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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA PROXIMAIS DO PROMOTOR DO GENE DA INTERLEUCINA-10 EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LINFOMA DE HODGKIN EM ASSOCIAÇÃO COM O VÍRUS EPSTEIN-BARR JAQUELINE DE AZEVÊDO SILVA RECIFE 2010

Dissertação de Mestrado Jaqueline de Azevedo Silva€¦ · Silva, Jaqueline de Azevêdo Polimorfismos de base única proximais do promotor do gene da interleucina-10 em pacientes

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS BBIIOOLLÓÓGGIICCAASS

DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE GGEENNÉÉTTIICCAA

PPRROOGGRRAAMMAA DDEE PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO EEMM GGEENNÉÉTTIICCAA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA PROXIMAIS DO PROMOTOR DO GENE DA INTERLEUCINA-10 EM

PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LINFOMA DE HODGKIN EM ASSOCIAÇÃO COM O VÍRUS EPSTEIN-BARR

JAQUELINE DE AZEVÊDO SILVA

RECIFE 2010

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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Genética da UniveH-RSidade Federal de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Mestre em Genética pela UFPE.

UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS BBIIOOLLÓÓGGIICCAASS

DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE GGEENNÉÉTTIICCAA

PPRROOGGRRAAMMAA DDEE PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO EEMM GGEENNÉÉTTIICCAA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA PROXIMAIS DO PROMOTOR DO GENE DA INTERLEUCINA-10 EM

PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LINFOMA DE HODGKIN EM ASSOCIAÇÃO COM O VÍRUS EPSTEIN-BARR

JAQUELINE DE AZEVÊDO SILVA

RECIFE 2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Genética da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Mestre em Genética pela UFPE.

Orientador: Maria Tereza Cartaxo Muniz

Co-Orientadora: Cláudia Esther Rocio Hassan

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Silva, Jaqueline de Azevêdo Polimorfismos de base única proximais do promotor do gene da interleucina-10 em pacientes pediátricos com linfoma de Hodgkin em associação com o vírus epstein-barr / Jaqueline de Azêvedo Silva. – Recife: O Autor, 2010. 80 folhas : fig., tab.

Orientadora: Maria Tereza Cartaxo Muniz. Co-Orientadora: Claúdia Esther Rocio Hassan.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Genética, 2010.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Genética – Pesquisa 2. Câncer – Aspectos genéticos 3. Linfoma 4. Hodgkin, Doença de I. Título.

576.5 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2010-121

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“A consciência do dever cumprido derrama na nossa alma doce

alegria. “

George Herbert

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Agradecimentos

Os agradecimentos sempre começam um pouco clichês, e agora não seria

diferente, pois seria ingratidão demais não começar com um agradecimento Àquele

que sempre esteve comigo, nos melhores e piores momentos, me suprindo de uma

energia que teimava em acabar, me levantando para enfrentar uma luta que muitas

vezes eu cheguei a pensar que seria inútil. Sim, agradeço a Deus, por ter me dado,

antes de qualquer coisa, a vida e por ter me permitido chegar até aqui.

Agradeço a meus pais, José e Aparecida, pelo apoio, carinho, paciência e amor

incondicionais. Sem a estrutura familiar que eles me proporcionam, muito

provavelmente, eu não teria ido muito longe. A eles meu imenso amor, carinho e

respeito. A meu irmão, Joca, que sempre acreditou em mim, mesmo quando eu

mesma não acreditava, por sua confiança, carinho e apoio, sempre.

Meu agradecimento especial ao meu noivo, Will, que tanto me apoiou, me dando

alegrias, me dizendo verdades (que muitas vezes eu preferia não escutar), me

fazendo achar o caminho quando este me parecia perdido, a ele, que com seu amor,

carinho, paciência e dedicação, não me permitiram sucumbir. Obrigada por tudo,

sem você as coisas poderiam ser muito diferentes, não no bom sentido.

À minha orientadora, Dra. Tereza Cartaxo, por seu acolhimento ao longo desta

jornada, por sua confiança e otimismo, mesmo nas situações mais críticas. A Dra

Rocio Hassan por me acolher em seu laboratório, por sua paciência, apoio,

confiança e por dividir comigo uma mínima parte do seu conhecimento. Ao Mário,

por sua inestimada dedicação com as amostras, e é claro, por conhecimento e

trabalho.

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À equipe médica, em especial Dra Adriana Moraes, que com sua dedicação, me

proporcionou subsídios, me encaminhando os pacientes para que este trabalho

pudesse ser concluído.

Aos meus colegas de laboratório, que conseguiram alegrar os dias e noites de

“bancada”, e proporcionaram-me bons momentos. A minha amiga de longa jornada,

Karina, por emprestar o seu ouvido, por seus conselhos e bom humor. A Maíra, que,

juntamente com Karina, me proporcionou momentos valiosos de descontração,

fundamentais para renovar as energias e retomar a caminhada. À minha querida

amiga Heidi, vulgo “Raidi”, que com seu otimismo, alegria e aventura, alegrou meus

dias e a todos os meus colegas de mestrado, Bárbara, Isadora, Rafaelle, Rafaela,

Marcus, Carlos... todos! A amiga Carolina (Carol), por sua tão preciosa ajuda em um

momento crítico, sua presença foi de inestimável importância. Obrigada!

Às minhas amigas e amigos, que com sua simples presença, contribuíram para a

minha sanidade mental. A todos vocês, muito obrigada queridos.

Aos pacientes que me permitiram a realização deste trabalho, sem eles, com

certeza, nada disso seria feito. E sem eles, nada disso vale à pena. A Dra Rosilda,

por sua gentileza, dando suporte a esta pesquisa. A coordenação da PPGGBM, que

apoiou este trabalho, a mim e a minha orientadora, em especial ao Prof. Antônio

Carlos de Freitas e ao Prof. Valdir Balbino.

A todos que de alguma forma, mesmo que pequena, contribuíram para que este

trabalho fosse concluído. Obrigada a todos.

Agradecimento especial ao órgão fomentador da pesquisa: CNPq.

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SUMÁRIO 1. Introdução 8 2. Revisão da Literatura 10

2.1. Linfoma de Hodgkin (LH) 10 2.1.1 Linfoma de Hodgkin – Importância no Brasil e no mundo 10 2.1.2 Linfoma de Hodgkin – Classificação 11 2.1.3 Caracterização do Linfoma de Hodgkin 13

2.2. Interleucina 10 (IL-10) 17 2.2.1 Importância da IL-10 no sistema imunológico 17 2.2.2 Gene IL-10 18 2.2.3 Polimorfismos do promotor do gene da IL-10 22 2.2.4 IL-10 associada a doenças 24 2.2.5 Interleucina-10 e Linfoma de Hodgkin 25

2.3 Microambiente tumoral 26 2.3 EBV 28

2.3.1Caracterização do EBV 28 2.4.2 EBV e LH 31 2.4.3 EBV e produção de IL-10 32

3. Objetivos 35 3.1. Objetivo Geral 35 3.2. Objetivos Específicos 35

4. Materiais e Métodos 36 4.1. Desenho Experimental 36 4.2. Local de Estudo 36 4.3. Período de Estudo 36 4.4. Critérios para Inclusão de Pacientes e Controles 36 4.5. Coleta de Material Biológico 36 4.6. Aspectos Éticos 37 4.7 Métodos de Extração 37

4.7.1 Extração de DNA de Sangue Total 37 4.8. Detecção dos SNPs – PCR alelo-específico 38 4.9. Detecção dos Haplótipos Proximais da IL-10 39 4.10. Análise do EBV 41 4.11 Análise dos Resultados 42

5. Resultados 44 6. Discussão 49 7. Conclusões 53 8. Memorial da Aluna 54 9. Referências Bibliográficas 55 10. Anexos 70

10.1 Anexo I 70 10.2 Anexo II 71

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Lista de Abreviaturas µg Micrograma µl Microlitro µm Micrômetro µM Micromolar AIDS Síndrome de Imunodeficiência Humana APC Célula Apresentadora de Antígeno AS- PCR PCR- Alelo específica BCR Receptor de Células B (do inglês, B cell receptor) BCRF1 Fator de receptor de célula B 1 CCL Citocina regulada sob ativação, expressa e secretadas por

células T normais CD Célula Dendrítica CEONPE Centro de Oncohematologia Pediátrica de Pernambuco CG Centro Germinativo CMN Células Mononucleares DA Doença de Alzheimer dbSNP Single Nucleotide Polymorphisms Database DH Doença de Hodgkin DL Desequilíbrio de Ligação DNA Ácido Desoxirribonucléico (do Inglês: Deoxyribonucleic acid ) dNTP Desoxinucleotídio EBER RNA viral do Epstein Barr (do inglês, Epstein Barr encoded RNA)

EBNA Antígeno Nuclear Viral do Epstein Barr (do inglês, Epstein Barr virus)

EBV Vírus Epstein-Barr EDTA Ácido etilenodiamino tetra acético EHW Equilíbrio de Hardy-Weinberg FDC Células Dendrítica Folicular (do inglês, Follicular Dentric Cell) FIP Fixado e Impregnado em Parafina hIL-10 Interleucina-10 humana HIV Vírus da Imunodeficiência Humana HLA Antígeno de Leucócito Humano H-RS Hodgkin e Reed-Sternberg HUOC Hospital Universitário Oswaldo Cruz IARC Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (do Inglês,

International Agency for Research on Cancer) IFN Interferon Ig Imunoglobulina IgH Cadeia pesada da Imunoglobulina (do inglês, Immunoglobulinheavy

chain) IL-10 Interleucina-10

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INCa Instituto Nacional do Câncer INF Interferon ISH Hibridização in situ JAK Janus Kinase Kb Kilobase LB Linfoma de Burkitt LCV Linfocriptoviridae LH Linfoma de Hodgkin LHc Linfoma de Hodgkin Clássico LHPLN Linfoma de Hodgkin com Predominância Linfocítica Nodular LMP Proteína Latente de Membrana (do inglês, Latent Membrane

protein)

LNH Linfomas Não-Hodgkin MHC Complexo Maior de Histocompatibilidade ml Mililitro mRNA RNA mensageiro NCBI National Center for Biotechnology Information NFKB Fator de Necrose Kappa Beta NK Natural Killer nm Nanômetro nM Nanomolar OMS Organização Mundial de Saúde OR Odds Ratio pb Pares de base PCR Reação em Cadeia da Polimerase (do inglês, Polymerase chain

reaction) PPD-1 Proteína de Morte Celular Programada (do inglês, Programed

Protein Death 1) RNA Ribonucleic acid / Ácido ribonucléico rpm Rotações por minuto RV Rhabdo vírus SDS Dodecil Sulfato de Sódio ou Lauril sulfato SLE Sobrevida livre de eventos SNP Polimorfismo de base única (do Inglês: Single Nucleotide

Polymorphisms) STAT Sinal transdutor e ativador de transcrição (do inglês: signal

transducer and activator of transcription) T reg Células T reguladoras TARC Quimocina timo e ativação regulada (do inglês Thymus and

activation regulated chemokine) TFN Fator de Necrose tumoral TGF

Fator de Crescimento Tumoral (do inglês, transforming growth factor)

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Th Célula T auxiliadora (do Inglês: T Cell Helper) TNF Fator de Necrose Tumoral (do inglês, Tumor necrosis factor) UICC União internacional contra o câncer UV Ultravioleta vIL-10 Interleucina-10 viral

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Lista de Figuras Figura 1. Anatomia do sistema linfático. Fonte: National Cancer Institute –USA. ..... 10 

Figura 2. Célula de Reed-Sternberg. Fonte: http://www.med-

ed.virginia.edu/courses/path/innes/wcd/hodgkin.cfm. Acesso em Outubro/2009.

........................................................................................................................... 15 

Figura 3: Esquema do centro germinativo - papel hipotético do EBV na tumorigênese

do LH. Adaptado de Kutok & Wang,2006. ......................................................... 16 

Figura 4. Esquema da estrutura de parte do cromossomo 1 humano, mostrando o

gene da IL-10 e os genes adjacentes. Fonte: http://genatlas.medecine.univ-

paris5.fr/fiche.php?symbol=IL10RA. .................................................................. 18 

Figura 5. Estrutura dos Receptores de IL-10 humana e parte da via de sinalização

JAK/STAT para estes receptores. Fonte: Mosser e Zhang, 2008. ..................... 20 

Figura 6. Elementos regulatórios do promotor do gene da IL-10 humana. ............... 21 

Figura 7: Esquema da estrutura do gene da IL-10, mostrando os SNPs e os

microssatélites da região promotora. Adaptado de Howell et al, 2007. .............. 22 

Figura 8. Interação das células H-RS com as células do microambiente tumoral.

Adaptado de Schmitz et al, 2009. ...................................................................... 28 

Figura 9: Esquema com a comparação das principais características dos ciclos

líticos e lisogênicos de infecção pelo EBV. Adaptado de Kutok e Wang (2006).

........................................................................................................................... 30 

Figura 10: Esquema didático das combinações utilizadas na Haplotipagem

Experimental. ..................................................................................................... 40 

Figura 11: Perfil eletroforético do produto amplificado da posição -1082. Gel de

Agarose a 2%, com fragmentos amplificados de 139 pb. Ladder de 100pb. CN

= Controle Negativo (água e mix de PCR) e Lad.= Ladder (marcador de peso

molecular). ......................................................................................................... 45 

Figura 12: Perfil eletroforético dos produtos amplificados dos haplótipos ACC, ATA e

GCC em gel de agarose 2% corado com Brometo de Etídio. ............................ 46 

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Lista de Tabelas Tabela 1: Estadios Clínicos do Linfoma de Hodgkin..................................................12

Tabela 2: Linfoma do Hodgkin Clássico:Subtipos, Características e Incidência........14

Tabela 3: Exemplos de seqüências regulatórias da região 5´do gene da IL-10

humana...................................................................................................................... 21

Tabela 4: Seqüência dos Iniciadores usados nas reações de genotipagem por AS-

PCR........................................................................................................................... 39

Tabela 5: Combinações de Iniciadores para cada haplótipo experimental...............40

Tabela 6: Sequências dos Iniciadores usados na haplotipagem experimental.........41

Tabela 7:Características Clínicas dos Pacientes analisados.....................................44

Tabela 8: Distribuição genotípica dos polimorfismos do gene da IL-10 no grupo de

pacientes e controles................................................................................................. 46

Tabela 9: Distribuição dos haplótipos do promotor do gene da IL-10 no grupo de

casos e controles....................................................................................................... 47

Tabela 10: Distribuição haplotípica e genotípica nos casos de EBV no grupo de

pacientes................................................................................................................. 48

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Resumo O Linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia maligna caracterizada histologicamente pela presença de células denominadas Hodgkin-Reed-Sternberg (H-RS) no microambiente tumoral. A interleucina-10 (IL-10) é uma citocina imunoregulatória que exerce função linfoproliferativa nas células B. A regulação do produto do IL-10 pode ser controlado por diferentes genótipos no promotor do gene ou por transcritos do vírus Epstein-Barr (EBV) em células B infectadas, já que o EBV possui a capacidade de produzir uma IL-10 (vIL-10) similar a IL-10 humana (hIL-10). Os polimorfismos de base única (SNP) na posição proximal do promotor do gene IL-10 já foram relacionados com diversas doenças, entre elas o LH em algumas populações. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar a existência de associação entre os polimorfismos proximais do IL-10 com LH e a possível associação com EBV. O estudo foi do tipo analítico com caso-controle, consistindo de 64 pacientes (2-18 anos) com LH, atendidos no CEONPE/HUOC e 131 indivíduos saudáveis compondo o grupo de controles. A investigação dos SNPs nas posições -1082 e -592, e de dos seus possíveis haplótipos, foi realizada por PCR alelo específica (AS-PCR). A análise do EBV foi realizada por hibridização in situ fluorescente da detecção do RNA do vírus Epstein-Barr (EBER-ISH). Indivíduos com genótipo -1082GG apresentaram 4,5 vezes menos chance de desenvolver LH que os portadores dos demais genótipos (OR = 4,45, IC95% 1,5-13,3 p = 0,007). Indivíduos com o genótipo -592CC apresentaram cerca de cinco vezes menos chance de desenvolver o LH que portadores dos demais genótipos (OR = 5,27, IC95% = 1,53-18,1 p = 0,007). Em relação aos haplótipos, portadores do haplótipo ACC apresentaram três vezes mais chances de desenvolver LH, em comparação aos demais haplótipos (OR= 3,28 IC95% 1,18 – 9,07 p= 0,03). Indivíduos com os haplótipos combinados ATA/ATA e GCC/GCC apresentaram menos chances de desenvolvimento do LH, em comparação às demais combinações (OR= 0,19 IC 95% 0,05 – 0,65 p= 0,007 e OR= 0,225 IC 95% 0,07 – 0,66 p= 0,007). A presença do EBV foi verificada em 36,8% das amostras analisadas. A amostra de casos de EBV apresentou maior freqüência do haplótipo ACC nos indivíduos EBV +; Já nos indivíduos EBV-, o haplótipo ATA apresentou maior freqüência; Em conclusão, as variantes genéticas das posições -1082 e -592 e os haplótipos sugerem associação ao risco de desenvolvimento de LH nos indivíduos do grupo estudado; A associação com o EBV não pode ser inferida nesta análise.

Palavras-chave: Interleucina-10; Linfoma de Hodgkin; EBV.

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Abstract

Hodgkin´s Lymphoma (HL) is a malignancy characterized by cells named Hodgkin-Reed-Sternberg cells (H-RS) present in a microtumoral environment. Interleukin-10 (IL-10) is a pleiotropic immunoregulatory citokine with lymphoproliferative activity in B cells. Regulation of IL-10 product may be controlled by different genotypes in its gene promoter or by Epstein Barr virus (EBV) transcripts in infected B cells, since EBV is able to synthesize an IL-10 (vIL-10) similar to human IL-10 (hIL-10). IL-10 proximal single nucleotide polymorphisms (SNP) have been related to several diseases, including malignancies such as HL, in some populations. Therefore, the purpose of this study was to evaluate an association between IL-10 proximal polymorphisms and HL and its possible association with EBV. This was a case-control study, including 64 HL patients (2-18 years), admitted in CEONHPE/HUOC and 131healthy controls. Evaluation of -1082 and -592 polymorphisms and its haplotypes were performed by Allele specific PCR (AS-PCR) and -819 polymorphism was inferred from -592. EBV analysis was performed by in situ hybridization for EB encoding RNA (EBER-ISH). Individuals carrying -1082GG genotype showed thereabout 4-fold decreased risk of developing HL, compared to the others genotypes (OR = 4,45, CI95% 1,5-13,3 p = 0,007). Individuals harboring -592CC genotype showed thereabout 5-fold decreased risk of developing HL, compared to the other genotypes (OR = 5,27, IC95% = 1,53-18,1 p = 0,007). When haplotypes were analyzed regarding risk for developing HL, individuals harboring ACC haplotype showed more thereabout 3-fold increased risk for developing HL, compared to the others (OR= 3,28 CI95% 1,18 – 9,07 p= 0,03). Individuals carrying combined haplotypes ATA/ATA and GCC/GCC showed a decreased risk for developing HL, compared to the others (OR= 0,19 CI 95% 0,05 – 0,65 p= 0,007 e OR= 0,225 IC 95% 0,07 – 0,66 p= 0,007). Presence of EBV was detected in 36,8% of the samples. The EBV samples showed ACC haplotype greater frequency at EBV+, while at the EBV- samples the ATA haplotype was the prevalent one. In conclusion, the allelic variants at -1082, -819 and -592 positions and its haplotypes suggest association with the LH risk, but no association was found with EBV.

Keywords: Interleukin-10; Hodgkin´s Lymphoma; EBV.

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1. Introdução

O Linfoma de Hodgkin (LH) é uma doença linfoproliferativa maligna,

caracterizada histologicamente pela identificação de células gigantes, mono, bi ou

polinucleadas, em um ambiente inflamatório. Estas células são denominadas de

Hodgkin -Reed-Sternberg (H-RS). A principal característica do LH é a escassez de

células tumorais, H-RS. Essas células representam 1% do infiltrado celular,

enquanto a vasta maioria das células infiltradas são linfócitos T, histiócitos,

eosinófilos granulócitos e plasmócitos. O LH é um dos linfomas mais freqüentes do

mundo ocidental, afetando geralmente adolescentes e indivíduos jovens, no entanto

sua biologia básica ainda permanece pouco compreendida. Os fatores implicados na

patogênese do Linfoma incluem desregulação dos mecanismos que levam a

apoptose, hiperestimulação das células B e participação de agentes infecciosos. A

interação das células H-RS com células do sistema imunológico no tumor constituem

o complexo microambiente tumoral do LH.

A interleucina-10 (IL-10) é uma importante citocina imunoregulatória

produzida por muitas populações celulares. A sua principal função biológica parece

ser a limitação e terminação da resposta inflamatória e regulação da diferenciação e

proliferação de muitas células do sistema imune como células T, B, Natural Killers,

apresentadoras de antígenos, mastócitos e granulócitos. A regulação do produto do

gene IL-10 pode ser controlado por diferentes genótipos presentes no promotor do

gene ou por transcritos de EBV em células B infectadas, já que o EBV possui a

capacidade de produzir uma IL-10 (vIL-10) similar a IL-10 humana (hIL-10). O

promotor do gene da IL-10 possui mais de 20 polimorfismos depositados nos bancos

públicos de dados, no entanto seis polimorfismos (proximais -1082, -819 e -592;

distais 2763, 2849, 3575) são os mais estudados. Os três SNPs proximais da região

promotora estão em forte desequilíbrio de ligação, formando três haplótipos comuns

na população caucasiana – GCC, ACC e ATA. Além disto, o haplótipo GTA é uma

possível, mas extremamente rara combinação em indivíduos caucasianos. Os SNPs

na posição proximal já foram relacionados com diversas doenças e neoplasias, entre

elas o LH em algumas populações.

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No entanto, a literatura diverge quanto aos resultados encontrados, indicando

que os SNPs proximais do gene IL-10 tendem a apresentar expressões diferentes de

níveis séricos de IL-10 de acordo com a enfermidade e população estudada. Sendo

de fundamental importância a caracterização e investigação dos SNPs do promotor

do gene da IL-10 em diversas populações e, por ser uma população que apresenta

grande heterogeneidade a população nordestina mostra-se uma candidata

interessante.

O vírus Epstein-Barr (EBV) pertence à família Herpesviridae, sendo um

dos vírus mais comum em humanos, com incidência no mundo todo. Nos Estados

Unidos cerca de 95% dos indivíduos entre 35 e 40 anos foram infectados com o

vírus. O EBV é conhecido por causar a mononucleose infecciosa e também por sua

participação na etiopatogênese do carcinoma nasofaríngeo, linfomas (Linfoma de

Hodgkin e Burkitt) e desordens linfoproliferativas em pacientes imunosuprimidos. O

EBV tem sido associado a 30- 50% dos casos de LH, sendo que esta associação

pode chegar a 80% em crianças com LH nos países subdesenvolvidos. Postula-se

que a infecção latente por EBV é um dos mecanismos que permitem recuperar

células B danificadas, que seguiriam para a apoptose no centro germinativo (CG).

Este trabalho investigou uma possível associação entre estes

polimorfismos proximais e o desenvolvimento do LH em pacientes pediátricos

atendidos no Centro de Oncohematologia Pediátrica de Pernambuco/ Hospital

Universitário Oswaldo Cruz - CEONHPE/HUOC, além de apresentar uma descrição

sobre a presença do EBV no microambiente tumoral destes indivíduos.

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2. Revisão da Literatura

2.1. Linfoma de Hodgkin (LH)

2.1.1 Linfoma de Hodgkin – Importância no Brasil e no mundo

O Linfoma de Hodgkin – LH é um tipo de câncer que se origina nos linfonodos

(gânglios) do sistema linfático (Figura 1). Nos Estados Unidos o número de casos

estimados e de mortes pelo LH no ano de 2009 é de 8.510 e 1.290 respectivamente

(National Cancer Institute, 2009), sendo esta neoplasia responsável por

aproximadamente 30% de todos os linfomas (Stein, 2008). Em países

industrializados, o Linfoma de Hodgkin Clássico (LHc), tem uma distribuição bimodal

em relação à idade, com o primeiro pico ocorrendo entre 15 e 30 anos, e o segundo

pico na sexta década de vida (MacMahon, 1966).

Figura 1. Anatomia do sistema linfático. Fonte: National Cancer Institute –

USA.

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O Instituto Nacional do Câncer -INCa estima que a incidência de LH para o

Brasil em 2009 seja de aproximadamente 2870 casos, sendo 1600 para o sexo

masculino e 1270 para o sexo feminino, resultando em uma incidência de 1,5 casos

a cada 100.000 indivíduos (INCa, 2009).

Esta neoplasia pode ocorrer em qualquer faixa etária; no entanto, no Brasil, é

mais comumente observado na idade adulta jovem, dos 15 aos 40 anos, atingindo

pico de incidência entre 25 e 30 anos de idade, apresentando-se freqüente em

pacientes pediátricos (0-18 anos). Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer

(INCa), a incidência de novos casos permaneceu estável nas últimas cinco décadas,

enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 70,

devido aos avanços no tratamento (INCa, 2009). Cerca de 60 a 90% dos pacientes

pediátricos com LH são curados com as atuais técnicas terapêuticas, no entanto, um

grupo considerável de pacientes ainda morre por progressão de doença (Voute et al,

1998). Por outro lado, cerca de 80% das crianças curadas de LH no Brasil

apresentam efeitos tardios secundários ao tratamento antineoplásico (Barros et al,

2003).

2.1.2 Linfoma de Hodgkin – Classificação

O LH pode ser classificado de duas maneiras, a primeira pelo estadiamento

clínico, ou seja, o estágio em que a doença se encontra no indivíduo, e a segunda,

pelo estadiamento patológico. O estadiamento clínico é reconhecido como

incompleto, porém é facilmente realizável e reprodutível. É determinado pelo exame

clínico do paciente, histórico clínico, diagnóstico por imagem, exames hematológicos

e laudo da biópsia inicial. O estadiamento patológico considera dados adicionais,

como os de estudo histopatológico mais completo, por exemplo, e tem uma maior

precisão (TNM Classification of Malignant Tumours, 2002). O estadio clínico

subdivide-se em quatro níveis, de acordo com a União Internacional Contra o Câncer

(UICC), descritos na Tabela 1.

Ainda de acordo com a UICC, cada estadio clínico deve ser dividido em A e B,

de acordo com a ausência ou presença, respectivamente, dos sintomas gerais

definidos:

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• Perda inexplicável de mais de 10% do peso corporal habitual, nos seis meses

anteriores ao primeiro atendimento;

• Febre inexplicada, com temperatura acima de 38ºC;

• Sudorese noturna.

O prurido isolado ou um estado febril de curta duração, associado com uma infecção

conhecida, não qualificam para a classificação B.

O tratamento convencional para o LH, em geral, consiste em quimioterapia,

podendo ou não o paciente fazer uso de radioterapia. O tratamento dependerá do

estágio em que a doença se encontra. Para os pacientes que sofrem recaídas do

LH, o tratamento pode ser diversificado dependendo da forma de tratamento

inicialmente utilizada, incluindo a possibilidade de transplante de medula óssea.

(www.inca.gov.br, INCa, acesso em Outubro/ 2009.)

Tabela 1. Estadios clínicos do Linfoma de Hodgkin.

Estadios Características

I Comprometimento de uma única cadeia linfonodal, ou

comprometimento localizado de um único órgão ou localização extra-

linfática.

II

Comprometimento de duas ou mais cadeias linfonodais do mesmo

lado do diafragma, ou comprometimento localizado de um único

órgão ou localização extra-linfática e seu(s) linfonodo(s) regional(ais)

com ou sem comprometimento de outras cadeias linfonodais do

mesmo lado do diafragma.

III

Comprometimento de cadeias linfonodais em ambos os lados do

diafragma (III), que pode também ser acompanhado pelo

comprometimento localizado de um órgão ou localização

extralinfática relacionada, ou comprometimento do baço, ou de

ambos.

IV

Comprometimento difuso (multifocal) de um ou mais órgãos

extralinfáticos, com ou sem comprometimento linfonodal associado;

ou comprometimento isolado de um órgão extralinfático, com

comprometimento linfonodal à distância (não regional).

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2.1.3 Caracterização do Linfoma de Hodgkin

A Doença de Hodgkin foi descrita inicialmente em 1932 pelo médico

patologista Thomas Hodgkin, e atualmente é conhecida como Linfoma de Hodgkin,

após a descoberta da natureza clonal de células B das células H-RS. Esta neoplasia

é uma entidade que tem confundido e intrigado médicos e patologistas por mais de

175 anos (Schnitzer, 2009).

Atualmente o LH é subdividido em duas formas: o Clássico e de

Predominância Linfocítica Nodular (Jaffe, 2001), que são diferenciados tanto por

aspectos morfológicos quanto por imunofenotípicos das células tumorais. Cerca de

95% dos casos diagnosticados são classificados como LH Clássico (LHc) e 5% de

Predominância Linfocítica Nodular (LHPLN). O LH Clássico é subdividido com base

nas diferenças na composição celular e histológica em 4 subtipos: 1.Esclerose

Nodular (EN), 2.Celularidade Mista (CM), 3.Depleção Linfocítica (DL), e 4.Rico em

Linfócitos (RL), como descrito na Tabela 2 (Schmitz et al, 2009). O Linfoma de

Hodgkin Clássico Esclerose Nodular e Celularidade Mista são os subtipos mais

freqüentes seguido dos subtipos Depleção Linfocítica e Rico em Linfócitos que são

mais raros.

No LH Clássico as células tumorais são chamadas de células de Hodgkin e

Reed Sternberg (H-RS) (Schmitz et al, 2009). Caracterizada por células gigantes

originadas das células B, ou linfócitos B, as células H-RS servem como importantes

marcadores para o diagnóstico do LH. (Felberbaum, 2005). As células H-RS

apresentam-se em pequena quantidade, aproximadamente 1% das células do

infiltrado (Küppers et al,2003) mas podem ser observadas quando uma amostra de

biópsia de tecido de linfonodo é examinada ao microscópio.

2.1.3.1 Células de Hodgkin e Reed-Sternberg

As células de Hodgkin e Reed-Sternberg (Figura 2) foram descritas

inicialmente como um marco na doença de Hodgkin. São assim chamadas, células

de Hodgkin, quando são monoclueadas e de Reed-Sternberg quando são

multinucleadas. Elas foram nomeadas por Thomas Hodgkin em 1832, (células de

Hodgkin) e posteriormente por Dorothy Reed e Carl Sternberg (célula de Reed-

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Sternberg), que descreveram este tipo peculiar de célula nos tecidos com LH em

1902 e 1898, respectivamente (Hodgkin, 1832; Reed, 1902; Sternberg, 1898).

As células H-RS são derivadas da linhagem de linfócitos B e, em raras

exceções a origem é proveniente de células T (Küppers, 2009). As células H-RS

compartilham características com células B normais e maduras que foram expostas

a um antígeno. Por apresentarem um perfil imunofenotípico diferente das demais

células do sistema hematopoiético, com co-expressão de marcadores de várias

linhagens diferentes, a origem destas células foi por muito tempo, de difícil

caracterização.

Tabela 2. Linfoma de Hodgkin Clássico: Subtipos, características histológicas e

incidência.

Subtipo Características Incidência

Esclerose Nodular

Constituído de bandas de tecido fibrocolágeno,

formando nódulos de células inflamatórias com

variante celular H H-RS.

60 a 80% dos casos

de cHL.

Celularidade Mista

Caracteriza-se por predominância de pequenos

linfócitos T, um número variante de eosinófilos,

células plasmáticas, histiócitos epitelióides,

neutrófilos e fibroblastos. Células H-RS bi e

multinucleadas são freqüentemente encontradas.

15 a 25% dos casos

de

cHL.

Depleção Linfocítica

Caracteriza-se por possuir um número baixo de

linfócitos e por extremos de muitas ou poucas células

H-RS.

< 1% no Ocidente,

sendo mais comum

em países em

desenvolvimento.

Rico em linfócitos

Possui padrão de crescimento nodular, com contorno

irregular, composto predominantemente de

pequenas células B linfocíticas.

4 a 6% dos casos

de cHL.

Fonte: Schnitzer, 2009.

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Figura 2. Célula de Reed-Sternberg. Fonte: http://www.med-

ed.virginia.edu/courses/path/innes/wcd/hodgkin.cfm. Acesso em Outubro/2009.

As alterações genéticas envolvidas na patogênese do LH ainda não estão

completamente elucidadas. No entanto, as células H-RS na maioria dos casos, se

não em todos, apresentam aberrações cromossômicas numéricas, amplificações e

deleções de subregiões cromossômicas (Joos et al, 2002; Weber-Matthiesen et al,

1995). Essas células também carregam rearranjos e mutações somáticas nos genes

da cadeia variável (V) da Imunoglobulina (Ig) em quase todas as situações. Observa-

se que em cerca de 25% dos casos de LHc, foram encontradas mutações somáticas

destrutivas nas células B do centro germinativo, que normalmente causariam a

morte imediata dessas células, no entanto algumas destas apresentaram a

habilidade de “driblar” a apoptose (Figura 3). Nesses casos, a restauração de parte

da função original da região variável da Ig, impede que estas células entrem em

processo de apoptose (Küppers et al, 1994;Kanzler et al, 1996; Bräuninger et al,

2006). Isto indica que as células H-RS que derivam de células B do centro

germinativo são incapacitadas e pré-apoptóticas (Kanzler et al,1996; Küppers et

al,1998).

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A origem de células B e a natureza clonal das células H-RS foram

demonstradas pela detecção dos rearranjos dos genes da região variável da Ig

através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR- Polymerase Chain Reaction),

para amplificar os genes rearranjados dessas células isoladas de tecidos

neoplásicos (LH) (Küppers et al, 1994; Kanzler et al, 1996; Bräuninger et al,1997;

Marafioti et al, 2000). Curiosamente, uma característica importante do LHc é a rara

presença de células tumorais, H-RS, que representam apenas 1% do infiltrado

celular, enquanto que a grande maioria das células do infiltrado neoplásico são

linfócitos T, histiócitos, granulócitos eosinofilicos e células plasmáticas (Weiss et al,

1999).

Figura 3: Esquema do centro germinativo - papel hipotético do EBV na tumorigênese do LH. Adaptado de Kutok & Wang,2006.

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2.2. Interleucina 10 (IL-10) 2.2.1 Importância da IL-10 no sistema imunológico

A interleucina-10 (IL-10) é uma citocina do tipo II e pertence à família de

citocinas que incluem IL-19, IL-20, IL-22, IL-24, IL-26, IL-28, e IL-29 (Commins et al.

2008). Todas estas citocinas possuem organização genômica íntron-éxon

semelhante, ligam-se a receptores com estruturas similares (Donnelly et al, 2004) e

ativam a via de sinalização JAK/STAT. Apesar destas semelhanças, as citocinas

desta família apresentam atividades biológicas diferentes, o que é determinado

pelas células produtoras das citocinas, pelas células que respondem às citocinas e

pelo ambiente imune no qual estas células são liberadas (Revisto por Mosser &

Zhang, 2008).

A IL-10 foi originalmente identificada por Mosmann e colaboradores

(Fiorentino et al. 1989; Moore et al. 1990). Desde a descrição original, a lista de

células produtoras de IL-10 cresceu rapidamente, como também o número de

células capazes de responder a esta citocina. As quatro principais fontes de IL-10

são as células T helper 2 (Th2), um subgrupo de células T regulatórias chamadas

Tr1, Th1 e Th17. As células T CD8+ também produzem IL-10. Outros produtores

importantes de IL-10 incluem monócitos e macrófagos estimulados, bem como

alguns subgrupos de células dendríticas (O’arra & Vieira, 2007).

As células B humanas são também uma fonte importante de IL- 10 (Fillatreau

et al, 2008), como também alguns granulócitos incluindo eosinófilos e mastócitos

(Ryan et al, 2007). Fontes celulares não imunes incluem queratinócitos, células

epiteliais e até células tumorais (Moore et al, 2001; Williams et al, 2004). Parece

razoável assumir que células Th2 representam uma importante fonte de IL-10

antígeno-específica. Não há dúvidas de que as células Th1 são capazes de produzir

IL-10 e estas células representam uma importante fonte desta citocina nas doenças

infecciosas (Jankovic et al, 2007; Anderson et al, 2007), mas parece mais provável

que esta produção ocorra como um mecanismo homeostático para prevenir a

ativação descontrolada de células T (O’arra & Vieira, 2007). A principal função

biológica da IL-10 parece ser exercida em células dendríticas e macrófagos. A IL-10

é um potente inibidor da apresentação de antígenos, inibindo a expressão do

Complexo Principal de Histocompatibilidade (Major Histocompatibility Complex,

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MHC) de classe II, bem como a ativação de moléculas co-estimulatórias (Cai et al.

1999).

A IL-10 inibe a diferenciação e a maturação de células dendríticas (CDs) a

partir dos monócitos precursores. Assim, muitas das características imuno-inibitórias

da IL-10 podem ser estudadas pelos seus efeitos nas células apresentadoras de

antígeno (APCs) para prevenir a produção de citocinas Th1-associadas, IL-2 e IFN-γ

e também Th2-associadas, IL-4 e IL-5. Assim, a definição original da IL-10 como um

regulador cruzado da imunidade Th1/Th2 é provavelmente não mais aplicável. O

outro efeito importante da IL-10 é inibir a produção de citocinas pró-inflamatórias e

mediadores dos macrófagos e CDs. A IL-1, IL-6, IL-12 e TNF-α são todos reprimidos

pela exposição a IL-10 (Revisto por Mosser & Zhang, 2008)

É importante notar que nem toda atividade da IL-10 resulta em supressão da

resposta imune. A IL-10 pode co-estimular a ativação, a sobrevivência e contribuir

para o swtiching class nas células B. Ela pode também co-estimular a proliferação

de células Natural Killer (NK) e a produção de citocinas. A IL-10 pode ainda agir

como fator de crescimento para estimular a proliferação de certos subgrupos de

células T CD8+ (Cai et al. 1999).

2.2.2 Gene IL-10

O gene IL-10 humano apresenta aproximadamente 4,7 kilobases (Kb) e está

localizado no cromossomo 1q21-32, contendo cinco éxons separados por quatro

íntrons. A IL-10 murina está organizada de forma similar com 5,1 Kb no cromossomo

1E4. Existem diversos genes adjacentes ao gene IL-10 dentro de um segmento de

aproximadamente 200 Kb que compreende o cluster do IL-10 (Figura 4).

Figura 4. Esquema da estrutura de parte do cromossomo 1 humano, mostrando o gene da IL-10 e os genes adjacentes. Fonte: http://genatlas.medecine.univ-paris5.fr/fiche.php?symbol=IL10RA.

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Dentro deste cluster, os genes codificantes da IL-20 e IL-19 são encontrados

aproximadamente a 90 Kb à montante do gene da IL-10, enquanto que os genes

codificantes do Mapkapk2 e Dyrk3 estão localizados à jusante do gene da IL-10.

Dentre estes cinco genes, a transcrição do gene da IL-10 é iniciada em uma direção

enquanto que os outros seguem na direção oposta (Donelly et al, 2004).

O sinal da IL-10 ocorre através de um complexo de dois receptores

consistindo de duas cópias de cada um dos receptores de IL-10R1 e IL-10R2

(Donnelly et al, 1999). A IL-10 liga-se ao IL-10R1 com alta afinidade (50-20 pM), e o

recrutamento do IL-10R2 para o complexo do receptor faz apenas uma contribuição

marginal à interação com o ligante. Contudo, o comprometimento deste segundo

receptor para o complexo, permite a transdução do sinal após a interação com o

ligante. Assim, o receptor funcional consiste de um dímero de heterodímeros de IL-

10R1 e IL-10R2 (Figura 5). A maioria das células hematopoiéticas expressam

constitutivamente baixos níveis de IL-10R1, e a expressão do receptor pode

freqüentemente ser ativada por diversos estímulos. Células não hematopoiéticas,

como fibroblastos e células epiteliais, podem também responder a estímulos para a

ativação de IL-10R1 (Williams et al, 2004). O IL10R2 é expresso na maioria das

células e assim, um grande número de células tem a habilidade de ligar-se e de

consumir a IL-10. Isto representa um problema para a administração terapêutica do

recombinante IL-10 (rIL10), porque boa parte da citocina pode ser desviada para

células não imunes, diminuindo a dosagem efetiva administrada (Murray et al, 2007).

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Figura 5. Estrutura dos Receptores de IL-10 humana e parte da via de sinalização JAK/STAT para estes receptores. Fonte: Mosser e Zhang, 2008.

A ligação da IL-10 ao receptor ativa as Janus Tirosina Quinases, JAK1 e

Tyk2, associados com IL-10R1 e IL-10R2, respectivamente, para fosforilar as caudas

citoplasmáticas dos receptores. Isto resulta no recrutamento de STAT3 para o IL10-

R1 (Donelly et al, 2004). A homodimerização de STAT3 resulta na sua liberação do

receptor e a translocação do homodímero STAT para o núcleo, onde ele interage

com elementos de ligação a STAT nos promotores de vários genes (Donelly et al,

1999) (Figura 6). Um destes genes é o próprio gene da IL-10, que é positivamente

regulado por STAT3 (Staples et al, 2007). A região 5´ flanqueadora do gene da IL-10

humana (hIL-10) foi caracterizada em 1995 por Kube e colaboradores. Esta região

foi analisada quanto à presença de motivos de ligação a fatores de transcrição

(Kube et al, 1995). Exemplos de possíveis sequências regulatórias no promotor do

gene da IL-10 são mostrados na tabela 3.

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Figura 6. Elementos regulatórios do promotor do gene da IL-10 humana.

 

A sequência correspondente ao TATA Box (TATAA) está localizada na

posição -77, e o CAAT box na posição -226 da região. Apesar de a hIL-10 ser um

citocina Th1/Th2 nenhum motivo foi encontrado envolvido na regulação de IL-10

humana (Donelly et al, 2004).

O promotor do gene IL-10 (GenBank/EMBL acesso: X78437) possui mais de

4Kb de comprimento (Eskdale et al, 1997) e mais de 100 polimorfismos foram

descritos para esta região, depositados no banco de dados dbSNP (NCBI, National

Center for Biotechnology Information). Entre estes polimorfismos, destacam-se duas

regiões de microssatélites, IL-10.G e IL-10.R, além de diversos SNPs, localizados na

região proximal, principalmente nas posições -1082, -819 e -592, bem como na

região distal, nas posições -3575,-2849, -2763.

Tabela 3: Exemplos de seqüências regulatórias da região 5´do gene da IL-10 humana. Adaptado de Kube et al, 1995.

Sequência Reconhecida Posição Significado Possível

TATAA 2418-2422 TATA-box CCAAT 2269-2274 CAAT-box

CTTGGGAACTT 1922-1932 EBNA2-like (LMP2) GAGAA 1821-1825 Pu-box

GTGGAAA 1805-1811 Sequência insulin-like GATGGGAAACA 354-364 EBNA2-like (LMP2)

ACCNNNNNNGGT 309-320 PV-E2-transativador

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2.2.3 Polimorfismos do promotor do gene da IL-10

As variações genéticas que podem ocorrer nas seqüências de nucleotídeos nos

promotores contribuem para expressão alterada de genes em doenças hereditárias

complexas (Marsh et al,1994; Meyers et al, 1994). O promotor do gene da IL-10 é

altamente polimórfico possuindo dois microssatélites informativos, IL10.G e IL10.R,

com 1.2 Kb e 4Kb, respectivamente, a montante do sítio de início da transcrição

(Eskdale & Gallagher, 1995; Eskdale et al, 1996), mostrado na Figura 7.

Entre os polimorfismos descritos na região promotora deste gene dois grupos de

polimorfismos são freqüentemente analisados por possuírem efeito funcional, e são

divididos em proximais sendo composto pelas posições 1082(G/A), -819(C/T) e -

592(C/A), e distais compreendendo as posições 3575 (T/A), -2849(G/A) e -2763(C/A)

o grupo distal. (Eskdale et al, 1999; Gibson et al, 2001).

Lewontin e Kojima, em 1960, observaram a existência de uma ligação entre os

alelos próximos, indicando que na maioria das situações, os SNPs quando vizinhos

são transmitidos juntos para a prole. Geneticamente, a essa associação física entre

esses polimorfismos de base única dá se o nome de desequilíbrio de ligação (DL)

(Lewontin e Kojima, 1960). Quando um conjunto de marcadores genéticos ou SNPs

Figura 7: Esquema da estrutura do gene da IL-10, mostrando os SNPs e os microssatélites da região promotora. Adaptado de Howell et al, 2007.

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organizam-se linearmente em um mesmo cromossomo e tendem a serem herdados

em bloco, chamamos de haplótipo (Zhu et al, 2004).

Acredita-se que os SNPs no promotor do gene da IL-10 ocorrem dentro de

importantes regiões regulatórias, que talvez alterem a estrutura dos sítios de ligação

aos fatores de transcrição. Esses potenciais fatores de transcrição ainda estão

pouco definidos. O SNP na posição -1082 situa-se no sítio ETS de reconhecimento e

talvez afete a ligação deste fator de transcrição. O SNP na posição -819 acontece

dentro de uma região putativa de regulação positiva, e os SNP -592 ocorre dentro de

uma possível região de ligação de STAT3 e uma região putativa de regulação

negativa (Kube et al, 1995). Apesar de estudos in vitro serem criticamente

influenciados por vários fatores como a linhagem e estímulo celular, estudos in vitro

prévios na região promotora do gene IL-10 indicam que alguns polimorfismos

conferem produção diferenciada desta interleucina.

Existe um forte desequilíbrio de ligação entre os alelos -819C e -592C, o que

resulta na ocorrência do haplótipo ACC ou GCC, quando existe uma A ou uma

G, respectivamente, na posição -1082. No entanto, a combinação dos alelos -819T e -

592A, só ocorre na presença do alelo -1082A resultando na formação do

haplótipo ATA. Portanto, somente três dos quatro haplótipos possíveis foram

encontrados na população caucasiana (Lazarus et al, 2002; Fife et al, 2006). Juntos

os haplótipos ACC, ATA e GCC contribuíram para mais de 98% dos haplótipos

presentes na população norte-americana, com uma pequena representação de um

haplótipo raro “ATC” (Lazarus et al, 2002). Em populações asiáticas, além de o

haplótipo GCC ter sido encontrado em menor freqüência, foi observada a ocorrência

de outro haplótipo raro, “GTA” (Mok et al, 1998).

Os diferentes genótipos e haplótipos do gene da IL-10 foram associados, em

estudos in vitro e in vivo, com uma produção diferencial da proteína (Eskdale et al,

1999). Estudos in vitro mostraram que a variabilidade individual pode atingir

diferenças de até dez vezes na produção de IL-10 entre indivíduos portadores de

genótipos de alta e baixa produção (Eskdale et al, 1998; 1999). Na maioria dos

trabalhos focados no estudo da expressão de IL-10, o genótipo 1082GG, assim

como o haplótipo proximal GCC, foi relacionado à elevada expressão da proteína,

enquanto que o inverso foi encontrado em relação ao genótipo -1082AA e o haplótipo

ATA (Turner et al, 1997; Koss et al; 2000; Reuss et al 2002; Suárez et al,2003;

Mörmann et al, 2004; Miteva & Stanilova; 2008; Visentainer et al, 2008).

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Outros autores encontraram que o genótipo -1082AA e haplótipo ATA são as

variantes de alta produção de IL-10 (Kilpinen et al, 2002; Temple et al, 2003; Warlé

et al, 2003). O SNP -592AA está associado a elevados níveis séricos de IgE, em

indivíduos hetero e homozigotos para esse polimorfismo (Immervoll et al,2001). As

controvérsias encontradas na literatura sugerem que as variantes alélicas do

promotor da IL-10 podem ter efeitos diferentes na regulação da expressão

desta molécula de acordo ao tipo celular.

2.2.4 IL-10 associada a doenças

Os polimorfismos presentes no promotor do gene IL-10 estão associados a

diversas doenças, incluindo autoimunes, infecciosas, neoplasias e Doença de

Alzheimer (DA) (Eskdale et al, 1997; Arosio et al, 2004; Ansari et al, 2009).

Bagnoli et al (2007) mostraram em indivíduos italianos caucasianos que a IL-10

pode estar relacionada à patogênese da DA, e que pode ser um importante alvo

para estratégias terapêuticas com a finalidade de limitar a resposta inflamatória

envolvida no desenvolvimento desta doença. Nenhuma hiper expressão do genótipo

AA na posição -1082 e nem nas demais posições foram encontradas nos pacientes

com DA, no entanto uma associação com o haplótipo AT foi detectada. Outros três

estudos conduzidos nas populações Italiana e Chinesa mostraram que

polimorfismos no promotor do gene da IL-10 são um fator de risco no

desenvolvimento da DA, demonstrando que os SNPs IL-10 -1082A, -819T e -592A

são significativamente representados nos pacientes com DA comparado com

controles não-dementes (Arosio et al, 2004; Lio et al, 2005; Ma et al, 2005). No

entanto, outros estudos não foram capazes de reproduzir esses resultados e isso

sugere que o papel no gene IL-10 na susceptibilidade da DA talvez seja limitado a

certas populações (Depboylu et al, 2003; Scassellati et al, 2004; Ramos et al, 2006).

Estudos de associação demonstram que níveis elevados da expressão do gene

IL-10 conduzem a uma redução na formação de lesões ateroscleróticas precoce e

tardia, em que a deficiência da IL-10 está associada com o aumento da aterogênese

(Potteaux et al, 2004; Namiki et al, 2004). Outro estudo observou que no

compartimento pulmonar a alta resposta do genótipo AA na posição -1082 do gene

da IL-10 tem um papel crucial em limitar o dano tissular na tuberculose pulmonar –

TBP (Ansari et al, 2007). Immervoll e colaboradores descreveram em 2001, em um

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estudo de famílias caucasianas, que o polimorfismo na posição -592 está associado

à asma e ao aumento do número de eosinófilos (Immervoll et al, 2001). Além disso,

esse SNP tem sido associado com o aumento da severidade em um grande número

de doenças auto-imunes, incluindo artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, e

também a doença inflamatória do intestino (Hajeer et al, 1998; Eskdale et al, 1997;

Mok et al, 1998). Este polimorfismo (C A), na posição -592, está ligado a alterações

no processo de tumorigênese, tolerância em transplantes (Middleton et al,1998) e

rápida progressão em indivíduos infectados com o vírus da AIDS (Shin et al, 2000).

Todas essas enfermidades são de caráter imunológico e podem estar associadas a

um mecanismo molecular genético ligado a perda tanto da tolerância como da

repressão da resposta imune (Steinke et al, 2004).

Outros estudos mostram uma correlação entre alelos polimórficos do promotor

do gene IL-10 e a severidade da inflamação crônica e doenças reumatóides

(Lazarus et al,1997; Eskdale et al, 1998;Huang et al,1999; Tagore et al, 1999), bem

como nos resultados de tratamentos de doenças hematológicas, imunológicas,

infecções e condições atópicas (Edwards-Smith et al, 1999; Hobbs et al,1998).

Dados recentes sugerem que os polimorfismos no gene IL-10 estão associados a

um aumento do risco do desenvolvimento de Linfomas não-Hodgkin, particularmente

aqueles de células B difusas. Purdue et al, 2007, identificaram que as variantes -

3575A e -1082G do promotor do gene IL-10 estão associadas com aumento do risco

Linfoma de células B difusas.

2.2.5 Interleucina-10 e Linfoma de Hodgkin

O LH é uma neoplasia maligna com alteração na produção e atuação de

citocinas. As citocinas produzidas por células H-RS podem contribuir para a

patogênese do LH, iniciando e sustentando o estabelecimento do infiltrado

leucocitário reativo, além de contribuir para a proliferação celular e sobrevida das

células. A elevada expressão de citocinas, incluindo IL-4, IL-5, IL-10, TNF-α e TGF-β

(fator de crescimento transformante –β) foram descritas no LH. Alguns estudos

demonstram a presença de citocinas em linhagens de células H-RS oriundas de

tecidos biopsiados, incluindo IL-6 e IL-8 (Skinnider & Mak, 2002; Maggio et al, 2000).

Esse padrão anormal na produção de citocinas observado no LH contribui não

somente para a proliferação das células H-RS como também para a manutenção de

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um ambiente favorável no qual uma resposta imune efetiva do hospedeiro contra as

células H-RS não seja atingida (Maggio et al, 2000).

Bohlen et al 2000 relataram que altos níveis de IL-10 em pacientes com LH

são indicativos de um mau prognóstico. Nas células normais (não cancerígenas), a

expressão de IL-10 está estreitamente regulada, sendo o nível de expressão

constitutiva extremamente baixo. Há ainda, na literatura, observações que

relacionam a infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) e produção de IL-10. Em casos

de LH, a alta expressão de IL-10 foi relacionada à detecção do genoma do EBV em

células tumorais e associada com um baixo número de células T citotóxicas

próximas ao tumor (Herbst et al, 1996; Moore et al, 2001).  

2.3 Microambiente tumoral

O LHc é caracterizado por uma infiltração de diferentes tipos celulares do

sistema imune dentro do tecido neoplásico, incluindo células T, células B, células

plasmáticas, neutrófilos, eosinófilos e mastócitos, bem como as células H-RS,

freqüentemente presentes em cerca de apenas 1% das células no tumor. Há

evidências de que muitas dessas células são ativamente atraídas por células H-RS.

Por exemplo, Células H-RS secretam CCL5 (RANTES), CCL17 (TARC) e CCL22,

que atraem células Th2 e células T regulatórias (Treg) (B. F. & Mak, 2002; Aldinucci

et al, 2008). A secreção de IL-5, CCL5, CCL28 e o fator estimulante de colônia

granulócito-macrófago pelas células H-RS, presumivelmente, causa o recrutamento

de eosinófilos para o microambiente do LH (B. F. & Mak, 2002). O CCL5 também

atrai mastócitos e as células H-RS secretam IL-8 que atrai neutrófilos (B. F. & Mak,

2002). Notavelmente, as quimiocinas estão não apenas envolvidas na atração de

outras células para o microambiente do LH, como também possuem efeitos diretos

na sobrevivência e proliferação de células H-RS, como foi recentemente mostrado

para CCL5 (Aldinucci et al, 2008).

Há evidências de que o recrutamento de células inflamatórias no

microambiente do linfoma é essencial para a sobrevivência das células H-RS.

Diversas observações indicam que células H-RS são dependentes de sinais de

sobrevivência recebidos por outras células: é difícil controlar o crescimento de

células H-RS em cultura; estas células H-RS não sobrevivem em ratos

imunodeficientes; Células H-RS são raramente encontradas no sangue periférico e,

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mesmo quando elas metastizam em órgãos não linfóides, elas são embutidas em

seu típico microambiente (Kapp et al, 1999).

As células H-RS também orquestram seu microambiente celular para evitar

um ataque por células T citotóxicas ou células NK. Uma fração considerável de

infiltrado de células T CD4 são células Treg, que apresentam atividade

imunossupressora no infiltrado de células T citotóxicas do LH (Marshall et al 2004;

Gandhi et al, 2006). A presença de uma grande população de células Treg no

microambiente do LH é estabelecida não apenas por atração mediada por

quimiocinas destas células, mas também por indução da diferenciação de células T

CD4 virgens em Treg pelas células H-RS (Tanijiri et al, 2007).

Um alto número de células Treg no microambiente tumoral, foi relacionada a

um bom prognóstico, indicando que células Treg também podem apresentar alguma

atividade supressora em células H-RS ou em outras células inflamatórias que

apóiam a sobrevivência e ou proliferação de células H-RS (Alvaro et al, 2005; Kelley

et al, 2006). Estas células podem também modular seu microambiente celular pela

mudança da resposta Th, a partir de uma resposta Th1 anticelular, para uma

resposta Th2 humoral, freqüentemente com atividade promotora de tumor (Tan et al,

2007). Células H-RS também produzem citocinas imunossupressoras, IL-10 e TGF-β

e galectina 1 e prostaglandina E2, que inibem funções efetoras de células T

(Juszczynski et al, 2007; Skinnider et al, 2002; Gandhi et al, 2007). Além disso, as

funções efetoras de células T são inibidas pela ligação da Proteína de Morte Celular

programada (PPD1) em células T para o ligante PD1, que é expresso por células H-

RS (Chemnitz et al, 2007; Yamamoto et al, 2008) (Figura 8).

Contudo, há pouca evidência para uma associação mais próxima do

desenvolvimento do LH com doenças autoimunes ou infecções crônicas. Assim

parece ser mais provável que no Linfoma de Hodgkin a resposta inflamatória típica

freqüentemente se desenvolva junto com a geração de células H-RS malignas

(Bräuninger et al, 1997;Klein et al, 1998; Irsch et al, 2001; Martin- Subero et al,

2002).

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28

2.3 EBV

2.3.1 Caracterização do EBV

O vírus Epstein-Barr (EBV) é um dos membros mais extensivamente

caracterizados membros da subfamília Gamma herpesvírus. Esta subfamília inclui

dois gêneros o gamma-1 herpesvírus, ou linfocriptoviridae (LCV), e o gamma-2

herpesvírus, ou rhadnoviridae (RV). O LCV é encontrado somente em primatas, com

o EBV sendo o único representante que infecta humanos. O gamma-2 herpesvírus,

ou rhadnoviridae (RV), infecta tanto primatas quanto mamíferos em geral. O

Sarcoma de Kaposi associado ao herpesvírus (KSHV) é o único RV conhecido que

infecta humanos (Kutok e Wang, 2006) . Apesar de muitos vírus terem sido

Figura 8. Interação das células H-RS com as células do microambiente tumoral.

Adaptado de Schmitz et al, 2009.

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identificados inicialmente por causa de doenças agudas, o EBV foi descoberto por

causa do seu isolamento a partir de uma célula tumoral, a célula do Linfoma de

Burtkitt – LB (Kutok e Wang, 2006). Denis Burkitt, cirurgião inglês, durante uma

missão na África Equatorial, foi o primeiro a descrever essas células B agressivas de

Linfoma no final dos anos 1950, início de 1960 (Burkitt e O´Connor, 1961; Burkitt,

1962).

Com base na distribuição climática e geográfica deste linfoma, à medida que

aumentava a incidência desta neoplasia em crianças na África, Burkitt suspeitou que

a sua etiologia pudesse ser ambiental ou infecciosa, mas ele não conseguiu

identificar o agente envolvido (Burkitt, 1962; Burkitt & Wright, 1966). Esse dado não

foi descoberto até o final do ano de 1964 quando Anthony Epstein, em parceria com

seus colegas Yvonne Barr e Bert Achong, obtiveram êxito na identificação em cultura

de células de linfoma de pacientes com LB e identificaram partículas de herpervírus

nessas células por microscopia eletrônica (Epstein, 1964; Epstein e Barr, 1964).

Como outros herpesvírus, o EBV apresenta duas formas de infecção: (1)

lítica, relacionada à infecção primária, e a (2) latente, relacionada à manutenção do

vírus nos indivíduos infectados e, algumas vezes, associada com cânceres humanos

(Figura 9). Além disso, a mudança de infecção latente para lítica é necessária para a

replicação do vírus e a sua propagação entre indivíduos (Cohen, 2000). O vírus

estabelece uma infecção persistente em células B e continuamente reativa-se para

produzir partículas virais para a sua transmissão (Kieff & Rickinson, 2006).

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A coexistência harmônica entre vírus e hospedeiro é o resultado de uma

longa história com adaptação mútua, baseado na variação na expressão gênica em

diferentes tipos de células infectadas e a resposta imune do hospedeiro,

cuidadosamente ajustada (Klein et al, 1998).Em países em desenvolvimento, a

infecção primária com EBV ocorre entre alguns meses e alguns poucos anos após o

nascimento, e a soroconversão quase universal ao redor dos seis anos de idade

(Chabay et al, 1999; Chang et al, 2005). Inversamente, em países industrializados, a

infecção por EBV ocorre na maior parte das vezes durante a segunda ou terceira

década de vida. A infecção pediátrica por EBV é freqüentemente assintomática, mas

ocasionalmente pode causar Mononucleose Infecciosa, uma desordem

linfoproliferativa benigna (Kimura et al, 2000). O EBV é considerado um agente

carcinogênico humano, visto que está associado com malignidades como o Linfoma

de Burkitt, Linfoma de Hodgkin e Carcinoma Nasofaringeal indiferenciado (Kieff &

Rickinson, 2006).

Figura 9: Esquema com a comparação das principais características dos ciclos líticos e lisogênicos de infecção pelo EBV. Adaptado de Kutok e Wang (2006).

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2.4.2 EBV e LH

O reconhecimento de uma associação da mononucleose infecciosa com o LH

pré-data a descoberta do EBV e a atual compreensão é de que a doença possui

uma identidade maligna de células da linhagem B. Nos últimos anos, a compreensão

desta associação avançou consideravelmente. Existem novas percepções sobre a

mononucleose infecciosa e sobre a perturbação da imunidade celular, novas

percepções relacionadas com o papel que o vírus exerce na patogênese molecular

do LH, nova abordagem em relação ao aumento da incidência do LH nos indivíduos

HIV positivos e sua relação com a supressão imune, e novas técnicas para o

monitoramento clínico e terapia (Ambinder, 2007). Os linfomas associados ao EBV

são caracterizados por uma marcada variabilidade geográfica em relação às

características clínicas e etiopatogênicas (Hsu e Glaser, 2000), principalmente os

linfomas pediátricos, dos quais o linfoma de Burkitt (LB) e o de Hodgkin (LH) são os

mais importantes, não somente por causa de suas freqüências, mas também devido

aos modelos biológicos que representam.

A compreensão de como a biologia básica do EBV atua no LH pode gerar

novas estratégias terapêuticas para pacientes de LH EBV+ (Gandhi, 2004). Além

disso, a identificação do papel deste agente na etiologia do LH e a presença dos

antígenos EBV latentes em células malignas, podem representar um alvo para

imunoterapia celular (Khanna et al, 2001).

A infecção pelo EBV está associada com aproximadamente 30 - 50% dos

casos de LHc, mais freqüentemente com o subtipo celularidade mista. Este subtipo é

mais comum em homens e demonstra distribuição etária bimodal (<10 e >50 anos

de idade) (Kutok e Wang, 2006). Além disso, o LH na infância, particularmente nos

menores de 10 anos, parece ser uma doença predominantemente EBV+ tanto em

países desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento (Armstrong et al,

1993). Estudos recentes sugerem que parece ser improvável que casos de LH não

associados ao EBV tenham implicação com outros vírus oncogênicos e a etiologia

da doença nestes casos, ainda precisa ser esclarecida (Jarret, 2002; Gallagher et al,

2002).

Nos casos de LH EBV+, a infecção latente de um linfócito B pelo vírus é

aceita como um evento transformante primário. Apesar do vírus EB normalmente

persistir como um agente infeccioso inofensivo e adaptar-se ao desenvolvimento em

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uma célula B, ele pode ter influência direta no processo de diferenciação destas

células. O EBV pode substituir os sinais de sobrevivência normalmente gerados pelo

receptor de células B (BCR) durante a reação do centro germinativo, e circunscrever

o caminho apoptótico normal, permitindo a sobrevivência de células B deficientes em

BCR (Küppers, 2003). O EBV fornece uma importante resposta para recuperar os

precursores de células H-RS da apoptose.

Atualmente, acredita-se que as citocinas produzidas por células H-RS

contribuem para a patogênese do LH, atuando como fatores de crescimento

autócrino, bem como ao iniciar e sustentar o infiltrado inflamatório dentro do tumor.

Alternativamente, citocinas produzidas por células inflamatórias podem também

apoiar a proliferação e sobrevivência de células H-RS (Skinnider & Mak, 2002;

Maggio et al, 2002).

2.4.3 EBV e produção de IL-10

A IL-10 altera o balanço Th1-Th2 em direção ao perfil humoral (Th2), inibindo

células T citotóxicas e estimulando a proliferação e diferenciação das células B (Opal

& DePalo, 2000). Alguns estudos relatam que os haplótipos definidos pelos SNPs no

promotor do gene da IL-10 podem estar associados com diferentes níveis de

produção de IL-10. De fato, a combinação do haplótipo GCC/GCC foi associada com

alta produção de IL-10; GCC/ATA, GCC/ACC e GTA/ACC foram associados com

expressão intermediária, enquanto que ATA/ATA, ATA/ACC e ACC/ACC foram

associados com baixa expressão de IL-10 (Suarez et al, 2003). Alguns autores têm

sugerido que o alelo -1082G é o mais importante fator genético na regulação da alta

produção constitutiva de IL-10 (Pelletier et al, 2000; Tambur et al, 2001).

Apesar da ampla distribuição do EBV em populações humanas, a presença

de genoma viral restrito às células H-RS nos casos de LH, sugere um papel chave

do EBV no desenvolvimento desta neoplasia maligna (Küppers, 2003). Em países

ocidentais, aproximadamente 50% dos casos de LH clássico são EBV positivo. O

subtipo esclerose nodular é EBV positivo em 15 a 30% dos casos, ao passo que a

freqüência da infecção viral no subtipo de celularidade mista pode alcançar até 70%

dos casos. Além disso, mais de 90% dos casos de LH clássico foram relatados como

EBV positivos em alguns países em desenvolvimento (Glaser et al, 1997).

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Variações genéticas que perturbam o balanço entre citocinas anti-

inflamatórias e pró-inflamatórias provavelmente contribuem para desregulação

observada em pacientes com LH. O turnover anormal de algumas citocinas pode

não apenas aumentar a proliferação e sobrevivência de células H-RS, mas também

pode contribuir para a falha da resposta imune do hospedeiro contra elas. Então, o

perfil global de citocinas em indivíduos com LH, produzido por células H-RS ou

células inflamatórias não neoplásicas, pode explicar a presença e manutenção de

uma resposta imune falha contra células malignas (Papadaki & Stamatopoulos,

2003). Além disso, o EBV codifica um homólogo da IL-10 humana que pode ser

importante para modular o sistema imune e permitir a infecção viral permanente. A

proteína BCRF1 (também conhecida como IL-10 viral, vIL-10 compartilha 84% de

similaridade com a IL-10 humana). A vIL-10 pode imitar a atividade da IL-10 humana

inibindo a síntese de Interferon Gama (IFN- γ) pelas células mononucleares do

sangue periférico in vitro. Como o IFN- γ inibe o crescimento de células infectadas

com EBV in vitro, a expressão do IL-10 pode promover evasão imune viral durante

infecção aguda por EBV ou reativação viral a partir de células infectadas

latentemente (Jarret, 2002).

Huang et al (2005) sugeriram que os polimorfismos no promotor do gene da

IL-10 que estão associados com baixa produção da proteína, podem ser

responsáveis pelo aumento na suscetibilidade a linfomas. Abbas et al, 2005,

relataram que pacientes com hepatite C que produzem altos níveis de IL-10

apresentam menos injúria hepatocelular e menor habilidade de controlar infecções

enquanto que pacientes com baixa secreção de IL-10 apresentam uma maior

habilidade para eliminar a infecção. É possível que a baixa produção de IL-10 possa

desviar o sistema imune para a resposta do tipo Th1, facilitando a limpeza da carga

viral nesses casos. Da Silva et al, 2007, encontraram uma frequência mais alta de

genótipos -1082GG em pacientes com LH EBV+. Devido ao fato de que este

genótipo foi relatado como conferindo uma alta produção de IL-10, este resultado

sugere que LH EBV + provavelmente aparece em um cenário onde ocorrem altos

níveis de síntese de IL-10 .

Dukers et al (2000), relataram mais altos níveis de IL-10 em casos de LH

esclerose nodular comparado com casos EBV-. Neste estudo, os autores não

observaram a expressão BCRF1 (EBV vIL-10) ao nível do mRNA. Por outro lado,

Munro et al (2003), não encontraram associação significante entre a presença de

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polimorfismos no promotor do gene da IL-10 e os fenótipos entre os subtipos

histológicos de LH. Bohlen et al (2000) estudou 73 pacientes com LH e relatou uma

correlação entre níveis elevados de IL-10 e idade do paciente mais velho (maior que

45 anos).

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3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Investigar a distribuição dos polimorfismos proximais (-A592C, C819T e

G1082A) do promotor do gene da IL-10 e verificar se existe associação com a

susceptibilidade para o LH na infância, bem como a possível associação com os

grupos de pacientes EBV+ e EBV- .

3.2. Objetivos Específicos

1. Determinar as freqüências genotípicas das variantes polimórficas proximais

do promotor da IL-10:-1082(G/A), -819(C/T) e - 592(C/A), em crianças com

Linfoma de Hodgkin e em indivíduos saudáveis;

2. Determinar o perfil haplotípico para os polimorfismos do gene da IL-10 dos

indivíduos e verificar se estão associados ao LH;

3. Determinar a presença do EBV nas células tumorais através de métodos in

situ, verificando a existência de associação entre os genótipos e/ou

haplótipos com do promotor da IL-10 com os subgrupos de linfomas EBV+ e

EBV -.

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4. Materiais e Métodos

4.1. Desenho Experimental O presente estudo foi do tipo analítico, de corte transversal com comparação de grupos. 4.2. Local de Estudo O local de estudo foi o Laboratório de Biologia Molecular do

CEONHPE/HUOC e os estudos de hibridização in situ para detecção do EBV

(EBER-ISH) foram realizados no Laboratório de Biologia Molecular do Centro de

Transplante de Medula Óssea – CEMO do Instituo Nacional do Câncer - INCa.

4.3. Período de Estudo

As análises foram realizadas entre Fevereiro de 2008 a Novembro de 2009.

4.4. Critérios para Inclusão de Pacientes e Controles

Os critérios para inclusão dos pacientes envolvidos nesta pesquisa foram:

diagnóstico positivo para o LH clássico, com confirmação clínica e histológica, sem

tratamento prévio, e idades entre 0 e 18 anos, atendidos no Centro de

Oncohematologia Pediátrica de Pernambuco (CEONHPE) do Hospital Universitário

Osvaldo Cruz (HUOC). Ao todo, foram analisadas amostras de 64 indivíduos

diagnosticados com LH. O grupo controle foi composto por 131 indivíduos

saudáveis, sem presença de histórico de câncer e/ou doenças de caráter

imunológico confirmada, com idades entre 0 e 18 anos à coleta, oriundos do estado

de Pernambuco.

4.5. Coleta de Material Biológico

O material biológico utilizado neste estudo foi o sangue periférico, coletado por

punção intra-venosa em tubo a vácuo contendo anticoagulante (EDTA). O sangue

periférico foi acondicionado e armazenado em freezer a –80° C para a extração

posterior de DNA. Este só pode ser utilizado exclusivamente para fins de pesquisa e,

quando necessário, para complementar o diagnóstico do paciente.

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4.6. Aspectos Éticos

Todos os pacientes receberam informações claras e suficientes sobre a

natureza e objetivos deste estudo e, foram incluídos nele após a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este estudo foi desenhado de acordo

com o Código Brasileiro de Ética Médica (1988), a declaração de Helsinque (1986),

e as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres

Humanos (Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde). A privacidade dos

pacientes é garantida durante e depois de finalizado o estudo. Este trabalho foi um

subprojeto da pesquisa “Estudos celulares e moleculares dos linfomas pediátricos associados ao vírus Epstein-Barr (EBV)”, aprovada pelo Conselho

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Anexo 01.

4.7 Métodos de Extração 4.7.1 Extração de DNA de Sangue Total

O método utilizado foi o “salting out”, adaptado de Miller et al. (1988), o qual

possui basicamente quatro etapas: a primeira etapa consiste na limpeza do material

com tampão para lise da membrana, onde foi adicionado 1mL da solução em 300μL

de sangue total. O material foi homogeneizado por inversão do tubo e o mesmo foi

incubado à temperatura ambiente por 10 minutos. Após a incubação, centrifugou-se

o material a 13.000 rpm por 4 minutos e em seguida descartou-se o sobrenadante.

Essa etapa foi repetida duas vezes ou mais, a fim de purificar o material. A segunda

etapa consistiu na desnaturação da membrana nuclear, onde foi adicionado ao tubo

200μL de solução de lise de núcleo e 50μl de dodecil sulfato de sódio (SDS) 10%,

com agitação vigorosa, e posterior incubação por 10 minutos à temperatura

ambiente. Em seguida, adicionou-se mais 150μL de solução de lise de núcleo. A

terceira etapa consistiu na digestão protéica do material utilizando o complexo

proteinase K (20mg/mL), adicionando-se 10μL da mesma e incubando em banho-

maria a 65ºC por 2 horas ou a 37ºC por 24 horas. Após esse tempo, foi

acrescentado ao material, 175μl de NaCl 5,3M e o mesmo centrifugado a 13.000

rpm por 15 minutos. Posteriormente, transferiu-se o sobrenadante para outro tubo. A

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quarta e última etapa consistiu na precipitação do material por etanol. Foi adicionado

1 ml de etanol 100%, homogeneizou-se o tubo por inversão e centrifugou-se a

13.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado e adicionou-se ao pellet

de DNA 1 ml de etanol 70%. Em seguida uma nova centrifugação foi realizada a

13.000 rpm por 2 minutos e, finalmente, o sobrenadante foi descartado e, ao pellet,

adicionou-se 150μl de solução de reidratação TE (tris 10mM e 1 mM de EDTA; pH

8,0).

4.8. Detecção dos SNPs – PCR alelo-específico

A genotipagem por AS-PCR (Cavet et al,1999) realiza-se com duas reações

em paralelo. Um dos iniciadores é comum para ambas as reações e o outro é

desenhado em duas versões que diferem no nucleotídeo situado na extremidade 3´,

possibilitando a discriminação entre as variantes alélicas. As seqüências dos

iniciadores utilizadas para a genotipagem das posições -1082 e -592 encontram-se

descritas na tabela 4. As reações finais de genotipagem para ambos os SNPs foram

realizadas em volumes finais de 30 µl, com 30 ciclos e temperatura de anelamento de

60°C para o SNP-592 e 59°C para o SNP-1082.

As reações de PCR continham tampão de reação 10 mM KCl, 50 mM Tris-HCl

(pH 8,3), 0,2 mM de cada dNTP, 0,33 µM de cada oligonucleotideo iniciador e 1U

de Taq Polimerase Platinum (Invitrogen). Foram usados 50 ng de DNA genômico

como substrato para as reações de PCR. Os produtos das reações de AS-PCR foram

visualizados em géis de agarose 2% corados com brometo de etídeo. O tamanho

esperado dos produtos de amplificação variou entre 139pb para posição -1082 e

223pb para a posição – 592.

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39

Tabela 4: Seqüência dos Iniciadores usados nas reações de genotipagem por AS-PCR.

4.9. Detecção dos Haplótipos Proximais da IL-10

Para a determinação dos haplótipos foi utilizada uma abordagem

experimental, para que as combinações que compõem os haplótipos proximais no

promotor gênico IL-10 pudessem ser definidas no par de cromossomos homólogos

dos indivíduos analisados. Isto foi possível devido ao desequilíbrio de ligação entre

as posições -819 e -592. Como esses polimorfismos arranjam-se linearmente em um

mesmo cromossomo, três AS-PCRs cruzadas foram realizadas simultaneamente

utilizando-se diferentes combinações de iniciadores para as posições -1082A/G, -

819C/T e -592C/A (Moñux-Ducajú et al, 2006). Estas combinações foram: -1082A

com -592C; -1082A com -819T e -1082G com -819C a fim de se amplificar

fragmentos relativos aos haplótipos ACC, ATA e GCC, respectivamente (Figura 10).

A separação, e análise dos produtos, foi realizada por eletroforese em gel de

agarose a 2%. Os fragmentos produzidos foram de 490pb para o haplótipo ACC e

263pb para os haplótipos ATA e GCC.

Iniciador Seqüência 3´ 5´ Função na reação

-1082 G/A

JWF AGCAACACTCCTCGTCGCAAC

5`conservado

B1 CCTATCCCTACTTCCCCC Alelo específico: G

B2 CCTATCCCTACTTCCCCT Alelo específico: A

-592C/A

-592 GTGACGTGGACAAATTGCCCATTC 5`conservado

592A ACACATCCTGTGACCCCGCCTGTA Alelo específico: A

592C ACACATCCTGTGACCCCGCCTGTC Alelo específico: C

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40

As reações foram realizadas em um volume final de 25 µl, com 17,4 µL do

tampão de reação (10 mM KCl, 50mM Tris-HCl pH 8,30), 1µL de MgCl2 (50mM), 1µL

de dNTP (5mM), 1,5µL de cada iniciador (10pmol/µL), 0,1µL de Taq Platinum (5U) e

1µL de DNA. Foram realizadas duas reações independentes, com as combinações

iniciadoras para ACC, ATA e GCC, respectivamente, mostradas na tabela 5. As

sequências iniciadoras de cada posição da haplotipagem experimental estão

dispostas na tabela 6.

Tabela 5: Combinações de Iniciadores para cada haplótipo experimental.

Iniciadores Haplótipo Tamanho Esperado

-1082 A –592C ACC 490 pb

-1082 A –819T ATA 263 pb

-1082 G –819C GCC 263 pb

As condições de ciclagem foram padronizadas para: desnaturação a 95oC por

5 minutos, seguida de 2 ciclos de 95oC por 20 segundos, 65°C por 30 segundos e

72°C por 30 segundos, 2 ciclos de 95oC por 20 segundos, 64°C por 30 segundos e

72°C por 30 segundos, 2 ciclos de 95oC por 20 segundos, 63°C por 30 segundos e

Figura 10: Esquema didático das combinações utilizadas na Haplotipagem Experimental.

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41

72°C por 30 segundos, 24 ciclos de 95oC por 20 segundos, 62°C por 30 segundos e

72°C por 60 segundos e por fim 72°C por 10 minutos . Os produtos de PCR foram

avaliados em géis de agarose 2% corados com brometo de etídeo.

Tabela 6: Sequências dos Iniciadores usados na haplotipagem experimental.

4.10. Análise do EBV A infecção pelo EBV foi também investigada nas amostras de tumor fixados e

incluídos em parafina (FIP), pela técnica de hibridização in situ, utilizando sondas

biotiniladas para o RNA EBER-1. Esta etapa do projeto foi realizada no INCa pelo

patologista Mário Magalhães. Descrição do método (Hassan et al, 2006):

a) Desparafinização dos cortes por incubação em xilol na estufa a 60°C por 30

minutos, seguida por 2 banhos em xilol de 10 minutos, cada um;

b) Hidratação dos cortes através de banhos sucessivos em etanol de concentração

descendente e água destilada (etanol 100%, etanol 95%, etanol 70%, água

destilada), durando cada banho 5 minutos;

c) Incubação dos cortes com proteinase K (20µg/ml) em câmara úmida e levadas por

15 minutos à estufa a 65º C para o bloqueio da fosfatase alcalina endógena. Após

este tempo, as lâminas foram incubadas em estufa a 37º C por 2 horas;

f) Após a hibridização, as lâminas foram lavadas em TBS 0,1% Triton X-100, três

banhos de 3 minutos cada um, e acondicionadas em câmara úmida. O bloqueio de

Posição Sequência Iniadora

1082G 5´-CTACTAAGGCTTCTTTGGGAG-3´

1082A 5´-CTACTAAGGCTTCTTTGGGAA-3´

819T 5´-GCAAACTGAGGCACAGAGATA-3´

819C 5´-CAAACTGAGGCACAGAGATG-3´

592C 5´-CCAGAGACTGGCTTCCTACAGG-3´

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hibridização inespecífica foi realizado por incubação com 100µl de solução

bloqueante (TBS 0,1%; Triton X-100; BSA 3%) por 10 minutos a temperatura

ambiente;

g) O anticorpo anti-FITC conjugado com fosfatase alcalina (diluição 1:200 em

solução bloqueante) (Kit de Hibridização in situ para o vírus Epstein-Barr,

Novocastra), foi adicionado (100 µl) e incubado por 20 minutos. As lâminas foram

lavadas duas vezes em TBS, por 3 minutos, seguido de incubação em solução de

fosfatase alcalina (pH 9,0) por 5 minutos;

h) Detecção: Aplicou-se 100 µl de solução de detecção preparada no momento (1ml

de solução de fosfatase alcalina, 8 µl do BCIP/NBT, 1 µl de Levamisole) (Kit de

Hibridização in situ para o vírus Epstein-Barr, Novocastra).

Posteriormente, os cortes foram cobertos por lamínulas e a incubação procedeu por

16 horas à temperatura ambiente, em câmara úmida e escura;

m) Após a incubação com a solução de detecção, as lâminas foram lavadas em

água corrente por 5 minutos. Em seguida, as lâminas foram colocadas em solução

de hematoxilina de Harris por 30 segundos, sendo posteriormente lavadas em água

corrente por 5 minutos;

n) Desidratação das lâminas através de banhos sucessivos em álcool de

concentração ascendente (etanol 70%, etanol 100%, por 5 minutos), seguido por

banho em xilol por 5 minutos;

Utilizou-se para cada reação, como controle positivo, uma lâmina contendo corte de

linfoma de Burkitt EBV-positivo. A reação foi considerada positiva quando se

observou a marcação nuclear acastanhada. Os casos foram considerados positivos

para o EBV quando qualquer uma das células H-RS exibissem a marcação nuclear.

4.11 Análise dos Resultados

O presente estudo foi do tipo caso-controle com amostras independentes

constando de dados nominais (genótipos). As prevalências dos genótipos foram

estimadas pelo teste do qui-quadrado (χ2) de aderência. As frequências alélicas

foram estimadas pelo método de contagem gênica. A análise da hipótese do

equilíbrio genético de Hardy-Weinberg e a heterogeneidade entre os pacientes e

uma amostra controle foram testados pelo Qui-quadrado (χ2). A existência de

associações entre variáveis categóricas foi realizada utilizando o teste de χ2, de

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43

acordo ao tamanho das amostras. A magnitude dessas associações foi estimada

com o cálculo da odds ratios (OR) utilizando intervalos de confiança de 95%. Para

estas análises foi utilizado o programa Bioestat versão 5.0.

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44

5. Resultados

No presente estudo foi investigada a presença de alelos, genótipos e

haplótipos no promotor do gene da IL-10, que pudessem ter possível associação

com o LH em relação a um grupo controle de indivíduos saudáveis. Com a

finalidade de obter o perfil clínico dos pacientes deste estudo, foram avaliados os

seguintes aspectos: prevalência do subtipo histológico, estadio da doença,

presença ou ausência de sintomas, falha no tratamento (sumarizados na tabela 7),

sexo e idade.

Tabela 7. Características Clínicas dos Pacientes de Linfoma de Hodgkin

analisados.

O subtipo depleção linfocitária não foi encontrado nesta amostra.

Variáveis (N=64) Número %

Tipo Histológico

Esclerose Nodular

Celularidade Mista

Rico em Linfócitos

29

24

11

45

38

17

Estadio

I / II

III / IV

35

29

54

46

Sintomas B Sim

Não

46

18

72

28

Falha no Tratamento Sim

Não

43

21

33

67

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Na análise dos polimorfismos proximais da IL-10 nas posições -1082 e -592

os produtos amplificados apresentam fragmentos de 139 e 223 pb, respectivamente,

como mostrados na figura 11.

Figura 11: Perfil eletroforético do produto amplificado da posição -1082. Gel de

Agarose a 2%, com fragmentos amplificados de 139 pb. Ladder de 100pb. CN =

Controle Negativo (água e mix de PCR) e Lad.= Ladder (marcador de peso

molecular).

Na tabela 8 apresenta-se a distribuição genotípica dos indivíduos

participantes deste estudo avaliados para os polimorfismos do promotor do gene da

IL-10. Ao todo, foram genotipados 195 indivíduos, sendo 64 pertencentes no grupo

de casos e 131 no grupo controle.

Na análise da distribuição dos genótipos para o polimorfismo -1082 entre

pacientes e controles foi demosntrada diferença estatisticamente significante (χ2 =

9,95 p = 0,007); Assim como a distribuição dos genótipos para os polimorfismos -819

e -592 entre os pacientes e controles (χ2= 9,7 p = 0,008).

139 pb

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46

Tabela 8: Distribuição genotípica dos polimorfismos do gene da IL-10 no grupo de pacientes e controles.

Genótipos

(-1082)

N de Casos

(%)

p N de Controles

(%)

OR p 95%IC p

AA 23 (36%) 0,0320 49 (37%) 1 0,0305 Ref. NA AG 37 (58%) 52 (40%) 2,08 1,134-3,820 0,0256 GG 4 (6%) 30 (23%) 0,22 0,075-0,66 0.006*

GG/AG

41 (64%) 82 (63%) 1,065 0,572-1,982 0,967

(-592/819) CC 25 (39%) 0,0274 52 (40%) 1 0,0438 Ref. NA AC 36 (56%) 52 (40%) 1,953 1,066-3,578 0,0425 AA 3 (5%) 27 (21%) 0,19 0,05 – 0,65 0,007*

AA/AC 39 (61%) 79 (60%) 1,026 0,556-1,893 0,943 OR= Odds Ratio; IC= Intervalo de confiança; O primeiro valor de p corresponde à significância da comparação do genótipo. O segundo p= índice de significância.

Para o polimorfismo da IL-10 na posição -1082, indivíduos com o genótipo

GG apresentam 4,45 vezes menos chances de desenvolver LH do que os indivíduos

com os demais genótipos (OR = 4,45, IC95% = 1,5-13,3 p = 0,007). Para os

polimorfismos da IL-10 nas posições -819 e -592, indivíduos com os genótipos -

819TT e -592AA apresentam 5,27 vezes menos chances de desenvolver LH do que

os demais genótipos (OR = 5,27, IC95% = 1,53-18,1 p = 0,008).

Na análise dos haplótipos os produtos amplificados apresentam 490 e 263 pb

para ACC e ATA/GCC, respectivamente, como mostrado na figura 12.

Figura 12: Perfil eletroforético dos produtos amplificados dos haplótipos ACC, ATA e

GCC em gel de agarose 2% corado com Brometo de Etídio.

490 pb

263 pb

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De acordo com o desequíbrio de ligação apresentado entre as posições -592

e -819, somente três haplótipos são representados: ATA, ACC e GCC. No grupo de

pacientes a freqüência do haplótipo ATA foi de 33%, ACC, 32% e o GCC foi de 35%.

Entre os indivíduos do grupo controle, a freqüência dos haplótipos ATA, ACC e GCC

foi de 40,5%, 16,8% e 42,7%, respectivamente. A distribuição destes haplótipos

entre pacientes e controles apresentou diferença estatisticamente significante (χ2 =

11,7 p = 0,003). Indivíduos com o haplótipo ACC apresentaram risco 2,33 vezes

maior de desenvolver LH (OR= 2,33 IC95% 1,41-3,82 p = 0,001) em relação aos

demais haplótipos. Com relação à distribuição dos haplótipos combinados possíveis,

entre os pacientes e entre os controles, as freqüências dos haplótipos estão

representadas na tabela 9.

A distribuição dos haplótipos combinados entre pacientes e controles

apresentou diferença significativamente significante com χ2 = 22,8 p = 0,0004. Na

população analisada, a chance de os indivíduos desenvolverem LH é cerca de 5

vezes menor em portadores do haplótipo ATA/ATA (OR= 5,278 IC 95% 1,538 –

18,123 p= 0,007) e cerca de 4,5 vezes menor nos portadores do haplótipo

GCC/GCC (OR= 4,455 IC 95% 1,496 – 13,266 p= 0,007) em relação aos demais

haplótipos.

Os indivíduos com o haplótipo ACC/ACC, nesta população, apresentam cerca

de 3 vezes mais chance de desenvolver LH em relação aos demais haplótipos

combinados (OR= 3,28 IC95% 1,18 – 9,07 p= 0,03).

Tabela 9: Distribuição dos haplótipos do promotor do gene da IL-10 no grupo de casos e controles e o risco de LH.

Haplótipo Combinado χ2 = 22,8 p= 0,0004; Haplótipo isolado χ2 = 11,71 p=0,003

Quanto ao status do EBV, a análise pôde ser realizada em apenas 19 dos 64

pacientes. Das amostras analisadss quanto a situação do EBV, 7 apresentaram

Distribuição dos Haplótipos do Promotor do Gene IL-10 Pacientes n (%) Controles n (%) OR IC p ATA/ATA 3(4,7) ATA/ATA 27(20,6) 0,189 0,05-0,65 0,007 ACC/ATA 10(15,6) ACC/ATA 15(11,5) 1,43 0,6-3,39 0,55 ACC/ACC 10(15,6) ACC/ACC 7(5,3) 3,28 1,18-9,07 0,03 GCC/GCC 4(6,3) GCC/GCC 30(22,9) 0,224 0,075-0,663 0,007 ATA/GCC 26(40,6) ATA/GCC 37(28,2) 1,73 0,928-3,25 0,115 ACC/GCC 11(17,2) ACC/GCC 15(11,5) 1,6 0,690-3,72 0,377

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positividade, enquanto que 12 indivíduos mostraram-se negativos para a presença

do vírus. As distribuições genotípicas e haplotípicas em relação ao status do EBV

estão representadas na tabelas 10.

Tabela 10: Distribuição haplotípica e genotípica em relação ao status do EBV no

pacientes de Linfoma de Hodgkin.

Ditribuição Haplotípica e Genótipa em Relação ao Status do EBV Haplótipo EBV + n (%) EBV- n (%) Genótipo EBV + n EBV- n

ACC 3 (15,79) 4 (21,05) -1082 ATA 2 (10,52) 5 (26,68) AA 4 5 GCC 2 (10,52) 3 (18,42) AG 3 7

ACC/ATA 3 (42,85) 3 (25) -592 ACC/ACC 0 (0,0) 2 (16,66) CC 3 3 ACC/GCC 1 (14,3) 6 (50) AC 4 9 ACC/GCC 3 (42,85) 1 (8,33)

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6. Discussão

As citocinas agem de forma complexa, coordenada e a IL10 tem como

principal in vivo limitar a resposta inflamatória. Entre 50 e 75% da variabilidade

observada da secreção de IL-10 é explicada geneticamente, a outra parte por

fatores ambientais (Westendorp et al, 1997; Reuss et al, 2002). No grupo de

indivíduos controle avaliado no presente trabalho, o SNP na posição -1082

apresentou maior prevalência do genótipo AA, em 37% dos indivíduos. Existe um

consenso na literatura no que se refere a este polimorfismo estar associado a baixos

níveis séricos de IL-10 (Turner et al, 1997). Na população analisada, a distribuição

genotípica apresentou prevalência de 58% para o genótipo heterozigoto -1082AG. O

estudo realizado com câncer renal, por López et al, 2009, mostrou um resultado

semelhante, indicando prevalência do heterozigoto AG na posição -1082 em cerca

de 50% dos casos analisados (López et al, 2009).

O genótipo GG, na mesma posição, mostrou uma freqüência de 6%,

representando uma taxa de 4,45 vezes menos chances de desenvolver LH do que

os indivíduos com os demais genótipos (OR = 4,45, IC95% = 1,5-13,3 p = 0,007).

Lech-Maranda et al (2004), em seu estudo com Linfoma de células B difusas (a

forma mais freqüente de LNH na América do Norte e na Europa Ocidental),

apresentou resultado semelhante ao encontrado neste trabalho, sugerindo que o

genótipo -1082GG pode ser um fator protetor nesta neoplasia (Lech-Maranda et al,

2004).

Por existir um forte desequilíbrio de ligação entre os SNPs das posições -592

e -819, os resultados encontrados a partir da posição -592 serviram como base para

a inferência dos dados na posição -819. Os resultados encontrados na distribuição

genotípica da posição -592 no grupo de controles apresentam-se de forma

homogênea com prevalência de 40% para os heterozigotos e homozigotos

selvagens. Esta distribuição apresenta-se em acordo com as populações estudadas

do Brasil (Moraes et al, 2003; Da Silva et al, 2007). No grupo de casos, a distribuição

genotípica para a posição -592 do promotor do gene da IL-10 apresenta prevalência

do genótipo heterozigoto de 56%; Para os polimorfismos -819 e -592, indivíduos

com os genótipos -819TT e -592AA apresentam 5,27 vezes menos chances de

desenvolver LH do que os demais genótipos (OR = 5,27, IC95% = 1,53-18,1 p =

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50

0,007). Este dado apresenta similaridade com o encontrado por Langsenlehner,

onde foi avaliada a presença do SNP na posição -592 e associação ao câncer de

mama; sugere-se neste estudo que, o genótipo -592AA também apresenta risco

reduzido ao desenvolvimento de câncer de mama (Langsenlehner et al, 2005). O

resultado encontrado por Hohaus e colaboradores em 2007 apresenta o alelo A, na

posição em questão, como um fator de risco negativo para o prognóstico do LH; no

entanto o autor não consegue reproduzir o mesmo resultado em um estudo

subseqüente em que foi analisada a significância clínica dos polimorfismos do

promotor do gene IL-10 e os níveis sérios desta interleucina no LH (Hohaus et al,

2007; 2009).

O polimorfismo -819 apresenta-se em DL com o SNP de posição -592; -819C

e -592C são herdados em bloco, e o mesmo acontece com os SNPs -819T e -592A.

Juntos estes SNPs constituem os haplótipos GCC, ACC e ATA. O haplótipo GTA é

extremamente raro (Eskdale & Gallagher, 1995). Na amostra de controles analisada

a distribuição haplotípica apresentou prevalência do haplótipo GCC, com 42,7%. Dos

haplótipos combinados o que apresentou maior freqüência foi o haplótipo ATA/GCC

com 28,2%. Este resultado apresenta-se em sintonia com estudos de populações

caucasiana, onde existe uma prevalência do haplótipo GCC na população saudável

(Edwards-Smith et al, 1999; Constantini et al, 2002; Meenagh et al, 2002). No

entanto, este mesmo dado diverge dos estudos populacionais no Brasil, como no

estado do Rio de Janeiro e São Paulo, em que esse haplótipo apresenta baixa

prevalência (Moraes et al, 2003; Da Silva et al, 2007). Este resultado pode ser

devido ao tamanho continental do Brasil e da sua distribuição populacional bem

delineada, sugerindo assim que as populações do Nordeste e Sudeste brasileiros

podem ser, apesar da elevada miscigenação, geneticamente divergentes.

A análise estatística realizada no presente estudo entre os grupos de

pacientes e controles indicou que o haplótipo ACC apresenta risco 2,33 vezes maior

de desenvolvimento do LH (OR= 2,33 IC95% 1,41-3,82 p = 0,001) em relação aos

demais haplótipos. Tal resultado pode ser comparado com o encontrado por

Cunningham e colaboradores, onde este grupo associou o haplótipo ACC ao LNH

agressivo (Cunningham et al, 2003). Na população analisada, a chance de os

indivíduos desenvolverem LH é cerca de cinco vezes menor em portadores do

haplótipo combinado ATA/ATA e cerca de 4,5 vezes menor nos portadores do

GCC/GCC em relação aos demais haplótipos combinados. Os indivíduos portadores

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51

da combinação haplotípica ACC/ACC, nesta população, apresentam cerca de 3

vezes mais chance de desenvolver LH em relação aos demais haplótipos

combinados.

Nos pacientes com LH, presume-se que os níveis de IL-10 tendem ao

aumento em relação aos indivíduos saudáveis, visto que a presença desta

interleucina é de fundamental importância para a manutenção do complexo

microambiente tumoral nesta neoplasia. O estudo realizado por Bogunia-Kubik et al,

sugere que o aumento da produção de IL-10 dentro do microambiente tumoral pode

apresentar valor de proteção e, reciprocamente,que baixos níveis de IL-10,

geralmente associado aos haplótipos ACC e ATA, estão relacionados com formas

mais agressivas nos Linfomas não-Hodgkin (Bogunia-Kubik et al, 2008). Os

resultados encontrados neste trabalho em relação aos polimorfismos da IL-10

corroboram a hipótese de que a presença desta interleucina está associada à

manutenção do microambiente tumoral estabelecido no LH, a proliferação de células

H-RS e que tais polimorfismos presentes no promotor do gene desta citocina podem

modulam sua produção afetando diretamente no desenvolvimento da doença

(Aldinucci et al, 2008).

Os dados do presente estudo sugerem ainda que a presença no alelo A na

posição -1082 quando associado aos alelos CC nas posições -819 e -592,

respectivamente, confere risco para os indivíduos, enquanto a presença deste

mesmo alelo -1082A, porém associado aos alelos T e A nas posições -819 e -592,

respectivamente, confere proteção aos indivíduos do grupo estudado. Na presença

do alelo -1082G, os únicos alelos possíveis, para esta população, são os -819C e o -

592C, e este conjunto alélico sugere proteção no grupo analisado. Isto pode indicar

que (com exceção do genótipo -1082GG, o qual na população estudada confere

proteção), os polimorfismos proximais do gene da IL-10 isolados, não influenciam no

aumento ou na diminuição do risco de desenvolvimento do LH. No entanto, as

combinações dos diferentes alelos nas três posições proximais do promotor podem

contribuir para o desenvolvimento do LH.

O EBV parece estar associado ao linfoma de Hodgkin em certos grupos

epidemiológicos particulares e a pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência

humana (HIV) (Zhou et al, 2001). Vários estudos mostraram a alta freqüência de

associação entre o EBV e o linfoma de Hodgkin pediátrico em distintos grupos

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geográficos e sócio-econômicos (Armstrong et al, 1993; Leoncini et al, 1996; Zhou et

al, 2001; Jarrett et al, 2002).

Nos casos analisados quanto à presença do EBV, 63,2% dos pacientes de LH

apresentaram negatividade para o vírus, contra 36,8% que apresentaram

positividade. Estes resultados mostram se de acordo com o de Barros (2007) no

estudo com pacientes pediátricos (0-18 anos) com LH, do Rio de Janeiro, onde foi

descrita a prevalência de 47,7% nos casos EBV+. Indicando assim superioridade

dos casos EBV- tanto no atual estudo quanto no estudo descrito por Barros, e

apresentando também predominância de pacientes menores de 10 anos, 62,5%.

Quanto à distribuição genotípica dos indivíduos estudados e a presença do

EBV, nada se pôde concluir, pois a distribuição dos genótipos nas posições -1082 e

-592, não apresentaram diferenças significantes. Nos indivíduos EBV + houve

prevalência o haplótipo ACC, o mesmo descrito anteriormente como conferindo risco

aos pacientes com LH. No caso dos indivíduos EBV- houve uma leve predominância

do haplótipo ATA, que interessantemente, representa proteção nos indivíduos

analisados neste grupo. De acordo com Helminen et al, em um estudo com

indivíduos menores de 18 anos, mostraram que os mesmos quando apresentavam o

haplótipo ATA estavam relacionados com altos níveis séricos de IL-10 e a uma

infecção tardia na infância ou adolescência com EBV, sugerindo assim que o

haplótipo ATA poderia estar associado a proteção contra o vírus EB nesse grupo

(Helminen et al, 2001).

Em relação ao EBV, devido ao número reduzido de amostras analisadas, não

foi possível fazer qualquer inferência a respeito da influencia do vírus no

desenvolvimento do LH ou mesmo da associação do mesmo com os polimorfismos

proximais da IL-10. Entretanto, o presente trabalho pode sugerir que existe uma

associação entre os polimorfismos proximais da IL-10 no desenvolvimento da LH.

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53

7. Conclusões

Os resultados deste estudo sugerem proteção na presença no alelo G na

posição -1082, com 4,45 vezes menos chances de desenvolver LH que os

demais genótipos para a mesma posição;

O genótipo homozigoto -592CC apresentou proteção neste grupo de estudo,

com 5,27 vezes menos chance de desenvolver LH, em relação aos genótipos

-592AC e 592AA;

No que diz respeito aos haplótipos proximais da IL-10, o haplóticpo ACC

sugere um risco de 2,3 vezes para o desenvolvimento de LH;

Os haplótipos combinados ATA/ATA e GCC/GCC representam proteção para

o grupo deste estudo, com cerca de cinco vezes menos chance de

desenvolver o LH;

Com os dados apresentados sugere-se que o alelo na posição -1082, por si

só, não contribui para o aumento ou diminuição do risco de desenvolvimento

do LH, visto que a presença no alelo A na posição -1082 associado aos alelos

CC nas posições -819 e -592, respectivamente, confere risco para os

indivíduos. Em contrapartida, a presença deste mesmo alelo -1082A, porém

associado aos alelos TA nas posições -819 e -592, respectivamente, confere

proteção aos indivíduos do grupo estudado;

Na presença do alelo -1082G, os únicos alelos possíveis, para esta

população, são os -819C e o -592C, e este conjunto alélico apresenta

proteção no grupo analisado;

Houve predominância dos casos EBV- no grupo estudado de 63,2% das

amostras;

Nos casos de EBV+ e EBV - houve predominância dos indivíduos maiores de

10 anos de idade, com 71,4% e 83,3%, respectivamente;

A amostra de casos de EBV apresentou maior freqüência do haplótipo ACC

nos indivíduos EBV +; Já nos indivíduos EBV-, o haplótipo ATA apresentou

maior freqüência;

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54

8. Memorial da Aluna Jaqueline de Azevedo Silva, nascida em março de 1984

na cidade de Recife, Pernambuco. Cursou Bacharelado em

Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco em

2006 e adquiriu o título de especialista em Biologia Molecular

pela mesma Universidade em 2008. No mesmo ano (2008)

ingressou para o Programa de Pós-Graduação em Genética e

Biologia Molecular da Universidade Federal de Pernambuco

para obtenção do título de mestre. Durante a graduação,

estagiou voluntariamente por um ano no Laboratório de

Biologia Molecular Humana - CEON/PE-HUOC, liderado pela Dr. Tereza Cartaxo,

onde posteriormente realizou iniciação científica por mais dois anos com

Polimorfismos do Gene P53 e Câncer de Pulmão. Após a graduação, trabalhou na

área de pesquisa com Biossensores no Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco

- PROCAPE, onde foi bolsista de ITI- CNPq. Retornou ao Laboratório de Biologia

Molecular Humana – CEON/PE-HUOC, onde desenvolveu durante dois anos a

pesquisa para o mestrado com os Polimorfismos do Promotor do gene da IL-10 e

Linfoma de Hodgkin Pediátrico.

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10. Anexos

10.1 Anexo I

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71

10.2 Anexo II

Polymorphisms IL-10 Gene Promoter Distribution in Pediatric

Hodgkin´s Lymphoma of the Northeast Brazil

Jaqueline de Azevêdo Silva 1, Mário Henrique Magalhães Barros3, Vera Lúcia Lins

Moraes4, Adriana Lins Moraes4, Rocio Hassan3, Maria Tereza Cartaxo Muniz1,2

1- Departamento de Genética – Universidade Federal de Pernambuco 2- Instituto de Ciência Biológicas – Universidade de Pernambuco 3- CEMO/INCa – Bone Marrow Transplant Center / National Cancer Institute,

Brazil. 4- Centro de Oncohemalotologia Pediátrica – Hospital Universitário Oswaldo

Cruz – Universidade de Pernambuco.

Abstract Key Words: Interleukin-10, Single Nucleotide Polymorphism, Haplotype, Hodgkin´s Lymphoma. Introduction

Classical Hodgkin´s lymphoma (HLc) is unique among human lymphoma since

it has specific tumor cells under reprogramming gene expression. Hodgkin/Reed-

Sternberg cell, which is a specific feature in HLc, are derived from B cells from

germinative center (GC). These cells have lost its expression of most B typical cell

genes and acquired expression from multiple genes from immune system [1]. HL is

one of the most frequent lymphomas in the Western world affecting mainly young

adults [2]. In industrialized countries, the onset of HL shows a bimodal distribution

with a first peak in young adults and a second one after the fifth decade of life. In

developing countries, the first peak occurs predominantly during childhood and its

incidence decreases with age, whereas in industrialized countries, young children are

only rarely affected by HL in contrast with young adults in which incidence increases

with age [3].

Interleukin-10 (IL-10) is of particular interest in the immunopathology of HL

since it is a pleiotropic cytokine with immunosuppressive properties. IL-10 is mainly

produced by activated T cells, mast cells, monocytes/macrophages and stimulated B

cells. IL-10 changes the Th1-Th2 balance towards humoral profile (Th2), hence

inhibiting cytotoxic T cells and stimulating the proliferation and differentiation of B

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cells [4]. Between 50% and 75% of the variability in IL-10, secretion is explained by

genetic factors [5]. Nucleotide variations in the gene such as single nucleotide

polymorphisms (SNPs) may affect transcription, translation or function of the gene

product. Several Single Nucleotide Polymorphisms (SNP) has been described for IL-

10 gene promoter but, the most investigated are the ones at positions -1082, -819

and -592, numbered relative to the transcriptional start site in the proximal region

[6,7]. These proximal SNPs are in Linkage Disequilibrium (LD), and together they

compose the haplotypes frequently present in the populations [8].

Many previous studies have described the influence of IL-10 on prognosis [9] of HL,

but most of them have been controversial when comparing different populations. The

aim of this study was to analyze whether exists an association of the genotypes

and/or haplotypes of IL-10 promoter gene in HL pediatric patients comparing to

pediatric health controls in Northeast Brazil population, since it has never been

described.

Material and Methods

Study Population

This is an exploratory with case-control study and it was carried out at Pediatric

Oncoheamatolgy Center from Oswaldo Cruz University Hospital (CEONHPE/HUOC).

Patient’s inclusion criteria were positive diagnosis to Hodgkin´s lymphoma,

histological positivity, with no previous treatment, age range 0-18 years admitted in

CEONHPE/HUOC. Informed consent had been obtained from all study subjects, 64

HL patients (mean age 11 years, range 2-18 years, 21 female and 43 male and 131

controls age range 0-18 from Pernambuco State, Brazil (table 1). The study protocol

has been approved by the Ethics Committee for human research of the Pernambuco

University .

Analysis Genomic DNA was isolated from peripheral blood according to Miller et al,

1988 [10]. Allelic discrimination for -1082 position was performed by Allele Specific –

Polymerase Chain Reaction (AS-PCR) using the following oligos: forward JWF 5´

AGCAACACTCCTCGTCGCAAC 3´; reverse B1 5´ CCTATCCCTACTTCCCCC 3´ for

G allele and reverse B2 5´ CCTATCCCTACTTCCCCT 3´ for A allele. For -592 position

the oligos were forward -592F 5´ GTGACGTGGACAAATTGCCCATTC 3´, reverse C

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5´ACACATCCTGTGACCCCGCCTGTC3´ and reverse A 5´

ACACATCCTGTGACCCCGCCTGTA 3´. AS-PCR was performed in a 30 µl final

volume reaction, containing 50 ng of genomic DNA, buffer [10 nM KCL, 50 mM Tris-

HCl (pH 8,3)], 0,2 mM from each Dntp (5mM), 0,33 µM from each oligo primer

(10pmol/ µL) and 1,0 µL (1U) of Taq Polimerase Platinum (Invitrogen*). AS-PCR

amplification was performed at GenAmp - Eppendorf thermal cycler. Temperature

cycles for -1082 and -592 positions were: 94 °C for 5 min for initial denaturing and 30

cycles of 94 °C for denaturing, 59 °C for annealing and 72 °C for extension. DNA

fragments were detected in a 3% agarose gel electrophoresis, presenting 139 bp for -

1082 position and 223 bp for – 592 position. For experimental haplotyping

evaluation an AS-PCR was performed as described in following combinations to identify

ACC haplotype -1082A 5´-CTACTAAGGCTTCTTTGGGAA-3´ and -592C 5´-

CCAGAGACTGGCTTCCTACAGG-3´; ATA haplotype -1082A 5´-

CTACTAAGGCTTCTTTGGGAA-3´ and -819T 5´-GCAAACTGAGGCACAGAGATA-

3´; GCC haplotype -1082G 5´-CTACTAAGGCTTCTTTGGGAG-3´ and -819C 5´-

CAAACTGAGGCACAGAGATG-3´. DNA fragments were detected in a 2% agarose

gel electrophoresis, presenting 139 bp for -1082 position and 223 bp for – 592

position. AS-PCR was performed in a 25 µl final volume reaction, containing 50 ng of

genomic DNA, buffer [10 nM KCL, 50 mM Tris-HCl (pH 8,3)], 0,2 mM from each

dNTP (5mM), 0,33 µM from each oligo primer (10pmol/ µL) and 0,1 µL (5U) of Taq

Polimerase Platinum (Invitrogen). DNA fragments were detected in a 2% agarose gel

electrophoresis, presenting 490 bp for ACC haplotype and 263 bp for ATA and

GCC haplotypes.

Statistical Analysis The frequencies of each genotype were calculated as q=(2a+b)/n, with a, b and n

corresponding to the number of homozygotes, the number of heterozygotes, and the

number of alleles analyzed respectively. Hardy-Weinberg equilibrium was tested for

each SNP by comparing observed with expected frequencies using a χ2 test. The

differences in genotypes from each polymorphic position between cases and controls

were assessed by Pearson's χ2 or Fisher's exact tests using Bioestat 5.0 software.

For each SNP, we did unconditional logistic regression to compute odds ratio (OR)

and 95% confidence interval (95% CI).

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Results Clinical patients data evaluated were age, sex, histological subtype, stage of disease,

presence of “B” symptoms and treatment failure. They are all summarized on table 1.

Genotype Frequencies

The genotype frequencies among patients were as follows to -1082 position: AA – 36%,

AG – 58%, and GG – 6%; to -819 and -592: CC – 39%, CT and AC – 56%, TT and AA

– 5%. The T and C allele at -819 loci are known to be strongly linked to the A and C

allele from -592 position, respectively. Among the 131 control subjects the genotype

frequencies found were AA – 37% , AG – 40%, GG – 23% for -1082 position; At -819

and -592 were as follows: CC – 40%, CT and AC – 40%, TT and AA –20%. We found

significant statistic differences between HL patients and healthy control group (-1082: χ2

= 9,95 p = 0,007; -819 and -592:χ2= 9,7 p = 0,008). Genotype frequencies from

patients and controls to -1082, -819 and -592 positions are shown on table 2. At -1082

position, the genotype GG has shown a 4,45-fold decreased risk to LH development in

comparison to AG and AA genotypes (OR = 4,45, CI95% = 1,5-13,3 p = 0,007). At -

819 and -592 positions, the genotype CC has shown a 5,27 fold decreased risk to LH

development than other genotypes (OR = 5,27, CI95% = 1,53-18,1 p = 0,007).

Haplotype Frequencies

The frequencies of each haplotype found among LH patients were as follows: ATA –

33%, ACC – 32% and GCC – 35%. For the healthy control group the haplotype

frequencies found were: ATA, ACC and GCC, 40,5%, 16,8% and 42,7%,

respectively. There were significant statistic difference between LH patients and

healthy control subjects (χ2 = 11.7 p = 0.003). The ACC haplotype has shown 2,33-

fold increased risk to LH development (OR= 2,33 CI95% 1.41-3,82 p = 0.001) in

comparison to other haplotypes. The frequency of possible combined haplotypes

among patients were as follows: ATA/ATA, ACC/ATA, ACC/ACC, GCC/GCC,

ATA/GCC, ACC/GCC foi de 4.7%, 15.6%, 15.6%, 6.3%, 40.6% and 17.2%,

respectively. Among the control subjects, the frequency found were 20.6% 11.5%,

5.3%, 22.9%, 28.2%, 11.5%, respectively (Table 3).

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Discussion Cytokines play a pivotal role in the pathogenesis of HL by acting in a highly

complex, coordinated network [11]. IL-10 and its polymorphisms have been reported

to play a role for both the susceptibility and prognosis of various diseases, including

infectious and autoimmune diseases [9]. This study was performed to determine if IL-

10 gene promoter proximal polymorphisms are associated to LH development. The

subjects groups analyzed in this study indicate protection to -1082GG genotype. Lech-

Maranda and cols., 2004, in a B diffuse cell Lymphoma study (most frequent Non-

Hodgkin Lymphoma –NHL, in North America and Western Europe) presented a

similar result, suggesting that -1082GG may be a protection factor in this kind of

neoplasia [12]. Some authors have demonstrated that the IL-10 gene promoter

proximal SNPs are responsible for different IL-10 serum levels in individuals [13].

According to Perrey et al, the haplotypes GCC/GCC was defined as “high”,

GCC/ACC and GCC/ATA as “medium”, ACC/ACC, ACC/ATA and ATA/ATA as ‘low’

expression IL-10 genotypes. Considering IL-10 -1082 SNP genotypes alone, GG was

considered as a ‘high’ expression genotype, GA as ‘medium’ and AA as a ‘low’

expression genotype [13,14]. Since IL-10 -1082GG was previously found to be

associated with high IL-10 expression, our data suggest that increased IL-10

production within the complex tumor microenvironment may be protective,

conversely, IL-10 low expression plays as negative factor to LH development.

At -819/592 position our results shows a 5.27 fold decrease risk to LH

development (OR = 5.27, IC95% = 1.53-18.1 p = 0.007) for CC genotype. This result

may be complementary to Hohaus, which showed that the homozygous carriers of

the A allele at position -592 in the IL-10 promoter region is a negative prognostic

factor for failure-free survival [9]. Macarthur ´s group demonstrates opposite results,

showing IL-10 gene C-592A polymorphism allele incidence in 264 patients with

colorectal cancer and 408 healthy residents of North-Eastern Scotland with 2-fold

decreased risk of disease for A allele carriers [15]. Although, displaying similarity to our

results, Langsenlehner et al, 2005, conclude that the IL-10 –592C > A promoter

polymorphism may be associated with a reduced breast cancer risk [16]. Despite the

opposite scenarios, only few studies [9;11;16] on hematopoietic malignances and IL-

10 role, have been developed, indicating further (and with a larger number of

samples) studies need to be performed. When studying the IL-10 influence of clinical

course of NHL, Bogunia-Kubik found ACC carries to be associated with unfavorable

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prognosis. shown that ACC haplotype carries 2.33 fold increased risk to LH

development (OR= 2.33 IC95% 1.41-3.82 p = 0.001) [17]. ACC haplotype has been

associated to low IL-10 expression by the majority of authors [17]. Since our data

shows ACC haplotype as an unprotective factor to HL development, low IL-10

expression may has an important role in HL pathogenesis.

At our analysis group, the combined haplotype ATA/ATA and GCC/GCC

showed around 5 fold decreased risk each to LH development (ATA/ATA - OR=

5.278 IC 95% 1.538 – 18.123 p= 0.007 and GCC/GCC- OR= 4.455 IC 95% 1.496 –

13.266 p= 0.007). Langsenlehner and colleagues supported the findings in our study

by presenting the haplotype ATA as a protective factor against breast cancer

(OR=0,56, 95% confidence interval 0.32–0.97) [15]. Likewise relating their study to

the findings presented by our group, Lee et al, 2006 [18] when studying Non-Hodgkin

Lymphoma, also demonstrated the ATA haplotype as a favorable prognostic factor (P

= 0.037, hazard ratio 2.1). The presented data suggests that the presence of A allele at -1082 position,

when associated with C alleles at -819 and -592, respectively, confers risk to

individuals, while -1082A instead, associated to T and A allele at -819 and -592

position, respectively, confers protection to the studied subject group. The -1082G

allele associated with C allele at -819 and -592 position confers protection in our

study. This may indicate that, with exception of -1082GG genotype, which confers

protection, at least in the analyzed population, the proximal SNPs of IL-10 gene

promoter by themselves, do not influence the increase or decrease LH development

risk. On the other hand, the combination of different alleles at these three positions

may contribute to development of HL.

In conclusion, our study suggests that IL-10 gene promoter proximal SNP are

associated to LH development. However, larger and prospective HL studies are

necessary to confirm our findings.

Acknowledgement We thank the patients and their families, whose collaboration and understanding

have made this work possible. This study was supported by FACEPE (Fundação de

Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco) and CNPq (Conselho

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Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). R.H and M.H.M.B. work is

supported by the SwissBridge Foundation (Switzerland).

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Tables:

Table 1. Characteristics of 64 patients with Hodgkin’s lymphoma.

Table 2. Genotype and Allelic Frequencies from SNPs -1082, -819 and -592. Polymorphisms in IL-10 Promoter Gene

Genotypes N°. Cases (%) Allelic Freq. N°. Controls(%) Allelic Freq. p OR 95%IC

-1082 0,007 4,45 1,5-13,3 AA 23 (36%) A = 65% 49 (37%) A = 57% AG 37 (58%) G=35% 52 (40%) G=43% GG 4 (6%) 30 (23%)

-819/592 0.008 5,27 1,53-18,1 CC 25 (39%) C=67% 52 (40%) C=60%

AC/CT 36 (56%) A/T=33% 52 (40%) A=40% AA/TT 3 (5%) 27 (21%)

-1082 χ2 = 9,95 e -819CT/-592/CA χ2= 9,7.

Variables (N=64) Number % Age, years

>10

<10

36

28

56,3

43,8

Gender Female

Male

21

43

33 67

Histotype (N=64)

Nodular Sclerosis

Mixed Cellularity

Rico em Linfócitos

29

24

11

45

38

17

Stage

I / II

III / IV

35

29

54

46

B Symptoms Yes

No

46

18

72

28

Treatment Failure Yes

No

43

21

33

67

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Table 3: Combined haplotype frequency between LH patients and control subjects.

Haplotype distribuition of IL-10 gene promoter

Patients Controls OR 95%IC p ATA/ATA 3 (4,7%) ATA/ATA 27 (20,6%) 0,19 0,06 0,65 ACC/ATA 10 (15,6%) ACC/ATA 15 (11,5%) 1,43 0,6 3,9 ACC/ACC 10 (15,6%) ACC/ACC 7 (5,3%) 3,28 1,19 9,07 GCC/GCC 4 (6,3%) GCC/GCC 30 (22,9%) 0,22 0,08 0,67 ATA/GCC 26 (40,6%) ATA/GCC 37 (28,2%) 0,17 0,06 0,5 ACC/GCC 11 (17,2%) ACC/GCC 11 (11,5%) 1,67 0,62 3,88

ATA ACC GCC ATA ACC GCC 42 41 45 106 44 112

33% 32% 35% 40,5% 16,8% 42,7% Combined Haplotype χ2 = 22,8 p= 0,0004; Haplotype only χ2 = 11,71 p=0,003