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DO MITO À FILOSOFIA Mário de Souza DO MITO À FILOSOFIA Figura mitológica da cultura pré-colombiana de Paracas, que se desenvolveu no atual Peru

Do mito à filosofia (Prof. Mário de Souza)

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Do mito à filosofia (Prof. Mário de Souza)

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DO MITO À FILOSOFIA

Mário de SouzaDO MITO À FILOSOFIA

Mário de Souza

E não te esqueças, meu coração,que as coisas humanas apenas

mudanças incertas são.(Arquíloco, poeta grego)

Figura mitológica da cultura pré-colombiana de Paracas, que se desenvolveu no atual Peru (Museu de Lima).

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SOUZA, Mário de

Passagem do pensamento mítico para o pensamento filosófico-científico

É possível que o ato primeiro de organizar algo, por exemplo, diferenciar uma fruta de outra seja por gosto, formato, quantidade de matéria ou por outras razões, possa ser ou tenha sido o primeiro passo de uma dentre outras habilidades humana que se projetou na direção de construir uma possibilidade de estruturação de ‘algo’, aqui compreendido como uma fruta; porém, compreender que essa ou aquela fruta, ou frutas, individualmente, têm estruturas bem próprias e características diferentes, que as tornam uma diferente da outra é um crescimento nas direções simbólicas.

É possível que este fato tenha sido aperfeiçoado no homem no período Paleolítico, que é de onde se tem referência de que o mesmo vivia com uma dependência enorme da Natureza; sendo assim, a caça, a pesca, e a coleta de frutos e raízes são seus meios de sobrevivência; então, é possível imaginar que nesse período, possivelmente por tentativas e erros, ele tenha apreendido a construir suas primeiras estruturações de pensamento sobre as coisas que faziam parte de seu modo de viver; esta ação está na concepção de que o homem é dotado no momento da possibilidade do ato de pensar, comunicar, agir e criar símbolos; é o homem em ato e potência, ocupando o espaço-tempo e a cognição, de forma inter-relacionada, numa rede de sistemas vivos e criando linguagens. Início da civilização, mas ainda homem-animal.

Como outros animais ele possivelmente encontrou a necessidade de viver em grupo; assim, o homem é, em princípio, um ser gregário e, este conjunto de possibilidades provavelmente o conduziu a organizar-se e estruturar-se para o que concebemos por ‘grupos sociais’; nessas estruturas de sociabilidade, ainda tosca, vista sob o prisma de conjunto de pessoas com casamento de interesses primeiros, ou seja, numa visão ainda primitiva de pequenos grupos particulares; é possível que o interesse maior fosse o interesse na sobrevivência desses grupos, e dos indivíduos, não havia rede de interação, como a concebemos no mundo hoje; é possível que esta conjuntura estabelecida tenha sido um princípio – o princípio da sobrevivência.

Dentro deste princípio, a comunicação torna-se o veículo propulsor desses grupos sociais; e a oralidade primitiva deve ter sido o primeiro passo que o indivíduo (unidade elementar na construção de estrutura social) tomou para expressar o ‘conhecer’ apreendido possivelmente pelo sensível e pela troca de experiência com o meio ambiente ou pelo ato de tentativas e erros, com a ação (sobre a) da Natureza, com os indivíduos, com seu grupo ou entre grupos – o simbolismo. Essa propulsão pela oralidade primária é outro início do alicerce civilizatório.

A passagem desses ‘conhecimentos’ através da oralidade alimentou a criação de memória e, esse processo primeiro de armazenamento é hoje conhecido como oralidade primária; onde, por oralidade primária entende-se como técnica de armazenamento informativo onde a fala é muito superior à escrita, segundo Lévy (2000); é possível que no período Paleolítico o Homem comunicava-se por ruídos, em comparação com processos de aprendizagens junto aos animais; mesmo assim ainda é uma forma bastante primitiva de oralidade (esses ruídos), possivelmente, anterior a oralidade primária, que com o passar dos milhões e milhões de anos, ou seja, o tempo dentro do contexto espacial-temporal entra como ação e potência no equilíbrio do Homem e Natureza e, deva ter chegado ao que compreendemos hoje por fala, que vai se materializar nas construções diferenciadas de contextos grupais – a linguagem.

Esta evolução da comunicação, talvez seja o passaporte para a comunhão, de fato, de grupos de homens para a articulação entre eles e entre outros grupos através da oralidade, agora já posto em falas; nesse sentido, possivelmente tenha surgido os brotos do ato de observar (no sentido de estar na ação, entendida aqui como um olhar mais tendencioso que um simples ‘passar a vista’), entre eles, as semelhanças e/ou as diferenças; assim sendo, indo

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ao nascer de diversos cultos, comuns a alguns indivíduos e, possivelmente, entre alguns grupos; isto possibilitou, provavelmente, a divergência entre indivíduos e/ou grupos, estabelecendo o conflito e o confronto de ações pessoais, ou numa comunidade, que é o processo de racionalidade humana, natural, mesmo que ainda numa forma primitiva; possivelmente, o surgimento de culturas como cultivo de e nas ações humanas, entre Homens; é o início do processo de diferenciação animal; as linguagens e os simbolismos começam a ter vida própria, começam a ser compreendido como cultura.

Esses arranjos culturais entre as sociedades primitivas (cultura como cultivo), mesmo que tenha a oralidade primária como sendo a linguagem elementar que permeia e sedimenta a formação destes grupos, mas tendo a memória singular como ferramenta de apreensão desse conhecimento (simbolismo) e, a audição como canal entre a oralidade e esta memória, então, estava estabelecida a comunicação; nesse momento a comunicação passa a ser o elemento vital nos grupos sociais tendo a cultura o estabelecimento e o sedimento da maturidade e desenvolvimento conjuntural dessas formações de sociedades primitivas. Estabelece-se a linguagem (sinais) e os simbolismos, mesmo que de forma tosca, mas o início do processo de humanização do homo ereto.

É possível que nesse caldeirão cultural, o homem que ora é dotado da possibilidade de pensar (pensar no sentido de imaginar ações mais elaboradas que instintivas), tenha instaurado dentro de seu modo primeiro de ver (no sentido de ser impresso na memória) e operar (no sentido de agir) a maturidade de percepções mentais; deste modo à sensibilidade deve ter sido aguçada com os órgãos do sentido para os meios que se interfaceiam entre a Natureza (aqui entendido como os elementos primeiros de contato físico para suas necessidades primeiras) e a Cultura (aqui entendida como comunhão de cultivos entre grupos sociais por identificações de semelhanças e/ou diferenças entre indivíduos de um grupo, ou entre grupos); nesse contexto o homem se insere entre a Natureza e Cultura para buscar (no sentido de nascer na necessidade) o ato de questionar-se e questionar; ato primeiro de se conceber como ator de uma rede de ações entre os pares, ou seja, uma rede de ações sociais. Agora, os símbolos e a linguagem se confundem com o Homem e a Natureza.

E, ao fazer isto, o homem necessitou procurar inicialmente entender o que lhes rodeia de mais imediato: Natureza Primitiva. Instaura-se assim, a possibilidade do conhecimento aqui concebido como o ato de ver semelhanças ou diferenças em pequenas ações do homem vivendo em sociedade; surge então um princípio que é a necessidade de responder a questão: o que é isto? Em suma, pode-se agora supor que o Homem começava com a possibilidade de fazer reflexões entre o pensar e o agir (espírito e matéria) dando forma às coisas pensada através da linguagem e dos símbolos; é a instauração da possibilidade de argumentação da realidade que lhes é impressa, o início da busca pela razão; é o nascer do conflito entre indivíduos, grupos e gerações é o movimento das mudanças agora com fala e criação de sinais (linguagens) e símbolos, pois é possível que agora o homem começasse a ter ações com busca de critérios, e as diferenças naturais entre Homens (no sentido de sua natureza biológica), que se amplia de forma natural num grupo ou grupos; como este fato não é e nem deve ter sido linear, então os conflitos e os interesses devem ter dado início à multiplicidade de grupos sociais; e os interesses do conhecimento deviam divergir na atuação e vivência desses grupos, com geração de conflitos e de mudanças nas ações que delimitavam o homem no espaço-tempo, dentro da Natureza física, cultuando suas necessidades, provavelmente, imediatas da sobrevivência individual ou de grupo que se emerge na cultura e na comunicação.

Nessa construção elementar do conhecimento (se comparado com os processos de hoje), onde a oralidade teve predominância, pois o conhecimento era apresentado em narrativas, atos ainda vistos hoje, em comunidades primárias, na África ou em regiões paupérrimas do Nordeste do Brasil; assim, essas narrativas (propriedades de grupos sociais) tentavam dizer ou expressar-se sobre essa realidade que se apresentava aos olhos dos homens; na tentativa de expressar o que lhes é impresso, num primeiro momento, surge à reflexão (ainda como expressão elementar do desejo) sobre o conhecer; mas suas reflexões se

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dirigiram para o “mito”, pois o mito idealizado de forma sobre-humana podia ser belo, bem definido, cheio de poderes, e incontestável, em princípio, e assim, mais fácil criá-lo para explicar realidades que se apresentava aos olhos dos homens – esses símbolos cediam ao Homem à possibilidade de juntar-se à Natureza e a Vida. Início da complexidade existencial da humanidade.

Era o nascimento do que se compreende por verdades (no sentido de dar sentido ao que se explica), pois estas verdades estavam na explicação racional, mesmo que através dos mitos; estas verdades se prestavam para as coisas da realidade (sensações vistas dos órgãos dos sentidos), preenchendo as lacunas que os homens não podiam explicar da ação da Natureza; assim, esse conhecimento da realidade podia ser descrito como um conhecimento intuitivo (embora fosse uma ação humana) e, desse modo, as reflexões feitas para assegurar este conhecimento através da mitologia carrega consigo a configuração (no sentido de nascimento da representação) de símbolos ou figuras; agora se vai para a passagem de outra estrutura de linguagem mais complexa, no indivíduo, no grupo e entre grupos sociais, onde aparece a palavra escrita (mesmo que na forma gráfica, desenhos do que viam sobre a realidade) como a representação do que se estar a falar (oralidade) sobre os questionamentos e conhecimentos de interesse do indivíduo ou de grupo; é a criação de signos para dar sentidos ao pensamento, ou seja, é o nascer da criação das “imagens” num ato de discurso (escritas de expressões do pensamento e/ou falas); isto indica que a ‘tecnologia’ (o fazer para necessidade) está presente. Aqui se estabelece a linguagem escrita, não como a concebemos, mas como leitura de mundo na visão gráfica simbólica e deixada como marcas de culturas.

A criação dos mitos, ou seja, do sobrenatural, foi à forma de possibilitar a explicação do natural, objetivo maior da filosofia (aqui entendida como necessidade de conhecer) antiga, ou seja, a busca do conhecimento e o mito era o elo entre as suas causas e as conseqüências; esta possibilidade de comunicação entre os indivíduos de mesmo grupo e entre outros grupos fez com que se organizassem estruturas sociais mais complexas; e nestas sociedades criou-se (no sentido de agrupar seres humanos em torno de algumas culturas que se estabeleciam entre os “conflitos naturais” que acontecera entre indivíduos e/ou grupos), o nascer da pólis e, mais tarde as cidades/estados.

Voltando a compreensão do surgimento da construção de conhecimento, pode-se agora ver que a criação do mito, trás consigo aquele que o cria, ou seja, o mago; apesar de não ter um conceito bem definido, “o mito constitui uma realidade antropológica fundamental, pois ele não só representa uma explicação sobre as origens do homem e do mundo em que vive como traduz por símbolos ricos de significado o modo como um povo ou civilização entende e interpreta a existência”. (BARSA, 2000, Vol. 10, p. 95). Na realidade o aparecimento do mito serve de elo (canal) da mediação numa narrativa simbólica entre o sagrado e o profano como condição de necessidade à ordem do mundo e às relações entre os indivíduos. Observa-se assim que, as criações mitológicas intercambiam-se entre dois mundos, o sobrenatural e o natural; isto leva a compreensão do surgimento das religiões, que também está ligada a esta característica de narrativa, mas também pode ser visto como o nascer do ‘espírito dedutivo’ pois, as buscas de premissas eram encontradas na criação desses ‘algo sobrenatural’ (mito); isto pode ser visto com a criação de mitos que representam a origem dos deuses (teogônicos) e do mundo (cosmogônico) e, como conseqüência o surgimento de rituais, que sedimentavam suas explicações sobre o desconhecido.

O surgimento de práticas com ritual, onde o mago (ou curandeiro) institui uma crença naquilo que ele está a realizar traz, em paralelo, o conduzir possivelmente nos outros, de florescer resultados de seus trabalhos; esta condução leva a institucionalizar a crença em seus rituais e, constitui o que se compreende por magia, ou seja, institui-se o pensamento mágico para explicação do mundo e, isto leva a criar uma visão de mundo anímica onde, a visão animista significa que não existem diferenças entre seres animados e inanimados; assim sendo, “o mundo era povoado e controlado por espíritos e forças espirituais ocultas, que habitam talvez os animais, ou as árvores, ou o mar e o vento, e a função do mago consistia

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em submeter essas forças ao seu objetivo de persuadir os espíritos a cooperar”. (RONAN, 1983, vol. I, p. 13).

Este mundo mágico era repleto de simbolismos; o mago tinha poderes para fazer invocações e estabelecer afinidades e solidariedade entre os dois mundos (ou seja, o mago estabelecia suas premissas, chegando a suas conclusões usando o mito como o meio para atingir o seu fim); para isso, fazia uso de porções entre os elementos da natureza e, seus atos de manipulação o conduziam a uma condição de conhecimento empírico das substâncias e materiais que envolviam em suas práticas de feitiçaria; por exemplo, usava pele de animais durante uma sessão de feitiçaria (aplicação da magia para fins particulares) a fim de que se estabelecesse uma excelente caçada; esta visão de mundo estava atrelada à busca da compreensão do mesmo em relação ao mundo e como as coisas que nele existem se interrelacionam-se; bem como, das relações e correlações dos bem-estares pessoais, culturais e históricos (no sentido de que era o tempo se produzindo nos atos e nas ações do homem e da natureza, nos momentos em que se processavam as mutações do mundo e das coisas pela relação Homem/Natureza, ou seja, na produção e ação do homem no espaço/tempo).

Neste contexto, pode-se supor que a estrutura social, o advento da linguagem e da necessidade da comunicação levaram os indivíduos a formarem grupos sociais e, mais tarde, construir o que se conhece por cidades; é possível que atrelado a estes fatos, surge à necessidade humana de perguntar, de questionar e de querer compreender melhor o mundo e as coisas que os cerca, ou seja, de melhor entender as relações de causa e efeito; surge assim à possibilidade de construir modelos (no sentido de representações individuais de imagens construídas por linguagens) mentais, tendo como princípio a argumentação de sustentação de suas idéias, para apreender o que de imediato se percebe sobre a Natureza; neste processo, o Homem desenvolveu a sua visão de mundo dentro da concepção animista e, para ‘provar’ a sua relação com o mundo cria o que se compreende por magia e, dentro dessa estrutura de pensamento desenvolve o espírito de manipular coisas e substâncias num ato de feitiçaria que faz criar uma ambigüidade entre magia e religião1. Porém, o objetivo maior, que é o bem estar social (garantia maior de uma sobrevivência individual e/ou grupal), é por vezes alcançado e isto materializava o ato e dava consistência para sua sedimentação dentro desse espírito animista.

Com o desenvolvimento social, possivelmente os homens passaram a realizar outras formas de manipulações para buscar o seu bem estar; este fato isto dar início no período Neolítico, onde, por exemplo, o processo de irrigação, a criação de animais e a fabricação de armas fazem com que o Homem agora não dependa (no sentido de extração para fins primeiros e últimos da existência humana) totalmente da natureza; era um processo mais real (concreto no sentido de utilizações dos sentidos humanos e do ato de pensar, mesmo que de forma mítica) e provocava bem estar além de ganhos financeiros (aqui compreendido no sentido de recompensas) para os agricultores; agora, os Homens tinham dentro da pólis uma duplicidade (a mitológica e a técnica) de possibilidades de ação sobre a Natureza; é possível que eles convivessem com as duas formas de conhecer durante muitos e muitos anos (o que de fato se conhece como sendo uma dificuldade humana de romper com obstáculos epistemológicos e, as vezes pessoas co-habitam com duas formas de visões diferentes sobre um mesmo referente); também é provável que, com a melhora das técnicas de controle da natureza o advento do mundo dos espíritos tenha perdido a sua força (mas não morto) e, a busca por um conhecimento mais ‘sólido’ (aqui entendido com o princípio do afastamento dos mitos) tenha-se dado início; é neste período que surge às pinturas rupestres, a necessidade de estimar quantidades e, como viviam em grupos sociais possivelmente estes grupos criaram formas de transmissão do conhecimento adquirido; é possível que o crescimento desses grupos tenha conduzido os homens numa aldeia a estimar a divisão do trabalho, dentro das

1 Este tema não será desenvolvido aqui, pois este não é o objetivo do trabalho apesar de sê-lo citado.

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comunidades e este processo de desenvolvimento social fora percebido, primeiramente, no antigo Oriente Médio, como diz Cordi et al (2000).

Assim é possível traçar um paralelo entre este conhecimento mítico e a compreensão de ciência moderna, como hoje a compreendemos; nesse contexto, o mago faz papel de cientista; a sua comunicação dentro da narrativa mitológica pode ser associada ao papel da linguagem que hoje se esmera na ciência e, os processos de manipulações que o mago executa em sua tarefa de estabelecer a conexão entre dois mundos podem ser comparados, ou mesmo tida como, o ancestral do cientista experimentalista; e em ambos os casos o objetivo fundamental nas construções é buscar a possibilidade do conhecimento objetivo da natureza, na Natureza.

Esta busca de compreensão da natureza leva o Homem não só a pensar sobre a natureza como também sobre suas causas existenciais; isto o leva a compreender a necessidade de “saber viver” melhor, e, pessoas que assim podiam compreender a ação do homem perante a natureza eram consideradas sábias; o mago está nesse contexto, e a trabalhar na coexistência dos dois mundos ou dois pensamentos, pois nenhuma divisão de pensamento se dá de forma abrupta e, isto representava o início da compreensão do que se entende por filosofia, ou ato de filosofar; esta ação pode ser compreendida como o ato de amar o saber, embora que de início, ainda seja contemplativo e, no contexto da cosmologia, mas trazendo sua essência que era o questionamento.

Esse processo de mudança (já citado) pode ser observado com a separação do mítico ou sobrenatural para explicar o natural com possibilidade de criação de algo natural para explicar o natural; pois, o desenvolvimento da agricultura no Oriente Médio não era, mas obra dos deuses, mas da ação humana; mitos agora ganham formas analógicas, metafóricas e, embora esta mudança pareça pequena, ela tem em seu bojo uma mudança de concepção muito forte, pois no pensamento mítico não há questionamentos e no avanço para o pensamento filosófico-mítico há a possibilidade de crítica ou questionamento. É a filosofia se fazendo presente no ato da criação humana, agora com a cultura do questionamento que se estabelece como condução de vida localizada, mas como culto a uma visão de mundo (cosmo).

Ao fazer uma distinção entre o pensamento mítico e o filosófico-mítico outro fato importante é que no pensamento mítico as estruturas de linguagem que se praticava (mesmo que na oralidade primária) escondiam os interesses de classe e, assim sendo, podiam-se manipular pessoas ou grupos sociais por aqueles que dominavam estas estruturas de linguagem, dentro desse pensamento mítico; isto fazia valer imposições morais a estes grupos sociais e uma hierarquia de punições para os indivíduos que tivesse posições de pensamentos contrárias ao do mago ou curandeiro.

Enquanto que, no pensamento filosófico-mítico já havia um desenvolvimento social, pois a característica humana de deslocar-se através do mundo como processo de alargamento social-cultural-biológico é natural da espécie humana (o êxodo é uma característica humana); então, isto gerou a possibilidade de contato com outros grupos sociais entre os povos; fato que possivelmente deva ter ocorrido no Oriente, decorrentes, da procura de terras férteis e da necessidade comercial; este fato culmina com processos de navegação, meio de transporte que se dava para possibilitar o fluxo de um número maior de pessoas e produtos entre os povos, que pode ser compreendido ao início de mundialização comercial.

Esta ‘nova’ natureza de convívio (fluxo humano e de interesses) fazia senti-se a necessidade da ampliação da linguagem, e dos símbolos, vista sob ponto da universalidade, assentados em contatos diversificados das formas culturais (que agora vai além do cultivo para o modo de vida dos povos); esta necessidade urge para justificar o aparecimento de novas estruturas organizacionais da sociedade que emergia dentro desse novo caldeirão cultural numa rede sistêmica da vida.

É dentro desses interesses de criação de linguagem universal (universal aqui limitado para o até onde se podia ir) para satisfazer a necessidade humana de explicar conceitos culturais e a natureza que, as criações míticas começam a desvanecer surgindo explicações

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ligadas à razão; é o nascimento do ato de filosofar, ou forma diferente de contemplar e interferir na Natureza e no Homem; desse modo, o ato ver um relâmpago deixa de ser ira divina e passa a ser fenômeno da natureza; o filósofo deixa a natureza apresentar-se por si mesmo, ele tenta compreendê-la, embora que no ato primeiro de filosofar, fora de contemplação da Natureza.

Este fato estabelecia agora a possibilidade de disputas sociais entre grupos; de um lado os que ainda faziam dos mitos a forma de conhecimento do mundo e da natureza humana que estava atrelada à vontade dos deuses e, assim sendo, tornava esse conhecimento popular e possível de manter o mago no poder com a preservação de gozos de seus privilégios; do outro lado, o grupo de filósofos que não aceitavam as explicações míticas, desse modo, criava outro mundo de possibilidades e de relações evidenciando a possibilidade de escolhas entre essas duas concepções de visões de mundo; esta saída que se dera no homem grego, era à saída das garras dos deuses, titãs (semideuses) e heróis (humanos) para construir uma nova concepção de verdade; assim, a filosofia (compreendida como o ato de entender a Natureza e o Homem) vista sob esta ótica conduz a possibilidade de existência de verdades humana e universal e não mais, verdades que estão ligadas ao belo prazer dos sacerdotes, surgem como um alimento as linguagens e aos símbolos.

Essa estrutura de relações pessoais e de responsabilidade fez nascer à arte de fazer política e, a liberdade de escolha, entre um ou outro grupo de ação na sociedade (mítico ou não) talvez possibilitasse ao Homem a compreensão de escolha política, ou seja, do livre arbítrio, da liberdade de escolha pessoal (no sentido de democratização).

Isto fazia nascer o novo conceito de responsabilidade, a responsabilidade não é mais vista sobre o indivíduo, mas também, como responsabilidade coletiva (no sentido político); assim sendo, a política, a economia, a cultura e a moral passaram a ser construções humanas, e não uma orientação divina; isto cedia ao Homem o poder de (re)construir as relações humanas e estabelecer com a natureza argumentos racionais e lógicos na promoção de mudanças na ato de viver e conceber as interações entre o Homem e a Natureza, bem como a compreensão da natureza das coisas (no sentido de entender fatos) e estabelecer princípios e relações sistêmicas.

É este fato que faz da Grécia Antiga o berço da civilização; não que outras civilizações não tenham existido e cooperado com o aparecimento dessa nova visão de mundo; para note a citação de Russel:

Em comparação com outras civilizações do mundo, a grega é recente. As do Egito e da Mesopotâmia são vários milênios mais antigos. Essas sociedades agrícolas cresceram nas margens dos grandes rios e seus governantes eram reis divinizados, uma aristocracia militar e uma poderosa classe de sacerdotes que presidiam os complexos sistemas religiosos politeístas. A maioria da população era constituída de servos que trabalhavam a terra. Tanto o Egito quanto a Babilônia legaram certos conhecimentos, mais tarde aproveitados pelos gregos. Mas nenhum desenvolveu ciência ou filosofia. Não cabendo aqui questionar se isto se deveu à falta de gênio nativo ou às condições sociais, ainda que esses fatores tenham contribuído. (RUSSEL, 2001, p. 13).

Dentro desta perspectiva de compreensão do mundo, o início da filosofia grega se da com a contemplação da natureza, ou seja, da PHYSIS, traduzida pelos romanos como NATURA, que deriva de nascer2; assim, o objetivo central desta filosofia foi à reflexão acerca da origem e da natureza do mundo.

Com a saída dos deuses, o pensamento filosófico-mítico ganhou asas para voar no interior da mente humana e, possibilitar o homem do ato de construir; Pode-se ver isto como

2 O termo PHYSIS foi usado Empédocles, siciliano de Agrimento, por volta de 490 - 430 Antes de Cristo com um sentido de negatividade, ao afirmar: “não há nascimento (PHYSIS) do nada, mas apenas mistura, permuta de coisas misturadas” (GIBERT, 1982, p. 15-16 ).

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uma saída do objetivismo (criação) para o subjetivismo (construção) e, este fato se apresentar ao conhecimento humano a partir da Grécia.

E dentro desse patamar de compreensão tem-se como filósofo primeiro Tales de Mileto, que viveu na Grécia no século VI a.C. Este pensador criou o que se conhece por uma Cosmologia Monista, ou seja, explicação sobre a origem e natureza do mundo baseada em única visão de mundo, tomando como base, não os deuses, mas algo material, assim, a explicação do mundo era possível e racional se tomássemos como origem a matéria água; daí sua afirmativa eterna: Todas as coisas são feitas de água, que é o nascimento conjunto de ciência e filosofia. Embora a concepção de água não é exclusivamente da visão física e química que temos, mas de um modelo de construção de mundo3.

Ainda dentro dessa visão de Cosmologia Monista tem-se o filósofo Anaximandro de Mileto (contemporâneo de Tales), tido como o primeiro cartógrafo, pois construiu o primeiro mapa-múndi, inventou o relógio de sol e introduziu o uso do gnómon (o esquadro); em sua teoria previa em sua física que os elementos antagônicos estavam no ápeiron (ilimitado), sendo assim, não tinham princípio (arké) porque não tinha fim, é eterno; logo, o fato de que, por exemplo, quente e frio não são mais coisas distintas (antagônicas), mas, estão interiores ao ilimitado; isto quer dizer que Anaximandro deslocou o problema do plano físico material para o plano lógico, fato que pode ser visto em Chauí (1994), na explicação de que a Terra tem a forma cilíndrica e “ocupa o centro do mundo sem estar sustentada por nada a não ser por um equilíbrio interno de todas as suas partes e, por sua forma, por seu equilíbrio interno e por seu lugar central está imóvel”, ou seja, ele apresenta uma lógica para seus argumentos.

Outro filósofo desta mesma linhagem de pensamento da Grécia Antiga é Anaxímenes de Mileto, que em sua teoria considerava o ar (aer) como princípio de todas as coisas; para ele, quando mais distribuído uniformemente o ar tornava-se invisível, pela condensação tornava-se visível, a princípio como névoa ou nuvem, em seguida como água e depois como matéria sólida, se fosse mais rarefeito tornava-se fogo; Anaxímenes foi o primeiro a dizer que o arco íris não era uma deusa, mas o efeito dos raios do sol sobre um ar mais denso, isto faz observar o abandono das divindades para a explicação do natural.

Outra corrente da Filosofia Antiga é o que se conhece por Cosmologia Pluralista; dentro desta cosmologia, Empédocles, nascido na Sicília no séc. V a.C. foi o primeiro mentor desta cosmologia e, para se ter uma idéia de que a convivência entre os dois mundos (mítico e o filosófico) ainda era fato, observa-se que, embora Empédocles esteja possibilitando explicação do natural por um conjunto de elementos naturais, ele era considerado como realizador de milagres: era vidente e foi sacerdote; a cosmologia de Empédocles estabelece como princípio os quatros elementos: fogo, água, ar e terra; sendo assim, os quatros elementos se uniram sob a força do amor e se separariam sob o influxo do ódio; nesta cosmologia, por exemplo, o vulcão explicaria a existência de água e fogo no interior da terra. E, não é tão diferente de pensamentos de nosso século sobre essa visão tão antiga de união pelo amor.

Já com Parmênides, este afirmava que só existem duas vias: ou “é” ou “não é”, pois enquanto totalidade não se pode acrescentar ou retirar nada; desse modo, há um casamento na idealização de uma semente para cada coisa, pois como pode ser pêlo aquilo que não é pêlo? Anaxágoras também defendeu a idéia da existência de um princípio ordenador (nous) ou ‘inteligência’ como causa do movimento; e essa nous provocaria o movimento das partículas (aqui o termo partícula não deve ser compreendido como hoje a conhecemos); mas um fato interessante é que “a metafísica e a epistemologia de Parmênides não deixavam lugar algum para cosmologia tais como os seus predecessores jônios haviam construídos, nem certamente para qualquer para qualquer espécie de crença no mundo que nos é revelado pelos sentidos” (KIRK, et al, 1994, p. 251).

3 Aqui abro um parêntese para me justificar que essa concepção aquosa ainda está presente em alguns pensadores que apresentam a compreensão da vida humana ter dado início na água.

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Dentro desta cosmologia, Parmênides funda a escola eleática; para ele, “se alguma coisa existe, não pode nascer ou perecer, transformar-se ou mover-se, nem estar sujeita a qualquer imperfeição” (Idem, p. 251); pois na sua visão dele “em qualquer investigação há duas, e apenas duas, possibilidades logicamente coerentes, que se excluem mutuamente – a de que o objeto de investigação existe ou a de que não existe” (Ibidem, p. 251); ainda nesta escola, está Heráclito de Éfeso, que é um dos últimos da escola jônia; nele indicia as idéias dentro dessa cosmologia, pois para ele, só existe o movimento (a mudança, o devir); por isso, quando ele diz que: Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, ele quis dizer que tudo flui nada permanece; ele seria o criador da idealização do ir e vir, ou seja, do retorno com a compreensão de uma oscilação; fato interessante é que, Parmênides enfoca o absoluto metafísico e Heráclito enfoca o cosmo (físico) como absoluto.

Outro filósofo desta cosmologia é Anaxágoras que com os filósofos de Mileto, sustentava a importância da experiência sensorial na qual põe o Homem em contato com uma realidade mutante; ou seja, para Anaxágoras “nada é criado nem destruído, que o todo é completo e nada lhe pode ser acrescido, sempre igual a si mesmo” (CHAUI, 1994, p. 115); o pensamento principal de Anaxágoras é que “Há em cada coisa uma porção de cada coisa” (Idem, p. 115); outro fato interessante é que para Anaxágoras “somente a razão ou a inteligência, somente o pensamento alcança a realidade última e ordinária” (Ibidem, p.117) e, nele também se verifica a importância da memória (alétheia) e assim “a razão ou inteligência auxiliada pela experiência, pela memória e pelas técnicas ou artes, nos ensina que o verdadeiro é invisível” (op. cti. p. 117); assim justificava então que, a realidade mutante é apenas o produto de ordenações e reordenações sucessivas de ‘sementes’ (spérmatta ou homoioméreiai), ou seja, ainda segundo Chauí (1994) “quando dividimos um coração, não encontramos corações menores, mas carne [...] a semente da carne do coração será a mesma em menor partícula em que for dividida”; observa-se em Anaxágoras que, não há os quatros elementos (terra, água, ar e fogo), mas é considerado como uma cosmologia pluralista, pois a compreensão de semente está ligada à idéia da existência de tantas sementes quantas forem às classes de coisas.

Ainda nesta filosofia antiga têm-se como um dos seus últimos representantes que é Pitágoras de Samos, que também muito religioso (é dele a doutrina da reencarnação em termos da alma - , para ele “o corpo é uma espécie de prisão, na qual a alma é preservada até ter purgado de suas faltas” segundo Kirk, et al (1994)); conhecedor de música, além de fundador de uma cosmologia que se atrela a algo fora das coisas (metafísica). Tudo é número. Este fato faz-se entender Pitágoras na doutrina da harmonia, como princípio das coisas, embora estes princípios sejam encontrados em filósofos como Heráclito, Empédocles, Xenócrates dentre outros, segundo Kirk et al (1994).

Pode-se concluir que a passagem do pensamento mítico para o pensamento filosófico-científico não se deu de forma linear nem num único lugar; na realidade houve uma comunhão na Grécia Antiga devido às condições sociais que se estabeleceram entre a Grécia e as colônias gregas das ilhas do mar Egeu, da Ásia Menor, da Sicília, e Itália meridional, onde as explicações do natural saíram dos deuses para o natural (físico).

Este princípio teve e tem uma importância ímpar na produção de conhecimento em que se deu no Ocidente, principalmente, com a comunhão da filosofia moderna que culminou com a visão de mundo baseada no modelo industrial, conhecida como a primeira onda de desenvolvimento do século da era moderna, atributo defendido por Alvin Tofller.

Assim, toma-se a viagem existencial do Homem até chegar à possibilidade de dar os primeiros passos na direção da racionalidade, talvez tenha sido o primeiro passos da construção de visão de mundo (ainda muito particularizada).

Esse engatinhar da humanidade na direção do conhecimento começa a erguer-se com o nascer da compreensão da cultura, inicialmente tida como cultivo (ou até mesmo na idéia de cultuar), mas neste momento, aqui entendida como união de grupos humanos por casamento de idéias (semelhanças ou divergências) de conjunto de indivíduos numa polis, ou seja, no

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modo de vida dos povos; passando a ficar de pé quando o Homem cria a linguagem (códigos), pois é o momento em que o Homem começa a sair (mas não no sentido de abandonar), do pensamento mítico para o pensamento filosófico.

Daí o conhecimento embora rudimentar (no sentido de comparação com o que concebemos hoje), faz-se parte da vida, e começa com a visão especulativa de mundo; fato interessante é a compreensão da filosofia e do conhecimento (agora no sentido de possibilidades de construir saberes) como parte de mesma coisa (não tendo aqui o sentido pejorativo de coisificar); ou seja, a tentativa de explicar (no sentido de representar) o mundo das coisas, começa com a idealização do todo; a Natureza (aqui no sentido preliminar da palavra, ou seja, no sentido do contato aqui compreendido como do sensível aos nossos órgãos sensórios), passa a ser tentada e explicitada culturalmente; surgem possibilidades do nascer da compreensão (hoje) da necessidade de não se poder ver a Natureza diante do modo único de visão científica; a visão multifacetal de mundo nasce com o pensamento filosófico e permeia de significações a construção de conhecimentos, na direção da possibilidade de compreender a Ciência, aqui, neste momento, dado um recorte para as Ciências da Natureza.

Este princípio de saída do mito para a Filosofia a Matemática e a Física, não como se concebe hoje, mas a visão da matemática dividida em geometria e números e uma física ainda sob a vista de resultados experimentais oriundos de contemplação da Natureza4, cedia os primeiros elementos de formação do caminhar do Homem para uma sociedade espiritual, sendo o termo espiritual aqui entendido como sendo um modelo que começa a sair do sobre natural externo ao Homem e se projeta para o interior do próprio Homem.

Neste sentido, a tecnologia nasce com o Homem, ainda no seu desejo único de sobrevivência e, junto com ela a física em suas estruturas de relação com os atos de contemplação sobre a Natureza (o que possivelmente desembocou numa forma cada vez maior de uma busca por uma linguagem) e a matemática que nasce de forma a não depender do tempo, ou seja, uma ciência feita pelos deuses; essa construção tem no Homem a capacidade de viver como ser gregário (social), racional e capaz de cultivar hábitos como elementos que se materializam na capacidade de criar códigos – é a saída definitiva da condição animalesca.

Assim sendo, a libertação do Homem com sua saída do mito para a filosofia, fora o primeiro passo na direção de construção de uma sociedade que busque no próprio homem as suas razões para com o elemento vida dentro de um ambiente propicio para a sobrevivência da estrutura humana.

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4 Conceito preliminar e, talvez limitado pelas ações locais em que o Homem podia participar e tomar contato.

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