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Do telejornalismo ao webtelejornalismo: a convergência midiática no jornalismo da TV Morena Ana Carolina da Costa Lima 1 Resumo: O presente artigo mostra como o avanço da tecnologia vem transformando as mídias tradicionais de comunicação, em especial a televisão. Na era da convergência, a remediação une duas mídias distintas, dando sentido a uma nova forma de comunicação jornalística, onde se utiliza as novas linguagens de mídia descritas por Lev Manovich, como a interatividade, a hipertextualidade e a multimidialidade. Assim, o telejornalismo encontra novo terreno no ciberespaço, dando origem ao que Letícia Renault chama de webtelejornalismo. E, é através desse novo formato de mídia, que usuários podem assistir ao seu telejornal preferido a hora que quiser e do jeito que quiser. Dessa forma, este estudo mostra o processo de convergência do telejornalismo da TV Morena, e como o telejornal MSTV 1ª edição encontra-se disponível na web. Palavras-chave: Telejornalismo. Convergência midiática. Webjornalismo. Internet. Webtelejornalismo. 1 Graduada em Jornalismo; Mestranda em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; E- mail: [email protected]

Do telejornalismo ao webtelejornalismo a convergência ... Historicamente, o webtelejornalismo brasileiro teve início a partir da primeira década do século XXI, período em que

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Do telejornalismo ao webtelejornalismo: a convergência

midiática no jornalismo da TV Morena

Ana Carolina da Costa Lima1

Resumo: O presente artigo mostra como o avanço da tecnologia vem transformando as mídias tradicionais de comunicação, em especial a televisão. Na era da convergência, a remediação une duas mídias distintas, dando sentido a uma nova forma de comunicação jornalística, onde se utiliza as novas linguagens de mídia descritas por Lev Manovich, como a interatividade, a hipertextualidade e a multimidialidade. Assim, o telejornalismo encontra novo terreno no ciberespaço, dando origem ao que Letícia Renault chama de webtelejornalismo. E, é através desse novo formato de mídia, que usuários podem assistir ao seu telejornal preferido a hora que quiser e do jeito que quiser. Dessa forma, este estudo mostra o processo de convergência do telejornalismo da TV Morena, e como o telejornal MSTV 1ª edição encontra-se disponível na web.

Palavras-chave: Telejornalismo. Convergência midiática. Webjornalismo. Internet.

Webtelejornalismo.

1Graduada em Jornalismo; Mestranda em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

A atividade do jornalismo, desde o advento da Internet, em geral, passa por

transformações provocadas pelas tecnologias digitais, alterando as rotinas

produtivas, o conteúdo, a linguagem e o formato das notícias. A Web foi

responsável pela convergência midiática, que possibilitou ao telejornalismo, ao

radiojornalismo e ao jornalismo impresso se adaptarem a este novo suporte.

Assim como outros formatos de mídias tradicionais, o telejornalismo brasileiro,

por sua vez, iniciou sua convergência no começo da década de 902, mas foi a partir

dos anos 2000 que a convergência e a qualidade digital marcaram uma nova fase na

história da televisão brasileira com a adoção de um novo sistema de televisão digital.

De acordo com Mattos (2010, p. 173), a convergência entre a televisão e a internet

começou a modificar a vidas das pessoas a partir da primeira década do terceiro

milênio, e é na fase da portabilidade, mobilidade e interatividade, iniciada a partir de

2010 que o cenário das comunicações passou por uma significativa mudança

estrutural:

Isto foi possível graças ao desenvolvimento da internet e da digitalização dos conteúdos de áudio, vídeo e texto. Por meio da internet pode-se transportar, armazenar e redistribuir produtos audiovisuais, dados e voz (Voip – voz sobre protocolo de internet). A convergência permitiu uma mudança na relação entre redes de produtores e transmissores de conteúdos com os prestadores de serviços. Antes, uma rede atuava como suporte para prestação de um único serviço. Agora, com o avanço da tecnologia, constata-se a tendência de uma mesma rede oferecer mais de um serviço (MATTOS, 2010,174).

O jornalismo de televisão ou o telejornalismo, durante muito tempo firmou-se

como mídia predominante de comunicação. Ignácio Ramonet afirma que a televisão

2Os autores Elias Machado e Marcos Palácios traçam um panorama das primeiras publicações de jornalismo digital no Brasil e no mundo. Ver a cronologia disponivel em http://gjol.net/wp-content/uploads/2012/12/book-manual-jornalismo.pdf, p.11 (acesso em 24/07/2016).

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se transformou na primeira mídia de informação, dada a sua supremacia entre os

veículos de comunicação de massa: “ela dita a norma, impõe sua ordem e obriga

outros meios a seguí-la” (Ramonet, 1999, p. 10).

No entanto, com o avanço das tecnologias, com a popularização de novas

mídias digitais e o desenvolvimento de suportes tecnológicos, a informação

encontrou um novo meio para se consolidar: o ciberspespaço. Uma pesquisa

recente, realizada pela IAB Brasil3 - mostrou que apesar da televisão ainda se

consolidar como meio de comunicação predominante, onde brasileiros gastam em

média 4h31 por dia, a internet vem ganhando espaço no cotidiano das pessoas de

forma crescente, diminuindo o tempo de exposição na televisão. De acordo com a

pesquisa realizada em 2015, 48% da população brasileira usa a internet, com

exposição média diária de 5 horas, e 67% dos entrevistados nesta pesquisa utilizam

a internet para se informar e saber das notícias.

E é neste cenário de mudanças que o telejornalismo começa a utilizar o

potencial do ciberespaço para não perder audiência. A televisão mudou a sua forma

de fazer jornalismo com advento da internet, trazendo consigo a instantaneidade e a

interatividade, que Lev Manovich (2005) chama de as novas linguagens de mídia.

Em contrapartida, a internet também incorporou formatos televisivos. Grandes

empresas de comunicação, como a BBC4 e a Rede Globo5 migraram para o

ciberespaço seus conteúdos jornalísticos, utilizando vídeos, áudios e uma série de

recursos multimídia como a hipertextualidade, mobilidade, simultaneidade, hiperlinks

entre outros.

E é sobre a migração das redes e emissoras de televisão para a Web, que

este artigo aborda a convergência midiática do jornalismo. Por se tratar de um novo

formato, a nomenclatura para telejornalismo na web, ainda não está totalmente

3Pesquisa Brasileira de Mídia, 2015 – hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Disponível em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf. Acessado em 24/07/2016. 4 British Broadcasting Corporation, fundada em 1920 por John Reith. De acordo com Piazzi (2011), a BBC é considerada um exemplo de sistema televisivo público e de credibilidade no mundo inteiro. 5 Inaugurada em 26 de abril de 1965, por Roberto Marinho. Em 2016, o Grupo Globo se tornou o 17º maior conglomerado de mídia do mundo, de acordo com o relatório publicado pela ZenithOptmedia. Disponivel em http://www.zenithoptimedia.com/google-strengthens-position-worlds-largest-media-owner/. Acessado em 24/07/2016.

4

consolidada. Para Amaral (2007, p. 1), o espaço virtual dá origem às terminologias

WebTVs, CiberWebTVs, Webjornalismo Audiovisual e Webtelejornalismo.

Neste artigo, justifica-se a escolha da terminologia Webtelejornalismo, da

pesquisadora Leticia Renault, por identificar a reconfiguração do telejornalismo

diante da expansão da web. Amparado na tese de Renault (2014), o artigo aborda

este novo conceito e, analisa ainda a convergência midiática do telejornalismo da TV

Morena, através do Webtelejornal MSTV 1ª edição, localizado no site

g1.globo.com.br/matogrossodosul. Este estudo inicial servirá como base para uma

pesquisa mais detalhada sobre o o mesmo objeto aqui abordado, no qual a

metodologia utilizada será análise de conteúdo e as Ferramentas para Análise de

Qualidade no Ciberjornalismo6.

1. Conceito de Webtelejornalismo De acordo com Renault (2014, p. 20), webtelejornalismo pode ser entendido

como conjunto de conhecimentos, rotinas e práticas jornalísticas que resulta na

produção e exibição do webtelejornal. Para a pesquisadora, o webtelejornal é um

desdobramento do telejornalismo no ciberespaço. Ela ainda considera este

formato um cibermeio, pois o seu objetivo se encontra na divulgação da

informação jornalística de formato audiovisual na web.

A perspectiva de compreender o webtelejornal como migração do telejornal para o ciberespaço justifica a decisão etimológica de adotar a palavra web como prefixo para a palavra telejornalismo. Entende-se que, como prefixo, a palavra web exprime de forma mais clara o entendimento de que o webtelejornal é um cibermeio com um passado eletrônico. A palavra web cumpre essa função melhor, por exemplo, que o prefixo ciber7 (RENAULT, 2014,19).

6 Metodologia para o Estudo do Ciberjornalismo. 7 De acordo com Renault (2014, p. 19), “o prefixo ciber vem do grego kibernetike que significa condutor, piloto. A palavra designava a condução adequada de uma embarcação. No século XX, o matemático americano Norbert Wiener adotou a palavra cibernética em seu livro Cibernética (1948), no qual a definiu como a ciência e a teoria do controle da comunicação, no animal e na máquina”.

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Historicamente, o webtelejornalismo brasileiro teve início a partir da primeira

década do século XXI, período em que os telejornais das maiores emissoras de tv

aberta lançaram sites com conteúdos jornalísticos de reportagens exibidas

anteriormente na TV. Em 2006, por exemplo, a Rede Globo estreou o portal G1, que

reúne todos os conteúdos jornalísticos e de entretenimento da emissora. Três anos

mais tarde, a Rádio e Televisão Bandeirantes e a Rede Record de Televisão

também lançaram seus portais na web. De acordo com Renault, em 2010 todos os

telejornais brasileiros de canais abertos já possuíam sites.

Renault classifica os sites de webtelejornalismo como sites de transposição,

pois são de natureza audivisual e se originam de um outro meio de comunicação, a

televisão: “os sites de transposição podem ser considerados uma adaptação para o

ciberespaço de uma fonte, ou seja, uma rede ou um canal de televisão que passa a

exibir programas, telejornais e outros produtos audiovisuais na web” (Lopes apud

Renault, 2014, 27).

Quanto às características do webtelejornalismo, este formato mantém a

estrutura do webjornalismo com adaptação da televisão. No webjornalismo,

prevalece características como a interatividade, hipertextualidade e multimidalidade.

Palácios (1999), no entanto, estabelece cinco características para o jornalismo da

web: interatividade, multimidialidade/convergência, hipertextualidade, personalização

e memória.

Aqui, cabe ressaltar a característica da memória, pois segundo Palácios

(1999), a acumulação de informação é mais viável técnica e economicamente na

web do que em outras mídias. Neste sentido, a memória torna-se uma ferramenta de

recuperação de informação e conteúdos disponibilizados a qualquer momento para

o usuário. Diferente do que acontece com outras mídias (TV, rádio, impresso), é na

web que o jornalismo encontra espaço ilimitado. Ou seja, é através da memória que

temos a posssibilidade de acessar conteúdos antigos a qualquer momento. No

jornalismo de televisão isto não é possível. Já na web temos a possibilidade de

assistir ao webtelejornal ao vivo ou se preferir edições veiculadas há dias ou

semanas anteriores.

Neste cenário convergente, onde duas mídias (TV e web) se cruzam, a

remediação se torna marca deste processo, pois quando um meio passa a

6

incorporar ou imitar elementos de outros, a fim de melhorar seu próprio meio, ele cria

dinamismo entre diferentes instrumentos de comunicação. De acordo com Nogueira

(2005, p.27), quando conteúdos jornalísticos audivisuais são distribuídos em

camadas ou blocos na web e potencialmente dispomos do recurso da memória,

interatividade e personalização, a internet efetivamente está remediando a televisão:

“Quando o controle remoto dá lugar ao mouse, constatamos que o fenômeno da

remediação, se verifica pelo processo de reforma a partir da lógica da

hipermediação”.

Em a Cultura de Convergência (2009, p. 29), Henry Jenkins atenta para fato

das novas e velhas mídias se colidirem, mídia corporativa e mídia alternativa se

cruzarem e o poder do produtor de mídia e do consumidor de mídia interagirem de

maneira imprevisíveis. Ou seja, o webtelejornalismo já não é uma tendência e sim,

uma realidade.

A convergência de mídia é mais do que apenas uma mudança tecnológica. A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento. Lembrem-se disto: a convergência refere-se a um processo, não a um ponto final. Não haverá uma caixa preta que controlará o fluxo midiático para dentro de nossas casas. Graças à proliferação de canais e à portabilidade das novas tecnologias de informática e de telecomunicações, estamos entrando em uma era em que haverá mídias em todos os lugares (JENKINS, 2009,43).

2. O Telejornalismo da TV Morena

A TV Morena foi criada na véspera do Natal de 1965 em Campo Grande, até

então, estado de Mato Grosso8, se tornando a segunda cidade do país, sem ser

capital, a ter uma geradora de imagens, segundo dados históricos, a primeira foi a

cidade de Bauru (SP). (Cancio, 2005, p. 115)

8 Segundo Cancio (2005, p.115): “ no pocesso de emissões televisivas, apenas a TV Morena surge antes da divisão do Estado”. A divisão dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se deu em 11/10/1977.

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A visão empreendedora dos irmãos Zahran, que na época estavam se

consolidando como um forte grupo empresarial na distribuição de gás na região

Centro-Oeste, foi o que possibilitou a movimentação para trazer a televisão para o

estado. O propósito de Ueze Zahran era contribuir com o desenvolvimento da

população mato-grossense. A disputa pela concessão não foi fácil, já que outro

grupo ligado à Rede Tupi, entrou na concorrência pública.

No entanto, em 19 de outubro de 1965, um decreto do então presidente

Castelo Branco, autorizou a concessão dos três canais que os irmãos Jorge Elias e

Ueze Zahran haviam solicitado, em Campo Grande, Cuiabá e Corumbá.

O processo de concessão foi acompanhado pela jornalista Antonieta Ries Coelho (2001), que posteriormente se tornou a primeira diretora da TV Morena. Ela conta que encaminhou a solicitação de concessão ao Contel incluindo documentação sobre a idoneidade e o poder financeiro dos solicitantes, os projetos técnicos de construção da emissora e da instalação da torre de transmissão e argumentação sobre a força financeira do comércio local. Na verdade, o grupo Zahran havia solicitado a concessão de três canais e decidiu acompanhar de perto o processo de concessão (CANCIO, 2005,116).

Tão logo, a TV Morena deu início à programação com conteúdos locais, com

o telejornal Notícias do Dia, com edições diárias de 25 minutos, sendo veiculado de

segunda a sexta-feira. O telejornal apresentava as notícias em blocos nacionais,

internacionais e locais. Porém não tinha reportagens externas, pois não contava com

equipamentos e nem com a função do repórter. As notícias chegavam através dos

Correios em forma de telegramas e continham informações de agências de notícias

internacionais e nacionais.

Marcelo Cancio (2005), relata que até o ano de 1967, o telejornal Notícias do

Dia, foi o único noticiário de televisão da TV Morena, até que surgiu o Módulo 6,

outro telejornal criado por Onésimo Filho e Antonio Carlos Azambuja Dagher, que

era apresentado às 22 horas de segunda à sabado com duração entre 10 a 15

minutos. O telejornal também mostrava notícias enviadas por agências e de rádio

escuta.

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A partir de 1976, após a filiação com a Rede Globo, surgiram outros

telejornais e a grade de programação da TV Morena passou por grandes

modificações. A começar pelo Jornal do Meio Dia, e da transmissão ao vivo do

Jornal Nacional, transmitido via Embratel às 18h45. Nesta época o Jornal da

Verdade ocupa espaço do Notícias do Dia e começa a ser apresentado às 20h50.

Nesse período, segundo Lopes (2001), ocorrem algumas mudanças. A principal delas é a produção de mais reportagens externas. A utilização do equipamento de vídeo teipe facilita esse trabalho. A estrutura das reportagens era a mesma apresentada por outros telejornais: imagens cobertas com texto narrado em off e a inclusão de entrevistas para complementar o material (CANCIO, 2005,123).

É a partir de 1983 que a TV Morena inicia a veiculação do MSTV 1ª edição e

2ª edição, seguindo o modelo do padrão determinado pela Rede Globo. Desde

então, o telejornalismo da TV Morena vem acompanhando as transformações que

ocorreram no Estado de Mato Grosso do Sul, relatando histórias, cumprindo o papel

do jornalismo que é de agente transformador da sociedade.

Atualmente a programação da TV Morena conta com 6 programas locais: Meu

Mato Grosso do Sul (programa de entretenimento), Bom dia MS, MS Rural, MSTV 1ª

edição e MSTV 2ª edição e Globo esporte regional.

Com meio século de história, a TV Morena se firmou como um dos maiores

grupos de comunicação do país. Hoje ela conta com mais de 250 colaboradores e é

a sede da Rede Matogrossense de Televisão em Campo Grande, possuindo outras

5 afiliadas nas cidades de Corumbá, Ponta Porã, Dourados e Três Lagoas. Já no

Estado do Mato Grosso, o Grupo Zahran consolidou-se com a TV Centro América,

localizada em Cuiabá, mas conta também com as afiliadas nas cidades de Sinop,

Tangará da Serra e Rondonópolis.

2.1 TV Morena e as tecnologias digitais

Ao longo dos anos, o jornalismo da TV Morena acompanhou as

transformações na comunicação, passando pelo advento da internet e a adoção da

9

TV digital9 no país. Em 2001, a TV Morena iniciou suas atividades no site RMT

Online, por determinação da Rede Globo para que todas as afiliadas tivesse seus

portais de notícias. De acordo com Fernandes (2006), o RMT Online abrangia os

estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e sempre foi comum a troca de

informações entre as duas mídias do mesmo grupo.

Outro marco tecnológico na história da TV Morena, foi a estreia da TV digital

em maio de 2009, a partir dessa data a afiliada da Rede Globo passou a transmitir o

sinal digital em Mato Grosso do Sul, sendo a primeira emissora de tv aberta no

estado a conseguir este feito.

De acordo com Anelo (2015), em 2011 o portal RMT Online passou a fazer

parte do portal de notícias da Globo.com:

Nessa época, por determinação da Globo, houve na verdade uma fusão dos portais de notícias de todas as afiliadas da Rede Globo para o G1, que passou a hospedar todos os demais. Como forma de padronizar os sites das afiliadas da Rede Globo, houve uma mudança também na denominação. De RMT Online, passou a ser chamado de G1/TV Morena (ANELO, 2015, p. 9).

Quando firmou-se no ciberespaço, a TV Morena pode enfim, utilizar-se das

novas linguagens de mídia, entre elas a interatividade. Pois, foi partindo desta

ferramenta que o jornalismo pode ficar mais próximo do cidadão, tornando-o um

colaborador de notícias, seja pautando os telejornais ou enviando os comentários

nas edições.

Em abril de 2014, a TV Morena lançou seu primeiro aplicativo móvel: o Bem

na Hora, com a intenção de fazer os telespectadores participarem através do envio

de fotos, vídeos e sugestões de pauta.

9 Segundo Mattos (2010, p. 172): “ o padrão de transmissão digital adotado pelo Brasil é o SBTVD-T (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre) com base nopadrão de transmissão ISBD-T, utilizado no Japão. Este sistema de transmissão digitalfoi escolhido porque segundo o governo oferecia custos mais baixos e maior facilidade na transferência de tecnologia e mobilidade”.

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(Figura 1. Interface do aplicativo Bem na Hora)

Já no dia 28 de junho de 2016, a TV Morena começou a utilizar o aplicativo de

mensagens instantâneas mais popular do mundo: o Whats app, que apesar de ter

sido criado em 2009, só foi inserido no telejornalismo da TV Morena 6 anos mais

tarde. A princípio este aplicativo é usado somente no telejornal Bom Dia MS.

3. Análise do objeto MSTV 1ª edição na Web

11

Com base na pesquisa de doutorado feita por Renault (2014), em cima dos

maiores webtelejornais do país, este artigo traz uma análise, ainda que modesta, do

webtelejornalismo MSTV 1ª edição da TV Morena.

Este webtelejornal pode ser acessado pelo endereço do portal de notícias G1,

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul//, onde se chega em sua página principal,

como ilustram as Figuras 2 e 3.

(Figura 2. Fac-símile da página inicial do portal G1/MS, por onde se acessa o link

para o webtelejornal MSTV 1ª edição.)

Disponível em: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/. Acesso em 26/07/2016

(Figura 3. Fac-símile da página inicial do o webtelejornal MSTV 1ª edição.)

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Disponível em http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/mstv-1edicao/videos/. Acesso

em 26/07/2016

O webtelejornal MSTV 1ª edição é uma transposição do material veiculado na

TV. Ele apresenta as edições que podem ser vistas em blocos de reportagens ou a

própria edição na íntegra. É possivel acessar edições inteiras até maio de 2016.

Na sua interface, o webtelejornal separa as edições por sucursais: Campo

Grande, Dourados, Corumbá, Ponta Porã e Três Lagoas. As seções da primeira aba

do menu são dedicadas ao esporte, trânsito, previsão do tempo, agenda de shows e

vc no G1. Há ainda links para editorias G1, últimas notícias, outras regiões,

princípios editoriais e grupo globo. Já na segunda aba, encontram-se todos os

programas da TV Morena: Bom Dia MS, MSTV 1ª edição, MSTV 2ª edição, MS

Rural e Nacionais.

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2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Marshall McLuhan, sinalizava na década de 60, que um meio pode influenciar

outro. Seguindo o pensando mcluhiano, Jenkins (2009, p. 47), mostra que a Cultura

de Convergência faz com que os produtores de mídias repensem nas antigas

suposições sobre o que significa consumir mídias. Hoje os consumidores são ativos

e não mais passivos como antigamente. Eles não precisam mais parar os seus

afazeres para assistirem ao seu telejornal preferido. Eles sabem que é na web que

se encontram edições do dia ou edições anteriores, e que com um clique eles têm

acesso a tudo aquilo que não viram na televisão.

Neste sentindo, Jenkins (2009), também afirma que os produtores de mídia

estão reagindo a esses recém poderosos consumidores. O webtelejornalismo já não

é uma tendência, e sim uma realidade, pois, a medida que mais e mais pessoas

dispõe de recursos digitais como tablets ou smartphones, e a internet começa a

fazer parte da metade da população brasileira, o telejornalismo precisa estar cada

vez mais presente no ciberespaço.

Por mais que a televisão ainda seja um veículo de comunicação de massa

predominante, há de se atentar para o fato de que em mais alguns anos ela deixará

de ser. E são os números que revelam isso: os hábitos de consumo de mídia dos

brasileiros vem se alterando a cada ano, é o que mostra os dados da última

Pesquisa de Mídia Brasileira (2015): metade da população já utiliza a internet, e o

percentual de pessoas que a utilizam todos os dias cresceu de 26%, na pesquisa

feita no ano anterior, para 37% em 2015. O hábito também mudou, e ele está mais

intenso. Em 2014, os usuários ficavam em média 3h43 conectados. Em 2015, são

4h59 por semana e 4h24 nos finais de semana.

Ou seja, os brasileiros estão mais conectados no ciberespaço. Seja para se

informarem ou para se entreterem. O fato, que é as grandes empresas de

comunicação, em especial as emissoras de TV aberta, precisam dar uma atenção

para esses consumidores multimídia, e lançar mão de programas feitos para a web.

Os webtelejornais ainda estão dando os primeiros passos para consolidar-se

na web. Pesquisas sobre este novo formato se tornam necessárias para que hajam

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referências e análises no desenvolvimento deste novo produto de mídia, afinal,

como disse Jenkins (2009) a convergência é um processo e não um ponto final.

3 REFERÊNCIAS

AMARAL, Neusa Maria. Televisão e Telejornalismo: modelos virtuais. Trabalho apresentado em XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Santos, 29 de agosto a 2 de setembro de 2007.

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participação do telespectador no telejornal Bom Dia MS. Texto apresentado no 6º Simpósio Internacional de Ciberjornalismo. Campo Grande, Junho/2015.

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