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Divas Capítulo 26 Pág.: 0 1

Divas

Novela de Rômulo Guilherme

Criada e escrita por

Rômulo Guilherme

Personagens deste capítulo

BERNARDO

EVELIN

BRITNEY

ROSINHA

CARLA

DJALMA

CHARLES

WILLIAM

YVETE

SIMONE

COLODATO


CENA 01. NOVA YORK/HOTEL/SUÍTE/INT/TARDE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Britney e Bernardo.

Britney – Então, Bernardo. Responde! Quem você ama?

Bernardo – (sem jeito) Ora, Britney. Que pergunta. Com quem que eu estou

junto todo esse tempo?

Britney – Você nunca me disse que me ama.

Bernardo – Preciso dizer? Não basta a companhia, compartilhar momentos

juntos, troca de afeto, de carinho...

Britney – Eu queria ter a certeza que é a mim que você ama realmente. Saber

que sou a única moradora do seu coração, assim como você é do meu!

Corta para:

CENA 02. RIO DE JANEIRO/EXT/TARDE

Takes da cidade. Corta para:

CENA 03. RESTAURANTE/INT/TARDE

Colodato e Djalma almoçam. Conversa a meio.

Djalma – Estou tão feliz por tudo o que está acontecendo na minha carreira, que

finalmente decolou.

Colodato – Você fez por merecer, Djalma. Batalhou, correu atrás, se esforçou o

máximo. (pra si) E tem um trunfo que justifica tudo o que eu fiz!

Djalma – Devo tudo isso ao senhor, que acreditou em mim, no meu potencial e

está me ajudando a ser uma grande estrela da música sertaneja, como Daniel, Eduardo

Costa, Leonardo...

Colodato – Foi um investimento, Djalma. E como todo investimento me

arrisquei. Mas sabia que você não iria me decepcionar. Vi que você tem talento, um dom


pra cantar... Aquela vontade de crescer, de se dar bem, alcançar não apenas os quinze

minutos de fama. Mas uma vida toda!

Djalma – Não vou te decepcionar, seu Colodato.

Colodato – Eu realmente espero que não.

Djalma – Vou sempre dar o máximo de mim pra subir, cada vez mais alto, nessa

minha escalada. Ter tudo o que sempre sonhei.

Colodato – É muito bom ouvir isso, Djalma. Dá pra sentir sua vontade, sua

confiança, em querer ser uma grande estrela nacional e quem sabe até internacional.

Djalma – Demorei tanto pra colocar meu primeiro pé nessa escalada, e não vou

deixar que nada, nem ninguém, me tire de alcançar seu topo.

Colodato – Vamos fazer um brinde então.

Colodato pega sua taça de vinho e levanta o brinde. Djalma faz o mesmo.

Colodato – Ao seu sucesso!

Djalma – Ao meu sucesso, que está apenas se iniciando!

Os dois brindam e bebem um pouco.

Colodato – Você se lembra Djalma, daquele nosso encontro, nesse mesmo

restaurante?

Djalma – Sim. Como posso esquecer daquele encontro em que o senhor falou

que iria me ajudar!

Insert da cena 16, do capítulo 20.

Colodato – Pois então. Você se lembra de quando você me disse que não sabia

me agradecer por eu estar te ajudando a realizar seu sonho?

Djalma – Uma dívida eterna. O que o senhor pedir eu faço, já que virar um

cantor, um astro, sempre foi meu grande sonho, a maior realização da minha vida.

Colodato – Chegou o momento de você me agradecer por tudo o que estou

fazendo por você.


Djalma – É só o senhor falar que eu faço. Como uma ordem eu cumpro tudo!

Colodato – Ótimo! (t) Você ama a Simone de verdade, Djalma?

Djalma – (sem entender) Se eu amo a Simone? É claro que amo a Simone. Nós

conhecemos há tanto tempo... eu nem sei o que será da minha vida sem ela. Mas não

estou entendendo a pergunta.

Colodato – É simples, meu caro amigo. Você vai ter que abrir mão da mulher

que você ama, pelo sonho de se tornar um cantor de sucesso.

Djalma reage.

Djalma – (surpreso) Como é que é?

Colodato – Eu quero que você se separe da Simone. Deixe o caminho dela livre

pra mim!

Djalma levanta, furioso.

Djalma – (bravo) O senhor só pode ter ficado louco me fazendo um pedido

desse! Nunca imaginei que o senhor agiria tão baixo, de forma tão vil, assim.

Colodato levanta também.

Colodato – Se acalme, Djalma. Olha o escandá-lo. Senta e vamos conversar

como dois homens.

Djalma – Olha o que você merece, seu canalha!

Djalma dá um soco em Colodato, que é pego de surpresa. Momento. Djalma vai

embora. O maître se aproxima de Colodato, lhe ajudando a levantar.

Maître – Está tudo bem?

Colodato – (firme) Está sim. Pode me soltar.

Maître – O senhor quer que chama a polícia?

Colodato – Não precisa. Só fecha a conta pra mim. Deixa que com ele eu me

acerto depois!

Corta para:


CENA 04. PRAIA/EXT/TARDE

Djalma está sentado, pensativo. Simone aparece.

Simone – (preocupada) Vim o mais rápido que eu pude. O que aconteceu?

Djalma – Eu agredi o Colodato!

Simone – (sem acreditar) Você fez o quê?

Djalma – Eu dei um soco nele, Simone.

Simone – (tom) Você ficou louco, Djalma. Pirou, foi?

Djalma – Queria que você soubesse disso por mim. Não sei se ele poderá tomar

alguma atitude contra você, por isso resolvi te contar de uma vez.

Simone fica descontrolada.

Simone – (brava) Você é burro, idiota? É claro que ele vai fazer alguma coisa

contra mim: me mandar embora!

Djalma – Eu não queria te prejudicar, Simone.

Simone – Pode ir despedindo de sua carreira de cantor, que mal começou e já vai

terminar... (t) Mas o que deu em você pra agredir o Colodato? O que aconteceu entre

vocês dois?

Djalma – Não quero falar sobre isso.

Simone – (sem entender) Como assim não quer falar sobre isso? Você bate no

meu patrão, aparentemente sem motivo nenhum, e não quer falar sobre isso?!

Djalma – Só posso dizer uma coisa, Simone. O que eu fiz foi pensando em você,

em nos dois.

Simone – Em mim você não pensou, Djalma. Pois se você tivesse pensado em

mim, você não tinha cometido um desatino desse, que vai custar meu emprego de anos,

do qual eu tanto gosto e que me sustenta.

Djalma – Vamos nos casar, eu vou te sustentar.


Simone – (rindo) Você me sustentar, Djalma? Caí na real! Você mal consegue se

sustentar. Não para em nenhum emprego. Só pensa em se tornar um cantor famoso, de

sucesso. E quando está no caminho de consagrar seu sonho, que vem te consumindo há

tanto tempo, faz uma merda dessas....

Simone caminha pra ir embora. Djalma segura seu braço.

Djalma – Me perdoa? Foi por amor que eu fiz isso!

Simone encara Djalma.

Simone – (se livrando) Me deixa, Djalma!

Simone vai embora, brava.

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CENA 05. ACADEMIA WILLIAM/INT/TARDE

Yvete está na esteira, William do seu lado, lhe auxiliando. Movimentação na academia.

Yvete – É tão bom ver essa felicidade em seus olhos, William, que brilham

olhando pra cada equipamento, pra cada lugarzinho dessa academia.

William – É a realização do meu sonho, Yvete. O maior objetivo da minha vida,

que você me ajudou a concretizar.

Yvete – Por você eu faço tudo, meu amor!

Yvete beija William.

Yvete – (continua) Inclusive me acabar nesta esteira aqui, pra continuar

mantendo meu corpinho em forma. Não dando chance pra nenhuma dessas garotonas

saradas que frequentam aqui e que ficam de olho em você, tentarem alguma gracinha.

William – (achando graça) De olho em mim?

Yvete – Sim, senhor. Eu já cansei de ver. Mas como confio no meu taco e em

você também, eu fico tranquila. Pois elas podem até olhar, mas quem usufrui sempre,

tem esse deus grego do lado, sou eu!


William – O engraçado é que nunca reparei que sou alvo de tantos olhares

assim... mas se você está dizendo eu acredito.

Yvete – Quando vou conhecer sua família, William?

William – Conhecer minha família?

Yvete – Sim. Somos namorados. E namorados frequentam a casa um do outro. É

a coisa mais natural do mundo.

William – Eu sei, Yvete. Mas é que.../

Yvete interrompe a corrida na esteira e desce, ficando frente a frente com William.

Yvete – (corta) Não vai me dizer que você tem vergonha de mim, de me

apresentar pra sua família, pela diferença de idade que existe entre nos dois?

William – Não é isso. Não tenho vergonha nenhuma de você. Não fala uma

bobagem dessas.

Yvete – Mas então qual é o problema?

William – (sem jeito) É que não sei se minha avó vai entender e aceitar muito

bem isso, Yvete.

Yvete – É claro que ela vai entender e aceitar quando ver que você gosta de mim

de verdade, William. Que existe sentimento entre nós dois. Idade é algo muito relativo,

muito pequeno, quando existe amor, paixão.

William – (desconversando) Vamos falar sobre isso depois. Você não pode

interromper sua rotina de exercícios. E você tem que obedecer seu personal!

Yvete – (brinca) Uhh... gostei viu, meu personal mais lindo do mundo!

Eles se beijam.

Yvete – Mas não pensa que vou esquecer desse assunto, pois não vou não...

Yvete espirra.

William – Saúde!

Yvete sente um arrepio, calafrio.


Yvete – E... to sentindo que é a gripe chegando. Tava sentindo meu corpo meio

estranho já.

William – Vamos parar por hoje então. Vou comprar uma vitaminas pra você. Vai

ver que sua imunidade está baixa.

Yvete – Se eu gripar você vai cuidar de mim? Podemos brincar de médico. Eu

sou a paciente e você é meu médico, que vai me curar, além de fazer outras coisas

interessantes também...

William começa a rir e os dois caminham descontraídos em direção a lanchonete.

Corta para:

CENA 06. SHOPPING/LOJAS/INT/TARDE

Evelin e Rosinha estão fazendo compras. Evelin olham algumas roupas, procurando,

experimentando por cima do corpo. Mexe com Rosinha, pega algumas roupas pra ela

experimentar também, ver se gosta. Compram sapatos também...emfim, se divertem.

Saem de uma loja, entra em outra, de onde saem carregadas com mais sacolas.

Corta para:

CENA 07. SHOPPING/PRAÇA ALIMENTAÇÃO/INT/TARDE

Evelin e Rosinha lancham.

Rosinha – Achei que você ia comprar o shopping todo!

Evelin – Vontade é que não falta. Tem tanta roupa bonita. E comprar é muito

bom.

Rosinha – Não precisa ter comprado aquele vestido pra mim.

Evelin – Foi um presente.

Rosinha – Mas nem precisa. Eu quase não saio mesmo. Não tenho ocasião pra

usar uma roupa tão chique como a que você me deu.


Evelin – Você é tão bonita, Rosinha. Precisa apenas se valorizar mais, explorar a

beleza que Deus te deu.

Rosinha – Não ligo pra essas coisas, Evelin. Além disso não sou bonita como

você.

Evelin – Posso te perguntar uma coisa, Rosinha?

Rosinha – Claro, Evelin. Somos amigas.

Evelin – Não quero que você fique brava comigo, tá!

Rosinha – Fala logo. O que é?

Evelin – (sem jeito) Você já... (baixo) transou?

Rosinha fica surpresa com a pergunta e muito envergonhada.

Rosinha – (tímida) Que pergunta, Evelin! Intimidade a gente não fala assim não,

num shopping.

Evelin – Mas somos amigas, Rosinha. E ninguém tá escutando nossa conversa.

Rosinha – Assim mesmo!

Evelin – Nos conhecemos desde pequena, na época que sua mãe trabalhava na

casa da minha avó. E por isso que sinto essa liberdade de te perguntar isso. É só uma

curiosidade minha.

Rosinha – Sou muito recatada, Evelin. Nem sei como lidar, como falar sobre

esse assunto... por isso não ligo, não penso e muito menos procuro.

Evelin – Mas morrer virgem é que você não pode, Rosinha!

Rosinha – (tom) Evelin!

Evelin – Desculpa! Não falei por mal. Apenas quis dizer que mais cedo ou mais

tarde algum homem vai te interessar. E você não precisa ter medo de se entregar, de se

envolver. É claro que com responsabilidade. Mas é algo natural, que todo mundo na

vida vai sentir, vai viver, em algum momento.

Rosinha – Só que esse meu momento ainda não chegou. E vamos mudar de


assunto. Não quero mais falar sobre isso.

Evelin – Tudo bem. Mas só te falo uma última coisa: você não sabe o que está

perdendo!

Rosinha levanta.

Rosinha – Vamos embora? Ainda tenho que preparar o jantar!

Evelin começa a rir.

Corta para:

CENA 08. CARRO DE EVELIN MOVIM/ORLA/INT/EXT/TARDE

Evelin e Rosinha. Evelin aumenta o volume do som.

Rosinha – (reclamando) Que altura, Evelin.

Evelin – Adoro essa música!

Evelin curte a música animada que toca. O sinal fecha. Ela para o carro. Quando olha

pro lado, vê um homem de costas, fisicamente parecido com Bernardo, falando no

celular. O coração de Evelin acelera. Por impulso ela saí do carro, desesperada e corre

em direção ao homem. Rosinha fica sem entender.

Rosinha – Aonde você vai, Evelin?

Corta rápido para:

CENA 09. CALÇADÃO/EXT/TARDE

Evelin se aproxima do homem.

Evelin – Bernardo?

O homem vira e Evelin se dá conta de que não é Bernardo.

Homem – Falou comigo?

Evelin – (sem graça) Desculpa. Achei que fosse uma outra pessoa.


A namorada do homem se aproxima e fica sem entender a situação.

Namorada – (tom, p/Evelin) Algum problema? Perdeu alguma coisa?

Homem – Tá tudo bem. Ela só me confundiu com outro homem, amor.

A namorada do homem trava nele, mostrando que ele tem dona.

Namorada – Conheço essa desculpazinha de mulher que tá dando em cima do

homem da outra. (brava) É melhor você dar o fora daqui, antes que eu vire essa sua

carinha pelo avesso!

Os carros começam a buzinar, já que Evelin deixou seu carro atravancando o trânsito e

o sinal abriu. Rosinha lhe chama.

Rosinha – (grita) Evelin, vamos embora!

Evelin – Desculpa de novo!

Evelin caminha de volta pro carro. Os dois ficam comentando, sem áudio, essa atitude

de Evelin. A namorada, ainda nervosa, e o homem tentando lhe acalmar.

Corta rápido para:

CENA 10. CARRO EVELIN/INT/EXT/TARDE

Evelin entra no carro e dá partida. Rosinha curiosa, querendo entender o que aconteceu.

Corta para Evelin estacionando em um lugar tranquilo.

Rosinha – O que foi isso, Evelin?

Evelin – Eu achei que fosse o Bernardo. De costa era a mesma coisa...

Rosinha – E isso é porque fala que não sente mais nada por ele.

Evelin – Nunca disse isso, Rosinha!

Rosinha – Não?! Então por que você fez o que fez, Evelin? Praticamente jogou o

Bernardo nos braços da Britney, lhe dando ele de presente, de mão beijada.

Evelin – Foi pensando no bem dele.

Rosinha – E no seu bem? Você pensou nisso?


Pausa. Evelin reflete.

Rosinha – Essa atitude que você teve agora demonstra claramente, que você é

ainda completamente apaixonada por ele.

Evelin – Mas o que eu faço com esse amor, Rosinha? Ele agora está com outra,

em outro país...

Rosinha – O homem da sua vida está voltando pro Brasil, Evelin. E você poderá

ter uma nova chance de dizer pra ele tudo o que sente. Falar tudo o que devia ter tido

naquele encontro que você não foi e que até hoje eu não me perdoou por ter ido em seu

lugar, dizendo que você não apareceria e vendo aquele homem apaixonado, se acabar de

chorar, como uma criança que perdeu seu doce.

Insert da cena 11, do capítulo 23.

Evelin – Você só fez o que eu te pedi, Rosinha. Não se culpe, pois a fraca, a

covarde fui eu!

Rosinha – Eu devido ter feito o contrário, ter insistido com você, ter te

convencido a ir ao encontro do homem de sua vida, que você nunca vai conseguir

apagar do seu coração.

Evelin – Estou tão confusa, Rosinha.

Rosinha – Agora será você quem vai me escutar. (séria) Eu posso até não

entender muito de amor, de homens... Nunca me apaixonei de verdade. Mas acredito em

alma gêmea. Acredito no amor verdadeiro. E sei que você e o Bernardo estão

predestinados a ficarem juntos. Por isso não perca mais tempo, não pense muito, apenas

viva. Vá atrás do homem que você ama e se entregue a esse amor, sem medo, sem

receio de nada. Ele te ama e vai largar tudo pra ficar com você!

Evelin começa a chorar.

Evelin – Você se importa de ir pra casa de táxi, Rosinha. Estou querendo ficar

sozinha, pensar um pouco.


Rosinha – É claro que não, Evelin.

Evelin pega sua carteira, dá uma nota de cem pra Rosinha.

Rosinha – Você vai ficar bem?

Evelin – Preciso colocar minha cabeça no lugar. Escutar meu coração. Depois do

que aconteceu hoje e do que eu vinha sentindo, preciso repensar algumas coisas...

Rosinha – Não se esqueça de tudo o que te disse, minha amiga. Só quero sua

felicidade, viu! E sei que você vai encontrá-la ao lado do Bernardo!

Rosinha saí do carro. Evelin apoia sua cabeça no volante.

Corta para:

CENA 11. PRAIA/EXT/ENTARDECENDO

Evelin está deitada na areia. Imagens do alto, se aproximando lentamente do seu rosto.

Ela fecha os olhos. Corta para sonho de Evelin. Evelin correndo em direção a Bernardo,

que faz o mesmo. Até que eles se encontram. Bernardo segura Evelin e a roda no ar. Os

dois se beijam e caem na areia, rindo. Evelin fica por cima de Bernardo.

Evelin – Eu te amo!

Bernardo – Eu te amo!

Os dois se beijam novamente. Instantes.

Fim do sonho de Evelin.

Evelin acorda e se dá conta que foi um sonho. Limpa as lágrimas do seu rosto e levanta,

segura, decidida.

Evelin – (firme) Não vou desistir de você, Bernardo. Você é o homem da minha

vida e vou ter você de volta pra mim!

Corta para:


CENA 12. RIO DE JANEIRO/EXT/ANOITECENDO

Corta para:

CENA 13. ÔNIBUS EM MOVIMENTO/INT/NOITE

Ônibus lotado. Carla tenta arrumar um lugarzinho, em meio a tantas pessoas

imprensadas como sardinhas em lata.

Carla – (reclamando) Que inferno, viu! Todo dia esse ônibus lotado!

Uma mulher gorda se aproxima.

Gorda – (folgando) Arreda mais pra lá. Preciso de espaço!

Carla – Todos precisamos de espaço, querida! Você não é a única não. Mas você

tem razão, precisa de mais espaço mesmo: um ônibus vazio, todinho pra você. E acho

que ainda vai se sentir apertada.

Gorda – (revoltada) Tá me chamando de gorda?

Carla – Magra é que não é, né!

Um homem levanta. Carla se apressa em sentar no seu lugar. O celular de Carla começa

a tocar. Carla atende.

Carla – (cel.) Evelin? Tudo bem?

Corta para:

CENA 14. QUARTO EVELIN/INT/NOITE

Evelin seca seu cabelo, ainda de roupão, vinda de sua suíte, falando no celular.

Evelin – (cel.) Preciso saber quando o Bernardo vai chegar.

Alternar com cena anterior. Cindy no celular.

Carla – (cel.) Pelo que a Cindy me disse, eles vão chegar amanha de manhã. A

hora exata eu não sei. Já que voo sempre pode atrasar. Mas se você quiser eu posso

descobrir pra você.


Evelin – (cel.) Seria um grande favor que você estaria me fazendo.

Carla – (cel.) Mas posso saber o motivo de você querer saber sobre a volta do

Bernardo? Não vai me dizer que.../

Evelin – (cel.) Ele é o homem que eu amo, Carla. E vou lutar por ele!

Corta para:

CENA 15. MANSÃO COLODATO/SALA/INT/NOITE

Simone está sentada no sofá, segurando um envelope.

Simone – (indignada) Você não podia ter feito isso comigo, Djalma. Não podia!

Colodato aparece, segurando uma bolsinha de gele no lugar onde levou o soco.

Colodato – Não esperava por sua visita, Simone.

Simone – O senhor não pode imaginar minha vergonha, meu constrangimento,

como estou me sentindo diante de tudo o que aconteceu.

Colodato – Então o Djalma já te contou tudo.

Simone – Fiquei revoltada com ele, que agiu como um ogro, como um homem

das cavernas...

Colodato – Confesso que não esperava por uma atitude como essa vinda dele.

Simone – Muito menos eu, que o conheço há tanto tempo. (t) Eu só queria saber

o que aconteceu, já que ele não me disse.

Colodato – Tudo bem, Simone. Deixa isso pra lá. Sou um homem evoluído. Sei

perdoar e é isso que eu fiz. Perdoei!

Simone – Não tenho mais coragem de olhar nos seus olhos, Colodato. Por isso

está aqui... (entregando o envelope)

Colodato pega.

Colodato – O que é isso?


Simone – Minha carta de demissão. Estou me demitindo da Canto e Encanto.

Deixando de ser sua secretária!

Colodato – Que loucura é essa, Simone? Deixando de ser minha secretária? Você

é a melhor secretária do mundo. A melhor secretária que um empresário, como eu,

precisa ter ao seu lado.

Simone – Toda vez que eu olhar pro senhor vou lembrar da violência que o

Djalma fez.

Colodato – Vamos fazer o seguinte: esquece tudo isso! Vamos ignorar, fingir que

nunca aconteceu esse incidente! Assim como vou fazer com esse seu pedido de

demissão.

Colodato rasga o envelope.

Colodato – Não aceito sua demissão. Não vou correr o risco de perder você pra

um concorrente meu, que vai ter a melhor secretária do mundo lhe auxiliando, lhe sendo

tão competente. Inclusive vou te dar um aumento. Pronto. É isso que vou fazer pra que

você esqueça de vez esse pedido de demissão!

Simone – Não precisa, Colodato. Só do senhor me querer trabalhando ao seu

lado, nesse emprego que eu tanto gosto, já é o meu aumento! (t) E quanto ao Djalma?

Colodato – O que tem?

Simone – O que vai acontecer com ele?

Colodato – Fique tranquila. Eu vou saber bem como resolver essa situação que

se criou entre mim e o Djalma. (t) Agora, aproveitando que você está aqui, janta

comigo.

Simone – Tenho que ir embora.

Colodato – Você não vai me fazer uma desfeita dessas, né?

Simone não tem como recusar o convite.

Simone – Tudo bem. Eu aceito!


Colodato – Gosta de lagosta? Mandei a cozinheira preparar esse prato delicioso,

que me deu uma vontade enorme de comer. Parece até que adivinhei que teria uma

convidada especial...

Corta para:

CENA 16. BAIRRO ENCANTADO/EXT/NOITE

Movimentação no bairro.

Corta para:

CENA 17. BAR/INT/NOITE

Djalma e William tomam cerveja. Djalma dá uma boa golada.

William – Vai com calma, meu irmão.

Djalma – Me deixa, William. Estou precisando esfriar a cabeça.

William – Eu vi que você estava precisando distrair, desabafar. Por isso te

chamei pra tomar uma.

Djalma – Estava pra explodir.

William – Mas você não me disse nada. O que aconteceu pra te deixar desse

jeito?

Djalma – Me responde uma coisa, William.

William – Fala.

Djalma – Você abriria mão do seu amor pra realização de um grande sonho?

William coça a cabeça, sem saber o que responder.

William – (sem jeito) Nossa, Djalma. Que pergunta é essa. De onde você tirou

essa?

Djalma – É o dilema que estou vivendo agora.

William – Como assim?


Djalma – O empresário que está cuidando da minha carreira, me dando todo o

suporte que eu preciso pra me consolidar como um cantor de sucesso, me pediu, em

troca de tudo isso, que eu me separe da Simone.

William – Que canalha! Então ele gosta da Simone?

Djalma – Quer que eu deixe o caminho livre pra ele conquistar a Simone.

William – Quebra a cara desse monte de bosta. Se você quiser eu mesmo te

ajudo. Não sou de briga. Mas um homem, pra propor uma coisa dessas, precisa apanhar

muito.

Djalma – Eu dei um soco nele. E agora estou com medo de ter prejudicado a

Simone, que pode até perder o emprego por minha causa.

William – Mas se você contar pra ela, tenho certeza que ela vai ficar do seu lado.

Djalma – Eu sei, William. Mas do outro lado, tem minha carreira. Você sabe o

quanto eu lutei, batalhei, pra finalmente ver minha estrela brilhar. Realizar meu grande

sonho. O sonho da minha vida que é me consagrar como um grande cantor.

William – Sei bem como é importante a realização de um sonho...(t) Que mato

sem cachorro você entrou, meu brother!

Djalma – Nem me fala. Estou completamente perdido!

William – É bom você pensar muito bem na decisão que você vai tomar. Pois ao

mesmo tempo que você pode perder a Simone e a sua carreira de cantor, pode perder os

dois também!

William levanta.

William – Vou indo nessa, irmão.

Djalma – Vai encontrar sua coroa?

William – Ganhei dois ingressos pra assistir uma peça de teatro e vou convidá-

la. Tenho que agradá-la, depois dela ter me dado a academia... Você vai ficar bem?

Djalma – Vou sim. Só vou terminar de tomar essa e vou pra casa, dormir.


William – Qualquer coisa você me liga.

Djalma – Boa peça.

William vai embora. Djalma dá mais uma golada na cerveja. Passa uns segundos,

Charles entra no bar, já bêbado e se aproxima do balcão.

Charles – Me dá uma dose de pinga.

O dono do bar não serve Charles.

Dono – Vai pra casa, seu Charles. Dá pra sentir pelo seu hábito e pelo seu estado

que o senhor já bebeu o que devia e o que não devia.

Charles – Eu exijo que você me sirva. Eu vou pagar. Tenho direito de beber o

quanto eu quiser...

Djalma se aproxima de Charles.

Djalma – Vamos pra casa, seu Charles. A Simone não vai gostar de te ver nesse

estado.

Charles – (se livrando) Me deixa, Djalma. (emocionado) Hoje eu tenho direito

de beber. Hoje é o dia mais triste da minha vida... o dia que minha mulher, minha

querida Do Carmo, meu grande amor, partiu dessa vida. Me abandonou, me deixou

sozinho com a Simone. (t) Eu sei que prometi pra Simone que não ia beber mais. Mas a

dor da perda do meu grande amor é mais forte do que tudo. É pra amenizar meu

sofrimento, esse sangramento no meu peito, que eu preciso beber, que eu preciso afogar

toda minha tristeza na bebedeira. Então vocês me deixam em paz, e por favor, rapaz, me

sirva o que eu estou te pedindo.

O dono do bar fica muito sem jeito e até comovido com o depoimento de Charles. Ele

pega a pinga que Charles pediu e lhe serve. Charles dá uma boa golada e pede mais.

Djalma senta do lado de Charles.

Charles – Sabe Djalma, conhecer, a gente conhece milhares mulheres. Namorar

a gente namora com muitas. Casar, nos casamos com algumas. Mas amar... ah, amar, a


gente ama apenas uma mulher nessa vida. Um amor que marca, que deixa um registro

permanente no coração, que nada, nem o tempo, nos outros relacionamentos consegue

apagar. E eu espero que você e a Simone vivam esse mesmo amor que eu e a mãe dela

vivemos. Um amor que apenas a morte foi capaz de separar. E eu tenho certeza que o

meu lugar do lado dela, esteja ela onde estiver, já está reservado.

Djalma – Não fala isso, seu Djalma. O senhor ainda tem muita lenha pra

queimar ainda.

Charles – A Simone não merece o pai que eu sou pra ela. Nunca fui um bom pai.

Ela merecia coisa muito melhor, do que essa porcaria que eu sou! E por isso que te

peço: não decepcione a Simone. Ela não merece sofrer mais do que eu já a faço sofrer

com esse meu vício desgraçado. Seja o melhor homem pra ela, já que eu, como pai,

falhei gravemente!

Djalma – Ela sabe que diante de todas as circunstâncias o senhor fez o melhor

que pode. E amor o senhor tem de sobra por ela!

Charles – Não machuque minha filha. Só isso que eu te peço!

Djalma fica mexido com o que Charles fala.

Corta para:

CENA 18. ILHA/EXT/NOITE

Corta para:

CENA 19. CASEBRE DE MIGUEL/INT/NOITE

Casebre iluminado pela luz de uma vela. Miguel dorme. Whitney, que também está

dormindo, tem um sono agitado. Se mexe muito na cama, suada, inquieta.

Insert de várias cenas em flashs rápidos e descontínuos de momentos da vida de

Whitney no grupo Divas, ao lado da filha, da sua família em geral.


Whitney acorda de repente, ofegante.

Whitney – Lembrei! Eu lembrei que eu sou!

Desse momento, corta para:

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FIM DO CAPÍTULO

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