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Do professor técnico ao professor crítico-reflexivo: um processo conceitual em busca da autonomia e emancipação.
Jesiel Soares Silva (2012)
Aluna: Valéria Netto Valente
Profa. Dra. Maria Raquel A. Bambirra
Sobre o autor: Doutorando em Linguística
Teórica e Descritiva no Programa de Pós-
Graduação em Estudos Linguísticos da
Universidade Federal de Minas Gerais. Realiza
pesquisas na área de Psicolinguística
Experimental, com o foco na instrumentação de
medidas de proficiência linguística de bilíngues
(português/inglês). Mestre em Linguística
Aplicada pela Universidade Federal de Goiás,
lidando com a formação continuada de
professores de línguas mediante as novas
tecnologias.
Dissertação de mestrado defendida em 2012
intitulada:
Os desafios de navegar: a colaboração como
bússola da formação contínua de professores
de língua inglesa mediante as novas TIC.
No fazer docente, a prática é fundamental, uma
vez que é na prática que os professores podem
se deparar com problemas, formulá-los,
(re)defini-los e pensar como minimizá-los
reflexão que o professor faz sobre sua atuação.
A complexidade da prática do professor envolve
diversos fatores de ordem social, educacional,
tecnológica, afetiva, profissional, dentre outras.
Modelos de professor propostos por Shön (1983)
• O professor técnico aplica as atividades
baseadas em procedimentos pré-estabelecidos e
busca soluções para os problemas através de
princípios gerais advindos de pesquisas
anteriores.Este professor busca “a solução instrumental de
problemas mediante a aplicação de um
conhecimento teórico prático” (CONTRERAS,
2002, p.90).
O modelo de professor técnico tende a
estabelecer uma hierarquia entre o conhecimento
teórico e prático priorizando o primeiro.
Segundo Pérez Gomes (1982), até os primeiros
anos da década de 90, um número significativo
de pesquisas entendia a prática do professor
como a solução de problemas através de
procedimentos instrumentais.
• O professor reflexivo pensa sobre as
questões da prática educacional de maneira
mais qualitativa, e acredita que essas questões,
por tratarem da complexidade do indivíduo, não
podem ser discutidas predominantemente de
maneira técnica.
Classificação da reflexão segundo Shön (1983):
• A reflexão-na-ação consiste nas tomadas
de decisão no momento da atuação docente.
Refletir na ação significa adquirir a capacidade de
perceber e pensar sobre a prática
simultaneamente ao seu acontecimento.
Day (1999) critica a proposta de Shön por ela
relacionar apenas o fato acontecido com a atitude
que se deve tomar; não há conexão com o
contexto macro da situação
reflexão é limitada e localizada, uma vez que não
considera fatores como o diálogo com outros
professores e a voz dos aprendizes.Professores não questionam sobre os problemas
nem tampouco procuram entender como foram
formulados, apenas agem para resolvê-los
proximidade com a racionalidade técnica.
• A reflexão sobre a ação o professor reflete
sobre sua prática após o momento de atuação.
Essas reflexões a posteriori podem ser feitas por
meio de anotações escritas durante a aula, de
gravações em áudio e/ ou vídeo, do resultado das
avaliações e até mesmo de lembranças por parte
do professor dos momentos da aula.Segundo Day (1999), essa reflexão é mais
interessante, pois se pode falar com outras
pessoas sobre o que se fez e ouvir outras vozes,
inclusive e principalmente os alunos.
• Reflexão sobre a reflexão-na-ação o
professor analisa os vários momentos de sala, suas
tomadas de decisão, suas escolhas, suas
interferências e pensa nelas como um todo no
intuito de entender como se deram essas ações e o
que elas significaram para o aprendizado dos
alunos (meta-reflexão). Essa é uma reflexão mais criteriosa, pois leva em
conta um corpus de informações coletado durante
os períodos de reflexão e atuação nas aulas.
Críticas de Liston e Zeichner (1991); Zeichner (2003) aos processos de reflexão apresentados por Shön (1983):
• Individuais e isolados, pois não consideram os
fatores institucionais e políticos, mas apenas a
sala de aula.• Fatores como coletividade, colaboração ou o
trabalho em conjunto dos professores não são
contemplados.
Não basta apenas a reflexão, mas a reflexão crítica
e a interferência nos modelos e nas bases que
sustentam as instituições.
A reflexão crítica agrega os critérios morais,
éticos e políticos nas práticas educacionais
ações escolares (instituições / professor / alunos)
buscam os objetivos por meio de experiências,
aplicações práticas e atitudes que proponham
formas de viver mais igualitárias e justas,
reconhecendo as diferenças.
Programas de formação docente necessidade de
desenvolver o conceito de professor como
intelectual que reflete criticamente sobre sua
prática e que leva em consideração as questões
sócio-históricas e políticas presentes na sala de
aula.
Giroux (1997) desenvolve o conceito de professor
como intelectual crítico atua na construção
coletiva e colaborativa do conhecimento.
Tarefas do professor crítico :
a) Trabalhar as questões importantes referentes à
organização das estruturas sociais e reconhecer
seu papel na conjuntura social como formador de
opinião;b) Reconhecer as diferenças, entender as
identidades como múltiplas e fragmentadas, estar
ciente das relações de poder vivenciadas nas
relações sociais de toda ordem, reconhecer a
pressão sofrida pelos grupos sociais minoritários;
c) Atuar de forma a transformar essa realidade, a
minimizar essas relações de poder começando pelo
contexto de sala de aula, trazendo para sua prática
questões que afligem diretamente seus alunos no
contexto específico de sua atuação, propor formas de
representação das diversidades culturais existentes na
instituição em que atua, proporcionar ambientes para
um ensino mais coletivo e menos hierárquico
contribuindo para que as vozes sejam ouvidas, planejar
e realizar ações significativas de transformação social
da escola através de projetos engajados com a
conscientização política e social de seus alunos.
Entraves na formação do docente de línguas, segundo Eres Fernandes (2008, p. 278):
a) Carga horária da língua estrangeira reduzida;
b) Turmas numerosas (o que invibializa ou dificulta as atividades de prática oral da língua estrangeira);
c) Pouca articulação entre as disciplinas de “conteúdo” específico e as pedagógicas;
d) A disciplina Metodologia Prática de Ensino reduzida, muitas vezes, à simples realização de estágios;
e) Dificuldades de realização de estágios de observação;f) Inexistência , em muitos cursos, da obrigatoriedade de realização de estágio de regência.
A formação contínua permite que, ao enfrentar as
situações de prática, o professor possa repensar
suas ações, melhorar suas decisões, construir
novas maneiras de atuação.Durante a atividade profissional, o trabalho
colaborativo e coletivo passa a ser fundamental nas
tomadas de decisões futuras, na formulação de
novos saberes, uma vez que o ambiente de atuação
docente é formado por vários atores do processo:
alunos, outros professores, a comunidade escolar,
o próprio professor.
O professor que reflete colaborativamente e
interage tanto com outros professores, quanto com
os alunos tem a possibilidade de desenvolver uma
prática pedagógica mais democrática e menos
centrada em sua atitude individual.
Programas de formação de professores na era
digital
foco na reflexão e na colaboração docente como
uma alternativa para inserção do professor nessa
nova era.
Para Prensky (2001), os professores são como
imigrantes digitais em um sistema escolar
composto de alunos nativos digitais e, nesse novo
cenário, várias mudanças, tanto no papel do
professor quanto no do aluno, se tornam
necessárias, uma vez que as novas tecnologias já
estão, em certa medida, inseridas na educação.
Referências:
SILVA, J. S. Os desafios de navegar: a pesquisa-ação colaborativa como leme da formação de professores mediante as novas TIC. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás, 2011. 166 p.
Plataforma Lattes.