86
ii UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho Orientador: Prof. Dr. Joaquim Mansano Garcia Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, para obtenção do Título de Doutor em Medicina Veterinária, área de concentração em Reprodução Animal. Jaboticabal - São Paulo – Brasil Fevereiro 2003

DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

  • Upload
    volien

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A

COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO

Caliê Castilho

Orientador: Prof. Dr. Joaquim Mansano Garcia

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, para obtenção do Título de Doutor em Medicina Veterinária, área de concentração em Reprodução Animal.

Jaboticabal - São Paulo – Brasil

Fevereiro 2003

Page 2: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

iii

DADOS CURRICULARES

CALIÊ CASTILHO - Nascida aos 19 dias de maio de 1972 em Rancharia - SP.

Graduou-se em Medicina Veterinária na Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE -

no período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 1994. Foi residente em Medicina

Veterinária, Área de Reprodução Animal, da Faculdade de Medicina veterinária e

Zootecnia - UNESP - Câmpus de Botucatu, no período de Fevereiro de 1995 a Janeiro

de 1996. Em Janeiro de 1996 ingressou no programa de pós-graduação em Ciências

Biológicas, Área de Concentração Farmacologia, no Instituto de Biociências – UNESP -

Câmpus de Botucatu, obtendo o título de Mestre em Fevereiro de 1999. Exerceu

atividade de docente no período de Fevereiro de 1999 a Julho de 2001 na Universidade

do Oeste Paulista – UNOESTE, disciplina de Fisiologia Humana e Animal para os

cursos de Medicina Veterinária, Medicina, Odontologia, Farmácia e Bioquímica,

Nutrição, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia. Ingressou no Programa de Doutorado

em Medicina Veterinária, Área de Concentração Reprodução Animal, pela faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP - Jaboticabal-SP, no ano de 1999.

Page 3: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

iv

Dedico este trabalho

Aos meus pais Esta é mais uma vitória nossa!

Ao meu amor Walner Tudo é possível e suportável,

desde que você esteja comigo.

Obrigada por vocês existirem.

Page 4: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

v

Agradeço ao meu orientador

Prof. Dr. Joaquim Mansano Garcia

Exemplo de capacidade e humanismo.

Impossível expressar toda minha admiração!

Há homens que lutam um dia e são bons,

Há outros que lutam um ano e são melhores,

Há os que lutam muitos anos e são muito bons,

Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.

Bertold Brecht

Page 5: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

vi

AGRADECIMENTOS

À minha querida tia Jeanne Mary Sant’Anna Spera pelo grande exemplo de vida

o que determinou minha escolha pela docência e pesquisa.

Ao Prof. Dr. Gilson Toniollo, pela acolhida e orientação formal por um período e

informal durante toda a execução deste trabalho, exemplo de pessoa e profissional.

À Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias

de Jaboticabal, e ao departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução

Animal – DRA pelas instalações, condições de trabalho e oportunidade oferecida.

À Agropecuária J. Garcia pelo incentivo a pesquisa em nome do amigo Gilmar

Garcia que gentilmente cedeu os animais para todos os experimentos e sua

propriedade para execução do experimento do capítulo I. Serei eternamente grata!

Ao Prof. Dr. Guilherme de Paula Nogueira pela colaboração na execução deste

trabalho, amizade, conhecimentos transmitidos, além da disponibilidade em participar

da banca.

Ao estagiário e amigo Gustavo Silva companheiro incansável em todos os

momentos difíceis, meu braço direito na obtenção dos dados aqui apresentados.

Aos demais professores do DRA, Prof. Dr. Cesar R. Esper, Prof. Dr. Wilter

Ricardo Russiano Vicente, Prof. Dr. Paulo Henrique Franceschini, Prof. Dr. Francisco

Guilherme Leite e Profa Dra Vera Fernanda Martins Hossepian de Lima, pela amizade,

interesse e conhecimentos transmitidos.

Aos funcionários do DRA, Isabel Aparecida P. Natarelli, Paulo Sérgio da Silva,

Ivo L. de Almeida Jr e Roberta Vantini, pela amizade e contribuição indispensável.

Page 6: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

vii

Às amigas pós-graduandas Andréa Cristina Basso, Karina Belloti Avelino, Raquel

Zanetti Puelker e Simone Souza pelo companheirismo, amizade, ajuda na execução do

trabalho e cumplicidade durante esses anos de convivência. Grandes amigas são para

sempre.

Aos pós-graduandos que participaram diretamente na execução dos

experimentos ou confecção da tese em especial Andréa Renesto, Edson Guimarães Lo

Turco, Felipe Perecin, Kleber Luciano Ancioto pela ajuda concedida nos momentos de

maior necessidade.

As amigas de pós-graduação Letícia de Sá Barretto e Viviane Sgobbi Dias pelo

agradável convívio em nosso aprendizado e amizade que ficará.

Aos demais pós-graduandos do DRA, Christina Ferreira, Eric Caiado Castro,

Tânia Cavalcanti, Simone Cristina Méo, Walt Yamazaki, Alexandre Wolf, André Buck,

Jacira, Gerson Azeredo, Lorivaldo Paz Landim Jr, e Sandra Helena Gabaldi, pelo

convívio e amizade.

Aos demais estagiários Bidú Benesi, Denise, Naiara, Ismael e Paulo, pela ajuda

indispensável.

Aos amigos de esbórnia Ricardo Serchelli “porcão”, Ângela (nova amiga e

conterrânea) e Luciana (velha raposa do oeste) por estarem sempre presentes nas

dificuldades e conquistas.

Aos meus sogros Natália e Argenor pela acolhida em sua casa e apoio

incondicional.

Page 7: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

viii

APOIO FINANCEIRO

Esse projeto teve bolsa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo – FAPESP, sob processo nº 00/14921-0.

Page 8: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

ix

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS......................................................................................................................XI

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................... XII

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................... 17

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 17 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 28

CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO ULTRA-SONOGRÁFICA E ENDÓCRINA DA DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE (BOS TAURUS INDICUS) ............................................................................................................. 38

INTRODUÇÃO E OBJETIVO .................................................................................................... 39 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................................... 41

Animais........................................................................................................................................ 41 Sincronização da primeira onda folicular................................................................................ 41 Exame Ultra-sonográfico........................................................................................................... 41 Definições utilizadas.................................................................................................................. 42 Colheita de Sangue..................................................................................................................... 42 Dosagem hormonal .................................................................................................................... 43 Análise Estatística...................................................................................................................... 43

RESULTADOS ............................................................................................................................. 44 DISCUSSÃO................................................................................................................................. 49 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 52

CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DA ONDA FOLICULAR SOBRE A COMPETÊNCIA IN VITRO DE OÓCITOS OBTIDOS DE NOVILHAS DA RAÇA NELORE............................. 55

INTRODUÇÃO E OBJETIVO .................................................................................................... 57 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................................... 59 EXPERIMENTO I............................................................................................................................... 59

Animais........................................................................................................................................ 59 Grupos Experimentais e Sincronização da Onda Folicular.................................................... 59 Aspiração folicular para obtenção dos oócitos........................................................................ 61 Lavagem, Seleção e Transporte................................................................................................ 61 Maturação in vitro dos oócitos.................................................................................................. 62 Fertilização in vitro dos oócitos................................................................................................ 62 Cultivo in vitro de desenvolvimento.......................................................................................... 63 Análise Estatística...................................................................................................................... 63

EXPERIMENTO II.............................................................................................................................. 64 Animais........................................................................................................................................ 64 Grupos Experimentais e Sincronização da Onda Folicular.................................................... 64 Obtenção e transporte dos ovários........................................................................................... 66 Obtenção dos oócitos................................................................................................................. 66

Page 9: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

x

Análise Estatística...................................................................................................................... 66 RESULTADOS ............................................................................................................................. 67 EXPERIMENTO I............................................................................................................................... 67 EXPERIMENTO II.............................................................................................................................. 70 DISCUSSÃO................................................................................................................................. 75

Experimento I ............................................................................................................................. 75 Experiento II ............................................................................................................................... 77

CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 81 Experimento I ............................................................................................................................. 81 Experimento II ............................................................................................................................ 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 82

Page 10: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

xi

LISTA DE TABELAS

Página

CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO ULTRA-SONOGRÁFICA E ENDÓCRINA DA DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE (Bos taurus indicus)......................................................................................

38

Tabela 1. Características da divergência folicular durante a primeira onda em novilhas Nelore, avaliadas por ultra-sonografia...............................................................

46

Tabela 2. Momento (horas), diâmetro máximo (mm), início da atresia (horas) e diâmetro no início da atresia (mm) do maior folículo subordinado observados pela ultra-sonografia em novilhas Nelore (n=7)......................................................................

48

CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DA ONDA FOLICULAR SOBRE A COMPETÊNCIA IN VITRO DE OÓCITOS OBTIDOS DE NOVILHAS DA RAÇA NELORE..........................................................................................................................

55

Experimento I Tabela 1. Efeito da fase da primeira onda folicular e aplicação de FSH na qualidade dos oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore......................................................

67

Tabela 2. Efeito do momento da aspiração e aplicação de FSH sobre a porcentagem de embriões clivados (48 h após fecundação) e blastocistos desenvolvidos no 8o dia após a maturação............................................................................................................

68

Experimento II Tabela 1. Efeito da fase de divergência folicular da primeira onda sobre a quantidade de folículos classes 1, 2 e 3.............................................................................................

70

Tabela 2. Efeito da fase de divergência no crescimento folicular sobre a qualidade dos oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore......................................................

72

Tabela 3. Efeito da fase de divergência no crescimento folicular sobre a porcentagem de embriões clivados (48 h após fecundação) e blastocistos desenvolvidos no 8o dia após a maturação............................................................................................................

73

Page 11: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

xii

LISTA DE FIGURAS

Página

CAPÍTULO 2 -CARACTERIZAÇÃO ULTRA-SONOGRÁFICA E ENDÓCRINA DA DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE (Bos taurus indicus)..............................................................................................................

38

Figura 1. Exemplos de diferentes padrões de crescimento folicular observados por ultra-sonografia durante a primeira onda folicular, em novilhas da raça Nelore......................................................................................................................................

45

Figura 2. Variações no diâmetro do folículo dominante (FD) e maior subordinado (FS) e na concentração de FSH, durante a primeira onda folicular em novilhas da raça Nelore (n=7)........................................................................................................................................

47

Figura 3. Variações na concentração sérica média de progesterona (ng/mL0 nas amostras colhidas a cada 12 horas durante a primeira onda folicular de novilhas da raça Nelore (n=7).........................................................................................................................................

48

CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DA ONDA FOLICULAR SOBRE A COMPETÊNCIA IN VITRO DE OÓCITOS OBTIDOS DE NOVILHAS DA RAÇA NELORE...................................................................................................................................

55

Experimento I Figura 1. Representação esquemática dos tratamentos realizados.......................................

60

Figura 2. Distribuição da porcentagem de oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore de acordo com a qualidade e expanção do cumulus..............................................................

68

Figura 3. Porcentagem de embriões clivados e desenvolvidos até o estádio de blastocisto após a maturação de oócitos oriundos de novilhas da raça Nelore......................................................................................................................................

69

Experimento II Figura 1. Representação esquemática dos tratamentos realizados.......................................

65

Figura 2. Distribuição do percentual de folículos classificados pelo diâmetro, após dissecação em diferentes momentos da primeira onda folicular.............................................

71

Figura 3. Distribuição do percentual de oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore, de acordo com a qualidade em diferentes momentos da primeira onda folicular.....................................................................................................................................

73

Figura 4. Percentual de clivagem e de produção de blastocisto in vitro de oócitos obtido de novilhas da raça Nelore em diferentes momentos da primeira onda folicular.....................................................................................................................................

74

Page 12: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

xiii

ABREVIATURAS

BSA Albumina sérica bovina

° C Graus Celsius

CIV Cultivo in vitro

COC Complexo cumulus oophorus

FD Folículo dominante

FIV Fecundação in vitro

FS Folículo subordinado

FSH Hormônio Folículo Estimulante

FSHp Hormônio Folículo Estimulante suíno

hCG Gonadotrofina Corônica Humana

Hg Mercúrio

LH Hormônio Luteinizante

LHr Receptor de hormônio luteinizante

MHZ Mega Hertz

mL Mililitro

mm Milímetro

µL Microlitro

MIV Maturação in vitro

ng Nanograma

OPU Ovum Pick-up

PBS Tampão Fosfato Salina

PGF2α Prostaglandina F2α

PHE Penicilamina, Hipotaurina e Epinefrina

RIA Radioimunoensaio

RT-PCR Transcriptase Reversa - Reação em

Cadeia da Polimerase

SFB Soro Fetal Bovino

Page 13: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

xiv

SOF Meio para cultivo celular

TCM Meio de Cultura para Tecidos

TE Transferência de Embriões

TALP-FIV Meio para fecundação

UI Unidade Internacional

Page 14: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

15

DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE

E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O

DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO

RESUMO: O capítulo 1 traz uma revisão geral sobre o desenvolvimento folicular,

sobretudo a fase de seleção do folículo dominante ou divergência no crescimento

folicular, além de aspectos gerais da aspiração folicular para obtenção de oócitos e

fatores que influenciam a competência oocitária para o desenvolvimento embrionário in

vitro, tais como as fases de ciclo estral e do desenvolvimento folicular. No entanto

pesquisas adicionais se mostravam necessárias, principalmente na raça Nelore, para

melhorar as taxas de produção in vitro que permanecem ao redor de 30% de

blastocisto. No capítulo 2 a primeira onda folicular foi acompanhada por ultra-

sonografias a cada 12 horas para visualização da divergência no crescimento folicular

em novilhas da raça Nelore. A divergência no crescimento folicular ocorreu entre 60 e

96 horas após a ovulação quando o folículo dominante mediu 7,2 mm e o maior

subordinado 5,5 mm. A concentração plasmática de FSH, em torno de 10 vezes menor

que em novilhas Holstein, embora não significativa, antecedeu em 24 horas o momento

da divergência folicular. No capítulo 3 a influência do desenvolvimento folicular sobre a

competência oocitária para produção de embriões in vitro foi testada em 2

experimentos. No experimento I novilhas da raça Nelore foram tratadas com diferentes

protocolos de FSH e os oócitos aspirados em diferentes momentos da onda. A taxa de

clivagem não diferiu significativamente (p<0,06) entre os grupos estudados, entretanto a

taxa de blastocisto foi significativamente menor nos grupos G-I (11,29%) e G-II

(16,66%) quando comparado aos grupos controle (46,15%), G-III (46,87%) e GIV

(41,30%). No experimento II foi realizada a sincronização da primeira onda para a

obtenção dos ovários 60, 96 e 108 horas após a ovulação induzida por LH exógeno. As

taxas de clivagem e desenvolvimento até blastocisto dos oócitos recuperados de

novilhas com 60, 96 e 108 horas após a ovulação induzida com LH exógeno, diferiram

significativamente (p<0,0001), sendo decrescente com o aumento no tempo. A taxa de

clivagem teve efeito significativo do diâmetro folicular, sendo melhor nos oócitos

Page 15: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

16

oriundos de folículos classe 3 (� 8 mm), enquanto a taxa de blastocisto não teve efeito

do diâmetro, mas houve interação do diâmetro pelo grupo. Conclui-se que o intervalo

entre a aspiração para emergência da onda de 33 horas para aplicação de FSH afetou

negativamente a porcentagem de blastocisto. O momento da onda influencia a

competência oocitária de oócitos obtidos de folículos dissecados, sendo o início da

onda o melhor momento.

Palavras-chave: OPU-FIV, FSH, competência oocitária, novilhas Nelore (Bos indicus),

oócitos, divergência folicular

Page 16: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

17

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

INTRODUÇÃO

O crescimento do oócito dentro do folículo ovariano é determinado por vários

fatores que influenciam sua viabilidade e competência para o desenvolvimento in vitro.

Estes fatores incluem tamanho folicular, dia do ciclo estral, nível de atresia e influência

de outros folículos, tal como o folículo dominante.

A fase de seleção do folículo dominante é visualizada por ultra-sonografia como

um rápido aumento no diâmetro do folículo dominante, enquanto os outros folículos da

mesma onda cessam seu crescimento ou regridem. Estas mudanças que ocorrem no

diâmetro refletem as importantes alterações endócrinas, parácrinas e autócrinas que

acompanham ou antecedem este momento crítico do desenvolvimento folicular e, por

sua vez, podem influenciar a qualidade do oócito e a competência para o

desenvolvimento in vitro.

A aspiração folicular guiada por ultra-sonografia e posterior fecundação in vitro

dos oócitos obtidos de doadoras vivas e de alto valor genético tem sido uma técnica em

franca ascensão no território nacional, sobretudo devido ao importante incremento no

melhoramento genético do rebanho, além de outras vantagens como a obtenção de

oócitos em qualquer fase do ciclo estral sem tratamento gonadotrófico, utilização de

fêmeas prenhes, pré-puberes ou apresentando patologias reprodutivas adquiridas.

Um dos principais problemas atuais da técnica é a variabilidade nos resultados

do desenvolvimento in vitro de embriões bovinos, uma vez que, em média, apenas 30%

dos oócitos maturados se desenvolvem até o estádio de blastocisto. Portanto, para

otimizar a utilização da aspiração folicular em termos de número e qualidade dos

complexos cumulus oócitos (COCs) recuperados e a competência para o

desenvolvimento in vitro é necessário conhecer melhor a fisiologia folicular e seu

controle endócrino.

No presente estudo visou-se avaliar a influência do folículo selecionado sobre os

outros folículos da mesma onda, avaliando-se a competência para o desenvolvimento in

Page 17: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

18

vitro de oócitos colhidos em diferentes fases do desenvolvimento folicular. Devido à

ausência destes estudos em animais da raça Nelore, primeiramente foi necessário

investigar através de ultra-sonografias seriadas, o momento (horas após a ovulação) e

o diâmetro dos dois maiores folículos ovarianos durante a divergência no crescimento

folicular.

Todos os fatores que afetam o desenvolvimento folicular influenciando o oócito

não estão completamente elucidados e são, em sua grande maioria, estudados em

animais de origem européia (Bos taurus taurus). No Brasil, mais de 80% do rebanho é

composto por animais de raças zebuínas (Bos taurus indicus), portanto é necessário

investigar estes fatores nestas raças, sobretudo na raça Nelore.

Page 18: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

19

REVISÃO DA LITERATURA

O processo contínuo de crescimento e atresia dos folículos que leva ao

desenvolvimento do folículo pré-ovulatório é conhecido como dinâmica folicular,

enquanto que o padrão de crescimento e atresia de um grupo de folículos ovarianos é

denominado onda de crescimento folicular (LUCY et al., 1992). A dinâmica folicular em

novilhas ou vacas zebuínas e européias tem sido caracterizada desde a década de 80

pela ultra-sonografia diária e apresenta-se em um padrão de duas (PIERSON;

GINTHER, 1988; GINTHER; KNOPF; KASTELIC, 1989; FIGUEIREDO et al., 1997) ou

três (SAVIO et al., 1988; GAMBINI et al., 1998; CASTILHO et al., 2000) ondas de

crescimento folicular durante o ciclo estral.

Cada onda folicular é composta por uma fase de recrutamento, no qual um grupo

de folículos primordiais e primários inicia seu crescimento. Dentre estes, um folículo é

selecionado, não sofre atresia e potencialmente pode chegar a ovular (fase de seleção).

O folículo selecionado passa a exercer dominância (fase de dominância) sobre os

demais folículos, suprimindo o crescimento dos mesmos e inibindo o recrutamento de

um novo grupo de folículos (GINTHER et al., 1996; GINTHER; KNOPF; KASTELIC,

1989; SIROIS; FORTUNE, 1990).

A seleção do folículo dominante capaz de ovular dentro de um grupo de folículos

antrais é um processo dinâmico regulado por interações entre gonadotrofinas, fatores

de crescimento e substâncias intra-ovarianas (AUSTIN et al., 2001; YUAN et al., 1998),

resultando em uma fase de transição crítica para o desenvolvimento folicular.

Divergência no crescimento folicular

O sinal mais evidente para a seleção folicular é observado pela ultra-sonografia

ovariana seriada como uma divergência no diâmetro do folículo dominante em relação

ao maior folículo subordinado. O termo divergência foi primeiramente proposto e

definido por Ginther et al. (1996) como o momento no qual se observa o início da maior

Page 19: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

20

diferença nas taxas de crescimento entre o futuro folículo dominante e o maior

subordinado.

Em novilhas Holstein, após mensurações seriadas do diâmetro dos dois maiores

folículos ovarianos, foi observado que a divergência na taxa de crescimento ocorre em

média 2,8 dias após a emergência da primeira onda folicular, quando o futuro folículo

dominante apresenta um diâmetro médio de 8,5 mm e o maior folículo subordinado 7,2

mm (GINTHER et al., 1996 e 1997). O futuro folículo dominante de 3 mm foi detectado

em média 6 horas antes do maior subordinado, sendo que os dois demonstraram um

crescimento paralelo até a divergência (GINTHER at al., 1997 e 1999).

Estes resultados sugerem que o mecanismo de divergência foi ativado quando o

futuro folículo dominante alcançou um diâmetro determinante (8,5 mm), o qual foi

concluído antes que o folículo subordinado alcançasse um diâmetro similar (KULICK et

al., 1999).

Hormônio Folículo Estimulante (FSH)

O aumento na concentração sérica de FSH antecede em 1 a 2 dias a

emergência de cada onda e somente diminui após a seleção do folículo dominante

(ADAMS et al.,1992; GIBBONS; WILTBANK; GINTHER, 1999). As concentrações de

FSH são mantidas em níveis basais até o folículo dominante perder sua dominância,

resultando em novo aumento nos níveis de FSH e subseqüente emergência da próxima

onda folicular (BODENSTEINER et al., 1996).

Alguns trabalhos têm demonstrado que qualquer folículo saudável ou em

crescimento é capaz de se tornar dominante. Tratamentos com FSH no início do

desenvolvimento folicular estimulam muitos folículos a obterem um diâmetro de

dominância (ADAMS et al., 1993), sendo a base dos protocolos de superovulação com

FSH para colheita de embriões. Além disso, o aumento da concentração sérica de FSH,

decorrente da destruição do folículo dominante após a divergência, resulta na

dominância do maior folículo subordinado (KO et al., 1991, GINTHER et al., 2000a). Da

mesma forma, um folículo aleatoriamente escolhido dentre um grupo de folículos de 5

Page 20: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

21

mm, no início da onda folicular, pode ser direcionado para a dominância após a

aspiração de todos os outros da onda (GIBBONS; WILTBANK; GINTHER,1997). O

potencial para dominância no esperado início da divergência é maior nos folículos

maiores e decresce progressivamente com o diâmetro, estando ausente nos folículos

menores de 7 mm (GINTHER et al., 2001).

Talvez todos os folículos recrutados na mesma onda possuam habilidade

intrínseca para tornar-se dominante, porém ao se aproximar da divergência, esta

capacidade se mantenha apenas naqueles que alcancem primeiro diâmetros maiores.

Supressores de FSH

A produção de estradiol e inibina, sobretudo pelas células da granulosa do

folículo dominante, atua inibindo a liberação de FSH pela hipófise anterior (FINDLAY;

CLARKE, 1987). Parece que estes hormônios são os principais responsáveis pela

supressão das concentrações sistêmicas de FSH para níveis abaixo do limiar

necessário para manter o crescimento dos folículos subordinados, os quais entram em

atresia (DRIANCOURT, 1991).

Inibina

Além do seu efeito na supressão do FSH, o papel preciso da inibina na seleção

do folículo dominante não está completamente elucidado. No entanto, formas de ativina

e inibina sintetizadas pelas células da granulosa estão envolvidas na produção de

andrógenos pelas células da teca (FINDLAY, 1993). Em novilhas Mihm et al., 2000, não

observaram qualquer diferença nas concentrações de folistatina, inibina-A e várias

formas de inibina com diferentes pesos moleculares no fluido folicular dos três maiores

folículos quando o maior deles atingiu 7,6 mm. Em outro estudo, usando o momento do

esperado início da divergência como referência (8,5 mm), também não houve diferença

na quantidade total de inibina e inibina-A entre o folículo dominante e o maior

subordinado (BEG et al., 2001). Por outro lado, Austin et al., 2001 observaram aumento

Page 21: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

22

significativo de formas precursoras da inibina (> 48kDa) no maior folículo, porém

apenas no início da onda (5 a 33 horas após pico de FSH), mantendo-se igual nos 4

maiores folículos após a divergência e queda na concentração de FSH.

Estradiol

Em novilhas, observou-se aumento na concentração sérica de estradiol no início

da divergência. O aumento ou decréscimo na concentração de estradiol neste ponto

resulta em decréscimo ou aumento, respectivamente, na concentração de FSH,

indicando uma relação funcional entre estes dois hormônios (KULICK et al., 1999;

GINTHER et al., 2000b).

Além de atuar na regulação da liberação de FSH, algumas ações locais do

estradiol no ovário incluem: estímulo do crescimento folicular (GOLDENBERG;

BRIDSON; ROHLER, 1972); aumento da sensibilidade da granulosa às gonadotrofinas,

aumento na expressão de receptores de LH e atividade da enzima P-450 aromatase

(HILLIER, 1991); proliferação celular (BLEY; SARAGUETA; BARANAO, 1997) e

proteção destas células contra apoptose (MURDOCH, 1998).

Vários autores têm detectado aumento de estrógeno no fluído folicular do folículo

destinado a ser o dominante. Estudos utilizando folículos de diâmetros em torno da

divergência folicular (8 a 10 mm) demonstram maiores concentrações de estradiol no

fluido folicular do folículo dominante quando comparado ao subordinado

(SUNDERLAND et al., 1994; EVANS et al., 1997; KULICK et al., 1999). Recentemente,

Minhn et al, 2000 ao dosar estrógeno dos três maiores folículos no dia 3 do ciclo, ou

seja 1,5 dias após a emergência da onda, observaram aumento na concentração de

estradiol no maior deles (7,6 mm) quando comparado ao primeiro (6,9 mm) e segundo

(6,1 mm) folículos subordinados.

Existem evidencias de que o estradiol atua como um facilitador local para a

mudança na responsividade do maior folículo do FSH para o LH (GONG et al., 1996) no

momento que ocorre queda na concentração sérica de FSH.

Page 22: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

23

Receptores de LH na Célula da Granulosa

Acredita-se que a aquisição de receptores para LH (LHr) tem um importante

papel na manutenção do crescimento do folículo selecionado após a queda nos níveis

de FSH.

Alguns estudos sobre aquisição de LHr nas células da granulosa iniciaram-se no

final do século XX, na metade da década de 90, com Xu et al., (1995) quando

demonstraram que RNAm para LHr começam a ser expressos nas células da granulosa

no dia 4 do ciclo estral (dia 0 = dia da emergência) em folículos com 10,8 mm de

diâmetro estando ausente em folículos de 6,8 mm no dia 2 do ciclo. Posteriormente,

Bao et al., (1997) comprovaram o achado anterior e observaram que em folículos

maiores 13,0 e 15,0 mm a expressão de RNAm para LHr (detectáveis pela hibridização

in situ) nas células da granulosa destes folículos foi 2 e 4 vezes maior, respectivamente,

quando comparado a folículos de 10,8 mm de diâmetro. Por outro lado, Evans et al.,

(1997) demonstraram aumento na concentração de estradiol no folículo dominante em

relação ao subordinado nos dias 2 (8,0 mm) e 3 (9,7 mm) do ciclo estral, entretanto sem

níveis detectáveis de RNAm (hibridização in situ) para LHr nas células da granulosa

destes folículos. Recentemente, Beg et al., (2001) observaram uma diferença na

expressão de RNAm de LHr nas células da granulosa, pela RT-PCR (reação em cadeia

da polimerase), entre os dois maiores folículos, em média 8 horas antes de detectar

qualquer aumento no diâmetro de divergência ou na concentração de estradiol no fluido

folicular.

Uma outra evidência do papel do LH na divergência no diâmetro é observado em

vacas após tratamento crônico com um análogo do GnRH, o qual suprime a secreção

pulsátil de LH e o maior folículo não cresce acima de 7 a 9 mm (GONG et al., 1995,

FIKE et al., 1997). Recentemente, um estudo avaliou o momento no qual o folículo

dominante adquire capacidade para ovular após administração de doses crescentes de

LH. Neste estudo eles observaram que folículos com 7,0 a 8,5 mm de diâmetro eram

incapazes de ovular, mesmo perante altas doses de LH (40 mg) e apenas folículos com

no mínimo 10 mm de diâmetro ovulavam com esta dosagem (SARTORI et al., 2001).

Page 23: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

24

É provável que a seleção do folículo dominante seja um processo progressivo e

que os estágios iniciais da seleção ocorram antes de uma perceptível diferença no

diâmetro (FORTUNE et al, 2001). O mecanismo completo que leva à seleção ou

divergência no diâmetro não está completamente definido, mas parece estar

claramente associado à aquisição de LHr pelas células da granulosa, ao aumento da

concentração circulante de estradiol-17β e ao decréscimo na concentração de FSH.

Em fêmeas bovinas, inúmeras pesquisas acerca desta fase crítica do

desenvolvimento folicular foram e estão sendo realizadas, no entanto utilizando-se

apenas animais de raças européias em seus modelos experimentais. A grande maioria

do rebanho de corte brasileiro é composta por animais zebuínos ou cruzados e

trabalhos anteriores avaliando o crescimento folicular monitorado por ultra-sonografia

foram efetivos em demonstrar diferenças, sobretudo no que se refere ao diâmetro

folicular (FIGUEIREDO et al., 1997; GAMBINI et al., 1998; CASTILHO et al., 2000).

Aspiração Folicular (OPU)

A indústria de produção bovina tem mostrado, nos últimos anos, grande interesse

no uso de novas biotecnologias da reprodução, tendo em vista o melhoramento genético

do rebanho. O que tem sido utilizado ultimamente é a aspiração folicular trans-vaginal

guiada por ultra-sonografia, também chamada Ovum Pick Up (OPU) e posterior

fecundação in vitro (FIV), uma vez que juntas, estas técnicas podem ser de grande valia

na reprodução animal. O método não cirúrgico é comumente empregado na

recuperação repetida de oócitos imaturos dos folículos ovarianos de animais vivos e

tem um potencial para substituir os procedimentos convencionais de superovulação

(SOV) e a tradicional técnica de transferência de embriões (TE) (KRUIP et al., 1994).

Desde o nascimento do primeiro bezerro oriundo de fecundação in vitro

(BRACKET et al., 1982), os processos de maturação, fecundação e cultivo in vitro foram

aprimorados tornando esta técnica viável em programas de melhoramento. Apesar dos

avanços obtidos com a OPU seguida da FIV nos últimos 10 anos, o uso desta técnica

ainda é baixo na indústria de TE. Foi estimado que somente 6% dos embriões

Page 24: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

25

transferidos na Europa em 1996 foram produzidos in vitro, dos quais somente metade

era proveniente de doadoras vivas (HEYMAN, 1997). No Brasil em 1994 nasceu o

primeiro bezerro da raça Nelore após FIV (PEIXER et al., 1994) e, a partir de então,

esta técnica passou a ser estudada e recentemente aplicada comercialmente (DAYAN

et al., 2000).

A OPU permite a repetida recuperação de oócitos de animais vivos sem trauma

aparente do trato reprodutivo, permitindo, desta forma, a produção de embriões

oriundos de vacas com problemas reprodutivos adquiridos (LOONEY et al., 1994;

HASLER et al., 1995; RODRIGUES & GARCIA, 2000), durante o primeiro trimestre de

gestação (BUNGARTZ et al., 1995; MEINTJES et al., 1995) ou em novilhas pré-puberes

(ARMSTRONG et al., 1994; BROGLIATTI; ADAMS, 1996).

Devido a dinâmica folicular em novilhas ou vacas zebuínas e européias ser

caracterizada pela presença de duas ou três ondas de desenvolvimento folicular, é

possível realizar a recuperação de oócitos por via trans-vaginal durante todo o ciclo

estral, mesmo repetidamente (KRUIP et al., 1994; PIETERSE et al., 1991; BOLS;

VANDENHEEDE; SOOM, 1995; BUNGARTZ et al., 1995). Os protocolos têm

geralmente consistido de uma ou duas aspirações semanais usando animais

superovulados ou não (LOONEY et al., 1994; BOLS; VANDENHEEDE; SOOM, 1995;

BUNGARTZ et al., 1995; HASLER et al., 1995; STUBBINGS; WALTON, 1995).

A eficácia do sistema de produção de embriões in vitro é dependente da

qualidade da maturação in vitro (MIV), fecundação in vitro (FIV) e cultivo in vitro (CIV).

Quando os oócitos são removidos de seus folículos e cultivados in vitro, a maturação

meiótica ocorre espontaneamente (PINCUS; ENZMANN, 1935). Entretanto, a

capacidade de desenvolvimento após a fecundação é limitada e, apesar dos progressos

feitos nas condições de cultivo durante a maturação e desenvolvimento embrionário,

somente em torno de um terço (LONERGAN et al., 1994) ou 15 a 20% (HENDRIKSEN

et al., 2000) dos oócitos selecionados morfologicamente antes de serem submetidos a

MIV, resultam em embriões viáveis. Além disso, a taxa de recuperação de oócitos

associada à aspiração folicular trans-vaginal, tem-se mostrado variável entre os

laboratórios e as vacas doadoras (PIETERSE et al., 1988; BORDIGNON et al.,1997;

Page 25: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

26

WATANABE et al., 2002). O sucesso na taxa de aspiração folicular pode ser

mensurado, em parte, pelo número de oócitos imaturos recuperados de animais

superestimulados ou não, em relação ao número de folículos presentes no momento da

colheita e por fatores que afetam a eficiência da colheita (GARCIA; SALAHEDDINE,

1998).

Têm sido reportadas taxas de recuperação em torno de 2 a 3 oócitos por

doadora, por sessão de aspiração (PIETERSE et al., 1988), 4,7 (BOUSQUET et al.,

1999) e acima de 11 oócitos (BORDIGNON et al.,1997). Existe uma ampla diferença

também na produção de embriões, Kruip et al., (1994) relataram uma variação entre as

doadoras de 9% a 26% e Hasler at al., (1995) observaram variação entre 4% a 33%.

Posteriormente, Watanabe et al., (2002) observaram que esta variação não estava

relacionava com a idade das doadoras e sim com a resposta individual dos animais,

onde observaram uma variação de 0,3% a 13%. Por outro lado, Seneda et al., (2001)

não observaram diferenças entre os animais estudados, provavelmente devido ao

número de animais utilizados, 7 a 9 animais submetidos 1 a 3 vezes à técnica de OPU.

Para otimizar a utilização da OPU, em termos de número e qualidade dos

complexos cumulus oócitos (COC’s) recuperados e, a capacidade para o

desenvolvimento in vitro, é necessário melhor conhecimento da fisiologia ovariana e

seu controle endócrino. O crescimento do oócito dentro do folículo ovariano é

determinado por um grande número de fatores que influenciam sua viabilidade e

competência para o desenvolvimento in vitro.

A influência do tamanho folicular na competência oocitária para o

desenvolvimento in vitro foi confirmada por Lonergan et al., (1994), quando verificaram

aumento significativo na produção de embriões oriundos de oócitos aspirados de

folículos com mais de 6 mm de diâmetro. Pavlok et al., (1992), também observaram

melhor desempenho na produção de blastocistos quando oócitos de folículos médios

(2-4 mm) e grandes (4-8 mm) foram utilizados em comparação a oócitos de folículos

pequenos (1-2 mm). Em revisão, Hendriksen et al., (2000) concluíram que a

competência para o desenvolvimento in vitro é maior para oócitos oriundos de folículos

maiores que 6-8 mm quando comparado com folículos de 3-6 mm. No entanto, Carolan

Page 26: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

27

et al. (1996) não observaram influência do tamanho folicular sobre a maturação do

oócito. Resultado similar foi obtido por Seneda et al., (2001) estudando oócitos oriundos

de folículos pequenos (<4 mm) e grandes (>4 mm) aspirados in vivo.

Com relação ao estádio do desenvolvimento folicular, Machatková et al., (1996)

demonstraram que oócitos colhidos nos dias 14 a 16 do ciclo estral apresentavam

melhores índices de competência para o desenvolvimento embrionário quando

comparados aos aspirados nos dias 7, 8 e 9. Em revisão, Hagemann, (1999) conclui

que o desenvolvimento até blastocisto foi significativamente maior em oócitos colhidos

durante a fase de crescimento folicular independente do diâmetro do folículo, porém a

competência oocitária tendeu a aumentar em oócitos oriundos de folículos maiores.

Segundo Hendriksen et al. (2000), o folículo dominante afeta negativamente a

competência oocitária dos folículos subordinados provavelmente por induzir avanço no

estádio de atresia. Menores taxas de recuperação e de blastocisto são observadas

quando a OPU é realizada semanalmente em comparação com OPU a cada 3-4 dias

(GOODHAND et al., 1999). Possivelmente a alta freqüência nas aspirações previna o

estabelecimento do folículo dominante (HENDRIKSEN et al., 2000).

Stock e Smith, (1996) utilizaram COC’s de folículos grandes para maturar oócitos

aspirados de folículos pequenos e observaram que a taxa de blastocisto foi semelhante

às obtidas de oócitos de folículos grandes (6-9 mm). Demonstrando, portanto, que

fatores parácrinos secretados pelo oócito e/ou células do cumulus durante a maturação

final são importantes para o desenvolvimento pós-clivagem.

Em suma, o oócito para ser fertilizado in vivo é doado pelo folículo saudável,

durante uma fase específica do ciclo estral. Enquanto os oócitos colhidos para a

produção in vitro são obtidos de folículos em diferentes etapas do desenvolvimento e

em fases distintas do ciclo estral, portanto, expostos a diferentes concentrações de

estradiol, progesterona, LH e FSH. Estes fatores podem afetar a competência oocitária

para o desenvolvimento de embriões in vitro (WIT et al., 2000).

Page 27: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS G.P., MATTERI R.L., KASTELIC J.P., KO J.C.H., GINTHER, O.J. Association

between surges of follicle-stimulating hormone and the emergence of follicular waves in

heifers. J Reprod Fertil, v.94, p.177-88, 1992.

ADAMS G.P., KOT K., SMITH C.A., GINTHER O.J. Selection of a dominant follicle and

suppression of follicular growth in heifers. Anim Reprod Sci, v. 30, p. 259-271, 1993.

ARMSTRONG D.T., IRVINE B.J., EARL C.R., McLEAN D., SEAMARK R.F.

Gonadotropins stimulations regimens for follicular aspiration and in vitro embryo

productions from calf oocytes. Theriogenology, v. 42, p. 1227-1236, 1994.

AUSTIN E.J., MIHM M., EVANS A.C.O., KNIGHT P.G., IRELAND J.L.H., ROCHE J.F.

Alterations in intrafollicular regulatory factors and apoptosis during selection of follicles in

the first follicular wave of the bovine estrous cycle. Biol Reprod, v. 64, p. 839-848,

2001.

BAO B., GARVERICK H.A., SMITH G.W., SMITH M.F., SALFEN B.E., YOUNGQUIST

R.S. Changes in messenger ribonucleic-acid ecoding LH receptor, cytochrome P450

side chain cleavage, and aromatase are associated with recruitment and selection of

bovine ovarian follicles. Biol. Reprod., v. 56 , p.1158-1168, 1997.

BEG M.A., BERGFELD D.R., KOT K., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Follicular-fluid

factors and granulosa-cell gene expresion associated with follicle deviation in cattle. Biol

Reprod, v. 64, p. 432-441, 2001.

BLEY M.A., SARAGUETA P.E., BARANAO J.L. Concerted stimulation of rat granulosa

cell deoxyribonucleic acid synthesis by sex steroids and follicle-stimulating hormone. J

Steroid Bioch Mol Biol,v.62, p.11-9, 1997.

Page 28: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

29

BODENSTEINER K.J., KOT K., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Synchronization of

emergence of follicular wave in cattle. Theriogenology, v.45, p.1115-28, 1996.

BOLS P.E.J., VANDENHEEDE J.M.M., VAN SOOM A., Transvaginal ovum-pick-up (OPU)

in the cow: a new disposable needle guindance system. Theriogenology, v.43, p. 677-

687, 1995.

BORDIGNON V., MORIN N., DUROCHER J., BOUSQUET D., SMITH L.C. GnRH

improves the recovery rate and the in vitro developmental competence of oocytes

obtained by transvaginal follicular aspiration from superestimulated heifers.

Theriogenology, v.48, p.291-298, 1997.

BOUSQUET D., TWAGIRAMUNGU H., MORIN N., BRISSON C., CRBONNEAU G.C.,

DUROCHER J. In vitro production in cow: an effective alternative to the conventional

embryo production approach. Theriogenology. v. 51, p. 59-70, 1999.

BRACKET B.G., BOUSQUET D., BOICE M. L., DONARVICK W. J., EVANS J. F.

DRESSEL M. A. Normal development following in vitro fertilization in the cow. Biol

Reprod, v. 27, p.147-158, 1982.

BROGLIATTI G.M., ADAMS G.P. Ultrasound-guided transvaginal oocyte collection in

prepurbetal calves. Theriogenology, v.45, p. 1163-1176, 1996.

BUNGARTZ L., LUCAS-HAHN A., RATH D., NIEMANN H. Collection of oocytes from

cattle via follicular aspiration aided by ultrasound with or without gonadotropin

pretreatment and in different reproductive stages. Theriogenology, v. 43, n. 667-675,

1995.

Page 29: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

30

CAROLAN C., LONERGAN P., MONGET P., MONNIAUX D., MERMILLOD P. Effect of

follicle size and quality on the ability of follicular fluid to support cytoplasmic maturation

of bovine oocytes. Mol Reprod Dev, v. 43, p. 477-483, 1996.

CASTILHO C., GAMBINI A.L.G., FERNANDES P., TRINCA L.A., TEIXEIRA A. B.,

BARROS C. M. Synchronization of ovulation in crossbred dairy heifers using

gonadotrophin-releasing hormone agonist, prostaglandin F2α and human chorionic

gonadotrophin or estradiol benzoate. Braz J Med Biol Res, v. 33(1), p. 91-101, 2000.

DAYAN A., WATANABE M.R., WATANABE Y.F. Fatores que interferem na produção

comercial de embriões FI. Arq Facul Vet UFRGS. V. 28, p. 181-185, 2000.

DRIANCOURT M.A. Follicular dynamics in sheep and cattle. Theriogenology, v. 35, p.

35-55, 1991.

EVANS A.C.O., KOMAR C.M., WANDJI A.S., FORTUNE J.E. Changes in androgen

secretion and luteinizing hormone pulse amplitude are associated with the recruitment

and growth of ovarian follicles during the luteal phase of the estrous cycle. Biol.

Reprod., v. 57 , p.394-401, 1997.

FIGUEIREDO, R.A., BARROS, C.M., PINHEIRO, O.L, SOLER, J.M.P. Ovarian follicular

dynamics in Nelore Breed (Bos indicus), Theriogenology, v.47, p.1489-1505, 1997.

FIKE K.E., BERGFELD E.G., CUPP A.S., KOJIMA F.N., MARISCAL V., SANCHEZ T.,

WEHRMAN M.E., GROTJAN H.E., HAMERNIK D.L., KITTOK R.J., KINDER J.E.

Gonadotropin secretion and development of ovarian follicles during oestrous cycles in

heifers treated with luteinizing hormone releasing hormone antagonist. Anim Reprod Sci,

v. 49, p. 83-100, 1997.

Page 30: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

31

FINDLAY J. K. An update on the roles of inhibin, activin, and follistatin as local regulators

of folliculogenesis. Biol Reprod, v. 48, p. 15-23, 1993.

FINDLAY J.K., CLARKE I.J. Regulation of the secretion of FSH In domestic ruminants. J

Reprod Fertil, v. 34, Suppl., p. 27-37, 1987.

FORTUNE J.E., G.M. RIVERA, A.C.O. EVANS, A.M. TURZILLO. Differentiation of

dominant versus subordinate follicles in cattle. Biol Reprod, v. 65, p.648-654, 2001.

GAMBINI A.L.G., MOREIRA M.B.P., CASTILHO C., BARROS C.M. Dinâmica folicular e

sincronização da ovulação em vacas da raça Gir. Rev Brasil Reprod Animal, v. 22,

p.201-210, 1998.

GARCIA A., SALAHEDDINE M. Effects of repeated ultrasound-guined transvaginal

follicular aspiration on bovine oocyte recovery and subsequent follicular development.

Theriogenology, V. 50, p. 575-585, 1998.

GIBBONS J.R., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Functional interrelationships between

follicles greater than 4 mm and the follicle-stimulating hormone surge in heifers. Biol

Reprod, v. 57, p. 1066-1073, 1997.

GIBBONS J.R., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Relationship between follicular

development and the decline in the follicle-stimulating hormone surge in heifers. Biol

Reprod, v. 60, p. 72-77, 1999.

GINTHER O.J., KNOPF L., KASTELIC J.P. Temporal associations among ovarian events

in cattle during oestrous cycles with two and three follicular waves. J Reprod Fertil, v.87,

p.223-30, 1989.

Page 31: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

32

GINTHER O. J., WILTBANK M.C., FRICKE P. M., GIBBONS J.R., KOT K. Selection of

the dominant follicle in cattle. Biol Reprod. v. 55, p. 1187-1194, 1996.

GINTHER O.J., KOT K., KULICK L.J., WILTBANK M.C. Emergence and desviation of

follicle during the development of follicular waves in cattle. Theriogenology, v.48, p.75-

87, 1997.

GINTHER O.J., BERGFELD D.R., KULICK L.J., KOT K. Selection of the dominant

follicle in cattle: establishment of follicle deviation in less than 8 hours through

depression of FSH concentration. Theriogenology. v. 52, p. 1079-1093, 1999.

GINTHER O.J., BERGFELD D.R., KULICK L.J., KOT K. Selection of the dominant

follicle in cattle: role of two-way functional coupling between follicle-stimulating hormone

and the follicle. Biol Reprod, v. 62, p. 920-927, 2000a.

GINTHER O.J., BERGFELD D.R., KULICK L.J., KOT K. Selection of the dominant

follicle in cattle: role of estradiol. Biol Reprod, v. 63, p. 383-389, 2000b.

GINTHER O.J., BERGFELT D.R., BEG M.A., KOT K. Follicle selection in

cattle:relationships among growth rate, diameter ranking and capacity for dominance.

Biol Reprod, v. 65, p. 345-350, 2001.

GOLDENBERG R.L., BRIDSON W.E. KOHLER P.O. Estrogen stimulation of

progesterone synthesis by porcine granulosa cells in culture. Biochem Biophys Res

Commun, V. 11;p. 101-7, 1972

GONG J.C., BRAMLEY T.A., GUTIERREZ C.G., PETERS A.R., WEBB R. Effects of

chronic treatment with a gonadotrophin-releasing hormone agonist on peripheral

Page 32: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

33

concentrations of FSH and LH, and ovarian function In heifers. J Reprod Fertil, v.105,

p.263-70, 1995.

GONG J.C., CAMPBELL B.K., BRAMLEY T.A., GUTIERREZ C.G., PETERS A.R.,

WEBB R. Suppression in the secretion of FSH and LH, and ovarian follicle development

in heifers continuously infused with GnRH agonist. Biol Reprod, v. 55, p. 68-74, 1996.

GOODHAND K.L., WATT R.G., STAINES M.E., HUTCHINSON J.S.M. BROADBENT P.

J. In vivo oocyte recovery and in vitro embryo production from bovine donors aspirated at

different frequencies or following FSH treatment. Theriogenology, v.51, p.951-961, 1999.

HAGEMANN L.J. Influence of the dominant follicle on oocytes from subordinate follicles.

Theriogenology, v.51, p.449-459, 1999.

HASLER J.F., HENDERSON W.B., HURTGEN P.J., JIN Z.Q., McCAULEY A.D.,

MOWER S.A., NEELY B., SHUEY L.S., STOKES J.E., TRIMMER S.A. Production,

freezing and transfer of bovine IVF embryos and subsequent calving results.

Theriogenology, v.43, p. 141-152, 1995.

HENDRIKSEN P.J.M., VOS P.L.A.M., STEENWENG W.N.M., BEVERS M.M.,

DIELEMAN S.J. Bovine follicular development and its effect on the in vitro competence

of oocytes. Theriogenology, v.53, p. 11-20, 2000.

HEYMAN Y. National Statistical data of bovine embryo transfer activity in Europe (1996).

Proc European Embryo Transfer Assoc, 13th Sci Mtg, p. 27-67, 1997

HILLIER S.G. Paracrine control of follicular estrogen synthesis. Semin Reprod

Endocrinol, v. 9, p. 332-340, 1991.

Page 33: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

34

KO J.C.H., KASTELIC J.P., DEL CAMPO M.R., GINTHER O.J. Effects of a dominant

follicle on ovarian follicular dynamics during the oestrus cycle in heifers. J. Reprod Fert,

v. 91, p. 511-519, 1991.

KRUIP T.A.M., BONI R., WURTH Y.A., ROELOFSEN M.W.M., PIETERSE M.C.

Potencial use of ovum pick-up for embryo production and breeding cattle.

Theriogenology. v. 42, p. 675-684, 1994

KULICK L.J., KOT K., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Follicular and hormonal

dynamics during the first follicular wave in heifers. Theriogenology. v. 52, p. 913-921,

1999.

LONERGAN P., MONAGHAN P.; RIZOS D., BOLAND M.P., GORDON I. Effect of

follicle size on bovine oocyte quality and developmental competence following

maturation, fertilization, and culture in vitro. Mol Reprod Dev, v. 37, p. 48-53, 1994.

LOONEY C. R., LINDSEY B.R., GONSETH C.L., JOHNSON D.L. Commercial aspects

of oocyte retrieval and in vitro fertilization (IVF) for embryo production in problem cows.

Theriogenology, v. 41, p. 67-72, 1994.

LUCY M.C., SAVIO J.D., BADINGA L., DE LA SOTA R.L., THATCHER W.W. Factors

that affect ovarian follicular dynamics in cattle. J Anim Sci, v.70, p.3615-26, 1992.

MACHATKOVÁ M., JOKESOVÁ E., PETELÍKOVÁ J., DVORÁCEK V. Developmental

competence of bovine embryo derived from oocytes collected at various stages of the

estrous cycle. Theriogenology, v. 45, p. 801-810, 1996.

MEINTJES M., BELLOW M.S., BROUSSARD J.R., PAUL J.B., GODKE R.A.

Transvaginal aspiration of oocytes from hormone-treated pregnant beef for in vitro

fertilization. J Anim Sci, v. 73, p. 967-974, 1995.

Page 34: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

35

MERK F.B., BOTTICELLI C.R., ALBRIGHT J.T. An intercellular responce to estrogen by

granulosa cells in the rat ovary: an electron microscopy study. Endocrinology. v. 90, p.

992-1007, 1972.

MIHM M., AUSTIN E.J., GOOD T.E.M., IRELAND J.L.H., KNIGHT P.G., ROCHE J.F.,

IRELAND J.J. Identification of potential intrafollicular factors involved in selection of

dominant follicles in heifers. Biol Reprod, v. 63, p. 811-819, 2000.

MURDOCH W. J. Inhibition by oestradiol of oxidative stress-induced apoptosis in pig

ovarian tissues. J Reprod Fertil,. v. 114, p. 127-30, 1998.

PAVLOK A., LUCANS-HAHN, NIEMANN H. Fertilization and developmental

competence of bovine oocytes derived from different categories of antral follicles. Mol

Reprod Dev, v.31, p. 63-67, 1992.

PEIXER M.A.S., SOUZA R.V., RUMPF R., DE BEM A.R., NETO M.A.P. Nascimento

dos primeiros produtos de FIV da raça Nelore no cenargem. Zootecnia, Nova Odessa,

v. 32, p. 49, 1994.

PIERSON R.A., GINTHER O.J. Ultrassonic imaging of the ovaries and uterus in cattle.

Theriogenology, v.29, p.21-37, 1988.

PIETERSE M.C., VOS P.L.A.M., KRUIP T.A.M., TAVERNE M.A.M. Tranvaginal

ultrasound guided follicular aspiration of bovine ovaries. Theriogenology, v. 35, p.19-

24, 1991.

PIETERSE M.C., KAPPEN K.A., KRUIP T.A.M., TAVERNE M.A.M. Aspiration of bovine

oocytes during transvaginal ultrasound scanning of the ovaries. Theriogenology, v. 30,

p.751-762, 1988.

Page 35: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

36

PINCUS G., ENZMANN E. The comparative behavior of mammalian eggs in vivo and in

vitro. I. The activation of ovarian eggs. J Exp Med, v.62, p.665-675, 1935.

RODRIGUES C.F.M., GARCIA J.M. Fecundação in vitro em bovinos: aplicação

comercial. Arq Fac Vet UFRGS, v. 28, p. 186-187, 2000.

SARTORI R., FRICKE P.M., FEREIRA J.C., GINTHER O.J., WILTBANK M.C. Follicular

deviation and acquisition of ovulatory capacity in bovine follicles. Biol Reprod, v. 65, p.

1403-1409, 2001.

SAVIO J.D., KEENAN L., BOLAND M.P., ROCHE J.F. Pattern of growth of dominant

follicles during the oestrous cycle of heifers. J Reprod Fertil, v.83, p.663-71, 1988.

SENEDA M.M., ESPER C.R., GARCIA J.M., de OLIVEIRA J.A., VANTINI R.

Relationship between follicle size and ultrasound-guided transvaginal oocyte recovery.

An Reprod Sci, v. 67, p. 37-43, 2001.

SIROIS J., FORTUNE J.E. Lengthening of the bovine estrous cycle with low levels of

exogenous progesterone: a model for studying ovarian folicular dominance.

Endocrinology, v.127, p.916-25, 1990.

STOCK A.E., SMITH L. Developmental of bovine oocytes from small follicles is

enhanced after maturation in medium conditioned by oocytes from big follicles. Biol

Reprod, v. 55 , p.174 :(472), 1996. Abstr.

STUBBINGS R. B., WALTON J. S. Effect of ultrasonically-guided follicle aspiration on

estrous cycle and follicular dynamics in holstein cows. Theriogenology, v. 43, p.705-

712, 1995.

Page 36: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

37

SUNDERLAND S.J., CROWE M.A., BOLAND M.P., ROCHE J.F., IRELAND J.J.

Selection, dominance and atresia of follicles during the oestrous cycle of heifers. J

Reprod Fertil, v. 101, p. 547-555, 1994.

WATANABE M.R. Aspiração in vivo de oócitos em fêmeas nelore de diferentes

idades reprodutivas mediante punção vaginal guiada por ultra-som. Jaboticabal,

2002. 48p. DISSERTAÇÃO (mestrado) – FCAV – UNESP – Jaboticabal.

WIT A.A.C., WURTH Y.A., KRUIP T.A.M. Effect of ovarian and follicle quality on

morphology and developmental capacity of the bovine cumulus-oocyte complex. J Anim

Sci, v. 78, p. 1277-83, 2000.

XU Z.Z., GARVERICK H.A., SMITH G.H., SMITH M.F., HAMILTON S.A.,

YOUNGQUIST R.S. Expression of FSH and LH receptor messenger ribonucleic-acids in

bovine follicles during the first follicular wave. Biol Reprod, v. 53 , p.951-957, 1995.

YUAN W., BAO B., GARVERICK H.A., YOUNQUIST R.S., LUCY, M.C. Follicular

dominance in cattle is associated with devergent patterns of ovarian gene expression for

insulin-like growth factor (IGF-I), IGF-II and IGF binding protein-2 in dominant and

subordinate follicles. Domest Anim Endocrinol, v. 15(1), p. 55-63, 1998.

Page 37: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

38

CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO ULTRA-SONOGRÁFICA E ENDÓCRINA DA

DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM NOVILHAS DA RAÇA NELORE

(Bos taurus indicus)

RESUMO: O presente experimento foi desenvolvido para observar o momento, em

horas, após a ovulação em que ocorre a divergência na taxa de crescimento entre os

dois maiores folículos ovarianos. Foram utilizadas 7 novilhas da raça Nelore, nas quais

foram realizadas ultra-sonografias ovarianas com intervalo de 12 horas. Em cada

exame ultra-sonográfico foi procedida medida dos folículos ovarianos e colheita de

sangue para posterior dosagem de FSH e progesterona pela técnica de

radioimunoensaio (RIA). Os exames iniciaram-se após o cio para detectar a ovulação e

acompanhar o crescimento dos folículos da primeira onda folicular, prosseguindo até

120 horas (5 dias) em 2 novilhas e 144 horas (6 dias) no restante dos animais (n=5). A

hora da ovulação definida como hora zero foi adotada como referência para a análise

de todos os intervalos. Observou-se uma diferença significativa na taxa de crescimento

entre os dois maiores folículos (divergência), 84,0 horas após a ovulação (p<0,008),

com o folículo dominante (FD) medindo 7,2 mm, o qual foi 1,7 mm maior que o diâmetro

do maior folículo subordinado (FS) 5,5 mm. O início da atresia do FS foi observado 92,6

horas após a ovulação com um diâmetro médio de 5,3 mm. Não houve aumento da

taxa de crescimento do FD durante a divergência. Antes da divergência o FD cresceu

0,66 mm e durante e após a divergência 0,60 e 0,62mm, respectivamente a cada 12

horas, enquanto o maior subordinado cresceu FS 0,50 mm. Em novilhas da raça Nelore

não foi observado efeito significativo (p>0,05) na concentração de FSH em relação aos

momentos avaliados, embora tenha ocorrido queda na concentração de FSH

antecedendo em 24 horas o início da divergência. A concentração de progesterona

aumentou de 0,27 ± 0,21 ng/mL no momento da ovulação para 4,2 ± 0,53 ng/mL 144

horas após, indicando a ciclicidade das novilhas estudadas. Concluí-se que a

divergência folicular em novilhas Nelore (Bos indicus) segue um padrão semelhante ao

observado em novilhas Holstein (Bos taurus) com algumas alterações no momento e

diâmetros dos dois maiores folículos ovarianos.

Palavras-chave: divergência folicular, Nelore (Bos indicus), ultra-sonografia, FSH.

Page 38: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

39

INTRODUÇÃO E OBJETIVO

O desenvolvimento folicular em espécies mono-ovular é um processo complexo

no qual um único folículo continua seu crescimento enquanto o restante dos folículos

recrutados cessam seu crescimento e regridem (BEG et al., 2002).

Em fêmeas bovinas de raças européias (KNOPF et al., 1989; GINTHER;

WILTBANK; KASTELIC, 1989) ou zebuínas (RHODES; DE’ATH; ENTWISTLE, 1995;

FIGUEIREDO et al., 1997; GAMBINI et al., 1998) o crescimento folicular exibe um

padrão de ondas, as quais ocorrem periodicamente em diferentes fases reprodutivas

(GINTHER et al., 1997). Cada onda folicular é composta por três fases distintas: fase de

recrutamento, seleção e dominância (SIROIS;FORTUNE, 1990). Sob a influência do

incremento na concentração sérica de FSH, um conjunto de folículos começa a crescer

e uma onda inicia-se (fase de recrutamento) (ADAMS et al.,1992; GIBBONS;

WILTBANK; GINTHER,, 1999). Durante o subseqüente decréscimo na concentração de

FSH, o futuro folículo dominante começa a ultrapassar o diâmetro dos outros folículos

(fase de seleção) e quando a concentração de FSH se torna basal, o folículo dominante

continua seu crescimento enquanto o restante dos folículos detém seu crescimento ou

regridem (fase de dominância) e são chamados de subordinados (BODENSTEINER et

al., 1996; GINTHER et al., 1997; GINTHER et al., 2000).

O início da diferença nas taxas de crescimento entre os dois maiores folículos da

onda foi definido por Ginther et al. (1996) como divergência. Os dois maiores folículos

demonstram uma taxa de crescimento paralelo até atingirem determinado diâmetro, o

qual coincide com a queda na concentração de FSH, então apenas um deles continua

seu crescimento (GINTHER et al., 1997; GINTHER et al., 2000). Em novilhas Holstein a

divergência na taxa de crescimento ocorre em média 2,8 dias após a emergência da

onda folicular, quando o futuro folículo dominante apresenta um diâmetro médio de 8,5

mm e o maior folículo subordinado 7,2 mm (GINTHER et al., 1996; 1997).

Page 39: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

40

Em fêmeas bovinas, inúmeras pesquisas acerca desta fase crítica do

desenvolvimento folicular foram e estão sendo realizadas em animais de raças

européias (Bos taurus taurus). A grande maioria do rebanho de corte brasileiro é

composta por animais zebuínos ou cruzados e trabalhos anteriores avaliando o

crescimento folicular monitorado por ultra-sonografia foram efetivos em demonstrar

diferenças, sobretudo ao que se refere ao diâmetro folicular (FIGUEIREDO et al., 1997;

GAMBINI et al., 1998; CASTILHO et al., 2000).

Como contribuição para o conhecimento da fisiologia reprodutiva da raça Nelore

brasileira pretendemos avaliar por meio de ultra-sonografias seriadas o momento e

diâmetro no qual se observa a divergência no crescimento entre os folículos dominante

e o maior subordinado durante a primeira onda folicular e correlacionar com as

alterações na concentração sérica de FSH e progesterona.

Page 40: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

41

MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Foram utilizadas 13 novilhas da raça Nelore (Bos taurus indicus), com idade

variando de 24 a 36 meses, pesando em média 300 Kg, pertencentes à Agropecuária J.

Garcia, localizada no município de Regente Feijó-SP. Durante o experimento, as

novilhas foram mantidas em pasto de Brachiaria decumbens, com acesso a água e sal

mineral ad libitum.

Sincronização da primeira onda folicular

A sincronização foi realizada com implante de liberação lenta de progestágeno

(Crestar Intervet International B.V-Boxmeer-Holanda) e aplicação de 3 mg de

norgestomet e 5 mg de valerato de estradiol no dia da inserção. O implante foi mantido

por nove dias e no oitavo dia 2 mL de PGF2α (150 mg de D+Clorprostenol, Veteglan

Calier, Barcelona-Espanha) foi aplicado por via intra-muscular.

Exame Ultra-sonográfico

Após a detecção do estro, observado duas vezes ao dia, foi utilizado aparelho de

ultra-som Aloka SSD-500 com transdutor de 7,5 MHZ para acompanhar a ovulação e

posterior desenvolvimento da primeira onda folicular como previamente descrito por

(FIGUEIREDO et al., 1997). Nos exames ultra-sonográficos, a cada 12 horas todos os

folículos ovarianos eram identificados e desenhados em diagramas, sendo os maiores

acompanhados individualmente pela posição e diâmetro durante dias sucessivos para

posterior identificação retrospectiva do folículo dominante e maior subordinado. As ultra-

sonografias foram realizadas desde a detecção da ovulação até 5 (duas novilhas) e 6

(cinco novilhas) dias após por um único operador.

Page 41: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

42

Os dados avaliados foram calculados com base na hora da ovulação (hora 0)

devido a impossibilidade de observar com exatidão a emergência da onda folicular nos

animais estudados.

Definições utilizadas

Detecção da ovulação: média em horas entre a última visualização do folículo

pré-ovulatório e o exame no qual o mesmo estava ausente, sendo a ovulação definida

como hora zero;

Início da Divergência: definido como o início da maior diferença nas taxas de

crescimento entre os dois maiores folículos ovarianos;

Diâmetro máximo: maior diâmetro atingido pelo maior folículo subordinado;

Hora do diâmetro máximo: primeiro exame no qual o maior folículo subordinado

exibiu seu diâmetro máximo;

Duração do crescimento: número de horas entre a primeira mensuração do maior

folículo subordinado até o exame em que cessou seu crescimento progressivo;

Taxa de crescimento: a taxa de crescimento foi obtida individualmente por

mensuração realizada a cada 12 horas.

Início da atresia: primeiro exame ultra-sonográfico no qual o maior folículo

subordinado apresentou diminuição no diâmetro.

Colheita de Sangue

Concomitante aos exames ultra-sonográficos foram colhidas amostras de sangue

em tubos de 15 mL heparinizados, mantidos em gelo, por no máximo 1 hora e

centrifugados a 750 g durante 15 minutos para a separação do plasma, o qual foi

congelado a –20°C para posterior dosagem de progesterona e FSH pelo método de

radioimunoensaio (RIA).

Page 42: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

43

Dosagem hormonal A dosagem da concentração plasmática de progesterona foi realizada utilizando-

se um kit comercial (Coat-a-Count, Diagnostic Products Corporation, CA, USA). Em um

ensaio realizado a sensibilidade foi 0,01 ng/mL e o coeficiente intra-ensaio 2,2%.

A dosagem da concentração plasmática de FSH foi determinada usando

radioimunoensaio validado para bovinos. Foi utilizado FSH bovino (USDA-bFSH) para

iodação e padrão de referência e NIDDK-anti-oFSH como primeiro anti-corpo,

previamente descrito por Bolt e Rollins, 1983. Em um ensaio realizado a sensibilidade

foi 0,009 ng/mL e o coeficiente intra-ensaio 5,6%.

Análise Estatística

Todas as análises foram executadas através do programa Statistical Analysis

System. (SAS Institute Inc, 1989), SAS\STAT Software, Release 8.2. Cary: SAS

Institute Inc. (LITTLELL et al., 1996).

Foi procedida análise de medidas repetidas para todas as variáveis avaliadas,

sendo cada novilha a unidade experimental. Devido à perda de informações nas

análises laboratoriais, utilizou-se a correção de SATTHERWAITHE dos graus de

liberdade para os testes na análise de variância.

Page 43: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

44

RESULTADOS

Foi observado que duas novilhas haviam perdido o implante, sendo as mesmas

retiradas do experimento. Das 11 novilhas restantes 90,9% (n=10) exibiram

comportamento estral em torno de 38 horas após a retirada dos implantes, 68,6% (n=7)

ovularam em um período de 56 horas e foram utilizadas durante o experimento.

O acompanhamento ultra-sonográfico da primeira onda folicular demonstrou

diferentes padrões de crescimento dos dois maiores folículos ovarianos (Figura 1). A

divergência folicular ocorreu em 6 animais 60 a 96 horas após a ovulação num período

compreendido entre 36 horas. Apenas na novilha n° 22 o FD e o FS apresentaram

diâmetros semelhantes até 96 horas e com 108 horas após a ovulação a diferença foi

de apenas 1 mm.

O futuro folículo dominante foi detectado pela ultra-sonografia ligeiramente mais

cedo que o maior folículo subordinado 29,14 e 32,57 horas, respectivamente, após a

ovulação. Em apenas uma (14,3%) novilha estudada (n° 19) o FS foi maior que o FD

nas primeiras 48 horas de desenvolvimento. Por outro lado, em duas novilhas (n° 18 e

20) o FD foi maior que o FS desde do momento de sua detecção até o momento da

divergência.

Page 44: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

45

Figura 1. Exemplos de diferentes padrões de crescimento folicular observados por ultra-sonografia

durante a primeira onda folicular, em novilhas da raça Nelore. FD (▲) folículo dominante; FS

(▲) folículo subordinado.

Novilha 20

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 1440

2

4

6

8

10

12

FD

FS

Novilha 18

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 1440

2

4

6

8

10

12 FD

FS

Novilha 22

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 1440

2

4

6

8

10

12

FD

FS

Novilha 14

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 1440

2

4

6

8

10

12

FD

FS

Horas após a ovulação

Diâ

met

ro (

mm

)

Page 45: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

46

Na análise dos resultados observou-se diferença significativa na taxa de

crescimento entre os dois maiores folículos (divergência) 84,0 horas após a ovulação

(p<0,008) com o folículo dominante medindo 7,18 mm, o qual foi maior 1,71 mm que o

diâmetro do maior folículo subordinado (5,47 mm) (Figura 2). Na tabela 1 são exibidas

as principais características dos folículos dominantes e subordinados, observadas

antes, durante e após a divergência no diâmetro folicular durante a primeira onda

folicular. A taxa de crescimento do FD não se alterou em virtude da divergência,

permanecendo em torno de 0,60 mm/12 horas e o FS cresceu 0,50 mm/12 horas.

Tabela 1. Características (média ± EPM*) da divergência folicular durante a primeira onda em novilhas Nelore, avaliadas por ultra-sonografia.

CARACTERÍSTICAS

Folículo

Dominante

Maior Folículo Subordinado

Início da Divergência (horas pós-ovulação) 84,00 ± 5,04 Momento da primeira detecção (horas) 29,14 ± 2,2 32,57 ± 4,30 Diâmetro no momento da divergência (mm) 7,18 ± 0,42 5,47 ± 0,42 Taxa de crescimento (mm/12 horas) Primeira detecção até 84 horas 0,66 ± 0,07 0,50 ± 0,08

84 a 96 horas 0,60 ± 0,13 ---- 84 a 120 horas 0,62 ± 0,11 ----

Diâmetro máximo (mm) ---- 5,88 ± 0,24 Hora do diâmetro máximo ---- 75,43 ± 5,04 Duração do crescimento (horas) ---- 42,86 ± 3,56 Taxa de cresc. (mm/12 h) até o último exame 0,65 ± 0,09 0,59 ± 0,11 * EPM = erro padrão da média.

Não foi observado efeito significativo (p>0,05) na concentração de FSH em

relação aos momentos avaliados, embora a concentração de FSH tenha sido mais

elevada antes da divergência e sofrido uma queda 24 horas antes do momento da

divergência (Figura 2).

Page 46: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

47

Figura 2. Variações no diâmetro do folículo dominante (FD) e maior subordinado (FS) e na

concentração de FSH, durante a primeira onda folicular em novilhas da raça Nelore (n=7).

Concentração de FSH (▲) ng/mL; FD (▲) = folículo dominante; FS (▲) = folículo

subordinado.* divergência folicular (p<0,008)

Os resultados dos parâmetros: momento e diâmetro máximo, momento e

diâmetro folicular no início da atresia, os quais foram observados no maior folículo

subordinado por imagens ultra-sonográficas, durante a primeira onda folicular em

novilhas da raça Nelore estão apresentados na tabela 2.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144 156

Horas após ovulação

Diâ

met

ro (

mm

)

0

0,03

0,06

0,09

0,12

0,15

0,18

0,21

0,24

0,27

0,3

FS

H (

ng

/mL

)

FD

FS

FSH

*

Page 47: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

48

Tabela 2. Momento (horas), diâmetro máximo (mm), início da atresia (horas) e diâmetro no início da atresia (mm) do maior folículo subordinado observados pela ultra-sonografia em novilhas Nelore (n=7).

Novilha Momento do diâmetro máx.

(horas)

Diâmetro Máximo

(mm)

Início da atresia (horas)

Diâmetro folicular Início da atresia

(mm) 12 84 5,0 96 4,0 14 60 5,5 96 5,0 17 72 5,8 84 5,5 18 84 7,0 108 6,1 19 60 6,0 72 5,5 20 72 6,0 84 5,0 22 96 5,5 108 5,0

média ±±±± EPM 75,43 ±±±± 5,04 5,88 ±±±± 0,24 92,57 ±±±± 5,04 5,15 ±±±± 0,24

A concentração de progesterona aumentou de 0,27 ± 0,21 ng/mL no momento da

ovulação para 4,2 ± 0,53 ng/mL 144 horas após, indicando a ciclicidade das novilhas

estudadas (Figura 3).

Figura 3. Variações na concentração sérica média de progesterona (ng/mL0 nas amostras colhidas a

cada 12 horas durante a primeira onda folicular de novilhas da raça Nelore (n=7). progesterona (▲) ng/mL.

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108120 132 144 1560.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

Horas após ovulação

ng/

mL

Page 48: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

49

DISCUSSÃO

Os dois maiores folículos ovarianos exibiram desenvolvimento similar até atingir

um determinado diâmetro, no qual o futuro folículo dominante continuou seu

crescimento ao passo que o maior subordinado diminuiu ou cessou seu

desenvolvimento, resultado semelhante ao observado em novilhas Holstein (GINTHER

et al., 1996;1997).

A disparidade com as novilhas Holstein se deu, sobretudo no que se refere ao

diâmetro folicular no momento da divergência. Nas novilhas da raça Nelore os

diâmetros dos maiores folículos da onda na divergência foram 7,2 e 5,5 mm, enquanto

em novilhas Holstein estes diâmetros foram 8,5 e 7,2 mm (BODENSTEINER et al.,

1996; GINTHER et al., 1996;1997).

Embora o acompanhamento ultra-sonográfico neste experimento tenha

começado antes da ovulação para emergência da primeira onda folicular, foi difícil

observar o momento exato da emergência devido ao temperamento das novilhas e

principalmente à população exuberante de folículos menores que 4 mm presente nos

ovários. Portanto, todos os dados foram analisados de acordo com a ovulação, evento

seguramente observado.

Analisando individualmente o momento da divergência, observamos que dentre

as 7 novilhas estudadas 6 delas exibiram início da divergência entre 60 e 96 horas após

a ovulação, enquanto em apenas 1 ocorreu 108 horas após. Na análise de variância foi

observada diferença significativa na taxa de crescimento entre os dois maiores folículos

(divergência) 84,0 horas após a ovulação (p<0,008). A divergência em novilhas Holstein

foi relatada 2,5 dias após o início da onda folicular (GINTHER et al., 1996;1997) sendo

neste estudo a emergência da onda 1,5 dias após a ovulação, portanto a divergência

iniciou-se 4 dias após a ovulação, entretanto nas novilhas Nelore foi ligeiramente mais

cedo 3,5 dias em média após a ovulação. Por outro lado nossos resultados estão em

acordo com os observados por Rivera e Fortune, 2001, os quais detectaram parada no

crescimento do FS iniciando-se em média 60 horas após a emergência da onda

Page 49: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

50

detectada 1 dia após a ovulação, portanto, o início da divergência foi 84 horas após a

ovulação.

A detecção do FD foi ligeiramente mais cedo que o FS 29,14 e 32,57 horas,

respectivamente, intervalo este menor que o observado por Ginther et al. 1997, onde o

FD antecedeu em 6 a 10 horas à emergência do maior subordinado.

A taxa de crescimento diária do FD não teve diferença entre os tempos avaliados

e foi ligeiramente maior antes da divergência. Entre a detecção do FD até a divergência

o crescimento foi de 1,32 mm, no dia da divergência foi de 1,20 mm e após a

divergência, 1,24 mm. Entretanto, Ginther at al. 1997 observaram taxa de crescimento

diária do FD de 1,6 mm antes da divergência, 2,7 mm no dia da divergência e 1,5 mm

por dia subseqüente. Porém, outro estudo recente do mesmo grupo demonstrou

resultado semelhante ao nosso, onde a taxa de crescimento do maior folículo (F1) 24

horas antes da divergência (1,4 mm/16 horas) foi igual à observada no momento da

divergência (1,4 mm/16 horas) (GINTHER at al., 2001). Em nosso estudo a divergência

foi observada quando o FS parou seu crescimento e não por aumento na taxa de

crescimento do FD.

A concentração de FSH nas novilhas zebuínas estudadas não apresentou

variação significativa, antes e após a divergência como observada em outros estudos

(GINTHER et al., 1997; GIBBONS; WILTBANK; GINTHER, 1999). Embora, sem

diferença significativa, a concentração de FSH começou a decrescer em torno de 36

horas antes da divergência no diâmetro folicular, estando em seu menor nível 24 horas

antes da divergência. As concentrações de FSH detectados pelo RIA em novilhas Bos

indicus (0,2 a 0,3 ng/mL) se mostraram em torno de 10 vezes menores que a

concentração deste em fêmeas Holstein (1 a 2 ng/mL) (ADAMS et al., 1992; GIBBONS;

WILTBANK; GINTHER, 1999; GINTHER et al., 2000). Por outro lado, em outros estudos

concentrações na ordem de 0,2 a 0,5 ng/mL também foram observadas em novilhas

Holstein (KULICK et al., 1999; GINTHER et al., 2001). Nossos resultados corroboram

com o único trabalho em novilhas da raça Nelore no qual foi realizada dosagem de

FSH, as concentrações encontradas foram semelhantes, ou seja, em torno de 0,2 ng/ml

(BURATINE et al., 2000).

Page 50: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

51

CONCLUSÃO

Em novilhas da raça Nelore a divergência no crescimento folicular durante a

primeira onda ocorre na maioria das novilhas entre 60 e 96 horas após a ovulação;

Folículo dominante acima de 7,2 mm e maior subordinado com 5,5 mm

presentes no ovário sugerem que a seleção do folículo dominante já se estabeleceu em

novilhas da raça Nelore;

A concentração plasmática de FSH, em torno de 10 vezes menor que em

novilhas Holstein, embora não significativa, antecede em 24 horas o momento da

divergência folicular.

Page 51: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS G.P., MATTERI R.L., KASTELIC J.P., KO J.C.H., GINTHER O.J. Association

between surges of follicle-stimulating hormone and the emergence of follicular waves in

heifers. J Reprod Fertil, v.94, p.177-188, 1992.

BEG M.A., BERGFELD D.R., KOT K., GINTHER O.J. Follicle selection in cattle:

dynamics of follicular fluid factors during development of follicle dominance. Biol

Reprod, v. 66, p. 120-126, 2002.

BODENSTEINER K.J., KOT K., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Synchronization of

emergence of follicular wave in cattle. Theriogenology, v.45, p.1115-1128, 1996.

BOLT D.J., ROLLINS R. Development and application of a radioimmunoassay for bovine

follicle-stimulating hormone. J Anim Sci, v. 23, p. 263-271, 1983.

Jr BURATINE J., PRICE C.A., VISINTIN J.A., BÓ G.A. Effects of dominant follicle

aspiration and treatment with recombinant somatotropin (BST) on ovarian follicular

development in Nelore (Bos indicus) heifers. Theriogenology, v. 54, p.421-431, 2000.

CASTILHO C., GAMBINI A.L.G., FERNANDES P., TRINCA L.A., TEIXEIRA A.B.,

BARROS C.M. Synchronization of ovulation in crossbred dairy heifers using

gonadotrophin-releasing hormone agonist, prostaglandin F2α and human chorionic

gonadotrophin or estradiol benzoate. Braz J Med Biol Res, v. 33(1), p.91-101, 2000.

FIGUEIREDO R.A., BARROS C.M., PINHEIRO O.L, SOLER J.M.P. Ovarian follicular

dynamics in Nelore Breed (Bos indicus), Theriogenology, v.47, p.1489-1505, 1997.

Page 52: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

53

GAMBINI A.L.G., MOREIRA M.B.P., CASTILHO C., BARROS C.M. Dinâmica folicular e

sincronização da ovulação em vacas da raça Gir. Rev Brasil Reprod Animal, v. 22,

p.201-210, 1998.

GIBBONS J.R., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Relationship between follicular

development and the decline in the follicle-stimulating hormone surge in heifers. Biol

Reprod, v. 60, p. 72-77, 1999.

GINTHER O.J., KNOPF L., KASTELIC J.P. Temporal associations among ovarian events

in cattle during oestrous cycles with two and three follicular waves. J Reprod Fertil, v.87,

p.223-230, 1989.

GINTHER O.J., WILTBANK M.C., FRICKE P.M., GIBBONS J.R., KOT K. Selection of

the dominant follicle in cattle. Biol Reprod, v. 55, p. 1187-1194, 1996.

GINTHER O.J., BERGFELD D.R., KULICK L.J., KOT K. Selection of the dominant

follicle in cattle: role of two-way functional coupling between follicle-stimulating hormone

and the follicle. Biol Reprod, v. 62, p. 920-927, 2000.

GINTHER O.J., KOT K., KULICK L.J., WILTBANK M.C. Emergence and desviation of

follicle during the development of follicular waves in cattle. Theriogenology, v.48, p.75-

87, 1997.

GINTHER O.J., BERGFELT D.R., BEG M.A., KOT K. Follicle selection in

cattle:relationships among growth rate, diameter ranking and capacity for dominance.

Biol Reprod, v. 65, p. 345-350, 2001.

KNOPF L., KASTELIC J.P., SCHALLENBERGER E., GINTHER O.J. Ovarian follicular

dynamics in heifers: test of two-wave hypothesis by ultrasonically monitoring individual

follicles. Domest Anim Endocrinol, v.6, p.111-9, 1989.

Page 53: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

54

KULICK L.J., KOT K., WILTBANK M.C., GINTHER O.J. Follicular and hormonal

dynamics during the first follicular wave in heifers. Theriogenology. v. 52, p. 913-921,

1999.

LITTLELL ROMAN C., MILLIKEN GEORGE A., STROUP WALTER W., WOLFINGER

RUSSEL D. SAS system for Mixed models, Cary, NC, USA: SAS Institute Inc., 1996.

633pp.

RHODES F.M., DE’ATH G., ENTWISTLE K.W. Animal and temporal effects on ovarian

follicular dynamics in Brahman heifers. Anim Reprod Sci, v.38, p.265-77, 1995.

RIVERA G.M., FORTUNE J.E. Development of codominant follicles in Cattle is associated

with a follicle-stimulating hormone-dependent insulin-like growth factor binding protein-4

protease. Biol Reprod, v. 65, p. 118-118, 2001.

SIROIS J., FORTUNE J.E. Lengthening of the bovine estrous cycle with low levels of

exogenous progesterone: a model for studying ovarian folicular dominance.

Endocrinology, v.127, p.916-25, 1990.

Page 54: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

55

CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DA ONDA FOLICULAR SOBRE A COMPETÊNCIA IN

VITRO DE OÓCITOS OBTIDOS DE NOVILHAS DA RAÇA NELORE

RESUMO: Os efeitos do momento da primeira onda folicular e estimulação com FSH

sobre a competência oocitária na produção in vitro de embriões bovinos foram

avaliadas em 2 experimentos: No experimento I, onze novilhas da raça Nelore foram

aspiradas em estádio aleatório do ciclo estral e constituíram o grupo controle e

dezenove novilhas tiveram a primeira onda sincronizada por aspiração folicular seguida

de aplicação de PGF2α e foram dividas em 5 grupos: G-I (n=5) aplicação de 150 UI de

FSHp 36 horas após a aspiração para emergência da onda e 24 horas após o FSH

aspiração para obtenção dos oócitos; G-II (n=5) idem ao G-I exceto que foram 2

aplicação de FSH (75 UI com intervalo de 24 h), G-III (n=5) e G-IV (n=4) o FSH foi

iniciado 48 horas após a aspiração para emergência da onda, no G-III utilizou-se 2

aplicações de FSH (75 UI com intervalo de 24 h) e no G-IV 1 aplicação de 50 UI de FSH

e 48 h após procedeu-se a obtenção do oócitos. A taxa de clivagem não diferiu

significativamente (p<0,06) entre os grupos estudados, entretanto a taxa de blastocisto

foi significativamente menor nos grupos G-I (11,29%) e G-II (16,66%) quando

comparado aos grupos controle (46,15%), G-III (46,87%) e GIV (41,30%). No

experimento II foi realizada a sincronização da primeira onda folicular utilizando-se

Crestar mantido por nove dias e no oitavo dia foi aplicada dose luteolítica de PGF2α.

Vinte e quatro horas após a retirada dos implantes cada novilha recebeu 10 mg de LH

(Lutropin-V) Em seguida as novilhas foram aleatoriamente divididas em 3 grupos

experimentais: G-60, G-96 e G-108 os quais variaram de acordo com o momento da

obtenção dos ovários após a ovulação induzida pelo LH. As taxas de clivagem e

desenvolvimento até blastocisto dos oócitos recuperados de novilhas com 60, 96 e 108

horas após a ovulação induzida com LH exógeno, diferiram significativamente

(p<0,0001), sendo decrescente com o aumento no tempo. A taxa de clivagem teve

efeito significativo do diâmetro folicular, sendo melhor nos oócitos oriundos de folículos

classe 3 ( � 8 mm), enquanto a taxa de blastocisto não teve efeito do diâmetro, mas

houve interação do diâmetro pelo grupo. As melhores taxas de blastocisto foram

Page 55: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

56

obtidas com oócitos aspirados de folículos classe 1 ( � 5 mm) no grupo G-60 (64,52%),

oócitos de folículos classe 2 (5-7 mm) (33,33%) no grupo G-96 e no G-108 os oócitos

de folículos classe 3 (50%). Conclui-se que o intervalo entre a aspiração para

emergência da onda de 48 horas para aplicação de FSH afetou a porcentagem de

blastocisto. O momento da onda influencia a competência oocitária de oócitos obtidos

de folículos dissecados, sendo o início da onda o melhor momento.

Palavras-chave: OPU-FIV, FSH, competência oocitária, novilhas Nelore (Bos indicus),

oócitos.

Page 56: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

57

INTRODUÇÃO E OBJETIVO

A obtenção de embriões pela técnica de produção in vitro tem crescido nos

últimos anos, sobretudo em bovinos onde está mais evoluída. O incremento na

proporção de embriões produzido in vitro, oriundo de oócitos colhidos de doadoras

vivas pela aspiração folicular guiada por ultra-sonografia (Ovum Pick-up, OPU), tem

sido almejado. Este procedimento permite a repetida produção de embriões de

doadoras vivas de alto valor genético e contribui como uma alternativa para a

superovulação, uma vez que a OPU permite a obtenção de oócitos uma ou duas vezes

por semana sem trauma aparente do trato reprodutivo, independente da fase do ciclo

estral (KRUIP et al., 1994; PIETERSE et al., 1991; BOLS; VANDENHEEDE; SOOM,

1995). Porém, a média atual do desenvolvimento in vitro permanece em torno de 30%

do total de oócitos maturados. De 8 a 10 oócitos colhidos pela OPU há uma produção

média de 2 embriões transferidos (GALLI et al., 2000) em bovinos de raças européias.

Em animais da raça Nelore (Bos indicus) Dayan et al., 2000 observaram grande

variação na taxa de blastocisto entre as doadoras com média de 42% de embriões

produzidos in vitro. A capacidade para fecundação e desenvolvimento de oócitos

maturados in vivo é maior que os oócitos maturados in vitro (BLONDIN et al., 2002).

Existem fortes evidências de que a origem do folículo é importante para determinar a

qualidade do oócito (SIRARD et al., 1999).

O crescimento do oócito dentro do folículo ovariano é determinado por grande

número de fatores que influenciam sua viabilidade e competência para o

desenvolvimento in vitro. Estes fatores incluem: tamanho folicular (LONERGAN et al.,

1994; HENDRIKSEN et al., 2000), dia do ciclo estral (MACHATKOVÁ et al., 1996) nível

de atresia e influência do folículo dominante (HAGEMANN, 1999a). Quando a aspiração

folicular é realizada independe da fase do ciclo estral mais de 85% dos folículos

ovarianos são atrésicos. Em poucas palavras pode-se assumir que a origem do folículo

pode determinar o futuro do oócito (revisado em HENDRIKSEN et al., 2000).

Em suma, o oócito para ser fertilizado in vivo é doado pelo folículo saudável,

durante uma fase específica do ciclo estral. Enquanto, os oócitos colhidos para a

Page 57: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

58

produção in vitro são obtidos de folículos em diferentes etapas do desenvolvimento e

em fases distintas do ciclo estral, portanto, expostos a diferentes concentrações de

estradiol, progesterona, LH e FSH. Estes fatores, por sua vez, podem afetar a

competência oocitária para o desenvolvimento de embriões in vitro (WIT et al., 2000).

Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento da produção in vitro de

embriões, avaliamos a influência da fase do desenvolvimento folicular sobre

competência oocitária para o desenvolvimento embrionário in vitro. Tendo como ponto

de referência da onda à fase de divergência no crescimento folicular, ou seleção do

folículo dominante, testamos duas hipóteses:

O efeito de diferentes protocolos com baixas doses de FSH para causar co-

dominância e colheita dos oócitos em 60, 84 e 96 horas após a ovulação, sobre a

competência oocitária;

A influência do diâmetro folicular e momento da onda (60, 96 e 108 horas após a

ovulação) sobre a competência oocitária.

Page 58: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

59

MATERIAL E MÉTODOS

Experimento I

Animais

Foram utilizadas 24 novilhas da raça Nelore (Bos taurus indicus), com idade

variando de 24 a 36 meses, pesando em média 300 Kg, pertencentes à Agropecuária J.

Garcia. Durante o experimento, as novilhas foram mantidas em uma propriedade no

município de Barrinha SP localizada a 28 km da UNESP - Campus de Jaboticabal, em

pasto nativo do tipo várzea, com acesso a água e sal mineral ad libitum.

Grupos Experimentais e Sincronização da Onda Folicular

Vinte e quatro novilhas da raça Nelore, das quais 11 constituíram o grupo

controle, tiveram os ovários aspirados em estádio aleatório do ciclo estral e em seguida

foi administrado 1,0 mL de PGF2α (Veteglan, 75 mg de D+Clorprostenol, Laboratório

Calier, Barcelona, Espanha) por via intra-vulvar. A completa aspiração dos folículos

ovarianos induziu a emergência de uma nova onda folicular e a administração de

PGF2α o mesmo padrão endócrino em todas as novilhas.

Estas mesmas novilhas foram divididas aleatoriamente em 4 grupos

experimentais G-I (n=5), G-II (n=5), G-III (n=5) e G-IV (n=4).

A aplicação de FSHp (Pluset Laboratório Calier, Barcelona, Espanha) foi

iniciada 36 (G-I e G-II) ou 48 horas (G-III e G-IV) após a aspiração e aplicação de

PGF2α, utilizando-se uma dose de 150 UI (G-I) ou duas de 75 UI com 24 horas de

intervalo (G-II e G-III). Nestes grupos a aspiração folicular para a obtenção dos oócitos

foi realizada 24 horas após a última dose de FSH. No gupo G-IV foi administrado 50 UI

de FSHp 48 horas após a PGF2α e 48 horas após procedeu-se as aspirações. Os

grupos experimentais estão esquematizados a seguir.

Page 59: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

60

Grupo I (60 horas, n=5)

Dias 0 Aspiração Folicular

36 horas 24 horas após

Aspiração FSH PGF2αααα (150 UI) (75 mg) Grupo II (84 horas, n=5)

Dias 0 Aspiração Folicular

36 horas 24 horas 24 horas

Aspiração FSH FSH PGF2αααα (75 UI) (75 UI) (75 mg) Grupo III (96 horas A, n=5)

Dias 0 Aspiração Folicular

48 horas 24 horas 24 horas

Aspiração FSH FSH PGF2αααα (75 UI) (75 UI) (75 mg) Grupo IV (96 horas B, n=4)

Dias 0 Aspiração Folicular

48 horas 48 horas

Aspiração FSH PGF2αααα (50 UI) (75 mg)

Figura 1. Representação esquemática dos tratamentos realizados.

Page 60: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

61

Aspiração folicular para obtenção dos oócitos

O procedimento de aspiração folicular foi realizado utilizando-se um equipamento

de ultra-som SCANNER 200 VET, Pie Medical com transdutor convexo de 5,0 e 7,5

MHZ acoplado em uma guia de biópsia para uso trans-vaginal. As aspirações foram

realizadas com agulha hipodérmica descartáveis 40 X 10 (Becton Dickson) e mangueira

de silicone com 2 mm de diâmetro interno e 80 cm de comprimento. A pressão de

vácuo utilizada foi de 65 a 70 mm de Hg, (15 mL de água/minuto) mantida com uma

bomba de aspiração (Rocket Medical, Inglaterra) de acordo com Bols et al. (1995).

Para evitar movimentos peristálticos e desconforto ao animal, em cada

aspiração, foi realizada anestesia epidural com 2,5 mL de cloridrato de lidocaína 2%

seguida ela limpeza da região perineal com água e álcool. Imediatamente após o

procedimento anterior o transdutor foi completamente inserido no fundo vaginal e, com

auxílio de manipulação transretal, os ovários foram posicionados para obtenção de uma

boa visualização ultra-sonográfica. Os folículos a serem aspirados foram posicionados

na linha de punção indicada na tela do ultra-som e após inserir a agulha no folículo a

ser aspirado a bomba de vácuo era acionada. Este procedimento foi realizado em todos

os folículos acima de 2 mm visualizados em cada ovário. O meio de aspiração e

lavagem do sistema foi composto de PBS, kanamicina (0,075 mg/mL) e heparina sódica

(10000 UI/L).

Lavagem, Seleção e Transporte

O material aspirado foi imediatamente transferido para um filtro de colheita de

embriões (EmCom) e lavado com o mesmo meio utilizado para lavagem do sistema.

O sedimento restante foi depositado em placas de Petri para efetuar a contagem e

avaliação da qualidade dos oócitos. Após a classificação dos oócitos recuperados em

grau I, II, III, expandido, desnudo e atrésico os mesmos foram envasados em criotubos

contendo: 0,5 mL de TCM 199 Hepes (Life Techinologies), suplementado com 10% de

soro fetal bovino (SFB), 50µg de amicacina, 50 UI de hormônio luteinizante (Profasi,

Page 61: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

62

Serono), 0,5µµµµg de hormônio folículo estimulante (FSH - Folltropin, Vetrepharm), 1µg

de estradiol (Estradiol-17β - Sigma E - 8875), 2,2µg de piruvato. Os criotubos foram

mantidos a 35°C até chegar ao laboratório de Reprodução Animal - UNESP- Campus

de Jaboticabal.

Maturação in vitro dos oócitos

Os oócitos obtidos foram lavados três vezes em meio de lavagem TCM-199

Hepes, suplementado com 10% de SFB e 50µg de amicacina. Em seguida, os oócitos

foram transferidos para gotas contendo 100 µL de meio de maturação em placas de

Petri, mantidos à temperatura de 39°C em atmosfera gasosa de 5% de CO2 em ar,

durante 24 horas. Os oócitos foram cultivados em meio de maturação TCM 199

Bicarbonato suplementado com 10% SFB, 50UI de hCG/mL, 0,5µg de FSH/mL, 1µg de

estradiol/mL, 2,2µg de piruvato/mL, 50µg de amicacina/mL e mantidos nas mesmas

condições descritas acima.

Fertilização in vitro dos oócitos

Os oócitos maturados foram lavados três vezes em meio de fecundação TALP-

FIV e aproximadamente 20 foram transferidos para cada microgota de 100µL de meio

de fecundação Tyrode modificado (TALP) suplementado com 10 µg/mL de heparina e

160µL da solução PHE. O sêmen congelado foi separado em Gradiente de Percoll 90 e

45%, submetido a uma força de centrifugação de 900g durante 30 minutos. O

sedimento foi recuperado e avaliado quanto ao volume, concentração e motilidade

espermática. A concentração final foi ajustada para 25 x 106 espermatozóides vivos por

mL, de modo que, ao adicionar 4µL do sêmen em cada microgota de 100µL de meio

TALP-FIV–Gotas, obteve-se a concentração final de 100x103 espermatozóides vivos

por gota. Posteriormente, foram incubados em temperatura de 39°C por 18 a 20 horas,

com atmosfera de 5% de CO2 em ar, para a fecundação.

Page 62: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

63

Cultivo in vitro de desenvolvimento

Passado o tempo de fecundação (24 horas), os zigotos foram lavados por três

vezes em meio SOF e depositados em microgotas contendo 100µL deste meio,

recobertas por óleo mineral. No terceiro e quinto dia após, 50 µL de SOF foi renovado

em cada microgota (feeding). A taxa de clivagem foi avaliada 48 horas após a

fecundação e o desenvolvimento dos blastocistos no 8° dia após serem depositados em

meio de maturação.

Análise Estatística

Todas as análises foram executadas através do programa Statistical Analysis

System. (SAS Institute Inc, 1989), SAS\STAT Software, Release 8.2. Cary: SAS

Institute Inc. (LITTLELL et al., 1996).

Foi realizada análise de Variância para um modelo linear generalizado de uma

via utilizando-se a macro glimmix para as variáveis: qualidade do oócito, taxa de

clivagem e blastocisto. Para a comparação entre os tratamentos utilizou-se teste t-

student.

Page 63: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

64

Experimento II

Animais

As mesmas novilhas, mantidas nas mesmas condições do experimento anterior,

foram utilizadas.

Grupos Experimentais e Sincronização da Onda Folicular

Inicialmente foi feita sincronização da primeira onda folicular utilizando-se

implante de liberação lenta de progestágeno (Crestar Intervet International B.V-

Boxmeer-Holanda) e aplicação de 3 mg de norgestomet e 5 mg de valerato de estradiol

no dia da inserção. O implante foi mantido por nove dias e no oitavo dia 1,0 mL de

PGF2α (75 mg de D+Clorprostenol, Veteglan Calier, Barcelona-Espanha) foi aplicado

por via intra-vulvar. Vinte e quatro horas após a retirada dos implantes cada novilha

recebeu 10 mg de LH (Lutropin-V Vetrepharm, Beleville, Ontário, Canadá) por via intra-

muscular. Em seguida as novilhas foram aleatoriamente divididas em 3 grupos

experimentais: G-60, G-96 e G-108 os quais variaram de acordo com o momento do

abate das novilhas para colheita dos ovários após a ovulação induzida pelo LH. Os

grupos experimentais estão esquematizados a seguir.

Page 64: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

65

Grupo G-60 (n=8)

Dias 0 8 9 10 11 ABATE

60 horas

Crestar PGF2αααα Retirada LH Ovulação (75 mg) Crestar (10 mg) Grupo G-96 (n=5)

Dias 0 8 9 10 11 ABATE

96 horas

Crestar PGF2αααα Retirada LH Ovulação (75 mg) Crestar (10 mg) Grupo G-108 (n=6)

Dias 0 8 9 10 11 ABATE

108 horas

Crestar PGF2αααα Retirada LH Ovulação (75 mg) Crestar (10 mg)

Figura 1. Representação esquemática dos tratamentos realizados.

Page 65: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

66

Obtenção e transporte dos ovários

Devido ao grande número de folículos a serem dissecados, os animais do grupo

G-60 foram abatidos em um dia, sendo as novilhas dos grupos G-96 e G-108 abatidas

juntas no dia seguinte. O intervalo para a obtenção dos ovários em cada dia no

abatedouro não ultrapassou o período de uma hora. Os ovários foram depositados aos

pares separadamente por animal em sacos plásticos identificados contendo solução

fisiológica aquecida (35°C) e imediatamente enviados para o laboratório.

Obtenção dos oócitos

No laboratório cada par de ovário foi dissecado por animal e momento da onda,

os folículos contados e medidos com paquímetro foram classificados pelo diâmetro em

3 classes: Classe 1 ( � 5 mm), classe 2 (5-7mm), classe 3 ( � 8 mm). Os oócitos

separados de acordo com a classe do folículo e momento foram maturados,

fecundados e cultivados in vitro como descrito no experimento anterior com algumas

variações no tempo de maturação. O grupo G-60 foi maturado por 28 horas e os grupos

G-96 e G-108 por 32 horas devido ao tempo despendido na obtenção dos oócitos.

Análise Estatística

Todas as análises foram executadas através do programa Statistical

Analysis System. (SAS Institute Inc, 1989), SAS\STAT Software, Release 8.2. Cary:

SAS Institute Inc. (LITTLELL et al., 1996).

Foi realizada análise de Variância para um modelo linear generalizado de

uma via utilizando-se a macro glimmix para as variáveis: qualidade do oócito, taxa de

clivagem e blastocisto. Para a comparação entre os momentos utilizou-se teste t-

student. Para este experimento os tratamentos foram arranjados em um fatorial 3 x 3

correspondentes a 3 momentos da onda (G-60, 96 e 108) e 3 classes de diâmetro

(classe 1, 2 e 3).

Page 66: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

67

RESULTADOS

Experimento I

Foram realizadas 31 sessões de aspiração folicular em 24 novilhas divididas em

5 grupos experimentais: Controle (n=11), grupo I (n=5), grupo II (n=5), grupo III (n=5),

grupo IV (n=4), totalizando ao final 328 oócitos maturados, ou seja, em média 10,58

oócitos por animal, resultando em 94 embriões desenvolvidos em estádio de mórula e

blastocisto no oitavo dia após a maturação oocitária, totalizando 3,03 embriões por

sessão de aspiração.

Na tabela 1 e figura 2 estão demonstrados o efeito do momento da primeira onda

folicular e do tratamento com FSH na qualidade dos oócitos recuperados.

Tabela 1. Efeito da fase da primeira onda folicular e aplicação de FSH na qualidade dos oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore.

Qualidade dos oócitos

Grupos Grau I Grau II Grau III Expandido Desnudo Atrésico Controle (n=11) (39/117)

33,33% a (34/117) 29,06% a

(26/117) 22,22% a

(0/117) 0% b

(6/117) 5,12% a

(12/117) 10,25% a

G-I (n=5) (19/62) 30,64% a

(11/62) 17,74% a

(6/62) 9,67% a

(18/62) 29,03% a

(1/62) 1,61% a

(7/62) 11,29% a

G-II (n=5) (24/66) 36,36% a

(18/66) 27,27% a

(11/66) 16,66% a

(6/66) 9,09% b

(2/66) 3,03% a

(5/66) 7,57% a

G-III (n=5) (8/36) 22,22% a

(10/36) 27,77% a

(12/36) 33,33% b

(0/36) 0% b

(2/36) 5,55% a

(4/36) 11,11% a

G-IV (n=4) (6/46) 10,63% b

(11/46) 25,53% a

(18/46) 40,42% b

(3/46) 6,38% b

(0/46) 0% a

(8/46) 17,02% a

Valores na mesma coluna com diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

Com relação aos oócitos grau I o único grupo que diferiu significativamente

(p<0,02) entre os tratamentos foi o G-IV (10,63%), sendo os melhores tratamentos os

grupos controle (33,33%), G-I (30,64%) e G-II (36,36%).

Não houve diferença significativa (p<0,57) para a porcentagem de oócitos grau II

e a porcentagem de oócitos grau III foi significativamente (p<0,001) maior nos grupos

G-III (33,33%) e G-IV (40,42%) quando comparado aos grupos controle, G-I e G-II os

quais não diferiram entre si. Houve diferença altamente significativa (p<0,0001) na

porcentagem de oócitos expendidos no grupo G-I (29,03%), e a quantidade de oócitos

Page 67: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

68

desnudos não apresentou diferença significativa (p<0,42), nem tão pouco a quantidade

de atrésicos (p<0,62).

Figura 2. Distribuição da porcentagem de oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore de acordo com a qualidade e expanção do cumulus. Tratamentos: 1 (controle), 2 (G-I), 3 (G-II), 4 (G-III) e 5 (G-IV). Diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

Na tabela 2 observa-se o número e a taxa de oócitos clivados e desenvolvidos

no oitavo dia. A taxa de clivagem observada 48 horas após a fecundação não

demonstrou diferença significativa (p<0,06) entre os grupos estudados (Tabela 2 e

Figura 3). No entanto a taxa de blastocisto foi significativamente menor nos grupos G-I

(11,29%) e G-II (16,66%) quando comparado aos grupos controle (46,15%), G-III

(46,87%) e GIV (41,30%) (Tabela 2 e Figura 3).

Tabela 2. Efeito do momento da aspiração e aplicação de FSH sobre a porcentagem de embriões

clivados (48 h após fecundação) e blastocistos desenvolvidos no 8o dia após a maturação.

Controle (n=11)

G-I (n=5)

G-II (n=5)

G-III (n=5)

G-IV (n=4)

Oócitos clivados

(67/91) 73,62% a

(38/62) 61,29% a

(47/66) 71,21% a

(26/32) 81,25% a

(39/46) 84,78% a

Blastocistos

(42/91) 46,15% a

(07/62) 11,29% b

(11/66) 16,66% b

(15/32) 46,87% a

(19/46) 41,30% a

Valores na mesma linha com diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

1 2 3 4 50

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50Grau I

Grau II

Grau III

Expandido

a a

a

a

b

a

a

aa

a

a

a

a

b

b

a

b b

Tratamentos

% Q

ual

idad

e do

s o

ócito

s

Page 68: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

69

Figura 3. Porcentagem de embriões clivados e desenvolvidos até o estádio de blastocisto após a

maturação de oócitos oriundos de novilhas da raça Nelore. Tratamentos: 1 (controle), 2 (G-I), 3 (G-II), 4 (G-III) e 5 (G-IV). Diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05)

1 2 3 4 50

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100Maturados

%Clivagem

%Blastocisto

aa

a

a a

a

bb

aa

Tratamentos

% c

livag

em e

bla

sto

cist

o

Page 69: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

70

Experimento II

Nos 15 pares de ovários estudados foram visualizados 415 folículos (27,6 por

animal), nos quais 369 (24,6 por animal) foram dissecados. Em 24 novilhas 404 oócitos

foram recuperados por dissecação ou aspiração (16,8 por animal) resultando em 267

clivados (66%) e 126 blastocistos desenvolvidos (31,18%).

Ao avaliarmos o percentual de folículos classe 1 ( � 5 mm) observamos que não

houve diferença significativa (p<0,09) entre os tratamentos. Quanto aos folículos classe

2 (5-7 mm) o grupo G-96 diferiu significativamente (p<0,04) dos grupos G-60 e G-108,

os quais apresentaram maior número de folículos desta classe 19,53% e 26,08%,

respectivamente. No que se refere aos folículos classe 3 ( � 8 mm) o grupo G-60 não

apresentou nenhum, e os grupos G-96 e G-108 apresentaram 9,41% e 4,34%,

respectivamente.

Tabela 1. Efeito da fase de divergência folicular da primeira onda sobre a quantidade de folículos classes 1, 2 e 3.

Classe 1 (� 5 mm) Classe 2 (5-7mm) Classe 3 ( � 8 mm) G-60 (103/128)

80,46% a (25/128) 19,53% a

(0/128) 0% b

G-96 (51/80) 71,76% a

(11/80) 12,94% b

(7/80) 9,41% a

G-108 (112/161) 69,56% a

(42/161) 26,08% a

(7/161) 4,34% b

Valores na mesma coluna com diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

Page 70: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

71

Figura 2. Distribuição do percentual de folículos classificados pelo diâmetro, após dissecação em

diferentes momentos da primeira onda folicular. Diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

60 96 1080

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100Classe 1

Classe 2

Classe 3

aa a

a

ba

ba

Grupos

% c

lass

e fo

licul

ar

Page 71: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

72

Com relação à qualidade dos oócitos obtidos das diferentes classes de folículos

observamos que não houve efeito (p<0,82) do diâmetro folicular ou interação diâmetro

por grupo (p<0,10) para os oócitos grau I. Houve um aumento significativo (p<0,01) na

proporção de oócitos grau II no grupo G-60 (23,03%), seguido pelo G-96 (15,75%) e G-

108 (11,72%), sem, no entanto, efeito do diâmetro folicular (p<0,72) sobre a proporção

de oócitos de grau II. A tabela 2 e figura 3 demonstraram a porcentagem da qualidade

dos oócitos obtidos nos diferentes momentos da onda.

Para os oócitos grau III, não foi observado efeito do momento da onda (p<0,59)

ou interação do diâmetro (P<0,36) nos tempos estudados. Já para a proporção de

oócitos desnudo houve diferença significativa (p<0,002) nos tempos estudados, sendo

G-60 (2,45%) o grupo que apresentou a menor proporção, porém sem efeito do

diâmetro folicular (p<0,43) sobre a quantidade de oócitos desnudos.

Não houve efeito do diâmetro folicular (p<0,26) sobre o número de oócitos

atrésicos, nem efeito do grupo (p<0,06) estudado.

Tabela 2. Efeito da fase de divergência no crescimento folicular sobre a qualidade dos oócitos

recuperados de novilhas da raça Nelore.

Qualidade dos oócitos Grupos Grau I Grau II Grau III Desnudo Atrésico

G-60 (127/204) 62,25% a

(47/204) 23,03% a

(23/204) 11,27% a

(02/204) 2,45% a

(05/204) 0,98% a

G-96 (87/146) 63,69% a

(23/146) 15,75% ab

(12/146) 8,21% a

(11/146) 7,53% ab

(07/146) 4,79% b

G-108 (95/145) 65,51a

(17/145) 11,72% b

(13/145) 8,96% a

(17/145) 11,72% b

(03/145) 2,06% ab

Valores na mesma coluna com diferentes letras sobrescritas (a, b) diferem entre si (p<0,05).

Page 72: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

73

Figura 3. Distribuição do percentual de oócitos recuperados de novilhas da raça Nelore, de acordo com a

qualidade em diferentes momentos da primeira onda folicular. Diferentes letras sobrescritas (a,

b) diferem entre si (p<0,05).

As taxas de clivagem e desenvolvimento até blastocisto dos oócitos recuperados

de novilhas com 60, 96 e 108 horas após a ovulação induzida com LH exógeno, diferem

significativamente (p<0,0001), sendo decrescente com o aumento no tempo (Tabela 3).

Tabela 3. Efeito da fase de divergência no crescimento folicular sobre a porcentagem de embriões

clivados (48 h após fecundação) e blastocistos desenvolvidos no 8o dia após a maturação.

G-60 (n=8)

G-96 (n=8)

G-108 (n=7)

Oócitos clivados

(149/184) 80,90 a

(65/105) 61,90% b

(53/115) 46,08% c

Blastocistos

(90/184) 48,91% a

(24/105) 22,85% b

(12/115) 10,43% c

Valores na mesma linha com diferentes letras sobrescritas (a, b, c) diferem entre si (p<0,05).

60 96 1080

10

20

30

40

50

60

70

80Grau I

Grau II

Grau III

Desnudo

Atrésico

a

bab

a a a

a ab

aa a

a

abab

b

Grupos

% q

ual

idad

e do

s o

ócito

s

Page 73: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

74

Quando a taxa de clivagem foi avaliada de acordo com o diâmetro folicular,

houve efeito significativo (p<0,0001) na taxa de clivagem a qual foi maior em folículos

classe 3 ( � 8 mm) (100%) e não diferiu nas classes 1 ( � 5 mm) (56,74%) e 2 (5-7 mm)

(66,20%) e não houve interação do diâmetro pelo grupo (p<0,46). A taxa de blastocisto

não teve efeito do diâmetro (p<0,33), mas houve interação do diâmetro pelo grupo

(p<0,02), tendo os oócitos de folículos classe 1 no grupo G-60 a melhor taxa de

desenvolvimento (64,52%), no grupo G-96 os oócitos obtidos de folículos classe 2

(33,33%) e no G-108 os oócitos de folículos classe 3 (50%).

Figura 4. Percentual de clivagem e de produção de blastocisto in vitro de oócitos obtido de novilhas da

raça Nelore em diferentes momentos da primeira onda folicular. Diferentes letras sobrescritas (a, b, c) diferem entre si (p<0,05)

60 96 1080

102030405060708090

100Maturados

% Clivagem

% Blastocisto

a

b

ca

b

c

Grupos

% C

livag

em e

Bla

stoc

isto

Page 74: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

75

DISCUSSÃO

Experimento I

No experimento I observamos o efeito do momento de aplicação de FSH após a

sincronização da onda folicular por aspiração dos folículos ovarianos acima de 2 mm,

para indução da nova onda folicular, sobre a porcentagem de desenvolvimento dos

embriões in vitro.

O grupo I exibiu a menor porcentagem de desenvolvimento embrionário (11,29%)

seguido pelo grupo II (16,66%), nestes grupos a aplicação de FSH iniciou-se apenas 33

horas após a aspiração de todos os folículos ovarianos acima de 2 mm. Por outro lado,

os grupos III e IV, onde a aplicação de FSH iniciou-se 48 horas após a aspiração para

emergência da onda folicular, apresentaram as melhores taxas de desenvolvimento

46,87% e 41,30%, respectivamente e não diferiram do grupo controle (46,15%). A

dosagem de FSH também pode ter influenciado nestes resultados, uma vez que o

Grupo I recebeu a maior dose (150 UI) em uma única aplicação, entretanto nos grupos

II e III a dose de FSH foi igual, ou seja, duas aplicações de 75 UI com intervalo de 24

horas, o que não justifica a diferença na taxa de desenvolvimento (16% vs 46%).

Portanto o que parece ter afetado a competência para o desenvolvimento embrionário

foi o momento de aplicação de FSH.

Uma possível explicação para este achado é que em torno de 1 dia após a

aspiração do folículo dominante ocorre aumento da concentração endógena de FSH e

início de uma nova onda folicular, tanto em novilhas Bos taurus (AMARIDIS et al., 1999)

quanto Bos indicus (BURATINE et al., 2000). Talvez, nos grupos onde o intervalo foi de

33 horas o FSH exógeno somou-se ao endógeno e afetou a competência do oócito.

Tanto que morfologicamente no grupo I, que recebeu a maior dose de FSH houve a

maior proporção de oócitos expandidos (29,9%) seguido pelo grupo II (9,09%) e III

(6,38%). Alguns autores têm demonstrado que tratamentos superovulatórios podem

induzir variação na maturação nuclear e citoplasmática do oócito (DIELEMAN et al.,

1993) afetando a competência oocitária (BLONDIN et al., 1996). Em outro trabalho

Blondin et al. 1996 confirmam estes achados sugerindo que, embora a superovulação

Page 75: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

76

aumente o diâmetro folicular e diminua o nível de atresia, estas condições não são

suficientes para conferir competência para o desenvolvimento embrionário.

O grupo IV embora tenha apresentado a menor porcentagem de oócitos grau I,

as maiores taxas de oócitos grau III, atrésico e 6,38% de expandidos não houve

comprometimento da taxa de desenvolvimento embrionário. Oócitos bovinos com

células do cumulus exibindo sinais médios de atresia tiveram taxas maiores de

desenvolvimento embrionário que oócitos sem sinais de atresia e a competência para o

desenvolvimento embrionário in vitro somente é afetada por altos níveis de atresia

(BLONDIN; SIRARD, 1995).

O uso de baixas doses de FSH antes do esperado momento da seleção folicular

é usualmente utilizado para estudar a dependência hormonal da seleção morfológica

(ADAMS et al., 1993) e funcional (MIHM et al., 1997). No presente estudo a despeito da

estimulação com gonadotrofina para causar co-dominância e estudar o efeito da fase

do desenvolvimento folicular, os melhores resultados foram obtidos quando a aspiração

foi realizada 96 horas após a ovulação. Ou seja, os folículos estavam em sua maioria

em fase de crescimento ou apenas iniciando a atresia, achados do experimento

realizado no capítulo 2 indicam que em média a atresia do maior subordinado inicia-se

em torno de 92 horas após a ovulação. Alguns trabalhos têm demonstrado que um

certo nível de atresia folicular não afeta negativamente a competência oocitária

(BLONDIN; SIRARD, 1995) e que folículos com mais de 73% de células apoptóticas

podem gerar oócitos com competência para o desenvolvimento embrionário

(HAGEMANN et al., 1999a).

No presente estudo o intervalo entre a aplicação de FSH para a aspiração

folicular de 24 horas (G-III) e 48 horas (G-IV) não afetou a taxa de desenvolvimento

embrionário. Alguns trabalhos têm demonstrado que o intervalo de 48 horas após o

tratamento com FSH para a recuperação dos oócitos é melhor que 24 horas (BLONDIN;

GUILBAULT; SIRARD, 1997) ou 33 horas (SIRARD et al., 1999). Talvez a baixa dose

de FSH utilizada no presente experimento tenha abolido este efeito sobre o intervalo

entre o FSH e a recuperação dos oócitos.

Page 76: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

77

Experiento II

No presente estudo observou-se influência do momento da onda sobre a

competência para o desenvolvimento in vitro, sendo o início da onda o melhor tempo

para a obtenção dos oócitos, tanto para a taxa de desenvolvimento quanto a

porcentagem de oócitos graus I, II e III.

Em novilhas Nelore nos 3 momentos estudados, 60, 96 e 108 horas após a

ovulação a população de folículos visualizados na superfície dos ovários foi em média

27,6 folículos por animal, no entanto após a dissecação foram obtidos 24,9 folículos por

animal. Estes dados estão abaixo dos obtidos de vacas Brahman cruzadas (3/4-7/8) em

estádio aleatório do ciclo estral onde em média 40 folículos foram dissecados por

animal (FITZPATRICK; ENTWISTLE, 1997). Entretanto, no presente estudo em

novilhas Nelore o grande número de folículos menores que 4 mm no momento da

dissecação dificultou a separação dos folículos.

Após a dissecação dos folículos e separação por classe de diâmetro observou-se

que a porcentagem de folículos classe 1 ( � 5 mm) não diferiu entre os momentos

estudados e foi mais abundante que as classes 2 e 3, variando de 69,56% no grupo G-

108 a 80,46% no G-60. Estes dados estão de acordo com os resultados obtidos em

vacas Brahman no qual os folículos classe 1 (<4 mm) foram encontrados em maior

número (28/40) quando comparados as classes 2 (4-8 mm) (11,6/40) e 3 (> 8mm)

(0,7/40) (FITZPATRICK; ENTWISTLE, 1997). Esta variação entre os momentos para as

classes de folículos demonstra claramente a seleção folicular, ou seja, no início da onda

G-60 folículos pequenos em maior quantidade (80,46%), os quais diminuem com o

avanço da onda, e conseqüente diminuição na concentração de FSH (ADAMS et al,

1993; GINTHER et al., 1997). Por outro lado os folículos classe 2 (5-7 mm) foram

significativamente mais abundantes no grupo G-108 (26,08%), ao passo que os

folículos classe 3 ( � 8 mm) ausentes no grupo G-60 surgiram no grupo G-96 (9,41%) e

G-108 (4,34%). Estes resultados estão de acordo com experimentos realizados com

ultra-sonografia para visualizar a divergência folicular (GINTHER et al., 1997).

Page 77: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

78

A qualidade do oócito é de suprema importância em tecnologias de reprodução

assistida (VASSENA, et al., 2003). O momento da onda não influenciou a quantidade

dos oócitos grau I e III, mas a porcentagem de oócitos grau II diferiu significativamente

entre os tempos (G-60, 96 e 108), sendo no grupo G-60 a maior proporção (23,03%). O

grupo G-60 foi o que apresentou a maior porcentagem (96,5%) de oócitos graus I, II e

III, seguido pelo G-96 (87,7%) e G-108 (86,1%). Não houve interação do diâmetro

folicular com nenhuma das qualidades (grau I, II, III, atrésico e desnudo) dos oócitos

estudados. Por outro lado, Fukui e Sakuma, 1980 observaram que 86 a 94% dos

oócitos aspirados de folículos � 5 mm apresentavam células do cumulus, no entanto

houve uma queda de aproximadamente 30% quando provenientes de folículos maiores,

mas o tamanho do folículo não influenciou a maturação do oócito. Em outro estudo

avaliando oócitos aspirados de folículos de 2 a 6 mm e >6 mm a taxa de oócitos grau II

foi maior em folículos de 2 a 6, no entanto os folículos maiores tiveram maior

porcentagem de oócitos grau I (70,2 vs 46,8%).

A taxa de clivagem teve efeito significativo do diâmetro folicular, sendo melhor

nos oócitos oriundos de folículos classe 3, sem no entanto haver interação do diâmetro

pelo grupo. A taxa de blastocisto não teve efeito do diâmetro, mas houve interação do

diâmetro pelo grupo. As melhores taxas de blastocisto foram obtidas com oócitos

aspirados de folículos classe 1 no grupo G-60 (64,52%), oócitos de folículos classe 2

(33,33%) no grupo G-96 e no G-108 os oócitos de folículos classe 3 (50%). Neste

experimento o tempo de maturação se estendeu por 28 (G-60) e 32 horas (G-96 e 108)

o que pode ter corroborado para a queda na taxa de desenvolvimento. Entretanto, em

outro estudo no qual diferentes tempos de maturação foram testados a porcentagem de

blastocisto foi maior em oócitos maturados por 24 horas (39,3%), mas com 28 ou 32

horas as taxas não diferiram 26,5% e 24,8% respectivamente (WARD et al., 2002).

Alguns trabalhos têm comprovado que oócitos provenientes de folículos maiores

se desenvolvem melhor in vitro (PAVLOK et al., 1992; LOONERGAN et al., 1994;

ARLOTTO et al., 1996; HAGEMANN et al., 1999b). Hagemann et al. 1999b não

encontraram diferença significativa na taxa de blastocisto entre oócitos obtidos de

folículos 3 a 5 ou 6 a 8 mm, mas a taxa de desenvolvimento foi significativamente maior

Page 78: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

79

em oócitos de folículos dominantes (> 13 mm) durante a fase de crescimento. Oócitos

aspirados de grandes folículos possuem maior competência para se desenvolver até

blastocisto comparando a oócitos de pequenos folículos, embora com potencial igual

para a maturação (ARLOTTO et al., 1996). No entanto, Carolan et al. (1996) não

observaram influência do tamanho folicular sobre a maturação do oócito. Resultado

similar foi obtido por Seneda et al. (2001) estudando oócitos oriundos de folículos

pequenos (<4 mm) e grandes (>4 mm) aspirados in vivo.

O oócito adquire competência para se desenvolver em um sistema in vitro

quando o folículo adquire um diâmetro de 2 a 3 mm (BLONDIN; SIRARD, 1995). Este

diâmetro coincide com o término da maior parte da síntese de RNA e crescimento do

oócito (FAIR; HYTTEL; GREVE, 1995).

A taxa de clivagem teve efeito altamente significativo (p<0,0001) nos tempos

estudados, sendo melhor no G-60 (80,9%) e decaindo nos grupos G-96 (61,9%) e G-

108 (46%). O mesmo foi observado com relação à porcentagem de blastocisto a qual foi

significativamente melhor no G-60 (48,9%) decaindo nos outros tempos G-96 (22,8%) e

G-108 (10,4%). Em outro estudo, a taxa de clivagem também foi maior em oócitos

colhidos de folículos nos dias 0, 1 e 2 (19/35) e dias 3 e 4 (20/33) quando comparado

aos dias 5 e 6 (2/11) da onda folicular (RODHES et al., 1997). O desenvolvimento

embrionário foi maior em oócitos colhidos de folículos durante a fase de crescimento

folicular comparado a fase de alta dominância (HAGEMANN, 1999a; MACHATKOVÁ et

al., 2000). Em outro estudo oócitos colhidos de folículos subordinados nos dias 2, 3 e

principalmente no dia 7 da onda demonstraram menor competência que aqueles

recuperados no dia 5 (citado em VASSENA, 2003).

Entretanto, Machatková et al., 1996 estudando várias fases do ciclo estral

observaram que oócitos colhidos nos dias 14 a 16 do ciclo demonstraram maior taxa de

blastocisto quando comparado ao oócitos recuperados no dia 2 e dias 7 a 9 ou 19 e 20

do ciclo estral.

Vários estudos têm demonstrado que a fase do ciclo estral e inclusive do

desenvolvimento folicular influenciam a competência oocitária, uma vez que o status do

folículo afeta diretamente o oócito. No entanto não há um consenso entre os trabalhos

Page 79: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

80

para definir um momento adequado da onda para se realizar a aspiração in vivo, pois

os resultados variam muito. No presente estudo observou-se efeito do momento da

onda, no experimento I com estímulo gonadotrófico o melhor momento foi 96 horas, ou

seja, dia 4, já no experimento II os melhores resultados foram obtidos com 60 horas (2,5

dias), entretanto as condições experimentais foram diferentes entre os tratamentos e

outros fatores além do tempo podem ter influenciado os resultados.

Page 80: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

81

CONCLUSÃO

Experimento I

O intervalo entre a aspiração completa dos folículos ovarianos e a aplicação de

FSH afetou a porcentagem de blastocisto;

O intervalo entre a última aplicação de FSH e a aspiração para obtenção dos

oócitos não afetou a taxa de blastocisto;

A maior dose de FSH utilizada resultou em alta taxa de oócitos expandidos;

Experimento II

Oócitos obtidos de folículos maiores resultou em melhores taxas de clivagem;

O diâmetro não influenciou a taxa de blastocisto, mas houve interação do

diâmetro com o tratamento;

O momento da onda influenciou a taxa de desenvolvimento embrionário, sendo o

início da onda o melhor momento para aspiração.

Page 81: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS G.P., KOT K., SMITH C.A., GINTHER O.J. Selection of dominant follicle and

suppression of follicle growth in heifers. An Reprod Sci, v. 30, p. 259-271, 1993.

AMARIDIS G.S., ROBERTSON L., REID S., BOYD J.S., O’ SHAUGHNESSY P.J.,

JEFFCOATE I.A. Plasma estradiol, FSH and LH concentration after dominant follicle

aspiration in the cow. Theriogenology, v.52, p. 995-1003, 1999.

ARLOTTO T., SCHWARTZ J.L., FIRST N.L., LIEBFRIED-RUTLEDGE M.L. Aspects of

follicle and oocyte stage that affect in vitro maturation and development of bovine

oocyte. Theriogenology, v.45, p. 943-956, 1995.

BLONDIN P., SIRARD M.A. Oocyte and follicular morphology as determining

characteristics for development competence in bovine oocytes. Mol Reprod Dev, v. 41,

p. 54-62, 1995.

BLONDIN P., GUILBAULT L.A., SIRARD M.A. The time interval between FSH-p

administration and slaughter can influence the developmental competence of beef heifer

oocytes. Theriogenology, v.48, p. 803-813, 1997.

BLONDIN P., COENEN L.A., GUILBAULT L.A., SIRARD M.A. Superovulation can

reduce the developmental competence of bovine embryos. Theriogenology, v.46, p.

1191-1203, 1996.

BLONDIN P., BOUSQUET D., TWAGIRAMUNGO H., BARNES F., SIRARD M.A.

Manipulation of follicular development to produce developmentally competent bovine

oocytes. Biol Reprod, v. 66, p. 38-43, 2002.

Page 82: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

83

BOLS P.E.J., VANDENHEEDE J.M.M., VAN SOOM A., Transvaginal ovum-pick-up (OPU)

in the cow: a new disposable needle guindance system. Theriogenology, v.43, p. 677-

687, 1995.

Jr BURATINE J., PRICE C.A., VISINTIN J.A., BÓ G.A. Effects of dominant follicle

aspiration and treatment with recombinant somatotropin (BST) on ovarian follicular

development in Nelore (Bos indicus) heifers. Theriogenology, v. 54, p.421-431, 2000.

CAROLAN C., LONERGAN P., MONGET P., MONNIAUX D., MERMILLOD P. Effect of

follicle size and quality on the ability of follicular fluid to support cytoplasmic maturation

of bovine oocytes. Mol Reprod Dev, v. 43, p. 477-483, 1996.

DAYAN A., WATANABE M.R., WATANABE Y.F. Fatores que interferem na produção

comercial de embriões FI. Arq Facul Vet UFRGS. V. 28, p. 181-185, 2000.

DIELEMAN S.J., BEVERS M.M. folliculogenesis and oocyte maturation in superovulated

cattle. Mol Reprod Dev, v. 36, p. 271-273, 1993.

FAIR T., HYTTEL P., GREVE T. Bovine oocyte diameter in relation to maturational

competence and transcriptional activity. Mol Reprod Dev, v. 42, p. 427-437, 1995.

FITZPATRICK L.A, ENTWISTLE K.W. A comparison of dissected follicle numbers and

follicle counts on the ovarian surface for the evaluation of ovarian follicular populations

in Bos indicus cows. An Reprod Sci, v. 46, p. 179-186, 1997.

GALLI C., CROTTI G., NOTARI C., TURINI R., DUCHI R., LAZZARI G. Embryo

production by ovum pick up from live donors. Theriogenology, v. 55, p. 1341-57, 2000.

FUKUI Y., SAKUMA Y. maturartion of bovine oocytes cultured in vitro: relation to ovarian

activity, follicula size and the presnce or absence of cumulus cells. Biol Reprod, v. 22,

p. 669-673, 1980.

Page 83: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

84

GINTHER O.J., KOT K., KULICK L.J., WILTBANK M.C. Emergence and desviation of

follicle during the development of follicular waves in cattle. Theriogenology, v.48, p.75-

87, 1997.

HAGEMANN L.J. Influence of the dominant follicle on oocytes from subordinate follicles.

Theriogenology, v.51, p.449-459, 1999a.

HAGEMANN LJ, BEAUMONT SE, BERG M, DONNINSON MJ, LEDGARD A,

PETERSON AJ, SCHURMANN A, TERVIT HR. Development during sIVP of bovine

oocytes from dissected follicles: interative effects of estrous cycle stage, follicle size and

atresia. Mol reprod Dev, v. 53, p. 451-458, 1999b.

HENDRIKSEN P.J.M., VOS P.L.A.M., STEENWENG W.N.M., BEVERS M.M.,

DIELEMAN S.J. Bovine follicular development and its effect on the in vitro competence

of oocytes. Theriogenology, v.53, p. 11-20, 2000.

KRUIP T.A.M., BONI R., WURTH Y.A., ROELOFSEN M.W.M., PIETERSE M.C.

Potencial use of ovum pick-up for embryo production and breeding cattle.

Theriogenology. v. 42, p. 675-684, 1994

LONERGAN P., MONAGHAN P.; RIZOS D.; BOLAND M.P.; GORDON I. Effect of

follicle size on bovine oocyte quality and developmental competence following

maturation, fertilization, and culture in vitro. Mol Reprod Dev, v. 37, p. 48-53, 1994.

MACHATKOVÁ M., JOKESOVÁ E., PETELÍKOVÁ J., DVORÁCEK V. Developmental

competence of bovine embryo derived from oocytes collected at various stages of the

estrous cycle. Theriogenology, v. 45, p. 801-810, 1996.

Page 84: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

85

MACHATKOVÁ M., JOKESOVÁ E., HORKY F., KREPELOVA. Utilization of the growth

phase of the first follicular wave for bovine oocyte collection improves blastocyst

production. Theriogenology, v. 54, p. 543-550, 2000.

MIHM M., GOOD T.E.M., IRELAND J.L.H., KNIGHT P.G., ROCHE J.F. Decline in serum

FSH concentration alters key intrafollicular growth factors involved in selection of the

dominant follicle in heifers. Biol Reprod, v. 57, p. 1328-1337, 1997.

LITTLELL ROMAN C., MILLIKEN GEORGE A., STROUP WALTER W., WOLFINGER

RUSSEL D. SAS system for Mixed models, Cary, NC, USA: SAS Institute Inc., 1996.

633pp.

PAVLOK A., LUCANS-HAHN, NIEMANN H. Fertilization and developmental

competence of bovine oocytes derived from different categories of antral follicles. Mol

Reprod Dev, v.31, p. 63-67, 1992.

PIETERSE M.C., VOS P.L.A.M., KRUIP T.A.M., TAVERNE M.A.M. Tranvaginal

ultrasound guided follicular aspiration of bovine ovaries. Theriogenology, v. 35, p.19-

24, 1991.

RHODES F.M., PETERSON A.J., McMILLAN W.H., DONNISON M., LEDGARD A.,

PARTON G., HALL D.R. Bovine ovarian follicle and oocyte characteristics after

emergence of the first follicular wave. Theriogenology, v. 47, p. 149, 1997.

SENEDA M.M., ESPER C.R., GARCIA J.M., de OLIVEIRA J.A., VANTINI R.

Relationship between follicle size and ultrasound-guided transvaginal oocyte recovery.

An Reprod Sci, v. 67, p. 37-43, 2001.

Page 85: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

86

SIRARD M.A., PICARD L., DERY M., COENEN K., BLONDIN P. The time between FSH

administratin and ovarian aspiration influences the development of cattle oocytes.

Theriogenology, v.51, p. 699-708, 1999.

VASSENA R., ADAMS G.P., MAPLETOFT R.J., PIERSON R.A., SINGH J. Ultrassound

image characteristics of ovarian follicles in relation to oocyte competence and follicular

status in cattle. An Reprod Sci, v. 76, p. 25-41, 2003.

WARD F., ENRIGHT B., RIZOS D., BOLAND M., LONERGAN P. Optimization of in

bovine embryo production: effect of duration of maturation, length of gamete co-

incubation, sperm concentration and sire. Theriogenology, v.57, p. 2105-2117, 2002.

WIT A.A.C., WURTH Y.A., KRUIP A. M. Effect of ovarian and follicle quality on

morphology and developmental capacity of the bovine cumulus-oocyte complex. J Anim

Sci, v. 78, p. 1277-83, 2000.

Page 86: DIVERGÊNCIA NO CRESCIMENTO FOLICULAR EM … · COMPETÊNCIA OOCITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO IN VITRO Caliê Castilho ... Eric Caiado Castro, Tânia Cavalcanti, Simone

87