100
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO MESOZOICO (MOSQUITO E SARDINHA) NA BACIA DO PARNAÍBA Dissertação n° 175/PPGG Autor: Leonardo da Silva Ribeiro Mocitaiba Orientador: Prof. Dr. David Lopes de Castro (PPGG/UFRN) Natal/RN, Agosto de 2016

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CARTOGRAFIA GEOFÍSICA … · conhecimentos no campo da geofísica e geologia. Agradeço ao MSc Diógenes Custódio de Oliveira (Geólogo – PETROBRAS),

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e

Geofísica (PPGG)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO

MESOZOICO (MOSQUITO E SARDINHA) NA BACIA DO PARNAÍBA

Dissertação n° 175/PPGG

Autor:

Leonardo da Silva Ribeiro Mocitaiba

Orientador:

Prof. Dr. David Lopes de Castro (PPGG/UFRN)

Natal/RN, Agosto de 2016

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e

Geofísica (PPGG)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO

MESOZOICO (MOSQUITO E SARDINHA) NA BACIA DO PARNAÍBA

Autor:

Leonardo da Silva Ribeiro Mocitaiba

Dissertação apresentada em 04 de Agosto de 2016, ao

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e

Geofísica – PPGG, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN, como requisito à obtenção

do Título de MESTRE em Geodinâmica e Geofísica,

com área de concentração em Geofísica.

Comissão Examinadora

Prof. Dr. David Lopes de Castro (Orientador – PPGG DG/UFRN)

Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes (PPGG/UFRN)

Prof. Dr. Francisco José Fonseca Ferreira (LPGA DG/UFPR)

Natal/RN, Agosto de 2016

Mocitaiba, L. da S.R. Dedicatória

Mocitaiba, L. da S.R. iv

DEDICATÓRIA

À minha família, em especial, aos meus pais, Jaime e

Alice, e a minha noiva, Aline.

Mocitaiba, L. da S.R.

Mocitaiba, L. da S.R. v

“A maior recompensa para o trabalho do homem

não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se

torna com isso.”

(John Ruskin)

Mocitaiba, L. da S.R. Agradecimentos

Mocitaiba, L. da S.R. vi

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho simboliza a conclusão de uma etapa importante na minha vida

acadêmica e muitas pessoas foram importantes para a sua conclusão. Primeiramente, agradeço a

Deus, pois Ele sempre esteve comigo em todos os momentos, difíceis ou fáceis, alegres ou tristes.

Agradeço a minha noiva Aline. É uma pessoa especial que sempre esteve ao meu lado

me apoiando. Não importa a distância, seja Natal, Bahia ou qualquer outro estado, Aline

constantemente incentivou-me a ir em frente para concluir essa etapa da minha vida.

Agradeço a minha família, minha mãe Alice, meu pai Jaime e aos meus irmãos Bruno,

Jonathan e Quetimila. Pessoas também muito importantes. Representam a minha base familiar.

Estiveram sempre dispostos para ajudar.

Agradeço ao meu orientador, o Professor David Lopes de Castro. Sempre foi uma

pessoa acessível. Ajudou-me a construir o presente trabalho, fornecendo ideias, direções, que

foram importantes para minha dissertação. Seus ensinamentos permitiram ampliar os

conhecimentos no campo da geofísica e geologia.

Agradeço ao MSc Diógenes Custódio de Oliveira (Geólogo – PETROBRAS), Ewerton

Araújo e Vinícios Oliveira (alunos do curso de Geologia e bolsistas PIBIC/CNPq) que,

juntamente com o Prof. David Castro, foram pessoas fundamentais para realizar a atividade de

campo do mestrado.

Agradeço aos amigos que conheci durante o a Pós-graduação, em especial, ao Igor

Galvão.

Por fim, agradeço à Pós-graduação da UFRN pela disponibilidade de espaço para

realização do trabalho e excelentes professores, ao CNPq pela disponibilidade de uma bolsa de

mestrado, à ANP e à CPRM pela cessão dos dados geofísicos.

Mocitaiba, L. da S.R. Resumo

Mocitaiba, L. da S.R. vii

RESUMO

A Bacia do Parnaíba ocupa uma imensa área na porção NE do território brasileiro, abrangendo

vários estados do Brasil. Ela é uma sinéclise paleozoica, que contem registros desde a formação e

desagregação do supercontinente Gondwana. A bacia é sustentada por um embasamento

cristalino desenvolvido após a colisão entre as plataformas Amazônica e Brasileira. Em um

contexto tectônico de ruptura do megacontinente Pangeia no Mesozoico, que levou à abertura do

Oceano Atlântico, rochas ígneas intrusivas (diques e soleiras) e extrusivas, de composição básica,

acomodaram-se na Bacia do Parnaíba, que, do ponto de vista estratigráfico, foram divididas em

duas unidades: Formação Mosquito Eojurássica e Formação Sardinha Eocretácea. A presente

pesquisa tem por objetivo principal a cartografia geofísica regional desses corpos magmáticos

com base em dados aeromagnéticos e uma técnica de mapeamento semiautomático (SOM). O

Matched Filter foi aplicado com o objetivo de decompor o Campo Magnético Anômalo (CMA)

da bacia em componentes relacionadas a fontes magnéticas em diferentes profundidades. Com

isso, foram obtidos os campos magnéticos profundo (CMP), intermediário (CMI) e raso (CMR).

Como o CMI apresenta principalmente uma contribuição causada por fontes magnéticas em

profundidades mais rasas na crosta superior, característica dos corpos magmáticos da bacia,

aplicamos as técnicas de filtragem espectral Amplitude do Sinal Analítico e Derivada Vertical

nas anomalias magnéticas do CMI, com o objetivo de realçar ainda mais a resposta geofísica

dessas fontes magnéticas, aumentando a resolução espacial do método investigativo. Com base

nas anomalias de alta amplitude e curto comprimento de onda, delimitamos domínios e

lineamentos magnéticos nos mapas aeromagnéticos, correlacionando-os com os possíveis corpos

causadores. Assim, integrando os mapas geofísicos com essas assinaturas magnéticas ao SOM e

ao mapa geológico, é apresentado um mapa interpretativo com a distribuição superficial das

anomalias magnéticas associadas ao Magmatismo Mesozoico da bacia. Os resultados indicaram

que o Magmatismo Mosquito tem grande ocorrência nas bordas oeste e sul da bacia, e o

Magmatismo Sardinha está concentrado nas porções centro-leste e nordeste. Os dados de

susceptibilidade magnética medidos nas rochas vulcânicas da bacia individualizaram o

Magmatismo Mesozoico, constatando que a Formação Sardinha exibe susceptibilidade magnética

média de 25,2 x 10-3 SI, aproximadamente duas vezes maior que a susceptibilidade magnética

média da Formação Mosquito de 11,46 x 10-3 SI, revelando uma diferenciação composicional

destes dois eventos magmáticos. Associações entre as seções sísmicas, os dados magnéticos e o

mapa geológico demonstraram que as anomalias do CMA e da ASA estão relacionadas às

soleiras e diques intrusivos, geralmente nos grupos Serra Grande, Canindé e Balsas, e são

sensivelmente influenciadas por rochas ígneas aflorantes ou subaflorantes. Por fim, as direções

dos lineamentos magnéticos revelaram que riftes de direções ENE-WSW e NNE-SSW,

associados à desagregação do Gondwana Oeste, e trends estruturais E-W e NE-SW, associados à

Zona de Cisalhamento Transbrasiliano, exerceram controle estrutural sobre o Magmatismo

Mesozoico da bacia do Parnaíba.

Palavras-Chave: Bacia do Parnaíba; Formação Mosquito; Formação Sardinha; Dados

aeromagnéticos; Mapeamento semiautomático; Susceptibilidade magnética; Seções sísmicas.

Mocitaiba, L. da S.R. Abstract

Mocitaiba, L. da S.R. viii

ABSTRACT

The Parnaíba Basin occupies a large area in the NE portion of Brazil, covering several states. It is

a Paleozoic syneclise that contains records from the formation and break-up of the Gondwana

supercontinent. The basin is supported by a crystalline basement developed after the collision

between the Amazonian and Brazilian platforms. During the Mesozoic break-up of the Pangea

megacontinent, which contributed to the opening of the Atlantic Ocean, intrusive igneous (dykes

and sills) and extrusive rocks took place in the Parnaíba Basin. In the stratigraphic context, those

igneous rocks were divided into two units: Early Jurassic Mosquito and Early Cretaceous

Sardinha formations. The main objective of this research is a regional geophysical mapping of

these magmatic bodies based on aeromagnetic data and self-organizing map technique (SOM).

Matched Filter was applied in order to decompose the Total Magnetic Intensity anomalies (TMI)

of the basin in their components related to magnetic sources at different depths: Deep (DMF),

Intermediate (IMF), and Shallow Magnetic Fields (SMF). As the IMF anomalies mainly present

contributions from magnetic sources at shallower depths in the upper crust, characteristics of

such magmatic bodies, spectral filtering techniques (Analytic Signal Amplitude and Vertical

Derivative) were applied to IMF data in order to enhance the geophysical response of these

magnetic sources, increasing the spatial resolution of the investigative method. Based on high

amplitude and short wavelength anomalies, magnetic domains and lineaments were delimited in

aeromagnetic maps and correlated with the possible causative bodies. Thus, the correlation of the

geophysical maps with SOM solutions and the geological map allowed to propose an interpretive

map with the surface distribution of magnetic anomalies associated with Mesozoic Magmatism in

the Parnaíba basin. The results indicated that the Mosquito Magmatism has great occurrence at

the western and southern basin edges and the Sardinha Magmatism is located at the central-

eastern and northeastern parts. Magnetic susceptibility data, measured in the magmatic rocks,

permitted individualizing the Mesozoic Magmatism.The Sardinha Formation displays average

magnetic susceptibility of 25.2 x 10-3 SI, about two times higher than the values of 11.46 x 10 -3

SI obtained to Formation Mosquito, revealing a compositional differentiation of these two

magmatic events. Associations between seismic sections, magnetic data and geological map

showed that the high amplitude anomalies in the Analytic Signal and TMI maps are associated

with sills and dykes intruded usually within Balsas, Canindé and Serra Grande groups, and are

significantly influenced by outcropping or at near-surface buried igneous rocks. Finally, the

directions of the magnetic lineaments revealed that ENE-WSW and NNE-SSW oriented rifts,

associated with the break-up of West Gondwana, and E-W and NE-SW structural trends,

associated with Transbrasiliano Shear Zone, exercised structural control over the Mesozoic

Magmatism of the Parnaíba basin.

Keywords: Parnaíba Basin; Mosquito and Sardinha formation; Airborne magnetic data; Self-

organizing map; Magnetic susceptibility; Seismic sections.

Mocitaiba, L. da S.R. Sumário

Mocitaiba, L. da S.R. ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................01

1.1. Objetivos.................................................................................................................................02

1.1.1. Geral.....................................................................................................................................02

1.1.2. Específicos............................................................................................................................02

1.2. Localização..............................................................................................................................02

2. CONTEXTO GEOLÓGICO...................................................................................................04

2.1. Contexto tectônico da Bacia do Parnaíba................................................................................04

2.2. Contexto litoestratigráfico da Bacia do Parnaíba....................................................................07

2.3. Magmatismo Mesozoico..........................................................................................................10

2.3.1. Magmatismo Mosquito.........................................................................................................10

2.3.2. Magmatismo Sardinha..........................................................................................................11

3. MÉTODOS...............................................................................................................................13

3.1. Magnetometria.........................................................................................................................13

3.2. Magnetismo dos materiais.......................................................................................................13

3.2.1. Susceptibilidade magnética das rochas e minerais...............................................................14

3.3. Fonte dos dados geofísicos......................................................................................................15

3.4. Processamento dos dados geofísicos.......................................................................................16

3.4.1. Interpolação dos dados e Campo Magnético Anômalo (CMA)...........................................17

3.4.2. Filtro Cosseno Direcional.....................................................................................................19

3.4.3. Continuações para cima e para baixo...................................................................................19

3.4.4. Matched filter.......................................................................................................................20

3.4.5. Amplitude do Sinal Analítico (ASA)...................................................................................21

3.4.6. Derivada Vertical (DZ).........................................................................................................21

3.4.7. Concatenação dos projetos...................................................................................................26

3.5. Mapas auto-organizáveis (self-organizing maps – SOM).......................................................27

4. RESULTADOS........................................................................................................................28

4.1 Domínios e lineamentos magnéticos........................................................................................28

4.2. Mapeamento semiautomático (SOM)......................................................................................33

4.3. Dados sísmicos........................................................................................................................34

Mocitaiba, L. da S.R. Sumário

Mocitaiba, L. da S.R. x

4.4. Susceptibilidade magnética das rochas....................................................................................37

5. DISCUSSÕES...........................................................................................................................39

5.1. Assinatura magnética do embasamento cristalino...................................................................39

5.2. Distribuição do Magmatismo Mesozoico................................................................................39

5.3. Controle estrutural...................................................................................................................42

6. CONCLUSÕES.........................................................................................................................46

REFERÊNCIAS............................................................................................................................47

ANEXO A – ARTIGO CIENTÍFICO: CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO

MAGMATISMO MESOZOICO NA BACIA DO PARNAÍBA...............................................56

Mocitaiba, L. da S.R. Lista de Figuras

Mocitaiba, L. da S.R. xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Mapa de localização da Bacia do Parnaíba................................................................03

Figura 2.1 - Esboço tectônico da Bacia do Parnaíba (adaptado de Cordani, 1984, De Castro et al.,

2014, 2016; Chamani, 2015). O perfil A-A’ é mostrado na Figura 2.2.........................................05

Figura 2.2 - Modelo interpretativo com base em dados gravimétricos e magnéticos aéreos

(adaptado de De Castro et al., 2014). Domínios Geológicos: As - Araguaia supracrustal; Ab –

Embasamento Araguaia; GM – Arco Magmático de Goiás; PG – Grábens Paleozoicos; CG –

Grábens Cambrianos; PR – Bloco Parnaíba; JG – Jaguaribe; ZT – Zona Transversal; RP – Riacho

do Pontal; Sb – Borda sul. Zonas de cisalhamento: TB – Transbrasiliano; PA – Patos; PE –

Pernambuco....................................................................................................................................06

Figura 2.3: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba (modificado de Vaz et al., 2007)...............08

Figura 2.4 - Mapa geológico da Bacia do Parnaíba, extraído do banco de dados Geobank da

CPRM (Angelim et al., 2004; Bahia et al., 2004; Faraco et al., 2004a, 2004b; Kosin et al., 2004,

Vasconcelos et al., 2004a, 2004b, 2004c, 2004d). Unidades estratigráficas: 1 – Siluriana-

Eodevoniana (Grupo Serra Grande); 2 - Mesodevoniana-Eocarbonífera (Grupo Canindé); 3 -

Neocarbonífero-Eotriássica (Grupo Balsas); 4 – Formação Mosquito (Magmatismo Eojurássico);

5 – Neojurássica; 6 – Formação Sardinha (Magmatismo Eocretáceo); 7 – Mesocretácea; 8 –

Bacia Sanfranciscana (grupos Urucuia e Areado); 9 – Coberturas sedimentares do Cenozoico ao

recente. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6)......................................................09

Figura 2.5 - Distribuição das Províncias Ígneas Gigantes (LIPs) Mesozoica-Cenozoicas, dentre

elas as províncias magmáticas do Atlântico Central (CAMP) e Paraná-Etendeka (PEMP)

(adaptado de Bryan et al., 2002) (A). Paleo-posição e distribuição da PEMP (adaptado de Peate,

1997) (B); e da CAMP (adaptado de Marzolli et al., 2011) (C).....................................................11

Figura 2.6 - Correlação cronológica dos magmatismos das bacias Solimões, Amazonas, Parnaíba

e Paraná (adaptado de Milani e Zalán, 1999).................................................................................12

Figura 2.7 – Seção geológica esquemática E-W da Bacia do Parnaíba, representando a disposição

de suas sequências sedimentares e rocha magmáticas (adaptado de Góes et al., 1992).................12

Figura 3.1 - Mapa de localização dos levantamentos aerogeofísicos na Bacia do Parnaíba.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU........................................................................................16

Figura 3.2 - Fluxograma ilustrando as etapas do processamento dos dados magnéticos...............18

Figura 3.3 – Transformada da função cosseno direcional e sua reposta para diferentes graus com

α fixo (adaptado de Geosoft, 2013)................................................................................................19

Mocitaiba, L. da S.R. Lista de Figuras

Mocitaiba, L. da S.R. xii

Figura 3.4 - Curvas de variação do espectro de potência em função do plano de elevação da

continuação para baixo com relação ao número de onda (adaptado de Geosoft,

2013)...............................................................................................................................................20

Figura 3.5 - Curvas de variação do espectro de potência em função do plano de elevação da

continuação para cima com relação ao número de onda (adaptado de Geosoft,

2013)...............................................................................................................................................20

Figura 3.6 - Mapa do Campo Magnético Anômalo (CMA) da Bacia do Parnaíba. Os retângulos

destacam anomalias de alta amplitude e de curtos comprimentos de onda do CMA na borda oeste

(A1 – Figura 4.1A), sul (A2 – Figura 4.2B), centro-leste e nordeste (A3 – Figura 4.3C) da bacia.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura

4.6)..................................................................................................................................................22

Figura 3.7 – Mapa com o Campo Magnético Profundo (CMP), de cada projeto, da Bacia do

Parnaíba. Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste -

SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU................................................................................23

Figura 3.8 – Mapa com o Campo Magnético Intermediário (CMI), de cada projeto, da Bacia do

Parnaíba. Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste -

SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU................................................................................24

Figura 3.9 – Mapa com o Campo Magnético Raso (CMR), de cada projeto, na Bacia do Parnaíba.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.........................................................................................25

Figura 3.10 - Vários caminhos ao longo da região de intersecção entre os conjuntos de dados

(grids). Linha de sutura obtida de forma iterativa (A); na borda do grid 2 (B); na borda do grid 1

(C); Linha de sutura obtida de forma automática (D) (adaptado de Cheesman et al.,

1998)...............................................................................................................................................26

Figura 3.11 - Função diferença obtida através da subtração da malha de dados grid 2 pela malha

grid 1 (adaptado de Cheesman et al., 1998)...................................................................................26

Figura 4.1 – Mapa de anomalias do Campo Magnético Anômalo (CMA) da Bacia do Parnaíba,

destacando três áreas com anomalias de curto comprimento de onda e alta amplitude nas porções

oeste (A), sul (B) e centro-leste e nordeste (C) da bacia (localização na Figura 3.6). Linhas

sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6)................................................................................30

Figura 4.2 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico do Campo Magnético Intermediário (CMI),

de cada projeto, da Bacia do Parnaíba, sem (A) e com os domínios magnéticos (Mosquito Oeste -

MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU) (B).

Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6)....................................................................31

Mocitaiba, L. da S.R. Lista de Figuras

Mocitaiba, L. da S.R. xiii

Figura 4.3 - Mapa da Derivada Vertical do Campo Magnético Intermediário (CMI), de cada

projeto, da Bacia do Parnaíba, sem (A) e com os lineamentos e domínios magnéticos (Mosquito

Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís -

SU) (B). Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).....................................................32

Figura 4.4 - Soluções (clusters) do mapeamento semiautomático (SOM) dos corpos magmáticos

da Bacia do Parnaíba, com base nos dados magnéticos aerolevantados. Domínios magnéticos:

Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e

São Luís - SU. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6)...........................................34

Figura 4.5 – Anomalias magnéticas CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L4, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas da Bacia do Parnaíba. Os refletores de

alta amplitude circundados parecem indicar manifestações profundas de corpos intrusivos.........35

Figura 4.6 - Anomalias magnéticas CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L507, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas na região de zona rifte cortada pelo

Lineamento Tranbrasiliano (Figura 2.1) (adaptado de De Castro et al., 2016)..............................36

Figura 4.7 – Mapa de localização dos pontos de medição da susceptibilidade magnética (k) de

rochas ígneas das formações Mosquito e Sardinha (A). Histograma do valor médio da

susceptibilidade magnética das amostras coletadas em cada afloramento de rochas ígneas da

Bacia do Parnaíba (B). k̅Mq: Susceptibilidade média para a Formação Mosquito. k̅Sd:

Susceptibilidade média para a Formação Sardinha........................................................................38

Figura 4.8 - Afloramentos de diabásios da Formação Mosquito, na borda sul (A) e na borda oeste

(B, C e D), e da Formação Sardinha, na borda leste (E, F, G e H), da Bacia do Parnaíba.............38

Figura 5.1- Mapa da amplitude do sinal analítico (ASA) do campo magnético intermediário

(CMI), com a localização das suítes intrusivas proterozoicas no Cráton São Luís e das formações

Mosquito e Sardinha na Bacia do Parnaíba. Zonas de cisalhamento Brasilianas: AR - Araguaia;

PA - Patos; PE - Pernambuco; SP - Senador Pompeu; TB - Transbrasiliano; TG – Tentugal.

Áreas com contorno azul são os domínios magnéticos (Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul -

MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU). BSF: Bacia

Sanfranciscana................................................................................................................................41

Figura 5.2 - Mapa geofísico/geológico, exibindo afloramentos das Formações Mosquito e

Sardinha e a distribuição espacial das anomalias magnéticas associadas ao Magmatismo

Mesozoico da Bacia do Parnaíba....................................................................................................42

Figura 5.3 - Mapa paleotectônico da Bacia do Parnaíba durante o Jurássico–Neocomiano

(adaptado de Góes, 1995)...............................................................................................................43

Mocitaiba, L. da S.R. Lista de Tabelas

Mocitaiba, L. da S.R. xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Susceptibilidade magnética de algumas rochas e minerais (adaptado de Hunt et al.,

1995)...............................................................................................................................................14

Tabela 3.2 - Parâmetros dos levantamentos aerogeofísicos executados na Bacia do Parnaíba. LV:

Linha de voo; LC: Linha de controle..............................................................................................15

Mocitaiba, L. da S.R. Introdução

Mocitaiba, L. da S.R. 1

1. INTRODUÇÃO

A Bacia do Parnaíba é uma das vastas bacias paleozoicas da Plataforma Sul-americana,

que contém registros da sua evolução tectônica desde a formação do Gondwana Oeste, no final

do Ciclo Brasiliano (670-540 Ma), até a separação continental entre América do Sul e África, no

Cretáceo Inferior. Possui uma área aproximada de 670.000 km2 e espessura da sequência tectono-

sedimentar pouco maior que 3.500 m (Zembruscki e Campos, 1988) e na ordem de 5.000 m na

região do Lineamento Transbrasiliano (De Castro et al., 2016). A bacia tem estratos com

características estratigráficas e sedimentológicas correlatas com rochas sedimentares mesozoicas

de bacias no nordeste brasileiro (Sergipe-Alagoas, Recôncavo, Tucano, Jatobá) ou extra-

continentais (Gabão, Gana, na África), apontando que a Bacia do Parnaíba deve ter tido uma

extensão primitiva muito maior que a atual (Della Fávera, 1990, 2001).

Episódios de magmatismo basáltico afetaram a sua coluna sedimentar, formando

principalmente corpos intrusivos (soleiras e diques), desde o Eojurássico até o Cretáceo Inferior

(Della Fávera, 1990, 2001). Visto que tais registros magmáticos são importantes indicadores dos

regimes tectônicos atuantes na formação de uma bacia sedimentar, o mapeamento destes corpos

magmáticos fornece subsídios para melhor caracterizar os esforços tectônicos associados à

evolução geodinâmica de bacias sedimentares, em particular da Bacia do Parnaíba no contexto da

formação do Atlântico Sul e Equatorial.

O sucesso da utilização de métodos magnéticos na caracterização dos registros

magmáticos tem como premissa os marcantes contrastes de susceptibilidade magnética entre tais

corpos e sua encaixante sedimentar. Tal fato possibilita um mapeamento rápido e preciso através

das assinaturas magnéticas dos eventos ígneos, estando esses aflorantes ou não. Técnicas de

filtragem espectral aplicadas aos dados geofísicos têm a propriedade de realçar ainda mais sua

resposta geofísica, aumentando a resolução espacial do método investigativo. Mesmo assim, de

acordo com De Castro et al. (2014), as assinaturas magnéticas e gravimétricas dos corpos

magmáticos da Bacia do Parnaíba estão mascaradas por fontes geofísicas do embasamento

cristalino. O uso da técnica de mapeamento semiautomático Self-Organizing Maps (SOM) tem

facilitado o reconhecimento das diferentes contribuições de unidades geológica/geofísicas ao

campo geomagnético (Carneiro et al., 2012), permitindo assim identificar mais acuradamente as

feições magmáticas de interesse da presente pesquisa. Medidas de susceptibilidade magnética, em

levantamentos de campo, subsidiaram a identificação dos padrões anômalos dos corpos

magmáticos, bem como a caracterização magnética das rochas dos dois principais episódios

magmáticos mesozoicos da Bacia do Parnaíba.

A integração de informações advindas da interpretação dos diversos mapas magnéticos,

de seções sísmicas e do mapeamento semiautomático forneceu a distribuição superficial e em

sub-superfície do magmatismo na bacia, bem como os principais lineamentos estruturais do

substrato rochoso. Os mapas e seções geofísicas revelaram importantes elementos da arquitetura

interna da bacia: corpos magmáticos intrabacinais, relações espaciais entre os dois principais

eventos magmáticos e a tectônica da bacia, bem como suas implicações no controle estrutural

exercido pelos lineamentos brasilianos.

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro apresenta a parte

introdutória do trabalho, destacando os objetivos e a localização da área de estudo. O segundo

aborda contextos tectônicos e litoestratigráficos da Bacia do Parnaíba. O terceiro e o quarto

abrangem, respectivamente, a metodologia e resultados deste trabalho. O quinto é sobre a

discussão dos resultados obtidos. O sexto mostra as conclusões referentes aos resultados. No final

do trabalho, em anexo, o artigo científico submetido à Revista Geologia USP, Série Científica.

Mocitaiba, L. da S.R. Introdução

Mocitaiba, L. da S.R. 2

1.1. Objetivos

1.1.1 Geral

Mapear o Magmatismo Mesozoico na Bacia do Parnaíba e analisar o controle estrutural

exercido por estruturas que compartimentaram a bacia no contexto da desagregação do

supercontinente Gondwana, através de dados aeromagnéticos e usando uma técnica de

mapeamento semiautomático, vinculados a seções sísmicas e medidas de propriedades físicas de

rochas.

1.1.2. Específicos

Reconhecer e realçar a assinatura magnética dos corpos magmáticos da Bacia do Parnaíba

usando técnicas de realce de anomalias e mapeamento semiautomático;

Delimitar os domínios e lineamentos magnéticos nos mapas geofísicos, correlacionando-

os com os possíveis corpos causadores;

Utilizar dados de susceptibilidade magnética para reconhecer contrastes desta propriedade

física entre os corpos magmáticos e sua encaixante, e diferenciar os dois eventos

magmáticos;

Usar as seções sísmicas para estabelecer correlações entre anomalias magnéticas e os

corpos ígneos em sub-superfície;

Propor um mapa interpretativo com a distribuição superficial das anomalias magnéticas

associadas ao Magmatismo Mesozoico da Bacia do Parnaíba.

1.2. Localização

A área de estudo engloba a Bacia do Parnaíba, que se localiza na porção NE do território

brasileiro, abrangendo partes dos estados da Bahia, Ceará, Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí

(Figura 1.1).

Mocitaiba, L. da S.R. Introdução

Mocitaiba, L. da S.R. 3

Figura 1.1 - Mapa de localização da Bacia do Parnaíba.

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 4

2. CONTEXTO GEOLÓGICO

Segundo Santos e Carvalho (2009), a borda sul da Bacia do Parnaíba é delimitada pelo

Cráton São Francisco (Figura 2.1). As bordas leste e oeste são demarcadas por rochas cristalinas

da Orogenia Brasiliana. A borda noroeste é delimitada pelo Arco de Tocantins, separando-a da

Bacia do Amazonas (Santos e Carvalho, 2009). Ao norte, existem duas bacias costeiras (bacias de

São Luiz e Barreirinhas), que são separadas da Bacia do Parnaíba pelo Arco de Ferrer-Urbano

Santos.

2.1. Contexto tectônico da Bacia do Parnaíba

Localizada na parte nordeste da Plataforma Sul-Americana, a Bacia do Parnaíba é uma

vasta sinéclise paleozoica sustentada por um embasamento cristalino pré-cambriano que

compreende um complexo arcabouço litoestrutural e tectônico formado durante a colagem

orogênica Brasiliana-Pan Africana (Neoproterozoico-Eopaleozoico) (De Castro et al., 2014). O

embasamento da Plataforma Sul-Americana consiste em dois grandes e distintos domínios

geológicos: o Amazoniano (porção N-NW) e o Brasiliano (porção central e leste). Esses

domínios estão separados por um conjunto de duas longas zonas de falhas lineares: o Lineamento

Transbrasiliano (NNE-SSW) e o Lineamento Araguaia (N-S) (Brito Neves e Fuck, 2014).

O desenvolvimento do embasamento da Bacia do Parnaíba ocorreu após a colisão entre as

plataformas Amazônica e Brasileira, resultando no fechamento dos cinturões móveis Araguaia,

Propiá e Arioses, no final do Pré-cambriano e início do Paleozoico (Caputo et al., 1984). A Bacia

do Parnaíba é circundada por diversas unidades cratônicas. Na porção oeste e sudeste da bacia há

os crátons Amazônico e São Francisco, respectivamente. O Cráton São Luís ocupa a porção norte

e é composto por sequências metavulcano-sedimentares, suítes granitoides e rochas vulcânicas,

todos de idade Riaciana (Klein et al., 2013). O limite entre o Cráton São Luís e a Faixa de

Dobramento Gurupi tem sido definida com a zona de cisalhamento Tentugal, que é também

considerada como uma zona de sutura entre esses dois terrenos (Hasui et al., 1984; Abreu e

Lesquer, 1985) (Figura 2.1). Segundo Klein et al. (2005), a zona de cisalhamento Tentugal

apresenta trend estrutural NW-SE. A Faixa de Dobramento Araguaia está situada ao longo da

margem leste do Cráton Amazônico (Brito Neves e Fuck, 2014) e bordeja toda porção ocidental

da Bacia do Parnaíba (Cordani et al., 2009) (Figura 2.1).

Ainda na fase final do Ciclo Brasiliano, talvez por efeito de resfriamento e

descompressão, antigas zonas de cisalhamento, falhas transcorrentes e fraturas foram reativadas,

sob a forma de falhas normais, permitindo a implantação de grábens (Cunha, 1986; De Oliveira e

Mohriak, 2003), que foram preenchidos por sequencias vulcano-sedimentares. A partir da

interpretação de mapas de anomalias magnéticas e gravimétrica e seções sísmicas, De Castro et

al. (2016) identificam dois sistemas de riftes relacionados às fases iniciais de instalação da bacia.

Um sistema rifte mais restrito a porção centro-oeste da bacia, com direção aproximada NW-SE, e

um mais proeminente, distribuído pelas bordas sul e leste da bacia, orientado ao longo do

Lineamento Transbrasiliano (Figura 2.1).

Os principais elementos estruturais que compartimentam a Bacia do Parnaíba são a

Estrutura de Xambioá, o Arqueamento do Alto Parnaíba (Coimbra, 1983; Castelo Branco e

Coimbra, 1984), o Lineamento Transbrasiliano (Cordani et al., l984) e o sistema de lineamentos

orientados segundo a direção NW-SE (zona de cisalhamento Tentugal). A Estrutura de Xambioá

apresenta orientação principal E-W e parece ter continuidade nos lineamentos da Província

Borborema.

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 5

Figura 2.1 - Esboço tectônico da Bacia do Parnaíba (adaptado de Cordani, 1984; De Castro et al.,

2014, 2016; Chamani, 2015). O perfil A-A’ é mostrado na Figura 2.2.

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 6

A Província Borborema é formada por rochas gnáissico-migmatíticas, metassedimentares,

metavulcânicas e graníticas, e delimita a porção leste da Bacia do Parnaíba (Silveira, 2006). Uma

série de zonas de cisalhamento (PE, PA e SP - Figura 2.1) ramificam-se do sistema principal de

cisalhamento Transbrasiliano, formando uma estrutura em splay na Província Borborema

(Ganade de Araujo et al., 2014).

Diversas estruturas do embasamento condicionaram a origem e evolução geológica da

Bacia do Parnaíba, afetando seus limites, controlando depocentros e atividades tectônicas

sinsedimentares (Chamani, 2015). Entre elas, merece destaque o Lineamento Transbrasiliano,

que corta a Bacia do Parnaíba de NE para SW, e o Lineamento Araguaia, que baliza a borda oeste

da bacia (Figura 2.1). O Lineamento Transbrasiliano (Schobbenhaus et al., 1975) é uma

descontinuidade em escala continental exposta entre o Cráton Amazônico e a porção leste da

Plataforma Sul-Americana, que exerceu importante controle estrutural na origem e evolução

inicial da bacia (Brito Neves e Fuck, 2014). Interpretações de dados geofísicos aéreos e de

sensoriamento remoto mostram que o Lineamento Transbrasiliano apresenta direção preferencial

N30°E e é composto por um sistema de zonas de cisalhamento dúctil, formando conjuntos

paralelos de falhas que cortam de sudoeste para nordeste o território brasileiro, atravessando a

Bacia do Parnaíba (Brito Neves e Fuck, 2014; De Castro et al., 2014). O Lineamento de Senador

Pompeu é uma das zonas de cisalhamento que compõem a estrutura em splay do Lineamento

Transbrasiliano. É uma feição estrutural retilínea de orientação aproximada N55E - S55W que

baliza a borda sudoeste da bacia (Góes, 1995; Cavalcante, 2006). O Lineamento Araguaia tem

direção N-S, que segue um conjunto de anomalias gravimétricas e aeromagnéticas, acompanhado

a estruturação da Faixa Araguaia (Nunes, 1993; Brito Neves e Fuck, 2014; De Castro et al.,

2014). No modelo geológico obtido através de dados gravimétricos e magnéticos (Figura 2.2),

nota-se a compartimentação do embasamento da bacia, dominada por porções crustais das

províncias Tocantins (Faixa Araguaia e Arco Magmático de Goiás) e Borborema, grábens

paleozoicos e zonas de cisalhamento brasilianas (Transbrasiliano, Patos e Pernambuco) (De

Castro et al. 2014).

Figura 2.2: Modelo interpretativo com base em dados gravimétricos e magnéticos aéreos

(adaptado de De Castro et al., 2014). Domínios Geológicos: As - Araguaia supracrustal; Ab –

Embasamento Araguaia; GM – Arco Magmático de Goiás; PG – Grábens Paleozoicos; CG –

Grábens Cambrianos; PR – Bloco Parnaíba; JG – Jaguaribe; ZT – Zona Transversal; RP – Riacho

do Pontal; Sb – Borda sul. Zonas de cisalhamento: TB – Transbrasiliano; PA – Patos; PE –

Pernambuco.

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 7

2.2. Contexto litoestratigráfico da Bacia do Parnaíba

O desenvolvimento da Bacia do Parnaíba está relacionado ao Estágio de Estabilização da

Plataforma Sul-Americana (Almeida e Carneiro, 2004). Esse momento apresentou condições

tectônicas de plataforma plenamente consolidada, caracterizada por calma tectônica que não

encontrou similar no estádio precedente. Ocorreu a subsidência de sinéclises, o soerguimento de

escudos, arqueamento, falhamentos locais e sedimentação ativa na extensa Sinéclise do Parnaíba.

Esse estágio se estendeu do Siluriano ao Jurássico (Guerreiro, 1983).

A natureza da sedimentação na bacia é predominantemente siliciclástica, ocorrendo

subordinadamente calcário, anidrita, além de diabásio e basalto, representativos de eventos

magmáticos do Eojurássico ao Eocretáceo (Góes, 1995). A Bacia do Parnaíba compreende as

supersequências: Cambriana (Formação Jaibaras); Siluriana-Eodevoniana (Grupo Serra Grande);

Mesodevoniana-Eocarbonífera (Grupo Canindé); Neocarbonífera-Eotriássica (Grupo Balsas);

Jurássica-Cretácea. Na bacia também há depósitos do Terciário (Grupo Barreiras) e coberturas

sedimentares do Neógeno-Holoceno. Na porção noroeste, afloram suítes intrusivas cálcio-

alcalinas proterozoicas do embasamento e, na porção sul, sequências sedimentares da Bacia

Sanfranciscana (grupos Urucuia e Areado), que recobrem a seção paleozoica da bacia (Figuras

2.3 e 2.4).

Conforme Góes e Feijó (1994), o Grupo Serra Grande (formações Ipu, Tianguá e Jaicós) é

formado por arenitos e intercalações de siltitos e folhelhos de ambiente fluvial entrelaçado,

marinho raso e glacial. O Grupo Canindé (formações Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti)

compreende, de maneira geral, arenitos, folhelhos e siltitos. As Formações Piauí, Pedra-de-Fogo,

Motuca e Sambaíba compõem o Grupo Balsas, caracterizado por arenitos, siltitos, folhelhos,

calcários, silexitos e evaporitos. As formações Pastos Bons e Corda são marcadas por uma

deposição exclusivamente continental na bacia, creditada ao peso do pacote vulcânico resultante

do magmatismo básico ocorrido durante o Eojurássico (Formação Mosquito). As formações

Pastos Bons, Codó, Grajaú, Corda e Itapecuru são caracterizadas por arenitos, siltitos e folhelhos

de ambiente fluvial e lacustre (Figura 2.3). O Grupo Barreiras representa uma sequência

sedimentar continental cenozoica composta por arenitos, conglomerados, intercalações de siltito e

argilito (Silva et al., 2003).

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 8

Figura 2.3: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba (modificado de Vaz et al., 2007).

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 9

Figura 2.4 - Mapa geológico da Bacia do Parnaíba, extraído do banco de dados Geobank da

CPRM (Angelim et al., 2004; Bahia et al., 2004; Faraco et al., 2004a, 2004b; Kosin et al., 2004,

Vasconcelos et al., 2004a, 2004b, 2004c, 2004d). Unidades estratigráficas: 1 – Siluriana-

Eodevoniana (Grupo Serra Grande); 2 - Mesodevoniana-Eocarbonífera (Grupo Canindé); 3 -

Neocarbonífero-Eotriássica (Grupo Balsas); 4 – Formação Mosquito (Magmatismo Eojurássico);

5 – Neojurássica; 6 – Formação Sardinha (Magmatismo Eocretáceo); 7 – Mesocretácea; 8 –

Bacia Sanfranciscana (grupos Urucuia e Areado); 9 – Coberturas sedimentares do Cenozoico ao

recente. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 10

2.3. Magmatismo Mesozoico

A ruptura do megacontinente Pangeia estabeleceu na Plataforma Sul-americana um novo

estágio de ativação tectônica, que levou à abertura do Oceano Atlântico. Eventos distensionais,

remobilização de falhas antigas, surgimento de fraturas e intenso magmatismo básico

caracterizaram essa etapa mesozoica na evolução da margem continental equatorial e leste

(Almeida e Carneiro, 2004). O magmatismo que ocorreu nas bacias do Parnaíba, Paraná,

Amazonas e Solimões teve início com o estabelecimento da quebra entre os continentes Sul-

Americano e Africano (Almeida, 1986; Thomaz Filho et al., 2008). Na Bacia do Parnaíba,

acomodaram-se rochas ígneas intrusivas (diques e soleiras) e extrusivas, de composição básica,

as quais do ponto de vista estratigráfico foram divididas em duas unidades: Formação Mosquito

Eojurássica e Formação Sardinha Eocretácea (Vaz et al., 2007).

Chamani (2015), a partir da análise dos modelos digitais de elevação, identificou

estruturas de orientação E-W, que estão entre as mais importantes e penetrativas em algumas

áreas da Bacia do Parnaíba (Figura 2.1). Essas estruturas E-W ocorrem ao longo do

prolongamento do Lineamento Senador Pompeu sob a bacia, e foram as principais condicionantes

da distribuição do Magmatismo Mesozoico na bacia (Formações Mosquito e Sardinha). A origem

dessas estruturas está provavelmente relacionada aos esforços associados à abertura do Oceano

Atlântico.

2.3.1. Magmatismo Mosquito

A Formação Mosquito é composta por basaltos pretos, amigdaloidais, toleiíticos,

eventualmente intercalados a arenitos vermelhos com leitos de sílex (Góes e Feijó, 1994). Em

geral, apresenta uma granulação fina e matriz composta por plagioclásio, clinopiroxênio e óxidos

de Fe-Ti (magnetita e ilmenita) (Baksi e Archibald, 1997; Merle et al., 2011). Essa formação está

sobreposta aos arenitos da Formação Sambaíba do Grupo Balsas e sotoposta à Formação Pastos

Bons, (Figura 2.3), e sua ocorrência é mais frequente na porção centro-oeste da bacia (Figura

2.4), caracterizada por vastos derrames e extensas soleiras (Vaz et al., 2007).

De acordo com Bezerra (1996), a Formação Mosquito foi identificada, na porção oeste da

Bacia do Parnaíba, como uma unidade que reúne derrames basálticos que conformam o topo da

maioria das mesas e chapadas residuais que caracterizam o relevo regional, representando um

papel fundamental na sua elaboração, ao se comportar como uma fina capa resistente aos

processos erosivos, que atuam aceleradamente sobre os arenitos Sambaíba, imediatamente

sotopostos.

A Província Magmática do Atlântico Central (CAMP), uma das maiores províncias de

basaltos continentais do mundo, é formada por corpos toleiíticos intrusivos (underplates,

intrusões acamadadas, diques e solerias) e extrusivos (sequências piroclásticas e derrames de

lava), que ocorrem na América do Norte, Europa, África e América do Sul (Deckart et al., 1997;

Marzolli et al., 1999, 2004; Martins et al., 2008; Jourdan et al., 2009; Verati et al., 2007; Merle

et al., 2011) (Figuras 2.5A e 2.5C). Esse evento magmático tem sido associado à fragmentação

do Supercontinente Pangeia, levando à abertura inicial do Oceano Atlântico Central na região da

Flórida-Guiana-Libéria (Cebria et al., 2003; De Min et al., 2003; Nomade et al., 2007; Whalen et

al., 2015). A Formação Mosquito pertence aos eventos magmáticos de idade Eojurássica

relacionados à Província Magmática do Atlântico Central no contexto da abertura do Oceano

Atlântico Central, que ocorreu na transição do Triássico para o Jurássico (Marzoli et al., 1999)

(Figuras 2.5C). Por meio de dados geocronológicos, Merle et al. (2011) obtiveram idade média

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 11

40Ar/39Ar de 199 ± 2,4 Ma para a Formação Mosquito, idade similar as de outras províncias

basálticas continentais pertencente à CAMP (Sebai et al., 1991; Deckart et al., 1997; Marzolli et

al., 1999; Nomade et al., 2007; Verati et al., 2007; Jourdan et al., 2009). A suíte magmática

Mosquito também é considerada correlacionável ao magmatismo Penatecaua das bacias do

Solimões e Amazonas (Góes e Feijó, 1994; Milani e Zalán, 1999) (Figura 2.6).

Figura 2.5 - Distribuição das Províncias Ígneas Gigantes (LIPs) Mesozoica-Cenozoicas, dentre

elas as províncias magmáticas do Atlântico Central (CAMP) e Paraná-Etendeka (PEMP)

(adaptado de Bryan et al., 2002) (A). Paleo-posição e distribuição da PEMP (adaptado de Peate,

1997) (B); e da CAMP (adaptado de Marzolli et al., 2011) (C).

2.3.2. Magmatismo Sardinha

Aguiar (1971) denominou Formação Sardinha os corpos de basalto, preto a roxo,

amigdalóide, mapeados na porção centro-leste da bacia, (Figura 2.4), numa ampla faixa de

direção aproximada E-W que acompanha aproximadamente o eixo do Lineamento

Transbrasiliano (Vaz et al., 2007; Chamani, 2015) (Figura 2.1). Essas rochas são classificadas

como basaltos de granulação fina a média e constituídos por augita, plagioclásio e óxidos de Fe e

Ti (Baksi e Archibald, 1997; Lima, 2014; Souza et al., 2015). O Magmatismo Sardinha está

sobreposto à Formação Pastos Bons e sotoposto à Formação Itapecuru, (Figura 2.3), e sua

ocorrência é caracterizada por longos diques e soleiras menores (Vaz et al., 2007).

A Província Magmática Paraná-Etendeka (PEMP) Eo-Cretácea é uma das maiores

Províncias Ígneas Continentais Fanerozoicas e exibe volume inicial de extrusão de no mínimo 1,7

x 106 km3 (Frank et al., 2009) (Figuras 2.5A e 2.5B). Esses basaltos foram alojados no início da

abertura do Oceano Atlântico Sul há ~ 130 Ma (Cox, 1988). Os derrames de lava da PEMP são

encontrados na América do Sul (Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai) e na África (Namíbia e

Mocitaiba, L. da S.R. Contexto Geológico

Mocitaiba, L. da S.R. 12

Angola), constituindo um sistema magmático máfico gigante, centrado sobre o atual hotspot

Tristan-Gough (Peate et al., 1990; Gibson et al., 2005; O'Connor e Jokat, 2015).

Figura 2.6 - Correlação cronológica dos magmatismos das bacias Solimões, Amazonas, Parnaíba

e Paraná (adaptado de Milani e Zalán, 1999).

A Suíte Magmática Sardinha é considerada como parte da Província Magmática Paraná-

Etendeka (PEMP) no contexto da abertura do Oceano Atlântico Sul (Milani e Thomaz Filho,

2000; Merle et al., 2011) (Figura 2.5B). Fodor et al. (1990) e Baksi e Archibald (1997)

registraram que a Formação Sardinha é composicionalmente similar e contemporânea à

Formação Serra Geral da Bacia do Paraná, pertencentes a PEMP. Góes e Feijó (1994) e Milani e

Zalán (1999) correlacionam a Suíte Magmática Sardinha à Formação Serra Geral (Figura 2.6).

Em subsuperfície, os diques da Formação Sardinha e soleiras da Formação Mosquito estão

presentes em maior quantidade na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera e ocorrem também

na Sequência Siluriana e são muito raros na Neocarbonífera-Eotriássica (Vaz et al., 2007) (Figura

2.7).

Figura 2.7 – Seção geológica esquemática E-W da Bacia do Parnaíba, representando a disposição

de suas sequências sedimentares e rocha magmáticas (adaptado de Góes et al., 1992).

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 13

3. MÉTODOS

3.1. Magnetometria

Magnetometria é uma técnica geofísica que estuda a variação no campo geomagnético

gerado por rochas e estruturas geológicas magnéticas na crosta superior. O campo magnético tem

comportamento dipolar, direção variável e depende do tempo. O campo geomagnético da Terra é

composto por três componentes (Telford et al., 1990):

Campo Magnético Principal: apresenta uma variação relativamente lenta e possui uma

origem interna. Mais de 99% do campo magnéticos observado, isto é, aquele medido

por um magnetômetro, é devido ao Campo Magnético Principal. A fonte desse campo

é oriunda de correntes de convecção do material condutor que circula no núcleo

externo líquido da Terra, entre 2.800 e 5.000 km de profundidade;

Campo Magnético Externo: varia muito rapidamente e tem origem fora da Terra. Esse

campo representa uma pequena contribuição ao campo geomagnético e tem origem

associada a correntes elétricas que fluem na ionosfera, atividades magnéticas na

magnetosfera e ventos solares emitidos pelo sol. É responsável pela variação diurna do

campo magnético, e indução das tempestades magnéticas;

Campo Magnético Local: aproximadamente constante no tempo e no espaço, resulta de

anomalias magnéticas causadas por variação nos teores de minerais magnéticos de

rochas próximas à superfície terrestre. As anomalias do campo local não podem ser

muito profundas, pois as temperaturas abaixo de ~40 km podem estar acima da

Temperatura de Curie, temperatura (~ 550 °C) a qual as rochas perdem suas

propriedades magnéticas. Assim, as anomalias locais devem ser associadas a feições na

crosta superior (Telford et al., 1990).

3.2. Magnetismo dos materiais

Todos os materiais são magnéticos numa escala atômica (Kearey et al., 2013). A

susceptibilidade magnética (k) é uma medida da facilidade com que um material pode ser

magnetizado. Assim, com base no seu comportamento quando sofre a ação de um campo

magnético externo, os materiais podem ser divididos em: diamagnéticos, paramagnéticos e

ferromagnéticos. Os materiais diamagnéticos exibem uma susceptibilidade magnética fraca e

negativa, apresentado uma magnetização com baixa intensidade e direção oposta ao campo

aplicado (Reynolds, 1997).

Os materiais paramagnéticos apresentam susceptibilidade magnética baixa e positiva.

Logo apresentam uma magnetização de mesma direção do campo externo e baixa. Segundo Isles

e Rankin (2013), nos levantamentos aeromagnéticos, a contribuição de minerais paramagnéticos

é geralmente desprezível.

Por fim, os materiais ferromagnéticos são caracterizados por susceptibilidade magnética

positiva e alta. De maneira geral, as anomalias magnéticas observadas em levantamentos

magnéticos são devidas à presença de minerais como a magnetita e pirrotita (ferrimagnéticos), e

ilmenita (antiferromagnético).

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 14

3.2.1. Susceptibilidade magnética das rochas e minerais

As anomalias magnéticas são causadas por minerais magnéticos contidos nas rochas e em

muitos casos, a susceptibilidade, que permite às rochas se magnetizarem, depende somente da

quantidade de minerais magnéticos presentes, principalmente magnetita, algumas vezes, titano-

magnetia ou pirrotita (Telford et al., 1990) (Tabela 3.1).

As rochas ígneas básicas são, em geral, altamente magnéticas em razão de seu conteúdo

relativamente alto em magnetita. A proporção de magnetita em rochas ígneas tende a diminuir

com o aumento da acidez, de modo que as rochas ígneas ácidas, embora variáveis em seu

comportamento magnético, são geralmente menos magnéticas que as básicas. As rochas

metamórficas são também variáveis em seu caráter magnético. As rochas sedimentares

tipicamente apresentam baixo magnetismo (Kearey et al., 2013).

Tabela 3.1 - Susceptibilidade magnética de algumas rochas e minerais (adaptado de Hunt et al.,

1995).

Rocha/Mineral K (10-3 SI)

Rocha Sedimentar

Folhelho

0,06-18

Arenito

0-20

Calcário

0,002-25

Média das rochas sedimentares

0-50

Rocha Metamórfica

Xisto

0,02-3

Gnaisse

0-0,025

Média das rochas metamórficas 0-73

Rocha Ígnea

Granito

0-50

Gabro

1-90

Diabásio

1-160

Basalto

0,25-180

Média das rochas ígneas

2,7-270

Minerais

Titanomagnetita

130-620

Pirrotita

0,4-1400

Ilmenita

2,2-3800

Magnetita 2000-2500

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 15

3.3. Fonte dos dados geofísicos

Os dados magnéticos aerolevantados da Bacia do Parnaíba fazem parte do Projeto

Levantamentos Aerogeofísicos da Bacia do Parnaíba, cedidos pela Agência Nacional do Petróleo,

Gás e Biocombustíveis (ANP), e dos Projetos das Séries 1000 (1020, 1022, 1027), 3000 (3003) e

4000 (4031, 4032, 4047, 4050), cedidos pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Os

parâmetros dos levantamentos aeromagnéticos constam na Tabela 3.2 e sua distribuição espacial

na Figura 3.1. Os levantamentos aeromagnéticos cobrem a bacia quase que por completo. O

espaçamento entre as linhas de voo variam de 500 a 3000 m, e as alturas de voo de 100 a 800 m.

Tabela 3.2 - Parâmetros dos levantamentos aerogeofísicos executados na Bacia do Parnaíba. LV:

Linha de voo; LC: Linha de controle.

Empresa ANP CPRM

Código - 1020 1022 1027 1044 3003 4031 4032 4047 4050

Altura de

Voo (m) 100 150 150 150 150 150 300 700 500 800

Direção LV N-S N-S N-S N-S N30°W N-S N-S N45°E N-S N-S

Espaçamento

LV (m) 500 2.000 1.000 2.000 1.000 4.000 2.500 2.000 3.000 3.000

Direção LC E-W E-W E-W E-W N60°E E-W E-W N45°W E-W E-W

Espaçamento

LC (m) 4.000 14.000 20.000 20.000 20.000 27.000 8.000 12.000 18.000 18.000

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 16

Figura 3.1 - Mapa de localização dos levantamentos aerogeofísicos na Bacia do Parnaíba.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.

3.4. Processamento dos dados geofísicos

Na etapa do pré-processamento, os dados magnéticos passam por correções associadas ao

levantamento geofísico e interferências no campo magnético. Os dados da ANP e CPRM foram

disponibilizados previamente pré-processados: corrigidos da variação diurna do campo

geomagnético e removida a componente principal do campo (International Geomagnetic

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 17

Reference Field - IGRF). O IGRF define o campo magnético teórico não perturbado em qualquer

ponto da superfície da Terra. A Remoção do IGRF visa remover dos dados magnéticos aquelas

variações magnéticas atribuíveis a esse campo teórico (Kearey et al., 2013). Os efeitos

magnéticos de origem externa fazem com que o campo geomagnético varie diariamente,

produzindo as variações diurnas, que é resultante do campo magnético induzido pelo fluxo de

partículas carregadas dentro da ionosfera em direção aos polos magnéticos (Kearey et al., 2013).

Assim, a correção da variação diurna visa remover tal interferência externa do campo magnético

calculada durante a aquisição dos dados.

A Figura 3.2 apresenta um fluxograma simplificado das etapas e interligações do

processamento. Inicialmente, os dados brutos forma interpolados, gerando o Campo Magnético

Anômalo de cada projeto (CMA*). Posteriormente, em cada projeto, exceto no levantamento da

ANP, foi aplicado o Filtro Cosseno Direcional, resultando no Campo Magnético Anômalo

filtrado (CMA*_filtrado). Depois disso, por um lado, os CMA*_filtrado passaram por processos

de continuações para cima ou para baixo (CMA*_cc ou CMA*_cb), para nivela-los numa altura

de 500 m, e, posteriormente, foram concatenados, gerando o Campo Magnético Anômalo

integrado (CMA_integrado) de toda a bacia. Por outro lado, foi aplicado o Matched Filter

separadamente nos dados de CMA_filtrado de cada projeto, decompondo-o em 3 componentes:

campos magnéticos profundo (CMP), intermediário (CMI) e raso (CMR). Após isso, foram

aplicados os filtros Amplitude do Sinal Analítico (ASA) e Derivada Vetical (DZ) no CMI de

cada projeto.

3.4.1. Interpolação dos dados e Campo Magnético Anômalo (CMA)

Os dados magnéticos foram dispostos na forma de uma malha regular na etapa de

interpolação dos dados originais.

O Método Bidirecional foi escolhido para gerar as malhas regulares do CMA por ser uma

técnica numérica desenvolvida para interpolação de dados adquiridos ao longo de linhas de

levantamento paralelas. Essa técnica é ideal para dados de linhas orientadas porque inerentemente

tende a fortalecer tendências perpendiculares à direção das linhas de levantamento. Nesta forma,

o Método Bidirecional toma vantagem das características fundamentais dos levantamentos

baseados em linhas. O processo de interpolação 2D é efetuado em duas etapas principais.

Primeiro, cada linha é interpolada ao longo da linha original de levantamento para produzir

valores de dados para a intersecção de cada linha da malha exigida com a linha observada. Os

pontos de intersecção de cada linha são então interpolados na direção das linhas para produzir um

valor para cada ponto requerido da malha. Para dar início a este processo é necessária escolha de

uma célula de interpolação. O tamanho da célula é a distância entre os pontos da malha nas

direções X e Y. Na maioria das situações, o tamanho da célula pode ser entre 1/2 a 1/8 da

separação entre as linhas de voo (Geosoft, 2013). No presente trabalho, foram escolhidas células

com metade do espaçamento entre as linhas de voo.

Os mapas de anomalias magnéticas refletem a distribuição espacial de fontes magnéticas,

que podem estar localizadas a diferentes profundidades e possuem propriedades físicas e

geométricas diferentes (Reynolds, 1997). Com isso, inicialmente utilizou-se algoritmos de

filtragem para remover ruídos presentes nas anomalias do CMA, e para nivelá-los numa mesma

altura de voo. Posteriormente, usamos novamente técnicas de filtragem espectral, visando separar

as contribuições ao CMA devido a fontes magnéticas em diferentes profundidades, e realçar a

contribuição causada por corpos magnéticos rasos.

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 18

Figura 3.2 - Fluxograma ilustrando as etapas do processamento dos dados magnéticos.

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 19

3.4.2. Filtro Cosseno Direcional

Devido à inconstância da elevação do voo e remoção imperfeita da variação diurna,

ocorre nos mapas aeromagnéticos ruídos de alta frequência ao longo da direção da linha de voo

(Isles e Rankin, 2013). O filtro cosseno direcional é utilizado quando surge nos dados

interpolados um ruído direcional devido à alta concentração de informaçoães ao longo das linhas

de voo do aerolevantamento, interferindo na resposta magnética das fontes (Cordell et al., 1992).

A técnica de nivelamento utiliza algoritmos de filtragem para garantir que os valores

magnéticos sejam os mesmos nas intersecções entre linhas de produção e de controle e corrigir os

efeitos residuais da variação diurna, altitude ou posicionamento (Isles e Rankin, 2013). O

micronivelamento remove qualquer componente de baixa amplitude de ruído de linha de voo que

ainda permanece nos dados de levantamento aéreo depois do nivelamento (Geosoft, 2013).

Os dados do levantamento aeromagnético da ANP já foram disponibilizados nivelados e

micronivelados. Para os levantamentos da CPRM, foi aplicado o Filtro Cosseno Direcional para a

remoção de ruídos direcionais ao longo da mesma direção da linha de voo, com o grau ajustado

de acordo com a suavização do levantamento. O cálculo do cosseno direcional é dado por

(Geosoft, 2013):

𝐿(𝜃) = |𝑐𝑜𝑠𝑛 (𝛼 + 𝜃 +𝜋

2)|, para rejeitar a direção α

em que α é direção do filtro em graus (relativo ao norte), n é o grau da função cosseno. Sua

resposta é exibida na Figura 3.3:

Figura 3.3 – Transformada da função cosseno direcional e sua reposta para diferentes graus com

α fixo (adaptado de Geosoft, 2013).

3.4.3. Continuações para cima e para baixo

Como as alturas de voos dos levantamentos aeromagnéticos variam de 100 a 800 m

(Tabela 3.2), foi necessário usar filtros de Continuação para Cima e para Baixo para nivelar as

alturas de voos. Considerando o efeito ruidoso gerado pelo Filtro Continuação para Baixo e o

efeito de suavização do Filtro Continuação para Cima nos dados, os levantamentos

aeromagnéticos foram nivelados numa altura de voo de 500 m.

A continuação para baixo é usada para melhorar as respostas das fontes mais rasas,

trazendo teoricamente o plano de medidas para perto das fontes (Geosoft, 2013). Porém, essa

técnica tem instabilidades, pois tende a amplificar ruídos de alta frequência. Para contornamos

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 20

esse problema, utilizamos o Filtro Butterworth para remover ou amenizar tais ruídos. No domínio

do número de onda, a continuação para baixo é dada pela equação:

ℱ(𝜔) = 𝑒ℎ|𝜔|,

onde h é a altura a ser abaixada relativa ao plano de observação, ω é o número de onda. A

variação do espectro de potência em função da altura de continuação é exibida na Figura 3.4:

Figura 3.4 - Curvas de variação do espectro de potência em função do plano de elevação da

continuação para baixo com relação ao número de onda (adaptado de Geosoft, 2013).

O filtro continuação para cima corresponde a uma suavização e é utilizado para comparar

medidas feitas em diferentes altitudes (Parro, 1998). É considerado um filtro “limpo” porque

quase não produz efeitos ruidosos que podem exigir a aplicação de outros filtros ou processos

para corrigi-los (Geosoft, 2013). No domínio do número de onda, a continuação para cima é dada

pela equação:

ℱ(𝜔) = 𝑒−ℎ|𝜔|,

onde h é a altura a ser elevada relativa ao plano de observação, ω é o número de onda. A variação

do espectro de potência em função da altura de continuação é exibida na Figura 3.5:

Figura 3.5 - Curvas de variação do espectro de potência em função do plano de elevação da

continuação para cima com relação ao número de onda (adaptado de Geosoft, 2013).

3.4.4. Matched filter

Macthed Filter é uma técnica que visa separar diferentes componentes do sinal geofísico,

provenientes de camadas equivalentes em diferentes profundidades a partir da análise de Fourier

do espectro de potência dos dados do campo potencial (Phillips, 2001). Em outras palavras, é

uma técnica automática que permite uma separação das anomalias magnéticas com base nos seus

diferentes comprimentos de onda. Assim, aplicando o Macthed Filter, o CMA de cada projeto foi

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 21

decomposto em três componentes com diferentes profundidades: Campo Magnético Profundo

(CMP), Campo Magnético Intermediário (CMI) e Campo Magnético Raso (CMR) (Figuras 3.6,

3.7, 3.8 e 3.9). O CMP corresponde ao campo magnético regional e está mais associado a

estruturas magnéticas de longo comprimento de onda e localizadas em maiores profundidades,

como feições geológicas do embasamento de uma bacia sedimentar. Já o CMI e CMR

correspondem ao campo magnético residual e apresentam principalmente uma contribuição

causada por estruturas magnéticas de intermediário a curto comprimento de onda e em

profundidades mais rasas, como heterogeneidades numa bacia sedimentar, como por exemplo,

uma suíte magmática intrusiva no pacote sedimentar de uma bacia. No entanto, a maioria dos

mapas do CMR da Bacia do Parnaíba não apresentaram boas resoluções devido à presença de

ruídos de alta frequência. Assim, os mapas do CMI foram utilizados para a cartografia magnética

dos corpos magmáticos. Para realçar anomalias magnéticas associadas às fontes causativas rasas

do CMI, usou-se os filtros da Amplitude do Sinal Analítico e Derivada Vertical.

3.4.5. Amplitude do Sinal Analítico (ASA)

O sinal analítico tridimensional corresponde a uma gama de métodos automáticos que são

baseados no uso dos gradientes vertical e horizontais das anomalias geofísicas (Nabighian, 1984;

Roest et al., 1992). Tem como característica amplificar os curtos e atenuar os longos

comprimentos de onda do sinal geofísico nas três direções ortogonais, realçando as bordas e os

contatos de feições geológicas e falhas. Esse filtro produz um máximo sobre os contrastes

magnéticos, sendo útil para e centralizar as anomalias sobre suas fontes magnéticas (Geosoft,

2013). Aplicamos esse filtro de realce nas anomalias do CMI de cada projeto (Figura 3.8).

A amplitude do sinal analítico é expressa por um vetor de adição das derivadas de

primeira ordem ao quadrado das componentes reais nas direções x e y e na componente

imaginaria na direção z, que realiza um processo de varredura para localizar contatos magnéticos

e suas profundidades (Pedrosa Jr., 2010),

|𝐴𝑆𝐴| = √(𝜕𝑀

𝑑𝑥)

2

+ (𝜕𝑀

𝑑𝑦)

2

+ (𝜕𝑀

𝑑𝑧)

2

,

em que M(x,y,z) é o campo geomagnético, e ∂x, ∂y e ∂z são as derivadas parciais nas direções

ortogonais x, y e z, respectivamente (Reynolds, 1997).

3.4.6. Derivada Vertical (DZ)

O Filtro Derivada Vertical é aplicado aos dados do campo magnético para realçar as

componentes associadas às fontes geológicas mais rasas (Geosoft, 2013). Os contornos da

derivada vertical podem coincidir com feições importantes como limites de corpos litológicos,

falhas, lineamentos geológicos e zonas mineralizadas (Vasconcellos et al., 1994). Aplicamos o

Filtro Derivada Vertical nas anomalias do CMI, de cada projeto, para realçar a direção dos

lineamentos magnéticos.

É possível computar as derivadas verticais de enésima ordem pelo uso da seguinte relação

(Faria, 2015):

𝐹 (𝑑𝑛𝑀

𝑑𝑧𝑛 ) = 𝑟𝑛𝐹(𝑀),

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 22

em que F é a representação de Fourier do campo magnético, n é a ordem de diferenciação, r é o

número de onda em radiano/metro.

Figura 3.6 - Mapa do Campo Magnético Anômalo (CMA) da Bacia do Parnaíba. Os retângulos

destacam anomalias de alta amplitude e de curtos comprimentos de onda do CMA na borda oeste

(A1 – Figura 4.1A), sul (A2 – Figura 4.2B), centro-leste e nordeste (A3 – Figura 4.3C) da bacia.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 23

Figura 3.7 – Mapa com o Campo Magnético Profundo (CMP), de cada projeto, da Bacia do

Parnaíba. Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste -

SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 24

Figura 3.8 – Mapa com o Campo Magnético Intermediário (CMI), de cada projeto, da Bacia do

Parnaíba. Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste -

SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 25

Figura 3.9 – Mapa com o Campo Magnético Raso (CMR), de cada projeto, da Bacia do Parnaíba.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 26

3.4.7. Concatenação dos projetos

Para integrar os levantamentos aeromagnéticos em uma única malha de dados

interpolados, foi empregado o módulo Gridknit, disponível no software Oasis Montaj. Este

módulo utiliza um método de sutura, que através de um caminho de sutura automático promove

um nivelamento dos conjuntos de dados, eliminando deslocamentos verticais nos valores das

anomalias magnéticas. As correções são distribuídas em função do comprimento de onda, o que

resulta em um ajuste suave entre as diferentes bases de dados (Geosoft, 2010).

O Método Sutura requer a definição de um caminho de junção entre duas malhas de

dados, de modo que a transição entre os dados seja de forma suave nos limites de cada

levantamento. Apenas a diferença entre os dois conjuntos de dados ao longo da interface é

considerada. Por definição, o caminho de sutura só pode ser escolhido apenas na região de

intersecção das malhas de dados. Além disso, os pontos na extremidade do caminho devem

necessariamente estar na zona de superposição dos dados. A Figura 3.10 exibe várias opções para

definir caminhos (Cheesman et al., 1998).

Figura 3.10 - Vários caminhos ao longo da região de intersecção entre os conjuntos de dados

(grids). Linha de sutura obtida de forma iterativa (A); na borda do grid 2 (B); na borda do grid 1

(C); Linha de sutura obtida de forma automática (D) (adaptado de Cheesman et al., 1998).

A função diferença ou erro é definida como a diferença entre os valores das malhas de

dados (grid 1 e grid 2) ao longo do caminho de sutura (Figura 3.11). A base desse método é o

reconhecimento de que, como com qualquer função linear, a função diferença pode ser

decomposta usando análise de Fourier para um número de simples funções de senoidais de

diferentes amplitudes e fases. Correções são então aplicadas em função do comprimento de onda

único, e somadas. O resultado é que a solução total ajusta-se automaticamente ao longo do

caminho para fornecer uma junção suave entre as malhas (Cheesman et al., 1998).

Figura 3.11 - Função diferença obtida através da subtração da malha de dados grid 2 pela malha

grid 1 (adaptado de Cheesman et al., 1998).

Mocitaiba, L. da S.R. Métodos

Mocitaiba, L. da S.R. 27

O Gridknit foi utilizado apenas para concatenar os mapas de anomalias do CMA de todos

os levantamentos aerogeofísicos, visto que a integração dos mapas de anomalias CMP, CMI,

CMR, ASA, DZ de cada projeto não apresentaram resultados consistentes. Nestes casos, os

mapas integrados apresentam anomalias nas fronteiras de cada projeto, devido a desníveis dos

conjuntos de dados, e não tem nenhuma associação geológica.

3.5. Mapas auto-organizáveis (self-organizing maps – SOM)

A técnica de mapeamento semiautomático, conhecida como Self-Organizing Maps

(SOM), fornece meios para se analisar e interpretar relações entre conjuntos de dados distintos,

espacialmente localizados (georreferenciados) de maneira interativa. Os princípios envolvidos na

análise de dados com o SOM são a quantificação de vetores e medidas de similaridade entre

vetores (Fraser e Dickson, 2007). Trata-se de um método, no qual os parâmetros inseridos são

treinados por aprendizado competitivo e não-supervisionado (Kohonen, 2001).

Na análise SOM, cada amostra é tratada como um vetor n-dimensional em um

determinado espaço, no qual o número de dimensões corresponde ao número de variáveis

envolvidas. Os dados espaciais fornecidos são semeados por um determinado número de

“vetores-semente artificiais” (ou neurônios), que serão “treinados” para que se tornem estruturas

e padrões representativos das amostras de dados utilizados na análise. O número de vetores

semente é proporcional ao tamanho do mapa de saída requerido (Carneiro et al., 2012; Fraser e

Dickson, 2007).

A técnica de mapeamento semiautomático foi aplicada para encontrar padrões anômalos e

associações nos diferentes produtos do processamento do sinal magnético. Foi empregado o

software SiroSOM, que promove um mapeamento iterativo no espaço multi-dimensional das

variáveis envolvidas, analisando as correlações não-lineares entre elas em uma rede neural

artificial (Carneiro et al., 2012). Como resultado, a área de pesquisa é subdivida em grupos, ou

clusters, que representam unidades geológicas/geofísicas distintas em função de suas assinaturas

multivariadas do embasamento cristalino e da estruturação interna da bacia. Para o presente

trabalho, as variáveis envolvidas foram: CMA, CMR, CMI, CMP e a amplitude do sinal analítico

do CMI. Como resultado, o conjunto de mapas magnéticos foi separado em até 15 diferentes

clusters, sendo que aqueles clusters associados aos corpos magmáticos foram apresentados em

mapa. A escolha destes clusters foi direcionada pelo padrão anômalo esperado para diques e

soleiras de rochas magmáticas básicas em um contexto de bacia sedimentar, ou seja, altas

amplitudes e curto comprimento de onda, bem como pela distribuição destes corpos nos mapas

geológicos prévios.

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 28

4. RESULTADOS

4.1 Domínios e lineamentos magnéticos

A análise das assinaturas dos corpos magmáticos da Bacia do Parnaíba foi feita com base

na interpretação qualitativa dos mapas geofísicos e no mapeamento semiautomático. Essas tarefas

envolveram o reconhecimento e delimitação de domínios e lineamentos magnéticos distintos nos

mapas geofísicos, correlacionando-os com possíveis corpos geológicos causadores.

O mapa de anomalias do CMA da Bacia do Parnaíba mostra um relevo magnético

bastante acidentado com dipolos magnéticos assimétricos com uma ampla diversidade de

amplitudes e comprimentos de onda por toda a bacia (Figura 3.6). De maneira geral, as anomalias

de mais curtos comprimentos de onda apresentam um aspecto mais rugoso ao relevo magnético e

estão concentradas nas porções oeste (Figura 4.1A), sul (Figura 4.1B), centro-leste e nordeste

(Figura 4.1C) da bacia. Além disso, é possível perceber a continuidade dessas anomalias e suas

orientações nos diferentes levantamentos aeromagnéticos, possibilitando demarcar domínios

magnéticos e traçar lineamentos de forma mais abrangente ao longo da Bacia do Parnaíba. As

feições magnéticas de alta frequência ficam ainda mais evidentes nos mapas da Amplitude do

Sinal Analítico (ASA) e da Derivada Vertical (DZ) do Campo Magnético Intermediário (Figuras

4.2 e 4.3). O mapa ASA realça as anomalias magnéticas de curtos comprimentos onda,

caracterizadas por áreas com altas amplitudes do sinal analítico, as quais estão associadas a fontes

magnéticas mais rasas. O mapa DZ também destaca as regiões com anomalias magnéticas de alta

frequência e ainda permite melhor visualização dos lineamentos magnéticos.

Em função da distribuição espacial, amplitude e orientação do padrão magnético anômalo

associado aos corpos magmáticos (Figuras 4.1, 4.2 e 4.3), a Bacia do Parnaíba pode ser dividida

em cinco domínios magnéticos. O Domínio Magnético Mosquito Oeste (MqO), localizado na

borda oeste da bacia, exibe extensões de 360 e 330 km nas direções N-S e E-W, respectivamente.

Esse domínio apresenta uma anomalia magnética regional bipolar de longo comprimento de onda

(~ 170 km), com um alto magnético a sul e um baixo a norte (Figura 4.1A). Essa ampla anomalia

está localizada na região de maior ocorrência sub-aflorante da Formação Mosquito (Figura 2.4).

Imerso nesse relevo magnético, há uma série de anomalias magnéticas dipolares, com amplitude

média de 60 nT e curto comprimento de onda (~ 2,5 km), com formato alongado, gerando um

aspecto rugoso no mapa de anomalias do CMA (Figura 4.1A). A partir da aplicação do Matched

Filter, as profundidades médias das fontes do CMI, subtraídas dos valores das alturas de voos, do

projeto 4031, 4032, e ANP forão 601, 700 e 680 m, respectivamente. Como o Domínio

Magnético Mosquito Oeste está inserido nesses projetos (Figura 3.1), a profundidade das fontes

do CMI do domínio MqO tém uma média de 660 m. No mapa da ASA do CMI, esse domínio

exibe anomalias de altas amplitudes, com um valor médio de 25 x 10-2 nT/m (Figura 4.2). No

mapa da DZ do CMI, os lineamentos magnéticos deste domínio apresentam um aspecto

encurvado com orientações preferenciais: ENE-WSW e E-W, na porção centro-oeste, NE-SW, no

extremo leste (Figura 4.3).

O Domínio Mosquito Sul (MqS) está localizado na porção sul da bacia, restrito a uma

área de 83 (N-S) por 130 km (E-W) de extensão. O Domínio MqS é composto por sequências de

anomalias magnéticas alongadas na direção ENE-WSW, subparalelas e de curto comprimento de

onda (~2,5 km) (Figuras 4.1B e 4.3). Estas anomalias possuem amplitude média de 140 nT e

altos valores da amplitude do sinal analítico (média de 35 x 10-2 nT/m) (Figura 4.2). Com base no

Matched Filter e observando que o domínio MqS está inserido no projeto ANP (Figura 3.1), a

profundidade média das fontes magnéticas do CMI, subtraída do valor da altura de voo, é de 680

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 29

m. Esse domínio magnético parece estar sobreposto as anomalias magnéticas regionais de longo

comprimento de onda (~70 km) e de direção NE-SW, associadas ao Lineamento Transbrasiliano

(Figuras 3.6 e 4.1B).

O Domínio Sardinha Leste (SdL) ocupa vasta área de 600 por 300 km de extensão,

englobando as porções NE e leste da bacia. Ao longo desse domínio, estão presentes inúmeras

anomalias magnéticas de curto comprimento de onda (média de 4,5 km), com dipolos magnéticos

que exibem, em média, uma amplitude de 50 nT (Figura 4.1C). Esse caráter magnético anômalo

fica mais evidente no mapa da ASA, onde essas anomalias magnéticas são destacadas e

delimitadas pelos altos valores da amplitude do sinal analítico (média de 20 x 10-2 nT/m) (Figura

4.2). No mapa da DZ, nota-se que ao longo do Domínio SdL os lineamentos magnéticos exibem

uma direção preferencial E-W (Figura 4.3). A profundidade média das fontes do CMI do

Domínio SdL é de 710 m. Tal valor corresponde a média das profundidades das fontes do CMI,

menos as alturas de voos, dos projetos 4047, 600 m, 4050, 930 m, e 4031, 601 m.

O Domínio Magnético Sardinha Centro (SdC), localizado na porção central da bacia,

apresenta anomalias magnéticas de comprimento de onda maiores, variando de 8 a 15 km (Figura

3.6). No mapa da ASA, SdC exibe anomalias mais isoladas, arredondadas e com amplitude média

de 10 x 10-2 nT/m (Figura 4.2). No mapa da DZ, os lineamentos magnéticos apresentam

orientação preferencial E-W (Figura 4.3). Ao longo desse domínio, também se observam

lineamentos magnéticos de direção ENE-WSW. As profundidades médias das fontes do Campo

Magnético Intermediário, menos as alturas de voos, dos projetos 4050, 4031 e ANP são 930, 601

e 680 m, respectivamente. Logo, como o O Domínio SdC abrange parte desses projetos (Figura

3.1), a profundidade média das fontes do CMI no SdC é 737 m.

O Domínio Magnético São Luís (SU) está localizado no extremo norte da bacia. Devido à

ausência de dados magnéticos esse domínio não pôde ser delimitado por completo. Nesse

domínio, as anomalias magnéticas regionais exibem os maiores comprimentos de onda (~20 km),

quando comparado com os domínios anteriores. De acordo com o Matched Filter, a profundidade

média das fontes do CMI, subtraída da altura de voo, do projeto 3003, que corresponde a do

Domínio SU, é 1050 m. O Domínio SU apresenta lineamentos magnéticos preferencialmente E-

W na porção sul e NE-SW na porção norte (Figura 3.11).

A B

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 30

Figura 4.1 – Mapa de anomalias do Campo Magnético Anômalo (CMA) da Bacia do Parnaíba, destacando três áreas com anomalias de

curto comprimento de onda e alta amplitude nas porções oeste (A), sul (B) e centro-leste e nordeste (C) da bacia (localização na Figura

3.6). Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 31

Figura 4.2 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico do Campo Magnético Intermediário (CMI), de cada projeto, da Bacia do Parnaíba,

sem (A) e com os domínios magnéticos (Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro – SdC, e

São Luís -SU) (B). Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 32

Figura 4.3 - Mapa da Derivada Vertical do Campo Magnético Intermediário (CMI), de cada projeto, da Bacia do Parnaíba, sem (A) e

com os lineamentos e domínios magnéticos (Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro –

SdC, e São Luís -SU) (B). Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 33

4.2. Mapeamento semiautomático (SOM)

O resultado do mapeamento semiautomático das anomalias magnéticas da Bacia do

Parnaíba, empregando a técnica Self-Organizing Maps (SOM), é apresentado na Figura 4.4. Os

grupos de soluções (clusters) foram obtidos de forma automática através de comparação

geoestatística, em um espaço multidimensional de variáveis, dos padrões anômalos dos diferentes

campos magnéticos obtidos pelo Matched Filter (CMA, CMR, CMI, CMP e ASA-CMI). A

Figura 4.2 exibe correspondência entre a distribuição dos grupos de soluções com as áreas

aflorantes das formações Mosquito e Sardinha (Figura 2.4). Nas regiões limítrofes da bacia, o

mapeamento semiautomático também gera grupos de soluções para assinaturas magnéticas

associadas a fontes geofísicas presentes no embasamento, principalmente onde o pacote

sedimentar é pouco espesso ou ausente.

De maneira geral, as soluções do mapeamento semiautomático (SOM) são concordantes

com os domínios e lineamentos magnéticos, interpretados manualmente. Porém, analisando a

distribuição espacial dos clusters, observa-se que há zonas internas nos domínios magnéticos,

onde não existem soluções. Este fato não indica necessariamente ausência de fontes magnéticas

ou estruturas geológicas com magnetismo menos intenso. Alguns parâmetros dos levantamentos

aeromagnéticos, como espaçamento das linhas de voo, altura de voo, entre outros, são

importantes para a precisão do método SOM em mapear as fontes magnéticas associadas às

rochas magmáticas. O número de soluções obtido com os dados do Projeto da ANP de alta

resolução (altura de voo de 100 m e espaçamento das linhas de voo de 500 m – Tabela 3.2) é

consideravelmente maior do que na região adjacente, levantada no Projeto 1027 da CPRM (altura

de voo de 150 m e espaçamento das linhas de voo de 2000 m – Tabela 3.2) (Figura 4.4).

Em toda a Bacia do Parnaíba, as soluções do SOM mais diretamente relacionadas às

rochas magmáticas sub-aflorantes estão concentradas em cinco regiões nos quatro principais

domínios magnéticos. Os domínios magnéticos MqO e MqS representam as áreas de maiores

concentrações de soluções na porção oeste e sul da bacia, respectivamente. Acompanhando a

distribuição espacial dos clusters é possível mapear contatos, que podem ser litológicos, e assim,

propor limites laterais entre as rochas sedimentares da bacia, zonas onde não há soluções, e os

corpos magmáticos, zonas de soluções do SOM. No Domínio SdL, os clusters ocorrem de forma

mais dispersa em uma vasta área da bacia, estando mais concentrados nas porções norte, centro-

oeste e centro-leste, formando faixas com poucas ou nenhuma solução. Assim, embora o

Domínio Magnético SdL, com base no mapa da ASA, indique amplas zonas magnéticas em sub-

superfície nessa região, as nuvens de soluções do SOM sugerem que as fontes magnéticas nesse

domínio se comportam de forma mais restrita. No Domínio SdC, as soluções do SOM também

apresentam zonas isoladas de formato arredondado ou alinhadas de direção ENE-WSW. Estas

parecem ter continuidade ao longo do Domínio SdL, que também apresenta soluções alinhadas de

direção ENE-WSW na porção sul.

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 34

Figura 4.4 - Soluções (clusters) do mapeamento semiautomático (SOM) dos corpos magmáticos

da Bacia do Parnaíba, com base nos dados magnéticos aerolevantados. Domínios magnéticos:

Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e

São Luís - SU. Linhas sísmicas: L4 (Figura 4.5) e L507 (Figura 4.6).

4.3. Dados sísmicos

Duas seções sísmicas 2D revelam o comportamento dos corpos magmáticos em

profundidade, além de permitirem correlações entre anomalias magnéticas e suas principais

fontes causadoras no interior da bacia e em seu embasamento cristalino. Os dados sísmicos foram

cedidos pela ANP previamente processados e migrados em tempo. Estes revelam o empilhamento

estratigráfico e a arquitetura interna da bacia. Dados de poços foram usados para fazer

correlações com a seção sísmica, possibilitando a determinação dos topos e bases das sequências

lito-estratigráfica e identificação de soleiras sub-vulcânicas, alojadas na sequência sedimentar dos

grupos Serra Grande, Canindé e Balsas.

A seção sísmica L4 está localizada na porção leste da bacia e inserida no Domínio

Magnético SdL (Figuras 2.4, 4.1C, 4.2, 4.3 e 4.4). Ela exibe três sequências tectono-sedimentares

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 35

(II – Siluriana/Eodevoniana; III - Mesodevoniana/Eocabornífera, IV –

Neocabornífera/Eotriássica), que apresentam o estilo de deposição do tipo sag da bacia. Observa-

se a presença de diversas soleiras, que estão mais concentradas na parte centro-noroeste da seção

sísmica e majoritariamente intrusivas nas sequências II (Grupo Serra Grande) e IV (Grupo

Balsas).

Anomalias magnéticas negativas (CMA) e altas amplitudes do Sinal Analítico (ASA)

ocorrem na parte NW da seção sísmica L4 (Figura 4.5). Esse padrão magnético possivelmente é

devido à presença de rochas magmáticas da Formação Sardinha sub-aflorantes, juntamente com

as soleiras intrusivas no pacote sedimentar do Grupo Balsas entre profundidades de 500 e 1500

m. Desse modo, correlacionando com as anomalias de alta amplitude da ASA, espera-se que as

rochas magmáticas da Formação Sardinha tenham uma área de ocorrência maior em

profundidade do que a porção aflorante. Nesta região, sequências de refletores de altas

amplitudes ocorrem entorno de 5,2 a 6,8 s (~7,5 a 11 km), provavelmente refletindo expressões

profundas do Magmatismo Mesozoico regional. A partir da distância de 27 km, as anomalias

magnéticas são essencialmente positivas (até 50 nT), com maiores comprimentos de onda, e as

amplitudes do Sinal Analítico tornam-se praticamente nulas. Logo, a ausência de rochas

magmáticas mais próximas à superfície e apenas a presença de soleiras em maiores

profundidades poderiam ser a causa desse padrão magnético. Adicionalmente, refletores de alta

amplitude que ocorrem no embasamento (elipses pretas – Figura 4.5) parecem indicar

manifestações profundas de corpos magmáticos intrusivos que podem estar amplificando as

anomalias magnéticas de longo comprimento de onda do CMA.

Figura 4.5 – Anomalias magnéticas do CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L4, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas da Bacia do Parnaíba. Os refletores de

alta amplitude circundados parecem indicar manifestações profundas de corpos intrusivos.

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 36

A seção sísmica L507 (Figura 4.6) também está localizada na porção leste da bacia e

abrange boa parte do Domínio Magnético SdL (Figuras 2.4, 4.1C, 4.2, 4.3 e 4.4). Nessa seção

sísmica foram mapeadas cinco sequências tectono-sedimentares (De Castro et al., 2016). A

sequência I corresponde à fase rifte cambriana, que preenche uma zona rifte de 120 km de

extensão e 4,5 km de profundidade. Essa zona rifte exibe um gráben principal e várias calhas

limitadas por falhas normais. A parte leste do gráben representa reativações de zonas de

cisalhamento do embasamento e coincide com o Lineamento Transbrasiliano em superfície (De

Castro et al., 2016). As sequências superiores (II, III e IV) foram depositadas entre o Siluriano e

o Eotriássico e retratam a sedimentação em estilo sag da bacia. Extensas soleiras e diques,

juntamente com o pacote sedimentar, apresentam-se deformados por falhas normas e lístricas. As

soleiras e diques estão, em geral, intrudindo as sequências Siluriana-Eodevoniana (Grupo Serra

Grande) e Mesodevoniana-Eocabornífera (Grupo Canindé).

As anomalias do CMA e da ASA apresentam oscilações de baixa amplitude na parte NW

da seção sísmica L507 (Figura 4.6). Esse padrão magnético pode ser correlacionado à presença

de poucas soleiras apenas em maiores profundidades (~1,2 km). A partir da distância de 72 km,

ocorre uma sequência de anomalias magnéticas negativas de até -47 nT. Concomitantemente, as

amplitudes do Sinal Analítico aumentam para SE, até alcançar valores máximos no extremo SE

da seção sísmica, onde afloram rochas magmáticas da Formação Sardinha. Além disso, o pacote

vulcano-sedimentar está deformado por falhas normais e lístricas, que coloca em contato rochas

sedimentares e ígneas, gerando anomalias magnéticas de alta amplitude. A concentração de

corpos intrusivos na zona rifte sugere certo controle estrutural no alojamento do Magmatismo

Mesozoico na Bacia do Parnaíba.

Figura 4.6 - Anomalias magnéticas do CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L507, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas na região de zona rifte cortada pelo

Lineamento Tranbrasiliano (Figura 2.1) (adaptado de De Castro et al., 2016).

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 37

4.4. Susceptibilidade magnética das rochas

Na etapa de campo, foram medidas susceptibilidades magnéticas de rochas magmáticas

das formações Mosquito e Sardinha e suas encaixantes sedimentares (Figura 4.7A). Para tanto,

foi utilizado um susceptibilímetro portátil KT-10 v2 (Terraplus). A metodologia de medição

processou-se da seguinte forma: em cada ponto coletavam-se 6 amostras de rochas ígneas não

alteradas, sem processo de intemperização visível, e media-se a susceptibilidade magnética em

cada uma delas. Para as rochas sedimentares, foram medidas apenas a susceptibilidade magnética

da rocha in situ. Ao todo, foram adquiridos dados em 33 afloramentos espalhados pela região da

Bacia do Parnaíba.

Nas bordas oeste e sul da bacia, zona de ocorrência da Formação Mosquito, medimos a

susceptibilidade magnética em 17 pontos. Desse total, em 10 pontos de medição, as rochas

investigadas foram descritas como diabásio de granulação fina a média (Figuras 4.8A, 4.8B, 4.8C

e 4.8D), caracterizadas como diques ou, em sua maioria, derrames. Nos outros pontos, foram

medidas a propriedade magnética de arenitos metamorfisados, alguns com concreções

ferruginosas. O valor médio das susceptibilidades magnéticas das amostras da Formação

Mosquito na borda oeste foi de 10,9 x 10-3 SI e na borda sul de 12 x 10-3 SI. O valor médio da

susceptibilidade magnética dos arenitos foi da ordem de 0,5 x 10-3 SI.

Na borda leste da bacia, a susceptibilidade magnética foi medida em 16 afloramentos da

Formação Sardinha. As rochas ígneas analisadas foram descritas, geralmente, como soleiras de

diabásio de granulação fina a média (Figuras 4.8E, 4.8F, 4.8G e 4.8H). No entanto, alguns

afloramentos apresentaram características de dique ou derrame. A média dos valores de

susceptibilidade magnética das amostras da Formação Sardinha na borda leste foi 25,28 x10-3 SI.

Os diabásios da Formação Sardinha apresentam valores de susceptibilidade magnética duas vezes

superiores aqueles da Formação Mosquito, revelando uma diferenciação composicional destes

dois eventos magmático. Assim, possivelmente, as rochas da Formação Sardinha devem ter

maior concentração de minerais ferrimagnéticos do que as rochas da Formação Mosquito.

Mocitaiba, L. da S.R. Resultados

Mocitaiba, L. da S.R. 38

Figura 4.7 – Mapa de localização dos pontos de medição da susceptibilidade magnética (k) de

rochas ígneas das formações Mosquito e Sardinha (A). Histograma do valor médio da

susceptibilidade magnética das amostras coletadas em cada afloramento de rochas ígneas da

Bacia do Parnaíba (B). k̅Mq: Susceptibilidade média para a Formação Mosquito. k̅Sd:

Susceptibilidade média para a Formação Sardinha.

Figura 4.8 - Afloramentos de diabásios da Formação Mosquito, na borda sul (A) e na borda oeste

(B, C e D), e da Formação Sardinha, na borda leste (E, F, G e H), da Bacia do Parnaíba.

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 39

5. DISCUSSÕES

A identificação dos domínios e lineamentos magnéticos, através dos dados

aeromagnéticos e do mapeamento semiautomático, possibilitou estimar a distribuição espacial

dos dois principais eventos magmáticos mesozoicos (Mosquito e Sardinha) e analisar o controle

estrutural exercido pelas estruturas preteridas da Bacia do Parnaíba no seu alojamento sub-

superficial. Aliado a esses resultados, os dados de susceptibilidade magnética permitiram

constatar contrastes de susceptibilidade magnética entre os corpos ígneos e suas encaixantes

sedimentares e distinguir diferenças entre os magmatismos Mosquito e Sardinha. Os dados

sísmicos contribuíram para estabelecer correlações entre as anomalias magnéticas e as estruturas

magmáticas em subsuperfície.

5.1. Assinatura magnética do embasamento cristalino

Nas bordas da bacia, foi possível correlacionar anomalias e lineamentos magnéticos, além

de soluções do SOM com estruturas do embasamento cristalino. O Domínio Magnético SU exibe

anomalias magnéticas com os maiores comprimentos de onda (~20 km), quando comparado com

os demais domínios. Isso indica fontes magnéticas mais profundas, como as suítes intrusivas

proterozoicas na região do Cráton São Luís (Figura 5.1). No nordeste da bacia, próximo ao

Domínio SdL, clusters do SOM e anomalias de alta amplitude da ASA apresentam direção

preferencial ENE-WSW (Figuras 4.3 e 4.4). Estes podem ser correlacionados às estruturas da

Zona de Cisalhamento Tentugal (Figura 5.1). Adicionalmente, observa-se que a Bacia de

Barreirinhas é bem demarcada por uma zona de baixa amplitude da ASA. Na borda leste da

bacia, as anomalias da ASA e diversas soluções do SOM parecem ser correlacionadas às zonas de

cisalhamento brasilianas (TB, SP, PA e PE) da Província Borborema. Na borda oeste, os

adensamentos de soluções do SOM e os lineamentos magnéticos de direção N-S são associados à

Faixa de Dobramentos Araguaia. Por fim, observa-se que no sul da bacia o conjunto de soluções

do SOM alinhadas na direção NE que atravessam o Domínio MqS parecem estar associadas ao

Lineamento Transbrasiliano (Figura 5.1).

5.2. Distribuição do Magmatismo Mesozoico

Há extensos afloramentos da Formação Mosquito na região dos domínios magnéticos

MqO e MqS (Figura 5.1). Essa unidade geológica é formada por rochas ígneas, como basaltos e

diabásios (Figura 4.8), que apresentam minerais de óxido Fe-Ti (magnetita e ilmenita; Baksi e

Archibald, 1997; Merle et al., 2011) em sua composição e, consequentemente, exibem intensa

resposta magnética (Tabela 3.1). Além disso, com base nos dados de susceptibilidade magnética

coletados em campo, verifica-se forte contraste de susceptibilidade magnética entre as rochas

ígneas da Formação Mosquito, valor médio de 11,46 x 10-3 SI (Figura 4.7B), e sua encaixante

sedimentar, arenitos da Formação Sambaíba com valores entorno de 0,6 x 10-3 SI. Contraste de

susceptibilidade magnética é uma das premissas básicas para a existência de anomalias

magnéticas, como as que ocorrem nos mapas de anomalias do CMA e ASA ao longo dos

domínios MqO e MqS (Figuras 4.1 e 4.2). Desse modo, é possível correlacionar os domínios

magnéticos MqO e MqS à Formação Mosquito. Com isso, seguindo o padrão de altas amplitudes

da ASA e as soluções do SOM, pode-se também propor que o Magmatismo Mosquito possui uma

área de ocorrência maior que a do mapeamento geológico de superfície, ao longo dos domínios

MqO e MqS (Figura 5.2). Consequentemente, na borda oeste, a Formação Mosquito deve ter

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 40

continuidade sub-aflorante na forma de vastos derrames ou extensas soleiras, intercalados nos

pacotes sedimentares do Grupo Balsas e da Sequência Jurássico-Cretácea, e na borda sul, entre as

rochas sedimentares do Grupo Balsas e da Bacia Sanfranciscana (Grupos Urucuia e Areado).

Ao longo do Domínio Magnético SdL, existem afloramentos da Formação Sardinha

(Figura 5.1). Essa formação é composta por basaltos e diabásios de granulação fina a média

(Figura 4.8), que, dentre outros minerais, possuem magnetita em sua composição (Fodor et al.,

1990; Baksi and Archibald, 1997; Lima, 2014). No Domínio SdL, as rochas sedimentares são, em

geral, conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos, que, de maneira geral, apresentam

magnetização incipiente. Segundo os dados de campo, a susceptibilidade magnética média das

rochas ígneas da Formação Sardinha é de 25,28 x 10-3 SI e dos arenitos de 0,6 x 10-3 SI (Figura

4.7B). Como no parágrafo anterior, com base na existência de expressivos contrates de

susceptibilidade magnética entre os corpos ígneos e suas encaixantes, que geram anomalias

magnéticas de alta amplitude do CMA e do Sinal Analítico (Figuras 4.1 e 4.2), associamos o

Domínio Magnético SdL ao Magmatismo Sardinha. As seções sísmicas indicam que quanto mais

rasos e em maior quantidade são as soleiras e diques, geralmente intrusivos nos grupos Serra

Grande, Canindé e Balsas, maiores são as amplitudes das anomalias magnéticas (CMA e ASA)

(Figuras 4.5 e 4.6). Com isso, embora a porção aflorante da Formação Sardinha apresente-se em

áreas menores, espera-se que o Magmatismo Sardinha ocupe uma extensão em sub-superfície

bem maior na região leste da bacia (Domínio SdL) (Figura 5.2).

Localizado na região central da bacia, o Domínio Magnético SdC é caracterizado pela

exposição de rochas sedimentares carboníferas/triássicas do Grupo Balsas (arenitos e folhelhos

em geral), que normalmente exibem anomalias magnéticas de baixa amplitude. Nesse domínio, as

anomalias apresentam comprimentos de onda mais longos que as anomalias do Domínio SdL,

chegando a 15 km. Isso indica que as fontes magnéticas podem estar em maiores profundidades.

Além disso, no Domínio SdC os lineamentos magnéticos, tal como ocorre no SdL, exibem

orientação preferencial E-W (Figura 4.3). Possivelmente, o Domínio Magnético SdC pode ser

correlacionado a uma possível ocorrência mais distante e isolada do Magmatismo Sardinha, na

porção mais central da Bacia do Parnaíba (Figura 5.2).

Com base nas informações anteriores, identificamos diferenças no Magmatismo

Mesozoico da bacia. Com relação aos dados de campo, o Magmatismo Sardinha apresentou

susceptibilidade magnética média de 25,2 x 10-3 SI, o que é aproximadamente duas vezes maior

que o Magmatismo Mosquito, com valor médio de 11,46 x 10-3 SI (Figura 4.7B). Essa

informação é consistente com os resultados de Lima (2014), que mostra que os toleiítos da

Formação Sardinha, com relação à Formação Mosquito, apresentam maior conteúdo modal de

titano-magnetita, ilmenita e olivina. Estes minerais possuem altas susceptibilidades magnéticas

(Tabela 3.1). Porém, confrontando os domínios magnéticos MqO e MqS com o SdL e SdC,

observa-se que as amplitudes das anomalias magnéticas e do Sinal Analítico exibem maiores

valores para os domínios associados à Formação Mosquito, embora este último apresente menor

susceptibilidade magnética (Figura 4.7). Por outro lado, segundo as profundidades médias das

fontes magnéticas do CMI obtidas através do Matched Filter para os domínios magnéticos MqO

(660 m), MqS (680 m), SdL (710 m), e SdC (730 m), percebe-se que as fontes encontram-se, de

maneira geral, em uma faixa de profundidade similar, entre 650 e 750 m. Uma possível

explicação para isso seria considerar que o Magmatismo Mosquito tem uma ocorrência mais

espessa e densa na Borda Oeste e Sul que o Magmatismo Sardinha na Borda Leste da bacia.

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 41

Figura 5.1 - Mapa da amplitude do sinal analítico (ASA) do campo magnético intermediário

(CMI), com a localização das suítes intrusivas proterozoicas no Cráton São Luís e das formações

Mosquito e Sardinha na Bacia do Parnaíba. Zonas de cisalhamento Brasilianas: AR - Araguaia;

PA - Patos; PE - Pernambuco; SP - Senador Pompeu; TB - Transbrasiliano; TG – Tentugal.

Áreas com contorno azul são os domínios magnéticos (Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul -

MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU). BSF: Bacia

Sanfranciscana.

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 42

Figura 5.2 - Mapa geofísico/geológico, exibindo afloramentos das formações Mosquito e

Sardinha e a distribuição espacial das anomalias magnéticas associadas ao Magmatismo

Mesozoico da Bacia do Parnaíba.

5.3. Controle estrutural

Durante o Jurássico-Neocomiano (Figura 5.3), os eventos precursores à desagregação do

supercontinente Pangeia propiciaram o abatimento da região central da Bacia do Parnaíba, com a

formação de um sistema de riftes interiores, preenchidos pela sedimentação das formações Pastos

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 43

Bons e Corda, associados às rochas básicas das formações Mosquito e Sardinha (Góes, 1995). A

implantação destes riftes ocorreu, principalmente, sobre área da Estrutura de Xambioá, que de

alto interno passou a comportar-se como eixo deposicional desta nova sedimentação (Góes,

1995). Este estiramento foi gerado por uma distensão NE-SW (Costa et al., l99l; Hasui e Haralyi,

l99l), que gerou riftes de direções ENE-WSW e NNE-SSW, afetados pelos magmatismos

Mosquito e Sardinha.

Figura 5.3 - Mapa paleotectônico da Bacia do Parnaíba durante o Jurássico–Neocomiano

(adaptado de Góes, 1995).

No Domínio MqO, os lineamentos magnéticos exibem um trend encurvado com direções

que vão de ENE-WSW e E-W, na porção centro-oeste, para NE-SW, na porção leste, similares

aos eixos das direções dos riftes mesozoicos (Figuras 5.1 e 5.3). Assim, as direções dos

lineamentos magnéticos tendem a confirmar a ideia postulada por Góes (1995), indicando que o

sistema de riftes exerceram controle estrutural no Magmatismo Mosquito na borda oeste da bacia,

que podem estar embutidos e orientados por grábens alinhados sobre a antiga área do Arco de

Xambioá, que, segundo Góes (1995), funcionou com eixo deposicional.

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 44

Relacionados à Zona de Cisalhamento Transbrasiliano, observam-se trends secundários

de direção ENE-WSW, acompanhando os lineamentos de Senador Pompeu no sul da bacia, e

trends E-W na borda oeste (Figura 5.1). Similar à orientação desses trends estruturais, o Domínio

MqS, associado ao Magmatismo Mosquito na porção sul, e os domínios SdC e SdL, associados

ao Magmatismo Sardinha, apresentam lineamentos de direção ENE-WSW e E-W,

respectivamente (Figura 5.1). Assim, embora o principal controle sobre o Magmatismo

Mesozoico na Bacia do Parnaíba seja campos de esforços distensivos NE-SW (Costa et al., 1991;

Hasui e Haralyi, l99l), sistemas de falhas associadas ao Lineamento Transbrasiliano, como os

trends E-W e o Lineamento Senador Pompeu, também parecem ter exercido importante controle

estrutural, condicionando a distribuição das suítes magmáticas Mosquito, na borda sul, e

Sardinha, na porção leste da bacia, como é evidenciado na seção sísmica L507 (Figura 4.6).

Além disso, no período entre o fim da Colagem Brasiliana Neoproterozoico-Eopaleozoica

e o início da deposição sag no Siluriano, pelo menos dois sistemas de riftes compõem o

arcabouço estrutural da Bacia do Parnaíba (De Castro et al., 2014, 2016). O sistema rifte mais

expressivo no substrato da bacia é registrado por um conjunto de grábens Cambriano-

Ordovicianos, que afloram parcialmente na borda da bacia e estendem-se sob a Bacia do

Parnaíba, identificados em poços exploratórios e seções sísmicas (Brito Neves et al., 1984; Góes

et al., 1990; De Castro et al., 2016) e por interpretações de dados gravimétricos terrestre e

aeromagnéticos (Nunes, 1993).

De Castro et al. (2014) mapearam amplos baixos magnéticos e pseudo-gravimétricos

localizados nas regiões dos domínios MqO, MqS e SdL. Essas anomalias foram associadas à

possíveis grábens Cambrianos de orientação E-W, nas regiões dos Domínios MqO e SdL, e NE-

SW, na região do MqS (Figura 2.1). Essas estruturas grabenformes foram resultantes da quebra

continental durante a transição do Neoproterozoico para o Eofanerozoico, que separou Laurentia

e Báltica do Gondwana Oeste (De Castro et al., 2014). Assim, pode-se propor, adicionalmente,

que o Magmatismo Mesozoico pode ter utilizado zonas de fraqueza do embasamento

estabelecidas anteriormente, quando da geração desses grábens, para alojar-se no pacote

sedimentar da bacia (Figura 4.6).

Muitos aspectos sobre a gênese e consequências das Províncias Ígneas Gigantes (Figura

2.5A) são ainda pouco entendidos, principalmente a relação entre vulcanismo e rifteamento

continental ou desenvolvimento de hotspots (Merle et al., 2011). O magmatismo da CAMP

(Figura 2.5C) pode ter sido induzido pelo impacto da ascensão de uma pluma mantélica sob a

litosfera continental (Ernst e Buchan, 2002; Cebria et al., 2003) ou por mecanismo de convecção

em pequena escala (edge-driven convection - EDC), que é gerado devido a uma instabilidade

entre uma litosfera estável e espessa e uma litosfera fina (King e Anderson, 1998; De Min et al.,

2003). Merle et al. (2011) propõem que o calor fornecido para o magmatismo da Formação

Mosquito é atribuído a dois mecanismos: 1) a convecção em pequena escala (EDC), desenvolvida

na raiz da borda cratônica devido a fortes contrates lateral de densidade, viscosidade e

temperatura entre o manto litosférico frio e a astenosfera mais quente (King e Anderson, 1998;

King e Ritsema, 2000); e 2) aquecimento do manto em larga escala (mantle global warming;

Coltice et al., 2007; 2009) sob o supercontinente Pangeia. Devido a presença do Cráton

Amazônico (Figuras 2.1 e 2.2), é provável que a EDC tenha desenvolvido-se no contexto

geológico da Bacia do Parnaíba (Merle et al., 2011).

Rämö et al (2016) sugerem para a causa do magmatismo da PEMP (Figura 2.5B),

província ígnea continental associada Formação Sardinha, o modelo de aquecimento do manto

superior em larga escala causado pelo efeito isolante dos supercontinentes. Esse modelo tem sido

aplicado também para a quebra do Gondwana e para formação da CAMP (Coltice et al., 2007).

Mocitaiba, L. da S.R. Discussões

Mocitaiba, L. da S.R. 45

Segundo Carlson (1991), uma condição básica para a formação de extensos derrames de basalto

continentais, como a PEMP, é a formação de áreas quentes (100-200°C mais quente do que seus

arredores) no manto que, via descompressão, produz volumes colossais de toleiítos continentais

por fusão parcial. E nesse modelo de aquecimento do manto em larga escala, reorganizações do

fluxo de convecção no manto durante a montagem de supercontinentes pode levar a temperaturas

que excedem os 100°C, que é necessário para causar fusão do manto sublitosférico em escala

continental (Rämö et al., 2016).

Mocitaiba, L. da S.R. Conclusões

Mocitaiba, L. da S.R. 46

6. CONCLUSÕES

A aplicação de técnicas de realce de anomalias magnéticas e de um método de

mapeamento semiautomático (SOM) em dados magnéticos de diversos levantamentos aéreos

executados na Bacia do Parnaíba possibilitou mapear rochas ígneas sub-aflorantes dos dois

principais eventos magmáticos mesozoicos (Mosquito e Sardinha). Os padrões magnéticos

associados às rochas magmáticas nos mapas geofísicos são anomalias de alta amplitude e curto

comprimento de onda. Com a utilização do método SOM foi possível aprimorar a delimitação

das anomalias geofísicas nos mapas magnéticos e propor um mapa interpretativo mais acurado.

Com isso, seguindo o padrão das anomalias magnéticas e o adensamento de soluções do SOM

diretamente relacionadas aos corpos magmáticos aflorantes, foi possível mapear os contatos

dessas rochas e de outros corpos recobertos pelo pacote sedimentar, e, assim, reconhecer que os

eventos magmáticos que afetaram a bacia se estendem em áreas maiores que as atualmente

reconhecidas.

Cinco domínios magnéticos foram definidos por concentrarem a assinatura magnética

padrão das rochas magmáticas na bacia. Os Domínios Magnéticos MqO e MqS foram

correlacionados à Formação Mosquito e ocupam vastas áreas nas porções oeste e sul da bacia. O

Domínio MqO tem dimensão de 360 km de comprimento por 330 km de largura e o Domínio

MqS tem 130 km de comprimento por 83 km de largura. Já os domínios magnéticos SdL e SdC

foram correlacionados à Formação Sardinha e apresentam maior extensão areal, ocupando as

porções centro-leste e nordeste da bacia. O Domínio SdL tem dimensão 600 km de comprimento

por 300 km de largura. Relações entre seções sísmicas, dados magnéticos e afloramentos da

Formação Sardinha demonstraram que as anomalias magnéticas (CMA e ASA) estão associadas

às soleiras e diques intrusivos, alojados geralmente nos grupos Serra Grande, Canindé e Balsas, e

são sensivelmente influenciados por rochas ígneas aflorantes ou subaflorantes.

O Magmatismo Sardinha apresentou susceptibilidade magnética média de 25,2 x 10-3 SI,

aproximadamente duas vezes superior aos valores medidos para as rochas do Magmatismo

Mosquito, com valor médio de 11,46 x 10-3 SI, demonstrando que a Suíte Magmática Sardinha

deve ter maior concentração de minerais ferrimagnéticos que a Suíte Magmática Mosquito. Tal

informação é consistente com estudos pretéritos. Porém, de acordo com as profundidades médias

das fontes causativas das anomalias magnéticas e as amplitudes anômalas do sinal analítico,

observamos que possivelmente o Magmatismo Mosquito deve ter uma ocorrência mais espessa e

densa que o Magmatismo Sardinha. Portanto, além de cartografar os eventos magmáticos, foi

possível identificar diferenças composicionais e distinções entre padrões magnéticos anômalos

correlacionados às rochas das formações Mosquito e Sardinha.

Baseado na direção dos lineamentos magnéticos, pôde-se analisar os controles estruturais

exercidos na distribuição do magmatismo na Bacia do Parnaíba. Com isso, observamos que riftes

de direção ENE-WSW e NNE-SSW parecem ter exercido forte controle estrutural no

Magmatismo Mesozoico, principalmente no Magmatismo Mosquito na borda oeste da bacia.

Aliado a isso, trends estruturais de direção E-W e do Lineamento de Senador Pompeu, associados

à Zona de Cisalhamento Transbrasiliano, parecem ter influenciado mais intensamente a

distribuição dos magmatismos Mosquito, na borda sul, e Sardinha, na borda leste.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 47

REFERÊNCIAS

Abreu, F.A.M. & Lesquer, A. 1985. Considerações sobre o pré-cambriano da região sul-sudoeste

do Cráton São Luís. In: Simpósio de Geologia da Amazônia, v. 2, p. 7-21.

Aguiar, G.A. 1971. Revisão geológica da bacia paleozoica do Maranhão. In: Congresso

Brasileiro de Geologia, 25., 1971, São Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de

Geologia. v. 3, p.113-122.

Almeida, F.F.M. 1986. Distribuição regional e relações tectônicas do magmatismo pós-

paleozoico no Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 16(4): 325-349.

Almeida, F.F.M. & Carneiro, C.D.R. 2004. Inundações marinhas Fanerozoicas no Brasil e

recursos minerais associados In: Mantesso Neto, V.; Bartorelli, A.; Carneiro, C.D.R.; Brito

Neves, B.B. (eds.) Geologia do continente sul-americano: evolução da obra de Fernando Flávio

Marques de Almeida, p.43-48.

Angelim, L.D.A., Vasconcelos, A.M., Gomes, J.R.C., Wanderley, A.A., Forgiarini, L.L.,

Medeiros, M.D.F. 2004. Folha SB-24-Jaguaribe. In: Schobbenhaus, C., Gonlçaives, J.H., Santos,

J.O.S, Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos, G.M.M, Vidotti, R.M. e Ramo,M.A.B., Jesus,

J.D.A.de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas

– SIG, Programa Geologia do Brasil. CPRM, Brasília. CD-ROM.

Bahia, R.B.C., Faraco, M.T.L., Monteiro, M.A.S., Oliveira, M.A.O. 2004. Folha SA.22-Belém.

In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos,

G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A de. (eds.). Carta Geológica do Brasil ao

Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil. CPRM,

Brasília. CD-ROM.

Baksi, A.K., Archibald, D.A. 1997. Mesozoic igneous activity in the Maranhão province,

northern Brazil: 40Ar/39Ar evidence for separate episodes of basaltic magmatism. Earth and

planetary science letters, 151(3):139-153.

Bezerra, P.E.L. 1996. Neotectônica e morfogênese da Região de Carolina (MA, TO), Bacia do

Parnaíba. MS Dissertation, Universidade Federal do Pará, Belém.

Brito Neves, B.B., Fuck, R.A., Cordani, U.G. 1984. Influence of basement structures on the

evolution of the major sedimentary basins of Brazil: a case of tectonic heritage. Journal of

Geodynamics, 1(3-5):495-510.

Brito Neves, B.B. & Fuck, R.A. 2014. The basement of the South American platform: Half

Laurentian (N-NW) + half Gondwanan (E-SE) domains. Precambrian Research, 244:75-86.

Bryan, S.E., Riley, T.R., Jerram, D.A., Leat, P.T., Stephens, C.J. 2002. Silicic volcanism: an

undervalued component of large igneous provinces and volcanic rifted margins. In: Menzies,

M.A., Klemperer, S.L., Ebinger, C.J., Baker, J. (eds) Magmatic Rifted Margins, Geological

Society of America Special Paper, p.99-120.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 48

Caputo, M.V. 1984. Stratigraphy, tectonics, paleoclimatology and paleogeography of Northern

Basins of Brazil. PhD Thesis, University of California, Santa Barbara.

Carlson, R.W. 1991. Physical and chemical evidence on the cause and source characteristics of

flood basalt volcanism. Australian Journal of Earth Sciences. 38:525-544.

Carneiro, C.D.C., Fraser, S.J., Crósta, A.P., Silva, A.M., Barros, C.E.D.M. 2012. Semiautomated

geologic mapping using self-organizing maps and airborne geophysics in the Brazilian Amazon.

Geophysics, 77(4):17-24.

Castelo Branco, R.M.G. & Coimbra, A.M. 1984. Contribuição ao conhecimento tecto-magmático

da borda sul da Bacia do Parnaíba. In: SBG, 33° Congresso Brasileiro de Geologia, Rio de

Janeiro, v.2, p. 84.

Cavalcante, A.S.A. 2006. Evolução termocronológica do sistema de falhas Senador Pompeu –

CE. MS Dissertation, UFRN, Natal.

Cebria, J.M., Lopez-Ruiz, J., Doblas, M., Martins, L.T., Munha, J. 2003. Geochemistry of the

Early Jurassic Messejana–Plasencia dyke (Portugal–Spain); implications on the origin of the

Central Atlantic Magmatic Province. Journal of Petrology.44:547–568.

Chamani, M.A.C. 2015. Tectônica sinsedimentar no Siluro-Devoniano da Bacia do Parnaíba,

Brasil: o papel de grandes estruturas do embasamento na origem e evolução de bacias

intracratônicas. PhD Thesis, Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, São Paulo.

Cheesman, S., MacLeod, I., Hollyer, G. 1998. A new, rapid, automated grid stitching algorithm.

Exploration Geophysics, 29(3/4):301-305.

Coimbra, A.M. 1983. Estudo sedimentológico e geoquímico do permo-triássico da Bacia do

Maranhão. PhD Thesis, Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, São Paulo.

Coltice, N., Phillips, B.R., Bertrand, H., Ricard, Y., Rey, P. 2007. Global warming of the mantle

at the origin of flood basalts over supercontinents. Geology, 35:391–394.

Coltice, N., Bertrand, H., Rey, P., Jourdan, F., Philipps, B.R., Ricard, Y. 2009. Global warming

of the mantle beneath continents back to the Archean. Gondwana Research,15:254–266.

Cordani, U.G., Brito Neves, B.B., Fuck, R.A., Porto, R., Thomaz Filho, A., Cunha, F.M.B. 1984.

Estudo preliminar de integração do Pré-Cambriano com os eventos tectônicos das bacias

sedimentares Brasileiras, v.15, Petrobrás, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A.

Miguez de Mello, Setor de Informação Técnica e Propriedade Industrial.

Cordani, U.G., Brito Neves, B.B., Thomaz Filho, A. 2009. Estudo preliminar de integração do

Pré-Cambriano com os eventos tectônicos das bacias sedimentares brasileiras (Atualização).

Boletim de Geociências da Petrobras, 17:205-219.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 49

Cordell, L., Phillips, J.D., Godson, R.H. 1992. US Geological Survey Potential-Field geophysical

software, Version 2.0. USGS, Open-File Report, 92-18.

Costa, J.B.S., Borges, M.S., Igreja, H.L.S., Hasui, Y. 1991. Borda sul da Bacia do Parnaíba e sua

relação com o arcabouço pré-cambriano. In: SBG, 3° Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos,

São Paulo, p. 93-95.

Cox, K. 1988. The Karoo province. In: Macdougall, J.D. (Ed.), Continental Flood Basalts.

Petrology and Structural Geology, 239-271.

Cunha, F.M.B. 1986. Evolução Paleozoica da Bacia do Parnaíba e seu Arcabouço Tectônico.

MS Dissertation, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

De Castro, D.L., Fuck, R.A., Phillips, J.D., Vidotti, R. M., Bezerra, F. H., Dantas, E.L. 2014.

Crustal structure beneath the Paleozoic Parnaíba Basin revealed by airborne gravity and magnetic

data, Brazil. Tectonophysics, 614:128-145.

De Castro, D.L., Bezerra, F.H., Fuck, R.A., Vidotti, R.M. 2016. Geophysical evidence of pre-sag

rifting and post-rifting fault reactivation in the Parnaíba basin, Brazil. Solid Earth, 7(2): 529-548.

Deckart, K., Féraud, G., Bertrand, H. 1997. Age of Jurassic continental tholeiites of French

Guyana, Surinam and Guinea: implications for the initial opening of the Central Atlantic Ocean.

Earth and Planetary Science Letters, 150(3): 205-220.

De Min, A., Piccirillo, E.M., Marzoli, A., Bellieni, G., Renne, P.R., Ernesto, M., Marques, L.

2003. The Central Atlantic Magmatic Province (CAMP) in Brazil: Petrology, Geochemistry, 40Ar/39Ar ages, paleomagnetism and geodynamic implications. In: Hames, W.E., McHone, J.G.,

Renne, P.R., Ruppel, C. (Eds.), The Central Atlantic Magmatic Province: Insights from

Fragments of Pangea: AGU Geophysical Monographs, vol. 136, p. 209–226.

Della Fávera, J.C. 1990. Tempestitos da Bacia do Parnaíba: um ensaio holístico. PhD Thesis,

Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, p. 243.

Della Fávera, J.C. 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Ed. Univ. do Estado do Rio de

Janeiro, p. 121-192.

De Oliveira, D.C. & Mohriak, W.U. 2003. Jaibaras trough: an important element in the early

tectonic evolution of the Parnaíba interior sag basin, Northern Brazil. Marine and Petroleum

geology, 20(3): 351-383.

Ernst, R.E. & Buchan, K.L. 2002. Maximum size and distribution in time and space of mantle

plumes: evidence from large igneous provinces. Journal of Geodynamics, 31:309–342.

Faraco, M.T.L., Marinho, P.A.C., Vale, A.G., Costa, E.J.S., Maia, R.G.N., Ferreira, A.L.,

Valente, C.R., Lacerda Filho, J.V., Moreton, L.C., Camargo, M.A., Vasconcelos, A.M., Oliveira,

M., Oliveira, I.W.B., Abreu Filho, W.A., Gomes, I.P. 2004a. Folha SB.22-Araguaia. In:

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 50

Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos, G.M.M.,

Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A.de. (eds.). Carta Geológica do Brasil ao

Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil. CPRM,

Brasília. CD-ROM.

Faraco, M.T.L., Marinho, P.A.C., Vale, A.G., Costa, J.S., Ferreira, A.L., Valente, C.R., Lacerda

Filho, J.V., Moreton, L.C., Camargo, L.C., Camargo, M.A., Frasca, A.A., Ribeiro, P.S.E.,

Vasconcelos, A.M., Oliveira, M., Oliveira, I.W.B., Abreu Filho, W., Gomes, I.P. 2004b. Folha

SC.22-Tocantins. In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão

Neto, R. Matos, G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A. de. (eds.). Carta

Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia

do Brasil. CPRM, Brasília. CD-Rom.

Faria, H.P.A. 2015. Caracterização de domínios tectono-geofísicos na Bacia dos Parecis com

base em dados de métodos potenciais. MS Dissertation, Universidade de Brasília, Distrito

Federal, 162 p.

Fodor, R.V., Sial, A.N., Mukasa, S.B., McKee, E.H. 1990. Petrology, isotope characteristics, and

K-Ar ages of the Maranhão, northern Brazil, Mesozoic basalt province. Contributions to

Mineralogy and Petrology, 104(5):555-567.

Frank, H.T., Gomes, M.E.B., Formoso, M.L.L. 2009. Review of the areal extent and the volume

of the Serra Geral Formation, Paraná Basin, South America. Pesquisa em Geociências, 36:49- 57.

Fraser, S.J. & Dickson, B.L. 2007. A new method for data integration and integrated data

interpretation: self-organizing maps. Proceedings of exploration, 7:907-910.

Ganade de Araujo, C.E., Weinberg, R.F., Cordani, U.G. 2014. Extruding the Borborema Province

(NE‐Brazil): a two‐stage Neoproterozoic collision process. Terra Nova, 26(2):157-168.

Geosoft. 2010. Montaj GridKnit. Grid stitching extension for Oasis Montaj V7.1. Tutorial and

users guide. Toronto: Geosoft Incorporation.

Geosoft. 2013. Applying standard filters. Applying filter with montaj Geophysics. Geosoft

Corporation.

Gibson, S.A., Thompson, R.N., Day, J.A., Humphris, S.E., Dickin, A.P. 2005. Melt-generation

processes associated with the Tristan mantle plume: constraints on the origin of EM1. Earth

Planetary Scince Letters, 237(3):744-767.

Góes, A.D.O., Souza, J.D., Teixeira, L.B. 1990. Estágio exploratório e perspectivas petrolíferas

da Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 4(1).

Góes, A.M.O., Travassos, W.A., Nunes, K.C. 1992. Projeto Parnaíba – Reavaliação da bacia e

perspectivas exploratórias. Petrobrás (relatório interno), Belém.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 51

Góes, A.D.O. & Feijó, F.J. 1994. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 8(1):

57-67.

Góes, A.M. 1995. Formação Poti (Carbonífero inferior) da Bacia do Parnaíba. PhD Thesis,

Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Guerreiro, S.D.C. 1983. Paleomagnetismo de rochas vulcânicas do nordeste do Brasil e a época

de abertura do oceano Atlântico Sul. PhD Thesis, Universidade Federal do Pará, Belém.

Hasui, Y., Abreu, F.A.M., Villas, R.N.N. 1984. Província Parnaíba. O Pré-Cambriano no Brasil,

36-45.

Hasui, Y. & Haralyi, N.L.E. 1991. Aspectos lito-estruturais e geofísicos do soerguimento do Alto

Paranaíba. Geociências, 10:57-77

Hunt, C. P., Moskowitz, B. M., Banerjee, S. K. 1995. Magnetic properties of rocks and minerals.

Rock physics and phase relations: a handbook of physical constants, p. 189-204.

Isles, D.J. & Rankin, L.R. 2013. Geological Interpretation of Aeromagnetic Data. Australia. The

Australian Society of Exploration Geophysicists. 657 p.

Jourdan, F., Marzoli, A., Bertrand, H., Cirilli, S., Tanner, L.H., Kontak, D.J., McHone, G.,

Renne, P.R., Bellieni, G. 2009. 40Ar/39Ar ages of CAMP in North America: implications for the

Triassic–Jurassic boundary and the 40K decay constant bias. Lithos, 110(1):167–180.

Kearey, P., Brooks, M., Hill, I. 2013. An introduction to geophysical exploration. John Wiley &

Sons.

King, S.D. & Anderson, D.L. 1998. Edge-driven convection. Earth and Planetary Sciences

Letters, 160(3):289–296.

King, S.D. & Ritsema, J. 2000. African hot spot volcanism: small-scale convection in the upper

mantle beneath cratons. Science, 290(5494):1137–1139.

Klein, E.L., Moura, C.A., Krymsky, R.S., Griffin, W.L. 2005. The Gurupi belt, northern Brazil:

lithostratigraphy, geochronology, and geodynamic evolution. Precambrian Research, 141(3):83-

105.

Klein, E.L., Angélica, R.S., Harris, C., Jourdan, F., Babinski, M. 2013. Mafic dykes intrusive into

Pre-Cambrian rocks of the São Luís cratonic fragment and Gurupi Belt (Parnaíba Province),

north–northeastern Brazil: Geochemistry, Sr–Nd–Pb–O isotopes, 40Ar/39Ar geochronology, and

relationships to CAMP magmatism. Lithos, 172:222-242.

Kohonen T. 2001. Self-organizing maps, 3rd ed. Berlin: Springer-Verlag. 501 p.

Kosin, M., Angelim, L.A.A., Souza, J.D., Guimarães, J.T., Teixeira, L.R., Martins, A.A.M.,

Bento, R.V., Santos, R.A., Vasconcelos, A.M., Neves, J.P., Wanderley, A.A., Carvalho, L.M.,

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 52

Pereira, L.H.M., Gomes, I.P. 2004. Folha Aracaju SC.24. In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H.,

Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos, G.M.M., Vidotti, R.M. Ramos, M.A.B.,

Jesus, J.D.A.de. (eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações

Geográficas Programa Geologia do Brasil, CPRM, Brasília. CD-Rom.

Lima, N.M. 2014. Caracterização petroquímica das rochas ígneas de um poço exploratório na

Bacia do Parnaíba. MS Dissertation, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro.

Martins, L.T., Madeira, J., Youbi, N., Munhá, J., Mata, J., Kerrich, R. 2008. Rift-related

magmatism of the Central Atlantic magmatic province in Algarve, Southern Portugal. Lithos,

101(1):102-124.

Marzoli, A., Renne, P.R., Piccirillo, E.M., Ernesto, M., Bellieni, G., De Min, A. 1999. Extensive

200-million-year-old continental flood basalts of the Central Atlantic Magmatic Province.

Science, 284(5414):616-618.

Marzoli, A., Bertrand, H., Knight, K.B., Cirilli, S., Buratti, N., Vérati, C., ..., Allenbach, K. 2004.

Synchrony of the Central Atlantic magmatic province and the Triassic-Jurassic boundary climatic

and biotic crisis. Geology, 32(11):973-976.

Marzoli, A., Jourdan, F., Puffer, J.H., Cuppone, T., Tanner, L.H., Weems, R.E., ..., De Min, A.

2011. Timing and duration of the Central Atlantic magmatic province in the Newark and

Culpeper basins, eastern USA. Lithos, 122(3):175-188.

Merle, R., Marzoli, A., Bertrand, H., Reisberg, L., Verati, C., Zimmermann, C., Chiaradia, G.,

Bellieni, M., Ernesto M. 2011. 40Ar/39Ar ages and Sr–Nd–Pb–Os geochemistry of CAMP

tholeiites from Western Maranhão basin (NE Brazil). Lithos, 122(3):137-151.

Milani, E.J. & Zalán, P.V. 1999. An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America. Episodes, 22:199-205.

Milani, E.J. & Thomaz Filho, A. 2000. Sedimentary basins of South America. Tectonic Evolution

of South America, 31;389-452.

Nabighian M.N. 1984. Toward a three-dimensional automatic interpretation of potential field

data via generalized Hilbert Transform: fundamental relations. Geophysics, 49(6):780-786.

Nomade, S., Knight, K.B., Beutel, E., Renne, P.R., Verati, C., Féraud, G., Marzoli, A., Youbi, N.,

Bertrand, H. 2007. Chronology of the Central Atlantic Magmatic Province: implications for the

Central Atlantic rifting processes and the Triassic–Jurassic biotic crisis. Palaeogeography,

Palaeoclimatology, Palaeoecology, 244(1):326–344.

Nunes, K.C. 1993. Interpretação integrada da Bacia do Parnaíba com ênfase nos dados

aeromagnéticos. In: SBGF, 3° International Congress of the Brazilian Geophysical Society, Rio

de Janeiro, p. 152-157.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 53

O'Connor, J.M. & Jokat, W. 2015. Tracking the Tristan-Gough mantle plume using discrete

chains of intraplate volcanic centers buried in the Walvis Ridge. Geology, 48(8):715-718.

Parro, P.S. 1998. Magnetometria e gamaespectometria aerotransportada nainterpretação

geológico-estrutural da região dos rios Juruena e Teles Pires, MT. MS Dissertation,

Universidade de Brasília, Distrito Federal, 105 p.

Peate, D.W., Hawkesworth, C.J., Mantovani, M.S.M., Shukovsky, W. 1990. Mantle plumes and

flood basalt stratigraphy in the Paraná, South America. Geology, 18(12):1223-1226.

Peate, D.W. 1997. The Paraná-Etendeka province. In: Mahoney, M., Coffin, M. (Eds.), Large

Igneous Provinces: Continental, Oceanic, and Planetary Flood Volcanicm, v. 100. American

Geophysical Union, Geophysical Monograph, p. 217-245.

Pedrosa Jr N.C., Castro, D.L.D., Matos, J.P.L.D. 2010. Assinaturas magnéticas e gravimétricas

do arcabouço estrutural da bacia Potiguar emersa, NE do Brasil. Revista Brasileira de Geofísica,

28(2):265-278.

Phillips, J.D. 2001. Designing matched band pass and azimuthal filters for the separation of

potential- field anomalies by source region and source type. In: 15° Australian Society of

Exploration Geophysicist, 4, Geophysical Conference and Exhibition.

Rämö, O. T., Heikkilä, P. A., Pulkkinen, A. H. 2016. Geochemistry of Paraná-Etendeka basalts

from Misiones, Argentina: Some new insights into the petrogenesis of high-Ti continental flood

basalts. Journal of South American Earth Sciences, 67:25-39.

Reynolds J.M. 1997. An introduction to applied and environmental geophysics. England. John

Willey & Sons. 796 p.

Roest W.R, Verhoef J., Pilkington M. 1992. Magnetic interpretation using the 3-D analytic

signal. Geophysics, 57(1): 116-125.

Santos, M.E.C.M. & Carvalho, M.S.S. 2009. Paleontologia das bacias do Parnaíba, Grajaú e

São Luıs. CPRM-Serviço Geológico do Brasil.

Schobbenhaus, C., Ribeiro, C.L., Oliva, L.A., Takanohashi, J.T., Lindenmayer, Z.G.,

Vasconcelos, J.B., Orlandi, V. 1975. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo Brasília - Folha

Goiás (SD-22). Brasilía/ DNPM.

Sebai, A., Feraud, G., Bertrand, H., Hanes, J. 1991. 40Ar/39Ar dating and geochemistry of

tholeiitic magmatism related to the early opening of the Central Atlantic rift. Earth and Planetary

Science Letters, 104(2):455-472.

Silva, A.D., Lopes, R.D.C., Vasconcelos, A.M., Bahia, R.B.C., 2003. Bacias sedimentares

paleozoicas e meso-cenozoicas interiores. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil

(texto, mapas e SIG). Brasília, Serviço Geológico do Brasil–CPRM/MME: 55-85.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 54

Silveira, F.V. 2006. Magmatismo cenozóico da porção central do Rio Grande do Norte, NE do

Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de Federal do Rio Grande do Norte.

Souza, N.G.A., Neto, J.A.S., Waichel, B.L., Filho, M.F.D., Santos, V.H. 2015. Influência térmica

das rochas vulcânicas mesozoicas sobre rochas sedimentares paleozoicas geradoras de

hidrocarbonetos na Bacia Sedimentar do Parnaíba. In: 5° Simpósio de Vulcanismo e Ambientes

Associados, 92. São Paulo.

Telford, W.M., Geldart, L.P., Sheriff, R.E. 1990. Applied Geophysics (2a ed). Cambridge:

Cambridge University Press.

Thomaz Filho, A.T., Mizuzaki, A.M.P., Milani, E.J., Cesero, P.D. 2008. Rifting and magmatism

associated with the South America and Africa break up. Brazilian Journal of Geology, 30(1):

017-019.

Vascocellos, R.M., Metelo, M.J., Motta, A.C.M., Gomes R.D. 1994. Geofísica em levantamentos

geológicos no Brasil. Rio de Janeiro, CPRM, p. 165.

Vasconcelos, A.M., Kosin, M., Souza, J.D. de, Valente, C.R., Neves, J.P., Heineck, C.A.,

Lacerda Filho, J.V., Teixeira, L.R., Borges, V.P., Bento, R.V., Guimarães, J.T., Neves, J.P.,

Oliveira, I.W.B., Gomes, I.P., Malouf, R.F., Carvalho, L.M. de, Abreu Filho, W. 2004a. Folha

SC.23 - Rio São Francisco. In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B.,

Leão Neto, R., Matos, G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A.de. (eds.), Carta

Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia

do Brasil, CPRM, Brasília. CD-ROM.

Vasconcelos, A. M., Kosin, M., Ribeiro J. A. P., Colares, J. Q. S., Gomes, I. P., Forgiarini, L. L.,

Medeiros, M. F., Souza, J. D., de Valente, C. R., Neves, J. P., Heineck, C. A., Lacerda Filho, J.

V., Teixeira, L. R., Borges, V. P., Bento, R. V., Guimarães, J. T., Oliveira, I. W. B., Gomes, I. P.,

Malouf, R. F., Carvalho, L. M., de Abreu Filho, W. 2004b. Folha SB.23 – Teresina. In:

Schobbenhaus, C., Gonçalves, J. H., Santos, J. D. S., Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M.

M., Vidotti, R. M., Ramos, M. A. B., Jesus, J. D. A de (eds.) Carta Geológica do Brasil ao

Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa de Geologia do Brasil. CPRM.

Brasília, CD-ROM.

Vasconcelos, A.M., Torres, P.F.M., Forgiarini, L. L., Medeiros, M. de F. 2004c. Folha SA.24-

Fortaleza. In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão Neto, R.,

Matos, G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A. de. (eds.). Carta Geológica do

Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil.

CPRM, Brasília. CD-ROM.

Vasconcelos, A.M., Veiga Júnior, J., Colares, J.Q.S., Ribeiro, J.A.P., Gomes, I.P., Medeiros,

M.F. 2004d. Folha SA.23-São Luís. In: Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S.,

Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos, G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, M.A.B., Jesus, J.D.A de.

(eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas.

Programa Geologia do Brasil. CPRM, Brasília. CD-ROM.

Mocitaiba, L. da S.R. Referências

Mocitaiba, L. da S.R. 55

Vaz, P.T., Rezende, N.G.A.M., Wanderley Filho, J.R., Travassos, W.A.S. 2007. Bacia do

Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15(2):253-263.

Verati, C., Rapaille, C., Féraud, G., Marzoli, A., Bertrand, H., Youbi, N. 2007. 40Ar/39Ar ages

and duration of the Central Atlantic Magmatic Province volcanism in Morocco and Portugal and

its relation to the Triassic–Jurassic boundary. Palaeogeography, Palaeoclimatology,

Palaeoecology, 244(1):308–325.

Whalen, L., Gazel, E., Vidito, C., Puffer, J., Bizimis, M., Henika, W., Caddick, M.J. 2015.

Supercontinental inheritance and its influence on supercontinental breakup: The Central Atlantic

Magmatic Province and the breakup of Pangea. Geochemistry, Geophysics, Geosystems,

16(10):3532-3554.

Zembruscki, S.G. & Campos, J.D.P. 1988. Comportamento Geotérmico Regional e Provável

Movimentação de Fluidos na Bacia do Parnaíba, Maranhão. Boletim de Geociência da Petrobrás,

2(2/4):133-145.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 56

ANEXO A – Artigo Científico submetido à Revista Geologia USP, Série Científica em 07 de

julho de 2016

CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO MESOZOICO NA

BACIA DO PARNAÍBA

REGIONAL GEOPHYSICAL MAPPING OF THE MESOZOIC MAGMATISM IN THE

PARNAÍBA BASIN

CARTOGRAFIA DO MAGMATISMO NA BACIA DO PARNAÍBA

Leonardo da Silva Ribeiro Mocitaiba1 ([email protected])

David Lopes de Castro1 ([email protected])

Diógenes Custódio de Oliveira2 ([email protected])

1Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Departamento de Geologia,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Campus Universitário, s/n, Caixa Postal 1596

CEP: 59072-970 Natal, RN, Brasil. Tel.: (84) 3342-2277 R.: 220. 2Petrobras/E&P-RNCE.

Autor para correspondência – David Lopes de Castro

Número de palavras: 10713

Número de figuras: 13

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 57

CARTOGRAFIA GEOFÍSICA REGIONAL DO MAGMATISMO MESOZOICO NA

BACIA DO PARNAÍBA

REGIONAL GEOPHYSICAL MAPPING OF THE MESOZOIC MAGMATISM IN THE

PARNAÍBA BASIN

CARTOGRAFIA DO MAGMATISMO NA BACIA DO PARNAÍBA

RESUMO: Um vasto conjunto de dados magnéticos aerolevantados foi processado e

interpretado com o objetivo de cartografar a distribuição da atividade ígnea na Bacia do Parnaíba.

Os mapas geofísicos resultantes indicam que o Magmatismo Mosquito, de idade Eojurássica, tem

proeminente ocorrência nas bordas oeste e sul da bacia, enquanto que o Magmatismo Sardinha,

de idade Eocretácea, está concentrado nas porções centro-leste e nordeste. Dados de

susceptibilidade magnética das rochas magmáticas permitiram individualizar os dois principais

eventos magmáticos mesozoicos, constatando que a Formação Sardinha exibe susceptibilidade

magnética média aproximadamente duas vezes maior que a Formação Mosquito, revelando uma

diferenciação composicional destes dois eventos magmáticos. Análise comparativa entre seções

sísmicas, dados magnéticos e geológicos de superfície revela que a ocorrência das rochas

magmáticas é muito mais extensa em sub-superfície e que soleiras e diques ocorrem

principalmente intercalados entre as sequências tectono-sedimentares paleozoicas. Por fim, as

direções dos lineamentos magnéticos revelaram a possível ocorrência de feições riftes de direções

ENE-WSW e NNE-SSW, associados à desagregação do Gondwana Oeste, e trends estruturais E-

W e NE-SW, associados a zonas de cisalhamento brasilianas, exerceram controle estrutural sobre

o magmatismo mesozoico da Bacia do Parnaíba.

Palavra-chave: Dados magnéticos; Seções sísmicas; Susceptibilidade magnética; Formações

Mosquito e Sardinha; Bacia do Parnaíba.

ABSTRACT: A wide range of aero magnetic data was processed and interpreted in order to map

the distribution of igneous activity in the Parnaíba Basin. The final geophysical maps indicate

that Early Jurassic Mosquito Magmatism has prominent occurrence at the western and southern

edges of the basin, while the Early Cretaceous Sardinha Magmatism is concentrated at the east-

central and northeastern portions. Magnetic susceptibility data of magmatic rocks allowed to

individualize the two main Mesozoic magmatic events, noting that Sardinha Formation displays

average magnetic susceptibility approximately twice higher than the Mosquito Formation,

revealing a compositional differentiation of these two magmatic events. Comparative analysis

between seismic sections, magnetic data and surface geology shows that the occurrence of

magmatic rocks is much more extensive in the subsurface and sills and dykes occur mainly

intercalated between the Paleozoic tectonic-sedimentary sequences. Finally, the directions of the

magnetic lineaments revealed the possible occurrence of ENE-WSW and NNE-SSW oriented

rifts, associated with the break-up of West Gondwana, and structural trends E-W and NE-SW,

associated with Braziliana shear zones, exercised control structural about Mesozoic magmatism

of the Parnaíba Basin.

Keywords: Magnetic data; Seismic secion; Magnetic susceptibility; Mosquito and Sardinha

Formations; Parnaíba Basin.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 58

INTRODUÇÃO

A Bacia do Parnaíba é uma das vastas bacias paleozoicas da Plataforma Sul-americana,

que contém registros da sua evolução tectônica desde a formação do Gondwana Oeste, no final

do Ciclo Brasiliano (670-540 Ma), até a separação continental entre América do Sul e África, no

Cretáceo Inferior. Durante o Eojurássico até o Cretáceo Inferior dois episódios de intensa

atividade ígnea básica se instalaram no interior e sobre os estratos sedimentares preexistentes

(Cordani et al., 1984), formando principalmente corpos intrusivos (soleiras e diques), desde o

Eojurássico até o Cretáceo Inferior (Cordani et al., 1984). Visto que tais registros magmáticos são

importantes indicadores dos regimes tectônicos atuantes na formação de uma bacia sedimentar, o

mapeamento destes corpos magmáticos fornece subsídios bastante consistentes para melhor

caracterizar os esforços tectônicos associados à evolução geodinâmica de bacias sedimentares,

em particular da Bacia do Parnaíba, no contexto da formação do Atlântico Sul e Equatorial.

O sucesso da utilização de métodos magnéticos na caracterização dos registros

magmáticos tem como premissa os marcantes contrastes de susceptibilidade magnética entre tais

corpos e sua encaixante sedimentar. Tal fato possibilita um mapeamento rápido e preciso através

das assinaturas magnéticas dos eventos ígneos, estando esses aflorantes ou não. Técnicas de

filtragem espectral aplicados aos dados geofísicos têm a propriedade de realçar ainda mais sua

resposta geofísica, aumentando a resolução espacial do método investigativo. Não obstante, as

assinaturas magnéticas e gravimétricas dos corpos magmáticos da Bacia do Parnaíba estarem

mascaradas por fontes geofísicas presente no embasamento cristalino (De Castro et al., 2014), o

uso da técnica de mapeamento semiautomático Self-Organizing Maps (SOM) facilita o

reconhecimento das diferentes contribuições de unidades geológica/geofísicas ao campo

geomagnético. Isto permite identificar detalhadamente as feições magmáticas de interesse da

presente pesquisa. Medidas de susceptibilidade magnética subsidiaram a identificação dos

padrões anômalos dos corpos magmáticos, bem como a caracterização magnética das rochas dos

dois principais episódios magmáticos mesozoicos da Bacia do Parnaíba.

A integração de informações advindas da interpretação dos diversos mapas magnéticos,

de seções sísmicas e dos atributos incorporados pelo mapeamento semiautomático forneceu a

distribuição superficial e em sub-superfície dos eventos magmáticos na bacia, bem como os

principais lineamentos estruturais do substrato rochoso. Ademais, os mapas e as seções geofísicas

revelaram importantes elementos da arquitetura interna da bacia a saber: estruturas riftes

eocambrianas, corpos magmáticos intrabacinais, relações espaciais entre os dois principais

eventos magmáticos, bem como o papel das descontinuidades de idade brasiliana herdadas do

embasamento cristalino na evolução tectônica da Bacia.

CONTEXTO GEOLÓGICO

Contexto tectônico da Bacia do Parnaíba

Localizada na parte nordeste da Plataforma Sul-Americana, a Bacia do Parnaíba possui

uma área aproximada de 670.000 km2 e espessura da sequência tectono-sedimentar pouco maior

que 3.500 m (Zembruscki e Campos, 1988) e na ordem de 5.000 m na região do Lineamento

Transbrasiliano (De Castro et al., 2016). A Bacia se instalou como uma vasta sinéclise paleozoica

após a consolidação termo-mecânica da Plataforma Sul-americana, que por sua vez, se seguiu a

orogênese Brasiliana-Pan-africana (Klein et al., 2013). É circundada por diversas unidades

cratônicas (Figura 1). Na porção oeste e sudeste da bacia, ocorrem os crátons Amazônico e São

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 59

Francisco, respectivamente, enquanto ao norte repousa sobre o Cráton São Luiz, cujo limite com

a Faixa de Dobramento Gurupi tem sido definido com a Zona de cisalhamento Tentugal, que é

também considerada como uma zona de sutura entre esses dois terrenos de idades proterozoicas

(Hasui et al., 1984; Abreu e Lesquer, 1985). Segundo Klein et al. (2005), a Zona de Cisalhamento

Tentugal apresenta trend estrutural NW-SE. Já o setor SE da Bacia é bordejado pela Faixa de

Dobramentos do Araguaia, enquanto o leste é limitado pela Província Borborema. Os principais

elementos estruturais que compartimentam a Bacia do Parnaíba são a Estrutura de Xambioá, o

Arqueamento do Alto Parnaíba (Coimbra, 1983; Castelo Branco e Coimbra, 1984), o Lineamento

Transbrasiliano (Cordani et al., l984) e o sistema de lineamentos orientados segundo a direção

NW-SE (Zona de cisalhamento Tentugal) (Figura 1). A Estrutura de Xambioá e o Arqueamento

do Alto Parnaíba apresentam orientação principal E-W e parecem ter continuidade nos

lineamentos da Província Borborema.

Após o término da fase brasiliana, as descontinuidades preexistentes (profundas zonas de

cisalhamento e/ou limites entre blocos crustais) foram reativadas, sob a forma de falhas normais,

permitindo a implantação de estruturas grabenformes, que foram preenchidos por sequências

vulcano-sedimentares (Cunha, 1986; Oliveira e Mohriak, 2003). A partir da interpretação de

mapas de anomalias magnéticas e gravimétrica e seções sísmicas, De Castro et al. (2016)

identificaram dois sistemas de riftes, relacionados às fases iniciais de instalação da bacia. Um

sistema rifte mais restrito a porção centro-oeste da bacia, com direção aproximada NW-SE, e um

mais proeminente, distribuído pelas bordas sul e leste da bacia, orientado ao longo do

Lineamento Transbrasiliano, cujo principal representante é o Gráben de Jaibaras (Oliveira, 2001).

Diversas estruturas do embasamento condicionaram a origem e evolução geológica da

Bacia do Parnaíba, afetando seus limites, controlando depocentros e atividades tectônicas

sinsedimentares (Chamani, 2015). Entre elas, merece destaque o Lineamento Transbrasiliano,

que corta a Bacia do Parnaíba de NE para SW, e o Lineamento Araguaia, que baliza a borda oeste

da bacia. O Primeiro é uma descontinuidade em escala continental exposta entre o Cráton

Amazônico e a porção leste da Plataforma Sul-Americana, que exerceu importante controle

estrutural na origem e evolução inicial da bacia (Oliveira & Mohriak, 2003; Brito Neves e Fuck,

2014). Interpretações de dados geofísicos aéreos e de sensoriamento remoto mostram que o

Lineamento Transbrasiliano apresenta direção preferencial N30°E e é segmentado por um

sistema de zonas de cisalhamento dúctil, formando conjuntos paralelos de falhas que a Bacia do

Parnaíba longitudinalmente NNE-SSW (Brito Neves e Fuck, 2014; De Castro et al., 2014). Já o

Lineamento Araguaia é uma marcante feição geológica de direção N-S, que envolve um conjunto

de notáveis anomalias gravimétricas e aeromagnéticas, acompanhado a estruturação da Faixa

Araguaia (Nunes, 1993; Brito Neves e Fuck, 2014; De Castro et al., 2014) (Figura 1).

Contexto litoestratigráfico da Bacia do Parnaíba

O desenvolvimento tectono-estratigráfico da Bacia do Parnaíba está relacionado ao

Estágio de Estabilização da Plataforma Sul-Americana (Almeida e Carneiro, 2004), quando se

implantaram condições intraplaca de subsidência termo-isostática relativamente calmas e

espacialmente amplas. Concomitantemente aos processos de subsidência da sinéclises, ocorreram

os soerguimento e arqueamento adjacentes, falhamentos intrabacinais e sedimentação ativa na

extensa Sinéclise do Parnaíba. Esse estágio se estendeu do Siluriano ao Jurássico (Góes e Feijó,

1994).

A natureza do preenchimento da bacia é predominantemente siliciclástica, ocorrendo

subordinadamente carbonatos, anidrita, além de diabásio e basalto, representativos de eventos

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 60

magmáticos do Eojurássico ao Eocretáceo (Góes, 1995; Vaz et al., 2007). A Bacia do Parnaíba

compreende as seguintes supersequências: Cambriana (Grupo Jaibaras); Siluriana-Eodevoniana

(Grupo Serra Grande); Mesodevoniana-Eocarbonífera (Grupo Canindé); Neocarbonífera-

Eotriássica (Grupo Balsas); Jurássica-Cretácea. Na bacia também há depósitos do Terciário

(Grupo Barreiras) e coberturas sedimentares do Neógeno-Holoceno, ocorrendo sobretudo na

borda norte da bacia, enquanto que ao sul, sequências sedimentares da Bacia Sanfranciscana

(grupos Urucuia e Areado), recobrem a seção paleozoica da bacia (Tabela 1 e Figura 2).

Conforme Góes e Feijó (1984), o Grupo Serra Grande (formações Jaicós, Tianguá e Ipu) é

formado por arenitos e intercalações de siltitos e folhelhos de ambiente fluvial entrelaçado,

marinho raso e glacial. O Grupo Canidé (formações Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e Poti)

compreende, de maneira geral, arenitos, folhelhos e siltitos. As formações Piauí, Pedra-de-Fogo,

Motuca e Sambaíba compõem o Grupo Balsas, caracterizado por arenitos, siltitos, folhelhos,

calcários, silexitos e evaporitos. As formações Pastos Bons e Corda são marcadas por uma

deposição exclusivamente continental, creditada ao peso do pacote vulcânico resultante do

magmatismo básico ocorrido durante o Eojurássico (Formação Mosquito). As formações Pastos

Bons, Corda e Itapecuru são caracterizadas por arenitos, siltitos e folhelhos de ambiente fluvial e

lacustre. O Grupo Barreiras representa uma sequência sedimentar continental cenozoica

composta por arenitos, conglomerados, intercalações de siltito e argilito (Tabela 1) (Silva et al.,

2003).

Magmatismo Mesozoico

A intensa atividade ígnea nas bacias do Parnaíba, Paraná, Amazonas e Solimões

relacionam-se diretamente com os espasmos que culminaram com a abertura da Margem

Equatorial durante a separação entre os continentes Sul-Americano e Africano (Almeida, 1986;

Thomaz Filho et al., 2008). Na Bacia do Parnaíba, acomodaram-se rochas ígneas intrusivas

(diques e soleiras) e extrusivas, de composição básica, as quais, do ponto de vista estratigráfico,

foram divididas em duas unidades: Formação Mosquito, do Eojurássico, e Formação Sardinha,

do Eocretáceo (Vaz et al., 2007).

Nesse mesmo contexto, os eventos precursores à desagregação do Gondwana Oeste

propiciaram o abatimento da região central da bacia, com a formação de um sistema de riftes

interiores, preenchidos pelos sedimentos das formações Pastos Bons e Corda, associados, do

ponto de vista cronoestratigráfico, ao alojamento das rochas básicas das formações Mosquito e

Sardinha. A implantação destes riftes ocorreu, principalmente, sobre área da Estrutura de

Xambioá (Figura 1), que de alto interno passou a comportar-se como eixo deposicional desta

nova sedimentação (Góes, 1995), cujo afinamento crustal está relacionado a uma distensão NE-

SW (Costa et al., l99l; Hasui el al., l99l), gerando grábens de direções ENE-WSW e NNE-SSW,

que por sua vez, permitiram o alojamento dos eventos ígneos mesozoicos em pauta. Em

subsuperfície, os diques da Formação Sardinha e soleiras da Formação Mosquito estão presentes

em maior quantidade na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera e ocorrem também na

Sequência Siluriana e são muito raros na Sequência Neocarbonífera-Eotriássica (Vaz et al.,

2007).

Formação Mosquito

Trata-se do evento magmático de idade Eojurássica, associado ao tectonismo embrionário

que culminou com a quebra da Margem Equatorial, estando inserido na mega-atividade

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 61

magmatica chamada de CAMP (Província Magmática do Atlântico Central) (Marzoli et al., 1999;

Milani e Thomaz Filho, 2000; Merle et al., 2011). É cronocorrelato ao evento Penatecaua das

bacias do Solimões e Amazonas (Góes e Feijó, 1994). Consiste de basaltos toleiíticos

amigdaloidais, eventualmente intercalados a arenitos vermelhos com leitos de sílex (Góes e Feijó,

1994). Em geral, apresenta uma granulação fina e matriz composta por plagioclásio,

clinopiroxênio e óxidos de Fe-Ti (magnetita e ilmenita) (Baksi e Archibald, 1997; Merle et al.,

2011). Aloja-se estratigraficamente entre os arenitos da Formação Sambaíba do Grupo Balsas e

Formação Pastos Bons e sua ocorrência é mais frequente na porção centro-oeste da bacia (Figura

2), caracterizada por vastos derrames e extensas soleiras (Vaz et al., 2007), conformando o topo

da maioria das mesas e chapadas residuais que caracterizam o relevo regional. Com efeito,

possuem um papel fundamental no desenvolvimento dessas feições geomorfológicas, ao se

comportar como uma fina capa resistente aos processos erosivos, que atuam aceleradamente

sobre os arenitos Sambaíba, imediatamente sotopostos (Bezerra, 1996, Chamani, 2015).

Formação Sardinha

Caracteriza-se por basaltos igualmente toleiíticos amigdalóides, de granulação fina a

média, constituídos por augita, plagioclásio e óxidos de Fe e Ti, mapeados na porção centro-leste

da bacia, (Figura 2), numa ampla faixa de distribuiçao aproximada E-W que acompanha

aproximadamente o eixo do Lineamento Transbrasiliano (Vaz et al., 2007; Chamani, 2015)

(Figura 1). O Magmatismo Sardinha aloja-se acima da Formação Pastos Bons e abaixo da

Formação Itapecuru. Relações de campo permitem inferir esta unidade como longos diques e

soleiras menores (Vaz et al., 2007).

A atividade ígnea da Formação Sardinha está inserida tectonicamente no conjunto de

eventos eocretácicos, onde se inclui os derrames continentais da Fm. Serra Geral na Bacia do

Paraná e o Enxame de Diques Rio Ceará-Mirim, ambos ligados aos processos de quebra da

litosfera que culminaram com abertura do Atlântico Sul.

MÉTODOS DE TRABALHO

Medidas de Susceptibilidade Magnética

A susceptibilidade magnética (k) é a propriedade física que permite as rochas se

magnetizarem, processo chamado de indução magnética (Isles e Rankin, 2013; Telford et al.,

1990). Cada rocha magnetiza-se de acordo com a sua susceptibilidade magnética, que depende da

quantidade e do modo de distribuição dos minerais magnéticos. As rochas ígneas básicas são, em

geral, altamente magnéticas em razão de seu conteúdo relativamente alto de minerais magnéticos,

em especial a magnetita. A proporção de magnetita em rochas ígneas tende a diminuir com o

aumento da acidez, de modo que as rochas ígneas ácidas, embora variáveis em seu

comportamento magnético, são geralmente menos magnéticas que as básicas. As rochas

metamórficas são também variáveis em seu caráter magnético. As rochas sedimentares

tipicamente apresentam baixo magnetismo (Kearey et al., 2013).

Foi utilizado um susceptibilímetro portátil KT-10 v2 (Terraplus) nas medições em

afloramento. Em cada ponto coletavam-se 6 amostras de rochas ígneas não alteradas, sem

processo de intemperização visível, e media-se a susceptibilidade magnética em cada uma delas.

Comumente, repetiu-se as medidas nas amostras para validação dos valores obtidos. Para as

rochas sedimentares, em cada ponto, apenas mensurávamos a susceptibilidade magnética da

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 62

rocha in situ. Ao todo, foram adquiridos dados em 33 afloramentos espalhados pela região da

Bacia do Parnaíba.

Nas bordas oeste e sul da bacia, zona de ocorrência da Formação Mosquito, a

susceptibilidade magnética obtida em 17 pontos. Desse total, em 10 de pontos de medição as

rochas investigadas foram descritas como diabásios de granulação fina a média, caracterizados

como diques ou, em sua maioria, derrames (Figura 11). Em outros pontos, foram medidas a

propriedade magnética de arenitos termicamente modificados pelo processo de intrusão, alguns

com concreções ferruginosas. O valor médio das susceptibilidades magnéticas das amostras da

Formação Mosquito na borda oeste foi de 10,9 x 10-3 SI e, na borda sul, de 12 x 10-3 SI, enquanto

o valor médio da suscetibilidade magnética dos arenitos foi de 0,5 x 10-3 SI.

Na borda leste da bacia, a susceptibilidade magnética foi medida em 16 afloramentos da

Formação Sardinha. As rochas ígneas analisadas foram descritas, geralmente, como soleiras de

diabásio de granulação fina a média, no entanto, alguns afloramentos apresentaram características

de dique ou derrame (Figura 11). A média dos valores de suscetibilidade magnética das amostras

da Formação Sardinha na borda leste foi 25,28 x10-3 SI. Os diabásios da Formação Sardinha

apresentam valores de suscetibilidade magnética duas vezes superiores aqueles da Formação

Mosquito, revelando uma diferenciação composicional destes dois eventos magmáticos.

Processamento dos dados aeromagnéticos

Os dados magnéticos aerolevantados na área de estudo fazem parte do Projeto

Levantamentos Aerogeofísicos da Bacia do Parnaíba, cedidos pela Agência Nacional do Petróleo,

Gás e Biocombustíveis (ANP), e dos Projetos das Séries 1000, 3000 e 4000, cedidos pelo Serviço

Geológico do Brasil (CPRM). Os parâmetros dos levantamentos aeromagnéticos constam na

Tabela 2 e sua distribuição espacial na Figura 3.

Os dados magnéticos foram previamente corrigidos da variação diurna do campo

geomagnético, além de removida a componente principal do campo (International Geomagnetic

Reference Field - IGRF). Foi necessária, também, a aplicação dos filtros Cosseno Direcional e

Butterworth para aqueles projetos que ainda apresentavam ruído direcional ao longo das linhas de

voo. As informações magnéticas foram então interpoladas usando o Método Bi-direcional, com

uma célula igual a metade do espaçamento entre as linhas de voo, gerando malhas regulares do

Campo Magnético Anômalo (CMA) para cada projeto.

Para se obter o mapa do Campo Magnético Anômalo de toda a região da Bacia do

Parnaíba nivelado numa mesma altura de voo, foram aplicados filtros de continuação para cima

ou para baixo nos dados de cada projeto para uma altura de voo de 500 m. Os dados

aerogeofísicos continuados foram integrados por meio de uma rotina de sutura, que promove um

nivelamento nos conjuntos de dados, eliminando os deslocamentos verticais nos valores das

anomalias magnéticas (Figura 4). Tais correções são distribuídas em função do comprimento de

onda, o que resulta em um ajuste suave entre as diferentes bases de dados (Geosoft, 2010).

Porém, o procedimento de continuação para cima promove atenuação no sinal geofísico,

diminuindo a resolução do mesmo na detecção de fontes magnéticas rasas (ex. corpos tabulares

ígneos).

O fluxograma de processamento dos dados aeromagnéticos é descrito a seguir: A técnica

Matched Filter foi aplicada para separar as anomalias relacionadas às fontes profundas,

intermediárias e rasas do CMA. Macthed Filter é uma técnica que visa localizar diferentes sinais

provenientes de camadas equivalentes em diferentes profundidades a partir da análise de Fourier

do espectro de potência dos dados do campo potencial (Phillips, 2001). Em outras palavras, é

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 63

uma técnica automática que permite a separação de anomalias magnéticas com base nos seus

diferentes comprimentos de onda. Assim, aplicando o Macthed Filter, o CMA de cada projeto

pode ser decomposto em três componentes: Campo Magnético Profundo (CMP), Campo

Magnético Intermediário (CMI) e Campo Magnético Raso (CMR) (Figura 4). O CMP

corresponde ao campo magnético regional e está mais associado a estruturas magnéticas de longo

comprimento de onda e localizadas em maiores profundidades, como feições geológicas do

embasamento da bacia sedimentar. Já o CMI e o CMR correspondem ao campo magnético

residual e estão mais relacionados a estruturas magnéticas de intermediário a curto comprimento

de onda e em profundidades mais rasas, como heterogeneidades numa bacia sedimentar, por

exemplo, uma suíte magmática intrusiva no pacote sedimentar de uma bacia. A propósito, a

maioria dos mapas do CMR da Bacia do Parnaíba não apresentaram boas resoluções devido à

presença de ruídos de alta frequência. Ainda assim, foram utilizados para a cartografia magnética

dos corpos magmáticos na Bacia.

Posteriormente, foram aplicados os filtros Amplitude do Sinal Analítico (ASA) e

Derivada Vertical (DZ) no CMI de cada projeto. O primeiro filtro produz um máximo sobre os

contrastes magnéticos, sendo útil para localizar a bordas de corpos magnéticos e centralizar as

anomalias sobre suas fontes magnéticas (Geosoft, 2013). O segundo foi usado para realçar o sinal

das fontes magnéticas rasas, possibilitando demarcar a direção dos seus lineamentos magnéticos

(Geosoft, 2013).

A técnica de mapeamento semiautomático, conhecida como Self-Organizing Maps

(SOM), foi então aplicada em cada projeto em separado para encontrar padrões anômalos e

associações nos diferentes produtos do processamento do sinal magnético. Esta metodologia

promove um mapeamento iterativo no espaço multi-dimensional das variáveis envolvidas,

analisando as correlações não-lineares entre elas em uma rede neural artificial (Carneiro et al.,

2012). Como resultado, a área de pesquisa é subdivida em grupos, ou clusters, que representam

unidades geológicas/geofísicas distintas em função de suas assinaturas multivariadas do

embasamento cristalino e da estruturação interna da bacia. Neste trabalho, as variáveis envolvidas

foram: CMA, CMR, CMI, CMP e a amplitude do sinal analítico do CMR. Como resultado, o

conjunto de mapas magnéticos foi separado em até 15 diferentes clusters, sendo que aqueles

clusters associados aos corpos magmáticos foram apresentados em mapa. A escolha destes

clusters foi direcionada pelo padrão anômalo esperado para diques e soleiras de rochas

magmáticas básicas em um contexto de bacia sedimentar, ou seja, altas amplitudes e curtos

comprimentos de onda, bem como pela distribuição destes corpos nos mapas geológicos prévios.

ASSINATURA MAGNÉTICA DO MAGMATISMO MESOZOICO

Domínios e lineamentos magnéticos

A análise das assinaturas dos corpos magmáticos da Bacia do Parnaíba foi feita com base

na interpretação qualitativa dos mapas geofísicos e na identificação de anomalias magnéticas via

mapeamento semiautomático. Essas tarefas envolveram o reconhecimento e delimitação de

domínios e lineamentos magnéticos distintos nos mapas geofísicos, correlacionando-os com

possíveis corpos geológicos causadores.

O CMA da Bacia do Parnaíba mostra um relevo magnético bastante acidentado com

dipolos magnéticos assimétricos, com uma ampla diversidade de amplitudes e comprimentos de

onda por toda a bacia (Figuras 4 e 5). De maneira geral, as anomalias de menores comprimentos

de onda dão um aspecto mais rugoso ao relevo magnético e estão concentradas nas porções oeste,

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 64

sul, centro-leste e nordeste da bacia (Figura 5). Além disso, é possível perceber a continuidade

dessas anomalias e suas orientações nos diferentes levantamentos aeromagnéticos, possibilitando

demarcar domínios magnéticos e traçar lineamentos de forma mais abrangente ao longo da Bacia

do Parnaíba. As feições magnéticas de alta frequência ficam ainda mais evidentes nos mapas da

Amplitude do Sinal Analítico (ASA) e naqueles da Derivada Vertical (DZ) do Campo Magnético

Intermediário (Figura 6). As maiores amplitudes refletem as fontes magnéticas mais rasas. Já no

mapa da Derivada Vertical, destacam-se regiões com anomalias magnéticas de alta frequência, o

que permite melhor visualização dos lineamentos magnéticos.

Em função da distribuição espacial, amplitude e orientação do padrão magnético anômalo

associado aos corpos magmáticos (Figuras 4 a 6), a Bacia do Parnaíba pode ser separada em

cinco domínios magnéticos, a saber:

a) O Domínio Magnético Mosquito Oeste (MqO), localizado na borda oeste da bacia, exibe

extensões de 360 e 330 km nas direções N-S e E-W, respectivamente. Esse domínio apresenta

uma anomalia magnética regional bipolar de longo comprimento de onda (~ 170 km) com um

alto magnético ao sul e um baixo ao norte (Figura 4A). Essa ampla anomalia situa-se na região de

maior ocorrência aflorante da Formação Mosquito (Figura 2). Imerso nesse relevo magnético,

ocorrem uma série de anomalias magnéticas dipolares com amplitude média de 60 nT e de curto

comprimento de onda (~ 2,5 km), com formato alongado, gerando um aspecto rugoso no mapa

CMA (Figura 5A). A partir da aplicação do Matched Filter, as profundidades médias das fontes

do CMI, subtraídas dos valores das alturas de voos, dos projetos 4031, 4032, e ANP são 601, 700

e 680 m, respectivamente. Como o Domínio Magnético Mosquito Oeste está inserido nesses

projetos (Figuras 3), a profundidade da fontes do CMI do domínio MqO tém uma média de 660

m. No mapa do ASA, esse domínio exibe anomalias de altas amplitudes, com um valor médio de

25 x 10-2 nT/m (Figura 6A). No mapa da DZ, os lineamentos magnéticos deste domínio

apresentam um aspecto encurvado com orientações preferenciais: ENE-WSW e E-W, na porção

centro-oeste, NE-SW, no extremo leste (Figura 6B).

b) O Domínio Mosquito Sul (MqS) está localizado na porção sul da bacia, restrito a uma área de

83 x 130 km, cujo eixo maior na direção E-W. O CMA do Domínio MqS é composto por

sequências de anomalias magnéticas alongadas na direção ENE-WSW, subparalelas e de curto

comprimento de onda (~2,5 km) com amplitudes médias de 140 nT e altos valores da amplitude

do sinal analítico (média de 35 x 10-2 nT/m) (Figura 6A). Com base no Matched Filter e

observando que o domínio MqS está inserido no projeto ANP (Figura 3), estima-se que a

profundidade média das fontes magnéticas do CMI, subtraída do valor da altura de voo, é de 680

m. O domínio magnético parece sobrepor as anomalias magnéticas regionais de longo

comprimento de onda (~70 km) e de direção NE-SW, associadas ao Lineamento Transbrasiliano

(Figuras 4A e 5B).

c) O Domínio Sardinha Leste (SdL) ocupa uma vasta área de 600 por 300 km de extensão,

englobando as porções NE e leste da bacia. Ao longo desse domínio, estão presentes inúmeras

anomalias magnéticas de curto comprimento de onda (média de 4,5 km), com dipolos magnéticos

que exibem, em média, uma amplitude de 50 nT (Figuras 4A e 5C). Esse caráter magnético

anômalo fica mais evidente no mapa do ASA, onde essas anomalias magnéticas são destacadas e

delimitadas pelos altos valores da amplitude do sinal analíticos (média de 20 x 10-2 nT/m) (Figura

6A). No mapa da DZ, nota-se que ao longo do Domínio SdL os lineamentos magnéticos exibem

uma direção preferencial E-W (Figura 6B). A profundidade média das fontes do CMI do

Domínio SdL é de 710 m. Tal valor corresponde a média das profundidades das fontes do CMI,

menos as alturas de voos, dos projetos 4047, 600 m, 4050, 930 m, e 4031, 601 m.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 65

d) O Domínio Magnético Sardinha Centro (SdC), localizado na porção central da bacia, apresenta

anomalias magnéticas de comprimento de onda, variando de 8 a 15 km (Figura 4A e 5C). No

mapa da ASA, SdC exibe anomalias mais isoladas, arredondadas e com amplitude média de 10 x

10-2 nT/m (Figura 6A). Já no mapa da DZ, os lineamentos magnéticos apresentam orientação

preferencial E-W (Figura 6B). Ao longo desse domínio, também se observam lineamentos

magnéticos de direção ENE-WSW. As profundidades médias das fontes do Campo Magnético

Intermediário, menos as alturas de voos, dos projetos 4050, 4031 e ANP são 930, 601 e 680 m,

respectivamente. Logo, como o O Domínio SdC abrange parte desses projetos (Figura 3), a

profundidade das fontes do CMI no SdC tem uma média de 737 m.

e) O Domínio Magnético São Luís (SU) está localizado no extremo norte da bacia. Devido à

ausência de dados magnéticos em toda sua extensão, esse domínio não pôde ser delimitado por

completo. Nesse domínio, as anomalias magnéticas regionais exibem os maiores comprimentos

de onda (~20 km), quando comparados com os domínios anteriores. De acordo com o Matched

Filter, a profundidade média das fontes do CMI, subtraída da altura de voo, do projeto 3003, que

corresponde a do Domínio SU, é 1050 m. O Domínio SU apresenta lineamentos magnéticos

preferencialmente E-W na porção sul e NE-SW na porção norte (Figura 6B).

Mapeamento semiautomático (SOM)

O resultado do mapeamento semiautomático das anomalias magnéticas da Bacia do

Parnaíba, empregando a técnica Self-Organizing Maps (SOM), é apresentado na Figura 7. Os

grupos de soluções (clusters) foram obtidos de forma automática através de comparação

geoestatística, em um espaço multidimensional de variáveis bem como através dos padrões

anômalos dos diferentes campos magnéticos obtidos pelo Matched Filter (CMA, CMR, CMI,

CMP e ASA-CMI). A Figura 7 exibe uma correspondência entre a distribuição dos grupos de

soluções e as áreas aflorantes das formações Mosquito e Sardinha (Figura 2). Nas regiões

limítrofes da bacia, o mapeamento semiautomático também gera grupos de soluções para

assinaturas magnéticas associadas a fontes geofísicas do embasamento, principalmente onde o

pacote sedimentar é pouco espesso ou ausente.

De maneira geral, as soluções do mapeamento semiautomático (SOM) são concordantes

com os domínios e lineamentos magnéticos, interpretados qualitativamente. Porém, analisando a

distribuição espacial dos clusters, notam-se zonas internas aos domínios magnéticos, onde não

existem soluções. Tal fato não indica necessariamente ausência de fontes magnéticas tampouco

de estruturas geológicas com magnetismo menos intenso. Alguns parâmetros dos levantamentos

aeromagnéticos, como espaçamento das linhas de voo, altura de voo, entre outros, são

importantes para a precisão do método SOM em mapear as fontes magnéticas associadas as

rochas magmáticas. Como corroborado nas soluções obtidas a partir os dados do Projeto da ANP

de alta resolução, que são consideravelmente maiores do que na região adjacente aquela

levantada pelo Projeto 1027 da CPRM (Figuras 3 e 7).

Em toda a Bacia do Parnaíba, as soluções do SOM mais diretamente relacionadas às

rochas magmáticas sub-aflorantes estão concentradas em cinco regiões nos quatro principais

domínios magnéticos. Os domínios magnéticos MqO e MqS representam as áreas de maiores

concentrações de soluções nas porções oeste e sul da bacia, respectivamente. Acompanhando a

distribuição espacial dos clusters é possível mapear contatos, que podem ser litológicos, e assim,

propor limites laterais entre o pacote sedimentar da bacia, zonas onde não há soluções, e os

corpos magmáticos, zonas com nuvens de soluções do SOM. No Domínio SdL, os clusters

ocorrem de forma mais dispersa em uma vasta área da bacia, estando mais concentrados nas

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 66

porções norte, centro-oeste e centro-leste, formando faixas com poucas ou com nenhuma solução.

Assim, embora o Domínio Magnético SdL, com base na ASA, indique amplas zonas magnéticas

em subsuperfície nessa região, as nuvens de soluções do SOM sugerem que as fontes magnéticas

nesse domínio se comportam de forma mais restrita. No Domínio SdC as soluções do SOM

também apresentam zonas isoladas de formato arredondado ou alinhadas de direção ENE-WSW.

Estas parecem ter continuidade ao longo do Domínio SdL, que também apresenta soluções

alinhadas de direção ENE-WSW na porção sul.

Dados sísmicos

Duas seções sísmicas 2D, cedida pela ANP previamente processados em tempo, revelam

o comportamento dos corpos magmáticos em profundidade, além de permitirem correlações entre

anomalias magnéticas e suas principais fontes causadoras no interior da bacia e em seu

embasamento cristalino, exibem o empilhamento estratigráfico e a arquitetura interna da bacia.

Através das informações litoestratigráficas de poços foi possível viabilizar o reconhecimento dos

refletores associados ao topo e base das unidades, bem como interpretar a posição na coluna

estratigráfica dos corpos tabulares (ex. soleiras e diques).

Um bom exemplo é a seção sísmica L4 (Figura 8), localizada na porção leste da bacia e

inserida no Domínio Magnético SdL (Figuras 2, 6 e 7) que exibe três sequências tectono-

sedimentares (II – Siluriana/Eodevoniana; III - Mesodevoniana/Eocabornífera, IV –

Neocabornífera/Eotriássica) evidenciando o estilo de deposição do tipo sag da bacia. Por toda a

seção observa-se a presença de diversas soleiras, sobretudo concentradas na parte centro-noroeste

da seção sísmica e intrudidas nas sequências II (Grupo Serra Grande) e IV (Grupo Balsas). As

anomalias magnéticas negativas (CMA) e altas Amplitudes do Sinal Analítico (ASA) ocorrem no

setor NW da seção sísmica L4 (Figura 8). Esse padrão magnético possivelmente é devido à

presença de rochas magmáticas da Formação Sardinha sub-aflorantes, juntamente com as soleiras

intrusivas no pacote sedimentar do Grupo Balsas entre profundidades de 500 e 1500 m. Desse

modo, correlacionando com as anomalias de alta amplitude do ASA, espera-se que as rochas

magmáticas da Formação Sardinha tenham uma área de ocorrência maior em profundidade do

que a porção aflorante. Nesta região, sequências de refletores de altas amplitudes ocorrem em

torno de 5,2 a 6,8 s (~7,5 a 11 km), provavelmente refletem expressões profundas do

magmatismo mesozoico regional. A partir de 27 km do início do perfil geofísico (NW), as

anomalias magnéticas são essencialmente positivas (até 50 nT), com maiores comprimentos de

onda, e as Amplitudes do Sinal Analítico tornam-se praticamente nulas. Interpreta-se que esse

arranjo magnético pode ser produzido pela a ausência de rochas magmáticas mais próximas à

superfície, ou em outras palavras, apenas a presença de soleiras em maiores profundidades

poderia ser a causa desse padrão magnético. Adicionalmente, refletores de alta amplitude que

ocorrem no embasamento (elipses pretas – Figura 8) parecem indicar manifestações profundas de

corpos magmáticos intrusivos, que possivelmente incrementam as anomalias magnéticas de

longo comprimento de onda do CMA.

Na seção sísmica L507 (Figura 9), que passa por uma parte considerável do Domínio

Magnético SdL (Figuras 6 e 7), De Castro et al. (2016) interpretaram cinco sequências tectono-

sedimentares. A sequência I corresponde à fase rifte cambriana e preenche uma feição

grabenforme de 120 km de extensão e 4,5 km de profundidade, cujo desdobramento espacial

incorpora várias outras depressões secundárias, limitadas por falhas normais. A parte sudeste do

gráben representa reativações de zonas de cisalhamento do embasamento e coincide com o

Lineamento Transbrasiliano em superfície. As sequências superiores (II, III e IV) foram

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 67

depositadas entre o Siluriano e o Eotriássico e confirmam uma sedimentação em estilo sag.

Extensas soleiras e diques intrudem as sequências Siluriana-Eodevoniana (Grupo Serra Grande) e

Mesodevoniana-Eocabornífera (Grupo Canindé), que, por sua vez, apresentam-se afetados por

falhas normas e lístricas.

O CMA e a ASA apresentam oscilações de pequena amplitude na parte NW da seção

sísmica L507 (Figura 9). Esse padrão magnético pode ser associado à existência de soleiras, cuja

estimativa de profundidade encontra-se em cerca de 1,2 km. A partir de 72 km do início do perfil

geofísico (NW), ocorre uma sequência de anomalias magnéticas negativas de até -47 nT.

Concomitantemente, as amplitudes do Sinal Analítico aumentam para SE, até alcançar valores

máximos no extremo SE da seção sísmica, onde afloram rochas magmáticas da Formação

Sardinha. Nesse mesmo contexto, a justaposição lateral entre rochas sedimentares e ígneas,

proporcionada por falhas normais, claramente gera anomalias magnéticas de alta amplitude.

DISCUSSÕES

A identificação dos domínios e lineamentos magnéticos, através dos dados

aeromagnéticos e do mapeamento semiautomático, possibilitou identificar a distribuição espacial

dos dois principais eventos magmáticos mesozoicos em pauta e analisar o controle estrutural

exercido pelas estruturas preteridas da Bacia do Parnaíba no seu alojamento sub-superficial.

Ademais os dados de susceptibilidade magnética permitiram constatar contrastes de

susceptibilidade magnética entre os corpos ígneos e sua encaixante sedimentar, enquanto a

integração do método potencial com as informações advindas da sísmica foi fundamental para

estabelecer correlações entre as anomalias magnéticas e as estruturas magmáticas em

subsuperfície.

Assinatura magnética do embasamento cristalino

Nas bordas da bacia, correlacionou-se as anomalias e lineamentos magnéticos, bem como

os resultados obtidos na técnica SOM, com as feições litoestruturais do embasamento cristalino.

O Domínio Magnético SU exibe anomalias magnéticas com os maiores comprimentos de onda

(~20 km), quando comparado com os domínios anteriores. Isso sugere fontes magnéticas mais

profundas, como as suítes intrusivas proterozoicas na região do Cráton São Luís (Figuras 1 e 12).

No nordeste da bacia, próximo ao Domínio SdL, clusters do SOM e anomalias de alta amplitude

do ASA, com direção ENE-WSW (Figuras 6 e 7), podem ser correlacionados às estruturas da

Zona de Cisalhamento Tentugal (Figuras 1 e 12). Adicionalmente, observa-se que a Bacia de

Barreirinhas é bem delineada por uma zona de baixa amplitude do ASA. Na borda leste da bacia,

as anomalias do ASA e diversas soluções do SOM são correlacionadas às zonas de cisalhamento

brasilianas (TB, SP, PA e PE) da Província Borborema. Na borda oeste, os adensamentos de

soluções do SOM e os lineamentos magnéticos de direção N-S são associados à Faixa de

Dobramentos Araguaia. Por fim, observa-se que no sul da bacia o conjunto de soluções do SOM

alinhadas na direção NE que atravessam o Domínio MqS e parecem estar associadas ao

Lineamento Transbrasiliano (Figuras 1 e 12).

Distribuição do Magmatismo Mesozoico

Há extensos afloramentos da Formação Mosquito na região dos domínios magnéticos

MqO e MqS (Figuras 2 e 12). Essa unidade geológica é formada por rochas ígneas, como

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 68

basaltos e diabásios (Figura 11), que mineralogicamente apresentam elevado conteúdo de óxido

Fe-Ti (magnetita e ilmenita) em sua composição e, conseguinte, exibem intensa resposta

magnética. Os resultados da suscetibilidade magnética, medida em campo, mostram forte

contraste de susceptibilidade magnética entre as rochas ígneas da Formação Mosquito, com valor

médio de 11,46 x 10-3 SI (Figura 10B), e sua encaixante sedimentar, arenitos da Formação

Sambaíba com valores entorno de 0,6 x 10-3 SI. Tal contraste de susceptibilidade magnética é

forte o suficiente para gerar anomalias magnéticas, como as que ocorrem nos mapas de CMA e

ASA ao longo dos domínios MqO e MqS (Figuras 4, 5 e 6) permitindo com isso a interpretação

dos domínios magnéticos MqO e MqS como correlatos a Formação Mosquito. Com efeito,

seguindo o padrão de altas amplitudes do ASA e as soluções do SOM, pode-se propor que o

Magmatismo Mosquito possui uma área de ocorrência maior que a do mapeamento geológico de

superfície, ao longo dos domínios MqO e MqS (Figura 13). Consequentemente, na borda oeste, a

Formação Mosquito deve ter continuidade sub-aflorante na forma de vastos derrames e/ou

soleiras, intercalados nos pacotes sedimentares do Grupo Balsas e na Sequência Jurássico-

Cretácea, enquanto que, na borda sul, o alojamento se processa intrudindo as rochas sedimentares

do Grupo Balsas e da Bacia Sanfranciscana (Grupos Urucuia e Areado).

Em todo o Domínio Magnético SdL, existem afloramentos da Formação Sardinha (Figura

12), cuja litologia encerra basaltos e diabásios de granulação fina a média (Figura 11), que, dentre

outros minerais, possuem altos conteúdos de magnetita em sua composição (Fodor et al., 1990;

Baksi and Archibald, 1997; Lima, 2014). As rochas sedimentares neste Domínio são, em geral,

conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos, apresentando magnetização incipiente. Segundo os

dados de campo, a susceptibilidade magnética média das rochas ígneas da Formação Sardinha é

25,28 x 10-3 SI e dos arenitos é 0,6 x 10-3 SI (Figura 10B). Os contrastes de susceptibilidade

magnética entre os corpos ígneos e suas encaixantes, resultam em anomalias magnéticas de alta

amplitude no CMA e no Sinal Analítico (Figuras 4, 5 e 6), que pode ser interpretado como o

Domínio Magnético SdL ao Magmatismo Sardinha. As seções sísmicas indicam que quanto mais

rasos e em maior quantidade são as soleiras e diques, geralmente intrudidos nos grupos Balsas,

Canindé e Serra Grande, maiores são as amplitudes das anomalias magnéticas (CMA e ASA)

(Figuras 8 e 9). Com isso, embora os afloramentos da Formação Sardinha apresentem

distribuição em área menor, espera-se uma extensão em sub-superfície maior na borda leste da

bacia (Domínio SdL) (Figura 13).

Localizado na região central da bacia, a região do Domínio Magnético SdC é

caracterizada pela exposição de rochas sedimentares carboníferas/triássicas do Grupo Balsas

(arenitos e folhelhos em geral), que normalmente exibem anomalias magnéticas de baixa

amplitude, onde os comprimentos de onda são mais longos que as anomalias do Domínio SdL,

chegando a 15 km. Tal configuração das anomalias permite inferir que as fontes magnéticas

podem estar em profundidades consideráveis na bacia. Além disso, no Domínio SdC os

lineamentos magnéticos, tal como ocorre no SdL, exibem orientação preferencial E-W (Figura

6B), o que permite interpretar o Domínio Magnético SdC como ocorrências, em subsuperfície, de

corpos mais isolados, dispersos do Magmatismo Sardinha na porção mais central da Bacia do

Parnaíba (Figura 13).

Sob uma abordagem comparativa entre as duas atividades ígneas, nota-se diferenças

importantes nos resultados, a saber: com relação aos dados de campo, o Magmatismo Sardinha

apresentou susceptibilidade magnética média de 25,2 x 10-3 SI, o que é aproximadamente duas

vezes maior do que aquelas apresentadas pelo Magmatismo Mosquito (~11,46 x 10-3 SI; Figura

10B). Tais resultados são consistentes com os resultados de Lima (2014), cujos toleiítos da

Formação Sardinha, com relação à Formação Mosquito, mostram maior conteúdo modal de

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 69

titano-magnetita, ilmenita, e olivina, minerais cujas susceptibilidades magnéticas são

acentuadamente maiores. Por outro lado, quando confrontados os domínios magnéticos MqO e

MqS com o SdL e SdC, observa-se que as amplitudes das anomalias magnéticas e do Sinal

Analítico exibem maiores valores para os domínios associados à Formação Mosquito, embora

este último apresente menor suscetibilidade magnética. Por outro lado, segundo as profundidades

médias das fontes magnéticas do CMI, obtidas através do Matched Filter para os domínios

magnéticos MqO (660 m), MqS (680 m), SdL (710 m), e SdC (737 m), percebe-se que as fontes

encontram-se, de maneira geral, em uma faixa de profundidade similar, entre 650 e 750 m. Uma

possível explicação para isso seria considerar que o Magmatismo Mosquito tem uma ocorrência

mais espessa e densa na Borda Oeste e Sul do que o Magmatismo Sardinha na Borda Leste da

bacia.

Controles tectônicos

O tectonismo causador da abertura do Atlântico Sul, também foi responsável por forte

deformação distensional na Bacia do Parnaíba, tendo como produtos falhas normais regionais,

sobretudo na porção central. Concomitantemente, esse tectonismo foi capaz de gerar

consideráveis volumes de magma básico continental denotando dois picos distintos de atividade

ígnea: as chamadas formações Mosquito e Sardinha. Cada uma guardando sua própria evolução

geodinâmica e, por conseguinte, assinaturas geofísicas próprias, conforme já mencionado

anteriormente. No centro da Bacia, ocorrem áreas abatidas em subsuperficie, provavelmente

associadas a um sistema de riftes de direções ENE-WSW e NNE-SSW, como consequência de

eventos distensionais de direção NE-SW, que também foram responsáveis por capturar os centros

alimentadores das atividades magmáticas.

No Domínio MqO, os lineamentos magnéticos exibem trend relativamente encurvado

com direções que vão de ENE-WSW e E-W, na porção centro-oeste, para NE-SW, na porção

leste, similares aos eixos das direções das falhas normais, associados a estruturas grabenformes

(Figura 6B). As direções dos lineamentos magnéticos indicam que o sistema de falhas normais

exerceu controle estrutural no Magmatismo Mosquito na borda oeste da bacia, que por sua vez,

são alinhados por grábens que ocorrem sobre anisotropias do embasamento que ocorrem sobre o

Arco de Xambioá, funcionando como eixo deposicional (Góes,1995).

Relacionados ao Lineamento Transbrasiliano, observam-se trends secundários de direção

ENE-WSW, especialmente aquele associado com a Zona de Cisalhamento de Senador Pompeu a

nordeste da Bacia, enquanto trends E-W ocorrem na sua borda Oeste. Estas direções estruturais

são francamente correlacionáveis as assinaturas magnéticas do Domínio MqS que é associado ao

Magmatismo Mosquito na porção sul, e dos domínios SdC e SdL, atrelados ao Magmatismo

Sardinha, que claramente guardam semelhança com as respectivas direções mencionadas acima

(Figura 6B). Embora o principal controle sobre o magmatismo mesozoico na Bacia do Parnaíba

seja campos de esforços distensivos NE-SW (Costa et al., 1991; Hasui et al., 1991), Anisotropias

estruturais de escala bacinal, associadas ao Lineamento Transbrasiliano, como os trends E-W e o

Lineamento Senador Pompeu, parecem exercer fundamental controle estrutural na distribuição

dos corpos ígneos da Fm. Mosquito, na borda sul, e na Fm. Sardinha, na porção leste da bacia.

Além disso, no período entre o fim da colagem Brasiliana Neoproterozoico-Eopaleozoica

e o início da deposição sag no Siluriano, pelo menos dois sistemas de riftes compõem o

arcabouço estrutural da Bacia do Parnaíba (De Castro et al., 2014, 2016). O sistema rifte mais

expressivo no substrato da bacia é registrado por um conjunto de grábens Cambriano-

Ordovicianos, que afloram parcialmente na borda da bacia e estendem-se sob a Bacia do

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 70

Parnaíba, identificados em poços exploratórios e seções sísmicas (Brito Neves et al., 1984; Góes

et al., 1990; Oliveira e Mohriak, 2003; De Castro et al., 2016) e por interpretações de dados

gravimétricos terrestre e aeromagnéticos (Nunes, 1993). Amplos baixos magnéticos e pseudo-

gravimétricos localizados nas regiões dos domínios MqO, MqS e SdL estão claramente

associadas à possíveis grábens de orientação E-W, sotopostos às sequências sag pertencentes a

Bacia do Parnaíba, nas regiões do Domínio MqO, e NE-SW, na região dos domínios MqS e SdL

(Figura 1). Essas estruturas grabenformes foram resultantes da quebra continental durante a

transição do Neoproterozoico para o Eofanerozoico, que separou Laurentia e Báltica do

Gondwana Oeste (Oliveira e Mohriak, 2003; De Castro et al., 2014). Nesse contexto, trata-se de

profundas descontinuidades crustais que sitiaram tanto a subsidência mecânica quanto foram

responsáveis por capturar, localizar e guiar as áreas com concentração de corpos ígneos.

CONCLUSÕES

A aplicação de técnicas de realce de anomalias magnéticas e de um método de

mapeamento semiautomático (SOM) em dados magnéticos de diversos levantamentos aéreos

executados na Bacia do Parnaíba possibilitou mapear rochas ígneas sub-aflorantes dos dois

principais eventos magmáticos mesozoicos (Mosquito e Sardinha). Os padrões magnéticos

anômalos associados às rochas magmáticas nos mapas geofísicos são anomalias de alta amplitude

e curto comprimento de onda. Com a utilização do método SOM foi possível aprimorar a

delimitação das anomalias geofísicas e propor um mapa interpretativo de mais alta resolução.

Seguindo o padrão das anomalias magnéticas e o adensamento de soluções do SOM diretamente

relacionadas aos corpos magmáticos aflorantes, foi possível mapear os contatos dessas rochas e

de outros corpos recobertos pelo pacote sedimentar, e, assim, reconhecer a extensão mais realista

dos eventos magmáticos que afetaram a bacia.

Cinco domínios magnéticos foram definidos com base na assinatura magnética padrão das

rochas magmáticas na bacia. Os Domínios Magnéticos MqO e MqS foram correlacionados à

Formação Mosquito e ocupam vastas áreas nas porções oeste e sul da bacia. O Domínio MqO

tem dimensões de 360 km de comprimento por 330 km de largura e o Domínio MqS tem 130 km

de comprimento por 83 km de largura. Já os domínios magnéticos SdL e SdC foram

correlacionados à Formação Sardinha e apresentam maior extensão em área, ocupando as porções

centro-leste e nordeste da bacia. O Domínio SdL tem dimensões 600 km de comprimento por 300

km de largura. No caso particular da Formação Sardinha, a integração das interpretações dos

dados sísmicos com os magnéticos demonstrou que as anomalias magnéticas (CMA e ASA)

estão associadas às soleiras e diques intrusivos, alojados geralmente nos grupos Serra Grande,

Canindé e Balsas, e são sensivelmente influenciados por rochas ígneas aflorantes ou

subaflorantes.

O Magmatismo Sardinha apresentou susceptibilidade magnética média de 25,2 x 10-3 SI,

aproximadamente duas vezes superior aos valores medidos para as rochas do Magmatismo

Mosquito, 11,46 x 10-3 SI. De acordo com as profundidades médias estimadas das fontes

causativas das anomalias magnéticas e as amplitudes anômalas do sinal analítico, observamos

que possivelmente o Magmatismo Mosquito deve ter uma ocorrência mais volumosa e em

menores profundidades que o Magmatismo Sardinha.

Baseado na direção dos lineamentos magnéticos, sugere-se os controles estruturais

responsáveis por distribuir o magmatismo mesozoico na Bacia do Parnaíba. A localização da

atividade ígnea encontra-se sobre zonas de descontinuidades herdadas do embasamento

cristalino, incluindo as estruturas grabenformes ligadas a fase rifte da Bacia. Com efeito, observa-

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 71

se que riftes de direção ENE-WSW e NNE-SSW exerceram forte controle sobretudo no

Magmatismo Mosquito, borda oeste da bacia. Adicionalmente, trends estruturais de direção W-E

e do Lineamento de Senador Pompeu, ambos relacionados à Zona de Cisalhamento

Transbrasiliano, foram mais efetivos na distribuição da atividade magmática intrínseca a Fm.

Mosquito, na borda Sul.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) pelo financiamento do Projeto n. 471064/2013-0, à Agência Nacional de Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP) pela cessão dos dados sísmicos e aeromagnéticos, ao Serviço

Geológico do Brasil (CPRM) pela cessão dos dados aeromagnéticos e à dGB pela licença

educacional do OpendTect. Esta pesquisa contou com o apoio dos Institutos Nacionais de

Ciências e Tecnologias em Estudos Tectônicos (INCT-ET).

REFERÊNCIAS

Abreu, F. A. M., Lesquer, A. (1985). Considerações sobre o pré-cambriano da região sul-

sudoeste do Cráton São Luís. Simpósio de Geologia da Amazônia, v. 2, 7-21.

Aguiar, G. A. (1971). Revisão geológica da bacia paleozoica do Maranhão. Congresso Brasileiro

de Geologia, v.3, 113-122. São Paulo: SBG.

Almeida, F. M. A. (1986). Distribuição regional e relações tectônicas do magmatismo pós-

paleozoico no Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 16(4), 325-349.

Almeida, F. M. A., Carneiro, C. D. R. (2004). Inundações marinhas Fanerozoicas no Brasil e

recursos minerais associados. In: Mantesso Neto, V.; Bartorelli, A.; Carneiro, C.D.R.; Brito

Neves, B.B. (Eds.), Geologia do continente sul-americano: evolução da obra de Fernando

Flávio Marques de Almeida, (43-48).

Angelim, L.D.A., Vasconcelos, A. M., Gomes, J. R. C., Wanderley, A. A., Forgiarini, L. L.,

Medeiros, M. D. F. (2004). Folha SB-24-Jaguaribe. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H.,

Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A.

B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de

Informações Geográficas – SIG, Programa Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-ROM.

Bahia, R.B.C., Faraco, M.T.L., Monteiro, M.A.S., Oliveira, M.A.O. (2004). Folha SA.22-Belém.

In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H., Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos,

G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A. B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta Geológica do

Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil.

Brasília. CPRM. CD-ROM.

Baksi, A. K., Archibald, D. A. (1997). Mesozoic igneous activity in the Maranhão province,

northern Brazil: 40Ar/39Ar evidence for separate episodes of basaltic magmatism. Earth and

planetary science letters, 151(3), 139-153.

Bezerra, P. E. L. (1996). Neotectônica e morfogênese da Região de Carolina (MA, TO), Bacia do

Parnaíba. Tese (Mestrado). Belém: UFPA.

Brito Neves, B. B., Fuck, R. A., Cordani, U. G. (1984). Influence of basement structures on the

evolution of the major sedimentary basins of Brazil: a case of tectonic heritage. Journal of

Geodynamics, 1(3-5), 495-510.

Brito Neves, B. B., Fuck, R. A. (2014). The basement of the South American platform: Half

Laurentian (N-NW) + half Gondwanan (E-SE) domains. Precambrian Research, 244, 75-86.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 72

Caputo, M. V. (1984). Stratigraphy, tectonics, paleoclimatology and paleogeography of Northern

Basins of Brazil. Tese (Dotourado). Santa Barbara: University of California.

Carneiro, C. D. C., Fraser, S. J., Crósta, A. P., Silva, A. M., Barros, C. E. D. M. (2012).

Semiautomated geologic mapping using self-organizing maps and airborne geophysics in the

Brazilian Amazon. Geophysics, 77(4), 17-24.

Castelo Branco, R. M. G.; Coimbra, A. M. (1984). Contribuição ao conhecimento tecto-

magmático da borda sul da Bacia do Parnaíba. 33° Congresso Brasileiro de Geologia, v.2, 84,

Rio de Janeiro: SBG.

Chamani, M. A. C. (2015). Tectônica sinsedimentar no Siluro-Devoniano da Bacia do Parnaíba,

Brasil: o papel de grandes estruturas do embasamento na origem e evolução de bacias

intracratônicas. Tese (Doutorado). São Paulo: Instituto de Geociências – USP.

Coimbra, A. M. (1983). Estudo sedimentológico e geoquímico do permo-triássico da Bacia do

Maranhão. Tese (Doutorado). São Paulo: Instituto de Geociências - USP.

Cordani, U. G., Brito Neves, B.B., Fuck, R.A., Porto, R., Thomaz Filho, A., Cunha, F.M.B.

(1984). Estudo preliminar de integração do Pré-Cambriano com os eventos tectônicos das

bacias sedimentares Brasileiras, v.15, Petrobrás, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

Leopoldo A. Miguez de Mello, Setor de Informação Técnica e Propriedade Industrial.

Cordani, U. G., Brito Neves, B. B., Thomaz Filho, A. (2009). Estudo preliminar de integração do

Pré-Cambriano com os eventos tectônicos das bacias sedimentares brasileiras (Atualização).

Boletim de Geociências da Petrobrás, 17, 205-219.

Costa, J. B. S., Borges, M. S., Igreja, H. L. S., Hasui, Y. (1991). Borda sul da Bacia do Parnaíba e

sua relação com o arcabouço pré-cambriano. 3° Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos, 93-

95. São Paulo: SBG.

Cunha, F. M. B. (1986). Evolução Paleozoica da Bacia do Parnaíba e seu Arcabouço Tectônico.

Tese (Mestrado). Rio de Janeiro: UFRJ.

De Castro, D. L., Fuck, R. A., Phillips, J. D., Vidotti, R. M., Bezerra, F. H., Dantas, E. L. (2014).

Crustal structure beneath the Paleozoic Parnaíba Basin revealed by airborne gravity and

magnetic data, Brazil. Tectonophysics, 614, 128-145.

De Castro, D. L., Bezerra, F. H., Fuck, R. A., Vidotti, R. M. (2016). Geophysical evidence of

pre-sag rifting and post-rifting fault reactivation in the Parnaíba basin, Brazil. Solid Earth,

7(2), 529-548.

Faraco, M. T. L., Marinho, P. A. C., Vale, A. G., Costa, E. J. S., Maia, R. G. N., Ferreira, A. L.,

Valente, C. R., Lacerda Filho, J. V., Moreton, L. C., Camargo, M. A., Vasconcelos, A. M.,

Oliveira, M., Oliveira, I. W. B., Abreu Filho, W. A., Gomes, I. P. (2004a). Folha SB.22-

Araguaia. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H., Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão Neto,

R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A. B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta

Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa

Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-ROM.

Faraco, M. T. L., Marinho, P. A. C., Vale, A. G., Costa, J. S., Ferreira, A. L., Valente, C. R.,

Lacerda Filho, J. V., Moreton, L. C., Camargo, L. C., Camargo, M. A., Frasca, A. A., Ribeiro,

P. S. E., Vasconcelos, A. M., Oliveira, M., Oliveira, I. W. B., Abreu Filho, W., Gomes, I. P.

(2004b). Folha SC.22-Tocantins. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H., Santos, J. O. S,

Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A. B., Jesus, J. D.

A. de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações

Geográficas. Programa Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-Rom.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 73

Fodor, R. V., Sial, A. N., Mukasa, S. B., McKee, E. H. (1990). Petrology, isotope characteristics,

and K-Ar ages of the Maranhão, northern Brazil, Mesozoic basalt province. Contributions to

Mineralogy and Petrology, 104(5), 555-567.

Ganade de Araujo, C. E., Weinberg, R. F., Cordani, U. G. (2014). Extruding the Borborema

Province (NE‐Brazil): a two‐stage Neoproterozoic collision process. Terra Nova, 26(2), 157-

168.

Geosoft. (2010). Montaj GridKnit. Grid stitching extension for Oasis Montaj V7.1. Tutorial and

users guide. Toronto: Geosoft Incorporation.

Geosoft. (2013). Applying standard filters. Applying filter with montaj Geophysics. Geosoft

Corporation.

Góes, A. D. O., Souza, J. D., Teixeira, L. B. (1990). Estágio exploratório e perspectivas

petrolíferas da Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 4(1).

Góes, A. D. O., Feijó, F. J. (1994). Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás,

8(1), 57-67.

Góes, A. M. (1995). Formação Poti (Carbonífero inferior) da Bacia do Parnaíba. Tese

(Doutorado). São Paulo: Instituto de Geociências - USP.

Guerreiro, S. D. C. (1983). Paleomagnetismo de rochas vulcânicas do nordeste do Brasil e a

época de abertura do oceano Atlântico Sul. Tese (Doutorado). Belém: UFPA.

Hasui, Y., Abreu, F. A. M., Villas, R. N. N. (1984). Província Parnaíba. O Pré-Cambriano no

Brasil. 36-45. São Paulo.

Hasui, Y., Haralyi, N. L. E. (1991). Aspectos lito-estruturais e geofísicos do soerguimento do

Alto Paranaíba.

Isles, D. J., Rankin, L. R. (2013). Geological Interpretation of Aeromagnetic Data. The

Australian Society of Exploration Geophysicists, 657p.

Kearey, P., Brooks, M., Hill, I. (2013). An introduction to geophysical exploration. John Wiley &

Sons.

Klein, E. L., Moura, C. A., Krymsky, R. S., Griffin, W. L. 2005. The Gurupi belt, northern

Brazil: lithostratigraphy, geochronology, and geodynamic evolution. Precambrian Research,

141(3):83-105.

Klein, E. L., Angélica, R. S., Harris, C., Jourdan, F., & Babinski, M. (2013). Mafic dykes

intrusive into Pre-Cambrian rocks of the São Luís cratonic fragment and Gurupi Belt

(Parnaíba Province), north–northeastern Brazil: Geochemistry, Sr–Nd–Pb–O isotopes, 40Ar/39Ar geochronology, and relationships to CAMP magmatism. Lithos, 172, 222-242.

Kosin, M., Angelim, L. A. A., Souza, J. D., Guimarães, J. T., Teixeira, L. R., Martins, A. A. M.,

Bento, R. V., Santos, R. A., Vasconcelos, A. M., Neves, J. P., Wanderley, A. A., Carvalho, L.

M., Pereira, L. H. M., Gomes, I. P. (2004). Folha Aracaju SC.24. In: Schobbenhaus, C.,

Gonlçalves, J. H., Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R.

M. e Ramo, M. A. B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo,

Sistema de Informações Geográficas Programa Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-

Rom.

Lima, N. M. (2014). Caracterização petroquímica das rochas ígneas de um poço exploratório na

Bacia do Parnaíba. Tese (Mestrado). Rio de Janeiro: UFRuralRJ.

Marzoli, A., Renne, P. R., Piccirillo, E. M., Ernesto, M., Bellieni, G., De Min, A. (1999).

Extensive 200-million-year-old continental flood basalts of the Central Atlantic Magmatic

Province. Science, 284(5414), 616-618.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 74

Merle, R., A. Marzoli, H. Bertrand, L. Reisberg, C. Verati, C. Zimmermann, M. Chiaradia, G.

Bellieni, and M. Ernesto. (2011). 40Ar/39Ar ages and Sr–Nd–Pb–Os geochemistry of CAMP

tholeiites from Western Maranhão basin (NE Brazil). Lithos, 122, 137-151.

Milani, E. J., Zalán, P. V. (1999). An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America. Episodes, 22, 199-205.

Milani, E. J., Thomaz Filho, A. (2000). Sedimentary basins of South America. Tectonic

Evolution of South America, 31, 389-452.

Nunes, K. C. (1993). Interpretação integrada da Bacia do Parnaíba com ênfase nos dados

aeromagnéticos. 3th International Congress of the Brazilian Geophysical Society, 152-157,

Rio de Janeiro: SBGF.

Oliveira, D. C. (2001). Reavaliação da evolução tectono-magmática do Gráben de Jaibaras

(nordeste do Brasil). Acta Geologica Hispanica, 36(1/2), 53–95. Oliveira, D. C., Mohriak, W. U. (2003). Jaibaras trough: an important element in the early

tectonic evolution of the Parnaíba interior sag basin, Northern Brazil. Marine and Petroleum

geology, 20(3), 351-383.

Phillips, J. D. (2001). Designing matched band pass and azimuthal filters for the separation of

potential- field anomalies by source region and source type. 15th Australian Society of

Exploration Geophysicist, 4. Geophysical Conference and Exhibition.

Schobbenhaus, C., Ribeiro, C. L., Oliva, L. A., Takanohashi, J. T., Lindenmayer, Z. G.,

Vasconcelos, J. B., Orlandi, V. (1975). Folha Goiás (SD-22). Carta Geológica do Brasil ao

Milionésimo Brasília. Brasilía/ DNPM.

Silva, A. D., Lopes, R. D. C., Vasconcelos, A. M., Bahia, R. B. C. (2003). Bacias sedimentares

paleozoicas e meso-cenozoicas interiores. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil

(texto, mapas e SIG). Brasília, Serviço Geológico do Brasil–CPRM/MME: 55-85.

Telford, W. M., Geldart, L. P., Sheriff, R. E. (1990). Applied Geophysics (2a ed). Cambridge:

Cambridge University Press.

Thomaz Filho, A. T., Nizuzaki, A. M. P., Milani, E. J,. Cesero, P. D. (2008). Rifting and

magmatism associated with the South America and Africa break up. Brazilian Journal of

Geology, 30(1), 017-019.

Vaz, P. T., Rezende, N. G. A. M., Wanderley Filho, J. R., Travassos, W. A. S. (2007). Bacia do

Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15(2), 253-263.

Vasconcelos, A. M., Kosin, M., Souza, J. D. de, Valente, C. R., Neves, J. P., Heineck, C. A.,

Lacerda Filho, J. V., Teixeira, L. R., Borges, V. P., Bento, R. V., Guimarães, J. T., Neves, J.

P., Oliveira, I. W. B., Gomes, I. P., Malouf, R. F., Carvalho, L. M. de, Abreu Filho, W.

(2004a).. Folha SC.23 - Rio São Francisco. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H., Santos, J.

O. S, Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A. B., Jesus,

J. D. A. de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações

Geográficas. Programa Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-Rom.

Vasconcelos, A. M., Kosin, M., Ribeiro J. A. P., Colares, J. Q. S., Gomes, I. P., Forgiarini, L. L.,

Medeiros, M. F., Souza, J. D., de Valente, C. R., Neves, J. P., Heineck, C. A., Lacerda Filho,

J. V., Teixeira, L. R., Borges, V. P., Bento, R. V., Guimarães, J. T., Oliveira, I. W. B., Gomes,

I. P., Malouf, R. F., Carvalho, L. M., de Abreu Filho, W. (2004b). Folha SB.23 – Teresina. In:

Schobbenhaus, C., Gonçalves, J. H., Santos, J. D. S., Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G.

M. M., Vidotti, R. M., Ramos, M. A. B., Jesus, J. D. A de (Eds.). Carta Geológica do Brasil

ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa de Geologia do Brasil.

Brasília. CPRM. CD-Rom.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 75

Vasconcelos, A. M., Torres, P. F. M., Forgiarini, L. L., Medeiros, M. de F., (2004c). Folha

SA.24-Fortaleza. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H., Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão

Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A. B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta

Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa

Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-ROM.

Vasconcelos, A. M., Veiga Júnior, J., Colares, J. Q. S., Ribeiro, J. A. P., Gomes, I. P., Medeiros,

M. F Forgiarini, (2004d). Folha SA.23-São Luís. In: Schobbenhaus, C., Gonlçalves, J. H.,

Santos, J. O. S, Abram, M. B., Leão Neto, R., Matos, G. M. M, Vidotti, R. M. e Ramo, M. A.

B., Jesus, J. D. A. de. (Eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de

Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil. Brasília. CPRM. CD-ROM.

Zembruscki, S. G., Campos, J. D. P. (1988). Comportamento Geotérmico Regional e Provável

Movimentação de Fluidos na Bacia do Parnaíba, Maranhão. Boletim de Geociência da

Petrobrás, 2 (2/4), 133-145.

TABELAS

Tabela 1 - Carta cronoestratigráfica simplificada da Bacia do Parnaíba, ilustrando a divisões das

sequências tectono-sedimentares (adaptado de De Castro et al., 2016). Idade (Ma) Período Fase Sequência Grupo Formação Litologia

94 - 200 Jurássico- Cretáceo

Sag/Rifte Sul-atlântico

V - Mosquito, Pastos Bons, Sardinha, Corda, Itapecuru

arenitos, pelitos, folhelhos e basaltos

223 - 310 Neocarbonífero-Eotriássica

Sag IV Balsas Piauí, Pedra de Fogo, Motuca, Sambaíba

folhelhos, siltitos, calcários e arenitos

334 - 400 Mesodevoniana-EoCarbonífera

Sag III Canindé Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá, Poti

siltitos, folhelhos e arenitos

400 - 443 Siluriana-Eodevoniana

Sag II Serra Grande

Jaicós, Tianguá, Ipu arenitos fluviais e deltaicose pelitos

500 - 527 Cambriana Rifte I - Jaibaras conglomerados, arenitos, filitos e folhelhos

> 540 Embasamento Pré-cambriano

Tabela 2 - Parâmetros dos levantamentos aerogeofísicos executados na Bacia do Parnaíba. LV:

Linha de voo; LC: Linha de controle.

Empresa ANP CPRM

Código - 1020 1022 1027 1044 3003 4031 4032 4047 4050

Altura de Voo

(m) 100 150 150 150 150 150 300 700 500 800

Direção LV N-S N-S N-S N-S N30°W N-S N-S N45°E N-S N-S

Espaçamento LV

(km) 0,5 2 1 2 1 4 2 2 3 3

Direção LC E-W E-W E-W E-W N60°E E-W E-W N45°W E-W E-W

Espaçamento LC

(km) 4 14 20 20 20 27 8 12 18 18

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 76

FIGURAS

Figura 1 - Esboço tectônico da Bacia do Parnaíba (adaptado de Cordani et al, 1984; De Castro et

al., 2014, 2016; Chamani, 2015).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 77

Figura 2 - Mapa geológico da Bacia do Parnaíba, extraído do banco de dados Geobank da CPRM

(Angelim et al., 2004; Bahia et al., 2004; Faraco et al., 2004a, 2004b; Kosin et al., 2004,

Vasconcelos et al., 2004a, 2004b, 2004c, 2004d). Unidades estratigráficas: 1 – Siluriana-

Eodevoniana (Grupo Serra Grande); 2 - Mesodevoniana-Eocarbonífera (Grupo Canindé); 3 -

Neocarbonífero-Eotriássica (Grupo Balsas); 4 – Formação Mosquito (Magmatismo Eojurássico);

5 – Neojurássica; 6 – Formação Sardinha (Magmatismo Eocretáceo); 7 – Mesocretácea; 8 –

Bacia Sanfranciscana (grupos Urucuia e Areado); 9 – Coberturas sedimentares do Cenozoico ao

recente. Linhas sísmicas: L4 (Figura 8) e L507 (Figura 9).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 78

Figura 3 - Mapa de localização dos levantamentos aerogeofísicos na Bacia do Parnaíba.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro - SdC, e São Luís - SU.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 79

Figura 4 - Mapa de anomalias magnéticas do campo magnético anômalo (CMA - A), profundo

(CMP – B), intermediário (CMI – C) e raso (CMR – D) da Bacia do Parnaíba. Os quadrados

destacam anomalias de alta amplitude e de curtos comprimentos de onda do CMA na borda oeste

(A1 –Figura 5A), sul (A2 – Figura 5B), centro-leste e nordeste (A3 – Figura 5C) da bacia.

Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL,

Sardinha Centro – SdC, e São Luís –SU.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 80

Figura 5 – Mapa do Campo Magnético Anômalo (CMA) da Bacia do Parnaíba, destacando três

áreas com anomalias de curto comprimento de onda e alta amplitude nas porções oeste (A), sul

(B) e centro-leste e nordeste da bacia (localização na Figura 4A). Linhas sísmicas: L4 (Figura 8)

e L507 (Figura 9).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 81

Figura 6 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico do Campo Magnético Intermediário (CMI), de

cada projeto, da Bacia do Parnaíba (A). Mapa da Derivada Vertical do CMI, de cada projeto, da

Bacia do Parnaíba (B). Domínios magnéticos: Mosquito Oeste - MqO; Mosquito Sul - MqS;

Sardinha Leste - SdL; Sardinha Centro – SdC; e São Luís - SU. Linhas sísmicas: L4 (Figura 8) e

L507 (Figura 9).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 82

Figura 7 - Soluções (clusters) do mapeamento semiautomático (SOM) dos corpos magmáticos da

Bacia do Parnaíba, com base nos dados magnéticos aerolevantados. Domínios magnéticos:

Mosquito Oeste - MqO, Mosquito Sul - MqS, Sardinha Leste - SdL, Sardinha Centro - SdC, e

São Luís - SU.Linhas sísmicas: L4 (Figura 8) e L507 (Figura 9).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 83

Figura 8 – Anomalias magnéticas CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L4, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas da Bacia do Parnaíba. Os refletores de

alta amplitude circundados parecem indicar manifestações profundas de corpos intrusivos.

Figura 9 - Anomalias magnéticas CMA e ASA ao longo da Seção Sísmica L507, destacando

sequências tectono-sedimentares e estruturas magmáticas na região de zona rifte cortada pelo

Lineamento Tranbrasiliano (adaptado de De Castro et al., 2016).

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 84

Figura 10 – Mapa de localização dos pontos de medição da susceptibilidade magnética (k) de

rochas ígneas das formações Mosquito e Sardinha (A). Histograma do valor médio da

susceptibilidade magnética das amostras coletadas em cada afloramento de rochas ígneas da

Bacia do Parnaíba (B). k̅Mq: Susceptibilidade média da Formação Mosquito. k̅Sd: Susceptibilidade

média da Formação Sardinha.

Figura 11 - Afloramentos de diabásios da Formação Mosquito na borda sul (A) e na borda oeste

(B, C e D), e da Formação Sardinha na borda leste (E, F, G e H) da Bacia do Parnaíba.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 85

Figura 12 - Mapa da amplitude do sinal analítico (ASA) com a localização das suítes intrusivas

proterozoicas no Cráton São Luís e das formações Mosquito e Sardinha na Bacia do Parnaíba.

Zonas de cisalhamento Brasilianas: Ar - Araguaia; PA - Patos; PE - Pernambuco; SP - Senador

Pompeu; TB - Transbrasiliano; TG – Tentugal. Áreas com contorno azul são os domínios

magnéticos (MqO, MqS, SdL, SdC e SU). BSF: Bacia Sanfranciscana.

Mocitaiba, L. da S.R. Anexo A - Artigo Científico

Mocitaiba, L. da S.R. 86

Figura 13 - Mapa geofísico/geológico, exibindo afloramentos das Formações Mosquito e

Sardinha e a distribuição espacial das anomalias magnéticas associadas ao magmatismo

mesozoico da Bacia do Parnaíba.