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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - PUCRS
FACULDADE DE DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CRIMINAIS
DAVID TARCISO QUEIROZ DE SOUZA
A PERMEABILIDADE INQUISITÓRIA DO PROCESSO PENAL EM RELAÇÃO
AOS ATOS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
Porto Alegre
2016
David Tarciso Queiroz de Souza
A PERMEABILIDADE INQUISITÓRIA DO PROCESSO PENAL EM RELAÇÃO
AOS ATOS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
.
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Criminais, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SUL – PUCRS. Linha de Pesquisa: Sistemas Jurídico-
Penais contemporâneos
Orientador: Prof. Dr. Aury Lopes Júnior
Porto Alegre
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Clarissa Jesinska Selbach CRB10/2051
S729 Souza, David Tarciso Queiroz de
A permeabilidade inquisitória do processo penal em relação aos atos de
investigação preliminar / David Tarciso Queiroz de Souza – 2016.
147 fls.
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul / Faculdade de Direito / Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais, Porto Alegre, 2016.
Orientador: Prof. Dr. Aury Lopes Júnior
1. Direito processual penal - Brasil. 2. Inquérito policial. 3. Investigação
criminal. I. Lopes Júnior, Aury. II. Título.
CDD 341.43
David Tarciso Queiroz de Souza
A PERMEABILIDADE INQUISITÓRIA DO PROCESSO PENAL EM RELAÇÃO
AOS ATOS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Criminais, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SUL – PUCRS.
BANCA EXAMINADORA
Professor Doutor Aury Lopes Júnior – PUCRS
Professor Doutor Ricardo Jacobsen Gloeckner – PGCCRIM
Professor Doutor Alexandre Morais da Rosa – UFSC
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus grandes amigos Angelo Moreno Cintra Fragelli e Vera M.
Guilherme. Sem a ajuda de vocês a conclusão desse trabalho teria sido muito mais árdua
ou, talvez, impossível para mim. Serei eternamente grato. Obrigado por me ajudarem de
forma incondicional e parabéns por doarem tanto de vocês sem esperar nada em troca.
Agradeço, também, ao meu amigo Alan Pinheiro de Paula, grande incentivador
dos propósitos positivos da vida.
RESUMO
O presente estudo versa sobre os reflexos que a introdução dos atos de
investigação, notadamente os produzidos por meio do inquérito policial, pode ocasionar
no processo e na sentença judicial.
O autor abordou a investigação preliminar, enfatizando suas características
autoritárias e inquisitivas, bem como realizou uma análise da valoração dos atos de
investigação no processo penal, buscando demonstrar o quanto é deletéria a
contaminação do processo penal pelos atos de investigação para a imparcialidade do
julgador e, consequentemente, para a aplicação hígida da lei.
Palavras-chave: Contaminação, investigação preliminar, inquérito policial, valor
probatório.
ABSTRACT
This dissertation is on the reflexes brought to the penal process and the final
judicial decision by the introduction of acts of investigation, through police inquiry.
The author chose to analyse preliminary investigation emphasizing its authoritarian
and inquisitive aspects, remarking the values attributed to the acts of investigation
thoughout the penal process, aiming to show how deleterious it is to the impartiality of
the judge and, consequently, to the healthy application of law the contamination of the
process by the acts of investigation.
Key words: contamination, preliminary investigation, police inquiry, value of proof.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 09
CAPITULO I – Investigação preliminar e Poder ........................................................... 13
1. Persecução penal e política de Estado. ............................................................... 14 2. Poder investigatório e direitos fundamentais. A tensão. .................................... 19 3. Investigação preliminar: finalidade e fundamento ............................................. 22 4. Objeto da investigação preliminar e a cognição sumária. ................................... 28 5. Forma dos atos .................................................................................................... 32
5.1. Formalmente facultativa, mas realmente obrigatória. ............................ 32 5.2. Escritura e oralidade ............................................................................... 34 5.3. O problema da publicidade abusiva e o sigilo da investigação. ............. 39
CAPITULO II – Investigação preliminar e inquisição. Ambição de verdade e
dependência da prova testemunhal ................................................................................. 43
1. Inquisição e investigação preliminar: o peso da tradição inquisitória ............... 43 2. A limitação do direito de defesa e do contraditório do inquérito. ..................... 50 3. Cultura inquisitória, ambição de verdade e investigação. .................................. 61 4. A dependência da investigação em relação à prova testemunhal e a ingenuidade
jurídica quanto à ‘memória’ .............................................................................. 66 5. Reconhecimento pessoal, memória e defraudação. Efeito foco na arma e falsos
reconhecimentos. ............................................................................................... 77 6. A prova técnica como instrumento de redução de danos, mas sem cair na tarifa
probatória ........................................................................................................... 84
CAPITULO III – O problema do valor probatório dos atos do inquérito policial ....... 88
1. Afinal, qual o valor probatório dos atos do inquérito? Apresentando o problema. ............................................................................................................ 88
2. Distinção entre atos de investigação e atos de prova .......................................... 91 3. Provas técnicas e provas irrepetíveis. ................................................................. 94 4. A contaminação dos atos do inquérito no processo penal à luz do valor
probatório .............................................................................................................97 5. Livre convencimento e decisionismo. .............................................................. 102 6. A luta contra a sedução da ‘evidência’ e o ponto cego do direito. ................... 107 7. A teoria da dissonância cognitiva e o contributo para a demonstração da
contaminação. ................................................................................................... 111 8. A investigação preliminar no Projeto do Código de Processo Penal. .............. 120 9. A necessidade de exclusão física dos atos do inquérito policial. ......................127 CONCLUSÃO. ....................................................................................................... 132
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ................................................................... 139
9
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como escopo aferir a permeabilidade inquisitória do
processo penal em relação aos atos de investigação preliminar, ou seja, buscou-se
pesquisar se os elementos de informação colhidos no curso do inquérito policial tem
caráter contaminante no processo e na sentença judicial.
O inquérito policial é difundido por parte da doutrina e dos atores jurídicos como
mero elemento de informação, destinado à apuração de uma infração penal e sua
autoria. Com efeito, por esse ponto de vista, entende-se, com certo menoscabo, que os
atos de investigação não tem qualquer importância para o deslinde do processo e
relevância para convicção do magistrado, cuja formação seria erigida, primordialmente,
pelas provas produzidas em contraditório judicial. Entretanto, uma análise mais
aprofundada da persecução penal, notadamente de ordem prática, demostra que os atos
de investigação possuem forte influência no curso do processo, não podendo ser
considerados meros atos. No ponto, não se pode descurar da determinação legal de
introdução dos atos de investigação, na sua plenitude, no processo, prevista no art. 12
do Código de Processo Penal, bem como da permissão legal para que o magistrado
utili