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. . . Do que trata a Lei de Gauss? Até aqui: Lei de Coulomb “norteou”! Lei de Gauss mais simples quando se tem alta simetria (na verdade, só tem utilidade prática nesses casos!!) Lei de Gauss: “outra forma de calcular campos elétricos” válida quando há movimento de cargas; faz parte das 4 eq. de Maxwell.

Do que trata a Lei de Gauss? - lilith.fisica.ufmg.brlilith.fisica.ufmg.br/~feletro/TRANSPARENCIAS/Transp-Cap2.pdf · de Gauss Linhas de força irradiam da carga positiva

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. . . Do que trata a Lei de Gauss?

Até aqui: Lei de Coulomb “norteou”!

Lei de Gauss

→ mais simples quando se tem alta simetria (na verdade, só tem utilidade prática nesses casos!!)

Lei de Gauss: “outra forma de calcular campos elétricos”

→ válida quando há movimento de cargas;

→ faz parte das 4 eq. de Maxwell.

Fluxo de um vetorLei de Gauss

Ø Fluxo ↔ fluir : “fluidez” dos vetores de um campo através de uma superfície (imaginária).

→ associar campo com um “fluido” (pensar em . . . , fazer analogia com . . .)

Ex.: Linhas de campo de velocidade de “algo” escoando

“Quanto passa” através de uma superfície de área A ?

Alguns exemplos de fluxo através de superfícies:

Tem-se que considerar dimensões e direções.

Fluxo de um vetorLei de Gauss

Formalmente (para cálculos): associa-se vetor a uma superfície! n

2) superfície = conjunto de “elementos” de área

A∆≡∆ nA

1) n é um vetor unitário normal à superfície em cada ponto (aponta “para fora”);

Na figura ao lado• fluido de densidade ρ escoa através de uma superfície

com velocidade v;• em um intervalo de tempo t, pelo elemento de área ∆A,

fluirá uma quantidade de massa

tm vA ⋅∆=∆ ρ• o fluxo de massa (massa por unidade de tempo) é

Av ∆⋅=∆

=∆Φ ρtm

Fluxo de um vetorLei de Gauss

Ex. 2.1 – Água flui em um cano com diâmetro interno de 20 mm com velocidade homogênea (constante na secção transversa do cano) de1,5 m/s. Calcule o fluxo da água no cano.

Sol. – Na presente situação, v e ∆A são paralelos. Portanto

2=A rρ ρ π∆Φ = ∆v v

Substituindo os valores numéricos tem-se

3 23

kg cm1,0 10 150 3,14 1,0cm

cm s−∆Φ = × × × ×

0,47kg/s∆Φ =

Q- Qual é a densidade da água?

Fluxo de um vetorLei de Gauss

Analogamente . . .

∴ Fluxo do Campo Elétrico

Em uma superfície S qualquer (generalizando)

A idéia de fluxo pode ser usada pra qualquer campo (“imaterial”)

AE ∆⋅=Φ∆ E( ρ v ↔ E )

ii

i∑ ∆⋅≅Φ AEE

E no limite de se tomar elementos de área “bem pequenos”

∫ ⋅=ΦSE AE d (integração em toda a superfície)

com dA d nA ˆ=

Fluxo de um vetorLei de Gauss

Ex. 2.2 – Um campo elétrico varia nos espaço na forma

Sol. – o sinal do fluxo depende da escolha de dA .

Qual é o fluxo do campo na superfície quadrada indicada na ao lado?

N ˆ400C m

y=E k dyy

y (m

)

x (m)

1

1

2

2

3

3

E

0

L

LS

ˆˆ =n kEscolhendo-se “saindo do papel” como + , tem-se

Assim sendo, tem-seN Nˆ ˆ400 400C m C m

y yd dA dA⋅ = ⋅ =E A k k

Vê-se que E = E(y) (não depende de x e de z) ∴ pode-se tomar dA = L dy ,

N400

C my

d Ldy⋅ =E A⇒2

E S0

N N400 400

C m C m 2

L Ld Lydy LΦ = ⋅ = =

⋅ ⋅∫ ∫E A

33 2

E

N (3m) N400 5, 4 10 mC m 2 C

Φ = = ×⋅

Fluxo do campo E de uma carga em uma superfície esférica

Lei de Gauss

Considere-se: partícula de carga +q

No presente caso, E é paralelo a dA ⇒ E.dA = E dA

Q- Qual é o fluxo de E em uma casca esférica de raio r ?

R- ΦΕ = !AE. S

d∫

∴ Φ = ∫S E dA = E dA = E A = ∫S

22

r 4 rq k π

Φ = 4 π k q

∴ O fluxo Φ { independe de r;

é proporcional ao valor de q.

A lei de Gauss

Lei de Gauss

Considere-se: duas superfícies, S1 e S2, envolvendo a partícula de carga +q

Se existe um conjunto de N cargas qi , criando campos Ei , tem-se

Φ = ∫S E.dA =

E

SS1

S2

q

Obviamente, ΦS1 = ΦS2

Pensando-se em q como fonte de um “fluido”

⇒ ΦS1 = ΦS2 = ΦS !

E = E1 + E2 + E3 +. . . = ∑ iE (princípio da superposição)

∴ o fluxo total através de uma superfície que envolva estas cargas será

∫S .dA =( )∫S

∑ iE .dA =i

∑i

Ei∑i

Φi = 4 π k qi∑i{

Φi

⇒ Φ = 4 π k qTOTAL

A lei de Gauss

Lei de Gauss

Define-se:

No sistema SI tem-se

A lei de Gauss estabelece que o fluxo do campo elétrico em qualquer superfície fechada é igual à razão

entre a carga total q no seu interior e a permissividade do vácuo.

Matematicamente,

ok

επ 1

4 ≡ com εo= permissividade elétrica do vácuo.

21212 mNC10817187854,8 −−−×=oε

Φ = ∫S E.dA =

οεq

Voltando à lei de Coulomb: rF ˆ4

12

21

rqq

oπε=

= carga dentro da superfície / εo

A lei de Gauss

Lei de Gauss

Um exemplo de análise de fluxo: uma carga positiva 2q e uma carga negativa – q

∴ Na superfície de Gauss que envolve as duas cargas, cruza um número líquido de linhas de força (linhas que saem da superfície e não entram de

volta) que é proporcional à carga líquida em seu interior q = 2q – q.

-q

2q

Superfície de Gauss

Linhas de força irradiam da carga positiva→ é fonte de linhas de força.

Linhas de força convergem para a carga negativa

→ é um sumidouro de linhas de força.Mas . . .

apenas metade das linhas que irradiam da carga 2q converge para a carga – q.

A lei de Gauss e a lei de Coulomb

Lei de Gauss

A lei de Gauss é mais geral que a de Coulomb

Foi visto: partícula de carga pontual +q

∫S E. dA = E 4 π r2

VALE também para cargas em movimento!(não é o caso da lei de Coulomb:

efeitos relativísticos)

rE ˆr4

12

o

q

πε=⇒

Obs. 1- a Lei de Coulomb é empíricaObs. 2- as condições de simetria podem deixar de valer e, nesses

casos, a lei de Gauss pode não ser útil para cálculo de E.

Ø1o caso: fio reto infinito, com densidade de carga uniforme λ

Q- Qual a superfície “imaginária” adequada?

Q- Como encontrar o fluxo?

R- o fio tem simetria cilíndrica, logo . . .

++++++++++++++++++++++++++++

R- ∫ ⋅=ΦSE AE d = carga dentro da superfície / εo

Lei de Gauss

Simplifica o cálculo de E quando há alta simetria!

+

++++

+++

+++

+++ E

hSuperfície de Gauss

r

. . . cilindro de raio r concêntrico ao fio + bases inferior e superior

E é radial (⊥ ao fio) ⇒ → fluxo nas bases é NULO já que E ⊥ a dA)!{ → nas laterais, E // a dA

→ Escolher a boa superfície de Gauss!

Como? ? → analisar a simetria!

Aplicações da Lei de Gauss

Aplicações da Lei de GaussLei de Gauss

+

++++

+++

+++

+++ E

hSuperfície de Gauss

ro

hE rh

λε

=

2 o

Er

λπ ε

=

Então, E 2π r h =

= carga dentro da superfície / εo =

ΦΕ =

E é radial (⊥ ao fio) ⇒ → fluxo nas bases é NULO já que E ⊥ a dA)!{ → nas laterais, E // a dA

∫S E.dA =

Obs. O que significa ser “infinito”?

Aplicações da Lei de Gauss

E E

A

s

A

s

++++++

+

++++++ +

+++++++

++++++++

+++

+++

+++

++

+++++ +

+++++++

++

++

o

Ad E A

σε

⋅ = ⋅ =

2 o

Eσε

=

O fluxo é = carga dentro da superfície

Então, = E 2 A

Obs. O que significa ser “infinito”?

Ø 2o caso: plano infinito, com densidade de carga uniforme σ

Lei de Gauss

ΦΕ = ∫S E.dA

Q- Qual a superfície “imaginária” adequada?

Q- Como deve ser o campo E ?

R- cilindro com eixo ⊥ ao plano (há outras!)

R- TEM que ser ⊥ ao plano!

ΦΕ = ∫S E.dA = carga dentro da superfície / εo =

Lei de Gauss

Ex. 2.4 – Um objeto de dimensões minúsculas e massa m tem uma carga q cujo valor se pretende determinar. Para esse fim, suspende-se o corpo, por uma linha de comprimento l, amarrado a um fio longo vertical com densidade linear de carga uniforme λ. Verifica-se que o corpo carregado se equilibra numa posição tal que a linha faz com o fio um ângulo θ. Quanto vale a carga do corpo?

Sol. – As forças que atuam no objeto são mostradas na figura.

Portanto,

Aplicações da Lei de Gauss

2 o

Tsen qE qr

λθ

πε= =

re usando-se r = l sen θ ⇒ 22

senoq lTπε

θλ

=

Na direção horizontal tem-se

Na direção vertical tem-se T cos θ = mg

22 sencos

olmgq

πε θλ θ

=

Aplicações da Lei de Gauss

Lei de Gauss

Q- Qual deve ser o campo E dentro de um condutor?

R- NULO, pois . . .

Q- Qual é o fluxo de E em qq superfície fechada interna ao condutor?

R- NULO, pois . . .

Q- Então, . . . como se distribuem as cargas em um condutor?

R- “qualquer carga desbalanceada em um condutor em equilíbrio se distribui em sua superfície”

Q- Como deve ser o campo E na superfície de condutor?

R- “tem que ser normal à mesma, pois do contrário haveria correntes de superfície”

Ø 3o caso: cargas e campos em um condutor em equilíbrio eletrostático

Aplicações da Lei de Gauss

Lei de Gauss

Ø 3o caso: cargas e campos em um condutor em equilíbrio eletrostático

Q- Qual o valor de E na superfície do condutor?

superfície gaussiana: pastilha de dimensões infinitesimais, com uma base no interior e a outra no exterior do condutor

AE

condutor

⇒ E é constante em cada superfície da pastilha!Considere-se a densidade superficial de cargas = σ.(σ = σ (r) = dq/dA pode variar de ponto a ponto!)

= ∫lateralE. dA + ∫base internaE. dA + ∫base externaE. dA

= carga dentro da superfície / εo = oε

σ A

o

Eσε

=⇒ campo próximo à superfície de um condutor carregado é

Obs. comparar com o campo de placa infinita

{

EA

ΦΕ = AE. S

d∫

Gaiola de Faraday

Lei de Gauss

Ex. Telefone celular dentro de um recipiente metálico

Considere-se um objeto metálico oco, tendo cargas em sua vizinhança: S

condutor

q1 q2

q3

q4

1) Na ausência de movimento de cargas (corrente)

⇒ E = 0 no interior de um condutor.

2) As cargas em um condutor ficam na superfície, i.e, qinterior = 0

1 & 2 ⇒ E = 0 dentro da cavidade!

∴ ΦΕ = = 0AE. S

d∫O interior do condutor está blindando

(gaiola de Faraday)

Faraday mostrou que o efeito de blindagem funciona para E = E(t)

Campo de uma distribuição esférica de cargas

Lei de Gauss

→ o campo E = 0 tem que ser radial (simetria).

Ø Considere-se um casca esférica com carga total Q e densidade de carga uniforme σ

SS1

2

R

r

Q

+++

+

+

+

+

+

+

+

+

+ ++

+ +

Em S2 ⇒ S2 E. dA= E 4πr2 = QS2 / εo∫∴

24 o

QE

rπε=

o campo é o mesmo que de uma carga pontual Q localizada no centro da casca esférica

Em S1 ⇒ S1 E. dA= E 4πr2 = QS1 / εo = 0∫ ∴ E = 0

Q- Como é o campo E de uma esfera maciça condutora, com carga Q ?

2 ,40 .

o

QE r R

rE r R

πε= >

= <{

Campo de uma distribuição esférica de cargas

Lei de Gauss

Distribuição esfericamente simétrica: → ρ = ρ (r) =ρ (r)

(depende apenas da distância ao centro)

Ø Objeto com distribuição esfericamente simétrica de cargas

ΦE = εo S E. dA = carga dentro da superfície S∫

Sr

E = E(r) = ?Lei de Gauss:

= ∫ρ dV

{εo S E. dA ∫ = ∫ ρ (r’) 4 π r’2 dr’

r

0Devido à simetria da densidade das cargas, E = E(r), ou seja, tem que ser radial, logo E é // a dA

∴ AE. S

d∫ = E 4 π r2

Assim,2

20

1( )

r

o

E r r drr

ρε

′ ′ ′= ∫

Campo de uma distribuição esférica de cargas

Lei de Gauss

Por exemplo, se ρ (r) =ρ (r) = constante =

Para r < R (pontos internos à esfera)

3

34

Q QV R

ρπ

= =

32

2 3 2 30

1 3 1 34 4 3

r

o o

Q Q rE r dr

r R r Rε π ε π′ ′= =∫ r

RQ

o34

πε

=

Para r > R (pontos externos à esfera)

24

rQ

oπε=E =

21roε

'' 43 2

30

drrRQR

∫ π

3

2

,4

.4

o

o

QE r r R

RQ

E r Rr

πε

πε

= <

= ≥{

Demonstração experimental da lei de Gauss

Lei de Gauss

Considere-se duas cargas pontuais q1 e q2

é empírica e o expoente 2 foi determinado experimentalmente.

A lei de Coulomb F =04

1πε 2

21

21

rqq

1 22

q qF k

r δ+=Usando-se a lei de Gauss, mostra-se que F =

041πε 2

21

21

rqq

Poderia ser 2+ δ :

∴ comprovação experimental da lei de Gauss garante que o expoente é 2!

++++ ++ +

++

++++ ++ +

++

+ +

+

+

+

+

++

+

+

+

+

+

+ +

A B C

qq

+ +

+

+

+

+++

+

+

+

+

++ +

q

+ +

+

+

+

+

++

+

+

+

+

+

+ +

q

q

-q

D

Pela lei de Gauss: o excesso de cargas em um objeto condutor está na sua superfície.Experimento: esfera carregada toca uma caixa metálica internamente.

Ao final, o valor da carga residual na esfera permite calcular δ.

determina-se que δ < 10-16 ! !