mesmo sem conhecer as

23

ações de cada um de seus agentes. Os autores ainda definem que para que um

agente desse sistema seja adaptativo, suas atividades devem ser mensuráveis por

meio de alguma variável, como desempenho, retornos de investimentos, saúde

financeira, entre outras. “Sistemas complexos adaptativos são, portanto, um sistema

complexo que contem agentes adaptativos, interconectados de tal forma que o

ambiente de cada agente inclui os outros agentes do sistema” (HOLLAND & MILLER,

1991, p.2).

Com o objetivo de estabelecer variáveis que pudessem definir um sistema

como sendo complexo e adaptativo, Axelrod & Cohen (2001) elencam suas

principais características, de modo que se possa estabelecer um modelo,

comparando-o com uma população de agentes:

(1) Agentes: compõem o sistema, interagem entre si e com seu ambiente,

gerando ações como resposta ao que acontece ao seu redor. Possuem

atributos e memória.

(2) Estratégia: é a denominação dada às ações dos agentes como resposta

ao ambiente que os cercam ou para buscar seus objetivos.

(3) Medidas de Sucesso: Maneira pela qual um ou mais agentes percebem

o efeito que resulta de suas estratégias (ações).

(4) Efeito Cópia: Denominação do aprendizado com suas ações e de

outros agentes. Assim como a memória, é um dos fatores que faz com

que as estratégias possam mudar com o tempo.

(5) Atributos: propriedades de um agente.

(6) Tipo: Conjunto de propriedades semelhantes que definem agentes de

uma mesma população

(7) População: definição para coletividade ou conjunto de agentes. Por

definição, uma população é formada por agentes de mesmo tipo.

(8) Sistema: conjunto formado por uma ou mais populações.

(9) Complexo: qualidade do sistema quando existem fortes interações entre

seus agentes, onde os eventos atuais dão origem a uma série de

eventos distintos.

(10) Seleção: capacidade dos agentes de mudar sua estratégia, por meio de

seus erros e acertos, aprendendo com as estratégias de outros agentes

(cópia) ou com mudanças em seu ambiente.

24

(11) Adaptação: existe quando um processo de seleção leva a melhorias em

relação a medidas de sucesso definidas.

(12) Processo co-evolutivo: quando duas ou mais populações de agentes

buscam adaptar-se uma à outra.

(13) Sistemas Complexos Adaptativos: Sistema contendo agentes ou

populações em constante busca por adaptação, onde a previsibilidade é

difícil devido à mudança de estratégias dos outros agentes.

Para uma melhor comparação da literatura, é oportuno citar Mitchell (2009),

que elenca as propriedades comuns aos sistemas complexos adaptativos:

(1) Comportamento complexo coletivo: Os SCA são formados por uma

rede de componentes individuais, com suas regras e sem um controle

central. São as ações de cada agente do sistema que fazem com que o

comportamento coletivo seja complexo e de difícil previsibilidade, devido à

constante mudança de padrões.

(2) Processamento de Informações: agentes processam as informações de

seus ambientes interno e externo.

(3) Adaptação: agentes mudam seu comportamento para terem melhores

chances de sobrevivência, por meio do aprendizado e processos

evolucionários. “Todos estes sistemas se adaptam – isto é, mudam seu

comportamento para aumentar suas chances de sobreviver ou de ter

sucesso – por meio de aprendizado ou processos evolucionários”

(MITCHELL, 2009, p. 13).

Os SCA aprendem com o ambiente externo e nas interações entre seus

elementos. Em uma análise holística, todos os elementos são interconectados e

qualquer alteração neles significa mudança no sistema (AYDINOGLU, 2013;

CHORAFAKIS & LAGET, 2009; HOLLAND, 2006).

Entre as definições de Holland (2015) sobre os SCA, estão a capacidade de

descobrir as regras (rule discovery) e aprender com elas (credit assignment). Em

relação ao comportamento emergente dos SCA, Goldstein (1999) o define como (1)

inéditos e imprevisíveis, (2) coerentes e correlatos entre si, de modo a criar uma

identidade única ao sistema, (3) dinâmicos e (4) claramente perceptíveis em nível

25

macro, sendo difícil a análise do comportamento de um dos elementos do sistema

isoladamente.

Quadro 1 - Conceitos sobre Sistemas Complexos Adaptativos

Conceito Autores

Interação entre Agentes (AXELROD & COHEN, 2001) (HOLLAND, 2006) (MITCHELL,

2009); (JOHNSON, 2009a); (STACEY, 1996); (CHOI; DOOLEY;

RUNGTUSANATHAM, 2001); (BENBYA; MCKELVEY,

2006b);(MITLETON-KELLY, 2011)

Comportamento

Emergente

(AXELROD & COHEN, 2001) (HOLLAND, 2006) (MITCHELL,

2009); (CHOI; DOOLEY; RUNGTUSANATHAM, 2001);

(BENBYA; MCKELVEY, 2006b); (MITLETON-KELLY, 2011)

Interdependência (MITLETON-KELLY, 2011)

Auto-Organização (HOLLAND, 2006) (MITCHELL, 2009); (ANDERSON, 1999);

(CHOI; DOOLEY; RUNGTUSANATHAM, 2001); (BENBYA;

MCKELVEY, 2006b); (MITLETON-KELLY, 2011)

Evolução (AXELROD & COHEN, 2001) (HOLLAND, 2006) (ANDERSON,

1999); (AXELROD & COHEN, 2001); (HOLLAND, 2006);

(JOHNSON, 2009a); (STACEY, 1996); (CHOI; DOOLEY;

RUNGTUSANATHAM, 2001)

Adaptatividade (AXELROD & COHEN, 2001) (HOLLAND, 2006) (MITCHELL,

2009); (JOHNSON, 2009a) (GELL-MANN et al., 1979);

(MITLETON-KELLY, 2011)

Não linearidade HOLLAND, 2006) (MITCHELL, 2009); (CHOI; DOOLEY;

RUNGTUSANATHAM, 2001); (MITLETON-KELLY, 2011)

Aprendizado (HOLLAND, 2006) (STACEY, 1996);

Schema / História (HOLLAND, 2006) (STACEY, 1996); (STACEY, 1996); (CHOI;

DOOLEY; RUNGTUSANATHAM, 2001); (BENBYA; MCKELVEY,

2006b); (GELL-MANN et al., 1979);

Fonte: Autor

2.1.5 Conclusão

Sistemas Complexos Adaptativos possuem atributos que constituem um

modelo de compreensão importante para sistemas abertos com agentes adaptativos,

como é o caso dos sistemas vivos. Stacey (1996) discorre sobre sistemas

26

complexos por meio da analogia com o ser humano. Iniciando pelo cérebro até

chegar nas organizações globais, mostra como um sistema complexo adaptativo se

relaciona com outros sistemas, criando um outro sistema de ordem superior,

chegando ao nível da organização de uma empresa, formada por indivíduos

interconectados, conceitualmente associando-se a sistemas complexos adaptativos.

A natural convergência de conceitos expressos na literatura não logrou,

todavia, aterrissar em uma teoria, de onde poderiam surgir modelos conceituais

consolidados. Dessa forma, é pertinente concluir destacando os principais conceitos

e os respectivos autores que os afirmam, observado no Quadro 1, que organiza uma

compilação conceitual de Sistemas Complexos Adaptativos.

2.2 Redes de Negócios

Pela definição terminológica, rede pode ser traduzida como sendo uma

estrutura formada por pontos conectados entre si por algum meio. O conceito de

redes, além de não ser um neologismo, é utilizado de maneira multidisciplinar. Na

física é aplicado no estudo dos sistemas desordenados, na matemática como

modelos de conexão, na biologia é utilizada para interpretar a interconexão de

tecidos ou sistemas, na tecnologia para designar as estruturas de telecomunicações,

na economia pode-se modelar o emaranhado de inter-relacionamentos entre

entidades financeiras ou comerciais, nas ciências sociais como base para o estudo

das relações pessoais (MITCHELL, 2009, p.227; MUSSO, 2004, p.17). O modelo de

redes sociais é utilizado no estudo das relações interorganizacionais pelo fato de

que nas ciências sociais as organizações empresariais são abordadas como um

sistema de relações entre pessoas ou grupos, evidenciando sua estrutura e seus

padrões (TICHY et al., 1979).

A busca pelo alto desempenho faz com que as organizações busquem a

efetividade no gerenciamento de seus recursos, a fim de prover sustentabilidade a

seu crescimento (DYER, 1996). Observa-se, entretanto, que a visão individualista

das organizações é cada vez mais míope, haja vista a quantidade de cadeias de

relacionamento nas quais as organizações estão imersas, como redes sociais,

profissionais e de relações interorganizacionais (GRANOVETTER, 1985; GULATI &

SINGH, 1998).

27

É possível constatar que atualmente todas as organizações estão em rede.

Todas estão ligadas entre si por algum tipo de relacionamento, seja formal ou

informal, com finalidade social ou econômica (NOHRIA & ECCLES, 1992, p.1). Cada

rede de negócio possui sua combinação de mecanismos que sustentam a

cooperação interorganizacional (GRANDORI & SODA, 1995). Redes de Negócios

são estruturas socioeconômicas, formadas por organizações interconectadas, que

interagem entre si, compartilhando recursos, alinhando estratégias e estabelecendo

relações sociais entre as pessoas (TODEVA, 2006).

2.2.1 Paradigmas de Estudo das Redes de Negócios

O estudo do movimento das organizações em direção às redes de negócios

pode se dar por meio de três importantes paradigmas. O primeiro é o econômico, no

qual empresas estabelecem relacionamento de negócios com o objetivo de lograr

melhores resultados financeiros. O segundo paradigma é o social, sendo que a

principal plataforma esclarece que a relação entre as empresas é originada da rede

de relacionamentos da qual já está imbricada, implicando associação do capital

social com o desempenho das empresas interconectadas (GRANOVETTER, 1985).

O terceiro paradigma é o da sociedade em rede, que se baseia no conceito de rede

como organização social.

A palavra paradigma é constituída por certo tipo de relação lógica extremamente forte entre noções mestras, noções-chave, princípios-chave. Essa relação e esses princípios vão comandar todos os propósitos que obedecem inconscientemente a seu império (MORIN, 2011, p.59).

2.2.1.1 Paradigma Social

O paradigma social está alicerçado na premissa de que o comportamento da

economia é resultado das relações sociais. Em seu importante artigo sobre o

problema da imersão (The Problem of the Embededness), Granovetter afirma que a

imersão (social) é o processo pelo qual as relações sociais dão forma às ações

sociais e que muitas vezes é negligenciada pelos principais economistas, sendo

considerada minimamente influente (GRANOVETTER, 1985).

28

Quadro 2 - Paradigmas de estudo de redes de negócios

Paradigma→

Categoria ↓ Racional e Econômico Social Sociedade em Rede

Natureza

humana

Racional, com processos de

escolha; a racionalidade é

limitada.

Social, as ações do sujeito são

determinadas pelo ambiente

social.

O ser está imerso em múltiplas

relações, que determinam em parte

seu comportamento.

Afirmativa

básica sobre

redes

A rede se forma por motivos

e objetivos de dependência

de recursos e econômicos.

A rede se forma e se

desenvolve a partir de relações

sociais; cada ator está imerso e

comprometido na rede.

Todas as empresas estão em rede,

quer tenham consciência, ou não;

quer utilizem, ou não, suas

conexões.

Objeto de

estudo mais

frequente

As variações econômicas e

de recursos na rede.

As relações sociais na rede.

O fluxo de qualquer natureza entre

os atores da rede.

Objetivos de

pesquisa mais

frequentes

Relacionar a variável

econômica com outras

variáveis, tais como

inovação e aprendizagem.

Verificar como temas sociais

específicos, como confiança,

afetam a estrutura e dinâmica

das redes.

Descrever processos de fluxos

sociais e econômicos de redes em

qualquer estado, ou estágio de

desenvolvimento.

Metodologia de

Pesquisa

dominante

Positivista, buscando

relações causais.

Interpretativa, fenomenológica

buscando relações entre

variáveis e entre estrutura e

dinâmica.

Modelos sistêmicos de relações

bidirecionais, criando desenhos de

sistemas (as redes), conforme

objetivo e metodologia específicos,

incluindo a interpretativa e a

fenomenológica.

Estratégia de

Pesquisa

dominante

Quantitativa, com teste de

hipótese.

Quantitativa com testes de

correlações. Qualitativa

descritiva e interpretativa.

Qualitativa, descritiva, historicista e

interpretativa.

Técnicas de

pesquisa

dominantes

Uso de questionário fechado

e coleta de dados

secundários.

Entrevista com roteiro e

questionário, acompanhamento

e dados secundários.

Entrevistas com roteiro,

acompanhamento e dados

secundários.

Linha geral da

discussão nas

conclusões

Discutir as leis que

determinam as relações

entre variáveis econômicas

e outras, tais como número

de participantes.

Discutir e defender a

importância do contexto social

nas relações comerciais, com

fatores tais como o

comprometimento.

Descrever o estado de organização

e desenvolvimento de redes;

considerando desde estados

latentes, até redes formalmente

existentes.

Linha geral das

críticas contra

o paradigma

A racionalidade é um

princípio fraco e

ultrapassado na explicação

de fenômenos humanos

coletivos.

É muito difícil sustentar a

hipótese de que a relação social

é que determinou as ações, pois

não há como isolar variáveis.

Uma teoria que afirma totalidade e

interdependência cria dificuldades

de se construírem relações e

modelos, ficando só nas descrições.

Fonte: Adaptado de Giglio e Sacomano (2014).

Ainda que a Teoria dos Custos de Transação, proposta por Oliver O.

Williamson, entenda que a análise econômica esteja baseada apenas nas relações

diáticas e que confiança e reciprocidade não são relevantes, as redes de

29

relacionamentos sociais fazem com que as relações econômicas se estendam além

das limitadas relações financeiras entre duas empresas (arms length relationship).

A presença da confiança corrobora não só para a diminuição dos custos de

transação, por meio da redução de riscos e incertezas, como também aumenta o

capital social entre as empresas que mantém relacionamento econômico (UZZI,

1996; HELPER, 1991).

Social structure, especially in the form of social networks, affects economic outcomes for three main reasons. First, social networks affect the flow and the quality of information. Much information is subtle, nuanced and difficult to verify, so actors do not believe impersonal sources and instead rely on people they know. Second, social networks are an important source of reward and punishment, since these are often magnified in their impact when coming from others personally known. Third, trust, by which I mean the confidence that others will do the “right” thing despite a clear balance of incentives to the contrary, emerges, if it does, in the context of a social network (GRANOVETTER, 2005).

O paradigma social nos oferece conceitos para entender a relação das redes

sociais e a economia. Granovetter (2005) elencou quatro desses importantes

conceitos:

(1) A densidade da rede está diretamente relacionada com a velocidade e

eficiência com que as normas de comportamento são divulgadas,

entendidas e respeitadas. Assim como as normas, a punição também se

torna mais eficiente e rápida. Em uma rede social, a informação entre os

atores que criam laços fortes entre si é muitas vezes repetida, ou de

conteúdo de baixa variação.

(2) Para que haja inovação é preciso considerar a força dos laços fracos, pois

é por meio deles que chegam informações novas provenientes de

ambientes heterogêneos.

(3) Atores conectados a redes sociais mais distantes possuem uma vantagem

estratégica, conhecida como buracos estruturais (BURT, 2004).

(4) A imersão social das relações econômicas traduz o cenário onde ambas as

redes, interorganizacionais e sociais, trocam informações e são

mutualmente influenciadas por elas.

30

O paradigma social de redes evidencia que a sociedade está organizada em

redes e que os atores estão conectados entre si, constituindo uma rede infinita,

construindo diferentes significados e cultura, à medida que se comunicam por meio

de seus laços (GIGLIO & HERNANDES, 2012).

2.2.1.2 Paradigma Racional Econômico

Ainda que concordem com o paradigma social, o paradigma racional

econômico de redes está mais voltado ao conceito de competitividade, utilizando

diferentes indicadores para suas decisões e conclusões (GIGLIO & HERNANDES,

2012). As redes interorganizacionais, principal foco de estudos deste paradigma,

emergem das relações entre empresas, que possibilitam interações significativas,

convergindo na troca recíproca de recursos (BENSON, 1975).

As redes interorganizacionais são formadas por empresas que realizam

transações de maneira repetitiva, por meio da conexão existente entre os atores.

Possui uma estrutura socioeconômica, que evolui dinamicamente à medida que as

trocas de recursos, atividades e informações se tornam estratégicas (TODEVA,

2006).

As redes organizacionais possuem aspectos relevantes que predominam em

suas relações e que são responsáveis por sua longevidade e importância, como:

(1) Diminuição de riscos e incertezas: Uma parte importante dos

relacionamentos interorganizacionais são estabelecidos com o objetivo de

minimizar riscos e diminuir as incertezas. Para que isso ocorra, no entanto,

é necessário que nesse relacionamento existam alguns atributos

importantes, como confiança, comprometimento e reciprocidade, para que

não se desenvolva a expectativa de oportunismo (HUMPHREY &

SCHMITZ, 1998; ANDERSON & WEITZ, 1992; HANDFIELD & BECHTEL,

2002).

(2) Confiança: Favorece o estabelecimento de relacionamento

interorganizacional a longo prazo, com a expectativa de que se cumpram

as obrigações acordadas e que não existam ações ou comportamentos

desfavoráveis ao negócio (GULATI & NICKERSON, 2008; RING & VEN,

1992; SAKO & HELPER, 1998).

31

(3) Dependência de recursos: Empresas dependem de recursos e isso

motiva as organizações a buscar outras empresas para obtê-los. As redes

de empresas são uma alternativa estratégica à verticalização dos

processos (GULATI & SINGH, 1998; WILSON, 1995a; ADLER &

HECKSCHER, 2006).

(4) Assimetria de poder: As redes de negócios buscam o equilíbrio de poder

entre seus atores. Em uma rede vertical de empresas, o equilíbrio de

poder é influenciado pelo comportamento cooperativo, pela confiança ou

da interdependência de recursos, os quais colaboram para a longevidade

do relacionamento (GASSENHEIMER, 1994; WILSON, 1995b).

(5) Reciprocidade: A expectativa de que, numa rede de relacionamento

entre empresas, haverá o mesmo comportamento em ambos os atores,

como confiança, colaboração, compartilhamento de conhecimentos, entre

outros (EVANS & WENSLEY, 2008; HELPER, 1995; OLIVER, 1990).

2.2.1.3 Paradigma da sociedade em rede

Sob este paradigma observa-se a rede como forma de organização da

sociedade, baseada nas interligações entre indivíduos (GIGLIO & SACOMANO,

2014). Essa estrutura vem ganhando evidência há mais de três décadas, porém a

tecnologia de comunicação e informação está associada à emergência das redes

sociais, como catalisadora dessa mudança. Portanto, a questão não é como

participar da rede, mas sim, como reconhecer que já faz parte dela (CASTELLS &

CARDOSO, 2005).

A sociedade em rede, como é vista atualmente, não pode ser analisada de

forma dissociada da organização social intrínseca. As organizações são parte da

rede social e, ainda que se configuram como firmas, com todo amparo legal, a

operação está ligada à estrutura da rede social a qual está inserida (CASTELLS,

2006).

2.2.2 Conceitos Estruturais em Redes

Historicamente, o estudo das redes era limitado a cada campo da ciência

onde fosse aplicado. Na matemática houve o estudo dos grafos, neurologistas

32

estudavam as redes neurais, economistas se preocupavam com a adoção da

inovação no mercado, sociólogos pensavam nas ligações entre as pessoas, médicos

buscavam prever os caminhos da contaminação de doenças. Porém, é possível

observar um movimento importante na direção do estudo das redes por meio de

princípios comuns a todas as áreas da ciência (MITCHELL, 2009).

Quadro 3 - Propriedades de Redes de Negócios

PROPRIEDADE EXPLICAÇÃO

A. CONTEÚDO DA TRANSAÇÃO

Quatro tipos de trocas:

1. Troca de afeto.

2. Troca de influência ou poder.

3. Troca de informação.

4. Troca de produtos ou serviços.

B. NATUREZA DAS LIGAÇÕES

1. Intensidade: A força das relações entre indivíduos.

2. Reciprocidade: O grau pelo qual uma relação é percebida ou

combinada de comum acordo pelas partes (isto é, o grau de simetria).

3. Clareza de expectativas: O grau de expectativas de um ator sobre o

comportamento do outro ator, ao qual está ligado.

4. Multiplexidade: O grau que mede as vias ou papéis sociais pelos

quais um ator está ligado a outro, como amizade, trabalho, esporte,

vizinhança, entre outros.

C) CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS

1. Tamanho: Quantidade de atores da rede.

2. Densidade (Conexões): Valor obtido dividindo-se a quantidade de

ligações existentes em uma rede pelo número de ligações possíveis

matematicamente.

3. Clusterizações: O número de regiões densas na rede.

4. Abertura: O número de laços externos de uma rede dividido pela

quantidade matematicamente possível de ligações externas.

5. Estabilidade: O grau pelo qual os padrões de uma rede mudam ao

longo do tempo.

6. Acessibilidade: A média do número das ligações entre atores, obtida

pela quantidade de ligações pela quantidade de atores na rede.

7. Centralidade: O grau que mede o quanto as ligações seguem um

padrão hierárquico.

8. Estrela: O ator com o maior número de indicações (mais conhecido).

9. Ligação: Um indivíduo que não é membro de um cluster, mas que liga

dois ou mais clusters.

10. Ponte Um indivíduo que é membro de um número importante de

clusters na rede de negócios (elemento de ligação).

11. Porteiro (Hub): Um ator tipo estrela, mas que também liga a rede a

domínios externos.

12. Isolado: Um indivíduo que está separado da rede.

Fonte: Adaptado de Tichy et al (1979).

33

Na análise estrutural de redes existem conceitos fundamentais, utilizados

para mensuração e estudo de fenômenos de abrangência interdisciplinar. Entre

esses conceitos estão a nomenclatura dos elementos que compõem a rede e

também as medidas utilizadas nos estudos. Segundo Tichy et al (1979), as

propriedades das redes sociais podem ser divididas em três grupos, detalhados no

quadro 3: (1) conteúdo transacional, que indica o tipo de informação trocada entre

dois atores; (2) natureza dos laços, que define termos que qualificam as ligações

entre dois atores; e (3) características estruturais, que classificam a rede formada

pelas diversas ligações entre os atores.

2.2.2.1 Densidade

A rede se forma a partir de laços entre contatos, expandindo-se conforme

novos nós se conectam entre si. Esse crescimento leva a um aumento na

quantidade de laços por nó da rede. Um dos fenômenos que acontecem na

formação da rede é a formação de clusters, que são agrupamentos de contatos

redundantes, ou seja, aqueles que além de estarem conectados com um

determinado nó, estão conectados entre si. Os clusters de rede estão conectados a

outros clusters por meio de um número pequeno de nós (BURT & CELOTTO, 1992;

MITCHELL & SINGH, 1996; TODEVA & KNOKE, 2005).

O agrupamento de nós causa o fenômeno de buracos estruturais, que são

partes das redes com menor densidade, mas que tornam a disseminação de

informação na rede mais eficaz, ao passo que diminui a redundância de ligações

entre os nós da rede (BURT & CELOTTO, 1992).

2.2.2.2 Centralidade

O conceito de centralidade é fundamental para análises de redes sociais, e

para medi-la, podem ser utilizados diferentes índices. A centralidade pode ser

utilizada para entender a capacidade de influência, poder, comunicação,

disseminação de conhecimento e inovação de um ator da rede (BORGATTI, 2005).

As medidas de centralidade podem ser de quatro tipos básicos: (1) grau de

conectividade, (2) proximidade (closeness), (3) intermediação (betweeness) e (4)

poder da conectividade. No primeiro tipo, a centralidade de um nó da rede é medida

de acordo com a quantidade de conexões que chegam ou saem dele (BORGATTI,

34

2005). Na centralidade por proximidade é levado em conta o caminho completo entre

dois pontos quaisquer da rede, cujo valor equivale ao número de nós existente neste

caminho. O nó terá uma centralidade maior quanto menor for a distância média entre

ele e os demais nós da rede (FREEMAN et al., 1979). Baseado no mesmo princípio

está a centralidade por intermediação, porém a medida de centralidade de um

determinado nó está na quantidade de caminhos que passam por ele (FREEMAN et

al., 1991). Na centralidade por poder de conectividade de um determinado nó, leva-

se em conta a centralidade dos nós a ele conectados, ou seja, quanto maior o grau

de conectividade dos nós a ele conectados, mais central ele será (BONACICH,

1987).

Com a centralidade é possível analisar a influência de um determinado nó da

rede, entendendo-se, assim, como ocorrem os fluxos e as trocas de informações na

rede.

2.2.2.3 Laços

A análise de redes de negócios é focada em três níveis: o nível dos atores, o

nível dos relacionamentos e o nível da rede como um todo. Os relacionamentos são

também chamados de laços ou ligações, e representam a troca de informações,

produtos, serviços, valores, de maneira formal ou informal (TODEVA, 2006).

A força de um laço pode ser definida pela da combinação do tempo de

relacionamento, a intensidade, a confiança mútua e a reciprocidade. Laços fortes

caracterizam-se por trocas de informação mais frequentes, intensas e confiáveis,

configurando empresas com cultura e níveis de conhecimento similares. Laços

fracos, ainda que sinalizem menor proporção de interação, mostram-se importantes

meios de difusão de informações novas e conexão com novos atores, favorecendo a

inovação e expansão da rede (BURT, 1995; DYER & NOBEOKA, 2000;

GRANOVETTER, 1973)

2.2.2.4 Evolução

A evolução das redes de negócios está relacionada ao crescimento das

organizações que, por sua vez, dependem do crescimento dos recursos da rede,

sobre os quais ela não tem domínio completo (HITE, 2005). Em redes verticais, os

35

laços formados entre as organizações oferecem uma diminuição nos custos de

transação (WILLIAMSON, 1975) e maior facilidade de cooperação, portanto a

evolução das redes interorganizacionais implica aumento nos níveis de fidelização

presente nas relações (ZACCARELLI et al., 2008).

2.2.2.5 Topologia

Estruturalmente as redes podem ser formadas por meio de três estruturas: (1)

centralizada, (2) descentralizada e (3) distribuída. Como se pode observar na Figura

1, na primeira, existe um nó que centraliza todos os contatos da rede. Na segunda

não existe um nó que concentre todos os laços da rede, mas existe a formação de

aglomerações, ou clusters, que por sua vez possuem nós que concentram os laços.

Por fim, a rede distribuída, onde não há uma formação observável de concentração

de laços em um único nó, mas sim, uma distribuição uniforme de conexões (BARAN,

1964).

Figura 1 - Topologias de redes

Fonte: Adaptado de Baran (1964).

No estudo de redes sociais, as redes podem ser conceituadas como (1)

Mundo Pequeno (Small World), ou como (2) Escala Livre (Free-Scale). No primeiro

caso, a rede apresenta uma estrutura descentralizada e a média de distância entre

os nós da rede é relativamente pequena. Nas redes tipo Escala Livre, a rede possui

(1) Centralizada (2) Descentralizada (3) Distribuída

36

uma formação mais heterogênea, com mínima presença de nós com alta

concentração de conexões (MITCHELL, 2009; NEWMAN & WATTS, 1999).

2.2.2.6 Efeito enxame (Swarming)

Swarming ou enxameamento são grupos de organismos, que podem ser

desde bactérias até mamíferos, que se agregam e adotam comportamentos

coletivos, baseados em estímulos do ambiente ou de outros membros do grupo

(GAZI & PASSINO, 2002). O enxameamento é baseado em uma inteligência coletiva,

e possui 5 princípios básicos, os quais se pautam fortemente na otimização do

resultado com o gasto mínimo de energia (MILLONAS, 1993):

(1) Princípio da Proximidade: relacionado à noção de tempo e espaço, que

são parâmetros computacionais para determinar o comportamento;

(2) Princípio da Qualidade: Além de tempo e espaço, qualquer organismo

necessita avaliar e comparar resultados de sua busca para nortear suas

ações;

(3) Princípio da Diversidade de Resposta: as atitudes de cada organismo do

grupo não devem se basear em apenas uma informação, para que exista

uma redundância de conhecimento;

(4) Princípio da Estabilidade: Nem todos os estímulos do ambiente deverão

gerar uma ação como resposta. O custo-benefício relacionado ao gasto de

energia deve ser levado em conta;

(5) Princípio da Adaptabilidade: resulta da capacidade de mudar o

comportamento para responder a um estímulo do ambiente, desde que

seja interessante do ponto de vista de gasto de energia.

O comportamento de sistemas complexos adaptativos está frequentemente

relacionado a estes princípios. O estudo dos efeitos de enxameamento se baseiam

no comportamento de colônias de formigas, de abelhas e em bando de pássaros.

Um dos algoritmos mais conhecidos é o de Enxameamento por Otimização de

Partículas (Particle Swarm Optimization – PSO), onde as partículas se referem aos

organismos que adotam este comportamento coletivo (MILLONAS, 1993).

O efeito enxame pode ser observado por meio do fluxo de informação entre

os nós da rede, com nenhuma ou pouca interferência hierárquica. Tal efeito está

37

relacionado à capacidade da rede de se auto-organizar e com sua capacidade

adaptativa. Em redes sociais, aplica-se o conceito de swarming à mudança de

comportamento de pessoas interconectadas, como forma a se adaptar ao ambiente

(HUEPE et al., 2011; PARUNAK & D, 2003).

2.2.2.7 Redes Verticais e Horizontais

Para claro entendimento do presente estudo, é necessário que exista o

discernimento em relação a diferentes abordagens de redes de negócios. O fluxo de

negócios e a natureza do relacionamento entre os atores de uma rede determinam

seu formato. Para Marcon & Moinet (2000), as redes podem ser verticais e

horizontais, formais ou informais, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 - Quadro conceitual sobre tipos de redes

Fonte: Adaptado de Marcon & Moinet (2000)

Segundo os autores, as redes verticais são definidas com base em uma

hierarquia, onde o grau de formalidade é variável. Exemplos deste tipo de rede são

as cadeias de suprimento. As redes horizontais se caracterizam pela cooperação,

onde as empresas se mantém independentes, porém compartilhando recursos,

riscos e mercados. Podem possuir um grau de formalidade baixo, relacionado a

vínculos sociais ou alto, onde uma instituição formal é criada para coordenar a rede

(MARCON & MOINET, 2000). Neste trabalho, o estudo será realizado em redes

38

verticais, compostas por empresas que formam canais do mercado de tecnologia da

informação no Brasil.

2.2.2.8 Governança

No ambiente organizacional, quando a palavra governança é encontrada

isoladamente, a ideia que desponta é a de governança corporativa, significando um

órgão ou instância que orienta e influencia a organização de forma tácita

(ZACCARELLI et al., 2008). Tendo como objeto de análise as redes

interorganizacionais, uma importante definição de governança é a de Jones et al

(1997), que a governança em rede é um conjunto estruturado de empresas, com ou

sem fins lucrativos, engajadas em criar e oferecer seus produtos ou serviços,

baseados em contratos implícitos e flexíveis, que oferecem condições de se adaptar

coletivamente às mudanças no ambiente sem prejuízo dos relacionamentos.

Governança em redes interorganizacionais existe, portanto, em uma instância

que transcende uma única firma ou um agrupamento formal de empresas. Baseado

nessa constatação, ZaccarelIi et al (2008) utilizaram o conceito de governança

supraempresarial, como sendo uma instância de gestão, coordenação e controle da

rede:

Governança Supra Empresarial constitui o exercício de influência orientadora de caráter estratégico de entidades supra empresariais, voltado para a vitalidade do agrupamento, compondo competitividade e resultado agregado e afetando a totalidade das organizações componentes do sistema supra empresarial (ZACCARELLI et al., 2008, p. 52).

Em uma rede de organizações são encontradas formas de coordenação

caracterizadas por sistemas sociais orgânicos e informais, contrastando com

mecanismos burocráticos (JONES et al., 1997).

A evolução de uma rede de negócios está diretamente relacionada à sua

auto-organização e capacidade adaptativa, fatores que predispõem, entre outros, um

sistema complexo adaptativo. Dois dos principais resultados do caráter evolutivo da

rede são o estabelecimento da governança de maneira mais aceitável e o crescente

ganho de competitividade do grupo, uma vez que as organizações seguem um fluxo

lógico e contínuo de alinhamento e orientação (ZACCARELLI et al., 2008).

39

Os conceitos estruturais, elencados no Quadro 4, são importantes recursos

na investigação de redes de negócios, possibilitando o estudo de sua formação,

evolução e de sua caracterização.

Quadro 4 - Principais conceitos estruturais de rede

Conceito Sinônimos Significado

Nós Elementos, Atores, Vértices Elementos básicos da rede, que correspondem aos atores das redes sociais. São interligados pelos laços.

Densidade Relação entre a quantidade de laços existentes na rede pela quantidade de laços possíveis.

Laços Ligações, Conexões, Arestas Interligação de 2 nós da rede.

Topologia Estrutura, Forma Configuração estrutural da rede.

Fluxo Comunicação, Interação Relacionado ao conteúdo que flui nos laços.

Swarming Enxameamento Comportamento coletivo obedecendo uma inteligência coletiva, com a finalidade de adaptação.

Evolução Crescimento Aumento da competitividade e cooperação da rede. Implica no surgimento de governança.

Redes Verticais Cadeia de distribuição, supply chain, aliança estratégica

Redes formadas por empresas que se complementam, caracterizadas pela existência de algum nível de hierarquia e especificidade de negócios.

Redes Horizontais Arranjo produtivo, cooperativa Redes formadas por empresas com atividades similares, que buscam na cooperação o fortalecimento de sua capacidade competitiva.

Fonte: Autor

2.2.3 Características Relacionais das Redes de Negócios

Existem importantes variáveis presentes nas redes de negócios que

corroboram sobremaneira na ratificação de seu aspecto estratégico na busca do

desempenho e crescimento. As organizações buscam alternativas à verticalização

de sua estrutura de fornecedores ou ao comportamento oportunista das empresas

com as quais possui relacionamento. Pesquisadores observam a adoção de um

40

modelo de cooperação que ofereça as vantagens da verticalização por meio do

relacionamento a longo prazo com outras organizações (BACHMANN et al., 2011).

2.2.3.1 Interdependência

Uma das características relacionais é a interdependência, na qual as

organizações estabelecem uma relação onde cada uma busca uma especialização

distinta e se complementam. A interdependência é um dos fatores que levam uma

empresa a formar uma rede de cooperação com outras empresas, formando uma

aliança estratégica (GULATI & GARGIULO, 1999).

2.2.3.2 Confiança

A confiança nos relacionamentos interorganizacionais possibilita a diminuição

de atitudes oportunistas e corrobora a mitigação dos riscos inerentes ao negócio em

rede (GULATI & SYTCH, 2008; SCHILKE & COOK, 2013). A confiança nas relações

entre organizações pode ter a força de um contrato formal, sendo mais efetiva e de

menor custo (POPPO & ZENGER, 2002). Doney e Cannon (1997) afirmam que para

que exista confiança é necessário que haja uma assimetria de vulnerabilidade, onde

pelo menos uma das empresas perceba a vantagem de engajamento em uma

relação interorganizacional baseada na confiança. Segundo os autores, uma

sequência de fases no desenvolvimento da confiança, como observado no Quadro 5,

sugere que ambas as organizações partilham a experiência de confiança mútua com

outros parceiros, dando início à replicação do modelo e início de outro ciclo.

Quadro 5 - Fases do desenvolvimento da confiança em relações interorganizacionais

FASE NOME ORIGINAL DEFINIÇÃO

Calculada calculative trust Custo-benefício de correr o risco em confiar na outra parte.

Previsibilidade prediction process As empresas adquirem a habilidade de prever o comportamento da outra (amadurecimento).

Análise de Capacidade

capability process Ambas as empresas conseguem determinar a capacidade da parceira em honrar os compromissos, onde entra o sentimento de credibilidade.

Intencionalidade intentionality process

Interpretação de ações e comunicações na relação, como sinais que revelam intenções.

Transferência transference process

Estabelecido um forte nível de confiabilidade. Organizações se baseiam nessa experiência ao buscar parceiros.

Fonte: Adaptado de Doney e Cannon (1997)

41

2.2.3.3 Comprometimento

O comprometimento surge como a consolidação do relacionamento, sendo

que algumas definições se aproximam do conceito de confiança, quando se

relaciona a expectativa de que o outro não vai agir contra a relação que existe, pois

há um sentimento de que a relação é importante e deverá ser duradoura (MORGAN

& HUNT, 1994). Por ser essencial na governança da rede interorganizacional, o

comprometimento permite haver relações de trocas não contratuais importantes em

uma rede, como informação e recursos (UZZI, 1997).

2.2.3.4 Processo de Fidelização

Como resultado da combinação dos níveis de confiança e comprometimento

nas relações interorganizacionais, observa-se o processo de fidelização entre os

atores da rede, uma vez que se atinge a percepção da qualidade do relacionamento,

evidenciado por fatores como a capacidade logística e o nível tecnológico da rede

(CHUMPITAZ CACERES & PAPAROIDAMIS, 2007; SAURA & MOLINA, 2009).

Zaccarelli et al., (2008) entendem que o nível de fidelização é o primeiro de dez

fundamentos básicos de uma rede de negócios vertical. Segundo os autores, o nível

de fidelização está diretamente relacionado com a intensificação das relações entre

as empresas da rede, reduzindo assim os custos de transação (ZACCARELLI et al.,

2008).

2.2.3.5 Poder

Nas relações interorganizacionais, o poder é uma variável oriunda da própria

relação e está diretamente relacionada à variável interdependência (SATYRO et al.,

2014). O poder, ainda segundo os autores, pode ser entendido como sendo um

atributo da relação, estando subjacente a ela, que resulta em processos conscientes

de submissão, por influência ou controle, que estão por sua vez condicionados à

redução de riscos e incertezas, como elencado no Quadro 6. Giglio e Hernandes

(2012) propuseram um estudo acerca das formas de poder dentro da literatura

brasileira sobre redes. Nesta proposta, os autores conceituam poder com finalidades

distintas: (1) fim coletivo, (2) trocas coletivas, (3) aglutinador de grupos, (4)

interdependência, (5) exercício e (6) como base das redes.

42

Quadro 6 - Conceitos de poder em artigos brasileiros sobre redes

CONCEITO DE PODER IDÉIA BÁSICA

Como um fim coletivo Atores oriundos de uma dada comunidade devem executar ações legitimadas pela coletividade

Como trocas efetivas Circulação de bens materiais, em coletividade, vividas sob o signo da espontaneidade

Como aglutinador de grupos O poder agrupa os indivíduos, pela sua posição de meio de comunicação em suas interações sociais

Como interdependência O poder como base de regulação das relações entre os atores das redes – governança formal e informal

Como exercício O poder manifesta-se/ocorre associado às relações, independente da posse ou legitimidade

Como uma das bases de redes

Variável condicionada à decisão de nível de análise a ser adotado na investigação (díade, ego ou rede)

Fonte: Adaptado de Satyro et al (2014)

2.2.3.6 Capital Social

Segundo Recuero (2005), o capital social é o conteúdo existente nas relações

sociais, entre indivíduos ou empresas, que pode ser acumulado, de maneira a

fortalecer os laços e aumentar o sentimento de grupo. O capital social, portanto,

apenas existe no sentido coletivo, porém, seus recursos podem ser utilizados por

apenas um dos atores da rede, como observado no Quadro 7 (RECUERO, 2005).

Quadro 7 - Definições de capital social

Autor Definição de Capital Social

Bordieu (1983) Encontra-se nas relações sociais e não nos indivíduos, portanto, passível de ser partilhado com a rede da qual é membro. Pode ser transformado em outro tipo de capital.

Bertolini e Bravo (2004) Recursos de um grupo em uma rede social, que podem ser utilizados para atingir objetivos e interesses.

Putnam (2000) Emerge das redes sociais e está relacionado à reciprocidade e confiabilidade das relações

Gyarmati e Kyte (2004) Conteúdo das relações sociais em rede

Coleman (1988) Heterogêneo, apresentado em cinco categorias: (1) Relacional, (2) Normativo, (3) Cognitivo, (4) Confiança no Ambiente Social e (5) Institucional

Fonte: Adaptado de Recuero (2005)

2.2.4 Redes de Negócios e Estratégia Organizacional

Existem fatores estratégicos relacionados às redes de negócios. A

abordagem ou perspectiva estratégica é um dos itens mais importantes para o

entendimento das redes de negócio (ZACCARELLI et al., 2008, p.19). A reunião de

empresas em um agrupamento que forma uma rede de negócios tem reais

implicações na área da estratégia, cuja atuação é ampliada, passando a incorporar

43

também a forma como essas entidades concorrem com empresas externas

(ZACCARELLI et al., 2008).

Segundo TODEVA (2006), redes de negócios podem ser estratégicas a partir

do momento que organizações dão origem a uma estrutura de relações

socioeconômicas, com a finalidade de otimizar o uso de competências específicas e

processos. Para Gulati et al (2000), as redes de negócios podem ter sua importância

estratégica devido a 5 fatos motivadores da indústria:

(1) A estrutura da indústria, incluindo o nível de competitividade e barreiras

de entrada;

(2) Posicionamento dentro da indústria, principalmente em relação à

formação de grupos estratégicos e limitação de mobilidade de uma firma;

(3) Recursos e capacidades que não podem ser imitados ou replicados;

(4) Custos de contratação e coordenação, relacionados à decisão de

verticalização ou cadeia de cooperação e;

(5) As restrições e benefícios que as redes de negócios podem gerar de

maneira dinâmica.

As redes de negócios podem ser entendidas como entidades estratégicas a

partir do momento que transcendem as simples relações de mercado e passam a

configurar uma rede interorganizacional, com investimentos em ativos que atendam

à demanda da rede, ao compartilhamento de conhecimento e recursos escassos e à

diminuição dos custos de transação, devido a utilização de melhores mecanismos de

governança (DYER & NOBEOKA, 2000).

Commitment between buyer and seller is important for three reasons. First, it is costly to establish and maintain extensive communications systems with multiple suppliers. Second, there is a need for trust when exchanging proprietary information. Finally, customers and suppliers can reap substantial benefits from knowledge of each other's products and processes gained by working together over time. In contrast, an exit-based strategy requires low commitment, so as to maintain the credibility of the customer's threat to leave. Therefore information exchange also must be low (HELPER, 1991).

Os canais e as cadeias de suprimento constituem um exemplo de redes de

negócio, em última análise, pois estabelecem transações de maneira repetitiva,

envolvendo conexões estruturais e relacionais. A rede formada por estas relações

44

entre empresas sustenta a troca de informações, recursos e atividades, o que

possibilita o alinhamento de interesses, ainda que cada organização tenha seu

próprio objetivo (TODEVA, 2006; GRANDORI & SODA, 2006).

2.2.5 Conclusão

O estudo das redes de negócios possui uma base pré-paradigmática,

carecendo, nesse sentido, de uma teoria única e unificadora. Pode-se admitir que a

plataforma epistemológica acerca do tema é relevante, com disponibilidade de

importante material investigativo e teórico.

É possível, entretanto, apoderar-se de modelos conceituais, como os

apresentados, para a investigação acadêmica. As redes possuem conceitos

estruturais que surgiram de pesquisas em redes realizadas sob distintas

perspectivas, entre elas as redes de telecomunicações, redes sociais e de negócios.

Nestes últimos, emergem características relacionais presentes nas redes, o que leva

a investigação a um nível superior de análise.

Especificamente em redes de negócios, o relacionamento entre organizações

remete ao aspecto racional, econômico e estratégico das redes, convergindo com os

conceitos de capital social, clusters de empresas, canais de distribuição ou

suprimentos, entre outros, que resultaram da natural tendência humana de se

organizar e potencializar resultados por meio de tais organizações.

2.3 O constructo RELQUAL (Relationship Quality)

Na literatura acadêmica, o constructo RELQUAL (Relationship Quality) é

considerado um constructo de alta ordem (High Order Construct), ou um constructo

guarda-chuva, por servir de plataforma a outros constructos de primeira ordem

(HUTCHINSON & SINGH, 2012; LAGES et al., 2005; MYSEN & SVENSSON, 2010;

SVENSSON et al., 2013).

Existem diferentes escalas validadas relacionadas à qualidade de

relacionamento e aplicadas em diferentes perspectivas. Em Lages et al (2005), os

autores investigaram a qualidade do relacionamento entre as empresas de

importação e exportação, que estavam relacionadas entre si como fornecedores e

clientes. Na Figura 3 é possível observar as dimensões utilizadas por Lages et al

(2005):

45

(1) Infshar: Information Sharing. Mede o quanto o importador partilha

abertamente informações com o exportador.

(2) Comqual: Communications Quality. Dimensão que mede a dificuldade em

existir comunicação entre o importador e exportador.

(3) Ltrel: Long Term Relationship. Captura o desejo do exportador em

desenvolver e manter relacionamento a longo prazo com o importador.

(4) Satrel: Satisfaction with the Relationship. Avaliação cognitiva e afetiva

baseada nas experiências relacionais entre exportador e importador.

Figura 3 - Diagrama de Dimensões e Variáveis do constructo RELQUAL

Fonte: Adaptado de Lages et al (2005)

Em Mysen e Swensson (2010) os autores apresentam sua investigação em

empresas norueguesas, utilizando o constructo RELQUAL com 12 variáveis. Ao

aplicarem seu questionário com 54 questões, os autores utilizaram técnicas de

regressão multivariada, resultando em 9 variáveis, sobre as quais usaram o

coeficiente de Cronbach para aferir a credibilidade do instrumento de pesquisa.

Como contatou-se que entre as 9 dimensões, 8 são independentes e uma é

dependente, os autores concluíram que o RELQUAL pode ser visto como um

constructo de alta ordem, com 8 dimensões. As 9 dimensões de Mysen e Swensson

(2010) estão representadas na Figura 4.

46

Figura 4 - Representação da escala para RELQUAL

Fonte: Adaptado de Mysen e Swensson (2010); Hutchinson e Singh (2012); Svensson et al (2013).

No Quadro 8 estão relacionados outros estudos que foram publicados,

enfatizando a aplicação do RELQUAL, na proposta de validá-lo e propor escalas

adequadas a diferentes contextos, como nas 500 maiores empresas de Porto Rico

(VARELA et al., 2012); as 500 maiores empresas da região nórdica, compreendendo

Finlândia, Noruega e Suécia (SVENSSON et al., 2013); distribuidores de

ferramentas especiais nos Estados Unidos e Suécia (PAYAN et al., 2010a); ou ainda

uma investigação envolvendo empresas canadenses com receita entre dois milhões

e cento e cinquenta e três bilhões (HUTCHINSON & SINGH, 2012).

Em comparação com a escala desenvolvida e aplicada por Lages et al (2005),

as demais citadas utilizam uma escala que engloba outras variáveis, baseando-se

fortemente no modelo KMV de Marketing de Relacionamento, proposto por proposto

por Morgan e Hunt (1994). Na Quadro 8 é possível observar a estrutura das escalas

e compará-la com a proposta de Lages et al (2005).

Com o objetivo de fundamentar a pesquisa do presente trabalho e diante da

variação de abordagens do RELQUAL, é importante uma revisão das variáveis

utilizadas pelos referidos autores e suas fundamentações. É relevante ressaltar que

as pesquisas relacionadas possuem diferentes características de tempo e espaço,

47

evidenciando aspectos presentes em diferentes setores ou indústrias, além do fator

multicultural (diferentes países).

Quadro 8 - Autores e variáveis de qualidade do relacionamento (RELQUAL)

AUTOR VARIÁVEIS APLICAÇÃO

Lages et al (2005)

(1) Informação compartilhada. (2) Qualidade da comunicação. (3) Relacionamento a longo prazo. (4) Satisfação com o

relacionamento.

Relação entre empresas exportadoras e importadoras.

Geyskens et al (1996)

(1) Comprometimento. (2) Confiança. (3) Dependência.

Revenda de Veículos nos Estados Unidos e Holanda, para entender sua relação com fabricantes automotivos.

Mysen e Swensson (2010)

(1) Comprometimento. (2) Intensidade da Concorrência. (3) Continuidade. (4) Cooperação. (5) Coordenação. (6) Dependência. (7) Formalização. (8) Turbulência do Mercado. (9) Oportunismo. (10) Especificidade de Ativos. (11) Confiança. (12) Satisfação.

600 pequenas e médias empresas Norueguesas (entre 25 e 250 colaboradores), excluindo empresas governamentais.

Dwyer et al (1987)

(1) Atração. (2) Comunicação e Barganha. (3) Poder e Justiça. (4) Desenvolvimento de normas. (5) Informação (inputs). (6) Continuidade. (7) Consistência. (8) Confiança. (9) Comprometimento. (10) Dissolução.

Não aplicada, obtida pela análise de publicações anteriores com diferentes investigações sobre relacionamento entre empresas.

Chumpitaz Caceres e Paparoidamis (2007)

(1) Confiança. (2) Comprometimento. (3) Comunicação. (4) Fidelização.

Agências de propaganda e Empresas que utilizavam seus serviços, nos Estados Unidos.

Payan et al (2010)

(1) Cooperação. (2) Coordenação. (3) Especificidade de Ativos. (4) Satisfação. (5) Confiança. (6) Comprometimento.

Empresas distribuidoras de ferramentas especiais e acessórios, nos Estados Unidos e Suécia.

Hutchinson e Singh (2012)

(1) Continuidade. (2) Satisfação. (3) Confiança. (4) Comprometimento. (5) Oportunismo. (6) Cooperação. (7) Coordenação. (8) Formalização. (9) Dependência. (10) Especificidade de Ativos.

Executivos e compradores de empresas canadenses, com receita anual entre 2 Milhões a 153 Bilhões de dólares.

Fonte: Autor

48

CAPÍTULO 3

CONVERGÊNCIA TEÓRICA

49

3 CONVERGÊNCIA TEÓRICA

Redes de negócios caracterizam-se por um conjunto de organizações inter-

relacionadas, de maneira formal ou informal, podendo ou não ser percebidas por

seus atores. Tais relações interorganizacionais assumem a topologia de uma rede,

cuja definição interdisciplinar resolve tratar de elementos interconectados, cujos

atributos individuais caracterizam por fim seu conjunto.

Ao ser aplicado em estudos organizacionais, entende-se que o enfoque

sistêmico, sob a lente das ciências sociais, confere às redes de negócios

características únicas e relevantes, fato que se torna evidente ao constatar sua

importância nos estudos econômicos e sociais.

Os sistemas complexos adaptativos, conforme supracitado, têm sua formação

originada na teoria geral dos sistemas, dos sistemas complexos e da dinâmica de

sistemas, o que mostra sua identificação conceitual com enfoque sistêmico,

processos não lineares, aprendizado, capacidade evolutiva e adaptativa, auto-

organização e comportamento emergente.

Figura 5 - Modelo de pesquisa

Fonte: Autor

50

A notória similaridade conceitual, demonstrada na Figura 5, desperta a

necessidade de se entender a relação entre as redes de negócios e os sistemas

complexos adaptativos. Para esse propósito, os constructos abaixo relacionados

formam uma matriz orientadora, para direcionar a aplicação do trabalho empírico.

Nos Quadros 9 e 10 é possível observar a representação de uma proposta de

consolidação das variáveis mais relevantes para a execução da pesquisa. Dela

serão extraídas as variáveis que representam conceitos de Sistemas Complexos

Adaptativos e Redes de Negócios Verticais, caracterizada por redes de empresas

que possuem especialidades distintas e assumem a forma de uma cadeia de

conexões, relacionando-se de maneira tal que seu comportamento coletivo as torna

capazes de obter resultados coerentes com as expectativas de todos os atores

participantes.

Quadro 9 - Variáveis conceituais de Sistemas Complexos Adaptativos

Variáveis Sinônimos (Autores)

Aprendizado Efeito-Cópia e Medidas de Sucesso (AXELROD & COHEN, 2001)

Aprendizado e processo evolutivo (MITCHELL, 2009)

Rule Discovery e Credit Assignment (HOLLAND, 2006)

Comportamento

Emergente

Comportamento complexo coletivo (MITCHELL, 2009)

Comportamento emergente (GOLDSTEIN, 1999)

Interação entre

Agentes

(AXELROD & COHEN, 2001; MITCHELL, 2009; CHORAFAKIS & LAGET,

2009; HOLLAND, 2006)

Auto-Organização (ZIMMERMANN, 2009; PALMBERG, 2009; FLOOD & CARSON, 2013)

Não linearidade (AXELROD & COHEN, 2001; MITCHELL, 2009)

Visão Sistêmica (AXELROD & COHEN, 2001; MITCHELL, 2009; HOLLAND, 2006)

Dinâmica e

Capacidade

adaptativa

(GOLDSTEIN, 1999; HOLLAND, 2006, HOLLAND & MILLER, 1991;

AXELROD & COHEN, 2001; MITCHELL, 2009)

Complexidade (AXELROD & COHEN, 2001; MITCHELL, 2009; AYDINOGLU, 2013)

Estrutura em Rede (MITCHELL, 2009; AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND & MILLER, 1991)

Fonte: Autor

51

Quadro 10 - Variáveis conceituais utilizadas na pesquisa de redes

VARIÁVEIS AUTORES

Troca de Informações (BERTOLIN et al., 2008)

Qualidade de Comunicação (HUANG et al., 2008)(MOHR & NEVIN, 1990)

Compartilhamento de

Conhecimento

(JEFFREY et al., 2004) (DYER & HATCH, 2006)

Relação orientada a Longo Prazo (ANDERSON & WEITZ, 1992; DYER & NOBEOKA, 2000)

Confiança e Oportunismo (MORGAN & HUNT,1994; GAMBETTA, 1995; SAKO &

HELPER, 1998)

Comprometimento (GUNDLACH & CADOTTE, 1994; DWYER et al., 1987;

MORGAN & HUNT,1994)

Equilíbrio de Poder (SATYRO et al., 2014)

Cooperação (GAMBETTA, 1995; PAYAN et al., 2010)

Interdependência (GUNDLACH & CADOTTE; 1994)

Nível de Fidelização (ZACCARELLI et al., 2008; JAMBULINGAM et al., 2011)

Satisfação com a Relação (MORGAN & HUNT, 1994)

Percepção de Governança (ZACCARELLI et al., 2008)

Fonte: Autor

52

CAPÍTULO 4

METODOLOGIA DA PESQUISA

53

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para ser consistente, uma pesquisa deve seguir métodos científicos,

sistemáticos e com base empírica, para que seja reproduzível. Entre os aspectos

importantes de uma investigação científica, estão a definição compreensível do

propósito, processo detalhado, projeto abrangente, padrões éticos e resultados

claros e inequívocos (COOPER & SCHINDLER, 2003). No caso específico da

pesquisa qualitativa, é imprescindível, ainda, o rigor nos procedimentos de coleta de

dados e nos detalhes metodológicos (CRESWELL, 2014).

4.1 Caracterização da Pesquisa

Devido à relevância em estabelecer uma base conceitual para o

enquadramento da investigação, uma pesquisa qualitativa deve ser caracterizada

mediante definições pertinentes ao estudo proposto. Nesse sentido, Creswell (2014)

afirma que pesquisas classificadas como qualitativas, em geral, estão associadas à

seguinte caracterização: (1) Pesquisador como instrumento-chave na coleta de

dados, (2) foco na perspectiva dos participantes, (3) conduzida em ambiente natural

de aplicação (campo), (4) pode envolver o uso de múltiplos métodos, (5) situada no

contexto ou ambiente dos participantes, (6) raciocínio complexo, indutivo e/ou

dedutivo e (7) projeto emergente e em evolução, fator que confere o aspecto flexível

ao projeto de pesquisa.

Na pesquisa qualitativa, o pesquisador deve coletar os dados no contexto em

que ocorre e do qual faz parte, estabelecido em determinado ponto no tempo e

espaço, conferindo-lhe a caracterização de um estudo transversal. Por ter essa

abordagem contextual, onde o processo é também de especial interesse ao

pesquisador e não apenas os resultados, a pesquisa qualitativa possui caráter

exploratório e/ou descritivo, relacionado ao detalhamento do cenário envolvendo os

dados coletados naquele momento. Tanto em pesquisas de cunho exploratório

quanto descritivo, a pesquisa qualitativa parece ser a mais adequada (GODOY,

1995)

Por ser conceitualmente relacionado ao estudo de fenômenos sociais

complexos, de forma holística, junto a seu processo de desenvolvimento natural, o

54

estudo de caso se mostra uma opção metodológica sustentável para pesquisas que

buscam responder questões relacionadas a circunstâncias presentes em grupos

organizacionais e sociais (YIN, 2010). Ainda segundo o autor:

O estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes (YIN, 2010, p.39).

Nesse sentido, decidiu-se por desenvolver uma pesquisa qualitativa e

quantitativa, de caráter exploratório e descritivo.

4.2 Projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa tem o objetivo de orientar o processo de investigação e

coleta de dados, análise e interpretações das observações, baseado nas questões

de pesquisa e nas proposições. A unidade de análise são as redes de negócios,

formadas por empresas que compõem o canal de distribuição de um determinado

fabricante. Na figura 6 pode-se observar o desenho da pesquisa realizada.

Figura 6 – Desenho de pesquisa

Fonte: o Autor

55

4.2.1 Questões e proposições

O projeto de pesquisa busca compreender as redes de negócios formadas

por empresas organizadas como um canal, que apresentam características sociais

perceptíveis nas inter-relações, imprimindo à rede uma capacidade adaptativa, com

características de um sistema complexo adaptativo. As proposições são, portanto, a

de que (1) o constructo RELQUAL é um instrumento importante e adequado para a

investigação de redes de negócios e que (2) as redes de negócios constituem um

sistema complexo adaptativo.

4.2.2 Empresas componentes da Amostra

Existem 3 tipos de empresas no mercado de tecnologia de Data Centers que

participarão da investigação: (1) fabricantes, (2) distribuidores e (3) instaladores:

(1) Fabricantes: São as organizações que fabricam produtos para serem

instalados no data center. Geralmente se dedicam a uma solução

específica, com produtos que são complementares. As soluções mais

conhecidas para um data center são infraestrutura de redes, sistema de

redes de dados, sistemas de energia ininterrupta, sistemas de ar

condicionado de precisão, infraestrutura elétrica, sistemas de segurança e

software de gerenciamento. Cada fabricante possui seu programa de

canais, que reúne as obrigações e benefícios das empresas participantes

do canal, sejam elas distribuidores ou instaladores.

(2) Distribuidores: Presentes na maioria dos canais desse mercado, são

responsáveis pela logística, armazenamento, distribuição e atendimento

técnico e comercial dos instaladores. São tecnicamente capacitados nas

soluções que distribuem e agregam valor na logística, especificação de

produtos e no desenvolvimento dos projetos.

(3) Instaladores: O instalador é o participante do canal que efetivamente

instala as soluções de infraestrutura no data center. Ele possui uma equipe

capacitada e certificada nas soluções que oferece, e pode dar garantias e

obter certificação da instalação. O instalador possui o contato direto com a

empresa usuária, com a qual mantém relacionamento técnico, comercial e

56

institucional, o que faz com que fabricante e distribuidores se preocupem

sempre com sua capacidade técnica e seu desempenho organizacional.

As empresas, pertencentes a um dos grupos acima citados, se estruturam em

canais, onde o topo da cadeia é o fabricante e o último componente é o instalador,

conforme observado na Figura 6. Neste trabalho, as cadeias serão consideradas

como redes de negócio verticais, onde os contratos regem apenas as regras

financeiro-comerciais necessárias para o cumprimento de normas jurídicas sobre a

relação de trocas de mercadorias e pagamentos. As regras da rede

interorganizacional definem o modelo de conduta das empresas no mercado e

determinam diferenciais competitivos comuns. A indagação a ser esclarecida refere-

se às relações entre tais empresas, ou seja, como elas interagem e como se

adaptam rapidamente às mudanças no comportamento de algum ator da rede ou à

importantes mudanças externas, como o mercado ou o cenário econômico.

Figura 7 - Diagrama de fluxo das transações comerciais no canal Fonte: Autor

Os fabricantes, portanto, fazem o papel de “Leão” da rede, ou seja, utilizam

seu poder para influenciar o comportamento dos demais atores da rede

(ZACCARELLI et al.,2008). Foram envolvidos na pesquisa três fabricantes, dois

distribuidores e dez instaladores, totalizando quinze empresas em três canais de

distribuição diferentes. Entre as pessoas envolvidas estão oito executivos e sessenta

57

profissionais relacionados às atividades de vendas ou marketing das referidas

empresas. Neste trabalho foram investigadas 3 redes de negócios, formadas

respectivamente pelo canal de distribuição dos fabricantes Commscope, Panduit e

Axis, conforme sintetiza o Quadro 11.

Tabela 1 - Lista de fabricantes que participaram da pesquisa

FABRICANTE TOTAL DE EMPRESAS PESQUISADAS NO CANAL

Commscope 11

Panduit 8

Axis 5

Fonte: Autor

Quadro 11 - Lista de distribuidores que participaram da pesquisa

DISTRIBUIDOR CANAIS AOS QUAIS PERTENCE

Anixter Commscope

Panduit

Axis

Dimensional Commscope

Fonte: Autor

Quadro 12 - Lista de instaladores que participaram da pesquisa

EMPRESA CANAIS AOS QUAIS PERTENCE

DMI Commscope

Panduit

GMarc Commscope

Panduit

Axis

Luche Commscope

Teleinfo Commscope

Panduit

Daí-Ichi Panduit

Commscope

Campoy Panduit

Axis

Plant Engenharia Commscope

Avantia Tecnologia Axis

Fonmart Commscope

Ifortix Commscope

Fonte: Autor

58

4.3 Instrumentos de Pesquisa

Para a captura de informações relevantes aos objetivos do trabalho, foram

utilizados 3 instrumentos de coleta de dados: (1) entrevistas, (2) survey e (3)

levantamento de dados secundários.

4.3.1 Entrevistas

As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, ou seja, seguiram uma

sequência previamente estabelecida de perguntas e tópicos, porém, sem se limitar a

ela. Foram realizadas nas facilidades do entrevistado, em local reservado, gravadas

em áudio e com anotações feitas pelo pesquisador. O roteiro da entrevista pode ser

encontrado no Apêndice A, ao final deste documento.

O objetivo da entrevista foi entender o ponto de vista dos principais gestores

sobre o relacionamento com os demais atores das redes das quais faz parte,

buscando caracterizar o aspecto cooperativo e adaptativo do agrupamento.

4.3.2 Questionários (Surveys)

Os canais possuem características que os definem como redes de negócios,

e isso pode ser comprovado pelo estudo do relacionamento entre os atores dessa

rede. Da mesma forma, este estudo oferece informações importantes que sugerem

ainda que se tratam de sistemas complexos adaptativos. Para atingir estes objetivos,

foram utilizadas escalas baseadas no constructo da Qualidade de Relacionamento

(RELQUAL), cuja aplicação é reconhecida pela literatura acadêmica internacional e

validada por autores que a aplicaram em pesquisas sobre relacionamentos

interorganizacionais em diferentes tipos de empresa e mercados.

Foram utilizadas oito dimensões, que capturaram evidências que suportam as

investigações de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos. Além do

arcabouço teórico do Capítulo 2 deste trabalho, os principais autores que suportam

as definições de cada dimensão estão relacionados no Quadro 13. Para aplicação

no questionário, a cada dimensão foram atribuídas duas variáveis, que podem ser

observadas na Figura 7. As dimensões utilizadas foram:

59

(1) Interdependência: Está associada a redes de negócios e sistemas

complexos adaptativos. Em relação à primeira abordagem teórica, representa

o equilíbrio entre empresas que possuem algum nível de dependência entre

si, e em relação à segunda está ligada ao fato de que as ações de uma

empresa da rede afetarão outras empresas de alguma maneira (GUNDLACH

& CADOTTE, 1994; MITLETON-KELLY, 2003; GULATI & GARGIULO, 1999).

(2) Interação: Também guarda relação com ambas as teorias utilizadas no

estudo. Por estar relacionada à troca de informações entre agentes do

sistema, revela a manifestação de categorias sociais que suportam a teoria

de redes de negócio. Em relação a sistemas complexos adaptativos, a

interação é importante para a ocorrência do aprendizado e da evolução do

sistema, atuando como catalisadora do comportamento emergente

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009; JOHNSON,

2009b; STACEY, 1996; CHOI et al., 2001; BENBYA & MCKELVEY, 2006b;

MITLETON-KELLY, 2003).

(3) Comportamento Emergente: Esta dimensão está associada a sistemas

complexos adaptativos e manifesta-se a partir do comportamento de todos os

agentes do sistema, cujo resultado coletivo transcende à simples soma de

cada comportamento (AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015;

MITCHELL, 2009; JOHNSON, 2009b; CHOI et al., 2001; BENBYA &

MCKELVEY, 2006b; MITLETON-KELLY, 2003).

(4) Adaptabilidade: Uma das características das redes de negócios é a

capacidade de se adaptar ao ambiente externo de maneira sistêmica

(ZACCARELLI et al., 2008). Em sistemas complexos adaptativos, a própria

definição estabelece a capacidade de adaptar-se ao ambiente. Nestes

sistemas os agentes se adaptam a novas situações geradas por outros

agentes e também por sistemas externos ao seu, originando a adaptação do

sistema como um todo, pela manifestação do comportamento emergente

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009; JOHNSON,

2009b; GELL-MANN et al., 1979; MITLETON-KELLY, 2003; ZACCARELLI et

al., 2008).

60

(5) Confiança: Em redes de negócios, confiança é uma categoria social

presente em alguma medida no relacionamento entre empresas. Por meio da

mensuração da confiança é possível caracterizar o relacionamento

interorganizacional, associando-a a outras categorias sociais, como

comprometimento e cooperação (MORGAN & HUNT,1994; GAMBETTA,

1995; SAKO & HELPER, 1998).

(6) Cooperação: Manifesta-se quando as empresas possuem uma orientação

que representa a predisposição de uma organização trabalhar com a outra. A

cooperação pode dar origem à formação de grupos ou associações dentro de

uma rede, por meio das afinidades encontradas entre as empresas

(GAMBETTA, 1995; PAYAN et al., 2010).

(7) Comprometimento: Seu conceito é similar ao da confiança e reflete a

expectativa que uma organização possui em relação ao relacionamento com

outra, de que ambas não farão nada que possa atingir a relação existente

(GUNDLACH & CADOTTE, 1994; DWYER et al., 1987; MORGAN E

HUNT,1994).

(8) Evolução: Manifesta-se por meio do comportamento dos agentes em

aumentar seu desempenho, emergindo um comportamento sistêmico,

baseado no feedback recebido dos outros agentes. A evolução está

relacionada ao aprendizado, onde um agente aprende com as ações de outro,

caracterizando a evolução do sistema (AXELROD & COHEN, 2001;

HOLLAND, 2015; ANDERSON, 1999; STACEY, 1996; CHOI et al., 2001).

61

Quadro 13 - Dimensões utilizadas no RELQUAL e respectivos autores

DIMENSÕES UTILIZADAS

NO RELQUAL AUTORES

INTERDEPENDÊNCIA

(GUNDLACH & CADOTTE, 1994; MITLETON-KELLY, 2003; GULATI &

GARGIULO, 1999).

INTERAÇÃO ENTRE

AGENTES

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009; JOHNSON,

2009b; STACEY, 1996; CHOI et al., 2001; BENBYA & MCKELVEY, 2006b;

MITLETON-KELLY, 2003).

COMPORTAMENTO

EMERGENTE

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009; JOHNSON,

2009b; CHOI et al., 2001; BENBYA & MCKELVEY, 2006b; MITLETON-KELLY,

2003).

ADAPTABILIDADE

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009;

JOHNSON, 2009b;GELL-MANN et al., 1979; MITLETON-KELLY, 2003;

ZACCARELLI et al., 2008).

CONFIANÇA (MORGAN & HUNT,1994; GAMBETTA, 1995; SAKO & HELPER, 1998).

COOPERAÇÃO (GAMBETTA, 1995; PAYAN et al., 2010).

COMPROMETIMENTO (GUNDLACH & CADOTTE, 1994; DWYER et al., 1987; MORGAN E HUNT,1994).

EVOLUÇÃO

(AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015; ANDERSON, 1999; STACEY,

1996; CHOI et al., 2001).

Fonte: Autor

Para cada uma das dimensões foram definidas duas variáveis, associadas a

itens do questionário. As variáveis têm a finalidade de atribuir valor à dimensão

avaliada, gerando os resultados da pesquisa.

Figura 8 - Diagrama com Dimensões e Variáveis do Questionário

Fonte: Autor

62

A análise de dados dos surveys é constituída por dois momentos de avaliação

crítica das indicações. Um deles trabalhou com análise comparativa por categorias

da manifestação das entrevistas semiestruturadas. O outro utilizou a avaliação

quantitativa baseada na posição coletada dos operadores e gestores de operação

comercial, envolvendo principalmente a avaliação do relacionamento com as

empresas do canal e da presença de indicações de complexidade na relação.

Pretendeu-se com isso identificar aspectos que são convergentes na visão de todas

as empresas participantes da rede e que sugerem a presença de categorias sociais

nas relações entre elas.

Após a tabulação das informações, estruturadas em um banco de dados,

foram aplicadas ferramentas de análise fatorial e correlação, por meio da utilização

do software SPSS, o que possibilitou o entendimento dos fatores que explicam o

fenômeno e do nível de correlação entre as variáveis.

4.3.3 Levantamento de Dados Secundários

Os canais do mercado de tecnologia são frequentemente estruturados por um

programa formal de canais, normalmente definido pelo fabricante, que estabelece

regras, vantagens e obrigações do programa. Os documentos publicados, referentes

a programas de canais, são importantes para evidenciar como as redes de negócios

estão estruturadas e quais são as expectativas de comportamento da rede.

Com o uso da Tabela 2, foram analisados 10 programas de canais, por meio

de documentos de acesso público, que terão suas comunalidades elencadas, de

modo a estabelecer quais são os princípios que guiam as empresas que fazem parte

dessas redes de negócios.

63

Tabela 2 - Tabela de dados secundários

Fonte: Autor

NÍVEIS DE FIDELIZAÇÃO

DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS

MARKETING COOPERADO

REBATE SOBRE VENDAS

PRIORIDADE EM SUPORTE

DIVULGAÇÃO NA WEB

PROGRAMA DE

DEMONSTRAÇÃO

DISTRIBUIÇÃO DE LEADS

PUBLICAÇÃO DE CASES

GERENTE DE CONTAS

DEDICADO

NÍVEIS DE DESCONTO

ACESSO A BASE DE

DADOS

REGISTRO DE

OPPORTUNIDADES

META DE VENDAS

PROFISSIONAIS

CERTIFICADOS

REVISÃO DE

DESEMPENHO

BUSINESS PLAN

00

00

00

00

00

00

00

0T

OT

AL

EM

PR

ES

AT

IPO

VA

NT

AG

EN

SO

BR

IGA

ÇÕ

ES

64

CAPÍTULO 5

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

65

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Análise dos Dados

O questionário foi aplicado a executivos das áreas comercial e marketing e

vendedores, enviados por e-mail e com identificação pessoal do respondente.

Participaram da pesquisa 15 empresas, das quais 10 são instaladores, 3 são

fabricantes e 2 são distribuidores. Dois fatores influíram negativamente na pesquisa:

(1) os últimos 45 dias do ano são muito intensos nas empresas devido à alta

quantidade de oportunidades de negócios e ao esforço de atingimento das metas, e

(2) a alta taxa de demissão ocorrida nos últimos 60 dias do ano neste mercado.

Ainda assim a pesquisa atendeu a expectativa por trazer 27 respostas consistentes,

no período de 20 dias.

Devido aos objetivos da pesquisa e por tratar-se de um instrumento de coleta

que utiliza a escala Likert, optou-se por utilizar a análise fatorial para estabelecer as

correlações entre variáveis, e detectar potenciais associações entre variáveis

conceituais de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos. Os resultados

do survey são apresentados em duas seções: (1) análise descritiva dos dados e (2)

análise fatorial.

Fonte: Autor

Gráfico 1 - Perfil dos Respondentes - Cargo

66

Os respondentes forneceram informações pessoais, incluindo o cargo que

ocupavam no momento da pesquisa. Como pode-se observar no Gráfico 1, a

totalização resultou em 12 vendedores, 11 executivos comerciais e 2 executivos de

marketing. No Gráfico 1 é possível visualizar a projeção destes resultados.

5.1.1 Estatística Descritiva

Além de informações pessoais, a pesquisa informa dados sobre 16 variáveis

associadas a questões de concordância sobre afirmativas, que deveriam ser

obrigatoriamente respondidas, não havendo, portanto, respostas em branco (missing

value).

Nas tabelas 3 e 4 é possível observar a distribuição das frequências das

respostas e as medidas estatísticas descritivas. O objetivo do instrumento foi

levantar evidências que revelassem a presença efetiva de características relevantes

de redes de negócios e sistemas complexos adaptativos.

67

Tabela 3 - Frequência dos resultados

Fonte: Autor

12

34

56

7

ITD

P1

Ne

ste

me

rca

do

, a

s e

mp

res

as

(fa

bri

ca

nte

s, d

istr

ibu

ido

res

e in

sta

lad

ore

s)

de

pe

nd

em

um

as

da

s o

utr

as

, o

u s

eja

, o

pe

rar

iso

lad

am

en

te n

ão

é a

me

lho

r o

pçã

o.

10

00

25

19

27

ITD

P2

Me

sm

o c

om

ma

ior

po

de

r e

co

mic

o, fa

bri

ca

nte

s s

e r

ela

cio

na

m c

on

os

co

em

de

ig

ua

lda

de

, a

ss

im c

om

o o

co

rre

en

tre

s e

os

in

teg

rad

ore

s, p

ois

de

pe

nd

em

os

un

s d

os

ou

tro

s1

02

78

72

27

INT

R1

Na

op

era

çã

o d

a m

inh

a e

mp

res

a, n

atu

ralm

en

te tro

ca

mo

s in

form

açõ

es

co

m o

utr

as

em

pre

sa

s d

o C

an

al, s

ob

re s

itu

açã

o d

o

me

rca

do

, te

cn

olo

gia

e in

ova

çõ

es

em

cu

rso

, e

ntr

e o

utr

os

.0

00

14

91

32

7

INT

R2

Na

op

era

çã

o d

a m

inh

a e

mp

res

a, n

atu

ralm

en

te a

pre

nd

em

os

co

m a

s o

utr

as

, e

m fu

nçã

o d

e in

tera

çõ

es

e in

form

açõ

es

qu

e

rece

be

mo

s.

01

00

41

21

02

7

EM

GT

1N

ing

m to

ma

um

a a

titu

de

se

m le

var

em

co

nta

o q

ue

po

de

aco

nte

ce

r co

m o

CA

NA

L c

om

o u

m to

do

.1

01

41

06

52

7

EM

GT

2M

ud

an

ça

s n

o m

erc

ad

o e

no

ce

rio

eco

mic

o in

flu

en

cia

m n

os

sa

ma

ne

ira

de

fa

zer

ne

cio

s, o

qu

e a

ca

ba

in

flu

en

cia

nd

o

o C

an

al co

mo

um

to

do

.0

01

12

91

42

7

AD

AP

1M

ud

an

ça

s e

xte

rna

s (

me

rca

do

, e

co

no

mia

, te

cn

olo

gia

) le

vam

a E

MP

RE

SA

a ta

mb

ém

mu

da

r p

ara

s

e a

da

pta

r.0

00

15

51

62

7

AD

AP

2E

m u

ma

cri

se

eco

mic

a, to

do

s s

e a

da

pta

m, in

de

pe

nd

en

te d

e s

er

fab

rica

nte

, d

istr

ibu

ido

r o

u in

teg

rad

or,

exi

stin

do

o

co

ns

en

so

de

qu

e é

pre

cis

o r

ep

en

sa

r m

arg

en

s, lo

gís

tica

, p

razo

s o

u o

utr

as

alte

rna

tiva

s té

cn

ica

s.

00

14

57

10

27

CO

NF

1N

o C

an

al d

o q

ua

l fa

ço

pa

rte

, m

inh

a e

xpe

cta

tiva

é d

e q

ue

te

rei p

ou

ca

s s

urp

res

as

ne

ga

tiva

s e

m r

ela

çã

o à

co

nd

uta

da

s

ou

tra

s e

mp

res

as

.1

34

57

52

27

CO

NF

2R

es

pe

ita

mo

s o

pro

jeto

qu

e fo

i re

gis

tra

do

co

m o

co

nco

rre

nte

, p

orq

ue

se

i q

ue

ele

re

sp

eita

rá q

ua

nd

o n

ós

tive

rmo

s

reg

istr

ad

o.

01

35

77

42

7

CO

OP

1A

s e

mp

res

as

do

Ca

na

l e

ven

tua

lme

nte

se

aju

da

m d

e a

lgu

ma

s fo

rma

s, co

nfo

rme

a s

itu

açã

o e

xija

.0

01

31

17

52

7

CO

OP

2S

e u

m in

sta

lad

or

do

No

rde

ste

ga

nh

a u

m p

roje

to n

o S

ul e

le p

od

e a

tua

r e

m c

on

jun

to c

om

um

in

sta

lad

or

do

me

sm

o C

an

al

qu

e te

nh

a o

pe

raçã

o lo

ca

l.0

00

24

11

10

27

CO

MP

1P

od

em

os

, e

ven

tua

lme

nte

, p

erd

er

op

ort

un

ida

de

s d

e v

en

da

pa

ra n

ão

qu

eb

rarm

os

as

re

gra

s d

o p

rog

ram

a d

e C

an

ais

.0

00

20

10

15

27

CO

MP

2S

om

os

co

mp

rom

etid

os

co

m a

po

lítica

de

ca

na

is e

es

pe

ram

os

qu

e a

s o

utr

as

em

pre

sa

s s

eja

m ta

mb

ém

.1

00

22

13

92

7

EV

OL

1A

s e

mp

res

as

do

Ca

na

l m

ud

am

pa

ra s

e a

da

pta

r e

ap

ren

de

m c

om

o q

ue

as

ou

tra

s e

stã

o fa

zen

do

pa

ra s

e a

da

pta

r.1

00

51

35

32

7

EV

OL

2C

om

o tro

ca

mo

s in

form

açõ

es

en

tre

s (

Fa

bri

ca

nte

s, D

istr

ibu

ido

res

e In

teg

rad

ore

s),

ap

ren

de

mo

s c

om

o r

es

ulta

do

da

s

açõ

es

e a

titu

de

s d

as

ou

tra

s e

mp

res

as

no

me

rca

do

.0

00

16

12

82

7

FR

EQ

UE

NC

IA

AB

SO

LU

TA

TOTAL

VARIÁVEL

AF

IRM

AT

IVA

68

Calculando a quantidade de respostas de cada variável pelo valor da escala,

é possível observar no Gráfico 2 as variáveis que tiveram os maiores índices de

concordância em relação à afirmativa.

Gráfico 2 - Respostas X Valor da Escala para cada variável

Fonte: Autor

Os números da Tabela 5 mostram a percepção dos respondentes em relação

à presença de categorias sociais, como confiança, comprometimento, cooperação, e

também a manifestação de características conceituais de sistemas complexos

adaptativos, como inter-relacionamento entre atores da rede, comportamento

emergente e evolução. A escala compreendeu 7 opções de resposta, por meio das

quais os respondentes declararam seu nível de concordância ou discordância em

relação às afirmativas propostas em cada variável.

69

Tabela 4 - Estatística Descritiva V

AR

IÁV

EL

AFIRMATIVA

DE

SV

IO

PA

DR

ÃO

DIA

CO

EF

ICIE

NT

E

DE

VA

RIA

ÇÃ

O

ITDP1 Neste mercado, as empresas (fabricantes, distribuidores e instaladores) dependem umas das outras, ou seja, operar isoladamente não é a melhor opção.

1,2 6,4 0,1

ITDP2 Mesmo com maior poder econômico, fabricantes se relacionam conosco em pé de igualdade, assim como ocorre entre nós e os instaladores, pois dependemos uns dos outros

1,3 4,8 0,2

INTR2 Na operação da minha empresa, naturalmente trocamos informações com outras empresas do Canal, sobre situação do mercado, tecnologia e inovações em curso, entre outros.

0,8 6,2 0,1

INTR2 Na operação da minha empresa, naturalmente aprendemos com as outras, em função de interações e informações que recebemos.

1,0 6,0 0,1

EMGT1 Ninguém toma uma atitude sem levar em conta o que pode acontecer com o CANAL como um todo.

1,3 5,2 0,2

EMGT2 Mudanças no mercado e no cenário econômico influenciam nossa maneira de fazer negócios, o que acaba influenciando o Canal como um todo.

1,0 6,2 0,1

ADAP1 Mudanças externas (mercado, economia, tecnologia) levam a EMPRESA a também mudar para se adaptar.

0,9 6,3 0,1

ADAP2 Em uma crise econômica, todos se adaptam, independentemente de ser fabricante, distribuidor ou instalador, existindo o consenso de que é preciso repensar margens, logística, prazos ou outras alternativas técnicas.

1,2 5,7 0,2

CONF1 No Canal do qual faço parte, minha expectativa é de que terei poucas surpresas negativas em relação à conduta das outras empresas. 1,5 4,3 0,3

CONF2 Respeitamos o projeto que foi registrado com o concorrente, porque sei que ele respeitará quando nós tivermos registrado.

1,3 5,0 0,2

COOP1 As empresas do Canal eventualmente se ajudam de algumas formas, conforme a situação exija.

1,0 5,4 0,1

COOP2 Se um instalador do Nordeste ganha um projeto no Sul ele pode atuar em conjunto com um instalador do mesmo Canal que tenha operação local.

0,9 6,0 0,1

COMP1 Podemos, eventualmente, perder oportunidades de venda para não quebrarmos as regras do programa de Canais.

0,8 6,4 0,1

COMP2 Somos comprometidos com a política de canais e esperamos que as outras empresas sejam também.

1,2 5,9 0,2

EVOL1 As empresas do Canal mudam para se adaptar e aprendem com o que as outras estão fazendo para se adaptar. 1,2 5,0 0,2

EVOL2 Como trocamos informações entre nós (Fabricantes, Distribuidores e Instaladores), aprendemos com o resultado das ações e atitudes das outras empresas no mercado. 0,8 6,0 0,1

Fonte: Autor

5.1.2 Estudos dos fatores determinantes de Redes de Negócios e Sistemas

Complexos Adaptativos

Segundo HAIR et al (2005), a Análise Fatorial é um conjunto de métodos de

estatística multivariada que analisa uma matriz de dados com a finalidade de

estabelecer correlações entre variáveis e definir dimensões subjacentes,

denominadas fatores. Com a propósito de estabelecer índices de confiabilidade e

consistência nas análises, foram aplicados (1) o teste KMO, que assegura que os

dados são adequados para a análise fatorial, a (2) esfericidade de Bartlet, que indica

70

a significância das correlações da matriz de dados e o (3) alfa de Cronbach, que

mede a confiabilidade da escala integralmente.

Tabela 5 - Matriz de Análise Fatorial Rotacionada

VARIÁVEIS FATORES

1 2 3 4

EMGT1 Ninguém toma uma atitude sem levar em conta o que pode acontecer com o CANAL como um todo. 0,868

INTR2 Na operação da minha empresa, naturalmente aprendemos com as outras, em função de interações e informações que recebemos. 0,848

CONF1 No Canal do qual faço parte, minha expectativa é de que terei poucas surpresas negativas em relação à conduta das outras empresas. 0,812

INTR1 Na operação da minha empresa, naturalmente trocamos informações com outras empresas do Canal, sobre situação do mercado, tecnologia e inovações em curso, entre outros.

0,714

EVOL1 As empresas do Canal mudam para se adaptar e aprendem com o que as outras estão fazendo para se adaptar. 0,622

EVOL2 Como trocamos informações entre nós (Fabricantes, Distribuidores e Instaladores), aprendemos com o resultado das ações e atitudes das outras empresas no mercado.

0,608

ADAP2 Em uma crise econômica, todos se adaptam, independentemente de ser fabricante, distribuidor ou instalador, existindo o consenso de que é preciso repensar margens, logística, prazos ou outras alternativas técnicas.

0,576

COMP1 Somos comprometidos com a política de canais e esperamos que as outras empresas sejam também. 0,407

ITDP1 Neste mercado, as empresas (fabricantes, distribuidores e instaladores) dependem umas das outras, ou seja, operar isoladamente não é a melhor opção.

0,759

CONF2 Respeitamos o projeto que foi registrado com o concorrente, porque sei que ele respeitará quando nós tivermos registrado. 0,703

ITDP2 Mesmo com maior poder econômico, fabricantes se relacionam conosco em pé de igualdade, assim como ocorre entre nós e os instaladores, pois dependemos uns dos outros

0,628

COMP1 Podemos, eventualmente, perder oportunidades de venda para não quebrarmos as regras do programa de Canais. -0,761

COOP1 As empresas do Canal eventualmente se ajudam de algumas formas, conforme a situação exija. 0,705

COOP2 Se um instalador do Nordeste ganha um projeto no Sul ele pode atuar em conjunto com um instalador do mesmo Canal que tenha operação local. 0,701

COMP2 Somos comprometidos com a política de canais e esperamos que as outras empresas sejam também. -0,673

ADAP1 Mudanças externas (mercado, economia, tecnologia) levam a EMPRESA a também mudar para adaptar-se. 0,924

EMGT2 Mudanças no mercado e no cenário econômico influenciam nossa maneira de fazer negócios, o que acaba influenciando o Canal como um todo. 0,854

Fonte: Autor

Na Tabela 5 são apresentadas variáveis e fatores que resultaram da análise

fatorial de componentes principais sobre os dados de 27 respondentes. A análise foi

71

aplicada com rotação ortogonal Varimax, utilizando o critério de autovalor

(Eigenvalue) maior que 1.

O Fator 1, denominado Fator de Integração, indica que os atores da rede de

negócios formam um sistema evolutivo e adaptativo, resultado de interações entre

os elementos e da presença de categorias sociais importantes. Este fator está

associado à correlação das variáveis confiança, comprometimento, inter-

relacionamento, comportamento emergente, evolução e adaptatividade. O Fator de

Interdependência entre os elementos da rede, indicado como Fator 2, mostrou-se

relacionado ao nível de confiança, e o Fator 4, Adaptabilidade Coletiva, mostra a

capacidade adaptativa da rede influenciada por seu comportamento emergente. O

Fator 3, denominado Fator de Cooperação, mostrou importante correlação das

variáveis Cooperação e Comprometimento, revelando que a cooperação entre os

atores ocorre de maneira inversa ao comprometimento com a rede. O Fator de

Cooperação permite então sugerir que, quando comprometido com a rede, os atores

têm a expectativa de que o comprometimento seja recíproco, o que resulta em

menor necessidade percebida de cooperação direta entre os atores.

5.1.3 Investigação de correlações entre propriedades dos Sistemas Complexos

Adaptativos e características de Redes de Negócios

A análise estatística dos dados traz indicações importantes em relação à

correlação de variáveis entre as oito dimensões utilizadas, como se pode ver na

tabela 6. Essa observação sugere evidências da existência de convergência teórica

entre Redes de Negócios e Sistemas Complexos Adaptativos, manifestado por

algumas observações:

(1) A característica evolutiva e adaptativa da rede de negócios está fortemente

associada a categorias sociais como confiança e comprometimento, como

também ao nível de inter-relacionamento.

(2) A manifestação da Interdependência está associada ao nível de confiança

entre as empresas.

(3) O comportamento emergente, além de estabelecer relação com variáveis de

categorias sociais, como confiança e comprometimento, mostra-se

relacionado à capacidade adaptativa da rede

72

Tabela 6 - Matriz de Análise de Correlação

ITDP1 ITDP2 INTR1 INTR2 EMGT1 EMGT2 ADAP1 ADAP2 CONF1 CONF2 COOP1 COOP2 COMP1 COMP2 EVOL1 EVOL2

Pearson

Correlation1 ,414

*,569

**,749

**,524

** -,033 -,067 ,395*

,415* ,259 ,107 ,037 ,551

**,684

**,538

**,407

*

Sig. (2-tailed) ,032 ,002 ,000 ,005 ,869 ,740 ,041 ,031 ,192 ,594 ,854 ,003 ,000 ,004 ,035

Pearson

Correlation,414

* 1 ,577**

,578**

,551** -,056 -,148 ,408

* ,355 ,342 ,049 ,200 ,229 ,509**

,610**

,525**

Sig. (2-tailed) ,032 ,002 ,002 ,003 ,782 ,462 ,034 ,069 ,080 ,807 ,317 ,251 ,007 ,001 ,005

Pearson

Correlation,569

**,577

** 1 ,772**

,604** ,315 ,227 ,461

*,460

* ,253 ,294 ,219 ,379 ,466*

,537**

,538**

Sig. (2-tailed) ,002 ,002 ,000 ,001 ,110 ,255 ,016 ,016 ,204 ,137 ,273 ,051 ,014 ,004 ,004

Pearson

Correlation,749

**,578

**,772

** 1 ,775** ,192 ,052 ,572

**,478

* ,155 ,243 ,347 ,348 ,446*

,739**

,690**

Sig. (2-tailed) ,000 ,002 ,000 ,000 ,336 ,797 ,002 ,012 ,440 ,222 ,077 ,075 ,020 ,000 ,000

Pearson

Correlation,524

**,551

**,604

**,775

** 1 ,150 -,153 ,377 ,647** ,098 ,196 ,232 ,285 ,313 ,619

**,473

*

Sig. (2-tailed) ,005 ,003 ,001 ,000 ,456 ,447 ,053 ,000 ,627 ,326 ,245 ,150 ,112 ,001 ,013

Pearson

Correlation-,033 -,056 ,315 ,192 ,150 1 ,641

** ,141 ,010 ,130 -,004 ,020 -,083 -,043 ,046 ,226

Sig. (2-tailed) ,869 ,782 ,110 ,336 ,456 ,000 ,485 ,962 ,518 ,984 ,922 ,682 ,832 ,819 ,257

Pearson

Correlation-,067 -,148 ,227 ,052 -,153 ,641

** 1 ,274 -,061 -,132 -,159 -,076 ,215 ,021 -,127 ,101

Sig. (2-tailed) ,740 ,462 ,255 ,797 ,447 ,000 ,166 ,762 ,512 ,427 ,706 ,282 ,915 ,528 ,618

Pearson

Correlation,395

*,408

*,461

*,572

** ,377 ,141 ,274 1 ,459* ,258 ,260 ,428

* -,021 ,038 ,456*

,569**

Sig. (2-tailed) ,041 ,034 ,016 ,002 ,053 ,485 ,166 ,016 ,194 ,190 ,026 ,918 ,852 ,017 ,002

Pearson

Correlation,415

* ,355 ,460*

,478*

,647** ,010 -,061 ,459

* 1 ,029 ,242 ,164 ,255 ,162 ,325 ,405*

Sig. (2-tailed) ,031 ,069 ,016 ,012 ,000 ,962 ,762 ,016 ,887 ,224 ,412 ,200 ,419 ,099 ,036

Pearson

Correlation,259 ,342 ,253 ,155 ,098 ,130 -,132 ,258 ,029 1 ,202 ,242 -,146 ,282 ,393

* ,269

Sig. (2-tailed) ,192 ,080 ,204 ,440 ,627 ,518 ,512 ,194 ,887 ,313 ,223 ,466 ,154 ,042 ,174

Pearson

Correlation,107 ,049 ,294 ,243 ,196 -,004 -,159 ,260 ,242 ,202 1 ,604

** -,256 -,201 ,277 ,396*

Sig. (2-tailed) ,594 ,807 ,137 ,222 ,326 ,984 ,427 ,190 ,224 ,313 ,001 ,198 ,316 ,163 ,041

Pearson

Correlation,037 ,200 ,219 ,347 ,232 ,020 -,076 ,428

* ,164 ,242 ,604** 1 -,190 -,189 ,412

*,504

**

Sig. (2-tailed) ,854 ,317 ,273 ,077 ,245 ,922 ,706 ,026 ,412 ,223 ,001 ,343 ,345 ,033 ,007

Pearson

Correlation,551

** ,229 ,379 ,348 ,285 -,083 ,215 -,021 ,255 -,146 -,256 -,190 1 ,766** ,196 ,110

Sig. (2-tailed) ,003 ,251 ,051 ,075 ,150 ,682 ,282 ,918 ,200 ,466 ,198 ,343 ,000 ,328 ,586

Pearson

Correlation,684

**,509

**,466

*,446

* ,313 -,043 ,021 ,038 ,162 ,282 -,201 -,189 ,766** 1 ,470

* ,285

Sig. (2-tailed) ,000 ,007 ,014 ,020 ,112 ,832 ,915 ,852 ,419 ,154 ,316 ,345 ,000 ,013 ,150

Pearson

Correlation,538

**,610

**,537

**,739

**,619

** ,046 -,127 ,456* ,325 ,393

* ,277 ,412* ,196 ,470

* 1 ,651**

Sig. (2-tailed) ,004 ,001 ,004 ,000 ,001 ,819 ,528 ,017 ,099 ,042 ,163 ,033 ,328 ,013 ,000

Pearson

Correlation,407

*,525

**,538

**,690

**,473

* ,226 ,101 ,569**

,405* ,269 ,396

*,504

** ,110 ,285 ,651** 1

Sig. (2-tailed) ,035 ,005 ,004 ,000 ,013 ,257 ,618 ,002 ,036 ,174 ,041 ,007 ,586 ,150 ,000

COOP1

COOP2

COMP1

COMP2

EVOL1

EVOL2

EMGT1

EMGT2

ADAP1

ADAP2

CONF1

CONF2

ITDP1

ITDP2

INTR1

INTR2

73

A análise das correlações é relevante pelo fato de oferecer informações sobre

a manifestação das variáveis investigadas, levando à captura de evidências

importantes na aplicação de Sistemas Complexos Adaptativos para a compreensão

das Redes de Negócios. O detalhamento das correlações observadas na tabela 6

podem ser observados no quadro 14.

Quadro 14 – Detalhamento de correlações entre variáveis de pesquisa

Fonte: Autor

5.1.4 Confiabilidade dos Constructos

Para estabelecer o nível de confiabilidade dos dados analisados, foram

utilizados (1) a medida KMO, cujo valor de 0,661 confirma a adequação amostral, (2)

o teste de esfericidade de Bartlet, que resultou em significância das correlações em

0,000, (3) o coeficiente Alfa de Cronbach da escala, que resultou em 0,853,

indicando nível de confiabilidade aceitável e (4) a variância explicada total, cujo valor

71,73% pode ser considerado satisfatório (HAIR et al., 2005) . Na tabela 7 são

apresentados os índices de confiabilidade da análise fatorial.

74

Tabela 7 - Índices de Confiabilidade

COEFICIENTE FATORES

1 2 3 4

VARIÂNCIA EXPLICADA POR FATOR 28,101 45,216 59,926 71,933

VARIÂNCIA TOTAL EXPLICADA

71,933

KMO - Adequação da Amostra 0.661

Teste de Esfericidade de Bartlet Significância 0,000

Alfa de Cronbach para a Escala 0,853

Fonte: Autor

5.1.5 Limitações do Estudo

O presente estudo apresenta limitações, mesmo tendo se mostrado confiável

e elucidativo em relação às suas conclusões. A amostra, embora qualificada, não é

extensiva e não foi selecionada de forma aleatória, o que impõe restrições em

relação à generalização da investigação, ainda que ofereça uma referência de

compreensão importante. É necessário também ressaltar que as variáveis foram

utilizadas como métricas, o que pode induzir a viés pelo fato de serem ordinais. O

fato de que o pesquisador esteve profissionalmente envolvido na indústria de

tecnologia, onde ocorreu a investigação, é também uma informação relevante na

interpretação do estudo.

5.2 Análise de Dados Secundários

Os programas de canais analisados foram obtidos por meio de endereço

eletrônico dos respectivos fabricantes, com acesso aberto ao público, sem

necessidade de registro ou qualquer tipo de agremiação. A relevância desse estudo

evidencia a estruturação do mercado de tecnologia em canais de distribuição, que

devem operar em adequação às regras estabelecidas.

75

O programa de canais, definido pelo fabricante da cadeia, estabelece direitos

e deveres para as empresas que dele participam. As categorias sociais,

predominantemente tácitas, não figuram diretamente entre os tópicos citados, mas

sua existência se deve à uma estrutura que mantenha as organizações empenhadas

em suportar o canal e mantê-lo operacionalmente ativo para a continuidade de seus

negócios. No Quadro 14 estão relacionadas as empresas cujos programas de canais

foram estudados e sua respectiva descrição resumida.

Quadro 15 - Empresas relacionadas aos programas de canais estudados

EMPRESA DESCRIÇÃO RESUMIDA ORIGEM

COMMSCOPE Fabricante de sistemas de cabeamento estruturado, fibras ópticas e software de gerenciamento.

Estados Unidos

PANDUIT Fabricante de sistemas de cabeamento estruturado, fibras ópticas, componentes elétricos, suportes para cabos e software de gerenciamento.

Estados Unidos

APC Sistemas de energia ininterrupta (UPS), para pequenas, médias e grandes instalações, sistema de gabinetes para redes e acessórios de energia.

Estados Unidos

MILESTONE Fabricante de software e servidores de segurança eletrônica, monitoramento e automação.

Suécia

VMWare Software e serviços de virtualização de servidores e processamento, gestão de servidores de armazenamento de dados em nuvem.

Estados Unidos

ARUBA NETWORKS

Fabricante de equipamentos, software e acessórios de redes sem fio (wireless), ponto a ponto e ponto-multiponto.

Estados Unidos

REDHAT Fabricante de software de segurança de informação, baseado em monitoramento de aplicações, armazenamento e troca de informações.

Estados Unidos

AXIS Fabricante de câmeras de segurança IP, codificadores, conversores, softwares e acessórios de vídeo-vigilância, sistemas de controle de acesso e monitoramento.

Suécia

EXTREME NETWORKS

Fabricante de equipamentos de redes locais e remotas, switches de cobre e fibra óptica, roteadores e segurança de acesso, software de gerenciamento de infraestrutura e sistemas de rede.

Estados Unidos

AVAYA Fabricante de software, equipamentos, serviços de telefonia IP e analógica, call centers, reconhecimento audível (URA) e gestão de relacionamento (CRM).

Estados Unidos

Fonte: Autor

Os itens que compõem a análise estão relacionados no Quadro 15. Eles

correspondem ao conteúdo dos programas investigados, cujo resultado pode ser

constatado na Tabela 8.

76

Quadro 16 - Itens analisados e definição

ITEM DESCRIÇÃO

Níveis de fidelização

Quantidade de níveis nos quais as empresas são qualificadas em relação a seu grau de comprometimento.

Marketing cooperado

Fundo em dinheiro destinado para ações de marketing que visem benefício comum.

Rebate sobre vendas

Premiação em dinheiro relativa ao atingimento de metas e porcentagem maiores do que aquelas estipuladas anteriormente

Prioridade em suporte

Atendimento prioritário no suporte comercial e técnico

Divulgação na web

Empresa constará na página da web do fabricante, associado a seu nível de fidelização, capacidades, abrangência regional, entre outros.

Programa de demonstração

Programa que garante ao instalador a possibilidade de ganhar ou comprar equipamentos para demonstração com custos reduzidos

Distribuição de leads

Elegibilidade de receber a indicação de uma oportunidade de negócio, resultante do trabalho de geração de demanda do fabricante

Publicação de cases

Canal de publicação de casos de sucesso utilizando a marca do fabricante

Gerente de contas dedicado

Fabricante disponibiliza executivo comercial para ser contatado diretamente pelo instalador

Níveis de desconto

Descontos pré-definidos em produtos ou serviços do fabricante, de acordo com critérios pré-estabelecidos

Acesso a base de dados

Fabricante disponibiliza material de acesso exclusivo, para o instalador utilizar em suas oportunidades de negócio

Registro de oportunidades

Sistema pelo qual o instalador comunica uma oportunidade de negócios que está desenvolvendo, para que ele possa receber exclusividade no suporte comercial e técnico

Meta de vendas Montante mínimo de vendas acordado entre fabricante e instalador. Pode ser definido por tipo de produto ou serviço e é frequentemente utilizado para classificar o instalador em diferentes níveis de fidelização

Profissionais certificados

Quantidade de profissionais certificados nos produtos do fabricante. Por serem tecnologias muito específicas, esse item é muito valorizado por ser uma forma de garantir a representação da marca do fabricante.

Revisão de desempenho

Revisão de números e atividade em determinados intervalo de tempo, de acordo com plano de negócios definido entre ambos

Business plan Plano de negócios realizado entre fabricante e instalador, onde ambos definem temas como estratégia para o ano, verticais que quer desenvolver, nível de faturamento, marketing e outros temas confidenciais

Fonte: Autor

A análise detalhada dos programas de canais, cujo resultado pode ser

observado na Tabela 8, foi desenvolvida levando-se em conta a presença dos itens

esperados, que foram devidamente assinalados nas respectivas colunas.

77

Tabela 8 - Análise de Programas de Canais

Fonte: Autor

NÍVEIS DE FIDELIZAÇÃO

DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS

MARKETING COOPERADO

REBATE SOBRE VENDAS

PRIORIDADE EM SUPORTE

DIVULGAÇÃO NA WEB

PROGRAMA DE

DEMONSTRAÇÃO

DISTRIBUIÇÃO DE LEADS

PUBLICAÇÃO DE CASES

GERENTE DE CONTAS

DEDICADO

NÍVEIS DE DESCONTO

ACESSO A BASE DE

DADOS

REGISTRO DE

OPPORTUNIDADES

META DE VENDAS

PROFISSIONAIS

CERTIFICADOS

REVISÃO DE

DESEMPENHO

BUSINESS PLAN

CO

MM

SC

OP

EC

AB

EA

ME

NT

O

ES

TR

UT

UR

AD

O2

Pre

mie

r e

Se

lec

tX

XX

XX

X

PA

ND

UIT

CA

BE

AM

EN

TO

ES

TR

UT

UR

AD

O4

Pla

tin

um

, Go

ld, S

ilve

r

e B

us

ine

ss

XX

XX

XX

XX

XX

X

AP

CE

NE

RG

IA E

INF

RA

ES

TR

UT

UR

A4

Re

gis

tare

d, S

ele

ct,

Pre

mie

r e

Elit

eX

XX

XX

XX

XX

X

MIL

ES

TO

NE

SE

GU

RA

A

EL

ET

NIC

A4

Silv

er,

Go

ld, P

lati

nu

m

e D

iam

on

dX

XX

XX

XX

XX

X

VM

Wa

reS

OF

TW

AR

E D

E

VIR

TU

AL

IZA

ÇÃ

O3

Pro

fes

sio

na

l,

En

terp

ris

e e

Pre

mie

rX

XX

XX

XX

XX

XX

XX

AR

UB

A

NE

TW

OR

KS

WIR

EL

ES

S N

ET

WO

RK

4A

uth

ori

ze

d, S

ilve

r,

Go

ld e

Pla

tin

um

XX

XX

XX

XX

X

RE

DH

AT

Se

gur

anç

a d

a

Info

rma

ção

3R

ea

dy

, Pre

mie

r e

Ad

va

nc

ed

XX

XX

XX

XX

XX

XX

XX

AX

ISS

EG

UR

AN

ÇA

EL

ET

NIC

A3

Au

tho

riz

ed

, So

luti

on

Silv

er

e S

olu

tio

n G

old

XX

XX

XX

XX

XX

XX

X

EX

TR

EM

E

NE

TW

OR

KS

Re

de

s d

e

Co

mp

uta

do

res

4S

ilve

r, G

old

, Pla

tin

um

e D

iam

on

dX

XX

XX

XX

XX

XX

X

AV

AY

AS

iste

ma

s d

e te

lefo

nia

e

Ca

ll C

ent

ers

4A

uth

ori

ze

d, S

ilve

r,

Go

ld e

Pla

tin

um

XX

XX

XX

XX

XX

XX

10

68

98

83

86

98

61

05

6T

OT

AL

VA

NT

AG

EN

SO

BR

IGA

ÇÕ

ES

EM

PR

ES

AT

IPO

78

É possível concluir que, entre os itens necessários para que as empresas

façam parte do programa de canais, estão (1) profissionais certificados e (2) registro

de oportunidades. O primeiro justifica sua importância pelo fato de que, uma vez que

o instalador é o responsável pelo produto final instalado no cliente, é ele também

que representa a marca e, consequentemente, a reputação do fabricante. Essa

exigência é importante devido à necessidade da qualidade do serviço para que o

produto atenda as expectativas. O segundo item está relacionado à disciplina do

instalador ou distribuidor em comunicar adequadamente suas oportunidades de

negócios envolvendo o respectivo fabricante. O registro de oportunidades está

relacionado à diminuição de conflito entre instaladores, maior capacidade de

planejamento (forecasting) do fabricante e a percepção de credibilidade por todas as

empresas do canal.

Em relação às vantagens oferecidas pelos programas, elas são adotadas de

modo análogo entre os fabricantes. O principal objetivo é dar as empresas do canal

recompensas financeiras e maior capacidade de realizar negócios com os produtos

do fabricante. Entre os mais comuns estão incentivos financeiros por atingimento de

metas de vendas, suporte financeiro para realização de eventos ou promoções,

acesso a informação restrita e uso de canais de comunicação do fabricante para

divulgação.

5.3 Entrevistas

Foram realizadas seis entrevistas com executivos de empresas participantes

das redes formadas pelo canal de distribuição dos fabricantes Commscope, Panduit

e Axis. As entrevistas foram gravadas em áudio e suportadas por um roteiro

estruturado, descrito no Apêndice A. Entre os entrevistados estão:

(1) Fabricante: Diretora Geral América do Sul.

(2) Distribuidor: Gerente de Vendas.

(3) Distribuidor: Gerente de Relacionamento com Fabricantes.

(4) Instalador: Diretora Comercial.

(5) Instalador: Diretor Comercial.

(6) Instalador: Gerente de Produtos e Projetos.

79

As informações capturadas nas entrevistas reforçam a existência de

categorias sociais nas relações entre as empresas, suportando as informações

obtidas por meio dos questionários. Entretanto, percepções relevantes foram

detectadas entre as informações obtidas:

(1) Pensamento em longo prazo: Em relação a fazer parte de um canal de

distribuição e seguir suas regras formais ou tácitas, todos os entrevistados

manifestaram, de diferentes formas, a necessidade de pensar em longo prazo.

Ao fazer parte de um grupo, as empresas não buscam atingir rapidamente um

alto desempenho e lucratividade; o principal objetivo é manter a empresa

saudável, crescendo ao longo do tempo. Por entender que o canal deve

existir, pensam, ainda, que todos devem ter condições de ter o mesmo

desempenho, para que se mantenha o equilíbrio e possam se adaptar a

mudanças no ambiente externo. O relacionamento a longo prazo é indicador

de manifestações de confiança e comprometimento (GEYSKENS et al., 1996)

e atuam como elemento de interconexão entre empresas (NETO; FEDERAL,

2004).

(2) Troca de Informações entre as organizações: As organizações que

participam do canal de distribuição dos fabricantes pesquisados trocam

informações entre si. Essas informações são caracterizadas como

fundamentais para o bom funcionamento do canal e para que as relações

entre empresas sejam mais eficientes. Existem meios formais de

comunicação, como o desenvolvimento do plano de negócios anual e sua

revisão periódica, o registro de oportunidades, visitas pessoais e os

treinamentos técnicos. Porém, informalmente existe uma interação frequente

entre empresas com maior afinidade no mesmo canal. Nessas interações são

discutidos problemas de mercado, novas tecnologias ou ações relativas a

outras empresas, o que sustenta as ações tácitas de punição de empresas

oportunistas. Em redes de negócios, a troca de informações consolida a

cooperação entre organizações (GULATI, 1999; TODEVA, 2000;

ZACCARELLI et al., 2008) e caracteriza um sistema complexo adaptativo

pela manifestação de interação entre agentes ((AXELROD & COHEN, 2001;

HOLLAND, 2015; MITCHELL, 2009).

80

(3) Confiança e comprometimento: ambas as categorias sociais foram

bastante citadas e enfatizadas pelos entrevistados. A referência à

confiança acontece quando a discussão é sobre relação entre empresas e

a troca de informações. Já o comprometimento está mais relacionado ao

fato de fazer parte do canal e submeter-se às regras, formais ou tácitas,

buscando os objetivos de crescimento do negócio a longo prazo. Em redes

de negócios, confiança e comprometimento são características relacionais

que indicam a presença de ligação social entre os atores (MORGAN &

HUNT,1994; GAMBETTA, 1995; SAKO & HELPER, 1998).

(4) Adaptatividade: a capacidade de uma empresa se adaptar a mudanças no

cenário externo é uma questão necessária para a existência do negócio.

Entretanto, o que ficou evidente nas entrevistas foi o aspecto de adaptação

do canal, ou seja, as empresas entendem que todos devem se adaptar e,

pelo fato de trocarem informações entre si, acabam por tomar atitudes

conjuntamente.

(5) Cooperação: entre os instaladores foi criada uma associação para que as

empresas pudessem cooperar entre si e trocar informações. A associação

chama-se UBIC, acrônimo de União Brasileira de Instaladores de

Cabeamento, e é formalizada com estatuto e reuniões periódicas. Na UBIC

são realizadas reuniões periódicas para relacionamento, troca de

informações e discussão de problemas comuns, além dos treinamentos

oferecidos para as empresas.

(6) Satisfação em pertencer ao Canal: Ao serem indagados sobre fazer parte

do Canal ou trabalhar isoladamente, todas as respostas convergiram para

alta satisfação em pertencer a um Canal. Mesmo com problemas

relacionados a conflitos ou divergências de opinião, o Canal oferece muito

mais vantagens do que desvantagens a seus participantes.

(7) Classificação de dez palavras-chave: na estrutura utilizada para conduzir

as entrevistas, uma das perguntas oferece dez palavras e o entrevistado é

81

solicitado a atribuir notas de zero a dez para cada uma. Tal avaliação deve

ser feita em relação aos canais dos quais participa. Na Tabela 8 é possível

verificar os valores que cada entrevistado atribuiu a cada palavra.

Tabela 9 - Atribuição de notas de 0 a 10 para palavras-chave

PALAVRAS CHAVE

ENTREVISTADOS

MÉDIA 01 Fabricante

02 Distribuidor

03 Distribuidor

04 Instalador

05 Instalador

06 Instalador

Confiança 10 10 09 10 10 09 9.6 Comprometimento 10 08 10 08 10 10 9.3 Reciprocidade 10 08 09 08 10 07 8.6 Interdependência 09 08 06 07 08 08 7.8 Fidelização 09 09 05 08 08 08 7.8 Cooperação 09 08 09 08 08 09 8.5 Colaboração 08 08 08 08 09 07 8.0 Comunicação 09 10 10 10 10 08 9.5 Oportunismo 00 00 00 00 00 00 00 Individualidade 02 02 00 05 00 00 1.5

Fonte: Autor

5.4 Discussão dos Resultados

Com o objetivo de buscar evidências que caracterizassem os canais do

mercado de tecnologia como redes de negócios, este trabalho definiu três

instrumentos de coleta de dados. Inicialmente foram analisados dez documentos

digitais, que forneciam informações sobre os programas de canais de fabricantes de

soluções de tecnologia. Esses programas são utilizados como repositório das regras

estabelecidas para o canal de distribuição, e se mostraram relevantes como fontes

de informação e evidências da presença de um conjunto de empresas organizadas

em torno de um fabricante, conjunto esse que despertou a necessidade de

investigação do fenômeno.

As entrevistas, realizadas com executivos de algumas das empresas

pesquisadas, foram importantes recursos para a apropriação de informações sobre o

relacionamento entre as empresas e na gestão de cada negócio, em relação aos

canais aos quais pertence. As evidências levantadas foram agregadoras na

compreensão das categorias sociais presentes nas relações entre organizações,

além de permitir o entendimento da dinâmica adaptativa da rede, estimulada pelos

ambientes internos e externos a ela.

82

O survey, aplicado em uma amostra de 66 respondentes, teve uma taxa de

resposta de 40%, mostrando-se relevante instrumento de análise estatística na

investigação. Tal relevância se torna ainda mais notória pelo fato de que o

desenvolvimento do survey foi baseado no RELQUAL, um constructo de alta ordem,

do qual foi possível apropriar estruturas validadas de investigação da qualidade de

relacionamento entre organizações (LAGES et al., 2005). Por meio de 16 variáveis,

que explicavam 8 dimensões conceituais de sistemas complexos adaptativos e

redes de negócios, foram relacionadas afirmativas sobre as quais os respondentes

manifestaram seu grau de concordância, resultando em um acervo de informações

potencialmente relevante.

Uma das contribuições propostas neste trabalho é a de consolidar o modelo

RELQUAL como instrumento de investigação de redes de negócios. Os resultados

apresentados tiveram um papel importante no estudo das categorias sociais

presentes nas relações entre empresas dos canais de distribuição. As respostas, em

diferentes combinações de níveis de concordância, atestaram a presença de tais

elementos, ainda que esses se revelassem sob diferentes níveis de percepção. A

utilização do RELQUAL se mostrou adequada para o objetivo proposto, devido à sua

capacidade de capturar evidências relevantes e possibilitar combinações que

permitem concluir a existência de comunalidades organizacionais, características

estruturais e categorias sociais nas relações entre as empresas. Uma análise crítica

do RELQUAL como instrumento de pesquisa para redes de negócios revelou, entre

outros, dois importantes aspectos:

(1) Flexibilidade em relação ao ambiente de investigação: o RELQUAL é

classificado na literatura como um instrumento multicultural (PAYAN et al.,

2010), o que possibilita sua aplicação em diferentes redes de negócios,

geográfica e culturalmente distintas, com a facilidade de adequar sua

estrutura ao contexto do negócio e as características específicas da

amostra.

(2) Recursos estatísticos: a possibilidade de aplicação de técnicas

estatísticas aos dados coletados é um fator importante do RELQUAL.

Além de possibilitar a comparação multidimensional de diferentes

83

investigações, a combinação de resultados pode indicar potenciais

evidências que não seriam levantadas em pesquisas qualitativas.

O estudo das redes de negócios com enfoque sistêmico foi o fato que

desencadeou a necessidade de investigação das redes sob a perspectiva de

sistemas complexos adaptativos. Como explanado no Capítulo 3, a convergência

teórica entre os dois conceitos é relevante, e sua manifestação foi objeto de

pesquisa deste trabalho. Utilizando como instrumentos de pesquisa as entrevistas e

o survey, foi possível coletar informações relacionadas ao comportamento dos

canais de distribuição e das organizações que os compunham, tal como elementos

que compõem um sistema. Observações importantes, obtidas por meio da análise

fatorial, sugerem que as redes de negócios configuram sistemas complexos

adaptativos:

(1) Integração: o fator integração, determinado em análise fatorial aplicada aos

dados coletados, estabelece uma relação entre categorias sociais e

conceitos sistêmicos. Essa constatação sugere de forma importante a

existência de relacionamento entre agentes e também a qualidade do

conteúdo transacional, uma vez que se observa as presenças de confiança e

comprometimento em tais relações, diminuindo a necessidade de relações

contratuais e suportando a continuidade das relações (ANDERSON; WEITZ,

1989) (POPPO; ZENGER, 2002).

(2) Interdependência: o segundo fator gerado a partir da aplicação da análise

fatorial mostra a relação entre confiança e a manifestação da

interdependência entre atores. Sob o enfoque dos Sistemas Complexos

Adaptativos a interdependência existe a partir do momento em que um

agente depende do comportamento de outro agente, que influencia ainda o

comportamento emergente do sistema como um todo (CAMPBELL-HUNT,

2007; MOSSMAN, 2014). Em redes de negócios, a interdependência é

caracterizada pelo equilíbrio na relação de poder, onde ambas organizações

se consideram necessárias à continuidade das operações (GUNDLACH &

CADOTTE, 1994; GULATI & GARGIULO, 1999).

84

(3) Cooperação: esse fator descreve a maneira como o comprometimento

suporta comportamento cooperativo entre organizações, revelando a

existência da expectativa bilateral de reciprocidade (PAYAN et al., 2010)

(4) Adaptabilidade Coletiva: o quarto fator que explica o fenômeno estudado

revela a capacidade do sistema, formado pelas organizações, de se adaptar

a sistemas externos. O comportamento emergente, originado das decisões

individuais de cada empresa e da interação entre elas, faz com que a rede

manifeste um comportamento coletivo, cuja finalidade é adaptar-se ao

ambiente externo (AXELROD & COHEN, 2001; HOLLAND, 2015;

ZACCARELLI et al., 2008).

As análises de correlação entre as variáveis e do conteúdo das entrevistas

possibilitaram complementar as conclusões obtidas pela análise fatorial, com as

constatações da existência de inter-relacionamento entre agentes, aprendizado e

evolução.

(1) Elementos que se relacionam entre si: por meio dos diferentes

instrumentos de coleta de informações utilizados neste trabalho, foi possível

levantar evidências que sugerem uma relevante troca de informações entre

os atores das redes de negócios. Foi possível constatar que o processo

ocorre de forma ativa, ou seja, existe esforço das pessoas para interagirem

entre si e trocar informações sobre seu negócio, moldando assim as ações

de cada empresa e exercendo influência nas ações do sistema.

(2) Aprendizado: segundo John Holland, 2014, os sistemas complexos

adaptativos são compostos por agentes que aprendem pela interação que

existe entre eles. A comunicação e a interação foram fatores relevantes para

os 6 gestores entrevistados. As organizações das quais fazem parte

possuem laços com outras empresas da rede e a qualidade do

relacionamento entre elas está diretamente associado à qualidade de

comunicação, devido ao fato de que elas possuem um considerável nível de

85

interação. Das inferências estatísticas é possível, ainda, detectar a

capacidade de utilizar tais informações, associando-as às observações em

relação ao comportamento das outras empresas da rede, o que configura

uma importante capacidade de aprender com os resultados das ações de

outros atores da rede.

(3) Evolução: conceitualmente relacionada ao aprendizado e capacidade

adaptativa, a evolução sistêmica resulta da capacidade de seus elementos

em aprender com suas próprias ações e de outros elementos (AXELROD &

COHEN, 2001; HOLLAND, 2015). Por meio dos instrumentos de pesquisa

utilizados neste trabalho, foi possível levantar evidências sobre

manifestações de aprendizado coletivo, da troca de experiências entre os

atores e da adaptação da rede a mudanças no ambiente externo. Tais

evidências sugerem a existência de um processo evolutivo importante e

relevante na configuração conceitual de sistemas complexos adaptativos.

86

6 CONCLUSÃO

A metodologia utilizada, particularmente os procedimentos operacionais

baseados na plataforma RELQUAL, conjugada à análise estrutural da rede, ofereceu

uma instrumentalização robusta na investigação dos relacionamentos entre atores,

constituindo ferramenta consistente e efetiva na pesquisa em redes de negócios. O

arcabouço teórico disponibilizado possibilitou a apropriação de conceitos que

lograram na definição de dimensões, das quais derivaram variáveis efetivamente

mensuráveis na investigação.

A análise dos dados coletados no survey viabilizaram seu tratamento

estatístico, que resultou em importantes definições, derivadas de aplicações de

análises fatorial e de correlação. Por meio de entrevistas com principais executivos,

foi possível levantar não apenas sua percepção em relação aos mecanismos de

relacionamento e gestão, como também constatar a presença de categorias sociais

nas redes estudadas. A formalização de regras, vantagens e disciplina das redes,

evidenciada pela análise documental, suporta a proposição de que os canais de

distribuição deste mercado estabelecem relacionamentos entre empresas com o

objetivo de garantir melhores níveis de competitividade e relações mais duradouras

ao negócio.

O estudo de Redes de Negócios por meio da teoria dos Sistemas Complexos

Adaptativos mostrou-se apropriado, uma vez que a convergência teórica existente

abre importante caminho investigativo. Os resultados discutidos a partir da

correlação de variáveis do survey destacam a efetiva consolidação conceitual que

possibilita tal abordagem, observada tanto pela estrutura sistêmica das Redes como

também pela complexidade dos relacionamentos e respectivos conteúdos

transacionados. A condição e configuração das redes, sob a perspectiva integrada

de sistemas complexos adaptativos sugerem, portanto, uma potencial linha

investigativa do fenômeno.

A constatação desta significativa simetria conceitual possibilita a investigação

de redes de negócios por meio de quatro fatores, representando importante

contribuição científica. Os fatores de integração, interdependência, cooperação e

adaptabilidade coletiva mostram-se relevantes como parâmetros de investigação, a

87

partir do momento que oferecem um caminho metodológico que possibilita a

apropriação de conhecimentos sobre Sistemas Complexos Adaptativos aplicados na

compreensão de elementos conceituais presentes relacionamentos

interorganizacionais.

É pertinente observar a necessidade de aprofundamento nas investigações

de redes de negócios sob tal perspectiva sistêmica, objetivando o levantamento de

indicações e evidências que constatem a utilidade efetiva do instrumento de

pesquisa e da abordagem teórica de sistemas complexos adaptativos. É importante,

portanto, a aplicação da metodologia em investigação que utilize amostra mais

extensa, com a finalidade de maior acurácia na conclusão das convergências do

conhecimento explorado neste trabalho.

88

REFERÊNCIAS

ACKOFF, R. L. Towards a System of Systems Concepts. Management Science, v. 17, n. 11, p. 661–671, 1971.

ADLER, P. S.; HECKSCHER, C. Towards Collaborative Community. The firm as a collaborative community: Reconstructing trust in the knowledge economy, p. 11–106, 2006.

ANDERSON, E.; WEITZ, B. ANDERSON_WEITZ_Determinants of Continuity in Industrial Channels.pdf. Marketing Science, v. 8, n. 4, 1989.

ANDERSON, E.; WEITZ, B. The Use of Pledges to build and Sustain Commitment in Distribution Channels. Journal of Marketing Research (JMR), v. 29, n. 1, p. 18–34, 1992.

ANDERSON, P. Complexity Theory and Organization Science. v. 10, n. 3, p. 216–232, 2008.

ANDERSON, P. W. Complexity Theory and Organization Science. Organization Science, v. 10, n. 3, p. 216–232, 1999.

AXELROD, R. M.; COHEN, M. D. Harnessing complexity: Organizational implications of a scientific frontier. [s.l.] Basic Books, 2001.

AYDINOGLU, A. U. Toward a New Understanding of Virtual Research Collaborations: Complex Adaptive Systems Framework. SAGE Open, v. 3, n. 4, 22 out. 2013.

BACHMANN, R.; GILLESPIE, N.; KRAMER, R. “Trust In Crisis: Organizational and Institutional Trust, Failures and Repair”. Organization Studies, v. 32, n. 9, p. 1311–1313, 2011.

BARAN, P. On Distributed Communications Networks. IEEE Transactions on Communications Systems, v. 12, n. 1, 1964.

BENBYA, H.; MCKELVEY, B. Using coevolutionary and complexity theories to improve IS alignment: a multi-level approach. Journal of Information technology, v. 21, n. 4, p. 284–298, 2006a.

BENBYA, H.; MCKELVEY, B. Toward a complexity theory of information systems development. Information Technology & People, v. 19, n. 1, p. 12–34, 2006b.

BENSON, J. K. K. The Interorganizational Network as a Political Economy. Administrative Science Quarterly, v. 20, n. 2, p. 229, 1975.

BERTOLIN, R. V. et al. Assimetria de informação e confiança em interações cooperativas. Revista de Administração Contemporânea, v. 12, n. 1, p. 59–81, 2008.

89

BONACICH, P. Power and Centrality: A Family of Measures. American Journal of Sociology, v. 92, n. 5, p. 1170, 1987.

BORGATTI, S. P. Centrality and network flow. Social networks, v. 27, n. 1, p. 55–71, 2005.

BURT, R. S. STRUCTURAL HOLES. [s.l.] Harvard University Press, 1995.

BURT, R. S. Structural Holes and Good Ideas 1. American Journal of Sociology, v. 110, n. 2, p. 349–399, 2004.

BURT, R. S.; CELOTTO, N. The network structure of management roles in a large matrix firm. Evaluation and Program Planning, v. 15, n. 3, p. 303–326, 1992.

CAMPBELL-HUNT, C. Complexity in practice. Human Relations, v. 60, n. 5, p. 793–823, 1 maio 2007.

CASTELLS, M. Inovação, liberdade e poder na era da informação. Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, p. 225–231, 2006.

CASTELLS, M.; CARDOSO, G. The network society: From knowledge to policy. The network society: From knowledge to policy, p. 3–22, 2005.

CHOI, T. Y.; DOOLEY, K. J.; RUNGTUSANATHAM, M. Supply networks and complex adaptive systems: Control versus emergence. Journal of Operations Management, v. 19, n. 3, p. 351–366, 2001.

CHORAFAKIS, G.; LAGET, P. Technological cognition and co-adaptation in mesoeconomic plexuses. International Journal of Technology Management, v. 46, n. 3/4, p. 235, 2009.

CHUMPITAZ CACERES, R.; PAPAROIDAMIS, N. G. Service quality, relationship

satisfaction, trust, commitment and business‐to‐business loyalty. European Journal of Marketing, v. 41, n. 7/8, p. 836–867, 31 jul. 2007.

COOPER, D.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. [s.l.] Bookman, 2003.

CRESWELL, J. W. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa. Escolhendo entre cinco abordagens. São Paulo: Penso Editora LTDA, 2014.

DOMINICI, G.; LEVANTI, G. The Complex System Theory for the Analysis of Inter-Firm Networks: A Literature Overview and Theoretic Framework. International Business Research, v. 4, n. 2, p. 31–37, 2011.

DONEY, P. M.; CANNON, J. P. An Examination of the Nature of Trust in Buyer-Seller Relationships. Journal of Marketing, v. 61, n. April, p. 35–51, 1997.

DYER, J. H. Specialized supplier networks as a source of competitive advantage: Evidence from the auto industry. Strategic Management Journal, v. 17, n. 4, p. 271–291, 1996.

90

DYER, J. H.; HATCH, N. W. Relation-specific capabilities and barriers to knowledge transfers: Creating advantage through network relationships. Strategic Management Journal, v. 27, n. 8, p. 701–719, 2006.

DYER, J. H.; NOBEOKA, K. Creating and managing a high-performance knowledge-sharing network: The Toyota case. Strategic Management Journal, v. 21, n. 3, p. 345–367, 2000.

EVANS, M.; WENSLEY, A. The influence of network structure on trust: Addressing the interconnectedness of network principles and trust in communities of practice. Proceedings of the European Conference on Knowledge Management, ECKM, v. 7, n. 1, p. 183–192, 2008.

FLOOD, R. L.; CARSON, E. Dealing with complexity: an introduction to the theory and application of systems science. [s.l.] Springer Science & Business Media, 2013.

FORRESTER, J. W.; DYNAMICS, I.; ELETRIC, G. 2 Teoria Da Dinâmica De Sistemas. 1961.

FREEMAN, L. C.; BORGATTI, S. P.; WHITE, D. R. Centrality in valued graphs: A measure of betweenness based on network flow. Social Networks, v. 13, n. 2, p. 141–154, 1991.

FREEMAN, L. C.; ROEDER, D.; MULHOLLAND, R. R. Centrality in social networks: ii. experimental results. Social Networks, v. 2, n. 2, p. 119–141, 1979.

GASSENHEIMER, J. B. Exchanges With Buyers : a Study of. n. January, 1994.

GAZI, V.; PASSINO, K. M. Stability Analysis of Social Foraging Swarms: Combined Effects of Attractanrnepellent Profiles. v. 34, n. December, p. 2848–2853, 2002.

GELL-MANN, M.; RAMOND, P.; SLANSKY, R. Complex Spinors and Unified Theories. Supergravity, p. 11, 1979.

GEYSKENS, I. et al. The effects of trust and interdependence on relationship commitment: A trans-Atlantic study. International Journal of Research in Marketing, v. 13, n. 4, p. 303–317, 1996.

GIGLIO, E. M.; HERNANDES, J. L. G. Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador/Discussions on Business Networks Research Methodology Present in a Sample of Brazilian Scientifi. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 78, 2012.

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, p. 20–29, 1995.

GOLDSTEIN, J. Emergence as a construct: History and issues. Emergence, v. 1, n. 1, p. 49–72, 1999.

91

GRANDORI, A.; SODA, G. Inter-firm networks: antecedents, mechanisms and forms. Organization studies, v. 16, n. 2, p. 183–214, 1995.

GRANDORI, A.; SODA, G. A relational approach to organization design. Industry and Innovation, v. 13, n. 2, p. 151–172, 2006.

GRANOVETTER, M. Economic Action and Social Structure: The Problem of Embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481, 1985a.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American journal of sociology, p. 481–510, 1985b.

GRANOVETTER, M. S. The strength of weak ties. American journal of sociology, v. 78, n. 6, p. 1360–1380, 1973.

GULATI, R. Network location and learning: The influence of network resources and firm capabilities on alliance formation. Strategic Management Journal, v. 20, n. 5, p. 397–420, 1999.

GULATI, R. et al. strategic Networks. Strategic Management Journal, v. 21, n. 3, p. 203–215, 2000.

GULATI, R.; GARGIULO, M. Where do interorganizational networks come from? American Journal of Sociology, v. 104, n. 5, p. 1439–1493, 1999.

GULATI, R.; NICKERSON, J. A. Interorganizational Trust, Governance Choice, and Exchange Performance. Organization Science, v. 19, n. 5, p. 688–708, out. 2008.

GULATI, R.; SINGH, H. The architecture of cooperation: Managing coordination costs and appropriation concerns in strategic alliances. Administrative Science Quarterly, v. 43, n. 4, p. 781–814, 1998.

GULATI, R.; SYTCH, M. Does familiarity breed trust? Revisiting the antecedents of

trust. Managerial and Decision Economics, v. 29, n. 2‐3, p. 165–190, 2008.

HAIR, J. F. et al. Analise Multivariada de Dados, 2005.

HANDFIELD, R. B.; BECHTEL, C. The role of trust and relationship structure in improving supply chain responsiveness. Industrial Marketing Management, v. 31, n. 4, p. 367–382, jul. 2002.

HELPER, S. How much has really changed between US automakers and their suppliers? MIT Sloan Management Review, v. 32, n. 4, p. 15, 1991.

HELPER, S. Supplier relations and adoption of new technology: results of survey research in the US auto industry. [s.l.] National Bureau of Economic Research, 1995.

HITE, J. M. Evolutionary processes and paths of relationally embedded network ties in emerging entrepreneurial firms. Entrepreneurship: Theory and Practice, v. 29, n. 1, p. 113–144, 2005.

92

HOLLAND, J. H. Studying complex adaptive systems. Journal of Systems Science and Complexity, v. 19, n. 1, p. 1–8, 2006.

HOLLAND, J. H. Complex Adaptive Systems Author(s): John H. Holland Source: v. 121, n. 1, p. 17–30, 2015.

HOLLAND, J. H.; MILLER, J. H. Artificial adaptive agent in economic theory. American Economic Review, v. 81, n. 2, p. 365–370, 1991.

HUANG, X.; GATTIKER, T. F.; SCHWARZ, J. L. INTERPERSONAL TRUST FORMATION DURING THE SUPPLIER SELECTION PROCESS: THE ROLE OF THE COMMUNICATION CHANNEL. Journal of Supply Chain Management, v. 44, n. 3, p. 53–75, jul. 2008.

HUEPE, C. et al. Adaptive-network models of swarm dynamics. New Journal of Physics, v. 13, n. 7, p. 73022, 2011.

HUMPHREY, J.; SCHMITZ, H. Trust and inter-firm relations in developing and transition economies. Journal of Development Studies, v. 34, n. 4, p. 32–61, 1998.

HUTCHINSON, D. et al. Properties of quality constructs in Canadian business relationships. International Journal of Business Excellence, v. 5, n. 4, p. 429, 2012.

JARILLO, J. C. On Strategic Networks. Strategic Management Journal, v. 9, n. 1, p. 31–41, 1988.

JEFFREY, P.; DYER, H.; HATCH, N. W. A Toyota e as redes de aprendizado. HSM Management, v. 47, p. 164–170, 2004.

JOHNSON, N. F. Two’s Company, Three is Complexity. Simply complexity: A clear guide to complexity theory, p. 3–18, 2009a.

JOHNSON, N. F. Simply Complexity: A Clear Guide to Complexity Theory. p. 236, 2009b.

JONES, C.; HESTERLY, W. S.; BORGATTI, S. P. a General Theory of Network Governance : Exchange Conditions and. Academy of Management Journal, v. 22, n. 4, p. 911–945, 1997.

LAGES, C.; LAGES, C. R.; LAGES, L. F. The RELQUAL scale: A measure of relationship quality in export market ventures. Journal of Business Research, v. 58, n. 8, p. 1040–1048, 2005a.

LAGES, C.; LAGES, C. R.; LAGES, L. F. The RELQUAL scale: A measure of relationship quality in export market ventures. Journal of Business Research, v. 58, n. 8, p. 1040–1048, 2005b.

LIN, C.-H.; TUNG, C.-M.; HUANG, C.-T. Elucidating the industrial cluster effect from a system dynamics perspective. Technovation, v. 26, n. 4, p. 473–482, 2006.

93

MARCON, C.; MOINET, N. La stratégie-réseau: essai de stratégie. [s.l.] Ed. 00h00, 2000.

MILLONAS, M. M. Swarms, Phase Transitions, and Collective Intelligence. p. 30, 1993.

MITCHELL, M. Complexity: A guided tour. [s.l.] Oxford University Press, 2009.

MITCHELL, W.; SINGH, K. Survival of businesses using collaborative relationships to commercialize complex goods. Strategic Management Journal, v. 17, n. 3, p. 169–195, 1996.

MITLETON-KELLY, E. Ten principles of complexity and enabling infrastructures. [s.l.] Elsevier, 2003.

MITLETON-KELLY, E. A complexity theory approach to sustainability: A longitudinal study in two London NHS hospitals. Learning Organization, v. 18, n. 1, p. 45–53, 2011.

MOHR, J. J.; NEVIN, J. R. Communication strategies in marketing channels: A theoretical perspective. Journal of Marketing, v. 54, n. 4, p. 36–51, 1990.

MORGAN, R. M.; HUNT, S. D. Theory of Relationship Marketing. Journal of Marketing, v. 58, n. 3, p. 20–38, 1994.

MORIN, E. From the concept of system to the paradigm of complexity. Journal of Social and Evolutionary Systems, v. 15, n. 4, p. 125–138, 1992.

MUSSO, P. A filosofia da rede. Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, p. 17–38, 2004.

MYSEN, T.; SVENSSON, G. RELQUAL’s impact on satisfaction in Norwegian business relationships. Journal of Business and Industrial Marketing, v. 25, n. 2, p. 119–131, 2010a.

MYSEN, T.; SVENSSON, G. RELQUAL’s impact on satisfaction in Norwegian business relationships. Journal of Business and Industrial Marketing, v. 25, n. 2, p. 119–131, 2010b.

NETO, S.; FEDERAL, U. Morfologia , propriedades e posicionamentos das redes : contribuições às análises interfirmas. 2004.

NEWMAN, M. E.; WATTS, D. J. Scaling and percolation in the small-world network model. Physical review. E, Statistical physics, plasmas, fluids, and related interdisciplinary topics, v. 60, n. 6 Pt B, p. 7332–7342, 1999.

NOHRIA, N.; ECCLES, R. G. Networks and organizations: structure, form and action. [s.l.] {Harvard Business School Press}, 1992.

OLIVER, C. Determinants of Interorganizational Relationships: Integration and Future Directions. Academy of Management Review, v. 15, n. 2, p. 241–265, 1990.

94

PALMBERG, K. Complex adaptive systems as metaphors for organizational management. The Learning Organization, v. 16, n. 6, p. 483–498, 2009.

PARUNAK, H. V. D.; D, P. 1 Introduction 2 What is Swarming , and Why is it Desirable ? Most, 2003.

PAYAN, J. M. et al. A “cross-cultural RELQUAL-scale” in supplier-distributor relationships of Sweden and the USA. International Marketing Review, v. 27, n. 5, p. 541–561, 2010a.

PAYAN, J. M. et al. Survival and dissolution of exporter relationships with importers: A longitudinal analysis. Industrial Marketing Management, v. 39, n. 7, p. 1198–1206, 2010b.

PAYAN, J. M. et al. A “cross-cultural RELQUAL-scale” in supplier-distributor relationships of Sweden and the USA. International Marketing Review, v. 27, n. 5, p. 541–561, 2010c.

POPPO, L.; ZENGER, T. Do formal contracts and relational governance function as substitutes or complements? Strategic Management Journal, v. 23, n. 8, p. 707–725, ago. 2002.

QI, J.; LI, L.; AI, H. A system dynamics approach to competitive strategy in mobile telecommunication industry. Systems Research and Behavioral Science, v. 26, n. 2, p. 155–168, 2009.

RECUERO, R. O capital social em redes sociais na Internet. Revista FAMECOS, v. 28, p. 88–106, 2005.

RING, P.S. VEN, VAN DE, A. Structuring Cooperative Relationships. Strategic Management Journal, v. 13, n. 7, p. 483–498, 1092.

SAKO, M.; HELPER, S. Determinants of trust in supplier relations: Evidence from the automotive industry in Japan and the United States. Journal of Economic Behavior and Organization, v. 34, n. 3, p. 387–417, 1998.

SATYRO, W. C.; TELLES, R.; GIGLIO, E. M. PROPOSTA DE UMA LINHA CONCEITUAL DE PODER EM ESTUDOS SOBRE REDES. 2014.

SAURA, I. G.; MOLINA, M. E. R. Marketing channel relationship value, commitment, ICT and loyalty . Innovar, v. 19, n. 33, p. 77–90, 2009.

SCHILKE, O.; COOK, K. S. A cross-level process theory of trust development in interorganizational relationships. Strategic Organization, v. 11, n. 3, p. 281–303, 2013.

SOSA VARELA, J. C.; SVENSSON, G.; MYSEN, T. Constituents of buyers’ satisfaction in Puerto Rican business relationships. International Journal of Electronic Customer Relationship Management, v. 6, n. 2, p. 193–215, 2012.

STACEY, R. Complexity and Creativity in Organizations. [s.l: s.n.]. v. 2

95

SVENSSON, G. et al. Validation of a META-RELQUAL construct through a Nordic comparative study. Marketing Intelligence and Planning, v. 31, n. 1, p. 72–87, 2013.

TICHY, N.; TUSHMAN, M.; FOMBRUN, C. Social network analysis for organizationsAcademy of Management Journal, 1979.

TODEVA, E. Analysis of Business Network Dynamics. p. 9–13, 2000.

TODEVA, E. Business networks: strategy and structure. [s.l.] Routledge, 2006.

TODEVA, E.; KNOKE, D. Strategic alliances and models of collaboration. v. 43, n. 1988, p. 1–22, 2005.

UZZI, B. The sources and consequences of embeddedness for the economic performance of organizations: The network effect. American sociological review, p. 674–698, 1996.

UZZI, B. Social Structure and Competition in Interfirm Networks: The Paradox of Embeddedness. Administrative Science Quarterly, v. 42, n. 1, p. 35–67, 1997.

VARELA, J. C. S.; SVENSSON, G.; MYSEN, T. Constituents of buyers’ satisfaction in Puerto Rican business relationships. International Journal of Electronic Customer Relationship Management, v. 6, n. 2, p. 193, 2012.

VON BERTALANFFY L. The theory of open systems in physics and biology. Science, v. 3, n. 1, p. 25, 1950.

WARREN, K.; FRANKLIN, C.; STREETER, C. L. New Directions in Systems Theory: Chaos and Complexity. Social Work, v. 43, n. 4, p. 357–372, 1998.

WILSON, D. T. An Integrated Model of Buyer-Seller Relationships The Pennsylvania State University ISBM Report lo-1995 Institute for the Study of Business Markets The Pennsylvania State University. v. 3004, n. 814, 1995a.

WILSON, D. T. An Integrated Model of Buyer-Seller Relationships. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 23, n. 4, p. 335–345, 1 set. 1995b.

YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. [s.l.] Bookman editora, 2010.

YOLLES; MAURICE. Implications for Beer’s ontological system/metasystem dichotomy. Kybernetes, v. 33, n. 3/4, p. 726–764, 2004.

ZACCARELLI, S. B. Clusters e redes de negócios: uma nova visão para a gestão dos negócios. [s.l: s.n.].

ZIMMERMAN, B. A Complexity Science Primer : NAPCRG Resources, p. 1–44, 2009.

96

APÊNDICE A

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

(1) Sobre troca de Informações com Instaladores e Fabricantes. Que tipo de

informações são trocadas com eles? Desde os executivos até as pessoas de

vendas? Com que frequência? Exemplos: Registro de Projetos ou Business Plan.

(2) O que é mais interessante em relação a participar do canal: longo prazo ou

curto? Como são as outras empresas?

(3) Você se lembra de alguma empresa que agiu de forma antiética ou oportunista?

O que aconteceu com ela?

(4) Como são definidas essas regras de conduta das empresas do canal?

(5) Como você descreveria se sua empresa estivesse trabalhando fora de um

programa de canais (rede de negócios)? Teria o mesmo desempenho? Seria mais

fácil ou mais difícil? Cite exemplos do que aconteceria sem uma rede.

(6) A sua empresa já deixou de aproveitar uma oportunidade de negócio para

respeitar as regras? Cite um caso real.

(7) Como o fabricante se comporta no canal, sabendo que ele é o que tem mais

poder?

(8) Quais os valores que você busca em uma empresa que faça parte da rede, seja

ele fabricante, distribuidor ou instalador? O que mais te dá conforto nos programas

de canais?

(9) Como se tomam decisões para não perder um determinado projeto, que pode

ser muito importante ou emblemático? Existe flexibilidade? As regras são rígidas?

97

(10) Como o Canal se comporta quando existe alguma mudança no cenário

externo? Uma crise, um novo concorrente, uma nova tecnologia?

(11) Se uma mudança no mercado indica que marcas novas estão entrando e

começando a aparecer em oportunidades de projetos, você conversa com outras

empresas da rede (fabricantes, distribuidores ou instaladores) para ações em rede

ou começa a agir por si próprio para resolver isso?

(12) Você entende que a rede se adapta como um conjunto às mudanças do

mercado ou cenário econômico? Em épocas de crise, as empresas adotam o “cada

um por si” ou continuam a buscar soluções em conjunto?

(13) As empresas querem sair da rede quando tem uma crise ou ameaça?

(14) Reorganização: Quando alguma empresa importante sai da rede, ou entra,

qual o comportamento dela? Ela se dispersa? Se reorganiza?

(15) Categorias sociais: como você avalia a importância ou existência de cada

uma das categorias sociais abaixo? Atribua notas de 0 a 10:

CONFIANÇA

COMPROMETIMENTO

RECIPROCIDADE

INTERDEPENDÊNCIA

FIDELIZAÇÃO

COOPERAÇÃO

COLABORAÇÃO

COMUNICAÇÃO

OPORTUNISMO

INDIVIDUALIDADE

(16) Como as empresas se comportam quando têm problemas no atendimento ou

relacionamento?

(17) Procure enxergar o canal como uma coisa única, um conjunto. Você acha que

o comportamento do Canal coletivamente é o resultado do comportamento de todos

juntos? Já aconteceu de o canal tomar uma direção que não fosse a mesma que

vocês estavam tomando?

98

(18) O que existe de formal na ligação entre as empresas? E de Informal?

(19) E possível dizer que o que acontece no Canal é previsível? Tudo acontece

como planejado? Sempre há surpresas ou mudanças?

(20) É possível que sucessivas interações entre empresas mudem o caminho para

outra direção?

(21) Você acha que as empresas interagem a ponto de uma aprender com o

comportamento da outra? Elas trocam informações entre si?