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Ale Arfux Júnior Jaqueline Mattos Arfux Tenaressa A. A. Della Líbera Advogados Av. Tenente Eulálio Guerra – 180 – Bairro Araés – Cuiabá – MT – CEP 78.005-510 Fone/Fax 65 3025-2222 pág.1 e-mails: [email protected] e [email protected] website: www.arfux.jur.adv.br EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE BARRA DO GARÇAS – ESTADO DE MATO GROSSO. ASSOCIAÇÃO DOS OFICIAIS DA POLÍCIA E BOMBEIRO MILITAR DE MATO GROSSO, pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de associação, inscrita no CNPJ sob o nº 00.333.815/0001-92, com sede na Avenida Doutor Hélio Ponce de Arruda, s/nº, Centro Político Administrativo, Cuiabá/MT, neste ato representado pelo seu presidente WANDERSON NUNES DE SIQUEIRA, brasileiro, casado, major da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, portador da Cédula de Identidade nº 879.609, PMMT, inscrito no CPF sob o n° 622.635.601-49, residente e domiciliado na Rua dos Cambuís, quadra S-1, lote 22, nº 74, Condomínio Alphaville, Bairro Jardim Itália, Cuiabá/MT, CEP: 78061-310, por meio de seus procuradores especialmente constituídos (doc. 1), com fundamento no disposto nos artigos 100, § 2º, c/c 145, ambos do Código Penal, e artigo 30 e 37 do Código de Processo Penal, respeitosamente, vem, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA CRIME contra RODRIGO RICARDO SANT´ANA, brasileiro, casado, Delegado de Polícia Civil, com domicílio em Barra do Garças/MT, pela prática, em tese, do crime de difamação (art. 139 do Código Penal ), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE BARRA …assofmt.org/ckfinder/userfiles/files/QEIXA CRIME - DIFAMACAO... · com ou sem capital e sem intuitos lucrativos. Pode ter a finalidade

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Ale Arfux Júnior Jaqueline Mattos Arfux

Tenaressa A. A. Della Líbera

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Av. Tenente Eulálio Guerra – 180 – Bairro Araés – Cuiabá – MT – CEP 78.005-510 Fone/Fax 65 3025-2222 pág.1

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE BARRA DO GARÇAS – ESTADO DE MATO GROSSO. ASSOCIAÇÃO DOS OFICIAIS DA POLÍCIA E BOMBEIRO MILITAR DE MATO GROSSO, pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de associação, inscrita no CNPJ sob o nº 00.333.815/0001-92, com sede na Avenida Doutor Hélio Ponce de Arruda, s/nº, Centro Político Administrativo, Cuiabá/MT, neste ato representado pelo seu presidente WANDERSON NUNES DE SIQUEIRA, brasileiro, casado, major da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, portador da Cédula de Identidade nº 879.609, PMMT, inscrito no CPF sob o n° 622.635.601-49, residente e domiciliado na Rua dos Cambuís, quadra S-1, lote 22, nº 74, Condomínio Alphaville, Bairro Jardim Itália, Cuiabá/MT, CEP: 78061-310, por meio de seus procuradores especialmente constituídos (doc. 1), com fundamento no disposto nos artigos 100, § 2º, c/c 145, ambos do Código Penal, e artigo 30 e 37 do Código de Processo Penal, respeitosamente, vem, à presença de Vossa Excelência, oferecer

QUEIXA CRIME contra RODRIGO RICARDO SANT´ANA, brasileiro, casado, Delegado de Polícia Civil, com domicílio em Barra do Garças/MT, pela prática, em tese, do crime de difamação (art. 139 do Código Penal ), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

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1. PRELIMINAR - LEGITIMAÇÃO ATIVA “AD CAUSAM” – AÇÃO PENAL PRIVADA – ASSOCIAÇÃO – REPRESENTANTE PROCESSUAL DOS ASSOCIADOS – APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 100, §2º E 145 DO CÓDIGO PENAL C/C ARTIGOS 30 E 37 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

A QUEIXA CRIME tem por objeto a defesa dos interesses dos Oficiais da Policia Militar do Estado de Mato Grosso, associados da querelante, com vistas a persecução penal da conduta delitiva perpetrada pelo querelado em entrevista televisiva realizada no dia 01/02/2015, por volta das 12h00, onde, consoante se infere do vídeo em anexo, diz claramente que a Policia Militar, quando do atendimento de ocorrências, faz acertos ilícitos para liberar a ocorrência. E não é só. Colhe-se da entrevista que o querelado tacha tanto a Policia Militar quanto a Policia Civil de imorais, posto que aduz, expressamente, que referidas instituições devem ser moralizadas. Por derradeiro, põe a pecha de “corruptos” aos Policiais Militares.

Posto isto, e antes de adentrar ao mérito, é preciso ressaltar que

a legitimidade das associações para defender o interesse de seus associados é uma garantia constitucional, que tem raiz no artigo 5º, XXI, da Constituição Federal.

De acordo com o Código Civil, em seu artigo 53, as

associações são pessoas jurídicas constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas, mas sim entre os associados e a associação.

José Eduardo Sabo Paes, em sua obra Fundações,

Associações e Entidades de Interesse Social (2006, p.62), pontua que:

“a associação congrega serviços, atividades e conhecimentos em prol de um mesmo ideal,

objetivando a consecução de determinado fim,

com ou sem capital e sem intuitos lucrativos.

Pode ter a finalidade altruística, sendo uma

associação beneficente; egoística, sendo uma

associação literária, recreativa ou esportiva;

e econômica não lucrativa, sendo uma associação

de socorro mútuo”.

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A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (ASSOF-MT), fundada em 26 de dezembro do ano de 1973, é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com objetivos sociais, esportivos, culturais e de lazer, regida por estatuto e pelas leis vigentes na República Federativa do Brasil, constituída por tempo indeterminado, com sede e foro nesta cidade de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, com personalidade jurídica distinta de seus associados, os quais respondem pelas obrigações assumidas pela sociedade (Estatuto Social, art.1º).

São prerrogativas da ASSOF-MT:

(...)

III – defender os interesses dos sócios e

pugnar por medidas que lhes acarretam

benefícios (Grifou-se).

Douto (a) Julgador (a), o artigo 37 do Código de Processo

Penal, aplicado subsidiariamente à lei 9.099/65, ante a omissão neste particular, confere legitimidade para as associações exercerem a ação penal no interesse de seus associados.

Como dito em linhas pretéritas, a querelante atua para perseguir

o interesse dos seus associados, razão porque, no momento em que o Querelado imputa aos Policiais Militares, de modo geral, a conduta ilícita de fazerem acertos em quarteis, bem como, de corrupção, atingiu a honra e o nome dos Associados da Autora, o que lhe confere legitimidade para atuar nos autos.

Portanto, atuando como REPRESENTANTE

PROCESSUAL NOS INTERESSES de seus associados (CF, art. 5º, inciso XXI), a querelante é parte legítima para exercer a ação penal que vise à defesa dos interesses coletivos stricto sensu e individuais homogêneos daqueles que, por delegação estatutária concedida à sua Presidência, cargo que atualmente está sendo exercido pelo Senhor Wanderson Nunes de Siqueira, a quem compete representar a entidade em Juízo ou fora dele, restando inquestionável a legitimidade ativa da requerente (ASSOF-MT) para postular em nome de seus associados, decorrendo da lei.

Por derradeiro, com a finalidade de demonstrar sua regular

constituição e representação legal/processual, a querelante, colaciona aos autos, cópia do seu estatuto devidamente arquivado em Cartório, cópia da ata da Assembleia Geral de Eleição e do Termo de Posse do seu Presidente (outorgante da procuração), além da lista de associados (representados processuais).

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Desta forma, comprovada está à legitimidade da querelante para atuar na defesa dos interesses de seus associados. 2. EXPOSIÇÃO FÁTICA

A ora Querelante, como dito alhures, é uma associação que representa os Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso, atuando em defesa de seus interesses, judicial ou extrajudicialmente, consoante se infere do estatuto social em anexo. Para a surpresa da Querelante, esta, na data de 01/02/2015, foi contatada por inúmeros associados, narrando que o órfã Querelado, através da mídia impressa, digital e televisionada teceu falsas afirmações sobre a Polícia Militar do estado de Mato Grosso, em especial ao Comando de Barra do Garças, entrevista essa veiculada no dia 01/02/2015, por volta das 12h00 (mídia em anexo). Colhe-se das provas juntadas à queixa crime, que o Querelado, na data de 27/01/2015, teria ligado para a Policia Militar denunciando conduta ilícita perpetrada por sua ex-esposa consistente em locomover-se com o filho em uma motocicleta. De acordo com a entrevista conferida pelo Querelado, além de ter entrado em contado com a Policia Militar, teria ele ligado para o Delegado de Policia de Barra do Garças/MT, informando-o sobre o ocorrido, bem como, que a polícia militar daquela comarca, estaria encaminhando sua ex-esposa para a Delegacia em flagrante delito. Ocorre que, a policia militar da Comarca de Barra do Garças/MT, uma vez não constando qualquer ilícito penal na ocorrência, teria liberado a ex-esposa do querelado, motivo pelo qual este irresignou-se. Como não logrou êxito na sua empreitada em proceder à prisão da ex-esposa, o querelado fez uma reunião coletiva com a mídia, e, sem qualquer prova, ou até mesmo, verificação do que ocorreu, passou a caluniar e difamar tanto a Policia Militar de Barra do Garças, quanto a policia militar do Estado de Mato Grosso (generalizou), aduzindo que, primeiro, a Policia Militar de Barra do Garças/MT é conivente com crimes de toda ordem, e, segundo, acusa todos os Policiais Militares de serem corruptos e de fazerem acertos em quarteis, bem como, chamando a instituição Militar e a Policia Civil de imorais. Eis alguns trechos da entrevista que demonstram claramente a conduta do querelado (vídeo em anexo):

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“(...) PORÉM, A POLÍCIA MILITAR NESSA BARRA

DO GARÇAS PERMITE TODOS CRIMES DESTA NATUREZA

SEJA FEITO (...)” - 00:25/00:31)

“(...) HOJE NOS SABEMOS QUE EXISTE ATÉ

CORRUPÇÃO, QUE EM VEZ DE FAZER, APRESENTAR A

OCORRÊNCIA PARA A DELEGACIA, LEVA A

OCORRÊNCIA PARA O DESTACAMENTO DA POLICIA

MILITARA E LÁ FAZ ACERTOS E LIBERA OS AUTORES

DO CRIME” (00:42/00:56)”

TEMOS QUE MORALIZAR A POLICIA MILITAR E

POLICIA CIVIL (00h02min16seg)

Ora, não é preciso qualquer atilamento intelectual para se aferir o caráter extremamente ofensivo da afirmação em destaque no excerto acima transcrito. Isso porque, ao fazer a afirmação de que a policia Militar da cidade de Barra do Garças/MT é conivente com o cometimento de crimes e que criminosos dessa cidade são levados ao quartel da corporação, onde são feitos “acertos” e são liberados, o Querelado incute na sociedade a falsa ideia de que a Policia Militar do estado de Mato Grosso é corrupta, trazendo um ar de impunidade naquela cidade. E não para por aí. Em sua entrevista, o Querelado afirma, categoricamente, que a Policia Militar não é autoridade policial; em seus dizeres, somente o Delegado de Policia Civil é autoridade policial, razão porque, a policia militar deveria ter obedecido suas ordens e encaminhado a sua ex-esposa para a Delegacia de Policia Civil para registro da ocorrência. Não se perca de vista que o Querelante, como se infere da entrevista, tenta se valer da sua função e do aparato estatal, para perseguir proveito próprio, qual seja, insurgir-se contra o pagamento de pensão alimentícia para o filho, que se encontra com a guarda conferida à sua ex-esposa. Acerca da autoridade policial conferida à policia militar, algumas digressões merecem ser posta a exame, cujo desiderato é contrapor os argumentos do querelante que somente o Delegado de Policia seria autoridade policial. A segurança pública é um assunto bastante discutido em nossa sociedade, sobretudo por estar relacionado diretamente com a criminalidade. Os órgãos responsáveis pela preservação da ordem pública constam no art. 144 da Carta Máxima, litteris:

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Art. 144. A segurança pública, dever do Estado,

direito e responsabilidade de todos, é exercida para

a preservação da ordem pública e da incolumidade das

pessoas e do patrimônio, através dos seguintes

órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros

militares.

(...)

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de

polícia de carreira, incumbem, ressalvada a

competência da União, as funções de polícia

judiciária e a apuração de infrações penais, exceto

as militares.

§ 5º - às polícias militares cabem a polícia

ostensiva e a preservação da ordem pública; aos

corpos de bombeiros militares, além das atribuições

definidas em lei, incumbe a execução de atividades de

defesa civil.

Nota-se que a Constituição tentou delimitar as atribuições de cada órgão imbuído da missão constitucional de preservar a ordem pública. Rogério Greco1 leciona que:

“A Polícia Militar, principalmente através

dos seus Batalhões de Operações Policiais

Especiais espalhados pelo Brasil, bem como as

Polícias Civil e Federal vêm reconquistando,

aos poucos, a confiança da população. Hoje, a

separação existente entre a polícia militar,

considerada, ao mesmo tempo, como uma polícia

repressiva e preventiva, e a polícia civil (e

mesmo a federal, em sua área de atuação),

cuja finalidade precípua é investigar os

delitos já ocorridos.”

E prossegue o renomado autor:

1 GRECO, Rogério. Atividade Policial: Aspectos penais, processuais penais, administrativos e constitucionais.

Editora Impetus. P.4.

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“Assim, resumidamente, caberia à polícia

militar, precipuamente, o papel ostensivo de

prevenir a prática de futuras infrações

penais, enquanto que à polícia judiciária,

civil, caberia, também de forma precípua, o

papel investigativo.”

Jorge César de Assis2 ensina que:

“No campo da segurança pública propriamente

dito, a Polícia Militar tem como exercício

regular de sua atividade, o policiamento

ostensivo fardado e a preservação da ordem

pública. A competência para tal mister é

decorrente da Constituição da República. Daí

por que, seus integrantes, respeitado o grau

hierárquico e as atribuições que lhe forem

dadas, têm AUTORIDADE POLICIAL,

correspondente a sua missão constitucional da

ordem pública.”(grifo no original)

E ainda que:

“Essa autoridade, conhecida, por AUTORIDADE

POLICIAL MILITAR, só cessa quando, onde

houver, a ocorrência é entregue a outra

autoridade policial, a civil, encarregada da

feitura do inquérito. E isto é feito

diariamente, com a apresentação de infratores

nas delegacias competentes. O já tão

conhecido telefone 190, recebe diariamente,

centenas de pedidos de atendimento, que a

Polícia Militar cumpre dentro das

possibilidades existentes, com elevado

espírito de sacrifício. O inquérito, peça

informativa, contém as diligências

investigatórias e tudo o que possa interessar

à realização da Justiça. Uma vez conclusa a

fase cartorária da atividade policial

judiciária, e assim, com o envio do inquérito

policial à Justiça, também cessa a autoridade

2 ASSIS, Jorge César de. Lições de Direito para a Atividade das Polícias Militares e das Forças Armadas. 6ª ed.

Ver. Atual. E ampl. Editora Juruá, p. 22.

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de quem o tenha presidido, pois o fato ficará

agora, sub judice.”

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina no julgamento da Apelação Criminal n. 2010.047422-0, de Itapoá, de relator do Desembargador Irineu João da Silva, asseverou que3:

A expressão "autoridade", conceituada como

"aquele que tem por encargo fazer respeitar

as leis; representante do poder público"

(Dicionário Aurélio Eletrônico, versão 2.0) é

utilizada pela legislação pátria para

designar "o poder pelo qual uma pessoa ou

entidade se impõe às outras, em razão de seu

estado ou situação. É o poder de direito de

uma pessoa em virtude de sua especial

capacidade de fato". (grifo nosso)

Percebe-se claramente que o Código de Processo Penal ao se referir a autoridade policial abrange também o policial militar e não somente o Delegado de Polícia. Desta forma, pode-se dizer que autoridade policial é gênero, que subdivide-se em autoridade policial militar e civil. Em algumas passagens do Código de Processo Penal, a expressão autoridade policial refere-se exclusivamente ao Delegado de Polícia (autoridade policial civil); noutras passagens refere-se ao Delegado de Polícia e policiais militares, mais especificamente aos Oficiais, senão veja-se:

O art. 6º do CPP diz que “Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: (...)” e elenca variar providências a serem adotadas pela autoridade policial, dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. Na prática, quase na totalidade das ocorrências é a Polícia Militar que faz esse papel, de deslocar-se imediatamente ao local do crime, pois a preservação da ordem pública foi rompida, e à PM incumbe restaurá-la imediatamente. Dessa forma, o art. 6º refere-se à Polícia Civil e à Polícia Militar;

No mesmo sentido é a dicção do art. 301 do CPP ao tratar que “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.”

3 GOFFREDO TELLES JÚNIOR, Enciclopédia Saraiva do Direito, SP: Saraiva, 1978, v. 9, p. 330

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Importante mencionar também a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que diz em seu art. 11 que “No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:

I - garantir proteção policial, quando necessário,

comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder

Judiciário;

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde

e ao Instituto Médico Legal;

III - fornecer transporte para a ofendida e seus

dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver

risco de vida;

IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar

a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do

domicílio familiar;

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos

nesta Lei e os serviços disponíveis.

A autoridade policial a que se refere o art. 11 é tanto a Polícia Civil quanto a Policia militar, uma vez que a intenção da lei é exatamente dar amparo à mulher, ampliando o leque de apoio e proteção estatal. Outrossim, na prática verifica-se que em quase a totalidade dos casos é a Polícia Militar que realiza as determinações contidas nos incisos supra citado. E não é só. Vale ressaltar que diversos mandados de busca e apreensão expedidos por autoridades judiciárias constam exatamente “MANDA A AUTORIDADE POLICIAL MILITAR” realizar as diligências determinadas no mandado, o que reforça que policial militar é autoridade policial, eis que essas interpretações decorrem do próprio Poder Judiciário. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que sim, senão veja-se:

RECURSO. EXTRAORDINÁRIO. INADMISSIBILIDADE.

NECESSIDADE DE EXAME PRÉVIO DE EVENTUAL

OFENSA À LEI ORDINÁRIA. [...] 2. AÇÃO PENAL.

PROVA. MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO.

CUMPRIMENTO PELA POLÍCIA MILITAR. LICITUDE.

Providência de caráter cautelar emergencial.

Diligência abrangida na competência da

atividade de polícia ostensiva e de

preservação da ordem pública. Recurso

extraordinário improvido. Inteligência do

Art. 144, §§ 4º e 5º da CF.

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Não constitui prova ilícita a que resulte do

cumprimento de mandado de busca e apreensão

emergencial pela polícia militar. (Recurso

Extraordinário nº 404.593/ES, 2ª Turma do

STF, Rel. Cezar Peluso. J. 18.08.2009,

unânime, DJe 23.10.2009).

BUSCA E APREENSÃO - TRÁFICO DE DROGAS - ORDEM

JUDICIAL - CUMPRIMENTO PELA POLÍCIA MILITAR.

Ante o disposto no artigo 144 da Constituição

Federal, a circunstância de haver atuado a

polícia militar não contamina o flagrante e a

busca e apreensão realizadas. AUTO

CIRCUNSTANCIADO - § 7º DO ARTIGO 245 DO

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Atende ao disposto

no § 7º do artigo 245 do Código de Processo

Penal procedimento a revelar auto de prisão

em flagrante assinado pela autoridade

competente, do qual constam o condutor, o

conduzido e as testemunhas; despacho

ratificando a prisão em flagrante; nota de

culpa e consciência das garantias

constitucionais; comunicação do recolhimento

do envolvido à autoridade judicial; lavratura

do boletim de ocorrência; auto de apreensão e

solicitação de perícia ao Instituto de

Criminalística. (STF HC 91481/MG, Relator:

Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento:

19/08/2008, Primeira Turma, Data de

Publicação: DJe-202 DIVULG 23-10-2008).

Com efeito, na prática, percebe-se que a Polícia Militar exerce as atividades previstas no Código de Processo Penal e em legislações esparsas que a própria lei diz competir à “autoridade policial”. Ademais, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina no julgamento da Apelação Criminal n. 2010.047422-0, de Itapoá, de relator do Desembargador Irineu João da Silva, considerou que a Polícia Militar pode também exercer as atividades de polícia judiciária, eis que não é exclusiva da Polícia Civil, nos seguintes termos:

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Insurge-se o apenado (...) quanto à regularidade da

interceptação telefônica, ao argumento de que a polícia

militar não detinha competência para tanto, sendo o

"munus" restrito à polícia judiciária. Entretanto, na

tônica do que assentou o nobre parecerista, cuja

manifestação serve de embasamento para afastar a

insurgência, "não há vedação constitucional ou legal na

realização, pela polícia militar, de escutas telefônicas

autorizadas judicialmente, considerando que a polícia

judiciária não é exercida, exclusivamente, pela polícia

civil no âmbito estadual" (grifou-se)

Acresce-se que no dia 15 de maio de 2012, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal no HC-96986 de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, firmou o entendimento que a Policia Militar teria atribuição para realizar interceptação telefônica, nos termos do artigo 6º da Lei 9.296/96 mediante autorização judicial, sob supervisão do parquet, na circunstância de haver singularidades que justificassem esse deslocamento, especialmente quando, como no caso, houvesse suspeita de envolvimento de autoridades policias da delegacia local, consignando, para tanto, não haver ilicitude, já que a execução da medida não seria exclusiva de autoridade policial, pois a própria lei autorizaria o uso de serviços e técnicos das concessionárias (Lei 9.296/96, art. 7º) e que, além de sujeitar-se ao controle judicial durante a execução, tratar-se-ia apenas de meio de obtenção da prova (instrumento), com ela não se confundindo:

HABEAS CORPUS 96.986 MINAS GERAIS RELATOR:

MIN. GILMAR MENDES PACTE.(S) :JANE MARIA

CALAZANS IMPTE.(S) :ÉRCIO QUARESMA FIRPE E

OUTRO ( A / S ) COATOR ( A / S)(ES ) :

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Habeas Corpus.

2. Prisão em flagrante. Denúncia. Crimes de

rufianismo e favorecimento da prostituição.

3. Interceptação telefônica realizada pela

Polícia Militar. Nulidade. Não ocorrência. 4.

Medida executada nos termos da Lei 9.296/96

(requerimento do Ministério Público e

deferimento pelo Juízo competente).

Excepcionalidade do caso: suspeita de

envolvimento de autoridades policiais da

delegacia local. 5. Ordem denegada.

Dessa forma, é escorreito o entendimento de que a autoridade policial referida nas legislações processual penal comum refere-se ao Delegado de Polícia e ao Oficial da Polícia Militar.

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Insta salientar que o Oficial da Polícia Militar exerce atividades típicas de polícia judiciária, como condução de Inquéritos Policiais Militares e lavratura de Auto de Prisão em Flagrante. Ademais, os Oficiais podem exercer ainda a função de juiz militar perante os Conselhos de Justiça na Justiça Militar, onde durante o processo, possuem inclusive, os mesmo poderes de um juiz de direito concursado em diversos atos processuais. Levando-se em consideração o cargo que o querelado possui, infere-se, com clareza solar, que ele é detentor de conhecimento vasto em Direito, razão porque, tem total ciência das atribuições de Autoridade Policial da Policia Militar, e, na entrevista, não poderia ter proferido posicionamento contrário. Não é permitido ao querelado, ao seu bel prazer, procurar a mídia e fazer declarações a qual sabe não ser verdade, inclusive, imputando à toda instituição militar a pecha de imoral e corrupta, sem, entretanto, possuir qualquer prova. Logo, o comportamento atribuído a Polícia Militar do estado de Mato Grosso é tão repugnante que, indubitavelmente, incide na reprovação social, o que acarreta ofensa à honra e o bom conceito da instituição. Tal fato, observando o contexto da entrevista que o Querelado deu aos meios de comunicação, é extremamente ofensivo, pois dá a entender que todos os Policiais Militares o Estado de Mato Grosso e, especialmente os de Barra do Garças/MT são corruptos. O comentário mordaz, não só desprestigia a Entidade da Policia Militar do estado de Mato Grosso, mas também causa na sociedade a sensação de medo, de impunidade, algo nebuloso. Em bom português, o ditério difamatório e calunioso do Querelado insinua que todos os policiais militares do estado de Mato Grosso, aí abrangendo Associados da querelante, seriam corruptos. O Querelado “diga-se de passagem” é useiro e vezeiro na prática da ofensa à honra alheia, mormente de sua própria esposa, conforme reportagem ora inclusa, inclusive sobre o fato que originou toda a confusão, que levou o Querelado a ir a mídia e fazer tais afirmações. Destarte, pelos fatos transcritos, infere-se que o Querelado, em tese, teria praticado os crimes de calunia e difamação, previstos nos artigos 138 e 139, do Código Civil, respectivamente. Uma vez presentes a autoria e a materialidade delitiva, passa-se à analise do enquadramento da conduta ilícita ao tipo penal.

Ale Arfux Júnior Jaqueline Mattos Arfux

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3. FUNDAMENTAÇÃO

Nos documentos que instruem esta queixa-crime, extremamente ofensivos à honra dos Associados da Querelante, posto serem Policiais Militares do Estado de Mato Grosso, o Querelado praticou, em tese, os crimes de difamação e calunia ao atacar os Policiais Militares por meio das citadas imputações. 3.1. DIFAMAÇÃO – ARTIGO 139 DO CÓDIGO PENAL

O fato desabonador, como se vê, vem bem definido com todas as suas circunstâncias, de modo que aqui se aplica às inteiras, a lição de HUNGRIA4, segundo a qual, a difamação “consiste na imputação de fato que, embora sem revestir caráter criminoso,

incide na reprovação ético-social e é, portanto,

ofensivo à reputação da pessoa a quem se atribui”. Mais adiante, o mestre cita MANZINI, cujas palavras devem ser lembradas aqui: “… ninguém, portanto, pode deixar de

reconhecer que o Estado, ao garantir o bem jurídico

da incensurabilidade individual contra a atividade

injuriosa ou difamatória dos particulares, não

protege apenas um interesse individual, mas também um

autêntico e relevantíssimo interesse público ou

social, que afeta intimamente à conservação da ordem

jurídica geral” (ob. cit., p. 86). É nesse sentido, o posicionamento dos Tribunais sobre o tema:

“Difamar, segundo a doutrina, é imputar a

alguém fato ofensivo à sua reputação. Aliás,

a noção se extrai do próprio conceito legal.

Como na calúnia, há de ser o fato

determinado, mas não precisa ser

necessariamente falso, tampouco criminoso”.

(TJSP – Denúncia – RJTJSP 55/363 – apud:

“Código Penal e sua Interpretação

Jurisprudencial”, ALBERTO SILVA FRANCO e

outros, São Paulo, ed. Revista dos Tribunais,

5ª ed., 1995, p. 1776).

4 Comentários”, Rio de Janeiro, ed. Forense, 4ª edição, 1958, vol. VI, p. 84.

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“Constitui difamação a imputação de

acontecimento ou conduta concreta e precisa

que, sem chegar a caracterizar o delito,

ofende a reputação ou o bom nome do atingido,

expondo-o à reprovação ético-social” (TACRIM-

SP - AC Rel. AZEVEDO FRANCESCHINI” JUTACRIM

26/287 apud: ob. cit., p. 1.573).

Bem por isso, com a imputação de fato objetivo e determinado, tisnou-se a honra objetiva dos Associados da Querelante, perpetrando-se, em tese, a difamação. Como lembrava o saudoso ANIBAL BRUNO5, “a difamação consiste não na manifestação de um simples juízo de

valor, mas na imputação de um fato capaz de afetar a

boa fama da vítima”. O animus diffamandi se verifica nas insinuações e nos termos grosseiros e ofensivos por meio dos quais o Querelado colocou em dúvida a boa reputação dos Policiais Militares, em especial, os associados da Querelante, tachando-os de imorais. Outro dado da maior relevância a demonstrar o dolo do Querelado, é a falsidade da imputação que assacou contra os Policiais Militares, em especial os Associados da Querelante. Embora a configuração do crime de difamação passe ao largo da verificação da veracidade da imputação, se esta além de ofensiva é também falsa, descortina-se a evidente intenção de ofender. O dolo do Querelado é intenso. Avulta-o o fato de a conduta do Querelado ser marcada por um sentimento mesquinho contra os associados da Querelante, que são oficiais da Policia Militar do estado de Mato Grosso. Inegável, pois, o dolo específico com que se conduziu o Querelado e a especial gravidade das consequências de seus atos pela amplitude imprimida à difamação divulgada pela meios de comunicação e que, por isso mesmo, atingiu público imensurável. Dessa maneira, “demonstrado o dolo do agente em querer denegrir a imagem da vítima, imputando-lhe fatos ofensivos à sua honra e reputação, definidos como crime, e não os provando, configuradas estão a calúnia e a difamação” (TACRIM-SP – AC – Rel. Des. GERALDO GOMES – RT 545/380).

5 Direito Penal”, Rio de Janeiro, ed. Forense, 1996, tomo IV.

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O intuito do assaque difamatório, visivelmente, foi o de provocar a reprovação ético-social dos associados da Querelante que, insista-se, são oficiais da Policia Militar do Estado de Mato Grosso. 3.2. CALÚNIA – ARTIGO 138 DO CÓDIGO PENAL

Ao lado da difamação, em tese, perpetrada pelo Querelado, verifica-se, no dissabor de suas palavras na famigerada entrevista televisiva, que aos Policiais Militares do Estado de Mato Grosso, no caso concreto, os Associados da Querelante, foram imputadas condutas que caracterizam crime: i) corrupção; ii) conivência em pratica de crimes e iv) realização de acertos em quartéis. Como é cediço, a calúnia constitui em imputar fato criminoso sabidamente falso a terceiro, atingindo a honra objetivo do ofendido (reputação, fama, a imagem que terceiros tem do agente). As condutas descritas pelo Querelado constituem, em tese, a prática dos seguintes crimes: a) corrupção, ativa ou passiva, prevista nos artigos 333 e 317 do Código Penal, e artigos 308 e 309 do Código Penal Militar, uma vez que afirma, categoricamente, que os Policiais Militares são corruptos e fazem acertos em quarteis; b) prevaricação, ao afirma que a Policia Militar, em especial a da Comarca de Barra dos Garças/MT, são coniventes com crimes de toda ordem. O crime está previsto no artigo 319 do Código Penal e artigo 319 do Código Penal Militar. Como é cediço, prevaricação é o crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal. Com efeito, para configuração do crime de calúnia, é necessário verificar o dolo e o fim específico de imputar falsamente a alguém um fato definido como crime. Assim, para verificação do animus do querelado, deve-se examinar o contexto em que ocorreram as ofensas contra o querelante, a partir das alusões e do cenário dos fatos. Das provas colhidas nos autos, em especial da entrevista concedida pelo querelado, conclui-se que este, ao não alcançar o seu desiderato pessoal (prisão da ex-esposa), recorreu à outros meios, em particular, para agressão verbal à policia militar, sem, contudo, possuir qualquer prova acerca dos fatos por ele noticiados.

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Desta forma, o crime de calunia, em tese, restou caracterizado, razão porque a conduta do querelado amolda-se perfeitamente no artigo 138 do Código Penal. 4. REQUERIMENTOS

Com essas considerações, configurados todos os elementos do crime de difamação e crime de calúnia praticado pelo Querelado contra os associados da Querelante, pede-se seja a presente queixa-crime recebida, a fim de que o Querelado seja processado, ouvindo-se as testemunhas abaixo arroladas e, ao final condenando-o pelos crimes dos arts. 138 e 139 do Código Penal, aplicando-se a causa de aumento de pena prevista no art. 141, III, do mesmo diploma legal tendo em vista o meio utilizado pelo Querelado. Também aguarda-se a condenação do Querelado nos honorários de sucumbência, nos termos do que já decidiu o eg. Supremo Tribunal Federal (RTJ 73/909 e RTJ 96/825, entre outros julgados). 5. ROL DE TESTEMUNHAS

Requer, por derradeiro, a intimação das testemunhas abaixo arroladas para depor em audiência de instrução e julgamento a ser designada por Vossa Excelência:

SALMON HILÁRIO RIBEIRO, Oficial da Policia Militar, portador da Cédula de Identidade nº 885.485, PMMT, CPF nº 023.999.851-09, lotado no Batalhão da Policia Militar da Comarca de Barra do Garças/MT;

ROGÉRIO HENRIQUE PEREIRA ROCHA, residente e Domiciliado na Rua Francisco Lira, nº 1432, Bairro Sena Marques, Barra do Garças/MT;

KEILA DE SOUZA ALMEIDA, residente e domiciliada na Avenida Presidente Getúlio Vargas, s/n, bairro São José, Barra dos Garças/MT. Termos em que, Pede e Espera Deferimento. Cuiabá, 28 de fevereiro de 2015. ALE ARFUX JÚNIOR OAB/MT 6.843

TENARESSA A. DE A. DELLA LÍBERA OAB/MT 7.031