Doc 6501491 Emancipação

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  • 7/24/2019 Doc 6501491 Emancipao

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    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    Registro: 2012.0000339063

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelao

    n 0008244-07.2009.8.26.0032, da Comarca de Araatuba, em que

    apelante THIAGO MENEZES DE CASTRO, apelado D M P PNEUS E

    ACESSORIOS LTDA.

    ACORDAM, em 12 Cmara de Direito Privado do Tribunal de

    Justia de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Negaram

    provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do

    Relator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos.

    Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente), TASSO DUARTE DE

    MELO E SANDRA GALHARDO ESTEVES.

    So Paulo, 18 de julho de 2012.

    Jacob ValenteRELATOR

    Assinatura Eletrnica

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    Comarca: Araatuba - voto n 12.304 - Adilson

    SEO DE DIREITO PRIVADO

    Apelao Cvel n: 0008244-07.2009.8.26.0032(990.10.257910-7)

    Apelante: THIAGO MENEZES DE CASTRO

    Apelado: D.M.P. Pneus e Acessrios Ltda.

    COMARCA: Araatuba

    VOTO N 12.304

    *CERCEAMENTO DE DEFESA Determinao dedesentranhamento de documento produzido aps oajuizamento da ao e indeferimento dedepoimento tardio de testemunha Noocorrncia Documento desentranhado que nose enquadra na hiptese do artigo 397 doC.P.C., pois o fato que pretende provar no novo Pretenso de oitiva de testemunha paracontrapor depoimento produzido em audincia deinstruo Evidente precluso - EMBARGOS DE

    TERCEIRO Alegao de propriedade de veculoautomotor objeto de penhora Suspeita de quea emancipao do embargante teve como objetivoa ocultao de bens do seu pai Boa-f noconfigurada Interpretao da Smula n 375do S.T.J. Condenao por litigncia de m-fmantida Apelao no provida.*

    1. Trata-se de embargos de terceiro opostos

    contra execuo fundada em cheques, decorrente de penhora deveculo automotor, sob argumento central de que a propriedade

    do bem no pertence ao executado.

    Aps oitivas de testemunhas, na sentena defls. 158/160 a pretenso foi julgada improcedente pelo JuizAntonio Conehero Jnior, convencido que o bem no pertence aoembargante, filho do executado, estudante, sem rendacomprovada e, possivelmente, emancipado justamente paraocultao de bens de seu pai. Por consequncia, o embargante

    foi condenado por litigncia de m-f.

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    O embargante, inconformado, apela (fls.163/167), alegando, em sntese, cerceamento de defesa com oindeferimento da juntada de documento comprobatrio da

    alienao anterior do veculo, alm de oitiva de testemunha,suficiente ao convencimento de que o veculo nunca foi doexecutado, como, alis, consta no respectivo certificado detransferncia juntado na inicial. Aduz, ainda, que no hlitigncia de m-f, na medida em que no foi empregado meioardil para frustrar a execuo, nos termos do artigo 600,inciso II, do C.P.C..

    O recurso tempestivo e est adequadamentepreparado (fls. 175/176).

    Contrarrazes as fls. 178/185.

    Na petio de fls. 192, o embargado pedeautorizao para a imediata alienao do bem, que se encontradeteriorando no aguardo do julgamento do presente recurso.

    o relatrio.

    2. Em primeiro lugar, o pedido contido napetio de fls. 192 fica prejudicado com o julgamento dopresente apelo, eis que autorizado o prosseguimento da

    execuo j que eventual recurso aos Tribunais Superiores notm, em regra, efeito suspensivo (artigo 542, 2, doC.P.C.).

    Por outro lado, os elementos constantes dosautos so suficientes para o exame de fundo da matria. Apropsito, j decidiu este Tribunal de Justia:

    No pelo trmite do processo que secaracteriza o julgamento antecipado. Nem por ser a matriaexclusivamente de direito; ou, mesmo, de fato e de direito;

    e at revelia. a partir da anlise da causa que o juizverifica o cabimento. Se devidamente instruda e dando-lhecondies de amoldar a situao do artigo 330 do CPC, umainutilidade deix-lo para o final de uma dilao probatriaintil e despicienda (RT 624/95);

    No mesmo sentido, j se pronunciou oSupremo Tribunal Federal, pois a necessidade da prova h deficar evidenciada para que o julgamento da lide implique emcerceamento de defesa. A antecipao legtima se osaspectos decisivos esto suficientemente esclarecidos paraembasar a cognio do juiz (RE 101.171-8/SP), cf. JTACSP-

    LEX 185/260.

    A necessidade da produo de prova h de ficar

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    evidenciada para que o julgamento antecipado implique emcerceamento de defesa. A antecipao legtima se os aspectosdecisivos esto suficientemente lquidos para embasar o

    convencimento do magistrado (RTJ, vol. 115/789).

    E ainda, no nosso sistema processual, aproduo de prova meio de convencimento do Juiz (artigo 131do C.P.C.).

    Com efeito, a juntada de declarao da antigaproprietria do automvel e a oitiva tardia de testemunha paracontrapor a das ouvidas em audincia, como pretendido napetio de fls. 148/149, e corretamente desentranhado pordeterminao do magistrado a quo (fls. 157), no se enquadrana hiptese do artigo 397 do C.P.C., porque no fazem prova de

    fatos ocorridos depois do ajuizamento da ao.

    Assim, no ocorreu cerceamento de defesa.

    Por outro lado, leitura dos embargos e daexecuo em apenso no deixa dvidas do emprego ardil parafrustrar a satisfao do crdito do embargado.

    Com efeito, na execuo o executado foi citadopor edital, por no ser localizado nas vrias tentativasfeitas por Oficial de Justia. Infrutfera a tentativa de

    penhora on line e a constrio de veculo cadastrado em seunome (fls. 42, autos respectivos).

    Aps muito custo, a embargada conseguiupenhorar valor no rosto de outro processo, conseguindoamortizao de R$ 4.550,00 da dvida original (fls. 85, autosem apenso).

    Posteriormente, teve cincia da existncia deveculo estacionado na residncia do executado, motivo peloqual foi objeto de pronta penhora, sendo ali constatado que

    estava sem motor e faltando algumas peas (fls. 142, autos emapenso).

    Nestes embargos, o filho do executado sustentaque o veculo lhe pertence, embora o documento detransferncia no tenha sido apresentado junto ao CIRETRAN esequer est datado, como determina a lei.

    Por outro lado, como bem observado pelomagistrado a quo, o embargante, ao tempo dos fatos, era menorde idade, sem renda comprovada e no tinha habilitao para

    dirigir veculos, sendo extremamente difcil aceitar oargumento de compra do bem sem condies de trfego, algo

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    incompreensvel para algum que acaba de ser emancipado.

    Disto resulta a suspeita de que a sobredita

    emancipao teria sido feita para proteger o patrimnio doexecutado, devedor contumaz segundo relato nos autos. A provatestemunhal robusta nesse sentido (fls. 129/130).

    Alm disso, a despeito dos embargos de terceiropoderem ser ajuizados pelo possuidor, essa prova no foiproduzida nos autos, no servindo, para tanto, o documentopreenchido e no datado.

    A hiptese, portanto, de tentativa doexecutado transmitir 'documentalmente' o bem para seu filho,

    aps receb-lo, por tradio, do proprietrio anterior, o que, evidncia, caracteriza fraude de execuo.

    O Superior Tribunal de Justia, sobre oassunto, j deixou assentado que A ineficcia da alienao emfraude de execuo se estende s que sucessivamente se

    fizerem, restando aos adquirentes ao de perdas e danos(REsp. N 27.555-0/SP, Relator o Ministro Dias Trindade,julgado dia 13 de outubro de 1992). No mesmo sentido: LEXSTJ,

    Volume 61/180; RSTJ, Volume 58/353.

    A boa doutrina no destoa desse entendimento aoconcluir que ineficaz a alienao ou onerao originria,inteis tornam-se as que se sucederem (cf. Slvio deFigueiredo Teixeira, Fraude de Execuo, R.T., Volume609/7).

    A recente Smula n 375 do Superior Tribunal deJustia, que no tem efeito vinculante, deve, no presentecaso, ser interpretada com temperamento, pois a averbaotardia de penhora j efetivada, no afasta a presuno dealienao maliciosa por parte do devedor para seu filho, o

    qual, diante dos elementos dos autos, no pode ser consideradoterceiro de boa-f.

    Justamente por isso, a condenao porlitigncia de m-f no pode ser arredada, nos termos dosartigos 17, inciso II e 600, inciso I, do C.P.C..

    3. Destarte, nega-se provimento ao recurso.

    JACOB VALENTE

    Relator

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