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Do sonho de Josué de Castro às políticas de distribuição de renda no início do século XXI: É possível superar a fome na América Latina? Mariana Rocha Malheiros 1 01. Introdução “Metade da humanidade não come; e a outra metade não dorme, com medo da que não come” (Josué de Castro). A América Latina é marcada por imensas desigualdades sociais, provavelmente as maiores do planeta. As teorias desenvolvimentistas nascidas nos EUA e na Europa explicam que os principais motivos da fome e miséria são nossas culturas atrasadas, pouco desenvolvidas. Todavia, no auge do Welfare State, enquanto estadunidenses e europeus invadiam novamente nossas terras a partir de justificativas com bases teóricas biológicas e culturais, que predominavam pra explicar o subdesenvolvimento latino-americano, o pernambucano Josué de Castro apontou que os principais problemas da fome eram as estruturas políticas e socioeconômicas. Somente no início do século XXI, os governos latino-americanos, pressionados por movimentos e organizações sociais, iriam se empenhar no combate à fome. Mas, essas políticas foram capazes de romper com as estruturas apontadas por Josué de Castro, que provocam a fome no continente? Mais que pensar políticas públicas: é possível pensar a superação da fome? O objetivo desse trabalho é apresentar um panorama das políticas de transferência de renda no início do século XXI, com uma avaliação, a luz de Geografia da Fome, se essas políticas, de fato, transformaram as estruturas de fome e pobreza na América Latina. Para alcançar o objetivo, será apresentada, resumidamente, a contribuição de Josué de Castro no combate à fome em Geografia da fome; contexto e organização 1 Universidade Federal da Integração Latino-Americana, mestranda em Integração Contemporânea na América Latina (PPGICAL), advogada, militante da Marcha Mundial das Mulheres no Paraná e multiplicadora do projeto Católicas pelo Direito de Decidir. E-mail: [email protected].

Do sonho de Josué de Castro às políticas de distribuição ... · Além de pensar a fome como questão meramente teórica, é preciso pensá-la como uma realidade que massacra

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Page 1: Do sonho de Josué de Castro às políticas de distribuição ... · Além de pensar a fome como questão meramente teórica, é preciso pensá-la como uma realidade que massacra

Do sonho de Josué de Castro às políticas de distribuição de renda no início do

século XXI: É possível superar a fome na América Latina?

Mariana Rocha Malheiros1

01. Introdução

“Metade da humanidade não come; e a outra metade não dorme, com medo da que não come”

(Josué de Castro).

A América Latina é marcada por imensas desigualdades sociais,

provavelmente as maiores do planeta. As teorias desenvolvimentistas nascidas nos

EUA e na Europa explicam que os principais motivos da fome e miséria são nossas

culturas atrasadas, pouco desenvolvidas. Todavia, no auge do Welfare State,

enquanto estadunidenses e europeus invadiam novamente nossas terras a partir de

justificativas com bases teóricas biológicas e culturais, que predominavam pra

explicar o subdesenvolvimento latino-americano, o pernambucano Josué de Castro

apontou que os principais problemas da fome eram as estruturas políticas e

socioeconômicas.

Somente no início do século XXI, os governos latino-americanos,

pressionados por movimentos e organizações sociais, iriam se empenhar no

combate à fome. Mas, essas políticas foram capazes de romper com as estruturas

apontadas por Josué de Castro, que provocam a fome no continente? Mais que

pensar políticas públicas: é possível pensar a superação da fome? O objetivo desse

trabalho é apresentar um panorama das políticas de transferência de renda no início

do século XXI, com uma avaliação, a luz de Geografia da Fome, se essas políticas,

de fato, transformaram as estruturas de fome e pobreza na América Latina.

Para alcançar o objetivo, será apresentada, resumidamente, a contribuição de

Josué de Castro no combate à fome em Geografia da fome; contexto e organização

1 Universidade Federal da Integração Latino-Americana, mestranda em Integração Contemporânea na América Latina (PPGICAL), advogada, militante da Marcha Mundial das Mulheres no Paraná e multiplicadora do projeto “Católicas pelo Direito de Decidir”. E-mail: [email protected].

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das políticas de combate à pobreza na América Latina no início do século XXI e, por

fim, os limites dessas políticas, com posterior conclusão.

Além de pensar a fome como questão meramente teórica, é preciso pensá-la

como uma realidade que massacra milhões de pessoas, matando diariamente outros

tantos milhares. Como ensina Josué de Castro, fome é uma realidade, não um mero

debate teórico.

02. Josué de Castro e Geografia da Fome

Nascido em 1908, no Recife, Josué de Castro estudou medicina na

Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Retornou ao Recife em 1929, onde abriu

uma clínica especializada em problemas de nutrição, a primeira do Nordeste. Em

1932 ele publicou “O problema fisiológico da alimentação no Brasil” e começou a

construir uma carreira com foco na alimentação/nutrição (MELO; NEVES, 2007).

Todavia, somente em 1946, publicou sua principal obra, referência mundial

nos estudos sobre a fome. Provavelmente, “Geografia da Fome” é das grandes

obras produzidas no Brasil.

É interessante perceber que já nessa época, o autor coloca a fome como “um

silêncio premeditado pela própria alma da cultura: foram os interesses e os

preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada

civilização ocidental que tornaram a fome um tema proibido” (1980, p. 28). Já no

início, o autor aponta que a fome não é um problema biológico ou cultural, mas uma

consequência política e econômica.

O autor justifica a escolha de um estudo geográfico como “único método que

a nosso ver, permite estudar o problema em sua realidade total, sem arrebentar-lhe

as raízes que o ligam subterraneamente a inúmeras outras manifestações

econômicas e sociais da vida dos povos” (idem, p. 31). A novidade da proposta é

encontrar justificativas socioeconômicas, não culturais ou biológicas, para entender

a fome, e pensar a sua superação estrutural, não emergencial ou paliativa.

Enquanto publicava-se Geografia da Fome, iniciavam-se, no cenário

internacional, os debates sobre desenvolvimento, a partir da criação da Organização

das Nações Unidas, do Banco Mundial e da forte influência estadunidense no

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Ocidente. A grande questão era: por que no norte global existe desenvolvimento,

enquanto no sul os países são subdesenvolvidos? As justificativas do norte eram a

cultura do sul.

En estas concepciones, el desarrollo se produciría como consecuencia de la difusión cultural, que llevaría a un estadio superior de la evolución de la modernidad. (...) se partía del supuesto de que nuestras sociedades eran “subdesarrolladas”. La cultura de los latinoamericanos y caribeños era considerada como un todo homogéneo de características: “tradicionales”, “arcaicas”, “atrasadas” y poco proclives a comportamientos denominados “modernos”. Al mismo tiempo, el conjunto de estos atributos constituía la causa de su pobreza (ALVAREZ LEGUIZAMON, 2008, p.83).

Contestando essa lógica, Josué de Castro descreve, em detalhes, os hábitos

alimentares e nutricionais nas regiões brasileiras, divididas em áreas, considerando

cultura, clima, sociedade e economia. As áreas são: Amazônica e Nordeste

Açucareiro – áreas de fome endêmica; Sertão Nordestino – área de epidemias de

fome; Centro-Oeste e Extremo Sul – áreas de subnutrição (1980, p. 37), e, para

finalizar Geografia da Fome apresenta um estudo geral do Brasil.

Ao falar do Brasil aponta que a fome é consequência de um processo

causado, quase sempre, “por inabilidade do elemento colonizador, indiferente a tudo

que não significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura

mercantil” (idem, p. 250). O autor atribui à exploração colonial, mesmo no Brasil

República, um dos principais problemas que provoca a fome. “Desenvolveu desta

forma o Brasil a sua vocação oceânica, exportando toda a sua riqueza potencial por

preços irrisórios. E não sobrando recursos para atender as necessidades internas do

país: bens de consumo para o seu povo (...)” (ibidem, p. 251)2.

Com o avanço das teorias sobre desenvolvimento, emergiu o

neomalthusianismo que visava o controle de natalidade dos povos do “terceiro

mundo”, tendo em vista que a produção de riquezas não era suficiente para

satisfazer as necessidades da população global (ALVAREZ LEGUIZAMON, 2008).

Josué de Castro aponta novamente um problema de ordem socioeconômica que

justifica a falta de alimentos: “o domínio monopolista de grandes extensões de terra,

2 Essa perspectiva caracterizou Josué de Castro como um dependentista, conforme lição de ALVAREZ LEGUIZAMON (2008). O objetivo desse trabalho não é classificar a dependência de Castro dentro das correntes marxistas ou estruturalistas. Para maiores informações sobre o posicionamento do autor, recomenda-se o artigo de ALVAREZ LEGUIZAMON (2008), devidamente referenciado neste trabalho.

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por vezes as de melhor qualidade, exercido por uma classe social de fazendeiros

capitalistas e latifundiários, que impedem a mais ampla utilização dos solos no

processo produtivo” (1980, p. 265).

Ainda, é importante mencionar a militância social de Josué de Castro. Ao

narrar as Ligas Camponesas em Sete palmos de terra e um caixão, o autor declara

que “não tem o menor interesse em encobrir os traços de uma realidade social, cuja

revelação possa acarretar prejuízos a determinados grupos ou classes dominantes”

(1967, p. 15). E, conforme afirmou, era um “eterno regionalista” (idem, p. 17),

apaixonado por sua terra, o Nordeste do Brasil “onde nasceu e onde formou sua

mentalidade” (ibidem). O autor foi um entusiasta das mudanças sociais, em que a

massa explorada e marginalizada, assumia a frente dos processos de transformação

social.

O fato de Josué de Castro ser assumidamente um regionalista não torna sua

obra regionalista, ainda que o Nordeste e o Norte do Brasil sejam relatados em

detalhes. Ao falar das estruturas, o autor sempre aponta o colonialismo como

gerador da monocultura e do latifúndio, que causam a concentração de renda e a

fome. Essas estruturas marcam profundamente a América Latina. Não por acaso, o

autor se tornou referência latino-americana nessa questão (ALVAREZ

LEGUIZAMON, 2008).

Todavia, infelizmente, como tantos intelectuais brasileiros, Josué de Castro

precisou exilar-se durante a ditadura civil-militar e viveu em Paris, onde faleceu em

1974. “Um militar vinculado ao Serviço Nacional de Informações (SNI) comunicava-

lhe (à filha), em nome do seu chefe, que havia sido revalidado o passaporte do pai”

(MELO; NEVES, 2007, p.244). Lamentavelmente, por um “detalhe”, como disse sua

filha, o processo só foi concluído após sua morte.

É importante considerar a perspectiva central da sua obra para a

compreensão da fome em países com capitalismo dependente, desigualdades

sociais gritantes e um histórico colonial comum. Por esses motivos, sua obra é

atemporal para se pensar o combate à fome e se apresenta como um caminho de

questionamento sobre as estruturas socioeconômicas na América Latina.

03. Políticas Públicas de Combate à Pobreza e à Fome no início do século XXI

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No início do século XXI, quase trinta anos depois da morte de Josué de

Castro, a América Latina - especialmente a América do Sul - viveu um processo de

ascensão de governos progressistas, que emergiram num cenário marcado por

extremas desigualdades sociais acentuadas nos anos 1990, com as politicas

neoliberais. Neste período, ocorreram grandes rebeliões sociais. “Estas

mobilizações puseram um limite à ofensiva do capital e ao projeto desenvolvido pela

direita para sepultar a ascensão revolucionária dos anos 1970” (KATZ, 2016, p. 59).

É importante destacar que no fim dos anos 1990, as políticas neoliberais globais e

os interesses externos prevaleceram frente a proposta de desenvolvimento e

integração latino-americanas, elaboradas a partir dos anos 1950 – período

vivenciado socialmente e intelectualmente por Josué de Castro - e, nesse momento,

se sobrepôs na política externa da maioria dos países do continente, a concepção

de regionalismo aberto. “O ‘regionalismo aberto’ parece ter invertido a pauta, ao

propor voltar-se ‘para fora’ e adequar-se integralmente às exigências ‘de fora’”

(CORAZZA, 2006, p.150), e foi um importante meio para a efetivação dos interesses

externos, principalmente dos EUA na região.

Por isso, em 2001, a América Latina enfrentou desemprego em massa,

dificuldades nas políticas de reforma agrária, fome endêmica. Nesse cenário,

movimentos e organizações sociais, protagonizados por trabalhadores/as,

desempregados/as, sem-terras, indígenas, negros/as, emergiram buscando

melhores condições de vida.

Entre 2000 e 2005 ocorreram grandes levantes vitoriosos, populares, em que

os mandatários identificados como neoliberais foram retirados do poder pelas

organizações e movimentos populares. KATZ (2016) destaca os processos vividos

na Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, que tiveram ampla participação dos

setores populares, e também menciona a situação do Brasil, Colômbia, Paraguai e

Uruguai, em que os movimentos sociais também contribuíram, ainda que de forma

mais tímida, nesses processos.

Todavia, cabe mencionar que “nenhuma revolta se transformou em revolução

triunfante, mas as classes dominantes não puderam retomar a ofensiva ou dissipar a

relação social de forças criada pela ação popular” (idem, p. 65). Mesmo não

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ocorrendo uma ruptura revolucionária com os modelos socioeconômicos, emergiram

vários programas de combate à pobreza e desigualdades sociais no continente.

Fome e pobreza não se constituem como um mesmo fenômeno, e é preciso

marcar essa diferença. Ao se falar em pobreza se pretende falar em estruturas

sociais, políticas e econômicas para sua produção (e reprodução), principalmente a

pobreza massiva, que atinge bilhões de pessoas.

Su reproducción tiene que ver en mayor medida con relaciones sociales más coyunturales o contextuales. También es cierto que en su producción hay distintos factores que se conjugan: económicos, políticos, sociales y culturales. Sin embargo, los aspectos histórico estructurales vinculados con la dinámica económica de la acumulación de la riqueza, son fundamentales para entender la producción masiva de la pobreza (ALVAREZ LEGUIZAMÓN, 2008, p. 80).

A fome é um dos resultados da pobreza e da desigualdade social.

Derivada de fame, do latim, e essa de famulus – escravos ou servos – também do latim, na língua portuguesa vão gerar vocábulos como fâmulo, famulentos, famélicos, ou que têm fome. Fome e família vinculam-se, na origem de suas expressões fundantes: servidão, escravidão e pobreza. Com o surgimento da divisão social do trabalho associada à apropriação da riqueza coletiva, rompe-se a condição de acesso à alimentação para uma parcela da população, o que resulta em fome coletiva, com fortes contrastes com outros corpos satisfeitos em nutrição. A fome crônica não é apenas uma sensação individual da necessidade de ingerir alimentos, mas também, uma condição que revela a dificuldade coletiva de manter níveis ideais de nutrição (FREITAS, 2003, p. 13 e 14).

Essa distinção se faz necessária para entender a motivação dos governos

latino-americanos, apoiados por movimentos e organizações sociais, no combate à

pobreza, e, consequentemente, à fome. A fome surge como uma consequência – a

pior – da produção de pobreza massiva.

A pobreza pode ser vista exclusivamente por seu aspecto econômico e

medida a partir da renda e renda per capita, traçando uma renda mínima como linha

que aufere a pobreza, e considerando somente este fator.

Todavia, no início dos anos de 1990, passou-se a verificar a pobreza

englobando também as possibilidades do indivíduo desenvolver ou não as suas

capacidades. Essa concepção surgiu a partir dos estudos de Amartya Sen, que

apontou pobreza como a impossibilidade dos indivíduos desenvolverem suas

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capacidades. Não se trata de desconsiderar os aspectos econômicos, mas ampliá-

los para além dessa dimensão, considerando o acesso à saúde, educação, bens de

consumo de longa duração, condições de moradia, nutrição ou subnutrição e outros,

fundamentais para o desenvolvimento humano.

O desenvolvimento tem de estar relacionado, sobretudo com a melhora da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos. Expandir as liberdades que temos razão para valorizar não só torna nossa vida mais rica e mais desimpedida, mas também permite que sejamos seres sociais mais completos, pondo em prática nossas volições, interagindo com o mundo em que vivemos e influenciando esse mundo (SEN, 2010, p.29).

A definição de SEN sobre a pobreza influenciou governos e instituições no

mundo todo. Não por acaso, ao pensar no combate a pobreza, não se pensou

exclusivamente na transferência de renda, como combate à concentração, mas no

compromisso do Estado com o acesso de seus cidadãos aos serviços públicos

essenciais: saúde e educação.

Abaixo, segue tabela mostrando as políticas de distribuição de renda na

América do Sul.

Tabela 01 – Programas de distribuição de renda nos países sul-americanos

na primeira década do século XXI.

PAÍS

Programa

Ano

Objetivos

Valores

Condicionalidade

Abrangência

ARGENTINA

Jefes de Hogar

2001 Renda para famílias pobres

150 Pesos

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

1.5 milhões de famílias em 2008

ARGENTINA

Plan Familias

2004 Renda para famílias pobres

155 a 305 Pesos

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

500.000 famílias 2008

BOLÍVIA

Plan Bolivia 2002 e 2007

Renda para famílias pobres

25 a 135 bolivia- nos

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

350.000 famílias em 2008

BRASIL

Bolsa Família

2003 Renda para famílias pobres

R$ 50,00 a R$ 95,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

11 milhões de famílias em 2008

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CHILE

Chile Solidario

2002 Renda para famílias pobres

US$ 15 a US$ 30

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

262.000 famílias em 2008

COLÔMBIA

Famílias en Acción

2001 Renda para famílias pobres

US$ 20 a US$ 38

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

300.000 famílias em 2008

EQUADOR

Bono de Desarrolo Humano

2003 Renda para famílias pobres

US$ 37 Sem condicionalidades

237.000 famílias em 2008

PARAGUAI

Tokepora

2005 Renda para famílias pobres

US$ 21 Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

13.000 famílias em 2008

PERU

Programa Juntos

2005 Renda para famílias pobres

US$ 33 Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

355.000 famílias em 2008

URUGUAI

Panes 2005 Renda para famílias pobres

US$ 56 Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

80.000 famílias 2008

VENEZUELA

Bolsa Bolivariana

2001 Subsídio alimentar

40% dos preços

Sem condicionalidade

8 milhões de pessoas

Fonte: MATTEI, 20143.

Também o México e os países da América Central.

Tabela 02 – Programas de distribuição de renda no México e em países da

América Central na primeira década do século XXI.

PAÍS Programa Ano Objetivos Valor Condicionalidade Abrangência

COSTA RICA

Superémonos

2000 Renda para famílias pobres

Até US$ 25,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

50.000 famílias em 2005

EL SALVADOR

Red Solidaria 2005 Renda para famílias pobres

Até US$ 20,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

79.000 famílias em 4 anos

GUATEMALA

Mi Familia Progresa

2008 Renda para

Até Q 150

Crianças nas escolas e cuidados

15.000 famílias em

3 Todas as informações nas tabelas 01 e 02 estão contidas no artigo “Políticas de Combate à Pobreza na América Latina: o caso dos programas de transferência de renda (CTP)” do professor Lauro Mattei, do Departamento de Ciências Econômicas da UFSC. Este artigo discute as políticas de combate à pobreza na América Latina, com ênfase nas políticas de distribuição de renda.

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famílias pobres

com a saúde 2008

HONDURAS

Asignación Familias

1998 Renda para famílias pobres

US$ 20,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

80.000 famílias em 2002

MÉXICO

Progresa e Oportunidades

1997 2002

Renda para famílias pobres

Até 580 Pesos

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

5 milhões famílias em 2007

NICARÁGUA

Red de Proteción Social

2002/2003

Renda para famílias pobres

US$ 28,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

150.000 famílias em 2007

PANAMÁ

Red de Oportunidades

2006 Renda para famílias pobres

B 35 = US$ 35

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

57.000 famílias em 3 anos

REPÚBLICA DOMINICANA

Programa Solidaridad

2005 Renda para famílias pobres

Até US$ 35,00

Crianças nas escolas e cuidados com a saúde

400.000 famílias em 2008

Fonte: idem.

A exceção da Venezuela e do Equador, que viveram processos de ampla

mobilização que resultou em transformações estruturais do Estado, para além do

neoliberalismo da década de 1990, todos os países condicionaram a transferência

de renda ao ingresso das crianças nas escolas e cuidados da família com a saúde.

No caso da Venezuela, o objetivo da transferência monetária era específica

aos produtos da cesta básica para elevar os níveis nutricionais do país, um

programa específico de combate à fome.

A Argentina, após a forte crise do início do século XXI, manteve dois

programas de distribuição de renda e a Bolívia, logo após a eleição de Morales,

ampliou o alcance do programa já existente. Brasil, Colômbia, Paraguai e Uruguai,

países que também vivenciaram levantes populares, também instituíram programas

de transferência de renda nesse períodos.

Em comum, essas políticas se manifestaram como processos de mobilização

popular em países que sofreram com o avanço neoliberal na década de 1990 e

apresentaram condicionalidades/obrigações para os/as beneficiários/as, numa

perspectiva de que o combate à pobreza é multidimensional.

Essas políticas foram fundamentais para a diminuição da pobreza, conforme

dispõe o gráfico abaixo.

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Gráfico 01 – Evolução da pobreza e da indigência na América Latina entre

1980 – 20124.

Provavelmente, sem essas políticas, o combate à pobreza e à fome, não

teriam sofrido alterações na América Latina.

É preciso destacar o Brasil nesse processo, não só por suas dimensões

continentais, mas pelo empenho focado no combate à fome e o vínculo com a obra

de Josué de Castro.

Em 01/01/2013, o presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse como

primeiro presidente declaradamente filho da classe trabalhadora e oprimida desse

país. Em seu discurso afirmou: “É por isso que hoje conclamo: vamos acabar com a

fome em nosso país. Transformemos o fim da fome em uma grande causa nacional”

(2003, p. 04).

Nascido no sertão de Pernambuco, em 1945, Lula foi uma das crianças

descritas por Josué de Castro que sobreviveu à fome, miséria e condições de vida

precária. O Fome Zero, que consistia no atendimento emergencial e imediato às

famílias que passavam fome, através do Bolsa Família, também incluía programas

de doações de cestas básicas com atendimento imediato, emergencial.

Conforme MATTEI (2008), para além do atendimento emergencial, merecem

destaque os programas estruturais: o Programa de Aquisição de Alimentos da

4 TORRES, Maria Luísa Montánchez. Evolución de la pobreza y la indigencia –1980/2012–. Fuente: CEPAL. Disponível em https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Evolucion-de-la-pobreza-y-la-indigencia-1980-2012-Fuente-CEPAL-Se-puede_fig1_320042501 Acesso em 01.09.2019

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Agricultura Familiar (PAA) – que visava adquirir produtos oriundos da agricultura

familiar para formação de bancos estratégicos de alimentos; Programa do Leite –

visando a produção de leite especialmente nas regiões Norte e Nordeste; Programa

de Cisternas – com a construção de cisternas para o combate à seca no semiárido

brasileiro.

Também se pensava em programas regionais, com foco em restaurantes

populares, banco de alimentos e incentivo à agricultura urbana.

Todavia, à exceção do PAA que obteve êxito entre os assentados da reforma

agrária e os agricultores familiares, os outros programas não tiveram a mesma força

que as políticas de distribuição de renda, e avançaram de forma tímida, ou muito

localizada, durante os Governos Lula (MATTEI, 2008).

O não êxito desses programas também apontam as limitações dos próprios

programas de transferência de renda. Somente a transferência de renda, aliada com

acesso à saúde e educação, não são suficientes para a consciência de que é

preciso combater as estruturas da fome. As políticas são efetivas em acesso a bens

de consumo, cidadania, que são frutos da ordem colonial e capitalista. As estruturas

do sistema, dessa forma, continuam intactas.

04. Limites das políticas de transferência de renda. Crítica a partir de Josué

de Castro

Após mais de uma década de empenho no combate à pobreza, a América

Latina passou a vivenciar, na segunda metade dessa década, o aumento no número

de pobres e da pobreza extrema no continente, conforme dispõe o gráfico a seguir:

Gráfico 02 – Evolução da pobreza e da pobreza extrema na América Latina

nos últimos anos da década5.

5ALVES, José Eustáquio Diniz. A pobreza voltou a subir na América Latina e Caribe, depois de

duas décadas de queda. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/586249-cresce-a-

pobreza-na-america-latina-e-caribe Acesso em 03.09.2019.

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Por que após mais de uma década caindo significativamente, a pobreza

voltou a crescer na América Latina?

Josué de Castro apontou que um dos grandes problemas estruturais, que

provocava a fome endêmica, era o latifúndio. “Regime inadequado de propriedade,

com relações de trabalho socialmente superadas e com a não-utilização da riqueza

potencial dos solos” (1980, p. 269). O latifúndio gerava a monocultura, que impedia a

agricultura de subsistência e colocava em risco, também, o próprio solo.

Para o autor, a reforma agrária era primordial para a resolução do problema

da fome no Brasil, e nos países subdesenvolvidos, marcados pelo colonialismo.

Para além de entender a reforma agrária em sentido literal (que também era a

proposição de Castro), trata-se de entender que o autor buscava um processo de

ruptura com um modelo de país que privilegiava a concentração de renda e meios

de produção nas mãos de alguns, enquanto, a imensa maioria da população,

encontrava-se à margem. “Concebemos a reforma agrária como um processo de

revisão das relações jurídicas e econômicas, entre os que detêm a propriedade

agrícola e os que trabalham nas atividades rurais” (idem, p. 266).

Medidas emergenciais, paliativas, são fundamentais no combate à fome.

Popularmente: “o bucho tem pressa”. Todavia, o emergencial não pode se tornar um

fim em si mesmo, e para que a pobreza e a fome não sejam mais um problema

latino-americano, é necessário pensar as estruturas que formam governos e

sociedades civis no continente.

O caso do Brasil reflete essa crítica. Ao mesmo tempo em que os programas

de transferência de renda atendiam a população descrita por Josué de Castro em

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suas obras, o agronegócio, com foco nos latifúndios, monoculturas e agricultura de

exploração, se tornava a “menina dos olhos” durante os governos petistas.

Tanto os governos de Lula como de Dilma estavam comprometidos com o agronegócio e desenvolveram uma política compensatória já que ambos não definiram metas de assentamentos e nem mencionaram em seus programas de governo a concentração fundiária presente. O trabalhador rural pobre, sem-terra, ficou desassistido, já que sua reivindicação era uma política agressiva de desapropriação de terras e criação de novos assentamentos. Porém, como o agronegócio tem uma importância fundamental para o projeto neodesenvolvimentista, pela lógica as desapropriações se inviabilizavam. Para se ter uma ideia, entre os anos de 2003 e 2007 foram desapropriados 1.646 imóveis contra 2.223 no governo de FHC. As camadas mais pobres dos trabalhadores rurais foram as mais marginalizadas pelo projeto. A reforma agrária no governo Lula (2003-2010), mais uma vez, não foi concebida como política de desenvolvimento territorial que visava romper com as práticas de concentração fundiária forjadas há mais de 500 anos; ela continuou limitada a avançar conforme pressões dos movimentos sociais (MESSIAS, 2017, p. 29)

Para a superação da fome e da pobreza, no cenário latino-americano,

enfrentar as estruturas econômicas, sociais e culturais são fundamentais para que

ocorram transformações a longo prazo na região, que superem o colonialismo e as

estruturas capitalistas.

Conforme avaliação de MATTEI sobre as políticas de combate à pobreza:

Ainda existem muitas barreiras a serem ultrapassadas na luta contra a pobreza na América Latina. Dentre elas, destacam-se o maior acesso das populações pobres aos bens e serviços públicos; melhorias nas condições de trabalho e nos níveis de emprego e de salários; combate ao desperdiço e a malversação dos recursos públicos; maior envolvimento da sociedade civil na formulação e implementação das políticas públicas; e universalização dos programas sociais visando a construção de um modelo de desenvolvimento menos desigual e assentado nos princípios da solidariedade humana (2008, p. 100 e 101).

Também é preciso considerar o papel do Banco Mundial nesse processo, que

atuou como um agente duplo. O Banco foi o principal financiador desses programas,

também na África e na Ásia6 (MATTEI, 2014) e a sua atuação teve a função de

manter as estruturas capitalistas tais como são, não modifica-las. Busca-se “auxiliar

economicamente as famílias que vivem abaixo da linha de pobreza e que nem

6 O autor não especifica quais são os países financiados pelo Banco Mundial.

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sequer conseguem enviar suas crianças às escolas e participar das atividades

básicas de saúde” (idem, p. 356). Por isso também o combate à fome e à pobreza

tem um caráter muito mais assistencialista que estrutural nas áreas periféricas. “A

política social assumiu cada vez mais uma função de ‘bombeiro’, atuando em

situações que poderiam se converter em focos de tensão política ou criar

insegurança para o livre fluxo de capital e mercadorias” (MENDES, 2010, p. 275).

Essas políticas tiveram a função de conter as rebeliões.

A aproximação com o Banco Mundial por parte de governos, também

provocou o afastamento de movimentos e organizações populares que apoiaram,

efetivamente, a maior parte desses governos (MENDES, 2010), e as mobilizações

revolucionárias foram neutralizadas nesse cenário.

Para que a fome e a pobreza sejam efetivamente superadas na América

Latina, é necessário alterar todas as estruturas base da política socioeconômica no

continente, isso inclui encarar a herança colonial das relações de trabalho e

distribuição da terra, conforme a perspectiva de Josué de Castro, atualizando sua

obra, revendo a própria estrutura de Estado e fortalecendo mobilizações sociais para

que a pobreza e, consequentemente, a fome, sejam superadas.

05. Conclusão

“Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”... (Canção interpretada por Caetano Veloso)

O presente trabalho apresentou as políticas públicas de distribuição de renda

no início do século XXI na América Latina e se propôs a enfrentar as causas

socioeconômicas apontadas por Josué de Castro, em sua obra.

A partir da obra escolhida, com a perspectiva de combate à fome e à pobreza

na segunda metade do século XXI, algumas perguntas incômodas se apresentam:

por que é tão difícil encarar o problema da fome? Por que não nos sentimos falidos

com a presença dos milhares de pedintes do alimento diário? Por que naturalizamos

o fato de que milhões de criança não podem comer nesse exato momento?

Pensar a fome é pensar para além de direito ou não. O direito é a construção

moderna para a promoção da dignidade humana, que se baseia numa lógica

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meritocrática e cidadã. A percepção sobre alimentação precisa ser vista como mais

que um direito. Trata-se de uma relação de sobrevivência do ser humano e das

outras espécies de animais. É nesse ponto que a obra de Josué de Castro mais

provoca. Ele mostra que um processo natural (o da alimentação nutrida e

equilibrada) foi distorcido num sistema em que tudo é mercadoria/meritocracia,

justificado de forma racional a partir de explicações biológicas e culturais, ignorado

em suas causas socioeconômicas e políticas. Falar em fome é mais impactante que

falar em pobreza porque é a necessidade para a sobrevivência humana.

Sem pretensões de criar uma verdade universal, talvez esse seja o maior

desafio para a superação da fome na América Latina: assimilar, apreender que a

fome não é natural, ou cultural. A fome é um projeto de necropolítica, provocada por

um modelo econômico destruidor. Por isso, Geografia da fome é atemporal,

podendo ser refletida em Juarez, na fronteira do México com os EUA; no sertão de

Pernambuco ou na Patagônia Argentina.

Só o combate às estruturas de pobreza e miséria combatem efetivamente a

fome.

06. Referências Bibliográficas

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