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Revista Pandora Brasil Nmero 34, Setembro de 2011 ISSN 2175-3318 Sinara Leite Queiroz
Distines entre antropologia e filosofia, p. 87-98.
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DISTINES ENTRE ANTROPOLOGIA E FILOSOFIA
Sinara Leite Queiroz
Resumo: A antropologia, que uma cincia do homem, trata de todos ns, busca um conhecimento primitivo ligado a nossa origem desde formas simples as mais complexas da evoluo social. No desenrolar histrico, o estudo do homem passou de uma viso cosmocntrica na antiguidade, para uma viso teocntrica no mundo medieval, at chegar perspectiva antropocntrica nos mundos moderno e contemporneo. Palavras-chave: Cincia. Homem. Cultura. Antropologia. Filosofia.
Introduo
Iremos perceber que a antropologia se preocupa com o estudo do homem e que
uma rea separada da filosofia. Mas ela usa dos princpios filosficos na sua atuao.
A Filosofia busca perene, constante, amor a sabedoria. A Antropologia cincia,
surge realmente no final do sculo XVIII, na Europa, e suas respostas so do seu modo
particular. Como a antropologia estuda sobre o homem, esse um animal diferente
dos outros, pois utiliza da razo, cria em seu universo a diversidade de religies, mitos,
cultura, isso que impulsiona dentro da filosofia, transformando numa antropologia
filosfica.
Para a Antropologia Filosfica de que vamos tratar interessa muito mais do que
simplesmente uma filosofia da vida, conversas ou observaes ocasionais. Isso no
significa, no entanto, que tenhamos que nos restringir meras conceituaes tericas,
o mais importante o questionamento, a pesquisa, a capacidade de criar e expressar
conceitos, o posicionamento crtico aprofundado e defensvel, o rompimento com as
Graduanda em Filosofia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), E-mail:
mailto:[email protected]
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Distines entre antropologia e filosofia, p. 87-98.
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ideologias de massa do dia-a-dia; a compreenso dos aspectos individuais e coletivos
que determinam aquilo que somos e a nossa forma de estar no mundo.
Tornar o homem dialeticamente, isso o que exige a Antropologia Filosfica.
Nesse intento, primordial no tanto um mtodo, mas as questes colocadas; no
tanto as respostas, mas a maneira de respond-las. Veremos que as respostas nem
sempre so as mesmas e que podem ser conduzidas em diferentes direes, visto que
existem mltiplas tendncias e disposies do homem em seu "ser plural":
personalidade, sociedade, cultura, psiquismo, espiritualidade etc. Essa multiplicidade
prova a complexidade da condio humana, que no se revela em uma nica dimenso
e que se mostra um terreno de aprofundamento rido e ao mesmo tempo instigante.
Antropologia
A antropologia a cincia que estuda o homem. Ela faz parte da filosofia, mas
funciona como uma cincia autnoma, especfica e moderna. Kant distinguiu a
antropologia fisiolgica, a que a natureza faz do homem, da antropologia
pragmtica, o homem faz como ser livre.
A antropologia se divide em 5 reas:
Antropologia Biolgica Antigamente era chamada de antropologia fsica,
responsvel pelo estudo dos caracteres biolgicos do homem no tempo e no
espao. O antroplogo biologista levar em considerao os fatores culturais
que influenciam o crescimento e a maturao do indivduo (LAPLANTINE,
2006, p.17).
Antropologia Pr-Histrica Estuda o homem atravs de escavaes, ossadas,
marcas, que so vestgios enterrados no solo. Tem como viso reconstituir as
sociedades desaparecidas, em tcnicas e organizaes sociais, e tambm em
produes culturais e artsticas. A partir do que os fsseis nos revelam, estuda a
origem e evoluo do homem.
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Antropologia Lingustica Estuda a linguagem, como parte do patrimnio
cultural de uma sociedade. Atravs da linguagem os indivduos compem uma
sociedade se expressam e expressam valores, pensamentos e preocupaes.
Antropologia Psicolgica Estuda o funcionamento do psiquismo humano.
Antropologia Social e Cultural (ou Etnologia) Abrange tudo na sociedade, as
instituies, segundo os autores britnicos, modos de produo econmica,
tcnicas, organizao poltica e jurdica, parentesco, conhecimento, crenas
religiosas, lngua, psicologia, criaes artsticas. Surgiu nos sculos XIX e XX nos
Estados Unidos, derivada da etnologia do sculo XIX, o estudo das sociedades
primitivas, ligada arqueologia, lingustica, histria, psicologia e
sociologia, priorizam ao estudo das culturas dos diversos grupos humanos.
Os autores americanos estudam mais na antropologia cultural os
comportamentos. A etnologia se deve a pluralidade de etnias e culturas, que
corresponde para os franceses e antropologia utilizada mais pelos americanos
estadunidenses, e se relaciona com o humano.
Lvi-Strauss distingue a antropologia da sociologia porque a primeira h o
destaque do observador e, a sociologia prevalece o observador. Lvi-Strauss fez um
estudo sobre as estruturas elementares do parentesco (1947), pois o prprio filsofo
contra o incesto, que envolve relaes sexuais entre parentes, mas no no ponto de
vista de uma lei biolgica da natureza humana, mas sobre a cultura, pois ficaria com a
mesma cultura e nada iria ser acrescentado.
Os filsofos ressaltaram muitas vezes a importncia da antropologia como cincia filosfica, ou seja, como determinao daquilo que o homem deve ser, em face do que . Humboldt, por exemplo, queria que a antropologia, embora procurasse determinar as condies naturais do homem (temperamento, raa, nacionalidade etc.), visasse a descobrir, atravs dessas condies, o prprio ideal de humanidade, a forma incondicionada qual nenhum indivduo est completamente adequado, mas que continua sendo o objetivo a que todos os indivduos tendem (ABBAGNANO, 2007, p. 75).
Malinowski dizia que a famlia uma instituio universal. Da ele nos leva a
uma aceitao das categorias inglesas que os termos consanguneos e afinidade tm
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valor universal. o que impulsiona os antroplogos a tratar as palavras sibling, filiao,
descendncia e afinidade como termos especificamente tcnicos, e que podem ser
interpretados distintamente pelo uso do raciocnio a priori sem fazer referncia
etnografia. Nossa sociedade repudia tal cultura porque diferente para o momento,
ela quer que seja semelhante, seja de comportamento ou cultura. A sociedade tem
preconceito para essa realidade em alguns pases.
Existe nos sistemas de parentesco um fascnio
perene, h um grau atrativo, pois h coincidncia precisa. No sistema de parentesco
exige uma necessidade de discusso sobre o comportamento normal. Existem cls que
o casamento parental devido a alianas polticas, so famlias aristocrticas, mas com
o intuito de conservar os recursos econmicos, tudo para manter a mesma linhagem.
Pondo de lado a polmica, a principal hiptese generalizada que at aqui emergiu desse ensaio que, em qualquer sistema de parentesco e casamento, h uma oposio ideolgica fundamental entre as relaes que dotam um indivduo da pertinncia a algum tipo de ns o grupo (relaes de incorporao) e aquelas outras semelhantes (relaes de aliana), e que, nessa dicotomia, as relaes de incorporao so distinguidas simbolicamente como sendo de substncia comum, enquanto as relaes de aliana so consideradas como de influencia metafsica (LEACH, 2006, p. 42).
A antropologia demonstrou as convices do homem de ambiente e rea de
contato, tipo mito, expresso de uma compreenso cerca de uma determinada
realidade. Deus a rigor um mito, um cone, acerca do surgimento do mundo e de
tudo. Para a antropologia, os mitos contriburam nesta cincia, e produzem outro tipo
de conhecimento. O antroplogo participa na questo das heranas do colonialismo e
da luta para as minorias tnicas e os direitos humanos. A antropologia visa levar a uma
reflexo racional cerca dos problemas da crise mundial, no que diz a crise de
identidade, ou o pluralismo cultural: lnguas, tcnicas e mentalidades. O objeto de
especulao da antropologia o modo de vida das pessoas, seus mitos e crenas.
Todos os povos construram suas mitologias com suas vivncias, dilogos. A
comparao foi sempre utilizada pelos povos tribais, tem base na vivncia no cotidiano
que leva a busca explicaes e certezas.
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A antropologia vai estudar os fenmenos humanos, e no ocupa o lugar da
Sociologia e nem da Psicologia. As tribos apresentam todo um ritual, h uma
compreenso do que mostrado. A antropologia a cincia que fica mais prxima da
Filosofia. Ela responsvel por estudar os caos na organizao social, poltica,
barbries (como exemplo homens e mulheres bombas), a produo, locomoo, ar
condicionado, a antropologia cuida de estudar suas conseqncias. J foi objeto de
estudos por parte dos antroplogos a briga de galo, a criao de passarinho, a
violncia, o roubo e o crime. A antropologia est presente no laboratrio, museu,
biblioteca e sala de aula. Ela uma cincia que desdobra uma atividade cultural
suspeita atravs do discurso do outro.
Antroplogos importantes: Lvi-Strauss, Frans Boas e Malinowski, este polons
naturalizado ingls, estudou na Ilha de Samoa, eles fundaram a etnografia antes da
Primeira Guerra Mundial. Malinowski escreveu Os Argonautas do Pacfico Sul. A
antropologia s comeou a ser ensinada nas Universidades no sculo XX, na Inglaterra,
a partir de 1908 e na Frana a partir de 1943.
De fato, a filosofia clssica (antolgica com So Toms, reflexiva com Descartes, criticista com Kant, histrica com Hegel) mesmo sendo filosofia social, bem como as grandes religies, nunca se deram como objetivo o de pensar a diferena (e muito menos, de pens-la cientificamente), e sim o de reduzi-la, frequentemente de uma forma igualitria e com as melhores intenes do mundo (LAPLANTINE, 2006, p. 24).
A antropologia um discurso sobre o homem, mas que pronunciado pelo
homem. A partir disso surge um jogo de semelhanas e diferenas, uma dialtica de
experincias e sistemas. preciso uma sada de nossos sistemas a fim de que
possamos compreender o outro. Sempre a antropologia ir confrontar o problema
hermenutico que refere questo da interpretao. A antropologia contempornea
exige um rigor hermenutico. O antroplogo no deixa de interrogar-se sobre si
mesmo, apesar de tentar compreender a estrutura prpria da outra sociedade. Um
etnlogo torna-se antroplogo, mesmo sem assimilar as diversidades regionais umas
s outras, ele aproxima os fenmenos.
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No encontro da conscincia e do mito, ela nos revela todas as dimenses
ocultas atribuindo-nos um novo olhar. O antroplogo trabalha sobre sua prpria
sociedade. Na antropologia filosfica o homem um animal racional e livre, o que
podemos afirmar que se define entre Metafsica e tica: A antropologia filosfica
deve situar-se na interseo desses dois saberes, na medida em que ela ir coroar sua
explicao do homem com as duas prerrogativas da razo teortica e da razo
prtica (VAZ, 2001, p. 157).
De acordo com Franois Laplantine, antroplogo francs da Universidade de
Lyon II, um pesquisador no Brasil. Laplantine estuda a antropologia atravs da
histria com as perspectivas atuais.
O conceito de homem tal como utilizado no sculo das luzes permanece ainda muito abstrato, isto , rigorosamente filosfico. Estamos na impossibilidade de imaginar o que consideramos hoje como as prprias condies epistemolgicas da pesquisa antropolgica. De fato, para esta, o objeto de observao no o homem, e sim indivduos que pertencem a uma poca e a uma cultura, e o sujeito que observa no de forma alguma o sujeito da antropologia filosfica, e sim um outro indivduo que pertence ele prprio a uma poca e uma cultura (LAPLANTINE, 2006, p. 61).
O projeto da antropologia surge na Europa. O principal objeto de estudo da
antropologia o estudo das populaes no ocidentais. No incio do sculo XX a
antropologia nota que a populao primitiva tem desaparecido por conta da evoluo
social. O homem tem um logos que um discurso sobre seu indivduo, ou seja, o
discurso do discurso: a cincia Antropolgica esse discurso. O homem faz parte de
um conjunto biolgico, e sua existncia est na cultura humana que abre
possibilidades para a constituio fsica do homem. As culturas mais simples tm
diversos padres.
Assim, o que a cincia antropolgica pretende contender ao mesmo tempo com ambos os fatores histrico e cientfico. Por meio do estudo da cultura em ambas as frentes, surgem tcnicas e conceitos que nos permitem, de maneira cada vez mais segura, da dinmica cultural e as particulares sequncias de encandeamento histrico que fazem de cada corpo de costumes o complexo nico de sistemas de crena e de
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conduta sujeitos a padro que lhes d a sua identidade como modo de vida identificvel (HERSKOVITS, 1947, p.476).
Podemos citar sobre a cultura indgena brasileira, ela composta por diversas
tribos e que estas recebem nomes especficos, mas que em seu universo h uma
cultura prpria. Quando nasce uma criana filho de um casal de ndios, mas que essa
criana tenha problema fsico ou mental sacrificado, pois eles alegam para que no
perpetue a espcie com alguma mazela. E o restante da populao brasileira deve
respeitar essa cultura, na dimenso social. A antropologia uma cincia que nos
trouxe contribuies, para que possamos admitir diversos modos de vida e
comportamentos de vrios povos, ela nos oferece uma apresentao de seus dados, a
dignidade essencial de todas as culturas humanas. Reconhecer as vrias manifestaes
como o nmero de culturas existentes ser tolerante e no niilista. A antropologia
cultural tem relao com arqueologia, lingstica, histria, psicologia e
sociologia, sua caracterstica principal o estudo das culturas de diversos grupos
humanos, em que h um grau de complexidade, localizao geogrfica e cronolgica
que variam.
Por sua vez, a Antropologia Cultural - entendida como saber cientfico que reivindica uma autonomia especfica em relao s pesquisas bioantropolgicas distingue-se pelo modo diferente de tratar a multiplicidade. Uma coisa reconhecer a multiplicidade cultural como pressuposto geral; outra coisa resolver como tal multiplicidade deve ser operacionalmente enfrentada e administrada (ABBAGNANO, 2007, p. 75).
No Brasil, houve uma miscigenao com vrias etnias que foi o processo
responsvel para a formao da identidade de nossa gente. De acordo com a histria,
sabemos que os negros foram massacrados pela sociedade e pelos portugueses que
administravam o pas na poca, e ainda ele tem sofrido pelos transtornos at hoje. Os
negros que vieram para o Brasil atravs do trfico foram de vrios grupos, etnias,
origens e lnguas diferentes. Eles ainda foram obrigados a se conformar a viver num
pas desconhecido e a viver com os brancos, sendo explorados e tratados como seres
inferiores.
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Filosofia e antropologia filosfica
A Filosofia nos permite a especulao, o exerccio do pensamento, nos
pressupe a transcendncia, a investigao lgico-argumentativa e a fazermos uma
anlise precisa quanto aos fenmenos. As cincias no construram seus mtodos, mas
utilizaram os mtodos construdos pela Filosofia. A Filosofia por sua vez criou a
epistemologia e os mtodos. O dilogo entre antropologia e filosofia ao longo da
histria, contribuiu de forma direta e indireta para seus estudos.
As cincias fsica e matemtica so tidas como cincias puras e no do conta
do ser em sua amplitude, nem mesmo a Histria e nem a Filosofia. Logo nem a
Filosofia e nem as cincias do conta do estudo do ser humano. A Filosofia implica na
aquisio de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais vlido e o mais
amplo possvel. Esse conhecimento em benefcio do homem.
So reconhecveis, por exemplo, na definio de Descartes, segundo a qual essa palavra significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria no se entende somente a prudncia nas coisas, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode conhecer, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservao de sua sade e a inveno de todas as artes (DESCARTES, 2003, p. 4).
O fundamento desta concepo que o homem um animal racional e,
portanto, como diz Aristteles no incio da Metafsica, todos os homens tendem, por
natureza, ao saber: tendem significa que no somente desejam o saber, mas
tambm podem obt-lo. O saber no privilgio ou patrimnio reservado a poucos;
qualquer um pode contribuir para sua aquisio e para seu enriquecimento, tendo, por
isso direito de julg-lo, aprov-lo ou rejeit-lo. A tarefa fundamental da Filosofia a
busca e a organizao do saber.
A primeira concepo da Filosofia a metafsica; dominou na Antiguidade e na
Idade Mdia, distinguindo ainda hoje muitas correntes filosficas. Sua caracterstica
principal a negao de qualquer possibilidade de investigao autnoma fora da
filosofia. Um conhecimento filosfico ou no conhecimento. Aristteles define a
filosofia como cincia da verdade, no sentido de que ela compreenda todas as
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cincias tericas, ou seja, a filosofia primeira, a matemtica e a fsica, e exclui somente
a atividade prtica: mas tambm esta deve recorrer filosofia para esclarecer sua
natureza e seus fundamentos. Todo o Iluminismo participou do conceito de filosofia
como conhecimento cientfico. Como disse verdade: Filsofo, amante da sabedoria,
da verdade.
Mais especificamente, a tarefa da antropologia filosfica deveria ser considerar o homem no simplesmente como natureza, como vida, como vontade, como esprito etc., mas como homem, isto , relacionar o complexo de condies ou de elementos que o constituem com seu modo de existncia especfico (ABBAGNANO, 2007, p. 75).
Podemos dizer que de todas as questes o problema que se encontra por trs de
todos os outros o da determinao do que seria o homem, qual o lugar ocupado
por ele na natureza, qual a sua relao com o cosmo, sua funo no mundo e seu
destino. Da as perguntas: de onde viemos? Para onde vamos? Que poder temos sobre
a natureza? Que poder a natureza tem sobre ns? Qual o sentido da nossa
existncia? Essas so perguntas que ao longo da vida nos fazemos, mas que no so
fceis de serem respondidas por que no so prprias ao mundo da tcnica, da
produtividade, da mdia e do consumismo que nos cerca. Essas questes se referem
filosofia, ao exerccio do pensamento, a um tipo de conhecimento importante, porm
muito pouco relevante para a maioria das pessoas.
Certo, a antropologia pode ser dita filosfica se seu mtodo filosfico, quer
dizer se ela se aplica em considerar a essncia mesmo do homem. Neste caso, a
antropologia se esfora por distinguir o ente que chamamos homem da planta, do
animal e dos outros tipos de entes, e busca por esta delimitao por em luz a
constituio essencial especfica desta regio determinada do ente. A antropologia
filosfica afirma-se, desde ento, como uma ontologia regional tendo o homem por
objeto, coordenada s outras ontologias que com ela partilham o domnio total do
ente. Uma antropologia filosfica assim compreendida no pode ser considerada sem
outra explicao como centro da filosofia e ela o pode menos ainda fundando esta
pretenso sobre a estrutura interna de sua problemtica.
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Levando em conta nossa forma de estar e atuar sobre o mundo, nossas
necessidades e criaes, em Antropologia Filosfica nos interessa a busca da
compreenso dos seguintes elementos: o universo simblico humano, o mito, a
espiritualidade e a religiosidade como formas especficas do homem se localizar no
mundo; as produes tcnicas, estticas e artsticas como maneira de expresso e
realizao interna e externa da vida humana; a vida cultural e todo o universo das
ideologias que constri as culturas de massa e nos envolve num mundo de
consumismo exacerbado e de indiferena ao que verdadeiramente importa em termos
culturais; interessam-nos tambm as produes cientficas e as questes ticas, morais
e valorativas que envolvem essas produes, sobretudo, na rea das cincias
biolgicas; a poltica e os problemas sociais que enfrentamos atualmente como a
violncia, as guerras e as drogas; a liberdade humana, as leis e as normas com todas as
determinaes e necessidades que as cercam; os aspectos positivos e negativos da
revoluo tecnolgica contempornea, no que diz respeito ao meio ambiente e
sade desse meio, em que se inclui o prprio homem; enfim, interessa-nos o mundo
do trabalho, a exigncia de qualificao e os retornos econmicos e pessoais que
temos em nossas profisses.
Concluso
Antropologia no estuda s a sociedade, mas estuda as sociedades humanas
como um todo em suas diversidades histricas e geogrficas. Podemos perceber que a
cincia antropolgica no emprica. Nossa cultura passa por uma gradao, ns
temos que conhecer outras culturas. Percebemos que as cincias utilizaram princpios
e procedimentos criados pela Filosofia, tudo pronto. O objeto de estudos das cincias
antropolgicas o modo de vida das pessoas. Um dos fatores importantes para um
antroplogo fazer perguntas sempre, tipo como acontece com a Filosofia. um
exerccio da antropologia de reencontrar uma memria e no negar a histria do
indivduo.
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Reafirmando Scrates, conhecer-se a si mesmo o primeiro tema que envolve
o homem na histria da filosofia e tambm o tema de toda a antropologia filosfica. A
reflexo sobre si - exige uma anlise sempre renovada dos aspectos da nossa vida
cotidiana e dos conhecimentos em termos cientficos. Por isso no basta
identificarmos os problemas no nvel do senso comum, preciso aprofund-los no
nvel cientfico da pesquisa e do pensamento, bem como na forma especificamente
curiosa e questionadora que a filosofia nos possibilita. preciso, portanto, ultrapassar
o simples nvel da experincia pessoal e procurar o sentido das coisas em conceitos
mais elaborados a fim de alcanar uma viso de conjunto da vida humana e dar-lhe a
unidade e a profundidade necessria em meio infinita multiplicidade das coisas.
preciso que nos esforcemos para que consigamos agrupar os acontecimentos de
maneira a ter uma viso crtica sobre a realidade, para alm do tecnicismo que engessa
as nossas mentes. preciso que tenhamos a coragem de criar ns mesmos os nossos
prprios conceitos, na condio de seres autnomos e reflexivos.
Com a experincia que existe na antropologia filosfica, se relaciona do homem
como homem, diferente de animal e planta. Ela percorre o nvel transcendental, com a
resposta sobre o que o homem, utilizando do sujeito como mediao entre Natureza
e Forma ou como Eu propriamente dito. O campo para a antropologia filosfica
imenso, e sua especificidade sobre o que realmente o homem vem acumulando nos
seus anos de histria. E nos apresenta que o ser humano complexo.
Referncias
ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de filosofia. 5 ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007. DESCARTES, Ren. Carta-prefcio dos Princpios da filosofia. So Paulo: Martins Fontes, 2003. HERSKOVITS, Melville J. Antropologia Cultural; Man and his works. 8 ed. So Paulo: Mestre Jou, 1947. Tomos: II. LAPLATINE, Franois. Aprender antropologia. 19 ed. So Paulo: Brasiliense, 2006.
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LEACH, Edmund Ronald. Repensando a antropologia. 2 ed. So Paulo: Perspectiva, 2006. VAZ, Henrique de Lima. Antropologia filosfica. 6 ed. So Paulo: Loyola, 1991, v. I.
Revista Pandora
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