Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Patrícia Lopes
Do Liberalismo à administração descentralizada
As Cortes Constituintes e a nova ordem governativa
Porto, 17 de Novembro 2009
2
Índice 1 Estrutura da Obra .................................................................................................................. 4
1.1 Sumário da Obra: .......................................................................................................... 4
2 Capítulos seleccionados ...................................................................................................... 12
2.1 Síntese ......................................................................................................................... 12
3 Capitulo X – A Monarquia Constitucional ........................................................................... 12
3.1 Os acontecimentos (p.15) ........................................................................................... 12
3.1.1 Antecedentes da Revolução (p.15) ..................................................................... 12
3.1.2 Revolução de 1820 (p.18) .................................................................................... 13
3.1.3 Regresso de D. João VI (p.19) .............................................................................. 14
3.1.4 A Contra-Revolução (p.21) .................................................................................. 14
3.1.5 Sucessão de D. João VI (p.23) .............................................................................. 15
3.1.6 Restauração do absolutismo (p.25)..................................................................... 16
3.1.7 Começos da Guerra Civil. Os Açores (p.27) ......................................................... 17
3.1.8 A Guerra Civil no Continente (p.29) .................................................................... 17
3.1.9 Dificuldades dos Liberais (p.33) .......................................................................... 18
3.1.10 Os conservadores no Poder (p.34) ...................................................................... 19
3.1.11 Setembrismo (p.36) ............................................................................................. 19
3.1.12 Cabralismo (p.39) ................................................................................................ 20
3.1.13 A «Maria da Fonte» (p.41) .................................................................................. 20
3.1.13.1 A 2ª Fase do Cabralismo (p.45 ........................................................................ 21
3.1.14 Regeneração (p.46) ............................................................................................. 21
3.1.15 De D. Maria II a D. Luís (p.48) .............................................................................. 21
3.1.16 Política Interna (p.49) .......................................................................................... 22
3.1.17 Política Externa (p.50) ......................................................................................... 22
3.1.18 O Iberismo (p.52) ................................................................................................. 22
3.1.19 Conjuntura de 1870-90 (p.52) ............................................................................. 23
3.1.20 Sintomas de Crise da Monarquia (p.54) .............................................................. 23
3.1.21 O ultimato e o 31 de Janeiro (p.54) ..................................................................... 23
3.1.22 Última fase do rotativismo (p.56) ....................................................................... 24
3.1.23 O Franquismo (p.59) ............................................................................................ 24
3.1.24 D. Manuel II. A Acalmação (p.64) ........................................................................ 25
3.2 A vida política (p.70) .................................................................................................... 25
3.2.1 Origens e influências ........................................................................................... 25
3
3.2.2 A Maçonaria (p.70) .............................................................................................. 25
3.2.3 Ideologia Básica (p.72) ........................................................................................ 25
3.2.4 Constituição de 1822 (p.73) ................................................................................ 26
3.2.5 Carta Constitucional (p.74) .................................................................................. 26
3.2.6 Constituição de 1838 (p.75) ................................................................................ 27
3.2.7 Actos adicionais (p.76) ........................................................................................ 27
3.2.8 Eleições de 1820 (p.76) ....................................................................................... 27
3.2.9 Eleições de 1822 (p.76) ....................................................................................... 28
3.2.10 Eleições de 1826-52 (p.76) .................................................................................. 28
3.2.11 Eleições de 1852-1910 (p.77) .............................................................................. 28
3.2.12 Os Partidos (p.85) ................................................................................................ 30
3.2.13 O rotativismo (p.86) ............................................................................................ 30
3.2.14 Ideário dos Partidos Monárquicos (p.89) ............................................................ 30
3.2.15 Estruturação partidária (p.89) ............................................................................. 31
4 Referências bibliográficas ................................................................................................... 32
4
3ª Fase
Esta tarefa está inserida na realização de um trabalho, para a disciplina de
História da Administração Pública, e corresponde à terceira fase do trabalho, em que é
necessária a descrição da estrutura da obra seleccionada previamente. É também
elaborada uma síntese dos capítulos seleccionados nessa obra.
1 Estrutura da Obra É uma História geral, do autor Oliveira Marques, que apresenta a história desde
as Revoluções Liberais aos nossos dias, é constituída por um índice de obras do autor,
com o nome: Do autor, por um Prefácio, que tem nota à 1ª edição, à 6ª edição e uma
nota à nova edição. Tem cinco Capítulos, com tês subcapítulos, que por sua vez são
também divididos por diversos subcapítulos, que são apresentados a seguir. É
constituída por uma conclusão, por um índice de mapas e de gráficos, por um índice de
gravuras, por um índice dos quadros genealógicos, por um índice dos autores citados na
bibliografia, por um índice analítico, e por um índice geral.
1.1 Sumário da Obra: Capítulo X: A Monarquia Constitucional
1- Os acontecimentos
Antecedentes da Revolução
Revolução de 1820
Regresso de D. João VI
Restauração do Absolutismo
Começos da Guerra Civil. Os Açores
A guerra Civil no Continente
Dificuldades dos Liberais
Os Conservadores no Poder
Setembrismo
Cabralismo
A «Maria da Fonte»
2ª Fase do Cabralismo
Regeneração
De D. Maria II a D. Luís
Politica Interna
Politica Externa
5
Conjuntura de 1870-90
Sintomas de Crise na Monarquia
O ultimato e o 31 de Janeiro
Ultima fase do rotativismo
O problema Colonial
O Franquismo
D. Manuel II. A Acalmação
Bibliografia
2- A vida Política
Origens e influências
A Maçonaria
Os Exilados
Ideologia básica
Constituição de 1822
Carta Constitucional
Constituição de 1838
Actos adicionais
Eleições de 1820
Eleições de 1822
Eleições de 1826-52
Eleições de 1852-1910
Os partidos
O Rotativismo
Novos partidos
Associações secretas e religiosas
Ideário dos partidos monárquicos
Estruturação partidária
Instabilidade e estabilidade ministerial
Corrupção política
Bibliografia
3- Estruturas do passado e ordem nova
O novo Portugal
Agricultura
Propriedade
Indústria
Transportes e comunicações
O Fontismo. Estradas e vias régias
Outros meios de comunicação
Comércio
Banca
Preços
Moeda
6
Finanças
Administração
Justiça
Governação
População
Emigração
A igreja
Clero regular
Clero secular
Nobreza
Burguesia
Operariado
Campesinato
Ensino primário
Ensino secundário
Ensino técnico
A universidade
Escolas superiores
Imprensa
Literatura. Relações com o exterior
Geração de 1870
Ciência
Artes
Bibliografia
Problemática e questões em aberto
Capítulo XI – África
1- Viagens e colonização
Começos da exploração africana
Explorações até meados do século
As grandes viagens dos séculos 70,80, 90
Dificuldades à ocupação efectiva
A população branca
Povos africanos
Penetração portuguesa
Sistemas de colonização
Escravatura
Libertos e serviçais
S. Tomé e Príncipe e mão-de-obra africana
A questão de Charles et Georges
7
Missionação
Bibliografia
2- Organização
Princípios gerais
Administração central
Governação
Organização administrativa e eleitoral
Finanças
Economia e escravatura
Comunicações marítimas
Caminhos-de-ferro
Agricultura
Companhias privilegiadas
Comércio
Cultura
Bibliografia
3- Os eventos políticos
Guiné e golfo da Guiné
Angola
Moçambique
Territórios entre Angola e Moçambique
O «Mapa cor-de-rosa»
O ultimato
Regularização de fronteiras
Índia, Macau e Timor
Acordos anglo-alemães
Campanhas coloniais
Guiné
Angola
Moçambique
Índia
Macau
Timor
Bibliografia
Problemática e questões em aberto
Capitulo XII – A Primeira República
1- Os acontecimentos
O governo provisório
8
Divisão entre os republicanos
Os democráticos no poder
A guerra
A ditadura de Pimenta de Castro
O 14 de Maio
A união sagrada
O Sidonismo
A Monarquia do Norte
A restauração da «Republica Velha»
A Paz
As novas condições resultantes da Guerra
O exército
Instabilidade política
Os democráticos novamente no poder
O fim da 1ª Republica
Bibliografia
2- Ideologias e estrutura política
Surto de republicanismo
Programas posteriores a 1910
Os partidos republicanos
Partidos católicos e monárquicos
Grupos operários
Sociedades secretas e discretas
Constituição de 1911
Eleições
Instabilidade política
Bibliografia
3- Os problemas básicos a resolver
A população
A agricultura
A propriedade
A indústria
O comércio
Transportes e comunicações
Crises económicas
Finanças
Moeda
Classes sociais
As primeiras greves
Tentativa de resolução da questão social
9
A guerra e as consequências sociais
As classes média e superior
A família e a mulher
A questão religiosa
Medidas anticlericais
Apaziguamento do conflito religioso
A questão cultural
Ensino primário
Ensino secundário e técnico
Ensino superior
Cultura e ensino livre
Ciência e técnica
Literatura
Arte
Bibliografia
Problemática e questões em aberto
Capítulo XIII – O «Estado Novo»
1- Os acontecimentos
Os começos
Revoltas de 1927-31
O empréstimo externo
De Vicente de Freitas a Domingos de Oliveira
Salazar
O «Estado Novo»
Relações externas
Centralização de funções em Salazar
Portugal e a guerra
A exposição do mundo português
Surto da oposição
Eleições de 1949
Eleições de 1951
Estabilidade do regime
A crise política de 1958
A agitação de 1958-62
O problema ultramarino
Ultimo período de estabilidade
O governo de Marcelo Caetano
Bibliografia
2- O Fascismo português
O integralismo
Outras raízes do Estado Novo
10
O movimento de 28 de Maio
A questão Monárquica
Os começos da nova ordem
O Estado Corporativo
Elementos fascistas
Mecanismos repressivos. Censura
Polícia política
Outras polícias
Pressões diversas
Textos de base
Constituição de 1933
Eleições
A União Nacional
«Oposição»
Igreja e Estado
Civilização cristã e comunismo
Bibliografia
3- Portugal em meados do século XX
Finanças
Obras públicas
Comércio e Indústria
Aspectos gerais do crescimento económico
Agricultura e arborização
População
Classes sociais
Administração
Instrução
Cultura
Bibliografia
Problemática e questões em aberto
Capítulo XIV – O ultramar no século XX
1- Políticas
Colónias e Mãe-pátria
A política de descentralização
Advento do «Estado Novo»
A política dos assimilados
As reformas posteriores 1950
Regime de trabalho
Racismo e motivações económicas
Bibliografia
2- Da pacificação às lutas da independência
11
Campanhas militares
Guerra de 1939-45
A Liga africana
Começo dos movimentos de independência
S. Tomé e Príncipe
Guiné e Cabo Verde
Angola
Moçambique
Resultados da guerra
Possessões menores
Bibliografia
3- O ultramar em meados do século
Demografia
Administração
Economia
Surto económico de Angola
Surto económico de Moçambique
Receitas e despesas públicas
A Indústria
Surto das possessões menores
A zona do escudo
Panorama religioso
Instrução
Bibliografia
Problemática e questões em aberto
Conclusão
A 2ª república
A descolonização
Factos políticos 1976-1980
Instabilidade política
Os socialistas no poder
Bibliografia
Governantes de Portugal
Chefes do Estado
Chefes do Governo
Governadores coloniais
Índice de mapa e gráficos
Índice das gravuras
Índice dos quadros genealógicos
12
Índice dos autores citados na bibliografia
Índice analítico
2 Capítulos seleccionados Para o propósito deste trabalho apenas interessa o Capitulo I – Monarquia
Constitucional, e por isso, é o capítulo da qual se apresenta a síntese, contudo apenas os
subcapítulos 1 – Acontecimentos (p.15-68) e 2 – A vida Política (p.70-93), parecem
interessar ao contexto do trabalho.
2.1 Síntese Ao elaborar a síntese dos capítulos seleccionados, enunciados no ponto 2.
Sente-se a necessidade de dentro desses capítulos se seleccionar os que se podem
chamar de não importantes ou desinteressantes ao propósito do trabalho, e assim não
se proceder à sua síntese, sendo importante salientar, que sempre que tal acontece é
indicado em título “nota” quais esses subtemas.
3 Capitulo X – A Monarquia Constitucional
3.1 Os acontecimentos (p.15)
3.1.1 Antecedentes da Revolução (p.15)
Antes do triunfo do Liberalismo em Portugal, os portugueses sentiam-se
abandonados pelo seu rei, queixavam-se da constante drenagem de dinheiro para o
Brasil na forma de rendas e contribuições, havia o declínio comercial e a permanente
instabilidade no orçamento, ressentiam-se da influência britânica no exército, etc. Em
1817 várias pessoas foram presas sob a acusação de conspirarem contra a vida do
general Beresford, o governo e as instituições vigentes. Depois de julgados, doze
indivíduos foram condenados à morte, sendo um deles, o acusado de chefe da
conspiração Gomes Freire de Andrade. Com isto não se evitaram revoltas e novas
oposições à tirania dos governantes.
A regência sabendo da gravidade da situação procurava sugerir soluções ao
governo no Brasil, sobretudo nos aspectos económicos e financeiros, propondo uma
redução nas despesas e tímidas reformas na administração.
13
Longe de Portugal, nem o rei nem os governos tinham consciência das tensões
existentes, e a regência para agradar aos governantes procurava ocultar certos factos
ou diminui-los. No inicio de 1820 o Liberalismo triunfa em Espanha, e surgem
contactos entre espanhóis e conspiradores portugueses. Beresford vai ao Brasil, na
busca de poderes mais vastos.
3.1.2 Revolução de 1820 (p.18)
Aproveitando esta ausência, o Exército revolta-se no Porto a 24 de
Agosto de 1820, com a adesão de todo o Norte. Forma-se a Junta Provisional do
Governo Supremo do Reino, que tinha como presidente António da Silveira, e cujos
objectivos eram tomar conta da Regência e convocar as cortes a fim de adoptar uma
Constituição. Em Lisboa, a Regência tenta resistir, acusando os revolucionários de
inimigos da Pátria, mas não consegue evitar um segundo levantamento a 15 de
Setembro, desta vez em Lisboa, que triunfa e expulsa os regentes e que se constitui
como Governo Interino, sob a presidência de Freire de Andrade. Pela mesma altura,
os revolucionários nortenhos iniciavam a marcha sobre Lisboa, e assim a 18 de
Setembro Norte e Sul fundiam-se numa nova Junta Provisional, com a presidência de
freire de Andrade, e vice-presidência de António da Silveira. Os verdadeiros chefes
da Revolução eram contudo, o Fernandes Tomás, Ferreira Borges e Silva Carvalho,
que tomaram conta da pasta do Reino e da Fazenda.
A 11 de Novembro, teve lufar o acontecimento mais grave contra o
Governo, ficando por isso conhecido como “Martinhada”. Uma loja maçónica de
Lisboa onde militavam oficiais do Exército com ideias radicais esteve por detrás da
conspiração, cujas razões eram o receio do predomínio dos magistrados nas futuras
Cortes e de que a forma como estava a ser conduzido o processo eleitoral levasse a
tal predomínio, e a uma Constituição menos Liberal. Aliados os regimentos do Porto
e de Lisboa saíram para a rua pronunciando-se a favor do juramento imediato da
Constituição de Cadiz, e pelo alargamento do Governo a mais quatro elementos por
eles indicados. No dia 13, vitorioso o movimento, quatro dos membros do governo
pediam a demissão, sendo um deles, o Fernando Tomás. A opinião pública reagiu
contra o golpe, obrigando os militares revoltados a voltar atrás, mantendo as coisas
como estavam e reintegrando no Governo os ministros demissionários a 17 de
Novembro. A loja maçónica dissolveu-se.
14
Esse novo Governo pouco mais fez do que organizar eleições para as
Cortes e assim em Dezembro de 1820 as eleições ditaram uma maioria burguesa de
proprietários, comerciantes, homens de Leis e burocratas que exigiram que o rei D.
João VI regressasse. Termina a Junta Provisional e as Cortes elegeram em Janeiro de
1821, um novo governo e uma nova regência, para governar o país na ausência do
rei.
3.1.3 Regresso de D. João VI (p.19)
D. João chega a Lisboa em Julho de 1821, depois de jurar as bases da
futura Constituição. Apesar de os liberais verem nele um dirigente anticonstitucional
o rei não traiu o seu juramento, aceitando tudo o que as Cortes lhe foram impondo.
Apesar de ter escolhido ministros conservadores a verdade é que durante dois anos
agiu como um monarca constitucional. O movimento absolutista achava-se na rainha,
Carlota Joaquina, e no seu filho, o infante D. Miguel.
Os Liberais estavam longe de estar unidos, uns, os juristas e burocratas,
defendiam os princípios revolucionários da ideologia americana e francesa,
impunham assim Cortes eleitas por todos, independentemente da classe social,
defendiam a urgência de uma Constituição e aclamavam por reformas profundas na
administração pública, ou seja, queriam uma Revolução. Outros, a maior parte dos
militares, visavam por objectivos mais moderados, como o regresso do rei, o fim da
influência inglesa no Exército, e a convocação das Cortes tradicionais com
representação do Clero, da Nobreza e do Povo. No que todos concordavam, era em
pôr termo à autonomia do Brasil e em regressar à antiga situação das relações de
Portugal com a sua ex-colónia. Os primeiros, dominaram durante algum tempo,
controlaram as Cortes, redigiram a Constituição, decretaram a liberdade de imprensa,
extinguiram a inquisição, etc. Facções do Exército tentaram golpes de Estado e até
rebeliões armadas, mas fracassadas.
3.1.4 A Contra-Revolução (p.21)
Com a independência do Brasil, em Setembro de 1822, surge um golpe
mortal nas Cortes o que concedeu ao Liberais grande impopularidade. Muitos se
deram conta que um dos principias objectivos da Revolução falhou, o de trazer de
novo o Brasil como colónia. No entanto, chega ao fim a crise económica que
15
afectava sobretudo a burguesia, que eram por isso os mais compreensivos. A maioria
da população não os compreendia, e ainda o clero e a nobreza que foram atingidos na
sua ausência.
No poder o partido liberal, viu-se isolado. A rainha Carlota Joaquina
recusou-se a jurar a Constituição o que lhe valeu grande popularidade. Na vizinha
Espanha, o exército francês intervinha a fim de restaurar o regime absoluto em Abril
de 1823. Nesta altura foi fácil ao partido antiliberal pegar em armas em Vila Franca
de Xira e proclamar a restauração do absolutismo entre Maio e Junho de 1823. D.
João VI rejeitou a ideia de voltar ao passado e prometeu uma Constituição
melhorada, decreto a dissolução das Cortes para agradar aos vencedores e tentou
conjurar futuras rebeliões do lado vencido. D. Miguel embora se apresentasse como a
cabeça do movimento anticonstitucional, conhecido por Vilafrancada, não era mais
do que um instrumento nas mãos de um vasto grupo de pessoas. A contra-revolução
podia agora definir-se como um movimento contra uma coisa qualquer, mais do que
a favor de um ideário. Com o tempo os contra-revolucionários dividiram-se numa
alta direita extremista, chefiada por D. Miguel e sua mãe, e numa ala moderada de
centro, simbolizada pelo rei e pelo governo. A primeira revolta-se uma vez mais em
Abril de 1824, naquilo a que se chamou Abrilada.
D. João V, procurou refúgio a bordo de um navio inglês, e apoiado pela
Inglaterra obriga D. Miguel a abandonar o país. O partido de centro volta ao poder
em Maio de 1824, e até À morte do rei em Março de 1826, Portugal foi governado
debaixo de um absolutismo moderado, contudo mais virado para a Direita do que
para a Esquerda. A primeira Constituição nunca se concretizou. Muitos foram os
liberais que se exilaram em França e Inglaterra.
3.1.5 Sucessão de D. João VI (p.23)
A morte de D. João VI trouxe problemas, o filho primogénito, D. Pedro,
era o Imperador do Brasil, e nem portugueses nem brasileiros aceitariam uma reunião
de duas coroas embora fossem autónomas. Assim D. Pedro aclamado rei de Portugal,
como D. Pedro IV, abdicou do trono em favor da sua filha, D. Maria da Glória, sob a
condição de ela casar com seu tio D. Miguel, ao qual era dada a regência do Reino.
Ao mesmo tempo D. Pedro outorgava a Portugal uma constituição conservadora
(Carta Constitucional). Concedeu ainda uma amnistia e nomeou os primeiros Pares
16
do Reino, de entre Liberais e Absolutistas, tentando assim continuar com a política
de seu pai.
A regente interina D. Isabel Maria fez aclamar a nova rainha, D. Maria II,
e jurar a Carta em todo o país, e organizando ao mesmo tempo as eleições para as
novas Cortes. D. Miguel que estava na Áustria, regressa a Portugal em Fevereiro e
1828. Este aceita as condições de seu irmão, Jura a Carta e realiza os esponsais com
sua sobrinha.
Desaparecera por completo o clima de conciliação, os Liberais, dotados
de uma nova Constituição e de um parlamento cantavam vitória, os absolutistas
davam-se conta da derrota, e de um regresso ao período constitucional, e procuram
mostrar que D. Pedro não tinha direito à coroa, por ter traído a nação ao proclamar a
independência do Brasil, e que o legitimo herdeiro era então, o seu irmão, D. Miguel.
Em Julho de 1827, a infanta Isabel Maria, protegia abertamente as
manobras absolutistas de reconquistarem o poder apoiando-se na magistratura e na
Intendência-Geral da Polícia. Saldanha resolve demitir o Presidente da Relação de
Lisboa e o Intendente-Geral da Polícia, recusando-se a Infanta a assinar os decretos,
e Saldanha pede a demissão, mas a Infanta só a ele aceita o pedido. Indignados os
Liberais, protestam a 25 de Julho, ponde em risco a segurança de alguns absolutistas.
Não só e Lisboa, mas também no Porto e noutras cidades se manifestaram contra a
demissão de Saldanha, movimento a que se chamou Archotadas, cujo resultado foi as
discriminações contra os Liberais, pronunciando-se a restauração do absolutismo.
3.1.6 Restauração do absolutismo (p.25)
De regresso a Portugal, D. Miguel jura novamente fidelidade a seu irmão,
a D. Maria II, e à Constituição. Sujeito a pressões constantes de todos os grupos
sociais, para esquecer juramentos e se fazer proclamar rei absoluto, D. Miguel
dissolve as Cortes voltando a convocá-las em Maio seguinte, mas desta vez à
maneira antiga. Nela foi proclamado rei absoluto. A posição liberal reagiu com um
levantamento militar no Porto, que fracassou, assim como outras conspirações. Como
consequência, seguiu-se uma repressão violenta, com milhares de liberais a fugirem,
outros milhares presos, e dezenas executados e assassinados. O regime despótico de
D. Miguel, constitui o prólogo de uma violenta luta civil. O rei, incapaz de se rodear
17
de ministros e conselheiros competentes, consegue acabar com todo apoio
estrangeiro, incluindo o da Espanha. Longe de beneficiar com o absolutismo, a
situação financeira piora ainda mais.
3.1.7 Começos da Guerra Civil. Os Açores (p.27)
O rei-imperador Pedro enviou D. Maria II para a Europa, e a presença da
rainha em Inglaterra dá novo alento aos militares exilados, ao passo que dinheiro
vindo do Brasil ajudava a preparar uma expedição para a Terceira no início de 1829,
que se revoltara contra D. Miguel a favor da causa liberal durante mais de um ano.
Um grande número de exilados e de elementos locais, organizaram-se num Governo
Provisório.
Os absolutistas tentam em vão vencer a Terceira. Pelo contrário os Liberais
conquistaram todas as Ilhas dos Açores. No Brasil D. Pedro é forçado a abdicar em
nome de seu filho D. Pedro II, em Abril de 1831, o que lhe dá grande estímulo para
tentar recuperar a coroa portuguesa, chega à Terceira em Março de 1832, substitui
Palmela como regente e parte para Portugal numa expedição com cerca de 7500
homens. O desembarque efectuou-se perto do Porto, e os absolutistas, apanhados de
surpresa, bateram em retirada, deixando os Liberais entrarem no Porto, quase sem
derramamento de sangue.
3.1.8 A Guerra Civil no Continente (p.29)
Começa assim a Guerra civil no Continente, iria durar dois anos,
causando estragos, mortes, feridos, e arruína ainda mais a economia nacional. E
assim auxílios e interferência estrangeira directa nos assuntos internos de Portugal
iriam caracterizar a conturbada história do constitucionalismo monárquico até à
década de 1840.
No inicio a Guerra Civil caracterizasse por um duelo desigual entre
exilados liberais, apoiados por França e Inglaterra, e a maioria da Nação, apoiada por
um exército de mais de 80 000 homens. Os liberais tinham vantagem, por lutarem
por um ideal novo e puro, permitindo uma propaganda eficaz, e por terem consigo a
nata da “intelligentsia” portuguesa. É de salientar ainda que os Liberais lutavam com
o desespero pelo regresso à sua Pátria, pelo direito de viverem na terra que era sua, o
que, para os Absolutistas derrota não significaria necessariamente morte ou exílio.
18
Mas os Absolutistas não cederam com facilidade, e voltaram a organizar-se e foram
cercar o Porto. O cerco durou um ano, mas os Liberais, ao lado da população local,
resolveram tentar um desembarque noutra região do país. Uma expedição marítima
com cerca de 2500 homens, numa operação de surpresa desembarcou no sul, no
Algarve em Junho d 1833. Dias depois, a esquadra liberal, destroçou por completo a
frota absolutista. Os Absolutistas estavam desmoralizados. Levantamentos e
guerrilhas liberais surgiam aqui e ali, sobretudo no Sul. Terceira pôs-se em marcha
atingindo o Tejo em menos de um mês. Em Lisboa o exército miguelista sofre pesada
derrota, e o Governo decide evacuar a capital. No dia seguinte Lisboa era ocupada
quase sem luta, e a Inglaterra e a França apressaram-se a reconhecer o regime liberal.
Grande parte dos absolutistas continuavam no cerco Porto, mas as notícias de
sucesso dos seus inimigos obrigavam-nos a levantar o cerco e a marcharem para o
sul, a fim de reconquistarem a capital. Contudo, bateram-se com os exércitos de D.
Pedro em combates sucessivos. D. Miguel e os seus, sem recursos foi obrigado a
depor armas. Uma concessão assinada em Évora Monte a 26 de Maio de 1834,
decretava uma amnistia geral. D. Miguel teria de residir no estrangeiro, recendo uma
pensão anual de 60 contos, contudo ao desembarcar em Itália lavrou o seu protesto
contra a concessão perdeu o direito à pensão estipulada.
3.1.9 Dificuldades dos Liberais (p.33)
O final da Guerra Civil não significou estabilidade para o país. Os Liberais
estavam minados por divisões internas e a reintegração dos Absolutistas na família
política ainda piorava a situação. Os que tinham lutado pela causa liberal queriam a
recompensa pelos seus serviços, e os mais célebres chefes pediam poder. Sem prática
de constitucionalismo os governantes tendiam para uma ditadura disfarçada, em
conflito permanente com as Cortes. O regente D. Pedro foi a primeira vítima,
acusado de ditador, crescendo a sua impopularidade, e acaba por morrer tuberculoso
pouco depois. As Cortes e o Governo decretam a maioridade da Rainha D. Maria II,
com 15 anos, para chefiar o ministério nomeou o duque de Palmela, que constitui um
governo de centro-direita.
19
3.1.10 Os conservadores no Poder (p.34)
Até 1836, os conservadores mantiveram-se no Poder. Eram apoiados
pelas potências europeias, onde viam a garantia de um constitucionalismo moderado,
à inglesa, dependendo de créditos estrangeiros. Por causa dessa influência que a
rainha se casou com um príncipe alemão, Augusto de Leutchtenberg, em Janeiro de
1835, que morre, e dois meses depois casa de novo com outro alemão, Fernando de
Saxe-Coburgo-Gotha em Janeiro de 1836, e ao nascer seu primeiro filho é aclamado
rei-consorte com o título de Fernando II.
A agitada situação do país, e a fraqueza dos diversos governos, tornaram
os conservadores impopulares. O Parlamento foi dissolvido, mas nas eleições que se
seguiram os opositores conseguiram triunfar. Os deputados chegam a Lisboa, e a
guarnição da cidade revoltou-se com o apoio dos populares, obrigando o Governo a
demitir-se em Setembro de 1836. Um novo mistério com Passos Manuel, aboliu a
Carta, e pôs em vigor a Constituição de 1822. Mas com as eleições seguintes
conseguiu maioria para traçar nova constituição.
3.1.11 Setembrismo (p.36)
O Setembrismo (política resultante da revolução de Setembro) evoluiu
para um compromisso de Centro-Esquerda, em que Sá da Bandeira, veio a prevalecer
sobre Passos Manuel. Na revolta de 1836 participou um grupo da burguesia
industrial urbana, aliada à classe média dos comerciantes contra o predomínio dos
proprietários rurais e da alta burguesia. O governo de Passos Manuel, caracterizou-se
por medidas importantes e revolucionárias mas não consegui durar, oito meses
depois cedeu o poder para elementos mais moderados.
O Setembrismo manteve-se em teoria até 1842, mas teve de lutar contra
tentativas constantes de restauração da Carta. A rainha tentou um golpe de Estado
que fracassou, Belenzada. Em Julho de 1837, os Cartistas, criaram uma
representação da guerra civil, movimento que ficou conhecido como A Revolta dos
Marechais. Os esquerdistas revoltaram-se em Lisboa contra o que consideraram uma
traição à Revolução de Setembro. Assim, o Governo tende para o autoritarismo. Em
1839, Costa Cabrla, ministro da justiça, surge como o homem forte do Governo,
garantindo a ordem e a prosperidade.
20
3.1.12 Cabralismo (p.39)
Em Janeiro de 1842, Costa Cabral, proclamou a restauração da Carta no
Porto. A rainha nomeou novo governo presidido pelo duque da Terceira, mas onde
Cabral, era o verdadeiro dirigente. O poder voltava assim para a Direita.
O Cabralismo, optou pelo desenvolvimento económico. Estabeleceu um
regime de repressão e de violência embora a imprensa continuasse livre. O que lhe
interessava era o desenvolvimento de Portugal numa via progressiva, nas obras
públicas e na administração.
O despotismo e a alegada corrupção de Cabral, em contraste com o seu
respeito pela Carta, aliado à sua incapacidade de levar a violência ao limite, levou à
mais longa guerra civil entre os Liberais. A lei que visava proibir os enterros nas
igrejas, confinados aos cemitérios, e o aumento das contribuições, contribuiu para a
generalização da revolta.
3.1.13 A «Maria da Fonte» (p.41)
A Revolução de Maria da Fonte, teve características muito complexas.
Conjugou diversas forças contraditórias. E revestiu-se em aspectos de organização
popular revolucionária, numa forma de Juntas locais, que tinham o poder à escala
regional, recusando-se obedecer ao governo central.
A primeira fase da Maria da Fonte, durou apenas um mês, e terminou
com a saída de Costa Cabral do Governo. Logo depois o duque de Palmela,
organizou um ministério de coligação com cartistas moderados e setembristas. D.
Maria II, obriga, contudo, Palmela a demitir-se, nomeando Saldanha para chefiar o
governo. A ajunta do Porto e todas as outras revoltaram-se e projectavam substituir a
rainha pelo príncipe herdeiro D. Pedro, ou então, proclamar a República.
A guerra ficou por mais oito meses, contudo a sua vitória final implicaria
a abdicação de D. Maria II, e a subida ao poder de um governo dominado pelos
radicais, mas nem a Inglaterra e a Espanha o aceitavam. E assim Saldanha solicita a
sua intervenção. Um exército Espanhol entra em Portugal, e uma esquadra inglesa
bloqueava o Porto, onde em Gramido, os revoltosos foram forçados a depor as armas
e a assinar um contrato que lhes tributava todas as honras e lhes garantia todos os
direitos.
21
3.1.13.1 A 2ª Fase do Cabralismo (p.45)
Com a convenção de Gramido, dá-se o regresso dos Cabrais. Cabral toma
o poder como Presidente do Conselho. Volta o Cabralismo de forma mais moderada
e menos violenta. Saldanha magoado com o governo torna-se chefe da oposição. Em
Abril de 1851, Saldanha revoltou-se, a esse novo movimento chamou-se de
Regeneração de Portugal. O governo Cabralista demitiu-se e a rainha encarregou
Saldanha de constituir novo gabinete.
3.1.14 Regeneração (p.46)
O ministério de Saldanha reuniu personalidades competentes, e provocou
transformações diversas. Começou por ser apoiado por uma coligação de moderados,
direitistas e esquerdistas, que lhe permitiu manter-se no poder durante cinco anos. O
país estava cansado de tanta agitação e procurava paz. A burguesia queria que lhe
garantissem tranquilidade e expansão económica.
O Acto Adicional, de 1852, a nova eleitoral, pôs fim à divisão entre
cartistas e setembristas, tornando a Carta aceitável, por todos. E também, as
diferenças entre aristocratas e burgueses foram-se minimizando. De 1851 até ao surto
do Partido Republicano nos anos 80 e 90 e pose dizer-se que não houve oposição real
às instituições, às formas de governar e às políticas. Uma firme manutenção do poder
por uma burguesia unificada iria durar meio século.
3.1.15 De D. Maria II a D. Luís (p.48)
D. Maria II, morreu em Novembro de 1853, de parto. O rei consorte D.
Fernando II, amadureceu com a idade e ganha o respeito dos súbditos. Como o
príncipe herdeiro, D. Pedro, não tinha ainda idade legal, a regência foi assumida por
D. Fernando II. D. Pedro V, toma conta do poder em Setembro de 1855, e falece
muito novo em 1861. Sucedeu-lhe seu irmão D. Luís, que passou à história como o
soberano constitucional modelo. Casou com D. Maria Pia, filha de Vítor Manuel II,
de Itália o que ajudou à popularidade do casal entre os anticlericais das esquerdas.
22
3.1.16 Política Interna (p.49)
A política interna de Portugal, nos reinados de D. Pedro V e de D. Luís,
caracterizou-se por relativa bonança explicável na expansão económica e da
prosperidade para as classes dirigentes. Algumas crises surgiam contudo se grande
importância. Em Janeiro de 1868 há um protesto em Lisboa contra o aumento dos
impostos. Em 1870, Saldanha chefiou uma revolta contra o gabinete do duque de
Loulé. Em 1871, as Conferencias do Casino Lisbonense começam uma oposição às
instituições e à ordem burguesa.
3.1.17 Política Externa (p.50)
A política externa de Portugal era igualmente serena. O país tinha pouca
autonomia, a Inglaterra, a Áustria, a França e também a Espanha, controlavam
Portugal. A Inglaterra era o principal protector, devido às motivações económicas, e
quando qualquer outra potência violava os direitos de Portugal, a Inglaterra
aconselhava moderação e retraía-se. Tanto a Inglaterra e a França fixaram-se em
territórios africanos dos portugueses. Mas eram os próprios portugueses que pediam
a intervenção estrangeira.
3.1.18 O Iberismo (p.52)
As intervenções estrangeiras, em Nações da Europa tornaram-se mais
raras, a partir de 1848, afirmando-se uma tendência para deixar cada país resolver os
seus problemas. Em Portugal a questão mais importante era o Iberismo, isto é, a
união entre os dois Estados da Península Ibérica. A União Ibérica foi posta de parte
pelos portugueses desde 1640, pois a Espanha havia se tornado um sócio perigoso,
no Portugal oitocentista, haviam partidários dessa união, mas em pequeno número.
Autores de ambos os países discutiram o problema, atacando ou discutindo a união.
Saldanha mostrou-se durante algum tempo um partidário do Iberismo,
sendo provável a sua tomada de poder em 1870, tivesse por trás participação
espanhola. Muitos eram os intelectuais portugueses que viam essa União como sendo
a solução para o atraso das duas pátrias.
23
3.1.19 Conjuntura de 1870-90 (p.52)
Em 1870, o ministério de Saldanha não resiste, e foi restaurada a legalidade
constitucional, formando-se um governo de coligação presidido por Sá da Bandeira.
As eleições seguintes levaram ao poder os Reformistas e os Avilistas, ficando na
presidência o marquês de Ávila, e no governo, o reformista bispo de Viseu.
Desentendimentos entre ambos os grupos, leva a novas eleições e a substituição de
um elenco 100% regenerador, presidido por Fontes Pereira de Melo. Mas a crise de
1876-80, fez com que Fontes cedesse o lugar a Ávila, e a um ministério
independente. Em Janeiro de 1878, os regeneradores voltam ao poder. Em Junho de
1879 o novo Partido Progressista toma conta do poder. Os progressistas ocuparam as
cadeiras do poder de 1886 a 1890, governo que viria a sofrer o Ultimato de 1890.
3.1.20 Sintomas de Crise da Monarquia (p.54)
Após as décadas de 1870 a 1880, segue-se uma profunda crise
económica, política e financeira. As contradições da monarquia constitucional
começam a notar-se. As revoluções espanhola e francesa influenciam uma
consciência política nacional oposta ao rotativismo dos partidos e ao enriquecimento
despreocupado da burguesia. E ainda o aumento da emigração, indicavam os
problemas sociais das classes baixas.
Na década de 1870, surgem grupos de republicanos e socialistas. O rei D.
Luís morre em Outubro de 1889, e sucede-lhe D. Carlos.
3.1.21 O ultimato e o 31 de Janeiro (p.54)
O que provocou a crise foi o ultimato enviado pela Grã-Bretanha em
1890. Em que Portugal era obrigado a renunciar a um vasto território Africano,
ligando Angola a Moçambique, o que provocou uma grande contestação contra a
Inglaterra e um movimento contra a Monarquia e contra ao rei, acusados de não
cuidarem dos territórios ultramarinos, registando-se muitos tumultos e
manifestações, e em 31 de Janeiro de 1891, dá-se no Porto a primeira revolta
republicana. Portugal entre 1890-91, vivia numa intensa crise económica e
financeira, agravada pelo ambiente de pessimismo, pela descrença nos governantes, a
depreciação da moeda, a falência de alguns bancos, o aumento da divida pública,
contracção nos investimentos, e pelo grande afluxo de ás grandes cidades causando o
24
surto de uma classe média de pequenos e médios burgueses, que representam a base
do republicanismo militante e a força de ataque ao rei, às instituições e á igreja.
3.1.22 Última fase do rotativismo (p.56)
O rotativismo político voltou ao poder. Regeneradores e Progressistas
alternaram-se na direcção dos negócios públicos, e a Monarquia Constitucional
conseguia vencer a crise. Os partidos monárquicos precisavam de modificar os
modos de governação. Novas tendências visavam uma maior afirmação do poder real
com uma concepção liberal do constitucionalismo. Em 1901, João Franco separou-se
dos Regeneradores e funda um novo partido, Regenerador-Liberal, defensor do
fortalecimento do poder real. Do outro lado José Maria de Alpoim abandona o
partido Progressista, preconizando um regime mais liberal, contudo a grande força
em ascensão era o Partido Republicano.
3.1.22.1 Nota
O tema “a problemática colónia não se resumirá por se considerar o seu
conteúdo desnecessário a elaboração do trabalho.
3.1.23 O Franquismo (p.59)
Em 1906, as Cortes não passavam de reuniões agitadas e ineficazes. Os
dois grandes partidos nada faziam para evitarem as acusações de corrupção,
ineficácia e incapacidade. D. Carlos encarrega João Franco de formar ministério, e
com o apoio progressista governou constitucionalmente durante alguns meses. Mas a
difícil aliança dissolveu-se. O rei dissolveu as Cortes, e as consequências foram
desastrosas. Franco viu contra si as forças organizadas do país. A família real estava
em divida com o Estado importantes somas de dinheiro, o que levou a uma
campanha violenta contra a Monarquia.
Violência e repressão caracterizaram o governo de João Franco. Em
1907, os estudantes de Coimbra levam a cabo uma greve que se torna num
movimento geral contra o governo. Em 1908 progressistas e republicanos organizam
uma revolução que fracassa. Os republicanos intensificaram a campanha contra a
Monarquia, e a 1 de Fevereiro D. Carlos e o príncipe herdeiro são assassinados em
Lisboa.
25
3.1.24 D. Manuel II. A Acalmação (p.64)
Proclamado rei, D. Manuel II, demite João Franco e chama ao poder um
ministério de coligação chefiado pelo almirante Ferreira do Amaral. Com a ideia de
Acalmação, caracterizou-se pela transigência e brandura com que tratou as
oposições. As eleições legislativas de 1908, resultaram numa Câmara dividida por
partidos. Era claro para todos que a Monarquia aproximava-se do fim. Corrupção
política e divergências partidária internas caracterizaram a Monarquia Nova de D.
Manuel II.
Em 1910, a facção ortodoxa do Partido Regenerador consegue o poder,
com a chefia de Teixeira de Sousa. A oposição atinge então grande violência e o 5 de
Outubro de era proclamada a República.
3.2 A vida política (p.70)
3.2.1 Origens e influências
O liberalismo era conhecido em Portugal desde setecentos. Os liberais
defendiam a liberdade de religião, de imprensa e de palavra, liberdade de comércio e
de indústria, em princípios fundamentais do Despotismo Esclarecido.
Em Portugal, o liberalismo entra por influência francesa e inglesa.
3.2.2 A Maçonaria (p.70)
A maçonaria assumiu um papel importante na difusão do liberalismo. Em
1802, contavam-se cinco lojas maçónicas em Lisboa, contudo, perseguições
impediram o seu desenvolvimento pacífico. Os primeiros maçons em Portugal, são
Gomes Freire Andrade e os outros fundadores do chamado Sinédrio em 1818.
3.2.3 Ideologia Básica (p.72)
A ideologia que triunfou em 1820, continha muitos dos ideais
internacionais do liberalismo, mas também princípios meramente portugueses. Como
princípios mais nacionalistas, resultado das necessidades portuguesas, podem
indicar-se uma certa defesa do proteccionismo e dos direitos alfandegários elevados,
o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, etc. O Liberalismo português
26
definia a nação como a união de todos os portugueses, garantindo-lhes direitos e
deveres.
É importante salientar que os princípios do Liberalismo se mantiveram e
foram cumpridos durante todo o período monárquico constitucional e mesmo durante
a primeira República. O Liberalismo, triunfou também porque se apresentava como
restaurador.
3.2.4 Constituição de 1822 (p.73)
A Constituição de 1822, seguia a Constituição espanhola de Cádiz,
embora alterando-se e adaptando-se ao caso português. Depois de enumerar os
direitos e deveres pessoais, seguia afirmando a soberania da Nação, aceitando a
divisão entre três poderes: o legislativo, o executivo e o judicial. O primeiro ficava a
cargo das Cortes, o segundo ao rei e ao governo e o terceiro aos juízes. A
Constituição, adoptou uma espécie de regime federal como no Brasil, criando uma
regência de cinco membros e um governo com três.
Contudo esta Constituição não vigorou muito tempo, era demasiado
progressiva e demasiado democrática para a altura. Não satisfazia a nobreza, nem o
clero e reduzia os poderes do rei praticamente a nada. Por isso, durou apenas oito
meses na sua primeira fase, e é restabelecida provisoriamente em Setembro de 1836
a Abril de 1838.
3.2.5 Carta Constitucional (p.74)
A segunda Constituição portuguesa tem o nome de Carta Constitucional.
Reflectia a reacção conservadora contra a promulgação de constituições populares. A
Carta Constitucional tinha 145 artigos, e os direitos e estavam agora colocados no
fim, e não se fazia menção aos deveres. Tinha o direito aos Socorros Públicos, o
direito à instrução gratuita, e ainda outros. Tal como na primeira, não era concedida a
liberdade de religião, embora ninguém pudesse ser perseguido por motivos
religiosos.
A Constituição de 1826, introduzia com um grande número de inovações
antidemocráticas. Os poderes do Estado passaram a quatro, legislativo, o moderador,
o executivo e o judicial. O primeiro pertencia às Cortes, composta de duas Câmaras,
a Câmara de deputados e a Câmara de Pares. O poder moderador que era considerado
27
como “a chave de toda a organização política”, que pertencia ao rei, que podia
nomear os pares, dissolver as Cortes e a Câmara dos Deputados, nomear e demitir o
governo, suspender os magistrados, conceder amnistias e perdões e e vetar as leis
decretas pelas Cortes. O poder executivo cabia ao monarca e ao governo e o poder
judicial aos juízes e jurados.
A Carta de 1826, agradava às classes privilegiadas, e também aos
proprietários e aos grandes burgueses. E dava grandes poderes ao monarca.
A Carta manteve-se como texto fundamental do Reino desde 1834 a
Setembro de 1836.
3.2.6 Constituição de 1838 (p.75)
A terceira Constituição em Portugal, sofreu a influência da constituição
espanhola de 1837, e ainda da constituição belga de 1831. Atacava a Carta,
reafirmando o princípio de a soberania residir sobre a Nação, em que substituía a
Câmara dos Pares por uma Câmara dos Senadores, e onde se assentavam eleições
directas para a Câmara dos Deputados. O poder moderador foi abolido.
3.2.7 Actos adicionais (p.76)
Os 68 anos em que vigorou a Carta, dependeram de três Actos
Adicionais. O primeiro, em 1852, tornou directas a eleições para a Câmara dos
Deputados e alargou a capacidade dos eleitores. O segundo em 1885 anulou o partido
hereditário, e reduziu para 100 o número de pares vitalícios de nomeação régia, para
além dos de direito próprio. O terceiro, em 1896, restabeleceu os privilégios régios,
pôs fim as pares electivos.
3.2.8 Eleições de 1820 (p.76)
Logo depois da Revolução Liberal começa a vida eleitoral. As instruções
de 22 de Novembro de 1822, estabeleciam um sistema indirecto de quatro níveis, em
que em que todos os cidadãos eram chamados a participar. Nas juntas eleitorais de
freguesia estes elegeriam os chamados de compromissários, e estes, os eleitores
paroquiais, que por sua vez elegiam os eleitores das comarcas que eram quem
escolhiam dos deputados para as Cortes. Havia cerca de um deputado por cada 30
28
000 habitantes. Os círculos eleitorais do continente eram as 43 comarcas e a cidade
de Lisboa, sendo cada lista eleita por maioria relativa.
3.2.9 Eleições de 1822 (p.76)
A votação da primeira constituição veio modificar este sistema, as
eleições passaram a ser directas, restringiram-se capacidades para ser eleito, para se
ser deputado era preciso possuir uma renda suficiente. Em vez de comarcas,
estabeleceu-se como círculos, um número de divisões eleitorais, que passaram a ser
26 para Portugal continental.
3.2.10 Eleições de 1826-52 (p.76)
Em 1826 realizaram-se as primeiras eleições depois da Carta reflectiram,
as tendências conservadoras da nova ordem. Até 1852, todas as eleições foram
indirectas, restringindo-se as qualificações tanto para eleger como para ser eleito.
Para ser leitor paroquial, era necessário possuir pelo menos 100$000 réis de
rendimento anual, para ser elegível pelo menos 400$000 réis, o que reduziu o
número de votantes.
Das eleições de paróquia, directas, saíam os eleitores de província, à razão de
um eleitor por cada mil fogos. Das eleições de província, resultavam os Deputados à
Câmara num total de 138, sendo 120 pelos seis círculos ou assembleias do continen
3.2.11 Eleições de 1852-1910 (p.77)
A lei eleitoral de 30 de Setembro de 1852, era concretizava os princípios
típicos do parlamento burguês. Mantendo para o eleitor a necessidade de possuir uma
renda de 100$000 réis, e para o ilegível subia para 400$000 réis, os deputados seriam
eleitos por maioria relativa de um quarto ou mais dos votos. Caso não fosse
conseguida realizava-se um segundo escrutínio com vitória para qualquer
pluralidade. Modificações importantes no sistema eleitoral, registam-se com a Lei de
8 de Maio de 1878 (Fontes Pereira de Melo). Alargando, o número dos eleitores,
visto conceder direito de voto a todos os que soubesse ler e escrever, ou que, sendo
analfabetos, possuíssem um mínimo de 100$000 réis de rendimento ou fossem
simplesmente chefes de família. A idade legal baixou de 25 para 21 anos. a
capacidade de votar passou assim, a depender mais da condição cultural e da
condição familiar, do que da condição económica. Na lei eleitoral de 1884, de
29
Fontes Pereira de Melo, foi inserido um sistema de votação com lista incompleta, o
que dava às minorias uma representação na Câmara mais ou menos proporcional aos
votos obtidos, abolindo-se os segundos escrutínios.
A lei eleitoral de 28 de Março de 1895 (João Franco) baixou para cerca
de metade a base de 100$000 réis de rendimento necessário ao eleitor analfabeto.
Retirou aos chefes de família que a não pagassem contribuição anual de família, e
fossem analfabetos a capacidade de votar. Voltou-se ao sistema da lista completa em
1901, reintroduziu-se o princípio da lista incompleta que iria persistir durante um
quarto do século. Houveram numerosas leis eleitorais até finais da monarquia, mas o
seu objectivo foi sempre a divisão do País em círculos. A maior parte dessas leis
criou círculos de dois ou três deputados, em média, mas várias houve que
introduziram o princípio do círculo uninominal. Assim, a 23 de Novembro de 1859,
Fontes Pereira de Melo, estabeleceu 165 círculos, de um deputado cada um, no
território do continente e ilhas adjacentes. Lisboa ficava dividida em sete círculos e o
Porto em três. Foi o máximo do Parcelamento eleitoral, quase correspondendo o
círculo ao concelho. A lei de 8 de Agosto de 1901, Hintze Ribeiro, reduziu os
círculos metropolitanos para 26, sendo 22 pelo continente e 4 pelas ilhas, a
correspondência era de um círculo por distrito. Esta lei, fez com que se dividisse as
cidades de Lisboa e do Porto em dois círculos cada uma, ligados a extensas áreas
rurais adjacentes. “ o único objectivo desta ignóbil porcaria estava em tentar afogar
os votos urbanos, com os disciplinados votos rurais”
O número total de deputados, não seguiu, o crescimento geral da população,
mas a representação proporcional, manteve-se sem grandes excessos. A “ignóbil
porcaria” estabeleceu-a em 1/36000 (155 deputados), importâncias que se
mantinham à data da proclamação da República. As consequências da lei de 1878,
quase duplicaram o número de eleitores num período de cinco anos. Em 1890
constavam-se 951 000 votantes. As restrições conservadoras das leis eleitorais de
1895 e 1901, fizeram baixar para quase metade o número de votantes. O aumento
demográfico e a intensidade da propaganda republicana contribuíram para elevar este
número. A agitada vida política da Nação, com a faculdade que o rei tinha de
dissolver a Câmara sempre que o governo o julgasse convenientemente fez que
poucas legislaturas durassem os quatro ou três anos prescritos pela Carta. De 1834
até ao fim da monarquia houve 43 eleições legislativas, o que correspondeu à média
de um anos e oito meses de legislatura.
30
3.2.12 Os Partidos (p.85)
Uma organização partidária à maneira moderna entrou tarde na história
constitucional portuguesa. Até 1834, as duas forças frente a frente eram os
Absolutistas e os Liberais. Distinguindo-se me cada uma destas forças as tendências
sobretudo nos lado liberal os democratas eram fiéis à verdadeira doutrina da
Revolução de 1820. Os Democratas aliados por parte dos burgueses triunfaram em
Setembro de 1836 e ficaram conhecidos como Setembristas. Os conservadores
permaneceram fiéis à Carta Constitucional e por isso foram chamados de Cartistas.
Em 1838, surge um novo centro, mais ligado à direita do que à esquerda, que se
denominou Partido Ordeiro. Em 1840, a direita conquista o poder sob a protecção do
ministro Costa Cabral. Em oposição a este Cabralismo, as outras forças reuniram-se
numa coligação que pegou em armas em 1846-47 (patuletia). Chamando-se
Regeneradores Progressistas.
3.2.13 O rotativismo (p.86)
O partido cartista substituiu como oposição para lá da queda de Costa
Cabral. Surge uma outra oposição, chamados de Progressistas dissidentes ou
históricos. Os regeneradores, governaram de 1851 até 1859. Coligaram-se depois
com os cartistas, nos ministérios de 1859 a 1860. Neste ano os Históricos tomaram
poder. Em 1865-68, os dois partidos tentaram uma coligação à escala governamental.
Primeiro Regeneradores Históricos, depois Regeneradores e
Progressistas, procuram imitar o rotativismo inglês, que será depressa ameaçado pelo
surto de novas forças políticas e pelo declínio do próprio regime monárquico
constitucional.
3.2.13.1 Nota
Os temas “Novos Partidos”, e “Associações secretas e religiosas” por não se
mostrarem necessários ao real propósito do trabalho, não serão resumidos.
3.2.14 Ideário dos Partidos Monárquicos (p.89)
Era difícil encontrar diferenças entre os vários partidos monárquicos. O
Partido Regenerador era o mais forte e o que tinha mais responsabilidades no
segundo período da Monarquia Constitucional. Os outros partidos tinham os seus
programas com pouca homogeneidade. Os regeneradores defendiam a Carta e os
31
seus Actos Adicionais, insistindo no princípio da ordem pública. Os progressistas
eram a favor de uma mais ampla revisão constitucional. Os regeneradores-liberais
defendiam o fortalecimento da autoridade régia.
3.2.15 Estruturação partidária (p.89)
Os partidos da Monarquia estavam organizados, sobre uma base de
centros locais, eleitos pelo povo. O regime constitucional continuava a ter muito de
monarquia absolutista. As eleições eram feitas pelo governo que as ganhava,
mediante uma rede de autoridades locais. O rei dissolvia a Câmara dos Deputados, e
o Presidente do Concelho mudava sempre que o partido mais forte o entendia, as
razões variavam de caso para caso.
3.2.15.1 Nota
Os temas “Instabilidade política e estabilidade ministerial” e “Corrupção
Politica” não serão resumidos por se mostrarem desnecessários ao contexto do
trabalho.
32
4 Referências bibliográficas
OLIVEIRA, Marques A. H. – História de Portugal: Das Revoluções Liberais
aos nossos dias. Lisboa: Editorial Presença, Vol. III, 1998