146
DÍZIMO: Um mandamento da Lei ou um preceito de Cristo? Uma análise bíblica e histórica aprofundada sobre o dízimo.

Dizimo a5 Final

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Dízimos

Citation preview

  • DZIMO:

    Um mandamento da Lei ou um preceito de Cristo?

    Uma anlise bblica e histrica aprofundada sobre o dzimo.

  • Paulo Petersen Saraiva

    Paulo Petersen

    DZIMO:

    Um mandamento da Lei ou um preceito de Cristo?

    Uma anlise bblica e histrica aprofundada sobre o dzimo.

    2014

  • Reviso e Diagramao

    As Criaes Editoriais

    Impresso e Acabamento

    Clube de Autores

    DZIMO: Um mandamento da Lei ou um preceito de Cristo?

    Petersen, Paulo.

    1 Edio

    Fevereiro de 2014

    2014 por Paulo Petersen

    Todos os direitos reservados.

    proibida a reproduo deste livro com fins comerciais sem prvia

    autorizao do autor.

  • Dedicatria

    Dedico este livro a minha amada esposa Paulane, que sempre me

    incentivou ir adiante em meu ministrio e me suportou em minha vida, ao meu

    pastor Daniel Miranda, que acreditou no meu chamado e com um exemplo de

    vida me ensina at hoje, querer sempre ser um cristo melhor e a Deus, que

    com sua misericrdia e graa, me sustentou e me orientou nos momentos de

    dificuldade, que sucederam ao incio deste projeto.

  • Sumrio

    Prefcio 9

    Captulo I Definies do conceito de dzimo e Dispensaes Divinas 13

    Captulo II Atributos e finalidades do dzimo segundo a Bblia 23

    Captulo III Dzimo anterior a Lei 33

    Captulo IV Dzimo no perodo da Lei (ou Velha Aliana) 41

    Captulo V Dzimo no perodo Graa (ou Nova Aliana) 92

    Captulo VI A Nova Aliana 95

    Captulo VII Contribuies na Nova Aliana 109

    Captulo VIII O dzimo no decorrer da Histria 124

    Captulo IX Concluso e mensagem final 136

    Referncias Bibliograficas 144

  • Prefcio

    O dzimo ainda um mandamento do Senhor para os dias

    atuais?

    Esta foi a pergunta feita por um irmo na f, durante um estudo

    bblico em que eu ministrava e surpreendentemente no havia uma

    nica pessoa que conseguia responder com convico esta

    pergunta baseado to somente na anlise das Escrituras sagradas.

    Logo em seguida, a reunio foi tomada por um debate intenso,

    sobre diversos assuntos relacionados s leis judaicas e tudo aquilo

    que aprendemos nas igrejas evanglicas atuais sobre Deus, Jesus,

    Esprito Santo e os mandamentos que ns cristos devemos

    seguir para agradar o corao de Deus, ou que ns devemos seguir

    para alcanar a salvao.

    Tendo prometido a Deus que, independente do ganho ou

    perda pessoal, sempre irei professar sua Palavra com verdade, me

    senti na obrigao de esclarecer o assunto a fundo, levando em

    considerao tanto dados bblicos, quanto histricos e culturais,

    sob a direo do Esprito Santo, a fim de responder de forma clara

    a esta pergunta tabu, para que o conhecimento da Graa de

    Deus seja difundido ao seu povo e com isto, ajudar a Igreja de

    Cristo a alcanar a liberdade conquistada na cruz por nosso Senhor

    Jesus Cristo e no mais viver sob o jugo da Lei.

    A controvrsia do assunto se deriva de uma causa simples

    e recorrente. Ao invs de termos uma justificativa slida de

    consenso e embasamento teolgico entre estudiosos e pastores

  • locais, o dzimo normalmente tratado como algo cultural que

    sempre existiu e utiliza-se como base de ensino versculos bblicos

    desconexos o famoso texto fora de contexto, causando um

    paradoxo entre aquilo que lemos isoladamente em alguns

    versculos bblicos versus aquilo que entendemos quando

    estudamos toda a Bblia e seus contextos histricos.

    Com isto em mente peo a voc, caro leitor, que se

    desvincule de explicaes anteriores baseadas meramente em

    versculos bblicos fora de contexto, a fim de que com a ajuda

    deste livro para lhe esclarecer os contextos histricos e sagrados da

    Palavra de Deus sobre o assunto dzimo, voc possa chegar a

    concluso da verdade por si mesmo e a partir da, de forma

    convicta e sincera, pregar o Evangelho de Jesus como ele ,

    levando luz queles que, mesmo estando dentro de igrejas

    evanglicas, ainda permanecem na escurido do medo e da

    opresso, por no conhecerem a verdadeira mensagem da Cruz.

    Abaixo segue a lista de todos os lugares onde aparece o

    contexto do dzimo na Bblia. Usaremos estes textos como base

    para discusso do assunto, e alguns dados histricos quando for

    pertinente para auxlio no entendimento do contexto.

    Gnesis 14:17-20

    Gnesis 28:20-22

    Levtico 27:30-34

    Nmeros 18:19-28

    Deuteronmio 12:1-19

  • Deuteronmio 14:22-29

    Deuteronmio 26:12-13

    2 Crnicas 31:1-12

    Neemias 10:37-38

    Neemias 13:5-12

    Ams 4:2-6

    Malaquias 3:7-10

    Mateus 23:23

    Lucas 11:42

    Lucas 18:9-14

    Hebreus 7:1-19

    Iremos rever cada uma destas aparies bblicas sobre o

    dzimo e quando pertinente, tambm oferecer dados histricos

    sobre vrios aspectos (religioso, cultural, econmico, social) para

    melhor embasar as explicaes aqui fornecidas, mas acima de

    todos os dados histricos, iremos usar a Palavra de Deus em sua

    totalidade como nossa fonte primria de estudo.

    Que o Esprito Santo com sua infinita graa e sabedoria o

    guie em sua leitura.

    Paulo Petersen

  • 13

    Captulo I

    Definies do conceito de Dzimo e

    Dispensaes Divinas

    O que o dzimo?

    Antes de irmos propriamente a questo do dzimo ser algo

    vlido aos dias atuais, ou algo que foi vlido durante um perodo

    de tempo e no possui legalidade hoje, ou mesmo algo meramente

    histrico sem fundamento bblico, precisamos primeiramente

    definir a palavra dzimo.

    Hoje em dia no h uma concordncia entre igrejas,

    pastores e telogos sobre o que o dzimo ou mesmo como e o

    que a pessoa deve dizimar. Um exemplo disto a clssica

    discusso sobre o dzimo ser 10% do salrio bruto ou lquido, ou

    com que frequncia e circunstncia uma pessoa deve d-lo. Estas

    perguntas normalmente so acarretadas em funo das igrejas no

    explicarem s pessoas o que de fato o dzimo e quase sempre, o

    instituem como um mandamento ou princpio divino baseando-se

    em versculos bblicos isolados, sem uma preocupao com a

  • 14

    interpretao completa do assunto, de forma que haja

    concordncia com a Bblia.

    Tendo isto em mente, gostaria de iniciar este livro expondo

    as definies mais aceitas para a palavra dzimo e somente ento,

    poderemos nos aprofundar na legalidade do dzimo bblico para os

    dias atuais.

    A primeira definio de dzimo o Pr-Mosaico ou

    Dzimo Mesopotmico.

    No Oriente Antigo1, a expresso dzimo era usada para definir

    10% de tudo aquilo que uma pessoa possua, sendo o dzimo

    cobrado em forma de taxa aos cidados, sobre todas as coisas

    oriundas da terra ou comrcio a um governante e/ou templos de

    deuses pagos como Shamash e Nusku deuses da Babilnia e

    Assria a quem eram ofertados dzimos muito antes do povo

    hebreu sequer existir.

    O dicionrio The Assyrian Dictionary2 define o dzimo

    como:

    2. Dzimo a) Pagvel a deuses ou templos: quatro minas de prata... o

    dzimo de Bel, Nabu, Nergal... ele pagou, em adio ao dzimo para

    Ninurta, sendo o dzimo de Nergal. Ele teve que ser entregue a Shamash.

    Porque voc no pagou o dzimo da senhora de Uruk? ... Pagamento de

    dzimo ao templo: um talento de algodo...

    1 Tambm conhecido como bero da humanidade. Cerca de 3300 a.C. 2 Esretu e Esr, p. 382-383.

  • 15

    Segundo o dicionrio bblico Westminster Dictionary of

    the Bible 3:

    A dcima parte da receita de uma pessoa, consagrada a Deus. A separao

    de uma certa proporo de produtos de uma indstria ou do esplio de uma

    guerra como tributo aos seus deuses era praticada por vrias naes da

    antiguidade. Os Lidianos ofereciam o dzimo dos seus esplios (Herod. 1.89).

    Os Fencios e os Cartaginses enviavam um dzimo anual ao Tyrian

    Hercules... Abrao, retornando com os esplios de sua vitria sobre os reis

    confederados, deu a Melquizedeque, sacerdote-rei de Salem, a dcima parte de

    tudo.

    Este dzimo tem origem pag e existiu em um perodo

    histrico, vrios sculos antes de Moiss e a Lei, sendo criado na

    regio da Mesopotmia pelos povos semticos. O Dr.D. Henry

    Lansdell em seu livro The Sacred Tenth4, descreve o dzimo dos

    povos egpcios, que tambm so anteriores aos hebreus com a

    frase:

    ...o lado que foi vitorioso compartilhava com o Rei em seu triunfo, e recebia o

    dzimo do esplio como preo pela sua ajuda.

    Este dzimo sobre os esplios de guerra est descrito na

    Bblia nos textos de Gn 14:20 e Nm 31:25-47.

    3 Tithe, p. 746-747 4 p.7

  • 16

    Vemos em Gn 41.34, Jos aconselhando o Fara a cobrar o

    dzimo dobrado 20% ou um quinto, em funo dos 7 anos de

    fome que o Egito iria enfrentar, confirmando a existncia da taxa

    de 10% no Egito em pocas anteriores a grande fome. Lembrando

    que, o Egito neste momento histrico, no sofre influncia direta

    do povo Hebreu. Iremos chamar este dzimo de Pr-Mosaico, por

    ele ser anterior a Lei de Moiss. Em resumo, o dzimo aqui dado

    sobre tudo que fsico, desde terrenos, frutos e animais, at

    dinheiro, nas mos de uma outra pessoa que normalmente o

    soberano Rei, Fara, Imperador de um povo, ou como oferta

    sacrificial a um deus pago.

    A segunda definio de dzimo o Dzimo Voluntrio.

    Este o dzimo cobrado em muitas igrejas evanglicas atuais que

    so mais renovadas ou liberais, onde no h um valor pr-

    estabelecido. Aqui as igrejas encorajam os fiis a doarem de acordo

    com sua vontade e possibilidade, no havendo uma porcentagem

    fixa para doao ou mesmo definio do que vai ser doado. Este

    mecanismo de doao bem prximo do preceito bblico de

    justia e caridade, descrito na Lei como Tzedakah5, ou

    mandamento da caridade, descrito em nossas Bblias crists (Dt

    15:11). O Tzedakah segundo o judasmo, uma expresso de

    justia divina. Uma contribuio para caridade de 2% a 20% da

    receita do ofertante, podendo ser entregue a sinagoga ou a

    qualquer um, desde que seja para caridade. Normalmente, estas

    5Justia em hebraico.

  • 17

    igrejas aceitam a no-contribuio por pessoas carentes e

    encorajam maior contribuio daqueles com mais renda. Portanto,

    uma vez sendo uma oferta voluntria e sem valor fixo, no

    podemos chamar isto de dzimo e sim de contribuio ou oferta

    voluntria.

    A terceira definio de dzimo o Dzimo Judeu-

    Cristo.

    Este possivelmente o dzimo mais aceito dentre as igrejas

    no Brasil. So englobadas aqui, todas as igrejas que instituem o

    dzimo como 10% da receita bruta do dizimista. Desta forma,

    sendo pobre ou rico, paga-se 10% do que ganha. Normalmenten o

    argumento usado por estas igrejas o dzimo ser um princpio

    moral bblico, eterno e portanto inaltervel, que precede a Moiss,

    sendo algo institudo por Deus e no abolido pela Lei ou Cristo.

    cobrado 10% da receita bruta do fiel como um mandamento de

    Deus e qualquer valor acima de 10%, considerado como oferta

    voluntria, independente da condio econmica do fiel. Neste

    modelo, todo o dzimo deve ser dado a igreja e o fiel no pode

    administrar seu dzimo, doando a caridade ou a qualquer outro

    lugar que no seja a igreja. Chamaremos de dzimo Judeu-Cristo,

    por este dzimo ser derivado de uma adaptao do dzimo judaico

    a cultura crist.

  • 18

    A quarta definio de dzimo o Dzimo Mosaico.

    Esta definio diz que o dzimo foi institudo por Deus, como

    ordenana a nao de Israel, durante o perodo da Lei de Moiss.

    O dzimo aqui um mandamento a nao de Israel (Lv 27:34),

    para que fosse dado como herana a tribo de Levi o dzimo da

    nao, pelos servios prestados a Deus (Nm 18:21) pelos levitas.

    Eles no receberam heranas fsicas terras, dinheiro, plantaes,

    gados na diviso do reino entre as 12 tribos de Israel, tendo

    como herana, o dzimo das outras 11 tribos de Israel e dentre o

    dzimo recebido, os Levitas separariam 10% dzimo dos dzimos

    e dariam aos sacerdotes, que eram responsveis pelo altar do

    Senhor. Vale ressaltar que este dzimo no tem relao financeira,

    ele nunca consistiu em dinheiro. H ainda um segundo dzimo (Dt

    14:22-29, 26:12-13) para fornecer comida as festas judaicas e

    tambm para doao aos pobres, estrangeiros, rfos e vivas.

    Esta a definio de dzimo que iremos adotar como bblica para

    o resto do livro, pois a que de fato est descrita nas Escrituras.

  • 19

    Em resumo sobre as caractersticas e utilizao do dzimo

    segundo cada definio apresentada, temos:

    Dzimo Pr-Mosaico ou Mesopotmico

    Origem: Mesopotmia, 6000+ a.C.

    Por quem foi utilizado: Povos pagos e mais tarde hebreus.

    A quem era entregue: Reis e Sacerdotes.

    Com que finalidade: Impostos ou sacrifcios.

    Dzimo Voluntrio

    Origem: Israel, 1500 a.C.

    Por quem foi utilizado: Judeus.

    A quem era entregue: Qualquer necessitado.

    Com que finalidade: Ajuda aos necessitados.

    Dzimo Judeu-Cristo

    Origem: Cidade de Tours, Europa, 585.

    Por quem foi utilizado: Catlicos e posteriormente, tambm os

    evanglicos.

    A quem era entregue: As igrejas.

    Com que finalidade: Sustento das igrejas e clero.

    Dzimo Mosaico

    Origem: Israel, 1500 a.C.

    Por quem foi utilizado: Judeus.

    A quem era entregue: Aos levitas.

  • 20

    Com que finalidade: Sustento dos levitas e ajuda aos necessitados.

    Dispensaes Divinas

    Outra definio de extrema importncia para o assunto

    dzimo, a definio de Dispensao Divina. Para poder entender

    a validade do dzimo e qualquer outro mandamento, precisamos

    entender a forma como Deus apresenta seus mandamentos e at

    quando seriam vlidos cada mandamento. Possivelmente muitos j

    ouviram falar de Velha Aliana e Nova Aliana, que nada mais so

    do que 2 das 7 dispensaes de Deus apresentadas na Bblia.

    Como nosso objetivo somente apresentar o conceito da

    dispensao divina de forma simples e no um estudo

    aprofundado sobre o assunto, iremos somente apresentar o

    conceito de forma superficial e mostrar quais so as dispensaes

    que a Bblia descreve, para podermos ento entrar no assunto

    dzimo, que como iremos ver, foi um mandamento para uma das

    sete dispensaes.

    Primeiramente, precisamos entender o que uma

    dispensao. Podemos simplificar o entendimento do termo

    dispensao divina como um regimento estabelecido por Deus,

    para o homem seguir, a fim de ter uma comunho saudvel com

    Ele, por um perodo de tempo determinado. Ou seja, uma

    dispensao nada mais do que Deus falando o que o homem

    deve ou no deve fazer, para agradar o corao de Dele, e por

    consequncia, conseguir a salvao. O ponto que precisamos ter

    bem claro em nossas mentes que Deus define estes conjuntos de

  • 21

    regras por um perodo de tempo e de tempos em tempos, Deus

    muda estes conjuntos de regras.

    A tabela abaixo mostra de forma resumida as 7

    dispensaes divinas descritas na Bblia, os eventos que deram

    incio e fim a elas, e atravs do que se dava a salvao dos homens.

    Dispensao Incio Fim Como

    homens eram salvos

    Inocncia Deus Cria o homem. (Gn 1:26)

    Homem Expulso do den (Gn 3:17-24)

    Atravs de obedincia.

    No comer o fruto.

    Conscincia Cain assassina Abel (Gn 4:2-15)

    O Grande Dilvio (Gn 7:11-33)

    Atravs de sacrifcios

    Governo Humano

    Deus faz aliana com No (Gn 8:20-

    22)

    Confuso das lnguas (Gn 11:5-9)

    Atravs de sacrifcios

    Promessa Deus faz aliana com Abrao (Gn

    12:1-7)

    Escravido no Egito (Ex 1:7-14)

    Atravs de sacrifcios

    Lei Israel promete seguir a Lei (Ex 19:1-8)

    Incapacidade do homem de cumprir a Lei e a ausncia da Graa de Deus (Rm

    3:19-24)

    Pelo cumprimento

    da Lei e sacrifcios

    Graa Cristo sobe aos Cus e envia o Esprito Santo (At 1:1-9)

    A vinda do Cordeiro (1Ts 4:16)

    Pela Graa, atravs da f

    Tribulao e Novo Reino

    O pecado do homem revelado

    (1Ts 5:1-3)

    Deus decreta o destino de todas as

    coisas (Ap 20:10-15)

    Pela Graa, atravs da f

  • 22

    Deus define o caminho que o homem precisa seguir para

    obter sua salvao. No den, o homem precisava somente

    obedecer a ordem de Deus de no comer o fruto da rvore do

    conhecimento. Depois, durante as dispensaes da Conscincia,

    Governo Humano e Promessa, o homem precisava oferecer

    sacrifcios a Deus pela redeno dos pecados. No perodo da Lei,

    Deus estipula uma srie 613 no total de leis que os homens

    devessem seguir a partir deste momento iremos chamar este

    conjunto de leis como Lei6, com L maisculo, ou a Lei de

    Moiss e dentro da Lei tambm havia a oferenda de sacrifcios.

    J na dispensao da Graa, Cristo o prprio sacrifcio, portanto

    Ele aboliu toda a Lei (Ef 2:14-16; Gl 3:19-24) e a salvao vem

    mediante a f em Cristo. De forma semelhante acontecer nas

    duas ltimas dispensaes, quando o fator salvao se dar

    tambm mediante a f em Cristo.

    Como o assunto central do livro a validade do dzimo,

    iremos desconsiderar vrias dispensaes que no tm

    relacionamento com o assunto dzimo ou contribuio. Portanto

    consideraremos somente 3 das 7 dispensaes, sendo elas:

    Promessa (ou Anterior a Lei)

    Lei

    Graa (ou posterior a Lei)

    6 O conjunto das 613 leis judicas, que incluem entre outras coisas, os 10 mandamentos. Quando usarmos lei com l minsculo, estaremos nos referindo a uma lei em particular, e no ao conjunto de todas as leis.

  • 23

    Captulo II

    Atributos e finalidades do dzimo

    segundo a Bblia

    Uma vez estabelecidas as diferentes vises de quando e

    como dar o dzimo, precisaremos agora analisar o teor do dzimo,

    ou do que consistia o dzimo. Para isto, vamos analisar todos os

    versculos bblicos que descrevem o que era dizimado.

    Levtico 27:30-32 "Todos os dzimos da terra, seja dos cereais, seja das

    frutas das rvores, pertencem ao Senhor; so consagrados ao Senhor. Se um

    homem desejar resgatar parte do seu dzimo, ter que acrescentar um quinto ao

    seu valor. O dzimo dos seus rebanhos, um de cada dez animais que passem

    debaixo da vara do pastor, ser consagrado ao Senhor.

    Nmeros 18:27-28 "Essa contribuio ser do trigo tirado da videira e

    do vinho do tanque de prensar uvas. Assim, vocs apresentaro uma

    contribuio ao Senhor de todos os dzimos que receberam dos israelitas.

    Desses dzimos vocs daro a contribuio do Senhor ao sacerdote Aro.

  • 24

    Deuteronmio 12:17 "Vocs no podero comer em suas prprias

    cidades o dzimo do cereal, do vinho novo e do azeite, nem a primeira cria dos

    rebanhos, nem o que, em voto, tiverem prometido, nem as suas ofertas

    voluntrias ou ddivas especiais.

    Deuteronmio 14:22-23 "Separem o dzimo de tudo o que a terra

    produzir anualmente. Comam o dzimo do cereal, do vinho novo e do azeite, e

    a primeira cria de todos os seus rebanhos na presena do Senhor, o seu Deus,

    no local que Ele escolher como habitao do seu Nome, para que aprendam a

    temer sempre o Senhor, o seu Deus.

    Deuteronmio 26:12 "Quando tiverem separado o dzimo de tudo

    quanto produziram no terceiro ano, o ano do dzimo, entreguem-no ao levita,

    ao estrangeiro, ao rfo e viva, para que possam comer at saciar-se nas

    cidades de vocs.

    2 Crnicas 31:5-6 "Assim que se divulgou essa ordem, os israelitas deram

    com generosidade o melhor do trigo, do vinho, do leo, do mel e de tudo o que os

    campos produziam. Trouxeram o dzimo de tudo. Era uma grande

    quantidade. Os habitantes de Israel e de Jud que viviam nas cidades de Jud

    tambm levaram o dzimo de todos os seus rebanhos e das coisas sagradas

    dedicadas ao Senhor, o seu Deus, ajuntando-os em muitas pilhas.

    Neemias 10:37 "Alm do mais, traremos para os depsitos do templo de

    nosso Deus, para os sacerdotes, a nossa primeira massa de cereal modo, e as

    nossas primeiras ofertas de cereal, do fruto de todas as nossas rvores e de nosso

  • 25

    vinho e azeite. E traremos o dzimo das nossas colheitas para os levitas, pois

    so eles que recolhem os dzimos em todas as cidades onde trabalhamos.

    Neemias 13:5 "e lhe havia cedido uma grande sala, anteriormente

    utilizada para guardar as ofertas de cereal, o incenso, os utenslios do templo, e

    tambm os dzimos do trigo, do vinho novo e do azeite prescritos para os

    levitas, para os cantores e para os porteiros, e as ofertas para os sacerdotes.

    Malaquias 3:10 "Tragam o dzimo todo ao depsito do templo7, para que

    haja alimento em minha casa. Ponham-me prova", diz o Senhor dos

    Exrcitos, "e vejam se no vou abrir as comportas dos cus e derramar sobre

    vocs tantas bnos que nem tero onde guard-las.

    Mateus 23:23 "Ai de vocs, mestres da lei e fariseus, hipcritas! Vocs do

    o dzimo da hortel, do endro e do cominho, mas tm negligenciado os preceitos

    mais importantes da lei: a justia, a misericrdia e a fidelidade. Vocs devem

    praticar estas coisas, sem omitir aquelas.

    Vamos agora enumerar os itens que fazem parte do dzimo

    segundo a Bblia, conforme ordem de apario descrita nos

    versculos j mencionados:

    Tudo o que os campos produziam

    o Cereais.

    o Frutas.

    o Trigo.

    7 Algumas verses utilizam a expresso casa do tesouro.

  • 26

    o Uva vinho.

    o Azeitona azeite, leo.

    o Mel.

    o Hortel.

    o Endro.

    o Cominho.

    Rebanho (se tiver 10 ou mais animais).

    Dzimo em dinheiro

    A primeira coisa notria nesta lista fato de todos os itens

    que compem o dzimo, serem itens relacionados a alimentao,

    seja de origem animal, ou vegetal e que por sua vez, obriga os

    ento dizimistas a serem proprietrios de plantaes ou rebanhos,

    excluindo assim grande parte da populao israelita, que trabalhava

    em ofcios remunerados, sendo seu slario algo no oriundo da

    terra ou rebanhos.

    Conforme escrito pelo Ph.D. Russel Early Kelly8 a

    sociedade bblica inclui as seguintes profisses: padeiros, veleiros, carpinteiros,

    costureiros, fazendeiros assalariados, pastores de rebanho assalariados, criados,

    arteso de joias, pedreiros, arteso de metais, msicos, pintores, criadores de

    perfumes, mdicos, escultores, soldados, curtidores, professores e criadores de

    tendas.

    Desta forma, podemos concluir que o dzimo foi algo

    direcionado aos israelitas que possuam terras e no fora institudo

    a todas as pessoas de Israel, uma vez que no h uma nica citao

    8 p. 8.

  • 27

    na Bblia a respeito de cobrana de dzimo sobre o salrio das

    pessoas.

    notrio tambm que o dzimo em nenhum momento da

    histria bblica foi cobrado de forma monetria. A nica exceo

    desta regra documentada em Dt 14:24-26, onde a Bblia diz que,

    se a distncia entre o dizimista e o local onde Deus escolher para

    comer os dzimos for distante demais, o dizimista poderia vender

    seu dzimo e traz-lo em forma monetria, para comprar a comida

    no local escolhido por Deus e ento dizimar, comendo a comida

    recm comprada.

    Um argumento costumeiramente utilizado por quem

    suporta a validade do dzimo financeiro aos cristos, a afirmao

    de antes ser cobrado comida e no dinheiro por no ter moeda na

    poca, ou a moeda ser pouco difundida. Esta teoria no pode ser

    verdade, visto que somente em Gnesis, aparecem em pelo menos

    24 contextos a utilizao de dinheiro ou derivados como prata,

    ouro, siclo em atividades cotidianas, mostrando que mesmo

    antes de Moiss, j havia dinheiro no contexto socioeconmico

    hebreu. Este nmero sobe para 44 vezes at chegar em Levtico

    27, quando a Bblia menciona o dzimo como lei instituda por

    Deus ao povo de Israel. Segundo a Bblia, o dinheiro era comum e

    usado em diversos lugares com diversos propsitos (Gn 17:12,

    23:9; Ex 21:2, 22:1-3, 30:16; Lv 27:3-7; Nu 3:48, Dt 14:26, 22:29).

  • 28

    Vale ressaltar que, o dinheiro era utilizado para as coisas do

    dia-a-dia e o escambo9, era utilizado somente aps o dinheiro no

    estar disponvel, conforme descrito em Gn 47:15-17.

    Aplicabilidade do dzimo

    Um outro ponto interessante sobre o dzimo bblico, sua

    finalidade. Fica claro lendo as escrituras, que o dzimo possui

    algumas finalidades bem especficas e por sua vez, estas finalidades

    concordam com o contedo dos dzimos alimentos j

    explanados acima. Vemos como finalidades do dzimo:

    Herana do Senhor a casa de Levi.

    Comer o dzimo na presena do Senhor, como forma de

    temor a Deus.

    Dar de comer a quem precisa:

    o Levitas.

    o Estrangeiros.

    o rfos.

    o Vivas.

    Sendo a constituio do dzimo alimentos e sua finalidade

    alimentar aquele que no tem condio de pagar seu prprio

    alimento, vemos ainda que, uma vez que esta condio se atinja, o

    alimento seria estocado para ser consumido futuramente e no

    vendido para gerar fundos financeiros. Este fato est documentado

    no livro de 2 Crnicas 31. Neste captulo contada uma histria

    referente ao rei Ezequias quando ele ordena ao povo que morava

    9 Transao comercial a base de troca de bens.

  • 29

    em Jerusalm, para darem o dzimo aos levitas, como mandava a

    Lei e assim foi feito pelo povo, de forma que em um certo

    momento (v.10), sobrou mais comida do que eles conseguiram

    comer. O rei Ezequias ento ordenou que fosse criado depsitos

    para armazenar a comida abundante. Podemos constatar que a

    aplicabilidade do dzimo sempre foi alimentar os necessitados, a

    tribo de Levi e no construir templos, ou sustentar

    financeiramente sacerdotes.

    Dzimo como um Princpio Moral Eterno e Bblico

    De forma semelhante podemos concluir tambm que o

    dzimo no e nunca foi um princpio moral eterno, uma vez que

    vrias culturas pags anteriores a Moiss e Abrao, dizimavam para

    seus deuses pagos e/ou governantes. O dzimo bblico, como j

    vimos, possua uma finalidade especfica herana de Levi e

    alimentar necessitados, ordenada a um povo especfico israelitas

    no levticos proprietrios de terra ou gado. E o dzimo pago,

    existia em diversas culturas como forma de sacrifcio a deuses

    pagos, ou como forma de imposto a governantes.

    Segundo o renomado dicionrio teolgico Dicionrio

    Internacional de Teologia do Antigo Testamento, temos a

    seguinte explicao sobre o dzimo anterior a Lei:

    No AT o conceito de dzimo de considervel importncia para a

    teologia do prprio AT. Como nos casos de circunciso (embora a circunciso

    das criancinhas no seja documentada fora de Israel, sacrifcios, restries

    alimentares e coisas do gnero, dar o dzimo no era algo restrito a Israel no

  • 30

    antigo Oriente Mdio. Isso ocorria entre os egpcios e tambm entre os

    mesopotmios (vejam-se, e.g., citaes da literatura acadiana acerca de dzimos

    pagos a deuses ou a templos, em CAD, v. 4, p.369)10

    Podemos sim afirmar que o dzimo uma prtica muito

    antiga, talvez to antiga quanto a escrita humana, porm o fato de

    algo ser antigo, no o torna institudo por Deus como sendo

    eterno e vlido a toda humanidade, em todos momentos da

    histria. O dzimo bblico foi institudo pela Lei, para o perodo

    que durar a dispensao da Lei, nem para antes e nem para depois.

    Vale ressaltar que, os pobres no dizimavam e ao contrrio disto,

    recebiam do dzimo.

    Se dzimo fosse um princpio moral eterno, Deus teria

    institudo isto desde o den, assim como instituiu o casamento e

    no somente milhares de anos depois, durante a Lei.

    Adicionalmente, se o dzimo fosse um princpio eterno institudo

    pelo Criador, ficaria bem estranho o fato dos povos pagos

    utilizarem o dzimo antes do povo de Deus.

    Dzimo e Primcias so a mesma coisa?

    No. Apesar de ser bem comum ouvirmos pregaes

    dizendo que, devido as primcias nossas serem de Deus, devemos

    separar o dzimo e entregar a Igreja antes de qualquer pagamento

    de contas, ou qualquer outro fim, podemos afirmar que dzimo

    no tem qualquer relao com primcias. Vamos ento ver os

    textos na Bblia que falam sobre primcias.

    10 Dzimo. p. 1824

  • 31

    Deuteronmio 26:2-4 Ento tomars das primcias de todos os frutos

    do solo, que recolheres da terra, que te d o Senhor teu Deus, e as pors num

    cesto, e irs ao lugar que escolher o Senhor teu Deus, para ali fazer habitar o

    seu nome... E o sacerdote tomar o cesto da tua mo, e o por diante do altar

    do Senhor teu Deus.

    Levtico 23:17 "Onde quer que morarem, tragam de casa dois pes feitos

    com dois jarros da melhor farinha, cozidos com fermento, como oferta movida

    dos primeiros frutos ao Senhor.

    Nmeros 18:12-13 Todo o melhor do azeite, e todo o melhor do mosto e

    do gro, as suas primcias que derem ao Senhor, as tenho dado a ti. Os

    primeiros frutos de tudo que houver na terra, que trouxerem ao Senhor, sero

    teus; tudo o que estiver limpo na tua casa os comer.

    2 Crnicas 31:5 E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel

    trouxeram muitas primcias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do

    campo; tambm os dzimos de tudo trouxeram em abundncia.

    Neemias 10:37 E que as primcias da nossa massa, as nossas ofertas

    aladas, o fruto de toda a rvore, o mosto e o azeite, traramos aos sacerdotes,

    s cmaras da casa do nosso Deus; e os dzimos da nossa terra aos levitas; e

    que os levitas receberiam os dzimos em todas as cidades, da nossa lavoura.

  • 32

    xodo 23:19 e 34.26 As primcias dos primeiros frutos da tua terra

    trars casa do Senhor teu Deus...

    Deuteronmio 18:4 "Dar-lhe-s as primcias do teu gro, do teu mosto e

    do teu azeite, e as primcias da tosquia das tuas ovelhas.

    Vemos que as primcias so de fato do Senhor, porm, que

    as primcias so usadas nica e exclusivamente pelos sacerdotes de

    Deus para ofert-las ao Senhor seja para expiao de pecados ou

    simplesmente adorao ou para alimentao dos sacerdotes

    dentro do templo, no tendo absolutamente qualquer

    relacionamento com o dzimo, que deveria ser entregue aos levitas.

    Ainda segundo o Dicionrio Internacional de Teologia

    do Antigo Testamento:

    Ademais, o dzimo no deve ser confundido com a oferta das primcias (Ex

    22:29-30 [28-29]; veja-se EICHRODT, Theology of the Old Testament, v.

    1, p. 153)

    O dzimo era entregue no templo?

    No. O dzimo era entregue aos levitas, que por sua vez,

    retiravam 10% do dzimo recebido, para somente ento entregar

    aos sacerdotes do templo, a fim de prover alimentos para os

    sacerdotes. As primcias sim, que como j explicado no so

    dzimos, eram entregues diretamente aos sacerdotes, por qualquer

    pessoa, para que fossem feitos rituais de oferta ou expiao de

    pecados com elas.

  • 33

    Captulo III

    Dzimo anterior a Lei

    A partir de agora, iremos ento aprofundar nosso estudo,

    detalhando e explicando versculo a versculo da Bblia onde

    aparece o contexto do dzimo, comeando pelo dzimo Pr-

    Mosaico, ou seja, o dzimo que aparece na Bblia antes do

    nascimento de Moiss e a Lei.

    Gnesis 14 Abrao e Melquizedeque

    Certamente, um dos textos mais complexos sobre o

    dzimo, o descrito no livro de Gnesis captulo 14, quando a

    Bblia diz que Abrao deu-lhe o dzimo de tudo (Gn 14:20). Este

    texto requer uma anlise um pouco mais aprofundada para

    entendimento do que aconteceu, o que foi dado de dzimo e por

    que foi dizimado.

    A Bblia nos conta que, um rei chamado Quedorlaomer,

    subjugava vrios reinos na regio (Gn 14:1-4) e que alguns

    reinados se revoltaram contra Quedorlaomer (v.4). Porm,

    Quedorlaomer juntamente com outros 3 reis aliados (v.1),

    derrotou vrios reinados que estavam em revolta contra ele (v.5-7).

  • 34

    Ento outros 5 reis se aliaram, para guerrear contra Quedorlaomer

    (v.8-9). Novamente Quedorlaomer vitorioso e aps sua vitria

    sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, ele saqueia ambas as

    cidades (v.10-11). Acontece que L, sobrinho de Abrao, morava

    na cidade de Sodoma e foi capturado por Quedorlaomer, quando

    sucede que, um fugitivo desta guerra, foi at Abrao para inform-

    lo a respeito da captura de L (v.12-13). Abrao ento junta 317

    homens, persegue e derrota Quedorlaomer, trazendo de volta

    todos os bens de Sodoma, mulheres e seu sobrinho L consigo

    (v.14-16).

    Agora entramos na parte comumente usada para justificar

    o dzimo Pr-Mosaico, quando o rei de Sodoma e Melquizedeque

    vo ao encontro de Abrao (v.17-18), trazendo po e vinho.

    Melquizedeque abenoa Abrao (v.19) e em seguida Abrao lhe d

    o dzimo dos esplios o que fora saqueado de Sodoma por

    Quedorlaomer da guerra (v.20). Ento, o rei de Sodoma pede

    que Abrao fique com todos os bens e que lhe entregue somente

    as pessoas, que haviam sido capturadas por Quedorlaomer (v.21),

    porm, Abrao diz ao rei de Sodoma que no levaria nada oriundo

    dos esplios da guerra. Abrao diz que pegaria somente alimentos

    para os que estavam com ele e que fosse pago os esplios de

    guerra aos seus 3 aliados, para ningum poder dizer que Abrao

    enriqueceu as custas de Sodoma (v.22-24).

    Abrao no d a Melquizedeque o dzimo sobre seus

    pertences. Vemos que somente mencionado o nome de

    Melquizedeque no ps guerra, quando Abrao voltava com os

  • 35

    esplios da guerra e entrega 10% dos esplios a Melquizedeque,

    como forma de agradecimento e bondade, pela receptividade de

    Melquizedeque demonstrada no verso 19. Observe que o rei de

    Sodoma diz para Abrao ficar com todo o esplio, o que era uma

    tradio de guerra rabe quem vencer uma guerra ficar com os

    esplios dela. A comprovao de Abrao dar o dzimo a

    Melquizedeque, somente dos esplios de guerra e no sobre seus

    pertences, est descrito no novo testamento:

    Hebreus 7:4 Considerem a grandeza desse homem (Melquisedeque):

    at mesmo o patriarca Abrao lhe deu o dzimo dos despojos!

    Outro fator importante Abrao ser um sacerdote e mais

    do que isto, a pessoa cuja Deus fez uma alianam, que

    perpetuaria para sempre. Abrao sempre teve acesso a Deus e

    sendo ele o sacerdote do povo, o prprio Abrao fazia os

    sacrifcios a Deus, portanto, mesmo que Melquizedeque fosse um

    sacerdote de Deus, Abrao no precisaria dar nada Melquizedeque,

    visto que o prprio Abrao poderia sacrificar a Deus qualquer

    tributo sem o auxlio de Melquizedeque.

    Para quem quiser ir mais fundo no assunto...

    Um fator polmico o termo Deus Altssimo cujo

    Melquizedeque era sacerdote e o Deus Altssimo de Abrao.

    Melquizedeque habitava em Salm, uma cidade canaanita e por

    consequncia vinha de um povo amaldioado (Gn 9:25) por Deus.

  • 36

    Quando Melquizedeque abenoa Abrao, ele o faz em nome de

    El Elyon Deus Altssimo em hebraico, o que para o povo

    cananeu era o nome dado ao deus cananeu Baal, sendo que o

    Deus hebreu de Abrao chamado sempre de Yahweh ou

    Jeohvah. Se observarmos a fala de Abrao no versculo 22,

    Abrao antes de dizer El Elyon, ele diz ...Levanto minha mo

    ao Yahweh, El Elyon ... em contraste com Melquizedeque que

    no chama Deus de Yahweh, sugerindo que efetivamente

    Melquizedeque estivesse se referindo a Baal, e no a Yahweh. Em

    nossas Bblias, todas as vezes em que o original hebraico for

    Yahweh, a palavra SENHOR estar com todas as letras em

    maisculo. Em todas as referncias a Deus durante o livro de

    Gnesis at o captulo 14, Deus se apresentava ao povo como

    Yahweh ou Elohim, portanto fica fora de contexto a

    invocao de Deus por outro nome at ento no utilizado pela

    linhagem escolhida por Deus descendencia de No.

    Mas este ponto somente uma referncia, para quem

    quiser estudar o assunto mais a fundo, visto que independente de

    quem foi Melquizedeque, ou se ele era efetivamente um sacerdote

    de Yahweh, estas informaes so indiferentes para analisarmos o

    dzimo sob a tica dele ser um princpio moral eterno institudo

    antes da Lei. Para tal estudo, seria necessrio vrios livros, que

    infelizmente no esto disponibilizados na lngua portuguesa.

    Lembro que esta discusso extrapola o mbito bblico e

    primariamente feita sobre fatos histricos, visto que no h dados

    bblicos suficientes sobre Melquizedeque para definir sua pessoa,

  • 37

    portanto, como nosso foco a Bblia e usamos dados histricos

    somente para complementar o que a Bblia j diz, optei por

    somente mencionar o assunto para os interessados procurarem por

    conta prpria e reitero que, se no podemos nem comprovar ou

    desmentir qualquer coisa sobre Melquizedeque, tendo somente a

    Bblia como base, prefiro me abster de qualquer opinio pessoal e

    somente instruir as pessoas a respeito da existncia de mais de uma

    nica possibilidade para a pergunta Quem foi Melquizedeque?,

    defendida por telogos que analisam as Escrituras e os fatos

    histricos de forma consolidada.

    Deixo como comentrio somente a afirmao de que

    segundo a Bblia, Melquizedeque no era a encarnao de Cristo,

    ou seja, algum com poderes especiais como Cristo. No Novo

    Testamento temos uma meno de Melquizedeque como sendo

    algum parecido com Cristo no sentido de no ter linhagem

    documentada e no como sendo o Filho de Deus.

    Gnesis 28 Jac barganhando com Deus

    Ainda anterior a Lei de Moiss, h uma meno da palavra

    dzimo, no livro de Gnesis, quando Jac tenta barganhar a beno

    de Deus.

    Gnesis 28:20-22 Ento Jac fez um voto, dizendo: Se Deus estiver

    comigo, cuidar de mim nesta viagem que estou fazendo, prover-me de comida e

    roupa, e levar-me de volta em segurana casa de meu pai, ento o Senhor

  • 38

    ser o meu Deus. E esta pedra que hoje coloquei como coluna servir de

    santurio de Deus; e de tudo o que me deres certamente te darei o dzimo.

    A Bblia relata que Jac havia acabado de ter um sonho

    (Gn 28:12), aonde Deus o abenoaria na sua jornada em busca de

    uma esposa (Gn 28:2-5). Jac faz ento um voto a Deus. Se Deus

    o guardar, ele daria o dzimo a Deus. Em nenhum momento Deus

    pediu o dzimo a Jac, ou deu qualquer ordenana neste sentido,

    mas Jac em uma tentativa de barganhar a beno de Deus, faz um

    voto ou propsito como chamaramos nos dias atuais para

    que Deus o abenoasse. Explicitamente, Jac diz que, s daria o

    dzimo se uma condio fosse atingida, a condio de Deus

    abeno-lo em seu caminho. Percebemos que, apesar da expresso

    dzimo ter sido utilizada, este dzimo no pode estar vinculado

    ao dzimo levtico, que ser institudo futuramente pela Lei, visto

    que, Jac por vontade prpria, tenta negociar com Deus sua

    beno e em nenhum momento Deus requereu dele um

    pagamento para abeno-lo.

    de conhecimento geral para quem estuda a Bblia, que

    Jac no era conhecido por sua humildade ou bondade e sim por

    sua esperteza. Ento, apesar de Jac ter sido uma pessoa escolhida

    por Deus, no podemos nos espelhar em alguns comportamentos

    de Jac que Deus no gostava e possivelmente esta tentativa de

  • 39

    Jac de subornar Deus, foi um comportamento desaprovado por

    Deus.

    Ams 6:8 O SENHOR Soberano jurou por si mesmo! Assim declara o

    SENHOR, o Deus dos Exrcitos: "Eu detesto o orgulho de Jac e odeio os

    seus palcios; entregarei a cidade e tudo que nela existe".

    Outro fator que intriga a pergunta Como Jac entregaria

    o dzimo a Deus?. Uma vez que no temos o sacerdcio levtico

    institudo e at ento o lder de cada casa era o sacerdote do povo,

    para quem Jac efetivamente entregaria o dzimo?

    Ou ainda, o que foi o dzimo de Jac? Porque lemos no verso 20,

    que a nica coisa que ele pede a Deus neste momento foi comida e

    roupa, logo, a expectativa de Jac, seria de seus bens serem comida

    e roupa, portanto, seu dzimo no poderia ser diferente disto.

    Podemos mudar a pergunta, Para quem Jac daria comida e

    roupa, como forma de dzimo a Deus?. Certamente estas

    perguntas no possuem resposta e assim sendo, elas removem

    esta passagem bblica de qualquer hiptese favorvel ao dzimo ser

    um princpio moral eterno anterior a Lei. Observando tambm que

    Jac, por vontade prpria, oferece este dzimo sem Deus nunca

    o ter institudo ou cobrado. Tambm no podemos considerar que

    esta tentativa de barganha com Deus o dzimo de Jac seja

    relacionado a cultura rabe de esplio de guerra, como fora o caso

    de Abrao e Melquizedeque.

  • 40

    Assim como seu pai Isaque, Jac pertencia a linhagem de

    Abrao, escolhida por Deus para ser seu povo e portanto ele

    mesmo era um sacerdote de Yahweh, podendo fazer sacrifcios ou

    levantar altares a Deus (Gn 35:1-3). Portanto, mesmo que Jac

    efetivamente fosse dar o dzimo a Deus, ou ele queimaria o dzimo

    no altar, ou ele doaria aos necessitados como forma de honrar a

    Deus, fazendo justia com o prximo.

    Logo, podemos considerar que esta passagem no tem

    qualquer relao com o dzimo como conhecemos, o dzimo da

    Lei, ou mesmo com a pressuposio errada do dzimo como um

    princpio moral eterno.

  • 41

    Captulo IV

    Dzimo no perodo da Lei (ou Velha

    Aliana)

    Levtico 27:30-34

    Este o trecho da Bblia em que aparece o contexto do

    dzimo no sentido de ordenana pela primeira vez. importante

    sabermos o momento histrico onde este captulo se encontra, e

    para isto, vamos ao comeo do livro de Levtico, no captulo 2.

    Levtico 2:1-2 "Quando algum trouxer uma oferta de cereal ao Senhor,

    ter que ser da melhor farinha. Sobre ela derramar leo, colocar incenso e a

    levar aos descendentes de Aro, os sacerdotes. Um deles apanhar um

    punhado da melhor farinha com leo, juntamente com todo o incenso, e o

    queimar no altar como poro memorial. oferta preparada no fogo, de

    aroma agradvel ao Senhor.

    Por este texto, constatamos que estamos falando da poca

    onde Deus j havia institudo Aro e sua descendncia como

    sacerdotes do povo, portanto, ele foi escrito posteriormente ao

  • 42

    captulo 18 do livro de Nmeros, onde Deus d a ordenana do

    dzimo a nao de Israel.

    Conforme j falamos sobre o que era o dzimo em

    captulos anteriores, Deus define como sendo o dzimo, os frutos

    da terra (v.30) ou parte de rebanho (v32). O dzimo, era santo ao

    Senhor, visto que Deus instituiu o dzimo para que os Levitas

    fossem alimentados e pudessem alimentar os pobres, vivas e

    rfos, conforme Nmeros 18; captulo que iremos estudar em

    seguida. Ainda neste mesmo texto, a Bblia diz que estes so os

    mandamentos que Deus ordenou a Moiss no monte Sinai para os

    israelitas. (V.34) deixando extremamente claro que o dzimo foi

    um mandamento da Lei.

    John Wesley Telogo do sculo 18 graduado em

    Oxford tambm afirmou11 que o dzimo descrito em Levtico 27

    faz parte dos mandamentos e ordenanas de Deus para a Nao de

    Israel:

    Isto a referncia para todo livro. Muitos destes mandamentos so morais,

    outros cerimoniais e peculiares a economia judaica, a qual ainda so instrutivos

    para ns, que temos a chave para os mistrios contidos neles. Sobre tudo, ns

    temos que louvar Deus, porque ns no vamos ao Monte Sinai, porque no

    estamos sob a escura sombra da Lei, mas regozijamos na clara luz do

    evangelho. A doutrina de nossa reconciliao com Deus por um Mediador, no

    esborrecida pela fumaa dos sacrifcios, mas pelo conhecimento claro de Cristo,

    e Ele crucificado.

    11 p. 1333, comentrio de Lv 27:34

  • 43

    Analisando os versculos anteriores 28 e 29, vemos ainda

    que, se o homem consagrar algo ao Senhor, isto virar algo

    Santssimo. Portanto quando algum defende a idia de dizimar

    nos dias atuais, pelo dzimo ter sido algo santo ao Senhor, este

    algum ignora que houveram coisas Santssimas ao Senhor, que

    assim como o dzimo, foram pregadas na cruz do calvrio. Fica

    conveniente uma defesa onde se diz que o dzimo era parte da Lei

    e vlido at hoje, porm outras partes da Lei foram abolidas com a

    crucificao de Cristo. O dzimo, assim como todas as outras

    ordenanas da Lei, eram santas a Deus e foram abolidas por Cristo

    na cruz.

    Hebreus 7:18-22 A ordenana anterior revogada, por que era fraca e

    intil (pois a Lei no havia aperfeioado coisa alguma), sendo introduzida

    uma esperana superior, pela qual nos aproximamos de Deus. E isso no

    aconteceu sem juramento! Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer

    juramento, mas ele se tornou sacerdote com juramento, quando Deus lhe disse:

    "O Senhor jurou e no se arrepender: Tu s sacerdote para sempre ". Jesus

    tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliana superior.

    Nmeros 18 A ordenana dzimo levtico

    aqui no captulo de 18 do livro de Nmeros onde Deus

    d a Israel a ordenana do dzimo para os levitas e o dzimo dos

    dzimos para descendncia de Aro uma famlia pertencente a

    tribo de Levi. Os Levitas haviam sido separados do restante de

    Israel para poderem cuidar do Tabernculo, conforme ordenana

  • 44

    do Senhor a Moiss (Nm 1:47-53). Pela histria bblica, Aro era

    um sacerdote de Deus (Ex 28:1) e quando Deus ajuda Moiss a

    organizar e legislar Israel, Deus d a Aro as pessoas da tribo de

    Levi, para que elas pudessem ajud-lo na organizao e

    manuteno do tabernculo (Nm 3:6-9). Deus altera um estatuto

    at ento seguido, de todo primognito ser consagrado a Ele (Ex

    13:1-2). A partir deste momento, todo Levita seria consagrado a

    Deus, ao invs de somente os primognitos de todas as tribos de

    Israel. Porm, somente da descendncia de Aro, seriam os

    sacerdotes do povo (Nm 3:10, 8:15-16) e no todo o povo Levita.

    Deus instrui Moiss a respeito da forma pela qual os

    Levitas seriam divididos, para que cada parte da tribo dos Levitas

    pudesse trabalhar no templo, cada um com sua funo especfica.

    E descendncia de Aro, foi dada a liderana sacerdotal do

    templo (Nm 3:11-37). Em resumo, Deus separa os Levitas dentre

    as tribos de Israel para serem consagrados a Ele e dentre os

    Levitas, separa a descendncia de Aro para serem consagrados

    sacerdotes. Os Levitas comuns, que no eram sacerdotes,

    ajudavam nas tarefas rotineiras de manuteno, organizao e nas

    atividades administrativas do tabernculo templo e do povo de

    Israel, porm, no podiam entrar no Santssimo Lugar12.

    12 O tabernculo era dividido em 3 partes: trio externo, Santo Lugar e Santo dos Santos. No trio externo, eram realizados os sacrifcios, todos os levitas poderiam entrar e os no-levitas seriam mortos se aproximassem (Nm 18:7). No Santo Lugar, era queimado azeite e incenso, e somente os sacerdotes poderiam entrar. E no Santo dos Santos, somente o sumo-

  • 45

    Uma vez esclarecido a funo e a diferena entre levitas e

    sacerdotes levitas descendentes de Aro, podemos agora

    continuar o estudo do captulo 18 do livro de Nmeros com

    calma, pois ele a base fundamental do mandamento do dzimo,

    institudo por Deus a Israel. A Bblia descreve nos versos de 1 a 20

    a herana de Aro. Ressalto que, estamos falando somente de Aro

    e sua descendncia, e no dos Levitas como um todo. Podemos ler

    nestes versos que Deus separa as primcias para Aro, ou seja, tudo

    aquilo que h de melhor, tudo aquilo que for consagrado a Deus,

    para que Aro e sua descendncia possam comer do melhor no

    lugar santo que o Senhor designar (v. 10, 11, 13). E o Senhor

    termina a descrio da herana de Aro dizendo que Ele a sua

    herana (v.20).

    Aps a herana de Aro, Deus ento d como herana aos

    Levitas o dzimo das tribos de Israel (v.21), em funo do servio

    prestado por eles ao tabernculo. Alm dos dzimos de Israel,

    Deus ainda coloca sobre os Levitas o fardo de se

    responsabilizarem pelos pecados daqueles que se aproximarem

    indevidamente do tabernculo e que se um no-levita se

    aproximasse do tabernculo, este devesse ser morto (v.22).

    Novamente Deus diz aos Levitas que eles no tero heranas alm

    do dzimo (v.24), ao contrrio das outras tribos de Israel que

    receberam heranas terrenas. Aps receberem os dzimos das

    tribos de Israel, os Levitas deveriam ainda retirar o dzimo destes

    sacerdote poderia entrar, 1 vez ao ano, para realizar o sacrifcio de expiao de pecados do povo (Lv 16:32-34).

  • 46

    dzimos 10% de 10%, ou seja 1% (v.26) e entregar a Aro para

    que ele tivesse sempre a melhor parte.

    Conforme estes versos que acabamos de ler, podemos

    listar a herana de Aro como:

    v.11: Ofertas de rituais.

    v.12: Azeite, vinho e trigo.

    v.13: Primeiros frutos.

    v.14: Tudo que for consagrado ao Senhor.

    v.15: Primognito consagrado ao Senhor.

    v.16: Direito de comprar os de animais impuros.

    v.17-18: Animais de sacrifcio.

    v.19: Toda oferta alada das coisas sagradas ao Senhor.

    v.26-28: 1% dos dzimos de Israel.

    No possuir nenhuma terra como herana.

    E como herana dos Levitas:

    v.21-28: 90% dos dzimos de Israel visto que 10% do

    dzimo eles dariam a Aro.

    No possuir nenhuma terra como herana.

    Um fator importante a se destacar, o dever dos

    sacerdotes de comer os dzimos exclusivamente no templo (v.10),

    enquanto os levitas, poderiam comer dos dzimos em qualquer

    lugar (v.31). Nota-se que em funo do Levita cuidar do

    tabernculo, ele no poderia possuir terras, portanto, tendo o

    dzimo como herana, ao invs de plantar seu alimento, o dzimo

  • 47

    provia o sustento alimentar para a tribo de Levi, a partir de

    alimentos originados das terras pertencentes a outras tribos de

    Israel. Os levitas viviam em 13 cidades Js 19:1-19, sem possuir a

    terra em que viviam.

    Conforme escrito na Bblia, o dzimo foi uma ordenana

    especfica a nao de Israel, para que a nao alimentasse aqueles

    levitas que eram responsveis pela manuteno do templo e

    aqueles sacerdotes que eram responsveis por fazer a

    intermediao entre o homem e Deus. importante ressaltar, que

    somente os levitas poderiam chegar perto do tabernculo.

    Qualquer outro que tentasse se aproximar do tabernculo seria

    morto (v.22) e somente o sumo-sacerdote poderia ter contato com

    Deus. Mesmo uma pessoa sendo levita, ela no poderia se

    aproximar de determinados lugares no tabernculo, sob pena de

    morte (v.3).

    comum pessoas defenderem a legalidade do dzimo para

    os dias atuais, com a teoria do o dzimo ser dado para sustentar o

    templo, mas podemos ver que o dzimo era dado para sustentar

    quem cuidava do templo e no o templo propriamente. Ainda

    assim, este sustento proveniente do dzimo, se refere

    exclusivamente a alimentos. Se a mesma regra de antes, fosse

    aplicada hoje, estaramos todos mortos assim que ns nos

    aproximssemos dos templos, visto que somente os sacerdotes (ou

    alguns levitas com tarefas especficas) poderiam estar no templo e

    como ns no somos descendentes da tribo de Levi, no teramos

    este direito.

  • 48

    Outro fator interessante o dzimo que era entregue aos

    levitas poder ser comidos em qualquer lugar. J o dzimo entregue

    aos sacerdotes e templos, que equivalem somente a 1% do dzimo

    total, era utilizado para que os sacerdotes comessem

    exclusivamente dentro dos templos.

    Deuteronmio 12, 14 e 26

    Novamente, no livro de Deuteronmio, a Bblia nos instrui

    sobre o dzimo como um alimento a ser consumido na presena de

    Deus.

    Deuteronmio 12:11-12 Ento, para o lugar que o Senhor, o seu

    Deus, escolher como habitao do seu Nome, vocs levaro tudo o que eu lhes

    ordenar: holocaustos e sacrifcios, dzimos e ddivas especiais e tudo o que

    tiverem prometido em voto ao Senhor. E regozijem-se ali perante o Senhor, o

    seu Deus, vocs, os seus filhos e filhas, os seus servos e servas e os levitas que

    vivem nas cidades de vocs, por no terem recebido terras nem propriedades.

    Deuteronmio 12:17-18 Vocs no podero comer em suas prprias

    cidades o dzimo do cereal, do vinho novo e do azeite, nem a primeira cria dos

    rebanhos, nem o que, em voto, tiverem prometido, nem as suas ofertas

    voluntrias ou ddivas especiais. Ao invs disso, vocs os comero na presena

    do Senhor, do seu Deus, no local que o Senhor, o seu Deus, escolher; vocs, os

    seus filhos e filhas, os seus servos e servas, e os levitas das suas cidades.

    Alegrem-se perante o Senhor, o seu Deus, em tudo o que fizerem.

  • 49

    Deuteronmio 14:22-29 Separem o dzimo de tudo o que a terra

    produzir anualmente. Comam o dzimo do cereal, do vinho novo e do azeite, e

    a primeira cria de todos os seus rebanhos na presena do Senhor, o seu Deus,

    no local que ele escolher como habitao do seu Nome, para que aprendam a

    temer sempre o Senhor, o seu Deus. Mas, se o local for longe demais e vocs

    tiverem sido abenoados pelo Senhor, pelo seu Deus, e no puderem carregar o

    dzimo, pois o local escolhido pelo Senhor para ali pr o seu Nome longe

    demais, troquem o dzimo por prata, e levem a prata ao local que o Senhor, o

    seu Deus, tiver escolhido. Com prata comprem o que quiserem: bois, ovelhas,

    vinho ou outra bebida fermentada, ou qualquer outra coisa que desejarem.

    Ento juntamente com suas famlias comam e alegrem-se ali, na presena do

    Senhor, do seu Deus. E nunca se esqueam dos levitas que vivem em suas

    cidades, pois eles no possuem propriedade nem herana prprias. Ao final de

    cada trs anos, tragam todos os dzimos da colheita do terceiro ano e armazene-

    os em sua prpria cidade, para que os levitas, que no possuem propriedade

    nem herana, e os estrangeiros, os rfos e as vivas que vivem na sua cidade

    venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, o abenoe em todo

    o trabalho das suas mos.

    Deuteronmio 26:12-13 Quando tiverem separado o dzimo de tudo

    quanto produziram no terceiro ano, o ano do dzimo, entreguem-no ao levita,

    ao estrangeiro, ao rfo e viva, para que possam comer at saciar-se nas

    cidades de vocs. Depois digam ao Senhor, ao seu Deus: "Retirei da minha

    casa a poro sagrada e dei ao levita, ao estrangeiro, ao rfo e viva, de

    acordo com tudo o que ordenaste. No me afastei dos teus mandamentos nem

    esqueci nenhum deles.

  • 50

    Nesta hora provavelmente voc est se perguntando:

    Como assim um dzimo a cada 3 anos?. Outro fator intrigante

    sobre o dzimo, a existncia de mais de um dzimo descrito na

    Bblia Sagrada. Temos de fato, 3 dzimos distintos descritos na

    Bblia conforme abaixo:

    1. Dzimo Levtico (Nm 18): 10% de alguns itens da terra

    e gado entregue anualmente aos levitas.

    2. Dzimo das festividades (Dt 14:22-27): 10% de alguns

    itens da terra e gado, entregue em Jerusalm para

    grandes festividades.

    3. Dzimo para os pobres (Dt 14:28-29): 10% de alguns

    itens da terra e gado, armazenados na cidade do

    dizimista uma vez a cada 3 anos, para alimentar os

    levitas, estrangeiros, rfos e vivas.

    Desta forma para quem era dizimista, efetivamente no

    lhes era pedido 10%, mas sim aproximadamente 23% 10% +

    10% + 1/3 de 10% = 23,33% ao ano, dos frutos da terra e do

    gado.

    Precisamos ter em mente que estamos nos referindo a um

    governo teocrata13, que usava mecanismos religiosos para sustentar

    13 Segundo dicionrio Michaelis: te.o.cra.Ci.a sf (teo+cracia) 1 Regime poltico em que o poder, considerado como emanao da Divindade, , muitas vezes, exercido pelos seus ministros. 2 Polt Sistema poltico caracterizado pela dominao da casta sacerdotal. 3 Escola, seita ou sistema em que buscam o predomnio aqueles que o vulgo considera consagrados ou inviolveis.

  • 51

    a nao. Segundo John MacArthur14 ... Eles estavam financiando as

    pessoas que administravam o governo, os Levitas, eles estavam suprindo as

    festas nacionais e assim por diante com o dzimo das festividades. E o terceiro

    dzimo era o programa de bem-estar para os pobres. Isto o povo financiando

    a entidade nacional. Todos estes 3 so taxas, e no ofertas voluntrias a Deus.

    Dzimo sempre foi taxa. De forma que os programas de governo pudessem

    acontecer. O programa sacerdotal, o programa religioso nacional e o programa

    de bem-estar.

    Se fossemos trazer para os dias atuais, entregaramos 10%

    da produo agrcola e pecuria aos Levitas se soubssemos

    quem seriam eles atualmente, depois outros 10% da produo

    agrcola e pecuria, ns usaramos em grandes celebraes a Deus

    comendo este dzimo durante estas celebraes e a cada 3 anos,

    daramos mais 10% da produo agrcola e pecuria para

    alimentarmos os pobres. Novamente, a Bblia no cita dinheiro,

    mas sim alimentos como sendo o dzimo e os prprios dizimistas

    comeriam os dzimos nas festas, ou o dzimo seria usado para

    alimentar os pobres, ou os levitas que administravam a nao.

    Um fator curioso sobre o dzimo que ele vlido

    somente sobre a terra de Cana. O dzimo santo porque a terra

    de que provem o dzimo santa.

    Deuteronmio 21:22-23 Se um homem culpado de um crime que

    merea a morte for morto e pendurado em uma madeira, no deixem o corpo

    14 God's Plan For Giving.

  • 52

    no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer

    que for pendurado em uma madeira est debaixo da maldio de Deus. No

    contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes d por herana.

    Deuteronmio 26:15 Olha dos cus, da tua santa habitao, e abenoa

    Israel, o teu povo, e a terra que nos deste, conforme prometeste sob juramento

    aos nossos antepassados, terra onde manam leite e mel".

    Desta forma, quando em Lv 27:30 diz que os dzimos da

    terra so santos ao Senhor, ele de fato diz que a terra que

    produz o dzimo santa, visto que em Dt 12:19 a Bblia relata que

    o dizimista no deve esquecer do Levita enquanto viver em sua

    terra, na terra prometida e proveniente da beno de Deus. Isto

    tambm sustentado pelo fato do povo de Israel no ter dizimado

    durante os 40 anos no deserto e ter somente dizimado uma vez

    que chegaram a Cana a terra prometida providenciada por

    Deus, quando na diviso da herana desta terra, Deus institui o

    sacerdcio de Aro e a administrao dos Levitas.

    O dzimo tambm no era dado no stimo e

    quinquagsimo anos. Deus instrui o povo a no plantar nada no

    stimo ano e no ano de Jubileu a cada 50 anos, para que a terra

    descanse e os pobres pudessem comer do que surgir da terra nos

    stimos anos. E diz ainda Deus que no sexto ano, Ele daria

    abundancia tal a terra, que ela produziria suficiente alimento para 3

    anos Ex 23:9-11; Lv 25.

  • 53

    Ams 4:4-6

    Embora o livro de Ams esteja depois do livro de 2

    Crnicas na Bblia, sua histria se passa alguns anos antes de 2

    Crnicas, portanto, iremos abordar o contexto histrico de Ams

    antes de seguir em diante com 2 Crnicas.

    No deixaremos de explicar este livro, em funo dele

    fazer uma breve meno ao dzimo, sob o contexto de uma

    repreenso de Deus aos Israelitas, por diversos motivos. Como

    no um texto que agrega a explicao dos dzimos propriamente,

    iremos somente fazer um comentrio breve e introdutrio ao livro

    de 2 Crnicas.

    O profeta Ams viveu durante o reinado de Uzias e

    Jeroboo II por volta de 790 a.C. O povo de Israel havia se

    esquecido de Deus, deixando de cumprir a Lei e at chegando ao

    ponto de criar dolos de outros deuses. Alguns ainda cumpriam

    parte da Lei por mera obrigao social, o que no agradava a

    Deus da mesma forma aos que transgrediam toda a Lei.

    O que provavelmente era pior, os prprios sacerdotes e

    lderes governamentais cobravam ofertas dos pobres, aceitavam

    suborno dos ricos e no ajudavam os necessitados, causando a ira

    de Deus.

    Ams 4:4-6 Vo a Betel e ponham-se a pecar; vo a Gilgal e pequem

    ainda mais. Ofeream os seus sacrifcios cada manh, os seus dzimos no

    terceiro dia. Queimem po fermentado como oferta de gratido e fiquem

    proclamando por a suas ofertas voluntrias; anunciem-nas, israelitas, pois

  • 54

    isso o que gostam de fazer, declara o SENHOR Soberano. Fui eu mesmo

    quem deu a vocs estmagos vazios em cada cidade e falta de alimentos em todo

    lugar, e ainda assim vocs no se voltaram para mim, declara o SENHOR.

    Ams 5:11-12 "Vocs pisam no pobre e o foram a dar-lhes o trigo. Por

    isso, embora vocs tenham construdo manses de pedra, nelas no moraro;

    embora tenham plantado vinhas verdejantes, no bebero do seu vinho. Pois sei

    quantas so as suas transgresses e quo grandes so os seus pecados. Vocs

    oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faa justia ao pobre nos

    tribunais.

    Este o contexto que precede o prximo livro que vamos

    estudar, quando o dzimo retorna ao cenrio bblico. Um povo

    distante de Deus, sacerdotes corrompidos pelo dinheiro e a ira de

    Deus caindo sobre a nao de Israel.

    2 Crnicas 31:2-6

    Antes de entrarmos propriamente no versculo que fala de

    dzimo no livro de 2 Crnicas, precisamos fazer um breve

    comentrio sobre a histria de Israel at este momento.

    At antes de Ams 4, estvamos estudando textos

    referentes a poca de Moiss, que ocorreram aproximadamente em

    1440 a.C. Naquela poca, Deus deu a Moiss os mandamentos,

    ordenanas e estatutos os quais o povo deveria seguir para

    agradarem a Deus e Ele os abenoar. Como vimos, o dzimo era

    parte destas ordenanas de Deus. S agora em 2 Crnicas, na

  • 55

    poca do rei Ezequias, que a Bblia volta a mencionar o dzimo e

    iremos notar algumas mudanas, que apesar de pequenas, causam

    um grande impacto negativo na interpretao do dzimo nos dias

    atuais. Para termos uma referncia de tempo, o rei Ezequias reinou

    entre os anos de 728 a.C a 699 a.C. Portanto, por mais de 700 anos

    contando a partir do xodo, passando pela poca dos Juzes,

    Saul, Davi, Salomo e Reino dividido, que o assunto dzimo

    volta a surgir, sob um contexto um pouco diferente daquele que

    havia sido apresentado por Deus a Moiss.

    possvel de que o povo tenha deixado de dizimar durante

    o perodo dos Juzes entre 1350 a.C at 1078 a.C

    aproximadamente, porque uma vez que no houveram reis, muitos

    faziam conforme o que achavam certo. Ou talvez durante o

    perodo de diviso do reino 931 a.C a 728 a.C com a morte de

    Salomo e a subsequente vinda de reis no tementes a Deus.

    Juzes 17:6 e 21:25 "Naquela poca no havia rei em Israel; cada

    um fazia o que lhe parecia certo.

    Com a vinda de Ezequias ao trono como rei de Israel, ele

    retoma a Lei e dentre as vrias aes tomadas para devolver o

    povo a adorao do Deus de Israel, ele ordena que o povo volte a

    dizimar, para que os Levitas possam se dedicar ao Templo do

    Senhor.

    Desde o reinado de Saul incio em 1046 a.C, era cobrado

    sobre o povo uma taxa de 10% que substituiu o dzimo levtico

  • 56

    (1Samuel 8:14-17). O dzimo se transformou em uma taxa civil

    nesta poca, sendo o rei responsvel por repassar aos levitas ou a

    terceiros, a quantia que achasse pertinente para manuteno do

    governo e templos.

    Ezequiel, tendo no incio do seu reinado esta taxa ainda

    ativa, abole ela, retorna a Lei e instrui o pagamento dos dzimos

    aos Levitas. O prprio rei Ezequiel dando exemplo, tira de seus

    prprios bens a melhor parte e entrega aos Levitas. Porm, um

    fato curioso acontece nesta ordem do rei Ezequias.

    2 Crnicas 31:4 Ele ordenou ao povo de Jerusalm que desse aos

    sacerdotes e aos levitas a poro que lhes era devida a fim de que pudessem

    dedicar-se Lei do Senhor.

    Histricamente, os levitas no habitavam em Jerusalm (Js

    21:9-19) e sim nas cidades prximas. Uma vez que at este

    momento, o dzimo era entregue nas cidades levticas e somente as

    primcias eram enviadas aos sacerdotes de Jerusalm, h duas

    possibilidades plausveis para o rei ter pedido que os dzimos

    fossem entregues em Jerusalm:

    1. O rei Ezequiel errou ao pedir que fossem entregues os

    dzimos a uma cidade no levtica.

    2. Os Levitas em algum momento da histria passaram a

    habitar tambm em Jerusalm e no mais somente nas

    cidades levticas.

  • 57

    O mais provvel que esta lei o dzimo foi inutilizada

    durante tanto tempo, entre o perodo de Moiss a Ezequiel, que

    fez com que o povo e o rei simplesmente se esquecessem de

    como ela foi concebida. Mas como apesar de provvel, isto uma

    teoria e devemos trabalhar com as duas hipteses possveis, a de

    que o povo se esqueceu e efetivamente esto fazendo algo

    diferente da Lei, ou a de que os levitas passaram a habitar em

    Jerusalm, contrariando a Lei feita no passado pelos lderes levitas

    instrudos pelo Senhor.

    Neemias 10:29 "agora se unem aos seus irmos, os nobres, e se obrigam

    sob maldio e sob juramento a seguir a Lei de Deus dada por meio do servo

    de Deus Moiss e a obedecer fielmente a todos os mandamentos, ordenanas e

    decretos do Senhor, o nosso Senhor.

    O fato que pela primeira vez, o dzimo que at ento

    nunca foi entregue no templo, passou a ser, pelo menos para a

    cidade de Jerusalm. A respeito da entrega do dzimo no resto das

    cidades israelitas, a Bblia no faz meno neste momento

    histrico, porm, nada leva a crer que os judeus destas outras

    cidades se dariam o trabalho de levar seus dzimos at Jerusalm,

    ao invs de entregarem aos levitas locais e os levitas, por sua vez,

    levariam as primcias e o dzimo dos dzimos aos sacerdotes.

    Neemias 10:37-39 Alm do mais, traremos para os depsitos do templo

    de nosso Deus, para os sacerdotes, a nossa primeira massa de cereal modo, e

  • 58

    as nossas primeiras ofertas de cereal, do fruto de todas as nossas rvores e de

    nosso vinho e azeite. E traremos o dzimo das nossas colheitas para os levitas,

    pois so eles que recolhem os dzimos em todas as cidades onde trabalhamos.

    Um sacerdote descendente de Aro dever acompanhar os levitas quando

    receberem os dzimos, e os levitas tero que trazer um dcimo dos dzimos ao

    templo de nosso Deus, aos depsitos do templo. O povo de Israel, inclusive os

    levitas, devero trazer ofertas de cereal, de vinho novo e de azeite aos depsitos

    onde se guardam os utenslios para o santurio. ali que os sacerdotes

    ministram e que os porteiros e os cantores ficam. No negligenciaremos o

    templo de nosso Deus.

    E o que sucede com esta ordenana do rei Ezequias, o

    templo no comportar tanta comida, porque efetivamente, ele no

    havia sido construdo com este propsito. Vemos nos versos de 9

    a 11, que no houve espao para tanta comida e o rei ordena ento

    que fossem construdos armazns no templo.

    2 Crnicas 31:9-11 "Ezequias perguntou aos sacerdotes e aos levitas

    sobre essas ofertas; o sumo sacerdote Azarias, da famlia de Zadoque,

    respondeu: "Desde que o povo comeou a trazer suas contribuies ao templo do

    Senhor, temos tido o suficiente para comer e ainda tem sobrado muito, pois o

    Senhor tem abenoado o seu povo, e esta a grande quantidade que sobra".

    Ezequias ordenou que preparassem despensas no templo do Senhor, e assim foi

    feito.

    Cabe alguns questionamentos para este fato:

  • 59

    Estamos falando do mesmo templo construdo por

    Salomo?

    Isto j aconteceu antes?

    O que Salomo fez com os animais e toda comida

    entregue ao templo, se o templo at ento no possua

    armazns?

    A resposta sim para a pergunta sobre ser o mesmo

    templo de Salomo, e no, isto nunca aconteceu anteriormente

    segundo a Bblia. As respostas a estas perguntas nos remetem a

    concluso de at a poca em que Salomo era rei, a Lei

    provavelmente ainda prevalecia inalterada, conforme Moiss a

    recebeu de Deus, portanto, os dzimos eram entregues aos levitas,

    nas cidades levticas, caso contrrio, no haveria espao para

    armazenar os animais e comidas dos dzimos no templo de

    Salomo em Jerusalm, uma vez que o templo no possua

    armazns para estocar tamanha quantidade de comida.

    Este acontecimento a ordem do rei Ezequias para os

    habitantes de Jerusalm entregarem dzimos em Jerusalm, o

    primeiro relato bblico sobre a entrega dos dzimos diretamente no

    templo, contrariando a ordenana de entregar os dzimos nas

    cidades levticas.

    Portanto, a frase da igreja ser a casa do tesouro instituda

    por Deus uma afirmao errnea, visto que, desde a concepo

    da Lei, at este momento, todos os profetas, juzes e reis,

    entregaram seus dzimos nas cidades levticas, conforme ordenana

  • 60

    do prprio Deus a Moiss, descrita no pentateuco (Gn, Ex, Lv,

    Nm, Dt). possvel imaginar vrios motivos plausveis para o rei

    Ezequias ter pedido para os habitantes de Jerusalm dizimarem ao

    Templo, porm, o fato que esta ordem do rei Ezequias, no est

    de acordo com o mandamento de Deus escrito por Moiss no

    pentateuco.

    Mas apesar da ordem do rei Ezequias inicialmente

    centralizar os dzimos no Templo, ele de certa forma redistribuiu

    os dzimos de Jerusalm para outras cidades e possivelmente a

    parte majoritria do dzimo era enviada as cidades levticas, para

    seu propsito inicial de alimentar os levitas, rfos, vivas e

    estrangeiros. Esta distribuio dos dzimos, mesmo tendo um

    incio errado o recebimento deles em Jerusalm, continuava a

    cargo dos levitas.

    2 Crnicas 31:14-18 Cor, filho do levita Imna, guarda da porta leste,

    foi encarregado das ofertas voluntrias feitas a Deus, distribuindo as

    contribuies dedicadas ao Senhor e as ofertas consagradas. Sob o comando dele

    estavam den, Miniamim, Jesua, Semaas, Amarias e Secanias, que, nas

    cidades dos sacerdotes, com toda a fidelidade distribuam ofertas aos seus

    colegas sacerdotes de acordo com seus turnos, tanto aos idosos quanto aos

    jovens. Eles as distriburam aos homens e aos meninos de trs anos para cima,

    cujos nomes estavam nos registros genealgicos, tambm a todos os que

    entravam no templo do Senhor para realizar suas vrias tarefas dirias, de

    acordo com suas responsabilidades e seus turnos. Os registros genealgicos dos

    sacerdotes eram feitos segundo suas famlias, o dos levitas de vinte anos para

  • 61

    cima, de acordo com suas responsabilidades e seus turnos. O registro inclua

    todos os filhos pequenos, as mulheres, e os filhos e filhas de todo o grupo, pois

    os sacerdotes e os levitas haviam sido fiis em se consagrarem.

    Neemias 10:37-38 e 13:1-13

    Este livro especialmente importante pois est diretamente

    relacionado ao contexto histrico de Malaquias. Os profetas

    Neemias e Malaquias viveram durante o mesmo perodo histrico

    e em funo disto, os relatos de ambos os livros sobre os dzimos,

    so bem similares e mais do que isto, eles se complementam.

    Ambos os livros se passam aproximadamente entre os

    anos de 500 a.C. a 400 a.C. O povo de Israel j havia sado do

    cativeiro de 70 anos na Babilnia, o templo de Salomo j havia

    sido reconstrudo em 519 a.C. por ordem de Zorobabel e Ageu, e

    as muralhas de Jerusalm tambm j haviam sido reconstrudas por

    volta de 445 a.C. por ordem do profeta Neemias. Em apenas

    algumas dcadas do exlio, temos um povo que j havia se

    esquecido de Deus, tendo este povo adorado outros deuses (Ne

    9:32-38; Ml 2, 3).

    Agora sim, com este contexto em mente, podemos ler as

    escrituras, onde o profeta Neemias volta a chamar a ateno do

    povo para que eles retornassem a Lei.

    Neemias 9:35-39 Tambm assumimos a responsabilidade de trazer

    anualmente ao templo do Senhor os primeiros frutos de nossas colheitas e de

    toda rvore frutfera. Conforme tambm est escrito na Lei, traremos o

  • 62

    primeiro de nossos filhos e a primeira cria de nossos rebanhos, tanto de ovelhas

    como de bois, para o templo de nosso Deus, para os sacerdotes, que ali

    estiverem ministrando. Alm do mais, traremos para os depsitos do templo de

    nosso Deus, para os sacerdotes, a nossa primeira massa de cereal modo, e as

    nossas primeiras ofertas de cereal, do fruto de todas as nossas rvores e de nosso

    vinho e azeite. E traremos o dzimo das nossas colheitas para os levitas, pois

    so eles que recolhem os dzimos em todas as cidades onde trabalhamos. Um

    sacerdote descendente de Aro dever acompanhar os levitas quando receberem

    os dzimos, e os levitas tero que trazer um dcimo dos dzimos ao templo de

    nosso Deus, aos depsitos do templo. O povo de Israel, inclusive os levitas,

    devero trazer ofertas de cereal, de vinho novo e de azeite aos depsitos onde se

    guardam os utenslios para o santurio. ali que os sacerdotes ministram e

    que os porteiros e os cantores ficam. No negligenciaremos o templo de nosso

    Deus.

    A primeira coisa a se observar neste texto de Neemias

    que Neemias est 100% de acordo com a ordenana do dzimo

    descrita em Nm 18. Vemos aqui que Neemias instrui o povo a

    trazer as primcias para o templo, a fim de que fossem utilizadas de

    comida pelos sacerdotes ou ofertadas a Deus. E no mesmo texto,

    ele instrui o povo a entregar entregar os dzimos aos Levitas e

    ressalta um fator importante: pois so eles que recolhem os

    dzimos em todas as cidades onde trabalhamos.

    Conforme j estudamos, os levitas nunca habitaram em

    Jerusalm e somente iam a Jerusalm uma vez por semana, a cada

    24 semanas (1 Cr 24:1-19), em turnos, para que cuidassem de

  • 63

    tarefas dirias do Templo. Sendo assim, a parte majoritria dos

    Levitas permaneciam nas cidades ao derredor de Jerusalm e

    somente 1/24 dos levitas permaneciam em Jerusalm, trabalhando

    nos afazeres relacionados ao templo, sejam eles sacerdotais ou

    cvicos.

    Neemias 11:3 Alguns israelitas, sacerdotes, levitas, servos do templo e

    descendentes dos servos de Salomo viviam nas cidades de Jud, cada um, em

    sua propriedade. Estes so os lderes da provncia que passaram a morar em

    Jerusalm.

    Neemias 11:20-21 Os demais israelitas, incluindo os sacerdotes e os

    levitas, estavam em todas as cidades de Jud, cada um na propriedade de sua

    herana. Os que prestavam servio no templo moravam na colina de Ofel, e

    Zia e Gispa estavam encarregados deles.

    Logo, o profeta Neemias instrui o povo a entregar os

    dzimos para os Levitas em suas cidades e no no Templo, de

    acordo como a Lei ordenava. Lemos ainda que assim como

    descrito em Nm 18, Neemias instrui os Levitas a darem 10% do

    dzimo para os sacerdotes, a fim de que haja comida no templo.

    Fica claro que os sacerdotes receberiam somente 1% dos dzimos

    10% dos 10% da colheita e gado e ainda assim, estes 1%,

    seriam entregues pelos levitas aos sacerdotes e no pelo povo aos

    sacerdotes.

    Tambm fica bem evidente nestes textos que os Levitas,

    mesmo os que eram sacerdotes, no trabalhavam constantemente

  • 64

    no templo. Eles viviam suas vidas em suas cidades e somente iam

    para o templo uma semana, a cada 24 semanas, para cumprir com

    seus afazeres no templo. Isto est de acordo com a Lei, quando

    fala que os dzimos eram a herana do povo de Levi, sendo os

    dzimos para uso do povo de Levi com a finalidade que j vimos

    alimentar levitas, vivas, estrangeiros e rfos e no para uso do

    templo. Para o templo, eram designados as primcias e no o

    dzimo. No faria sentido ser diferente, pois se o dzimo fosse

    entregue em Jerusalm e a maioria do povo vivesse fora de

    Jerusalm seria insensatez recolher o dzimo em Jerusalm.

    Lembramo-nos que era um mandamento de Deus que os levitas

    habitassem nas cidades levticas ao derredor de Jerusalm e tendo

    como herana o dzimo, este seria entregue aos levitas em suas

    prprias cidades.

    importante mencionar tambm que somente os levitas

    acima de 20 anos poderiam trabalhar no templo e somente aqueles

    acima de 30 anos poderiam ser sacerdotes, de forma que todas

    crianas, adolescentes, jovens at 19 anos e mulheres levticas, no

    trabalhavam para o templo, portanto, estas pessoas ou receberiam

    o alimento do dzimo ou trabalhariam em ofcios seculares para se

    sustentarem.

    Agora iremos entrar no real contexto do livro de

    Malaquias, que iremos estudar no prximo captulo. Neste trecho

    do livro de Neemias, vemos que ele descreve um acontecimento

    onde o sacerdote Eliasibe, esvaziou os armazns do templo.

    Armazns estes que eram usados para estocar as primcias e a

  • 65

    poro do dzimo dos levitas 1% do dzimo total. A Bblia relata

    que Eliasibe esvaziou os armazns do templo para que eles fossem

    dados a Tobias, um inimigo de Neemias que havia tentado arruinar

    a reconstruo do templo do Senhor (Ne 6:12) e isto tudo, durante

    a ausncia de Neemias.

    Neemias 13:4-13 Antes disso o sacerdote Eliasibe tinha sido

    encarregado dos depsitos do templo de nosso Deus. Ele era parente prximo

    de Tobias, e lhe havia cedido uma grande sala, anteriormente utilizada para

    guardar as ofertas de cereal, o incenso, os utenslios do templo, e tambm os

    dzimos do trigo, do vinho novo e do azeite prescritos para os levitas, para os

    cantores e para os porteiros, e as ofertas para os sacerdotes. Mas, enquanto

    tudo isso estava acontecendo, eu no estava em Jerusalm, pois no trigsimo

    segundo ano do reinado de Artaxerxes, rei da Babilnia, voltei ao rei. Algum

    tempo depois pedi sua permisso e voltei para Jerusalm. Aqui soube do mal

    que Eliasibe fez ceder uma sala para Tobias nos ptios do templo de Deus.

    Fiquei muito aborrecido e joguei todos os mveis de Tobias fora da sala.

    Mandei purificar as salas, e coloquei de volta nelas os utenslios do templo de

    Deus, com as ofertas de cereal e o incenso. Tambm fiquei sabendo que os

    levitas no tinham recebido a parte que lhes era devida, e que todos os levitas e

    cantores responsveis pelo culto haviam voltado para suas prprias terras. Por

    isso repreendi os oficiais e lhes perguntei: "Por que essa negligncia com o

    templo de Deus? " Ento eu convoquei os levitas e cantores e os coloquei em

    seus postos. E todo o povo de Jud trouxe os dzimos do trigo, do vinho novo e

    do azeite aos depsitos. Coloquei o sacerdote Selemias, o escriba Zadoque e um

    levita chamado Pedaas como encarregados dos depsitos e fiz de Han, filho

  • 66

    de Zacur, neto de Matanias, assistente deles, porque esses homens eram de

    confiana, e ficaram responsveis pela distribuio de suprimentos aos seus

    colegas

    Qual foi a reao de Neemias ao ver o mau uso do templo

    do Senhor? Ele expulsou Tobias e o sacerdote Eliasibe do templo

    e em seguida trouxe de volta ao templo os utenslios e as primcias,

    colocou um levita para receber os dzimos e dividir estes dzimos

    entre os levitas.

    Est escrito que os sacerdotes foram aqueles que roubaram

    os dzimos e as primcias! No toda nao, mas sim os sacerdotes,

    que ao invs de usar o dzimo para alimentar os necessitados,

    esvaziaram os armazns do templo para benefcio prprio!

    Neemias nota que os levitas que deveriam estar no templo,

    no receberam sua poro do dzimo e por falta de alimento,

    tiveram que voltar para suas cidades. Logo podemos afirmar que

    quando ele se refere ao dzimo no templo, ele est falando da

    poro levtica do dzimo que era enviado ao templo, ou seja, nos

    armazns do templo haviam as primcias que o povo enviava ao

    templo e o 1% do dzimo do povo 10% do dzimo dos levitas.

    Malaquias 3:7-10

    Malaquias sem dvida a pedra angular para aqueles

    pregadores que defendem a validade do dzimo aos cristos.

    Inmeras vezes, crentes em Cristo, por desconhecimento da

    palavra, so oprimidos a acreditarem que se no derem o dzimo

  • 67

    algo ruim ira acontecer, ou Deus no ira mais abeno-los, porm,

    esta suposio meramente tirar o texto do seu contexto.

    J apresentamos o contexto histrico de Israel nos

    captulos anteriores e antes de entrarmos no texto de Ml 3:7-10,

    iremos comear de onde todos os pastores que pregam o dzimo

    deveriam comear... do comeo do livro de Malaquias e no do

    meio.

    Segundo o Ph.D. Russel Earl Kelly15, para um melhor

    estudo, ... o livro de Malaquias deveria ser dividido em 3 sesses: A

    primeira sesso, 1:1 a 1:5 a introduo. Deus quer que toda Israel, toda

    Jac, ouvisse essa mensagem porque todos estavam envolvidos seja direta ou

    indiretamente com a causa e consequncias desta mensagem. A segunda sesso,

    1:6 a 1:14, a reclamao principal de Deus contra a arrogncia e a

    desonestidade dos sacerdotes. Esta sesso crucial para o entendimento do

    restante do livro porque ele prove o terreno bsico para todos os outros

    problemas no livro. A terceira sesso. 2:1 a 4:6, Deus especificadamente

    dirigindo-se direto aos sacerdotes. Apesar do resto de Israel ser indiretamente

    afetados pelas aes dos sacerdotes, Deus no muda seu endereamento Deus

    fala aos sacerdotes depois que ele comea em 2:1.

    Portanto, vamos as escrituras, lendo todo o livro de

    Malaquias e comentando os versculos de acordo com os grupos

    propostos pelo Ph.D. Russel Earl Kelly.

    Malaquias 1:1-5 Uma advertncia: a palavra do Senhor contra Israel,

    por meio de Malaquias. "Eu sempre os amei", diz o Senhor. "Mas vocs

    15 p. 90.

  • 68

    perguntam: De que maneira nos amaste? "No era Esa irmo de Jac? ",

    declara o Senhor. "Todavia eu amei Jac, mas rejeitei Esa. Transformei suas

    montanhas em terra devastada e as terras de sua herana em morada de

    chacais do deserto. "Embora Edom afirme: "Fomos esmagados, mas

    reconstruiremos as runas", assim diz o Senhor dos Exrcitos: "Podem

    construir, mas eu demolirei. Eles sero chamados Terra Perversa, povo contra

    quem o Senhor est irado para sempre. Vocs vero isso com os prprios olhos

    e exclamaro: Grande o Senhor, at mesmo alm das fronteiras de Israel!

    Temos aqui a introduo do livro de Malaquias, onde Deus

    se enderea a toda nao de Israel, como uma advertncia em

    funo do povo ter se desviado dos caminhos do Senhor

    conforme j vimos nos captulos anteriores, que fornecem o

    contexto histrico e religioso da poca. notrio que, at ento,

    Deus est triste com Israel, porm, no irado como iremos ver

    mais adiante, no momento em que Deus comea a exortar os

    sacerdotes. Agora entraremos na parte crucial para entendimento

    do resto do texto, a parte onde Deus especifica contra quem est

    irado e contra quem Ele lanar a maldio!

    Malaquias 1:6 O filho honra seu pai, e o servo o seu senhor. Se eu sou

    pai, onde est a honra que me devida? Se eu sou senhor, onde est o temor

    que me devem? ", pergunta o Senhor dos Exrcitos a vocs, sacerdotes. "So

    vocs que desprezam o meu nome! " "Mas vocs perguntam: De que maneira

    temos desprezado o teu nome?

  • 69

    Est evidente que Deus comea a se direcionar aos

    sacerdotes e no mais ao povo como um todo. E vemos tambm

    que o tom de Deus no est mais em tristeza, comeando Ele a

    entrar em ira. Deus est irado porque os sacerdotes desprezaram

    Seu nome, com coisas profanas descritas nos prximos versculos.

    Malaquias 1:7-14 Trazendo comida impura ao meu altar! "E mesmo

    assim ainda perguntam: De que maneira te desonramos? "Ao dizerem que a

    mesa do Senhor desprezvel. "Na hora de trazerem animais cegos para

    sacrificar, vocs no veem mal algum. Na hora de trazerem animais aleijados e

    doentes como oferta, tambm no veem mal algum. Tentem oferec-los de

    presente ao governador! Ser que ele se agradar de vocs? Ser que os

    atender? ", pergunta o Senhor dos Exrcitos. "E agora, sacerdotes, tentem

    apaziguar a Deus para que tenha compaixo de ns! Ser que com esse tipo

    de oferta ele os atender? ", pergunta o Senhor dos Exrcitos. "Ah, se um de

    vocs fechasse as portas do templo. Assim ao menos no acenderiam o fogo do

    meu altar inutilmente. No tenho prazer em vocs", di